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15 1 INTRODUÇÃO A presença de microorganismo no interior dos canais radiculares é um sério problema clínico, visto que está relacionado diretamente com a longevidade e sucesso do tratamento endodôntico. Sabe-se que o tratamento endodôntico é um conjunto de procedimentos operatórios interdependentes, e que cada etapa, em particular, tem um papel significativo no resultado final, o que não permite, portanto, ao profissional menosprezar nenhuma delas. Dessa forma, o endodontista deve utilizar meios para promover a eliminação ou a máxima redução possível de bactérias do interior dos sistemas de canais radiculares. A terapia endodôntica comporta diferentes tempos operatórios, entre os quais pode-se ressaltar o preparo químico cirúrgico do canal radicular, o qual destina-se à modelagem e a sanificação dos canais radiculares, realizadas por meio do emprego simultâneo de instrumentais endodônticos e substâncias químicas auxiliares, visando facilitar a ação do instrumento e promover auxílio indispensável à limpeza e desinfecção do complexo endodôntico. Esse binômio instrumento endodôntico e substâncias químicas auxiliares promovem o aumento dos padrões de permeabilidade dentinária radicular, possibilitando uma maior efetividade da medicação intracanal, além de melhorar o embricamento dos cimentos endodônticos às paredes dentinárias (DAVALOU;

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1 INTRODUÇÃO

A presença de microorganismo no interior dos canais radiculares é um sério

problema clínico, visto que está relacionado diretamente com a longevidade e

sucesso do tratamento endodôntico.

Sabe-se que o tratamento endodôntico é um conjunto de procedimentos

operatórios interdependentes, e que cada etapa, em particular, tem um papel

significativo no resultado final, o que não permite, portanto, ao profissional

menosprezar nenhuma delas. Dessa forma, o endodontista deve utilizar meios para

promover a eliminação ou a máxima redução possível de bactérias do interior dos

sistemas de canais radiculares.

A terapia endodôntica comporta diferentes tempos operatórios, entre os quais

pode-se ressaltar o preparo químico cirúrgico do canal radicular, o qual destina-se à

modelagem e a sanificação dos canais radiculares, realizadas por meio do emprego

simultâneo de instrumentais endodônticos e substâncias químicas auxiliares,

visando facilitar a ação do instrumento e promover auxílio indispensável à limpeza e

desinfecção do complexo endodôntico.

Esse binômio instrumento endodôntico e substâncias químicas auxiliares

promovem o aumento dos padrões de permeabilidade dentinária radicular,

possibilitando uma maior efetividade da medicação intracanal, além de melhorar o

embricamento dos cimentos endodônticos às paredes dentinárias (DAVALOU;

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GUTMANN; NUNN, 1999; WIMONCHIT; TIMPAWAT; VONGSAVAN, 2002;

VIVACQUA-GOMES et al., 2002; ÇOBANKARA; ADANIR; BELLI, 2004).

Outra fase integrante do tratamento endodôntico não menos importante, é o

selamento coronário da entrada dos canais radiculares, à qual cabe buscar a

manutenção da sanificação lograda pelas fases operatórias da terapia endodôntica,

impedindo a penetração bacteriana, via acesso coronário para o interior dos canais

radiculares.

A deficiência deste selamento, quando o material restaurador não cumpre

funções importantes, como: adesividade, estabilidade dimensional, baixa

solubilidade, resistência mecânica e atividade antibacteriana, pode proporcionar a

(re) colonização tanto do sistema de canais radiculares, quanto à região periapical.

Observando-se que o aumento da permeabilidade dentinária, como

conseqüência da remoção de smear layer pelo preparo químico cirúrgico, permite

uma maior passagem ou difusão de bactérias, fluídos, moléculas ou íons nos túbulos

dentinários, levanta-se a hipótese, que o contato pleno destas substâncias auxiliares

com a porção coronária pode ser capaz também de aumentar a permeabilidade

nesta região, uma vez que para limpeza da superfície radicular, estas substâncias

químicas entram em contato com o esmalte e a dentina da porção coronária, mesmo

que em concentrações menores.

Entre os materiais restauradores provisórios existentes, o cimento ionômero

de vidro (CIV), descrito inicialmente em 1972 por Wilson e Kent, parece minimizar a

infiltração marginal, devido às suas propriedades de adesão à estrutura dentária,

liberação de flúor e coeficiente de expansão térmica semelhante ao do dente

(ANDRADE et al., 1997; GUPTA; KHINDA; GREWAL, 2002; PRABHAKAR; MADAN;

RAJU, 2003).

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Desde a sua introdução no mercado odontológico, os CIV convencionais

foram indicados para restaurações definitivas, no entanto, o alto grau de solubilidade

do material e problemas relativos à sua opacidade, a qual acarretava deficiências no

aspecto estético, limitavam a utilização do mesmo. Na década de 80, uma nova

geração de CIV foi desenvolvida, os chamados CIV modificados por resina. Tais

materiais apresentaram melhorias nas suas propriedades, como: aumento da

resistência mecânica, redução da solubilidade e facilidade clínica, pelo controle do

tempo de trabalho (WILSON; MCLEAN, 1988; SILVA et al., 2000; CARRARA;

ABDO; SILVA, 2001; BIJELLA; BIJELLA; SILVA, 2001; FORMOLO; SARTORI;

DEMARCO, 2001; FARIAS; AVELAR; BEZERRA, 2002; KRAMER et al., 2003).

Por sua vez, o cimento a base de óxido de zinco é um dos materiais mais

empregados por diferentes profissionais. Isto se deve as características, tais como: a

fácil inserção, não requer espatulação, fácil remoção em cavidades endodônticas e

possui alto grau de expansão linear, resultado da absorção de água durante sua

reação de presa (JACQUOT et al., 1996; GRECA; TEIXEIRA, 2001).

Diante de tal situação e apesar da intensa gama de materiais à disposição do

clínico para o uso de restaurações provisórias, o presente estudo visa estabelecer

não só o material restaurador provisório com melhor comportamento em relação à

infiltração marginal, como também observar a permeabilidade dentária no

remanescente coronário, resultante do preparo químico cirúrgico executado durante

o tratamento endodôntico.

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2 REVISÃO DA LITERATURA

Para facilitar a compreensão pertinente ao assunto abordado, a revisão da

literatura foi dividida em duas partes que abordam trabalhos desenvolvidos por

diversos autores em um mesmo período, porém com temas distintos:

Permeabilidade Dentária e Materiais Restauradores Temporários.

2.1 - Permeabilidade Dentária

O esmalte dentário humano embora represente uma estrutura protetora

resistente do organismo, além de exibir uma superfície relativamente lisa, apresenta

permeabilidade devido ao aspecto morfológico de sua superfície. A presença de

falhas geológicas (Tufos e Lamelas), buracos focais, microporos e outros defeitos

contendo proteínas de origem desenvolvimental, ao longo da superfície dentária,

juntamente com os espaços intercristalinos podem trazer importantes conseqüências

servindo de caminhos para difusão de substâncias em direção à polpa (MJOR;

FEJERSKOV, 1990; TEN CATE, 1998).

Além das variações no padrão estrutural da superfície do esmalte, durante a

irrupção do dente na boca, a superfície do esmalte fica sujeita às variações do meio,

bem como a traumas químicos e físicos que inevitavelmente alteram a

microestrutura e a composição química da superfície do esmalte (MJOR;

FEJERSKOV, 1990).

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Em 1947, Atkinson observou a capacidade do esmalte dentário, em comporta-

se como uma membrana permeável ou semi-permeável, dependendo do tamanho

do íon. Esta propriedade, segundo o autor, existe em função da presença de matéria

orgânica no esmalte.

A infiltração de substâncias da superfície externa do esmalte em direção à

polpa foi descrita por Bartelstone (1951). Por meio da aplicação de I¹³¹

(Radioisótopo) na superfície do esmalte intacto de caninos de oito cobaias, o autor

observou não somente a penetração desta substância através do esmalte em

direção à dentina e à polpa, como também foi encontrado o radioisótopo na glândula

tireóide após 1 a 2 horas da aplicação.

Silveira e Garrocho (1998) analisando as áreas de marcação pelo corante na

superfície dos dentes hígidos de pacientes com problemas periodontais avançados,

constataram um padrão de maior penetração no terço cervical. Provavelmente, os

autores relatam, que pelo fato do esmalte cervical estar quase sempre coberto por

placa bacteriana e, conseqüentemente, sujeito a mudanças no pH, o que aumentaria

ainda mais a sua porosidade.

A dentina, tecido conjuntivo mineralizado, compõe-se quimicamente em

aproximadamente 70% de material inorgânico, 20% material orgânico e 10% de

água. Caracteriza-se microscopicamente pela presença de numerosos túbulos, que

percorrem toda a camada de dentina, desde a polpa até o limite amelo-dentinário e

dentino-cementário (MJOR; FEJERSKOV, 1990; TEN CATE, 1998).

Em virtude dessa estrutura tubular, a dentina apresenta distintos níveis de

permeabilidade. Essa diferença depende da quantidade, dimensão e diâmetro dos

túbulos dentinários, espessura da dentina, movimentos dos fluídos no interior dos

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túbulos de acordo com a concentração e gradiente de pressão osmótica e

hidrostática, presença da smear layer e temperatura.

O trabalho de Fish, publicado em 1927, é considerado o pioneiro e constitui-

se, na opinião de diversos autores, em um clássico no campo da permeabilidade da

dentina. O autor inseriu tinta da índia no interior da câmara pulpar de dentes vitais

de cães e, com o emprego de microscopia verificou a penetração de partículas de

corante no interior dos túbulos dentinários. Em 1933, Fish novamente verificou a

permeabilidade dentinária, mas dessa vez colocando a solução azul de metileno na

cavidade pulpar de dentes extraídos, por 24 horas em temperatura de 37ºC. Após o

seccionamento dos espécimes evidenciou a penetração do agente indicador, desde

a cavidade pulpar até as junções amelo-dentinária e cemento-dentinária. Observou,

que nos dentes oriundos de pacientes idosos, o padrão de penetração do corante

manifestava-se em menor intensidade.

Para avaliar a influência do tamanho da área dentinária, espessura,

temperatura e tempo pós-extração na alteração da permeabilidade dentinária,

Outhwait, Livingston e Pashley (1976) fizeram um estudo analisando a infiltração do

iodo radioativo através de discos de dentina. Segundo os autores, a área da

superfície dentinária é diretamente proporcional ao grau de permeabilidade da

dentina. Além disso, os discos de dentina obtidos próximos à polpa foram duas

vezes mais permeáveis do que aqueles obtidos na região próxima ao esmalte. Com

relação à temperatura, constataram que aumentando a temperatura de 25ºC para

35ºC houve quase o dobro de iodo infiltrando a dentina. A alteração da

permeabilidade, em função do tempo pós-extração foi mínima. Houve um relativo

aumento da permeabilidade na dentina após a primeira hora pós-extração e no

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primeiro e segundo dia. Após três a quatro semanas não houve mudança detectável

na alteração da permeabilidade.

