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Katja Pantzar / SEGREDO レNLANDテS PARA ENCONTRAR A FELICIDADE Tradução de Soraia Martins

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Katja Pantzar

Tradução de Soraia Martins

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[email protected]/marcadoreditorainstagram.com/marcador_editora

© 2018Direitos reservados para Marcador Editora,uma empresa Editorial PresençaEstrada das Palmeiras, 59Queluz de Baixo2730-132 Barcarena

Copyright © by Katja Pantzar, 2018Edição original publicada na Grã-Bretanha em 2018 pela editora Hodder & Stoughton.Edição portuguesa publicada por acordo com Katja Pantzar e Elina Ahlback Literary Agency, Helsínquia, Finlândia.Nenhuma parte deste livro pode ser utilizada ou reproduzida sob qualquer forma sem permissão por escrito do proprietário legal.

Título original: Finding SisuAutora: Katja PantzarTradução: Soraia MartinsRevisão: Sérgio Fernandes/Editorial PresençaPaginação: Maria João GomesCapa: Vera Espinha/Editorial PresençaImagens da capa: ShutterstockLettering da capa © Mareike EngelkeIlustrações no interior: © Mareike Engelke, www.auserlesen-ausgezeichnet.de; edição original publicada por Bastei Luebbe, Colónia, 2018

Depósito legal n.º 438 972/18

1.a edição, Lisboa, maio, 2018

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Índice

Introdução .................................................................................... 11

1. Ser nórdico: mergulhar num estilo de vida novo e revigorante ............................................. 19

2. Em busca de sisu: cultivar um mindset sisu ................... 39

3. Cura da água gelada: poderão os sintomas dedepressão, stresse e fadiga ser aliviados com umasbraçadas no inverno? ...................................................... 51

4. A alma da sauna: suar por uma saúde melhor ............... 67

5. Terapia natural: os benefícios de passear na floresta ...... 79

6. A dieta nórdica: uma abordagem simples e sensataà boa saúde e perda de peso ......................................... 97

7. Um começo saudável: cultivar sisu desde tenra idade ...... 1138. Pedalar até à felicidade — e à saúde ............................. 131

9. Os benefícios do movimento como medicação(e exercício acidental) ..................................................... 147

10. Minimalismo nórdico: criar um estilo de vidamais simples e sustentável .............................................. 167

Conclusão: encontrar o seu sisu .................................................. 183

Epílogo ......................................................................................... 189

Apêndices .................................................................................... 193

Agradecimentos .......................................................................... 197

Referências ................................................................................... 199

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Introdução

Ccom roupões felpudos percorrem uma rua de Helsínquia numa noite escura de novembro. O ar silencioso e regenerador enche-

-se com o som das suas gargalhadas tempestuosas e o crepitar da neve sob os chinelos.

Para os residentes locais, este não é um cenário incomum. Para uma recém-chegada, porém, é uma visão surpreendente, particularmente tendo em conta o pano de fundo urbano de uma capital.

Passam a toda a velocidade pelos elegantes blocos de aparta-mentos seculares e dirigem-se à água. Numa pequena ilha a poucos passos da baixa de Helsínquia, do palácio presidencial e das lojas lu-xuosas que se alinham no Parque Esplanadi, estes três jovens correm em direção à doca mais próxima de onde irão nadar.

Durante o tempo que tenho vivido aqui no norte longínquo, ouvi falar de natação no inverno ou no gelo, a prática de mergulhar em águas geladas em busca dos alegados benefícios para a saúde, que vão desde reforçar a imunidade até reduzir fadiga e stresse.

Por mais absurda que a ideia de mergulhar voluntariamente para o mar Báltico pareça, decidi nesse momento que deveria tentar fazê--lo uma vez, pelo menos, já que aqueles jovens exalam uma energia alegre e uma resistência que parece estar intrinsecamente ligada a este passatempo.

Para minha grande surpresa, quando, alguns anos mais tarde,

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a minha vida. Ao proporcionarem-me, ao longo do tempo, um remé-dio natural para os períodos de depressão implacável de que sofro desde a infância, os meus mergulhos gelados, juntamente com ou-tros elementos do estilo de vida nórdico, ajudaram-me a encontrar o meu sisu -verança face à adversidade. Esta coragem especial equipa-me com ferramentas para dar a volta ao meu bem-estar e para criar um estilo

primeira vez.À medida que vou explorando o conceito de sisu, a minha via-

e jornalista, sinto-me profundamente interessada no que faz mover as pessoas e curiosa em relação à forma como tomam conta da sua saúde e bem-estar. Porque é que algumas pessoas parecem prospe-rar perante todas as adversidades que encontram, enquanto outras sofrem injustiças constantes? De um ponto de vista pessoal, como alguém que tem batalhado contra a depressão e a ansiedade, sinto que esta cultura única de resiliência transformá-lo numa pessoa que se sente melhor e mais forte física e mentalmente, ao invés de ser alguém mais fraco, mais passivo e com receio de experimentar coisas novas.

