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22 Maio 2016 domingo, 19:00h Grande Auditório Joyce DiDonato Craig Terry joyce didonato © pari dukovic

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22 Maio 2016domingo, 19:00hGrande Auditório

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Joyce DiDonato meio-soprano

Craig Terry piano

domingo 22 Maio 201619:00h — Grande Auditório

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Duração total prevista: c. 1h 40 min.Intervalo de 20 min.

Pablo LunaEl niño judío: “De España vengo”

Maurice RavelShéhérazade

AsieLa Flûte enchantéeL’Indifférent

Gioachino RossiniSemiramide: “Bel raggio lusinghier”

intervalo

Enrique GranadosTonadillas

La maja dolorosa n.º 1La maja dolorosa n.º 2La maja dolorosa n.º 3

Georg Friedrich HändelRinaldo: “Lascia ch’io pianga”

Arie Antiche(arranjos de Craig Terry)

Caro mio ben (G. Giordani)Se tu m’ami, se sospiri (G. B. Pergolesi)Star vicino (anónimo)

Gioachino RossiniLa donna del lago: “Tanti affetti”

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Exotismo, Drama e Paixão

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Nas primeiras décadas do século XXassistiu-se a um enriquecimento do repertório da zarzuela, tanto em quantidade como em diversidade, com influências de outros géneros musicais dramáticos europeus.

Pablo Luna (1879-1942) foi um dos representantes desta nova corrente, marcada sobretudo pela importação de características da opereta ao estilo de Franz Léhar.El niño judío, estreada em Madrid em 1918, é um exemplo de zarzuela que combina recursos da opereta vienense com elementos marcadamente espanhóis e ainda uma componente exótica, com a ação a decorrer entre Espanha, Síria e Índia. A Canción española “De España vengo”, com os seus ornamentos e arabescos e o ostinato a imitar a guitarra, é um dos números mais conhecidos.

Shéhérazade, o ciclo de canções composto por Maurice Ravel (1875-1937) em 1903, baseia-se em poemas inspirados nos contos orientais conhecidos como As Mil e Uma Noites. Estes contos foram difundidos na Europa através de uma tradução francesa publicada no início do século X VIII, contribuindo para criar o cliché da Ásia mágica e exótica. Ravel já tinha planeado escrever uma ópera sobre este tema, mas nunca a completou, ficando apenas pela abertura. Quando leu os poemas do seu amigo e também membro do grupo Les Apaches, Tristan Klingsor (1874-1966), pseudónimo de Léon Leclère, musicou três deles – Asie, La Flûte enchantée e L’Indifférent, compondo desde logo uma versão com piano e outra com orquestra.Com influência de Debussy e da Rússia orientalizante de Rimsky-Korsakov, Shéhérazade é uma composição avançada

para a época, incluindo harmonias com extensões de acordes e modulações rápidas, à procura de uma forma mais ampla e de uma continuidade musical onde a música está muito ligada ao poema. Ravel mostrava uma preocupação com a relação entre canto e discurso falado e com a transformação das acentuações faladas em melodia. Asie, com a melodia do oboé e as harmonias paralelas nas flautas na versão orquestral e o incontornável modo oriental, é aparentemente um catálogo de exotismo – as cidades da Pérsia, as ilhas das flores, os turbantes de seda, as vestes de veludo, os mandarins com sombrinhas, o sabre do oriente –, mas a música sugere que o narrador se sente preso a uma existência mundana e deseja “ver morrer de amor ou de ódio. / E depois regressar, mais tarde, / Narrar a minha aventura”. La Flute enchantée, para a qual Ravel fez em 1911 uma versão com flauta e piano, é um canto quase estático,que mostra a ligação através da música de dois amantes separados. Em L’Indiférent a música é distante, sugestiva e misteriosa.

