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UNIVERSIDADE DO VALE DO PARAÍBA
INSTITUTO DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO
JULIANA GUERRA PINTO
AVALIAÇÃO DO EFEITO DA TERAPIA FOTODINÂMICA COM
DIFERENTES FOTOSSENSIBILIZADORES EM Leishmania major e Leishmania
braziliensis – ESTUDO in vitro
São José dos Campos, SP
2016
JULIANA GUERRA PINTO
AVALIAÇÃO DO EFEITO DA TERAPIA FOTODINÂMICA COM
DIFERENTES FOTOSSENSIBILIZADORES EM Leishmania major e Leishmania
braziliensis – ESTUDO in vitro
São José dos Campos, SP
2016
Tese de Doutorado apresentada ao
Programa de Pós-Graduação em
Engenharia Biomédica da Universidade do
Vale do Paraíba, como pré – requisito
necessário para a obtenção do título de
Doutor em Engenharia Biomédica.
Orientadora: Profa. Dra. Juliana Ferreira-
Strixino
Co-orientador: Prof. Dr. Leandro José
Raniero
Dedico este trabalho aos meus
pais, Regina e Luiz Claudio.
Meus primeiros orientadores,
apoiadores incondicionais e
porto seguro. Amo vocês.
Dedico também a quem muito
me incentivou, querida tia,
Maria José (in memorian).
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus pelo Dom da vida, pois sinto que sou abençoada infinitamente.
Agradeço aos meus pais, Regina e Luiz Claudio, por todo esforço, carinho,
compreensão em todo o processo. Não fossem os sacrifícios para me manter na
faculdade, me apoiar durante o Mestrado e Doutorado, e em todos os momentos de
minha vida eu não teria chegado ao fim desse projeto. Por me ensinarem mais do que a
falar, andar, por me ensinarem que a felicidade está nos pequenos detalhes. André, meu
irmão, companheiro, implicante, mas que sempre me impulsiona, me enche de orgulho
e me faz sentir especial. Carol minha irmã, companheira, sempre disposta a ajudar,
sempre presente. Obrigada pelo meu maior presente, meu sobrinho amado, Luiz
Eduardo. Saber que você e sua família, incluo aqui meu cunhado e querido amigo
Eduardo, estão sempre ao meu lado e torcendo por mim, me dá forças todos os dias.
Minha avó Elza, que mesmo que não entenda bem o que eu faço, ou porque esse estudo
nunca se acaba, está sempre torcendo por mim. Amo vocês família.
Agradeço e dedico esse trabalho à minha amada tia Maria Jose, in memorian.
Ela que sempre me disse que eu era capaz de grandes coisas, espero um dia estar à
altura de suas expectativas. Carrego em meu coração cada uma de suas palavras.
Agradeço a minha orientadora, Prof.ª Dra. Juliana Ferreira-Strixino. Obrigada por toda
paciência, por compartilhar seu conhecimento e me ajudar a me tornar uma profissional
melhor. Mas, acima de tudo, obrigada pela amizade e carinho com que me tratou por
todo esse tempo. Foram quatro anos maravilhosos, que me construíram como
profissional e como pessoa. Serei eternamente grata pela forma como me acolheu, e por
tudo que fez por mim.
Josane e Marco Antonio, primeiro professores, depois orientadores e agora
amigos. Agradeço por todo o conhecimento que me passaram, por toda a paciência e
carinho em todos esses anos. Jamais poderei retribuir tudo o que me fizeram, mas minha
gratidão e minha amizade são suas.
Os amigos feitos nesse tempo tantos e tão valiosos. Cada um de vocês tem um lugar
especial no meu coração.
Letícia, amiga que virou irmã. Obrigada por me acompanhar nesse período,
pelas risadas, pela companhia e por todo o carinho que teve comigo nesses anos.
Catarina, que falta fez você aqui no laboratório, me lembrando que apesar de parecer
que não, no final tudo da certo. Obrigada pela amizade sincera, pelas risadas, pelos
doces, carrego sua amizade para sempre.
Idália, parte da culpa de eu ter voltado para fazer o doutorado é sua, então muito
obrigada, pelo apoio, amizade e por todos os momentos, nesses últimos seis anos.
André, agradeço pelas longas conversas, filosofando sobre a vida; Lu Cortez, minha
irmã de coração, obrigada pela companhia, pelas conversas e pelo incentivo. Rani, que
veio fazer parte da minha vida como companheira de apartamento e se tornou uma
grande amiga também, obrigada pela companhia.
Mariana, Anna, João Lucas, Danielle, Davi, João Antonio, Valéria Maeda,
Isabelle, Lívia, Maiara, Jaciara, Isabela, obrigada pela amizade, paciência e todo apoio,
seja no laboratório, em conversas, em cada detalhe em que fizeram diferença na minha
vida.
Agradeço ao meu co-orientador, Leandro Raniero, pelo suporte físico e apoio
durante o desenvolvimento desse trabalho e aos professores Cristina Pacheco, Airton
Martin, Maricília Costa, Renata Canevari por cederem tempo e seus laboratórios
contribuindo para o desenvolvimento desse trabalho.
Agradeço ainda a cada professor que passou em minha vida, são tantos que não
me atrevo a nomear. Basta dizer que cada um ensinou um pouco, ajudou a construir
meu conhecimento e agora eu os carrego comigo. Obrigada.
AVALIAÇÃO DO EFEITO DA TERAPIA FOTODINÂMICA COM
DIFERENTES FOTOSSENSIBILIZADORES EM L. major e L. braziliensis –
ESTUDO in vitro
RESUMO
A Leishmaniose Tegumentar Americana (LTA) ou cutânea é uma doença infecciosa,
causada por protozoários do gênero Leishmania, e transmitida através da picada de
insetos hematófagos pertencentes ao gênero Lutzomya. Devido aos efeitos colaterais
indesejáveis e agressivos dos tratamentos quimioterápicos convencionais utilizados para
tratar a LT, o desenvolvimento de tratamentos alternativos é de grande importância. A
Terapia Fotodinâmica (TFD) surge como um tratamento alternativo para Leishmaniose
tegumentar, devido à possibilidade de um tratamento local, não invasivo e seletivo. Esse
estudo teve como objetivo verificar a internalização de curcumina, clorina e6 e
porfirina pelas promastigotas por meio de microscopia confocal de fluorescência e
avaliar o efeito da TFD em promastigotas de L. major e L. braziliensis. Para isso foi
utilizado tempo de incubação de 1 hora com os FSs e fluência de 10 J/cm² para irradiar
cada FS em seu respectivo comprimento de onda. O efeito da TFD foi avaliado
utilizando o teste de MTT para avaliar a atividade mitocondrial, a viabilidade, pelo teste
de exclusão com azul de tripan e as alterações morfológicas do parasito, pela coloração
de Giemsa, após interação com os compostos. Os três FSs testados são internalizados
por ambas as espécies de Leishmania testadas após o período de uma hora. A curcumina
se encontrar no citosol, núcleo e cinetoplasto das promastigotas, a porfirina se
apresentou difusa no citosol e a clorina se apresentou difusa no citosol, com presença de
vacúolos endocíticos e afinidade pelo flagelo. A porfirina e a clorina promoveram a
redução da atividade mitocondrial dos grupos mantidos no escuro e após TFD, enquanto
a curcumina promoveu aumento na atividade mitocondrial em ambos os grupos. O teste
de exclusão com Azul de Tripan permitiu concluir que nenhum dos FSs é tóxico para os
promastigotas no escuro, entretanto a TFD foi diminuiu drasticamente a viabilidade de
ambas as espécies de Leishmania testadas. A morfologia dos parasitos foi drasticamente
alterada após todos os tratamentos de TFD com os fotossensibilizadores testados. Os
testes realizados com os parasitos internalizados demonstraram que o tratamento de
TFD com curcumina, porfirina e clorina foi capaz de, em todas as concentrações
testadas, levar à 100% de morte celular.
Palavras chave: Curcumina, Porfirina, Clorina, Leishmania major, Leishmania
braziliensis, Terapia fotodinâmica
EVALUATION OF PHOTODYNAMIC ACTIVITY WITH DIFFERENT
PHOTOSENSITIZERS IN L. major AND L. braziliensis - in vitro STUDY
ABSTRACT
American cutaneous leishmaniasis (ACL) is an infectious disease caused by protozoa of
the genus Leishmania and transmitted by the bite of hematophagous insects belonging
to the genus Lutzomyia. Due to undesirable side effects of aggressive conventional
chemotherapy treatments used for CL, development of alternative treatments is very
important. The photodynamic therapy (PDT) has emerged as a promising alternative
treatment, allowing a local administration, with less side effects. This study aimed to
verify the internalization of curcumin, chlorin e6 and porphyrin by Leishmania
promastigotes by confocal fluorescence microscopy after one hour incubation and to
evaluate the effect of PDT on promastigotes of L. major and L. braziliensis. For this we
incubated the PSs for one hour and irradiated with a fluence of 10 J/cm² to irradiate
each PS in its respective wavelength. The PDT effect was assessed using the MTT assay
to evaluate the mitochondrial activity, the viability test by exclusion of trypan blue and
the morphological changes of the parasite by Giemsa staining. The three tested PSs are
internalized by both Leishmania species after one hour incubation. Curcumin is in the
cytosol, nucleus and kinetoplast of promastigotes, porphyrin is diffuse in the cytosol
and chlorine appeared diffuse in the cytosol, with the presence of endocytic vacuoles
and affinity for the flagellum. The porphyrin and chlorin promoted reduction of
mitochondrial activity of the groups kept in the dark and after PDT while curcumin
increased the mitochondrial activity in both groups. The Trypan Blue exclusion test
show that none of the PSs is toxic to promastigotes in the dark, however PDT was
dramatically decreased the viability of both Leishmania species tested. The morphology
of the parasites was dramatically changed after PDT treatments with all photosensitizers
tested. Tests conducted with internalized parasites showed that PDT treatment with
curcumin, porphyrin and chlorin, at all tested concentrations lead to 100% cell death.
Key words: Curcumin, porphyrin, chlorine e6, Leishmania major, Leishmania
braziliensis, Photodynamic therapy
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1: Manifestações clínicas de Leishmaniose ..................................................................... 20
Figura 2: Casos notificados de leishmaníase tegumentar americana, Brasil-1990 a 2014 .......... 22
Figura 3: Porcentagem de casos notificados à Vigilância Epidemiológica em 2014 .................. 22
Figura 4: Forma amastigota (A) e promastigota (B) de Leishmania sp. ..................................... 23
Figura 5: Ciclo biológico de Leishmania sp. ............................................................................... 25
Figura 6: Esquematização do princípio da TFD. ......................................................................... 29
Figura 7: Rota de formação das espécies reativas de Oxigênio. ................................................. 30
Figura 8: Espectro de absorção da curcumina ............................................................................. 32
Figura 9: Espectro de absorção da porfirina ................................................................................ 34
Figura 10: Espectro de absorção da clorina................................................................................. 36
Figura 11: Localização da curcumina no interior de L. major .................................................. 45
Figura 12: Localização da curcumina no interior de L. braziliensis .......................................... 45
Figura 13: Resultados de MTT e Tripan após interação com curcumina.................................... 47
Figura 14: Morfologia de L. major após interação com curcumina ............................................ 48
Figura 15: Morfologia de L. braziliensis após interação com curcumina .................................. 48
Figura 16: Resultados de MTT e Tripan após interação com curcumina em co-cultivo............. 50
Figura 17: Localização da Porfirina no interior de L. major ..................................................... 51
Figura 18: Localização da Porfirina no interior de L. braziliensis .............................................. 51
Figura 19: Resultados de MTT e Tripan após interação com porfirina ...................................... 53
Figura 20: Morfologia de L. major após interação com Porfirina ............................................... 54
Figura 21: Morfologia de L.braziliensisr após interação com Porfirina ..................................... 55
Figura 22: Resultados de MTT e Tripan após interação com porfirina em co-cultivo ............... 56
Figura 23: Localização da Clorina no interior de L. major ...................................................... 57
Figura 24: Localização da Clorina no interior de L. braziliensis ............................................... 57
Figura 25: Resultados de MTT e Tripan após interação com clorina e6 no escuro .................... 58
Figura 26: Morfologia de L. major após interação com clorina e6 ............................................. 60
Figura 27: Morfologia de L. braziliensis após interação com clorina e6 .................................... 60
Figura 28: Resultados de MTT e Tripan após interação com clorina e6 em co-cultivo ............. 61
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Grupos experimentais utilizados no desenvolvimento do projeto. ............................ 42
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ALA Ácido aminolevulínico
AlPc Alumínio ftalocianina
AlPcS4 Alumínio ftalocianina tetrasulfonada
AlPcCl Alumínio ftalocianina clorada
BpD Fotossensibilizante derivado de porfirina
DAPI 4 ', 6-diamidino-2-fenilindole
DNA Ácido desoxirribonucleico
DMSO Dimetil sulfóxido
ELISA Ensaio com imuno adsorvente ligado a enzima
EtNBS Análogo de benzofenoxazina
EtBNSe Análogo de benzofenoxazina
Hp Hematoporfirina
HpD Derivado de hematoporfirina
J774 Linhagem de macrófagos
LED Diodo emissor de luz
LIT Liver triptose infusion – Infusão de fígado e triptose
LTA Leishmaniose tegumentar americana
MTT (3-(4,5 dimetiazol-2il)-2,5 difeniltetrazolium brometo)
μg micrograma
μL microlitro
μM micromolar
OMS Organização mundias de saúde
PBS Tampão fosfato salino
Pp IX Protoporfirina IX
PPA904 (3,7-bis(N,N-dibutilamino) fenotiazino brometo)
RPM Rotações por minuto
SFB Soro Fetal Bovino
SFM Sistema fagocítico mononuclear
SUCEN Superintendência de Controle de Endemias
ZnPc Zinco Ftalocianina
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 15
2 OBJETIVO ................................................................................................................ 18
2.1 Objetivo geral .......................................................................................................... 18
2.2 Objetivos Específicos .............................................................................................. 18
3 REVISÃO DE LITERATURA ................................................................................ 19
3.1 LEISHMANÍASES ................................................................................................. 19
3.2 DISTRIBUIÇÃO E EPIDEMIOLOGIA ............................................................. 20
3.3 AGENTE ETIOLÓGICO, CICLO BIOLÓGICO E INSETO VETOR ........... 23
3.3.1 Agente etiológico e ciclo biológico ....................................................................... 23
3.3.2 Vetor ...................................................................................................................... 25
3.4 DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO ................................................................... 26
3.6 TERAPIA FOTODINÂMICA .............................................................................. 28
3.7 FOTOSSENSIBILIZADORES ............................................................................ 30
3.8 FONTES DE LUZ .................................................................................................. 36
3.9 TFD NO TRATAMENTO DE LEISHMANÍASE TEGUMENTAR
AMERICANA ............................................................................................................... 37
4 MATERIAIS E MÉTODOS ..................................................................................... 39
4.1 Procedimento experimental ................................................................................... 39
4.2 Cultivo dos parasitos .............................................................................................. 39
4.3 Cultura dos macrófagos ......................................................................................... 39
4.4 Infecção de macrófagos J774 com Leishmania spp. ............................................. 40
4.5 Preparação dos fotossensibilizadores.................................................................... 40
4.6 Internalização dos fotossensibilizadores em promastigotas de Leishmania major
e Leishmania braziliensis .............................................................................................. 41
4.7 Ensaios de TFD: ...................................................................................................... 41
4.8 Análise da viabilidade celular dos parasitos pelo do método de exclusão com
Azul de Tripan: ............................................................................................................. 43
4.9 Determinação da atividade mitocondrial ............................................................ 43
4.10 Análise morfológica – coloração .......................................................................... 44
5 RESULTADOS .......................................................................................................... 45
5.1 Internalização da Curcumina ................................................................................ 45
5.2 Avaliação da atividade mitocondrial e Exclusão com Tripan após tratamento
com a curcumina ........................................................................................................... 46
5.3 Análise morfológica dos promastigotas após tratamento com Curcumina ...... 47
5.4 Avaliação da atividade mitocondrial e Exclusão com Azul de Tripan em co-
cultivo de macrófagos e promastigotas após tratamento com a curcumina ........... 49
5.5 Internalização da Porfirina.................................................................................... 51
5.6 Avaliação da atividade mitocondrial e Exclusão com Tripan após tratamento
com a Porfirina ............................................................................................................. 52
5.7 Análise morfológica após tratamento com Porfirina .......................................... 53
5.8 Avaliação da atividade mitocondrial e Exclusão com Azul de Tripan em co-
cultivo de macrófagos e promastigotas após tratamento com a Porfirina .............. 55
5.9 Internalização da Clorina e6 ................................................................................. 57
5.10 Avaliação da atividade mitocondrial e Exclusão com Tripan após tratamento
com a clorina e6 ............................................................................................................ 58
5.11 Análise morfológica após tratamento com clorina e6 ....................................... 59
5.12 Avaliação da atividade mitocondrial e Exclusão com Azul de Tripan em co-
cultivo de macrófagos e promastigotas após tratamento com a clorina e6 ............. 61
15
6 DISCUSSÃO .............................................................................................................. 63
7 CONCLUSÃO ............................................................................................................ 69
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................... 70
15
1 INTRODUÇÃO
A leishmaniose tegumentar americana (LTA) é uma doença infecciosa, não
contagiosa, também conhecida pelos nomes de ferida brava ou úlcera de Bauru. É
causada por protozoários do gênero Leishmania e transmitida pela da picada de insetos
hematófagos pertencentes ao gênero Lutzomyia. Esses protozoários são encontrados em
animais, considerados reservatórios, pois não manifestam a doença, e ocasionalmente
infectam humanos. Uma vez que a pessoa é infectada, os parasitos são internalizados
por células do sistema fagocítico mononuclear (SFM), e passam a se multiplicar em seu
interior, causando diferentes manifestações clínicas, de acordo com a espécie do
parasito. Essas manifestações são divididas em 3: leishmaníase cutânea, leishmaníase
mucocutânea ou leishmaníase cutâneo-mucosa e leishmaníase visceral ou calazar
(GONTIJO; CARVALHO, 2003; PACE, 2014; REY, 2008; VON STEBUT, 2015).
