Junho de 2016 | Presto e Veloce 6

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FORTISSIMO Nº 12 — 2016 S A N T O R O S Z Y M A N O W S K I B R A H M S PRESTO VELOCE 07/07 08/07

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Fabio Mechetti, regente Conrad Tao, piano SANTORO | Canto de Amor e Paz SZYMANOWSKI | Sinfonia nº 4 para piano e orquestra, op. 60, “Concertante” BRAHMS | Sinfonia nº 4 em mi menor, op. 98

Transcript of Junho de 2016 | Presto e Veloce 6

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FORTISSIMO Nº 12 — 2016

S A N T O

R O S Z Y

M A N O

W S K I B

R A H M S

PRESTO

VELOCE

07/07

08/07

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Ministério da Cultura, Governo de Minas Gerais e Itaú apresentam

PRESTO

VELOCE

07/07

08/07

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Mesmo alguém como eu, que vivo

completamente imerso no mundo

da música erudita, pode ser

positivamente surpreendido por algo

jamais escutado e que, ao final de

uma inesperada audição, pensa: “Como

eu nunca tinha ouvido isso antes?”.

Foi exatamente essa experiência que

tive há alguns anos, ao escutar pela

primeira vez, num voo internacional, a

Sinfonia nº 4 do polonês Szymanowski.

Foi uma feliz descoberta que ora faço

chegar aos nossos ouvintes e à nossa

Orquestra, enriquecida pela presença

sempre genial do jovem pianista

Conrad Tao, que volta a se apresentar

conosco depois de várias bem-sucedidas

FABIO MECHETTIDiretor Artístico e Regente Titular

visitas. A força e o virtuosismo

demandados nessa brilhante peça

certamente irão causar uma reação

bastante positiva em todos vocês que

nos presentearam com a suas presenças.

A célebre Quarta Sinfonia de

Johannes Brahms também compõe

esse variado programa, assim como

uma das obras mais importantes do

grande Claudio Santoro, peça que

faz uma elegia ao amor e à paz.

Tudo o que precisamos

neste momento…

Caros amigos e amigas,

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Desde 2008, Fabio Mechetti é Diretor Artístico e Regente Titular

da Orquestra Filarmônica de Minas Gerais, sendo responsável

pela implementação de um dos projetos mais bem-sucedidos

no cenário musical brasileiro. Com seu trabalho, Mechetti

posicionou a orquestra mineira nos cenários nacional e internacional

e conquistou vários prêmios. Com ela, realizou turnês pelo

Uruguai e Argentina e realizou gravações para o selo Naxos.

Natural de São Paulo, Fabio Mechetti serviu recentemente como

Regente Principal da Orquestra Filarmônica da Malásia, tornando-se

o primeiro regente brasileiro a ser titular de uma orquestra asiática.

Depois de quatorze anos à frente da Orquestra Sinfônica de Jacksonville,

Estados Unidos, atualmente é seu Regente Titular Emérito. Foi

também Regente Titular da Sinfônica de Syracuse e da Sinfônica

de Spokane. Desta última é, agora, Regente Emérito.

Foi regente associado de Mstislav Rostropovich na Orquestra

Sinfônica Nacional de Washington e com ela dirigiu concertos

no Kennedy Center e no Capitólio norte-americano. Da

Orquestra Sinfônica de San Diego, foi Regente Residente.

Fez sua estreia no Carnegie Hall de Nova York conduzindo a

Orquestra Sinfônica de Nova Jersey e tem dirigido inúmeras orquestras

norte-americanas, como as de Seattle, Buffalo, Utah, Rochester,

Phoenix, Columbus, entre outras. É convidado frequente dos festivais

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FABIO MECHETTIdiretor artístico e regente titular

de verão nos Estados Unidos, entre

eles os de Grant Park em Chicago

e Chautauqua em Nova York.

Realizou diversos concertos no México,

Espanha e Venezuela. No Japão dirigiu

as orquestras sinfônicas de Tóquio,

Sapporo e Hiroshima. Regeu também a

Orquestra Sinfônica da BBC da Escócia,

a Orquestra da Rádio e TV Espanhola

em Madrid, a Filarmônica de Auckland,

Nova Zelândia, e a Orquestra

Sinfônica de Quebec, Canadá.