Enrique Granados (1867-1916), aluno de Pujol e Pedrell (mestre do nacionalismo musical espanhol) e grande admirador da obra de Goya, renovou o tradicional género da tonadilla, restituindo-lhe a sua característica original de canção breve. Delicadas e graciosas, as Tonadillas en estile antíguo são por vezes simples canções de embalar, outras vezes líricas ou com declamação dramática. A expressão das paixões mais fortes é sempre contida por uma certa gravidade ao estilo madrileno.O piano, com uma textura densa e trabalhada, explora uma vasta gama de registos. La maja dolorosa, um pequeno ciclo de três canções,

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explora a expressividade dramática com uma declamação apaixonada, a dor através de cromatismos e acordes diminutos arpejados, e uma evocação de tempos passados, com arabescos e notas repetidas.

Rinaldo foi a primeira ópera em italiano escrita para o público inglês, tendo aberto, em 1711, as portas ao sucesso de Georg Friedrich Händel (1685-1759) em Londres, permanecendo ainda hoje como uma das suas óperas mais populares. “Lascia ch’io pianga”, cantada pela amada de Rinaldo, Almirena, é uma ária da capo ao estilo napolitano e em ritmo de sarabanda, e exprime, com uma melodia e textura de simplicidade desarmantes, os mais profundos sentimentose a dor da protagonista, enquanto lamentao seu cruel destino, cativa em Jerusalém.

Em 1885, Alessandro Parisotti compilou e publicou uma coletânea intitulada Arie Antiche, no âmbito da corrente de descoberta da música esquecida das épocas barroca e clássica, em voga no século XIX. Vocalmente simples e bem construídas, de âmbito pouco alargado, estas árias entraram no repertório da pedagogia vocal clássica. No prefácio, Parisotti descreve que “as principais características peculiares dos compositores dos séculos X VII e X VIII são clareza e simplicidade da forma, profundidade de sentimentos e uma suave serenidade, cuja agradável influência permeia todo o seu estilo”. E explica que “o canto deve ser simples, desafetado, tranquilo, legato, os tempi calmos, sem qualquer precipitação”, entre outras indicações de execução técnica e expressiva. Na primeira edição da coletânea, os acompanhamentos foram escritos pelo editor, harmonizando os baixos contínuos originais e, segundo o próprio, preservando o estilo do autor e respetivo período, bem como o caráter das composições. Algumas delas têm no entanto acompanhamentos demasiado romantizados.

Caro mio ben de Giuseppe Giordani e Star vicino, incorretamente atribuída a Salvatore Rosa pelo conhecido historiador Charles Burney, têm ambas linhas vocais simples, claras e afetuosas em conformidade com o texto; Se tu m’ami, se sospiri, atribuída a Giovanni Battista Pergolesi por Parisotti, mas provavelmente composta pelo próprio sobre um poema do século XVIII, ilustra com movimento na linha melódica a afirmação da protagonista: “mas se pensas que só a ti devia amar / pastorinho estás sujeito a facilmentete enganares”.

Gioachino Rossini (1792-1868) foi essencial no panorama operático das primeiras décadas do século XIX, no reafirmar da ópera italiana e na influência que exerceu sobre a ópera francesa. Semiramide, com libreto de Gaetano Rossi, baseada na tragédia de Voltaire sobre a lenda da rainha Semiramis da Síria, foi a última ópera que Rossini escreveu em Itália. Nela demonstra a sua plena maturidade e compila as caraterísticas da ópera séria. Na grande ária “Bel raggio lusinghier”, com uma estrutura típica em duas secções, a primeira mais lírica e a segunda mais virtuosística, repleta de coloratura, a rainha da Babilónia aguarda, nos jardins suspensos, o regresso do seu amado Arsace.“Tanti affetti” é a ária da protagonista Elena, um rondó que conclui a ópera La donna del lago, datada de 1819 e baseada no poema homónimo de Sir Walter Scott. É um exemplo da influência do romantismo na obra de Rossini e do bel canto no seu melhor. É intensamente dramática, mas cheia de beleza lírica e virtuosismo. Embora tenha praticamente desaparecido durante um século, em 1958, com o início do revivalismo do bel canto recomeçou a fazer parte do repertório dos grandes teatros de ópera.

susana duarte

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pablo lunaEl niño judío: “De España vengo”Antonio Paso e Enrique García Álvarez

De España vengo, soy española,en mis ojos me traigo luz de su cieloy en mi cuerpo la gracia de la manola!

