Jovens Violentos eBook Symon Hill

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    JOVENS:Como Conviver com a

     VIOLÊNCIA

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    JOVENS: Como conviver com a violência?

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    JOVENS:Como Conviver com a

     VIOLÊNCIA

    1ª EdiçãoSão Paulo

    2011

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    JOVENS: Como conviver com a violência?

    Jovens: Como Conviver com a Violência2011© Copyright by Symon Hill 

    Hill, Symon. Jovens: Como Conviver com a Violência. Symon Hill.

    São Paulo: Clube de Autores, 2011.

    VENDA EXCLUSIVA EM: www.clubedeautores.com.br 

    DISPONÍVEL PARA DOWNLOAD GRATUITO A TODOS OS

    PARTICIPANTES DOS CURSOS E PALESTRAS COM SYMON HILL

    EM: www.symonhill.com.br|www.apalestra.com

    1. Violência 2. Auto-Ajuda 3. Motivação

    Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida sem a

    prévia autorização por escrito do autor, sob pena de constituir

    violação do copyright (Lei 5.988)

    Projeto Gráfico, capa e ilustrações: CLUB DE COMUNICAÇÃO

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    AGRADECIMENTOS 

     Agradecer a esta pessoa que tanto me apóia e

    incentiva não pode ser feito em apenas algumas

    linhas. Se realmente quisesse escrever algo para

    que pudesse representar uma pequena fração de

    tudo o que ela representa para mim, faltaria

    espaço no planeta. Mas, como sou teimoso e

    insisto em fazer um singelo agradecimento aqui,

    quero aproveitar para dizer o quanto sou grato à

    minha esposa e companheira, Vânia, que tem me

    oferecido seu apoio em tantos projetos e neste,

    especificamente, não foi diferente.

    Obrigado meu bem !

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    JOVENS: Como conviver com a violência?

    SUMÁRIO 

    Introdução...............................................................8

     A Violência pode sercontrolada?.............................................................11

     As Causas da violência..........................................24

     Agressividade.........................................................31

     A Violência Urbana...............................................42

     Violência contra Mulheres....................................52

     Violência Doméstica.............................................59

    Como Começa a Violência entre os Jovens...........70

    Gangues: O Perigo da Violência em Grupos.........75

    Como os Pais podem Libertar os Jovens da Violência das Gangues..........................................82

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    Como conviver com a Violência nas Escolas........89

    Como conviver com a Violência...........................96Contato com o Autor...........................................100

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    JOVENS: Como conviver com a violência?

    INTRODUÇÃO 

     V ivemos em uma época marcada pela violência.

    Esta violência assume diversas formas e acabacondicionando o ser humano à uma cultura de medo eopressão. Antigamente, a violência apresentava umrosto claro e definido, mas, hoje em dia ela pode

    apresentar diversas faces ou até mesmo nenhuma,apresentando-se por meio de uma tela de computadoratravés da internet. Num panorama geral, isso é arealidade que nós vivemos, mas se olharmos um poucomais a fundo, perceberemos que este ar de violênciapode estar chegando dentro de nossas casas através defilmes, músicas, livros e casos de jornal. Sem se darconta a pessoa pode estar sendo absorvida por este mar

    de informação violenta que só faz com que pessoas ecomunidades inteiras vivam com medo de sair de casa e,numa escala mais abrangente –  com medo de ficar emcasa e ser assaltados lá dentro.

    Significa isso que estamos condenados a agir cada vezmais com a violência? Alguns argumentam que apropensão à violência ou a matar sempre foi algo inato

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    nos seres humanos. Para os defensores da evolução nósnos originamos de animais selvagens e simplesmente

    herdamos suas características violentas. Essas teoriasnos condenariam a um ciclo infindável de violência semesperança de escape.

    No entanto, existe muita evidência em contrário. Asteorias mencionadas acima não explicam por que emdiferentes culturas existem amplas variações nafreqüência e nos tipos de violência. Não indicam por que

    em certas culturas reagir com violência parece ser aregra, ao passo que outras sociedades relatam bempouca violência, com índice de assassinatos quase zero.O psicanalista Erich Fromm expôs falhas na teoria deque herdamos a agressividade de primatas destacandoque, embora alguns deles sejam violentos em resultadode necessidades físicas ou de autodefesa, sabe-se que oshumanos são os únicos que matam pelo simples prazer

    de matar.Em seu livro The Will to Kill — Making Sense of

     Senseless Murder (A Vontade de Matar —  Como

     Entender o Homicídio Insano), os professores James Alan Fox e Jack Levin dizem: “Alguns indivíduos sãomais propensos à violência do que outros, mas o livre-arbítrio ainda está presente. A vontade de matar,embora governada por numerosas forças internas e

    externas, ainda inclui fazer uma escolha e decisãohumanas e, com isso, vem responsabilidade eculpabilidade.”  A situação fica ainda mais preocupantese observarmos que, à medida que o tempo passa, mais jovens recorrem a violência como forma de expressão ecom isso, a violência se espalha cada vez mais em nossasfamílias, comunidades, cidades, estados, países – tomando proporções alarmantes e sem precedentes.

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    Com isso torna-se imperativo que os jovens comecem afazer valer sua opinião, não através da agressividade,

    mas, por meio de uma postura antiviolência,conscientizando-se de que a sua vontade pode sermanifestada através de uma vida plena e cheia derealizações, marcada, não pelas cicatrizes do crime, mas,pela dignidade de uma vida sadia e em paz.

    Este livro foi escrito a partir de palestras ministradas emescolas públicas para jovens do ensino fundamental e

    médio, com o objetivo de ajudá-los a enxergar seupotencial para o bem e prevenir que famílias sejamdestruídas com a violência, seja ela urbana, escolar, notrabalho ou doméstica. O foco deste trabalho é levar aoconhecimento dos jovens que mesmo diante dasdificuldades socioeconômicas é possível conviver bemsem a necessidade de agir com violência para fazer valeros seus direitos. E ainda: este livro lhe ajudará a ser

    mais cauteloso e preventivo com comportamentos eindivíduos violentos.

    Espero sinceramente que você desfrute destas páginas.Leia este livro e fale dele para seus parentes, amigos ecolegas de trabalho e escola. Faça dele uma referênciapara trabalhos escolares. Use-o em seu benefício e afavor dos outros. Você perceberá que é maravilhosoajudar alguém a viver um pouco melhor só por que

    conheceu você!

    Pense nisso e boa leitura!

     Symon Hill

     Palestrante motivacional

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    A VIOLÊNCIA PODE SERCONTROLADA?

     A penas para lembrá-lo do que aparece nos noticiários:

    ▪ Aluno com problemas mentais, armado até os dentes,massacra colegas e professores em sua escola.

    ▪ Menininha é raptada, e isso causa enorme sofrimento aseus pais.

    ▪  Adolescente confessa ter assassinado alguém só poremoção e ter mostrado o cadáver a amigos, que

    guardaram o segredo por semanas.▪  Predador sexual conversa pela internet com outrospedófilos sobre como seduzir crianças.

    ESSES são apenas alguns dos crimes chocantes queaparecem hoje em dia. Sente-se seguro em sua vizinhança, em especial à noite? Você ou alguém de suafamília já foi afetado pelo crime? Milhões de pessoas no

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    mundo inteiro — mesmo em países antes consideradosrelativamente seguros —  admitem viver com medo do

    crime e da violência. Veja o que acontece em váriospaíses:

    JAPÃO: De acordo com o jornal  Asia Times, “o Japão jáfoi um dos países mais seguros do mundo . . . Mas, hojeem dia, parece que aquele senso de segurança pessoalque se tinha desapareceu, e a sensação de viver numpaís seguro deu lugar a uma grande ansiedade por causa

    do crime e do terrorismo mundial”.  AMÉRICA LATINA: Segundo certa notícia em 2006,pessoas importantes no Brasil previram uma guerra docrime organizado em São Paulo. Por causa dos episódiosde violência que ocorreram num período de semanas, opresidente ordenou o posicionamento imediato doexército nas ruas da cidade. Na América Central e noMéxico, “as autoridades locais estão em estado de alertaporque pelo menos 50 mil jovens fazem parte degangues”, diz um artigo no jornal Tiempos del Mundo,que acrescentou: “Só em 2005, cerca de 15 mil pessoasmorreram às mãos de gangues juvenis em El Salvador,em Honduras e na Guatemala.” 

    CANADÁ: “Criminalistas indicam um aumentoalarmante no número de gangues”, disse o jornal USA

    Today em 2006. “A polícia. . . identificou 73 gangues derua agindo em Toronto.” De acordo com a mesma fonte,o chefe de polícia da cidade reconheceu que não existeuma solução simples para o crescente problema dasgangues urbanas.

     ÁFRICA DO SUL: O pesquisador criminal PatrickBurton disse ao jornal  Financial Mail : “O medo do

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    crime permeia todos os aspectos da vida dos jovens sul-africanos.” Segundo o jornal, isso inclui “crimes

     violentos, como assaltos à mão armada, a bancos e apessoas em veículos”. 

    FRANÇA: Todo dia, muitos moradores de conjuntoshabitacionais sentem medo ao “subir escadarias vandalizadas, entrar em estacionamentos inseguros porcausa da violência e do crime e usar o transportepúblico, que à noite fica perigoso”. — Guardian Weekly. 

    ESTADOS UNIDOS: Gangues organizadas intensificama onda de crimes. De acordo com um artigo do jornalThe New York Times, uma pesquisa feita pela políciamostrou que quase 17 mil jovens, de ambos os sexos,pertencem a 1 das cerca de 700 gangues em certo Estadodo país. Isso representa um aumento de uns 10 milmembros em apenas quatro anos.

    GRÃ-BRETANHA: Com respeito a um relatório daUnicef sobre o efeito do crime nas crianças, o jornal TheTimes, de Londres, comentou: “O número de jovens britânicos mortos a tiros está aumentando. . . . Tanto as vítimas como os que cometem esses crimes são cada vezmais jovens.” A população carcerária na Inglaterra e noPaís de Gales saltou para quase 80 mil.

