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JOSUEL DIVINO NOVAIS CORRELAÇÃO ENTRE ANSIEDADE E DEPRESSÃO NO INSUCESSO DE IMPLANTES Londrina 2018

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JOSUEL DIVINO NOVAIS

CORRELAÇÃO ENTRE ANSIEDADE E DEPRESSÃO NO

INSUCESSO DE IMPLANTES

Londrina 2018

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JOSUEL DIVINO NOVAIS

CORRELAÇÃO ENTRE ANSIEDADE E DEPRESSÃO NO

INSUCESSO DE IMPLANTES

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Departamento de Medicina Oral e Odontologia Infantil da Universidade Estadual de Londrina, como requisito parcial à obtenção do título de cirurgião-dentista. Orientador: Prof. Dr. Alberto João Zortea Junior

Londrina 2018

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JOSUEL DIVINO NOVAIS

CORRELAÇÃO ENTRE ANSIEDADE E DEPRESSÃO NO INSUCESSO DE

IMPLANTES

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Departamento Medicina Oral e Odontologia Infantil da Universidade Estadual de Londrina, como requisito parcial à obtenção do título de Cirurgião-dentista.

BANCA EXAMINADORA

____________________________________ Orientador: Prof. Dr. Alberto João Zortea Junior

Universidade Estadual de Londrina - UEL

____________________________________ Profa. Dra. Priscila Paganini Costa Tiossi Universidade Estadual de Londrina - UEL

Londrina, _____de ___________de _____.

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Dedico este trabalho à minha família e

à minha irmã Jaqueline.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço ao meu orientador Prof. Dr. Alberto João Zortea Junior

pelos seus ensinamentos, pela prestação e apoio, e sobretudo, pela paciência a mim

concedida.

À professora Maria Luiza, que muito ajudou no desenvolvimento do

trabalho.

À professora Priscila Paganini Costa Tiossi, pela honra de fazer parte

da banca avaliadora.

E a minha irmã, Jaqueline Novais, que desde o primeiro ano da

faculdade, tem sido companheira e dupla durante todos esses anos maravilhosos da

graduação.

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Não crie espectativas muito altas, pois “a realidade não se compara com a imaginação” Gracián

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NOVAIS, J.D; ZORTEA JUNIOR, A.J. Correlação entre ansiedade e depressão no

insucesso de implantes. 2018. 25 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Odontologia) – Universidade Estadual de Londrina, Londrina, 2018.

RESUMO

Aspectos psicológicos, como ansiedade e depressão, são condições comuns na prática odontológica. Estudos, cada vez mais, demonstram o impacto da ansiedade e da depressão no tratamento odontológico, tanto em nível comportamental quanto em nível biológico. Além destes transtornos psicológicos em si, a medicação utilizada para tratamento pode desencadear uma série de efeitos colaterais de importância para a Odontologia. A ansiedade e a depressão, sejam em relação à doença ou ao tratamento, de modo geral pode acarretar diversas consequências que podem influenciar o tratamento com implantes, tais como: queda imunológica, atraso na cicatrização, redução do limiar de dor, taquicardia, alterações pressóricas, dor trans e pós-operatória, infecções, xerostomia, diminuição da percepção estética do indivíduo, insatisfação do paciente, menor formação óssea, possível interferência na osseointegração e possível diminuição da densidade mineral óssea. O objetivo deste trabalho, foi buscar na literatura científica as possíveis correlações entre ansiedade e depressão no insucesso de implantes, demonstrando a importância do conhecimento e do diagnóstico destas condições psicológicas para o adequado manejo do paciente e tratamento. As bases de dados utilizadas foram Medline, Lilacs e Scielo. Os descritores utilizados em português e inglês foram: ansiedade e implantes, depressão e implantes, ansiedade na odontologia, depressão na odontologia. Foram selecionados 11 artigos em inglês e 05 em português, com ano de publicação variando de 1998 a 2018. Pode-se pressupor que, a partir do que está relatado na literatura, ansiedade e depressão podem influenciar negativamente o tratamento odontológico, bem como a reabilitação com implantes osseointegrados. Uma anamnese criteriosa e sistemática é fundamental para o diagnóstico e manejo destes pacientes.