De España vengo, de España soyy mi cara serrana lo va diciendo.He nacido en España, por donde voy.

A mí lo madrileño, me vuelve locay cuando yo me arranco con una coplael acento gitano de mi cancióntoman vida las flores de mi mantón.

De España vengo, de España soyy mi cara serrana lo va diciendo.Yo he nacido en España, por donde voy.

Campana de la Torre de Maravillassi es que tocas a fuego toca de prisa:mira que ardo por culpa de unos ojosque estoy mirando. Madre, me muero,por culpa de unos ojos negros, muy negros,que los tengo “metíos” dentro del almay que son los ojazos de mi gitano.

Muriendo estoy, mi vida, por tu desvío;te quiero y no me quieres, gitano mío.Mira que pena verse así, despreciada,siendo morena!

De España vengo, de España soyy mi cara serrana lo va diciendo.Yo he nacido en España, por donde voy!

maurice ravelShéhérazadeTristan Klingsor (A. Léon Leclère)

AsieAsie, Asie, Asie.Vieux pays merveilleux des contes de nourriceOù dort la fantaisie comme une impératrice

De Espanha venho

De Espanha venho, sou espanholanos meus olhos trago a luz do seu céuno meu corpo a graça da moçoila!

De Espanha venho, de Espanha soue a minha cara serrana vai-o dizendo.Nasci em Espanha, por onde vou.

A mim o madrileno, põe-me loucae quando começo com uma coplao sotaque cigano da minha cançãodá vida às flores da minha mantilha.

De Espanha venho, de Espanha soue a minha cara serrana vai-o dizendo.Nasci em Espanha, por onde vou.

Sino da Torre das Maravilhasse estás a tocar a fogo toca depressa:olha que ardo por culpa de uns olhosque estou olhando. Mãe, morro,por culpa de uns olhos negros, muito negros,que os tenho embebidos na almae que são os grandes olhos do meu cigano.

Morrendo estou, minha vida, por desviares o olhar;quero-te e não me queres, cigano meu.Olha que pena ver-se assim, desprezada,sendo morena!

De Espanha venho, de Espanha soue a minha cara serrana vai-o dizendo.Nasci em Espanha, por onde vou.

ÁsiaÁsia, Ásia, Ásia.Antigo país maravilhoso dos contos de embalarOnde a fantasia dorme como uma imperatriz

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En sa forêt tout emplie de mystère.Asie,Je voudrais m’en aller avec la goéletteQui se berce ce soir dans le portMystérieuse et solitaireEt qui déploie enfin ses voiles violettesComme un immense oiseau de nuit dans le ciel d’or.

Je voudrais m’en aller vers des îles de fleursEn écoutant chanter la mer perverseSur un vieux rythme ensorceleur.Je voudrais voir Damas et les villes de PerseAvec les minarets légers dans l’air.Je voudrais voir de beaux turbans de soieSur des visages noirs aux dents claires;Je voudrais voir des yeux sombres d’amourEt des prunelles brillantes de joieEn des peaux jaunes comme des oranges;Je voudrais voir des vêtements de veloursEt des habits à longues franges.Je voudrais voir des calumets entre des bouchesTout entourées de barbe blanche;Je voudrais voir d’âpres marchands auxregards louches,Et des cadis, et des vizirsQui du seul mouvement de leur doigtqui se pencheAccordent vie ou mort au gré de leur désir.

