Karem Horney

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KAREM HORNEY  No desenvolvimento da personalidade, e baseado nisso, a diferença entre as psicologias Horney é considerada uma neopsicanalista, formada em medicina e psicanálise, entretanto utilizou a base psicanalítica para formar sua própria teoria da personalidade, divergindo de Freud em vários fatores. As características principais da sua teoria pousam na fundamental ênfase dos fatores culturais e sociais masculinas e femininas. Horney também explorou as minúcias das relações maritais. Podemos estabelece r os seguintes pontos principais da teoria de Horney: 1. Fundamental importância à cultura no desenvolvimento da neurose; 2. A característica central da neurose é a alienação do eu real causado pelas forças opressivas no ambiente; 3. O somatório das experiências na infância é responsável pelo desenvolvimento neurótico. É importante ressaltar os fundamentos pelos quais levaram Horney a conferir tanta ênfase no fenômeno cultural no desenvolvime nto da personalidad e. Foram basicamente três fatores principais, e outras considerações que a psicanalista observou em sua prática clínica, os quais veremos no decorrer do t exto. 1. A observação das diferenças na estrutura da personalidade entre seus pacientes na Europa e EUA. 2. As diferenças nas concepções do que é masculino e feminino, socialmente construídos e difundidos. 3. Sua associação com Erich Fromm, que ampliou sua percepção sobre fatores sociais e culturais. PONTOS DE DISCORDÂNCIA COM A TEORIA FREUDIANA Horney discordava com vários pontos da teoria freudiana, que sintetizamos aqui: 1. Inveja do pênis . Horney não acreditava que a inveja do pênis seria fator dominante da psicologia feminina, que teria por base uma ênfase exagerada no relacionamento amoroso e na falta de auto-confiança;

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KAREM HORNEY

No desenvolvimento da personalidade, e baseado nisso, a diferena entre as psicologias Horney considerada uma neopsicanalista, formada em medicina e psicanlise, entretanto utilizou a base psicanaltica para formar sua prpria teoria da personalidade, divergindo de Freud em vrios fatores.As caractersticas principais da sua teoria pousam na fundamental nfase dos fatores culturais e sociais masculinas e femininas. Horney tambm explorou as mincias das relaes maritais.Podemos estabelecer os seguintes pontos principais da teoria de Horney:1. Fundamental importncia cultura no desenvolvimento da neurose;2. A caracterstica central da neurose a alienao do eu real causado pelas foras opressivas no ambiente;3. O somatrio das experincias na infncia responsvel pelo desenvolvimento neurtico. importante ressaltar os fundamentos pelos quais levaram Horney a conferir tanta nfase no fenmeno cultural no desenvolvimento da personalidade. Foram basicamente trs fatores principais, e outras consideraes que a psicanalista observou em sua prtica clnica, os quais veremos no decorrer do texto.1. A observao das diferenas na estrutura da personalidade entre seus pacientes na Europa e EUA.2. As diferenas nas concepes do que masculino e feminino, socialmente construdos e difundidos.3. Sua associao com Erich Fromm, que ampliou sua percepo sobre fatores sociais e culturais.PONTOS DE DISCORDNCIA COM A TEORIA FREUDIANAHorney discordava com vrios pontos da teoria freudiana, que sintetizamos aqui:1. Inveja do pnis. Horney no acreditava que a inveja do pnis seria fator dominante da psicologia feminina, que teria por base uma nfase exagerada no relacionamento amoroso e na falta de auto-confiana;2. Carter sexual-agressivo do Complexo de dipo. A psicanalista via este conflito como a vivncia de uma ansiedade decorrente de perturbaes bsicas como rejeio, superproteo e punio no relacionamento da criana com o pai e a me.3. Agressividade inata. A agressividade no seria um sentimento inato, como pressupunha o pai da psicanlise, mas apenas um modo pelo qual os seres humanos tentam garantir sua segurana.4. Narcisismo como auto-amor. O narcisismo seria o resultado decorrentes do sentimento de insegurana, levando auto-inflao e a supervalorizao defensivos.

SNTESE DA TEORIA DE HORNEYOs indivduos internalizam os esteretipos culturais negativos na forma de ansiedade bsica e conflitos internos. As preocupaes com segurana, a alienao intrapsquica e as preocupaes interpessoais compem as motivaes primrias da personalidade. No cerne das perturbaes mentais esto as tentativas inconscientes de lidar com a vida, apesar do medo, do desamparo e do isolamento.TEORIA DA PERSONALIDADEPara Horney, o desenvolvimento da personalidade ocorre pela influncia mtua de foras biolgicas e psicossociais. O centro de personalidade denominado Self real, cujo conceito se assemelha ao ego freudiano, posto que combina escolha, vontade, espontaneidade, responsabilidade, identidade e vivacidade. H no organismo humano uma tendncia para a autorrealizao, que impulsiona o desenvolvimento psicolgico do indivduo em 3 direes:1. Em direo aos outros: na expresso de amor e confiana;2. Contra os outros: para a expresso de uma oposio sadia;3. Para longe dos outros: em direo autossuficincia;Horney acreditava que as condies durante a infncia podem bloquear o desenvolvimento psicolgico, que pode seguir seu rumo de desenvolvimento normal quando os bloqueios so removidos. Para explicar, desenvolveu uma teoria da neurose.TEORIA DA NEUROSEA neurose no considerada uma perturbao apenas do relacionamento com os outros, mas tambm do relacionamento com ns mesmos. Dessa forma, a neurose foi definida tanto em termos intrapsquicos como interpessoais. Horney baseou-se, para tanto,em sua prpria experincia clnica, ao verificar que seus pacientes no se queixavam das neuroses sintomticas (como fobias e compulses, apesar de recorrentes), mas de infelicidade, de falta de sentido no trabalho e na inabilidade de estabelecer ou manter relacionamentos. Horney definiu esses sintomas como complexos sistemas de padres defensivos, autoperpetuantes contra a ansiedade basca que teve incio na primeira infncia (neuroses de carter, busca de segurana).A Teoria da Neurose pressupe a existncia de tendncias neurticas, que so compreendidas como o resultado do enrijecimento de padres de comportamento e de crescentes bloqueios ao crescimento. A origem dessas tendncias neurticas seriam a combinao entre as condies ambientais desfavorveis e os sentimentos conflitantes no inconsciente, que geram na criana um senso de desconforto, apreenso, ansiedade e uma sensao de Self inseguro.ANSIEDADE BSICADe acordo com Horney, as crianas experimentam espontaneamente ansiedade, desamparo e vulnerabilidade decorrentes das ameaas impostas pela sociedade. Caso a criana no tenha uma orientao amorosa que possa lhe ajudar a lidar com esses temores, ela pode desenvolver a ansiedade bsica, que pode ser definida como o temor da criana em estar sozinha e desamparada num mundo hostil.A ansiedade bsica impede a criana de se relacionar com os outros com a espontaneidade de seus sentimentos reais, forando-a a desenvolver estratgias defensivas.