Vencedor do Concurso Internacional de

Regência Nicolai Malko, na Dinamarca,

Mechetti dirige regularmente na

Escandinávia, particularmente a

Orquestra da Rádio Dinamarquesa e a

de Helsingborg, Suécia. Recentemente

fez sua estreia na Finlândia, dirigindo

a Filarmônica de Tampere, e na Itália,

dirigindo a Orquestra Sinfônica de

Roma. Em 2016 fará sua estreia com a

Filarmônica de Odense, na Dinamarca.

No Brasil, foi convidado a dirigir a

Sinfônica Brasileira, a Estadual de

São Paulo, as orquestras de Porto

Alegre e Brasília e as municipais de

São Paulo e do Rio de Janeiro.

Trabalhou com artistas como Alicia

de Larrocha, Thomas Hampson,

Frederica von Stade, Arnaldo Cohen,

Nelson Freire, Emanuel Ax, Gil

Shaham, Midori, Evelyn Glennie,

Kathleen Battle, entre outros.

Igualmente aclamado como regente

de ópera, estreou nos Estados Unidos

dirigindo a Ópera de Washington.

No seu repertório destacam-se

produções de Tosca, Turandot, Carmem,

Don Giovanni, Così fan tutte, La Bohème,

Madame Butterfly, O barbeiro de

Sevilha, La Traviata e Otello.

Fabio Mechetti recebeu títulos

de mestrado em Regência e em

Composição pela prestigiosa

Juilliard School de Nova York.

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Claudio SANTOROCanto de Amor e Paz

Karol SZYMANOWSKI Sinfonia nº 4 para piano e orquestra,

op. 60, “Concertante” Moderato

Andante molto sostenuto

Allegro non tropo

Johannes BRAHMSSinfonia nº 4 em mi menor, op. 98

Allegro non tropo

Andante moderato

Allegro giocoso

Allegro energico e passionato

FABIO MECHETTI, regente

CONRAD TAO, piano

PROGRAMA

INTERVALO

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CONRADTAO

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Conrad Tao já se apresentou pelo

mundo todo como pianista e compositor.

O jornal The New York Times o

reconhece como um “compositor

maduro e cheio de ideias”. Para a NPR,

é um músico de “inteligência penetrante

e visão aberta”. Segundo a TimeOut

de Nova York, ele é “de um talento

feroz”. Em 2011, Tao foi nomeado

para o programa governamental

U.S. Presidential Scholar in the Arts,

recebeu medalha de ouro YoungArts

de música, dada pela Fundação

Nacional para o Avanço das Artes, e

foi nomeado Gilmore Young Artist.

No ano seguinte, recebeu a prestigiosa

bolsa Avery Fisher Career Grant.

Na atual temporada, Tao se apresenta

com a Orquestra de Câmara da

Filadélfia, sinfônicas de Pittsburgh,

de Cincinnati, de Dallas, do Pacífico

e Sinfônica Brasileira, filarmônicas de

Buffalo e de Calgary, além de recitais

na Europa e nos Estados Unidos.

Com a Filarmônica de Minas Gerais,

apresentou-se em 2012 e 2013. Em

temporadas anteriores, esteve com

as sinfônicas de São Francisco, de

Baltimore, de Toronto, de St. Louis, de

Detroit, de Indianápolis, de Nashville e

Orquestra do Centro Nacional das Artes,

além da Sun Valley Summer Symphony,

Centro Musical de Brevard e festivais

de Aspen, Ravinia e Mostly Mozart.

Em 2013, Tao foi curador e produtor do

elogiado Festival Unplay, que apresentou

muitos novos trabalhos de autores e

estilos diversos, abordando a efemeridade

da internet, as possibilidades de um

cânone do século XXI e o papel da

música na crítica e no ativismo social.

No mesmo ano Tao lançou Voyages,

seu primeiro álbum solo para o

Warner Classics, aclamado como

uma “estreia afiada” por Alex Ross, do

New Yorker; para a NPR, “Tao provou

ser um músico de recursos intelectuais

e emocionais profundos”. Seu álbum

seguinte, Pictures, com obras de David

Lang, Toru Takemitsu, Elliott Carter,

Mussorgsky e do próprio Tao, foi

classificado por Anthony Tommasini,

do The New York Times, como

“fascinante, [de] um artista cuidadoso

e intérprete dinâmico (...), feito com

enorme imaginação, cor e controle”.