Je voudrais voir la Perse, et l’Inde, et puisla Chine,Les mandarins ventrus sous les ombrelles,Et les princesses aux mains fines,Et les lettrés qui se querellentSur la poésie et sur la beauté;

Je voudrais m’attarder au palais enchantéEt comme un voyageur étrangerContempler à loisir des paysages peintsSur des étoffes en des cadres de sapinAvec un personnage au milieu d’un verger;

Je voudrais voir des assassins souriantDu bourreau qui coupe un cou d’innocentAvec son grand sabre courbé d’Orient.Je voudrais voir des pauvres et des reines;

Na sua floresta repleta de mistério.Ásia,Queria ir para lá na barcaQue se embala esta noite no portoMisteriosa e solitáriaE que desfralda finalmente as velas violetasComo um imenso pássaro noturno no céu dourado.

Queria ir para as ilhas de floresOuvindo cantar o mar perversoNum velho ritmo encantador.Queria ver Damasco e as cidades da PérsiaCom os minaretes esguios no ar.Queria ver belos turbantes de sedaEm rostos negros de dentes brancos;Queria ver os olhos escuros de amorE as maçãs do rosto brilhantes de alegriaEm peles bronzeadas como laranjas;Queria ver roupas de veludoE vestes de longas franjas.Queria ver cachimbos de água nas bocasRodeadas de barba branca;Queria ver mercadores ávidos de olhar suspeito,E cádis, e vizires Que com um só movimento do dedo inclinadoConcedem a vida ou a morte a seu bel-prazer.

Queria ver a Pérsia, e a Índia, e depois a China,Os mandarins barrigudos debaixo de sombrinhas,E as princesas de mãos finas,E os eruditos que discutemSobre a poesia e sobre a beleza;

Queria demorar-me pelo palácio encantadoE como um viajante estrangeiroContemplar com vagar as paisagens pintadasNos estofos emoldurados a pinhoCom uma personagem no meio de um pomar;

Queria ver assassinos sorrindoAo carrasco que corta o pescoço de um inocenteCom o seu grande sabre curvo do Oriente.Queria ver pobres e rainhas;

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Je voudrais voir des roses et du sang;Je voudrais voir mourir d’amour ou biende haine.Et puis m’en revenir plus tardNarrer mon aventure aux curieux de rêvesEn élevant comme Sindbad ma vieilletasse arabeDe temps en temps jusqu’à mes lèvresPour interrompre le conte avec art...

La Flûte enchantéeL’ombre est douce et mon maître dortCoiffé d’un bonnet conique de soieEt son long nez jaune en sa barbe blanche.Mais moi, je suis éveillée encoreEt j’écoute au dehorsUne chanson de flûte où s’épancheTour à tour la tristesse ou la joie.Un air tour à tour langoureux ou frivoleQue mon amoureux chéri joue,Et quand je m’approche de la croiséeIl me semble que chaque note s’envoleDe la flûte vers ma joueComme un mystérieux baiser.

L’IndifférentTes yeux sont doux comme ceux d’une fille,Jeune étranger,Et la courbe fineDe ton beau visage de duvet ombragéEst plus séduisante encore de ligne.Ta lèvre chante sur le pas de ma porteUne langue inconnue et charmanteComme une musique fausse.Entre! Et que mon vin te réconforte...Mais non, tu passesEt de mon seuil je te vois t’éloignerMe faisant un dernier geste avec grâceEt la hanche légèrement ployéePar ta démarche féminine et lasse.

Queria ver rosas e sangue;Queria ver morrer de amor ou de ódio.E depois regressar, mais tarde,Narrar a minha aventura aos curiosos de sonhosLevando como Sindbad a minha velha taça árabeDe tempos a tempos aos meus lábiosPara interromper o conto com sabedoria…

A flauta encantadaA sombra é doce e o meu dono dormeCom um barrete cónico de seda na cabeçaE o comprido nariz amarelo na sua barba branca.Mas eu, ainda estou acordadaE ouço lá foraUma música de flauta onde se espalhaÀ vez a tristeza ou a alegria.Uma melodia à vez langorosa ou frívolaQue o meu querido apaixonado toca,E quando me aproximo da janelaParece-me que cada nota voaDa flauta para o meu rostoComo um misterioso beijo.