Outro fator modificador da permeabilidade dentinária inclui a presença de

smear layer. Alguns materiais utilizados na Endodontia para a sanificação dos

sistemas de canais radiculares, como as substâncias químicas auxiliares, também

aumentam significativamente a permeabilidade da dentina, em função da remoção

de smear layer da superfície dentinária. Assim, várias formulações químicas foram

sugeridas para o preparo biomecânico ao longo de seu processo evolutivo no intuito

de obter uma substância auxiliar da instrumentação que promovesse não só a

limpeza, como também a desinfecção do complexo endodôntico.

Nikiforuk e Sreebny (1953) estudaram as propriedades químicas de um ácido

orgânico fraco, o etilenodiaminotetracético sal dissódico (EDTA). Estes autores

vislumbraram a possibilidade de utilização deste ácido como agente

desmineralizante de tecido duro. Inspirado neste trabalho, Ostby (1957) preconizou

o emprego do EDTA na instrumentação de canais radiculares em substituição aos

ácidos inorgânicos até então utilizados, devido à sua ação quelante e por ser

biologicamente compatível. A solução aquosa de EDTA preconizada apresentava

como composição: EDTA 15% e hidróxido de sódio (pH próximo do neutro - 7,3).

Aproveitando as características quelantes do EDTA e a propriedade anti-

séptica do peróxido de uréia, Stewart, Kapsimalas e Rappaport (1969) preconizaram

uma nova solução auxiliar de instrumentação com a consistência de um creme. Este

produto ficou conhecido comercialmente com o nome de RC-Prep. Contém 15% de

EDTA, 10% de peróxido de uréia e carbowax em quantidade suficiente para chegar

à consistência de creme. Segundo os autores, este produto seria um auxiliar da

limpeza e escultura do canal radicular. Neste estudo, demonstraram que o RC-

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Prep® combinado com o hipoclorito de sódio a 5,0% era capaz de aumentar a

permeabilidade dentinária.

Com base no trabalho de Stewart, Kapsimalas e Rappaport (1969), Paiva e

Antoniazzi (1973), preconizaram o uso de um composto cremoso para a

instrumentação de canais radiculares, substituindo a solução de EDTA do antigo

creme RC-Prep pelo Tween 80 na mesma porcentagem, ou seja, 15%. Os demais

componentes permaneceram como na fórmula original: 10% de peróxido de uréia e

75% de Carbowax. Esse novo composto é identificado como Endo-PTC, que

segundo os autores, auxiliaria o processo de limpeza das paredes do canal radicular,

diminuindo a tensão superficial da superfície dentinária, permitindo que ele se

espalhe de maneira mais rápida e uniforme por toda superfície do canal radicular. De

outro lado, o arranjo característico da molécula do detergente lhe conferiu

propriedades umectantes e emulsionantes.

Robazza, Paiva e Antoniazzi (1981) constataram que o creme Endo-PTC,

neutralizado pelo líquido de Dakin, aumentava consideravelmente a permeabilidade

dentinária, especialmente no terço apical do canal radicular.

Após muitas observações, foi notificada a falta de uma substância para a

lavagem final após a instrumentação do canal radicular e viram no EDTA uma

solução que sozinha ou associada, tinha as propriedades que se desejava e assim

começou a ser utilizada com sucesso para a irrigação final. Yamada et al. (1983)

comprovaram que a combinação de 10ml de EDTA a 17% seguido de 10ml de

hipoclorito de sódio a 5,25% foi a que melhor removeu smear layer após o preparo

biomecânico.

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Outras associações também foram propostas, assim, pesquisadores

acrescentaram substâncias na fórmula do EDTA, como detergentes e tensoativos

(catiônicos e aniônicos) para aumentar a permeabilidade dentinária.

Paiva e Antoniazzi (1984) preconizaram o uso do EDTA preparado com uma

solução aquosa de lauril dietilenoglicol éter sulfato de sódio a 0,125% (tergentol),

que é um produto à base de um tensoativo aniônico. Essa solução ficou conhecida

por EDTA-T.

Zuolo et al. (1987), estudaram o efeito do EDTA 15% (pH neutro) e suas

associações com tensoativos (EDTA-T e EDTA-C) na permeabilidade radicular de

25 dentes humanos, instrumentados e irrigados com 3 ml de solução irrigante final a

ser testada. Após a secagem, os corpos-de-prova receberam reagentes químicos

do ensaio histoquímico para determinar a permeabilidade dentinária, seguida da

quantificação pela análise morfométrica. Os autores comprovaram que o EDTA

associado a tensoativos pode aumentar a permeabilidade dentinária.

Zingg, Sakura e Moura (1997) avaliaram a remoção de smear layer durante a

irrigação final com EDTA, EDTA-T e ácido cítrico, através de microscopia eletrônica

de varredura. Foram utilizados 11 dentes divididos em três grupos, dos quais

obtiveram como resultado que, todas as substâncias estudadas são capazes de

remover a smear layer no terço médio com um declínio de eficiência para o terço

apical, sendo que o ácido cítrico foi menos eficiente que o EDTA e o EDTA-T no

terço apical.

Lamarão e Lage-Marques (1997) avaliaram a limpeza de canais radiculares

após o preparo químico-cirúrgico irrigados com EDTA-T a 17% em três técnicas

diferentes. Os dentes foram divididos em três grupos de 10 dentes cada: GI)

irrigação final com 6ml de EDTA-T a 17%, GII) irrigação final com 6ml de EDTA-T a

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17% agitado por uma lima tipo K #10 a cada ml, (GIII) irrigação final com 6ml de

EDTA-T a 17% que permaneceu no canal por 15 segundos sem agitação. Os

resultados permitiram concluir que o GIII apresentou condições superiores de

limpeza no terço médio sendo as conclusões suportadas por análises estatísticas.

Scelza (1998) estudou a capacidade de limpeza e remoção de smear layer do

canal radicular empregando três conjuntos distintos de solução irrigadoras. Concluiu

que o emprego da associação de hipoclorito de sódio a 0,5% e EDTA-T a 15% foi

mais eficiente, pela ordem, em relação às associações hipoclorito de sódio a 1% e

ácido cítrico a 10% e ao hipoclorito de sódio a 5,25% e água oxigenada a 3%.

Carlik (2000) defendeu em sua tese de doutorado a influência do tratamento

da dentina radicular no vedamento marginal apical de obturações endodônticas,

utilizando três substâncias irrigadoras ácidas, sendo o ácido cítrico nas

concentrações 10%, 15% e 20%, EDTA-T a 17% e EDTAC a 17%. Após o preparo

químico-cirúrgico foi efetuado o preenchimento dos canais por 3 min com as

substâncias químicas irrigantes, logo a seguir foi efetuado a obturação com cimento

de N-Rickert e por meio de mensuração da infiltração do corante azul de metileno

com lupa estereoscópica, foi observado a infiltração marginal apical das obturações.

Os autores perceberam um aumento crescente da infiltração do corante azul de

metileno nos canais tratados com ácido cítrico correspondente ao aumento das

concentrações do ácido. A maior média de infiltração verificada ocorreu nos canais

tratados com EDTAC e as menores registradas com EDTA-T, ficando então

comprovado que quando for realizar a obturação radicular com o cimento de N-

Rickert deve-se fazer irrigação final com EDTA-T a 17% porque apresentou menor

média de infiltração marginal apical perante o corante azul de metileno.

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Di Lenarda, Cadenaro e Sbaizero (2000) compararam os efeitos do ácido

cítrico e do EDTA alternados com hipoclorito de sódio na remoção do smear layer

em dentes instrumentados. Os autores analisaram os espécimes de forma qualitativa

e quantitativa, através da microscopia eletrônica de varredura, não encontrando

diferenças estatísticas significativas entre as soluções irrigadoras estudadas.

Com auxílio da espectrofotometria de absorção atômica, Scelza et al. (2000)

avaliaram a capacidade de quelação de íons de cálcio da dentina dos canais

radiculares, quando do emprego das soluções de EDTA-T, ácido cítrico a 10% e

EDTA. Os autores observaram que: quanto a capacidade de capturar íons de cálcio,

houve diferença estatisticamente significante (p < 0,05) entre o EDTA-T e EDTA,

bem como entre o ácido cítrico a 10% e EDTA-T. No entanto, não houve diferença

estatisticamente significante (p > 0,05) entre o ácido cítrico e EDTA. No tocante ao

tempo de atuação das substâncias houve diferença estatisticamente significante

(p < 0,05) entre 10 e 3 minutos e 15 e 3 minutos, porém entre 10 e 15 minutos essa

diferença não foi significante (p > 0,05).

Ribeiro (2001) constatou em seu estudo que: o hipoclorito de sódio a 1%

apresentou maior porcentagem de permeabilidade dentinária (13,4 %), enquanto

que o ácido cítrico a 10% e o EDTA a 15% mostraram uma média de 10,5 % e 7,7%,

respectivamente. O autor relata que as soluções de hipoclorito de sódio,

independentemente das concentrações utilizadas, promovem aumento da

evidenciação da permeabilidade dentinária em virtude da sua alta ação de solvência

de tecido orgânico, limpando os canalículos dentinários. Dessa forma, a smear layer

não impede a ação do hipoclorito de sódio por si só. O autor acredita que o smear

plug pode impedir a ação do hipoclorito de sódio no interior dos canalículos

dentinários.

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Pólo, Lage Marques e Shimabuko (2001), avaliaram a permeabilidade

dentinária após o preparo químico-cirúrgico, utilizando como solução irrigante final:

EDTA-T, gel Carisolv e soro fisiológico (controle), tendo como solução corante

escolhida para o trabalho a Rodamina B a 1%. Os dentes foram seccionados em

três terços: cervical, médio e apical e analisados através de imagens scaniadas e

com a utilização de um programa digitalizado “Image Lab 2.3”. Foi possível concluir

que a irrigação final após o preparo químico-cirúrgico, com a utilização do gel

Carisolv e do EDTA-T aumenta a permeabilidade dentinária nos três terços

radiculares enquanto que o terço apical foi o menos permeável.

Pólo (2002), em sua dissertação de mestrado, avaliou o efeito do Carisolv,

quando utilizado na irrigaçäo final, sobre a espectrofotometria da coroa dental e

permeabilidade dentinária e teve como soluções de comparação o EDTA-T e o soro

fisiológico. Trinta dentes humanos tiveram seus canais preparados com

instrumentos endodônticos, Endo-PTC e líquido de Dakin. Após o preparo químico

cirúrgico, os dentes foram divididos em três grupos de 30 cada. No G-I, os canais

foram irrigados com soro fisiológico, no G-II com EDTA-T e no G-III com Carisolv. A

espectrofotometria das coroas dentais foi executada antes e após a irrigaçäo final.

As médias das variaçöes espectrofotométricas (deltaE) foram: 3,50 (G-I), 3,42 (G-II)

e 2,56 (G-III), apresentando diferença estatística entre os grupos avaliados (p<0,01).

A permeabilidade dentinária foi analisada pelo auxilio do corante rodamima B 1%. O

autor observou as seguintes médias de valores percentuais: 27,41 (G-I), 66,80 (G-II)

e 51,49 (G-III), comprovando que o EDTA-T aumentou a permeabilidade da dentina

radicular, sendo o terço apical o menos permeável.

