KAROLINA PORTINHO BORGES SANDRA MARIA RESEDÁ...

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1 KAROLINA PORTINHO BORGES SANDRA MARIA RESEDÁ MAGALHÃES PERFIL DOS GESTORES DE HOSPITAIS PARTICULARES EM SALVADOR Monografia apresentada à Universidade Castelo Branco e a Atualiza, como pré-requisito para obtenção do Certificado de Conclusão do Curso de Pós-Graduação Lato Sensu em MBA Executivo em Saúde – Gestão Hospitalar, sob a orientação do Prof. Dr. Robinson Tenório. SALVADOR – BAHIA 2011

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KAROLINA PORTINHO BORGES

SANDRA MARIA RESEDÁ MAGALHÃES

PERFIL DOS GESTORES DE HOSPITAIS PARTICULARES EM

SALVADOR

Monografia apresentada à Universidade Castelo Branco e a Atualiza, como pré-requisito para obtenção do Certificado de Conclusão do Curso de Pós-Graduação Lato Sensu em MBA Executivo em Saúde – Gestão Hospitalar, sob a orientação do Prof. Dr. Robinson Tenório.

SALVADOR – BAHIA

2011

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KAROLINA PORTINHO BORGES

SANDRA MARIA RESEDÁ MAGALHÃES

PERFIL DOS GESTORES DE HOSPITAIS PARTICULARES EM

SALVADOR

Monografia para obtenção do grau de Pós-Graduado em MBA Executivo em Saúde /Gestão Hospitalar.

Salvador, ____, de fevereiro de 2011.

EXAMINADOR:

Nome: ______________________________________

Titulação: ______________________________________

PARECER FINAL:

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

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Para meus pais Armando e Elba.

Para minha irmã Kamila.

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AGRADECIMENTOS

A Leonardo e Laudete pela confiança e constante incentivo que me possibilitaram a

realização de mais esta importante etapa em minha vida.

Ao Professor Robinson Tenório, pela orientação, segura, firme e zelosa.

A Hucilene, Patrícia e Dardyanne, por estarem juntas nesta jornada.

A bibliotecária Adriana Sena Gomes, pela atenção e presteza.

A Carla Souza, pelo apoio.

A João Carlos, pelo estímulo, amor e carinho.

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RESUMO

Esta monografia analisa como está constituído o grupo dos gestores de hospitais

particulares em Salvador. Para tanto, é feita uma apresentação de como os hospitais

evoluíram ao longo dos tempos, de seus primórdios a era contemporânea,

chegando-se ao modelo de hospital moderno, que vige hoje em todo mundo e que

também está presente nos hospitais privados de Salvador. Analisa-se, também,

sobre o que é gestão, e, de forma mais detalhada, quais são as especificidades da

gestão hospitalar, enfocando os processos e competências gerenciais necessários

para que o administrador possa gerir, de forma eficaz, essa complexa organização

empresarial que é o hospital. Apresenta-se também a metodologia teórica que

fundamentou a pesquisa de campo empreendida, mostrando os critérios utilizados

na escolha dos procedimentos de pesquisa, qual a amostra pesquisada, como foi

construído o instrumento de coleta de dados que foi empregado e como se operou,

na prática, a realização do procedimento investigatório. As informações obtidas na

pesquisa permitiram mostrar como está constituído, no seu aspecto social e

profissional, o grupo estudado, destacando-se pontos como: predominância de

gênero; composição étnica; formação acadêmica; função exercida e satisfação

profissional.

Palavras Chave: Administração; Hospital; Gestor Hospitalar:

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ABSTRACT

This essay analyst how it is formed the group of managers of the privates’ hospitals

in Salvador. So, it shows the evolution of the hospitals with time, since the beginning

to the contemporaneous age, taking to the model of the modern hospital, which is

used in everywhere in the world and it is used too in the hospitals of Salvador. It also

analysts, about the management, and in a specific way, what the features of

hospital’s, focusing in the processes and management skills needed for a manager in

order to success in the right way, this complex business organization is the hospital;

it also presents a theoretical methodology that supports the field

research undertaken, showing the methods used in the selection of research

procedures, which the sample surveyed, it was built , the instrument of data

collection that was used and operated as, in practice the realization of

the investigative procedure. The information gotten in the research it would be able to

show the constitution in its social and professional way, the group which was

researched, highlighting the points as: gender predominance; ethnic composition;

academic; occupation and job satisfaction.

Key words: Management; Hospital; Hospital Manager.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................10

2 SISTEMA DE SAÚDE ...........................................................................................12

2.1 BREVE HISTÓRICO DOS HOSPITAIS ....................................................12

2.2 SAÚDE NO BRASIL .................................................................................15

2.2.1 Políticas de Saúde no Brasil ....................................................15

2.2.2 O atual Sistema de Saúde no Brasil ........................................19

2.2.2.1 Sistema Único de Saúde (SUS) ......................................19

2.2.2.2 Sistema de saúde privado ...............................................21

3 GESTOR: ELEMENTO-CHAVE NA ORGANIZAÇÃO HOSPITALAR ..................22

3.1 ADMINISTRAÇÃO ....................................................................................22

3.2 PROCESSOS GERENCIAIS ....................................................................24

3.2.1 Planejamento .............................................................................24

3.2.2 Organização ...............................................................................25

3.2.3 Liderança ...................................................................................26

3.2.4 Execução ...................................................................................27

3.2.5 Controle .....................................................................................28

3.3 COMPETÊNCIAS GERENCIAIS ..............................................................29

3.3.1 Competências Intelectuais .......................................................30

3.3.2 Competência Técnica ...............................................................31

3.3.3 Competência Interpessoal .......................................................31

3.4 O GESTOR HOSPITALAR .......................................................................32

3.4.1 Especificidades da Gestão Hospitalar ....................................33

3.4.1.1 Intangibilidade ..................................................................33

3.4.1.2 Inseparabilidade ..............................................................33

3.4.1.3 Variabilidade ....................................................................34

3.4.1.4 Perecibilidade ..................................................................34

3.4.2 Especificidades do Gestor Hospitalar ....................................35

3.4.2.1 O paciente em primeiro lugar ..........................................35

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3.4.2.2 Bioética ............................................................................36

3.4.2.3 Relação com profissionais de saúde ...............................37

3.4.2.4 Constante aperfeiçoamento .............................................39

4 METODOLOGIA ....................................................................................................41

4.1 TIPOLOGIA DA PESQUISA .....................................................................41

4.2 PESQUISA QUANTO AOS OBJETIVOS .................................................42

4.2.1 Perfil dos Gestores como pesquisa descritiva ......................43

4.3 PESQUISA QUANTO AOS PROCEDIMENTOS OPERACIONAIS .........46

4.3.1 O perfil dos Gestores como pesquisa de campo ...................46

4.4 PERÍODO DE EXECUÇÃO ......................................................................48

4.5 LOCAL ......................................................................................................48

4.6 HOSPITAIS PARTICULARES ..................................................................49

4.7 INSTRUMENTOS DE COLETA ................................................................50

4.8 POPULAÇÃO E AMOSTRA .....................................................................52

5 ANÁLISE DOS DADOS .........................................................................................57

5.1 SEXO ........................................................................................................57

5.2 NACIONALIDADE ....................................................................................58

5.3 ESTADO CIVIL .........................................................................................60

5.4 IDADE .......................................................................................................60

5.5 COR OU RAÇA .........................................................................................62

5.6 DEFICIÊNCIA ...........................................................................................63

5.7 LÍNGUA ESTRANGEIRA ..........................................................................65

5.8 FORMAÇÃO BÁSICA ...............................................................................67

5.9 PÓS-GRADUAÇÃO ..................................................................................69

5.10 PARTICIPAÇÃO EM EVENTOS ............................................................72

5.11 PUBLICAÇÕES ......................................................................................72

5.12 VÍNCULO EMPREGATÍCIO ...................................................................74

5.13 FUNÇÃO EXERCIDA .............................................................................75

5.14 NÚMERO DE SUBORDINADOS ............................................................77

5.15 SOFTWARE ............................................................................................78

5.16 HORAS TRABALHADAS E DESGASTE DA FUNÇÃO .........................79

5.17 SATISFAÇÃO .........................................................................................81

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6 CONCLUSÃO ........................................................................................................83

REFERÊNCIAS .........................................................................................................84

ANEXOS....................................................................................................................86

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1 INTRODUÇÃO

É praticamente certo que, em algum momento de sua vida, uma pessoa vá se valer

dos ofícios de uma instituição que possa prestar um serviço que atenda a suas

expectativas de prevenção, tratamento ou cura de uma enfermidade. Tal instituição

é o hospital.

E para aqueles que possuem recursos financeiros para tanto, o hospital procurado,

na maioria das vezes, será uma organização privada de atendimento à saúde.

Nesse tipo de hospital, são facilmente reconhecidas as atribuições de diversos

profissionais que trabalham em contato direto com o paciente, como enfermeiros,

fisioterapeutas e médicos. Mas existem outros profissionais, também muito

importantes para o bom funcionamento dessas casas de saúde, que não são tão

visíveis como elementos de capital importância: são os gestores hospitalares,

pessoas responsáveis por tomarem decisões administrativas que terão enorme

repercussão nos mais variados setores de um hospital.

Compreender quem são tais gestores é o problema principal que esta monografia

visa a responder, ou, mais especificamente, como está constituído, social e

profissionalmente, o grupo dos gestores de hospitais particulares em Salvador, no

Estado da Bahia, Brasil.

A análise do tema escolhido se justifica plenamente por dois motivos principais:

O primeiro ponto, digno de nota, refere-se à sua indiscutível relevância acadêmica,

haja vista abordar matéria de grande valor para Administração de Empresas, em

especial para a Teoria Geral da Administração. Pretende-se mostrar como um

importante grupo de gestores reflete acerca de sua atividade no âmbito

administrativo dos hospitais da rede particular na cidade de Salvador.

Outro ponto que demonstra a importância de tratar desse tema é sua originalidade,

posto que, salvo engano, é assunto não explorado nas academias de Administração.

Estas ainda não produziram nenhum trabalho monográfico de cunho científico sobre

como os administradores de hospitais particulares no município de Salvador

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encaram sua atividade, tendo por finalidade a construção de um perfil social e

profissional de tais gestores.

Para cumprir o objetivo proposto, de expor como está constituído o grupo dos

gestores de hospitais privados em Salvador, foi feita uma pesquisa de campo que

coletou importantes dados, assim como se fundamentou toda a explanação em

fontes bibliográficas diversas a robustecer os argumentos expostos.

A exposição da matéria está disposta em capítulos, a começar desta Introdução, os

quais sintetizam, cada um, determinado aspecto do tema em tela.

O segundo Capítulo defende, em apertada síntese, como se deu, ao longo dos

tempos, a evolução dos hospitais, abordando-se desde os primórdios da prática

hospitalar até o hospital moderno. Fez-se, também, uma síntese do desenvolvimento

do setor de saúde no Brasil.

Em seguida, no Capítulo terceiro, é feita uma apresentação sobre o que,

efetivamente, se compreende por gestão. Para tanto, discorreu-se sobre os

processos e competências gerenciais amplos, em seguida, expôs-se sobre as

especificidades da gestão hospitalar e da atuação do gestor hospitalar.

No quarto Capítulo, apresenta-se a metodologia que foi empregada na pesquisa,

esmiuçando em quais bases teóricas se lastreou sua realização e como se deu, na

prática, a implementação dos instrumentos de coleta utilizados.

Por fim, no último Capítulo, é feita uma exposição dos dados obtidos com a

pesquisa, que trazem informações importantes sobre como está constituído o grupo

estudado. Tal exposição é apresentada através de gráficos e da análise crítica dos

mesmos.

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2 SISTEMA DE SAÚDE

Aqui, a meta principal é sedimentar o caminho a ser percorrido sobre o tema

principal desta monografia, promovendo-se revisão e apresentação do

conhecimento prévio sobre o assunto. Para isso, traçou-se amplo painel de como se

operou o desenvolvimento do sistema de saúde no Brasil, narrando sobre sua

história e como, hoje, está constituída a área de saúde no País e, mais ainda, como

se configura o atual estágio da saúde, especialmente a particular, no Estado da

Bahia e em Salvador, sua capital.

2.1 BREVE HISTÓRICO DOS HOSPITAIS

Conhecer a origem e a evolução dos hospitais é de vital importância para a

compreensão de como se configura o sistema de saúde nos dias atuais.

Uma boa definição introdutória de hospital é dada por Vera Bonato (2007, p.13):

A palavra ‘hospital’ deriva de uma forma latina culta hospitale, que significa ‘relativo a hóspede e hospitalidade’; a palavra latina hospedes, hóspede, originou a palavra hospitalis e hospitalium, que designam o local onde se abrigavam, na Antiguidade, os enfermos, viajantes e peregrinos, além de significar estabelecimento que se ocupava dos pobres, incuráveis e insanos, originando a palavra ‘hospício’.

Ainda nessa vereda, da origem etimológica da palavra, tem-se a explicação, similar

à anterior, de Valdir Borba e Teresinha Lisboa (2006, p. 06), os quais afirmam:

A origem da palavra ‘hospital’ vem do latim hospitalis, que significa hospitaleiro, acolhedor, adjetivo derivado de hospes, que significa hóspede, estrangeiro, conviva viajante, significando, ainda, o que dá agasalho, que hospeda. Os termos hospital e ospedale surgiram do primitivo latim e se difundiram por vários países.

O que fica patente em ambas as definições é que, nas suas origens, o hospital se

limitava a ser um lugar para acolhimento de doentes. Não se vislumbrava, então, a

perspectiva de que fosse um local que, mais do que acolher pessoas enfermas,

buscasse também curá-las de suas doenças. Tanto isso é verdade que nas

primeiras civilizações a alcançarem significativo grau de desenvolvimento – a

mesopotâmica e a egípcia – não há registros que apontem a existência de hospitais

como lugares de tratamento e cura de doentes (BORBA; LISBOA, 2006, p. 07).

Não quer isso dizer que em tais civilizações não existiam práticas médicas, mas, tão

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somente que os procedimentos de atendimento e cura dos pacientes não se davam

dentro de um ambiente delimitado, um hospital (BORBA; LISBOA, 2006, p.07).

O surgimento dos primeiros locais que podem ser considerados como ambientes

hospitalares ocorre por volta do século VI a.C, onde hoje é a região da Índia, muito

influenciada pela doutrina budista então em expansão, que pregava o exercício da

caridade como um dos dogmas de sua fé religiosa. Em virtude disso, em vários

mosteiros budistas da época, foram criados locais para a recepção e tratamento de

pessoas acometidas de alguma enfermidade (BORBA; LISBOA, 2006, p.08).

Em outras sociedades do mundo antigo, como a grega e a romana, também foram

encontrados exemplos de pontos específicos para a destinação de pessoas doentes,

mas também nessas sociedades tais paragens pouco avançavam na perspectiva de

tratar o adoentado, servindo mais como um local de separação entre pessoas sadias

e doentes, onde estas eram levadas para os hospitais muito mais para ficarem

isoladas e morrerem longe dos demais cidadãos.

Uma mudança desse conceito de hospital como lugar apenas de acolhimento e

exclusão de pessoas doentes vai se operar apenas na Idade Média, com o advento

do Cristianismo como religião dominante na Europa.

Neste sentido, vale destacar o ensinamento de Valdir Borba e Terezinha Lisboa

(2006, p. 10), que dizem:

O advento do Cristianismo traz uma nova visão humanística, alterando a organização social e as responsabilidades do indivíduo: desenvolve-se mais rapidamente o conceito de serviços gerais de assistência aos menos favorecidos e aos enfermos, idosos, órfãos, viúvas.