Além da espécie de Leishmania envolvida na infecção, outro fator que influencia
a manifestação clínica é o estado imunológico do paciente. A infecção pode ser
assintomática em indivíduos com saúde estável, e pode se manifestar de forma mais
agressiva em pacientes imunossuprimidos. O processo de infecção ocorre durante o
repasto sanguíneo da fêmea do flebotomíneo, quando as promastigotas são liberadas no
local da picada. As formas promastigotas metacíclicas são fagocitadas por células do
SFM e se multiplicam dentro dessas células por divisão binária, até que a célula não
suporte mais o volume de parasitos em seu interior e se rompa, liberando os mesmos.
Esses são novamente fagocitados e um quadro inflamatório se instala no local,
favorecendo o desenvolvimento de lesões na pele (GONTIJO; CARVALHO, 2003;
PACE, 2014; RODRIGUES et al., 2006; SUCEN, 2006; VON STEBUT, 2015).
A LTA acomete pele e mucosa, suas lesões são ulcerosas, indolores, podem se
apresentar isoladas ou em múltiplas lesões, com bordas bem definidas e nenhum
exsudato (BRITO et al., 2012; GONTIJO; CARVALHO, 2003; SUCEN, 2006;
NEVES, 2005). É considerada um problema de saúde pública em 88 países (distribuídos
nas Américas, África, Europa e Ásia). No Brasil é considerada uma das afecções
dermatológicas que merece mais atenção, por causa do alto risco de ocorrência de
deformidades e impacto social e econômico que acompanham o desenvolvimento da
doença. Amplamente distribuída em todas as regiões brasileiras, afeta em 90% dos
casos, pessoas maiores de 10 anos e indivíduos do sexo masculino representam 60% dos
16
casos (BRASIL, 2007). Pelo fato da Leishmaniose tegumentar ser uma doença
endêmica, e dos tratamentos convencionais com antimoniais, Anfotericina e
Pentamidinas, serem agressivos, principalmente a pacientes cardíacos e gestantes, o
desenvolvimento de tratamentos alternativos, que causem menor impacto no organismo
é de grande importância.
Devido à facilidade de cultivo as formas promastigotas são largamente utilizadas
para a avaliação de FS´s in vitro. Por se tratar de um parasito intracelular, após a
triagem inicial dos FS´s utilizando formas promastigotas de Leishmania, a avaliação do
potencial leishmanicida in vitro contra a forma axênica é o modelo mais próximo do
animal sem requerer a utilização do mesmo. Esta metodologia também fornece
informações sobre a capacidade do FS de chegar, em níveis adequados, ao vacúolo
parasitóforo, mantendo seu efeito leishmanicida. Este tipo de estudo avalia ainda
potenciais efeitos do FS sobre a célula, favorecendo ou inibindo o desenvolvimento das
Leishmanias em seu interior (AKILOV et al., 2006; ESCOBAR et al., 2006; SILVA et
al., 2015).
Diferentes espécies de Leishmania levam à diferentes manifestações clínicas,
sendo elas, cutânea, muco-cutânea e visceral. Espécies como a L. donovanii e L.
chagasii são causadoras da manifestação visceral, mais grave e cujo tratamento é feito
com antimoniais e anfotericina, e quadros graves dessa manifestação podem levar à
morte. Outras espécies, como Leishmania major e Leishmania braziliensis causam
manifestações cutâneas que podem evoluir para lesões mucocutâneas (PACE, 2014;
VON STEBUT, 2015). A proposta de utilização da terapia fotodinâmica no tratamento
de leishmaniose, se aplica aos casos de lesões cutâneas.
A Terapia Fotodinâmica (TFD) é uma terapia que surge como alternativa no
tratamento da LTA. Essa terapia parte do princípio da interação de um
fotossensibilizador, luz em comprimento de onda adequado e oxigênio tecidual levando
à produção de espécies reativas de oxigênio que induzem à morte das células alvo
(CASTANO; DEMIDOVA; HAMBLIN, 2004; CHOI; LEE; CHAE, 2010; PELOI et
al., 2011)
Estudos como o de Kosaka e colaboradores (KOSAKA et al., 2007)), Latorre-
Esteves e colaboradores (LATORRE-ESTEVES et al., 2010), e Peloi e colaboradores
(2011) demonstraram em estudos com animais que a utilização da TFD no tratamento
de lesões de leishmaniose cutânea apresentou bons resultados, com diferentes
fotossensibilizadores.
17
Song e colaboradores (SONG et al., 2011) apresentaram um estudo de caso onde
um paciente com lesão causada por Leishmania foi tratado com TFD com AM,
observando que a terapia foi eficiente e diminuiu o tempo necessário para a cura da
lesão, quando comparado com uma lesão que foi tratada convencionalmente, no mesmo
paciente.
Enk e colaboradores (ENK et al., 2015) demonstraram em um estudo clínico que
a DA-PDT (Day-light-activated PDT - TFD ativada pela luz do dia) utilizando uma
solução de 16% methyl aminolaevulinate, onde o paciente se auto administrava a droga,
e ocorria um período de exposição à luz do dia por 2-5 horas, com uma taxa de cura de
92% dos pacientes. Esses estudos demonstram que a TFD é uma alternativa viável. A
busca por fotossensibilizadores mais eficientes e mais baratos visam facilitar o acesso
dessa terapia à população afetada por essa doença.
A busca por fotossensibilizadores (FS) mais adequados e que melhore o
rendimento da TFD é constante. Por esse motivo estudar e comparar a eficácia de
diferentes FS’s frente às formas amastigotas e promastigota do parasito, é de extrema
importância para definir os passos futuros de aplicação dessa terapia em experimentos
in vivo. A escolha de estudar uma porfirina, uma clorina e a curcumina se deve ao fato
da busca pela comparação de compostos mais amplamente testados, como a clorina e a
porfirina, com um que tem sido mais explorado apenas recentemente, como a
curcumina.
18
2 OBJETIVO
2.1 Objetivo geral
Avaliar o efeito fototóxico de Clorina e6, Porfirina e Curcumina em
promastigotas de Leishmania major e Leishmania braziliensis e em co-cultivo com
macrófagos a fim de verificar o potencial desses FS para o uso em terapia fotodinâmica.
2.2 Objetivos Específicos
- Avaliar a internalização dos fotossensibilizadores em promastigotas de L.
major e L. braziliensis por microscopia confocal.
- Avaliar, in vitro, o efeito da TFD com Clorina e6, Porfirina e Curcumina na
viabilidade, atividade mitocondrial e morfologia de promastigotas metacíclicos de L.
major e L. braziliensis.
- Avaliar, in vitro, o efeito da TFD com Clorina e6, Porfirina e Curcumina na
viabilidade, atividade mitocondrial em co-cultivo de Leishmania e macrófagos, a fim de
verificar o efeito da TFD na forma amastigota dos parasitos.
19
3 REVISÃO DE LITERATURA
3.1 LEISHMANÍASES
As leishmaníases são doenças infecciosas, não contagiosas causadas por
protozoários do gênero Leishmania, da família Trypanosomatidae. Esses parasitos
causam zoonoses, ocasionalmente infectam a espécie humana e apresentam duas formas
evolutivas: a forma promastigota ou flagelada, encontrada no sistema digestório do
vetor e em meios de cultura artificial, e a forma aflagelada ou amastigota, encontrada no
interior de células dos hospedeiros vertebrados (homem e outros animais superiores).
Esses protozoários parasitam, na sua forma amastigota, as células do Sistema
mononuclear Fagocitário (SMF), principalmente macrófagos. Após serem fagocitados,
apesar da atividade lítica dos vacúolos formados no interior da célula, os parasitos
sobrevivem e se multiplicam (CARVALHO, 2012; FREITAS; PINHEIRO, 2010;
NEVES, 2005; BRASIL, 2007).
A LTA é considerada pela Organização Mundial de Saúde um problema de
saúde pública mundial presente em 80 países (MOTA; MIRANDA, 2011). No Brasil
foram registrados no período de 1999 e 2008, 269.122 casos de LTA, sendo o país com
maior prevalência de todo continente Americano, com estimativa de 65.000 novos casos
por ano (MURBACK et al., 2011; PENNA et al., 2011).
Diferentes espécies de Leishmania causam diferentes manifestações da doença
(Figura 1), que podem ser divididas em quatro grupos:
- leishmaníase tegumentar ou cutânea: produz lesões cutâneas, ulcerosas ou
não e limitadas ao local de inoculação;
- leishmaníase muco-cutânea ou cutâneo-mucosa: produz lesões destrutivas
nas mucosas do nariz, boca e faringe.
- leishmaníase cutâneo difusa: formas disseminadas cutâneas, que se
apresentam em indivíduos anérgicos ou, tardiamente, em pacientes previamente tratados
de calazar.
- leishmaníase visceral ou calazar: nessa manifestação da doença os parasitos
apresentam preferência por células do SMF do baço, fígado, medula óssea e dos tecidos
linfoides, levando ao crescimento anormal desses órgãos.
20
A manifestação cutânea é relativamente benigna e de bom prognóstico, se
tratada corretamente, a muco-cutânea pode levar à mutilação de face, dependendo do
progresso da doença. A manifestação visceral, no entanto, é a forma mais grave e de alta
mortalidade quando não tratada adequadamente (PACE, 2014; REY, 2008; VON
STEBUT, 2015).
Figura 1: A. Caso com ulceração recente e de bordas bem talhadas no dorso da mão. B. Leishmaníase
cutâneo-mucosa envolvendo nariz e lábio superior. C. Paciente com leishmaníase tegumentar difusa. D.
Crianças de Sobral, CE, com Leishmaníase visceral
Fonte: (REY, 2008)
3.2 DISTRIBUIÇÃO E EPIDEMIOLOGIA
A forma visceral da doença está presente em 17 dos 26 estados, sendo a região
Nordeste de maior incidência (92%). Em 19 anos de notificação foram diagnosticados
48.455 casos, sendo 66% ocorridos nos estados da Bahia, Ceará, Maranhão e Piauí.
Estatísticas mostram que a forma visceral da leishmaniose acomete mais
frequentemente crianças menores de 10 anos (BRASIL, 2007; SUCEN, 2006).
A LT constitui um problema de saúde pública em 88 países, distribuídos nos quatro
continentes (Americano, Europeu, Africano e Asiático), com registro anual de 1 a 1,5
1A 1B
1C 1D
21
milhão de casos. A OMS considera a LT uma das seis doenças infecciosas mais
importantes, devido seu alto coeficiente de detecção e capacidade de produzir
deformidades (BRASIL, 2007). No Brasil a Secretaria de vigilância epidemiológica do
ministério da Saúde registrou, no período de 1980 a 2005 ocorrência média anual de
22.738 casos de LTA, mostrando aumento do número de casos na última década,
entretanto, dados recentes não são disponibilizados nos sites do Ministério da
saúde.(BASANO; CAMARGO, 2004; BRASIL, 2007; SUCEN, 2006).
