JUCILENE SOARES DA SILVA
Transcript of JUCILENE SOARES DA SILVA
1
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
UNIDADE ACADÊMICA ESPECIALIZADA EM MÚSICA
ESCOLA DE MÚSICA
CURSO DE LICENCIATURA EM MÚSICA
JUCILENE SOARES DA SILVA
JOGOS DE MÃOS E COPOS COMO FERRAMENTA PEDAGÓGICA
NA AULA DE MÚSICA DA EDUCAÇÃO BÁSICA
NATAL
2015
2
JUCILENE SOARES DA SILVA
JOGOS DE MÃOS E COPOS COMO FERRAMENTA PEDAGÓGICA
NA AULA DE MÚSICA DA EDUCAÇÃO BÁSICA
Monografia apresentada à Universidade
Federal do Rio Grande do Norte - UFRN,
como requisito parcial para obtenção do
título de Licenciado em Música.
Orientadora: Prof.ª Esp. Maria Helena
Guerra Maranhão Barreto de Medeiros
NATAL
2015
3
Catalogação da Publicação na Fonte
Biblioteca Setorial da Escola de Música
S586j Silva, Jucilene Soares da. Jogos de mãos e copos como ferramenta pedagógica na aula de música da
Educação Básica / Jucilene Soares da Silva. – Natal, RN, 2015. 30 f.
Orientador: Maria Helena Guerra Maranhão Barreto de Medeiros.
Monografia (graduação) – Escola de Música, Universidade Federal do
Rio Grande do Norte, 2015. 1. Música – Instrução e estudo – Monografia. 2. Jogos no
ensino de música – Monografia. 3. Educação de crianças –
Monografia. I. Medeiros, Maria Helena Guerra Maranhão Barreto
de. II. Título.
RN/BS/EMUFRN CDU 78:37
4
JUCILENE SOARES DA SILVA
JOGOS DE MÃOS E COPOS COMO FERRAMENTA PEDAGÓGICA
NA AULA DE MÚSICA DA EDUCAÇÃO BÁSICA
Monografia apresentada à Universidade
Federal do Rio Grande do Norte - UFRN,
como requisito parcial para obtenção do
título de Licenciado em Música.
Aprovada em ____/____/____.
BANCA EXAMINADORA
_______________________________________________________________
(Orientadora) Profª. Esp. Maria Helena Guerra Maranhão Barreto de Medeiros
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
______________________________________________________________
Profª. Ms. Catarina Aracelle Porto do Nascimento
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
_______________________________________________________________
Profª. Esp. Camila Larissa Firmino de Luna
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
NATAL
2015
5
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus por ter proporcionado a realização desse trabalho, sabendo que se
não fosse Ele, nada disso seria possível.
Ao meu amado esposo que muito contribuiu para a concretização dessa monografia.
Aos meus pais e irmã que sempre me incentivaram e acreditaram nos meus projetos.
Aos meus colegas de trabalho que me apoiaram.
Agradeço especialmente a minha querida Professora Maria Helena, que desde o meu
primeiro período na Escola de Música me inspira com sua organização e seu dom para
ensinar, que aceitou me orientar e acreditou que daria certo.
Agradeço aos demais professores da Escola de Música que contribuíram para o meu
crescimento acadêmico e a todos que direta ou indiretamente contribuíram para a construção
desse trabalho.
6
RESUMO
O presente trabalho tem como finalidade relatar minha experiência como professora da
disciplina de Música na Escola Viva Moderna, na Cidade de Natal RN, na qual desenvolvi
atividades utilizando os jogos de mãos e copos com as turmas do Ensino Fundamental I. Para
fundamentar esse tema, ainda pouco abordado, me utilizei de pesquisas em artigos
acadêmicos, alguns livros e sites que contemplassem o assunto de maneira abrangente, mas
principalmente na obra de Beineke e Freitas (2006). Também apresento algumas sugestões de
atividades que podem ser adaptadas. Foi constatado um maior envolvimento e interação dos
alunos nas aulas depois da introdução dos jogos de mãos e copos como ferramenta
pedagógica na aula de música, o que motivou este relato de experiência.
Palavras-chaves: Educação Musical, Relato de experiência, Ferramenta pedagógica, Jogos de
mãos e copos.
7
ABSTRACT
This study aims to report my experience as a teacher of the Music discipline in Viva Moderna
School in Natal City, RN. In which I developed some activities with the classes of the
elementary school using hand games and cups. To support this theme, still little explored, I
used my research in academic articles, some books and websites that addressed the issue
comprehensively, but especially in the work of Beineke and Freitas (2006). Also bring a
sample of some activities with students that can be adapted according to the proposed class.
Greater involvement and interaction of students in music classes was identified after the
introduction of hand games and cups as a pedagogical tool in the classroom, what motivated
this experience report.
Keyword: Musical Education, Experience report, Pedagogical tools, Hand games and cups.
