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ESCOLA DE SAÚDE PÚBLICA DO CEARA CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM PRÁTICAS CLÍNICAS EM SAÚDE DA FAMÍLIA JOSÉ GALBA ARAÚJO FILHO ESTRATÉGIAS PARA REDUÇÃO DOS ÍNDICES DE GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA NO CAIC (CENTRO DE ATENÇÃO INTEGRADA A CRIANÇA) – FRANCISCA ESTRELA TORQUATO FIRMEZA, NOS BAIRROS: PE. JULIO MARIA I E II NO MUNICÍPIO DE CAUCAIA-CE FORTALEZA 2009

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ESCOLA DE SAÚDE PÚBLICA DO CEARACURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM PRÁTICAS CLÍNICAS EM SAÚDE DA FAMÍLIA

JOSÉ GALBA ARAÚJO FILHO

ESTRATÉGIAS PARA REDUÇÃO DOS ÍNDICES DE GRAVIDEZ NA

ADOLESCÊNCIA NO CAIC (CENTRO DE ATENÇÃO INTEGRADA ACRIANÇA) – FRANCISCA ESTRELA TORQUATO FIRMEZA, NOS

BAIRROS: PE. JULIO MARIA I E II NO MUNICÍPIO DE CAUCAIA-CE

FORTALEZA2009

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JOSÉ GALBA ARAÚJO FILHO

ESTRATÉGIAS PARA REDUÇÃO DOS ÍNDICES DE GRAVIDEZ NAADOLESCÊNCIA NO CAIC (CENTRO DE ATENÇÃO INTEGRADA A

CRIANÇA) – FRANCISCA ESTRELA TORQUATO FIRMEZA, NOSBAIRROS: PE. JULIO MARIA I E II NO MUNICÍPIO DE CAUCAIA-CE

Projeto de Intervenção submetido à Escola de SaúdePública do Ceará, como parte dos requisitos para aobtenção do título de Especialista em PráticasClínicas em Saúde da Família.

Orientador:

Walter José Pereira dos Santos

FORTALEZA2009

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JOSÉ GALBA ARAÚJO FILHO

ESTRATÉGIAS PARA REDUÇÃO DOS ÍNDICES DE GRAVIDEZ NAADOLESCÊNCIA NO CAIC (CENTRO DE ATENÇÃO INTEGRADA A

CRIANÇA) – FRANCISCA ESTRELA TORQUATO FIRMEZA, NOSBAIRROS: PE. JULIO MARIA I E II NO MUNICÍPIO DE CAUCAIA-CE

Especialização em Práticas Clínicas em Saúde da Família

Escola de Saúde Pública do Ceará

Aprovada em 25/06/2009

Banca Examinadora:

______________________________________

Walter José Pereira dos Santos

Mestre

____________________________________

Eyesler Gonçalves Maia Brasil

Mestre

____________________________________

Carmem Cemires Cavalcante Costa

Mestre

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RESUMO

O presente trabalho objetiva avaliar a influência dos fatores biopsicossociais comodeterminantes na precocidade da iniciação sexual, bem como a influência direta no alto índice

de gravidez na adolescência em adolescentes mães dos bairros Pe. Júlio Maria I e no Pe. Júlio

Maria II, no município de Caucaia, Estado do Ceará e que são atendidas na Unidade Básica de

Saúde da Família (UBASF), CAIC (Centro de Atenção Integrada a Criança) – Francisca

Estrela Torquato Firmeza, de CAUCAIA. Em nossa prática profissional na área de

abrangência do trabalho observamos que as adolescentes que engravidam precocemente não

possuem o correto conhecimento dos riscos e das conseqüências que uma gestação precoce

implica, a citar a provável abdicação ao estudo, lazer ou mesmo às perspectivas futuras. A

nosso ver, este trabalho pode contribuir para um redimensionamento do serviço com

adolescentes na unidade local do estudo, bem como contribuir com políticas públicas para

promoção de atitudes de prevenção à gravidez na adolescência junto a este público.

Palavras-chave: Gravidez. Gravidez na adolescência. Fatores biopsicossociais.

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ABSTRACT

The object of this research is to evaluate the influence of social behavior that determines early

age sexual awareness, as well as, the direct influence that promotes a high number of early

pregnancy in adolescent mothers, that live in the communities of Pe. Julio Maria I and Pe.

Julio Maria II in the county of Caucaia, State of Ceará, Brazil. They are Seen at the

UNIDADE BASICA de SAUDE da FAMILIA (UBASF), CAIC, (Centro de Atenção

Integrada a Criança) – Francisca Estrela Torquato Firmeza, of CAUCAIA. In our private

professional practice in the incorporated area we have verified that young girls become

pregnant due to the lack of understanding, the risk and consequences, this brings to futheringtheir education and career persuit. As we see it, this study, could contribute to redementioning

the education done with young girls in the community, as well as, with Public Policies to

promote better awareness so girls may consider postponing pregnancy to a later age.

Keywords: Pregnancy. Pregnancy in adolescence. Biopsychosocial factors.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO.................................................................................................................................

07

2 OBJETIVO.................................................................................................................................

11

2.1 Objetivo Geral.................................................................................................................................

11

2.2 Objetivo Específico..........................................................................................11

3 REVISÃO DA LITERATURA.........................................................................12

3.1 A influência dos Fatores Biopsicossociais.................................................................................................................................

12

3.2 Precocidade da Atividade Sexual.................................................................................................................................

13

3.2.1 Gravidez na adolescência.................................................................................................................................

15

3.2.2 Consequências da Gravidez na Adolescência.................................................................................................................................

16

3.3 Mudanças Comportamentais e de Políticas Públicas para a Prevenção

da Gravidez na Adolescência.................................................................................................................................

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4 METODOLOGIA.................................................................................................................................

22

4.1 Cenário e Sujeitos da Intervenção.................................................................................................................................

22

4.2 Procedimentos da Intervenção.................................................................................................................................