Percebe-se assim que, na Idade Média, o hospital passou a ser visto sob um novo

prisma, tendo uma missão religiosa, um local que possibilitava conforto e

acolhimento espiritual, garantindo a “salvação da alma”, mas ainda não a cura,

limitado pelas, praticamente, inexistentes técnicas médico-curativas de então.

Esse quadro de prevalência de valores cristãos a nortearem a atividade hospitalar

permaneceu inalterado durante toda a Idade Média, só veio a sofrer modificações ao

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final do século XIII, período que marca o início do declínio do poder católico e

anuncia o surgimento de uma nova era histórica: a Idade Moderna.

No período histórico caracterizado como Moderno, houve pequena, mas significativa

mudança no que concerne aos hospitais. Tal mudança se deu, como já dito, com

uma gradual perda de influência da religião como elemento a guiar as diretrizes e a

atividade hospitalar (BORBA; LISBOA, 2006, p. 14).

Como exemplo prático dessa mudança de perspectiva nos hospitais da Era

Moderna, observa-se notável alteração dos padrões arquitetônicos dos hospitais,

passando os mesmos a serem edificados de forma a possibilitar melhor ventilação e

iluminação, em que muito se diferenciava dos ambientes soturnos e abafados da

época medieval (BORBA; LISBOA, 2006, p. 15).

Entretanto, não se devem supervalorizar as modificações levadas a termo durante o

período moderno, em especial na sua primeira metade, pois se é verdade que há

uma mudança de perspectiva em comparação com os valores cristãos, também é

verdade que muito pouco se avançou no tratamento e, principalmente, cura dos

doentes. Tal avanço só veio a ocorrer já em meados do século XIX, quando ocorreu

uma série de descobertas médicas que revolucionaram o tratamento e a cura de

doenças.

A descoberta da existência de bactérias e técnicas elementares de combatê-las,

feita por Louis Pasteur em 1854, o desenvolvimento da anestesia por William

Thomas Green Morton, em 1844, e a criação de métodos de higienização, em 1870,

feita por Terrier (GORDON, 2008, p.100), são os verdadeiros propulsores que

alteraram, de forma radical, a assistência hospitalar. Lastreado em tais descobertas,

gradualmente incorporadas à prática hospitalar, finalmente, o hospital passou a ser

um local onde os doentes poderiam encontrar não só conforto e atenção, como

esperanças reais de serem curados.

Desde o século XIX até os dias atuais, o hospital moderno1 vem passando por

1 Interessante notar que se utiliza o termo “moderno” para também caracterizar a instituição hospitalar nos dias que correm, não se utilizando o termo “contemporâneo”, como seria de se esperar a partir

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constantes incrementos em sua atividade, em contínua evolução de técnicas e

tecnologias novas, as quais, também de forma continuada, aumentam, a cada dia, a

perspectiva do paciente receber o melhor tratamento disponível, fazendo crescer, de

forma exponencial, a esperança de obtenção de cura para sua enfermidade.

O que se pode observar neste escorço histórico é que o hospital, nos moldes que se

conhece hoje, é algo relativamente novo na história da humanidade e que continua a

se desenvolver em prol de um atendimento mais eficaz, que traga sempre melhores

perspectivas de atendimento paliativo e cura para seus usuários.

2.2 SAÚDE NO BRASIL

A evolução da saúde no Brasil, em especial de sua política pública, torna-se um

objeto de fundamental importância, pois, a partir dela, pode-se entender o

desenrolar da história e permite maior entendimento sobre o atual sistema de saúde

brasileiro.

Dividiu-se este tópico em duas partes: uma primeira englobando as políticas de

saúde, de forma ampla, que foram implementadas ao longo dos tempos e, em um

segundo momento, feita brevíssima exposição sobre a evolução dos hospitais na

história do País.

2.2.1 Políticas de Saúde no Brasil

Um entendimento preliminar sobre o que seja uma “política de saúde” pode vir da

compreensão estrita do vocábulo, ou seja, como ‘política’ diz respeito a um conjunto

de decisões tomadas por quem detém o Poder (o Estado), a respeito de um

determinado assunto ou atividade, no caso em tela, sobre a área de saúde.

Durante todo o período colonial (1500 a 1822), via-se no Brasil um modo ainda

bastante primário do que se pode chamar de políticas de saúde pública, uma vez

surgimento da Idade Contemporânea, em 1789. Isso, ao que parece, deve-se ao fato de que o hospital dos dias atuais é fruto de um processo gradual de incorporação de novas tecnologias que fizeram e fazem avançar a técnica hospitalar, mas não representam uma modificação tão radical quanto a operada com o surgimento do hospital moderno.

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que, naquela época, a única forma que existia para tratar de doenças era através do

curandeirismo, em que se fazia uso de ervas e de seu conhecimento sem caráter

científico para provimento da cura, desenvolvendo-se métodos no artifício de curar.

A necessidade de uma política de saúde que fosse minimamente estruturada deu-se

somente com a chegada da Família Real portuguesa ao Brasil, no ano de 1808, a

qual poderia necessitar de tal tipo de serviço. O mínimo exigido nessa época era o

controle de navios e saúde na área portuária, constituindo assim a delegação das

atribuições sanitárias.

De acordo com Jeferson Vargas (2008, p. 11):

As necessidades da Corte forçaram a criação das duas primeiras escolas de medicina do País: o colégio médico-cirúrgico no Real Hospital Militar da cidade de Salvador e a Escola de Cirurgia do Rio de Janeiro. E foram essas as únicas medidas governamentais até a República.

Com a chegada da República (1889), o quadro sanitário do Brasil começou a mudar

devido às epidemias de malária, febre amarela e varíola. Desde então, os navios

estrangeiros não mais atracavam nos portos brasileiros, evitando o contágio por

essas doenças. Foi então que Rodrigues Alves, na altura presidente, nomeou

Oswaldo Cruz como Diretor do Departamento Federal de Saúde Pública, com o

intento de erradicar as epidemias. Nesse período, Oswaldo Cruz tornou a vacina

antivaríola obrigatória, o que causou o descontentamento da população, acarretando

a chamada “Revolta da Vacina”, que levou ao afastamento de Oswaldo Cruz. Esse

modelo adotado ficou conhecido como sanitarismo campanhista (VARGAS, 2008,

p.12).

Ainda segundo Jeferson Vargas (2008, p. 12), apesar do fim conflituoso, o

sanitarismo conseguiu resolver parte dos problemas e colher muitas informações

que ajudaram seu sucessor, Carlos Chagas, a estruturar uma campanha rotineira de

ação e educação sanitária.

No início do século XX, o Brasil começou a grande produção de café, tornando-se

agroexportador e, por esse motivo, demandando grandes quantidades de

trabalhadores os quais eram, em sua maioria, de origem italiana, devido ao fato de

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possuírem grande experiência com esse tipo de trabalho. Aqui no Brasil, esses

trabalhadores não tinham nenhum tipo de benefício e garantia trabalhista, as quais

tinham na Europa, e isso trouxe o descontentamento dessa massa, fazendo surgir

os primeiros movimentos de operários e as greves (VARGAS, 2008, p. 12-13).

Com essas manifestações, os operários começaram a ganhar força e alguns

benefícios como, por exemplo, a criação das Caixas de Aposentadorias e Pensões

(CAPs), que eram organizadas pelas empresas e administradas pelos dirigentes. As

CAPs eram da iniciativa privada, portanto, ainda não tinham envolvimento direto com

o Estado.

Já no ano de 1930, surgem os chamados Institutos de aposentadorias e pensões

(IAPs), organizados pelas categorias trabalhistas, contando, dessa vez, com a

intervenção do Estado.

Em 1960, os IAPs são unificados, criando um regime único que beneficiava todos os

trabalhadores regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), tendo como

contribuintes todos os empregados das empresas. Foi em 1967, contudo, que essa

união se deu efetivamente, surgindo então o Instituto Nacional de Previdência Social

(INPS), que acumulou grande volume financeiro, uma vez que todo empregado

tornava-se contribuinte obrigatório desse sistema. De acordo com Jeferson Vargas

(2008, p. 17), o aumento da complexidade do sistema induziu mudanças na

estrutura, culminando com a criação do Instituto Nacional de Assistência Médica da

Previdência Social (Inamps), em 1978, que ajudou na intermediação dos repasses

para a iniciativa privada.

Em virtude desse quadro, pode-se considerar que, no período citado, foi quando,

efetivamente, começou-se a construir um verdadeiro Sistema de Saúde de cunho

universalista. Neste sentido, veja-se a opinião de Renilson Souza (2002, p.13), o

qual afirma:

Cobertura universal, mesmo antes da elaboração da Lei 8.080 (também conhecida como Lei Orgânica da Saúde), que instituiu o SUS. Isso foi motivado, por um lado, pela crescente crise de financiamento do modelo de assistência médica da Previdência Social e, por outro, a grande mobilização política dos trabalhadores da saúde, de centros universitários e de setores organizados da sociedade, que constituíam o então. Começava a se

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construir no Brasil um sistema de saúde com tendência a ser denominado “Movimento da Reforma Sanitária”, no contexto da democratização do País.

O próximo, e mais significativo, passo na história das políticas de saúde pública

brasileira se deu com a criação do SUS (Sistema Único de Saúde), em 1988, com a

definição da nova Constituição Federal que, no Art. 196, define que “a saúde é

direito de todos e dever do Estado”.

Pela sua importância, em subtópico seguinte serão analisadas, com maior vagar, as

características básicas de como está organizado o sistema de saúde no Brasil atual.

No intuito de sintetizar o que foi até aqui narrado, apresenta-se a tabela a seguir,

onde é possível observar como evoluiu o sistema de saúde nacional, suas origens

até o advento do SUS, em 1986.

Tabela 1 - Evolução do Sistema de Saúde no Brasil

Período Acontecimentos

Brasil Colônia Ervas e cantos, existência de boticários

1789 Só havia quatro médicos no Rio de Janeiro

1808 Chegada da Família Real demandando alguma

estrutura sanitária

1850 A saúde pública limitava-se às atribuições sanitárias e

ao controle de navios nos portos

Fim do séc. XIX Atuação esporádica em situações de endemias

Início do séc. XX Programa de saneamento no Rio de Janeiro e combate

à febre amarela em São Paulo.

1903 Nomeação de Oswaldo Cruz como Diretor do

Departamento Federal de Saúde Pública (Sanitarismo

Campanhista)

1904 Afastamento de Oswaldo Cruz (Revolta da Vacina)

1923 Criação das Caixas de Aposentadorias e Pensões

(CAPs) para os que pagavam contribuição

1930 Surgem os Institutos de Aposentadorias e Pensões

(IAPs) limitados a categorias sociais mais mobilizadas

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1950 Construção de grandes hospitais, ficando os postos de

saúde, ambulatórios e consultórios em segundo plano, e

surgimento da medicina em grupo (convênios)

1960 Surgimento da Lei Orgânica da Previdência Social que

torna o IAPs um regime para todos os trabalhadores

regidos pela CLT

1967 Criação do Instituto Nacional de Previdência Social

(INPS)

1978 Instituto Nacional de Assistência Medica da Previdência

Social (Inamps)

Início anos 80 Surgimento das políticas de saúde mais abrangentes e

disponíveis para todos

1986 Início das primeiras diretrizes do SUS declarando a

saúde como direito de todos e dever do Estado.

Fonte: As autoras.

2.2.2 O atual Sistema de Saúde no Brasil

Neste tópico, serão analisados os dois tipos de sistemas de saúde mais utilizados no

País: o Sistema Único de Saúde (SUS), caracterizado como um sistema de políticas

de saúde pública, e o sistema de saúde privado, também conhecido como Sistema

de Saúde Suplementar, que vem a cada dia angariando maior número de adeptos

devido a algumas carências detectadas no setor público de saúde

2.2.2.1 Sistema Único de Saúde (SUS)

Após todas as tentativas de implantação de um sistema de saúde pública no Brasil,

surge o conceito do Sistema Único de Saúde (SUS) no ano de 1988, com a nova

Constituição. Esse novo sistema visava à implantação de ações e serviços de saúde

pública para a toda a população, sendo mantido pelos Poderes federal, estadual e

municipal.

Apesar de ter sido criado em 1988, o SUS só veio ser implantado no ano de 1990,

regido pela Lei 8.080, que delibera seu funcionamento e diretrizes.

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De acordo com publicação do Ministério da Saúde, intitulada “ABC do SUS” (1990, p.04),

A Constituição legitima o direito de todos, sem qualquer discriminação, às ações de saúde em todos os níveis, assim como explicita que o dever de prover o pleno gozo desse direito é responsabilidade do Governo, isto é, do Poder Público. Por último, a Constituição estabelece o Sistema Único de Saúde – SUS, de caráter público, formado por uma rede de serviços regionalizada e descentralizada, com direção única a cada esfera de governo e sob controle dos seus usuários.

Ainda segundo a publicação citada, são três os mais relevantes princípios que regem a

aplicação do SUS no Brasil.

O primeiro princípio é o da universalidade, que nada mais é do que a garantia de que

todo e qualquer cidadão tem direito a atendimento de saúde que deve ser prestado, de

forma gratuita, a todos os que necessitarem.

Somando-se ao princípio da universalidade, quase que como um desdobramento do

mesmo, tem-se o princípio da equidade, que postula o atendimento, em todos os

níveis, para todo e qualquer cidadão, independentemente de origem ou condição

social; perante o SUS, todos são iguais, não sendo possível estabelecer distinções que

impliquem um tratamento diferenciado em virtude de qualquer traço social do cidadão.

O último dos princípios do SUS é a integralidade da prestação do serviço, que diz

respeito a reconhecer que a prestação de serviços à população deve se dar de forma

integral, coordenada, sem separações indevidas que prejudiquem a boa prestação do

serviço ofertado.

Apesar de ser um sistema público, o SUS conta também com unidades do setor

privado, que presta seus serviços para o Sistema Único de Saúde e recebe um valor do

governo pelos serviços prestados, aumentando assim o número de estabelecimentos

que prestam serviços de saúde à população.

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Segundo Cleide Jesus (2006, p. 01):

No Brasil, o sistema único de saúde, SUS, encontra-se dividido em um setor público e outro privado, o que desmistifica a imagem de que o SUS é público e é composto apenas por instituições públicas, bem como gera a necessidade de se delimitar o espaço da iniciativa privada dentro do sistema. Nas últimas duas décadas, foi o setor privado que apresentou uma maior expansão em sua estrutura e nos serviços prestados à população, cobrindo possíveis lacunas deixadas pelo setor público. A tendência atual é que este crescimento se intensifique, aumentando a oferta da assistência privada.

Com a insuficiência dos serviços de saúde pública prestados à população, cresce cada

dia mais o número de usuários do setor de saúde privado, o qual é dominado pelos

planos e operadoras de saúde, que cobram valores mensais para prestar assistência

às pessoas de poder aquisitivo mais elevado. O número de usuários equivale a apenas

20% da população brasileira.

2.2.2.2 Sistema de saúde privado

O sistema de saúde suplementar ou sistema de saúde privado surge da necessidade

da população de renda mais elevada de ter serviços de saúde com maior rapidez, pois

a demanda do serviço público é muito grande e, na maioria das vezes, não consegue

atender com a agilidade necessária. A população de renda superior compra os serviços

dos planos de saúde, que garantem um atendimento mais ágil, mas que nem sempre

suprem todas as suas necessidades.

Devido ao aumento do poder aquisitivo da população brasileira e do descontentamento

com o setor estatal é natural que as pessoas passem a investir mais em saúde. Com a

falência da saúde pública que não consegue suprir de forma satisfatória as

necessidades da população, a iniciativa privada cresce de forma avassaladora

estimulando á aderência aos planos de saúde por grande parte da população que

sente-se desprotegida e a mercê dos serviços públicos de saúde.

