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    Aula de 09/10/2010

    Xangô é o orixá da Justiça!

    Sem dúvida alguma essa afirmaçãoé correta, mas você já percebeuque quem grita por Xangô é sempreaquele que se acha injustiçado? Serealmente acreditassem em Xangôe na sua justiça precisaria dizer aele o que fazer?

    Nossa discussão de hoje visaanalisar o que é essa justiça tãofalada de Xangô.

    Xangô é o Orixá equilibrador, é elequem mantém a balança kármicaem equilíbrio dinâmico e eterno.Todos nós estamos inseridos numcontexto dinâmico de justiça que é

    estabelecida a partir de nosso Ori ede nosso Orixá.

    Justiça: ataque e defesa?

     Ataque e defesa caminham juntos. No momento em que o homem se

    defende está automaticamente atacando. Assim a energia negativa emitidapelo outro é também emitida na defesa. Essa não é a Lei da Ação e Reação.Ninguém pode fazer a justiça com as próprias mãos.

     A Lei do karma ou da ação e reação precisa ser melhor entendida, areação é devida a ação: quem emite recebe. Assim não se preocupe com oque emitem pra você, pois será exatamente o que receberão de volta.Preocupe-se com o que você emite aos outros pois é isso que receberá devolta. A Justiça de Xangô é organizada dessa maneira: quem emite, recebe,ninguém precisa rebater, defender-se. A Justiça está além de nossas mãos e

    ocorrerá independente de nossa vontade.

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    Para melhor ilustrar vejamos recorreremos a um exemplo: 

    O pequeno Zeca entra em casa, após a aula, batendo forte os seus pés no assoalho da

    casa. Seu pai, que estava indo para o quintal fazer alguns serviços na horta, ao ver aquilo

    chama o menino para uma conversa.

    Zeca, de oito anos de idade, o acompanha desconfiado. Antes que seu pai dissesse algumacoisa, fala irritado:

    - Pai estou com muita raiva. O Juca não deveria ter feito aquilo comigo. Desejo tudo de ruim

    para ele.

    Seu pai, um homem simples mas cheio de sabedoria, escuta, calmamente, o filho que continua

    a reclamar:

    - O Juca me humilhou na frente dos meus amigos. Não aceito. Gostaria que ele ficasse doente

    sem poder ir à escola.

    O pai escuta tudo calado enquanto caminha até um abrigo onde guardava um saco cheio de

    carvão. Levou o saco até o fundo do quintal e o menino o acompanhou, calado.

    Zeca vê o saco ser aberto e antes mesmo que ele pudesse fazer uma

    pergunta, o pai lhe propõe algo:- Filho, faz de conta que aquela camisa branquinha que está secando no varal é o seu

    amiguinho Juca e cada pedaço de carvão é um mau pensamento seu, endereçado a ele. Quero

    que você jogue todo o carvão do saco na camisa, até o último pedaço e para cada pedaço de

    carvão grite com muita força. Depois eu volto para ver como ficou.

    O menino achou que seria uma brincadeira divertida e pôs mãos à obra. O varal com a camisa

    estava longe do menino e poucos pedaços acertavam o alvo.

    Uma hora se passou e o menino terminou a tarefa. O pai que espiava tudo de longe, se

    aproxima do menino e lhe pergunta:

    - Filho como está se sentindo agora?

    - Estou cansado e com dor de garganta mas estou alegre porque acertei muitos pedaços de

    carvão na camisa.O pai olha para o menino, que fica sem entender a razão daquela brincadeira, e

    carinhosamente lhe fala:

    - Venha comigo até o meu quarto, quero lhe mostrar uma coisa. O filho acompanha o pai até o

    quarto e é colocado na frente de um grande espelho onde pode ver seu corpo todo.

    Que susto! Só se conseguia enxergar seus dentes e os olhinhos de tão sujo que estava de

    carvão. O pai, então, lhe diz ternamente:

    - Filho, você viu que a camisa quase não se

    sujou; mas, olhe só para você. O mau que

    desejamos aos outros é como o que lhe

    aconteceu. Por mais que possamos

    atrapalhar a vida de alguém com nossos

    pensamentos, a borra, os resíduos, a fuligem

    ficam sempre em nós mesmos.

