KESYA MARQUES ARAUJO O ESTÁGIO CURRICULAR … · 2020. 2. 19. · Araújo, Kesya Marques. O...
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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MARANHÃO – UEMA
CENTRO DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS EXATAS E NATURAIS – CECEN
DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO E FILOSOFIA – DEFIL
CURSO DE PEDAGOGIA
KESYA MARQUES ARAUJO
O ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO NO CURSO DE PEDAGOGIA DA
UEMA: uma reflexão sobre a integração teoria e prática para a docência nos
Anos Iniciais do Ensino Fundamental.
São Luís
2019
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KESYA MARQUES ARAUJO
O ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO NO CURSO DE PEDAGOGIA DA
UEMA: uma reflexão sobre a integração teoria e prática para a docência nos
Anos Iniciais do Ensino Fundamental.
Monografia apresentada ao curso de Pedagogia da Universidade Estadual do Maranhão como requisito para obtenção do grau de licenciatura em Pedagogia. Orientador: Prof. Esp. Wedson Jonas Barros Silva.
São Luís
2019
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Araújo, Kesya Marques. O Estágio Curricular Supervisionado no curso de Pedagogia da Universidade Estadual do Maranhão: uma reflexão sobre a integração teoria e prática para a docência nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental / Kesya Marques Araújo. – São Luís, 2019. 78 f Monografia (Graduação) – Curso de Pedagogia, Universidade Estadual do Maranhão, 2019. Orientador: Prof. Esp. Wedson Jonas Barros Silva. 1.Estágio supervisionado. 2.Formação docente. 3.Universidade Estadual do Maranhão. 4.Pedagogia. I.Título .
CDU: 378.147.091.33-027.22
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KESYA MARQUES ARAUJO
O ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO NO CURSO DE PEDAGOGIA DA
UEMA: uma reflexão sobre a integração teoria e prática para a docência nos
Anos Iniciais do Ensino Fundamental.
Monografia apresentada ao curso de Pedagogia da Universidade Estadual do Maranhão como requisito para obtenção do grau de licenciatura em Pedagogia. Orientador (a): Prof. Esp. Wedson Jonas Barros Silva.
Aprovada em: ___/___/____
BANCA EXAMINADORA
___________________________________________________________________
Profª. Esp. Wedson Jonas Barros da Silva. (orientador)
___________________________________________________________________
Profº Dra. Nadja Fonseca da Silva
___________________________________________________________________
Profº Ma. Melcka Yulle Conceição Ramos
São Luís 2019
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Dedico com todo meu amor a Deus, a
minha mãe Diana Gonçalves (In
memorian), a minha segunda mãe Maria
Rita e ao meu pai José Araújo, pois são os
principais responsáveis por eu ter chegado
até aqui.
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AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus primeiramente, minha força-motriz, por ter me dado
sabedoria e coragem para superar as dificuldades. Sem ele nada disso teria
acontecido, nem a aprovação no vestibular da Universidade Estadual do Maranhão,
nem a conclusão do curso de Pedagogia.
Ao meu pai, José Ribamar que sempre acreditou e incentivou-me. Em
momentos dificuldades, me vinha à mente suas palavras “você tem que mostrar para
o mundo que venceu”. Você é meu maior exemplo!
A minha querida mãe que desde cedo partiu, mas acredito que está muito
feliz por mais essa vitória em minha vida.
A minha segunda mãe, Maria Rita por ter me acolhido e dado uma boa
criação, uma mulher batalhadora, um exemplo de força e perseverança. Mostrou-me
que a educação é a maneira mais bonita e digna de construir um futuro.
A minha querida irmã, Cyntia Marques, que sempre esteve ao meu lado,
pelo seu amor, proteção e companheirismo. Compartilhando sempre comigo os
momentos bons e ruins.
Ao homem incrível, Thales Lima, um dos meus maiores incentivadores,
sempre acreditou no meu potencial e me motivou nos momentos difíceis dessa
trajetória acadêmica. Pela sua paciência, amor, apoio e cumplicidade.
A todos familiares e amigos que estiveram comigo e contribuíram para essa
conquista de forma direta ou indireta.
Ao meu professor e orientador Wedson Jonas, por ter me aceitado e ficado
ao meu lado durante essa trajetória monográfica. Toda minha gratidão e respeito.
A Universidade Estadual do Maranhão e a todos os professores que esteve
comigo. Obrigada pelas oportunidades, conhecimentos e laços que estarão
guardados na minha memória.
A todos minha eterna gratidão.
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“O Estágio Curricular Supervisionado é
aquele em que o futuro profissional toma o
campo de atuação como objeto de estudo, de
investigação, de análise e de interpretação
crítica, embasando-se no que é estudado nas
disciplinas do curso, indo além do chamado
Estágio Profissional, aquele que busca inserir
o futuro profissional no campo de trabalho de
modo que este treine as rotinas de atuação.”
(Passerini, 2007)
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RESUMO
O presente estudo monográfico faz uma reflexão sobre a integração teoria e prática
no Estágio Curricular Supervisionado nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental do
curso de Pedagogia da Universidade Estadual do Maranhão, com objetivo de analisar
as contribuições do estágio supervisionado para a formação docente. Como
metodologia esta pesquisa, de cunho qualitativo, apropriou-se de uma fundamentação
teórica relevante à temática em questão, enriquecida pela análise dos dados obtidos
na aplicação de um questionário aos acadêmicos do curso de Pedagogia que já
participaram do estágio obrigatório, professores da escola campo, que receberam
alunos do estágio obrigatório e professores do curso de pedagogia da UEMA que
trabalham ou já trabalharam com a disciplina de Estágio Supervisionado nos Anos
Iniciais do Ensino Fundamental. A escolha do tema surgiu da necessidade, enquanto
estudante acadêmico, de compreender a relevância da prática do estágio curricular
supervisionado para a formação de professores na UEMA, sendo este um momento
de fundamental importância, pois estabelece o elo entre as disciplinas teóricas com a
descoberta e reflexão da prática docente. Essa pesquisa propõe inicialmente um
breve histórico e organização legislativa do estágio, a luz de autores como Azevedo
(1980), Pimenta (2004) e Lima (2008), em seguida baseia-se em reflexões acerca da
sua importância, para posteriormente situá-lo dentro da UEMA. Evidenciou-se durante
a pesquisa e na proposta de Estágio do curso de pedagogia da referida Universidade
a consonância e a devida relevância do estágio, entendido como um processo de
diálogo entre teoria e prática em torno de uma ação crítica e reflexiva na formação
acadêmica, com o intuito de qualificar e habilitar futuros profissionais, entretanto
identificou-se alguns pontos de reflexão para que a proposta de estágio seja de fato
evidenciada na prática.
Palavras-chave: Estágio supervisionado. Formação docente. Universidade Estadual
do Maranhão. Pedagogia.
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ABSTRACT
This monographic study does a reflection about theory and practice in the supervised
practice in the initial years of the basic teaching of pedagogy course of the Maranhão
State University, with the objective to analyze the contributions in the supervised
practice for teaching formation. This research seized a relevant theoretical basis to the
open to question theme made rich by the analysis of the data obtained in the
application of a questionnaire to the pupils of the course of pedagogy of the UEMA
who work or worked with the discipline of supervised practice in the initial years of the
basic teaching. The choice of the subject appeared of the necessity, while university
student, of understanding the relevance of the practice of the supervised practice for
the teachers' formation in the university, when an important moment is this, since it
establishes the link between the theoretical disciplines with the discovery and reflection
of the teaching practice. This research proposes initially historically organization of the
internship, with the authors' reflection such as Azevedo (1980), Pimenta (2004) and
Santos (2008), next it bases in reflections about its importance, subsequently to situate
it inside the university. It was evidenced during the research and in the proposal of
internship of the pedagogy course of the referred university the consonance and
relevance of the internship, understood as a process of dialogue between theory and
practice around a critical and reflexive action in the academic formation, in order to
qualify and to enable future professionals, however some points of reflection were
identified so that the internship proposal is actually evidenced in practice.
Keywords: Supervised Practice. Teaching Formation. Maranhão State University.
Pedagogy.