Pelo visto, percebe-se claramente que, no Brasil e no mundo, o setor de saúde e os

hospitais de cunho particular passaram por um amplo processo de modificações e

aperfeiçoamento, que tem a finalidade de tornar a prestação de serviços em saúde

mais eficiente e profissional.

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3 GESTOR: ELEMENTO-CHAVE NA ORGANIZAÇÃO HOSPITALAR

A ideia central deste Capítulo é fornecer uma compreensão mais acurada do que

vem a ser um gestor hospitalar. Para tanto, é enfocada uma série de conceitos,

como definição básica de administração, papel do gestor em uma organização,

competências gerenciais amplas e as especificidades do administrador hospitalar.

3.1 ADMINISTRAÇÃO

De forma introdutória, pode-se definir como sendo a forma de uma pessoa gerir algo

ou alguém. Claro está que esta definição é muito pobre, beirando a tautologia e que

pouco serve para se compreender realmente o que é administração, necessitando,

pois, de um maior esmiuçamento para que se construa uma nova definição, mais

ampla e completa.

O primeiro ponto a ser abordado é que a administração é uma atividade humana.

Pode parecer que tal afirmação seja algo desnecessário, mas assim não é, quanto

mais em um mundo onde a mecanização e a informatização se configuram como

uma realidade avassaladora, tendo as máquinas e softwares adquirido lugar de

destaque na sociedade atual. Todavia, tais equipamentos, por mais avançados que

sejam, não podem realizar uma tarefa administrativa, podem apenas e tão somente

ser instrumentos de execução de um ato emanado de um ser humano.

Outro aspecto a ser mais bem analisado da definição em estudo refere-se a gerir

algo ou alguém. Neste ponto, é importante, desde logo, deixar claro que gestão e

administração são termos sinônimos, não se podendo assim usar uma palavra para

explicar a outra. O cerne da questão está em compreender que gerir ou administrar

diz respeito a tomar decisões, ou seja, escolher, entre várias opções, aquela que

melhor se ajusta a uma determinada situação, com vistas a alcançar um fim

específico (MAXIMIANO, 2008, p. 08).

Neste sentido, pode-se afirmar que, de forma ampla, todas as pessoas são agentes

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de um ato de administração, ou, como diz Antônio Maximiano (2008. p. 09), “as

pessoas que administram qualquer conjunto de recursos são administradores”,

desde um vendedor do mercado informal, que escolhe onde e quais produtos

vender, até uma dona de casa que comanda a vida financeira de sua residência.

Posta assim a questão, é de se dizer que, embora se reconheça o caráter amplo do

vocábulo “administração”, nesta monografia utiliza-se tal termo de forma mais

restrita, em consonância com uma delimitação moderna que compreende a

administração como um campo do conhecimento que visa a auxiliar os responsáveis

por uma empresa a, de forma racional, tomar suas decisões no intuito de otimizar os

resultados a serem alcançados pela mesma (a empresa).

Releva frisar que, neste estudo, utilizam-se, indistintamente, várias palavras para

designar administração e administrador, tais como: gestão; gestor; gerente,

gerenciador; dirigente; diretor, por serem realmente sinônimas e também por

questão de estilo, para evitar a excessiva repetição de um mesmo termo. Todavia,

optou-se aqui por dar certa proeminência às expressões “gestão” e “gestor” – que,

inclusive, encabeçam o título deste trabalho – por acreditar que as mesmas trazem

consigo uma conotação mais arraigada à área empresarial, deixando-se, desta

forma, mais claro o sentido e contexto em que se está a utilizar tal palavra.

Feitas tais considerações, pode-se retomar a definição anteriormente dada e, de

posse das informações fornecidas, imprimir uma nova acepção ao que seja

administração e conceituá-la como o processo, feito por um ser humano, de tomada

de decisões, no intuito de alcançar-se determinado objetivo dentro de uma

organização empresarial.

Para tomar tais decisões, o gestor deve realizar uma série de processos, que se

configuram como etapas essenciais para a tomada de decisão e que são conhecidos

como processos gerenciais (MAXIMIANO, 2008, p. 08), tema apresentado no tópico

seguinte.

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3.2 PROCESSOS GERENCIAIS

Decidir o que fazer para atingir determinado fim é, como visto, a essência da

atividade gerencial, mas tal decisão não deve ser fruto de um voluntarismo, e sim

algo racional, que possibilite meios efetivos e eficazes de se conquistar os objetivos

traçados. Para tanto, os denominados processos gerenciais se apresentam como

etapas indispensáveis para a boa gestão, aplicação e acompanhamento de um ato

deliberativo.

São cinco os processos gerenciais trazidos pela moderna teoria da administração de

empresas, conforme se vê, de forma esquemática, no diagrama abaixo.

Fonte: Adaptado de Maximiano, 2008, p. 08.

A seguir, cada um deles é apresentado em seus contornos gerais.

3.2.1 Planejamento

Planejar é fazer uma projeção, prever como uma decisão tomada hoje afetará os

rumos de uma entidade amanhã. Como bem sintetiza Antonio Maximiano (2008, p.

08), “as decisões que procuram, de alguma forma, influenciar o futuro, ou que serão

colocadas em prática no futuro, são decisões de planejamento.”

Mas não é suficiente apenas estabelecer metas a serem atingidas em um dado

Planejamento Organização

Controle Execução

Liderança

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momento futuro. Para que seja considerado um planejamento, no setor gerencial, é

de capital importância que tais objetivos futuros estejam assentados sobre bases

sólidas, ou seja, que haja elementos racionais que justifiquem, em sua plenitude, a

defesa de um planejamento, pois, caso contrário, o escopo deverá ser substituído

por outro que oferte maior confiabilidade, por estar mais bem fundamentado.

De maneira geral, dentro de uma empresa, o planejamento se fundamenta em

dados concretos, extraídos de diversas fontes, como, por exemplo, informações

governamentais e balanços de empresas, que são informações para o balizamento

das metas que devem ser buscadas pela entidade empresária.

Por fim, deve-se deixar claro que, por melhor que seja o planejamento, por mais que

ele esteja fundamentado sobre bases e dados sólidos, o mesmo nunca deverá ser

algo imutável, ao contrário, a flexibilidade, como meio de se realizar as alterações

que se considerem necessárias, é marca de um bom planejamento (OLIVEIRA,

2009, p. 15).

3.2.2 Organização

O segundo dos processos gerenciais é a organização, que nada mais é do que a

forma como uma empresa dispõe de seus recursos de forma a atingir o melhor

resultado possível. Esta disposição, tal qual o planejamento, não deve ser algo feito

de improviso, mas também ser um elemento bem urdido dentro da empresa.

Importa frisar que o processo organizativo pressupõe uma segmentação de recursos

e atividades dentro de uma estrutura empresarial. Uma corporação onde todos os

funcionários façam de tudo e onde os recursos não estejam devidamente

segmentados e direcionados, a rigor, não possui uma organização, pois tal processo

gerencial traz no seu âmago a característica de decomposição, em partes, das

atividades e dos recursos para se obter um melhor resultado (OLIVEIRA, 2009, p.

16).

Feita a separação de funções e provimentos, em que se estabeleçam, com critérios,

qual o papel de cada agente dentro da empresa e quais os meios materiais que lhe

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estão disponíveis para a realização de sua atividade, está-se diante do que,

convencionalmente, se denomina estrutura organizacional.

Convém ponderar, a respeito de uma pequena nota distintiva entre o planejamento e

a organização, que se encontra no referente à flexibilidade desses processos

gerenciais.

Enquanto no planejamento, como já afirmado, a flexibilidade lhe é inerente, na

organização a mesma (a flexibilidade) é bastante mitigada. Isto porque a constante

alteração de uma estrutura organizacional, na maioria das vezes, gera uma

instabilidade que pode ser deletéria para a empresa. Não significa isso, porém, que

uma estrutura organizacional não possa sofrer modificações, mas apenas que,

comparativamente com o planejamento, ela é um pouco mais rígida. Desta forma, é

possível, e até desejável, que um planejamento seja alterado sem que, com isso, a

estrutura organizacional de uma empresa sofra alterações de monta, mas apenas

pontuais remanejamentos que não desnaturem por completo a organização de uma

companhia.

3.2.3 Liderança

Dentre os processos gerenciais, o mais difícil de definir é, sem dúvida, a liderança,

que pode ser encarada como uma forma de se comandar pessoas para que fins

sejam atingidos.

Mas, como se opera este comando, quais são suas características e as atividades

exercidas pelos líderes, não são questões de fácil definição, como bem observa

Antonio Maximiano (2008, p. 09): “Liderança é um processo complexo, que

compreende diversas atividades de administração de pessoas, como coordenação,

direção, motivação, comunicação e participação no trabalho de grupo.”

Pelo visto, a atividade de um líder é muito complexa, não sendo possível restringir a

compreensão do que seja um comandante dentro de uma única fórmula que

abarque todos os tipos de liderança.

Um bom comandante, em uma situação, poderá não sê-lo em outra. Liderar uma

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empresa lucrativa que esteja em expansão, exige uma prática de liderança diversa

do que comandar uma companhia deficitária em um cenário de crise.

Seja como for, o fato é que, ao líder, cabe a difícil missão de conduzir seus liderados

rumo ao sucesso que garantirá a permanência em atividade de um estabelecimento.

Não se pode esquecer a estreita relação existente entre o líder, o planejamento e a

estrutura organizacional de uma empresa. Se houver um novo arranjo da

organização de uma empresa, muito provavelmente, também haverá um novo líder

para comandar determinada atividade, bem como se for estabelecido um novo

planejamento, em especial, se o mesmo representar mudanças significativas nos

rumos da companhia, também aí é provável que ocorra uma troca no comando da

mesma.

3.2.4 Execução

Feito o planejamento, definida a estrutura organizacional e escolhido o líder, a

próxima e natural etapa dos processos gerenciais é a execução, que, como o próprio

nome deixa transparecer, significa pôr a empresa para atuar dentro de um

determinado setor do mundo corporativo.

Esta atuação empresarial poderá vir sob duas formas: através da aplicação de

procedimentos de natureza física, ou por meio de uma atuação exclusivamente

intelectual, não tangível; em ambas as hipóteses, está-se diante de uma atividade

executória (MAXIMIANO, 2008, p. 09).

A execução é a etapa mais difícil dentro de um processo de gerenciamento. Os

riscos inerentes à esta etapa são muito altos, mas, mesmo assim, não é possível

serem totalmente afastados, haja vista que uma empresa que realmente queira obter

sucesso não pode ficar paralisada, com receio dos riscos de desempenhar uma

atividade.

Ciente dos riscos da execução, uma empresa tem que colocar em prática o que foi

planejado e, neste momento, é que se vai ter ciência se os outros processos

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gerenciais foram bem realizados.

Se o planejamento foi bem fundamentado, se a estrutura organizacional estiver bem

feita e se o líder também foi bem escolhido, a probabilidade da execução lograr êxito

será enorme, caso contrário, em que não houve boa implementação de um dos

processos gerenciais, a probabilidade de fracasso na execução é algo não só

possível, como provável.

No intuito de mitigar o risco de fracasso de uma execução, além de cumprir, de

forma eficaz, os outros processos gerenciais citados, é imperioso que se promova

um acompanhamento da execução, que é o último dos processos gerenciais.

3.2.5 Controle

Posta em marcha a execução de uma atividade, a mesma não deve ser feita de

forma contínua, no sentido de realizar-se uma atividade sem refletir constantemente

sobre sua eficiência. É necessário que se promova uma forma de acompanhamento

do desenrolar da execução de um ato dentro de um empreendimento do setor

empresarial. Tal forma de acompanhamento recebe o nome técnico de “controle”.

O controle é um processo de comparação entre o que foi planejando e o que,

efetivamente, está-se conseguindo com a execução (MAXIMIANO, 2008, p. 09). A

função do controle é fornecer dados confiáveis que possibilitem aferir se a execução

está sendo bem ou mal realizada.

Um controle não é uma simples opinião sobre a execução de algo, ele deve se valer

de instrumentos e dados sólidos para que se promova uma correta avaliação. Nada

no controle, como de resto nos outros processos gerenciais, deve ser feito de

improviso. Os instrumentos, dados e técnicas a serem utilizados na avaliação da

etapa executória já deverão estar previamente definidos no processo de

planejamento, só devendo ser trocados por outros, quando esses próprios

procedimentos se mostrarem inadequados para se mensurar o real impacto da

execução de uma atividade.

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Feito o controle de uma atividade, dois caminhos podem ser trilhados: um primeiro,

de prosseguimento da execução quando se constata que a mesma está sendo bem

feita e surtindo os efeitos desejados; e um segundo caminho é a modificação, ou

mesmo suspensão, de uma atividade, quando se constata que ela não está sendo

bem executada. Mas, em ambas as situações, o processo de controle não se exaure

após uma única execução, haja posto que o mesmo deve ser algo a ser realizado de

forma quase que continuada, para se avaliar se a execução ainda é eficiente ou se

as medidas tomadas surtiram efeito para melhorar uma execução que não estava

satisfatória.

Todos os processos gerenciais enfocados não são meras abstrações ou modelos

teóricos desprovidos de importância prática. Como visto, cada um dos processos

contribui de maneira significativa para que uma empresa possa obter sucesso.

Neste sentido, devem-se, obrigatoriamente, exercer tais procedimentos da forma

mais competente possível. Para isso, é impreterível que os executores de tais

medidas estejam munidos das qualidades necessárias para implementar tais

processos. Essas qualidades são tecnicamente denominadas de competências, que

serão estudadas nos tópicos seguintes.

3.3 COMPETÊNCIAS GERENCIAIS

Por competência gerencial, entende-se ser uma série de atributos que uma pessoa

deve possuir para realizar algo. Em outras palavras, mas com entendimento

análogo, veja-se a seguinte definição Antônio Maximiano (2008, p. 13):

“Conhecimentos, habilidades e atitudes necessários para uma pessoa desempenhar

atividades”.

Cada dos pontos enfatizados por Maximiano (conhecimento, habilidades e atitudes)

vem a ser parte elementar das três competências gerenciais básicas, como se pode

observar nos itens seguintes.

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3.3.1 Competências Intelectuais

Por competências intelectuais, entende-se toda forma de raciocinar utilizada durante

o processo de gerenciamento de uma empresa.

Tais competências estão intrinsecamente ligadas às etapas de planejamento e

tomadas de decisão dentro de uma companhia, pois, quanto melhor for analisado

(raciocinado) sobre como se proceder, maiores serão as chances de se alcançar o

sucesso empresarial.

Claro está que a competência intelectual mantém estreita relação com um processo

formal de educação, pois, em tese, indivíduos que possuam uma educação formal

mais esmerada e completa tendem a possuir uma melhor competência intelectual

quando comparados com outras pessoas que não possuam o mesmo grau de

conhecimento formal.

Nessa direção, apenas para efeito de melhor delimitação, poder-se-ia afirmar que as

formações ofertadas pelos três níveis de instrução formal – básico, médio e superior

– seriam um bom parâmetro para se referenciar a competência intelectual de um

gestor.

Entretanto, não se deve exagerar no alcance do parâmetro exposto acima, posto

que é notório que pessoas sem um grau formal de educação avançado podem ter

capacidade de raciocínio e, portanto, uma competência intelectual mais elevada do

que outra que possua maior nível formal de educação.

O que importa sublinhar aqui é que a competência intelectual é um dos atributos

exigidos de um profissional dentro de uma corporação, ainda mais no mundo

contemporâneo, onde o conhecimento ganha cada vez mais lugar de destaque em

todas as atividades humanas.

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3.3.2 Competência Técnica

A competência técnica está bastante próxima da competência intelectual, porém não

se confunde com a mesma.