Como compositor, Tao venceu oito

vezes o prêmio Ascap Morton Gould

e recebeu o prêmio Carlos Surinach

da BMI. Artista residente na Sinfônica

de Dallas, estreou The world is very

different now com elogios do The New

York Times. Em 2016, Tao encerra

sua residência com um novo trabalho

para a orquestra, Alice. Em 2015 ele

estreou An Adjustment, para piano,

orquestra e eletrônicos, comissionada

pela Orquestra de Câmara da Filadélfia.

Tao nasceu em Urbana, Illinois, em

1994. Estudou piano com Emilio

del Rosario em Chicago e Yoheved

Kaplinsky em Nova York, e composição

com Christopher Theofanidis.

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10 SManaus, Brasil, 1919 – Brasília, Brasil, 1989

Claudio Franco de Sá Santoro nasceu em Manaus a 23 de novembro

de 1919. Aos treze anos, o Estado do Amazonas enviou-o ao

Rio de Janeiro para estudar violino. Terminou seu curso em 1937,

aos dezoito, e passou a ensinar no Conservatório de Música do

Distrito Federal (Rio de Janeiro), onde estudara. Decidiu-se pela

composição aos dezenove. Sua Primeira Sinfonia, para duas orquestras

de cordas, possui movimento de abertura, de 1939, livremente atonal,

e segundo movimento, de 1940, em técnica dodecafônica, resultado

de estudos iniciados naquele ano com Hans-Joachim Koellreutter.

Em 27 de junho de 1946 recebe a notícia de que fora contemplado

com bolsa da Fundação Guggenheim. Em 4 de setembro, escreve

a Francisco Curt Lange: “Não posso seguir para os Estados Unidos

porque o cônsul negou-me o visto no passaporte por ser eu membro do

Partido Comunista”. Com recomendação de Charles Munch, obtém

bolsa da Embaixada da França e parte para a Europa a bordo do Groix,

o “navio mais lento do mundo”, em 23 de setembro de 1947. Vinte

e quatro dias de travessia em terceira classe levam-no a Paris, onde

passa a encontrar-se com Nadia Boulanger, que dele diz: “Já é um

compositor, um artista, está apenas tendo umas discussões comigo”.

Em março, júri composto por Igor Stravinsky, Serge Koussevitzky,

Aaron Copland, Walter Piston e Nadia Boulanger atribui-lhe bolsa

da Fundação Lili Boulanger. Santoro participa ativamente da vida

musical europeia. Em maio apresenta comunicação em Praga durante

o Segundo Congresso Internacional de Compositores e Críticos Musicais,

cujo manifesto, redigido por Hans Eisler, é frequentemente

confundido com a Resolução de 10 de fevereiro de 1948 do

Comitê Central do Partido Comunista Soviético – o Decreto de

Zhdanov. A 14 de outubro embarca de volta para o Brasil.

Claudio

SANTOROCANTO DE AMOR E PAZ (1950) 12 min

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SINSTRUMENTAÇÃO

Cordas.

PARA  OUVIRCD Brasília ano 35 – Orquestra Sinfônica

do Teatro Nacional Claudio Santoro – Sérgio Kuhlmann, regente – Sony 107.515 – 1995

PARA  ASSISTIROrquestra Sinfônica Nacional –

Roberto Ricardo Duarte, regente Acesse: fil.mg/samorepaz

PARA  LERElson Farias – Claudio Santoro: cantor

do sol e da paz – Editora Valer – 2009

Santoro, seu sucesso e sua ideologia

encontram hostilidade no país. Em

julho de 1950 passa a trabalhar como

compositor na rádio Tupy. Escreve o

Canto de Amor e Paz, para orquestra de

cordas, que Eleazar de Carvalho estreia

com a Orquestra Sinfônica Brasileira em

1951. Em Viena, o Conselho Mundial

da Paz confere à partitura o Prêmio

da Paz em 1952. Nesse ano, a obra é

executada em Salzburgo e nos Festivais

de Maio, em Praga. Em 1954 Santoro

a rege no Brasil, para gravação em LP,

cuja contracapa assim a descreve:

Canto de Amor e Paz, pelas suas

qualidades intrínsecas e repercussão,

marcou a ruptura definitiva de Claudio

Santoro com as teorias dodecafonistas

e atonalistas. Inspirando-se em ideias

generosas e humanas, o compositor

procurou dar maior importância a

uma linha melódica de conteúdo

realista, inspirada nas características

mais frisantes da música popular

brasileira. Canto de Amor e Paz se

constrói, através de uma admirável

escritura, sobre um tema sereno, que

se desenvolve em primeiro plano, sem

que tal serenidade fuja, porém, aos

contrastes dramáticos, próprios do amor.

Sua música não é atonal, dodecafônica

ou nacionalista, mas tudo isso, às

vezes ao mesmo tempo; é dizer,

subjetiva e experimental.

11

CARLOS PALOMBINI Musicólogo, professor da Escola de Música da Universidade Federal de Minas Gerais.

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12 SDiz-se maldosamente que Szymanowski foi o compositor polonês

mais importante desde Chopin. De fato, se se observarem as escolas

nacionais que despontam no cenário ocidental desde a segunda metade

do século XIX, algumas tiveram mais ascendência sobre os caminhos

tomados pela expressão musical do que outras. No entanto, há que se fazer

uma ponderação. Algumas escolas nacionais mantiveram-se continuamente

fecundas: é o caso da escola tcheca ou da escola russa. Outras, porém,

sofreram um eclipse até que o século XX promovesse a renovação e uma

releitura dos estilos nacionais: é o caso, por exemplo, de Bartók na Hungria.

É também o caso de Karol Szymanowski, esse polonês nascido na Ucrânia.

Detentor de uma formação sólida, foi aluno de Gustav Neuhaus (pai de

Heinrich Neuhaus, o importante pianista e pedagogo russo) e conviveu

com artistas do quilate de Arthur Rubinstein (de quem era amigo próximo)

e Ignacy Jan Paderewski (pianista antológico, que foi um dos divulgadores

de sua música); acumulou cargos e prêmios importantes ao longo de sua

vida (foi diretor do Conservatório de Varsóvia e recebeu o título de Doutor

Honoris Causa pela Universidade de Cracóvia). Sua saúde, porém,

foi deteriorada pelo uso excessivo do álcool e do tabaco. Szymanowski

morreu em Lausanne, na Suíça, consumido pela tuberculose.

Como compositor, sua linguagem vai se desenvolvendo lentamente.

Começa sob os modelos de Chopin e Scriabin, depois toma interesse

pelos universos de Wagner e Richard Strauss; mais tarde, o contato

com as músicas de Debussy e Ravel o ajuda a libertar-se das correntes

tradicionais e encontrar um caminho mais genuinamente pessoal

de expressão, até que Stravinsky lhe abre os olhos para o folclore

nacional. Sua técnica de composição, solidamente embasada na

formação lapidar que teve, lhe permite usar das fontes folclóricas

sem exotismos, realizando uma espécie de síntese entre a

inventividade individual e elementos musicais folclóricos.

Karol

SZYMANOWSKISINFONIA Nº 4 PARA PIANO E ORQUESTRA, OP. 60, “CONCERTANTE” (1932) 25 min

Ucrânia, 1882 – Suíça, 1937

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SINSTRUMENTAÇÃO

Piccolo, 2 flautas, 2 oboés, corne inglês, requinta, 2 clarinetes,

2 fagotes, contrafagote, 4 trompas, 3 trompetes, 3 trombones, tuba,

tímpanos, percussão, harpa, cordas.