    QUÊNIA: De acordo com um jornal, mãe e filhademoraram a sair de seu carro durante um assalto eforam baleadas por ladrões de automóveis perto de umaestrada movimentada. Nairóbi, capital do Quênia, ficou bem conhecida por todo tipo de crime, incluindoinvasões domiciliares violentas, assaltos a veículos e emlugares públicos.

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    É evidente que nos últimos anos a violência e o crimetêm aumentado de forma escalonada. Acredito que se

     você fosse questionado quanto ao que deveria ser feito,provavelmente diria que as autoridades deveriam agircom maior intensidade e a polícia deveria intervir. Noentanto, é preciso reconhecer que os esforços dogoverno e da polícia, embora bem direcionados namaioria dos casos, são limitados tamanha a dimensãodo problema. Analisemos um pouco mais a fundo opapel de quem está diretamente ligado ao combate da

     violência, a polícia.  No início do século 19, muitos naInglaterra resistiram às propostas da criação de umaforça policial uniformizada. Temiam que um exércitosob o comando de um governo central constituísse umaameaça à liberdade. Havia também o receio de que sedesenvolvesse um sistema de policiais espiões, comoocorreu na França sob José Fouché. Mas o dilema era:‘O que faremos sem polícia?’ 

     Ao passo que Londres se tornara a maior e a mais ricacidade do mundo, o aumento da criminalidaderepresentava uma ameaça ao seu comércio. Os vigiasnoturnos voluntários e os caçadores de ladrões(detetives de uma entidade privada denominada BowStreet Runners) não davam conta de proteger apopulação e suas propriedades. Clive Emsley comenta

    no seu livroThe English Police: A Political and Social

     History (História Política e Social da Polícia Inglesa): “Houve uma conscientização cada vez maior de que ocrime e a desordem não poderiam ser tolerados numasociedade civilizada.” Assim, os londrinos acharam por bem dispor de uma força policial profissional,organizada sob a direção de Sir Robert Peel. Emsetembro de 1829, policiais uniformizados da PolíciaMetropolitana começaram a fazer rondas.

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    Desde o começo de sua história moderna, a polícia teminspirado esperança e medo na população — esperança

    de que proporcione segurança e medo de que abuse desua autoridade.

    É claro que se fossemos falar da polícia no Brasil, vocêteria muito que acrescentar. Afinal, os escândalos queaparecem nos jornais, são quase tão marcantes quantoao próprio crime. No ínterim, se analisarmos a históriada polícia em países de primeiro mundo poderemos nos

    surpreender. As coisas não são ruins só porqueacontecem no Brasil. A história do serviço policial noprimeiro mundo confirma isso.

    História da polícia nos Estados Unidos

    Nos Estados Unidos, Nova York foi a primeira cidade adispor de uma força policial profissional. Ao passo que acidade ficava mais rica, a criminalidade também

    aumentava. Na década de 1830, toda família podia lerhistórias horripilantes e sensacionalistas sobre crimes,publicadas em jornais populares que começavam acircular. Houve crescentes protestos públicos e Nova York criou a sua força policial em 1845. Desde então,nova-iorquinos e londrinos nutrem uma admiraçãomútua pelas respectivas polícias.

    Os americanos compartilhavam o medo dos ingleses, deter um exército controlado pelo governo. As duas naçõeschegaram a diferentes soluções. Os ingleses preferirampoliciais distintos, de cartola e uniforme azul, queportavam apenas um cassetete curto, oculto sob a roupa. Até hoje, os policiais ingleses não portam armas de fogo,exceto em situações de emergência. Mas certo informedeclara: “Parece ser apenas uma questão de tempo até

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    que a polícia britânica se torne uma unidade totalmentearmada.” 

    Nos Estados Unidos, o medo de que houvesse abusoscometidos pelo poder do Estado levou à adoção daSegunda Emenda à Constituição Americana, quegarante “o direito do cidadão de ter e portar armas”. Oresultado foi que a polícia também exigiu o direito deportar armas de fogo. Com o tempo, isso levou a trocasde tiros com os bandidos na rua, que se tornou uma

    característica dos policiais americanos, pelo menos naconcepção popular. Outro motivo da postura americanacom relação ao porte de armas é que a primeiracorporação de polícia nos Estados Unidos surgiu numasociedade bem diferente da de Londres. O aumentoexplosivo da população de Nova York havia gerado umasituação de caos. O influxo de milhares de imigrantes,principalmente da Europa, e de afro-americanos depois

    do início da Guerra Civil de 1861-65, levou à violênciaracial. A polícia achou necessário adotar métodos maisrígidos de repressão.

    Isso fez com que a polícia fosse encarada como um malnecessário. A população se resignou a aceitar excessosocasionais na esperança de conseguir certo grau deordem e segurança. Mas em algumas partes do mundosurgia um tipo diferente de força policial.

     A polícia do medo

    No início do século 19, quando as modernas forçaspoliciais começaram a ser formadas, a maior parte dahumanidade havia estado sob o domínio dos impérioseuropeus. De modo geral, a polícia européia estavaorganizada para proteger os governantes, não o povo.

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     Até mesmo os britânicos, que repudiavam a idéia de teruma polícia militar armada em seu meio, pareciam não

    ter escrúpulos de usar a polícia militar para manter ascolônias em sujeição. Rob Mawby, no seu livro  Policing Across the World (A Polícia ao redor do Mundo), diz:“Incidentes de brutalidade, corrupção, violência,assassinato e abuso de autoridade ocorreram empraticamente todas as décadas da história da políciacolonial.” Depois de salientar alguns aspectos positivosda polícia imperial, o mesmo livro acrescenta que ela

    “passou para o mundo a imagem de que a polícia éinstrumento de repressão do Estado, não uma entidadede serviço público”. 

    Governos despóticos, temendo revoluções, quase queinvariavelmente tinham a sua polícia secreta paraespionar os cidadãos. A polícia secreta extraiinformações mediante tortura, e supostos subversivos

    são eliminados ou presos sem julgamento. Os nazistastinham a Gestapo; a União Soviética, a KGB e a Alemanha Oriental, a Stasi. Esta última possuía umimpressionante contingente de 100.000 homens epossivelmente meio milhão de informantes paracontrolar uma população de uns 16 milhões. Policiaisfaziam escuta de conversas telefônicas 24 horas por diae mantinham fichas de um terço da população. “Os

    policiais da Stasi não conheciam limites nem ética”, dizJohn Koehler no livro Stasi, de sua autoria. “Um grandenúmero de clérigos, incluindo autoridades dedenominações protestantes e católica, foram recrutadoscomo informantes secretos. Seus gabinetes econfessionários estavam repletos de aparelhos deescuta.” 

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    Mas esse tipo de polícia não é exclusividade de governosdespóticos. Policiais de grandes cidades em outros

    lugares são acusados de infundir o terror quandoadotam práticas extremamente agressivas de imposiçãoda lei, especialmente contra minorias. Comentando umescândalo de ampla repercussão envolvendo abusoscometidos pela polícia de Los Angeles, uma revistanoticiosa disse que ‘a violência policial havia atingidoum nível sem precedentes, levando a se cunhar o termo“policial- bandido”’. 

    Incidentes desse tipo têm levado autoridades a seperguntar: Como melhorar a imagem da polícia? Numesforço de enfatizar o seu papel de servidores públicos,muitas forças policiais têm procurado salientar osaspectos comunitários de seu serviço.

    Policiamento comunitário

    O estilo tradicional japonês de policiamentocomunitário tem chamado a atenção de outros países.Tradicionalmente, no Japão há pequenos distritospoliciais onde trabalham uns 12 policiais organizadosem turnos. Frank Leishman, conferencista emcriminologia e antigo residente do Japão diz: “Aabrangência da prestação de serviços dos policiais doskoban (pequenas delegacias) é lendária: eles ajudam

    pessoas a localizar um endereço nas ruas do Japão quena sua maioria não têm nome, emprestam guarda-chuvas (não-reclamados no setor de achados e perdidos)aos passageiros de trem quando chove, ajudam ossararimen (funcionários de colarinho-branco) bêbados apegar o último trem para casa e dão aconselhamento aoscidadãos com problemas comuns.” O policiamentocomunitário no Japão contribuiu para a sua invejável

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    reputação de ser um país onde se pode andar nas ruascom segurança.

    Será que esse tipo de policiamento funcionaria emoutros lugares? Estudantes de criminologia acham quese pode aprender algo desse sistema. O progresso nascomunicações tem distanciado a polícia da populaçãopara a qual presta serviços. Em muitas cidades hoje emdia, o trabalho da polícia parece consistirprincipalmente em reagir a situações de emergência. A

    impressão que se tem é que a ênfase original naprevenção do crime foi esquecida. Como reação a essatendência, o programa vizinhos em alerta voltou a serenfatizado em muitos lugares.

    O medo da corrupção policial

     Às vezes parece ingenuidade acreditar na proteçãopolicial, principalmente quando se ouve falar de muitos

    casos de corrupção. A corrupção existe desde o início dahistória da polícia. Referindo-se ao ano de 1855, o livro NYPD— A City and Its Police (Departamento de Polícia

    de Nova York —  Uma Cidade e sua Polícia)  diz que“muitos nova-iorquinos achavam que estava ficandocada vez mais difícil fazer distinção entre polícia e bandido”. Na América Latina, acredita-se que “há muitacorrupção, incompetência e abusos de direitos humanos

    dentro da polícia”, diz o livro  Facets of Latin America(Aspectos da América Latina), de Duncan Green. Ocomandante de uma força de 14.000 homens na América Latina pergunta: “O que você pode esperarquando um policial ganha menos de [100 dólares] pormês? Se alguém oferecer uma propina, o que acha queele vai fazer?” 

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    Qual é a dimensão do problema da corrupção? Aresposta depende de a quem você pergunta. Um policial

    norte-americano que há anos faz rondas numa cidadecom uma população de 100.000 habitantes responde:“Com certeza existem policiais corruptos, mas a grandemaioria é honesta. Essa pelo menos tem sido a minhaexperiência.” Por outro lado, um investigador criminalcom 26 anos de experiência num outro país diz: “Acorrupção está praticamente em toda parte. Ahonestidade é uma coisa muito rara na polícia. Se um

    policial revista uma casa arrombada e encontradinheiro, ele provavelmente vai pegá-lo. Se recuperaobjetos de valor, pega parte para si.” Por que algunspoliciais se tornam corruptos?