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LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 Descrição do período das alunas questionadas....................... 38
Gráfico 2 Orientações do professor durante o estágio supervisionado
nos anos iniciais do ensino fundamental.................................. 39
Gráfico 3 Qualidade das orientações recebidas no início do estágio nas
aulas teóricas na UEMA ................................................................ 39
Gráfico 4 Acompanhamento dos estagiários na Escola Campo............ 40
Gráfico 5 Expectativas em relação à aquisição de novos
conhecimentos e experiência prática importante para a sua
futura atuação profissional ...................................................... 41
Gráfico 6 Avaliação da receptividade na escola campo........................... 42
Gráfico 7 Avaliação do Estágio Supervisionado nos Anos Iniciais do
Ensino Fundamental do Curso de Pedagogia da UEMA ........ 43
Gráfico 8 Organização das disciplinas de estágio no curso de
Pedagogia................................................................................ 44
Gráfico 9 Você concorda com a ementa/normas da disciplina de
Estágio Supervisionado?....................................................... 48
Gráfico 10 Assiduidade de acompanhamento dos alunos na escola
campo de estágio .................................................................. 50
Gráfico 11 Período de oferta das disciplinas de estágio.......................... 51
Gráfico 12 Série de atuação das professoras ........................................... 52
Gráfico 13 Qualidade das aulas ministradas pelos (as) estagiários (as)
durante o Estágio Supervisionado nos Anos Iniciais do
Ensino Fundamental ............................................................. 53
Gráfico 14 Contribuição do professor da escola campo para com os
alunos estagiários? ................................................................. 54
Gráfico 15 Relacionamento Professor da Escola Campo e Alunos
estagiários ............................................................................... 55
Gráfico 16 A experiência com os alunos estagiários ................................ 55
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LISTA DE SIGLAS
AACC Atividades acadêmico- científico-culturais
CEPE/UEMA Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão da UEMA
CNE/CP Conselho Nacional de Educação – Conselho Pleno
LDBEN Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
MEC Ministério de Educação e Cultura
NDE Núcleo Docente Estruturante
UEMA Universidade Estadual do Maranhão
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SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO......................................................................................... 11
2 BREVE HISTÓRICO E ORGANIZAÇÃO LEGISLATIVA DO ESTÁGIO
SUPERVISIONADO NAS LICENCIATURAS..........................................
14
3 AS CONTRIBUIÇÕES DA PRÁTICA DE ESTÁGIO PARA
FORMAÇÃO DE PROFESSORES..........................................................
20
4 O ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO NA UNIVERSIDADE
ESTADUAL DO MARANHÃO.................................................................
27
4.1 Estruturação do estágio nas licenciaturas da Universidade
Estadual do Maranhão – UEMA.............................................................
27
4.2 O Estágio Supervisionado no Curso de Pedagogia da Universidade
Estadual Maranhão – UEMA..................................................................
31
5 O ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO NO CURSO DE
PEDAGOGIA DA UEMA: uma reflexão sobre a integração teoria e
prática para a docência nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental...
35
5.1 Caminhos percorridos pela pesquisa: Referencial Metodológico..... 35
5.2 Contextualizando o campo de pesquisa.............................................. 36
5.3 Análise e Resultados da Pesquisa........................................................ 37
5.3.1 A experiência de estágio a partir da perspectiva dos alunos do curso de
Pedagogia.................................................................................................
37
5.3.2 A experiência de estágio a partir da perspectiva dos professores do
curso de Pedagogia da UEMA..................................................................
46
5.3.3 A experiência de estágio a partir da perspectiva dos professores da
Escola-Campo..........................................................................................
52
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS..................................................................... 57
REFERÊNCIAS........................................................................................ 59
APÊNDICES............................................................................................. 63
ANEXOS................................................................................................... 70
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11
1 INTRODUÇÃO
As transformações culturais e sociais levam a novas visões do trabalho
docente, o que estende e exige aos currículos e políticas intrínsecas, mudanças
essenciais ao momento histórico. Com isso, o estudo de formação de professores no
Brasil tem levantado diversas pesquisas e discussões importantes em encontros e
congressos, afinal, “novos tempos requerem nova qualidade educativa, implicando
mudanças nos currículos, na gestão educacional, na avaliação dos sistemas e na
profissionalização dos professores” (LIBÂNEO; OLIVEIRA; TOSCHI, 2009, p. 35).
Desde modo, o estágio obrigatório como parte da formação docente,
necessita ser revisto e pesquisado de forma contínua, acompanhando o
desenvolvimento educacional, pois caracteriza-se como suporte necessário para a
construção de conhecimento dos futuros professores que precisam estar capacitados
para ter uma visão mais criteriosa das situações e das mudanças da sociedade que
refletem diretamente na escola.
Na formação de um licenciando, a sua inserção no estágio é um momento
de aprendizado individual, particular e profissional, em que desenvolverá a ação-
reflexão e poderá relacionar de forma coerente e harmoniosa o embasamento teórico
à realidade educacional, com o auxílio do professor supervisor no processo de ensino-
aprendizagem.
Essa etapa de exercício da docência tem uma grande relevância na vida
acadêmica, pois possibilita a articulação entre a teoria e a prática, dando a
oportunidade de vivenciar aquilo que se pretende em sala de aula, com o
desenvolvimento da prática docente. O estágio supervisionado na escola aprimora a
prática pedagógica com a aproximação da realidade profissional mediante a
participação em situações reais de trabalho.
O estágio é uma etapa com novas possibilidades de adquirir
conhecimentos, que tem relação entre o que acontece na universidade e no ambiente
profissional. Para Pimenta e Lima (2005/2006), o estágio é um meio de preparar para
as práticas pedagógicas como futuro professor, se apropriando da complexidade
dessas ações para se preparar para o meio profissional.
Portanto, pode-se perceber que por meio do estágio o educando tem
acesso aos conhecimentos essenciais para suas futuras práticas docentes. É o
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momento em que permite exercer os conhecimentos teóricos adquiridos durante as
aulas, sendo assim a parte prática do curso.
A disciplina de Estágio Supervisionado contribui na formação docente do
aluno, pois é exatamente no decorrer deste período que o estudante pode colocar em
ação todo o conhecimento teórico construído durante as aulas, evidenciando as reais
problemáticas da atuação docente, no que tange a diversos aspectos no fazer
educacional.
Compreender que o período do estágio curricular dentro da formação de
professores é uma etapa para adquirir conhecimentos essenciais nos faz reconhecer
que as aulas ministradas na universidade não são suficientes para o pleno exercício
da docência, pois é na realidade do cotidiano educacional que o educando poderá
participar e reger de forma reflexiva a partir do observado vislumbrando suas futuras
ações pedagógicas.
A formação de todo e qualquer indivíduo é sempre rodeada de diversos
fatores e situações comuns à rotina de um profissional. Pedro Demo em uma
entrevista para revista Profissão Mestre (2004) aponta: “Ser profissional hoje é
principalmente saber, todo dia, renovar a profissão”. Compreende-se desta forma que
o profissional docente deve ser um eterno aprendiz se permitindo refletir sobre sua
prática diária.
Desta forma, há uma necessidade, enquanto estudante acadêmico, de
compreender o significado da prática do Estágio Curricular Supervisionado e a
pesquisa constantemente de autores que a fundamentam, assim buscando aprimorar
cada vez mais suas ações, de modo que o aperfeiçoamento docente se dará pela
prática cotidiana.
Pensando neste viés entende-se que a área educacional, por ser ampla e
dinâmica, requer cada vez mais estudos, sendo motivação pela investigação e
pesquisa nas relações entre o processo de formação docente e o estágio
supervisionado na graduação. Desde modo, busca-se destacar a sua importância
para a construção da prática docente dos futuros profissionais da educação.
É na formação que o aluno é preparado para que tenha consciência da
relevância de sua atuação profissional no contexto social. Neste sentido, qual o papel
do Estágio Supervisionado nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental do curso de
Pedagogia no processo de formação do futuro professor? A prática do estágio
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13
obrigatório tem colaborado positivamente e de modo construtivo para o
desenvolvimento do futuro docente?
A proposta desta pesquisa tem o objetivo de fazer uma reflexão e analisar
as contribuições do Estágio Supervisionado com foco nos anos inicias do ensino
fundamental do Curso de Pedagogia da Universidade Estadual do Maranhão - UEMA,
baseando-se em autores que dão fundamento a importância do estágio para formação
docente, sendo esta, uma integração entre teoria e prática, que busca não somente
destacar a suas contribuições na formação inicial, mas também analisar o discurso
dos graduandos de Pedagogia mediante as experiências no estágio supervisionado
do referido curso.
Dessa forma, para fundamentação desta pesquisa foram realizados
estudos e reflexões de autores como Barreiro e Gebran (2006), Pimenta (2004), Lima
(2008), Santiago e Batista Neto (2000), dentre outros. Logo, utilizou-se uma pesquisa
bibliográfica baseada em nomes que estudam sobre o estágio curricular obrigatório
com análises e observações que mostram a sua importância.
