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A FIGURA DA MULTIDÃO E O MOVIMENTO ALTERMUNDIALISTA: uma abordagem crítica Juliana Carvalho Miranda Teixeira 1 Resumo O texto sublinha o caráter abstrato e vago da reelaboração pós- marxista de Antonio Negri e Michael Hardt da ideia spinozista de multidão para designar o novo sujeito revolucionário da era da globalização capitalista, bem como exprimir a realidade dos novos movimentos sociais que se colocam na perspectiva de construção de outro mundo. No quadro da crise do capitalismo global, o texto propõe a atualização do conceito marxiano de luta de classes do entendimento da genericidade humana, e a superação de forma crítica e radical da ideia de luta exclusivamente contra a dimensão da exploração capitalista do homem pelo homem. Palavras-chave: Multidão. Movimentos anticapitalistas. Crise. Capitalismo Global. Luta de Classes. Abstract The text emphasizes the abstract and vague post-Marxist reworking of Michael Hardt and Antonio Negri's idea of Spinoza multitude to designate the new revolutionary subject of the age of the capitalist globalization, as well as express the reality of the new social movements that arise in perspective construction of another world. In the context of the crisis of global capitalism, the text proposes to update the Marxian concept of class-conflict understanding of the human race, and overcoming a critical and radical idea of fighting alone against the dimension of capitalist exploitation of man by man. Keywords: Multitude. Anticapitalists movements. Crisis. Global Capitalism. Class-conflict. 1 Estudante de Pós Graduação. Université Paris X – Nanterre. [email protected]

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A FIGURA DA MULTIDÃO E O MOVIMENTO ALTERMUNDIALISTA: uma abordagem crítica

Juliana Carvalho Miranda Teixeira1

Resumo

O texto sublinha o caráter abstrato e vago da reelaboração pós-marxista de Antonio Negri e Michael Hardt da ideia spinozista de multidão para designar o novo sujeito revolucionário da era da globalização capitalista, bem como exprimir a realidade dos novos movimentos sociais que se colocam na perspectiva de construção de outro mundo. No quadro da crise do capitalismo global, o texto propõe a atualização do conceito marxiano de luta de classes do entendimento da genericidade humana, e a superação de forma crítica e radical da ideia de luta exclusivamente contra a dimensão da exploração capitalista do homem pelo homem. Palavras-chave: Multidão. Movimentos anticapitalistas. Crise. Capitalismo Global. Luta de Classes.

Abstract The text emphasizes the abstract and vague post-Marxist reworking of Michael Hardt and Antonio Negri's idea of Spinoza multitude to designate the new revolutionary subject of the age of the capitalist globalization, as well as express the reality of the new social movements that arise in perspective construction of another world. In the context of the crisis of global capitalism, the text proposes to update the Marxian concept of class-conflict understanding of the human race, and overcoming a critical and radical idea of fighting alone against the dimension of capitalist exploitation of man by man.

Keywords: Multitude. Anticapitalists movements. Crisis. Global Capitalism. Class-conflict.

1 Estudante de Pós Graduação. Université Paris X – Nanterre. [email protected]

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1 INTRODUÇÃO

Na era do Império (HARDT; NEGRI, 2000) emerge uma nova subjetividade cujo

desejo revolucionário de democracia acabará por ruir as bases desse novo imperialismo

organizado em nível global, sob a posição central dos Estados Unidos, dos grupos compostos

pelas nações mais ricas do planeta e das organizações internacionais (monetárias) tais como o

Fundo Internacional Monetário (FMI) e o Banco Mundial (BM).

