JUBILEU DE 90 ANOS E SANTA ISABEL - franciscanos.org.br · Reunião Geral de 15 de Novembro ......

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JUBILEU DE 90 ANOS E SANTA ISABEL Frei Carlos José Körber, OFM Assistente Espiritual da OFS Dois momentos importantes marcam a nossa vida franciscana neste mês de novembro. Iniciamos no dia 1º de novembro a celebração dos 90 anos da ereção canônica da nossa fraternidade. São 90 anos no ideal franciscano; 90 anos de esforços para viver o Evangelho seguindo o exemplo de São Francisco; 90 anos da presença da graça de Deus. Só podemos dizer um muito obrigado a Deus e louvá-lo pela nossa vida franciscana. Noventa anos não é um fim de uma caminhada, mas apenas uma parada para refletir e meditar como podemos ser mais fiéis ao nosso compromisso franciscano. Quantas vezes perdemos o vigor inicial e ficamos no anonimato, fomos apenas um número estatístico e não um exemplo de vida?! Que a caminhada para a celebração dos 90 anos com todos os seus altos e baixos nos desperte para uma vida enraizada no Evangelho e testemunhar o Cristo ressuscitado no nosso meio. E aqui encontramos o outro momento importante para nossa vida franciscana. Este consiste na celebração da nossa padroeira Santa Isabel no dia 17 deste mês. Ela, a primeira mulher franciscana canonizada, está presente na nossa fraternidade desde o início da fundação com seu exemplo de vida. Ela quer nos ajudar a encontrar a forma certa para seguir a Cristo. Em primeiro lugar pode se afirmar que Isabel é mulher de oração: todas as biografias mostram o amor profundo por Deus que se torna claro na humildade pequenez de se ajoelhar frequentemente diante do altar para meditar os mistérios da nossa fé. Reconhece a necessidade de Deus para viver feliz. Revela que não é escrava dos bens materiais, mas serva do Senhor. Usa seus bens para minimizar o sofrimento dos doentes, abandonados, desprezados. E isto é o segundo momento da vida dela: a caridade e a generosidade no convívio com os homens é fruto da meditação e vivência íntima com Deus. Distribui tudo o que possui a fim de dar as condições mais dignas para as pessoas menos valorizadas, marginalizadas e desamparadas. Trata a todos como irmãos e irmãs. Não desanima se não é compreendida pela corte, mas se fortifica no seu ideal, na vivência do Evangelho. Que um dos momentos marcantes da celebração do ano jubilar seja a peregrinação para Roma e Assis, para as fontes da nossa vida cristã e franciscana. Meditando “in loco” a vida de São Francisco e seu “sim” a Deus possamos compreender melhor as exigências do Evangelho e nos engajar na nossa missão como o fez Santa Isabel. Reunião Geral de 15 de Novembro de 2015 Fraternidade Franciscana Secular da Imaculada Conceição da Bem-Aventurada Virgem Maria - OFS E-mail: [email protected] | Endereço: Av. Roberto Silveira nº 265, Icaraí. Niterói – RJ | CEP: 24230-151 Fraternidade Porciúncula da Juventude Franciscana do Brasil E-Mail: [email protected] Pintura del domo de Beschreibung, 1525

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JUBILEU DE 90 ANOS E SANTA ISABEL Frei Carlos José Körber, OFM Assistente Espiritual da OFS

Dois momentos importantes marcam a nossa vida franciscana neste mês de

novembro. Iniciamos no dia 1º de novembro a celebração dos 90 anos da

ereção canônica da nossa fraternidade. São 90 anos no ideal franciscano; 90

anos de esforços para viver o Evangelho seguindo o exemplo de São

Francisco; 90 anos da presença da graça de Deus. Só podemos dizer um

muito obrigado a Deus e louvá-lo pela nossa vida franciscana.

Noventa anos não é um fim de uma caminhada, mas apenas uma parada

para refletir e meditar como podemos ser mais fiéis ao nosso compromisso

franciscano. Quantas vezes perdemos o vigor inicial e ficamos no anonimato,

fomos apenas um número estatístico e não um exemplo de vida?! Que a

caminhada para a celebração dos 90 anos com todos os seus altos e baixos

nos desperte para uma vida enraizada no Evangelho e testemunhar o Cristo

ressuscitado no nosso meio. E aqui encontramos o outro momento

importante para nossa vida franciscana.