Enquanto a competência intelectual é mais ampla, a técnica é mais restrita, dizendo

respeito diretamente ao conhecimento sobre uma atividade bem delimitada ou, no

máximo, uma gama de atividades relacionadas entre si.

No dizer sempre expressivo de Antônio Maximiano (2008, p. 15), “as competências

técnicas são específicas de cada profissão” e acrescenta o mesmo autor que “todos

devem ter compreensão aguda das competências técnicas de sua profissão e do

seu ramo de negócio. Além disso, é importante considerar a evolução da tecnologia

e do ambiente e seu impacto sobre as profissões” (MAXIMIANO, 2008, p. 15).

Para que um profissional esteja capacitado para exercer sua profissão de maneira

tecnicamente competente, cada vez mais, buscam-se cursos que possibilitem

acesso ao conhecimento técnico, bem como mantenham o profissional atualizado

sobre as inovações em sua área de atuação. Com este desiderato, é que cada vez

mais os profissionais buscam se qualificar através de cursos de aperfeiçoamento,

dentro daquilo que se chama educação continuada, tema a ser ainda enfocado

neste Capítulo.

3.3.3 Competência Interpessoal

O tema da competência interpessoal se refere à forma como as pessoas se

relacionam no ambiente de trabalho, em especial nas relações assimétricas ou

verticais, onde haja a subordinação entre funcionários.

Nesse compasso, o gestor (líder) há de ter boa relação com os seus subordinados,

na justa medida para se produzir um bom e produtivo ambiente de trabalho, que

transmita a noção de autoridade e liderança necessárias para se comandar, mas

que oferte o sentido de consideração e respeito, passando uma mensagem

motivadora a seus liderados.

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Por fim, cabe mostrar aqui o correto ensinamento de Antônio Maximiano (2008, p.

13), que, ao destacar a grande importância da competência interpessoal, diz:

“Quanto mais elevada a posição na carreira e dependendo de sua atividade, as

competências interpessoais podem ser tão ou mais importantes para os

administradores do que as competências técnicas.”

3.4 O GESTOR HOSPITALAR

Uma vez referidos os processos e competências gerenciais, cabe agora adentrar

mais especificamente no tema objeto de estudo desta monografia e expor, também

em rápida síntese, quais são as características da gestão hospitalar.

Inicialmente, pode-se definir a gestão hospitalar, valendo-se das palavras de Valdir

Borba e Teresinha Lisboa (2006, p. 32), como:

O conjunto de princípios e atividades que envolvem o planejamento, organização, direção e controle das ações praticadas por gestores de instituições de saúde das redes pública e privada. Podemos verificar que, independente do tipo de organização, as funções estão correlacionadas com os conceitos universais da administração.

Como se observa, a definição sobre gestão hospitalar é bastante ampla e, neste

sentido, serve para dirimir possível equívoco ao se associar gestão hospitalar

apenas com hospitais, o que estaria errado, pois, como visto acima, o conceito é

amplo e engloba todas as organizações de saúde. Desta forma, clínicas médicas,

fisioterápicas, de atendimento domiciliar, laboratórios e todos os demais tipos de

estabelecimento de atendimento à saúde se submetem às práticas de gestão

hospitalar.

Outro ponto importante a se analisar em relação à definição citada é a correta

ênfase feita pelos autores ao pontuarem que todos os temas da gestão hospitalar

estão inseridos dentro de uma teoria maior, que é a Teoria Geral da Administração

(TGA). Em outras palavras, a gestão hospitalar está albergada dentro dessa Teoria

e, por conseguinte, os temas macros englobados por ela (TGA) também se aplicam

à gestão hospitalar, como, por exemplo, as competências e os processos gerenciais

abordados, que têm aplicação ampla e direta dentro de uma organização de saúde.

Tendo esta concepção sempre presente – da inserção da gestão hospitalar no todo

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conceitual da moderna teoria da administração – pode-se passar agora a

compreender, sem distorções, as especificidades da gestão hospitalar.

3.4.1 Especificidades da Gestão Hospitalar

Neste tópico, serão abordadas as especificidades do processo de gestão hospitalar

de uma maneira, diga-se, mais ampla, a enfocar os tópicos distintivos da

administração na área de saúde. Em item específico, tratar-se-á das características

singulares que envolvem diretamente o gestor hospitalar.

3.4.1.1 Intangibilidade

O processo de gestão hospitalar é, no seu cerne, um processo de administração de

serviços, sem a presença de componentes físicos prévios à execução do mesmo

(BORBA; LISBOA, 2006, p. 32).

Esta característica, em um primeiro olhar, parece não ser confirmada pelas

experiências tidas por todos dentro de instituições de saúde, afinal, são bastante

tangíveis os equipamentos ali encontrados (Raios-X; Tomógrafos; Estetoscópios,

dentre outros). Mas isto ocorre apenas se não se entender que se está falando de

gestão dos serviços, e não da exteriorização dos mesmos.

Para aclarar mais ainda o entendimento, pode-se afirmar que o resultado da

prestação de um serviço na área de saúde é tangível, mas a sua gestão, não. Nesta

direção, retomando o que foi visto, pontua-se que os processos e competências

gerenciais vão dar o norte das escolhas e como se praticar o serviço a ser prestado.

Em suma, a gestão é uma etapa intangível, enquanto que o resultado do serviço

prestado pode ser ou não tangível.

3.4.1.2 Inseparabilidade

A segunda característica da gestão hospitalar é sua inseparabilidade (BORBA;

LISBOA, 2006, p. 32), que se configura no fato de haver um consumo imediato dos

serviços que são prestados.

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Sobre este aspecto, é importante destacar que a inseparabilidade da prestação do

serviço e de seu consumo gera importante consequência prática na gestão

hospitalar, que é o caráter de celeridade contido na mesma. Esta celeridade é

condicionante da forma de se gerir um empreendimento da saúde, pois, se o serviço

é consumido juntamente com sua produção, isso leva à necessidade de se

estabelecer um planejamento e de se treinar profissionais para que entendam essa

dinâmica.

3.4.1.3 Variabilidade

Poucos são os setores que apresentam uma gama de possibilidades de ocorrência

tal qual o da saúde. Como trabalham com seres humanos e, em especial nos

hospitais, com pessoas em circunstâncias extremas, a variabilidade de situações

que surgem é praticamente infinita.

Como consequência dessa característica, uma gestão hospitalar, mais do que outros

tipos de gestão, deve ser flexível, há de se adequar às contingências do momento.

Ademais, o desenvolvimento tecnológico deu novos contornos à prática em saúde,

especialmente no hospital moderno, fazendo com que o gerenciamento hospitalar

tenha que estar atento para a incorporação, quando necessário, de novas técnicas

ou tecnologias, pois, caso contrário, a prestação dos serviços poderá se tornar

obsoleta ou mesmo anacrônica diante de uma determinada realidade.

3.4.1.4 Perecibilidade

Dentre as características da gestão hospitalar, a mais polêmica é a da

perecibilidade. Valdir Borba e Terezinha Lisboa (2006, p. 33) afirmam que é “o

conceito de um serviço de saúde que não pode ser estocado” e complementam: “Se

há uma possibilidade de atendimento médico, odontológico, laboratorial ou

hospitalar, faz-se necessário estimular o consumo do serviço.”

Pelo observado, tal característica, exposta pelos autores, nada mais é do que

buscar, através da gestão hospitalar, promover a demanda em função da oferta.

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Essa característica não pode ser aceita integralmente de maneira acrítica. Se é

verdade que, ao estimular a demanda de um produto ou serviço, ele possa ser bem

aceito diante de determinadas situações na área de saúde, como, por exemplo, na

medicina e odontologia estética, também é verdade que, em uma outra miríade de

situações, tal procedimento é totalmente incompatível dentro de uma

estabelecimento de saúde por afrontar preceitos legais, éticos e morais (ver item

3.4.2.2 seguinte).

3.4.2 Especificidades do Gestor Hospitalar

Aquele que exerce uma função gerencial dentro de uma unidade do setor de saúde

se encontra diante de uma conjuntura diferenciada e, por isso, demanda uma prática

administrativa também diferenciada.

No presente tópico, serão estudadas quais são estas especificidades do serviço de

um gestor hospitalar, deixando-se claro que o enfoque maior aqui é a análise das

singularidades do trabalho dos gestores hospitalares, por ser este o tema principal

desta monografia.

3.4.2.1 O paciente em primeiro lugar

Em um hospital, tudo gravita em função da busca da prevenção, tratamento ou cura

para o paciente. É praticamente impossível que alguém busque os serviços de um

hospital por mero deleite. Todos que para ali se dirigem, procuram a solução dos

seus problemas de saúde, estando, no mais das vezes, fragilizados física e

psiquicamente.

Esta notável especificidade deve ser o primeiro ponto levado em consideração na

prática administrativa dentro de um hospital. As necessidades do paciente sempre

devem vir em primeiro lugar.

Mas poder-se-ia indagar se não é comum a qualquer prática empresarial colocar o

cliente em primeiro plano e atender às suas necessidades (como na conhecida

máxima: “o cliente tem sempre razão”), todavia, não ocorre esta similitude entre o

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atendimento das necessidades de um cliente qualquer e um paciente hospitalar. O

administrador padrão vai atender às necessidades dos seus clientes desde que

estas não sacrifiquem outros aspectos, em especial, o lucro da atividade. Assim,

leva em consideração aspectos, como custos a serem implementados na satisfação

do cliente. Já com o gestor hospitalar isso não ocorre, pois, se é verdade que ele

deve realizar análises técnicas (custos, depreciação, dentre outros), tais análises

podem ser um elemento a mais a influenciar sua escolha. É inerente, contudo, à sua

atividade, que, na maioria dos casos, suas decisões gerenciais serão ou, pelo

menos, devem ser matizadas não a partir dos custos de um serviço, mas sim tendo

como elemento balizador que as necessidades do paciente sempre vêm em primeiro

lugar.

Este imperativo, do paciente em primeiro lugar, encontra-se fundamentado sobre

diversas bases. Na humanização da prática hospitalar, em preceitos morais de

valorização, há vida e, também, em ditames legais, que impõem um caráter de

coercibilidade, ou seja, todos os gestores estão obrigados, por lei a, dentro do

ambiente hospitalar, ter sempre a saúde do cidadão em primeiro lugar.

3.4.2.2 Bioética

Outra nota distintiva da atuação de um gestor hospitalar está no fato de o mesmo se

encontrar ordinariamente em situações onde dilemas éticos se fazem presentes.

Denomina-se bioética tudo aquilo que diga respeito a dilemas sobre como se

proceder da forma mais ética possível perante uma situação onde a vida seja objeto

de intervenção dentro de um ambiente hospitalar.

Como visto no item acima, a primeira especificidade da atuação do gestor hospitalar

é colocar as necessidades do paciente em primeiro lugar, todavia, este preceito há

de se harmonizar com o imperativo de se respeitar padrões bioéticos na atuação do

gerente hospitalar.

O gestor deve estar pronto para sopesar os interesses do paciente com a obediência

a padrões mínimos de respeito à bioética, pois o paciente, em especial em situações

extremas, estará disposto a fazer praticamente tudo o que lhe for ofertado para

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melhorar o seu quadro de saúde; por sua vez, os profissionais de saúde, na sua

busca incansável pelo melhor para seu paciente, também estarão dispostos a utilizar

os meios que acharem convenientes para atingir os seus objetivos.

Cabe ao gestor hospitalar ser um elemento de equilíbrio perante situações que

envolvam dilemas bioéticos, como, por exemplo, na autorização ou não de um novo

tratamento experimental que exponha o paciente a elevados riscos à sua saúde, ou

no caso de autorização de práticas médicas heterodoxas dentro do ambiente

hospitalar, como forma de se proceder a um maior conforto ao paciente. Nessas

situações, o gestor hospitalar deve avocar para si a decisão de se realizar tais

procedimentos, uma vez que dilemas bioéticos foram colocados, cuja resolução traz

implicações não só para as pessoas diretamente envolvidas, mas para toda a

organização hospitalar, que pode sair engrandecida ou ter sua imagem prejudicada,

a depender do caminho escolhido.

Por tudo isso, é que sobre o gestor hospitalar devem recair as decisões de vulto

sobre dilemas bioéticos em uma organização de saúde, devendo ele estar

consciente desta sua importante função e das consequências de seus atos sobre tão

relevante tema.

3.4.2.3 Relação com profissionais de saúde

Um dos pontos mais candentes das especificidades da atuação de um gestor

hospitalar diz respeito a como o mesmo se relaciona com os profissionais de saúde.

De imediato, é necessário dizer que essa relação, na maioria das vezes, não é

inteiramente harmoniosa.

Existe uma diferença de perspectiva bastante acentuada entre a visão do gestor e

os interesses dos profissionais de saúde. Enquanto que o primeiro está preocupado

com o desenvolvimento e controle da organização hospitalar como um todo, os

segundos estão normalmente mais voltados para resolver os problemas de seus

pacientes.

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Confira-se a respeito opinião de Naírio dos Santos (1998, p.58):

A diferença entre esses dois mundos, administradores e médicos, e até mesmo certa dose de antagonismo são responsáveis por importantes conflitos na organização hospitalar, a desafiar as habilidades de negociação e inter-relacionamento desses atores sociais. Os médicos, pela natureza da função que exercem dentro do hospital: tratamento do paciente, pela elevada autonomia no exercício da função, pelo estreito relacionamento que estabelecem com os demais funcionários de nível operacional: enfermeiros, auxiliares e técnicos, pelo prestígio social, pelo poder econômico, pelo distinguido grau cultural e politização, são, em geral, refratários à observação de normas administrativas do estabelecimento hospitalar e suas tentativas são no sentido de conformá-las à sua realidade, aos seus interesses e necessidades, e não o contrário.

Tal diferença de perspectiva gera conflitos entre os gestores e os profissionais de

saúde, mais notadamente, com os médicos, que, dentro de um hospital, são os

principais responsáveis pelo acompanhamento e tratamento de um paciente. Essa

situação é tão aflorada dentro dos ambientes hospitalares, que Letícia Ferreira

(2008), em dissertação dedicada ao tema, chega mesmo a afirmar que os

administradores hospitalares se configuram como meros “fantoches dos médicos.”

Ainda de acordo com a mesma autora, o que é curioso e motivo de pesquisa é a

submissão ou aceitação dos administradores hospitalares a essa disputa de

interesses. Alguns desconhecem sua existência, outros omitem sua presença e os

mais ousados buscam destrinchá-la e entender os atores, sem muitos resultados

(FERREIRA, 2008, p.28).

O argumento da autora é que, por serem os detentores do saber técnico, os médicos

pairam acima dos outros profissionais de saúde. Eles não são confrontados pelos

gestores hospitalares, que temem afrontar os desejos desses profissionais e, com

isso, provocar descontentamento que possa, inclusive, gerar a saída deles

(médicos) do hospital, o que acarretaria enormes problemas para a instituição

devido a pouca oferta desses profissionais no mercado.

De acordo com Letícia Ferreira, (2008, p. 59):

Conforme Foucault (1987), no século XVIII, o médico, que anteriormente oferecia assistência às residências, torna-se de hospital, assumindo o poder sobre todos esses aspectos e gerando uma inversão hierárquica no hospital. O ritual da visita, em que toda sua equipe, formada por enfermeiros, assistentes e alunos, seguia o paciente em um ritual religioso, marca o advento do poder médico. Regulamentos, a priori, em relação à visita aos leitos dos doentes, são criados e determinam o posicionamento de cada integrante da equipe, o caderno de anotações nas mãos da enfermeira e o momento em que a sineta deve ser tocada, anunciando a

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chegada do médico.