Para coleta de dado foi aplicado questionários com os alunos da UEMA que
já fizeram a disciplina, professores da escola campo que receberam alunos do estágio
obrigatório e professores do curso de Pedagogia da UEMA que trabalham ou já
trabalharam com a disciplina de Estágio Supervisionado nos Anos Iniciais do Ensino
Fundamental, possibilitando o anonimato dos mesmos para se obter uma maior
fidelidade nas respostas, desta forma coletando informações mais rápidas e precisas
(LAKATOS; MARCONI, 2010, p.202).
Este estudo, aborda inicialmente o contexto histórico e a legislação da
temática, far-se-á na seção subsequente a apresentação de reflexão do estágio
supervisionado com análises e observações sobre a relevância dessa etapa para a
formação profissional docente. Para em seguida entender o estágio dentro do curso
de Pedagogia da UEMA, sendo este o principal campo de pesquisa investigado, que
necessita de atenção e melhorias.
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2 BREVE HISTÓRICO E ORGANIZAÇÃO LEGISLATIVA DO ESTÁGIO
SUPERVISIONADO NAS LICENCIATURAS
Para compreender o significado da formação do professor como elemento
primordial para o sucesso da educação de um país, é fundamental retomar aos
marcos históricos ao longo dos anos, pois as mudanças ocorridas refletem em todos
os aspectos da educação, sem deixar de fora o professor, que é um agente de
transformação educacional.
No começo do século XX alguns movimentos causaram mudanças na
educação, o movimento dos Pioneiros da Escola Nova é um exemplo deles, que
lutavam pela implantação de Universidades no Brasil. Conforme Romanelli (2005), o
decreto nº 19.851 de 11 de abril de 1931 instituiu o regime universitário no Brasil e
constituiu o estatuto das universidades brasileiras, firmado da seguinte forma:
Art.1.º - O ensino universitário tem como finalidade: elevar o nível da cultura geral; estimular a investigação científica em quaisquer domínios dos conhecimentos humanos; habilitar ao exercício de atividades que requerem preparo técnico e científico superior; concorrer, enfim, pela educação do indivíduo e da coletividade pela harmonia de objetivos entre professores e estudantes e pelo aproveitamento de todas as atividades universitárias, para a grandeza da nação e para o aperfeiçoamento da humanidade”. (DECRETO nº 19.851/31).
O principal objetivo desde decreto é organizar o ensino superior no país,
criando um sistema universitário nacional com a função de coordenar e administrar as
faculdades. Nota-se também, que o artigo primeiro do decreto visa uma educação
revolucionária com cidadão consciente e atuante na sociedade, colaborando para o
progresso da humanidade e do país.
A Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de São Paulo fundada pelo
decreto 6.283 de 25 de janeiro de 1934 foi a primeira a ser criada segundo as normas
e organização do decreto 19.851/31, neste contexto surge o curso de pedagogia, com
o objetivo de criar professores para o ensino secundário.
Neste sentido, Brzezinski (1996) afirma:
A expansão da escola elementar no final do Império passou a exigir a formação de professores em nível médio na Escola Normal. Nessa expansão instalaram-se também, no século XX, as principais experiências de cursos pós-normais – gérmen dos cursos superiores de formação do pedagogo. Esses cursos, por sua vez, foram impulsionados pela expansão das Escolas
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Normais ocorrida em todo o Brasil, até os anos 60 da República. (BRZEZINSKI 1996 p.19)
A partir da Primeira Guerra Mundial o país passou por um processo de
mudanças no setor econômico, com o começo da industrialização, influenciando e
redimensionando os ideais pedagógicos. Nessas transformações, a escola passou por
uma reconstrução, tendo um papel novo baseado nas condições de vida e trabalho
nos centros urbanos.
Essas circunstâncias exigiam uma reforma educacional, com isso foram
surgindo movimentos apoiados nos princípios liberais da Pedagogia Nova em defesa
do indivíduo e de igualdade perante a lei. Tais movimentos como o Manifesto dos
pioneiros da Escola Nova, o Movimento dos Educadores e a Campanha Nacional em
defesa da Escola Pública de 1950 tinham o objetivo de transformar e reinventar um
novo projeto para a educação.
A lei 5.540/1968 causou mudanças nos cursos de formação de docentes e
nas faculdades que formavam técnicos especialistas em educação. (Brasil, 1968). O
conselheiro Valdir Chagas foi responsável pela produção de várias propostas voltadas
as mudanças da forma de preparar professores, algumas homologadas e outras não,
com o Parecer n. 4873/75, continuando à legislação anterior 1969.
Apesar de todas as reformas na educação, pouco foi alterado no contexto
da formação de professores. Somente após o regime militar em 1980, que as
discussões são retomadas, com debates, estudos e pesquisas sobre a reformulação
dos cursos de formação dos professores. Com a Lei de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional (LDBEN) nº 9394 aprovada em dezembro de 1996, foram
incluídos novos indicadores para a formação dos professores (BRASIL, 1996)
Na LDBEN nº 9394/96 com título VI – dos profissionais da Educação – o
artigo 61 a 65 irão explicar essa formação:
Art. 61. Consideram-se profissionais da educação escolar básica os que, nela estando em efetivo exercício e tendo sido formados em cursos reconhecidos, são: I – Professores habilitados em nível médio ou superior para a docência na educação infantil e nos ensinos fundamental e médio; II – Trabalhadores em educação portadores de diploma de pedagogia, com habilitação em administração, planejamento, supervisão, inspeção e orientação educacional, bem como com títulos de mestrado ou doutorado nas mesmas áreas; Art. 62. A formação de docentes para atuar na educação básica far-se-á em nível superior, em curso de licenciatura plena, admitida, como formação mínima para o exercício do magistério na educação infantil e nos cinco
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primeiros anos do ensino fundamental, a oferecida em nível médio, na modalidade normal. Art. 63. Os institutos superiores de educação manterão: I - Cursos formadores de profissionais para a educação básica, inclusive o curso normal superior, destinado à formação de docentes para a educação infantil e para as primeiras séries do ensino fundamental; II - Programas de formação pedagógica para portadores de diplomas de educação superior que queiram se dedicar à educação básica; III - programas de educação continuada para os profissionais de educação dos diversos níveis. Art. 64. A formação de profissionais de educação para administração, planejamento, inspeção, supervisão e orientação educacional para a educação básica, será feita em cursos de graduação em pedagogia ou em nível de pós-graduação, a critério da instituição de ensino, garantida, nesta formação, a base comum nacional. Art. 65. A formação docente, exceto para a educação superior, incluirá prática de ensino de, no mínimo, trezentas horas.
Com a promulgação da referida lei, se inicia uma nova etapa na educação,
pois ressignificou o processo de ensinar e aprender, em que os conteúdos de ensino
deixam de ter importância em si mesmo para ser compreendido como medidas para
produzir conhecimentos no alunado. As novas diretrizes dão maior ênfase nas
competências em vez das disciplinas, que possibilitam não somente trabalhar com as
disciplinas tradicionais exigidas por lei, como também temas transversais e
interdisciplinares.
O Estágio Supervisionado faz parte do processo de formação do
acadêmico, lhe favorecendo a relação entre a teoria e a prática e permitindo a
presença participativa no ambiente da área de atuação profissional. Com a LDBEN nº
9394/96, o estágio supervisionado obrigatório tornou-se um quesito legal exigido para
concluir a graduação. Essa lei faz referência ao estágio supervisionado em seu artigo
61 parágrafo único inciso I, II e III:
I- A presença de sólida formação básica, que propicie o conhecimento dos fundamentos científicos e sociais de suas competências de trabalho; II- A associação entre teorias e práticas, mediante estágios supervisionados e capacitação em serviço; III- o aproveitamento da formação e experiências anteriores, em instituições de ensino e em outras atividades (BRASIL, 1996).
No art. 65 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN
9394/96) aborda que a formação docente na prática de ensino deve ter no mínimo 300
horas. No entanto, dada à significância da prática na formação de professores e gama
de atividades citadas anteriormente nas atividades do estágio, notou-se que essa
quantidade de horas não era suficiente para cumprir todas as exigências legais e de
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acordo com o modelo de qualidade do estágio. Atendendo a este fator, o parecer nº
28/2001 determina o acréscimo de mais 1/3 desta carga, ou seja, 100 horas inclusas
ao já estabelecido por lei (300 horas), totalizando 400 horas de estágio curricular
supervisionado.
Esse parecer estabelece a duração e a carga horária dos cursos de
Formação de Professores da Educação Básica, em nível superior, cursos de
licenciaturas e graduação plena (Parecer CNE/CP 28/2001). Entretanto, devido à
situação da realidade da educação brasileira, ocorreram pesquisas e debates
aprofundados acerca da formação dos professores, especificamente na Educação
Infantil e nos anos iniciais do Ensino Fundamental.