Malvar e Albergaria (2003), através de uma revisão de literatura verificaram

que o EDTA associado ao hipoclorito de sódio tem sido muito utilizado na remoção

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da camada residual após o preparo do canal, e concluíram que as melhores

concentrações para essa substância quando utilizada na irrigação final é de 15% ou

17%.

Considerando a necessidade da solução irrigadora entrar em íntimo contato

com a parede dentinária, restos pulpares e detritos formados durante a

instrumentação, Carrasco, Pécora e Froner (2004) sugeriram o emprego do ultra-

som associado ao hipoclorito de sódio a 1% ou EDTA a 17% no assoalho da câmara

pulpar, mencionando que essa associação aumentou o poder de limpeza.

Em 2005, Carvalho, Habitante e Lage Marques avaliaram a alteração da

permeabilidade dentinária promovida pela substância química Endo-PTC, tendo

como variação o veículo de sua composição. Observaram que os veículos da

substância em gel ou creme, promoveram um grande aumento na permeabilidade

dentinária, não demonstrando diferenças estatística significantes.

Souza, Pécora e Silva (2005) avaliaram o selamento do Cianocrilato – Super

Bond e do sistema adesivo - Single Bond, após a utilização das soluções irrigantes

empregada na terapia endodôntica. A remoção do magma foi efetuada mediante o

emprego de hipoclorito de sódio a 1% e do EDTA a 17%. Verificaram que após 90

dias de imersão em tinta da Índia houve diferença quanto à qualidade do

vedamento: no subgrupo do Cianocrilato a infiltração foi menor, não havendo

diferença quanto ao tipo de solução. Nesse experimento, os autores puderam

concluir que as soluções avaliadas podem afetar o selamento dos sistemas adesivos.

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2.2 - Materiais Restauradores Provisórios

Os materiais provisórios são utilizados para vedar o acesso à cavidade

protegendo os canalículos dentinários expostos ou a entrada do canal radicular,

quando existe envolvimento endodôntico. Neste aspecto, é de suma importância a

capacidade seladora do material utilizado com o objetivo de impedir a passagem de

fluidos, bactérias e toxinas.

Uma das maiores preocupações na utilização de materiais restauradores

provisórios diz respeito ao completo selamento coronário da entrada dos canais

radiculares durante a terapia endodôntica, já que na endodontia, o primeiro passo

para a conquista do sucesso é a obtenção da assepsia da cavidade pulpar durante o

desenvolvimento do tratamento e principalmente a sua manutenção após o

tratamento endodôntico.

Muitos estudos confirmam a importância da obturação tridimensional do canal

radicular em previnir a (re) contaminação do complexo endodôntico. Porém, tão

importante quanto o selamento da região apical é o selamento coronário. Assim,

alguns autores passaram a preocupar-se, então, com a análise desse selamento,

sendo que os trabalhos deixam claro que a infiltração, via acesso coronário, em

canais radiculares obturados pode permitir a contaminação do perápice e induzir o

aparecimento de periapicopatias (IMURA et al., 1997; CHAILERTVANITKUL et al.,

1997; ALMEIDA, 2001; WOLANEK et al., 2001; TIMPAWAT; AMORNCHAT;

TRISUWAN, 2001; MOREIRA et al., 2001; GALVAN JR et al., 2002; HOMMEZ;

COPPENS; MOOR, 2002; BALTO, 2002; MATOS; PIMENTA Jr; MELO, 2003;

BRITTO; GRIMAUDO; VERTUCCI, 2003; ADIB et al., 2004; SEGURA-EGEA et al.,

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2004; USUMEZ et al., 2004; ZMENER; BANEGAS; PAMEIJER, 2004; WILLIAMSON

et al., 2005; PAPPEN et al., 2005; SHIPPER et al., 2005; SIQUEIRA JR et al., 2005).

Neste caso, o selamento coronário hermético torna-se imprescindível para

impedir a contaminação do canal radicular, prevenindo assim a (re) infecção, além

de possibilitar a ação da medicação utilizada como curativo de demora.

Atualmente estão disponíveis no comércio uma grande variedade de materiais

para serem utilizados como seladores provisórios, como exemplo podemos citar:

cimentos de óxido de zinco e eugenol (Pulposan, IRM), cimentos de ionômero de

vidro (Vidrion R, Ketac-Fill, Vitremer), cimentos endurecidos por umidade (Cavit,

Cimpat, Colltosol, Citodur), materiais resinosos fotopolimerizáveis (Fermit, TERM) e,

outros. Assim, várias pesquisas têm sido realizadas com o objetivo de examinar a

eficiência do selamento marginal obtido com esses materiais.

Esberard et al. (1986) estudaram a capacidade seladora de 10 cimentos

provisórios utilizados na Endodontia. Para identificar a microinfiltração marginal, os

autores utilizaram solução aquosa Rodamina B a 2 %. Para este experimento, foram

utilizados 200 dentes humanos, extraídos. As cavidades endodônticas foram

preparadas. Bolinhas de algodão foram colocadas na câmara pulpar, de modo a

deixar espaço de 5 mm para ser preenchido com os cimentos testados. Após o

selamento das cavidades, os dentes foram colocados em frascos contendo solução

aquosa rodamina B a 2 %, na qual permaneceram por 7 dias à temperatura de 37°C.

Os resultados evidenciaram que era possível ordenar os cimentos, do melhor para o

pior, em relação à microinfiltração marginal, da seguinte forma: Lumicon, óxido de

zinco-eugenol, Cimpat-Rose, Coltosol, Pulpo San, Cavit R, Cavit W, Fosfato de

Zinco, IRM e Gutta-percha.

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Avaliando quantitativamente as propriedades do selamento coronário de

vários materiais restauradores provisórios, usados em acessos endodônticos,

Bobotis et al. (1989) testaram o Cavit, Cavit G, TERM, cimento ionômero de vidro,

cimento fosfato de zinco, cimento policarboxilato e IRM pelo método de infiltração de

fluidos. Neste experimento, foram utilizados incisivos, caninos e pré-molares

humanos extraídos que, após o preparo do canal radicular, receberam bolinhas de

algodão no canal radicular, deixando espaço remanescente na câmara pulpar de 4

mm para colocação do material restaurador provisório. Imediatamente, após a

colocação do selador provisório, os dentes foram imersos em solução “Ringer”

corada. A microinfiltração foi medida nos intervalos de tempo: 1 hora, 24 horas e 8

dias. Os autores concluíram que o Cavit, Cavit G, TERM, e o cimento ionômero de

vidro não permitiram a infiltração durante oito semanas. Já em quatro dos dez

dentes restaurados com cimento fosfato de zinco, IRM e cimento policarboxilato, a

infiltração foi observada.

Fidel et al. (1991) relacionaram “in vivo” o comportamento dos materiais

seladores provisórios, cimento óxido de zinco-eugenol, Cavit e Coltosol com as

condições da cavidade endodôntica. Os pacientes submetidos ao tratamento

endodôntico receberam, como selador provisório, um dos materiais estudados.

Foram utilizados, para este experimento, 232 dentes permanentes posteriores (pré-

molares e molares), os quais receberam os materiais estudados, sendo o tempo

entre as sessões de sete dias. Neste trabalho, os autores concluíram que o número

de paredes de uma cavidade endodôntica é significativamente importante para a

manutenção da integridade de um material selador provisório. Em cavidades,

clássicas os materiais testados comportam-se bem. Dos materiais seladores

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testados, nas condições do experimento, o Cavit e o Coltosol apresentaram-se

superiores ao cimento de óxido de zinco-eugenol.

Sousa, Bernardineli e Berbert (1994), se propuseram comparar a infiltração

marginal em 6 materiais seladores temporários. Sessenta dentes pré-molares

inferiores humanos extraídos foram selecionados. Após as aberturas coronárias e

remoção do tecido pulpar, uma bolinha de algodão foi colocada na câmara pulpar, e

a cavidade selada com um dos seguintes materiais: Cimpat B, Cimpat R, Coltosol,

Restemp, JMG e Zoecim. Os dentes foram imersos em saliva artificial contendo azul

de metileno a 0,2 % e submetidos a 3 ciclagens térmicas (5ºC e 60ºC) por 30

minutos. A análise dos dados não detectou nenhuma diferença estatística

significante entre os grupos.

Andrade et al. (1996) avaliaram “in vitro” a microinfiltração marginal em

cavidades de classe V restauradas com dois cimentos ionoméricos fotoativados –

Variglass (M2) e Vitremer (M3) e um cimento de ativação química - Vidrion R (M1).

Sessenta cavidades foram confeccionadas nas faces vestibular e lingual de trinta

terceiros molares recém-extraídos. Em seguida foram restaurados com os

respectivos materiais, conforme instruções dos fabricantes. Após a análise

estatística verificou-se que na parede oclusal os materiais apresentaram diferentes

níveis de infiltração, sendo que M2 apresentou menor grau de infiltração, seguido de

M3 e M1. Para parede cervical os materiais apresentaram comportamento

semelhante, com alto índice de infiltração marginal.

O propósito da pesquisa realizada por Pinheiro, Santos e Scelza (1997) foi

investigar a infiltração marginal de alguns materiais restauradores provisórios. Cavit,

Cimpat, Coltosol e Vidrion C. Foram selecionados 100 dentes humanos posteriores

recém-extraídos. O corante empregado foi o azul de metileno a 2% pela técnica da

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termociclagem. Para avaliação da infiltração marginal aplicou-se o teste não-

paramétrico de Kruskal-Wallis. Em ordem crescente de infiltração obteve-se o

seguinte resultado: 1) Cavit; 2) Cimpat; 3) Vidrion C; 4) Coltosol.

Bonetti Filho, Ferreira e Loffredo (1998) analisaram a capacidade seladora de

cinco cimentos provisórios através da infiltração do corante azul de metileno em

ambiente normal e a vácuo. Foram usados 100 dentes pré-molares humanos em

cavidades padronizadas e seladas com os materiais. O vácuo possibilitou a

eliminação de variáveis nas análises, uma vez que retirou os bolsões de ar das

falhas do selamento. Neste experimento, os autores concluíram que a ordem dos

seladores, do mais eficiente para o menos, foi: Lumicon, Coltosol, Pulpo San, IRM e

Zoecim. O emprego do vácuo não alterou a classificação dos cimentos, havendo

diferenças de infiltração com e sem vácuo apenas quantitativamente. Os autores

relatam que a espessura do cimento provisório não deve ser inferior a 3,5 mm de

profundidade para manter um bom selamento.

Barthel et al. (1999) avaliaram a infiltração marginal de diferentes materiais

seladores temporários (Cavit, IRM, cimento de ionômero de vidro, Cavit/cimento de

ionômero de vidro, IRM/cimento de ionômero de vidro). Foi utilizada como

identificadora da infiltração no interior dos canais radiculares a bactéria

Streptococcus mutans. O Cavit, o IRM e a associação Cavit/cimento de ionômero de

vidro demonstraram significantemente mais infiltração do que o de cimento de

ionômero de vidro e a associação IRM/cimento de ionômero de vidro. Todos os

materiais estudados, exceto o IRM e cimento de ionômero de vidro, apresentaram

infiltração antes de 12 dias.