Palavras-chave: Ansiedade odontológica. Depressão. Implantes dentários. Clínica odontológica.

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NOVAIS, J.D; ZORTEA JUNIOR, A.J. Correlation between anxiety and depression in

failure of implants. 2018. 25 p. Course Completion Work (University graduate in Dentistry) - Londrina State University, Londrina, 2018.

ABSTRACT

Psychological aspects, such as anxiety and depression, are common conditions in dental practice. Increasingly, studies have demonstrated the impact of anxiety and depression on dental treatment at both behavioral and biological levels. In addition to these psychological disorders themselves, the medication used for treatment can trigger a number of side effects of importance to dentistry. Anxiety and depression, whether in relation to the disease or the treatment, can generally have several consequences that may influence the treatment with implants, such as: immunological fall, delay in healing, reduction of pain threshold, tachycardia, pressure changes , trans and postoperative pain, infections, xerostomia, decreased aesthetic perception of the individual, patient dissatisfaction, less bone formation, possible interference in osseointegration and possible decrease of bone mineral density. The objective of this study was to search the scientific literature for the possible correlations between anxiety and depression in implant failure, demonstrating the importance of knowledge and diagnosis of these psychological conditions for the appropriate management of the patient and treatment. The databases used were Medline, Lilacs and Scielo. The descriptors used in Portuguese and English were: anxiety and implants, depression and implants, anxiety in dentistry, depression in dentistry. Eleven articles were selected in English and five in Portuguese, with publication year varying from 1998 to 2018. It can be assumed that, from what is reported in the literature, anxiety and depression can negatively influence dental treatment, as well as rehabilitation with osseointegrated implants. A careful and systematic anamnesis is fundamental for the diagnosis and management of these patients.

Key words: Dental assistance. Depression. Dental Implants. Dental Clinic.

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AO Ansiedade odontológica

HAD Escala Hospitalar de Ansiedade e Depressão

SSRI Inibidores seletivos da recaptação de serotonina

OES Escala de estética orofacial

DMO Densidade Mineral Óssea

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO...........................................................................................12

2 MATERIAL E MÉTODOS..........................................................................14

3 REVISÃO DE LITERATURA.....................................................................15

4 DISCUSSÃO..............................................................................................18

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................20

REFERÊNCIAS..........................................................................................21

ANEXOS

ANEXO A – Escala Hospitalar de Ansiedade e Depressão .....................23

ANEXO B – Escala de Corah ...................................................................24

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1 INTRODUÇÃO

Com o avanço do conhecimento e a evolução das tecnologias, a Implantodontia

tornou-se realidade dentro da Odontologia cotidiana, trazendo incontáveis vantagens

aos pacientes. Porém, existe uma gigantesca quantidade de fatores que podem

influenciar negativamente o tratamento com implantes osseointegrados. Dentre estes

fatores, podemos citar os aspectos psicológicos, como a ansiedade e a depressão

(Kanegane et al., 2006).

A ansiedade e a depressão são distúrbios psicológicos comuns. A literatura

científica, cada vez mais, demonstra os impactos que os aspectos psicológicos têm

no tratamento odontológico, tanto em nível comportamental quanto em nível biológico,

podendo dificultar, limitar ou até incapacitar o paciente (American Psychiatric

Association, 1980).

A ansiedade é um estado psíquico de apreensão ou medo provocado pela

antecipação de uma situação desagradável ou perigosa, sendo muito comum nos

pacientes frente ao tratamento odontológico. É um transtorno de humor de origem

multifatorial. Têm associação com experiências anteriores traumatizantes, abordagem

considerada inadequada do profissional, sexo feminino, nível de renda, saúde bucal.

Alguns fatores são controversos na literatura, como raça, idade, nível educacional

(American Psychiatric Association 1980; Costa et al., 2013; Doerr et al., 1998).