Portanto, referente ao curso de Pedagogia, foi aprovado em 13 de
dezembro de 2005 o Parecer CNE/CP n. 5/2005, que define diretrizes para o curso e
instala uma nova carga horária mínima de 3.200 horas durante a formação acadêmica,
distribuídos da seguinte maneira:
- 2.800 horas dedicadas às atividades formativas como assistência a aulas, realização de seminários, participação na realização de pesquisas, consultas a bibliotecas e centros de documentação, visitas a instituições educacionais e culturais, atividades práticas de diferente natureza, participação em grupos cooperativos de estudos; - 300 horas dedicadas ao Estágio Supervisionado prioritariamente em Educação Infantil e nos anos iniciais do Ensino Fundamental, contemplando também outras áreas específicas, se for o caso, conforme o projeto pedagógico da instituição; - 100 horas de atividades teórico-práticas de aprofundamento em áreas específicas de interesse dos alunos, por meio, da iniciação científica, da extensão e da monitoria. (PARECER CNE/CP nº 5/2005).
As mudanças acerca do estágio no Brasil foram acompanhando o
desenvolvimento da legislação educacional. Com debates no congresso Nacional do
Brasil a respeito do foco do estágio, ora com interesse na escola, ora focavam nas
empresas. Com a lei nº 11.788 do estágio sancionada em 25 de dezembro de 2008
pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ocorreram algumas alterações em
suas definições, com duas principais mudanças, que o estagiário deve ser tratado de
forma diferente dentro da empresa e a instituição acadêmica deve ser responsável em
acompanhá-lo no processo didático-pedagógico de modo formal.
A Lei Federal nº 11.788/2008 estabelece a normatização do estágio dos
estudantes e discorre em:
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Art. 1º O estágio é ato educativo escolar supervisionado, desenvolvido no ambiente de trabalho, que visa à preparação para o trabalho produtivo de educandos que estejam frequentando o ensino regular em instituições de educação superior [...]. § 2º O estágio visa ao aprendizado de competências próprias da atividade profissional e à contextualização curricular, objetivando o desenvolvimento do educando para a vida cidadã e para o trabalho (Lei nº 11.788/2008).
A Lei citada assegura o Estágio Curricular Supervisionado, visto como um
fator formativo do educando para a vida profissional, a qual deve ser um meio de
aprendizagem e desenvolvimento das competências necessárias para o exercício de
uma futura profissão.
No art.3º da lei mencionada também esclarece que o estágio obrigatório
não cria vínculo empregatício de qualquer natureza, tem requisitos de matrícula e
frequência regular em um curso de educação superior, compatibilidade com as
atividades desenvolvidas no estágio e sua carga horária é exigida para aprovação e
obtenção de diploma.
Na formação do educador, o Estágio Supervisionado é um mecanismo
indispensável desse processo, pois nele compete possibilitar que os futuros
professores compreendam a complexidade das práticas institucionais das ações
praticadas por seus profissionais como alternativa no preparo para sua inserção
profissional (PIMENTA, 2004, p.43).
O estágio é um componente curricular imprescindível, visto que engloba a
maior parte da experiência docente dos estudantes de Pedagogia. O convívio pela
observação das atividades executadas em sala de aula dá aos futuros pedagogos um
olhar mais minucioso e real a essa etapa acadêmica.
A prática do Estágio Supervisionado oportuniza explorar, em um processo
dinâmico, aprendizagens em diferentes âmbitos de atuação no campo educacional,
por meio de situações reais em que o estudante possa compreender e aplicar,
promovendo a união da teoria com a prática, bem como desenvolver habilidades
necessárias para o exercício da sua futura área de atuação profissional.
Pimenta e Gonçalves (1990) afirmam que a finalidade desta etapa do curso,
cujo elo entre teoria e pratica é estabelecido pela aproximação do aluno à realidade a
qual atuará, podendo refletir a partir dela por meio da observação, participação e
regência vislumbrando suas futuras ações pedagógicas. E conforme retrata o parecer
do Ministério de Educação e Cultura - MEC 28/2001 “o estágio curricular
supervisionado pretende oferecer ao futuro licenciado um conhecimento do real em
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situação de trabalho, isto é, diretamente em unidades escolares dos sistemas de
ensino”.
Com isso, a atual lei 11.788/08 vem para superar a legislação brasileira que
define o estágio a partir dos interesses das empresas, colocando em evidência o
aprendizado real do estagiário com foco no interesse pedagógico da escola,
estabelecendo assim o estágio como componente curricular obrigatório nas
universidades, sendo que, por meio da análise da legislação cada instituição irá
organizar e criar suas próprias normas específicas, conforme descrito no art. 82 da
LBDEN 9394/96 que diz: “Os Sistemas de Ensino Estabelecerão as normas para
realização dos estágios em sua jurisdição, observada a lei federal sobre a matéria”.
Portanto, a partir da lei mencionada o licenciando poderá adentrar ao
campo de estágio para participar e compreender algumas atividades que não teria
acesso apenas nas aulas teóricas na universidade, como exemplo, acompanhar
metodologias de outros profissionais da área, elaborar projeto pedagógicos, planos
de aula e atuar como professor em sala, dessa forma interagindo com alunos.
No que diz respeito ao Curso de Pedagogia da universidade campo de
pesquisa em questão, foi elaborado atualmente as Diretrizes Curriculares para os
Cursos de Licenciatura da UEMA, Resolução Nº 1264/2017- CEPE/UEMA, que
reconhece a importância fundamental do papel do professor e oferece orientações
basilares para os envolvidos no desenvolvimento do Estágio Supervisionado,
conforme descritos nas próximas sessões.
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3 AS CONTRIBUIÇÕES DA PRÁTICA DE ESTÁGIO PARA FORMAÇÃO DE
PROFESSORES
A formação docente compreende um conjunto de disciplinas que compõem
ensinamentos para a prática de um futuro professor. É a busca de ferramentas para
desenvolver as categorias de análises para compreender as diversas percepções e
práticas pedagógicas na essência das transformações e relações sociais.
Neste sentido, o conhecimento epistemológico da prática na formação
docente origina do pesquisador John Dewey, que defende o pensar e a prática
reflexiva, em que afirma “[...] problema a resolver determina o objetivo do pensamento
e este objetivo orienta o processo do ato de pensar” (DEWEY, 1953, p.14).
Na relação e compreensão entre teoria e pratica. Marx e Engels (1994,
p.14) afirmam "que toda vida social é essencialmente prática. Todos os mistérios que
dirigem a teoria para o misticismo encontram sua solução na práxis humana e na
compreensão dessa práxis". Sendo que, a compreensão dessa práxis é tarefa
pedagógica, que a considera uma ação reflexiva que transforma a teoria que a
determina.
No curso de formação docente, todas as disciplinas, tanto as de
fundamentos como as metodológicas e as práticas desenvolvidas no campo de
estágio devem contribuir para formar professores por meio da análise, reflexão e
crítica sobre as maneiras de inovar o fazer da educação.
Neste viés, Pimenta e Lima (2008) relatam:
O papel das teorias é iluminar e oferecer instrumentos e esquemas para análise e investigação que permitam questionar as práticas institucionalizadas e as ações dos sujeitos e, ao mesmo tempo, colocar elas próprias em questionamentos, uma vez que as teorias são explicadas provisórias da realidade. (PIMENTA E LIMA 2008, p.43)
O Estágio Supervisionado é umas das principais ferramentas na formação
de docentes, sendo um processo de aprendizagem indispensável para um profissional
que almeja realmente estar capacitado para enfrentar as adversidades da carreira.
Para isso, é necessário que durante todo o curso de formação acadêmica esta
articulação entre a teoria e prática possa acontecer, possibilitando que os estudantes
sejam instigados a conhecer espaços educativos havendo contato, desta forma, com
a realidade sociocultural da instituição e da comunidade a que está inserido.
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Entretanto, conforme abordagem de Barreiro e Gebran (2006),
[...] os estágios têm se constituído de forma burocrática, com preenchimento de fichas e valorização de atividades que envolvem observação participação e regência, desprovidas de uma meta investigativa. Dessa forma, por um lado se reforça a perspectiva do ensino como imitação de modelos, sem privilegiar a análise crítica do contexto escolar, da formação de professores, dos processos constitutivos da aula e, por outro, reforçam-se práticas institucionais não reflexivas, presentes na educação básica, que concebem o estágio como o momento da prática e de aprendizagens de técnicas do bem-fazer (BARREIRO e GEBRAN, 2006, p. 26-27).
A burocratização dos processos que permeiam o estágio supervisionado,
tira do foco a análise e reflexão da atuação profissional, com investigação da realidade
vivenciada, e se concentram nos seus elementos organizacionais, que estão repletos
de preenchimentos de fichas, cumprimento de atividades e carga horária, com a
construção de relatórios de observação que não apontam para reflexão dos problemas
encontrados e de soluções construídas com a própria escola campo.