PARA  OUVIRCD Szymanowski – Symphony no. 2; Symphony no. 4; Concert Overture – BBC Symphony Orchestra – Edward

Gardner, regente – Louis Lortie, piano – Chandos – 2013

PARA  ASSISTIROrquestra Filarmônica Nacional Russa –

Simon Gaudena, regente - Pavel Nersessian, piano | Acesse: fil.mg/sconcertante

PARA  LERDavid Ewen – The complete book of 20th Century Music – Prentice-Hall, Inc. – 1966

É do período final de sua vida a sua

Sinfonia nº 4, também chamada

Sinfonia Concertante. A ideia de se

incluir o piano em gêneros sinfônicos

diferentes do concerto não é de todo

original: já Beethoven ensaiara isso em

sua Fantasia Coral, op. 80. Em 1886,

Camille Saint-Saëns atribui uma parte

importante para piano naquela deliciosa

suíte, plena de ironia, que é o Carnaval dos

Animais... Porém, o fato de Szymanowski

não atribuir à sua Sinfonia nº 4

o título de concerto revela a ênfase

na igual importância tanto do solista

quanto da orquestra na estruturação da

obra. Estreada em 1933 (quatro anos

antes da morte do compositor), em

Varsóvia, pela Orquestra Filarmônica

de Varsóvia, sob a regência de Gregor

Fitelberg, tendo o compositor como

solista, tornou-se uma das suas obras

mais celebradas e executadas.

Sua estrutura, em três movimentos,

lembra claramente a do concerto. Sua

linguagem, porém, indubitavelmente

moderna, revela um compositor

maduro, capaz de transmutar em

expressão individual as suas fontes

tanto folclóricas, quanto de grandes

correntes musicais do século XX.

13

MOACYR LATERZA FILHO Pianista e cravista, Doutor em Literaturas de Língua Portuguesa, professor da Universidade do Estado de Minas Gerais e da Fundação de Educação Artística.

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14 BAlemanha, 1833 – 1897

Ao contrário de diversos autores, Schoenberg defendia a importância

da contribuição de Brahms para a modernidade. Apesar da diferença

de seus estilos, esses dois compositores foram fiéis à essência da

música de câmara e a algumas de suas técnicas compositivas –

como a variação contínua de motivos e a diversidade nos modos de

repetição – que permitiam construir uma espécie de prosa musical

livre dos procedimentos tradicionais da quadratura métrica.

A Sinfonia nº 4 representa o ápice da produção de Brahms no gênero.

Nela destaca-se o Finale, em forma de Passacaglia – com um tema

de oito compassos e trinta variações –, talvez sua tentativa mais

completa de sintetizar práticas de composição antigas e modernas.

O Allegro non troppo usa a forma sonata, porém com aglomerados

temáticos ao invés de temas: cada um dos temas tem diversas partes

com características contrastantes. Há também grande fluência

temporal, com figuras melódicas que se sucedem de maneira rápida

e contínua, mas o retorno estratégico de alguns elementos centrais

permite que a memória organize o passar do tempo, criando um

percurso balizado por referências. Por sua vez, a variação do material

musical associa-se a uma carga dramática, como se a transformação não

atuasse apenas sobre o som, mas também sobre o sujeito que escuta.

O Andante moderato inicia-se com um tema de caráter antigo e

cerimonial que se repete diversas vezes, com variações. Na última

apresentação, a metamorfose é mais profunda no ritmo e na melodia, e a

orquestração é ampla e suave. Na transição para o segundo tema, ouve-

se o diálogo entre os naipes de sopros e cordas. O segundo tema é um

exemplo de melodia acompanhada, onde as partes do acompanhamento

se movem com grande independência melódica. A imaginação formal de

Brahms utiliza, nesse tema, a mesma figura melódica da transição, aqui

em ritmo muito mais lento, propondo, talvez, um reconhecimento não

Johannes

BRAHMSSINFONIA Nº 4 EM MI MENOR, OP. 98 (1885) 40 min

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BINSTRUMENTAÇÃO

Piccolo, 2 flautas, 2 oboés, 2 clarinetes, 2 fagotes, contrafagote, 4 trompas,

2 trompetes, tímpanos, cordas.

PARA  OUVIRCD Brahms – The Symphonies – Chicago

Symphony Orchestra – Sir Georg Solti, regente – London/Decca – 1996

PARA  ASSISTIROrquestra Estatal da Bavária –

Carlos Kleiber, regente Acesse: fil.mg/bsinf4

PARA  LERFrançois-René Tranchefort – Guia da Música

Sinfônica – Editora Nova Fronteira – 1990

inteiramente consciente por parte do

ouvinte. Essa seção termina em grande

transparência, com um motivo que se

alterna entre violino, flauta e viola, sem

acompanhamento; os dois temas se

voltam com diversas transformações.