Hosoya et al. (2000) compararam in vitro a capacidade seladora de cinco

materiais provisórios utilizados durante o clareamento dental. Todos os dentes foram

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submetidos ao tratamento endodôntico tradicional e, posteriormente, à terapia de

clareamento dental. Os materiais seladores provisórios utilizados foram: Fermit,

Cavit, Coltosol, Óxido de zinco-eugenol e Cimento Fosfato de Zinco utilizados

isoladamente sobre a pasta clareadora ou com uma camada intermediária de

borracha entre o material clareador dental e o material selador provisório. Os dentes

foram imersos em corante azul de alcian a 1% e ciclados termicamente. Após uma

semana, os dentes foram seccionados longitudinalmente e avaliados de acordo com

a penetração do corante (escores de 0 a 3). O Cavit e o Coltosol apresentaram o

menor índice de infiltração do corante quando comparados à resina fotoativada. O

óxido de zinco-eugenol e o cimento fosfato de zinco apresentaram considerável

infiltração.

Buscando avaliar o selamento marginal de cinco materiais seladores

provisórios (Coltosol, Algenol, IRM, Fermit e Fermit-N) em cavidades endodônticas,

usando o método da penetração de corante, Uctasli e Tinaz (2000) prepararam em

100 dentes humanos hígidos (50 incisivos e 50 molares) o acesso coronário de 10

dentes por grupo. Após a inserção dos materiais na cavidade, os dentes foram

armazenados na água desmineralizada por 48 horas, logo em seguida, foram

imersos no corante do azul de metileno a 2% por 24 horas. Todos os grupos foram

secionados longitudinalmente e a profundidade linear da penetração do corante foi

avaliada sob um estereoscópio. Não houve nenhuma diferença significativa nos

grupos observados.

Em 2001, Travassos et al., avaliaram a capacidade de vedamento marginal

de alguns materiais provisórios, bem como estabeleceram uma classificação de

eficiência entre eles. Realizaram a abertura coronária de 50 incisivos inferiores e

após o preparo biomecânico, introduziram um cone de papel absorvente e uma

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pelota de algodão foi adaptada na câmara pulpar. Em seguida, os dentes foram

restaurados com Óxido de zinco e eugenol (Grupo 1); Cavitec (Grupo 2); IRM (Grupo

3); Resina composta híbrida - Suprafill (Grupo 4) e Vitremer (Grupo 5). Após

termociclagem (125 ciclos), os corpos de prova foram imersos em Fucsina básica a

0,5 por cento por 24 horas; lavados e seccionados para verificar o grau de infiltração

marginal através de valores numéricos: 0, 1, 2, 3 e 4. Os dados obtidos mostraram

que os Grupos 4 e 5 apresentaram maior capacidade de selamento.

O intuito da pesquisa realizada por Zaia et al. (2002) foi avaliar o selamento

coronário de IRM, Coltosol, e Vidrion R depois do tratamento endodôntico. Foram

utilizados 100 molares inferiores humanos. Dois milímetros dos materiais

restauradores foram colocados sobre assoalho da câmara da pulpar. Os dentes

foram termociclados e imersos em tinta da índia por 5 dias. Logo após, os corpos-

de-prova foram diafanizados e as medidas foram feitas ao ponto máximo da

penetração do corante. A penetração média do corante para cada grupo foi

comparada pelo teste de Kruskal-Wallis. Nenhum dos materiais conseguiu impedir a

infiltração coronária. Coltosol e IRM selaram significativamente melhor do que

Vidrion R, impedindo a infiltração coronária em 84% e em 75% dos espécimes,

respectivamente.

Tselnik, Baumgartner e Marshall (2004) investigaram a capacidade seladora

de dois materiais provisórios (MTA e Ionômero híbrido - Fuji II LC). Setenta e oito

molares humanos extraídos foram selecionados e obturados. Após o tratamento

endodôntico, os dentes foram divididos em dois grupos de 36 cada, e adicionados

três controles positivos e três controles negativos. Depois de preparada a cavidade

de acesso endodôntico, os materiais foram introduzidos na cavidade de cada grupo

com 3,0 mm de profundidade. Os corpos-de-prova foram inoculados com a

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suspensão de microorganismos salivares, sendo então registrada a capacidade

seladora nos períodos de 30, 60 e 90 dias. O experimento não noticiou diferenças

significantes entre o MTA e Fuji II LC.

Em 2005, Marques et al., avaliaram a capacidade de selamento do Bioplic,

Coltosol, Ionômero de Vidro e Resina Composta. Cavidades de acesso coronário

padronizadas (classe II) foram realizadas em quarenta e dois dentes pré-molares

superiores humanos. Os espécimes foram restaurados provisoriamente com os

materiais testados, termociclados e imersos no corante azul de metileno a 1% por 7

dias. Todos os seladores testados apresentaram infiltração coronária, sendo que o

Coltosol e o Bioplic apresentaram comportamento homogêneo no que se refere ao

grau de infiltração e foram considerados mais eficazes do que a Resina Composta e

o Ionômero de Vidro, quando utilizados como material restaurador.

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3 PROPOSIÇÃO

Com base na escassez de dados observados na literatura com relação aos

efeitos das substâncias químicas auxiliares na superfície coronária, e baseado nas

evidências da infiltração dos materiais restauradores provisórios à base de óxido de

zinco e ionômero de vidro, constitui como proposta deste experimento:

3.1. Analisar a capacidade seladora de dois materiais restauradores

provisórios através da infiltração do corante na interface material restaurador/ tecido

dental, pela massa do material e da interface material restaurador/ tecido dental até

a superfície dental externa, nos diferentes períodos de avaliação.

3.2. Analisar a influência na permeabilidade coronária, por ação de

substâncias químicas utilizadas no tratamento endodôntico.

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4 MATERIAIS E MÉTODO

4.1. Seleção dos espécimes

Obedecendo aos critérios e aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da

Universidade Federal do Pará sob o protocolo n°. 078/2005 CEP/UFPA-CCS, foram

utilizados 80 primeiros e segundos molares permanentes, superiores e inferiores,

hígidos ou com cárie insipiente na oclusal, extraídos por indicação periodontal.

Imediatamente após a exodontia, os dentes foram limpos por meio do

aparelho de ultra-som (Profilax III) e curetas periodontais (Trinity) e armazenados

em água destilada à temperatura ambiente por um período máximo de 6 meses até

sua utilização.

4.2. Padronização das cavidades

Inicialmente foi realizada a cirurgia de acesso à câmara pulpar de todos os

dentes de acordo com Ingle et al. (1979). Para isto foi utilizada broca esférica

diamantada nº 1014HL (KG Sorensen) acionada por alta rotação (Dabi Atlant),

refrigerada com jato de água. O alisamento das paredes foi realizado com broca

Endo-Z (Maillefer Intruments S/A) também acionada por meio de alta-rotação (Dabi

Atlant) até obter-se paredes circundantes padronizadas com 2 mm de espessura que

foram aferidas com auxílio de um especímetro (Bio-art) na região correspondente à

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profundidade de 4 mm. A medida da profundidade foi controlada com uma sonda

periodontal milimetrada (Trinity) tendo como referência o ângulo cavo-superficial. Em

seguida, a câmara pulpar foi fartamente irrigada com 15 ml de hipoclorito de sódio à

0,5% (Fórmula & Ação Farmácia) concomitante a aspiração.

A entrada dos canais foi localizada com explorador reto (Duflex) e

posteriormente preparada, coadjuvada pelo creme Endo-PTC (Fórmula & Ação

Farmácia), segundo a técnica preconizada por Paiva e Antoniazzi (1993). A câmara

pulpar foi preenchida com líquido de Dakin (Fórmula & Ação Farmácia) e uma

pequena quantidade de Endo-PTC (Fórmula & Ação Farmácia) e utilizando-se

instrumentos rotatórios, Gates-Glidden e Largo (Maillefer Intruments S/A), em baixa

rotação (500 a 1000 rpm) foi aprofundado cerca de 2mm no terço cervical dos canais,

sendo então, novamente, irrigada com 15ml de líquido de dakin (Fórmula & Ação

Farmácia) concomitante à aspiração.

Promovendo o toalete das paredes dentinárias foi utilizado 15ml de EDTA-T a

15% (Fórmula & Ação Farmácia), seguido de aspiração. Logo após, os canais foram

secos, por meio de cones de papel absorvente (Dentsply) e posteriormente, uma

pelota de algodão estéril (Cremer) bem compactada foi colocada na câmara pulpar e

sobre esta foi colocada uma pequena quantidade de guta-percha em bastão (G-C

Chemical), deixado um espaço entre o ângulo cavo-superficial e a guta-percha de 4

mm, o qual foi aferido com auxílio de sonda milimetrada, para que a profundidade

pré-estabelecida para inserção do material restaurador provisório fosse mantida.

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4.3. Restauração das cavidades

Completado o preparo dos 80 espécimes, estes foram divididos

aleatoriamente em 2 grupos experimentais, de acordo com o tipo de material

restaurador a ser utilizado, com 40 espécimes cada:

a) Grupo I – Cimento de Óxido de Zinco - Coltosol

b) Grupo II – Cimento de Ionômero de Vidro Híbrido Restaurador – Vitremer

Figura 4.1 - Representação esquemática das medidas utilizadas para a confecção das cavidades

Figura 4.2 - Materiais restauradores utilizados no estudo

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Quadro 4.1 - Relação dos materiais restauradores utilizados no experimento, seguido de lote, fabricante e composição dos mesmos

No Grupo I, o material provisório, Coltosol, foi introduzido em um único

incremento na câmara pulpar com uso de uma espátula nº 1(Duflex), seguindo as

recomendações do fabricante.

No Grupo II, o “primer” foi aplicado com a utilização de um microbrush

(Optimum) e após 30 segundos foi fotopolimerizado por 20 segundos. O cimento de

ionômero de vidro híbrido restaurador foi manipulado conforme instruções do

fabricante e inserido na cavidade com auxílio de seringa tipo Centrix (DFL), em um

único bloco, em seguida foi realizada a remoção dos excessos e adaptação do

material com a espátula nº 1 (Duflex). Posteriormente, o material restaurador foi

fotopolimerizado por 40 segundos e logo a seguir, foi realizada a aplicação do

finishing-gloss e fotopolimerização por 20 segundos.

MATERIAL

LOTE

FABRICANTE

COMPOSIÇÃO

COLTOSOL

NH01

Vigodent

Óxido de zinco, sulfato de zinco - hidratado, sulfato de cálcio – hemidratado, diatomácea de terra, dibutil ftalato, copolímero – cloreto de polivinila, aroma de hortelã.

VITREMER

07084

3M Dental Products

Primer - Copolímero do ácido polialcenóico modificado, grupos metacrilatos, etanol, canforoquinona. Pó - Cristais de fluoralumíniosilicato, persulfato de potássio, ácido ascórbico e pigmentos. Líquido - Ácido polialquenóico, grupos metacrilatos, água, HEMA, canforoquinona. Finishing Gloss - Bis-GMA, TEGDMA e fotoiniciador.

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Terminadas as restaurações, os corpos-de-prova foram mantidos imersos em

água destilada, por 24 horas em estufa à temperatura de 37ºC.