Essa era imperial ou “nova ordem mundial” é também marcada pela impotência dos

poderes dos Estados-nações. O processo de mundialização capitalista é segundo Negri e Hardt

um momento de consolidação de um Estado mundial em que as fronteiras entre as nações

desaparecem, já que o “Império não estabelece o centro territorial de poder e tão pouco se apoia

sobre as fronteiras ou barreiras fixas. É um aparelho descentralizado e desterritorializado e

governança mundial”. Se o imperialismo do século XIX classificava os territórios conforme as cores

das bandeiras dos Estados-nações (por exemplo: vermelho para os territórios britânicos, azul para

os domínios franceses, verde para os portugueses etc.), o imperialismo do fim do século XX e

início do século XXI mistura estas cores nacionais formando o que os autores denominam de o

“arco-íris do Império” (HARDT, NEGRI, 2000, p. 17).

Nesse sentido, vale ressaltar que para estes autores o Império difere do que se

chamou durante séculos de imperialismo. Como se percebe pelas indicações dadas, Negri e Hardt

(2000, p. 16) sustentam a hipótese de que a soberania tomou uma nova forma e que agora é

exercida por uma série de organismos nacionais e supranacionais que estão unidos sob a lógica

única de governo.

Mas “o Império não nasceu de sua própria vontade” (Id., p. 39) ele foi forçado a ser e

a constituir-se pela sua capacidade de “solucionar” os conflitos emergentes no nível dos Estados-

nações na era moderna, mas ele já “nasceu em crise” (Ibid., p. 45), diagnosticam Negri e Hardt.

Esse Império, “estágio supremo do imperialismo” (NEGRI, 2001) é consequência

direta da “potência da multidão” (HARDT; NEGRI, 2000, p. 475) ao mesmo tempo em que está

hierarquicamente superior à esta: “de certo ponto de vista, o Império está claramente acima da

multidão, que ele submete ao poder de sua máquina preponderante” (Id., p. 93).

Desta contradição os autores (se se “abstrai” os problemas teóricos dessa construção

apocalíptica) afirmam ainda que é “no interior do Império” (2000, p. 93) que começa a ser gestada

a classe – “a multidão é um conceito de classe” (HARDT; NEGRI, 2004, p. 129) – que será

responsável pela derrocada deste “Leviatã moderno” (HARDT; NEGRI, 2000, p. 93).

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Assim, e a partir da ideia spinozista de multidão, nossos autores a definem enquanto

“um conjunto de singularidades”, ou seja, a “um sujeito social cuja diferença não pode ser reduzida

à identidade, ou seja, uma diferença que resta diferente. E mesmo que ela seja múltipla, a multidão

não é por isto fragmentada, anárquica ou incoerente” (Id., p. 125); “a multidão é o sujeito comum

do trabalho, a carne mesmo da produção pós-moderna e, ao mesmo tempo, o objeto que o capital

coletivo tenta transformar em corpo de seu próprio desenvolvimento” (Ibid., p. 127).

O resultado dessa construção antinômica é a própria superação imediata, sem

mediações como o seria na proposta marxista o socialismo, dessa ordem mundial por uma

“potente organização” (2000, p. 493), um tipo de comunismo, imbuído do mesmo espírito, ou

melhor, dos valores dos “revolucionários do século XVIII” (2004, p. 352-353) – liberdade, igualdade

e fraternidade. Cabe então indagarmos que proposta concreta de superação é esta que resgata

princípios que consolidaram um modelo de democracia burguesa? A multidão infelizmente ainda

“não possui um projeto político claro e definido”. E como esse conjunto de singularidades vai

conceber esse projeto? Os autores não nos oferecem nenhuma indicação para além de enaltecer

os movimentos anticapitalistas que insurgiram ainda nos 1990.

É nessa perspectiva que se propõe a discussão da ação dos movimentos

anticapitalistas contemporâneos que, a nosso ver, se colocam muito mais na direção de uma

reforma do sistema, do que expressão da ação de uma multidão sem projeto que não se coloca no

plano teórico para além da luta contra a exploração na esfera do trabalho, seja material, seja

imaterial, dos homens pelos homens no âmbito do sistema capitalista em crise.