    Esse exemplo consegue representar muito bem a lei do karma na suaverdadeira essência: a ação e a reação é realizada pela mesmapessoa, ao emiti-la, nem sempre essa ação pode chegar ao outro masseguramente passou por você. Essa é a Lei de Xangô que érepresentada em um de seus símbolos: o machado de lâmina dupla ( o

    oxé). Lembre-se: bem as duas lâminas são comandadas por um únicocabo! Ou seja, a ação e reação vem sempre do mesmo indivíduo.

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    Pólo articulador da Justiça

    Cada indivíduo tem um póloarticulador da Justiça, ou seja, umcentro emissor e regulador que

    promove a reação sobre a açãoefetuada, é o nosso Ori. É a partirdo nosso Ori que Xangô ageregulado, equilibrando as emissõese recepções energéticas.

    Um Ori que emite energiaspositivas está sempre avivado,alimentado. Um Ori que emiteenergias negativas está sempremortificado, desgastado.

    Todas as vezes que nosdesorganizamos energeticamente,enfraquecemos nosso Ori. Assim omaior cuidado que devemos ter é

    com os pensamentos e as palavras que emitimos a outras pessoas. Nossascriações podem danificar tanto o equilíbrio de nossas energias que nosconduziremos a um futuro ruim, de fracassos, de estagnação. É por isso quenão adianta “agradar” orixás com obrigações e cultos, eles não podem intervirna Lei do karma e modificá-la. Há algumas frases yorubás que explicam muito

    bem isso:“ORI mi a ba bo ki a to bo ORISA” 

    (Meu ORI, que tem que ser cultuado antes que o ORISA)

    ” Ko si ORISA ti da nigbe leyin ORI eni” (Não existe um ORISA que apoie mais o homem do que o seu próprio ORI)

    Sem receio podemos dizer, ou seja, e temos um oriki dedicado à ORI que nosfala que, significando, Quando encontramos uma pessoa que, apesar de

    enfrentar na vida uma série de dificuldades relacionadas a ações negativas oumaldade de outras pessoas, continua encontrando recursos internos, forçainterior extraordinária, que lhe permitam a sobrevivência e, inclusive, muitasvezes, mantém resultados adequados de realização na vida , podemos dizer,

    “ENIYAN KO FE KI ERU FI ASO, ORI ENI NI SO NI” “as pessoas não querem que você sobreviva, mas o seu ORI trabalha

    para você” 

    trazendo, essa expressão, um indicador muito importante de que um ORIresistente e forte é capaz de cuidar do homem e garantir-lhe a sobrevivênciasocial e as relações com a vida, apesar das dificuldades que ele enfrente.

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    Nossas ações determinam nosso futuro, esta é a razão pela qual devemoscontrolar nossos pensamentos e nossas ações. As entidades de umbandatentam organizar essa atitude através das consultas, buscam avivar nosso oriatravés de descarregos e de passes que atuam como bo ori  (bori) alimentopara o Ori. Os amacis e outros procedimentos tem o mesmo objetivo.

    Quando cuidamos do nosso “julgamento” sobre outras pessoas nosso oriemite sempre vibrações positivas tornando-se fortalecido e isso faz com queencontremos recursos internos adequados, esta força interior de que falamos,seja à adequação ou ajustamento de suas condições frente às situaçõesenfrentadas, seja quanto ao fortalecimento de suas reservas de energia econsequente integração com suas fontes de vitalidade. É importante dizer queé o ORI que nos individualiza e, por conseqüência, nos diferencia dos demaishabitantes do mundo. Essa diferenciação é de natureza interna e nada noplano das aparências físicas nos permite qualquer referencial de identificaçãodessas diferenças.

    Quando reparamos nos outros querendo julgá-los, quando elaboramos

    “tocaias” para os outros ou ainda desconfiamos das intenções de alguém,nosso Ori enfraquece, dizemos que plasmamos um mau Ori. Um itanrepresenta muito bem isso:

    “ORI buruku ki i wu tuulu. A ki i da ese asiweree mo loju-ona. A ki i m’ORI oloye lawujo. A dia fun Mobowu Ti i se obinrin Ogun. ORI ti o jobalola, Enikan o mo Ki toko-taya o mo pe’raa won ni were mo. ORI ti o jobalola, Enikan o mo.”