Passadas as 24 horas, os corpos-de-prova foram submetidos à ciclagem

térmica em um aparelho próprio para este fim (Ética Equipamentos Científicos S/A –

São Paulo), onde foram realizados 500 ciclos a temperaturas de 5ºC e 55ºC, com

tempo de permanência em cada banho de 30 segundos.

Seguiu-se novamente a armazenagem dos espécimes em uma estufa à 37ºC

imersos em água destilada, por 7 dias.

4.4. Preparo dos corpos-de-prova para o teste de infiltração

Em seguida, cada grupo foi sub-dividido em 2 novos grupos contendo 20

dentes cada. Com a utilização de um paquímetro foi determinado o limite da

impermeabilização, que variava de acordo com os grupos a seguir. Para a

impermeabilização, a superfície do dente foi pincelada com cianocrilato (Super

Bond), utilizando-se cone de papel absorvente, onde procedeu-se a aplicação de

três camadas com intervalo de 3 minutos entre cada uma para a secagem do

produto (LAGE MARQUES, 1992; LAURETI, 1999).

4.4.1. Grupo I (selamento coronário com coltosol):

a) Grupo I.1: as camadas de cianocrilato foram aplicadas em toda a superfície do

dente, com exceção de 1 mm da interface entre o material restaurador e o tecido

dental (Figura 4.3).

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b) Grupo I.2: as camadas de cianocrilato foram aplicadas, somente na superfície

radicular e sobre o material selador (estendendo 1 mm da interface entre o material

restaurador e o tecido dental), deixando a superfície coronária exposta a penetração

do corante (Figura 4.4).

4.4.2. Grupo II (selamento coronário com ionômero de vidro híbrido):

A aplicação do material impermeabilizante (Cianocrilato) foi a mesma descrita

para o Grupo I, originando, desta forma, os Grupos II.1 e II.2.

Figura 4.4 – Representação esquemática dos corpos-de-prova impermeabilizados (Grupos I.2 e II.2)

Figura 4.3 – Representação esquemática dos corpos-de-prova impermeabilizados (Grupos I.1 e II.1)

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Na etapa seguinte, os Grupos I.1, I.2 (Colltosol) e II.1, II.2 (Ionômero de vidro

modificado por resina) foram divididos em 2 subgrupos contendo 10 corpos-de-prova

cada, para imersão em solução corante por diferentes períodos de tempo.

Os Subgrupos I.1.1, I.2.1, II.1.1 e II.2.1 permaneceram imersos no corante

azul de metileno a 2% (Farmácia Artesanal) com ph 7,2 em uma estufa à

temperatura de 37º C, com ambiente de 100% de umidade relativa, por 7 dias. Já

nos Subgrupos I.1.2, I.2.2, II.1.2 e II.2.2 foi utilizada a mesma metodologia acima,

somente com alteração no tempo de imersão, que foi de 30 dias (Figura 4.5 e 4.6).

Tabela 4.1 - Subgrupos e metodologia empregada

IMPERMEABILIZAÇÃO IMERSÃO NO CORANTE

GRUPO

Selamento Coronário

Permeabilidade Dentária

07 dias

30 dias

I.1.1 X

I I.1 X I.1.2 X

(Coltosol) I.2 X I.2.1 X

I.2.2 X

II.1.1 X

II II.1 X II.1.2 X

(CIVMR) II.2 X II.2.1 X

II.2.2 X

Figura 4.5 – Esquema ilustrando os corpos-de-prova do Grupo I e II imersos em solução corante por diferentes períodos de tempo para análise do Selamento Coronário

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4.5. Preparo dos corpos-de-prova para leitura das amostras

Completado os prazos experimentais de imersão em corante, os corpos-de-

prova foram lavados abundantemente em água corrente por 4 horas para eliminação

do excesso do corante e, depois, deixados a secar por um período de 24 horas em

condições ambientes.

Depois de completamente secos, os corpos-de-prova foram sulcados

longitudinalmente no sentido Mesio-Distal com discos diamantados dupla face

(FGM), montado no micromotor (Dabi Atlant) e com auxilio de um clivador composto

de duas lâminas de aço formando uma guilhotina, sendo que uma das lâminas foi

fixada a uma base de resina acrílica e a outra ficava livre. As raízes foram seguras

por um alicate ortodôntico (Healthco) para que fossem fixadas às lâminas, e, com

auxílio de martelo cirúrgico (Fava), foi feita a clivagem, permitindo assim obter duas

hemi-sessões em forma de meia-cana, uma vestibular e outra palatina (Figura 4.7).

Figura 4.6 – Esquema ilustrando os corpos-de-prova do Grupo I e II imersos em solução corante por diferentes períodos de tempo para análise da Permeabilidade Dentária

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A B

4.6. Leitura do selamento coronário e da permeabilidade dentária

A secção que apresentou a maior extensão de manchamento do corante em

cada corpo-de-prova foi selecionada e levada à leitura em um Estereoscópio (Carl

Zeiss Jena), com aumento de 25 vezes, onde foi possível mensurar linearmente a

penetração do corante.

Nos Grupos I.1 e II.1 correspondentes ao teste do selamento coronário foram

realizadas 3 análises quantitativas da penetração do corante (Figura 4.8):

a) No sentido vertical, do ângulo cavo-superficial da cavidade até toda a

extensão de penetração do corante na interface material restaurador/ tecido dental.

b) No sentido vertical, do ângulo cavo-superficial da cavidade até toda a

extensão de penetração do corante na massa do material.

c) No sentido horizontal, da interface material restaurador/ tecido dental até a

superfície dental externa.

Nos Grupos I.2 e II.2, da superfície dental externa até a parede dentinária, na

região que corresponde a profundidade de 4 mm/ material restaurador.

Figura 4.7 – Esquema ilustrando o preparo dos corpos-de-prova para leitura das amostras: (A) Dente sendo sulcado longitudinalmente no sentido Mesio-Distal com disco diamantado de face dupla e (B) Clivador e dente posicionado para seccionamento

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4.7. Análise Estatística

Os valores apresentados foram ordenados e tabulados, e assim, obtidas as

médias e desvios-padrão em função dos grupos e tempos experimentais.

Os dados obtidos foram submetidos à análise estatística utilizando-se o Teste

T “Student” e Mann-Whitney (programa estatístico BioEstat 3.0).

As diferenças estatísticas foram consideradas significantes ao nível de 5%

(p<0,05).

Figura 4.8 – Esquema ilustrando a leitura da infiltração nos corpos-de-prova dos Grupos I.1 e II.1: (1) interface material restaurador/ tecido dental, (2) Massa do material e (3) Parede Dentinária

Figura 4.9 – Esquema ilustrando a leitura da permeabilidade dentária nos corpos-de-prova dos Grupos I.2 e II.2

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5 RESULTADOS

Neste capítulo, encontram-se os resultados obtidos com os métodos

descritos. Os dados originais que se encontram agrupados nos Apêndices

permitiram a elaboração das análises estatísticas das tabelas e dos gráficos aqui

expostos. Para facilitar a análise dos resultados, estes foram divididos por tipo de

experimento efetuado (Selamento Coronário e Permeabilidade Dentária).

5.1 Selamento Coronário

As médias de infiltração evidenciada pelo corante azul de metileno a 2% ao

longo da interface dente/material restaurador e pela massa do material, medidas em

milímetros, assim como os desvios padrão estão representados na Tabela 5.1.

Tabela 5.1 – Valores médios e desvio padrão, em milímetros, de penetração do corante encontrados nos grupos experimentais estudados

MATERIAL INTERFACE

GRUPOS

Média

Desvio Padrão

Média

Desvio Padrão

I 7 dias 1,51 0,13 4,00 0

(Coltosol)

30 dias 2,68 0,32 4,00 0

II 7 dias 0,07 0,03 0,81 0,57

(Vitremer)

30 dias 0,08 0,03 4,00 0

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48

Na seqüência, foram feitas comparações individualizadas entre os grupos

com médias de valores e analisadas pelo Teste Mann Whitney, cujas ilustrações

estão nas Figuras 5.1, 5.2, 5.3, 5.4, 5.5 e 5.6.

Avaliando individualmente cada comparação observou-se que o Grupo I –

Coltosol, na Figura 5.1, onde a infiltração pela interface dente-restauração foram

comparadas entre os grupos experimentais e períodos de avaliação, infiltrou mais

que o Grupo II – Vitremer no período de 7 dias. A aplicação do teste estatístico,

quando se comparou os valores médios de penetração de corante pela interface,

demonstrou que houve uma diferença estatística significante entre os materiais no

período de 7 dias (p<0,05) . Porém, no período de 30 dias, observou-se o mesmo

comportamento dos materiais estudados.

Figura 5.1 – Comparação das médias de infiltração da interface dente/ material

restaurador de cada amostra, obtidos nos diferentes grupos, em função dos períodos de avaliação

Na Figura 5.2, por sua vez, pode-se observar que os corpos-de-prova

relativos ao Grupo II (Vitremer) apresentaram, de maneira geral, os menores

valores, correspondendo a um índice menor ou suave de penetração do corante pela

massa do material, enquanto os valores encontrados para o Grupo II (Coltosol) são

indicativos de uma infiltração mais severa. Assim, com a finalidade de determinar se

as diferenças observadas eram significantes, os resultados foram submetidos a um

0

0.5

1

1.5

2

2.5

3

3.5

4

7 dias 30 dias

Coltosol

Vitremer

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49

tratamento estatístico. Através do teste não paramétrico foi detectada uma diferença

significante entre os grupos experimentais nos períodos de 7 e 30 dias (p<0,05).

Figura 5.2 – Comparação das médias de infiltração pela massa do material de cada

amostra, obtidos nos diferentes grupos, em função dos períodos de avaliação

Examinando os resultados obtidos na Figura 5.3, observa-se que, fixando-se

o período analisado, houve diferença estatística no Grupo I - Coltosol (p<0,05).

Porém, não houve variação estatística significante (p>0,05) no Grupo II -Vitremer.

Assim, verifica-se que, o tempo influenciou diretamente a infiltração de corante pela

massa do material nos corpos-de-prova do Grupo I (Coltosol).

Figura 5.3 – Comparação das médias de infiltração do corante pela massa do

material nos diferentes grupos experimentais nos períodos observados

0

0.5

1

1.5

2

2.5

3

7 dias 30 dias

Coltosol

Vitremer

0

0.5

1

1.5

2

2.5

3

Coltosol Vitremer

7dias

30 dias

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50

Entretanto, na Figura 5.4, os valores das médias de infiltração do Grupo I –

Coltosol demonstraram que não houve diferença estatística significante nos períodos

observados (p>0,05) na interface dente/restauração. Já o Grupo II – Vitremer

apresentaram diferenças significantes entre os períodos 7 e 30 dias.(p<0,05).

Figura 5.4 – Comparação das médias de infiltração do corante pela interface nos diferentes grupos experimentais nos períodos observados

Observa-se ainda, resultados também significantes (p<0,05) em relação à

infiltração severa na interface dente/material restaurador dos Grupos I (Coltosol) e II

(Vitremer), quando comparados à infiltração pela massa do material, durante os

períodos de tempo determinados.

