Jose Silverio

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NASCI PARA SER NARRADOR DE RáDIO. QUANDO EU ERA GAROTO, GOSTAVA MAIS DOS LOCUTORES E DAS RáDIOS DO QUE DE FUTEBOL” 30 + Monet + ABRIL

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Papo com o narrador Jose Silverio no momento do lançamento do Filme "O Pai do Gol" e 50 anos de carreira

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Com suas narrações precisas, sempre em cima dolance, o locutor faz o torcedor que ouve o jogo pelorádio saber o que realmente acontece nos gramados

o tenordo futebol

o gol é o momento máximo do futebol.como você se sente sendo chamadode “o pai do gol”?É uma homenagem muito legal que oMilton Neves me fez e intimamente eufico muito feliz. Mas isso tem uma his-tória engraçada. No começo da minhacarreira, por narrar muito rápido, euchegava meio mal no momento do gol,precisando um pouco mais de fôlego. anarração saía meio para dentro. e issome incomodava. aí pensei e criei o gri-to de “bateu é Gol!”, com uma pequenapausa, e depois gritava o gol com tudo.Quando estava na rádio Jovem Pan,

le É vibraNte e traNs-mite emoção durante os 90minutos de uma partida. Masquando José silvério estálonge dos microfones é umapessoa totalmente diferente,um homem tranquilo, que

fala pausadamente e gosta de can-tores como roy Orbinson e JohnnyCash. “Quando eu pego o microfone,me transformo. até alguns espíritasfizeram alguns estudos comigo durante

uma transmissão”, dizo mineiro de itumirim,criado em lavras, e quecom apenas 17 parou denarrar partidas de botão

para fazer a locução de partidas reais.No mês da estreia do curta-metragem OPai do Gol, silvério deu entrevista paraa MONet contando detalhes de suacarreira que está completando 50 anos.

e me perguntou se eu poderia fazerteste em belo Horizonte. viajei paraa capital, fui aprovado e aí comeceirealmente minha carreira profissional[Silvério teve uma passagem no Rio deJaneiro antes de chegar à Rádio JovemPan, em meados da década de 70].o aumento no número de jogos exibi-dos pela tv fez você mudar algo emsuas transmissões?eu mudei muito e adaptei bemminha transmissão para concorrercom a televisão. Hoje, me preocupoum pouco mais em acompanhara bola de forma mais lenta do quefazia antigamente. Não estou maisnaquela coisa de criar jogadas e fazerum carnaval. você não pode exagerarmuito, tem que dar a emoção na horacerta. Deixo toda a festa para a horado gol. também é preciso falar que ofutebol mudou muito e acompanharo jogo está mais difícil. Diminuiu onúmero de tabelas, dribles e passesprecisos, o jogo está rápido demais,com muitos chutões e chuveirinhos.falando em tv, você já pensou em tro-car o rádio para trabalhar nela?Não tenho tentação nenhuma de passarpara a tv. eu trabalhei na extintaManchete e narrei os Jogos do brasilna Copa de 1970 num especial para aesPN. Nasci para ser narrador de rádio.Quando eu era garoto, gostava mais doslocutores e das rádios do que de futebol.Qual foi o gol mais marcante que vocêjá narrou?É difícil escolher. Mas tem alguns queficaram marcados. O gol do basílio,que deu o título de Campeão Paulista,de 1977, ao Corinthians. teve o gol doevair (Palmeiras) na final do Paulista,em 1993, que ficou marcado com afrase “eu vou soltar a minha voz”.Não dá para esquecer o gol do alex[então no Palmeiras, num jogo contrao São Paulo em 2002]. aquela foi amaior loucura que fiz, eu me arrisqueibastante [ele gritou o tradicional “e quegolaço!” ainda com o meia dando umchapéu na área e antes de finalizar].ainda há os dois gols do ronaldo naconquista da Copa de 2002. O maisrecente é o gol do Guerrero, quando oCorinthians venceu o Mundial de 2012– a diretoria do time escolheu a minhanarração como aoficial do gol do título.

o tutinha [Antônio Augusto Amaralde Carvalho Filho, diretor da emissora]pegou o meu primeiro gol e colocoueco. acabou com o vazio da parada.assim eu entrava inteiro para gritaro gol, o que virou uma marca dasminhas transmissões.você é uma referência. Quais os funda-mentos para ser um bom narrador?Para ser locutor esportivo de rádio,você precisa ser quase um super-homem. e isso não é pretensão. É umasoma de muitas coisas. se o narradorfor para um jogo cansado fisicamenteou não se preparar e não souber bas-tante da partida em que vai trabalhar,não dá conta de fazer uma transmissão.também se sua voz não estiver boa ounão enxergar direito um lance, ele vaificar nervoso e se atrapalhar na locu-ção. É necessário ter experiência paraconseguir contornar se algo der errado.você está completando 50 anos de car-reira. como foi o seu início no rádio?ele foi cercado de muitas coincidências.eu era menino, tinha apenas 17 anos, ehaveria um amistoso entre o Olímpicae o bragrantino. a rádio Cultura delavras tinha três ou quatro narradores,mas nenhum deles estava na cidadepara narrar. tinha um amigo que tra-balhava na emissora e comentou paraum diretor que conhecia um molequeque narrava muito bem partidas debotão. eles foram lá em casa, gravei otreino do time e eles acharam ótimo.Depois de fazer a locução de váriosjogos, um dia estava em lavras alguémque trabalhava na rádio itatiaia, queacabou gostando da minha narração,

por Humberto peron foto renato parada

[ JOsÉ silv Ér iO ]

eo pai do gol

i dia 29, segunda,22h, canalBRasil, 66

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