Tudo o que perturba a segurana da criana em relao aos pais provoca ansiedade bsica. Horney chama esses fatores de mal bsico e so eles: indiferena, falta de respeito s suas necessidades, dominao direta ou indireta, atitudes depreciativas, falta de orientao, admirao excessiva ou falta de admirao, inconsistncia no carinho, responsabilidade exagerada ou insuficiente, superproteo,injustia, discriminao, tendncia para tomar partido nas discusses parentais, isolamento de outras crianas, promessas no cumpridas, etc. (Hall, Lindzey e Campbell).O mal bsico vivenciado pela criana provoca espontaneamente ressentimento ou hostilidade bsica. Isto fonte de conflito para a criana, pois a expresso dessa agressividade pode se voltar contra ela, ao entender que dessa forma pode colocar em risco o amor dos pais por ela.A criana reprime a hostilidade independente da causa. A represso amplia o conflito e conduz a um ciclo vicioso, pois a ansiedade produz uma necessidade excessiva de afeio que se no satisfeita, causa sentimento de rejeio, aumentando a ansiedade e hostilidade. Assim, a criana e, posteriormente, o adulto, fica aprisionado neste ciclo de angustia cada vez mais intenso.Para aliviar sua ansiedade, a criana move-se psicologicamente em trs direes:1. Busca de afeto e aprovao;2. Tornam-se hostis;3. Elas se retraem;10 PADRES DE NECESSIDADES NEURTICASHorney designou 10 necessidades neurticas, as quais so baseados em coisas que todos ns precisamos,mas que se tornam distorcidas em sua manifestao pelas dificuldades enfrentadas pelo indivduo. Todas as necessidades neurticas so irrealistas, na medida em que esto na origem dos conflitos internos.1. NECESSIDADE NEURTICA DE AFEIO E APROVAO. Caracteriza-se por um desejo indiscriminado em agradar os outros e cumprir suas expectativas.s, mas que se tornam distorcidas em sua manifestao pelas dificuldadesenfrentadas pelo indivduo. Todas as necessidades neurticas so irrealistas, na medida em que esto na origem dos conflitos internos.2. NECESSIDADE NEURTICA DE UM PARCEIRO QUE ASSUMA A VIDA DA PESSOA. Baseado na fantasia de que ir surgir um amor e que dessa forma todos os seus problemas estaro resolvidos. A pessoa desenvolve um pavor imenso de ser abandonada.3. NECESSIDADE NEURTICA DE RESTRINGIR A VIDA A LIMITES ESTREITOS. Individuos que se contentam com pouco, sem exigncias, prefere a modstia acima de tudo e prefere viver na obscuridade.4. NECESSIDADE NEURTICA DE PODER. Desespero pelo poder. Necessita do domnio para seu prprio bem, geralmente acompanhado pelo desrespeito pelos outros, glorificao indiscriminada pela fora.5. NECESSIDADE NEURTICA DE EXPLORAR OS OUTROS. Consiste em manipular os outros para tirar benefcios prprios. Esta neurose tambm pode envolver medo de ser manipulado pelos outros.6. NECESSIDADE NEURTICA DE PRESTGIO. So pessoas que necessitam de supervalorizao, reconhecimento pblico e popularidade. Temem serem ignoradas ou sentirem-se deslocadas.7. NECESSIDADE NEURTICA DE ADMIRAO PESSOAL. Com uma autoimagem supervalorizada de si prprios, essas pessoas exigem ser admiradas nesta mesma proporo, sentindo-se desesperadas caso outros no a vejam nesta mesma posio.8. AMBIO NEURTICA DE REALIZAO PESSOAL. uma obsesso pela realizao pessoal. Essas pessoas obrigam-se a realizaes cada vez maiores, como resultado de uma insegurana bsica.9. NECESSIDADES NEURTICAS DEAUTOSSUFICIENCIA E INDEPENDENCIA. So pessoas que tendem a recusar ajuda. Muitas vezes tornam-se pessoas solitrias,afastando-se e recusando-se a formar vnculos como uma forma de proteo.10. NECESSIDADE NEURTICA DE PERFEIO E NO VULNERABILIDADE. Essas pessoas tem pavor de reconhecer seus erros, por isso esto em constante busca para tornar-se infalveis.Cada uma dessas tendncias superenfatizam um dos elementos envolvidos na ansiedade bsica, e por isso so classificadas nestes trs grupos:1. Desamparo nabusca de aproximar-se das pessoas;2. Isolamento ao afastar-se das pessoas;3. Hostilidade ir contra as pessoas;Os principais tipos de carter preconizado por Horney foram estabelecidos segundo a forma que um indivduo lida com a ansiedade bsica, o que estabelece padres de personalidade. So eles:TIPO SELF-APEGADOResulta na operao defensiva de agarrar-se aos outros. So pessoas que tentam obter o favor