Dados recentes do site demonstram redução dos casos notificados a partir de
2008, embora ainda se mantenha uma média de mais de 20 mil casos notificados no país
em 2014 (Figura 2).
Na década de 50, houve uma diminuição geral da ocorrência de casos de LTA,
porém vem apresentando franco crescimento, observando-se surtos epidêmicos nas
regiões Sul, Sudeste, Centro Oeste, Nordeste e na região Norte (área amazônica),
relacionados ao processo predatório de colonização. Na década de 80, a LTA foi
assinalada em 20 estados, no entanto foi verificada sua expansão geográfica, quando em
2003 foi confirmada a autoctonia em todos os estados brasileiros. No período de 1985 a
1999 foram registrados no país 388.155 casos autóctones de LTA. A região Sudeste
apresentou uma queda gradativa no período de 1994/97, entretanto em 1998 houve um
acréscimo de 27% em relação ao ano anterior (SUCEN, 2006).
Os estados do Espírito Santo e Minas Gerais foram os que apresentaram o maior
percentual de municípios com LTA em 1998, com 50,5% e 46,3% respectivamente. No
sul do país o Paraná vem apresentando aumento gradativo no número de municípios
com casos de LT, passando de 117 municípios em 1994 para 146 em 1998 (BRASIL,
2007).
Dados da Vigilância Epidemiológica demonstram que em 2014 foram
registrados casos de LTA em todas as regiões do país, sendo a região Norte responsável
por mais da metade dos casos notificados (Figura 3).
Essa expansão de casos de LTA se deve principalmente às modificações feitas
pelo homem nos ecossistemas, pela urbanização não planejada, resultando na invasão
do habitat natural dos insetos vetores da leishmaníase.
22
Figura 2: Casos notificados de leishmaníase tegumentar americana, Brasil-1980 a 2014
Fonte: Autora
Figura 3: Porcentagem de casos notificados à Vigilância Epidemiológica em 2014
Fonte: Autora.
23
3.3 AGENTE ETIOLÓGICO, CICLO BIOLÓGICO E INSETO VETOR
3.3.1 Agente etiológico e ciclo biológico
Os protozoários causadores das leishmaníases humanas são da ordem
Kinetoplastidae, família Trypanosomatidae, e gênero Leishmania. Parasitos desse
gênero apresentam em seu ciclo biológico duas formas distintas, amastigotas e
promastigotas (Figura 4). Esses protozoários são unicelulares, digenéticos, com ciclo
vital incluindo dois hospedeiros, o inseto vetor e um vertebrado que inclui mamíferos
silvestres e domésticos (REY, 2008).
Figura 4: Forma amastigota (A) e promastigota (B) de Leishmania sp.
Fonte: Rey (2008)
As formas amastigotas são aflageladas, encontradas no hospedeiro vertebrado
parasitando células do SMF, principalmente macrófagos, mas também células
dendríticas ou até mesmo fibroblastos. São estruturas ovaladas, com 3,0 a 6,5 µm de
comprimento por 1,5 a 3,0 µm de largura. As formas promastigotas (flageladas) são
encontradas no intestino do inseto vetor, possuem corpo alongado com comprimento
entre 10,0 a 20,0 µm e largura entre 1,5 a 3,0 µm. Ambas as formas se multiplicam por
divisão binária (RANGEL; LAINSON, 2009; VALE; FURTADO, 2005).
A Leishmaniose Tegumentar americana (LTA) é causada por parasitos do
complexo “LEISHMANIA BRAZILIENSIS” que compreende as seguintes espécies:
10
m
A B
24
Leishmania (Viannia) braziliensis, Leishmania (Viannia) guyanensis, Leishmania
(Viannia) panamensis, Leishmania (Viannia) peruviana e outras Leishmanias que
raramente infectam o homem como L. lainsoni, L. shawi, L. naifi, L. colombiensis e L.
equatoriensis. A leishmaníase visceral é causada, por Leishmania (L.) donovani e
Leishmania (L.) infantum no Velho Mundo e nas Américas, a Leishmania (L.) chagasi
tem sido responsável pelas formas clínicas desta patologia (NEVES, 2005; RANGEL;
LAINSON, 2009; REY, 2008; VALE; FURTADO, 2005).
Na microscopia óptica as amastigotas aparecem como organismos ovais
medindo entre 3,0 a 6,5 µm de comprimento por 1,5 a 3,0 µm de largura, sem flagelo
livre. As formas flageladas, denominadas promastigotas, são encontradas no intestino
do inseto vetor e possuem o corpo alongado apresentando uma variabilidade grande nas
medidas do corpo, cujos diâmetros podem ser observados entre 10,0 a 20,0 µm de
comprimento por 1,5 a 3,0 µm de largura. As formas promastigotas e paramastigotas
são encontradas no tubo digestivo dos flebotomíneos livres ou aderidas ao epitélio
intestinal do inseto, respectivamente. A infecção no inseto ocorre quando a fêmea do
flebotomíneo pica o vertebrado (Figura 5) para exercer o repasto sanguíneo e
juntamente com o sangue ingere macrófagos parasitados por formas amastigotas.
Durante o trajeto pelo trato digestivo anterior, ou ao chegarem no estômago, os
macrófagos se rompem liberando as amastigotas, que sofrem divisão binária e se
transformam rapidamente em promastigotas, que continuam se multiplicando no sangue
ingerido, que é envolvido em uma membrana peritrófica secretada pelas células do
estômago do inseto. Após a digestão do sangue essa membrana se rompe e as formas
promastigotas ficam livres (GONTIJO; CARVALHO, 2003; PEREIRA, 2009;
BRASIL, 2007; SUCEN, 2006).
No intestino do inseto as formas promastigotas continuam se multiplicando,
a ponto de causar uma obstrução mecânica ou dificultar a ingestão de sangue pelo
inseto. Quando o inseto tenta se alimentar os músculos da sucção relaxam e o inseto
regurgita o material aspirado, juntamente com as promastigotas, infectando assim um
novo hospedeiro. Rapidamente, dentro do vacúolo fagocitário, os parasitos se adaptam
ao novo meio fisiológico e resistem à ação destruidora dos lisossomos e as formas
promastigotas se transformam em amastigotas, multiplicando-se por divisão binária até
ocupar todo o citoplasma e romper a membrana do macrófago, sendo assim liberadas no
tecido e fagocitadas novamente, iniciando uma reação inflamatória local (REY, 2008;
SOUZA; SOUZA; BOTELHO, 2012).
25
No homem a forma aflagelada encontra-se nos vacúolos digestivos de
macrófagos. Dentro de quatro a oito horas, estes flagelados são interiorizados pelos
macrófagos teciduais, rapidamente se transformam em amastigotas, sofrendo mudanças
bioquímicas, moleculares e morfológicas. Dentro do vacúolo fagocitário, os
amastigotas estão adaptados ao novo meio fisiológico e resistem à ação destruidora de
moléculas microbicidas e enzimas hidrolíticas, além da ação de peróxidos (H2O2),
superóxidos (O2-), oxigênio e o meio ácido (OH
-. Além de se multiplicarem até
destruírem a célula hospedeira, as Leishmanias provocam um aumento considerável dos
histiócitos, que, assim, passam a endocitar mais e mais parasitos, ampliando a extensão
das células infectadas e das lesões leishmanióticas (NEVES, 2005; PACE, 2014; REY,
2008; VON STEBUT, 2015).
Figura 5: Ciclo biológico de Leishmania sp.
Fonte: (PEREIRA, 2009)
3.3.2 Vetor
O hospedeiro intermediário e vetor das leishmaníases nas Américas são dípteros da
família Psychodidae. São insetos popularmente conhecidos por “cangalhinha”,
“mosquito palha”, “birigui” e “tatuíra”, entre outros nomes. São muito pilosos e cor de
palha ou castanho claro e quando pousam, as asas permanecem entreabertas e
ligeiramente levantadas, em vez de se cruzarem sobre o dorso. Das 300 espécies já
descritas nas Américas, muito poucas foram implicadas na transmissão de leishmaníases
26
e apenas dois gêneros são realmente importantes: Lutzomya – vetor das leishmaníases
nas Américas e Plebotomus – vetores de leishmaníases na África, Europa e Ásia
(MESTRE et al., 2011; REY, 2008; SHIMABUKURO; GALATI, 2011; THIES et al.,
2013).
Somente as fêmeas de flebotomíneos são hematófogas, pois o sangue é fonte de
proteínas e aminoácidos necessários ao desenvolvimento dos ovos, porém ambos os
sexos utilizam carboidratos retirados da seiva das plantas como fonte de energia,
podendo ser considerados fitófagos. Em temperaturas inferiores a 20 ºC nota-se que
tanto o desenvolvimento das larvas como a atividade dos adultos ficam muito reduzidos,
razão pela qual a distribuição das espécies está limitada às regiões onde pelo menos um
mês tenha temperatura média superior a 20 ºC. Os principais vetores de LT no Brasil
são Lutzomya whitmani, Lutzomya pessoai, Lutzomya migonei, Lutzomya intermedia,
Lutzomya fischeri e Lutzomya wellcomei (MESTRE et al., 2011; RANGEL; LAINSON,
2009; THIES et al., 2013).
No estado de São Paulo o vetor Lutzomya intermedia foi associado ao interior e
peridomicílio de habitações e abrigos de animais domésticos, enquanto as espécies L.
whitmani e L. mingonei são mais silvestres e também associadas à transmissão de LTA.
Os flebotomíneos têm hábitos noturnos e sua distribuição é influenciada por fatores
ambientais, climáticos e pela vegetação (SILVA; CUNHA, 2007).
3.4 DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO
Avaliações clínicas e laboratoriais são necessárias para o diagnóstico das
leishmaníases, as características das lesões, bem como anamnese do paciente e os dados
epidemiológicos da região ajudam no diagnóstico, entretanto o diagnóstico de certeza é
obtido pela identificação do parasito por métodos diretos ou indiretos. Na pesquisa
direta são realizados esfregaços de material obtido por escarificação, biópsia de borda
de lesão ou aspiração, que são corados por métodos de Romanowsky, Giemsa ou
Leishman, para evidenciação dos parasitos. Pode-se também semear fragmentos de
tecido ou de aspirados de borda de lesão ou de linfonodos de áreas próximas à lesão em
meios de cultura, para evidenciar a presença de parasitos(BHARGAVA; SINGH, 2012;
27
GOTO; LINDOSO, 2010; RANAWAKA; ABEYGUNASEKARA; WEERAKOON,
2012).
Técnicas de imunologia como a reação de Montenegro ou reação intradérmica,
uma reação de imunofluorescência indireta (RIFI), podem ser empregada nas formas
cutânea difusa, mucosa, disseminada e pode ser positiva em pacientes com lesões
cutâneas recentes (ALVES et al., 2008; BHARGAVA; SINGH, 2012). O diagnóstico da
forma visceral da doença pode ser feito por meio de análise histológica de biópsia ou
punção aspirativa de baço, fígado, medula óssea ou linfonodos, isolamento em meios de
cultura, testes imunológicos de aglutinação direta, RIFI e ensaios imunoenzimáticos
sendo que no Brasil os testes mais utilizados no diagnóstico de leishmaníase visceral
humana e canina são a RIFI e ELISA(ALMEIDA; SANTOS, 2011; BHARGAVA;
SINGH, 2012; CARLOS; GUEDES; MELO, 2008).
É possível ainda o diagnóstico utilizando técnicas de biologia molecular como
hibridação de DNA e reação de cadeia da polimerase (PCR). Essas técnicas são mais
sensíveis que as tradicionais, sendo o PCR, por exemplo, capaz de detectar DNA de
Leoshmania em amostras que tenham sido anteriormente negativas para técnicas padrão
de biópsia, entretanto são também técnicas mais caras e que requerem uma
infraestrutura laboratorial adequada.
A primeira linha de ação no tratamento contra leishmaníases são os antimoniais
pentavalentes (Sb 5+
), escolhidos devido a sua rápida depuração renal do Sb
pentavalente e baixa acumulação nos tecidos(ALMEIDA; SANTOS, 2011;
BOAVENTURA et al., 2006; RODRIGUES et al., 2006).
O tratamento da LTA com o uso do antimonial tártaro emético foi introduzido
pelo médico brasileiro Gaspar Viana, em 1912 e foi durante muito tempo a única forma
de tratamento. É realizado com injeção de 17mg Sb 5+/kg peso/dia, durante dez dias,
seguido de intervalo de dez dias e novamente uma série de 10 dias de tratamento. O
número de séries varia de acordo com o processo de cura da lesão. A droga não deve ser
utilizada em pacientes cardíacos e em mulheres grávidas, pois o antimônio pode
provocar alterações eletrocardiográficas e também é abortivo (ABADIR; PATEL;
HAIDER, 2010; MURRAY, 2012).
Os dois produtos mais utilizados são o Estibogluconato de sódio, vendido
comercialmente como Pentostam ® e o antimoniato de meglumine ou antimoniato de
N-metil-glucamina (Glucantime®). Os inconvenientes do tratamento com antimoniais
são o tempo de duração do tratamento (que pode variar de caso a caso), a administração
28
por via parenteral e a severa toxicidade do tratamento que produz efeitos colaterais
diversos, entre eles, náuseas, vômitos, mialgia, variações eletrocardiográficas
transientes, entre outras (ABADIR; PATEL; HAIDER, 2010; MURRAY, 2012).
As pentamidinas são drogas de 2ª escolha, entretanto apresentam poder curativo
inferior ao Glucantime®
e maior toxicidade, exigindo monitoramento constante do
paciente, porém são indicadas na infecção por L. guianensis. As mais utilizadas são
pentamidina-isotionato, hidroxiestilbamidina e estilbamidina. No caso do tratamento
com antimoniais e pentamidinas não funcionar, a terceira linha de tratamento são os
antibióticos Anfotericina B e Rifanpicina (REY, 2008).