     Alguns começam com as mais nobres intenções, masdepois se deixam influenciar por colegas corruptos epelo freqüente contato com a marginalidade. O livro

    What Cops Know (O Que os Policiais Sabem)  cita umpatrulheiro de Chicago que diz: ‘Os policiais conhecemmuito bem o submundo da marginalidade porqueconvivem com ele, respiram o seu ar e lidam com ele otempo todo. ’ O contato com a corrupção podefacilmente exercer uma influência negativa.

    Embora a polícia forneça um serviço inestimável, estálonge de ser ideal. Quando a polícia adota medidas

    eficazes, os resultados podem ser notáveis. Nova Yorkhavia muito tinha a reputação de ser uma das cidadesmais perigosas do mundo. Em fins da década de 80, apolícia, desalentada, parecia ter perdido o controle dasituação. Pressões econômicas forçaram a prefeitura acongelar salários e reduzir o número de policiais.Narcotraficantes tomaram conta, gerando uma terrívelonda de violência. Os moradores do centro dormiam ao

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    som de tiros. Houve grandes distúrbios raciais em 1991,e a própria polícia organizou uma manifestação ruidosa

    expressando suas reivindicações.

    Mas um novo chefe do Departamento de Políciatomou a iniciativa  de motivar seus homens,organizando reuniões regulares para discutir estratégiasem cada setor da cidade. James Lardner e ThomasReppetto, no livro NYPD, explicam: “Os comandantesdos setores conheciam o chefe dos detetives ou o chefe

    do Departamento de Combate ao Narcotráfico apenaspelos jornais. O contato pessoal era raro. Com a novaestratégia, eles passaram a se reunir por horas a fio paradiscutir procedimentos operacionais.” O índice decriminalidade começou a cair. O total de homicídiosregistrou uma queda progressiva: de quase 2.000 em1993 para 633 em 1998 — o número mais baixo em 35anos. Os nova-iorquinos começaram a falar em milagre.

     As denúncias de crime nos últimos oito anos caíram64%.

    Como se conseguiu esse resultado? Segundo o The NewYork Times de 1.° de janeiro de 2002, um dos fatores dosucesso foi o Compstat, “um sistema de rastreamento docrime que envolve examinar estatísticas de cada setor dacidade em base semanal, para identificar e solucionar osproblemas assim que surgem”. Bernard Kerik, ex-

    comissário da polícia, declarou: “Detectávamos as áreascom grande incidência de crimes, identificávamos ascausas e então dávamos atenção especial a esses lugares,reforçando o policiamento e enviando recursos. É assimque se reduz o crime.” 

    Como vimos, os esforços da polícia e das autoridadespodem e realmente surtem efeito de forma isolada. Mas

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    o que podemos fazer em base pessoal para combater a violência? Minha mãe já dizia que a melhor maneira de

    manter um local limpo é não sujando. De maneirasimilar o melhor modo de combater a violência é nãosendo violento. Acontece que a violência, como todapraga é sutil e começa de forma silenciosa. Ninguémamanhece e decide se tornar agressivo e sai de casadisposto a ferir seu semelhante. A violência tomagrandes proporções por meio de um processo lento egradual que pode começar de forma inofensiva. Veja por

    exemplo o caso dos jogos de computador violentos. ODr. Richard F. Corlin, ex-presidente da AssociaçãoMédica Americana, fez uma palestra para um grupo deformandos em medicina na Filadélfia, Pensilvânia, EUA.Ele falou de jogos de computador que incentivam a violência. Em alguns desses jogos ganha-se pontos paraferimentos superficiais, mais pontos para um tiro nocorpo e ainda mais para um tiro na cabeça. O sangue

     jorra e tecidos do cérebro se esparramam por todo lado.

    O Dr. Corlin comentou que não permitimos que criançasdirijam, que tomem bebidas alcoólicas e que fumem.Daí ele disse: “Mas permitimos sim que sejam treinadascomo atiradores numa idade em que ainda nãodesenvolveram o controle de seus impulsos e não têmnenhuma maturidade e disciplina necessária para usar

    com segurança as armas com as quais brincam. Temosde ensinar aos nossos filhos desde o início que a violência [tem] conseqüências — sérias conseqüências — sempre.” 

    Infelizmente, em vez de serem ensinadas que o crimetem conseqüências, as crianças muitas vezes são as vítimas inocentes de crimes violentos. As estatísticasmostram que as armas de fogo matam dez crianças por

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    dia nos Estados Unidos. O Dr. Corlin ainda diz: “OsEstados Unidos lideram o mundo — na taxa de crianças

    que são mortas por armas de fogo.” Sua conclusão? “A violência com armas de fogo é uma ameaça à saúdepública do nosso país. Isso é um fato.” 

    Mas, se você é jovem, provavelmente não deixará delado os jogos de computador de que tanto gosta. Talveznão veja as coisas desta maneira, afinal, é só um jogo.Pense por favor, e responda: em sua opinião qual é o

    começo de uma atitude de violência?

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    AS CAUSAS DA VIOLÊNCIA

    Não existe um fator único que explique a variedade de

     violência insana presente na atualidade. O que dificultaentender alguns crimes é sua natureza irracional. Porexemplo, é difícil entender por que alguém mataria afacadas pessoas totalmente desconhecidas, ou por quealguém passaria de carro atirando a esmo contra umacasa. Há quem afirme que a violência é inerente ao serhumano. Muitos especialistas acreditam na existênciade várias circunstâncias e fatores catalisadores que

    levam pessoas a cometer atos irracionais e violentos.Um relatório da Academia do FBI (DepartamentoFederal de Investigações), dos Estados Unidos, chega adizer: “O homicídio não é um ato praticado por umindivíduo equilibrado e racional.” Alguns especialistasdiscordam do fraseado dessa afirmação, mas muitosconcordam com o que ela implica. Por alguma razão, omodo de pensar dos praticantes de crimes sem sentido

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    não é normal. Algo afetou seu raciocínio a ponto depraticarem o inimaginável. Que fatores levam pessoas a

    cometerem tais atos? Examinemos várias possibilidadesmencionadas por especialistas. Muitos afirmam que asseguintes coisas podem contribuir para crimes insanos:

     

    Ruptura familiar;  Grupos de ódio extremistas; 

    Participação em cultos perigosos;  Praticar a diversão violenta;

     

    Ficar exposto à violência real; 

    O abuso de drogas;   A incapacidade de lidar com problemas; 

    O acesso fácil a armas destrutivas e;  Certos tipos de doença mental.

    Para nos aprofundar e entender melhor o assunto dêatenção às causas mais comuns analisadas na seqüência.

    Durante a leitura procure identificar se você de algumaforma está sofrendo algumas destas causas da violência.

    Ruptura da vida familiar

    O redator de de uma revista importante nas Filipinas,perguntou a Marianito Panganiban, porta-voz doDepartamento Nacional de Investigações das Filipinas,a respeito da formação dos que cometem crimesextremos. Ele comentou: “Eles vêm de famíliasdesfeitas. Carecem de cuidados e de amor. A fibra moraldessas pessoas entra em colapso, por lhes faltarorientação e, assim, se desencaminham.” Muitospesquisadores afirmam que relações familiares péssimase um histórico de violência na família são comuns entrecriminosos agressivos.

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    O Centro Nacional de Análise de Crimes Violentos, dosEUA, publicou um relatório alistando fatores que

    poderiam identificar jovens com potencial de cometercrimes de morte na escola. Estão incluídos os seguintesfatores familiares: relação pai—filho conturbada, paisincapazes de reconhecer problemas nos filhos, falta deachego, pais que estabelecem poucos (ou nenhum)limites para a conduta dos filhos e criançasextremamente retraídas, que levam uma vida dupla,ocultando dos pais uma parte de sua vida.

    Muitas crianças hoje são vítimas da ruptura familiar.Outras têm pais que dispõem de pouco tempo para elas.Milhares de jovens cresceram sem orientação moral efamiliar adequada. Alguns estudiosos acham quesituações assim podem produzir crianças que nãodesenvolvem a capacidade de interagir com outros, oque lhes facilita cometer crimes contra o próximo,

    muitas vezes sem remorso.Grupos e cultos de ódio

     As evidências indicam que alguns grupos ou cultos deódio têm tido forte influência na prática de certoscrimes. Em Indiana, EUA, um rapaz negro de 19 anossaiu de um shopping center e se dirigia a pé para casa.Momentos depois, jazia ao lado da rua com uma bala na

    cabeça. Ele havia sido alvejado por outro rapaz que oescolheu a esmo. Por quê? O assassino alegadamentequeria ingressar numa organização de supremacia branca e granjear o direito a uma tatuagem em forma deteia de aranha por ter matado uma pessoa negra.

    O ataque com gás nervoso no metrô de Tóquio, em 1995;o suicídio em massa em Jonestown, Guiana e as mortes

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    na Suíça, no Canadá e na França de 69 membros daOrdem do Templo Solar ocorreram todos sob inspiração

    de cultos. Tais exemplos ilustram a forte influência decertos grupos sobre o modo de pensar de algumaspessoas. Líderes carismáticos têm levado pessoas a fazercoisas “inimagináveis” tentando-as com alguma supostarecompensa.

     A mídia e a violência

     Alguns apontam a evidência de que vários meios decomunicação modernos podem estimular a condutaagressiva. Argumenta-se que a exposição regular à violência retratada na televisão, nos filmes, nos jogoseletrônicos e na internet pode cauterizar a consciência einspirar crimes violentos. O Dr. Daniel Borenstein,presidente da Associação Americana de Psiquiatria,declarou: “Já existem mais de 1.000 estudos, baseadosem mais de 30 anos de pesquisas, que demonstram umarelação de causa e efeito entre a violência na mídia e ocomportamento agressivo de algumas crianças.” Peranteuma comissão do Senado americano, o Dr. Borensteinafirmou: “Estamos convencidos de que a repetidaexposição à violência como meio de entretenimento, emtodas as suas formas, tem significativas implicações nasaúde pública.”