dos outros atravs de lisonja, tendem a subordinar-se aos outros e so relutantes em discordar deles por medo de perder o favor. Podemos observar neste tipo a tentativa de lidar com a insegurana atravs da ideia de que ser amado a garantia de que no ser abandonado. (desamparo)TIPO EXPANSIVOSo as pessoas agressivas. Resulta da tentativa do sujeito utilizar manobras contra outros indivduos, bem como uso do poder e do domnio para obter segurana. A soluo vista como agresso resultante da crena do sujeito de que,detendo o poder, ningum conseguir mago-lo. (hostilidade)TIPO DESAPEGADOCom resignao, o individuo resolve afastar-se dos outros para evitar tanto a dependncia como o conflito. Esta busca de afastamento dos outros representa a tentativa neurtica de solucionar o conflito a partir da crena de quese afastando de todos, ningum poder mago-lo. (isolamento)Dentro destas trs formas predominantes de lidar com o mundo, o indivduo desenvolve meios complementares para aliviar a tenso interna. Sendo assim, uma harmonia artificial pode ser obtida atravs do uso de mecanismos psicolgicos. O superdesenvolvimento de um dos trs estilos bsicos suprime os outros dois, que, entretanto, continuam ativos e produzindo conflitos.A consequncia mais sria do desenvolvimento neurtico a alienao do self, que resulta da combinao entre a negao repetida da realidade externa e a represso dos contedos genunos. Com o avano contnuo do processo de alienao, o indivduo perde o contato com o cerne do seu ser e no podem determinar ou agir sobre o que o certo para elas.PRTICA CLNICASegundo a viso de Horney, a psicanlise um empreendimento cooperativo que capacita os pacientes a liberarem-se de suas estruturas neurticas, podendo assim se mobilizar em direo autorrealizao. A funo principal do analista ajudar os pacientes de seus bloqueios e das foras que os impedem o crescimento saudvel.Inicialmente, dois tipos de bloqueios so identificados e examinados: o primeiro grupo de bloqueios esto orientados segurana, que ajudam a evitar a ansiedade causada pela autopercepo;o segundo grupo de bloqueios so os protetores, incluem o silncio, o atraso, a depreciao da pessoa do analista, o uso de drogas e at mesmo a autoacusao. Este processo de percepo dos bloqueios denominado processo de desiluso. Os bloqueios de valor positivo reforam a satisfao dos pacientes consigo mesmos e apoiam seus eus idealizados. No processo de desiluso, o analista identifica ambos tipos de bloqueio, expondo os bloqueios protetores antes de expor os bloqueios que defendem a imagem idealizada, pois analisar os bloqueios de valor positivo primeiro causaria medo excessivo.Seus mtodos de trabalho so baseados na anlise de sonhos e na explorao do relacionamento paciente-Horney acreditava que as mudanas fundamentais so o melhor meio para mudar comportamentos autoalienantes. Ento ela criou um cenrio no qual os pacientes podiam avaliar a si mesmos, em segurana, afim que possam descobrir e escolher valores pessoais que se encaixam com seus eus reais. Este tipo de reorientao era realizado aps a fase de desiluso. Dessa forma, os sonhos so utilizados para levar os pacientes a entrarem em um melhor contato com seus eus reais.Na medida em que os pacientes mobilizam suas foras construtivas, eles experimentam a luta entre o sistema de orgulho e o eu real, somado aos sentimentos de incerteza, dor psquica, e auto-dio. Quando o conflito central resolvido com xito, os pacientes passam para a fase final do tratamento, a descoberta e o uso dos seus eus internos reais.TEORIA DA PERSONALIDADE. Horney sustentou que o desenvolvimento da personalidade resulta da interao de foras biolgicas e psicossociais que so singulares para cada pessoa. Na medida em que o cerne de cada personalidade um self real duradouro equivalente parcialmente ao ego freudiano e parcialmente ao estado de ego infantil de Eric Berne, o self real combina escolha, vontade, responsabilidade, identidade, espontaneidade e vivacidade. Um processo natural em desenvolvimento de auto-realizao conduz ao desenvolvimento do potencial humano em trs direes bsicas: em direo aos outros, a expresso de amor e confiana; contra os outros, para a expresso de oposio saudvel; e para longe dos outros em direo auto-suficincia.