O Allegro giocoso, de caráter festivo,

incorpora contrafagote, flautim e

triângulo à orquestra, expandindo a

sonoridade. Os aglomerados temáticos

são formados de elementos que se

sucedem de modo imprevisto. No

desenvolvimento, as figuras melódicas

são transpostas em diversas tonalidades

e submetidas a diálogos de grupos

instrumentais. O movimento vertiginoso

se apazigua na transição que precede

a retomada do material inicial.

O Allegro energico e passionato é

uma elegia solene, em variações

sobre um tema de Bach. Texturas

polifônicas se transformam a cada

bloco de oito compassos. O tema passa

por instrumentos diferentes, sofre

deslocamentos rítmicos e é submerso

na textura devido à profusão das linhas

melódicas. Para evitar a monotonia,

o autor desloca a escuta para outros

elementos da textura, construindo

uma espécie de narrativa musical

evolutiva, em contraposição ao retorno

obstinado do mesmo tema. Na evolução

do discurso musical, há momentos

de grande delicadeza – quase como

ilhas sonoras transparentes – que

interrompem o crescendo dramático

em direção ao final do movimento.

15

ROGÉRIO VASCONCELOS Compositor e professor da Escola de Música da Universidade Federal de Minas Gerais.

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Nossa história com a melhor trilha sonora.A CBMM é patrocinadora de importantes projetos

educacionais da Orquestra Filarmônica.

Apoiar a cultura mineira ao som dessa orquestra

é mais do que um orgulho. É inesquecível.

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* principal ** principal associado *** principal assistente

DIRETOR ARTÍSTICO E REGENTE TITULAR

Fabio Mechetti

REGENTE ASSOCIADO

Marcos Arakaki

Orquestra Filarmônica de Minas Gerais

PRIMEIROS VIOLINOS Anthony Flint – SpallaRommel Fernandes – Spalla AssociadoAra Harutyunyan – Spalla AssistenteAna Paula SchmidtAna ZivkovicArthur Vieira TertoBojana PantovicDante BertolinoHyu-Kyung JungJoanna BelloRoberta ArrudaRodrigo BustamanteRodrigo M. BragaRodrigo de Oliveira

SEGUNDOS VIOLINOSFrank Haemmer *Leonidas Cáceres ***Gideôni LoamirJovana TrifunovicLuka MilanovicMartha de Moura PacíficoMatheus BragaRadmila BocevRodolfo ToffoloTiago EllwangerValentina Gostilovitch

VIOLASJoão Carlos Ferreira *Roberto Papi ***Flávia MottaGerry VaronaGilberto Paganini Juan DíazKatarzyna DruzdLuciano GatelliMarcelo NébiasNathan Medina

VIOLONCELOSPhilip Hansen *Felix Drake ***Camila PacíficoCamilla RibeiroEduardo SwertsEmilia NevesLina RadovanovicRobson FonsecaWilliam Neres

CONTRABAIXOSNilson Bellotto *Marcelo CunhaMarcos LemesPablo GuiñezRossini ParucciWalace Mariano

FLAUTASCássia Lima *Renata Xavier ***Alexandre BragaElena Suchkova

OBOÉSAlexandre Barros *Ravi Shankar ***Israel MunizMoisés Pena

CLARINETESMarcus Julius Lander *Jonatas Bueno ***Ney FrancoAlexandre Silva

FAGOTESCatherine Carignan *Victor Morais ***Andrew HuntrissFrancisco Silva

TROMPASAlma Maria Liebrecht *Evgueni Gerassimov ***Gustavo Garcia Trindade José Francisco dos SantosLucas Filho Fabio Ogata

TROMPETESMarlon Humphreys *Érico Fonseca **Daniel Leal ***Tássio Furtado TROMBONESMark John Mulley *Diego Ribeiro **Wagner Mayer ***Renato Lisboa