8
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Crianças brincando de jogos de mãos em dupla.................................................... 16
Figura 2 – Crianças brincando de jogos de mãos em grupo................................................... 17
Figura 3 – Criança experimentando o jogos de mãos e copos................................................ 19
Figura 4 – Criança experimentando as sonoridades do copo.................................................. 19
Figura 5 – Crianças brincando de jogos de mãos e copos em círculo.................................... 20
Figura 6 – Rabo do Tatu......................................................................................................... 23
9
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Símbolos utilizados nos jogos de mão e copos.................................................... 23
10
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ABEM – Associação Brasileira de Educação Musical
CIART – Curso de Iniciação Artística da Escola de Música da UFRN
CIENTEC – Semana de Ciência, Tecnologia e Cultura da UFRN
EMUFRN – Escola de Música da Universidade Federal do Rio Grande do Norte
PCN – Parâmetros Curriculares Nacionais
PIBID – Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência
UFRN – Universidade Federal do Rio Grande do Norte
11
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO...................................................................................................................12
2. MÚSICA NA EDUCAÇÃO BÁSICA...............................................................................14
2.1 OS JOGOS NA EDUCAÇÃO MUSICAL...................................................................... 15
3. OS JOGOS DE MÃOS E COPOS.....................................................................................18
4. UM RELATO SOBRE A PRÁTICA DOS JOGOS DE MÃOS E COPOS NA
ESCOLA VIVA MODERNA.................................................................................................22
4.1. A ESCOLA VIVA MODERNA.......................................................................................22
4.2. ATIVIDADES DESENVOLVIDAS NAS AULAS DE MÚSICA NO ENSINO
FUNDAMENTAL I.................................................................................................................22
4.3. OS JOGOS DE MÃOS E COPOS UTILIZADOS NAS AULAS DE MÚSICA ........23
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS.............................................................................................28
REFERÊNCIAS......................................................................................................................30
12
1. INTRODUÇÃO
O referido trabalho é um relato da minha experiência docente com os alunos do Ensino
fundamental I na Escola Viva Moderna, onde foi realizado um trabalho utilizando os jogos de
mãos e copos como ferramenta pedagógica. Assim como, fazer um apanhado de material
bibliográfico sobre os jogos como atividade na aula de música da Educação básica e sugerir
propostas de atividades que podem ser adaptadas de acordo com os conteúdos de música que
se deseja trabalhar em sala.
Temos observado certo interesse por esta prática musical, os jogos de mãos e copos,
por parte de alguns professores que se utilizam deste recurso em suas aulas e pesquisadores
que se dedicam a escrever sobre novas metodologias e nos trazem sugestões de atividades,
como, por exemplo, Gainza (1996), Beineke e Freitas (2006), entre outros. Suas pesquisas nos
impulsionam a estar sempre buscando novas metodologias para a aula de música na educação
básica, que hoje é um grande desafio devido à escassez de materiais pedagógicos,
instrumentos musicais e muitas vezes uma estrutura inadequada para a realização da aula de
música.
No segundo capítulo, abordo de maneira geral a implementação da Lei 11.769 de
18/08/2008 (BRASIL, 2008), que trata da obrigatoriedade do conteúdo música na educação
básica. Ressalto também os Parâmetros Curriculares Nacionais/PCN, que destacam em sua
introdução sobre o ensino de arte no Brasil algumas competências que este ensino desenvolve.
Levanto alguns questionamentos sobre quais materiais didático-pedagógicos utilizar na aula
de música sem perder a qualidade da aula. Faço uma abordagem sobre os jogos na educação
musical de modo geral, a proposta de Froebel sobre a concepção do jogo na educação infantil
e outros conceitos na visão de vários autores no âmbito da educação musical, como Storms
(1996), Gioca (2001), Brito (2003) e concluo falando um pouco sobre os jogos de mãos
baseado na autora Gainza (1996), que em seu livro - Juegos de Manos – 75 rimas e a
canciones tradicionales com manos y otros gestos, reúne diversos jogos de mãos e cria um
sistema de símbolos para descrever e registrar os gestos presentes nas brincadeiras.
Para a pesquisa sobre os jogos de mão e copos, que é abordado no capítulo três, fiz um
levantamento na internet sobre o advento do “cup song” – a música do copo – e
principalmente em bibliografia acadêmica, como artigos publicados nas Revistas da ABEM
(Associação Brasileira de Educação Musical), trabalhos desenvolvidos dentro e fora da
academia como no CIART (Curso de Iniciação Artística da Escola de Música da UFRN) e
13
PIBID (Programa Institucional de bolsa de Iniciação a Docência), ajudaram a fundamentar a
pesquisa.
No capítulo quatro faço um relato de experiência sobre a utilização dos jogos de mãos
e copos nas aulas de música que lecionei na Escola Viva Moderna nos anos de 2014 e 2015.
O trabalho foi desenvolvido com as turmas do ensino fundamental I, no qual utilizamos jogos
já existentes de Beineke e Freitas (2006) e adaptamos alguns outros, com a participação dos
alunos.
Por fim, nas considerações finais, ressalto a importância dos jogos de mãos e copos
utilizados como ferramenta pedagógica nas aulas de música da Educação Básica, pelo fato de
se tornar um processo bastante atrativo para as crianças e pela abrangência de elementos
musicais que podem ser trabalhados de um modo geral.
14
2. MÚSICA NA EDUCAÇÃO BÁSICA
O ensino da Música constitui hoje uma das competências obrigatórias nas escolas do
Brasil, seja na Educação Infantil, no Ensino Fundamental ou no Ensino Médio, como parte
integrante do currículo da disciplina de Artes, segundo a Lei 11.769 de 18/08/2008 (BRASIL,
2008). Tem sido bastante significativa a mobilização de professores e pesquisadores da área
de educação musical no sentido de garantir a presença da música nas escolas.