Figura 5.5 – Comparação das médias obtidas no teste de infiltração do Grupo I

(Coltosol) na interface e massa do material, em função dos períodos observados

0

0.5

1

1.5

2

2.5

3

3.5

4

7 dias 30 dias

Material

Interface

0

0.5

1

1.5

2

2.5

3

3.5

4

Coltosol Vitremer

7dias

30 dias

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51

Figura 5.6 – Comparação das médias obtidas no teste de infiltração do Grupo II

(Vitremer) na interface e massa do material, em função dos períodos observados

Por fim, as médias e os respectivos desvios padrão da permeabilidade

dentinária, encontram-se descritos na Tabela 5.2.

Tabela 5.2 – Médias e desvios padrão, em milímetros, por grupo experimental

Os valores da permeabilidade dentinária foram submetidos à análise

estatística (Teste T S’tudent) que demonstrou não haver diferença estatística

significante entre os grupos experimentais nos períodos observados (p>0,05)

conforme pode ser visto na Figura 5.7.

GRUPOS

Média

Desvio Padrão

I 7 dias 0,74 0,44

(Coltosol) 30 dias 1,44 0,22

II 7 dias 0,72 0,39

(Vitremer)

30 dias 1,41 0,32

PERMEABILIDADE DENTINÁRIA

0

0.5

1

1.5

2

2.5

3

3.5

4

7 dias 30 dias

Material

Interface

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52

Figura 5.7 – Comparação das médias de infiltração pela parede dentinária de cada amostra, obtidos nos diferentes grupos, em função dos períodos observados

5.2 Permeabilidade Dentária

Os resultados quanto à permeabilidade dentária foram obtidos de acordo com

a infiltração do corante azul de metileno 2% através da superfície dentária. Os níveis

de infiltração do corante podem ser observados na Tabela 5.3 e ilustrado na Figura

5.8.

Tabela 5.3 – Valores médios e desvio padrão, em milímetros, de infiltração do

corante nos tecidos dentários nos grupos experimentais

PERMEABILIDADE DENTÁRIA

GRUPOS

Média

Desvio Padrão

I 7 dias 2,00 0

(Coltosol) 30 dias 2,00 0

II 7 dias 2,00 0

(Vitremer) 30 dias 2,00 0

0

0.2

0.4

0.6

0.8

1

1.2

1.4

1.6

7 dias 30 dias

Coltosol

Vitremer

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53

Em todos os corpos-de-prova analisados, o corante infiltrou-se no esmalte,

estendendo-se além da junção amelodentinária, infiltrando a dentina, atingindo a

câmara pulpar.

Figura 5.8 – Comparação das médias de infiltração do corante nos tecidos dentais

nos diferentes grupos em função dos períodos observados

Em seguida observam-se as Figuras 5.11, 5.12, 5.13 e 5.14 representam

aspectos do padrão da Infiltração Marginal e Permeabilidade Dentária dos diferentes

grupos de estudo.

0

0.5

1

1.5

2

7 dias 30 dias

Coltosol

Vitremer

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54

A B

A B

A B

A B

Figura 5.11 – Aspecto padrão da infiltração marginal apresentado pelo Grupo I - Coltosol: (A)

Período de 7 dias e (B) Período de 30 dias

Figura 5.12 – Aspecto padrão da infiltração marginal apresentado pelo Grupo II - Vitremer: (A)

Período de 7 dias e (B) Período de 30 dias

Figura 5.14 – Aspecto padrão da permeabilidade dentária apresentado pelo Grupo II - Vitremer: (A) Período de 7 dias e (B) Período de 30 dias

Figura 5.13 – Aspecto padrão da permeabilidade dentária apresentado pelo Grupo I – Coltosol: (A) Período de 7 dias e (B) Período de 30 dias

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55

6 DISCUSSÃO

O combate de microorganismos presentes na flora endodôntica e a prevenção

de recontaminação do canal radicular tem sido a grande preocupação dos

endodontistas. Essa situação ainda é mais grave, após a conclusão do tratamento

endodôntico quando há demora na restauração definitiva, pois o rompimento do

selamento provisório pela dissolução do material, fratura da restauração, infiltração

da saliva na interface material/tecido dental ou trinca na estrutura dentária pode

contribuir para o fracasso terapêutico.

Durante o preparo biomecânico, as substâncias químicas contribuem

efetivamente na limpeza das paredes dentinárias, quer na desintegração tecidual,

quer na lise de microorganismos presentes no sistema de canais radiculares ou

mesmo na remoção de smear layer. Dessa forma, entre todas as propriedades das

substâncias químicas auxiliares, o aumento da permeabilidade dentinária é sem

dúvida uma das mais importantes, pois sabe-se que microorganismos são

encontrados não só na luz do canal principal, mas também no interior dos túbulos

dentinários. Assim, elas devem promover um aumento da permeabilidade dentinária,

produzindo superfícies livres de raspa de dentina e com maior quantidade de túbulos

dentinários expostos e dilatados de modo a possibilitar a destruição ou inativação da

vida microbiana dentro dos túbulos dentinários (NIKIFORUK; SREEBNY, 1953;

PAIVA; ANTONIAZZI, 1973; RALDI; LAGE-MARQUES, 2003).

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56

Desse modo, o sucesso do tratamento endodôntico consiste principalmente

na obtenção da assepsia da cavidade pulpar, onde a sanificação e a manutenção

desta, durante o desenvolvimento do tratamento e após a terapia endodôntica, são

de extrema importância para a recuperação do elemento dental em seus aspectos

funcionais e estéticos.

Analisando os resultados da literatura (WOLANEK et al., 2001; TIMPAWAT;

AMORNCHAT; TRISUWAN, 2001; GALVAN JR et al., 2002; HOMMEZ; COPPENS;

MOOR, 2002; ADIB et al., 2004; SEGURA-EGEA et al., 2004; SIQUEIRA JR et al.,

2005) percebe-se que as pesquisas tem dado fundamental importância à inter-

relação entre tratamento endodôntico e restauração coronária, seja ela definitiva ou

não, evitando, desta forma, a infiltração de fluidos da cavidade oral entre sessões ou

posteriormente à obturação dos canais radiculares, prevenindo assim, a

recontaminação bacteriana e conseqüentemente diminuindo as chances de um

insucesso terapêutico.

No presente trabalho, a escolha dos materiais deu-se em função daqueles

que são relativamente os mais empregados por diferentes profissionais: o Coltosol,

constituído basicamente por óxido de zinco e sulfato de cálcio, bem como, materiais

que apresentam adesão ao esmalte e a dentina como o cimento de ionômero de

vidro modificado por resina – Vitremer, para situações quando o material selador, por

motivos endodônticos, teria a necessidade imperiosa de permanecer por um período

prolongado.

Os resultados deste trabalho demonstraram que nenhum material estudado

foi capaz de impedir totalmente a infiltração marginal, embora evidenciando uma

diferença estatística significante entre os mesmos (p<0,05), onde o cimento de

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ionômero de vidro modificado por resina (Vitremer) apresentou menor nível de

infiltração no período de 7 dias.

A maior eficácia em reduzir a infiltração, pode ser atribuída à sua

característica de adesão por meio da quelação de íons de cálcio e pela união

micromecânica, em decorrência da presença de monômeros hidrofílicos,

comparados à união puramente mecânica dos cimentos à base de óxido de zinco e

sulfato de cálcio (Coltosol). Um outro fator a ser considerado seria sua reação de

presa mais rápida, conseguida com a ativação pela luz, reduzindo a facilidade com

que o material, sofra sinerese ou embebição com o meio. Esses dados estão de

acordo com os trabalhos de Bijella, Bijella e Silva (2001), Dibb et al. (2001), Carrara,

Abdo e Silva (2001), Gupta, Khinda e Grewal (2002), Farias, Avelar e Bezerra

(2002), Tselnik, Baumgartner e Marshall (2004), Shinohara et al., (2004) e, Hoshi,

Silva e Pavarini (2005) que consideram o Vitremer como um bom selador quanto a

infiltração coronária. Enquanto, Uçtasli e Tinaz (2000), Fidel et al., (2000), Hosoya et

al. (2000), Sauáia et al. (2001), Balto (2002), Zaia et al., (2002), Zmener, Banegas e

Pameijer (2004) e Marques et al. (2005), encontraram resultados diferentes, onde o

cimento à base de óxido de zinco e sulfato de cálcio foi significantemente melhor em

impedir a infiltração marginal, em relação aos materiais restauradores que

apresentam alguma forma de adesão à estrutura dentária.

Alguns autores, Uçtasli e Tinaz (2000) e Hosoya et al. (2000) acreditam que a

expansão linear resultante da absorção de água durante a presa, aumenta o contato

entre o material e o acesso cavitário, elevando a qualidade do selamento. Outros

como, Balto (2002), Zaia et al., (2002) e Zmener, Banegas e Pameijer (2004)

afirmam que materiais prontos para o uso são superiores aos que requerem

espatulação, pois fatores na manipulação podem influir adversamente tanto nas

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58

propriedades dos materiais, como no selamento. Acredita-se que fatores relativos a

apresentação comercial dos materiais, não devem servir de eleição quando se

pretende manter uma condição já obtida em tratamentos anteriores. Convém

ressaltar que nesta pesquisa, utilizou-se a proporção e a manipulação de acordo

com as recomendações do fabricante, as quais são baseadas em normas técnicas,

garantindo a obtenção das propriedades químicas e mecânicas dos materiais.

O emprego do cimento de ionômero de vidro sem as devidas exigências

técnicas é um outro fator a ser considerado nas pesquisas, ressalta-se que um dos

cuidados que se deve ter nas restaurações com os cimentos de ionômero de vidro

seria sua proteção superficial imediata após a restauração. Apesar da reação de

presa inicial ser conseguida com a ativação pela luz, reduzindo a facilidade com que

o material sofra sinerese ou embebição com o meio, os cimentos de ionômero de

vidro fotoativados ainda apresentam uma reação ácido-base que se prolonga por

aproximadamente 24 horas e, portanto, podem sofrer conseqüências da hidratação

e desidratação precoce.

Com base no exposto acima, observa-se que Fidel et al. (2000) e Zaia et al.,

(2002) apresentaram resultados divergentes em relação ao cimento de ionômero de

vidro, no entanto, ambos não realizaram a proteção superficial da restauração.

Esta divergência provavelmente ocorre devido às variações das metodologias

empregadas principalmente com relação às substâncias químicas auxiliares durante

o preparo biomecânico e outros fatores como, a padronização do volume da

cavidade, armazenagem prévia dos dentes antes dos testes, pH da solução corante

e proteção da restauração.

Observando as pesquisas de Uçtasli e Tinaz (2000) e Fidel et al. (2000), nota-

se que as substâncias químicas não são utilizadas no preparo endodôntico, o que

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pode mascarar ou alterar os resultados dos trabalhos, devido à presença de smear

layer, servindo como um obstáculo à união dos materiais restauradores à dentina.

A profundidade da cavidade é fator importante, pois o material deve possuir

certa espessura para poder propiciar um correto selamento. Assim, a espessura do

selador foi padronizada em 4 mm, coincidindo com os estudos de Uçtasli, Tinaz

(2000), Grecca e Teixeira (2001) e, Zmener, Banegas e Pameijer (2004). Já Balto

(2002) e Zaia et al., (2002) não fizeram esta padronização e talvez esta seja uma

hipótese que explique as diferenças de resultados encontrados.