    Muitas vezes são mencionados casos específicos emapoio do acima. No caso onde um atirador matou asangue frio o casal que observava o nascer do sol napraia, mencionado no artigo anterior, os promotoresapresentaram evidência de que o desejo de matar poremoção tinha ligação com o fato de o jovem ter assistido várias vezes a um filme violento. E, segundodepoimentos, os dois alunos que mataram 15 pessoas a

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    tiros numa escola costumavam brincar, por horas a fiotodos os dias, com jogos eletrônicos violentos. Além

    disso, assistiam repetidas vezes a filmes queglorificavam a violência e a matança.

    Drogas

    Nos Estados Unidos, o índice de homicídios cometidospor adolescentes triplicou num período de oito anos.Qual é um dos fatores, segundo os especialistas? Asgangues, em especial as envolvidas com o crack, umsubproduto da cocaína. Entre mais de 500 homicídiosrecentes em Los Angeles, Califórnia, “segundo a polícia,75% se relacionavam com gangues”. 

    Um relatório da Academia do FBI declarou: “O númerode casos de homicídios relacionados com drogas éanormalmente elevado.” O abuso de drogas distorce oraciocínio de algumas pessoas e as leva a matar. Outras

    usam a violência em defesa de seu controle donarcotráfico. Obviamente, as drogas constituem umfator poderoso que influencia pessoas a cometer atosterríveis.

    Fácil acesso a armas destrutivas

    Um único atirador na Tasmânia, Austrália, matou 35

    pessoas e feriu 19. Ele utilizou armas semi-automáticasde uso militar. Isso leva muitos a concluir que o acessofácil a tais armas é outro fator no aumento de crimes violentos.

    Um relatório indica que no Japão ocorreram apenas 32homicídios com armas de fogo, em 1995, na maioriadeles bandido matando bandido. Nos Estados Unidos,porém, ocorreram mais de 15.000 casos. Por que essa

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    diferença? Alguns apontam como uma das razões asestritas leis sobre o porte de armas no Japão.

     A incapacidade de lidar com as realidades da vida

     Ao ouvirem falar de certas atrocidades, alguns talvezdigam: ‘Essa pessoa deve estar louca!’ Mas nem todos osindivíduos que cometem tais crimes são mentalmenteperturbados. Muitos, na verdade, têm dificuldades delidar com as realidades da vida. Especialistas apontamdesvios de personalidade que podem levar a atosextremos. Entre esses desvios, estão os seguintes:deficiências de aprendizado e de convívio social; efeitosnegativos de abusos físicos ou sexuais; caráter anti-social; ódio a certos grupos, como mulheres; falta deremorso na prática do mal e desejo de manipular outros.

    Seja qual for o problema, alguns ficam tão desgastadospela sua dificuldade que seu raciocínio se altera, o que

    pode levá-los a cometer atos estranhos. Um exemplo é ode uma enfermeira que tinha um desejo anormal dereceber atenção. Ela injetava em criancinhas umrelaxante muscular que provoca parada respiratória. Daíela se deliciava com a atenção que recebia ao “salvar”cada criança. Infelizmente, não conseguia reativar arespiração em todas elas. Foi condenada porassassinato.

    O acima deixa claro que existe uma combinação defatores que leva pessoas a cometer crimes violentos. Seupior efeito na vida das pessoas e da sociedade é a culturado medo que a violência impõe. Embora seja invisível, éalgo real, que afeta quase todos, mesmo que muitas vezes não se dêem conta disso. O medo faz as pessoasficarem com medo ao sair de casa. Muitas delas se

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    sentem inseguras no trabalho. Preocupam-se com asegurança dos filhos. Mesmo sendo jovem você talvez se

    preocupe com o que fará da sua vida se o mundo estácada vez mais violento. Provavelmente tem visto pelos jornais o que tem acontecido com pessoas queescolheram seguir caminhos diferentes da maioria e sãoagredidas fisicamente por isso. Ainda que tentemosfechar os olhos para esta realidade não conseguimosdeixar de sentir o efeito da violência chegando a nossoconvívio cada vez mais rápido. Lidar bem com situações

    e pessoas agressivas é fundamental para usufruir sua juventude se comprometer-se. O próximo capítulo oajudará a combater a agressividade.

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    AGRESSIVIDADE

    O que faz com que um jovem comece a atormentar ouagredir outras? Se você já foi vítima de uma pessoaagressiva, talvez diga: “Não me importa! Nada justifica

    essa atitude.” E provavelmente você teria razão. Mas hágrande diferença entre motivo e justificativa. Os motivospelos quais um jovem se torna agressivo não justificamesse proceder errado, mas podem nos ajudar a entendê-lo. E essa perspicácia pode ser de real valor. Comoassim?

    Diz um antigo provérbio: “A perspicácia do homem

    certamente torna mais vagarosa a sua ira.” A ira causadapela conduta do indivíduo agressivo pode nos cegar,enchendo-nos de frustração e até mesmo de ódio. Mas aperspicácia com relação ao comportamento dele podeajudar a abrandar a nossa ira. Isso, por sua vez, podenos dar mais clareza na busca de soluções. Vamos entãoconsiderar alguns fatores desse comportamentoinaceitável.

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    O que causa a agressividade?

    Em muitos casos, os anos de formação da pessoaagressiva são marcados pelo mau exemplo dos pais oupor negligência total. Muitos agressores vêm de lares emque os pais eram frios, desinteressados ou em que elestenham realmente ensinado seus filhos a usar a fúria e a violência para resolver problemas. Crianças educadasnum ambiente desses talvez nem reconheçam comosendo agressividade seus próprios ataques verbais e

    físicos; podem até mesmo pensar que seucomportamento é normal e aceitável.

    Certa moça de 16 anos que havia sofrido ofensas eagressões do padrasto, em casa, e de colegas, na escola,diz que se tornou agressiva na sétima série. Ela admite:“Basicamente, era muita ira crescendo dentro de mim;eu simplesmente agredia a qualquer um e a todos.Sentir dor emocional é uma carga muito pesada. A gentefica com vontade de descarregá-la em outros.” Ao passoque tais agressões físicas não são a característica demulheres agressivas, a ira por trás de sua agressividadeé muito comum.

    Muitas escolas concentram grandes números de alunosde diferentes formações, criados de maneiras muito variadas. Infelizmente, algumas crianças são agressivas

    porque foram ensinadas em casa que intimidar einsultar outros é a melhor maneira de conseguir o quequerem.

    Lamentavelmente, parece que tais métodos muitas vezesfuncionam. Shelley Hymel, reitora assistente naUniversidade da Colúmbia Britânica, Canadá, estuda ocomportamento infantil há duas décadas. Ela diz:

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    “Temos crianças que estão aprendendo as regras do jogoe, infelizmente, a agressividade funciona. Elas

    conseguem o que querem: poder, prestígio e atenção.” 

    Outra causa do aumento da agressividade é a falta desupervisão. Muitas vítimas acham que não têm a quemrecorrer e, tragicamente, na maioria dos casos não têmmesmo. Debra Pepler, diretora do Centro LaMarsh dePesquisas sobre Violência e Solução de Conflitos, daUniversidade York, em Toronto, estudou a situação dos

    alunos nos pátios das escolas e descobriu que osprofessores detectam e acabam com apenas 4% dosincidentes de agressividade.

    Mas a Dra. Pepler acredita que a intervenção sejacrucial, dizendo: “As crianças são incapazes de resolvero problema porque diz respeito ao poder e, cada vez queo agressor agride ou amedronta alguém, seu poderaumenta.” 

    Por que, então, não são denunciados mais casos deagressividade? Porque as vítimas estão convencidas deque a denúncia apenas piora as coisas. Desse modo, atécerto ponto, muitos jovens passam seus anos escolaresnum estado permanente de ansiedade e insegurança.Quais são os efeitos de viver assim?

    Efeitos físicos e emocionais da agressividade

    Um relatório da Associação Nacional de Psicólogos deEscola, nos Estados Unidos, diz que, todos os dias, maisde 160.000 crianças faltam às aulas por medo deagressão. As vítimas talvez deixem de falar a respeito daescola ou de uma determinada aula ou atividade escolar.Talvez tentem chegar à escola todos os dias um pouco

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    atrasadas, ou faltar a certas aulas e até mesmo arranjardesculpas para nem ir à escola.

    O que há por trás do comportamento agressivo

    O comportamento agressivo muitas vezes se relacionacom o ambiente no lar. “Meu pai era agressivo”, diz um jovem chamado Marcelo, “por isso eu também eraagressivo”. Sérgio também vinha de uma família comproblemas. Ele se lembra: “Eu percebia que as pessoassabiam da situação da minha família — que era diferentedas outras —  e não gostava que sentissem pena demim.” Assim, quando Sérgio praticava esportes, tinhade ganhar. Mas ganhar não bastava. Ele tinha dehumilhar seus adversários — esfregar na cara deles quehaviam sido derrotados.

    Outros jovens parecem ser influenciados pela televisão.Filmes policiais glorificam ‘os caras durões’ e dão a

    entender que ser gentil não é ser “macho”. As comédiasestão repletas de sarcasmo. Os noticiários comfreqüência destacam as brigas e os palavrões que saemem eventos esportivos. Nossos amigos também podeminfluir na maneira de tratarmos outros. Quando nossosamigos são agressivos, é fácil entrar na onda para queeles não nos importunem. Qualquer que seja a situação,se você tem o costume de ser agressivo ou de hostilizar

    outros, as suas vítimas não são os únicos prejudicados.

    Conseqüências de longo alcance

     A revista  Psychology Today diz: “O comportamentoagressivo e hostilizador pode começar na infância, masele é perpetuado na idade adulta.” De acordo com certapesquisa publicada em The Dallas Morning News, “65%

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    dos meninos identificados como agressores na segundasérie tiveram condenações por delito grave aos 24 anos”. 