É fato que o médico é o principal, mas não único agente na busca da promoção da

saúde dentre de uma instituição hospitalar. Todavia, esta posição não pode

sobrepujar os interesses maiores de um hospital, que dizem respeito não só a um

paciente, mas a toda coletividade, englobando pacientes, familiares, profissionais de

saúde, empregados e colaboradores. É pensando nesses interesses que o gestor

hospitalar não pode se curvar a nenhuma profissão da área de saúde. Sua relação

com tais profissionais deve ser de respeito recíproco, mas nunca subordinação,

ademais, se subordinação deve haver é desses profissionais para com o gestor

hospitalar, que lhes é, dentro de seu campo de atividade, superior hierarquicamente.

Um gestor hospitalar deve ser consciente de suas atribuições e não permitir a

usurpação de prerrogativas que lhes são dadas pelo cargo ou função ocupada.

Assim, um administrador, que pode ser, inclusive, um profissional de saúde em um

cargo dirigente, não pode ver os interesses da instituição serem solapados por

aquele profissional, devendo exercer suas atividades com rigor e destemor, não só

pondo em prática as modernas técnicas de gestão, como respeitando as

especificidades da gestão hospitalar e da prática gerencial hospitalar. (itens

anteriores)

3.4.2.4 Constante aperfeiçoamento

A última das especificidades de um gestor hospitalar é a necessidade de estar em

constante aperfeiçoamento.

É evidente que, em um mundo moderno, todos os gestores dos mais diversos

setores e atividades têm que se manter atualizados, mas a especificidade do gestor

hospitalar está no grau e na quantidade de ramos do conhecimento em que ele tem

de se manter atualizado.

A propósito, confira-se o seguinte entendimento de Idalberto Chiavenato (2010,

p.02), que afirma:

Para atender às novas exigências das organizações através da formação de qualidade e educação continuada, são necessários conhecimento e

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informação para os principais personagens da administração: aluno, profissional (Administrador), pesquisador e o professor. Uma das principais maneiras de preparar as nossas organizações para o futuro é formar e aprimorar constantemente os profissionais que atuam em todos os seus níveis organizacionais, sendo o administrador o agente transformador que tem em suas mãos a possibilidade de tomar decisões que afetem positivamente os resultados para a organização e diversas partes interessadas (stakeholders), como clientes, fornecedores e funcionários.

Deve-se lembrar que um gestor hospitalar exerce sua atividade dentro de um setor

amplamente regulado pelo Estado, tendo que manter relações frequentes com seus

representantes. Além disso, exerce também toda uma série de atividades inerentes

ao setor privado, como compras, relacionamento com fornecedores e clientes,

dentre outros, e possuem também a especificidade de tomarem decisões que

envolvem diversas pessoas (pacientes, empregados e colaboradores) sempre a

demandarem resoluções novas para situações não experimentadas que surgem das

atividades que envolvem seres humanos.

Por isso, em comparação com outras atividades de gestão, os administradores

hospitalares encontram-se impelidos a ter um aperfeiçoamento constante de maior

grau, em virtude da também maior diversidade de situações que os mesmos

encontram em seu mister diário.

No intuito de se aperfeiçoarem constantemente, é cada vez mais comum que os

gestores busquem realizar o que se chama Educação Profissional Continuada, que

é um dos subsídios centrais na sociedade do conhecimento, tornando-se fator

decisivo para o sucesso das organizações e para a valorização dos indivíduos. No

entanto, os caminhos percorridos pela Educação Profissional Continuada parecem

levar a um problema central: a melhoria das qualificações individuais não garante,

por si mesmas, melhor eficiência e eficácia organizacional. A formação profissional

contínua exerce um papel crucial na determinação dos novos contornos profissionais

dos seus colaboradores, devendo prepará-los e torná-los pró-ativos no

acontecimento da inovação e da modernização para que eles possam alcançar o

desenvolvimento junto com a organização na qual se encontram inseridos.

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4 METODOLOGIA

Neste Capítulo, serão apresentados, de forma objetiva e organizada, os postulados

metodológicos em que se lastreou a realização da pesquisa sobre o tema objeto de

estudo desta monografia. Buscou-se delimitar, da maneira mais clara possível, qual

o tipo de pesquisa que, posta em prática com este estudo, procurou justificar os

motivos das escolhas metodológicas realizadas, quais os procedimentos

efetivamente utilizados, como se deu, na prática, sua realização, pontuando

problemas e limitações encontrados, tudo isso, no intuito de mostrar quais os

caminhos trilhados que levaram aos dados obtidos na pesquisa e que serão

apresentados no Capítulo seguinte.

4.1 TIPOLOGIA DA PESQUISA

A definição sobre o tipo de pesquisa aplicado neste trabalho monográfico

configurou-se uma tarefa de significativo valor, pois, ao se demarcar bem qual

espécie de investigação científica estava-se propondo, deixa-se claro qual caminho

foi percorrido, quais os meios utilizados para chegar-se aos objetivos almejados e,

principalmente, o que se pretende alcançar ao final do trabalho.

Todavia, não foi tarefa fácil a definição sobre o tipo de pesquisa pretendido, haja

vista não haver consenso entre os estudiosos da matéria que estabeleça uma única

classificação dos tipos de pesquisa. Neste sentido, Fábio Appolinário (2006, p. 59) é

bastante enfático ao dizer: “Um dos temas certamente mais controversos na área da

metodologia científica refere-se ao estabelecimento de uma taxonomia

(classificação) dos diversos tipos de pesquisa científica.” No mesmo sentido, Cláudio

de Moura Castro (2006, p. 63) afirma que “a quantidade de termos para denominar

diferentes tipos de pesquisa tende a criar certa perplexidade entre aqueles que

tentam suas primeiras aventuras com a investigação científica.”

Interessante observar que, na própria classificação dos tipos de pesquisa propostos

pelos dois estudiosos retrocitados percebe-se, claramente, a não concordância no

que tange à classificação dos tipos. Para Fábio Appolinário (2006, p. 59), pesquisa

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pode ser classificada em seis dimensões diferentes: natureza, finalidade, tipo,

estratégia, temporalidade e delineamento, comportando, cada uma dessas

dimensões, divisões dentro do próprio tipo. Já para Cláudio de Moura Castro (2006,

p. 64), a pesquisa pode ser dividia em três, digam-se, formas de se enquadrar uma

pesquisa, tendo como ponto de referência os critérios para a escolha de um tema.

Sob este prisma, segundo o autor, uma pesquisa seria classificada quanto à sua

importância, originalidade e viabilidade, cabendo subdivisões em cada um dos três

tipos de critérios mencionados, onde se enquadrariam todos os tipos de pesquisa.

Pelo visto, observa-se claramente a dificuldade em definir qual o tipo de pesquisa a

ser realizado, entretanto, não se deve superestimar essa dificuldade, pois, como

bem coloca Cláudio de Moura Castro (2006, p. 64), “é pertinente frisar que não se

está tentando criar um clima de preocupação taxonômica como imperava na

botânica e na zoologia tradicionais, em que o objetivo era classificar ou enquadrar

em uma categoria como veredicto final”.

Feita esta ressalva, foi importante se adotar um critério para classificar o tipo de

pesquisa pretendido nesta monografia. Para tanto, com o fim de contornar o

problema imposto pela falta de uma concordância entre os especialistas sobre o

assunto, foi necessário optar-se por um tipo de classificação e assim desenvolver a

pesquisa a partir da escolha efetuada.

A classificação aqui escolhida e utilizada é a proposta pelo “Guia para elaboração de

Monografias” (2009), da Atualiza, onde os tipos de pesquisa estão sumariamente

classificados segundo dois critérios. O primeiro refere-se aos objetivos da pesquisa

(2009, p.07) e o segundo diz respeito aos procedimentos utilizados na execução da

mesma (2009, p.07).

4.2 PESQUISA QUANTO AOS OBJETIVOS

A divisão, no que se refere aos tipos de pesquisa, segundo o modelo estipulado pela

Atualiza, primeiramente destaca que uma pesquisa pode ser classificada de acordo

com os seus objetivos, ou seja, o que se almeja alcançar com sua execução, sem,

neste aspecto, levar em conta quais os meios que serão utilizados para se atingir a

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meta ambicionada.

O que se deve sublinhar aqui é que, ao se definir uma pesquisa no que tange aos

objetivos, dá-se um passo muito importante, uma vez que, a partir desta definição,

serão estabelecidos os parâmetros de aferição para saber se uma determinada

pesquisa conseguiu ou não lograr êxito, atingindo aquilo que foi vislumbrado como

objetivo a ser perseguido na realização do seu procedimento.

O “Guia para elaboração de Monografias”, da Atualiza (2009, p.07), estipula que, em

relação aos objetivos uma pesquisa, podem ser definidas três formas: exploratória,

descritiva e explicativa.

4.2.1 Perfil dos Gestores como pesquisa descritiva

Um dos tipos de pesquisa quanto aos objetivos elencados no “Guia da Atualiza” é a

descritiva, que, como o próprio nome denota, visa a, primordialmente, descrever as

peculiaridades de uma determinada amostra populacional ou de um acontecimento

específico. De acordo com Sylvia Vergara (2009, p. 42), a pesquisa descritiva pode

também ser definida como um procedimento que “expõe características de

determinada população ou de determinado fenômeno.” Seu pensamento é

acompanhado pelo de Délcio Vieira Salomon (2001, p. 158), ao afirmar que o tipo de

pesquisa em análise visa a “descrever comportamento de fenômenos, definir fatos e

variáveis” (2001, p. 158).

Apresentando uma definição concordante com as anteriores, porém mais ampla,

tem-se o ensinamento de Lino Rampazzo (2009, p. 55-56), que deve ser aqui

transcrito e analisado, ao defender que uma pesquisa descritiva:

Busca conhecer as diversas situações e relações que ocorrem na vida social, política, econômica e demais aspectos do comportamento humano, tanto do indivíduo tomado isoladamente, como de grupos e comunidade mais complexas. A pesquisa descritiva se desenvolve, principalmente, nas ciências humanas e sociais, abordando aqueles dados e problemas que merecem ser estudados e cujo registro não consta de documentos ou de publicações. [grifou-se]

Esse excerto fornece algumas importantes informações que devem ser analisadas

com mais vagar.

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Primeiro, na parte concernente à afirmação de que uma pesquisa descritiva se põe a

analisar aspectos da vida social, mas não somente do indivíduo, como também de

grupos de pessoas, o que se afigura como algo deveras importante para esta

monografia, que objetiva estudar um grupo de pessoas – os gestores de hospitais

privados em Salvador – não apenas no seu aspecto profissional, mas também como

está constituído socialmente o mencionado grupo.

O segundo ponto da definição proposta por Rampazzo, que deve ser destacado, é

que uma pesquisa descritiva é utilizada amiúde nas ciências humanas e sociais, o

que também ocorre nesta monografia, que é realizada tendo com referência uma

ciência humana – a Administração de Empresas – valendo-se também de outros

conhecimentos, mas estando sempre fincada na compreensão de que o fenômeno

estudado é, em sua essência, um fenômeno social.

Aspecto também merecedor de ênfase é que, como já apontado, ordinariamente,

uma pesquisa descritiva vem a ser o ponto inicial para outras pesquisas, pois ela

“não tem compromisso de explicar os fenômenos que descreve, embora sirva de

base para tal explicação” (VERGARA, 2009, p. 42). [grifou-se]

Entretanto, tal afirmação não pode servir para defender que uma pesquisa descritiva

seja uma pesquisa neutra, no sentido de a mesma não trazer consigo preceitos e

valores, principalmente aqueles que irão pôr em prática a mesma. Sobre este ponto,

é interessante a opinião de Cláudio de Moura Castro (2006, p. 71), ao destacar que

“descritiva não é garantia de isenção” e continua o eminente estudioso ao dizer que

“a própria escolha do tema, dos dados, das variáveis e da maneira de tratá-los já,

em si, introduz uma ideologia, uma maneira de ver o mundo, um estilo de trabalho”

(CASTRO, 2006, p. 71).

Indo além, deve-se também deixar claro que, embora se reconheçam os limites da

pesquisa descritiva, a qual, de acordo com Délcio Salomon (2001, p. 158), “não

atinge ainda o nível da explicação e da predição”, não significa poder admitir uma

pesquisa descritiva que seja totalmente acrítica, mera reprodutora dos dados

coletados, o que seria algo estéril, que nada, ou muito pouco, contribuiria para o

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avanço da ciência.

Portanto, como fecho, pode-se afirmar que uma pesquisa descritiva é aquela que

objetiva descrever determinado fenômeno ou grupo social, apresentando as suas

características essenciais.

Uma vez apresentadas, em rápida síntese, as características básicas de uma

pesquisa descritiva, cabe agora afirmar que, no referente aos objetivos, a pesquisa

realizada nesta monografia sobre o “Perfil dos gestores de hospitais particulares em

Salvador” se caracteriza como sendo uma pesquisa descritiva.

A caracterização da pesquisa que este trabalho visa a implementar como sendo uma

pesquisa descritiva se deve a alguns motivos que necessitam ser melhor

explicitados.

Primeiro, por estudar como está composta, social e profissionalmente, uma

determinada amostra populacional – os administradores de hospitais privados em

Salvador – o que, já exposto, é uma das características primazes da pesquisa

descritiva (BOVENTURA, 2007, p. 57). Sobre este ponto, Antônio Carlos Gil (2002,

p. 42) fornece importante esclarecimento ao dizer que, “entre as pesquisas

descritivas, salientam-se aquelas que têm por objetivo estudar as características de

um grupo: sua distribuição por idade, sexo, procedência, estado de saúde física e

mental etc.” Dentre as características trazidas no rol proposto por Antônio Carlos Gil,

várias, senão a totalidade delas, foram objeto de indagação no questionário utilizado

como meio de coleta nesta pesquisa, possibilitando, como será visto, produzir um

importante painel de como se estrutura o grupo social que foi aqui analisado.

Ademais, cabe também focalizar que a pesquisa realizada tem, pela própria

natureza do nível em que está inserida (pós-graduação Lato Sensu), por meta

principal, descrever, de forma sucinta e objetiva, os dados coletados, o que vem a

ser outra das características de uma pesquisa descritiva (VERGARA, 2009, p. 42).

Ainda neste sentido, importa frisar que, ao se apresentarem os dados da pesquisa e

sua respectiva análise, em várias oportunidades, ficou claro o caráter descritivo, em

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especial, quando se reconhecem as limitações da amostra coletada diante dos, por

vezes surpreendentes, dados obtidos. Ao se proceder assim, ao invés de se

demonstrar a incipiência desta pesquisa, está-se, ao contrário, estabelecendo-se a

justa medida pela qual a mesma deve ser recebida, bem como procedendo, de

forma crítica e honesta intelectualmente, para que outros pesquisadores ou novas

abordagens possam reconhecer nesta pesquisa um instrumento seguro de

comparação de dados ou como ponto de partida para outros procedimentos que

estudem direta ou indiretamente o mesmo tema objeto desta monografia.

4.3 PESQUISA QUANTO AOS PROCEDIMENTOS OPERACIONAIS

Uma vez definido o tipo de pesquisa, cabe agora expor quais os procedimentos de

coleta de dados foram efetivamente utilizados neste trabalho.

De acordo com o “Guia para elaboração de Monografias” (2009, p.08), da Atualiza,

no que se refere aos procedimentos operacionais, as pesquisas podem ser

classificadas de três formas, a saber: bibliográfica, documental e de campo.

4.3.1 O perfil dos Gestores como pesquisa de campo

Para os objetivos desta monografia, o mais importante tipo de pesquisa quanto aos

procedimentos é, sem dúvida, a pesquisa de campo.

Uma pesquisa de campo pode ser definida, segundo Sílvia Vergara, como “a

investigação empírica realizada no local onde ocorre ou ocorreu um fenômeno ou

que dispõe elementos para explicá-los” (2009, p. 43).