22

4.3 Resultados Esperados

.................................................................................................................................23

4.4 Avaliação da Intervenção.................................................................................................................................

24

5 CRONOGRAMA................................................................................................25

REFERÊNCIAS

.................................................................................................................................26

APÊNDICES.................................................................................................................................

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1 INTRODUÇÃO

Em nossa atividade profissional, como médico clínico em uma Unidade Básica de

Atenção a Saúde da Família (UBASF), CAIC – Centro de Atenção Integrada a Criança –

Francisca Estrela Torquato Firmeza, no município de Caucaia, Estado do Ceará, observamos

um grande número de puérperas muito jovens, na maioria aos 12, 13,14 anos, o que nos levou

a realizar esta proposta de Projeto de Intervenção na unidade de saúde acima descrita.

Embora o índice de gravidez na adolescência no Brasil esteja caindo, em nosso

estado, especificamente em nossa área de trabalho, os índices continuam altos. O índice

pactuado pela SESA – Secretaria da Saúde do Estado do Ceará - para partos em adolescentes

é de 25,84/1.000 até o ano de 2010. No município de Caucaia o índice informado para o ano

de 2008 foi de 23,5/1000 (BRASIL, 2008). No ano de 2009, de Janeiro a Abril, o índice

levantado foi de 38,95/1000. (BRASIL, 2009b).

Estes dados reforçaram a importância de nosso trabalho, pois enquanto o SIAB no

ano de 2008 nos apresenta um índice abaixo do pactuado pela Secretaria de Saúde do Ceará,no primeiro quadrimestre de 2009 o índice apresenta-se muito acima do pactuado

demonstrando mais ainda a fragilidade dos serviços e das informações epidemiológicas a

respeito do assunto.

O referido trabalho tem o objetivo de identificar como, quando e por que se dá o

início da atividade sexual na adolescência, segundo a representação que as jovens fazem de

sua própria sexualidade. Foi realizado um levantamento do número de grávidas adolescentesdurante o ano de 2008 até os dias de hoje, com idades entre 12 e 18 anos, em duas populações

vizinhas, com realidades distintas.

A primeira população abrange uma área onde vivem pessoas abaixo da linha de

pobreza, constituída na sua maioria por casas sem saneamento básico, onde a água não é

encanada, as casas não possuem banheiro, onde é habitual o uso do fogão a lenha, não

existindo nem energia elétrica e ruas pavimentadas. Constituída por famílias numerosas quehabitualmente dependem da aposentadoria de uma pessoa da família, quando existe um idoso

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na casa, e do programa do governo federal “Bolsa Família”; outras, quando têm emprego, são

de “catador de lixo”; outras coletam material para reciclagem, latas de alumínio, garrafas de

vidro, papelão; outras trabalham na retirada de areia do rio no período de seca.

Nessa mesma área é comum a presença de jovens viciados em drogas,

delinqüentes, outros tipos de criminosos vitimas do alcoolismo e prostituição. A incidência de

casais separados morando na casa dos pais é elevada e de famílias monoparentais

desestruturadas também. Esta área é denominada de Pe Julio Maria II.

A outra área, chamada de Pe. Julio Maria I, é constituída na sua maioria por as

casas de alvenaria, têm saneamento básico, ruas pavimentadas, água encanada, energiaelétrica e pertencente na maioria das vezes as classes sociais C ou D, onde mais de uma

pessoa na família tem emprego, sendo comum nas casas encontramos fogão a gás, geladeira e

televisão.

Fatores externos, como a desinformação e a precariedade da oferta de

contraceptivos/preservativos, nas unidades de saúde, não são os únicos fatores que

influenciam os jovens que iniciam a atividade sexual precocemente a exporem-se aos riscosconsequentes dela. O início da atividade sexual e a gravidez são motivados também por outros

fatores, provavelmente internos, inerentes ao ser, psicologicamente motivados.

A gravidez casual na adolescência resulta de um comportamento sexual de risco,

talvez não indesejada, mas ao encontro de necessidades afetivas e psicológicas não

preenchidas. A necessidade de querer sair de casa precocemente motivada pela violência

sexual e/ou doméstica vivenciada é como outra causa certa da gravidez precoce, sendo estaviolência perpetrada por parte dos pais, padrastos e outros familiares. (HENRIQUES, S.;

SINGH, WULF, 2009)

Identificação do Problema:

Nos últimos anos, constatou-se um aumento notório na atividade sexual poradolescentes, juntamente com o aumento no número de gestações precoces. Observa-se que

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uma considerável porcentagem dessas “adolescentes-mães” refere-se à jovem com baixa

condição financeira, social ou emocional para assumir a maternidade, o que nos permite

considerar a gravidez nesta fase como uma das implicações da atividade sexual de alto risco.

(IBGE, 2006)

O início da atividade sexual na adolescência apresenta-se como um momento de

passagem da infância para a adolescência, onde ocorrem diversas mudanças físicas,

hormonais, psicológicas e sociais para a idade adulta. Pesquisas recentes constataram que

muitas são as influências no desenvolvimento e expressão da sexualidade que levam

adolescentes a dar início a sua vida sexual precocemente, a citar: curiosidade, urgência física,

pressão grupal, prova de amor ao parceiro, expressão de rebelião parental, social ou religiosa.(HENRIQUES, S.; SINGH, WULF, 2009)

Neste trabalho, nossos estudos se concentraram nas influências que consideramos

atuarem de maneira mais efetiva, em adolescentes mães nos Bairros Pe. Julio Maria I e II,

município de Caucaia, estado do Ceará.

Com a chegada da puberdade, caracterizado como um período da vida de grandestransformações psicossociais, aliado ao desenvolvimento físico decorrente do aumento das

alterações hormonais, o corpo humano se torna apto a efetivamente concretizar a sua

sexualidade plena, através do ato sexual genital propriamente dito, que permite ao ser tanto

obter um prazer erótico, como procriar.