Embora as condies, durante a infncia, possam bloquear o desenvolvimento psicolgico, o crescimento saudvel sempre possvel se os bloqueios internos so removidos. As crianas cujas situaes familiares as levaram a sentir-se sob perigo concentram em sobrevivncia psicolgica e podem fazer isso desenvolvendo mecanismos de enfrentamento esterotipados.

Horney pensou que os atributos de passividade e sofrimento no eram biologicamente especficos s mulheres conforme ensinados pelos analistas da sua poca e que personalidades masculina e feminina so, em realidade, culturalmente determinadas.

TEORIA DA NEUROSE. Horney definiu neurose tanto em termos intrapsquicos como interpessoais. Ela observou que seus pacientes queixavam-se no das neuroses sintomticas como fobias e compulses, mas de infelicidade, bloqueio e falta de preenchimento no trabalho e inabilidade de estabelecer ou manter relacionamentos. Ela viu estes pacientes como apresentando complexos sistemas de padres defensivos autoperpetuantes contra a ansiedade bsica que iniciou na primeira infncia - neuroses de carter. Busca de segurana. As crianas movem-se psicologicamente em trs direes para aliviar sua ansiedade, para tornar a vida segura e previsvel e para obter satisfao. Elas buscam afeto e aprovao ou elas se tornam hostis ou elas se retraem. As crianas por fim usam a estratgia de enfrentamento que melhor satisfaz suas necessidades, mas se apenas uma estratgia bsica usada, as crianas tornam-se limitadas em seu repertrio de enfrentamento em sua experincia de si mesmas e do seu mundo. Seu senso de segurana tnue porque elas tm perigo vindo de dentro de sentimentos e impulsos suprimidos ou reprimidos. Se as condies ambientais desfavorveis continuam, seus sentimentos conflitantes so dirigidos para o inconsciente e tais crianas so deixadas com um senso de desconforto, ansiedade e apreenso e com um senso de self inseguro. Nesta juno, seu ponto de referncia externalizado, padres de comportamento enrijecem e crescentes bloqueios ao crescimento se desenvolvem. Horney designou estas atitudes complexas, relativamente fixas em direo ao eu e aos outros como tendncias neurticas.

TIPOS DE CARTER. Os trs principais tipos de carter de Horney so embasados no modo predominante de relacionar-se com outros. O tipo self-apagado, anuente resulta da operao defensiva de agarrar-se a outros. Tais pessoas tentam obter o favor dos outros atravs de lisonja, subordinam-se aos outros e so relutantes em discordar por medo de perder favor. O tipo expansivo, agressivo resulta de manobrar contra outros e colocar forte confiana em poder e domnio como um meio de obter segurana. O tipo desapegado, resignado resulta de afastar-se de outros para evitar tanto dependncia como conflito. Eles so pessoas muito privadas que, embora se recusando a competir abertamente, vem-se como se elevando acima dos outros.

MEIOS COMPLEMENTARES PARA ALIVIAR A TENSO INTERNA. O superdesenvolvimento de um dos trs estilos interpessoais bsicos suprime os outros dois. De um modo anlogo aos complexos de Jung, os impulsos reprimidos continuam ativos e produzindo conflitos. Uma harmonia artificial obtida pelo uso de mecanismos mentais como pontos cegos, comportamentalizao, racionalizao e tcnicas de enfrentamento como autocontrole excessivo, arbitrariedade, elusividade, cinismo e externalizao.

Imagem idealizada. Durante seus anos de adolescncia, os futuros pacientes neurticos criam uma imagem ideal fantasiada que, caso atingida, promete terminar com seus sentimentos dolorosos e supre o autopreenchimento. A imagem idealizada contrabalana a alienao dos eus centrais pela qual as pessoas neurticas passam porque as tcnicas de sobrevivncia que elas adotaram anteriormente as foram a anular seus desejos, sentimentos e pensamentos genunos. A imagem idealizada cobre todas as contradies, oculta a natureza defensiva do seu comportamento e restaura um senso de integridade. A energia anteriormente disponvel para a auto-realizao usada em esforos para tornar-se como a imagem idealizada. Por exemplo, uma pessoa que adotou a estratgia de mover-se em direo aos outros e conseqentemente dependente de outros para obter afeto e aprovao experimenta o medo de auto-assero razovel como humildade imaculada e a considerao pelos outros.

Porque o eu ideal imaginrio, as pessoas neurticas so prontamente machucadas por confrontos com a realidade e elas trabalharam demasiado arduamente para provar que elas so, de fato, os seus eus ideais. Fazer isso resulta em um tipo de perfeccionismo que insiste em excelncia imaculada na qual "eu deveria" substituir "eu quero" ou "eu preciso". Isso tambm resulta na ambio neurtica de ser o primeiro e em um forte impulso de vingana sobre os percebidos como tendo interferido em que eles se tornassem seus eus ideais.

Reivindicaes, deveres e auto-dio. Apesar da sua freqente autodepreciao, as pessoas neurticas esperam ser tratadas como se fossem seus eus ideais. Estas reivindicaes a tratamento especial, quando frustradas, produzem raiva, indignao e ressentimento os "Deveres", demandas auto-impostas de que eles devem viver altura dos seus eus idealizados so irracionais e no relacionados s realidades da vida cotidiana. Os "Deveres" so projetados e experimentados como demandas feitas por outros e so tambm exigidos dos outros. Fazer isso resulta em que a pessoa neurtica seja crtica dos outros e sensvel ao criticismo.

O auto-dio resulta quando surge a ameaa que as pessoas neurticas podem ser incapazes de atingir seus eus idealizados. Se o apoio no fosse necessrio para o self idealizado, as alegaes, "os deveres" e o auto-dio no seriam partes to importantes do aparelho psquico.

Orgulho neurtico e o mecanismo do orgulho. Aspectos glorificantes do self idealizado, orgulho neurtico substitui autoconfiana saudvel. Deste modo, quando seu orgulho ferido por outros, as pessoas neurticas tornam-se enfurecidas e buscam vingar sua mgoa e ocultar sua autodecepo obtendo uma vitria vingativa sobre a pessoa ofensiva. Junto com apoiar alegaes e deveres, o orgulho neurtico e o auto-dio formam uma rede defensiva ou mecanismo do orgulho que protege o self idealizado. Qualquer tentativa de reduzir elementos do mecanismo do orgulho experimentada como um ataque sobre a pessoa. Apesar da couraa da sua rede defensiva, as pessoas neurticas no esto em paz porque elas esto em conflito interno com as foras que as protegem. O conflito entre o mecanismo do orgulho e as foras impulsionando em direo auto-realizao saudvel o conflito interno central.

Conflito tambm existe dentro do prprio mecanismo do orgulho. O orgulho neurtico e as reivindicaes esto associados imagem idealizada glorificada; auto-dio e "deveres" esto associados aos aspectos inaceitveis do self. Quando tentativas so feitas para satisfazer ambas as foras simultaneamente, o conflito surge. Tentativas de evitar estes conflitos envolvem alienao adicional do self.