Logo de início, é imperioso destacar qual é a mais relevante característica de uma

pesquisa de campo, que já se vislumbra no próprio nome “campo”, deixando antever

um tipo de investigação científica em que o pesquisador vai diretamente, in loco,

buscar as informações, os dados que serão utilizados no seu trabalho.

Valendo-se de outras palavras, pode-se afirmar que, na pesquisa de campo, “a

coleta de dados é realizada ‘em campo’, onde ocorrem os fenômenos, de forma

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espontânea, sem a interferência do pesquisador” (ARAÚJO; LEAL; OLIVEIRA, 2008,

p. 88).

A pesquisa sobre os gestores de hospitais privados em Salvador se enquadra

perfeitamente na definição dada, pois foi realizada diretamente com os profissionais

objetos de estudo da mesma, procedimento que será esmiuçado em tópicos

posteriores.

Ainda sobre a caracterização de uma pesquisa de campo, Antônio Carlos Gil (2002,

p. 53) apresenta uma importante característica que deve ser enfatizada, que é o fato

da mesma, corriqueiramente, se prestar ao estudo de um grupo ou comunidade

social específicos, destacando a sua estrutura social e elementos típicos

constitutivos desta comunidade ou grupo.

O procedimento de pesquisa de campo, em geral, é realizado em uma comunidade,

mas, como bem observa Antônio Carlos Gil (2002, p. 53), esta comunidade não

obrigatoriamente deve ser geográfica, “já que pode ser uma comunidade de

trabalho, de estudo, de lazer ou voltada para qualquer outra atividade humana.”

A pesquisa sobre o perfil dos administradores de hospitais privados em Salvador, no

que se refere aos procedimentos operacionais, está classificada como uma pesquisa

de campo.

Isto se justifica, como visto, pelo fato de a pesquisa ter sido realizada com vistas a

descortinar o perfil social de uma comunidade, no caso, uma comunidade de

trabalho – os gestores de hospitais privados em Salvador – e que, para tanto, foi

realizada, valendo-se de informações obtidas da aplicação de questionários, sendo a

realização do procedimento citado uma das formas mais comuns de se concretizar

uma pesquisa de campo (ATUALIZA, 2009, p. 08).

Assim, em síntese, pode-se afirmar que, em relação ao presente projeto, no que

concerne aos objetivos, pretende-se realizar uma pesquisa descritiva; já no que diz

respeito aos procedimentos operacionais, pretende-se realizar uma pesquisa de

campo.

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Nos itens seguintes, será feita uma exposição sobre pontos específicos atinentes à

execução da pesquisa, enfocando tópicos que fazem referência aos procedimentos

e critérios efetivamente nela utilizados.

4.4 PERÍODO DE EXECUÇÃO

A precisão do período de tempo em que foi realizada a pesquisa tem uma

considerável significação em uma investigação científica, pois, como bem lembra

Nébia Figueiredo (2009, p. 112), “para ampliar a validação dos dados de pesquisa é

necessário que se tenha especificado o tempo em que ela foi realizada” com

destaque, é claro, para o período em que foram coletados os dados que serviram de

base para o estudo.

Nesta pesquisa, sobre o perfil dos gestores de hospitais privados em Salvador, o

período de coleta de dados (aplicação de questionários) foi de 14 de junho a 30 de

novembro de 2010.

A aplicação dos questionários durante o período citado se deu por três motivos. O

primeiro, por estar dentro do prazo para a entrega desta monografia à instituição

avaliadora; o segundo motivo refere-se à dada inicial de aplicação dos questionários

– que foi logo após a aprovação do projeto de pesquisa – e, por último, os

questionários foram aplicados evitando-se a interferência de datas comemorativas

de vulto (Natal e Carnaval), períodos que poderiam influenciar negativamente na

aplicação dos citados instrumentos de coleta.

4.5 LOCAL

Como algumas vezes mencionado, a realização da pesquisa ocorreu no município

de Salvador, capital do Estado da Bahia, Brasil.

A cidade de Salvador é a terceira maior cidade do País, possuindo, segundo o

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Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 2.480.790 habitantes2,

conforme dados do censo de 2010. Pelo exposto, trata-se de uma grande metrópole,

detentora de uma rede privada de saúde que, embora possa ser reputada pequena

para sua grandiosidade, ainda assim tem um número significativo de hospitais

privados. (Ver Anexo)

A delimitação de se executar a pesquisa apenas em Salvador não é um dado

irrelevante, primeiro, pela própria grandiosidade da cidade, depois, principalmente,

por excluir do campo de apreciação desta pesquisa hospitais privados que

estivessem localizados em cidades próximas a Salvador; apesar de, na prática,

serem encarados como pertencentes à rede soteropolitana de hospitais, na verdade,

pertencem administrativamente a outros municípios integrantes da Região

Metropolitana de Salvador.

Neste sentido é preciso que se fale sobre como está constituída a Região

Metropolitana de Salvador.

Em 1973, foi criada a Região Metropolitana de Salvador, então composta por oito

municípios. Com o passar dos anos, essa Região foi se expandindo e incorporando

novas cidades, chegando hoje, em 2010, a um total de treze municípios: Salvador;

Camacari; Candeias; Simões Filho; Lauro de Freitas; Dias D`Ávila; Vera Cruz; São

Francisco do Conde; Itaparica; Madre de Deus; Mata de São João; São Sebastião

do Passé e Pojuca.

Esta ressalva tem grande significado prático, pois, assim, foram excluídos

importantes hospitais privados, como, por exemplo, os hospitais Unimed e

Aeroporto, ambos localizados no município de Lauro de Feiras.

4.6 HOSPITAIS PARTICULARES

Ponto merecedor de rápida exposição é sobre quais hospitais foram considerados

para a realização da pesquisa.

2 Disponível em: < http://www.censo2010.ibge.gov.br/dados_divulgados/index.php?uf=29>. Acesso em: 20 de

nov. 2010.

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O objetivo da pesquisa foi estudar o perfil de gestores de hospitais particulares em

Salvador. O primeiro aspecto a se levar em consideração, a localização, já foi

abordado em tópico específico. Cabe, neste momento, definir o que são

considerados, para esta pesquisa, hospitais particulares.

No presente trabalho, definiu-se como sendo hospitais particulares todos aqueles

que estejam constituídos como empresas, mas não somente isso. Agregou-se, ao

critério anterior, outro, mais excludente, ou seja, só seria considerado hospital

privado aquele que efetuasse atendimentos destinados ao público privado; isso

significa ter excluído hospitais, que embora não pertençam ao Sistema Público de

Saúde, fazem exclusivamente, atendimento voltado para o SUS, como foi o caso do

Hospital Santo Antonio, nesta capital, que não foi objeto de estudo nesta

monografia.

Importa, por fim, lembrar que não foram considerados como hospitais instituições

que, apesar de ostentarem este nome (como, por exemplo, o “Hospital Santa

Clara”), na realidade, não se enquadram em uma definição clássica de hospital, pois

não funcionam de forma ininterrupta e prestam uma gama de serviços bastante

limitada.

A lista completa dos hospitais particulares de Salvador encontra-se no Anexo desta

monografia.

4.7 INSTRUMENTOS DE COLETA

Na realização da pesquisa, utilizou-se como instrumento de mensuração um dos

mais conhecidos e utilizados meios de se coletar dados, o questionário.

Segundo Lino Rampazzo (2009, p. 116), “o questionário é um instrumento de coleta

de dados constituído por uma série ordenada de perguntas, que devem ser

respondidas por escrito e sem a presença do entrevistador.” Tal método apresenta a

vantagem de ser facilmente aplicado, assim como, de forma simples e econômica,

obter-se uma considerável quantidade de informações.

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É de capital importância que o questionário seja bem elaborado, pois, caso contrário,

poderá ser fonte de distorções que maculem o resultado final da pesquisa, ou, nas

palavras de Lino Rampazzo (2009, p. 117), “a elaboração de um questionário requer

a observância de norma precisas a fim de aumentar a sua eficácia e validade.”

Para esta monografia, os questionários foram elaborados seguindo criteriosos

padrões, que foram retirados dos ensinamentos de Lino Rampazzo (2009, p. 116-

117) e Antônio Carlos Gil (2002, p.116-117).

Sem esgotar a temática, é importante tecer algumas considerações sobre como foi

efetivamente construído o questionário nesta pesquisa.

As instruções de preenchimento do questionário são o primeiro ponto a ser

destacado. Para Antônio Carlos Gil (2002, p.117), “o questionário deve conter

instruções acerca do correto preenchimento das questões”. No material aplicado (ver

Anexo), constam três instruções sobre seu preenchimento, instruções claras e

diretas, escritas em tipologia textual diferente do corpo do questionário, o que evitou

a ocorrência de equívoco quando de sua implementação.

Pondera ainda Antônio Carlos Gil (2002, p. 116) que um questionário deve ser

sucinto, no que é acompanhado por Lino Rampazzo (2009, p. 117), que chega a

afirmar que um questionário deve conter de 20 a, no máximo, 30 perguntas. Este

ponto também foi fielmente seguido no questionário utilizado nesta monografia, que

possui 20 perguntas, dispostas em apenas duas folhas.

Ainda sobre aspectos materiais das questões, Lino Rampazzo (2009, p. 117) afirma

que se deve ter atenção com a “estética do questionário: o tamanho, a facilidade de

manipulação, o espaço suficiente para respostas, a disposição do itens.” Também

aqui foram seguidas as orientações dos estudiosos: foi aplicado um questionário

escrito com letras padronizadas e amplamente reconhecíveis, bem como utilizou-se

uma divisão em itens satisfatória, possibilitando ainda espaço suficiente para a

colocação das respostas.

Sobre o conteúdo das questões, Antônio Carlos Gil faz uma afirmação de

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importância fundamental: “Devem ser incluídas apenas perguntas relacionadas ao

problema proposto” (2002, p. 116). No questionário aplicado, pode-se constatar,

claramente, que tal regra foi seguida. A elaboração dos quesitos teve como ponto de

partida os objetivos previamente estipulados no projeto de pesquisa aprovado,

mantendo-se, desta forma, uma total congruência entre esses objetivos e da

monografia e os quesitos dispostos no questionário que foi efetivamente aplicado.

Por derradeiro, cumpre observar que, de acordo com Lino Rampazzao (2009, p.

117), “depois de redigido, o questionário precisa ser testado antes de sua utilização

definitiva”. O questionário utilizado nesta monografia foi testado antes de sua efetiva

utilização. Para tanto, ele foi aplicado a três pessoas distintas, portadoras de

diferentes níveis de escolaridade – médio, superior, superior com especialização –

não sendo relatada por elas nenhuma dificuldade em responder às questões.

Considerou-se, assim, que os questionários encontravam-se aptos a serem

aplicados.

Problemas, mesmo que sem maiores repercussões, no que se refere aos

questionários, foram encontrados já na fase de sua aplicação, como se verá adiante.

4.8 POPULAÇÃO E AMOSTRA

A população objeto de estudo nesta monografia foi constituída, como já dito várias

vezes, pelos gestores de hospitais privados em Salvador.

Esta afirmação merece ser melhor analisada para que se compreenda, em sua

plenitude, qual o grupo estudado.

De início, cabe lembrar o que se entende aqui por gestor (ver Capítulo 3). A palavra

“gestor” está aqui utilizada em sentido bastante amplo, diferindo do entendimento

mais comum que se tem da mesma.

O mais comum e amplamente entendido é compreender o gestor como sendo o

ocupante de altos cargos hierárquicos de uma empresa ou instituição; assim, seria

gestor o presidente ou diretor de uma empresa, mas não os outros funcionários de

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escalão inferior. Este entendimento, frise-se, não é o utilizado nesta monografia.

Optou-se por ampliar a concepção do que se considera um gestor, abrangendo não

só integrantes do ápice da hierarquia hospitalar, mas também outros tipos de

profissionais que atuem na área administrativa, tais como: diretor médico, gerente de

marketing, gerente financeiro, dentre outros. O fundamental para ser considerado

gestor é que exerça uma atividade administrativa de decisão, mas também,

obrigatoriamente, tenha subordinados que lhe reportem diretamente.

Em suma, nesta monografia, consideraram-se, no papel de gestor, funcionários de

um hospital particular que exercessem atividade gerencial e que fossem,

obrigatoriamente, subordinados na cadeia hierárquica da instituição.

Sobre a amostra efetivamente utilizada, devido ao fato de o organograma

hierárquico variar em cada instituição, não foi possível estabelecer o número total de

gestores atualmente existente na rede de hospitais particulares em Salvador. Diante

disso, optou-se, seguindo orientação, por estipular uma quantidade de 30 (trinta)

questionários como número mínimo a ser alcançado para a viabilização da pesquisa.

Esse número mínimo foi atingido, alcançando 36 questionários respondidos.

A forma de aplicação dos questionários deu-se por duas vias. Uma primeira via,

presencial, com a aplicação, in loco, dos questionários e outra, eletrônica, com a

aplicação via internet dos mesmos.

Para a aplicação dos questionários de forma presencial, foi realizado o seguinte

procedimento:

Manteve-se um contato inicial, via telefone, com os estabelecimentos em que se

pretendia aplicar o referido instrumento de coleta; após esse contato, nas

instituições que se prontificaram a permitir o procedimento, partiu-se rumo às

mesmas, com os instrumentos de coleta: questionários impressos, pranchetas e

canetas. A aplicação foi realizada perante os gestores das instituições.

Das instituições contatadas, houve um percentual razoável de retorno, conforme se

vê na tabela seguinte.

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Tabela 02: Questionários aplicados in loco.

Hospitais N° questionários aplicados

Hospital Cárdiopulmonar 4

Hospital Cidade 2

Hospital da Bahia 8

Hospital Espanhol 4

Hospital Português 6

Hospital Santo Amaro 4

Total: 28

Fonte: As autoras.

Relevante frisar que, em todas as instituições onde foi aplicado o questionário,

encontrou-se ambiente receptivo para sua consecução, não havendo nada a relatar

que possa ser considerado como digno de reprovação no comportamento dos

atendentes que recepcionaram as pesquisadoras, bem como na conduta dos

respondentes durante o preenchimento.

Outra forma de aplicação dos questionários foi por meio virtual, através de correio

eletrônico. Neste procedimento, encaminhou-se e-mail para profissionais gestores

de hospitais, sem haver um direcionamento por instituição, mas sim por atividade.

Dito de outra forma, foi enviada mensagem eletrônica não para todos os gestores de

uma instituição, mas para gestores que forneceram seu endereço eletrônico às

pesquisadoras.

Ponto importante a destacar foi a baixa taxa de retorno dos questionários enviados

por via eletrônica, como se pode facilmente perceber na tabela seguinte.

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Tabela 03: Questionários enviados por correio eletrônico (e-mail)

Hospitais N° questionários

enviados

N° questionários

respondidos

Total

Hospital

Cárdiopulmonar

5 1 1

Hospital Cidade

4 2 2

Hospital da Bahia

5 0 0

Hospital Espanhol 5 1 1

Hospital Evangélico 1 0 0

Hospital Jorge

Valente

3 0 0

Hospital Português 8 2 2

Hospital Sagrada

Família

1 0 0

Hospital Salvador 4 0 0

Hospital Santa Izabel 6 1 1

Hospital Santo

Amaro

5 1 1

Hospital Tereza de

Lisieux

1 0 0

Hospital Santa Luzia 1 0 0

Total: 49 Total: 08

Fonte: As autoras

Cabe ainda enfatizar que, dos respondentes por meio eletrônico, duas pessoas

relataram problemas no preenchimento do questionário, não no que se refere ao

conteúdo das perguntas, mas foi mencionado que, ao preencherem as repostas

diretamente no questionário, através do computador, o mesmo (o questionário) se

“desconfigurava”, fato este que, conforme se constatou, realmente ocorre, estando

corretos os respondentes ao apontarem tal falha. Embora não tenha comprometido a

aplicação das questões, tal situação deverá ser resolvida caso a pesquisa ganhe

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novos desdobramentos em outro nível acadêmico.