O surgimento do interesse sexual é concomitante ao surgimento dos caracteres

sexuais secundários. Os fatores biológicos, como o início do desenvolvimento pubertário até amenarca nas meninas, dão impulso à atividade sexual, ao capacitarem o ser humano ao

exercício genital procriativo.

Durante a adolescência, o indivíduo atinge a maturidade física, tornando-se apto

ao início da vida sexual genital. No entanto, as particularidades de cada indivíduo, segundo

suas interações com o mundo, suas expectativas e exigências culturais desempenham um

papel relevante na determinação do começo da atividade sexual. Logo, podemos afirmar que a

iniciação sexual na adolescência está diretamente relacionada com a busca da identidade

perante o meio em que vive. (CAMARANO, 1998)

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Pesquisas revelam que em circunstâncias desfavoráveis temos o aumento no

número de adolescentes grávidas decorrente dos fatores concomitantes ao meio em que

vivem. Estas pesquisas demonstram que as jovens que engravidam, geralmente foram criadas

por famílias desestruturadas, possuem baixa auto-estima, baixo rendimento escolar, falta de

interesse por uma religião, menarca precoce, têm um modelo de adolescente grávida na

família (mãe ou irmã), ausência de supervisão e da autoridade parental. Os fatores

socioeconômicos também são pressupostos para que a atividade sexual entre os adolescentes

seja iniciada mais cedo. (HENRIQUES, S.; SINGH, WULF, 2009)

Salienta-se a carência de políticas públicas que estimulem a promoção de estilosde vida saudáveis, promovendo a prevenção e orientação dos adolescentes por parte das

famílias, às escolas e em outros espaços de convivência social destas, que abordem temas

sobre sexualidade. O impactante e enfático estímulo sexual através da mídia, vêm a ser

sempre uma questão levantada para explicar o aumento e a precocidade da atividade sexual

nessa fase. (CAMARANO, 1998)

Em pesquisa realizada por Murano em três estados brasileiros (São Paulo,Pernambuco e Rio de Janeiro), sobre a sexualidade da mulher, foi possível seobservar que o corpo e a sexualidade variam conforme o extrato social; dessa forma,a libido é influenciada pelo contexto econômico e social, visto que a expressãosexual reflete as características da personalidade, pois a organização social a qual oindividuo é submetido reflete a historia particular de adaptação de um povo,configurando o modo de pensar e agir de cada indivíduo. (MURANO, 1983, p.325).

Outra vertente de fator social influenciadora é o grupo ao qual a adolescente se

enquadra, visto a importância da necessidade de pertencer a um grupo na adolescência, pois

cada componente no grupo fica mais forte, menos solitário, fortalecendo a auto-estima,

advindo o suporte emocional e a aprovação do meio.

Os aspectos psicológicos e afetivos estão profundamente relacionados com o

início da atividade sexual. A iniciação sexual, como já afirmado, faz parte da busca da

identidade na adolescência. Nessa busca, a adolescente se identifica com o grupo de iguais e a

pressão grupal a influência diretamente. A ausência de pensamento abstrato faz com que a

adolescente não avalie a amplitude das conseqüências do início da atividade sexual sem

proteção. A baixa auto-estima leva a jovem a se entregar facilmente a seus pares em busca de

afeto. (HENRIQUES, S.; SINGH; WULF, 2009)

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2 OBJETIVO

2. 1 Objetivo Geral

Elaborar estratégias para a redução do quadro gestacional durante a adolescência

existente no município de Caucaia, mais especificamente nos bairros Padre Júlio Maria I e

Padre Júlio Maria II, atendidos pelo UBASF CAIC (Centro de Atenção Integrada a Criança) –

Prof.ª Francisca Estrela Torquato Firmeza.

2. 2 Objetivos Específicos

• Criar de um espaço dentro da Unidade Básica de Saúde de atenção à saúde da famíliapara o atendimento dos adolescentes;

• Capacitar profissionais ligados ao atendimento dos adolescentes para proferirempalestras, encontros e oficinas, sobre os ricos da atividade sexual precoce;

• Treinar as ACS (agente comunitárias de saúde) para fazerem uma busca ativa dasadolescentes em suas residências juntamente com a divulgação do espaço acimacitado;

• Firmar parcerias entre a UBASF e as Instituições de Ensino, propondo normas queestabeleçam um vinculo educativo;

• Garantir por parte dos gestores, a ampliação do fornecimento de anticoncepcionais epreservativos, sem restrições e limitações quantitativas;

• Durante o processo de intervenção realizar oficinas e palestras semanais sobre saúdesexual e reprodutiva para as (os) adolescentes;

• Durante o processo de intervenção realizar oficinas e palestras semanais sobre saúdesexual e reprodutiva para as (os) adolescentes, familiares ou cuidadores.

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3. REVISÃO DA LITERATURA

3.1. A Influência dos Fatores Biopsicossociais

O início da atividade sexual na adolescência apresenta-se como um momento de

passagem da infância para a adolescência, onde ocorrem diversas mudanças físicas,

hormonais, psicológicas e sociais para a idade adulta. Pesquisas recentes constataram que

muitas são as influências no desenvolvimento e expressão da sexualidade que levam

adolescentes a dar início a sua vida sexual precocemente, a citar: curiosidade, urgência física,

pressão grupal, prova de amor ao parceiro, expressão de rebelião parental, social ou religiosa.

(HENRIQUES, S.; SINGH, ; WULF, 2009)

Expomos também como aspecto psicológico a ausência afetiva do pai como um

fator de risco relevante ao início da atividade sexual das adolescentes, equiparadamente

observamos que a mãe que engravidou ou iniciou sua atividade sexual precocemente

influencia indiretamente a vida sexual de suas filhas.