Este consiste na celebração da nossa padroeira Santa Isabel no dia 17 deste

mês. Ela, a primeira mulher franciscana canonizada, está presente na nossa

fraternidade desde o início da fundação com seu exemplo de vida.

Ela quer nos ajudar a encontrar a forma certa para seguir a Cristo. Em primeiro lugar pode se afirmar que

Isabel é mulher de oração: todas as biografias mostram o amor profundo por Deus que se torna claro na

humildade pequenez de se ajoelhar frequentemente diante do altar para meditar os mistérios da nossa fé.

Reconhece a necessidade de Deus para viver feliz. Revela que não é escrava dos bens materiais, mas serva do

Senhor. Usa seus bens para minimizar o sofrimento dos doentes, abandonados, desprezados. E isto é o segundo

momento da vida dela: a caridade e a generosidade no convívio com os homens é fruto da meditação e vivência

íntima com Deus. Distribui tudo o que possui a fim de dar as condições mais dignas para as pessoas menos

valorizadas, marginalizadas e desamparadas. Trata a todos como irmãos e irmãs. Não desanima se não é

compreendida pela corte, mas se fortifica no seu ideal, na vivência do Evangelho.

Que um dos momentos marcantes da celebração do ano jubilar seja a peregrinação para Roma e Assis, para as

fontes da nossa vida cristã e franciscana. Meditando “in loco” a vida de São Francisco e seu “sim” a Deus

possamos compreender melhor as exigências do Evangelho e nos engajar na nossa missão como o fez Santa

Isabel.

Reunião Geral de 15 de Novembro de 2015

Fraternidade Franciscana Secular da Imaculada Conceição da Bem-Aventurada Virgem Maria - OFS E-mail: [email protected] | Endereço: Av. Roberto Silveira nº 265, Icaraí. Niterói – RJ | CEP: 24230-151 Fraternidade Porciúncula da Juventude Franciscana do Brasil E-Mail: [email protected]

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VIDA FRANCISCANA – OFS E JUFRA PORCIÚNCULA

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O SENHOR LHE DEU IRMÃOS

Daí a alguns meses, já eram doze irmãos. Francisco achou que tinham que escrever o que é que queriam da vida e ir pedir ao Papa que os abençoasse. Começaram uma alegre viagem, a pé, para Roma. Ele tinha a certeza de que, na terra, Jesus fala por seus ministros e, acima de todos, pelo Papa. Isso aconteceu em 1209, quando Francisco estava com vinte e sete anos. O Papa era o famoso e poderoso Inocêncio III. Foi iluminado pelo alto para ver naqueles pobrezinhos uns homens de Deus. Aprovou-os. Enviou-os como missionários. Eles voltaram todos felizes, e o seu número começou a crescer. Anunciavam Jesus por toda parte. Francisco chegou até a falar como pregador na própria catedral. Homens e mulheres ficavam tocados por suas palavras e mais ainda por seu exemplo simples e pobre. Queriam ser como ele e seus companheiros.

CLARA Uns dois anos depois, Francisco resolveu procurar Clara. Era uma moça rica que morava numa casa vizinha da catedral, mas todos sabiam que ela era santa. Francisco deve ter tido alguma iluminação de que era com ela que o Senhor queria começar o grupo de mulheres que ia viver em São Damião. Não demorou muito para a moça vender tudo que tinha e entrar para a nova família. Clara foi um dos maiores acontecimentos da vida de Francisco. E do mundo. Transpirava uma vitalidade enorme, era toda clareza e seu rosto refletia o de Jesus como um espelho. Doze anos mais nova – ela tinha 18 e Francisco 30 – foi mestra e companheira, além de discípula nos seus caminhos de viver Jesus Cristo.

CÍRCULO BÍBLICO ▪ Com as irmãs Marly e Gilda, o Círculo Bíblico ocorre as quintas-feiras após a missa das 8:00h.

CANTINA DA PARÓQUIA E DA FRATERNIDADE ▪ O próximo período de atuação dos irmãos e irmãs na cantina da Igreja da Porciúncula de Sant’Anna será no dia 27/12. Lembrando que parte do valor arrecadado tem como destino o caixa da fraternidade.