Terapias alterativas têm sido pesquisadas tais como a utilização de crioterapia
por LAYEGH e colaboradores (LAYEGH et al., 2009) que a apontam como uma
terapia alternativa para a LTA, devido ao baixo custo, baixa taxa de complicações e alta
tolerabilidade. Já outro estudo (MORAES; VELHO; MAGALHÃES, 2008) questiona a
utilização da criocirurgia no tratamento de leishmaníase cutânea mucosa, devido à
possibilidade de disseminação dos parasitos.
Experimentos com TFD no tratamento de LTA tem sido explorados na última
década testando diversos fotossensibilizadores e diferentes protocolos e obtendo bons
resultados na destruição dos parasitos além de bons resultados cosméticos, apontando a
TFD como uma terapia promissora no tratamento de LTA (AKILOV et al., 2007a,
2009b; DUTTA; WAKI; CHANG, 2012; KOSAKA et al., 2007; PELOI et al., 2011).
3.6 TERAPIA FOTODINÂMICA
A TFD é um tratamento que associa um fotossensibilizador (FS), uma fonte de
luz e oxigênio para produzir uma reação fotoquímica, com o objetivo de causar
destruição seletiva de um tecido por meio deespécies reativas de oxigênio
principalmente, oxigênio singleto, capazes de induzir a inviabilização de células (Figura
6). Essa técnica consiste em duas etapas, onde primeiro é realizada a aplicação da droga
sensibilizadora e em seguida é feita a irradiação com luz visível, para ativar o FS
(ANDREEVA et al., 2010; ISSA; MANELA-AZULAY, 2010)
29
Figura 6: Esquematização do princípio da TFD.
Fonte: Autora.
A TFD começou a ser estudada por Oscar Raab em 1900, mas a era moderna
iniciou com estudos de Lipson e Schwartz em 1960 que injetou preparações de
hematoporfirina e observou fluorescência em lesões malignas a ficarem fluorescentes
(FERREIRA et al., 2009; SIBATA et al., 2000). Os primeiros experimentos envolvendo
TFD em humanos foram realizados por Tappenier e Jesionek em 1903, empregando
eosina como FS. Em 1924, Policard observou que porfirinas podiam ser encontradas em
elevadas concentrações em tumores malignos. Essas porfirinas são completamente
atóxicas, mas na presença de luz visível e oxigênio elas se tornam altamente tóxicas à
célula. Em fins dos anos 70 a TFD passou a ser reconhecida como uma alternativa para
o tratamento de câncer, tendo sido empregada com sucesso no tratamento de lesões
cutâneas(AKILOV et al., 2008; DAI; HUANG; HAMBLIN, 2010).
Castano, Demidova e Hamblin,(CASTANO; DEMIDOVA; HAMBLIN, 2004,
2005a, 2005b) realizaram extenso trabalho visando esclarecer o modo como os
fotossensibilizadores interagem com as células alvo, como as formas reativas de
oxigênio se formam (Figura 7) e como são capazes de destruir células alvo e os
mecanismos de morte celular que podem ser desencadeados.
O mecanismo de ação da TFD e os campos de aplicação têm sido amplamente
estudados devido ao sucesso nos tratamentos dermatológicos, bem como o processo de
formação de espécies reativas de oxigênio (oxigênio singleto), que interagem com as
estruturas celulares e podem levar a morte celular (DAI et al., 2010; LOPEZ et al.,
2010).
30
Figura 7: Rota de formação das espécies reativas de Oxigênio.
Fonte: (Adaptado de CASTANO; DEMIDOVA; HAMBLIN, 2004)
Para o sucesso da TFD é necessário levar em conta as características do
fotossensibilizador, como farmacocinética e biodistribuição, a estrutura química, e a
interação do fotossensibilizador com o tecido a ser tratado. Tais características
determinarão o comportamento do fotossensibilizador e os resultados desencadeados
nas células, como a morte celular, que é o efeito desejado(CASTANO; DEMIDOVA;
HAMBLIN, 2004, 2005a, 2005b)
Quanto melhor se conhecer o tecido ou células alvo do tratamento, maiores as
chances de se escolher um fotossensibilizador adequado (AKILOV et al., 2008).
Parâmetros como conformação da membrana celular, tempo de incubação pré-irradiação
e fonte de luz adequada, bem como o comportamento das moléculas
fotossensibilizadoras são características importantes para determinar o agente
fotossensibilizador (KOSAKA et al., 2007; RIORDAN et al., 2006).
3.7 FOTOSSENSIBILIZADORES
A escolha de um FS depende do tipo de tecido que se pretende tratar, das
características físico-químicas dos compostos e sua biodistribuição (CASTANO;
DEMIDOVA; HAMBLIN, 2004).
Issa e Manela-Azuley (ISSA; MANELA-AZULAY, 2010) descrevem as
características ideais de um FS como sendo a pureza química, especificidade para o
tecido alvo, curto intervalo de tempo entre a administração do FS e o acúmulo máximo
na célula ou tecido alvo, tempo de meia-vida curto, rápida depuração, ativação por
31
comprimento de onda com ótima penetração no tecido alvo e a capacidade de produzir
grande quantidade de produtos citotóxicos com a intenção de maximizar a ação da TFD.
Quando Tappenier e Jodlbauer iniciaram suas pesquisas na área da TFD utilizaram a
eosina tópica numa concentração de 5% e luz artificial para tratamento de câncer
cutâneo não melanoma e postularam que a eosina, bem como a acridina poderiam atuar
como compostos fotossensibilizadores. Na década de 60 um novo composto foi descrito
e empregado como fotossensibilizador, o derivado de hematoporfirina (HpD) obtido a
partir da purificação da hematoporfirina (Hp) (ISSA; MANELA-AZULAY, 2010).
Nos anos 90 o uso de um composto precursor de FS foi descrito por Kennedy e
Pottier, o ácido 5-aminolevulínico (ALA), utilizado como precursor da protoporfirina
IX (PpIX), que produz resposta fotodinâmica localizada. Em 2004 foi aprovado a
utilização de um metil éster de ALA o metilaminolevulinato (MAL) para tratamentos de
TFD (MACCORMACK, 2008)].
Os fotossensibilizantes podem ser distribuídos em três famílias: FS baseados em
porfirinas (p.e. PpIX), FSbaseados em clorofila (p.e. clorinas, purpurinas,
bacterioclorinas) e corantes (p.e. ftalocianinas) (DAI et al., 2010; FERREIRA et al.,
2009).
3.7.1 CURCUMINA
Um pigmento extraído do açafrão da terra e amplamente utilizado na culinária
como conservante e corante a curcumina é extraída do rizoma da Curcuma longa e suas
aplicações médicas vêm sendo estudadas por mais de dois séculos. Essas aplicações
incluem propriedades anticancerígenas,controle microbiológico e até mesmo pesquisas
empregando curcumina no tratamento de Alzheimer, devido às suas propriedades anti-
oxidativa, anti-inflamatória e neuroprotetoras. Atualmente têm sido estudado também
como fotossensibilizador para controle de micro-organismos utilizando TFD (ARAÚJO,
2012; LEITE et al., 2014; PRIYADARSINI, 2014; SORIA-LOZANO et al., 2015;
VENIGALLA; GYENGESI; MUNCH, 2015; WIKENE; BRUZELL; TØNNESEN,
2015).
32
Figura 8: Espectro de absorção da curcumina utilizada nos experimentos, obtido em UV- vis (Denovix
DS-11)
Fonte: Autora.
Seu comprimento de onda de foto ativação, entre 300 e 500 nm, coincide com o
comprimento de biomoléculas como hemoglobina e melanina. Sendo assim, esses
compostos competiriam com a curcumina pela energia incidida (CASTANO;
DEMIDOVA; HAMBLIN, 2004). No entanto, como as lesões de LTA são superficiais,
secas e bem delimitadas, o tratamento com curcumina é uma alternativa viável. Além
disso, a baixa toxicidade da curcumina no escuro é uma qualidade apreciada em
qualquer FS (ARAÚJO et al., 2012; CAMPOS, 2013; MENDONÇA, 2012).
Outro aspecto que vem sendo estudado é a capacidade da curcumina de interagir
com material genético. Nafisi e colaboradores (NAFISI et al., 2009) realizaram um
estudo com a finalidade de determinar se a curcumina era capaz de se ligar ao DNA de
células de Timo de bezerro e ao DNA de levedura utilizando técnicas de FT-IR
(espectroscopia no infravermelho por transformada de Fourier). Foi observado que a
curcumina se liga ao DNA e RNA e promove agregação do ácido nucleico. Ogiwara e
colaboradores (OGIWARA et al., 2013) também demonstraram que a curcumina
interage com o DNA afetando o sistema de reparo e aumentando a apoptose em células
cancerígenas.
Além disso, Das e colaboradores (DAS et al., 2008) relatam que a interação da
curcumina com Leishmania influencia o ciclo celular do parasito e estimula a formação
33
de espécies reativas de oxigênio (EROs) além de aumentar a concentração de cálcio no
citosol, que leva a despolarização do potencial de membrana mitocondrial e liberação de
citocromo c no citosol, dentre outros eventos.
A capacidade da curcumina de induzir a formação de EROs sem a irradiação
pode otimizar os efeitos da TFD. Embora estudos como o de Koide (KOIDE et al.,
2002) e Saleheen (SALEHEEN et al., 2002) tenham demonstrado que a curcumina
possui efeito tóxico em cepas de Leishmania mesmo sem o processo de irradiação o
tempo decorrido para uma resposta positiva é maior que quinze horas. Portanto a TFD
pode potencializar o efeito da curcumina com menor tempo de exposição e menor
tempo de resposta ao tratamento do que a curcumina aplicada sozinha.
3.7.2 PORFIRINA
Porfirinas são compostos macrociclos tetrapirrólicos dos quais se derivam
compostos como o grupo heme e clorofilas. Sua síntese pode ocorrer a partir de
intermediários pirrólicos ou por modificação molecular de pigmentos naturais ou de
porfirinas sintéticas (ALVES, 2014). Porfirinas e seus derivados estão presentes em
compostos como clorofila e bacterioclorofilas, por exemplo, entretanto sua estrutura é
bastante hidrofóbica, o que pode dificultar a formulação de uma medicação que se
acumule apropriadamente no tecido alvo.
A origem da palavra “porfirina” é a palavra grega porphura, que descreve a cor
púrpura, remetendo à cor do corante. Os corantes porfirínicos são de cor vermelha ou
púrpura, podendo ser de origem natural ou sintética e tem em comum a estrutura
composta de macrociclicos conjugados com núcleo base constituído por quatro anéis
pirrólicos unidos entre si por pontes metínicas (ALVES, 2014; SETÚBAL, 2007).
Porfirinas e seus derivados desempenham papéis importantes em sistemas como
a fotossíntese e transferência de elétrons na cadeia respiratória e o transporte e
armazenamento de oxigênio (SILVA, 2007) e sua característica fotossensível a tornou
um fotossensiblizador amplamente estudado para aplicação fotodinâmica.
34
Figura 9: Espectro de absorção da porfirina utilizada nos experimentos, obtido em UV-Vis (Denovix DS-
11)
Fonte: Autora.
As porfirinas e seus derivados pertencem aos fotossensibilizadores de primeira
geração, apresentam espectro de absorção na faixa de 630 nm (Figura 9), alto
rendimento quântico do estado tripleto e são bons geradores de oxigênio no estado
singleto (MENDES, 2008). Além de fotossensível suas características de estabilidade
química e fotoquímica e sua afinidade por estruturas biológicas torna sua aplicação em
TFD ainda mais interessante (PIRES, 2012).
Embora as porfirinas e derivados sejam amplamente estudados na aplicação da
TFD algumas desvantagens são apontadas, como acúmulo em células epiteliais, quando
aplicada sistemicamente, fazendo com que o paciente tenha que ser afastado da luz por
um período aproximado de 4 semanas, além da baixa penetração da luz na pele, no
comprimento de onda na região de 630 nm. Entretanto, como a LTA causa lesões
superficiais na pele, a aplicação do FS seria realizada topicamente, e o acúmulo
observado na aplicação sistêmica pode ser evitado (ALVES, 2014; MENDES, 2008).
35
3.7.3 CLORINAS
Na busca por corrigir os problemas apresentados pelos fotossensibilizadores de
primeira geração foram desenvolvdos novos fotossensibilizadores, mais seletivos e mais
eficientes do que os de primeira geração. Os FS de segunda geração apresentam
absorção em comprimentos de onda maiores, períodos de fotossensibilização mais
curtos e maior rendimento na produção de oxigênio singleto (MORITZ, 2014).
Entre os FS’s dessa geração estão as ftalocianinas, bacterioclorinas e as clorinas.
Clorinas são derivados de porfirinas reduzidas e apresentam banda de absorção intensa
entre 660 e 690 nm. Aclorina e6 é obtida pela oxidação da clorofila-α e apresenta alto
rendimento quântico de formação de oxigênio singleto. As clorinas apresentam um
de seus anéis pirrólicos reduzidos, quando comparada às porfirinas, resultando em
maior absorção próximo à 650 nm (Figura 10) (MORITZ, 2014; PIRES, 2012).
Um exemplo de clorina já utilizada com sucesso e comercializada é o Foscan®
(meso-tetra(3-hidroxifenil)clorina) comercializada pela Biolitec Pharma, empresa
irlandesa. O Foscan® é aprovado para uso na Europa o tratamento de câncer de pescoço
e couro cabeludo com sucesso também no tratamento de câncer de mama, próstata e
câncer. O Verteporfin ou Visudyne®
também é aprovado para uso e comercializado
pela Novartis Pharmaceuticals. Embora ambos sejam clorinas, o método de obtenção
não é o mesmo (OLIVEIRA et al., 2015).
O Photodithazine (PDZ®) Veta-Grand é um fotossensibilizador russo baseado
em uma clorina. É produzido a partir da cianobactéria Spirulina platensis, cuja estrutura
foi modificada pela adição de N-metil-D-glicosamina 0,5% como agente solubilizante e
estabilizante e é encontrada em grande quantidade, sendo assim de baixo custo. O
Photodithazine possui banda de absorção na região do vermelho, no comprimento de
onda (λmax =662 nm). Sua alta eficácia parece estar relacionada com sua capacidade de
penetração através de membranas biológicas. O PDZ é eliminado rapidamente do
organismo, com 94% de eliminação em 24h e 98% em 48h (BERNAL, 2011;
CORREA, 2006; PERUSSI, 2007).
36
Figura 10: Espectro de absorção da clorina e6 utilizada nos experimentos, obtida em UV-Vis (Denovix
DS-11)
Fonte: Autora.