Alienao. A alienao do self uma das conseqncias mais srias do desenvolvimento neurtico. A alienao resulta da combinao entre negao repetida da realidade externa e a represso de pensamentos, sentimentos e impulsos genunos. medida que o processo de alienao continua, as pessoas neurticas perdem contato com o cerne do seu ser e no mais podem determinar ou agir sobre o que certo para elas. Seus sentimentos podem variar de incerteza e confuso morte e vazio internos.

TRATAMENTO ANALTICO. Horney no considerou as pessoas neurticas adultas como recapitulando experincias infantis, portanto, no focalizou na recuperao de memrias da infncia. Ela lidou, ao invs disso, com o processo neurtico autoperpetuante. Ela enfatizou a importncia dos sonhos em anlise e, posteriormente, a explorao do relacionamento paciente-analista. Ela foi uma das primeiras analistas a reconhecer e fazer uso construtivo de seus prprios sentimentos em relao aos pacientes. Para Horney, a psicanlise um empreendimento cooperativo que capacita os pacientes a liberarem-se de suas estruturas neurticas e a mobilizarem-se em direo auto-realizao. A responsabilidade do analista auxiliar a liberar os pacientes de bloqueios, foras que impedem o crescimento saudvel.

Cedo na terapia, durante o processo de desiluso, os dois tipos de bloqueio so identificados e examinados. O primeiro grupo de bloqueios orientados segurana, os bloqueios protelares, ajudam a evitar a ansiedade causada pela autopercepo. Os bloqueios protetores incluem silncio, atraso, depreciar o analista, o uso de drogas e at mesmo o uso de auto-acusao para evitar explorao adicional.

Os bloqueios de valor positivo reforam a satisfao dos pacientes consigo mesmos e apiam seus eus idealizados. No processo de desiluso, o analista identifica ambos os tipos de bloqueio, expondo os bloqueios protetores antes de expor os bloqueios que defendem a imagem idealizada. Analisar os bloqueios de valor positivo primeiro despertaria medo excessivo.

Qualidades do analista. As qualidades do analista, posteriormente descritas por Cari Rogers como condies oferecidas pelo terapeuta, incluem maturidade, crena construtiva em resoluo de conflito e a habilidade de comunicar esperana e respeito. O analista escuta, esclarece, prov direes e sugere resolues alternativas para conflitos. Horney enfatizou a necessidade do analista ajudar a tirar os pacientes de sua alienao e sugeriu que os terapeutas sejam flexveis, talhando suas intervenes s necessidades dos pacientes no momento. Ela no enfatizou usar o div ou um nmero preestabelecido de sesses por semana.

Processo teraputico. Homey acreditou que mudanas fundamentais so o melhor meio para mudar comportamentos autoderrotadores, auto-alienantes. Ela criou um cenrio no qual os pacientes eram capazes de avaliar a si mesmos como pessoas livres para descobrir e escolher valores pessoais que se encaixam com seus eus reais. Este tipo de reorientao inicia aps a fase de desiluso do tratamento. medida que os pacientes comeam a questionar seus valores presentes e seu processo idealizador diminui, eles so capacitados a revisar seus valores e desenvolver valores mais flexveis consoantes com seus eus interiores. Os sonhos so usados em todas as fases do tratamento para levar os pacientes em melhor contato com seus eus reais. Como tentativas inconscientes para resolver conflitos, os sonhos podem mostrar foras construtivas em funcionamento que no esto ainda discernveis nos pensamentos conscientes e no comportamento do paciente.

medida que os pacientes mobilizam suas foras construtivas, eles experimentam a luta entre o sistema de orgulho e o eu real, No processo, eles experimentam incerteza, dor psquica e auto-dio. medida que o conflito central resolvido exitosamente, os pacientes passam para a fase final do tratamento, a descoberta e o uso dos seus eus internos reais.

Harry Stack Sullivan

Harry Stack Sullivan (1892-1949) geralmente reconhecido como o mais original e distinto terico americano nato em psiquiatria dinmica. A maioria dos psiquiatras americanos faz uso significativo de conceitos e abordagens que ele desenvolveu. Durante muitos anos, a disputa terica primria dentro dos crculos de psiquiatria dinmica foi entre os freudianos clssicos e os sullivanianos ou psicanalistas interpessoais. Quando os psiquiatras usam o termo "distoro paratxica", aplicam o conceito de auto-estima, consideram a importncia de grupos de pares pr-adolescentes no desenvolvimento ou vem o comportamento de um paciente como uma manipulao interpessoal, eles esto aplicando conhecimento que as idias e observaes de Sullivan forneceram.

Sullivan graduou-se em medicina em Chicago em 1917. De 1921 a 1936, ele permaneceu na rea de Washington, D.C., trabalhando com pacientes esquizofrnicos no hospital St. Elizabeth e ento no Sheppard and Enoch Pratt. Ele desenvolveu uma reputao como um notvel clnico com uma fantstica habilidade de comunicar-se com pacientes psicticos e ele iniciou a primeira das que so agora denominadas comunidades teraputicas.

Posteriormente, entrou numa clnica privada em Nova Iorque e por fim retornou rea de Washington, onde estava envolvido em atividades clnicas, de consultoria e ensino. Nas dcadas de 20 e 30, ele escreveu diversos ensaios sobre esquizofrenia, posteriormente coletados em Schizophrenia as a Human Process. Seus outros livros foram compilados por seus alunos a partir de suas palestras; a maioria foi publicada postumamente. Este processo explica um pouco da densidade e aparente desorganizao de sua obra escrita.