2 A MULTIDÃO E OS MOVIMENTOS ANTICAPITALISTAS CONTRA O IMPÉRIO

A ideia de multidão resgatada de certa leitura de Espinosa, passando por Maquiavel,

principalmente de Ética marca a ressignificação dessa, que na perspectiva de outros filósofos

como Hobbes, era preciso controlar para a construção de uma “cité nouvelle” (HARDT; NEGRI,

2000, p. 476).

Sinônimo de desorganização, de massa e de povo, a multidão de Negri em L’anomalie

sauvage: puissance et pouvoir chez Spinoza2 passa a traduzir a manifestação do conjunto das

singularidades e difere sutilmente do que traduzem os dicionários.

Publicada em 1981, esse livro de Negri centra a discussão em torno dos

acontecimentos de maio de 1968 na França, “ponto culminante de um longo ciclo de lutas”

2 Edição brasileira: NEGRI Antonio. A anomalia selvagem: potência e poder em Spinoza. Tradução de Raquel Ramalhete. São Paulo: Editora 34, 1993. 304 p. (Coleção Trans).

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(HARDT, NEGRI, 2004, p. 105), como uma expressão da ação comum da multidão, entendida

essa como a construção do comunismo.

Enquanto multidão, nós passamos a nos confrontar diretamente com o “universal

concreto” que é o Império dado o enfraquecimento da soberania de cada Estado-nação. Esta

crença dos referidos “pós-marxistas ocidentais3” (FARIAS, 2005) conduz ao erro de pensar que

são também desprezíveis as contradições entre as nações e os blocos regionais, uma vez

rejeitado o raciocínio dialético, cujo “poder foi definitivamente destruído com a superação da

modernidade4” (HARDT; NEGRI, 2000, p. 487).

A novidade essencial da nova ordem mundial é que o Império possibilita a criação,

segundo esses autores, de um potencial revolucionário mais expressivo do que o potencial da

época dos regimes modernos de poder. Isto porque “o Império nos apresenta, ao lado da sua

máquina de autoridade, uma solução alternativa: o conjunto de todos os explorados e submissos, a

multidão, se vê diretamente oposta ao Império, sem mediação entre eles” (Id., p. 474).

O fato é que essa “multidão” (HARDT; NEGRI, 2004) desejosa de um novo mundo

pautado no projeto do “amor comum” (NEGRI, 2010, p. 111), na igualdade e na liberdade das

singularidades é o que os autores acreditam ser o “novo” sujeito promotor de uma transformação

social do mundo pós-moderno ao do comum.

Neste sentido, e a partir de então, o mundo passou a se deparar com uma sorte de

ciclo de manifestações contra os abusos perpetrados pelo sistema capitalista, protagonizados

sobretudo por movimentos que defendem o lema de uma ação anticapitalista.

Os acontecimentos então que marcaram o início do novo século soaram para Negri e

seus amigos como uma manifestação da “potência” da multidão. Desde as manifestações em

Seattle até os Fóruns Sociais Mundiais, todos estes entre outros são resultados do “trabalho da

multidão” (BARCHIESI et al., 2002, p. 5) esforçada em reverter a lógica de exploração da

mundialização do capitalismo.

Para Negri e Hardt (2004, p. 105) o movimento altermundialista parece atender à

necessidade histórica de “novas dimensões de resistência” diante das “novas dimensões do 3 Para Laclau e Mouffe (2009) um pós-marxista é aquele que renuncia as prerrogativas epistemológicas baseadas na posição privilegiada de uma classe universal para discutir o atual grau de validade das categorias marxistas. “Não é mais possível manter o conceito de subjetividade e de classes elaborados pelo marxismo, nem a sua visão do curso histórico de desenvolvimento do capitalismo e muito menos, claro, que a concepção de comunismo como sociedade transparente da qual os antagonismos desaparecem” (p. 41-42, tradução nossa). 4 “O termo modernidade suporta em si duas acepções. Ela designa um valor (como se entende na expressão “é preciso ser moderno”) ou um estado de feitos recapitulando o que foi feito em nome da modernidade e durante a modernidade. Na perspectiva de valor, a modernidade é ainda a nossa frente, sempre no horizonte: é um ideal ético. Na perspectiva do estado de feitos, a modernidade é um fato passado, irremediavelmente já realizada: é um dado da história” (TRIGANO, 2006, p. 233, tradução nossa). Entendido isto, a modernidade a que Hardt e Negri fazem referência é a que nos remete a um estado de feitos de um momento que é historicamente determinado.

