Jubileu do Carmo de Braga

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18 Diário do Minho SEXTA-FEIRA, 1 de fevereiro de 2013 RELIGIÃO www.diariodominho.pt Associando-se às comemorações do Jubileu da Ordem Re- ligiosa, o Diário do Minho publicará outros artigos sobre os Padres Carmelitas Descalços ao longo de 2013, assinalando as principais datas da efeméride. Para celebrar o início da caminhada da Ordem dos Padres Carmelitas Descal- ços, nesta bela cidade de Braga, a igreja de Nossa Senhora do Carmo vai aco- lher alguns eventos duran- te este ano Jubilar. O termo “carmelitas” teve a sua origem nos fi- nais do séc. XII, no bíbli- co Monte Carmelo, situado na Palestina, e considera- do o berço da Ordem do Carmo. Porém, as vicissi- tudes da vida impuseram profundas reformas na Or- dem que foram impulsio- nadas por Teresa de Jesus e João da Cruz, no sécu- lo XVI, nascendo, assim, a Ordem dos Carmelitas Descalços. Entretanto, os seus fun- dadores foram proclama- dos Santos e Doutores da Igreja. A eles se juntaram mui- tos seguidores de Cristo, que vivem em pequenas comunidades, privilegian- do a vida orante e trilhan- do os caminhos da vida apostólica. Comunidade estabeleceu-se a 1 de fevereiro de 1653 Carmelitas Descalços em Braga assinalam 360 anos da Fundação Os nossos irmãos Car- melitas, chegaram a Bra- ga em 1653 e segundo tes- temunhos da época, foram os bracarenses, que nutrin- do forte devoção por Ma- ria Santíssima solicitaram, aos superiores da Ordem, a vinda dos filhos da Se- nhora do Carmo para esta cidade. Contudo, esta fundação requeria licença a conce- der pelo cabido, que à al- tura governava o arcebis- pado, devido à morte de D. Sebastião de Mattos. Então o Provincial, frei Sebastião da Conceição, delegou para estabelecer contactos com o cabido, o frei José do Espírito San- to por ser filho da terra e primo de um dos mem- bros do mesmo. Não per- dendo tempo e convenci- do de que a resposta se- ria favorável, o frade co- meçou a procurar local para instalar o convento e deteve-se por umas ca- sas em São Sebastião das Carvalheiras. Entretanto, chegava a tão desejada licença e con- cretizava-se a compra do local para acolher a nova fundação. Após as obras de adaptação, frei José do Espírito Santo foi elei- to superior e solicitou ao Provincial o envio de fra- des para a nova fundação e iniciou-se a vida regu- lar no dia 1 de fevereiro de 1653. Com o tempo os religio- sos começaram a padecer de enfermidades devido à falta de condições do con- vento e atendendo às in- formações do Superior, o Provincial autorizou a mu- dança para um terreno si- tuado a norte do Campo da Vinha. Mas a compra foi moro- sa, devido à oposição do abade de S. João do Sou- to que considerava o es- paço propriedade da sua paróquia e não aceitava a instalação da nova fun- dação. Ultrapassados os obstá- culos, efetuou-se a com- pra. Iniciaram as obras e cerca de 11 meses de- pois, surgiram as oficinas, a capela e as celas para a acomodação de 15 re- ligiosos. Assim se ergueu o novo convento do Carmo e a portada da igreja onde se encontra atualmente. Isto só foi possível graças à ge- nerosidade de muitos bra- carenses. Lurdes Fernandes AVELINO LIMA Ordem dos Padres Carmelitas Descalços já tem uma longa história em Braga Programa do Jubileu 2 de março 21h30 Inauguração do Nú- cleo Museológico do Carmo 11 de maio 21h30 Concerto evocativo do Jubileu 14 de julho 11h30 Eucaristia solene do Jubileu Só em 1694 se concluiu a construção da bonita igreja de Nossa Senhora do Carmo, tendo como impulsionador o então arcebispo nomeado para Braga, D. José de Meneses, que encontrando-a nos alicerces, se respon- sabilizou pelo trabalho em pedra, tendo-o concluído. Anos depois o convento converteu-se em centro de estudos de Filosofia e Teologia da Província Carmelita. Contudo, a comunidade de Braga foi extinta em 1834, como todas as comunidades reli- giosas de Portugal, por decreto do ministro Joaquim António de Aguiar, conhecido como o “Mata frades”. Em 1838 o convento do Carmo foi entregue à Câmara Municipal, que o destinou a hos- pital militar e à Real Benemérita Irmandade de Nossa Senhora do Carmo, a igreja e os espaços para culto. Esta assumiu a proteção e valorização do património material e espiritual que lhe fora confiado pela Ordem aquando da sua funda- ção. Também a ela se deve a substituição, em 1907, da antiga pela imponente fachada que atualmente os nossos olhos podem ad- mirar. A mesma foi desenhada pelo arquiteto bracarense Moura Coutinho. Não se ficando por aqui e honrando a memória dos seus fundadores, estes benfei- tores não descansaram enquanto não viram regressar os seus frades, em 3 de março de 1963. É a eles que o povo agradece o orgulho e a felicidade de ter em Braga, desejando que assim seja por muito tempo, os seus queridos Irmãos Carmelitas Descalços. Igreja do Carmo concluída em 1694

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18 Diário do MinhoSEXTA-FEIRA, 1 de fevereiro de 2013

RELIGIÃOwww.diariodominho.pt

Associando-se às comemorações do Jubileu da Ordem Re-ligiosa, o Diário do Minho publicará outros artigos sobre os Padres Carmelitas Descalços ao longo de 2013, assinalando as principais datas da efeméride.