O indiferenteOs teus olhos são doces como os de uma donzela,Jovem estrangeiro,E os traços finosDo teu belo rosto sombreado de penugemÉ ainda mais sedutor nos seus traços.Os teus lábios cantam à entrada da minha portaUma língua desconhecida e sedutoraComo uma música falsa.Entra! E que o vinho te reconforte…Mas não, tu passasE da minha ombreira vejo-te afastarFazendo-me um último gesto com elegânciaE a anca ligeiramente inclinadaPelo teu andar feminino e cansado.

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gioachino rossiniSemiramide: “Bel raggio lusinghier”Gaetano Rossi

Bel raggio lusinghierdi speme e di piaceralfin per me brillò: Arsace ritornò.Sì, a me verrà.Quest’alma che sinorgemé, tremò, languì...Oh! come respirò!Ogni mio duol sparì,dal cor, dal mio pensiersi dileguò il terror...

Dolce pensiero di quell’istante,a te sorride l’amante cor.Come più caro, dopo il tormento,è il bel momento di gioja e amor!

enrique granadosTonadillasFernando Periquet

La maja dolorosa I¡Oh muerte cruel!¿Por qué tú, a traición,mi majo arrebataste a mi pasión?¡No quiero vivir sin él,porque es morir, porque es morirasí vivir!

No es posible ya sentir más dolor:en lágrimas desecha ya mi alma está.¡Oh Dios, torna mi amor,porque es morir, porque es morirasí vivir!

La maja dolorosa II¡Ay majo de mi vida,no, tú no has muerto!¿Acaso yo existiesesi fuera eso cierto?

Um belo raio encantado

Um belo raio encantadode esperança e de prazerpor fim brilhou para mim:Arsace voltou.Sim, voltará para mim.A minha alma que sem parargemeu, inquieta, lânguida…Oh! Como respirou!As minhas dores foram-se,do coração, do meu pensamentoo medo se afastou…

Doce pensamento daquele instante,a sorrir-te meu coração amado.Como mais querido, depois do sofrimento,é o belo momento de paz e amor!

A bela dolorosa IOh morte cruel!Porque é que, à traição, o meu belo arrebataste à minha paixão?Não quero viver sem ele,porque é morrer, porque é morrer,assim viver!

Não é possível já sentir mais dor:de lágrimas ressequida a minha alma está.Oh Deus, devolve o meu amor,porque é morrer, porque é morrer,assim viver!

A bela dolorosa IIAi amor da minha vida,não, não morreste!Acaso eu existiriase esse fim tiveste?

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¡Quiero, loca,besar tu boca!Quiero, segura,gozar más de tu ventura.

Mas, ¡ay!, deliro, sueño:mi majo no existe.En torno mío el mundolloroso está y triste.¡A mi duelo no hallo consuelo!Mas muerto y fríosiempre el majo será mío.

La maja dolorosa IIIDe acquel majo amante que fue mi gloriaguardo anhelante dichosa memoria.El me adoraba vehemente y fiel.Yo mi vida entera di a él.Y otras mil diera si él quisiera,que en hondos amores martirios son las flores.Y al recordar mi majo amadovan resurgiendo ensueños de un tiempo pasado.

Ni en el Mentidero ni en la Floridamajo más majo paseó en la vida.Bajo el chambergo sus ojos vícon toda el alma puestos en mí.Que a quien miraban enamoraban,pues no hallé en el mundo mirar más profundo.Y al recordar mi majo amadovan resurgiendo ensueños de un tiempo pasado.

georg friedrich händelRinaldo: “Lascia ch’io pianga”Giacomo Rossi

Lascia ch’io piangamia cruda sorte,e che sospirila libertà.

Quero, louca,beijar a tua boca!Quero, segura,gozar mais a tua ventura.

Mas, ai! Delírio, sonho:o meu amor não existe.À minha volta o mundochoroso está triste.O meu pesar não tem consolo!Mas morto e friosempre o amor será meu.

A bela dolorosa IIID’aquele belo amante que foi a minha glóriaguardo ofegante ditosa memória.Ele me adorava veemente e fiel.Eu a minha vida inteira lhe dei.E outras mil dera se ele quisera,que em profundos amores martírios são flores.E ao recordar o meu belo amadovão ressurgindo sonhos de um tempo passado.