    É verdade que nem todos que têm comportamentoagressivo se tornam criminosos. Mas ter o hábito dehostilizar outros pode criar verdadeiros problemas para você mais tarde na vida. No casamento, pode resultarem grande desgosto para o cônjuge e para os filhos. Visto que os empregadores dão preferência a pessoasque sabem relacionar-se bem com outros, você pode

    acabar perdendo oportunidades de trabalho.Que mal há em mexer com outros?

    Questionado sobre porque importunava um colega deescola, certo garoto respondeu: ‘Ei! Eu estava apenas medivertindo um pouco. Qual é o problema? Além disso, oRodrigo merecia. ’ Você pode ser maior e mais forte doque a maioria dos seus colegas. Ou talvez seja

    espirituoso, sarcástico e agressivo. De qualquer forma, você parece ter um talento natural para intimidar, fazergozação ou rir às custas de outros.

    Embora mexer com outros possa arrancar risadas deseus amigos, a questão é séria. De fato, algunspesquisadores estão descobrindo que o mal causado àpessoa hostilizada é bem maior do que imaginavam.

    Segundo certa pesquisa entre jovens americanos emidade escolar, “90% dos que foram  vítimas de algumaforma de hostilização disseram sofrer de efeitoscolaterais: as notas abaixam, a ansiedade aumenta, apessoa perde amigos e pára de sair”. No Japão, ummenino de 13 anos “se enforcou deixando um relatolongo e detalhado de três anos de hostilizações”. 

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    Exatamente o que faz com que a pessoa mexa comoutros? Como identificar crianças vítimas de

    agressividade? Talvez se tornem mal-humoradas,irritáveis, frustradas, retraídas ou sempre aparentandocansaço. Podem tornar-se agressivas com familiares oucom colegas e amigos. Os inocentes que presenciam asintimidações e agressões também sofrem asconseqüências. A situação lhes causa muito medo, o queprejudica seu aprendizado.

    No entanto, a revista Pediatrics in Review diz: “Para as vítimas e para a sociedade, a conseqüência mais extremada agressividade é a violência, incluindo o suicídio e oassassinato. A sensação de impotência dos jovens vítimas pode ser tão grande que alguns reagem comações autodestrutivas ou com retaliação mortal.” 

    O Dr. Ed Adlaf, pesquisador científico e professor desaúde pública na Universidade de Toronto, teme que “osenvolvidos em agressividade tenham muito maisprobabilidade de vir a sofrer de problemas emocionaisagora e no futuro”. No ano letivo de 2001, forampesquisados mais de 225.000 estudantes em Ontário, eentre um quarto e um terço deles estava envolvido emalguma forma de intimidação ou agressividade, quercomo alvos, quer como perpetradores. No mesmogrupo, 1 em cada 10 já havia pensado seriamente em

    suicídio.

     As intimidações ou a zombaria persistentes podemcorroer a autoconfiança da vítima, causar doençasgraves e até mesmo arruinar uma carreira. Ela talvezsofra dor de cabeça, insônia, ansiedade e depressão. Algumas desenvolvem o distúrbio de estresse pós-traumático. Ao passo que os ataques físicos talvez

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    produzam muitas expressões de condolência para com a vítima, os ataques emocionais podem não provocar a

    mesma reação. O dano é bem menos evidente. Assim,em vez de expressar solidariedade, os amigos e osfamiliares talvez se cansem de ouvir as lamúrias da vítima.

    Essa agressividade também causa danos aos própriosagressores. Se não for cortada na infância, ao cresceremprovavelmente agredirão outros no local de trabalho. De

    fato, alguns estudos revelam que aqueles que eramagressivos na infância desenvolveram padrões decomportamento que passaram para a vida adulta. Alémdisso, eram mais propensos a criar antecedentescriminais.

     A agressividade no trabalho

    Sofrer intimidação ou ser atormentado no local de

    trabalho é uma das queixas que mais crescem no que dizrespeito à violência no trabalho. De fato, alguns paísesrelatam que ela é mais comum do que a discriminaçãoracial ou o assédio sexual. Todos os anos, 1 em cada 5trabalhadores americanos são vítimas desse tipo deagressividade.

    Na Grã-Bretanha, um relatório de 2000 do Instituto de

    Ciência e Tecnologia da Universidade de Manchester,informou que, dentre 5.300 empregados em 70organizações, 47% disseram ter presenciado incidentesde intimidação ou hostilização nos cinco anosanteriores. Uma pesquisa de 1996 na União Européia, baseada em 15.800 entrevistas em seus 15 estados-membros, mostrou que 8% —  cerca de 12 milhões de

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    trabalhadores —  haviam sofrido intimidações ouagressões.

     A intimidação e a hostilização no local de trabalhoafetam a estabilidade e a tranqüilidade do lar. Podemdesencadear na vítima uma ânsia inexplicável de ferirseus próprios familiares amados. Além disso, podemlevar o cônjuge, ou outro membro da família, a lutarcontra o agressor numa mal-orientada demonstração deapoio à vítima. Ou então a vítima pode ser acusada pelo

    cônjuge de ter provocado o problema. Quando tais casosde agressividade se arrastam sem solução, até mesmocônjuges normalmente solidários podem perder apaciência. Com o passar dos anos, a possibilidade de afamília se desintegrar pode aumentar.

    Há casos em que a agressividade resulta em perda deuma carreira ou do meio de vida da pessoa, emseparação e divórcio ou até mesmo em suicídio. Na Austrália, metade a dois terços das vítimas desse tipo deagressividade no emprego relataram maus efeitos sobreseu relacionamento com o parceiro, com o cônjuge oucom a família.

     A agressividade custa caro

     A intimidação ou hostilização no local de trabalho custa

    caro também para os empregadores. O agressor talvezseja um chefe de língua ferina ou um colegamaquiavélico, que pode ser tanto homem como mulher.Tais pessoas controlam tudo nos mínimos detalhes erebaixam os outros com palavras negativas e críticasconstantes, não raro humilhando a vítima na frente deoutros. Os indivíduos agressivos raramente reconhecemsua rudeza ou se desculpam pelo seu comportamento.

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    Muitas vezes espezinham trabalhadores capazes, leais e benquistos pelos colegas.

    Trabalhadores que são vítimas dessa agressividadetendem a trabalhar com menos eficiência. E aprodutividade dos colegas que observam talagressividade também pode cair. A agressividade podelevar os trabalhadores a serem menos leais ao patrão emenos diligentes no trabalho. Segundo certo relatório,os indivíduos agressivos custam à indústria, no Reino

    Unido, uns três bilhões de dólares por ano. E diz-se quetal comportamento responde por mais de 30% dasdoenças ligadas ao estresse. Obviamente, esse tipo deagressividade causa um impacto sobre a sociedade nomundo todo. A pergunta é: Pode-se fazer algo paracoibir esse problema e eliminá-lo?

    Tipos de agressores 

    No entanto, hostilizar outros não se resume a baterneles ou empurrá-los. Inclui também tratar outros(especialmente os fracos e os vulneráveis) de modo cruelou abusivo. Pessoas assim tentam ameaçar, intimidar econtrolar outros. Mas a maioria delas usa a língua em vez de os punhos. De fato, a forma mais freqüente dehostilização envolve magoar ou ofender com palavras — como insultar, usar de sarcasmo, zombar e falar mal. Os

    tipos mais comuns de agressores, encontrados no dia adia são:

       Agressores físicos: São os mais fáceis deidentificar. Eles dão vazão à ira golpeando,empurrando ou chutando seus alvos —  oudanificando a propriedade das vítimas.

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     Agressores verbais: Usam palavras para ferir ehumilhar a pessoa, por meio de palavrões,

    insultos ou persistente zombaria ferina e cruel.   Vítimas reativas: São vítimas de agressividade

    que se tornam agressoras. Naturalmente, teremsofrido agressões não justifica sua conduta;apenas ajuda a explicá-la.

       Agressores de relacionamentos: Espalham boatos maldosos a respeito da vítima. Essecomportamento é adotado em especial por

    mulheres.

     Veja o exemplo do que aconteceu com uma jovemchamada Luciana. Ela cresceu junto com um grupo deamigas. Mas quando ela fez 15 anos, as coisascomeçaram a mudar. Ela se tornou lindíssima echamava muita atenção. Ela explica: “Minhas amigascomeçaram a me deixar de lado e a falar mal de mim

    pelas costas, ou até mesmo na minha cara.” Chegaram aespalhar mentiras sobre ela, na tentativa de arruinar suareputação. O ciúme fez com que elas a hostilizassem deforma insensível e cruel.

    Como mudar da agressividade para a bondade

    Fazer mudanças pode não ser fácil, mas é possível. Àmedida que você melhorar a maneira de tratar aspessoas, sem dúvida verá que elas gostarão mais de você. Lembre-se de que as pessoas podem ter medo dosque são agressivos, mas ninguém realmente gosta deles.

    Nem sempre enxergamos com clareza nossas falhas. Écomum a pessoa até mesmo agir de modo macio paraconsigo mesma aos seus próprios olhos para encobrirseu erro. Assim, experimente pedir a opinião de seu pai

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    ou de sua mãe, de um amigo de confiança ou de umcristão maduro. A verdade talvez doa, mas pode muito

     bem ajudá-lo a ver que mudanças precisa fazer. Significaisso que você agora precisa fazer uma mudança drásticade personalidade? Não, provavelmente será só umaquestão de reajustar seu modo de pensar e alguma coisano seu comportamento. Por exemplo, até agora talvez você se tenha considerado superior por causa do seutamanho, força ou presença de espírito. Reconheça queoutros, não importa seu tamanho ou força, têm

    qualidades admiráveis que você não tem.

    É possível que você também tenha necessidade deeliminar a tendência de ser agressivo e dominador.Esforce-se a agir com empatia, colocando-se no lugardos outros. Se precisar falar o que pensa, faça isso semusar de agressão, sarcasmo ou ofensa.