3.8 FONTES DE LUZ
As fontes de luz que podem ser empregadas na TFD são diversas, mas
pertencem a basicamente três grupos: os lasers, as lâmpadas de amplo espectro e
dispositivos à base de diodo (LED - Light Emitting Diode). Inicialmente eram usadas
fontes de luz não coerentes, utilizando filtros ópticos para selecionar um determinado
comprimento de onda (TOMAZINI; SOUZA; TEDESCO, 2007).
Os LEDs são uma fonte de luz popular na TFD e possuem comprimento de onda
variável (+/- 10 nm). Os lasers são fontes de luz monocromática de alta fluência,
apresentam um comprimento de onda específico, que deve ser escolhido de forma a
corresponder com o pico de absorção do FS. A fonte de luz utilizada na TFD, o
comprimento de onda e a aplicação ideal devem ser escolhidos sempre de acordo com o
FS que será utilizado, a fim de maximizar os efeitos positivos da TFD, visando sempre
o melhor para o paciente (DAI; HUANG; HAMBLIN, 2010; ISSA; MANELA-
AZULAY, 2010; MACCORMACK, 2008).
37
3.9 TFD NO TRATAMENTO DE LEISHMANÍASE TEGUMENTAR
AMERICANA
A TFD, usualmente aplicada em tratamentos dermatológicos, (tumores cutâneos,
acne, rejuvenescimento) vem sendo proposta como uma terapia alternativa promissora
no tratamento da LTA (MACCORMACK, 2008; SOHL et al., 2007).
Os efeitos da TFD no tratamento da LTA in vitro e in vivo tem sido alvo de estudos,
com diversos fotossensibilizadores como: Ftalocianinas, Ácido aminolevulínico (5-
ALA) e derivados, entre outros. Existe na literatura uma grande variedade na
concentração das drogas fotossensibilizadoras (0 - 500μM), formas de aplicação (tópica,
endovenosa) e diferentes parâmetros de irradiação (tempo de irradiação, comprimento
de onda, potência, etc.) (AKILOV et al., 2007a; DUTTA et al., 2005; ESCOBAR et al.,
2006). Muitos estudos não apresentam os parâmetros como potência da fonte de
emissão de radiação (laser ou LED) ou o número de sessões ou tempo de aplicação,
dificultando a comparação entre os tratamentos. As doses (J/cm2) empregadas variam de
0,8 a 100 J/cm2.
Quanto aos fotossensibilizadores foram utilizados, análogos de benzofenoxazina
(EtNBS, EtNBSe), PpIX (Protoporfirina IX), molécula porfirinóide (BpD), PPA904
(3,7-bis(N,N-dibutilamino)fenotiazinium brometo), AlPhCl, AlPc e ZnPc. Em seus
estudos Akilov e colaboradores (AKILOV et al., 2006, 2007b) testaram inicialmente a
TFD in vitro com PpIX e BpD e EtNBSe e EtNBS, observando por meio de análise de
viabilidade celular que a atividade fotodinâmica do FS aumentou na seguinte ordem:
PpIX<BpD<EtNBS<EtNBSe. Posteriormente os autores investigaram o EtNBSe e o
PPA904 em estudos in vitro e in vivo (camundongos) e observaram melhores resultados
do composto PPA904 baseado em análises de viabilidade celular após aplicação de
TFD. Em 2009 publicaram um estudo (AKILOV et al., 2009) exclusivamente com a
otimização do uso tópico do PPA904 para leishmaníase cutânea, que apresentou ótimos
resultados com aplicações periódicas, que diminuíram a carga parasitária, de 1 x 106
parasitos para aproximadamente 1x10 4
em 60 minutos após a aplicação da TFD, e
forneceram um bom resultado estético.
Escobar e colaboradores (ESCOBAR et al., 2006) também testaram ftalocianinas
(alumínio e Zinco ftalocianina) em promastigotas de Leishmania in vitro e observaram
que a irradiação com 670nm inibiu efetivamente promastigotas de Leishmania chagasi e
38
Leishmania panamensis, mas também enfatizam que estudos são necessários ainda para
conhecer a fotoatividade desses compostos em amastigotas internalizados por
macrófagos e ainda em modelos animais.
O Metvix® foi a droga escolhida por Sohl et al (SOHL et al., 2007) para o
tratamento experimental de um paciente com leishmaníase cutânea. Foi utilizado 100
J/cm2 em duas aplicações, com uma semana de intervalo, e uma terceira aplicação,
quatro semanas depois, para garantir o sucesso do tratamento. A lesão progrediu para a
cura rapidamente, e com um bom resultado estético.
Latorre-Esteves et al (LATORRE-ESTEVES et al., 2010) realizaram ensaios de
TFD com PPA904 e utilizaram L. major com uma proteína fluorescente verde, para
facilitar a monitorização da carga parasitária nos animais. Observando a fluorescência
logo após a aplicação dos tratamentos e nos dias seguintes eles observaram que a morte
do parasito ocorre no primeiro minuto de tratamento e depois disso a carga parasitária
permanece inalterada, sugerindo ainda que o FS aplicado não foi suficiente para
erradicar o parasito. Gardner e colaboradores (GARDNER et al., 2010) combinaram
acenaftoporfirinas com lipossomos artificiais de dimiristoil fosfatidilcolina (DMPC) e a
lipossomos artificiais de uma mistura de DMPC, colesterol e diastearoil
fosfatidilglicerol (DSPG) para avaliar como a composição do lipossomo afeta
associações contínuas. Eles confirmaram que liposomos DMPC transportaram as
porfirinas aos promastigotas de Leishmania tarentolae e os compostos associados com
lipossomos DMPC:Colesterol:DSPG foram efetivos quando testados in vitro contra
amastigotas de Leishmania panamensis.
Todos esses estudos e resultados positivos indicam que a TFD pode ser mais
uma frente de tratamento à LTA, com a vantagem de não ser agressiva como o
tratamento convencional, de agir localmente e ser um procedimento não invasivo.
39
4 MATERIAIS E MÉTODOS
4.1 Procedimento experimental
Os experimentos foram realizados no laboratório de Terapia Fotodinâmica do
IP&D – UNIVAP, em parceria com o Laboratório de Parasitologia e Biotecnologia -
UNIVAP e do IFSC- USP (Instituto de Física de São Carlos) - São Carlos.
4.2 Cultivo dos parasitos
As cepas de Leishmania major (LV39) e Leishmania braziliensis (M2904)
foram mantidas em meio LIT (Liver infusion tryptose) suplementado com 10% de Soro
Fetal Bovino, 2,5 mg/mL de hemina, 2% de urina estéril e 1% de Solução de
Penicilina/Estreptomicina. As cepas foram mantidas em estufa de crescimento a 26ºC, e
repiques de manutenção foram realizados semanalmente, após determinação da fase
logarítmica de crescimento de cada cepa.
4.3 Cultura dos macrófagos
A linhagem de macrófagos J774 foi mantida em meio RPMI- 1640
suplementado com 10% Soro Fetal Bovino, 1% de solução de
Penicilina/Estreptomicina, acondicionados em estufa de cultura a 37ºC com 5% de
CO2.
40
4.4 Infecção de macrófagos J774 com Leishmania spp.
Para a infecção dos macrófagos e posterior tratamento com a Terapia
fotodinâmica os macrófagos foram transferidos para placas de 24 poços, com lamínulas
no fundo, no volume de 1x104 células por poço, e permaneceram aderindo pelo período
da noite. Após o período de adesão das células, promastigotas foram acrescentados na
proporção de 10 parasitos para 1 macrófago e mantidos em estufa por 24 horas a 37ºC e
5% de CO2 (HERNÁNDEZ et al., 2012). Após a internalização dos parasitos, entre 5 a
6 horas, foi realizada a interação com os fotossensibilizadores.
4.5 Preparação dos fotossensibilizadores
Foram utilizadas como fotossensibilizador uma clorina e6, Porfirina e
Curcumina, cedidas pelo laboratório de Biofotônica - Instituto de Física, USP – São
Carlos.
Foram realizadas diluições seriadas (1:2) partindo da concentração de 500 µg/ml
até 7,8 µg/ml para Porfirina e Curcumina, e para clorina e6 foi realizada diluição seriada
(1:)2) partindo de 400 µg/ml até 6,25 µg/ml. A diferença na concentração da clorina
para os outros FS se deve ao melhor efeito observado nos testes iniciais com todos os
FSs. O período de incubação para todos os FS foi de uma hora à 26ºC para os
promastigotas e 37ºC para o co-cultivo de macrófagos e Leishmania.
Cada fotossensbilizador foi diluído conforme as instruções do fornecedor. A
concentração final de DMSO não é tóxica para as células em cultura. A curcumina foi
diluída inicialmente em DMSO (0,1% do volume final) e posteriormente foi diluída em
PBS para utilização nos testes. A clorina foi diluída DMSO (10% do volume final) e
posteriormente diluída em PBS. A porfirina foi diluída diretamente em PBS.
41
4.6 Internalização dos fotossensibilizadores em promastigotas de Leishmania major
e Leishmania braziliensis
Para verificar se após o período de uma hora os fotossensibilizadores foram
internalizados pelas promastigotas, L. major e L. braziliensis foram incubadas com os
FSs na concentração de 125 µg/ml. Após o tempo de incubação o meio com FS foi
retirado, os parasitos foram lavados com PBS por duas vezes e em seguida os parasitos
foram fixados com paraformaldeído a 4%, diluído em PBS, e então aderidos em
lamínulas circulares tratadas com Poli – l –lisina. As lamínulas foram montadas com
Prolong Gold antifading, contendo DAPI (4',6-diamidino-2-phenylindole,
dihydrochloride) para marcação de DNA. Todo o processamento foi realizado no
escuro, e as lâminas foram examinadas em microscópio confocal LSM 700 Zeiss.
Para o marcador DAPI foi utilizada excitação em 358 nm e emissão captada em
461 nm, já para a clorina foram utilizados para excitação o laser de 488 nm e emissão
captada acima de 500 nm. Para a porfirina foi utilizado excitação em 380 nm e a
emissão captada em 637 nm e para a curcumina foi utilizado excitação em 434 nm e
emissão captada em 520 nm.
4.7 Ensaios de TFD:
Foram realizados 3 experimentos independente, cada um em triplicata (n=9), e
os grupos experimentais foram divididos em:
42
Tabela 1 - Grupos experimentais utilizados no desenvolvimento do projeto. Curcumina Porfirina Clorina
Escuro
Controle Controle Controle
500 µg/ml 500 µg/ml 400 µg/ml
250 µg/ml 250 µg/ml 200 µg/ml
125 µg/ml 125 µg/ml 100 µg/ml
62,5 µg/ml 62,5 µg/ml 50 µg/ml
31,25 µg/ml 31,25 µg/ml 25 µg/ml
15,6 µg/ml 15,6 µg/ml 12,5 µg/ml
7,8 µg/ml 7,8 µg/ml 6,25 µg/ml
Irradiado
10 J/cm²
LED LED LED
500 µg/ml 500 µg/ml 400 µg/ml
250 µg/ml 250 µg/ml 200 µg/ml
125 µg/ml 125 µg/ml 100 µg/ml
62,5 µg/ml 62,5 µg/ml 50 µg/ml
31,25 µg/ml 31,25 µg/ml 25 µg/ml
15,6 µg/ml 15,6 µg/ml 12,5 µg/ml
7,8 µg/ml 7,8 µg/ml 6,25 µg/ml
Fonte: Autora.
Os grupos Controle e LED não foram tratados com nenhuma droga, e foram
manipulados da mesma forma que os grupos tratados.
Os grupos Escuro foram mantidos ao abrigo de luz, e os grupos Irradiados
foram submetidos à irradiação com fluência de 10 J/cm². Foram utilizados para irradiar
Biotables constituídos de 48 LEDs, com área de irradiação de 16 cm por 11 cm, capaz
de irradiar uma placa de poços inteira, com a mesma intensidade. Para a curcumina foi
utilizado uma Biotable, em 450 nm, 40 mW/cm² (Biotable, Biopdi) e tempo de
irradiação de 4 minutos e 10 segundos. Para Clorina foi utilizada biotable em 660 nm,
25 mW/cm² (Biopdi) e tempo de irradiação de 6 minutos e 40 segundos, e para Porfirina
foi utilizada biotable em 630 nm, 40mW/cm² e tempo de irradiação de 4 minutos e 10
segundos. Após irradiação as placas foram mantidas ao abrigo de luz em estufa a 26ºC,
bem como os grupos Escuro. Após um período de 18 horas de incubação foram
43
realizados os testes de MTT, Azul de tripan e morfologia, descritos abaixo. O teste de
MTT é realizado 18 horas após a aplicação da terapia, portanto, para a comparação de
todos os testes aplicados, foi respeitado o mesmo período para todos os testes.
4.8 Análise da viabilidade celular dos parasitos pelo do método de exclusão com
Azul de Tripan:
O teste de viabilidade pelo método de exclusão com azul de Tripan parte do
principio de que células viáveis não permitem que o corante entre, enquanto células
mortas permanecem coradas.
Para o método de exclusão com Azul de Tripan 10 μl da cultura de parasitos
submetidos ao tratamento descrito, foram adicionados a 90 μl do azul de Tripan. Após
homogeneizar e aguardar 5 minutos, o número de parasitos vivos e mortos foi contado
em câmara de Neubauer.
4.9 Determinação da atividade mitocondrial
A atividade mitocondrial dos promastigotas e das células infectadas, foi
verificada pelo teste de MTT, que consiste na degradação do sal de MTT ([3-(4,5-
dimethylthiazol-2-yl)-2,5-diphenyltetrazoliumbromide]) em cristais de Formazan, pelas
células viáveis. Foram utilizadas placas de 96 poços. Após a interação com os FSs, e os
tratamentos de TFD foi adicionado a cada poço 50 µL de MTT diluído em PBS
(5mg/mL), suavemente agitado e reincubado por 4h a 26ºC para os promastigotas e
37ºC para os macrófagos, em atmosfera umidificada no escuro (SONG, 2011). Após o
tempo de incubação foi retirada a solução de MTT não metabolizado e foi adicionado
150 µL de DMSO em cada poço para a solubilização dos cristais de formazana e a placa
agitada vigorosamente. O teste foi finalizado medindo a densidade óptica em um leitor
Espectrofotômetro (Biotek® Sinergy HT) em 570 nm (Taylor et al., 2011). Os valores
de absorbância obtidos foram transformados em porcentagem de atividade mitocondrial
em relação ao controle através da seguinte fórmula:
44
4.10 Análise morfológica – coloração
Para avaliação morfológica dos parasitos 18 horas após os tratamentos uma
alíquota de cada grupo foi retirada e foram feitos esfregaços. Os esfregaços secaram por
um período de 12 horas e foram coradas. Para avaliação morfológica dos macrófagos as
células foram aderidas em lamínulas redondas, e após a interação com os FSs as células
foram fixadas e coradas, seguindo o protocolo abaixo.