Nem no Mentidero nem na Floridabelo mais belo passeou na vida.Debaixo do uniforme os seus olhos vicom toda a alma postos em mim.Que a quem miravam enamoravam,pois não houve no mundo olhar mais profundo.E ao recordar o meu belo amadovão ressurgindo sonhos de um tempo passado.

Deixa que eu chore

Deixa que eu choreo meu destino cruel,e que suspirepela liberdade

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Il duolo infrangaqueste ritortede’ miei martirisol per pietà.

arie anticheCaro mio benAnónimo

Caro mio ben,credimi almen,senza di telanguisce il cor.

Il tuo fedelsospira ognor.Cessa, crudel,tanto rigor!

Se tu m’ami, se sospiriPaolo Antonio Rolli

Se tu m’ami, se sospiriSol per me, gentil pastor,Ho dolor de’ tuoi martiri,Ho diletto del tuo amor,Ma se pensi che solettoIo ti debba riamar,Pastorello, sei soggettoFacilmente a t’ingannar.

Bella rosa porporinaOggi Silvia sceglierà,Con la scusa della spinaDoman poi la sprezzerà.Ma degli uomini il consiglioIo per me non seguirò.Non perché mi piace il giglioGli altri fiori sprezzerò.

Que a minha tristeza quebreestas correntesdos meus martírios,só por piedade.

Meu querido amado

Meu querido amado,Ao menos acredita em mim,Sem tienlanguesce o coração.

O teu fielsuspira sempre.Cessa, crueltanto rigor!

Se me amas, se suspiras

Se me amas, se suspirasSó por mim, gentil pastor,Tenho pena do teu martírio,Tenho prazer pelo teu amor,Mas se pensas que só a tiEu devia amar,Pastorinho, estás sujeitoA facilmente te enganares.

Bela rosa púrpuraHoje Sílvia escolheráCom a desculpa dos seus espinhosAmanhã então a desprezará.Mas dos homens o conselhoEu, por mim, não seguirei.Não porque me agrade o lírioAs outras flores desprezarei.

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Star vicinoAnónimo

Star vicino al bell’idol che s’ama,È il più dolce diletto d’amor,È un incanto, un’ebbrezza, una brama,Che due cori congiunge in un cor.

Fortunato chi intende gli accentiDi un affetto sincero e fedel!Egli prova vivendo i contentiSol concessi ai beato nel ciel!

A che giova l’estate fiorita?Ogni bene che il cielo ne dièNon si conti fra i giorni di vitaQuel che scorso in amando non è.

gioachino rossiniLa donna del lago: “Tanti affetti”Andrea Leone Tottola

Tanti affetti in un momentomi si fanno al core intorno,che l’immenso mio contentoio non posso a te spiegar.Deh! il silenzio sia loquace...Tutto dica un tronco accento...Ah signor! la bella pacetu sapesti a me donar.

Fra il padre e fra l’amanteoh qual beato istante!Ah! chi sperar poteatanta felicità!

Estar perto

Estar perto do belo ídolo que se ama,É o mais doce deleite do amor,É um encanto, uma intoxicação, um suspirar,Que dois corações junta num só.

Afortunado aquele que entende os sinaisDe um afeto sincero e fiel!Ele desfruta vivendo os contentamentosSó concedidos aos abençoados no céu!

A quem serve o verão florido?Todos os bens que o céu nos dáNão se contem entre os dias da vidaAqueles que amando não se passaram.

Tantas emoções num momentose agitam em torno do meu coração,é tão imensa a minha alegriaque não ta consigo descrever.Oh! Que o silêncio seja eloquente…Tudo diga com voz tremente…Ah, senhor! A bela paztu ma soubeste dar.