    TRADUÇÃO “Uma pessoa de mau ORI não nasce com a cabeça diferente dasoutras. Ninguém consegue distinguir os passos do louco na rua. Uma pessoaque é líder não é diferente E também é difícil de ser reconhecida.

    Reforçando esta questão temos um oriki que nos diz:

    “ORI lo nda eni Esi ondaye ORISA lo npa eni da O npa ORISA da ORISA lopa nida Bi isu won sun Aye ma pa temi da Ki ORI mi ma se ORI Ki ORI mima gba abodi” 

    TRADUÇÃO “ORI é o criador de todas as coisas ORI é que faz tudo acontecer,antes da vida começar É ORISA que pode mudar o homem Ninguém consegue

    mudar ORISA ORISA que muda a vida do homem como inhame assado, nãomude o meu destino Para que o meu ORI não deixe que as pessoas medesrespeitem Que o meu ORI não me deixe ser desrespeitado por ninguémMeu ORI, não aceite o mal.”

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    Símbolos de Xangô e a relação com a justiça

    “Xangô é rei, é rei Nagô, ou bate palma na coroa de Xangô”. 

     A coroa de Xangô representa sua realeza, seu

    equilíbrio e seu caráter administrador, suasoberanidade, é a representação de nosso ori (porisso alguns guias costumam dizer: coroa bonita!).

     A coroa é símbolo da hierarquia maior acima da qualnada existe! É a representação da Lei do karma!

    Nesse sentido ele é o rei. Senhor da Lei!

    Outros símbolos de Xangô é o lírio e o trovão que são relacionados a suasoberania. O lírio que é a representação da ampliação (o megafone) e o trovão

    que é o som estrondante são representações do poder de Xangô.

    O edun ará, a pedra raio, é ressignificada na umbanda. Ela representa osdesafios menores que fortalecem nossa existência para nosso grande desafiona vida, nossa Pedreira. Ao caminharmos sobre as pedras, a sola de nossospés vai “calejando”, f icando mais resistente, e assim preparada para desafiosmaiores. Quando entendemos que cada contratempo que ocorre em nossocaminho é para melhorar nossa performance conseguimos transforma aspedras em flores! Todas as pedras que foram colocadas em nosso caminhopara fortalecer nossos pés são “flores”. É por isso que o ponto diz: 

    Estava olhando a pedreira, uma pedra rolou,Ela veio rolando, bateu em meus pés e se fez uma flor.

    Quem foi que disse que eu não sou filho de Xangô,Ele mostra a verdade de uma pedra ele faz uma flor.

     Ai quantos lírios já plantei no meu jardim, cada pedra atirada é um lírio pra mim

     Assim, estar na consciência de Xangô é entendermos a grande transformação:transformar os percalços (pedras) em oportunidades de crescimento (flores).

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    Regiões de expiação

    Para os espíritas kardecistas o termo umbral (do espanhol umbral= soleira daporta) significa Limiar, entrada. Conforme informação do Espírito André Luiz,uma das regiões inferiores do Mundo Espiritual em que se agregam porsintonia mental ainda em descompasso com o bem. Umbral, situado entre aTerra e o Céu, é uma dolorosa região de sombras, erguida e cult iv ada pelamente humana , em geral rebelde e ociosa, desvairada e enfermiça.

    Para os católicos, o lugar de expiação após a morte é chamado de Purgatório.Todos os homens, nesta vida terrena, cometem pecados. "Se dizemos que nãotemos pecado, enganamo-nos a nós mesmos, e a verdade não está em nós",diz o Apóstolo São João (1Jo 1,8). Portanto, todos têm penas a pagar, nestemundo ou após a morte. Quando o pecado é mortal, a pena devida é acondenação eterna ao fogo do inferno. A Confissão bem feita não só apaga agrave ofensa feita a Deus, mas também livra o pecador da pena eterna. Não olivra, porém da pena temporal. Ele deverá fazer uma expiação para purificarsua alma das seqüelas do pecado, reparar pela glória de Deus ofendida,restaurar os danos causados à sociedade e à integridade da ordem universal.Dá-se a essa expiação o nome de pena temporal, porque ela é limitada por umtempo, ou seja, não é eterna. O pecador a cumprirá, ou voluntariamente nestaterra, por penitências e boas obras, ou pelos sofrimentos purificadores doPurgatório, fixados para cada alma segundo a justíssima e santíssimaSabedoria divina. A existência de um lugar de purificação após a morte,chamado Purgatório, é um dogma de Fé definido em vários concílios,sobretudo nos de Florença e de Trento. E o Catecismo da Igreja Católica dáensinamento claro e preciso a este respeito: "Os que morrem na graça eamizade de Deus, mas não estão completamente purificados, embora tenham

    garantida sua salvação eterna, passam, após sua morte, por uma purificação, afim de obter a santidade necessária para entrar na alegria do Céu. (...) Desde