Outra variável importante na gravidez durante a adolescência é a influência

religiosa exercida sobre o comportamento sexual dos adolescentes. Carvalho realizou um

estudo que visou identificar essa influência e concluiu que a afiliação religiosa possuía forte

impacto na população estudada, que se dividiu em quatro grupos religiosos: os evangélicos, os

católicos, os espíritas e os não-engajados a nenhuma religião, mostrando que o grupo dos não-

engajados evidenciou-se como o mais avançado quanto às carícias e à atividade sexual; os

evangélicos caracterizaram-se por regras rígidas de conduta, enquanto os espíritas advogaramo questionamento sobre as próprias ações. (HENRIQUES, S.; SINGH, ; WULF, 2009)

O papel que as instituições religiosas desempenham é importante, mas esbarra nos

dogmas impostos sobre o uso de preservativos ou outros métodos de contracepção, tornando-

se um dilema para as adolescentes, pois o corpo impulsiona o desejo sexual, os meios de

comunicação incentivam, os grupos sociais instigam, os fatores socioeconômicos e as

religiões pressionam forçando elas decidir entre a castidade e a iniciação sexual.(GONÇALVES, 2009).

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Há o tempo todo um desafio para que as adolescentes se tornem aliadas das

práticas preventivas das instituições de saúde pública, mas poucas estão com serviços

voltados e destinados aos adolescentes e àqueles que existem são formados por profissionais

despreparados para o atendimento deste público, sendo eles muitas vezes vítimas de

preconceito, discriminação e até mesmo violência psicológica, não permitindo que as

adolescentes assumam com responsabilidade uma vida sexual ativa, de forma segura, para que

elas, futuras adultas, possam desfrutar de uma vida sexual saudável.

Em resumo, são cinco pressupostos principais:

1. O desejo sexual do ser humano, que é intensificado pela chegadados hormônios pubertários, impulsionando o início da atividade sexual genital;

2. O início da atividade sexual como parte do processo de busca de

identidade dos adolescentes;

3. As relações afetivas familiares exercem uma influência relevante

na sexualidade dos filhos;

4. A sociedade influência o início da atividade sexual através de

normas morais, religiosas e fatores sociais e econômicos;5. Baixa auto-estima.

3.2 Precocidade da Atividade Sexual

Nos dias atuais, encontramos uma maior aceitação social com relação à atividadesexual precoce, em decorrência dos costumes estarem sofrendo alterações, associadamente

com a maior independência feminina, que tende a dissociar o ato sexual do intuito da

procriação, desta forma desconsiderando a “perda da virgindade” um tabu como em décadas

anteriores.

As adolescentes, principalmente as mais jovens, demonstraram pouco

conhecimento e baixo índice de uso dos métodos contraceptivos; a desinformação a respeito

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das questões referentes à sexualidade e os altos índices de iniciação sexual precoce

configuram-se como fatores que contribuem para o aumento do quadro de gravidez precoce.

Pesquisas realizadas com o objetivo de conhecer os motivos pelos quais os

adolescentes não se protegem quanto às conseqüências negativas da atividade sexual apontam

vários fatores: falta de pensamento abstrato, atividade sexual não programada, conhecimento

incompleto de métodos contraceptivos, baixa auto-estima. (BERNARDI, 1985).

Como todo ato se depara com uma conseqüência, o aumento da atividade sexual

sem proteção na adolescência tem como ocorrência marcante o aumento no número de

gestações precoces. Uma intrincada rede de fatores confere à gravidez na adolescência umgrau elevado de risco para a mãe e para a criança, especialmente as de classes populares. As

conseqüências perversas de uma gravidez na adolescência se fazem sentir tanto na

morbidade/mortalidade da mãe e do bebê quanto nos impactos econômico, educacional-

escolar e social. (VITIELO, 1981)

A gravidez precoce gera conseqüências tardias e em longo prazo, tanto para a

adolescente quanto para o recém-nascido. A mãe adolescente poderá apresentar problemas decrescimento e desenvolvimento, emocionais e comportamentais a exemplificar que, em

virtude da pressão familiar, algumas optam por fugir de casa. A gravidez precoce resulta

também em problemas educacionais e de aprendizado, pois é de conhecimento que a grande

maioria das mães adolescentes acaba abandonando os estudos, além das complicações

próprias do período gestacional e uma maior probabilidade de problemas no parto.

(MAGALHÃES, et al., 2006)

Não podemos deixar de ressaltar como outras consequências decorrentes do

aumento das práticas sexuais sem proteção, tanto com relação à precocidade quanto à

frequência em relação ao aumento das DST’s (Doenças Sexualmente Transmissíveis) como:

HPV, HIV, sífilis, sífilis congênita e hepatite B e C, mesmo em adolescentes.

Adolescentes que iniciam a vida sexual precocemente e com mais de um parceiro

têm maior probabilidade de adquirir DST’s, doença pélvica inflamatória, displasia e câncer de

colo uterino. Durante a fase da adolescência, o epitélio cervical uterino sofre mudanças,

mudanças estas que aumentam os riscos de se contrair uma DST. Os riscos de uma mulher

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com idade inferior a vinte e cinco anos ter uma infecção viral ginecológica transformada em

câncer é 40 vezes maior do que em mulheres em maior idade. (MAGALHÃES, et al., 2006)

3.2.1 Gravidez na Adolescência

Conforme os Ministérios da Saúde, da Educação, UNESCO, UNICEF as

pesquisadoras Elza Berquo do Núcleo de Estudos de Populações da Unicamp e Suzana

Cavenaghi, da Escola Nacional de Ciências e Estatísticas do IBGE (Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatística) constataram que o índice de gravidez na adolescência de fato está

diminuindo. Esse estudo comparou informações provenientes de três fontes diferentes: a

Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD/IBGE), o Sistema de Informações de

Nascidos Vivos (SISNAC/Ministério da Saúde) e dados de registro civil recolhidos em

cartório. (Brasil, 2005)

Em 1999, foi verificada uma taxa de 90,5 grávidas para cada grupo de 1.000

adolescentes de 15 a 19 anos. Em 2003, havia 81 grávidas para cada grupo de 1.000, uma

queda de 10,5%. (Brasil, 2005)

Como dito anteriormente, o aumento da atividade sexual na adolescência tem

como ocorrência marcante também o aumento no número de gestações precoces, em

decorrência do pouco uso de contraceptivos pelas adolescentes e pela sua intensa atividade

sexual.