Ao lado do pai e do amanteOh, que belo instante!Ah! Quem poderia esperartanta felicidade!

traduções: linguaemundi

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Notas Biográficas

Joyce DiDonato

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Vencedora dos prémios Grammy “Best Classical Solo Vocal Album” (CD Joyce and Tony: Live at Wigmore Hall) em 2016, e “Best Classical Vocal Solo” (CD Diva Divo) em 2012, a cantora norte-americana, nascida no Kansas, Joyce DiDonato, tem vindo a encantar os públicos a nível mundial, tendo construído uma sólida e aclamada carreira. Ascendeu ao topo da indústria como artista, mas também como uma eloquente defensora das artes, tendo ganho proeminência internacional com as suas representações das óperas de Händel e Mozart, bem como através da sua variada discografia. São também muito apreciadasas suas interpretações dos papéis de bel cantodas óperas de Rossini e Donizetti.Muito solicitada pelas mais prestigiadas salas de concertos, foi recentemente artista residente no Carnegie Hall de Nova Iorque e no Barbican Centre, em Londres. Realizou extensas digressões na América do Sul, na Europa e na Ásia e apresentou-se, como solista convidada nos BBC Proms. Os destaques

recentes no domínio da ópera incluem: o papel principal em Maria Stuarda, de Donizetti, na Metropolitan Opera e na Royal Opera House; o papel principal em Alcina, de Händel, em digressão com o English Concert e o maestro Harry Bicket; e Marguerite, em A danação de Fausto, de Berlioz, com a Filarmónica de Berlim e o maestro Simon Rattle. Em fevereiro de 2012 atuou na Fundação Gulbenkian, com Il Complesso Barocco, sob a direção de Dmitry Sinkovsky, tendo apresentado o programa intitulado Drama Queens. Os compromissos de Joyce DiDonato na presente temporada incluem: o papel de Arden Scott, na estreia da ópera Great Scott de Jake Heggie, na Ópera de Dallas; a sua estreia no papel de Charlotte, em Werther de Massenet, na Royal Opera House; Romeu, em I Capuleti e i Montecchi de Bellini, no Grand Teatre del Liceu de Barcelona; e o regresso à MetropolitanOpera para representar Elena, em La donnadel lago, de Rossini.

meio-soprano

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Craig Terry

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A carreira do pianista Craig Terry tem vindo a ser firmemente construída em colaboração com alguns dos principais cantores e instrumentistas a nível mundial. Natural de Tullahoma, no Tennessee, Craig Terry formou-se em Educação Musical na Tennessee Technological University. Prosseguiu os seus estudos na Florida State University e na Manhattan School of Music, onde concluiu o Masters of Music in Piano Performance/Accompanying com o professor Warren Jones.Atualmente, Craig Terry é Diretor Musical do Patrick G. and Shirley W. Ryan Opera Center e Maestro Assistente da Lyric Opera de Chicago. Anteriormente, foi Maestro Assistente na Metropolitan Opera, depois de ter participado no Lindemann Young Artist Development Program. Como pianista acompanhador, colaborou com destacados cantores como Jamie Barton, Stephanie Blythe, Christine Brewer, Nicole Cabell, Sasha Cooke, Eric Cutler, Joyce DiDonato, Giuseppe Filianoti,

Denyce Graves, Susan Graham, Bryan Hymel, Brian Jagde, Joseph Kaiser, Quinn Kelsey, Kate Lindsey, Susanna Phillips, Luca Pisaroni, Patricia Racette, Catherine Wyn-Rogers, Hugh Russell, Bo Skovhus, Garrett Sorenson, Heidi Stober e Amber Wagner.No domínio da música de câmara, tocou com membros das orquestras da Metropolitan Opera, da Lyric Opera de Chicago, do Gewandhaus de Leipzig, e com o QuartetoPro Arte. As atuações mais recentes incluem recitais com Heidi Stober no Carnegie (Weill) Hall, Brian Jagde no Mondavi Center (Universidade da Califórnia), Stephanie Blythe no Festival de Ravinia, Ana Maria Martinez no Kennedy Center, Christine Brewer no Festival de Piano de Gilmore, Susanna Phillips e Dimitri Pittas na Ópera de Tóquio, Nicole Cabell em São Petersburgo, Kate Lindsey na Universidade Rockefeller e no Smith College, e Susanna Phillips no Alice Tully Hall – Lincoln Center.