NOTÍCIAS E AVISOS

http://www.porciunculaofs.com

FRATERNIDADE FRANCISCANA SECULAR DA IMACULADA CONCEIÇÃO DA BEM-AVENTURADA VIRGEM MARIA JUVENTUDE FRANCISCANA PORCIÚNCULA

Ministro Local: Élio Ferreira de Souza. Vice-Ministro Local: Carlos Fernandes. Coordenador de Formação: Aloysio Cerqueira. Tesoureiras: Marlucia Alves e Maria Carmem Rodrigues. Secretárias: Lícia da Rocha e Thais da Rocha. Coordenadores de Comunicação: Fernanda Olmi e Frederico Félix. Coordenadora do SEI: Rosa Ximenes. Animadora Fraterna da Jufra: Marlucia Alves. Assistente Espiritual da OFS: Frei Carlos José Körber, OFM. Secretário Fraterno da Jufra: Joana D’arck Caldas. Assistente Espiritual da Jufra: Frei Aldolino Bankhart, OFM.

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O FIAT AO MODO FRANCISCANO

DE AMAR O CRISTO

No dia 18 de outubro, a nossa fraternidade teve a alegria de receber seis novos irmãos que expressaram publicamente à sua adesão ao Corpo Místico de Cristo através de um elã sagrado, qual seja a sua profissão de vida espiritual franciscana permanecendo no mundo através da Regra da Ordem Franciscana Secular. A

cerimônia foi celebrada pelo assistente espiritual da fraternidade, Frei José Carlos Körber OFM, e as promessas foram recebidas pelo irmão ministro local, Élio Ferreira OFS. Os seis neo-professos são: Geórgia Freitas; Joelle Bachalany; Luiz Renato de Carvalho; Marcos André Mahaut; Priscila Mansano; e Thiago Damato. A alegria, que não era pequena, foi ainda superabundada pela renovação dos compromissos de vida evangélica de duas irmãs jubilandas em 25 anos de caminhada: Diva Zacarias OFS e Edna Cosenza OFS. A vida franciscana secular é um estado reconhecido pela Igreja. A profissão à Regra da OFS aprovada pela Santa Sé é uma clara demonstração disto. É uma resposta livre a um chamamento particular de Cristo, mediante a qual os irmãos e irmãs através desta promessa de vida e consagração de sua existência ao seguimento do Cristo Pobre, Crucificado e Ressuscitado se entregam totalmente a Deus e tendem para a perfeição da caridade sob a moção do Espírito Santo. Tal promessa pública caracteriza-se pela prática dos conselhos evangélicos no seu particular modo de vida. Vejamos agora o relato de alguns dos neo-professos:

“Sempre tive simpatia por São Francisco de Assis. No início de 2012, procurei o Adilson - que conhecia da Basílica de Nossa Senhora Auxiliadora (Salesianos) - e ingressei na nossa Ordem Franciscana Secular como simpatizante. Pouco depois, tornei-me iniciante e um ano mais tarde comecei a minha formação de mais de dois anos com nossa querida irmã Arésia. No dia 18 de outubro de 2015, fiz minha profissão na nossa Ordem. Na verdade, o que parecia o fim de uma etapa era somente o início de um compromisso perpétuo com Deus, com Nosso Senhor Jesus Cristo e com Nosso Seráfico Pai. Espero guardar a fé e servir a Igreja e a nossos irmãos.”

Marcos André Mahaut, OFS “Só mesmo no momento de minha profissão é que fui capaz de entender que, para mim, ela representava quase um sacramento. Encaro esta pertença definitiva a Ordem Franciscana Secular como uma graça concedida pelo Pai de bondade, que me permitiu enamorar-me pelo carisma francisclariano, nas pegadas do Cristo pobre e crucificado. Pensei em outros irmãos que um dia também fizeram a profissão na Ordem em terras brasileiras, como Dom Helder e a Dra. Zilda Arns; e senti-me pequeno e feliz ao recordar o testemunho deles. A renovação de compromisso das irmãs jubilandas inspirou-me a perseverar sempre no caminho da simplicidade e da humildade, na esperança de que eu possa contribuir junto com a OFS, ainda que infimamente, com o projeto salvífico pregado por Jesus e tão bem compreendido e vivido por São Francisco e Santa Clara, ou seja, a construção de um Reino de Paz e Justiça”.

Thiago Damato, OFS “A profissão foi mais um sim ao chamada do Cristo e a sua Igreja como Ele vem feito ao longo de minha vida desde o dom de tocar para ele e trabalhar com música na igreja.”