Os Parâmetros Curriculares Nacionais/PCN do Ensino Fundamental, em sua introdução
sobre a caracterização do Ensino da Arte no Brasil, destacam que tal ensino promove o
desenvolvimento da sensibilidade, da percepção e da imaginação, seja na realização das
formas artísticas, seja na apreciação e conhecimento de outras obras (BRASIL, 1997, p. 20).
A música, de uma forma ou de outra, sempre se fez presente na educação brasileira. Assim, a
aprovação da Lei 11.769/08, que trata da obrigatoriedade do ensino de música na educação
básica torna-se mais um passo dado a favor da educação musical, dando a devida importância
à necessidade da presença do ensino de música na educação escolar. Devido a esse grande
passo, muitos dos professores da educação básica estão em busca de novos métodos,
metodologias e materiais que se adequem à realidade em que estão inseridos, pois a maioria
das escolas, notadamente as da rede pública, não demonstra, ainda, ter uma estrutura
adequada e nem dispor de materiais para o ensino de música.
A música como atividade educativa, quando inserida no contexto
escolar, encontra ainda, (...) uma série de limitações, tais como
carência de material músico-pedagógico, salas inadequadas, tempo
disponível reduzido, além de turmas numerosas e heterogêneas.
(LOUREIROR, 2003, p.23).
No entanto, se faz necessário refletirmos sobre como enfrentar esse desafio que é
lecionar em uma escola regular de educação básica, sabendo que certamente haverá muitos
obstáculos a serem vencidos. São muitas as questões a serem respondidas, por exemplo: Que
materiais de ensino utilizar? Como aplicá-los? Que atividades desenvolver? Como dar aula de
música sem instrumentos musicais convencionais? Diante disso, torna-se relevante fazer uma
sondagem sobre o que se pode tornar utilizável na sala de aula de música, que materiais
sonoros explorar sem perder a essência e a qualidade da aula de música.
Nota-se que há uma devida importância em relação ao brincar na educação de modo
geral e, mais ainda na educação musical, esse tema vem sendo bastante abordado em
15
pesquisas, pois o brincar tem sido muito valorizado como forma de lidar com a vida de forma
criativa, expressiva e musical das crianças. Para tanto, não podemos deixar de mencionar
alguns dos métodos ativos que atribuem muita importância à participação do aluno por meio
experimental de atividades criativas como forma de se engajar com o objeto do conhecimento.
(VILELA, 2012, p.78).
Na educação musical, os jogos de mãos, corporais, as atividades lúdicas, as
brincadeiras cantadas, ocupam um notável lugar de destaque, desde a difusão dos métodos
ativos da primeira metade do século XX: Jacques-Dalcroze, Willems, Martenot, Orff, Kodály,
entre outros, que valorizam a vivência musical de maneira lúdica e a partir do próprio corpo,
antes mesmo que a técnica e a teoria fossem aplicadas (ALMEIDA e LEVY, 2013, p.11).
Baseado nesses autores, podemos refletir melhor acerca de quais materiais podem ser
utilizados ou ainda reaproveitados na aula de música, especificamente os jogos musicais.
Para tanto, em uma aula de música da Educação básica é importante trabalhar com
elementos que estão mais acessíveis, como o próprio corpo, por exemplo, utilizar materiais de
baixo custo, como copos de plástico e outros, mesmo havendo alguns instrumentos
“convencionais” a disposição, já que o corpo e esses materiais podem propiciar uma
exploração sonora bastante significativa, por possuírem várias possibilidades timbrísticas.
Promovendo, assim, a criatividade e expressividade de cada aluno em suas descobertas
sonoras.
2.1. OS JOGOS NA EDUCAÇÃO MUSICAL
Etimologicamente a palavra jogo vem do latim “incus” e significa diversão,
brincadeira. É uma atividade presente desde as grandes e antigas culturas. Os gregos e
romanos, por exemplo, reconheciam sua importância e contribuição para a educação das
crianças. O próprio Platão atribuiu um grande valor pedagógico a esse tipo de atividade.
Nessas sociedades, os jogos se constituíam um meio de se tomar consciência de papéis sociais
e de assimilar valores, conhecimentos e leis (Jesus, 2010, p.3). Entretanto, é na Renascença,
no século XVI, que os jogos assumem definitivamente sua função educativa, com o advento
da educação humanista. No Brasil, por exemplo, a educação jesuítica começou a perceber o
valor didático dessa atividade e foi a primeira a experimentá-los em sala de aula. Nos Estados
Unidos, na virada dos séculos XVIII e XIX, se adere à proposta de Froebel que confiava no
uso dos jogos na educação infantil e sua ideia se fortaleceu em vários países. (Jesus, 2010,
p.4).
16
A dificuldade de compreender o termo jogo, uma vez que significados distintos são
atribuídos a ele, é refletida por muitos estudiosos. Por pertencer a uma grande família com
semelhanças e diferenças, o termo jogo apresenta tanto características comuns como
especificidades. Existe uma rede complicada de semelhanças que se envolvem e se cruzam
mutuamente. Dentro de uma variedade de significados, são as semelhanças que permitem
classificar jogos de faz‐de‐conta, de construção, de regras, de palavras e inúmeros outros.