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poder”. Por estes movimentos, as ‘singularidades’ de interesses divergentes e mesmo opostos, se

reúnem e conseguem agir em comum sem que haja o direcionamento por uma entidade

hierarquicamente superior (como exemplos destas, os partidos ou os sindicatos), esses

movimentos constituem uma organização “reticular e horizontal” (Id., p. 110; 113).

No entanto, reconhecem como limite dessa nova forma de movimento o alcance

focalizado, somente “as massas da América Latina e da Europa” (Ibid., p. 112), é preciso que a

multidão propulsione uma ação em nível global, só assim, segundo eles, será possível a

instauração de uma nova ordem democrática e igualitária.

3 POR UMA COMPREENSÃO DA LUTA CONTRA A EXPLORAÇÃO, A DOMINAÇÃO E A

HUMILHAÇÃO

Apesar do desejo de transformação do mundo, com a instauração de uma democracia

absoluta, Negri e seus amigos simplificam sua visão anticapitalista unicamente pela luta contra a

exploração. Apesar de (contraditoriamente) afirmarem a hegemonia do trabalho imaterial sobre as

demais formas de trabalho na era pós-moderna, para esses autores “hoje, quase toda a

humanidade está mais ou menos absorvida pelos locais de exploração capitalista ou subordinados

a eles” (HARDT; NEGRI, 2000, p. 72, tradução nossa).

Os ditos movimentos anticapitalistas surgidos no fim do século passado, ao contrário

do que teorizam Negri e Hardt (2000; 2004), dirigem seus discursos e ações muito mais para a

resistência dos Estados-nações diante do processo de mundialização, do que enaltecer ou

mostrar-se favorável ao andamento de consolidação de um Império mundial5.

Nos não queremos mais invocar o “povo”, os “nacionalismos”, o “Estado forte”, a “unidade de todas as raças”, a “defesa incondicional do setor público”, os “direitos do homem”. A essas velharias populares e populistas, nós opomos o conceito de multidão, mesmo se não somos de acordo ainda sobre o seu papel político. [...] O Império é a forma de poder que corresponde à essa transformação (BARCHIESI et al., 2002, p. 10).

Os equívocos não se limitam somente à análise teórica do movimento real, bem como

dos efeitos da globalização capitalista. Os téoricos da multidão acreditam na potência desta que é

tida como o sujeito e objeto, ela produz e é explorada, inscrita “na dinâmica positiva da

mundialização” (BENSAÏD, 2008, p. 290).

Quanto à multidão explorada (perspectiva obreirista) Negri e Hardt acreditam que: 5 Em uma entrevista concedida ao Manifesto de 14 de setembro de 2002, Negri assinalou que “a Europa unificada pode oferecer um terreno sobre o qual subverter a ordem global”. Para ele então, a Europa unificada constituiria um progresso (BENSAÏD, 2008, p. 284).

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O conceito de exploração pode ele mesmo servir para resumir a contradição situada no centro das relações de dominação capitalista : os trabalhadores são submissos aos comandos capitalistas, e eles são lesados de uma parte da riqueza que eles produzem. Mas estes não são vítimas impotentes. Eles detêem ao contrário um poder imenso, pois eles são a fonte da riqueza. O termo oprimido designa talvez uma massa de excluídos, mas essa de explorados se reporta a um sujeito central, produtivo e poderoso (2004, p. 379).