Ter atividade sexual, engravidar, apesar de serem prerrogativas adultas, conduzem

a adolescente a uma condição de criança, devido a sua quase total dependência familiar. Aoengravidar, a jovem acaba por necessitar da ajuda dos seus familiares, o que faz com que ela

perca a sua autonomia, ao acreditar que estava a caminho de sua independência. (IBGE, 2006)

A gravidez na adolescência vem se configurando como um problema cada vez

mais alarmante, com conseqüências psicossociais para os adolescentes envolvidos, ao bebê, à

família e à sociedade de um modo geral, que arca com os custos coletivos desse ato.

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Almeja-se que os jovens cumpram trajetórias ideais e obedeçam a etapas pré-

determinadas, como a conclusão dos estudos e a inserção no mercado de trabalho, visão que

corrobora o evento da gravidez como inoportuno e fruto de imprudência. Ao engravidar, a

adolescente desvia seu processo de crescimento e amadurecimento social, interropendo

geralmente os seus estudos e/ou trabalho, deixando assim de conviver e de amadurecer com o

seu grupo de iguais. (BERNARDI, 1985)

3.2.2 Conseqüências da gravidez na adolescência

As mães mais jovens mostram menos cooperação e acessibilidade e mais

comunicação verbal negativa com seus filhos do que mães mais velhas; desta forma, estudos

apontam que em filhos de mães adolescentes são mais freqüentes os maus-tratos e o descuido.

Estudos mostram que, mães adolescentes, quando comparadas com as adolescentes não

gestantes, têm sete vezes mais chance de pobreza, visto a dificuldade para a inserção no

mercado de trabalho, consequentemente três vezes mais chance de divórcio ou separação,

decorrente do relacionamento marital prematuro e algumas vezes até forçado, marcado por

conflitos decorrentes da imaturidade psicológica, da dependência econômica da família e de

salários consideravelmente mais baixos, pois os cuidados necessários durante a maternidade

acabam muitas vezes por levar a adolescente a abandonar os estudos. (MAGALHÃES, 2006).

As conseqüências da gravidez na adolescência são bem conhecidas: um aumento

do risco de mortalidade materna e infantil e morbidade entre as mães muito jovens, fertilidade

de vida global mais alta e as conseqüências sociais, como o abandono dos estudos e a

diminuição da capacidade de ganhar dinheiro e relações instáveis com o parceiro.

O impacto adverso da gravidez precoce emerge de forma mais clara quando se

examina a relação entre educação, pobreza e maternidade precoce. Henriques, Silva, Singh e

Wulf, apresentam alguns dados na direção do exame dessa relação. Adolescentes cuja renda

familiar se classifica entre as mais pobres (¼ de salário mínimo) quase não têm nenhuma

chance de completar o 2o grau após o nascimento de um filho. 24 % dessas adolescentes

tiveram de cinco a oito anos de escolaridade, mas somente 2% prosseguiram sua educação

após o nascimento do filho. Entre as que tiveram um filho antes dos 20 anos, apenas 23%

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haviam estudado além da 8ª série, enquanto as que não deram a luz, 44% estudaram além da

8ª série. (HENRIQUES, S.; SINGH, ; WULF, 2009)

Destacam-se como conseqüências imediatas da gravidez indesejada o aborto

inseguro, a falta de cuidados pré-natais, a desestruturação pessoal e familiar, a adoção e o

abandono, sendo justamente atribuído à freqüência da prematuridade entre recém-nascidos de

mães adolescentes o deficiente acompanhamento pré-natal, intercorrências médicas na

gestação, a própria imaturidade física materna e imaturidade da fibra muscular uterina e

emocional.

Diversos outros problemas afora os sociais têm sido apontados comoinfluenciadores da gravidez na adolescência. A adolescente grávida tem apresentado uma

maior probabilidade de complicações na gravidez e no parto do que as grávidas maiores de 20

anos, sendo mais frequente a prematuridade do bebê, seu baixo-peso ao nascer, o que aumenta

também o risco de mortalidade perinatal e o traumatismo obstétrico. Esses riscos se devem,

em grande parte, a fatores biológicos, tais como imaturidade fisiológica e desenvolvimento

incompleto da ossatura da pelve feminina e do útero. (MAGALHÃES, 2006)

Citamos como problemas maternos biológicos à possível ocorrência: eclâmpsia,

anemia, infecção urinária, hemorragia céfalo-pélvica, entre outros. No entanto, vem a ser

inadequado considerarmos a idade materna como única conseqüência adversa para uma

gravidez na adolescência, mas visto as influências das condições precárias da vida das

adolescentes, com ênfase na ausência de acompanhamento médico, além dos fatores

psicológicos, como a discriminação familiar e dos amigos, o abandono dos estudos e, ainda, o

abandono do companheiro, fatores que repercutem tanto na gestação quanto no momento doparto, que se perfaz como um dos momentos de maior tensão emocional na gravidez.

Essa intricada rede de causalidades que configura a gravidez precoce como

situação de risco à saúde (e à vida) da mãe e do bebê poderia ser menos impactante se as

adolescentes procurassem os serviços de saúde para um adequado acompanhamento da

gestação até o puerpério. No entanto, evidenciamos em nossos estudos que somente após o

segundo ou terceiro mês de atraso da menstruação, a adolescente percebe ou reconhece que

está grávida.

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3.3 Mudanças Comportamentais e de Políticas Públicas para a Prevenção

da Gravidez na Adolescência

Aliada a uma maior disponibilização de métodos contraceptivos e de serviços

especializados para atendimento ao adolescente de forma integral são necessárias também a

instituição de políticas públicas voltadas para os pais ou cuidadores, focalizando a melhoria

do relacionamento na família, ampliando o acesso à educação, ao lazer, a cultura e ao esporte.