A depressão é definida como um transtorno mental comum, caracterizada por

tristeza, perda de interesse, ausência de prazer, oscilações entre sentimento de culpa

e baixa autoestima, além de distúrbios do sono ou do apetite. A depressão afeta 340

milhões de pessoas no mundo, sendo duas vezes maior no sexo feminino, o período

de maior incidência é dos 25 aos 30 anos, e de prevalência dos 30 aos 44 anos

(American Psychiatric Association 1980, Djernes JK., 2013).

Além dos transtornos psicológicos em si, a medicação utilizada para tratamento

pode acarretar uma série de efeitos colaterais, que podem impactar na saúde da

cavidade bucal, assim como na terapêutica odontológica (Cabrera et al., 2007).

De modo geral, seja em relação às doenças ansiedade/depressão ou ao

tratamento médico das mesmas, diversas consequências podem surgir com potencial

de influenciar o tratamento com implantes osseointegrados, tais como: queda

imunológica, atraso na cicatrização, redução do limiar de dor, taquicardia, alterações

pressóricas, dor trans e pós-operatória, infecções, xerostomia, diminuição da

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percepção estética do indivíduo, insatisfação do paciente, menor formação óssea,

possível interferência na osseointegração e possível diminuição da densidade mineral

óssea (Al-Radha et al., 2017, Aulestia-Viera et al., 2018, Carlsson et al., 2014,

Khorshidi et al., 2017, Rosania et al., 2009, Turner et al., 2008, Willians et al., 2011,

Wu et al., 2014).

A identificação destes distúrbios psicológicos, ansiedade e depressão, e o

correto manejo destes pacientes são grandes desafios para o implantodontistas que

buscam uma Odontologia de excelência, minimizando riscos e maximizando

resultados.

É válido lembrar da dificuldade na elaboração de uma revisão de literatura em

relação ao tema deste trabalho, considerando ser um tema pouco explorado na

literatura científica, cujas correlações entre ansiedade e depressão com insucesso de

implantes, muitas vezes, necessitam de mais estudos e maiores evidências

científicas.

O objetivo deste trabalho foi buscar, na literatura científica, as possíveis

correlações entre ansiedade e depressão no insucesso de implantes, demonstrando

a importância do conhecimento e do diagnóstico destas condições psicológicas para

o adequado manejo do paciente e tratamento.

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2 MATERIAL E MÉTODOS

As bases de dados utilizadas nesta revisão de literatura foram Medline, Lilacs

e Scielo. Os descritores utilizados em português e inglês foram: ansiedade e

implantes, depressão e implantes, ansiedade na odontologia, depressão na

odontologia. Foram selecionados 11 artigos em inglês e 05 em português, com ano

de publicação variando de 1998 a 2018.

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2 REVISÃO DE LITERATURA

A ansiedade é um dos transtornos de humor mais comuns da atualidade, tem

origem multifatorial, e o controle desse estado psíquico pode assumir papel

fundamental para o sucesso do tratamento odontológico. De acordo com Petri et al.

(2006), a ansiedade ou medo do cirurgião-dentista pode ser responsável pelo fato de

muitos pacientes evitarem a todo custo consultas odontológicas, de modo a procurar

o serviço odontológico apenas em caso de dor ou desconforto. Nesse sentido, a

ansiedade pode levar a uma saúde bucal deficiente, perda de dentes, e

consequentemente diminuição da qualidade de vida (Kanegane et al., 2006).

A depressão é uma doença que afeta o humor, a disposição e os sentimentos.

Apresenta variadas formas clínicas, tendo alta prevalência na população mundial

(Andrade, L. 2002). O Brasil é o 3º país mais deprimido do mundo com 18,4% dos

casos registrados na população. O risco de suicídio em pessoas com depressão é

aumentado em 20 vezes. Além disso, 30 a 40% não respondem adequadamente aos

tratamentos propostos (American Psychiatric Association, 1980).

O tratamento de depressão engloba a psicoterapia, a medicação

antidepressiva, ou a combinação de ambos. Medicamentos antidepressivos tiveram

uma evolução importante, e incluem antidepressivos tricíclicos, inibidores de

monoamino-oxidase, inibidores seletivos da recaptação de serotonina, dopamina e

adrenalina, e agonistas de melatonina (American Psychiatric Association, 1980).