Como se percebe pela citação acima, nossos autores acreditam que somente a

exploração deve ser tida como motivo de revolta e consequentemente de luta. Os oprimidos, no

sentido da dominação e da humilhação não se encontram em uma situação de protagonizar

qualquer tipo de ação contestatória à ordem vigente, o que segunda a análise de um grupo de

marxistas, constitui um limite para a compreensão da luta de classes hoje.

4 CONCLUSÃO

Um dos grandes equívocos da análise de Hardt e Negri em Império é de considerar

que o capitalismo construiu um espaço homogêneo para o exercício da sua soberania e que as

nações perderam seus caracteres específicos em nome de um “Estado Mundial”.

Mesmo que no topo da construção piramidal do Império estejam diversas instituições

de controle do capitalismo mundial, elas mesmas não deixam de refletir o jogo de interesses de

cada um dos Estados-nações diretamente comprometidos, como por exemplo, dos Estados Unidos

com o Fundo Monetário Internacional (FMI) e são ao mesmo tempo a expressão dos conflitos que

dividem esses poderes, e que opõem os Estados Unidos ao Japão e à União Europeia (esta

mesmo longe de ser homogênea).

Além disso, a essas formas econômicas e políticas de competição entre as grandes

nações acrescenta-se um conflito geopolítico crescente entre os Estados Unidos, a China e a

Rússia. Não reconhecer a grandeza desses antagonismos entre os poderes capitalistas rivais

redunda em não conceber os meios de compreender a natureza do mundo capitalista

contemporâneo (CALLINICOS, 2006). O desenvolvimento do capitalismo continua “desigual e

combinado”, pra retomar a ideia de Trotsky.

Outro problema da análise de Hardt e Negri diz respeito ao elemento propulsor da

ação da multidão. Manter a crença na luta de classes como sendo uma luta contra a exploração

apresenta uma visão reduzida e ortodoxa para um marxismo que propõe pensar os fenômenos do

século XXI. A nossa proposta então, partindo da contribuição de pensadores marxistas do século

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passado (Ernst Bloch, Georges Lukács entre outros) foi de apresentar uma nova compreensão do

que constitui a essência do Estado das sociedades capitalistas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BARCHIESI, Franco et al. Porto Alegre: le travail des multitudes. Revue Multitudes, n. 8, mars-avril, 2002. p. 5-14.

BENSAÏD, Daniel. Éloge de la politique profane. Paris: Éditions Albin Michel, 2008. 364 p.

CALLINICOS, Alex. Toni Negri, théoricien de l’Empire. Disponível em: <http://www.europe-solidaire.org/spip.php?article1848>. Acesso em: 15 mar. 2011.

HARDT, Michael; NEGRI, Antonio. Empire. Traduit de l’américain par Denis-Armand Canal. Paris: Exils Éditeur, 2000. 560 p.

_______. Multitude : guerre et démocratie à l’âge de l’Empire. Traduit de l’anglais (États-Unis) par Nicolas Guilhot. Paris: La Découverte, 2004. 408 p.

LACLAU, Ernesto; MOUFFE, Chantal. Hégémonie et stratégie socialiste: vers une politique démocratique radicale. Traduit de l’anglais par Julien Abriel. Besançon: Éditions Les Solitaires Intempestifs. 336 p. (Collection Expériences Philosophiques).

NEGRI, Antonio. L’ « Empire », stade suprême de l’impérialisme. Le Monde Diplomatique, jan. 2001. Disponível em: <http://www.monde-diplomatique.fr/2001/01/NEGRI/14678>. Acesso em: 14 mar. 2011.

______. Spinoza et nous. Traduit de l’italien par Judith Revel. Paris: Éditions Galilée, 2010. 152 p. (Collection La Philosophie En Effet).

TRIGANO, Shmuel. Comment aborder la notion d’ « esprit de lumières » ? In: WEILL, Nicolas (dir.). L’esprit des lumières est-il perdu ? Rennes: PUR, 2006. p. 233-239.