TUBAEleilton Cruz *

TÍMPANOSPatricio Hernández Pradenas *

PERCUSSÃO Rafael Alberto *Daniel Lemos ***Sérgio AluottoWerner Silveira

HARPAGiselle Boeters *

TECLADOSAyumi Shigeta *

GERENTE Jussan Fernandes

INSPETORAKarolina Lima

ASSISTENTE ADMINISTRATIVA Débora Vieira

ARQUIVISTAAna Lúcia Kobayashi

ASSISTENTESClaudio StarlinoJônatas Reis

SUPERVISOR DE MONTAGEMRodrigo Castro

MONTADORESAndré BarbosaHélio SardinhaJeferson SilvaKlênio CarvalhoRisbleiz Aguiar

SZYMANOWSKIEditor: Edition Durand-Salabert-EschigRepresentante: Melos Ediciones Musicales S. A.

Page 21: Junho de 2016 | Presto e Veloce 6

19

Conselho Administrativo

PRESIDENTE EMÉRITO Jacques Schwartzman

PRESIDENTE Roberto Mário Soares

CONSELHEIROS Angela Gutierrez Berenice MenegaleBruno VolpiniCelina SzrvinskFernando de AlmeidaÍtalo GaetaniMarco Antônio PepinoMauricio FreireMauro BorgesOctávio ElísioPaulo BrantSérgio Pena

Diretoria Executiva

DIRETOR PRESIDENTE Diomar Silveira

DIRETOR ADMINISTRATIVO-FINANCEIROEstêvão Fiuza

DIRETORA DE COMUNICAÇÃO Jacqueline Guimarães Ferreira

DIRETORA DE MARKETING E PROJETOS Zilka Caribé

DIRETOR DE OPERAÇÕES Ivar Siewers

DIRETOR DE PRODUÇÃO MUSICAL Kiko Ferreira

Equipe Técnica

GERENTE DE COMUNICAÇÃO Merrina Godinho Delgado

GERENTE DE PRODUÇÃO MUSICAL Claudia da Silva Guimarães

ASSESSORA DE PROGRAMAÇÃO MUSICALGabriela Souza

PRODUTORES Luis Otávio RezendeNarren Felipe

ANALISTAS DE COMUNICAÇÃO Marciana Toledo (Publicidade) Mariana Garcia (Multimídia)Renata GibsonRenata Romeiro (Design gráfico)

ANALISTA DE MARKETING DE RELACIONAMENTO Mônica Moreira

ANALISTAS DE MARKETING E PROJETOSItamara KellyMariana Theodorica

ASSISTENTE DE MARKETING DE RELACIONAMENTO Eularino Pereira

ASSISTENTE DE PRODUÇÃO Rildo Lopez

Equipe Administrativa

GERENTE ADMINISTRATIVO-FINANCEIRA Ana Lúcia Carvalho

GERENTE DE RECURSOS HUMANOSQuézia Macedo Silva

ANALISTAS ADMINISTRATIVOS João Paulo de OliveiraPaulo Baraldi

ANALISTA CONTÁBIL Graziela Coelho

SECRETÁRIA EXECUTIVAFlaviana Mendes

ASSISTENTE ADMINISTRATIVACristiane Reis

ASSISTENTE DE RECURSOS HUMANOSVivian Figueiredo

RECEPCIONISTA Lizonete Prates Siqueira

AUXILIAR ADMINISTRATIVO Pedro Almeida

AUXILIARES DE SERVIÇOS GERAIS Ailda ConceiçãoMárcia Barbosa

MENSAGEIROSBruno RodriguesDouglas Conrado

MENOR APRENDIZMirian Cibelle

Sala Minas Gerais

GERENTE DE INFRAESTRUTURA Renato Bretas

GERENTE DE OPERAÇÕES Jorge Correia

TÉCNICO DE ÁUDIO E ILUMINAÇÃOMauro Rodrigues

TÉCNICO DE ILUMINAÇÃO E ÁUDIO Rafael Franca

ASSISTENTE OPERACIONALRodrigo Brandão

Ilustrações: Mariana Simões

FORTISSIMO julho nº 12 / 2016 ISSN 2357-7258

EDITORA Merrina Godinho Delgado

EDIÇÃO DE TEXTO Berenice Menegale

Instituto Cultural Filarmônica

GOVERNADOR DO ESTADO DE MINAS GERAISFernando Damata Pimentel

VICE-GOVERNADOR DO ESTADO DE MINAS GERAISAntônio Andrade

(Oscip – Organização da Sociedade Civil de Interesse Público – Lei 14.870 / Dez 2003)