A queda imunológica ou diminuição do sistema imune diante da ansiedade e

depressão pode ser entendida pela maior ativação do eixo hipotálamo-hipófise-

adrenal, que resulta em aumento da liberação de glicocorticoides pela suprarrenal,

sendo o cortisol o principal glicocorticoide liberado. O cortisol sérico associado à

depressão pode exercer um efeito inibitório sobre a resposta imune do indivíduo

(Rosania et al., 2009).

As drogas, ansiolíticos e antidepressivos, utilizadas no tratamento da

ansiedade e depressão podem gerar diminuição do fluxo salivar, acarretando

xerostomia, cárie, doença periodontal, síndrome da ardência bucal, mucosite,

desadaptação de próteses mucossuportadas, dificuldade de fonação, mastigação e

deglutição (Turner et al., 2008). Cabrera et al. (2007) fizeram um estudo transversal

com 267 idosos de 60 a 74 anos residentes em um bairro na cidade de Londrina/PR.

As drogas psicoativas consideradas foram: antidepressivos, ansiolíticos,

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anticonvulsivantes, sedativos, antipsicóticos e hipnóticos. O uso de drogas psicoativas

foi observado em 31 idosos (11,6%). O fluxo salivar médio foi de 0,76 ml/min, sendo

que nos usuários de drogas psicoativas foi de 0,67 ml/min. Na análise multivariada, a

utilização de drogas psicoativas estava associada ao fluxo salivar menor que

0,44ml/min. Os resultados mostraram relação direta entre o uso de drogas psicoativas

e o baixo fluxo salivar.

Isso posto, um estudo de coorte de Wu et al. (2014) teve como objetivo associar

o risco de falha de implante com o uso de inibidores seletivos da recaptação de

serotonina (SSRI), medicamentos estes amplamente utilizados para tratamento da

depressão e associados a redução da formação óssea e aumento do risco de fratura

óssea. A serotonina tem fundamental papel na ativação de osteoblastos para a

formação óssea. A amostra incluiu 490 pacientes, 916 implantes de janeiro de 2007 a

janeiro de 2013, 94 implantes em 51 pacientes utilizando SSRI. As taxas de falha

foram de 4,6% para os não usuários de SSRI e 10,6% para usuários de SSRI.

Puderam concluir, dentro dos limites do estudo, que o tratamento com SSRI está

associado a um maior risco de falha do implante osseointegrado, o que pode sugerir

um planejamento cirúrgico cuidadoso para usuários de SSRI.

Em relação a tal aspecto, Aulestia-Viera et al. (2018) fizeram uma revisão de

literatura sobre os possíveis efeitos dos SSRI no metabolismo ósseo. Incluíram 26

artigos de 2000 a 2018. Apontaram que os SSRI exercem uma influência negativa

sobre a densidade mineral óssea e aumento do risco de fraturas ósseas. Na

Implantodontia os usuários de SSRI apresentaram, de maneira geral, maiores taxas

de falhas, mas estatisticamente insignificante. Em relação à doença periodontal a

literatura apresentou resultados contraditórios em relação ao efeito dos SSRI. Os

inibidores mais utilizados foram fluoxetina (Prozac®), sertralina, paroxetina,

fluvoxamina, citalopram e escitalopram.

Um trabalho publicado por Willians et al. (2011), buscou avaliar a possível

correlação entre ansiedade e depressão com redução da densidade mineral óssea

(DMO). Examinou dados de 1194 homens e 7842 mulheres. Utilizou a Escala

Hospitalar de Ansiedade e Depressão e a DMO foi mensurada no antebraço por meio

da absortometria radiológica de energia simples. Os autores observaram que houve

menor DMO de forma transversal em pacientes com sintomas de ansiedade e

depressão. Longitudinalmente, nem sintomas depressivos nem de ansiedade foram

associados com perda óssea ao longo de 4,6 anos. Advertiram que os resultados não

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podem ser generalizados para outros locais do esqueleto, sendo necessário maiores

evidências com estudos de acompanhamento e monitoramento da DMO de pacientes

diagnosticados com doenças psiquiátricas (ver anexo 01 – Escala Hospitalar de

Ansiedade e Depressão).