]

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5 ANÁLISE DOS DADOS

Neste Capítulo, serão apresentados, de forma clara e direta, os dados obtidos a

partir da aplicação dos questionários, não apenas expondo os mesmos através de

gráficos, como também fazendo uma análise crítica dos resultados alcançados.

Essas análises se baseiam na interpretação feita pelas pesquisadoras, tendo como

fulcro buscar extrair informações que possam ir além da constatação superficial das

informações obtidas pela pesquisa. Dessa forma, procurou-se expor tais

informações com olhos críticos, fazendo, quando possível, comparação com outras

pesquisas no intuito de robustecer a força da análise empreendida.

5.1 SEXO

O primeiro dado a ser exposto e analisado diz respeito ao sexo dos gestores.

Encontrou uma distribuição entre os gêneros bastante assimétrica, conforme se

observa no gráfico abaixo.

Fonte: As autoras.

Como se pode notar, da amostra coletada houve uma prevalência marcante de

gestores do sexo feminino, o que, em um primeiro olhar, pode causar certa surpresa,

pois é sabido que, na maioria das empresas, nos cargos diretivos, há predominância

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de pessoas do sexo masculino. Porém, ao se observar mais criticamente a

informação, percebe-se que a mesma não é incongruente, e talvez seja até

esperada, ao levar-se em consideração o desenvolvimento do setor de saúde no

Brasil.

A presença feminina no setor hospitalar brasileiro é algo longínquo e constante na

história dos hospitais, conforme foi visto no Capítulo 2. As mulheres sempre

exerceram papel de destaque dentro da organização hospitalar no que tange ao

tratamento de doentes, através da atuação como enfermeiras. É lógico inferir que,

com o desenvolvimento dos hospitais e a necessidade de se promover um melhor

gerenciamento dos mesmos, as enfermeiras se apresentavam como uma ótima

opção para o preenchimento de cargos gerenciais, pois, já experientes e

conhecedoras do dia a dia hospitalar, prescindiam, assim, da necessidade de

ambientação perante suas peculiares características.

Esse entendimento torna-se ainda mais facilmente aceitável ao se comparar com

outro dado desta mesma pesquisa, que demonstrou a predominância da profissão

de enfermagem dentre os gestores pesquisados. (Ver item 5.10)

Importa observar que o questionamento proposto sobre o sexo dos gestores não

permite ilações sobre a existência ou não de formas discriminatórias no que tange a

outros aspectos, diga-se, correlatos ao sexo dos gerentes, como, por exemplo, a

discriminação por opção sexual, algo que não pôde ser constatado nas questões

aplicadas.

O que se pretendeu com o questionamento em análise foi tão somente quantificar a

divisão entre os sexos, no universo dos gestores pesquisados. A partir daí, contatou-

se a não incidência de discriminação ao gênero feminino, ao contrário, demonstrou-

se a preponderância de mulheres entre os gestores hospitalares pesquisados.

5.2 NACIONALIDADE

No que tange à nacionalidade dos pesquisados, encontrou-se a distribuição que

pode ser observada no gráfico a seguir:

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Fonte: As autoras.

Os dados contidos no gráfico acima demonstram que a nacionalidade amplamente

predominante é a de brasileiro nato. Isso não representa nenhuma novidade, uma

vez que é esperado que os nativos de um país sejam os mais empregados nos mais

diversos setores da atividade empresarial. Quando não ocorre essa situação e se

verifica predominância de estrangeiros em uma determinada atividade, o mais

comum a se pensar é que não haja um contingente de nativos que estejam

capacitados para exercer determinada função, o que não é a situação do setor de

saúde no Brasil, que dispõe de brasileiros aptos a trabalharem no ambiente

hospitalar.

Ademais, deve-se também lembrar que existe uma série de condicionantes legais

para o exercício de alguma profissão por parte de estrangeiros em solo nacional, o

que se apresenta com um desestímulo à contratação desses profissionais.

Registre-se ainda que não foi possível constatar a nacionalidade dos estrangeiros

que responderam ao questionamento, em virtude desse item não constar no

instrumento de pesquisa. Isso revelou uma limitação do mesmo, algo que deverá ser

corrigido caso queira-se dar prosseguimento a este estudo, incluindo-se, dentre os

quesitos, a possibilidade de identificar a nacionalidade dos estrangeiros, o que

tornará tal instrumento de pesquisa mais completo e detalhado.

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5.3 ESTADO CIVIL

O estado civil de uma pessoa diz respeito à sua condição legal perante o matrimônio

ou à sociedade conjugal. No que tange aos gestores de hospitais privados em

Salvador, a distribuição pode ser apresentada pelo seguinte gráfico:

Fonte: As autoras.

Este resultado foi razoavelmente esperado, pois o exercício de uma atividade

gerencial é algo complexo e que demanda responsabilidade, sendo assim, exige que

uma pessoa já tenha uma certa maturidade (ver Item seguinte), o que só é adquirido

com o tempo. Normalmente, tais pessoas estão ou já mantiveram uma relação

conjugal, o que torna o resultado encontrado bastante lógico e natural.

5.4 IDADE

Com base no gráfico a seguir, tem-se uma precisa ideia de como está constituído

etariamente o grupo dos gestores de hospitais em Salvador.

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Fonte: As autoras.

Analisando-se os dados expostos, um aspecto relevante pode ser observado, que é

a incidência maior de gestores com mais de 30 anos. Somando-se as duas faixas

etárias predominantes (entre 31 e 40 anos e entre 41 e 50 anos), obtém-se a cifra de

89% de gestores com mais de 30 anos. Esse número bastante expressivo

demonstra a necessidade de experiência como um dos fatores que caracterizam os

administradores dentro de uma entidade hospitalar.

Essa necessidade de experiência, evidenciada pela idade, tem como base dois

aspectos que devem ser enfatizados. O primeiro é a necessidade de qualificação de

tais profissionais, que, na maioria dos casos (ver itens 5.8 e 5.9), possuem níveis de

qualificação acadêmica considerável, o que exige tempo para ser alcançado. O

segundo aspecto, de natureza mais subjetiva, refere-se à experiência de forma mais

ampla, aquela que se obtém com o transcorrer do tempo e o exercício de uma

atividade. Um hospital, como dito várias vezes, é um ambiente muito complexo e

necessita de pessoas preparadas para o exercício de sua gestão. Isso requer a

seleção de pessoas preparadas tecnicamente e com, no mínimo, razoável vivência

em outras atividades para que possam ser erigidas a um cargo gerencial dentro

dessa intrincada organização, algo que só pode ser atingido depois de certo decurso

de tempo, o que justifica os dados sobre distribuição etária obtidos.

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5.5 COR OU RAÇA

Sobre o questionamento de cor ou raça dos gestores de hospitais particulares em

Salvador, foram coletados, como se vê no gráfico abaixo, os seguintes percentuais:

Fonte: As autoras.

Os números apresentam algumas informações que se podem reputar como normais,

mas outras, totalmente surpreendentes.

As informações que não representam nenhum grau de estranhamento dizem

respeito à ausência de pessoas que se declaram de raça ou cor amarela ou

indígena.

O fato de não se constatar a presença de nenhum indígena entre os pesquisados

está em consonância com a baixa porcentagem de representantes de tal etnia no

Brasil. Somando-se a isso, existe uma quantidade ainda menor de silvícolas que

vivem conforme as suas tradições e não estão inseridos, ou aculturados, dentro dos

padrões sociais brasileiros. Logo, é muito raro encontrar indígenas em cargos ou

função de destaque na área empresarial, o que também se constatou no setor dos

hospitais particulares em Salvador.

Outro dado que também não causa surpresa é ausência da cor ou raça amarela

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entre os entrevistados. Normalmente, quem se declara nessa etnia, é descendente

de orientais.

A comunidade oriental no Estado da Bahia é muito reduzida se comparada com

outros Estados da Federação, como, por exemplo, a enorme comunidade oriental no

Estado de São Paulo. Assim, mesmo havendo a presença de orientais na Bahia, a

taxa é bastante diminuta, o que explica não haver representantes da raça amarela

entre os gestores de hospitais em Salvador.

O ponto que realmente causa grande estupefação entre os dados analisados é a

ausência de indivíduos que se declarem de cor ou raça preta, entre os gestores que

responderam à pesquisa.

Tal dado já seria significativo em qualquer lugar do País, pois, como observa o

Censo 2000 3, 6.2% dos brasileiros se declaram pretos4.

Devem-se destacar, entretanto, as limitações da amostra pesquisada, pois o número

de 36 questionários aplicados não permite fazer uma afirmação peremptória a

respeito da existência ou não de elementos excludentes na escolha dos gestores de

hospitais privados em Salvador. Mas permitem, sim, pelo absolutismo dos dados

(0% de pretos), pelo menos, supor que há indícios que apontam para práticas

discriminatórias em relação à cor dentro das organizações privadas de saúde em

Salvador, indícios que poderão ser comprovados ou refutados com a ampliação da

pesquisa, aumentando-se o número da amostra e a confiabilidade dos dados.

5.6 DEFICIÊNCIA

Fez parte também do questionário a pergunta, aos gestores, sobre o fato de possuir

necessidades especiais – deficiência física ou motora – chegando-se aos seguintes

dados:

3 Até a presente data (janeiro de 2011) o Censo 2010 só divulgou os dados referentes á população, por isso, sobre raça, utiliza-se os dados do Censo 2000. 4 As expressões “preta”, “preto” são usadas aqui sem nenhum sentido depreciativo, apenas para manter uma equivalência com a expressão utilizada no Censo, podendo-se, desta forma, fazer uma comparação completamente paritária com os dados censitários.

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Fonte: As Autoras

É por demais evidente, ao se observar o gráfico acima, o extremismo dos dados

obtidos, haja posto não haver, entre os gestores pesquisados, nenhum que seja

portador de deficiência.

É inegável que, nos últimos tempos, políticas de inclusão garantiram uma maior

inserção dos deficientes no mercado de trabalho, inclusive através de normas legais,

como a Lei 8.213/91 que estipula, no seu art. 93, ser obrigatória a contratação de

pessoas portadoras de deficiência, no percentual de 2% em empresas com até 200

empregados. Com aumento do número de empregados, o percentual também sobe.

Tal como no caso da cor ou etnia, já tratado linhas atrás, também aqui se devem

ressaltar as limitações da amostra analisada, necessitando-se de outras pesquisas

que confirmem os dados coletados, se os mesmos representam a presença de

práticas discriminatórias para com os deficientes, ou se esta não incidência reflete

apenas o pouco número de pessoas com deficiências qualificadas para exercer

cargos de gestão dentro dos hospitais.

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5.7 LÍNGUA ESTRANGEIRA

No que se refere ao conhecimento de língua estrangeira, dois conjuntos de dados

foram obtidos. O primeiro diz respeito ao domínio de alguma língua estrangeira entre

os gestores pesquisados, conforme se observa no gráfico abaixo:

Fonte: As autoras.

Com base no gráfico, percebe-se que a maioria dos gestores pesquisados tem

conhecimento de alguma língua estrangeira, o que denota preocupação em se

aperfeiçoarem. Sem dúvida, esse aprendizado agrega valor ao currículo de todo

profissional, principalmente ao dos gestores hospitalares. O conhecimento de outro

idioma é uma tendência cada vez maior no mundo corporativo, valorizando o

indivíduo, pois sempre surgem novas oportunidades para quem possui facilidade em

se expressar em outro idioma. No caso específico dos gestores hospitalares, essa

importância cresce, pois, amiúde, eles têm que trocar informações ou contatar

fornecedores de outros países.

O segundo grupo de informações sobre língua estrangeira refere-se aos idiomas

mais falados entre os gerentes de hospitais em Salvador, e estão representados no

gráfico que segue:

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Fonte: As autoras.

Não se constatam maiores surpresas nos dados, pois, como era de se esperar, o

inglês demonstrou ser amplamente o idioma mais falado dentro do grupo

pesquisado. Somados, os grupos que falam inglês (apenas inglês ou inglês e outra

língua) totalizam o número de 93%, demonstrando a completa preponderância do

idioma sobre os demais. Tal fato se explica plenamente por ser o inglês a mais

importante língua do mundo contemporâneo. Embora não seja o idioma com maior

número de falante, ele é, sem dúvida, o de maior ascendência no mundo É a língua

franca do mundo corporativo e a mais usada nos meios virtuais, por isso

compreende-se por que os dirigentes de hospitais buscam aprendê-la: vai permitir

maior inserção dentro de um mercado de trabalho cada vez mais exigente e

concorrido.

Convém uma rápida análise sobre a quantidade de falantes do idioma espanhol

dentre os pesquisados. Somando-se todos (apenas espanhol e espanhol e outra

língua), atinge-se o total de 15%, número que pode ser considerado pequeno, pois é

notória a expansão do espanhol como segunda língua em todo o mundo. Além

disso, não se pode esquecer o destaque que esta língua vem obtendo no Brasil,

principalmente após o advento do Mercado Comum do Cone Sul (Mercosul), que,

além do Brasil, é constituído pela Argentina, Uruguai e Paraguai, países falantes do

espanhol que mantêm fortes laços comerciais e culturais com o País.

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5.8 FORMAÇÃO BÁSICA

O conhecimento de uma língua estrangeira é importante diferencial para um gestor,

mas, para alcançar tal nível dentro de uma organização hospitalar, o mais comum é

galgar etapas até a ascensão ao posto. Para tanto, é indispensável ter os requisitos

básicos no que se refere a um ensino formal de educação. Dentre os gerentes

pesquisados, encontrou-se o seguinte quadro atinente à formação básica:

Fonte: As autoras.

A grande maioria dos pesquisados possui nível superior, o que confirma uma

tendência do mundo corporativo atual.

Considera-se que, em regra, quanto maior o nível de instrução formal de uma

pessoa, mais ela estará capacitada a exercer atividades complexas, principalmente

aquelas que exijam um grau de raciocínio e abstração mais elevados.

Através dos questionários, pôde-se também observar como estão distribuídas as

profissões, dentre o grupo de gestores com nível superior, o que pode ser visto no

seguinte gráfico:

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Fonte: As autoras.

Informações importantes podem ser extraídas deste gráfico.

Não causa surpresa o amplo domínio da profissão de enfermeiro entre os gestores

pesquisados. Como já dito algures, o enfermeiro, ou melhor, a enfermeira (ver

Capítulo 2) sempre foi um elemento presente e importante nos hospitais do País,

assim, nada mais natural que tais profissionais, conhecedores do cotidiano

hospitalar, possam ascender a cargos de gestão, com destaque para aqueles

afeitos, direta ou indiretamente, para práticas de atos hospitalares.

Também cabe notar, agora apresentando certo estranhamento, a mínima

quantidade de administradores5 (6%) dentre os pesquisados.

Seria de se esperar que as organizações hospitalares recepcionassem um número

significativo desses profissionais, não só pelas grandes redes de hospitais existentes

em Salvador, como pela enorme complexidade de suas atividades, a necessitar de

um profissional capacitado, como o administrador, para exercer funções gerenciais

dentro do hospital. Isso, porém, não foi encontrado entre os gestores de hospitais

particulares em Salvador, podendo tal fato ser justificado pela grande quantidade de

gestores que exercem suas atividades em setores voltados ao atendimento direto ao

paciente (ver item 5.13). Por isso, tal dado deve ser confirmado por pesquisa ulterior, 5 Aqui, a palavra “administradores” está empregada em um sentido mais estrito, a designar pessoas que possuem o nível superior em Administração de Empresas.

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que traga um maior número de gestores hospitalares que trabalhem em setores

outros que não os de atendimento aos pacientes.