Fidel et al. (2000) não informaram se os dentes testados foram armazenados

em algum tipo de solução antes dos testes. Sabe-se que a água tem um importante

papel para o cimento de ionômero de vidro. Assim, a presença dos fluidos tubulares

pode influenciar na embebição dos cimentos de ionômero de vidro durante a sua

polimerização inicial.

Um outro fator relacionado à metodologia empregada nos trabalhos refere-se

ao corante azul de metileno que deve ser tamponado em pH neutro, pois o fato

deste corante ser ácido (pH 3.2), provoca uma pequena desmineralização da

superfície dentinária, permitindo uma maior penetração do corante no substrato,

resultando em falsas leituras. Somente Zmener, Banegas e Pameijer (2004)

informaram o pH neutro utilizado em seus trabalhos.

O material Coltosol apresentou valores de infiltração relativamente mais altos

no período de 7 dias, acorde com Oliveira (2001), Greca e Teixeira (2001),

Travassos et al. (2001), Cruz et al.(2002), Mattos, Pimenta Jr e Melo (2003).

Contrariamente a estes altos valores de infiltração marginal, Uçtasli e Tinaz

(2000), Hosoya et al. (2000), Moreira et al. (2001), Balto (2002), Zmener, Banegas e

Pameijer (2004) e Balto et al. (2005) após realizarem estudos sobre a eficácia desse

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material, foram unânimes em afirmar que esses materiais restauradores provisórios

tomam presa em contato com a umidade, e durante essa reação, a expansão de seu

volume inicial acontece contribuindo para uma melhor adaptação marginal, e

conseqüentemente um selamento mais eficaz. Segundo Barroso, Habitante e

Gonçalves (2001) a presença do sulfato de cálcio na fórmula do material testado

pode indicar que esta substância seja a responsável por essa ação de presa.

Uma justificativa provável, para a infiltração do Coltosol seria a diminuição de

suas propriedades físicas e mecânicas, principalmente após a termociclagem, como

observado no trabalho de Cruz et al. em 2002. Travassos et al. (2001) explicaram

esta redução das propriedades do Coltosol, devido a presença do sulfato de cálcio

em sua composição, que em meio úmido, expande-se, mas quando desidratado,

sofre uma contração, ou seja, ocorre uma perda de água ocasionada por variações

térmica determinada na termociclagem o que conduziria à infiltração do material

restaurador que contenha o sulfato de cálcio na sua composição.

Teoricamente, o raciocínio de que uma expansão seria necessária para

diminuir ou até anular a infiltração, chamou a atenção dos pesquisadores que

observaram expansões tardias que simplesmente fizeram o Coltosol quase dobrar

de tamanho (BARROSO; HABITANTE; GONÇALVES, 2001; DEZAN Jr et al., 2002;

LAUSTSEN et al., 2005). Assim, uma expansão excessiva de seu volume inicial,

durante a presa, pode ser prejudicial ao dente em tratamento, podendo ocasionar

trincas ou fraturas de estruturas dentarias, dependendo da espessura de paredes

remanescentes, o que propicia a infiltração de fluidos e microorganismos no interior

dos canais radiculares.

Muitos artigos têm sugerido um grande número de vantagens na aplicação

clínica do cimento à base de óxido de zinco e sulfato de cálcio, como: serem

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formulados prontos para o uso, fácil aplicação e remoção simples (UÇTASLI; TINAZ

2000; GRECA; TEIXEIRA, 2001), vale ressaltar que estas propriedades não são

responsáveis pelo objetivo que se pretende conseguir com as restaurações

provisórias, que é a perpetuação da condição de assepsia conseguida com o

tratamento endodôntico, devendo desta forma serem enumeradas apenas como

características do material e não vantagens.

Além disso, as características enumeradas por Deveaux et al. (1992) de que o

material não deve ser poroso também não foi observada nos corpos de prova deste

trabalho. Notou-se que o Coltosol forneceu superfícies rugosas e ásperas e, ainda

rachaduras no interior da restauração, o que propicia a retenção de alimentos e

placa bacteriana, além de facilitar a penetração de fluidos pela massa do material

(BARROSO; HABITANTE; GONÇALVES, 2001; DEZAN Jr et al., 2002; LAUSTSEN

et al., 2005).

No presente trabalho, observou-se ainda, que o aumento do tempo promoveu

uma potencialização da infiltração no Grupo-II (Vitremer), embora os resultados

indicaram não haver diferença significante (p>0,05) entre os grupos testados no

período de 30 dias.

Contrariamente, Tselnik, Baumgartner e Marshall (2004) observaram que

dentes tratados endodonticamente restaurados com cimentos de ionômero de vidro

híbrido mostraram-se efetivos em prevenir a infiltração de bactérias no período de

três meses.

Outro fato interessante foi que alguns corpos-de-prova apresentaram

infiltração de corante ultrapassando o assoalho da câmara pulpar, atingindo as

entradas dos canais radiculares.

Uma desvantagem dos materiais que contém monômero orgânico é sua

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contração de polimerização (BIJELLA, 2000). Nos cimentos de ionômero de vidro

convencionais há uma contração volumétrica menor do que os cimentos de

ionômero de vidro híbridos, o que pode propiciar a formação de fendas que levam a

infiltração.

Além disso, o fator de configuração cavitária (Fator-C) que é definido pela

razão entre as superfícies aderidas e superfícies livres ou não aderidas pode influir

também nesse processo. Assim, quanto maior o Fator-C maior a possibilidade de

desenvolvimento da infiltração marginal (NUNES, 2001). Desta forma, as cavidades

que foram confeccionadas para este experimento, com profundidade de 4 mm, tipo

Classe I de Black, pode ter induzido um maior estresse na interface adesiva do

Vitremer.

Apesar dos resultados apresentados, de que o cimento de ionômero de vidro

modificado por resina não tenha selado completamente a interface dente/material

restaurador eliminando a infiltração, não se pode ignorar as propriedades físicas dos

materiais restauradores que devem ser capazes de suportar os esforços

mastigatórios. Esta propriedade também seria um requisito obrigatório,

principalmente em dentes com cavidades extensas, em que a obturação dos canais

foi concluída, afim de que não aconteçam desgastes ou até mesmo fraturas, as

quais poderiam comprometer o sucesso do tratamento.

É interessante salientar também as características de como ocorreu a

infiltração: pela margem e/ou pelo material. Observou-se que no selamento com o

Coltosol, o corante foi encontrado na interface dente/material restaurador e também

na massa da restauração, acorde com Greca e Teixeira (2001), Cruz et al., (2002) e

Mattos, Pimenta Jr e Melo (2003), sendo este último influenciado pelo tempo de

permanência no corante. Como mostra, na Tabela 5.1, que representa a média dos

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63

valores de penetração do corante, pode-se observar que os corpos-de-prova do

Grupo I, em 7 dias demonstraram uma infiltração menor (1,51 mm) que em 30 dias

(2,68 mm). Em relação ao selamento com Vitremer, o corante foi encontrado

essencialmente na interface dente/restauração, não havendo penetração pela

massa do material.

A massa do Vitremer mostrou-se geralmente impermeável ao corante. Isto

denota, como era de se esperar, que esse grupo foi imune à coloração pelo menos

nas condições experimentais adotadas, ao contrario dos cimentos de ionômero de

vidro convencionais que se caracterizam por apresentarem maior solubilidade,

levando à dissolução do material na cavidade, como pôde ser observado no estudo

de Formolo, Sartori e Demarco (2001), que verificaram nos espécimes restaurados

com cimentos de ionômero de vidro convencionais a penetração de corante no

interior da própria massa restauradora, em virtude da degradação do material.

Em relação à permeabilidade dentinária, observa-se que há uma grande

tendência na literatura em considerar importante a remoção de smear layer para se

obter maior adesão e embricamento tubular dos materiais restauradores (DAVALOU;

GUTMANN; NUNN, 1999; POLO, 2002; MALVAR; ALBERGARIA, 2003;

CARRASCO; PÉCORA; FRONER, 2004; ZMENER, BANEGAS e PAMEIJER, 2004;

SOUZA; PÉCORA; SILVA, 2005). Entretanto, os resultados apresentados neste

trabalho não confirmaram tais hipóteses, pois as substâncias químicas auxiliares,

que promovem uma remoção maior de smear layer, não aumentaram o vedamento

marginal dos cimentos de ionômero de vidro híbridos, conforme pode ser visto no

Gráfico 5.7, onde o resultado da permeabilidade dentinária indicou não haver

diferença estatística significante entre os grupos experimentais nos períodos

observados (p>0,05).

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Assim, essa semelhança comportamental pode ter sido afetada por dois

fatores: os efeitos do preparo químico cirúrgico na permeabilidade dentinária e as

características físico-quimicas dos adesivos.

Sabe-se que no dente submetido a um tratamento endodôntico há um

aumento da permeabilidade dentinária, em virtude da remoção da lama dentinária

obtida pela utilização das substâncias químicas auxiliares. Tal fato é alicerçado em

estudos da permeabilidade dentinária (NIKIFORUK; SREEBNY, 1953; PAIVA;

ANTONIAZZI, 1973; ROBAZZA; PAIVA; ANTONIAZZI, 1973; SILVA; ANTONIAZZI,

1999; VIVACQUA-GOMES et al., 2002; ÇOBANKARA et al., 2004; TEIXEIRA;

FELIPPE; FELIPPE, 2005; CARVALHO; HABITANTE; LAGE MARQUES, 2005).

Além disso, há uma teoria adicional de que o hipoclorito de sódio, solução

irrigadora especialmente indicada para remoção de material orgânico, pode

comprometer a adesividade dos adesivos. Uceda-Gomez et al. (2003) observaram

que a parcial dissolução das fibras colágenas e/ou a desestabilização de moléculas

que compõem a estrutura dentária, que ocorre durante o uso do hipoclorito de sódio,

pode comprometer a adesividade dos adesivos.

Ainda, Perdigão et al. (2000) afirmam que a liberação do oxigênio pelas

moléculas do hipoclorito de sódio é um dos fatores que poderiam justificar a

diminuição da força adesiva, devido à inibição da polimerização dos agentes

adesivos, comprometendo as propriedades mecânicas e químicas dos adesivos.

Com relação às características físico-quimicas dos adesivos, torna-se

importante mencionar que o vedamento está relacionado com a capacidade de

penetração do material restaurador no interior dos túbulos dentinários. Assim, alguns

cimentos de ionômero de vidro híbridos, como o Vitremer, utilizam um primer que é

composto de HEMA, etanol e fotoiniciadores, o qual possui forte atração pelas

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superfícies de esmalte e dentina, fornecendo uma superfície pronta para o cimento

de ionômero de vidro híbrido. Desta forma, a infiltração de corante na parede

dentinária deveria ser menor nos corpos-de-prova do grupo II (Vitremer), entretanto,

pode-se observar a presença de infiltração semelhante ao grupo I (Coltosol). Nesse

sentido, as substâncias auxiliares durante a terapia endodôntica transformam a

superfície dentinária em um substrato altamente permeável, não sendo favorável,

pois o adesivo dentinário não é capaz de preencher todos os túbulos dentinários

abertos, prejudicando desse modo a sua capacidade de selamento, apesar do

Vitremer ter um melhor resultado em uma dentina normal.