Segundo Ger Storms (1996, p.15), jogo musical deve ser entendido como atividade
regulamentada por regras. O autor acrescenta ainda que jogar é sair da rotina e convergir às
atenções para uma situação desafiadora; é sentir e pensar. É uma atividade pedagógica que
coloca a música e seus elementos como protagonistas da cena. O jogo deve visar o
desenvolvimento da criança e a estruturação do conhecimento.
Maria Gioca (2001, p.23) nos afirma, à luz da teoria de Piaget, que o jogo é
organização de conhecimento. Pois, através do processo de assimilação, a criança integra um
novo dado motor ou conceitual às estruturas cognitivas de que já dispõe. Entretanto, quando
não existem esquemas suficientes para receber esse novo dado, uma nova estrutura se forma
pelo processo de acomodação. Assim, jogar é construir conhecimento.
Teca Brito (2003, p.31) vai além e afirma que o fazer musical é um jogo sensório-
motor, simbólico e com regras. A criança no seu desenvolvimento transcorre pelos três
momentos. O primeiro está relacionado ao ato de explorar o som e o gesto. Posteriormente,
ela brinca com o jogo simbólico e começa a definir significantes e significados. E ao
compreender o que é permitido e proibido, ingressa no jogo das regras sociais.
A participação em jogos musicais é uma oportunidade de desenvolver aptidões,
capacidade de escuta e concentração, comunicação e trabalho em grupo. Jogar promove o
autoconhecimento, ajuda a se pôr à vontade e vencer a timidez, cria sentimento de segurança e
faz desaparecer o receio, além de ser uma forma de aprender a considerar os sentimentos e
individualidades dos outros (STORMS, 1996, p.19-20).
Para o pedagogo e musicista Edgar Willems (1890-1978), que considera as relações
entre os elementos fundamentais da música e a natureza humana; em relação ao aspecto
prático, propõe vários materiais sonoros que podem estabelecer as bases rítmicas e auditivas
da música, que agregados aos jogos musicais podem trazer bons resultados. Ele indica além
de canções, brinquedos musicais, bolas de gude, objetos comprados em magazines, apitos,
guizos, placas de vidro ou metal, entre outros (WILLEMS, 1970, p. 74-77, apud MORAIS,
2012, p. 78). O autor adverte que não basta ter o material; é preciso saber utilizá-lo
17
adequadamente. O educador deve permitir que a criança concentre-se nos sons e nas suas
aplicabilidades rítmicas e melódicas.
Esses estudos nos permitem explorar alguns jogos musicais, como por exemplo, os
jogos de mãos, pois se observa um envolvimento criativo das crianças com esse tipo de jogo e
essa relação contempla transformações na música, nos movimentos corporais, gestuais e de
criação de novos jogos remetendo a mais uma opção de se explorar o fazer musical. Os jogos
de mãos caracterizam-se pela musicalidade, marcado pela transmissão oral, assumindo
características de anonimato, tradição, conservação, mudança, transformação e
universalidade.
Figura 1: Crianças brincando de Jogos de Mãos em dupla
Fonte: Site Lenga la Lenga
De acordo com Gainza (1996, p.13), os jogos de mãos apresentam um caráter
universal aparecendo em quase todos os países e culturas e apresentando, em alguns casos,
características similares por responderem a certas necessidades funcionais comuns a todas as
pessoas. A frequência desses jogos tradicionais infantis explica-se pelo poder de oralidade,
que enquanto manifestação espontânea da cultura popular tem a função de perpetuar a cultura
infantil e também desenvolver formas de convivência social.
Uma das pesquisas bastante significativas sobre os jogos de mãos encontra-se no
trabalho de Gainza (1996) em seu livro intitulado Juegos de Manos: 75 rimas e a canciones
tradicionales com manos y otros gestos, no qual a autora faz um estudo sobre os “jogos de
mãos” também chamados por ela de brincadeiras de mãos, praticados pelas crianças em
diferentes ambientes. Neste trabalho, a autora recolhe alguns jogos de mãos e cria um sistema
de símbolos para descrever os gestos presentes nessas brincadeiras.
18
Figura 2: Crianças brincando de Jogos de Mãos em grupo
Fonte: Site Lenga la Lenga
O jogo de mãos e copos, que será abordado mais especificamente nesse trabalho, tem
se tornado, não só nas salas de aula de música, como também em vários lugares um
contagiante processo criativo musical. Muito tem se observado na internet a proliferação
desse jogo executado principalmente pelo público infanto-juvenil. Os jogos de mãos e copos
na educação musical podem ser mais uma ferramenta para auxiliar no processo de ensino
aprendizagem das aulas de música na educação básica. Para Almeida e Levy (2013, p.13), a
atividade com ritmo e copos, além de ser bastante interativa e divertida, desenvolve a
coordenação motora e aumenta a consciência rítmica.