Para celebrar o início da caminhada da Ordem dos Padres Carmelitas Descal-ços, nesta bela cidade de Braga, a igreja de Nossa Senhora do Carmo vai aco-lher alguns eventos duran-te este ano Jubilar.

O termo “carmelitas” teve a sua origem nos fi-nais do séc. XII, no bíbli-co Monte Carmelo, situado na Palestina, e considera-do o berço da Ordem do Carmo. Porém, as vicissi-tudes da vida impuseram profundas reformas na Or-dem que foram impulsio-nadas por Teresa de Jesus e João da Cruz, no sécu-lo XVI, nascendo, assim, a Ordem dos Carmelitas Descalços.

Entretanto, os seus fun-dadores foram proclama-dos Santos e Doutores da Igreja.

A eles se juntaram mui-tos seguidores de Cristo, que vivem em pequenas comunidades, privilegian-do a vida orante e trilhan-do os caminhos da vida apostólica.

Comunidade estabeleceu-se a 1 de fevereiro de 1653

Carmelitas Descalços em Bragaassinalam 360 anos da Fundação

Os nossos irmãos Car-melitas, chegaram a Bra-ga em 1653 e segundo tes-temunhos da época, foram

os bracarenses, que nutrin-do forte devoção por Ma-ria Santíssima solicitaram, aos superiores da Ordem,

a vinda dos filhos da Se-nhora do Carmo para esta cidade.

Contudo, esta fundação

requeria licença a conce-der pelo cabido, que à al-tura governava o arcebis-pado, devido à morte de D. Sebastião de Mattos.

Então o Provincial, frei Sebastião da Conceição, delegou para estabelecer contactos com o cabido, o frei José do Espírito San-to por ser filho da terra e primo de um dos mem-bros do mesmo. Não per-dendo tempo e convenci-do de que a resposta se-ria favorável, o frade co-meçou a procurar local para instalar o convento e deteve-se por umas ca-sas em São Sebastião das Carvalheiras.

Entretanto, chegava a tão desejada licença e con-cretizava-se a compra do local para acolher a nova fundação. Após as obras de adaptação, frei José do Espírito Santo foi elei-to superior e solicitou ao Provincial o envio de fra-des para a nova fundação e iniciou-se a vida regu-lar no dia 1 de fevereiro de 1653.

Com o tempo os religio-sos começaram a padecer de enfermidades devido à falta de condições do con-vento e atendendo às in-formações do Superior, o Provincial autorizou a mu-dança para um terreno si-tuado a norte do Campo da Vinha.

Mas a compra foi moro-sa, devido à oposição do abade de S. João do Sou-to que considerava o es-paço propriedade da sua paróquia e não aceitava a instalação da nova fun-dação.

Ultrapassados os obstá-culos, efetuou-se a com-pra. Iniciaram as obras e cerca de 11 meses de-pois, surgiram as oficinas, a capela e as celas para a acomodação de 15 re-ligiosos.

Assim se ergueu o novo convento do Carmo e a portada da igreja onde se encontra atualmente. Isto só foi possível graças à ge-nerosidade de muitos bra-carenses.

Lurdes Fernandes

AVELINO LIMA

Ordem dos Padres Carmelitas Descalços já tem uma longa história em Braga

Programado Jubileu

2 de março 21h30Inauguração do Nú-

cleo Museológico do Carmo

11 de maio21h30Concerto evocativo

do Jubileu14 de julho11h30Eucaristia solene do

Jubileu

Só em 1694 se concluiu a construção da bonita igreja de Nossa Senhora do Carmo, tendo como impulsionador o então arcebispo nomeado para Braga, D. José de Meneses, que encontrando-a nos alicerces, se respon-sabilizou pelo trabalho em pedra, tendo-o concluído.

Anos depois o convento converteu-se em centro de estudos de Filosofia e Teologia da Província Carmelita.

Contudo, a comunidade de Braga foi extinta em 1834, como todas as comunidades reli-

giosas de Portugal, por decreto do ministro Joaquim António de Aguiar, conhecido como o “Mata frades”.

Em 1838 o convento do Carmo foi entregue à Câmara Municipal, que o destinou a hos-pital militar e à Real Benemérita Irmandade de Nossa Senhora do Carmo, a igreja e os espaços para culto.

Esta assumiu a proteção e valorização do património material e espiritual que lhe fora confiado pela Ordem aquando da sua funda-ção. Também a ela se deve a substituição,

em 1907, da antiga pela imponente fachada que atualmente os nossos olhos podem ad-mirar. A mesma foi desenhada pelo arquiteto bracarense Moura Coutinho.

Não se ficando por aqui e honrando a memória dos seus fundadores, estes benfei-tores não descansaram enquanto não viram regressar os seus frades, em 3 de março de 1963. É a eles que o povo agradece o orgulho e a felicidade de ter em Braga, desejando que assim seja por muito tempo, os seus queridos Irmãos Carmelitas Descalços.

Igreja do Carmo concluída em 1694