Avançamos para 2017 e estou precisamente na doca de madeira que se estende até ao mar Báltico, o mesmo lugar aonde aqueles jo-vens se dirigiam há tantas noites escuras.

Apesar de o termómetro rondar os 10 ºC negativos, tenho o meu fato de banho vestido, um gorro de lã e chinelos de neopreno (uma espécie de borracha sintética) e luvas.

À medida que vou descendo a escada que me leva a um buraco de cerca de três por três metros cortado no gelo, consigo ver as luzes da cidade ao longe como ornamentos do breu noturno.

Quando entro na água, sou atingida por um choque térmico de cerca de 1 ºC. Nas primeiras braçadas, é como se centenas de agu-lhas me estivessem a espetar o corpo.

As picadas são rapidamente substituídas por um sentimento de euforia: «Estou viva!» Depois de um banho revigorante de cerca de 30 segundos, paro por um instante no fundo da escada, imersa até ao pescoço na água pungente, antes de subir até à doca.

Neste momento, já me considero uma nadadora de inverno regular. Muitas vezes, dou um mergulho rápido a ir ou a voltar do

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saudáveis, defendo. De acordo com especialistas, um mergulho de 30 segundos a um minuto tem muitos dos mesmos benefícios para a saúde que subir e descer escadas durante 15 ou 20 minutos. A minha cura de água gelada também estimula as hormonas que estão ligadas

oxitocina. Esta prática é conhecida, também, por melhorar a resistên-cia do sistema imunitário, melhorar a circulação, queimar calorias e reduzir o stresse.

Enquanto caminho em direção ao prédio virado para a água onde se encontram as saunas, chuveiros e balneários para homens e mulhe-

Em vez disso, sinto uma pedrada natural que me dá um formigueiro pelo corpo todo, seguido de uma enchente de calor e uma onda de energia que me faz sentir quase invencível.

A natação de inverno tem-me ajudado a explorar um poço bem fundo de força e resiliência que desconhecia ter. A minha versão insegura, cansada, quero-tapar-me-com-o-cobertor desapareceu. Onde outrora reinava a fraqueza, descobri o meu sentido de sisu, o poder psicológico que me permite retomar o controlo mesmo quan-

Os meus companheiros de águas geladas partilham o inacredi-

o mergulho: sou cumprimentada por pessoas exuberantes e sorriden-

vangloriarem-se sobre como se sentem bem.

por excelência, a sauna.Depois de despir o fato de banho, o gorro, as luvas e os chinelos,

enxaguo o corpo no chuveiro antes de entrar na sauna para mulheres, onde retiro água de um balde com uma concha para as pedras em brasa. Sento-me em meditação silenciosa e gozo o calor do vapor quente durante uns segundos, antes de meter conversa com as outras mulheres sentadas nos bancos de madeira.

Se alguém me dissesse há dez, ou até cinco, anos que a minha noite ideal envolveria mergulhar em água gelada, ter-me-ia rido às gargalhadas.

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A minha vida em Toronto não tinha, nem de longe, tanto contacto com a natureza e não incluía cuidado comigo mesma. As minhas noi-tes de quinta-feira eram compostas por pouco do que pode eventual-mente estar relacionado com bem-estar. Uma noite típica alimentada a cocktails com os meus colegas dos media incluía paragens em bares e discotecas exclusivas para membros. Na maioria das vezes, antes disso acontecia vermos uma ou outra celebridade numa apresentação ou evento de imprensa: uma vez partilhei uma boleia com o ator Chris Noth, mais conhecido na altura pela interpretação de Mr. Big na incri-velmente popular série Sex and the City. Numa outra ocasião, sentei--me ao lado de David Schwimmer (o Ross da famosa série Friends), enquanto admirava o facto de a atriz Minnie Driver, que também estava na mesma festa, ser tão pequena na vida real.

Apesar de ser fã de SATC e de Friends, a noção de que houve uma altura em que eu media o sucesso de uma noite pelo número de bebidas emborcadas e de VIP encontrados parece parte de uma outra vida.