Em relação à ansiedade, Khorshidi et al. (2017) fizeram um trabalho com

objetivo de avaliar a relação entre ansiedade pré-operatória e a satisfação do paciente

no pós-operatório. Implantes dentários foram instalados em uma amostra de 40

pacientes (19 homens e 21 mulheres) e feita avaliação no pré-operatório com a escala

de ansiedade de Corah e no pós-operatório com base na intensidade da dor,

tendência ao sangramento, incapacidade de comer e satisfação geral preenchendo

um questionário na segunda ou terceira semana após a cirurgia. A ansiedade pré-

operatória foi alta em 10%, moderada em 5%, e leve em 85%. Os resultados deste

estudo indicaram que a ansiedade poderia desempenhar um papel na percepção e

relato de dor por pacientes submetidos à cirurgia de implante, embora não seja

significante. Não houve diferenças entre homens e mulheres (ver anexo 02 – escala

de Corah).

Estudo publicado por Carlsson et al. (2014) avaliaram a correlação entre

ansiedade odontológica e percepção estética orofacial em uma amostra de 152

pacientes adultos. A escala de estética orofacial (OES) foi empregada. Em

comparação com a população em geral, os pacientes com ansiedade tiveram

avaliações mais baixas de satisfação em todos os aspectos de sua estética orofacial,

que inclui dentes, gengiva, boca e face, bem como sua avaliação global. O nível de

insatisfação com aparência orofacial foi semelhante em ambos os gêneros.

Concluíram que a ansiedade afeta negativamente de forma direta a percepção

estética do indivíduo, além da própria saúde bucal.

Em 2017, Al-Radha et al. avaliaram 103 pacientes parcialmente desdentados,

com média de idade de 42,06 anos, em relação ao impacto da ansiedade na

satisfação com implantes dentários. Foi utilizado o inventário de ansiedade traço-

estado. Questionários auto administrados foram dados aos pacientes para avaliar o

seu nível de satisfação com o tratamento de implantes. A satisfação geral para todos

os pacientes foi alta (86,7%). Os resultados deste estudo indicaram que a satisfação

do paciente com o tratamento com implantes foi alto em todos os pacientes.

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4 DISCUSSÃO

A ansiedade e a depressão são distúrbios psicológicos a serem considerados

no planejamento de reabilitações implantossuportadas. Afetam diretamente a

qualidade de vida, de modo a comprometer biológica e psicologicamente muitos

pacientes. A ansiedade e a depressão têm incidência cada vez maior e é uma questão

de saúde pública. Em 2006, Macri et al. puderam afirmar que há um menor número

de consultas odontológicas em pacientes com transtornos psicológicos, o que leva à

diminuição dos cuidados bucais e, consequentemente, saúde bucal deficiente.

A instalação de implantes requer, de maneira geral, uma boa saúde sistêmica.

Qualquer comprometimento biológico pode oferecer um risco cirúrgico, comprometer

a cicatrização e principalmente o delicado processo de osseointegração. Está

relatado, na literatura, que a ansiedade e a depressão podem levar uma maior

produção e secreção de cortisol, um potente inibidor imunológico, que pode

enfraquecer a resposta imune do indivíduo, retardar o processo de cicatrização, e

tornar qualquer ferida cirúrgica mais susceptível a infecção (Rosania et al., 2009).

A saliva tem papel fundamental na manutenção da saúde bucal, desempenha

diversas funções como: auxílio na mastigação, fonação, digestão, lubrificação,

formação do bolo alimentar, capacidade tampão, resposta imunológica, limpeza da

cavidade bucal. Pacientes que fazem uso de drogas antidepressivas e ansiolíticos

podem ter diminuição do fluxo salivar, consequentemente sofrer xerostomia, cárie,

doença periodontal, síndrome da ardência bucal, mucosite, desadaptação de próteses

mucossuportadas, dificuldade de fonação, mastigação e deglutição (Turner et al.,

2008).