    Quando se sentir tentado a intimidar alguém, pare umpouco e pense: ‘Será que eu gostaria que alguémmexesse comigo, me intimidasse ou humilhasse? Entãopor que trato outros desse jeito?’ Tente tratar do mesmo jeito alguém que é mais fraco do que você, ou atéalguém que o irrita.

    Mas, e se sua agressividade é fruto de um sentimento deindignação pela forma como é tratado em casa? Mesmo

    que você esteja sendo maltratado, não tem o direito demaltratar outros. Melhor seria tentar falar sobre oassunto com seus pais. Se for vítima de extremahostilização ou agressão, é possível que haja necessidadede proteção de terceiros para evitar que isso continue. Oimportante é reconhecer quando você está em perigo enão tentar vencer o problema sozinho.

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    A VIOLÊNCIA URBANA

     A s primeiras cidades foram construídas provavelmentepara prover proteção, mas muitas pessoas hoje asencaram como zonas de perigo. O que antes era

    considerado como refúgio tornou-se amedrontador.Centros comerciais abarrotados são locais ideais para aação de assaltantes e, em algumas cidades, é perigosoentrar em bairros pobres que têm pouca iluminação epouco policiamento.

    Não é exagero: é assustador o número de pessoas quemorrem violentamente. Segundo um relatório da

    Organização Mundial da Saúde, a cada ano 1,6 milhãode pessoas no mundo todo morre por causa da violência.Na África, de cada 100 mil pessoas, calcula-se que porano 60,9 morrem de forma violenta.

    Muitas pessoas, lugares e organizações que antes eramconsiderados seguros são agora encarados como umaameaça à segurança. Por exemplo, muitos playgrounds,

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    escolas e lojas são agora considerados locais perigosos,onde há muita criminalidade. Em alguns casos líderes

    religiosos, assistentes sociais e professores —  pessoasque deveriam dar proteção —  traíram a confiançadepositada neles. Relatos de que alguns desses abusamde crianças fazem com que os pais tenham medo dedeixar seus filhos aos cuidados de outros. Espera-se quea polícia proteja as pessoas, mas em algumas cidadessão comuns a corrupção na polícia e o abuso de poder. Eque dizer das forças de “segurança”? Em alguns países,

    muitos não conseguem esquecer as guerras civis,quando perderam pessoas queridas, levadas pelosmilitares. Portanto, em várias partes do mundo, apolícia e os soldados contribuem para o aumento doclima de medo, em vez de diminuí-lo.

    O livro Citizens of Fear —  Urban Violence in Latin America (Cidadãos do Medo —  Violência Urbana na

     América Latina),  diz: “Cidadãos que moram nascapitais da América Latina vivem constantemente commedo, em meio a algumas das condições mais perigosasda Terra. Nessa vasta região, cerca de 140 mil pessoaspor ano morrem violentamente, e 1 em cada 3 cidadãostem sido direta ou indiretamente vítima de violência.”Também, em outras partes da Terra, protestos políticosocorrem freqüentemente nas capitais. Quando esses

    protestos se tornam violentos, muitas pessoasaproveitam-se do tumulto para saquear lojas, resultandonum caos total. As pessoas que estão na cidade anegócios podem facilmente ver-se encurraladas no meiode uma multidão enfurecida.

    Em muitos países formou-se um grande abismo entre ospadrões de vida dos ricos e dos pobres, resultando emrancor. Multidões de pessoas que se sentem privadas

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    das necessidades básicas saqueiam os bairros exclusivosda elite. Em algumas cidades isso ainda não acontece,

    mas a situação se parece com uma bomba-relógioprestes a explodir — ninguém sabe quando.

    PRECONCEITO: A alavanca da violência urbana

    Um jovem chamado Rajesh, mora em Paliyad, umpovoado da Índia. Para levar água para casa, ele precisacaminhar 15 minutos, assim como fazem todos os outrosda casta dos intocáveis. “Não podemos usar as torneirasdo povoado que as castas superiores usam”, ele explica.Quando estudava, Rajesh e seus amigos não podiamnem tocar na bola que as outras crianças usavam para jogar futebol. “Em vez da bola, jogávamos com pedras”,diz ele.

    “Percebo que as pessoas me odeiam, mas não sei porque”, comenta Christina, uma adolescente asiática que

    mora na Europa. “É muito frustrante”, acrescenta.“Costumo reagir me isolando, mas isso também nãoajuda.” 

    “A primeira vez que me dei conta do que era preconceitofoi quando tinha 16 anos”, diz Stanley, da ÁfricaOcidental. “Algumas pessoas que eu nunca tinha vistona vida me disseram para sair da cidade. Queimaram as

    casas de alguns da minha tribo. A conta bancária domeu pai foi bloqueada. Em resultado disso, comecei aodiar a tribo que estava nos discriminando.” 

    Rajesh, Christina e Stanley são vítimas do preconceito,mas eles não são os únicos. “Milhões de pessoascontinuam a sofrer ainda hoje com o racismo, adiscriminação, a xenofobia e a exclusão social”, explica

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    Koichiro Matsuura, diretor-geral da Organização dasNações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura

    (Unesco). “Essas práticas desumanas, instigadas pelaignorância e pelo preconceito, desencadearam rixasinternas em muitos países e causaram muito sofrimentoa seres humanos.” 

    Se você nunca sentiu na pele o que é o preconceito,talvez não compreenda como isso pode ser traumático.“Alguns convivem com ele em silêncio. Outros revidam

    o preconceito com mais preconceito”, observa o livro Face to Face Against Prejudice (Cara a Cara contra o Preconceito). De que maneiras o preconceito prejudica a vida das pessoas? Caso pertença a um grupominoritário, é provável que você perceba que as pessoaso evitam, olham-no de modo condenatório ou fazemcomentários depreciativos sobre sua cultura. Asoportunidades de emprego são raras, a menos que aceite

    um emprego servil que ninguém mais queira. Talvezseja difícil encontrar moradia adequada. Ou pode serque seus filhos se sintam isolados e rejeitados peloscolegas de classe.

    Pior ainda, o preconceito pode instigar as pessoas à violência ou até mesmo ao assassinato. É verdade, aspáginas da história estão repletas de exemplosangustiantes de violência — gerados pelo preconceito — 

    entre os quais estão massacres, genocídios e aschamadas “limpezas étnicas”. Em certa época, oscristãos eram o alvo principal do preconceito. Poucodepois da morte de Cristo, por exemplo, houve umaonda de perseguição cruel contra eles. Dois séculos maistarde, os professos cristãos enfrentaram tratamentoimplacável. “Caso houvesse qualquer pestilência”,

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    escreveu Tertuliano, do terceiro século, “o clamorimediato era: ‘Joguem os cristãos para os leões!’” 

    No entanto, começando no século 11 com as Cruzadas,os judeus passaram a representar o grupo minoritáriomalvisto na Europa. Quando a peste bubônica varreu ocontinente, matando cerca de 25% da população emapenas alguns anos, ficou fácil culpar os judeus, vistoque eles já eram odiados por muitos. “A peste serviu dedesculpa para esse ódio e o ódio canalizou o medo que

    as pessoas tinham da peste”, descreve Jeanette Farrellem seu livro Invisible Enemies (Inimigos Invisíveis).

    Por fim, um judeu no sul da França “confessou” sobtortura que os judeus eram os culpados pela epidemiapor terem envenenado poços de água. É claro que suaconfissão era falsa, mas essa informação foi divulgadacomo sendo verdadeira. Não demorou muito para queas comunidades judaicas da Espanha, França e Alemanha fossem dizimadas. Ninguém se deu conta deque os verdadeiros culpados eram os ratos, além depoucos perceberem que os judeus também morriam dapeste, assim como todas as outras pessoas!

    Uma vez acesa, a chama do preconceito pode continuarlatente por séculos. Em meados do século 20, AdolfHitler jogou lenha na fogueira do anti-semitismo

    culpando os judeus pela derrota da Alemanha naPrimeira Guerra Mundial. Ao final da Segunda GuerraMundial, Rudolf Hoess —  diretor nazista do campo deconcentração em Auschwitz —  admitiu: “Estavaimplícito no nosso treinamento militar e ideológico quedevíamos proteger a Alemanha dos judeus.” E para“proteger a Alemanha”, Hoess supervisionou o

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    extermínio de aproximadamente dois milhões depessoas, a maioria sendo judeus.

    Infelizmente, as atrocidades não acabaram com o passardas décadas. Em 1994, por exemplo, o ódio tribal na África Oriental surgiu entre os tutsis e os hutus,ceifando a vida de pelo menos meio milhão de pessoas.“Não existiam esconderijos”, relatou a revista Time. “Osangue escorria pela nave das igrejas onde muitosprocuravam refúgio. . . . A luta era corpo a corpo, de

    caráter pessoal e indescritível, uma espécie decarnificina sanguinária que deixava em estado dechoque os que conseguiam escapar.” Nem as criançasforam poupadas dessa violência terrível. “Ruanda é umpaís bem pequeno”, comentou certo cidadão, “masabriga todo o ódio do mundo”. 

    Os conflitos que resultaram na dissolução da ex-Iugoslávia levaram à morte mais de 200 mil pessoas. Vizinhos que viviam pacificamente havia anos passarama matar uns aos outros. Milhares de mulheres foramestupradas e milhões de pessoas expulsas de suas casasà força, sob o comando duma política brutal: a “limpezaétnica”. 

    Embora não necessariamente induza as pessoas aoassassinato, o preconceito causa divisões e promove o

    ressentimento. Apesar da globalização, o racismo e adiscriminação “parecem estar ganhando terreno namaioria dos países”, declara um relatório recente daUnesco.

     As faces do preconceito

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    Em seu livro The Nature of Prejudice (A Natureza do Preconceito), Gordon W. Allport explica cinco tipos de

    comportamento instigados pelo preconceito. Quem épreconceituoso geralmente apresenta um ou maisdesses tipos de comportamento. 