Para a coloração de Giemsa, inicialmente as amostras foram cobertas com May
Grunwald, por um minuto. Após foi adicionado o mesmo volume de água, e após um
minuto foi retirado. Foi adicionado então o corante Giemsa, diluído em Tampão fosfato,
por 15 minutos. Após o período de 15 minutos o excesso de corante foi retirado, as
lamínulas foram lavadas em água corrente, secas e montadas lâminas permanentes para
análise microscópica da morfologia.
4.11 Análise estatística
Os dados provenientes dos testes acima citados foram submetidos ao teste
ANOVA One Way (BioEstat 5.0), utilizando como nível de significância α = 0,05.
45
5 RESULTADOS
5.1 Internalização da Curcumina
Após uma hora de incubação observou-se a curcumina no interior de ambas as
espécies de Leishmania. Na figura 11 observamos a internalização da Curcumina em L.
major e na figura 12 em L. braziliensis. Observa-se acúmulo de curcumina difuso no
citosol, entretanto, houve uma acumulação de curcumina no núcleo e cinetoplasto.
Figura 11: Localização da curcumina no interior de L. major após uma hora de incubação com
curcumina. (A) Marcação com DAPI, evidenciando núcleo (cabeça de seta) e cinetoplasto (seta), (B)
Fluorescência da Curcumina no citosol, núcleo e cinetoplasto, (C) sinais sobrepostos de DAPI e
curcumina.
Fonte: Autora.
Figura 12: L. braziliensis: (A) Marcação com DAPI, evidenciando núcleo (cabeça de seta) e cinetoplasto
(seta), (B) Fluorescência da Curcumina no citosol, núcleo e cinetoplasto, (C) sinais sobrepostos de DAPI
e curcumina;
Fonte: Autora.
46
5.2 Avaliação da atividade mitocondrial e Exclusão com Tripan após tratamento
com a curcumina
Após a interação de ambas as espécies com a curcumina no escuro foi observado
diferentes padrões de atividade mitocondrial para L. major e L. braziliensis (Figura
13A). Enquanto L. major apresentou maior atividade mitocondrial nos grupos tratados
com curcumina, em relação ao grupo controle (p<0,01), L. braziliensis apresentou
atividade mitocondrial menor, em relação ao grupo controle (p<0,01).
A análise da atividade dos grupos após TFD (Figura 13B) mostrou alteração de
ambas as espécies em relação ao grupo controle. L. major apresentou valores de
atividade mitocondrial acima do valor do grupo controle. L. braziliensis apresentou
atividade mitocondrial menor que o grupo controle para os tratamentos de 500 µg/ml,
250 µg/ml, 125 µg/ml e 7,8 µg/ml, enquanto para as outras concentrações os valores
apresentados estavam acima dos valores do grupo controle. Quando comparado os
dados do teste de Tripan com os resultados do MTT observou-se que as alterações na
atividade mitocondrial nos grupos mantidos no escuro não refletem em alteração da
viabilidade, uma vez que ambas as espécies apresentaram 100% de viabilidade (figura
13C).
Embora o tratamento de TFD com a curcumina tenha aumentado a atividade
mitocondrial de L. major, o número de promastigotas viáveis, avaliado pelo teste de
Tripan, diminuiu. A TFD com concentrações de 500 µg/ml à 31,25 µg/ml diminuíram a
viabilidade em menos de 50% para ambas as espécies testadas e mesmo a concentração
mais baixa utilizada, de 7,8 µg/ml teve impacto na viabilidade dos promastigotas
(Figura 13D). Comparando os resultados de ambas espécies é possível observar que a
viabilidade de L. braziliensis foi mais afetada que L. major no tratamento com as duas
maiores concentrações.
47
Figura 13: (A) Porcentagem de atividade mitocondrial em ambas as espécies após incubação com
curcumina no escuro. (B) Porcentagem de atividade mitocondrial de ambas as espécies após TFD com
curcumina e do grupo controle tratado apenas com LED na fluência de 10 J/ cm². (C) Viabilidade dos
promastigotas de ambas as espécies determinada pelo teste de exclusão com azul de Tripan do grupo
controle e tratados com Curcumina e mantidos no escuro. (D) Viabilidade dos promastigotas determinada
pelo teste de azul de Tripan de ambas as espécies após TFD com curcumina e do grupo controle tratado
apenas com LED na fluência de 10 J/cm² ( • p<0,01) (*p<0,01).
Fonte: Autora
5.3 Análise morfológica dos promastigotas após tratamento com Curcumina
Ambas as espécies apresentaram alterações morfológicas após a TFD com
curcumina (Figura 14). Os controles no escuro (14A) e irradiado (14I) de L. major
exibiram morfologia fusiforme com núcleo e flagelo evidente, além disso, o tratamento
com a curcumina no escuro (14B à 14H) não levou à alterações morfológicas
significativas. O tratamento com TFD (Figura 14J à 14N), causou alterações
significativas na morfologia dos parasitos de L. major. É possível notar as células
arredondadas, nas concentrações mais altas de curcumina.
48
Figura 14: Morfologia de L. major em todos os grupos experimentais, mantidos no escuro e irradiados
com fluência de 10 J/cm². A- controle no escuro, B- 500 µg/ml no escuro, C-250 µg/ml no escuro, D- 125
µg/ml no escuro, E- 62,5 µg/ml no escuro, F- 31,25 µg/ml no escuro, G-15,625 µg/ml no escuro, H- 7,8
µg/ml no escuro, I - LED (10J/cm²), J- PDT 500 µg/ml, K- PDT 250 µg/ml, L- PDT 125 µg/ml, M- PDT
62,5 µg/ml, N- PDT 31,25 µg/ml, O- PDT 15,625 µg/ml, P- PDT 7,8 µg/ml
Fonte: Autora.
Figura 15: Morfologia de L. braziliensis em todos os grupos experimentais, mantidos no escuro e
irradiados com fluência de 10 J/cm². A- controle no escuro, B- 500 µg/ml no escuro, C-250 µg/ml no
escuro, D- 125 µg/ml no escuro, E- 62,5 µg/ml no escuro, F- 31,25 µg/ml no escuro, G-15,625 µg/ml no
escuro, H- 7,8 µg/ml no escuro, I - LED (10J/cm²), J- PDT 500 µg/ml, K- PDT 250 µg/ml, L- PDT 125
µg/ml, M- PDT 62,5 µg/ml, N- PDT 31,25 µg/ml, O- PDT 15,625 µg/ml, P- PDT 7,8 µg/ml
Fonte: Autora.
49
A espécie de L. braziliensis também apresentou morfologia normal nos grupos
controle (Figura 15A) e irradiado (Figura 15I), com aspecto fusiforme, núcleo e flagelo
evidente. Os grupos tratados com curcumina no escuro (Figura 15B à 15H) também
apresentaram morfologia normal. O tratamento de TFD (Figura 15J à 15O) desencadeou
alterações morfológicas significativas em todas as concentrações testadas, com perda do
formato fusiforme (Figura 15J à 13O) e até mesmo do flagelo (Figura 15P).
5.4 Avaliação da atividade mitocondrial e Exclusão com Azul de Tripan em co-
cultivo de macrófagos e promastigotas após tratamento com a curcumina
Após os testes com promastigotas de ambas as espécies foram selecionadas as
concentrações que apresentaram os melhores resultados na TFD para realizar os testes
de atividade mitocondrial e exclusão com azul de Tripan em co-cultivo de macrófagos e
Leishmania. As concentrações selecionadas para Curcumina foram 500 µg/mL, 250
µg/mL, 125 µg/mL e 62,5 µg/mL.
Foi observado que a atividade mitocondrial das células foi afetada após interação
com a curcumina no escuro (Figura 16A), sendo que houve um padrão de diminuição da
atividade mitocondrial, com as maiores concentrações apresentando menor atividade
mitocondrial. Esse padrão de atividade se repetiu para o grupo apenas de macrófagos
(J774), e para os grupos infectados com L. major e L. braziliensis.
Os grupos que foram irradiados com 10 J/cm² sem nenhuma interação com a
curcumina apresentaram atividade mitocondrial similar ao grupo controle, enquanto os
grupos tratados com TFD apresentaram diminuição da atividade mitocondrial em
relação ao grupo controle (p<0,01). Quando observamos os grupos tratados com TFD,
os macrófagos infectados com L. major tiveram atividade mitocondrial mais baixa que
os grupos apenas de macrófagos ou os infectados com L. braziliensis.
50
Figura 16: (A) Porcentagem de atividade mitocondrial de macrófago J774 e do co-cultivo com ambas as
espécies após incubação com curcumina no escuro e após TFD (irradiado com fluência de 10 J/cm²). (B)
Viabilidade de macrófago J774 e do co-cultivo com ambas as espécies determinada pelo teste de exclusão
com azul de Tripan do grupo controle e tratados com Curcumina e mantidos no escuro e após TFD
(irradiado com fluência de 10 J/cm²) ( • p<0,01) (*p<0,01).
Fonte: Autora.
O teste de Tripan (Figura 16B) demonstrou que embora tenha havido impacto na
atividade mitocondrial após interação com a curcumina no escuro, não houve toxicidade
para nenhum dos grupos, que apresentaram 100% de viabilidade (Figura 16). O
tratamento de TFD entretanto apresentou 100% de toxicidade para todos os grupos
testados, sendo possível observar todas as células fortemente coradas pelo azul de
Tripan, evidenciando que todas as quatro concentrações testadas foram capazes de
inviabilizar macrófagos e Leishmania.
51
5.5 Internalização da Porfirina
Após uma hora de incubação observou-se a Porfirina no interior de ambas as
espécies de Leishmania, difusa no citosol. É possível observar a acumulação de
Porfirina no citosol de L. major (Figura 17) após o período de incubação, bem como em
L. braziliensis (Figura 18).
Figura 17: Localização da Porfirina no interior de L. major após uma hora de. (A) Marcação com DAPI,
evidenciando núcleo e cinetoplasto, (B) Fluorescência da porfirina no citosol, (C) sinais sobrepostos de
DAPI e porfirina;
Fonte: Autora.
Figura 18: Localização da Porfirina no interior de L. braziliensis: (A) Marcação com DAPI, evidenciando
núcleo e cinetoplasto, (B) Fluorescência da Porfirina no citosol, (C) sinais sobrepostos de DAPI e
porfirina.
Fonte: Autora.
52
5.6 Avaliação da atividade mitocondrial e Exclusão com Tripan após tratamento
com a Porfirina
Após a interação com a porfirina foram observados padrões de atividade
mitocondrial semelhante para ambas as espécies. L. major e L. braziliensis
apresentaram redução significativa da atividade mitocondrial, comparada ao grupo
controle (p<0,01) (Figura 19A), com todos os grupos apresentando menos de 40% de
atividade mitocondrial. Após a TFD esses valores são menos de 10% de atividade
mitocondrial para ambas as espécies (Figura 19B), sendo que L. major apresentou
valores inferiores aos de L. braziliensisis. O teste de exclusão com azul de Tripan
demonstrou que a interação da porfirina no escuro com ambas as espécies causou leve
toxicidade nas concentrações mais altas (Figura 19C), comprovando que, embora a
atividade mitocondrial tenha sido drasticamente afetada nos grupos tratados no escuro, a
viabilidade não foi afetada da mesma forma. Os grupos tratados com TFD por sua vez
apresentaram diminuição na viabilidade. L. major apresentou bons resultados nas
concentrações de 500 µg/ml, 250 µg/ml e 125 µg/ml, mas nas concentrações mais
baixas a viabilidade não foi tão afetada quanto em L. braziliensis, que apresentou bons
resultados desde 500 µg/ml até a concentração de 31,25 µg/ml (Figura 19D).
53
Figura 19: Porcentagem de atividade mitocondrial em ambas as espécies do grupo controle e após
incubação com porfirina no escuro. (B) Porcentagem de atividade mitocondrial de ambas as espécies após
TFD com porfirina e do grupo controle tratado apenas com LED na fluência de 10 J/cm². (C) Viabilidade
dos promastigotas de ambas as espécies determinada pelo teste de exclusão com azul de Tripan do grupo
controle e tratados com Porfirina e mantidos no escuro. (D) Viabilidade dos promastigotas determinada
pelo teste de azul de Tripan de ambas as espécies após TFD com Porfirina e do grupo controle tratado
apenas com LED na fluência de 10 J/cm² ( • p<0,01) (*p<0,01).
Fonte: Autora.
5.7 Análise morfológica após tratamento com Porfirina
A morfologia de ambas espécies não se mostrou alterada nos grupos controle
escuro (Figura 20A), no controle irradiado (Figura 20I) ou nos grupos tratados com
Porfirina e mantidos no escuro (Figura 20B à 20H). Nesses grupos é possível observar
o formato fusiforme, presença do núcleo íntegro e flagelo. Após a TFD entretanto, é
possível observar alterações na morfologia. No grupo TFD 500 µg/ml (Figura 20J) é
impossível identificar núcleo, cinetoplasto ou qualquer estrutura interna, mas o flagelo
permanece intacto. Os outros tratamentos de TFD também levaram à alterações
significativas na morfologia de L. major.
Os controles no escuro (Figura 21A) e irradiado (Figura 21I) bem como os
tratamento de L. braziliensis com Porfirina não apresentaram alterações na morfologia
do parasito (Figura 21B à 21H), enquanto os grupos tratados com TFD (Figura 21J à
54
21P) apresentaram alterações morfológicas significativas, com perda do formato de
fuso, e dificuldade em visualizar as estruturas internas do parasito.
Figura 20: Morfologia de L. major em todos os grupos experimentais, tratados com Porfirina, mantidos
no escuro e irradiados com fluência de 10 J/cm². A- controle no escuro, B- 500 µg/ml no escuro, C-250
µg/ml no escuro, D- 125 µg/ml no escuro, E- 62,5 µg/ml no escuro, F- 31,25 µg/ml no escuro, G-15,625
µg/ml no escuro, H- 7,8 µg/ml no escuro, I - LED (10J/cm²), J- PDT 500 µg/ml, K- PDT 250 µg/ml, L-
PDT 125 µg/ml, M- PDT 62,5 µg/ml, N- PDT 31,25 µg/ml, O- PDT 15,625 µg/ml, P- PDT 7,8 µg/ml.