Luiz Renato, OFS “A profissão de Fé na Ordem Franciscana Secular foi uma confirmação na minha caminhada cristã e o início de um novo referencial de viver a minha vida secular. O rito engrandeceu o meu sentimento de pertença e reafirmou o meu ponto de partida na minha vivência diária. Como Francisco nos ensina, a Palavra no Altar é o próprio sacramento. E adentrar a esse mistério seguindo Jesus por Francisco, introjetando a Regra, proferindo as palavras diante da comunidade da qual pertenço há mais de 20 anos, ressignificou minha trajetória. A minha esperança é ser fermento nessa massa, viver a caridade, a mansidão, humildade e cultivar esses valores na minha vida cotidiana. Paz e bem!”

Geórgia Freitas, OFS

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O SILÊNCIO NA SAGRADA LITURGIA - Frei Alberto Beckhäuser, OFM 4. O silêncio sagrado na Liturgia O que refletimos sobre o sentido do silêncio, podemos vivê-lo na Sagrada Liturgia. Não se trata de qualquer silêncio, mas do silêncio sagrado que acolhe, guarda e comunica o mistério, a comunhão com o próprio Deus por Cristo e em Cristo. Trata-se de viver os mistérios de Cristo também através do silêncio. Por isso, silêncio sagrado, que tem a ver com o divino, com Deus. Silêncio que estabelece uma comunhão com Deus, por Cristo e em Cristo. O silêncio é elemento constitutivo da própria Liturgia. Não é algo à parte, como que uma interrupção da celebração, uma pausa para fazer outra coisa ou não fazer nada. O silêncio da assembleia conforme o momento constitui um sinal sensível e significativo do mistério celebrado, numa dimensão simbólica, um verdadeiro rito comemorativo. O silêncio adquire significado próprio conforme o momento em que ele é guardado. O silêncio precede certos ritos e acompanha outros e se segue a outros. Como já vimos, por causa de uma interpretação reducionista da participação ativa, as celebrações, em grande parte, foram despojadas da prática do silêncio e com isso foram perdendo a dimensão do absoluto, do sagrado, do mistério. Nossas celebrações tornaram-se por demais verbosas, barulhentas, estrepitosas. Esta maneira de celebrar está sendo uma preocupação por parte de muitos pastores da Igreja. Trata-se de uma maneira de celebrar que distrai, que lança a pessoa para fora de si mesma, distraindo-a, alienando-a no superficial, no externo e superficial do mistério. Podemos dizer que isso provém, sobretudo, da falta de uma compreensão mais profunda, mais teológica da natureza da Sagrada Liturgia. Por ocasião dos 40 anos da Sacrosanctum Concilium, o Cardeal G. Daneels, Arcebispo de Malines-Bruxelles, na Bélgica, proferiu uma palestra à Conferência dos Bispos do Canadá sobre A Liturgia quarenta anos após o Concílio Vaticano II. Disse ele: “A participação ativa da assembleia na Liturgia é evidentemente um presente incomparável do Concílio ao Povo de Deus. Mas como em toda reforma digna deste nome, há uma sombra no quadro. A participação ativa na Liturgia, o fato de prepará-la em conjunto, a solicitude de uma aproximação maior possível da cultura e da sensibilidade dos fiéis, podem conduzir imperceptivelmente a uma espécie de apropriação da Liturgia. A participação e a celebração mútua podem conduzir a uma forma sutil de manipulação. Então, a Liturgia não perde seu caráter intangível - o que em si não é ruim - para tornar-se, em certo sentido, propriedade dos que a celebram, domínio abandonado à sua “criatividade”. Os que se acham ao serviço da Liturgia - padres e leigos - tornam-se seus proprietários. Em certos casos, é possível mesmo chegar a uma espécie de “golpe de força” litúrgico, que elimina o sagrado, banaliza a linguagem e transforma o culto em acontecimento social. Em resumo, o verdadeiro sujeito da liturgia não é mais Cristo, que pelo Espírito, rende homenagem ao Pai e santifica a assembleia num gesto simbólico. O verdadeiro sujeito torna-se a pessoa humana ou a comunidade que celebra. O acento exagerado antes dos anos cinquenta colocado na disciplina, na obediência, na fidelidade às rubricas, na recepção e entrada numa entidade preexistente, cede o lugar à vontade própria e ao esvaziamento do senso do mistério na Liturgia. Se houver isso, a Liturgia não é mais ‘leitourgía’: obra do povo e para o povo, relativamente a Deus; faz-se pura atividade humana”. A Liturgia nos ultrapassa. Vale a pena transcrever mais um trecho do Cardeal Daneels: “Há na Liturgia um princípio básico: A Liturgia é, em primeiro lugar, “a obra de Deus em nós” antes de ser nossa obra para Deus. A Liturgia é, em sua própria essência, um datum, um dom. Ela nos ultrapassa e existe bem antes que tenhamos