A densidade mineral óssea é fator extremamente relevante no planejamento e

instalação de implantes osseointegrados, porque afeta diretamente a estabilidade

primária do implante. De acordo com a literatura, os inibidores seletivos da recaptação

de serotonina, medicamentos antidepressivos, podem alterar o metabolismo ósseo de

modo a reduzir a densidade mineral óssea. A serotonina é mediador químico com

múltiplas funções no organismo, sendo uma delas a regulação da atividade

osteoblástica. Portanto, a sua inibição pode comprometer a densidade óssea. Porém,

deve-se lembrar que, em relação a isso, são necessárias maiores evidências

científicas (Aulestia-Viera et al., 2018; Willians et al., 2011; Wu et al., 2014).

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Dor pode ser definida como uma experiência sensorial e emocional

desagradável que surge em decorrência de uma lesão tecidual verdadeira ou

potencial (Management of Postoperative Pain: A Clinical Practice Guideline From the

American Pain Society, 2016). É comum queixas de dor de pacientes durante

procedimento cirúrgicos e no pós-operatório. Dificuldades para a obtenção de

analgesia em alguns pacientes também faz parte da clínica odontológica. Cada

indivíduo tem um limiar de dor específico, o que pode influenciar na percepção de dor.

Em 2017, Khorsidi et al. puderam observar uma possível correlação entre a ansiedade

e a redução do limiar de dor no pré-operatório e no pós-operatório de pacientes

ansiosos submetidos a cirurgias de implantes dentários.

A auto percepção estética do indivíduo é definida por questões sociais, culturais

e econômicas, tendo influência direta na autoestima. A baixa autoestima leva ao

isolamento social, a depressão, uso de drogas, falta de cuidados em relação à

higienização, exercícios físicos e alimentação. Carlsson et al. (2014) observaram uma

relação entre ansiedade e diminuição da percepção estética orofacial, tendo

consequências para a saúde bucal e qualidade de vida.

A satisfação do paciente é um objetivo almejado por todo e qualquer

profissional. Esta satisfação em relação ao tratamento odontológico envolve muitos

aspectos, por parte do paciente e do profissional. Em 2017, Al-Radha et al.

pesquisaram se há relação entre ansiedade e insatisfação dos pacientes. Puderam

observar, diante dos resultados, que houve uma diferença pequena, não

estatisticamente significante.

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4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Pode-se pressupor que, a partir do que está relatado na literatura, ansiedade e

depressão podem influenciar negativamente o tratamento odontológico, bem como a

reabilitação com implantes osseointegrados. Uma anamnese criteriosa e sistemática

é fundamental para o diagnóstico e manejo destes pacientes.

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13. Petry PC, Toassi RFC, Scotá AC, Fochesatto S. Ansiedade do paciente idoso frente ao tratamento odontológico. RGO. 2006;54(2):191-4.

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15. Turner M., Jahangiri, L., & Ship, J. A. Hyposalivation, xerostomia and the complete denture. A systematic review. The Journal of the American Dental Association, 139(2), 146–150, 2008.

16. Willians LJ; Bjerkeset O; Langhammer A; Berk M; Pasco JA; Henry MJ; Schei B; Forsmo S. The association between depressive and anxiety symptoms and bone mineral density in the general population: The HUNT Study. Journal of Affective Disorders 131 (2011) 164–171.

17. Wilson R, Neves S. Depressive symptoms and cognitive decline in a community population of older persons. J Neurol Neurosurg and Psychiatry 2004;75(3):1269.

18. Wu X; Al-Abedalla K; Rastikerdar E; Nader SA; Daniel NG; Nicolau B; Tamimi F. Selective Serotonin Reuptake Inhibitors and the Risk of Osseointegrated Implant Failure: A Cohort Study. J Dent Res 93(11):1054-1061, 2014.

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ANEXOS

ANEXO A

Escala Hospitalar de Ansiedade e Depressão

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ANEXO B

Escala de Corah