3. JOGOS DE MÃOS E COPOS
Temos observado ultimamente que o jogo de mãos e copos tem se tornado uma
verdadeira tendência, principalmente na internet com o famoso “cup song” - a música do
copo. Esse termo surgiu a partir da cena do filme “A escolha perfeita”, no qual a atriz Anna
Kendrick em sua audição, faz uma performance musical com o copo. A cena ficou tão famosa
que a atriz foi convidada a repetir ao vivo no programa de entrevistas de um canal de TV
americana. Desde então, muitos tem reproduzido essa performance variando e reinventando
seus movimentos, utilizando os sons do copo como acompanhamento musical.
Por ser mais um meio de se executar ritmos variados, o jogo de mãos e copos tem
despertado a atenção de pesquisadores no âmbito da educação musical para essa prática e
quais as suas implicações no que se refere ao fazer musical consciente. Muitos projetos como
o Lenga la Lenga de Viviane Beineke e Sérgio Paulo Freire que atuam na pesquisa e na
produção musical para o público infanto-juvenil, propõe materiais que partem de propostas
pedagógico-musicais para uso do professor na Educação Básica. Em sua proposta é
disponibilizado alguns de jogos de mãos e copos que podem ser utilizados e reinventados na
aula de música. A educadora Berenice de Almeida, juntamente com Gabriel Levy em artigo
19
publicado na Revista da ABEM v.5. n.5 (2013), Brincadeiras e brincadeirinhas: Uma
experiência de formação de professores pelo Brasil, apresentam várias experiências sobre
pensar e fazer música no ambiente escolar. Para isso, disponibilizam algumas atividades que
envolvem os jogos de mãos e copos, explorando os sons que o copo pode produzir e
desenvolvendo um fazer musical bastante interativo e contagiante e também alguns exemplos
de brincadeiras que podem ser adaptadas de acordo com a turma e o conteúdo que se deseja
trabalhar em sala. Por exemplo, A B C dos copos, Pipoco, Copo cânone, são atividades de
nível inicial para a adaptação ao copo, o gestual e sonoridades.
Analisando as crianças em ação, pudemos observar como as
menores se relacionam com as brincadeiras musicais. Elas
olham as crianças mais velhas realizando as músicas e, com
toda a naturalidade, inventam outras formas de realizar os jogos
rítmicos, entrando na brincadeira. Para o professor, poderia
surgir uma preocupação sobre o nível de dificuldade dos jogos
de copos, mas as crianças nos mostram que este não é um
problema, à medida que elas mesmas encontram uma forma de
brincar adequada à sua habilidade musical e instrumental. Essa
é uma ideia que deveria sempre permear a realização das
músicas, pois observando como as crianças se apropriam das
brincadeiras poderemos, com cada grupo, de diferentes faixas
etárias, criar novas formas de jogar e fazer música em conjunto.
(BEINEKE, 2011, p.14 ).
Nesse contexto, o jogo de mãos e copos como ferramenta pedagógica na Educação
básica pode nos trazer várias opções de atividades para a aula de música e partindo do que já
se conhece sobre a “música do copo” - “cup song” - que foi bastante disseminado entre o
público infanto-juvenil, inclusive em programas de calouros que tem sido bastante frequente a
performance musical com copos, é possível desenvolver diversos jogos e sequências rítmicas
que se adequem ao conteúdo que se deseja trabalhar em sala, adquirindo uma consciência
musical e criativa através dos jogo de mãos e copos.
20
Figura 3: Criança experimentando o jogo de mãos e copos
Fonte: Site Lenga la Lenga
Figura 4: Criança experimentando as sonoridades do copos
Fonte: Site Lenga la Lenga
Nas academias também vem sendo desenvolvidos vários trabalhos com jogos de
mãos e copos, por exemplo, no Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência
(PIBID - Música/UFRN). Tem sido bastante comum essa prática nas atividades dos bolsistas
com as turmas de Educação básica, promovendo socialização e integração entre eles, além de
desenvolverem várias habilidades musicais. Pelo que pude observar de algumas aulas que
participei, a proposta dos participantes do PIBID era sempre partir do princípio da vivência
21
primeiro e depois a tomada de consciência. A prática antes da teoria, era dessa forma que
costumava ser. Os alunos exploravam os sons que os copos produziam e as palmas, a junção
das palmas e batidas dos copos na mesa, em seguida faziam uma atividade de bater o copo e
passar para o lado, com um determinado pulso a ser marcado. Somente no final da atividade
era que se tomava consciência dos elementos musicais que foram praticados anteriormente,
como por exemplo, sentido de lateralidade, timbre, pulso, ritmo. Foi bastante interessante essa
prática, pois fez com que os alunos pudessem construir seus próprios conceitos através da
vivência, dando significado ao aprendizado.
Também na CIENTEC 2015 – Semana de Ciência, Tecnologia e Cultura da UFRN –
pudemos observar que foram desenvolvidas várias atividades utilizando os jogos de mãos e
copos em estandes e minicursos, uma atividade muitíssimo interessante, pois chamava
bastante à atenção de quem passava pelo estande onde estava sendo apresentados alguns
jogos. Pessoas de todas as idades queriam participar. Logo depois do jogo, era feito alguns
apontamentos referentes aos elementos musicais trabalhados.
Assim como no Curso de Iniciação Artística da UFRN – CIART, também foram
desenvolvidas algumas atividades utilizando os jogos de mãos e copos para auxiliar no
processo de ensino aprendizagem das crianças.