piano

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25 Maio18:30h — Grande Auditório

Entrada livreLimitada aos lugares disponíveis

GULBENKIAN.PT/MUSICA

Apresentação daNova Temporada 16/17

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5 Junhodomingo, 11:00h / 16:00h — M/6

Concertosde Domingo

Jan WierzbaBárbara Barradas

OrquestraGulbenkian

griegdonizettibernstein

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musica.gulbenkian.pt

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7,82O BPI obteve o índice de Satisfação do Cliente mais elevado, de acordo como ECSI Portugal 2016.

BPI

7,00 7,10 7,20 7,30 7,40 7,50 7,60 7,70 7,80 7,90<< <<

Este estudo utiliza uma escala de satisfação de 1 a 10 e é realizado com recurso a 250 entrevistas telefónicas a Clientes de cada Banco/Marca estudado, com base numa amostra seleccionada de modo aleatório e extraída da população portuguesa.

Este prémio é da exclusiva responsabilidade da entidade que o atribuiu.

BANCO 5

BANCO 6

BANCO 7

BANCO 2

BANCO 3

BANCO 4

Este índice, baseado numa metodologia internacional comum, permite avaliar a qualidade dos bens e serviços disponíveis no mercado nacional, em vários sectoresde actividade, com base em 8 dimensões: imagem, expectativas dos Clientes, qualidade apercebida, valor apercebido (relação preço/qualidade), satisfação, reclamações, confiança e lealdade. O ECSI Portugal é um estudo independente, desenvolvido anualmente pelo Instituto Português da Qualidade, pela Associação Portuguesa para a Qualidade e pela NOVA Information Management School da Universidade Nova de Lisboa.

O BPI é líder na Satisfação dos Clientes, de acordo com o ECSI Portugal 2016 - Índice Nacional de Satisfação do Cliente.

na Satisfação dos Clientes.No1

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direção criativaIan Andersondesign e direção de arteThe Designers Republicdesign gráficoAh–hA

tiragem500 exemplarespreço2Lisboa, Maio 2016

Pedimos que desliguem os telemóveis durante o espetáculo. A iluminação dos ecrãs pode igualmente perturbar a concentração dos artistas e do público. Não é permitido tirar fotografias nem fazer gravações sonoras ou filmagens duranteos espetáculos. Programas e elencos sujeitos a alteraçãosem aviso prévio.

7,82O BPI obteve o índice de Satisfação do Cliente mais elevado, de acordo como ECSI Portugal 2016.

BPI

7,00 7,10 7,20 7,30 7,40 7,50 7,60 7,70 7,80 7,90<< <<

Este estudo utiliza uma escala de satisfação de 1 a 10 e é realizado com recurso a 250 entrevistas telefónicas a Clientes de cada Banco/Marca estudado, com base numa amostra seleccionada de modo aleatório e extraída da população portuguesa.

Este prémio é da exclusiva responsabilidade da entidade que o atribuiu.

BANCO 5

BANCO 6

BANCO 7

BANCO 2

BANCO 3

BANCO 4

Este índice, baseado numa metodologia internacional comum, permite avaliar a qualidade dos bens e serviços disponíveis no mercado nacional, em vários sectoresde actividade, com base em 8 dimensões: imagem, expectativas dos Clientes, qualidade apercebida, valor apercebido (relação preço/qualidade), satisfação, reclamações, confiança e lealdade. O ECSI Portugal é um estudo independente, desenvolvido anualmente pelo Instituto Português da Qualidade, pela Associação Portuguesa para a Qualidade e pela NOVA Information Management School da Universidade Nova de Lisboa.

O BPI é líder na Satisfação dos Clientes, de acordo com o ECSI Portugal 2016 - Índice Nacional de Satisfação do Cliente.

na Satisfação dos Clientes.No1

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