No entanto, a obsessão por uma cultura de celebridades fazia parte de todos os aspetos da vida naquela altura. Para alguém que cresceu na América do Norte, era absolutamente normal — protocolo, de facto — que a maioria das pessoas que conhecia estivesse numa demanda eterna pela poção mágica de aperfeiçoamento pessoal, normalmente sob a forma de uma nova dieta dispendiosa e compli-

forma, parecer e sentir-se mais bonito e trabalhar de maneira mais

para que pudéssemos ser iguais às estrelas, ainda melhor. Naquela altura, partilhava a angústia coletiva que muitos dos meus

amigos norte-americanos sentiam: achava que nunca estava magra o

parte dos meus problemas poderiam ser resolvidos se conseguisse, de alguma forma, atingir magicamente estes três patamares.

Partilhava, também, outro tipo de ansiedade que me deixava vastamente envergonhada, pois interpretava-o erroneamente como um sinal de fraqueza, quando recebi o diagnóstico pela primeira vez aos 20 e poucos anos de idade: depressão.

Primeiro, marquei uma consulta no médico, convencida de que tinha um distúrbio grave e potencialmente fatal ou algum tipo de

não tinha apetite, sentia-me indiferente, exausta o tempo todo, mas

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sem conseguir dormir, e nenhuma das coisas que dantes me trazia alegria parecia importar.

Enquanto falava com a compreensiva médica, que passou uma bateria de exames e perguntou o que se passava mais na minha vida, comecei a chorar. Contei-lhe, enquanto me esvaía em lágrimas, que

sensação de falhanço.Esse sentimento de desilusão profunda instigou uma espiral des-

cendente e comecei a olhar para outros aspetos da minha vida de uma perspetiva de inépcia semelhante. Mais ou menos na mesma altura, um amigo da família faleceu após uma longa batalha contra o cancro. A sua morte afetou-me de uma maneira que não conseguia explicar totalmente no momento.

Mais tarde, descobri que um acontecimento traumatizante ou

de um ente querido, pode precipitar um episódio depressivo. Se vá-rios fatores desencadeadores acontecerem num intervalo de tempo curto, o risco aumenta. Pode acontecer a qualquer pessoa.

Também sei agora que a depressão é extremamente comum — a Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que 300 milhões de pessoas em todo o mundo sofrem desta doença —, mas não com-

-les terríveis momentos depressivos que me deixavam incapacitada e a sentir-me tão extremamente em baixo, como se tivesse sido des-ligada deste momento e todas as células do meu corpo doessem, em vez de alívio, senti vergonha. Já sofria destes episódios sombrios desde a infância, mas nunca tinham sido tão paralisantes como este episódio terrível.

-tico, estava a viver em Vancouver, a tão aclamada cidade canadiana na costa oeste, onde cresci numa família da classe média. Estava a arrendar o meu primeiro apartamento, o meu empréstimo de estudante estava pago, trabalhava como editora e a minha vida social estava repleta de amigos.

Faltava-me pouco, mas sentia-me completamente sozinha por dentro.

Crescer numa cultura de conveniência e consumismo nos anos 80 e 90 fez-me procurar realização nos sítios errados e, muitas vezes, colocava-a no mesmo nível que fatores externos, como aparência e bens materiais, como roupas e acessórios caros ou casas luxuosas.

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DICAS DA DIETA NÓRDICA

• Mantenha as coisas simples: pense no modelo alimentar do prato e faça refeições com ½ de vegetais — salada ou vegetais salteados —, ¼ de batatas, arroz, massa ou cereais, e ¼ de proteína, como peixe, carne de aves, carne, leguminosas, frutos secos e sementes.

• Quando estiver a escolher alimentos na mercearia, olhe

vegetais e fruta? Um método muito usado é pensar num arco-íris: vê uma grande variedade de cores na sua seleção de vegetais e fruta?

• Adicione frutos e bagas às suas papas de aveia ou cereais pela manhã ou coma-os como snack saudável.

• Coma alimentos da época.

• Escolha a água como bebida de eleição para saciar a sede.

• Se não for possível colher os seus próprios alimentos, considere plantar tomates ou ervas aromáticas em canteiros na sua janela.

• Uma outra opção particularmente popular para os mais pequenos é ir ao mercado ou a quintas onde é possível colhermos nós os alimentos.

• Tours de foraging são uma excelente forma de aprender sobre alimentos silvestres a crescerem perto de si.