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    os primeiros tempos, a Igreja honrou a memória dos defuntos e ofereceusufrágios em seu favor, em especial o sacrifício eucarístico, a fim de que,purificados, eles possam chegar à visão beatífica de Deus. A Igreja recomendatambém as esmolas, as indulgências e as obras de penitência em favor dosdefuntos" (nº 1030 e 1032).

    E a umbanda? Possui alguma região desse tipo? Temos umbral ou purgatório?

    Inicialmente é muito importante lembrarmos que é nossa própria consciênciamovida por nosso Ori quem “inventa” os horrores do nosso inferno ou asbelezas de nosso céu. O que encontramos ao fazermos a passagem para oOrun é o reflexo de nós mesmos, assim poderíamos fazer uma interpretaçãolivre sobre o termo Djacutá como sendo a pedreira de cristal que construímos apartir de nossas ações e pensamentos organizados durante toda a nossa

    existência terrena. Será a grande parede cristalina onde veremos refletidanossa verdadeira imagem espiritual! O Nosso Djacutá será o grande encontrode nós com nossas materializações promovidas durante a vida.

    É a partir das pedras encontradas durante o processo de vida terrena que nospreparamos, que fortalecemos nosso Ori e organizamos materializaçõesespirituais para enfrentarmos o nosso reflexo formado no Djacutá de Xangô eassim plasmarmos nosso céu, inferno, purgatório, hades ou qualquer outrapersonificação da nossa realidade espiritual.

    Concluindo, Xangô nos indica o verdadeiro propósito da vida: transformar aspedras em flores para que nossa pedreira se transforme em um grande jardim!

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    Para que nosso Djacutá reflita nossa verdadeira imagem, como bem cita aprece de cáritas:

    dai-nos a caridade pura, dai-nos a fé e a razão; dai-nos a simplicidade que

    fará de nossas almas o espelho onde se refletirá a Vossa Divina e Santa

    Imagem.

     Ao vivermos em uma vida de emissão constante de amor e solidariedade pelomundo e por todos os nossos irmãos (não somente por nossos filhos, pais efamiliares) cuidando sempre de nossas ações para que nosso Ori sejafortalecido a cada dia, ao deixarmos esse mundo encontraremos uma Djacutápróxima as imagens abaixo: 

    Como todas as manifestações do Orun possuem um “dublê” no Ayê, segueabaixo algumas fotos de uma caverna de cristais gigantes que chegam a até 12metros de comprimentos, pesando 55 toneladas. A caverna fica em Naica,México. Quem sabe essa maravilhosa paisagem terrestre não seja umaexcelente motivo para acreditarmos que nosso purgatório, inferno ou umbral (apedra atirada) possa se transformar no paraíso (o lírio).

    http://www.solostocks.com.br/img/cristal-lemuria-ou-semeador-categoria-cristais-mestre-363075z0.jpghttp://www.escoladefilosofia.org.br/joom/index.php?option=com_weblinks&view=weblink&id=29&catid=2

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    Terminamos nossa reflexão com um texto de Lao Tsé que nos dá um modelode comportamento para que nossa Djacutá reflita a imagem de Deus. 

     A Qualidade da Indulgência 

     A mente do sábio não é inflexível  A sua mente é a mente do povo. 

    Sou bom para aqueles que são bons para mim Para os que não são bons, também sou bom 

    Desta forma todos seremos bons. 

    Para os sinceros comigo, sou sincero Para os insinceros, sou também sincero. O sábio aparenta ser indeciso, pois sua mente 

    Permanece no estado de indiferença. Todas as pessoas mantêm os olhos e ouvidos para 

    Ele dirigidos, e ele os trata como suas crianças.  

    Lao Tsé 

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