TEORIA DA PERSONALIDADE.Sullivan rejeitou o dogma kraepeliano da sua poca que dominava o pensamento psiquitrico sobre esquizofrenia. Ele lia passagens da fala do paciente que Emil Kraepelin apresentara como exemplo de como a fala esquizofrnica no fazia sentido e Sullivan esclarecia seu sentido. Ele se voltou inicialmente para Freud, mas reagiu a ele como reagira a Kraepelin, rejeitando uma estrutura crescentemente rgida e dogmtica. Sullivan desenvolveu sua prpria teoria funcional da personalidade, psicopatologia e terapia.

Sullivan estava preocupado que a linguagem pode ser desencaminhadora. Ele era precavido em relao a conceituaes autoconcretizadoras que levavam a teorias rgidas. Ele tentou enfatizar os psiquiatras como participantes-observadores na situao clnica. Enfatizando este aspecto do papel do psiquiatra, ele buscou manter observaes to objetivas quanto possvel, embora reconhecesse a dificuldade que isso apresentava em lidar com experincias emocionais privadas. O que pode ser observado a interao social dos pacientes; portanto, Sullivan definiu personalidade como "o padro relativamente duradouro de relaes interpessoais que caracterizam uma vida humana." Seu foco no incio foi bastante distante da nfase intrapsquica da psicanlise. Abordando a psicopatologia deste modo, ele necessariamente criou uma teoria de campo ao invs de uma teoria estrutural. Processos temporais e interativos tornaram-se a marca registrada. Sullivan definiu um dinamismo como "o padro relativamente duradouro de transformaes de energia" - ou seja, padres de comportamento interpessoal recorrentes.

A teoria de Sullivan fundamentalmente uma teoria de necessidades e ansiedade. As necessidades so as necessidades por satisfao e as necessidades por segurana. A ansiedade ocorre quando necessidades fundamentais esto em perigo de no ser satisfeitas; a ansiedade o motivador primrio do comportamento humano. Necessidades por satisfao incluem necessidades fsicas - como ar, gua, comida e calor - e necessidades emocionais, especialmente por contato humano e por expressar os prprios talentos e capacidades.

Porque o beb absolutamente incapaz de satisfazer suas prprias necessidades os relacionamentos interpessoais tornam-se a preocupao central desde o incio. Dcadas antes de Margaret Mahier descrever um estgio simbitico no desenvolvimento infantil, Sullivan falou sobre a "ligao emptica" entre cuidador e beb e descreveu a complicada interao dos bebs comunicando tenso e ansiedade, provocando ansiedade no cuidador e levando a respostas-temas as necessidades do beb. Falha em satisfazer estas necessidades resulta em solido e ansiedade.

Sullivan definiu segurana como a ausncia de ansiedade. Necessidades por segurana incluem a necessidade de evitar, prevenir ou reduzir ansiedade. J que nenhuma me perfeita, a ansiedade inevitvel e torna-se o motor primrio no desenvolvimento da personalidade. O auto-sistema ou autodinamismo foi definido por Sullivan como o dinamismo que responsvel por evitar ou reduzir ansiedade. Sullivan igualou o self-identidade-ego com os padres desenvolvidos da pessoa para evitar os desconfortos que surgem a partir da falha dos outros de satisfazer as necessidades fundamentais da pessoa. O auto-sistema existe, como tudo mais puramente dentro de uma estrutura interpessoal. O auto-sistema desenvolve um conjunto de mecanismos, denominado operaes de segurana que reduz a ansiedade.

Operaes de segurana funcionam dentro da teoria de Sullivan de modo bastante semelhante aos mecanismos de defesa dentro da teoria psicanaltica. No entanto, as operaes de segurana especficas foram definidas interpessoalmente, e Sullivan ligou-as de perto a observaes ou experincias reais.

Algumas das operaes de segurana trazem os mesmos rtulos e definies que os mecanismos de defesa de Anna Freud, porm Sullivan mais conhecido por trs contribuies que carregam seu selo distinto: apatia, desapego sonolento e desateno seletiva. Estas operaes de segurana foram extradas da observao de como os bebs e crianas novas reagem a interaes dolorosas, como repreenso dos seus pais.

O auto-sistema advm de experincias interpessoais sempre em desenvolvimento - por exemplo, preenchimento de necessidades para satisfao em decorrncia da ligao emptica com a me. As experincias mais difceis no so necessariamente aquelas que envolvem falha em satisfazer as necessidades da criana, mas a criana sentir a ansiedade do cuidador no processo de responder a estas necessidades. A ansiedade do cuidador provoca ansiedade na criana, promove a necessidade de estabelecer um senso de segurana e conduz a evoluo do auto-sistema e ao desenvolvimento de operaes de segurana. O auto-sistema dividido em trs partes -eu bom,eu maueno eu. Oeu bom um conjunto de imagens, experincias e comportamentos associados a respostas no ansiosas, temas, empticas e aprovadoras e aceitadoras do ambiente. Oeu mauvem a tornar-se associado a idias, aes e percepes que provocam ansiedade e desaprovao de cuidadores. Algumas situaes, no entanto, provocam ansiedade to intensa que elas so inteiramente desautorizadas e desapropriadas; elas se tornam parte dono eu. Por fim, a ligao emptica torna-se desnecessria e o auto-sistema opera de forma autnoma dentro da pessoa, desenvolvendo meios cada vez mais complexos e sutis de manejar a ansiedade da pessoa.TEORIAS DESENVOLVIMENTAISDesenvolvimento cognitivo.Sullivan postulou trs modos cognitivos desenvolvimentais de experincia cujo grau de persistncia na fase adulta importante para entender a psicopatologia. (1) O modo prototxico, caracterstico da primeira infncia e da infncia, envolve uma srie de estados breves desconectados experimentados como totalidades sem qualquer relacionamento temporal. Na vida posterior, experincias msticas e fuso esquizofrnica representam experincias prototxicas persistentes. (2) A experincia paratxica comea cedo na infncia medida que o auto-sistema inicia seu funcionamento independente. Ela tambm envolve uma srie de experincias momentneas; no entanto, elas so registradas em seqncia com conexo aparente uma a outra. Elas podem receber sentidos simblicos, porm regras de lgica esto ausentes e a coincidncia desempenha um papel importante em como o mundo percebido. O auto-sistema utiliza experincia paratxica para buscar comportamentos redutores de ansiedade eficazes e repeti-los, buscando igualdade e previsibilidade. Sullivan usou o modo para explicar transferncia, lapsos de lngua e ideao paranide. (3) O modo sinttico de experimentar baseia-se no desenvolvimento da linguagem e na validao consensual. Validao consensual a aceitao das percepes partilhadas dos outros como uma base para definir a realidade objetiva. O mundo e o self so percebidos dentro de regras de lgica, seqenciamento temporal, validade externa e consistncia interna. Pensar sobre si mesmo e sobre os outros se torna testvel e modificvel com base na anlise rigorosa de experincias em uma variedade de situaes diferentes. Maturidade pode ser definida como o predomnio extensivo do modo sinttico de experimentar.