Nesta perspectiva, o estágio se resume a imitação de modelos, sem
pensamento crítico e investigativo, Barreto e Gebran (2006, p.118), ainda
complementam que uma docência de qualidade está pautada em uma visão
investigativa com princípios educativos e científicos, rompendo com práticas de
reprodução. Os estágios supervisionados, principalmente nas licenciaturas, devem
elaborar atividades e roteiros que permitam a reflexão e observação minuciosa das
ações docentes, possibilitando uma visão geral do contexto escolar.
Essa associação de realidade ensinada e realidade vivenciada é motivo de
debates entre diversos autores. Azevedo (1980), sobre essa relação de teoria e
prática relata “uma teoria colocada no começo dos cursos e uma prática colocada no
final deles sob a forma de Estágio Supervisionado constituem a maior evidência da
dicotomia existente entre teoria e prática”. Assim, as orientações do estágio não
surgem de conhecimentos construídos entre professor-aluno levando em
consideração o cotidiano da escola.
A preocupação que existe entre a relação teoria e prática é extremamente
importante, pois o professor poderá encontrar uma realidade diferente do que foi
ensinado na academia, visto que cada escola é inserida em um contexto histórico e
social específico, deste modo tendo dificuldades para lhe dar com situações
problemas do cotidiano escolar, desencadeando, assim, o surgimento de professores
despreparados para lidar com realidades e atuações contextuais.
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Segundo Chaves, Rodrigues e Silva (2012, p. 02) “o estágio tem como
objetivo possibilitar o desenvolvimento de habilidades e competências e integrar teoria
e prática, ele é o meio pelo qual o aluno pode observar e intervir no cotidiano escolar
exercitando suas potencialidades”. Portanto, é o momento que o estudante pode
vivenciar as dificuldades que irá confrontar em sua profissão, conhecendo a realidade
dos ambientes educacionais.
A prática desenvolvida na formação promove articulação dos
conhecimentos de todas as disciplinas do curso ao estágio, está sendo uma relação
indissociável, para não se reduzir a prática ao pragmatismo ou mesmo como afirma
Saviani (2008, p.128):
Percebemos, então, que o que se opõe de modo excludente à teoria não é a prática, mas o ativismo do mesmo modo que o que se opõe de modo excludente à prática é o verbalismo e não a teoria. Pois o ativismo é a ‘prática’ sem teoria e o verbalismo é a ‘teoria’ sem a prática. Isto é: o verbalismo é o falar por falar, o blá-blá-blá, o culto da palavra oca; e o ativismo é a ação pela ação, a prática cega, o agir sem rumo claro, a prática sem objetivo. (SAVIANI, 2008, P. 128).
O período da formação docente deve ser um espaço que oportunize a
efetuação do conhecimento e dos saberes necessários à prática docente. É o
momento de problematização da prática pedagógica, de produção de conhecimento
e senso crítico. Dessa forma, uma prática não pode se dar de qualquer forma e sem
fundamentação.
Partindo dessa premissa, Lima (2008) aponta que os cursos de formação
de docentes precisam proporcionar ao licenciando vivenciar o exercício da profissão
docente, sendo o estágio supervisionado um instrumento de definição da identificação
profissional. O Estágio é uma oportunidade de experimentar a docência, conhecer a
realidade que compõem o ambiente escolar, construindo suas concepções acerca da
profissão.
Zabalza (2008) define o estágio como uma oportunidade de aprendizagem
firmada no trabalho. A experiência é uma das formas de aprender, e o estágio é
vivencial, ou seja, o preparo para uma prática profissional é conhecer as diversas
realidades dentro da carreira escolhida. Portanto, se torna tão importante quanto à
parte teórica do curso, uma extensão do aprendizado, não sendo apenas uma
oportunidade da prática dos conceitos, é a vivência de valores e o início da construção
de uma identidade profissional.
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Lima (2008) aponta o estágio como um ambiente que oportuniza obter
conhecimentos da profissão docente, a busca de estratégias e pesquisas para sua
execução, além do licenciando começar a formar sua identidade como professor, “é o
lócus da sistematização da pesquisa sobre a prática, no papel de realizar a síntese e
a reflexão das vivências efetivadas” (LIMA, 2008, p. 198).
O estágio passa ser considerado um espaço favorável a conexão de vários
saberes docentes. Para Santiago e Batista Neto (2000) o interdisciplinar deve fazer
parte da estrutura do estágio, tanto com os conteúdos específicos, pedagógico,
conhecimentos da formação e das experiências. Torna-se, assim, concebível a
concomitância entre o ensino das disciplinas teóricas e práticas, em que promova uma
ação reflexiva sobre as práticas exercidas.
A função principal do estágio é de fazer a ponte entre o trabalho que a
universidade faz, de trazer conhecimentos teóricos necessários para a formação, com
a escola, que oferece o ambiente de trabalho que o professor irá encontrar quando já
estiver diplomado. Neste sentido, Zabalza (2014) define o estágio como “A experiência
prática subsidiária das aprendizagens adquiridas na universidade; por isso, busca-se
nela a possibilidade de aplicar em contextos reais aquilo que se aprendeu
teoricamente nas disciplinas.” (ZABALZA, 2014, P.43).
A formação do aluno se completa por essa convivência no seu futuro local
de trabalho, para isso é necessário que tanto a universidade como a escola, sendo
elas instituições formadoras, desempenhe seu papel, que se resume por preparar o
estudante para ser um bom profissional, desenvolvendo-o no aspecto cognitivo, de
habilidades e destrezas operacionais.
O estágio constitui um período importante na formação enquanto
estudante, bem como no campo profissional. Mas, o que supõem que os estudantes
aprendam nessas práticas? Serve apenas para conhecer o ambiente educacional que
irá trabalhar? Ou espera-se que desenvolva habilidades e conhecimentos
suplementares aqueles adquiridos em sala? Ou ainda contribuir para formação de um
futuro professor reflexivo e crítico?
Atualmente, na Educação Superior, um dos principais desafios é enriquecer
e diferenciar as propostas de formação aos universitários, com isso o processo de
estágio supervisionado apresenta um fator muito importante a ser analisado, pois
desempenha um papel de componente curricular obrigatório e indispensável para
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conclusão de um curso. Assim, quanto mais diversificadas forem as experiências nos
contextos das práticas profissionais, melhor o estágio cumprirá seu desígnio.
No entanto, para Pimenta (2004), a sociedade impõe uma educação que
proporcione uma capacitação do cidadão social e científico, que visa qualidade de
profissionais eficientes que respondam as necessidades da sociedade
contemporânea, cabendo neste sentido, somente ao professor mediar entre a
sociedade e os conhecimentos escolares.
E na formação docente o processo pelo qual professor é o mediador do
conhecimento que compartilha com seus alunos, futuros professores também, devem
estar preparados para novas práticas educativas e metodologias de ensino, para que
não se torne um professor que apenas reproduz aos interesses sociais.
As pesquisas voltadas a formação de professores têm crescido muito, seja
em tese, artigos, periódicos ou dissertações. Vivemos em um contexto de constantes
transformações sociais, culturais, ideológicas e profissionais que responsabilizam a
educação por transmitir conhecimentos cada vez mais atualizados. Com isso o
caminho pelo qual os professores são formados deve também acompanhar esse
processo, sendo revisados e melhorados cada vez mais.
Nesta configuração, o estágio supervisionado por ser uma prática que
antecede a profissão docente, possibilita ao aluno estagiário uma visão mais ampla
do que é ser professor, o desenvolvimento pessoal em uma ação vivenciada, reflexiva
e crítica.
O estágio proporciona ao aluno a estrutura da práxis, de uma forma a
(re)significar a relação teoria e prática à luz dos referencias teóricos abordados
durante o curso. O estágio permite complementar e enriquecer os conhecimentos
disciplinares através da sua aplicação em contextos reais da profissão, ou seja, entre
as matérias da universidade e as práticas do estágio que se produz um
enriquecimento mútuo, cada um se complementa e se aprofunda a partir do outro.
Neste caso, as duas partes desempenham um papel sincrônico na formação dos
estudantes, sendo impossível concluir a formação sem elas.