Não se pode deixar de enfatizar outra informação significativa que se obteve

analisando-se o gráfico, que é a completa (0%) falta de profissionais com formação

em Medicina entre os dirigentes pesquisados.

Bem, como o enfermeiro, o médico é um ente fundamental dentro de uma instituição

de saúde, gozando mesmo de maior prestígio e reconhecimento se comparado a

todos os outros profissionais da área de saúde que laboram dentro de um hospital.

Assim, era razoável supor que houvesse a presença de médicos entre os

gerenciadores de hospitais da rede privada em Salvador. Isso talvez possa ser

explicado em virtude, como já apontado, da maior incidência de profissionais

voltados para o gerenciamento de práticas ligadas à enfermagem.

Em síntese, sobre a formação básica dos gestores, pode-se afirmar que a ampla

maioria possui nível superior, havendo, dentre esses, uma clara preponderância da

figura do enfermeiro.

5.9 PÓS-GRADUAÇÃO

Em um quadro de enorme dificuldade para conseguir se posicionar dentro de um

mercado de trabalho cada vez mais competitivo, ter a graduação (nível superior) já

não é uma garantia de obtenção dos melhores empregos, levando o trabalhador a

buscar algo mais, como uma forma de se diferenciar e garantir um bom posto de

trabalho, o que também ocorre no segmento dos gestores de hospitais privados em

Salvador, consoante o gráfico a seguir:

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Fonte: As autoras.

O número de gestores com pós-graduação é muito significativo, o que demonstra a

preocupação em se aperfeiçoarem.

Caso esta pesquisa ganhe desdobramentos, ou outros pesquisadores venham a

abordar o mesmo tema, sugere-se aqui que duas perguntas sejam acrescidas a este

tópico: se a pós-graduação foi uma condição imposta pelo hospital para a

contratação e se a pós-graduação foi financiada pela instituição empregadora? Com

a adição dessas duas perguntas, seria obtida uma informação mais detalhada, que

demonstraria o grau de incentivo existente no ambiente hospitalar para que seus

gestores se aperfeiçoem.

Seja como for, o fato é que os gestores pesquisados se configuram como um grupo

bastante qualificado academicamente, possuindo diferentes tipos de pós-graduação,

como pode ser observado neste gráfico:

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Fonte: As autoras.

O gráfico acima demonstra claramente que, no grupo pesquisado, o tipo de pós-

graduação mais realizado é a “Especialização”, a qual, no Brasil, está no rol da

denominada pós-graduação Lato Sensu. (CARNEIRO, 2003, p. 126)

Percebe-se, também, a presença significativa de gerentes que realizaram outro tipo

de pós-graduação Lato Sensu, que é o Master Business Administration (MBA), um

tipo de pós-graduação voltado para o gerenciamento de negócios nas mais diversas

áreas.

Por fim, constatou-se uma diminuta presença de dirigentes que fizeram pós-

graduação Stricto Sensu, Mestrado (6%) e Doutorado (0%). Esse fato pode ser

explicado por tais pós-graduações estarem voltadas para a formação de acadêmicos

(ensino e pesquisa na universidade), além de exigirem um tempo maior para a sua

realização.

Os gestores, em sua maioria, parecem estar mais preocupados em se aperfeiçoar

sobre aspectos mais técnicos de suas profissões, bem como realizar um curso de

pós-graduação menos demorado, características encontradas tanto na

Especialização como no MBA, o que torna a preponderância, na pesquisa, de tais

tipos de pós-graduação algo lógico e justificável.

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5.10 PARTICIPAÇÃO EM EVENTOS

Tratando-se ainda sobre o processo de constante aperfeiçoamento dos gerentes

analisados, foi-lhes inquirido se participam de eventos na área de gestão hospitalar.

Com base em suas respostas, construiu-se o seguinte gráfico:

Fonte: As autoras.

Confirmando a tendência vista no item acima, nota-se uma clara busca, por parte

dos gestores, de conhecimentos que possam melhorar o seu desempenho. Neste

caso, trata-se de se manterem atualizados com as novas tendências do mundo

corporativo em saúde.

5.11 PUBLICAÇÕES

Último ponto afeito para compreender sobre como se dá o processo de preparação

intelectual dos administradores em estudo, refere-se à questão de saber se os

mesmos têm acesso a publicações na área de gestão hospitalar, questão que foi

respondida da seguinte forma:

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Fonte: As autoras.

O completo absolutismo alcançado na pergunta é um ótimo sinal a corroborar a

afirmação de que é inegável a busca por qualificação entre o grupo dos gestores

pesquisados. Entretanto, a informação, embora importante, ficou incompleta,

devendo, assim, em outra oportunidade, ser corrigida tal falha.

A incompletude das informações prende-se ao fato de ter-se alcançado a

compreensão de que os gestores têm acesso a publicações, mas não foi possível

saber quais tipos delas lhes são acessíveis. Se eles buscam o aperfeiçoamento

através de livros da área ou se por publicações periódicas (revistas científicas), ou,

ainda, se pelas duas formas, não se pôde saber, pois não foi perguntado, como

também não se perguntou sobre por qual tipo de meio eles (os gestores) se valem

para ter contato com tais publicações, se por forma tradicional (impressa) ou se por

via digital.

Em virtude dessas considerações, embora tenha se alcançado uma informação útil

para se compreender o grau de aperfeiçoamento dos gestores, caso seja possível,

em outra oportunidade, o questionamento que deu origem ao gráfico em estudo

deverá ser ampliado, incorporando-se os pontos importantes expostos acima.

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5.12 VÍNCULO EMPREGATÍCIO

Partindo-se agora para se compreender questões mais diretamente relacionadas à

maneira como o gestor está ligado à empresa de saúde em que labora,

foi questionado o vínculo empregatício do mesmo, cuja reposta pode ser visualizada

no gráfico que segue:

Fonte: As autoras.

São dois os pontos principais a se estudar na visualização dos dados expostos no

gráfico.

O primeiro ponto é o avassalador (83%) número de gestores que possuem vínculo

empregatício tradicional (CLT), o que é algo interessante, posto que seria

compreensivo esperar uma maior incidência de terceirizados, em virtude desta forma

de contratação ensejar menores custos fixos para o empregador. É provável que

este dado se justifique pela grande quantidade de gestores que exercem suas

atividades no setor de enfermagem (Ver item 5.13 adiante).

Segundo ponto merecedor de ênfase é a total falta de sócios na amostra coletada.

Também aqui, este dado é explicável ao se observar a pouquíssima quantidade de

gerentes de maior escalão (Item 5.13) dentro da amostra.

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Com relação ainda a vínculo empregatício, perguntou-se se os gestores exerciam

“dupla jornada”, ou seja, se eles também possuíam vínculo empregatício com outras

instituições além daquelas em que são gerentes, obtendo-se as seguintes respostas:

Fonte: As autoras.

A grande maioria dos gestores não possui vínculo com outras instituições. Tal fato

pode ser explicado, levando-se em consideração a complexidade inerente a uma

função gerencial, ainda mais dentro de um ambiente hospitalar, com todas suas

múltiplas ocorrências. Tanto isso é verdade que, como será visto adiante, existe uma

aproximação entre o gráfico em estudo e os dados obtidos sobre a grande

quantidade de horas trabalhadas pelos gestores (item 5.16).

5.13 FUNÇÃO EXERCIDA

Dentro do grupo em estudo, como já ventilado, encontrou-se uma maior incidência

de gestores que exercem suas funções vinculadas à área de enfermagem dentro do

hospital. Sobre o tema, veja-se o gráfico a seguir:

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Fonte: As autoras

É possível ver, de forma clara, que serviços de gestão no setor de enfermagem

representam o maior número das funções gerenciais exercidas, o que está em

consonância lógica com as profissões exercidas, mas não em uma proporção

totalmente simétrica; se nas profissões, 59% (Item 5.8) são enfermeiros, aqui

apenas 20% exercem o gerenciamento no setor de enfermagem. Esta comparação

demonstra que enfermeiros são também aproveitados dentro dos hospitais para

executarem funções gerenciais não diretamente relacionadas com a sua qualificação

básica.

Muito provavelmente, esses enfermeiros estejam sendo aproveitados no exercício

da outra função gerencial mais citada, que foi a de coordenador (15%), em virtude,

de sob esta rubrica, está albergada uma série de atividades que não puderam, a

partir do questionário, ser delimitadas. Estão, assim, a ser exercidas por diversos

profissionais, em que o enfermeiro se afigura com o principal deles, pela sua maior

quantidade na amostra pesquisada, bem como pelo fato de eles (os enfermeiros)

não terem se encaixado totalmente nos setores gerenciais ligados à prática de

enfermagem.

Outra comparação possível é entre a formação básica de administrador (nível

superior em Administração de Empresas) e a função de administrador exercida,

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onde se encontra um paralelismo perfeito entre os dados: em ambos (Ver item 5.8),

6% representam a quantidade de administradores (formação básica) e de gestores

que trabalham no setor administrativo.

Não causa surpresa a total falta de diretores médicos na amostra, pois, com já visto,

não foi detectado nenhum médico entre os gestores (Item 5.8) e por esta ser uma

função técnica exclusiva para tais profissionais, resta explicada também sua

ausência entre as funções gerenciais encontradas.

5.14 NÚMERO DE SUBORDINADOS

Um informação importante para se avaliar qual o grau de complexidade da função

gerencial executada é o número de pessoas que estão diretamente subordinadas a

um gestor. Com base nos questionários aplicados, chegou-se aos seguintes

números:

Fonte: As autoras.

Uma distribuição bastante equitativa é o que se pode observar no gráfico acima. Não

houve uma predominância nos dados encontrados de nenhuma faixa de número de

subordinados.

Todavia, somando-se todas as faixas com até 40 subordinados, atinge-se a cifra de

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78%, o que demonstra que, entre os pesquisados, é possível afirmar que eles

gerenciam um número pequeno ou médio de pessoas, e que apenas uma minoria

(22%) gerencia um número que pode ser considerado grande de subordinados.

5.15 SOFTWARE

Também se perguntou para os gestores se eles se valiam do uso de programas de

computador (softwares) para auxiliar em sua atividade. As respostas obtidas foram

as seguintes:

Fonte: As autoras.

A não utilização de softwares de gerenciamento pela maioria (67%) dos gestores

pesquisados causa certa surpresa.

Como demonstrado, a grande maioria dos gestores busca se qualificar e também

empreender esforços para se manter atualizada. Diante disso, seria algo natural que

tais gerentes também buscassem auxílio nos modernos programas de

gerenciamento disponíveis.

A informática e os softwares de gerenciamento, de forma mais específica,

possibilitam uma grande otimização dos serviços administrativos em qualquer setor

empresarial, e na área hospitalar não é diferente. Existem programas de alta

qualidade voltados para o gerenciamento de rotinas e práticas empresariais que

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podem ser utilizados de maneira a agregar maior eficiência e eficácia dentro de um

hospital.

Enfocando-se diretamente o grupo de gestores que utilizam programas de

gerenciamento, encontraram-se os seguintes programas usados:

Fonte: As autoras.

Nenhum dos programas citados acima é de comercialização franca, ou seja, estão

disponíveis para compra por qualquer usuário, sendo especialmente desenvolvidos

para uma empresa específica.

5.16 HORAS TRABALHADAS E DESGASTE DA FUNÇÃO

Dois aspectos sobre os gestores pesquisados serão apresentados simultaneamente,

por acreditar-se estarem bastante relacionados entre si.

O primeiro deles diz respeito à quantidade de horas semanais trabalhadas pelos

gestores, que, conforme respostas obtidas, são as seguintes:

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Fonte: As autoras.

É realmente impressionante o número de gestores (78%) que trabalham mais de 40

horas por semana. Esta é, indiscutivelmente, uma carga horária bastante alta, haja

vista que, conforme disposição da Constituição Federal, no 7°, XIII e do art. 58 da

Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT), a quantidade padrão de trabalho deve ser

de 40 horas semanais. O grande número de horas trabalhadas explica, em parte,

outra informação obtida com a pesquisa, que se refere a como os gestores

consideram sua atividade no que diz respeito ao desgaste imposto pela mesma.

Indagados se a função por eles exercida era desgastante, os gestores responderam

da seguinte forma:

Fonte: As autoras.

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Um número pequeno (17%) dos gestores considerou que sua função não é

desgastante, a maioria considerou que era desgastante ou, pelo menos,

desgastante em parte.

Essa percepção dos gestores pode ser justificada com dois argumentos básicos. Um

primeiro, ao se comparar com a carga horária exercida, pois é compreensivo que

pessoas que laborem durante uma grande quantidade de horas considerarem tal

atividade desgastante.

Ademais, outro ponto a justificar o desgaste da função está ligado diretamente à

complexidade dos serviços de saúde, área em que, na grande maioria dos casos, o

gestor tem que tomar decisões que não percam de vista as especificidades da

atuação gerencial na saúde (Ver Capítulo 3).

5.17 SATISFAÇÃO

O último ponto dentre as informações provenientes desta pesquisa refere-se a

quanto os administradores estão satisfeitos com a sua prática gerencial perante as

instituições de saúde em que trabalham. Como reposta a esta questão, chegou-se

aos seguintes dados:

Fonte: As autoras.

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Algo interessante a se ver no gráfico anterior é que, somando-se os dirigentes que

se consideraram totalmente satisfeitos ou apenas satisfeitos com a sua prática

gerencial, atinge-se a expressiva cifra de 73% de satisfação com suas atividades.

Ganha este número maior destaque se comparado aos números do item anterior

que, como visto, delineia ser para a maioria (83%) (Ver gráfico do item anterior)

desgastante ou parcialmente desgastante a função exercida.

Mesmo considerando suas funções desgastantes, a maioria também está satisfeita

com o seu exercício. Isso é um sinal que demonstra que, mesmo com grandes

responsabilidades e horas trabalhadas, os gestores estão satisfeitos com o ambiente

de trabalho em que executam suas atividades.

Ao final deste Capítulo, espera-se ter conseguido demonstrar, em toda a sua

complexidade, como está constituído, social e profissionalmente, o grupo dos

gestores de hospitais privados em Salvador.

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6 CONCLUSÃO

De acordo com o que foi visto no Capítulo precedente, os gestores de hospitais

particulares em Salvador estão constituídos, social e profissionalmente, de forma às

vezes previsível, mas também apresentando características que não eram as

esperadas, de acordo com uma compreensão padrão e superficial.

Uma compressão padrão, que foi confirmada nesta pesquisa, é a forte presença

feminina dentre os gestores, em consonância com toda uma história de atuação de

mulheres no ambiente hospitalar.

Já algo não esperado e que foi aqui encontrado diz respeito à distribuição étnica no

grupo pesquisado, que encontrou fortes indícios de práticas discriminatórias na

escolha dos gestores de hospitais privados em Salvador.

Os dois exemplos acima são apenas alguns dos pontos que esta monografia trouxe

como dados novos para a compreensão do tema aqui estudado.

Torna-se relevante, ainda, destacar que grande parte dos profissionais da área de

saúde que hoje se encontram em cargos de gestão está procurando

aperfeiçoamento nessa área através de curso de especialização Lato Sensu, pois

acreditam que é de grande importância para que haja melhorias em sua gestão.

Portanto, os hospitais modernos deixam de ser geridos apenas por profissionais de

saúde e passam a ser administrados por pessoas que buscam um aperfeiçoamento

administrativo e que têm capacidade para estar em tal função.

O mais importante é que, a partir deste estudo, têm-se informações confiáveis,

lastreadas em bases científicas, sobre as características do grupo aqui pesquisado e

que agora pode ser entendido sob múltiplos aspectos, que demonstram, em toda

sua especificidade, como se constituem, social e profissionalmente, os gestores de

hospitais particulares em Salvador.

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ANEXOS