Desenvolvimento social.O desenvolvimento social baseia-se de algum modo nestes modos cognitivos em desenvolvimento. No entanto, relacionamentos interpessoais perturbados podem fazer com que os modos primitivos de experimentar o mundo persistam. O desenvolvimento social caracteriza-se pela satisfao de necessidades que predominam e a esfera interpessoal na qual as necessidades de satisfao e suas necessidades de segurana resultantes so preenchidas. Cada estgio tambm caracterizado pela zona primria de interao - reas corporais atravs das quais a pessoa canaliza necessidades, ansiedade e alvio. A teoria de Sullivan apresenta um paralelo superficial com a teoria gentica de Freud; no entanto, para Sullivan, o papel das zonas muito menos importante do que na teoria da libido psicanaltica.

A primeira infncia, do nascimento ao incio da linguagem, caracteriza-se pela necessidade primria de contato corporal e ternura. O modo prototxico predomina e as zonas primrias de interao so orais e, de algum modo, anais. No momento em que necessidades so preenchidas com um mnimo de ansiedade, o beb experimenta euforia e um sentimento de bem-estar. No momento que alguma ansiedade est comumente presente nos cuidadores, apatia e desapego sonolento so operaes de segurana regularmente usadas, persistindo na vida adulta como uma posio bsica desapegada e passiva. Se ansiedade e inconsistncia so severas, experincias intensas de pavor persistem na vida posterior apresentando-se como estados internos sinistros bizarramente disruptivos observados nos pacientes esquizofrnicos.

A fase da infncia, que comea com o incio de linguagem utilizvel e continua at o incio da escola, caracteriza-se pelo foco da criana sobre os pais como o outro de quem louvor e aceitao so buscados. O modo primrio de experincia muda para o paratxico e a zona de interao mais comum a anal. A criana precisa de um pblico adulto aprovador. Esta necessidade conduz a uma variedade de reas de aprendizagem - linguagem, comportamento e autocontrole. Ela pode tambm ser observada em uma variedade de esforos, tentativa e erro, pela criana para encontrar o que agrada. A gratificao, conduz a um auto-sistema expansivo com muitas facetas da vida associadas ao bom eu e a auto-estima positiva. Ansiedade moderada conduz ansiedade crnica, incerteza e insegurana. Ansiedade extrema resulta em desistir de comportamento exitoso conhecido em favor de padres autodestrutivos que preenchero o que veio a ser esperado pelos outros.

A era juvenil cobre as idades de 5 a 8 anos. O desvio do modo cognitivo sinttico inicia e o foco interpessoal espalha-se para grupos de pares e para figuras de autoridade externas. Existe a oportunidade para pares e os professores aprovarem e aceitarem comportamentos previamente inibidos dentro da famla - por exemplo, falar "sujo" com os amigos. Cooperao interpessoal, competio, brinquedo e acordos tornam-se experincias gratificantes. Os jovens aprendem a negociar suas prprias necessidades com um interesse social legtimo sem sacrificar a auto-estima no processo. Os riscos de ansiedade excessiva so uma necessidade demasiado grande para controlar e dominar as situaes sociais ou internalizao de atitudes sociais prejudiciais e restritivas.

A pr-adolescncia, idades de 8 a 12, marca o movimento da criana da cooperao e da competio dos grupos de pares embasada em regras para intimidade genuna com um camarada. Sullivan viu a fase como um estgio particularmente importante no qual o dar e receber com um amigo especial pode reparar e desfazer distores causadas por ansiedade excessiva em estgios anteriores. A criana dirige-se verdadeiramente para fora da famlia pela primeira vez e se engaja em um dar e receber livre com uma outra pessoa no afetada pela dinmica da mesma famlia. A grande mudana em direo ao pensamento sinttico ocorre, embora algumas distores possam persistir at a adolescncia. Uma capacidade para apego, amor e colaborao emerge ou falha em desenvolver-se em face da ansiedade excessiva. Embora explorao sexual possa ser uma parte do relacionamento de camaradagem, Sullivan no viu a sexualidade como um elemento central na pr-adolescncia.