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podido nela participar. O sujeito ativo da Liturgia é Cristo ressuscitado. É ele o primeiro e único Sumo Sacerdote, o único capaz de oferecer o culto a Deus e santificar a assembleia. Não se trata apenas de uma verdade teológica abstrata; o fato deve tornar-se evidente e visível na Liturgia. Não quer dizer que a pessoa ou a comunidade que celebra não tenha jamais o poder ou a autorização de apelar para sua criatividade. A comunidade é criadora, mas não é uma “instância de criação”. Doutra forma, a Liturgia não seria mais a epifania dos mistérios de Cristo através do serviço da Igreja, a continuação de sua encarnação, crucifixão e ressurreição, a “encarnação” dum projeto divino na história e no mundo das pessoas, por meio de símbolos sagrados. Em tal situação, a Liturgia nada mais seria do que autocelebração da comunidade. A Liturgia “preexiste”. A comunidade que celebra nela penetra como numa arquitetura preestabelecida, divina e espiritual. Em certa medida, é igualmente determinada pelo lugar de Cristo e de seus santos mistérios na história. ... Não somos criadores; somos os servos e guardas dos mistérios. Não somos nem proprietários, nem autores. ... A Liturgia do Vaticano II prevê tempo para o silêncio, mas, na prática, quase não se lhe oferece oportunidade. A ausência de silêncio transforma a Liturgia numa sucessão ininterrupta de palavras, que não deixa tempo para a interiorização” (cf. Doc. Cath. 18.5.03). Resumindo, podemos dizer que a Liturgia nos ultrapassa infinitamente. Ela é um dom de Deus, obra de Cristo. Não nos compete, portanto, apropriar-nos dela, mas deixar-nos possuir por ela. Não nos cabe conduzi-la, mas deixar-nos conduzir por ela. Neste processo de recepção do dom de Deus, o silêncio é de capital importância. O então Cardeal Ratzinger, hoje, papa Bento XVI, no livro A Fé em Crise? O Cardeal Ratzinger se interroga, manifesta sua preocupação com a banalização da Sagrada Liturgia. Falando na entrevista a V. Messori, sobre Um espaço para o Sagrado, reflete: “A Liturgia não é um show, um espetáculo que necessite de diretores geniais e de atores de talento. A Liturgia não vive de surpresas ‘simpáticas’, de invenções ‘cativantes’, mas de repetições solenes. Não deve exprimir a atualidade e o seu efêmero, mas o mistério do Sagrado. Muitos pensaram e disseram que a liturgia deve ser ‘feita’ por toda a comunidade para ser realmente sua. É um modo de ver que levou a avaliar o seu sucesso em termos de eficácia espetacular, de entretenimento. Desse modo, porém, terminou por dispersar o proprium litúrgico, que não deriva daquilo que nós fazemos, mas do fato de que acontece. Algo que nós todos juntos não podemos, de modo algum, fazer. Na liturgia age uma força, um poder que nem mesmo a Igreja inteira pode atribuir-se: o que nela se manifesta é o absolutamente Outro que, através da comunidade (que não é, portanto, dona, mas serva, mero instrumento), chega até nós”. Continua: “Para o católico, a liturgia é a Pátria comum, é a fonte mesma de sua identidade. Também por isso deve ser ‘predeterminada, ‘imperturbável’, porque através do rito se manifesta a Santidade de Deus. Ao contrário, a revolta contra aquilo que foi chamado ‘a velha rigidez rubricista’, acusada de inibir a ‘criatividade’, arrastou também a liturgia ao vórtice do ‘faça-você-mesmo’, banalizando-a, porque a reduzindo à nossa medíocre medida”. Há, pois, uma outra ordem de problemas sobre os quais Ratzinger quer chamar a atenção: “O Concílio recordou-nos, com razão, que a liturgia significa também actio, ação, e pediu que aos fiéis seja assegurada uma actuosa participatio, uma participação ativa”. Parece-me uma coisa ótima, digo eu. “Certamente”, confirma ele, “é um conceito sacrossanto que, porém, nas interpretações pós-conciliares, sofreu uma restrição fatal, isto é, surgiu a impressão de que só haveria uma ‘participação ativa’ onde houvesse uma atividade externa, verificável: discursos, palavras, cantos, homilias, leituras, apertos de mão... Mas ficou no esquecimento que o Concílio inclui na actuosa participatio também o silêncio, que permite uma participação realmente profunda, pessoal, possibilitando-nos a escuta interior da Palavra do Senhor. Ora, desse silêncio, em certos ritos, não sobrou nenhum vestígio” (cf. ed. C.P.U, 1985, p. 94-95). Foi neste sentido que escrevemos um breve artigo sob o título: Liturgia: repouso e não estresse, mostrando que estamos transformando nossas celebrações em platéias de show, de espetáculo, que acabam abafando a dimensão do sagrado, do mistério, levando ao conflito, ao cansaço e não à reconciliação, à harmonia, ao repouso em Deus (Paz e Bem, março-abril 2006). Santo Agostinho exclama: “Senhor, vós nos fizestes para vós; e inquieto está o nosso coração, enquanto não repousa em vós, Senhor”. Repousar em Deus. O povo de Israel é chamado a “entrar no repouso prometido” (cf. Sl 94). Nossas celebrações, em geral, fazem uso demasiado da língua, ou seja, da palavra falada, e do ouvido como receptor do som. Deixam em segundo plano os sentidos da vista e do tato, isto é, da linguagem corporal através das ações, dos gestos, e dos movimentos. É preciso dar mais atenção à contemplação que, por sua vez, exige o silêncio.