Todos os envolvidos na problemática da gravidez na adolescência devem também ser

envolvidos na sua solução, devendo as mudanças nas práticas educativas, ocorrer em

conjunção com transformações sociais e familiares. (GONÇALVES, 2009)

Sociedades organizadas como a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS),

como o Programa Específico de Saúde dos Adolescentes (PROSAD), como o Ministério da

Saúde e como o Instituto Kaplan, que desenvolve metodologias que promovem a capacitação

de profissionais, para que estes possam explicar como a sexualidade deve ser vivida sem

interromper sonhos, têm unido forças para diminuírem as conseqüências da atividade sexual

precoce, com situações de risco e da gravidez na adolescência. Projetos, oficinas, seminários,

aulas sobre sexualidade e anticoncepção têm feito parte do currículo normal de muitas escolas

e de diversas ações de instituições governamentais e não-governamentais. (Brasil, 2009).

Como toda a educação, a educação sexual também tem o seu princípio em casa,

no entanto, ela deve encontrar continuação e um maior amparo na escola, nos serviços de

saúde e nos demais espaços de convivência dos adolescentes, dando ênfase aos jovens que já

possuem uma vida sexual ativa; além da educação sexual o acesso aos serviços médicos e aosmétodos contraceptivos.

As angústias dos adolescentes devem ser debatidas abertamente e sem

preconceitos, como exemplo: questões referentes à masturbação, o “ficar”, relações sexuais,

fisiologia, reduzindo assim os mitos e preconceitos, enfatizando os seus benefícios

observando-se que eles e elas são sujeitos de direitos garantidos pelo ECA (Estatuto da

Criança e Adolescente). (MURANO, 1983)

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A educação e orientação sexual têm que ser afastadas da linha de

conservadorismo e de imobilismo que está destinada à desaprovação, à censura, à

condenação, permitindo a livre evolução da personalidade do jovem. (BERNARDI, 1985)

Adequando esta educação às transformações socioculturais, defendendo a prática

da autonomia entendida como desenvolvimento de atitudes e valores próprios e da

consciência de que cada um pode e deve fazer escolhas pessoais e responder por elas.

No âmbito familiar, a gravidez na adolescência representa um momento de crise

no ciclo de vida, revelando dificuldades nas relações entre pais e filhas e nas condições

contextuais para o desenvolvimento psicológico da filha. Deve a família redefinir crenças,atitudes e valores, para um melhor amparo e uma prevenção mais objetiva à maturação

precoce, juntamente com a adoção de valorização progressiva da flexibilidade e

permissividade nas regras cotidianas, além do incentivo à autonomia e às demonstrações de

afeto nas relações familiares. (BRASIL, 2005)

A comunicação sobre sexualidade entre pais e filhos é marcada, enfim, por uma

ambiguidade em que ambas as partes reconhecem a questão, mas evitam enfrentá-la. Ocorremquestionamentos por parte dos pais, como, por exemplo, se a orientação sexual poderia levar à

iniciação sexual precoce? Ou a falta de orientação poderia resultar em doenças ou gravidez

indesejada? No entanto, mesmo com tanto questionamentos, é sabido hoje que a

implementação de um comportamento contraceptivo eficaz está estritamente relacionada ao

contexto em que as informações sobre sexualidade são transmitidas e o seu significado para

os jovens.

Como um meio auxiliar importante, cabe à escola abordar de forma direta sobre a

sexualidade com os jovens, permitindo que o conhecimento sobre este tema seja adquirido e

levado ao adolescente em conversas nos pátios, na rua e por meios de comunicação como a

televisão. (BRASIL, 2005)

Dessa forma, para que a sexualidade não seja explorada de maneira vulgar, com

orientação inadequada e um excesso de informações que não esclarecem as principais dúvidas

dos adolescentes, sendo fato também que nem sempre a família consegue estabelecer um

dialogo aberto entre si, ficando assim ao encargo da escola escancarar aspectos culturais da

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situação, com uma dupla moral, com estereótipos distintos dos já abordados, nem sempre

ajudando a esclarecer o que acontece com o corpo e com os sentimentos dos adolescentes

quando abordar temas sobre a sexualidade.

Assim, vem a ser importante que as famílias eduquem aos seus filhos e

mantenham com eles um diálogo sobre o tema sexualidade e incentive o uso do preservativo.

Já na escola, os professores devem estar preparados para abordar o tema não apenas através

do modelo biológico.

Achar que os filhos estarão preparados simplesmente porque lhes ensinam técnicascontraceptivas, ignorando totalmente os valores e a vida humana, e não o ensinando

o sexo no contexto de um amor verdadeiro e duradouro, é um grande engano contrao qual os pais devem ficar alerta. Por isso, os pais precisam se informar sobre comoo tema está sendo tratado na escola de seus filhos. (GONÇALVES, 2009).  

Considerando-se a baixa taxa de escolaridade das mulheres no país, e enquanto

este fenômeno não for alterado, cabe ao governo disponibilizar outras formas de alternativas

públicas, objetivando uma educação sexual eficaz.

Acreditamos que uma das formas mais efetivas de assegurar a participação dacomunidade na prevenção da gravidez na adolescência é o emprego de promotores ou agentes

comunitários, onde mulheres adolescentes podem ser treinadas, tornando-se promotoras de

saúde em programas educativos, voltados à modificação do quadro problemático da gravidez

na adolescência, atuando em benefício da divulgação e da implementação de programas

preventivos.

Acreditamos que o Ministério da Saúde deve preconizar os processos educativos,

como treinamento dos profissionais, esclarecimentos à família, fornecimento de informações

sobre planejamento familiar, esclarecimentos sobre gravidez, parto, cuidados com o bebê e

amamentação, entre outros, e à formação de uma equipe multiprofissional, com

disponibilidade, flexibilidade e sensibilidade para atender às necessidades das adolescentes

grávidas.