    1. Comentários negativos.  Falar depreciativamentesobre o grupo do qual a pessoa não gosta.

    2.  Evasão. Abominar estar na presença de alguémdaquele grupo.

    3. Discriminação. Excluir membros do grupo malquistode certos tipos de emprego, moradia ou privilégiossociais.

    4. Agressão física. Participar na violência cujo objetivoé intimidar as pessoas que se passa a odiar.

    5.  Extermínio.  Participar em linchamentos, massacresou programas de extermínio.

     As origens do orgulho racial

    O que faz as pessoas ter um orgulho exagerado da suaraça? O livro Black, White, Other (Negros, Brancos,Outros) de Lise Funderburg diz: “Para muitas pessoas,suas primeiras (e mais duradouras) impressões sobre

    raça vêm dos pais e da família.” Infelizmente, muitas vezes a impressão que os pais passam é desequilibrada edistorcida. Às vezes se diz diretamente ao jovem que aspessoas da sua raça são superiores e que as de outrasraças são diferentes ou inferiores. Com mais freqüência,porém, os jovens simplesmente observam que os paismantêm distância de pessoas de outras raças. Issotambém pode influenciar bastante a maneira de pensar

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    deles. Pesquisas mostram que, embora os adolescentes eseus pais não concordem em questão de roupas ou

    música, a maioria dos jovens tem o mesmo conceito queseus pais no que se refere a raças.

    Por sofrer opressão ou maus-tratos, a pessoa tambémpode desenvolver conceitos desequilibrados sobre asraças. Os educadores notam, por exemplo, que ascrianças das chamadas minorias em geral têm poucaauto-estima. Para tentar corrigir o problema, alguns

    educadores prepararam currículos escolares queensinam às crianças a História da sua raça. Éinteressante que os críticos afirmam que essa ênfase aoorgulho racial simplesmente gera racismo.

     A experiência pessoal também pode contribuir para odesenvolvimento de atitudes raciais ruins. Se a pessoaconheceu alguém de outra raça que agiu de formadesagradável, pode concluir que todos daquela raça sãoantipáticos ou fanáticos. Também, quando a mídiadestaca conflitos raciais, brutalidade policial e passeatasde protesto ou quando retrata um grupo étnico de mododepreciativo, isso pode gerar sentimentos negativos.

    O mito da superioridade racial

    Mito é quando falta causa para comprovar um efeito.

    Sem causa não existe uma conseqüência. Será que existeuma causa para a afirmação de alguns de que sua raçatem o direito de se sentir superior a outras? Absolutamente, não! Para começar, a idéia de que aspessoas podem ser divididas em raças diferentes équestionável. Um artigo da revista  Newsweek mencionou: “Para os cientistas que já pesquisaram oassunto, raça é um conceito pouco confiável e para o

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    qual é difícil achar uma definição séria.” É verdade quetalvez haja “diferenças observáveis na cor da pele,

    textura do cabelo e forma dos olhos ou do nariz”. Porém, Newsweek  disse que “no máximo, essas diferenças sãosuperficiais, e, por mais que tentem, os cientistas têmsido de modo geral incapazes de descobrir qualquerconjunto significativo de características que distinga umgrupo racial de outro. . . . Para muitos cientistas quetrabalham nesse campo, o ponto principal é que raçanão passa de um ‘conceito social’, uma mistura

    [degradante] de preconceito, superstição e mito”. 

    Mesmo se fosse possível encontrar diferenças científicasentre as raças, a idéia de uma raça “pura” é ficção. The New Encyclopædia Britannica menciona: “Não existemraças puras; todos os grupos raciais que existematualmente estão completamente miscigenados.”Independentemente da cor da pele, da textura do cabelo

    ou das características faciais, existe apenas uma únicaraça, a raça humana. Todos os humanos sãoaparentados através do primeiro homem criadodiretamente por Deus, Adão, nosso antepassado.

    Reconhecer que todas as raças são iguais aos olhos deDeus pode mudar completamente o seu modo deencarar a si mesmo e os outros. Pode levá-lo a tratar osoutros com dignidade e respeito, a apreciar e a admirar

    as diferenças deles. Lembre-se também de que, emboraas pessoas da sua raça e cultura sem dúvida tenhammuitos motivos para se orgulhar, as pessoas de outrasraças também têm. E embora seja razoável ter um poucode orgulho da sua cultura e dos feitos dos seusancestrais, é muito melhor se orgulhar do que vocêmesmo realizou com esforço e trabalho árduo.

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    “Jogue pela porta os preconceitos e eles

    retornarão pela janela.”  

    — Frederico, o Grande, rei da Prússia.

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     VIOLÊNCIA CONTRA MULHERES

    Dia 25 de novembro é o Dia Internacional para aEliminação da Violência contra a Mulher. Esse dia foireconhecido oficialmente pela Assembléia Geral das

    Nações Unidas em 1999 a fim de conscientizar aspessoas da violação dos direitos das mulheres. Por queisso foi considerado necessário?

    Em muitas culturas, as mulheres são encaradas etratadas como cidadãs de classe inferior. O preconceitocontra elas está profundamente arraigado. A violênciacontra as mulheres, em todas as suas formas, é um

    problema contínuo, mesmo nos países consideradosdesenvolvidos. De acordo com o ex-secretário-geral daONU, Kofi Annan, “a violência contra as mulheres é umproblema mundial que atinge todas as sociedades eculturas e afeta as mulheres, independentemente da suaraça, etnia, origem social, nascimento ou qualquer outracondição”. 

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    Radhika Coomaraswamy, ex-Relatora Especial dasNações Unidas da Comissão dos Direitos Humanos,

    referindo-se à violência contra as mulheres, disse que,para a grande maioria delas, esse tipo de violência é “umtabu, algo que a sociedade finge não ver e uma realidade vergonhosa”. Estatísticas divulgadas por umaorganização de vitimologia, na Holanda, indicam que23% das mulheres em um país sul-americano, ou cercade 1 em cada 4, sofrem alguma forma de violênciadoméstica. Do mesmo modo, o Conselho da Europa

    calcula que 1 em cada 4 mulheres européias sofre violência doméstica durante sua vida. De acordo com oMinistério do Interior Britânico, na Inglaterra e no Paísde Gales, num ano recente, em média duas mulherespor semana foram mortas pelo parceiro, atual ouanterior. A revista India Today International, relatouque “para as mulheres da Índia, o medo é umcompanheiro constante e o estupro é o estranho que

    talvez tenham de encarar em qualquer esquina, rua,lugar público e a qualquer momento”. A AnistiaInternacional descreve a violência contra mulheres detodas as idades como “o mais comum dos desafios aosdireitos humanos” de hoje em dia. 

    Já foi mencionado neste livro que existem muitasformas de violência e na maioria dos casos ela é muito

    sutil. Sendo assim, quais as formas de violência maiscomuns, presente na vida das mulheres, inclusive asmulheres jovens?

    O pavor do assédio sexual

     Assobios, gestos obscenos e olhares maliciosos é umpesadelo diário para milhões de mulheres. A revista Asia Week  diz: “Os estudos revelam que 1 em cada 4

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     japonesas sofre agressão sexual em público, e 90%desses incidentes acontecem em trens. . . . Somente 2%

    das vítimas tomam alguma ação quando são molestadas. A maioria delas disseram que ficaram caladasprincipalmente por medo da reação dos molestadores.” 

    O assédio sexual aumentou drasticamente na Índia.“Toda vez que uma mulher sai de casa ela fica commedo”, explica uma jornalista daquele país. “A cadapasso ela é alvo de piadas humilhantes e comentários

    indecentes.” O seguinte relatório vem de uma cidade naÍndia, onde os moradores se orgulham das ruasrelativamente seguras: “O problema [desta cidade] nãoestá nas ruas, mas nos escritórios. . . . 35% das mulheresentrevistadas disseram que já foram assediadassexualmente no local de trabalho. . . . 52% das mulheresdisseram que, por causa do medo de assédio sexual nolocal de trabalho, elas preferem aceitar empregos com

    salários mais baixos . . . onde têm de lidar [apenas] commulheres.” 

    O estupro

     As mulheres têm mais a temer do que apenas a perda dadignidade. O assédio sexual às vezes envolve ameaça deestupro. É compreensível que as mulheres tenham maismedo do estupro do que até mesmo do assassinato. Uma

    mulher pode de repente se ver sozinha num lugar ondeteme ser estuprada. Talvez ela veja um homem que nãoconhece ou em quem não confia. Seu coração dispara,enquanto ela pensa desesperadamente no que fazer. ‘Oque ele fará? Para onde posso correr? Devo gritar?’Passar por muitas situações assim vai aos poucosprejudicando a saúde da mulher. Por causa do medo de

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    coisas como essas muitas pessoas decidem não morarem áreas urbanas ou preferem não ir às cidades. 

    Os estupradores não são os estranhos

    De acordo com uma pesquisa publicada pelo jornal O Estado de São Paulo, ‘de 1994 a 1995, houve umaumento de 21% nos casos de estupro’. Segundo adelegada Elisabete Sato, os estupros “ocorreram emmaior número em cidades do interior”. Outra pesquisarevela: “A maioria das mulheres vítimas de violênciasexual conhece ou é capaz de descrever seu agressor.” Opsiquiatra Cláudio Cohen, um dos coordenadores dessapesquisa, diz: “A idéia de que o estuprador é sempre umdesconhecido não é real. Na maioria dos relatos, aagressão ocorreu dentro da casa da vítima.” O agressornão procura prazer sexual, mas tenta “subjugar edestruir o outro”. A pesquisa também ‘derruba o mito deque o agressor estaria alcoolizado ou drogado durante oato’. “A maioria está consciente”, afirma Cohen 

    “O medo, a ansiedade e a aflição fazem parte do dia-a-dia de muitas mulheres que moram em cidades”, diz olivro The Female Fear (O Medo Feminino). “O medo doestupro faz as mulheres sentir que precisam estarsempre atentas, vigilantes e alertas; é um sentimentoque deixa uma mulher tensa se alguém caminhar bem

    perto, atrás dela, especialmente à noite. É... umsentimento do qual as mulheres nunca estão totalmentelivres.” 