Continua no próximo Vida Franciscana...

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CALENDÁRIO DA FRATERNIDADE Dia 01 31º DOMINGO DO TEMPO COMUM

Aniversário de Fundação da Fraternidade Franciscana Secular da Imaculada Conceição da Bem-Aventurada Virgem Maria (89 anos)

Dia de Todos os Santos e Santas Dia 04 São Carlos Barromeu, ofs (cardeal) Dia 06 Missa da OFS às 18h Dia 08 32º DOMINGO DO TEMPO COMUM Dia 13 Missa da OFS às 18h Dia 12 Aniversário da irmã Tânia Maria Bereta Alvim Dia 14 Encontros com Clara e Francisco às 16h Dia 15 33º DOMINGO DO TEMPO COMUM - REUNIÃO GERAL DA FRATERNIDADE Dia 17 Santa Isabel da Hungria, ofs (Padroeira da OFS) Dia 20 Missa da OFS às 18h Aniversário da irmã Margaret Alice Pritchard Dia 22 JESUS CRISTO, REI DO UNIVERSO Dia 23 Aniversário da irmã Sheyla Faria Sacchetti Dia 24 Aniversário da irmã Arlete Bessa da Costa Dia 25 Comemoração de Todos os Falecidos da Ordem Seráfica Aniversário das irmãs Heloisa Vargas Borges e Marly E. Pinto Braga Dia 27 Missa da OFS às 18h Dia 28 Aniversário do irmão Luiz Renato Barbosa de Carvalho Dia 29 1º DOMINGO DO ADVENTO

Comemoração de Todos os Santos da Ordem Seráfica Dia 02 Aniversário da irmã Bibiana Maia Machado (SEI) Dia 03 Aniversário da irmã Maria Vitorina Dias Borges Azevedo Dia 04 Missa da OFS às 18h Dia 05 Capítulo Avaliativo Regional / Encontro de Ministros Dia 06 2º DOMINGO DO ADVENTO Dia 08 NOSSA SENHORA IMACULADA CONCEIÇÃO Dia 11 Missa da OFS às 18h Aniversário das irmãs:

Célia Cunha Macuco, Dorcelina P. Figueiredo (Filhinha), Luzia Gomes Patrocínio, e Maria Cândida de A. Domingues.

Dia 13 3º DOMINGO DO ADVENTO Dia 15 Aniversário da irmã Maria Aparecida N. de Carvalho Dia 17 Aniversário Natalício do Papa Francisco Dia 18 Missa da OFS às 18h Dia 20 4º DOMINGO DO ADVENTO- REUNIÃO GERAL DA FRATERNIDADE Dia 23 Aniversário da irmã Hildegardes Moreno Botelho (SEI) Dia 25 NATAL DE NOSSO SENHOR JESUS CRISTO Dia 27 SAGRADA FAMILÍA São João, apóstolo e evangelista Dia 30 Aniversário de Maria Catarina Manso de Almeida