Esses dados estão de acordo com o trabalho de Souza, Pécora e Silva (2005)

que constataram que o Super Bond foi significantemente superior em impedir a

infiltração coronária quando comparado ao sistema adesivo Single Bond em dentes

tratados endodônticamente.

Em 1995, Sano et al. observaram um fenômeno que denominaram de

nanoinfiltração, a qual ocorre em função de uma camada híbrida deficiente

ocasionada por discrepâncias entre a extensão de desmineralização e a extensão

de infiltração de monômeros resinosos. Os autores ressaltam que quando se forma

uma camada híbrida deficiente junto ao ângulo cavo-superficial, mesmo que não

haja formação de fendas marginais, os fluídos orais podem infiltrar por essas

porosidades e se acumular na camada híbrida. Adicionalmente, Carvalho et al.

(2004) notaram que a zona desmineralizada e não infiltrada poderá funcionar como

sítio de posterior degradação da interface adesiva, principalmente se além de água

tivermos a presença de produtos bacterianos oriundos da infiltração dos fluidos orais.

No mesmo sentido, Chersoni et al. (2005) perceberam que a camada híbrida em

dentes tratados endodônticamente também é uma estrutura permeável, que permite

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livre movimentação de água em seu interior. Isto decorre de uma retenção maior de

água no interior dos túbulos dentinários, o qual não pode ser removido

completamente com o uso dos cones de papel absorvente.

Estes resultados vão de encontro à ação das substâncias químicas auxiliares

na porção coronária, durante o tratamento endodôntico. O contato destas

substâncias com a superfície externa de esmalte e internamente com a dentina pode

ser responsável pela desmineralização excessiva destas estruturas, fazendo com

que o sistema adesivo dos cimentos de ionômero de vidro híbridos não tenha

capacidade de preencher completamente os túbulos dentinários expostos, deixando-

os desta forma parcialmente preenchidos com água e susceptíveis a deteriorização

da camada híbrida anteriormente obtida.

Convém ressaltar que a influência das substâncias químicas auxiliares

durante o preparo biomecânico na superfície externa do esmalte dental, não esta

esclarecida em nenhuma pesquisa desta área, dificultando, portanto, a comparação

de resultados. Entretanto, os resultados observados nesta pesquisa em relação ao

aumento significante da infiltração marginal no grupo restaurado com ionômero de

vidro híbrido, pode ter ocorrido em função do fenômeno da nanoinfiltração, com

deteriorização da zona de adesão, demonstrando grande infiltração marginal após

30 dias.

Outro aspecto importante observado neste trabalho refere-se à

permeabilidade dentária. Assim, a infiltração do corante através dos tecidos

dentários foi observada tanto nos corpos-de-prova do Grupo-I (Coltosol), quanto no

Grupo-II (Vitremer), constatando a inerente permeabilidade do esmalte dental

humano.

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Este resultado pode ser justificado pela estrutura morfológica do esmalte

dental e também pelos efeitos das substâncias químicas auxiliares na superfície

dental externa.

Embora clinicamente a superfície do esmalte de um dente apareça lisa e

brilhante, microscopicamente apresenta-se com falhas geológicas (Tufos e Lamelas),

buracos focais, microporos e outros defeitos como, por exemplo, as trincas de

esmalte que atuam como caminhos de difusão de substâncias do esmalte em

direção à dentina. Além disso, o dente uma vez na boca sofre mudanças que podem

alterar a superfície dental, sendo a superfície do esmalte exposta a traumas físicos

(mastigação, limpeza mecânica do dente com pastas dentais abrasivas, etc.) e

químicos (mudanças intermitentes de pH como resultado da atividade metabólica

dos depósitos microbianos nas superfícies dentais, bebidas ácidas, frutas, etc.) que

inevitavelmente alteram a microestrutura e a composição química da superfície do

esmalte (MJOR; FEJERSKOV, 1990; TEN CATE, 1998).

Os resultados mostraram ainda que a infiltração do corante na superfície

dentária coincidiu com a direção dos túbulos dentinários e prismas de esmalte. Além

disso, a profundidade de penetração foi semelhante para os dois grupos

experimentais, como demonstrado na Tabela 5.3, este perfil de penetração do

corante, colabora com os resultados expostos anteriormente relativos a ação das

substâncias químicas auxiliares, demonstrando o aumento da permeabilidade dos

túbulos dentinários também na porção coronária.

Como fator coadjuvante na alteração estrutural da porção coronária pela ação

de substâncias utilizadas na terapia endodôntica, Pólo em 2002 observou uma

redução significativa de íons Ca após utilização de EDTA-T, fator este responsável

por um aumento da porosidade na coroa dental.

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Silveira e Garrocho (1998) constataram que a área mais permeável ao

corante foi o terço cervical em dentes hígidos de pacientes com problemas

periodontais avançados. Segundo os autores, a freqüente exposição dessa área do

dente à placa bacteriana e às mudanças do pH, aumentaria a porosidade do tecido e,

conseqüentemente apresentavam uma maior permeabilidade no terço cervical, em

relação às outras partes do dente. Ressalta-se que apesar de terem sido utilizados,

nesta pesquisa, molares extraídos em função de problemas periodontais, observa-se

grande variação quanto ao local de penetração inicial da solução corante (terço

oclusal, médio e cervical), não podendo se estabelecer qualquer padrão de

penetração do mesmo. Com base no perfil de penetração do corante percebe-se

mais um fator contribuinte para o aumento da permeabilidade dentinária na porção

coronária como um todo.

Ademais, a literatura revisada é unânime em reconhecer a importância de um

adequado selamento do sistema de canais radiculares e coronário para o sucesso

da terapia endodôntica (IMURA et al., 1997; CHAILERTVANITKUL et al., 1997;

ALMEIDA, 2001; WOLANEK et al., 2001; TIMPAWAT; AMORNCHAT; TRISUWAN,

2001; MOREIRA et al., 2001; GALVAN JR et al., 2002; HOMMEZ; COPPENS;

MOOR, 2002; BALTO, 2002; MATOS; PIMENTA JUNIOR; MELO, 2003; BRITTO;

GRIMAUDO; VERTUCCI, 2003; ADIB et al., 2004; SEGURA-EGEA et al., 2004;

USUMEZ et al., 2004; ZMENER; BANEGAS; PAMEIJER, 2004; WILLIAMSON et al.,

2005; PAPPEN el al., 2005; SHIPPER et al., 2005; SIQUEIRA JR et al., 2005).

Desse modo, a análise dos resultados relacionados à permeabilidade dentária nos

permite afirmar que a espessura da parede de dentina na porção coronária é um

fator de grande relevância na determinação do selamento, bem como o vedamento

dos túbulos dentinários abertos. Assim, sem um isolamento da superfície dental,

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durante as sessões da terapia endodôntica como após a sua finalização, não será

possível alcançar o almejado sucesso terapêutico.

Por fim, diante dos resultados encontrados pode-se observar que a adaptação

do material provisório às paredes dentinárias sofre influência da ação prévia do

tratamento químico cirúrgico destas paredes. Assim sendo, após analisar tudo o que

foi observado, muitas dúvidas ainda restam quanto à real ação das substâncias

químicas auxiliares sobre a porção coronária remanescente. Dessa forma, o campo

continua aberto para novas investigações visando elucidar essa problemática.

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7 CONCLUSÕES

A análise e discussão dos resultados obtidos no presente trabalho, dentro das

condições estabelecidas no experimento, permitem concluir que:

1. Os dois materiais restauradores provisórios testados apresentaram infiltração

marginal, sendo que o cimento de ionômero de vidro modificado por resina

Vitremer (Grupo II) apresentou menor média de infiltração, na interface

dente/material, no período de 7 dias em relação ao Coltosol (p<0,05);

entretanto essa diferença estatística não foi verificada no período de 30 dias.

2. O Vitremer destacou-se com menor infiltração pela massa do material que o

Coltosol, atingindo significância estatística (p<0,05) nos dois períodos

observados.

3. Nos períodos de tempo avaliado, o tipo de material restaurador provisório não

exerceu influência na infiltração do corante da interface dente/material à

parede dentinária.

4. Referindo-se à permeabilidade dentária, observou-se que todos os corpos-de-

prova apresentaram penetração da solução corante no tecido dental, não

havendo diferença estatística significante entre os materiais testados e

períodos observados (p>0,05).

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APÊNDICE

Este capítulo contém as tabelas com os dados originais de cada um dos

corpos-de-prova utilizados neste estudo, separados didaticamente por tipo de

experimento efetuado, como especificado abaixo:

1. Selamento Coronário

Apêndice A – Valores originais de penetração do corante (em milímetros), encontrado nos corpos-de-prova do grupo I (Coltosol), associados às diferentes análises quantitativas de leitura.

Material Permeabilidade Dentinária

Interface dente/material

7 dias 30 dias 7 dias 30 dias 7 dias 30 dias

1,63 2,30 0,36 1,70 4,00 4,00 1,64 2,54 0,42 1,57 4,00 4,00 1,57 2,73 1,03 1,15 4,00 4,00 1,51 2,64 0,48 1,64 4,00 4,00 1,45 2,54 0,79 1,15 4,00 4,00 1,27 2,90 0,30 1,64 4,00 4,00 1,33 3,09 1,33 1,45 4,00 4,00 1,58 2,67 1,45 1,15 4,00 4,00 1,60 3,21 0,24 1,39 4,00 4,00 1,50 2,18 1,03 1,51 4,00 4,00

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Apêndice B – Valores originais de penetração do corante (em milímetros), encontrado nos corpos-de-prova do grupo II (Vitremer), associados às diferentes análises quantitativas de leitura.

Material Permeabilidade Dentinária

Interface dente/material

7 dias 30 dias 7 dias 30 dias 7 dias 30 dias

0,12 0,12 0,79 1,57 0,30 4,00 0,06 0,06 0,91 0,90 0,85 4,00 0,06 0,06 0,79 1,64 1,57 4,00 0,06 0,06 0,91 1,39 0,00 4,00 0,06 0,12 0,90 1,76 0,66 4,00 0,12 0,06 1,09 1,69 1,21 4,00 0,06 0,06 0,97 1,33 1,35 4,00 0,06 0,06 0,00 1,70 0,77 4,00 0,06 0,12 0,85 0,97 1,39 4,00 0,06 0,12 0,00 1,15 0,00 4,00

2. Permeabilidade Dentária

Apêndice C – Valores originais de penetração do corante (em milímetros), encontrado nos corpos-de-prova do grupo I (Coltosol) e grupo II (Vitremer).

Grupo I (Coltosol)

Grupo II (Vitremer)

7 dias 30 dias 7 dias 30 dias

2,00 2,00 2,00 2,00 2,00 2,00 2,00 2,00 2,00 2,00 2,00 2,00 2,00 2,00 2,00 2,00 2,00 2,00 2,00 2,00 2,00 2,00 2,00 2,00 2,00 2,00 2,00 2,00 2,00 2,00 2,00 2,00 2,00 2,00 2,00 2,00 2,00 2,00 2,00 2,00

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ANEXO – Parecer do Comitê de Ética