Nessa perspectiva, Zabalza (2014) remete a relação teoria e prática do
estágio,
Por iluminar as aprendizagens acadêmicas a partir da prática profissional real (o que se explica nas aulas se entende melhor após ter experiências reais nos cenários profissionais reais). Em especial no caso de disciplinas de claro
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sentido profissional, os conteúdos adquirem um significado muito mais claro se os alunos tiveram previamente alguma experiência de práticas. (ZABALZA, 2014, P.109)
Em relação a função e contribuição do estágio, Carvalho (2012, p. 3)
complementa afirmando “a sala de aula em que um professor vai trabalhar não está
isolada do mundo, ela se encontra dentro de uma escola que tem seus valores bem
estabelecidos”. Deste modo, o universitário tem a chance de conhecer a rotina da
escola durante o período de estágio, o que contribui para seus conhecimentos em
virtude das experiências no ambiente escolar.
Logo a escola tem um grande papel na formação do aluno professor, pois
possibilita um espaço de aprendizagem empírica. Além de estabelecer uma relação
com a universidade de troca de saberes, contribuindo assim para enriquecer cada vez
mais os conhecimentos dos estagiários. Santos (2008, p.63) relata “a colaboração
entre pesquisadores universitários e professores das escolas públicas na produção e
difusão do saber pedagógico, mediante reconhecimento e estímulo da pesquisa‐
ação”.
Na formação acadêmica, apesar do tempo curto que se passa, o estágio
tem como função principal aproximar o aluno ao mundo da profissão, a qual anseia se
integrar por meio da oportunidade de experimentar o cenário profissional real, com
participação nas tarefas diárias, dinâmicas de trabalho, contato com os funcionários
da área e a cultura da instituição que é inserido durante o estágio.
Em relação à cultura da escola, cada uma tem a sua em particular, porém
torna-se bem essencial, pois auxilia na construção da identidade do aluno estagiário,
sendo que, esse tipo de ensinamento não se aprende nas aulas teóricas da
universidade, mas decodifica o compartilhamento lógico diário nas instituições de
ensino.
O estágio é um excelente recurso de ordem intelectual, ligado a atitudes e
personalidade de cada um, de forma a resolver situações de desordem e inesperadas.
Um meio que o aluno aprende a lidar com suas inseguranças e medos. Além de sua
amplitude voltada para o estudante, que possibilita levá-lo a vivenciar situações
profissionais que contribuem com sua formação na capacidade de trabalhar em grupo,
adaptar-se em novas circunstâncias, assumir responsabilidades e resolver questões
comuns ao seu ambiente de trabalho.
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Outro ponto de contribuição do estágio está inclinado ao mercado de
trabalho, pois com ele o universitário já tem uma visão de como funciona o setor
educacional, como agir em processos seletivos, como trabalhar com os alunos e
funcionários. Logo, a academia formativa deve orientá-lo de modo fundamentado e
coerente, para ter um futuro profissional inserido da melhor forma possível no ramo
empregatício.
O estágio supervisionado é o período de autoconhecimento da docência e
reconhecimento pessoal profissional, é onde o aluno expõe sua criatividade e caráter.
(...) O estágio Curricular Supervisionado é, durante os estudos, a disciplina que
conduz à descoberta de meios importantes para o preparo do trabalho a ser executado
em qualquer profissão. (BIANCHI, 2005, p.1).
O momento da formação permite não somente fazer o elo entre o estudado
durante as aulas na academia com as práticas vivenciada, mas aprofunda os estudos
e conhecimentos a partir do já adquirido. Pois, a pesquisa e análise quando
incorporada à prática é responsável pela transformação dos envolvimentos no
progresso:
A prática como práxis traz, em sua especificidade, a ação crítica e reflexiva do sujeito sobre as circunstâncias presentes, e, para essa ação, a pesquisa é inerentemente um processo cognitivo que subsidia a construção e mobilização dos saberes construídos ou em construção (FRANCO, 2012, p. 203-204).
Para tanto, vale ressaltar a importância das atividades do estágio como
meio de pesquisa, análise e discussões mediante as observações feitas, estabelece
assim uma ponte de aprofundamento das teorias aprendidas ao decorrer do curso que
vale como subsídios para elas. Com isso, explora as diversas áreas abordadas no
curso, em que possibilita um primeiro contato com o mercado de trabalho e propicia
ao aluno uma reflexão mais crítica, desta forma, contribui também para alcance de um
futuro emprego.
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4 O ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO NA UNIVERSIDADE ESTADUAL
DO MARANHÃO.
O Estágio Supervisionado é um dos requisitos legais para a obtenção da
graduação, é uma das disciplinas cursadas que propicia e aproxima a teoria a prática.
Nesta seção 4.1 e 4.2 procuramos situar o estágio dentro da Universidade Estadual
do Maranhão e do curso de Pedagogia, campos principais de interesse para o
desenvolvimento deste estudo.
4.1 Estruturação do estágio nas licenciaturas da Universidade Estadual do
Maranhão – UEMA
A Universidade Estadual do Maranhão, por meio da Pró-Reitora de
Graduação, dispõe de um Manual da Dimensão Prática nos Cursos de Licenciatura
que orienta o processo de formação do professor, com objetivo base de auxiliá-lo no
planejamento, execução e avaliação das atividades da Prática Curricular. Esse
documento disponibilizado em 2011, se adequa às Resoluções CNE/CP nº 1/2002 e
CNE/CP nº 2/2002 que instituem Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação
de Professores da Educação Básica, em nível superior, curso de licenciatura e de
graduação plena.
A Dimensão Prática nos cursos de licenciatura da UEMA está estruturada
a partir dos componentes curriculares, que são Prática Curricular, Estágio Curricular
Obrigatório e Atividades Acadêmico-Científico-Culturais (AACC), a fim de esclarecer
e gerar ações coerentes com a proposta de trabalho que detalha os componentes
curriculares. As Atividades acadêmico-científico-culturais são as atividades de
extensão, a Prática curricular constitui atividade de iniciação à pesquisa, aberta à
extensão e ao ensino e o estágio curricular obrigatório são as atividades de iniciação
e aperfeiçoamento do ensino, aberta à pesquisa e extensão.
Ainda a luz do documento mencionado, é determinado que os cursos de
licenciatura devessem oportunizar durante o Estágio Curricular Obrigatório condições
propícias ao estudante de desenvolver sua docência por meio da regência de classe
e intervenção sistematizada em situações que se apresentam no Campo de Estágio.
Outro documento de essencial relevância para conhecimento da
estruturação do Estágio Supervisionado, são as Normas Gerais do Ensino de
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Graduação que foram aprovadas pela Resolução n° 1045/2012 – CEPE/UEMA, em
19 de dezembro de 2012, com orientações acadêmicas para a organização e o
funcionamento dos cursos de graduação que visa à qualidade dos cursos da
Universidade Estadual do Maranhão para formar cidadãos capacitados para o
exercício profissional.
Este documento apresenta informações sobre currículo dos cursos, Estágio
Curricular, Monitoria, Educação Física, Seleção e Admissão, Matrícula, Oferta de
Disciplina e Inscrição, Trancamento, Desligamento, Preenchimento de Vaga,
Calendário Universitário, Horário das Aulas, Programa das Disciplinas, Avaliação e
Acompanhamento dos Cursos, Verificação da Aprendizagem, Frequência,
Tratamento Excepcional, Aproveitamento de Disciplina, Histórico Acadêmico,
Trabalho de Conclusão de Curso, Integralização Curricular, Colação de Grau e
Regime Disciplinar.
As Normas Gerais do Ensino de Graduação da UEMA, resolução nº
1045/2012 conceitua o estágio na seção II em seu art.13 como um:
Ato educativo supervisionado, desenvolvido no ambiente de trabalho produtivo, para estudantes regularmente matriculados, como parte do projeto pedagógico de cada curso de graduação, objetivando o desenvolvimento acadêmico do cidadão, visando à vida para o trabalho. § 1º O estágio pode ser obrigatório, supervisionado por docente da universidade, e não obrigatório, supervisionado por técnico da instituição campo de estágio, conforme determina a legislação vigente e contidos nos projetos pedagógicos de cada curso, por força legal. (RESOLUÇÃO nº 1045/2012 p.11)
O Estágio Supervisionado na Universidade Estadual do Maranhão é
compreendido como uma disciplina de natureza teórico-prática, em que o aluno é
acompanhado pelos professores do curso nas experiências vivenciadas em escolas
públicas ou privadas.
Este mesmo documento aborda também que cada curso deve elaborar
suas normas de estágio curricular obrigatório de maneira regulada pela Lei Federal
do Estágio nº 11.788/2008. Essa elaboração é realizada pela Coordenação de Estágio
com participação do Núcleo Docente Estruturante – NDE que deve atender à
necessidade de cada graduação.
Segundo Resolução nº 1264/2017, a articulação teórico-prática de
formação de professores da educação básica será realizada por meio do Estágio
Obrigatório Supervisionado em 405 horas com 9 créditos a ser cumpridos nos 3
últimos períodos do curso. A inserção do aluno no contexto profissional ocorrerá por
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vivências de situações práticas com natureza pedagógica, a integrar o conhecimento
teórico à dinâmica da docência.