A adolescncia, iniciando na puberdade, tem em seu estgio inicial preocupaes semelhantes as da pr-adolescncia, com a importante exceo de que sensualidade acrescentada a equao interpessoal. As mesmas necessidades de um relacionamento de partilha especial persistem, mas mudam para o sexo oposto como um escape conduzindo a uma importante oportunidade para aprendizagem ou ansiedade severa. medida que a pessoa enfrenta a estereotipia culturalmente definida, muitas oportunidades novas para experimentao social podem levar consolidao da auto-estima ou a auto-ridicularizao. A luta para integrar sensualidade com intimidade realizada por dolorosa tentativa e erro. Se a integrao concluda com o auto-sistema relativamente intacto, os anos posteriores da adolescncia tornam-se uma oportunidade para expandir o modo sinttico para reas como viso consensual de relaes interpessoais, valores e idias, decises de carreira e interesses sociais.

TEORIA DA PSICOPATOLOGIA. Sullivan abominava o rtulo diagnstico como no til, abertamente restritivo, desumanizante e usado principalmente para impressionar pacientes ou colegas. Talvez sua citao mais famosa tenha sido ao discutir pessoas com esquizofrenia: que "Ns somos simplesmente humanos do que qualquer outra coisa." Ele buscou entender o processo humano fundamental que ocorre dentro dos seus pacientes, especialmente os mais doentes. Ele viu a psicopatologia como resultante de ansiedade excessiva que detm o desenvolvimento do auto-sistema e, por meio disso, limita tanto oportunidades para satisfao interpessoal como operaes de segurana disponveis. Ele viu os pacientes psiquitricos como lutando para manter sua auto-estima por meios limitados. Para entend-los, tem se que estimar por a fase desenvolvimental na qual eles esto operando e captar as necessidades interpessoais que eles esto expressando.

Sullivan pensou que diversos fatores afetam a forma que os distrbios assumem. O nvel de ansiedade em um estgio desenvolvimental particular pode lanar a fundao para uma parte do desenvolvimento. A capacidade cognitiva bsica pode desempenhar um papel na escola de operaes de segurana confiadas ou retidas. O grau de sucesso obtido interpessoalmente, combinado com quaisquer capacidades usadas, afetam o sucesso posterior. A ocorrncia casual de estresses encontrados durante a vida tambm um fator. Sullivan pensou que, pelo menos em teoria, qualquer um pode tornar-se esquizofrnico, mesmo pessoas com histrias do desenvolvimento relativamente exitosas, caso as defesas escolhidas falhem dramaticamente e seus estressores de vida acumulem em extremo. No entanto, os pacientes esquizofrnicos tendem a ser altamente vulnerveis ao longo de todas as quatro dimenses: nvel desenvolvimental, capacidade cognitiva, realizao interpessoal e exposio a estresse; outros, com maiores pontos fortes desenvolvimentais, podem tornar-se obsessivos, histrinicos, esquizides ou paranides.

PSICOTERAPIA INTERPESSOAL. Sullivan enfatizou que o psiquiatra um participante-observador em todas as interaes com os pacientes. Ele observou as nuances e as oportunidades envolvidas nesta situao singular. Quando o psiquiatra interage ativamente com os pacientes, expresses verbais e no-verbais de padres interpessoais recorrentes tornam-se aparentes. Estas observaes ento informam o comportamento posterior do terapeuta, deste modo criando uma oportunidade para mudana. O processo ocorre ao longo de segundos e ao longo de meses e anos medida que a psicoterapia se desenrola. Sullivan viu esta perspectiva como um antdoto para o que ele percebeu como a nfase obstinada sobre neutralidade objetiva incorporada pelo modelo tela em branco do comportamento do psicoteapeuta. Ele alegou que distores paratxicas emergem em todas as interaes, no apenas na situao analtica clssica.

Sullivan viu a terapia como elucidando os padres interpessoais do paciente, explorando sua utilidade a servio das necessidades do paciente e considerando as possibilidades alternativas e mais favorveis.

Ele enfatizou a experincia do paciente das distores, as necessidades, os padres e as mudanas potenciais dentro da interao em andamento com o terapeuta. Ele viu maior poder em cada obstculo do terapeuta com o paciente e reconheceu a habilidade de um terapeuta hbil de manejar o processo interpessoal para revelar padres e moldar a experincia emocional do paciente. Ainda assim, ele constantemente enfatizou e respeitou a autonomia final dos seus pacientes, que poderiam ainda, no final, escolher no remoldar sua abordagem ao mundo.

Sullivan dividiu a terapia em quatro estgios distintos: incepo, reconhecimento, levantamento detalhado e trmino. A incepo envolve o comecinho, freqentemente apenas uma parte da primeira entrevista, durante a qual o contrato e os papis so estipulados. Reconhecimento pode prosseguir por tantas quantas 15 sesses, durante as quais o terapeuta identifica os padres recorrentes dos pacientes e avalia suas qualidades adaptativas e mal-adaptativas. O levantamento detalhado um processo prolongado de explorar os pensamentos, sentimentos e memrias do paciente e de avaliar e reavaliar dados de estgios anteriores, buscando reconhecer, esclarecer e mudar distores paratxicas persistentes. Os padres recorrentes so discutidos dentro do contexto da histria desenvolvimental do paciente, necessidades, ansiedades, fracassos e sucessos. H freqentemente muito intercmbio em andamento entre paciente e psiquiatra medida que sentimentos e percepes so validados ou questionados dentro do contexto de intercmbio emocional mtuo em cada sesso. O trmino um produto do contrato em evoluo e entendimento entre o paciente e o terapeuta e pode refletir metas extensivas ou limitadas. Sullivan enfatizou a constante reavaliao de metas pelo terapeuta e o poder de negociao e renegociao continuada do contrato teraputico para revelar e mudar distores paralxicas. As metas finais da psicoterapia so obter tanta experimentao dentro do modo sintxico quanto possvel e ampliar o repertrio do auto-sistema. No momento que estas metas so atingidas, os pacientes so capazes de tornar-se responsveis por seu crescimento em andamento atravs de interaes interpessoais subseqentes.