Os postos de saúde comunitários também podem contribuir com ações educativas

voltadas aos adolescentes de ambos os sexos e as adolescentes grávidas. Entre providências a

serem adotadas por estes, podemos citar o estabelecimento de dias e horários específicos;

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assegurando uma agenda aberta, sem necessidade de marcar consulta e treinar e organizar o

pessoal de tal modo que haja um atendimento adequado à especificidade da gravidez na

adolescência, juntamente com um espaço adequado para o seu correto atendimento.

Como medida de políticas públicas pode o Ministério da Saúde, em conformidade

com o que ocorre no município de Londrina-PR, adotar o projeto de oficinas de prevenção,

que contam com a participação ativa de uma equipe multiprofissional; vale-se salientar que os

adolescentes encaminhados para as oficinas são oriundos de entidades sociais ou das unidades

básicas de saúde, constituindo, portanto, população de baixa renda. (CAMARANO, 1998)

Referidas oficinas possuem a duração de três horas, perfazendo séries de 12 horase abordam os seguintes temas: "Sexualidade – o corpo que sente prazer"; "Métodos

contraceptivos – o corpo que se reproduz"; "O corpo que adoece – DST’s”; "Oficina de sexo

mais seguro – AIDS". A metodologia aplicada é baseada em técnicas lúdicas, vivenciais e

dinâmicas de grupo, baseada nas discussões ocorridas nas oficinas.

4 METODOLOGIA

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23

4.1. Cenário e Sujeitos da Intervenção:

Caucaia é um município brasileiro do estado do Ceará. Faz parte da região

metropolitana da cidade de Fortaleza. A distância do município para a capital do Ceará,

Fortaleza, é de 16,5 km e as vias de acesso são a BR-020 e CE-085. Com uma área de

1.227,895 km², com uma população de 326.811 hab. est. IBGE/2008, e um IDH de 0,721

médio PNUD/2000. Caucaia possui uma grande extensão de áreas de praias, citando

Cumbuco, Tabuba, Icaraí, Pacheco, Iparana, “Lagoa do Banana” com grande fluxo turístico

favorecendo atividades de turismo e exploração sexual de adolescentes (SETAS 2008) e como

conseqüências as desigualdades sociais, o sub-emprego, o alcoolismo, dependência de drogas.

Caracteriza-se por ser uma zona de baixa renda e alta densidade populacional. (IBGE, 2008)

A UBASF (Unidade Básica de Atenção a Saúde da Família) CAIC (Centro de

Atenção Integrada Criança) – Francisca Estrela Torquato Firmeza, abrange os bairros Pe.

Julio Maria I e II, tendo cada um uma população de 900 e 1.200 famílias respectivamente. Os

dados serão coletados junto a 79 mães adolescentes residentes nas áreas acima descritas,

sendo 25 no Pe. Julio Maria I e 54 no Pe. Julio Maria II.

4.2. Procedimentos da Intervenção

Nosprimeiros 30 dias, criação de um espaço dentro da UBASF (Unidade Básica de

Atenção à Saúde da Família), exclusivo e adequado com uma equipe

multiprofissional treinados para o correto atendimento dos adolescentes, com

agenda especial delimitando um dia exclusivo da semana para o atendimento bem

como garantir o sigilo absoluto ao adolescente, assegurando que nenhum tema

abordado durante a consulta será divulgado a parentes ou responsáveis sem o seu

prévio consentimento, respeitando, assim, o Estatuto da Criança e do Adolescente;

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24

• Nos

primeiros 60 dias, capacitar os profissionais ligados ao atendimento dos

adolescentes para que se tornem multiplicadores e profiram palestras, encontros e

oficinas sobre a fisiologia humana, mudanças hormonais e sobre os riscos que

atividade sexual precoce sem utilização de métodos contraceptivos representa para

a saúde das (os) adolescentes, bem como a instrução da correta utilização dos

principais métodos contraceptivos.

• Nos

primeiros 60 dias, treinar as ACS (Agente Comunitárias de Saúde), a fim de

fazerem uma busca ativa das adolescentes em suas residências, juntamente com a

divulgação do espaço citado acima, especialmente para o atendimento deles,

trabalhando assim a promoção e prevenção;

• Firmar nos

primeiros 30 dias parcerias entre a UBASF e a instituição de ensino Escola Profª.

Francisca Estrela Torquato Firmeza, propondo que as mesmas estabeleçam um

vínculo educativo, direcionado especificamente aos pré-adolescentes eadolescentes.

• Garantir a

partir dos primeiros 30 dias, por parte dos gestores, a ampliação do fornecimento

de anticoncepcionais e preservativos, sem restrições e limitações quantitativas,

para as (os) adolescentes, abrangendo não somente aos pacientes do programa de

planejamento familiar, como ocorre atualmente;

• Durante o

processo de intervenção realizar oficinas e palestras semanais sobre saúde sexual e

reprodutiva para as (os) adolescentes;

• Promover

reuniões mensais com os (as) adolescentes e com os pais ou cuidadores, para queestes acompanhem o trabalho que está sendo elaborado com seus filhos,

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objetivando uma participação cooperativa destes com o projeto, tirando-lhes

dúvidas e acolhendo observações positivas.

4.3. Resultados Esperados:

• Consolidar o serviço de atendimento ao adolescente na UBASF do CAIC

Prfª. Francisca Estrela Torquato Firmeza.

• Redução do índice de grávidas adolescentes para índices pactuados pela

SESA para o estado do Ceará.

• Maior sensibilização dos adolescentes para os riscos e consequências de

uma gravidez precoce.• Maior adesão dos (das) adolescentes ao serviço de atenção a ser criado

para o atendimento especifico do (da) adolescente.

• Maior oferta de contraceptivos por parte da gestão da saúde.

4.4. Avaliação da Intervenção:

Através dos dados coletados pelo Sisprénatal durante o período de intervenção

verificar que os resultados esperados foram alcançados. Juntamente com o incremento na

busca pelos jovens por informações e a constatação de uma maior participação e discussão

dos jovens nas oficinas e palestras, sobre a sexualidade, gravidez na adolescência ofertada

pelo novo serviço.