A carga horária total do Estágio Supervisionado obrigatório é distribuída em
três etapas conforme a seguir: 135 horas na Educação Infantil, 135 horas nos Anos
Iniciais do Ensino Fundamental e 135 em Áreas Especificas. A atividade regular do
estudante em exercício da docência na educação básica poderá ser reduzida a carga
horária em até 180 horas, equivalente a 4 créditos.
A avaliação dessa disciplina é baseada nos critérios definidos nas Normais
Gerais do Ensino de Graduação da UEMA da seguinte forma:
Art. 22. A avaliação do estágio curricular deverá ser sistemática e contínua, utilizando diferentes instrumentos e formas, e compreende: I - Apuração da frequência ou atividades previstas no plano de estágio; II - Determinação da nota obtida pelo estudante em relatório e outras atividades, cuja avaliação estará vinculada a aspectos qualitativos e quantitativos do estágio. Parágrafo único. O estágio curricular não dará direito a exame final, devendo o estudante reprovado fazer novo estágio. (RESOLUÇÂO nº 1045/2012 – CEPE/UEMA).
Ao final de cada estágio, o estudante deverá apresentar o relatório de suas
atividades conforme orientações específicas dadas pelo professor/orientador. Com
obrigatoriedade de 100% na frequência e nota igual ou superior a 7,0 (sete).
Conforme já exposto e dada à importância do Estágio Supervisionado, vale
ressaltar as atribuições dos participantes que o envolve. O papel do coordenador de
Estágio e suas atribuições são:
a) Coordenar, acompanhar e providenciar, quando for o caso, a escolha
dos locais de estágio;
b) Solicitar a assinatura de convênios e cadastrar os locais de estágios;
c) Apoiar o planejamento, o acompanhamento e a avaliação das
atividades de estágios;
d) Promover o debate e a troca de experiência no próprio curso e nos
locais de estágios;
e) Manter registros atualizados sobre o(s) estágio(s) no respectivo curso.
Durante a realização do estágio o professor orientador deverá
desempenhar as seguintes funções:
a) Proceder, em conjunto com o grupo de professores de seu curso e com
o coordenador de estágio, à escolha dos locais de estágios;
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30
b) Planejar, acompanhar e avaliar as atividades de estágios juntamente
com o estagiário e o profissional colaborador do local do estágio,
quando houver.
Caberá ao professor também a avaliação do aluno estagiário com base nos
conhecimentos adquiridos por meio de uma atividade de fundamentação teórico-
prática, as práticas na docência e pela apresentação e entrega do relatório final e
apresentação do mesmo, elencando as três notas atribuídas de zero a dez.
Para obter aprovação na disciplina, o aluno-estagiário deverá cumprir as
seguintes atividades:
a) Participar do planejamento do estágio e solicitar esclarecimentos sobre
o processo de avaliação de seu desempenho;
b) Seguir as normas estabelecidas para o estágio;
c) Solicitar orientações e acompanhamento do orientador ou do
profissional colaborador do local do estágio sempre que isso se fizer
necessário;
d) Solicitar à coordenação de estágio a mudança de local de estágio,
mediante justificativa, quando as normas estabelecidas e o
planejamento do estágio não estiverem sendo seguidos.
Dentre as responsabilidades do aluno são exigidos também alguns
exercícios burocráticos, tais como registrar em fichas específicas a frequência e os
trabalhos realizados no campo de estágio que devem estar assinadas pelo supervisor
técnico, fazer levantamento de informações sobre o campo de estágio e elaborar o
relatório final. No entanto essa experiência não se resume apenas a preenchimento
de documentos, para melhor organização e aproveitamento do estágio é importante à
organização e planejamento das ações a serem desenvolvidas.
Pois, a experiência do estágio supervisionado faz parte não somente da
vida do estudante dentro da universidade, mas também fora dela na sua futura carreira
profissional. Portanto, espera-se que seja realizado da melhor forma possível, para
que o aluno esteja preparado para as adversidades da sua profissão.
Pois, o estágio é uma atividade de relação teórico-prática inseparável, que
possibilita ao aluno estagiário uma mais clara e melhor compreensão das ações dos
profissionais da educação e rotina de um ambiente educacional. Pois a prática
docente compreende um composto de saberes que vão além dos conhecimentos
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específicos, é fundamentada na investigação de realidade, análise e reflexão crítica
da prática docente.
4.2 O Estágio Supervisionado no Curso de Pedagogia da Universidade Estadual
Maranhão – UEMA.
No curso de Pedagogia da Universidade Estadual do Maranhão, o Estágio
Supervisionado é um componente curricular obrigatório para a formação dos
discentes, sendo necessário concluir os três estágios, na Educação Infantil, Anos
Inicias do Ensino Fundamental e em Áreas Especificas, ofertados no sexto, sétimo e
oitavo período somando 405 horas no total.
Cada Estágio Supervisionado está organizado em 135 horas/aula que se
distribuem em quatro etapas. A primeira, com 45 horas se refere ao planejamento de
projetos, roteiros de observações e orientações gerais para o exercício da docência
ou gestão, a segunda com 60 horas se destina as atividades a serem desenvolvidas
na escola campo, com observação, socialização com o corpo docente e regências em
sala, terceira com 20 horas é a fase de elaboração do relatório final finalizando com
as 10 horas para apresentação e compartilhamento de experiências.
A organização da vivência do estágio se inicia por meio da inserção do
estagiário no campo do estágio, cujo primeiro contato é feito com o acompanhamento
do professor ou por uma carta de apresentação do Estagiário (ANEXO A)
disponibilizada pela universidade. Posterior à escolha do campo e a divisão das
equipes é preciso ter percepção crítica do espaço escolar, conhecer o corpo docente,
funcionários e a estrutura física, esse levantamento de dados é feito por observação,
entrevista e pelo Formulário de Levantamento de Informações do Campo de Estágio
elaborado em conjunto com a turma seguindo as orientações do professor
O Termo de Compromisso do Estágio (ANEXO B) é um documento
obrigatório com informações e a serem assinadas pelo estagiário, supervisor técnico
e direção da escola. No campo de Estágio, a avaliação do aluno estagiário é feita por
meio de fichas pelo professor regente da sala de aula (ANEXO C), com avaliação
geral do seu desempenho pelo supervisor técnico (ANEXO D) e pela direção da escola
(ANEXO E).
Quando o aluno já desempenha funções de docência na Educação Básica
poderá solicitar através de um requerimento (ANEXO F) a redução de carga horária
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para a Coordenação do Curso durante a realização da matrícula, acompanhando
devidamente os documentos de cópia do contracheque ou contrato de trabalho,
descrição das atividades desenvolvidas nos últimos cinco anos.
A estrutura curricular do Estágio Supervisionado no curso de Pedagogia
promove um espaço de relação teórico-prática, que gera investigação e produção de
novos saberes durante as práticas desenvolvidas que são fundamentadas nos
conhecimentos teóricos adquiridos durante as aulas no decorrer do curso.
As Diretrizes Curriculares para os Cursos de Licenciatura da UEMA,
Resolução Nº 1264/2017- CEPE/UEMA descreve as atividades do Estágio Curricular
Supervisionado que são compostas por:
a) Orientação para exercício teórico-metodológico de atividades da
docência;
b) Orientação e acompanhamento de atividades direcionadas para o
planejamento de aulas, atendendo os itens propostos no plano;
c) Vivência no ambiente educativo em que serão realizadas atividades
didático-pedagógicas concernentes ao campo de estágio, dentre elas:
observação, planejamento, docência e avaliação;
d) Elaboração de relatório, atendendo ao roteiro estabelecido pela UEMA,
de todas as atividades realizadas no estágio;
e) Apresentação oral do relatório de estágio, conforme estabelecido pelo
professor orientador do estágio;
f) Entrega do relatório final do estágio, conforme data estabelecida pelo
professor orientador.
No campo do estágio o estudante desenvolve atividades desde a
observação do local como um todo, do corpo docente e administrativo, uma fase
também essencial para compreender a realidade vigente. No entanto, as principais
atividades, não excluindo ou desmerecendo as anteriores, ocorrem ao adentrar a sala,
cujas tarefas são:
a) Observação e participação na realização do trabalho pedagógico
desenvolvido na sala de aula da escola campo de estágio;
b) Planejar as atividades que serão desenvolvidas com o professor
responsável pela sala de aula;
c) Planejar e realizar atividades de acompanhamento pedagógico para os
estudantes com baixo desempenho acadêmico;
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d) Assumir a sala de aula para exercer a docência, com o plano de aula
previamente planejado;
e) Desenvolver as atividades da docência, atendendo o princípio da
interdisciplinaridade e da criatividade;
f) Participar quando, for o caso, de projetos de intervenção didáticos
pedagógicos desenvolvidos pela escola campo de estágio;
O período do estágio é um momento favorável e propício para conhecer a
realidade escolar, para aprender a futura profissão na pratica. Com base nas
atividades elencadas, percebe-se o curto período de tempo que se passa o estágio
para as diversas obrigações que são exigidas. Para Tardif (2000) o estágio é
relativamente curto em consideração as aprendizagens da profissão e que se dar de
maneira processual.