Fonte: Autora.
55
Figura 21: Morfologia de L. braziliensis em todos os grupos experimentais, tratados com Porfirina,
mantidos no escuro e irradiados com fluência de 10 J/cm². A- controle no escuro, B- 500 µg/ml no escuro,
C-250 µg/ml no escuro, D- 125 µg/ml no escuro, E- 62,5 µg/ml no escuro, F- 31,25 µg/ml no escuro, G-
15,625 µg/ml no escuro, H- 7,8 µg/ml no escuro, I - LED (10J/cm²), J- PDT 500 µg/ml, K- PDT 250
µg/ml, L- PDT 125 µg/ml, M- PDT 62,5 µg/ml, N- PDT 31,25 µg/ml, O- PDT 15,625 µg/ml, P- PDT 7,8
µg/ml.
Fonte: Autora.
5.8 Avaliação da atividade mitocondrial e Exclusão com Azul de Tripan em co-
cultivo de macrófagos e promastigotas após tratamento com a Porfirina
Após os testes com promastigotas de ambas as espécies foram selecionadas as
concentrações que apresentaram os melhores resultados na TFD para realizar os testes
de atividade mitocondrial e exclusão com azul de Tripan. As concentrações
selecionadas para Porfirina foram 500 µg/mL, 250 µg/mL, 125 µg/mL e 62,5 µg/mL.
Observou-se alteração na atividade mitocondrial dos grupos tratados no escuro
com porfirina, (Figura 22A), com valores acima do grupo controle para todos os grupos,
exceto J774 e J774 infectado com L. braziliensis quando tratados com 500 µg/mL, que
apresentaram valores menores que o grupo controle. Após a TFD com Porfirina
entretanto houve diminuição significativa da atividade mitocondrial em todos os grupos,
sendo que a concentração de 500 µg/ml foi a que apresentou diminuição mais
expressiva pra ambas as espécies. O grupo infectado por L. major apresentou menor
56
atividade mitocondrial que o infectado com L. braziliensis em todas as concentrações
testadas.
Figura 22: (A) Porcentagem de atividade mitocondrial de macrófago J774 e do co-cultivo com ambas as
espécies após incubação com porfirina no escuro e após TFD (irradiado com fluência de 10 J/cm²). (B)
Viabilidade de macrófago J774 e do co-cultivo com ambas as espécies determinada pelo teste de exclusão
com azul de Tripan do grupo controle e tratados com porfirina e mantidos no escuro e após TFD
(irradiado com fluência de 10 J/cm²) ( • p<0,01) (*p<0,01).
Fonte: Autora.
O teste de Azul de Tripan demonstrou que houve leve toxicidade no escuro em
todos os grupos tratados com Porfirina, mais expressivas nas concentrações de 500
µg/mL e 250 µg/mL e menos expressivas nas concentrações de 125 µg/mL e 62,5 µg/mL
(Figura 22B). Entretanto o tratamento de TFD com porfirina foi 100% eficaz em todas
as concentrações testadas.
57
5.9 Internalização da Clorina e6
Após uma hora de incubação com a Clorina na concentração de 125 µg/mL
observou-se acumulação no citosol, com aglomerações, possivelmente de vesículas
endocíticas. Ambas as espécies, L.major (Figura 23) e L. braziliensis (Figura 24)
apresentaram acumulação difusa no citosol, e pequenos pontos de acumulação do FS.
Figura 23: Localização da Clorina no interior de L. major após uma hora de incubação. (A) Marcação
com DAPI, evidenciando núcleo e cinetoplasto, (B) Fluorescência da clorina e6 no citosol (C) sinais
sobrepostos de DAPI e Clorina e6
Fonte: Autora.
Figura 24: Localização da Clorina no interior de L. braziliensis: (A) Marcação com DAPI, evidenciando
núcleo e cinetoplasto, (B) Fluorescência da Clorina no citosol (C) sinais sobrepostos de DAPI e Clorina
Fonte: Autora.
58
5.10 Avaliação da atividade mitocondrial e Exclusão com Tripan após tratamento
com a clorina e6
A avaliação da atividade mitocondrial de L. major e L. braziliensis após a
interação com clorina e6 no escuro demonstrou padrões similares para ambas as
espécies. Houve diminuição na atividade, em relação ao grupo controle (Figura 25A),
com L. braziliensis apresentando valores menores que L. major. Após a TFD no entanto
os valores de atividade mitocondrial foram ainda menores do que os valores no escuro
(Figura 25B), para ambas as cepas, que apresentaram menos de 10 % de atividade
mitocondrial.
Figura 25: (A) Porcentagem de atividade mitocondrial em ambas as espécies após incubação com clorina
e6 no escuro. (B) Porcentagem de atividade mitocondrial de ambas as espécies após TFD com clorina e6
e do grupo controle tratado apenas com LED na fluência de 10 J/cm². (C) Viabilidade dos promastigotas
de ambas as espécies determinada pelo teste de exclusão com azul de Tripan do grupo controle e tratados
com clorina e6 e mantidos no escuro. (D) Viabilidade dos promastigotas determinada pelo teste de azul de
Tripan de ambas as espécies após TFD com clorina e6 e do grupo controle tratado apenas com LED na
fluência de 10 J/cm² ( • p<0,01) (*p<0,01)
Fonte: Autora.
O teste de Tripan demonstrou que, embora a atividade mitocondrial dos grupos
tratados com clorina e6 no escuro tenha sido afetada, essa diminuição não afetou
diretamente na viabilidade dos parasitos (Figura 25C). É possível que a interação com o
59
a clorina tenha levado à alterações na atividade mitocondrial, mas que isso não afete a
viabilidade. Após a aplicação da TFD a viabilidade foi afetada em todos os grupos,
sendo que, para L. major a terapia com as concentrações de 400 µg/mL, 200 µg/mL,
100 µg/mL, 50 µg/mL e 25 µg/mL foi mais eficiente (Figura 25D), enquanto as
menores concentrações não mostraram a mesma eficácia. Para L. braziliensis as
concentrações mais eficazes foram as de 400 µg/mL, 200 µg/mL, 100 µg/mL, 50
µg/mL.
5.11 Análise morfológica após tratamento com clorina e6
Foram observadas alterações morfológicas em ambas as espécies após os
tratamentos de TFD. A espécie de L. major apresentou morfologia característica nos
grupos controle (Figura 26A) e irradiado (Figura 26I), bem como nos grupos tratados
com Clorina e mantidos no escuro (Figura 26B à 26H). Após a TFD foi possível
observar alteração significativa na morfologia de L. major (Figura 26J à 26P), em todas
as concentrações testadas.
L. braziliensis também teve morfologia afetada pela TFD com clorina e6 (Figura
27J à 27P), em todas as concentrações testadas, entretanto, nas concentrações mais altas
as alterações foram mais drásticas, sendo possível observar completa perda da forma de
fuso na concentração de 400 µg/mL (Figura 27J). Os grupos controle escuro (Figura
27A), controle LED (Figura 27I) e todos os grupos tratados com clorina e6 e mantidos
no escuro apresentaram morfologia característica.
60
Figura 26: Morfologia de L. major em todos os grupos experimentais após tratamento com clorina e6 e
controles. A- controle no escuro, B- 400 µg/ml no escuro, C-200 µg/ml no escuro, D- 100 µg/ml no
escuro, E- 50 µg/ml no escuro, F- 25 µg/ml no escuro, G-12,5 µg/ml no escuro, H- 6,25 µg/ml no escuro,
I - LED (10J/cm²), J- PDT 400 µg/ml, K- PDT 200 µg/ml, L- PDT 100 µg/ml, M- PDT 50 µg/ml, N-
PDT 25 µg/ml, O- PDT 12,5 µg/ml, P- PDT 6,25 µg/ml
Fonte: Autora.
Figura 27: Morfologia de L. braziliensis em todos os grupos experimentais após tratamento com clorina
e6 e controles. A- controle no escuro, B- 400 µg/ml no escuro, C-200 µg/ml no escuro, D- 100 µg/ml no
escuro, E- 50 µg/ml no escuro, F- 25 µg/ml no escuro, G-12,5 µg/ml no escuro, H- 6,25 µg/ml no escuro,
I - LED (10J/cm²), J- PDT 400 µg/ml, K- PDT 200 µg/ml, L- PDT 100 µg/ml, M- PDT 50 µg/ml, N-
PDT 25 µg/ml, O- PDT 12,5 µg/ml, P- PDT 6,25 µg/ml
Fonte: Autora.
61
5.12 Avaliação da atividade mitocondrial e Exclusão com Azul de Tripan em co-
cultivo de macrófagos e promastigotas após tratamento com a clorina e6
Após os testes com promastigotas de ambas as espécies foram selecionadas as
concentrações que apresentaram os melhores resultados na TFD para realizar os testes
de atividade mitocondrial e exclusão com azul de Tripan. As concentrações
selecionadas foram 400 µg/mL, 200 µg/mL, 100 µg/mL e 50 µg/mL, para Clorina e6.
Figura 28: (A) Porcentagem de atividade mitocondrial de macrófago J774 e do co-cultivo com ambas as
espécies após incubação com clorina no escuro e após TFD (irradiado com fluência de 10 J/cm²). (B)
Viabilidade de macrófago J774 e do co-cultivo com ambas as espécies determinada pelo teste de exclusão
com azul de Tripan do grupo controle e tratados com clorina e mantidos no escuro e após TFD (irradiado
com fluência de 10 J/cm²) ( • p<0,01) (*p<0,01).
Fonte: Autora.
62
A analise da atividade mitocondrial dos macrófagos isolados e do co-cultivo
com L. major e L. braziliensis demonstrou que a interação das células com a clorina no
escuro (Figura 28A) promoveu alteração da atividade mitocondrial em todos os grupos,
de forma particular em cada um deles. Os macrófagos isolados apresentaram baixa
atividade mitocondrial para quando tratados com 400 µg/mL e 50 µg/mL, enquanto os
tratamentos com 200 µg/mL e 100 µg/mL promoveram aumento da atividade
mitocondrial, em relação ao controle. O co-cultivo de macrófagos e Leishmania major
apresentou diminuição na atividade mitocondrial para todos os grupos, exceto o tratado
com 50 µg/ml no escuro, que permaneceu com atividade próxima ao controle. Quanto à
atividade mitocondrial dos grupos tratados com TFD (Figura 28A) foi possível observar
diminuição em todas as concentrações, sendo a concentração de 400 µg/mL a que
promoveu menores valores de atividade mitocondrial. Nas maiores concentrações
testadas o grupo que teve menor atividade mitocondrial após TFD foi o de co-cultivo
deJ774 e L. braziliensis.
O teste de Azul de Tripan (Figura 28B) mostrou que as concentrações de 400
µg/mL e 200 µg/mL foram citotóxicas para os macrófagos isolados e em co-cultivo com
ambas as espécies, com 100% de mortalidade para 400 µg/mL para todos os grupos no
escuro, e 100% de mortalidade para J774 e J774 infectados com L. major, e 50% de
mortalidade para J774 infectados com L. braziliensis na concentração de 200 µg/mL. A
TFD com clorina e6 (Figura 28B) promoveu 100% de mortalidade para todos os grupos.
Em nenhum dos experimentos de TFD os grupos controle irradiados (LED)
apresentaram diminuição na viabilidade, comprovando que a fluência usada em todos os
grupos não foi prejudicial para promastigotas ou macrófagos.
63
6 DISCUSSÃO
O presente estudo demonstrou que a TFD com os fotossensibilizadores testados
foi capaz de impactar na viabilidade de promastigotas de Leishmania e em macrófagos
infectados. A informação sobre a localização dos fotossensibilizadores no interior dos
parasitos é importante para explicar os resultados obtidos. Foi observado que cada
fotossensibilizador apresentou comportamento diferente. Após uma hora de incubação a
curcumina se encontra difusa no citosol mas também se concentra no núcleo e
cinetoplasto, em ambas as espécies. A porfirina, por sua vez, encontra-se difusa no
citosol, em ambas as espécies, sem aparente acumulação em organelas específicas,
embora sejam necessárias marcações específicas para se saber com certeza. A clorina
se apresentou fortemente concentrada no citosol, mas também demonstrou afinidade
pela estrutura flagelar da Leishmania.Outros trabalhos também observaram que a
localização do FS varia, de acordo com sua composição. Gardner e colaboradores
(GARDNER et al., 2010) observaram que Acenaftoporfirinas em L. tarentolae e L.
panamensis apresentaram afinidade pelas membranas celulares, além de apontar que a
utilização de lipossomos de Acenaftoporfirina aumentava a internalização do composto,
em comparação à droga livre. A diferença na composição da Acenatoporfirina utilizada
por Gardner e a Porfirina utilizada nesse estudo levam ao acúmulo do FS em diferentes
estruturas, no citosol, no caso da porfirina, e nas membranas, no caso da
Acenatoporfirina, podendo levar à diferentes resultados da terapia.
Uma particularidade da curcumina, seu acúmulo no núcleo e cinetoplasto
chamou atenção, nos resultados obtidos nesse estudo. A interação da curcumina com o
material genético têm sido objeto de estudo de alguns artigos. Nafisi e colaboradores
(NAFISI et al., 2009) realizaram um estudo com a finalidade de descobrir se a
curcumina seria capaz de se ligar ao DNA de células de Timo de bezerro e RNA de
levedura utilizando técnicas de FT-IR e espectroscopia de UV-Visível e observaram que
a curcumina se ligou ao DNA e ao RNA. Ogiwara e colaboradores (OGIWARA et al.,
2013) também demonstraram que a curcumina interagem com o DNA afetando os
sistemas de check points e aumentando a apoptose em células cancerígenas.
O acúmulo de curcumina no núcleo e cinetoplasto das promastigotas pode
explicar os resultados de atividade mitocondrial obtidos após o tratamento com TFD,
que indicaram aumento de atividade mitocondrial, uma vez que a mitocôndria é uma
64
organela muito ativa durante o processo de morte celular. Entretanto, foi possível
observar que as espécies responderam de forma diferente ao teste de atividade
mitocondrial. Enquanto L. major teve atividade mitocondrial aumentada após interação
com a curcumina no escuro, L. braziliensis apresentou valores menores de atividade
mitocondrial, enquanto a interação com Clorina e porfirina promoveram respostas
similares de ambas as espécies. Considerando que a curcumina é capaz de se ligar ao
DNA no núcleo e cinetoplasto, é possível que a atividade mitocondrial aumentada após
TFD seja em decorrência dessa interação.