SECRETÁRIO DE ESTADO DE CULTURA DE MINAS GERAISAngelo Oswaldo de Araújo Santos

SECRETÁRIO ADJUNTO DE ESTADO DE CULTURA DE MINAS GERAISJoão Batista Miguel

Page 22: Junho de 2016 | Presto e Veloce 6

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3 / jul, 11hForma Sonata

7 e 8 / jul, 20h30Santoro, Szymanowski, Brahms

14 e 15 / jul, 20h30Liszt, Bruckner

16 / jul, 20hSabará

23 / jul, 18hMozart — Rivais e contemporâneos

28 e 29 / jul, 20h30Guarnieri, Nobre

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FORA DE SÉRIEMOZART EM DOSE DUPLA

Uma boa notícia para os amantes de Mozart.

Dois concertos da série Fora de Série serão repetidos. Em agosto, a ópera semiencenada Così fan tutte acontecerá nos dias 20 e 21. E em dezembro, o último concerto da série, com grandes obras, entre elas o Requiem, acontecerá nos dias 9 e 10.

Como em todas as apresentações da série, os ingressos começarão a ser vendidos um mês antes da data do concerto.

sábado, 18hdomingo, 18h

sexta, 20h30 sábado, 18h

20 AGO21 AGO

09 DEZ10 DEZ

Fique de olho em filarmonica.art.br/ingressos.

TURNÊ ESTADUAL

apresentação extra

apresentação extra

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 PARA  APRECIAR  UM  CONCERTO 

CONCERTOS COMENTADOSAgora você pode assistir a palestras sobre temas dos concertos das séries Allegro, Vivace, Presto e Veloce. Elas acontecem na Sala de Recepções, à esquerda do foyer principal, das 19h30 às 20h, para as primeiras 65 pessoas a chegar.

CUMPRIMENTOSApós o concerto, caso queira cumprimentar os músicos e convidados, dirija-se à Sala de Recepções.

ESTACIONAMENTOPara seu conforto e segurança, a Sala Minas Gerais possui estacionamento, e seu ingresso dá direito ao preço especial de R$ 15 para o período do concerto.

PONTUALIDADE Uma vez iniciado um concerto, qualquer movimentação perturba a execução da obra. Seja pontual e respeite o fechamento das portas após o terceiro sinal. Se tiver que trocar de lugar ou sair antes do final da apresentação, aguarde o término de uma peça.

APARELHOS  CELULARESConfira e não se esqueça, por favor, de desligar o seu celular ou qualquer outro aparelho sonoro.

FOTOS  E  GRAVAÇÕES EM  ÁUDIO  E  VÍDEONão são permitidas durante os concertos.

APLAUSOSAplauda apenas no final das obras. Veja no programa o número de movimentos de cada uma e fique de olho na atitude e gestos do regente.

CONVERSAA experiência do concerto inclui o encontro com outras pessoas. Aproveite essa troca antes da apresentação e no seu intervalo, mas nunca converse ou faça comentários durante a execução das obras. Lembre-se de que o silêncio é o espaço da música.

CRIANÇASCaso esteja acompanhado por criança, escolha assentos próximos aos corredores. Assim, você consegue sair rapidamente se ela se sentir desconfortável.

COMIDAS  E  BEBIDASSeu consumo não é permitido no interior da sala de concertos.

TOSSEPerturba a concentração dos músicos e da plateia. Tente controlá-la com a ajuda de um lenço ou pastilha.

0 PROGRAMA DE CONCERTOS

O Fortissimo é uma publicação indexada aos sistemas nacionais e internacionais de catalogação. Elaborado com a participação de especialistas, ele oferece uma oportunidade a mais para se conhecer música. Desfrute da leitura e estudo. Mas, caso não precise dele após o concerto, por favor, devolva-o nas caixas receptoras para que possamos reaproveitá-lo.

O Fortissimo também está disponível no formato digital em nosso sitewww.filarmonica.art.br.

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