Figura5: Crianças brincando de Jogos de Mãos e Copos
Fonte: Site Lenga la Lenga
22
4. UM RELATO SOBRE A PRÁTICA DOS JOGOS DE MÃOS E COPOS
NA ESCOLA VIVA MODERNA
4.1. A Escola Viva Moderna
A Escola Viva Moderna situa-se no Bairro do Tirol na Cidade de Natal e é uma
instituição de ensino da rede privada, com o público-alvo do Ensino Infantil ao Ensino
Fundamental no turno matutino. A escola trabalha com uma proposta pedagógica voltada para
a cultura e o trabalho, esforçando-se para que o aluno se torne autônomo, crítico e
participativo, capaz de atuar na sociedade com competência, dignidade e responsabilidade.
A instituição também oferece algumas oficinas pedagógicas no turno da tarde como,
Oficina de violão, Baú de Leitura, Cinema e Teatro, proporcionando ao aluno mais tempo de
atividades dentro da escola. A Escola trabalha com uma proposta temática anual, onde se
pesquisa um novo tema para ser desenvolvido no decorrer do ano. Geralmente nas reuniões
pedagógicas são discutidas propostas e sugestões de temas por todos os professores e
coordenadores pedagógicos. No ano de 2014, foi trabalhado um tema sobre a América Latina,
no qual todas as atividades remetiam ao tema proposto, principalmente nos eventos oficiais da
escola, como na Semana do Folclore, na Semana de Humanidades e no Musical de
encerramento do ano letivo. Porém, os professores tem bastante liberdade para escolher os
conteúdos a serem trabalhados e as metodologias a serem utilizadas.
4.2. Atividades desenvolvidas nas aulas de música no Ensino Fundamental I
As aulas de música realizadas na Escola, em sua maioria, são de forma prática. Com
as turmas de ensino infantil, procuramos desenvolver atividades lúdicas, principalmente para
trabalhar a apreciação musical e expressão corporal. Já com as turmas de nível fundamental,
trabalhamos várias atividades de prática de conjunto, já que a escola dispõe de alguns
instrumentos de bandinha rítmica, sendo possível fazer uma prática de conjunto com canto e
instrumentos de percussão. Também trabalhamos a reciclagem com construção de
instrumentos musicais.
Todos os anos os alunos apresentam um musical no final do ano, que também é
temático. Os ensaios para o musical acontecem dentro das aulas de música, já que, o elemento
mais importante do musical é a música. O musical geralmente acontece fora da escola, em um
espaço alugado, onde as crianças são direcionadas até o local para ensaios antes da
apresentação oficial. Na preparação do musical todos os professores da escola dividem as
23
tarefas, de modo que todos se envolvem no processo. Alguns professores ficam responsáveis
pela coreografia, outros pelo figurino das crianças, outros por ensaiar as falas, e assim todos
participam. O musical é um dos eventos da escola que todos anseiam por participar, tanto as
crianças, como os professores e toda a equipe de apoio da escola.
4.3. Os jogos de mãos e copos utilizados nas aulas de música
Inicialmente os jogos de mãos e copos na Escola Viva Moderna, onde leciono, se deu
início por meio de uma competição, onde os alunos do 6º ano viram no YouTube uma
performance e tentavam reproduzir. Observando o interesse das crianças pelo jogo, comecei a
pensar: como utilizar o jogo de copos na aula de música? Com os planejamentos e pesquisas
realizadas nos estudos, principalmente de Beineke e Freitas (2006), em seu Livro Lenga la
Lenga, comecei a adaptar o jogo para as turmas.
Para as turmas de nível 1, do ensino fundamental 1, foi mais fácil introduzir os jogos
na aula, pois eles já tinham uma certa familiaridade. Iniciei explorando primeiro as
sonoridades dos copos, por exemplo, boca do copo para baixo, boca do copo para cima,
arrasta o copo, copo com copo, depois os movimentos de “passar o copo” para o lado, e só
depois introduzi a música para ser acompanhada com os copos.
A primeira música cantada e acompanhada com os copos foi “Escravos de Jó”
(Folclore Brasileiro) onde havia formas específicas de acompanhamento para cada parte da
música. Em alguns momentos, os alunos passavam o copo ao colega da direita, em outros,
deixavam o copo parado e ainda faziam gestos em alusão à letra da canção. Foi bastante
significante essa atividade, pois, percebi que muitos entenderam as diferenças de timbre, os
diferentes sons que o copo pode produzir e ainda podemos trabalhar a coordenação motora no
momento em que se passava o copo para o lado sem perder o compasso da música.
Outra atividade que fizemos, consta no livro: Lenga la Lenga (BEINEKE e
FREITAS, 2006, p. 34), com a música “Rabo do Tatu”. Em uma roda, as crianças sentadas no
chão com os copos, cantavam uma vez a letra: “Viva eu, viva tu, viva o rabo do tatu”. E na
segunda vez, faziam o jogo de mãos e copos, com palma, pegar o copo pelo fundo e puxar o
copo para si. Depois, palma, pega o copo pelo fundo e passa para o colega do lado. Em
seguida, palma, pega o copo pelo fundo, bater com o copo no chão por duas vezes, e por
último, palma, pega copo pelo fundo e arrasta o copo para o colega do lado.