Diversos estudos utilizam ensaios de MTT para determinar a porcentagem de
células viáveis, entretanto é necessário levar em consideração que nem sempre o teste
de MTT apenas fornece informação precisa sobre a viabilidade das células (DUTTA;
WAKI; CHANG, 2012; DUTTA et al., 2011; GARDNER et al., 2010; HERNÁNDEZ
et al., 2012; SILVA et al., 2015; SONG et al., 2011; TAYLOR et al., 2011). O presente
estudo demonstrou que após o tratamento com a curcumina a atividade mitocondrial foi
afetada tanto nos grupos mantidos no escuro quanto nos tratamentos de TFD, entretanto
as alterações na atividade mitocondrial não refletiram diretamente na viabilidade,
avaliada pelo teste de Azul de Tripan. Nem sempre a presença de atividade
mitocondrial, significa que a célula está viável, ou que irá sobreviver ao tratamento. A
espécie de L. major, por exemplo, apresentou mais de 150% de atividade mitocondrial
após tratamento de TFD com 500 µg/ml de curcumina, mas o teste de Tripan apontou
menos de 20% de parasitos viáveis. Após o tratamento com clorina no escuro, ambas as
espécies apresentaram diminuição na atividade mitocondrial, entretanto o teste de
Tripan demonstrou 100% de parasitos viáveis. O mesmo comportamento foi observado
após a interação com a porfirina. Foi observada diminuição drástica na atividade
mitocondrial dos grupos tratados no escuro, mas o teste de Azul de Tripan demonstrou
que os parasitos estavam viáveis.
O padrão de atividade mitocondrial alterou, no entanto, quando o teste foi
aplicado no co-cultivo de macrófagos e promastigotas. O tratamento com a curcumina
levou à diminuição da atividade mitocondrial dos grupos tratados com curcumina no
escuro e irradiados. Entretanto, o teste de Azul de Tripan demonstrou que, embora a
atividade mitocondrial do grupo escuro tenha diminuído, a viabilidade desse grupo foi
de 100%, enquanto o grupo tratado com TFD apresentou 100% de morte. A porfirina,
por sua vez, levou a um aumento da atividade mitocondrial dos grupos escuros,
enquanto após a TFD foi observada diminuição da atividade mitocondrial. O teste com
65
Azul de Tripan evidenciou uma baixa toxicidade da Porfirina no escuro, enquanto a
TFD desencadeou 100% de morte celular. O padrão de atividade mitocondrial
apresentado pelos grupos tratados com clorina foi similar ao da porfirina. Aumento da
atividade mitocondrial no escuro e diminuição após a TFD. O teste de azul de Tripan no
entanto demonstrou citotoxicidade nas duas concentrações mais alta, no escuro, e 100%
de morte celular após a TFD.
Em seus estudos DUTTA et al. (DUTTA et al., 2005) testaram o efeito da cloro
alumínio ftalocianina in vitro em Leishmania amazonensis em co-cultivo com
macrófagos da linhagem J774 utilizando, entre outros métodos, o de exclusão por Azul
de Tripan. Foi observado que em estágio extracelular e intracelular o FS não era tóxico
ao parasito ou aos macrófagos, entretanto quando irradiados com aproximadamente 3.6
J.cm-2
rapidamente eram mortas. A diminuição do número total de células viáveis
ocorreu em concentrações do fotossensibilizador de 0 a 10 μg/ml e doses de 3,0 J/cm2, o
que demonstra a ação fototóxica e a possibilidade da TFD como terapia alternativa aos
tratamentos convencionais. Além disso, observaram também alterações morfológicas
dos parasitos após aplicação da TFD e diminuição da motilidade dos parasitos. No
presente estudo foi observado que a TFD alterou a morfologia dos parasitos
drasticamente, após os tratamentos com todos os FSs testados, principalmente nas
concentrações mais altas, diminuindo a motilidade dos parasitos e a viabilidade. Deve-
se levar em consideração que não basta apenas um FS ser eficaz. Pelo fato da LTA ser
uma doença negligenciada, que afeta muitas vezes pessoas provenientes de populações
carentes e trabalhadores rurais, é necessário que a terapia seja acessível. Enquanto a
síntese de uma ftalocianina é um processo caro e delicado, a curcumina é um composto
natural, com potencial de ser produzido nacionalmente a menor custo.
Taylor e colaboradores (TAYLOR et al., 2011) utilizaram o teste de MTT para
determinar a viabilidade após o tratamento com Dietil e Dimetil carbaporfirina, e
observaram toxicidade dos compostos no escuro. No presente estudo a interação dos
promastigotas com a Porfirina no escuro promoveu diminuição drástica na atividade
mitocondrial em todas as concentrações testadas, mas quando analisamos os dados do
teste de Tripan, é possível observar que não houve mortalidade nesses grupos,
demonstrando que a Porfirina utilizada nesse estudo pode ser mais apropriada para
aplicação clínica.
Pinto e colaboradores (PINTO; SOARES; MITTMANN, 2011) aplicaram TFD
com Alumínio ftalocianina tetrasulfonada e avaliaram com o teste de azul de Tripan, e
66
observaram que o tratamento foi capaz de diminuir a viabilidade, além de constatar que
L. braziliensis foi mais susceptível ao tratamento que L. major. No presente estudo a
suscetibilidade das cepas variou de acordo com o fotossensibilizador utilizado. L.
braziliensis foi mais afetada pela TFD com Porfirina e clorina em maiores
concentrações, contudo em menores concentrações desses FS sua viabilidade foi maior
do que L. major. No tratamento de TFD com curcumina L. major se mostrou mais
resistente ao tratamento de TFD nas concentrações de 500 µg/ml e 250 µg/ml, e mais
suscetível que L. braziliensis para as outras concentrações.
O resultado da microscopia confocal contribuiu para o entendimento do aumento
da atividade mitocondrial dos grupos tratados com a curcumina. Como a curcumina se
acumula no núcleo e no cinetoplasto, organela que é descrita como uma porção
especializada da mitocôndria (SOUZA, 2009), pode-se sugerir que essa interação com a
curcumina pode ter levado ao aumento da atividade mitocondrial observado em todos
os grupos. Quanto à diminuição da atividade mitocondrial dos grupos tratados com
clorina e porfirina no escuro, claramente são motivadas pela interação dos parasitos com
os compostos, uma vez que os grupos controle apresentam atividade mitocondrial
normal. Foi demonstrado pela microscopia confocal que os FS foram internalizados
pelos parasitos, e embora a atividade mitocondrial fosse baixa, o teste com o azul de
Tripan demonstrou que as células estavam viáveis.
Alterações morfológicas foram observadas em todos os grupos tratados com
TFD, sendo que as alterações mais expressivas ocorreram nos tratamentos com as
maiores concentrações. Além disso, foi possível observar que os grupos controle no
escuro, em todas as concentrações não apresentaram alterações morfológicas
significativas. Após o tratamento de TFD com a curcumina, ambas as espécies
apresentaram drásticas alterações morfológicas, com perda da característica fusiforme.
Embora o tratamento de TFD com a porfirina tenha levado à alterações morfológicas, o
padrão de alterações foi diferente da curcumina. Enquanto a última levou à evidente
perda da forma de fuso, a porfirina parece causar maiores danos no interior da célula,
levando inclusive à presença de células sem núcleo evidente, embora o formato ainda
seja o característico. A forte concentração da clorina no interior de ambas as espécies de
Leishmania e seu acúmulo na membrana flagelar provavelmente contribuíram para o
forte impacto que a TFD teve na morfologia dos parasitos, sendo possível observar,
além da alteração do formato, células sem flagelo.
67
Hernandez e colaboradores (HERNÁNDEZ et al., 2012) observaram alterações
morfológicas em amastigotas após tratamento de TFD com cloro alumínio Ftalocianina.
Embora os amastigotas estivessem internalizados por macrófagos, a TFD foi capaz de
causar alterações no parasito. No presente estudo, após TFD com curcumina foi
observado perda do formato fusiforme, núcleo e cinetoplasto nem sempre estavam
visíveis, e em alguns casos o flagelo estava ausente. Em estudo morfológico Souza
(SOUZA, 1995) demonstrou que tripanossomatídeos possuem uma estrutura formada
por uma camada de microtúbulos abaixo da membrana plasmática. Essa estrutura
garante ao parasito o formato fusiforme e limita a internalização de moléculas, que
ocorre majoritariamente pelo bolso flagelar do parasito. As alterações morfológicas
demonstradas nesse estudo podem sugerir que a TFD foi capaz de afetar essa camada de
microtúbulos, levando à severas alterações no formato das células.
A manifestação cutânea da leishmaniose é caracterizada por intensa resposta
imunológica, com forte presença de macrófagos nas regiões de lesão. A Leishmania é
capaz de resistir e se adaptar à situações extremas, como às proteases presentes no tubo
digestivo do inseto e à presença de espécies reativas de oxigênio e nitrogênio e óxido
nítrico produzidos pelos macrófagos (CARNEIRO et al., 2016).
Estudos utilizando a TFD em modelo de co-cultivo de Leishmania e macrófagos
são de grande importância para determinar a capacidade do tratamento de eliminar não
só os parasitos livres, mas também as formas internalizadas. Dutta e colaboradores
(DUTTA et al., 2011) realizaram estudo para verificar o efeito da TFD com
Ftalocianinas de Zinco e Silício, observando que o parasito internalizado era susceptível
ao tratamento. Em 2012 o mesmo grupo (DUTTA; WAKI; CHANG, 2012) comparou
os efeitos da TFD com Uroporfirina e alumínio ftalocianina em co-cultivo de
macrófagos e Leishmania, com o diferencial de fotossensibilizar os promastigotas antes
da infecção dos macrófagos. Dois dias após a infecção as culturas foram tratadas com
ALA (1 mM) e, um dia após, irradiados com 10 J/cm². Com esse tratamento, foi
observada diminuição significativa da carga parasitária, principalmente com a
associação de Uroporfirina e Alumínio Ftalocianina. Os protocolos testados no presente
estudo foram capazes de eliminar 100% dos macrófagos infectados após a TFD,
indicando que os fotossensibilizadores testados são eficientes e podem ser utilizados
futuramente em modelos animais, para determinar sua eficácia in vivo.
Taylor e colaboradores (TAYLOR et al., 2011) também utilizaram o modelo de
co-cultivo para avaliar a ação de carbaporfirinas em macrófagos infectados com
68
Leishmania amazonensis, obetendo melhor resposta com a Dimetil Carbaporfirina
acetal irradiada por duas horas com lâmpada fluorescente, perfazendo uma fluência de
1.1 J/cm², do que com a Dietil carbaporfirina acetal, com o mesmo tempo de irradiação.
Entretanto, quando foi testado um período de irradiação de quatro horas (2.1 J/cm²), a
resposta de ambos os compostos foi similar, evidenciando que o protocolo utilizado
também pode interferir no resultado final da terapia.
Quando comparamos os tratamentos é possível inferir que todos os FS testados
foram capazes de afetar a viabilidade dos parasitos livres. Entretanto o único tratamento
capaz de matar 100% dos parasitos foi o de TFD com clorina, na concentração de 400
µg/ml na cepa de L. braziliensis. Quando observamos a interação com os macrófagos,
os tratamentos escolhidos foram capazes de reduzir em 100% a viabilidade com os três
fotossensibilizadores. É possível que os macrófagos concentrem mais o FS em seu
interior, potencializando a TFD, ou ainda que a TFD tenha matado os macrófagos e os
parasitos liberados tenham sido retirados nos processos de lavagem e preparação dos
testes. Seriam necessários testes com o sobrenadante original da cultura, para
recuperação de parasitos livres após o tratamento, que deve ser abordado em estudos
futuros do grupo de pesquisa.
Todos os fotossensibilizadores testados nesse trabalho foram capazes de
diminuir a viabilidade dos parasitos livres em co-cultivo com os macrófagos, sendo
possíveis alternativas para a aplicação em testes in vivo, no futuro. Entretanto vale
destacar que a curcumina apresentou a capacidade de penetrar no núcleo e cinetoplasto
dos parasitos além de não apresentar toxicidade no escuro, nem para os promastigotas
livres, nem no co-cultivo.
69
7 CONCLUSÃO
Os três FSs testados são internalizados por ambas as espécies de Leishmania
testadas após o período de uma hora. A curcumina se encontrar no citosol, núcleo e
cinetoplasto das promastigotas, a porfirina se apresentou difusa no citosol e a clorina se
apresentou difusa no citosol, com presença de vacúolos endocíticos e afinidade pelo
flagelo.
A porfirina e a clorina promoveram a redução da atividade mitocondrial dos
grupos mantidos no escuro e de TFD, enquanto a curcumina promoveu aumento na
atividade mitocondrial em ambos os grupos. O teste de exclusão com Azul de Tripan
permitiu concluir que nenhum dos FSs é tóxico para os promastigotas no escuro,
entretanto a TFD foi diminuiu drasticamente a viabilidade de ambas as espécies de
Leishmania testadas. A morfologia dos parasitos foi drasticamente alterada após todos
os tratamentos de TFD com os fotossensibilizadores testados.
Os testes realizados com os parasitos internalizados demonstraram que o
tratamento de TFD com curcumina, porfirina e clorina foi capaz de, em todas as
concentrações testadas, levar à 100% de morte celular.
Dos três fotossensibilizadores testados, a clorina foi a única capaz de eliminar
100% dos parasitos de L. braziliensis, após o tratamento com 400 µg/ml. Entretanto, a
mesma concentração apresentou toxicidade no escuro no tratamento dos macrófagos. A
porfirina também apresentou bons resultados no tratamento de promastigotas, embora
tenha apresentado leve toxicidade na interação com os macrófagos, no escuro. A
curcumina apresentou bons resultados em ambos os modelos, promastigotas livres e
macrófagos infectados, além de não apresentar toxicidade no escuro para nenhum dos
grupos. Desta forma, todos os três fotossensibilizadores testados são promissores para
utilização no tratamento de LTA, entretanto a curcumina se destaca, pela ausência de
toxicidade no escuro.
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