    O crime violento afeta muitas mulheres. No entanto, omedo da violência afeta quase todas as mulheres. ASituação da População Mundial 2000, uma publicaçãodas Nações Unidas, diz: “No mundo todo, pelo menos 1

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    em cada 3 mulheres tem sido espancada, forçada a fazersexo ou sofrido maus-tratos de alguma outra maneira — 

    geralmente por alguém que ela conhece.” 

    Como lidar com a injustiça?

     A injustiça é mais dolorosa ainda quando é praticadapor aqueles que deveriam amar e proteger a pessoa.Quando se é vítima de maus-tratos, pode ser difícilcontrolar a raiva. Uma vítima de abusos na infância diz:“Eu tinha sentimentos negativos até para com Deus.” 

    É natural sentir-se magoado e furioso quando se sofremaus-tratos. Conviver com a injustiça todos os diaspode também deixá-lo deprimido. Portanto, talvezanseie o fim da injustiça. Uma jovem da AméricaCentral lembra: “Aos 13 anos, entrei para o movimentoestudantil. Meu sonho era contribuir para mudar asituação, para que não houvesse mais crianças

    famintas... Mais tarde entrei para a luta armada.” Em vez de conseguir justiça, porém, ela sofreu indizíveisabusos às mãos de seus colegas soldados.

    Casos assim nos lembram que a maioria das pessoas éincapaz de melhorar sua situação na vida. Como, então,as vítimas de injustiça podem enfrentar esse problema?Como lidar com a amargura e a raiva que você talvez

    sinta após ter sido vítima de injustiça? Em assuntosrelacionados ao crime nos negócios, a autoridade é oCódigo de Direito Empresarial. Em crimes contra oemocional das pessoas, como é o caso das injustiças, aautoridade é o Código de Deus, escrito na Bíblia.Independentemente se você acredita nela ou não, emsuas páginas encontramos um bálsamo para enfrentaros problemas que a lei dos homens não tem solução.

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    Como se livrar da amargura e da raiva

    De vez em quando é preciso nos lembrar de que vivemosnos “últimos dias” deste sistema. A Bíblia predisse queos homens hoje seriam “ímpios, sem amor pela família,irreconciliáveis, caluniadores, sem domínio próprio,cruéis, inimigos do bem, traidores”. Muitos ‘perderamtoda sensibilidade’. Portanto, a injustiça é uma realidadeda vida, da qual não dá para fugir. No fim das contas,continuar amargurado e furioso é prejudicial e

    autodestrutivo. Ficar furioso com Deus vaicomprometer sua relação com Aquele que mais podeajudá-lo.

    O fim da injustiça 

    Felizmente, a injustiça não vai durar para sempre.Tendo isso em mente fica mais fácil enfrentá-la. Veja ocaso de Asafe, que viveu nos tempos bíblicos. Havia

    muita injustiça à sua volta, embora ele vivesse entrepessoas que afirmavam servir a Deus. Em vez de serempunidos por tratarem mal os outros, os homens cruéispareciam levar uma vida despreocupada e próspera. Asafe admitiu: “Fiquei invejoso... vendo a própria pazdos iníquos.” Asafe temporariamente perdeu oequilíbrio ao ficar preocupado com essas coisas.

    Com o tempo, Asafe se deu conta de um fato muitoimportante. Ele disse, sobre os iníquos: “De fato, tu[Deus] os pões em terreno escorregadio. Fizeste quecaíssem em ruínas.” Asafe se deu conta de que, por fim,os iníquos não ficam impunes. Muitas vezes, suastransgressões os alcançam e eles vão para a prisão,sofrem ruína financeira, perdem o emprego ou o poder.Na pior das hipóteses, os iníquos ‘cairão em ruínas’

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    quando Deus executar a condenação do atual sistemaperverso. Saber que Deus resolverá os problemas no

    futuro próximo pode ajudá-la a controlar a raiva e afrustração de sofrer injustiças.

    Como obter ajuda e apoio

    Pode ser, porém, que você tenha profundas feridasemocionais, como lembranças ruins. Segundo umrelatório do Unicef, “ jovens continuamente expostas à violência quase sempre sofrem uma grande mudançaem suas crenças e atitudes, incluindo uma perda geralde confiança nos outros. Isso ocorre especialmente comcrianças atacadas ou molestadas por aqueles que elasantes consideravam vizinhos ou amigos”. 

    Não há fórmula mágica para solucionar esse problema.Mas se sentimentos negativos e lembranças ruinsdominam seu modo de pensar, você provavelmente

    precisa de ajuda. Primeiro, leia matérias que tratemespecificamente das dificuldades que você passou. Arevista Despertai!  (publicada pela Associação Torre de Vigia de Bíblias e Tratados), por exemplo, publicou vários artigos que dão conselhos práticos para vítimasde estupro, assalto e molestamento de crianças.Partilhar suas ansiedades e sentimentos com umouvinte maduro e que tem empatia pode ajudar

     bastante.

    Os especialistas dizem que uma rotina diária deatividades significativas também pode ajudar.Simplesmente ir à escola e fazer as tarefas domésticastalvez já ajude bastante a afastar pensamentosnegativos.

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    A VIOLÊNCIA DOMÉSTICA

    Espancar a esposa secretamente é uma crassa injustiçaque acontece no mundo todo — e em muitos lugares sórecentemente foi reconhecida como crime. Na Índia, um

    relatório afirmou que “pelo menos 45% das mulheresindianas são esbofeteadas, chutadas ou espancadaspelos maridos”. Maus-tratos no casamento representamum perigo para a saúde global. Com respeito àsmulheres entre 15 e 44 anos nos Estados Unidos, oDepartamento Federal de Investigações (FBI) relata quemais delas são feridas em resultado da violênciadoméstica do que por acidentes de carro, assaltos e

    estupros juntos. Portanto, a violência doméstica é maisséria do que uma discussão ocasional que termina numatroca de tapas. Muitas mulheres vivem com medo de serferidas e mortas dentro de casa.

    Uma pesquisa nacional no Canadá mostrou que umterço das mulheres que tinha sofrido violênciadoméstica temeram por suas vidas em alguma ocasião.

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    Nos Estados Unidos, dois pesquisadores concluíram: “Olar é o lugar mais perigoso para as mulheres e

    geralmente um lugar de crueldade e tortura.” 

    Por que muitas mulheres ficam presas a taisrelacionamentos perigosos? Muitos se perguntam: ‘Porque elas não procuram ajuda? Por que não deixam omarido?’ Na maioria dos casos a resposta é: medo. Tem-se dito que o medo é uma característica marcante da violência doméstica. É comum que os homens que

    maltratam as esposas as controlem com violência eentão as silenciem com ameaças de morte. Mesmo que aesposa vítima de violência crie coragem para procurarajuda, ela talvez nem sempre a receba. Há umatendência, até mesmo entre pessoas que abominamoutras formas de violência, de banalizar, ignorar ou justificar a violência cometida pelos maridos. Alémdisso, fora de casa o marido pode parecer agradável.

    Geralmente os amigos não conseguem acreditar que ele bata na esposa. Desacreditadas e sem ter para ondefugir, muitas esposas maltratadas acham que não temalternativa senão viver com medo constante.

     As mulheres que por fim vão embora podem tornar-se vítimas de outro tipo de assédio: a perseguiçãoobsessiva. Um estudo recente com mais de mil mulheresno Estado de Louisiana, na América do Norte, mostrou

    que 15% delas relataram terem sido perseguidas. Tenteimaginar o medo que elas passam. Alguém que oameaçou continua a aparecer aonde quer que você vá.Fica telefonando, seguindo, vigiando e esperando vocêchegar. Pode ser que ele até mesmo mate seu bichinhode estimação. É uma campanha de terror!

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    O poder de opressores

    O marido geralmente tem mais poder do que a esposa,no casamento. Quase sempre é fisicamente mais forte,tornando ainda mais apavorante uma ameaça deagressão física. E, em muitos casos, o homem tem umaprofissão mais rendosa, mais facilidade de serindependente e maiores vantagens financeiras. Por isso,a mulher vítima de espancamento verbal provavelmentese sente encurralada e sozinha. A esposa talvez fique

    confusa se o marido oscilar entre extremos: cortês nummomento, crítico no seguinte. Ademais, se o marido forum bom provedor material, a esposa alvo da linguagemafrontosa talvez se sinta culpada de pensar que há algode errado no seu casamento. Talvez chegue a culpar a simesma pela conduta do marido. “Exatamente como aesposa que é espancada fisicamente”, admite certamulher, “eu sempre achava que a causa do problema era

    eu”. Outra esposa diz: “Fui levada a crer que se eusimplesmente me esforçasse mais para entendê-lo efosse ‘paciente’ com ele, encontraria a paz.”Infelizmente, os maus-tratos muitas vezes continuam.

    É realmente trágico que muitos maridos abusam de seupoder para dominar a mulher que talvez juraram amar etratar com ternura. Mas, como lidar com essa situação?“Eu não quero largá-lo”, diz certa esposa, “só quero queele pare de me agredir”. 

    Depois de nove anos de casado, certo marido admitiu:“Sei que mantenho uma relação verbal agressiva, e que oagressor sou eu. Definitivamente prefiro mudar, nãolargar a esposa.” 

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    Recentemente, durante um programa de TV chamadoPolícia 24h, transmitido pela emissora de TV

    Bandeirante, uma viatura policial atendeu um chamadode uma jovem de 16 anos que havia sido agredida pelonamorado. Segundo ela, ele a maltratava comfreqüência, mas até então não havia batido nela. Ao serindagada sobre o que faria a respeito, a jovem disse: “Euquero continuar a morar com ele!”  Isso tambémacontece com muitas jovens ao redor do mundo.“Aproximadamente 1 em cada 5 alunas disse ter sido

     vítima de agressão física e/ou abuso sexual donamorado”, diz um artigo na  Journal of the American Medical Association.  Em uma pesquisa na Alemanhaenvolvendo jovens na faixa de 17 a 20 anos, mais de umquarto das garotas relataram ter sido induzidas a tercontato sexual por meio de agressão física, ameaças,drogas ou bebidas alcoólicas. Em outra pesquisa,realizada nos Estados Unidos, 40% dos adolescentes

    entrevistados ha