24
Figura 6: Rabo do Tatu
Fonte: Site Lenga la Lenga
Essa atividade foi bastante interessante e bem aceita pela turma, todos participaram
de maneira bastante eficaz e gostaram muito, contribuíram com sugestões, ideias de como
bater o copo, enfim, foi bastante interativo. Nessa aula não deu tempo de fazer a reflexão
sobre os conteúdos musicais explorados com o jogo, mas na aula seguinte começamos com
um link dessa aula para o próximo jogo que iríamos trabalhar e foi feito uma rápida análise do
que se pôde extrair de elementos musicais do jogo anterior. Falamos um pouco sobre ritmo,
timbre, concentração, sentido de lateralidade, tipos de palma (se com a mão aberta, ou em
forma de concha), entre outros elementos. No próximo jogo os alunos já estavam mais
seguros e cientes dos elementos musicais que estavam trabalhando.
Para as turmas de nível 2, do fundamental 1, trabalhamos um jogo um pouco mais
complexo, havendo antes uma preparação. A maioria da turma já havia praticado o jogo e
tentavam reproduzir o “cup song” com a música “Asa Branca” (Luiz Gonzaga e Humberto
Teixeira), tentando cantar a música e acompanhá-la com o jogo de copos. Então utilizei o
mesmo jogo de copos como acompanhamento para várias outras músicas. Para facilitar,
utilizei algumas figuras para representar cada gesto e movimento com o copo. Por exemplo:
25
Tabela 1 - símbolos utilizados nos jogos de mãos e copos
Para 2 palmas ××
Três batidas na mesa ≡
Para 1 palma ×
Copo virado para baixo ↓
Boca do copo na mão ≈≈
Copo virado para cima ↑
Girar copo ©
Símbolos criados com a turma do nível 2 do fundamental I
Com esse jogo foi possível desenvolver vários acompanhamentos para várias
canções, como por exemplo: “Asa Branca” de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira e
“Siyahamba” que é uma música Sul africana. Aos poucos todos conseguiram reproduzir o
jogo musical. Do mesmo modo, depois da atividade foram abordados os aspectos musicais de
cada movimento e suas aplicabilidades. Pude perceber que os alunos gostaram bastante em
reproduzir a música através de um jogo bastante divertido e interativo.
Também utilizei algumas atividades do Portal do Professor na internet, onde tivemos
que fazer algumas adaptações e que também podem ser utilizadas como sugestões de
atividades:
Atividade nº 1
Título: “1, 2, 3 e passou”
Fonte: Portal do professor
Turma: Essa atividade pode ser utilizada para turmas de ensino fundamental.
26
Comentários: Essa atividade consiste em uma preparação para um jogo mais complexo. É de
fácil execução e servirá para introduzir o copo na aula de música.
Objetivos: Fazer se familiarizar com os sons que o copo pode produzir, trabalhar a
concentração, a lateralidade, e explorar a sonoridade do copo, uma vez que permite inúmeras
possibilidades e variações de execução.
Aplicação da atividade: Os alunos devem sentar em roda e portar um copo de plástico, em
seguida deverá passar o copo para o colega do lado direito, em compasso quaternário,
cantando a frase: “1, 2, 3 e passou”. Como mostra a seguir:
Após algumas rodadas com o mesmo movimento, pode-se utilizar um instrumento
harmônico para acompanhar.
Pode-se estabelecer que os alunos fiquem marcando a pulsação com os copos uma vez,
durante toda a música, e na segunda vez passar o copo para o lado.
Atividade nº 2
Título: O jogo do “Pa-tum-tá”
Fonte: Portal do professor
Turma: Essa atividade pode ser utilizada para turmas de qualquer ano do ensino
fundamental.
Comentários: É uma variação um pouco mais complexa do que a atividade anterior (“1, 2, 3
e passou”) por apresentar mais elementos gestuais.
27
Objetivos: Acrescentar palmas, além do manuseio de copos, e o canto, podendo trabalhar a
concentração, andamento, dinâmica, afinação e vários outros elementos, dependendo do
objetivo da aula de música.
Aplicação da atividade: Os alunos devem estar sentados em círculo, cada um com um copo.
Sugerimos que o gestual de mãos seja executado algumas vezes, sem que os copos sejam
passados, para que o movimento seja fixado.
Nos dois primeiros compassos, o gesto se repete. Na primeira colcheia o aluno deve
bater palma, na segunda colcheia deve-se pegar o copo e tira-lo do chão, na semínima bate o
copo com a boca para baixo no chão. Como mostra a seguir:
No terceiro compasso o gesto se mantem igual, com o acréscimo da última colcheia,
em que o copo é batido novamente no chão. Em seguida propor executar os movimentos
cantando a letra “Pa-tum-tá”
Pode variar o andamento da música a cada rodada.
28
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Trabalhar com os jogos de mãos e copos diretamente na aula de música foi uma
experiência bastante interessante e satisfatória, porém desafiadora, mas, pude alcançar
objetivos dos quais não pensava antes alcançá-los.
Para iniciar este trabalho, trouxe uma reflexão sobre a implementação da lei 11.769
discutindo o papel do conteúdo de música nas aulas da educação básica, suas implicações e
desafios. Abordando também os jogos musicais como ferramenta pedagógica na aula de
música. Trouxe também algumas contribuições teóricas sobre a utilização dos jogos musicais.