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26

5 CRONOGRAMA

Ago Set Out Nov De

z

Jan Fev Mar Abr Maio Jun Jul

Criação de um espaço dentro daUnidade Básica de Saúde deatenção à saúde da família para oatendimento dos adolescentes.

x

Capacitar profissionais ligados aoatendimento dos adolescentespara proferirem palestras e/ouencontros e oficinas, sobre osricos da atividade sexual precoce.

x x

Treinar as ACS (agentecomunitárias de saúde) parafazerem uma busca ativa dasadolescentes em suas residências

 juntamente com a divulgação doespaço acima citado.

x x

Firmar parcerias entre as UBASFe as Instituições de Ensino,propondo normas queestabeleçam um vinculoeducativo.

x

Garantir por parte dos gestores, aamplificação do fornecimento deanticoncepcionais sem epreservativos, sem restrições elimitações quantitativas.

x

Durante o processo deintervenção realizar oficinas epalestras semanais sobre saúdesexual e reprodutiva para as(os) adolescentes

x x x x x x x x x x

Durante o processo deintervenção realizar oficinas epalestras semanais sobre saúdesexual e reprodutiva para as(os) adolescentes

x x x x x x x x x x

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REFERÊNCIAS

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BRASIL. Ministério da Saúde, Ministério da Educação, Unesco e Unicef. Diretrizes paraimplantação do projeto saúde e prevenção nas escolas. Brasília, DF, 2005.

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BRASIL. Ministério da Saúde. Sistema de informação de atenção básica: SIAB. Brasília,DF, 2008.

BRASIL. Ministério da Saúde. Sistema de informação de atenção básica: SIAB. Brasília,DF, 2009b.

CAMARANO, A. A. Fecundidade e anticoncepção da população jovem. In: BERQUÓ, E.(Org.). Jovens acontecendo na trilha das políticas públicas. Brasília, DF: ComissãoNacional de População e Desenvolvimento,1998.

CEARÁ. Secretaria da Saúde do Estado. Atenção à saúde dos adolescentes e jovenscearenses: normas operacionais para as equipes de saúde da família. Fortaleza; 2003.

ESCOLA DE SAÚDE PÚBLICA DO CEARA. Curso de Atualização na Atenção á Saúdeda Criança e do Adolescente: Manual do participante: saúde reprodutiva na adolescência:manual de textos complementares. Fortaleza, 2008.

GONÇALVES, V. Educação Sexual nas Escolas. Brasília: 2005. Disponível em:<http://www.portaldafamilia.org.br/doc.php?doc=doc46057. Acesso em: 19 abr. 2009.

HENRIQUES, S.; SINGH, ; WULF. Fatores que influenciam a gravidez na adolescência.Disponível em: <http://66.102.1.104/scholar?hl=pt-BR&lr= &q=cache: kaY5S-xD N YQJ:www.scielo.br/scielo.php%3Fpid%3DS0101-32621 9980 002000 04% 26scrip

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IBGE. Síntese de indicadores sociais: 1999. Rio de Janeiro: IBGE: 2009. Estudos epesquisas: informação demográfica e socioeconômica.

IBGE. Síntese de indicadores sociais: 2006. Rio de Janeiro: IBGE: 2006. Estudos e

pesquisas: informação demográfica e socioeconômica.

IBGE. Síntese de indicadores sociais: 2009. Rio de Janeiro: IBGE: 2009. Estudos epesquisas: informação demográfica e socioeconômica.

MAGALHÃES, M. L. C. et al. Gestação na adolescência precoce e tardia: há diferença nosriscos obstétricos? Rev Bras Ginecol Obstet. V. 28, n. 8, p. 446-452, 2006.

MURANO, R. M. Sexualidade da mulher brasileira: corpo e classe social no Brasil.Petrópolis: Vozes, 1983.

PESQUISA NACIONAL EM DEMOGRAFIA E SAÚDE. Gravidez precoce. Disponívelem: <http://74.125.47.132/sear h? q= cache:w22x2mCkZXgJ:sites.uol.com.br/gballone/infantil/)>. Acesso em: 16 mar. 2009

VITIELO, N. Gestação na adolescência: atualização. Femina, p. 527-532, jul.1981.

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APENDICES

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30

APENDICE 1

QUESTIONÁRIO

PESQUISA COM AS ADOLESCENTES

1) Qual a sua idade?

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________2) Qual a idade que a mãe teve o primeiro filho?

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

3) Qual o seu conhecimento sobre sexualidade?

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

4) Já possui vida sexual ativa?

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

5) Você sabe como acontece a gravidez?

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

6) Você sabe como evitar a gravidez?

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

7) Você já fez uso de algum método anticoncepcional?

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___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

8) Qual o seu conhecimento sobre DST`s (Doenças Sexualmente Transmissíveis)?

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

9) Você sabe como se contrai DST’s (Doenças Sexualmente Transmissíveis)?

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

10) Você tem irmão ou irmã?

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________11) Você já teve alguma gravidez?

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

12) Sua gravidez foi planejada?

( )Sim ( )Não

13) Você tinha conhecimento de métodos de anticoncepção?

( )Sim ( )Não14) Você fazia uso deles?

( )Sim ( )Não

15) Por que não?

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

16) Políticas públicas? Você já participou de palestras, oficias etc.

( )Sim ( )Não17) Você já freqüentou o espaço do atendimento ao adolescente? Caso sim, qual sua opinião

sobre o lugar?

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

18) O seu companheiro sexual trabalha?

( )Sim ( )Não ( ) Outros __________________________________________

19) Você Trabalha?

( )Sim ( )Não

20) Atualmente vocês moram juntos?

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( )Sim ( )Não

21) Casa própria? Alugada, moram com os pais, outros.

( ) Casa Própria ( )Alugada ( )Outros

22) Vocês já tiveram alguma DST’S? Qual?

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________