Em seguida faço uma abordagem especificamente sobre os jogos de mãos e copos
dialogando sua aplicabilidade na aula de música, como por exemplo, a interação da turma
para fazer a atividade, a disponibilidade dos alunos para se reunirem no intervalo das aulas
para jogarem juntos e principalmente os aspectos musicais, compreensão rítmica das canções,
dinâmica, entre outros elementos.
Logo depois faço um apanhado geral de toda o trabalho realizado na escola Viva
Moderna com os alunos das turmas de nível 1 e 2 do fundamental, na qual desenvolvi várias
atividades utilizando os jogos de mãos e copos e pude refletir sobre as práticas que mais
tiveram êxito e as que não funcionaram muito bem.
Foram desenvolvidas algumas atividades utilizando os jogos de mãos e copos
juntamente com as turmas que trabalhei, atividades essas que servem como sugestões para as
aulas e que podem ser adaptadas de acordo com os conteúdos a serem trabalhados.
Tudo se tornou possível através da prática dos jogos e da construção do
conhecimento a partir da vivência que os alunos já traziam para a escola, pois a ideia de usar o
jogo de mãos e copos nas aulas de música surgiu através da observação dessa prática pelos
alunos nos intervalos das aulas. Foi bastante perceptível a compreensão por parte dos alunos
de muitos elementos musicais nas atividades.
Acredito que essa prática, os jogos de mãos e copos, como ferramenta pedagógica,
possibilita diversas formas de se trabalhar conteúdos musicais de forma lúdica,
principalmente por ser uma atividade que tem sido bastante abordada na internet, tornando-se
a “atração do momento”. Muitos têm reproduzido o jogo, inventando e reinventando maneiras
de jogar.
Levando em consideração a aprendizagem de modo criativo, as práticas musicais na
sala de aula de música não se detêm apenas em criar sempre algo novo para os estudantes de
música ou à aplicabilidade de conhecimentos já adquiridos, pois muito mais do que os
29
materiais elaborados em aula, o foco são as aprendizagens colaborativas, de seres humanos
que se relacionam entre si, que se escutam e que sempre aprendem uns com os outros. Nessa
perspectiva, os jogos de mãos e copos podem ser mais uma alternativa possível quando se
deseja construir uma educação musical na escola básica que contribua com a formação de
pessoas mais sensíveis ao outro, mais solidárias e que vivam em harmonia.
30
REFERÊNCIAS
ALMEIDA, B.; LEVY, G. Brincadeiras e brincadeirinhas: uma experiência de formação
de professores pelo Brasil. Revista da Abem, v.5, n.5, p.8-23, 2013.
BEINEKE, Viviane; FREITAS, Sérgio Paulo Ribeiro de. Lenga la Lenga: jogos de mãos e
copos. São Paulo: Ciranda Cultural, 2006.
BEINEKE, Viviane. Música, jogo e poesia na educação musical escolar. Música na
Educação Básica. Porto Alegre, v.3, n.3, 2011.
BRASIL. Lei no 11.679, de 18 de agosto de 2008. Diário Oficial [da] República Federativa
do Brasil. Brasília, D.F., 18 ago. 2008. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2008/lei/l11645.htm: Acesso em: 08
nov. 2015.
BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: arte.
Brasília: MEC/SEF, 1997.
BRITO, Teca Alencar de. Música na Educação Infantil. 2. ed. São Paulo: Peirópolis, 2003.
GAINZA, Violeta Hemsy de. Juegos de Manos: 75 rimas y canciones tradicionales com
manos y otros gestos. Buenos Aires: Guadalupe, 1996.
GIOCA, Maria Inez. Monografia; O jogo e a aprendizagem na criança de 0 a 6 anos.
Universidade da Amazônia, 2001.
JESUS, Ana Cristina Alves de. Histórico dos jogos na educação. In: JESUS, Ana Cristina
Alves de. Como aplicar jogos e brincadeiras na educação infantil. Rio de Janeiro: Brasport,
2010. Cap. 1. p. 3-5.
Lenga la Lenga: http://www.lengalalenga.com.br/ Disponível em:
http://www.lengalalenga.com.br: Acesso em: 08 nov. 2015.
31
LOUREIROR, Alícia Maria Almeida. O Ensino da Música na Escola Fundamental:
dilemas e perspectivas. Revista do Centro de Educação, Santa Maria, RS, Volume 28, Nº 1,
2003. Disponível em: http://coralx.ufsm.br/revce/revce/2003/01/a8.htm. Acesso em: 08 nov.
2015.
Portal do professor: portal.mec.gov.br/portal-do-professor Disponível em:
http://portaldoprofessor.mec.gov.br/index.html.htm: Acesso em: 08 nov. 2015.
STORMS, Ger. 100 Jogos Musicais. Rio Tinto – Portugal: Asa, 1996.
VILELA, Daniela de Morais. Educação Musical: materiais concretos e prática docente. 1.
ed. - Curitiba: Appris, 2012.
Esta versão foi revisada e aprovada pelo(a) orientador(a), sendo aceite, pela
Coordenação de Graduação em Música, como versão final válida para depósito
no Repositório de Monografias da UFRN.
Valéria Lazaro de Carvalho
Coordenadora dos Cursos de Graduação