O estagiário deve experimentar diversas práticas e maneiras de ser
professor, com ações iniciais de pesquisas, observação, diagnóstico de alunos,
identificação da realidade vigente, estudo teórico, elaboração de projeto e planos de
trabalhos, para em seguida promover intervenção com construção de material didático
e atuação de regência em sala de aula.
Mas o que se pode entender por realidade? Resume-se apenas em
observar e participar das atividades escolares?
A aproximação à realidade só tem sentido quando tem conotação de envolvimento, de intencionalidade, pois a maioria dos estágios burocratizados, carregados de fichas de observação, está numa visão míope de aproximação da realidade. Isso aponta para a necessidade de um aprofundamento conceitual do estágio e das atividades que nele se realizam. É preciso que os professores orientadores e estágios procedam, no coletivo, junto a seus pares e alunos, essa apropriação da realidade, para analisá-la e questioná-la criticamente, à luz de teorias. Essa caminhada conceitual certamente será uma trilha para a proposição de novas experiências. (PIMENTA e LIMA, 2005 p.14)
Essa experiência possibilita aprimorar a prática no ambiente escolar,
aproximando o aluno universitário da realidade profissional, o envolvendo ao cotidiano
escolar em diversas instâncias educativas para que elabore propostas de trabalho,
envolvendo supervisores, estudantes e campo de estágio, bem como elaborar e
executar um Projeto de Intervenção Pedagógica. Além de oferecer a chance de fazer
avaliações a práticas de ensino no sentido de intervir com rupturas e mudanças se
necessário.
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Neste sentido, Pimenta e Lima (2004) abordam,
Ao transitar da universidade para a escola e desta para a universidade, os estagiários podem tecer uma rede de relações, conhecimentos e aprendizagens, não com o objetivo de copiar, de criticar apenas os modelos, mas no sentido de compreender a realidade para ultrapassá-la. Aprender com os professores de profissão como é o ensino, como é ensinar, é o desafio a ser aprendido/ensinado no decorrer dos cursos de formação e no estágio (PIMENTA; LIMA, 2004, p. 111-112).
A experiência do estágio é realizada geralmente por duplas de estagiários.
Considerando as ações a serem desenvolvidas e por ser um momento de
aprendizagem que requer adquirir certos conhecimentos e técnicas, é necessária à
presença constante de um professor supervisor que impulsione o senso crítico do
aluno de modo que ele seja capaz de apontar as necessidades observadas e assim
transformá-las em oportunidades.
Desse modo, MEC 28/2001 expressa que o estágio supervisionado “é o
momento de efetivar, sob a supervisão de um profissional experiente, um processo de
ensino-aprendizagem que, tornar-se-á concreto e autônomo quando da
profissionalização deste estagiário”.
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5 O ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO NO CURSO DE PEDAGOGIA DA
UEMA: uma reflexão sobre a integração teoria e prática para a docência nos
Anos Iniciais do Ensino Fundamental.
As seções seguintes irão abordar os percursos traçados para o
desenvolvimento desta pesquisa, com isso serão apresentados as análises e os
resultados obtidos a partir da aplicação dos questionários feito com os alunos e
professores da UEMA e os professores da escola campo.
5.1 Caminhos percorridos pela pesquisa: Referencial Metodológico
Para realização deste estudo, utilizou-se a pesquisa bibliográfica baseado
em autores que estudam e pesquisam sobre o estágio curricular obrigatório, como
também pesquisa de campo, com o enfoque qualitativo e uso de uma entrevista
semiestruturada. Para Triviños (1987), a pesquisa do tipo qualitativa trabalha os dados
buscando seu significado, traçando como objetivo a percepção do fenômeno dentro
do seu contexto. O uso do estudo qualitativo busca captar não só a aparência do
fenômeno, mas também suas essências, com intenção de explanar sua origem,
relações e mudanças. A princípio foi necessário ser feito o levantamento bibliográfico
em fontes e autores que estudam e pesquisam sobre o Estágio Supervisionado para
ser fundamentado a elaboração dos questionários utilizados para coletar informações.
Utilizamos para fundamentação estudos dos autores tais como: Pimenta
(2004), Pimenta e Gonçalves (1990), Lima (2008), Santiago e Batista Neto (2000) e
diversos outros que embasaram a pesquisa a ser realizada.
Na busca por subsídios para essa pesquisa, foi realizado questionários no
mês de setembro de 2019 com 15 alunos da UEMA que já fizeram a disciplina, 4
professores (as) de uma das escolas-campo que é disponibilizada para a universidade
realizar o estágio obrigatório e 4 professores (as) que trabalham ou já trabalharam
com a disciplina de Estágio Supervisionado nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental
do curso de pedagogia da Universidade Estadual do Maranhão Campus Paulo VI.
Para preservar a identidade da escola-campo e dos entrevistados, não será
mencionado nenhum nome nessa pesquisa, optou-se por nominá-los de E1 até E23,
que foram as quantidades de entrevistados no total. Os questionários com os alunos
da UEMA contêm 10 perguntas e o dos professores da escola campo e os docentes
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da UEMA 7 perguntas cada. As questões variam entre abertas e fechadas, a maioria,
apesar de ser múltipla escolha, obtinha o espaço para o respondente comentar e
justificar sua resposta, deixando-o à vontade para expor sua opinião.
O objetivo dos referidos questionários foi avaliar a disciplina de Estágio
Supervisionado nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental do curso de Pedagogia da
Universidade Estadual do Maranhão. Para isso foi necessário realizar uma pesquisa
que abrangessem não somente os alunos, mas os professores da UEMA e
externamente a escola campo de estágio, assim obtendo o nível de satisfação de um
quantitativo maior de pessoas dando mais fidedignidade a pesquisa.
5.2 Contextualizando o campo de pesquisa
Abordar sobre o Estágio Supervisionado é recordar e discutir os diversos
fatores que o envolve, as relações estabelecidas historicamente entre a universidade
e a escola, pois são os dois principais ambientes que se desenvolve o estágio. É nessa
fase do curso que é proporcionado o elo entre a escola de formação e o sistema de
ensino. O curso de Pedagogia da Universidade Estadual do Maranhão (UEMA) é um
dos principais campos de interesse para o desenvolvimento desse estudo.
O curso de Pedagogia foi implantado na UEMA logo após os dados
alarmantes levantados pela Secretaria de Estado da Educação (SEDUC) em relação
ao quantitativo de professores atuantes em escolas sem a devida graduação, com
92,5% de docentes nos anos finais do Ensino Fundamental e 37,4% do Ensino Médio,
conforme relatado pelo Projeto Político Pedagógico do curso de Pedagogia (2013).
Exige-se do graduado em Pedagogia a capacidade de exercer a docência
com competência, resolver as situações problemas encontrados durante a profissão
e pensar criticamente sobre o ambiente educacional. Com isso esse curso é
estruturado para que o futuro professor possa atuar nas escolas de educação básica
de forma articular as atividades de ensino e pesquisa criticamente.
Conforme, relatado no tópico anterior, o outro campo de pesquisa foi umas
das escolas-campo que o Estágio Supervisionado da UEMA acontece, que será
mantido em anônimo seu nome para preservar sua identidade. A escola escolhida é
pública municipal que disponibiliza de 11 salas de aula distribuídas do 1º ao 5º ano,
todas com ar condicionado e ventiladores, porém pequenas para a quantidade de
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alunos matriculados, uma biblioteca, refeitório, cantina, banheiros para professores e
alunos e sala de professores.
O corpo docente é composto por 38 professores, sendo 11 professores que
atuam pela manhã e 11 pela tarde e 8 durante a noite na EJA- Educação de Jovens e
Adultos, 04 professores de Planejamento no turno matutino e 04 no vespertino, que
ficam no dia que os professores titulares planejam as aulas, 1 diretor, 1 secretária, 1
cuidadora de crianças especiais. No administrativo são 4 porteiros, 2 merendeiras e
594 alunos no total.
A escola desenvolve alguns projetos como “Meu querido olhar”, com 600
unidades de óculos para crianças tanto da escola como da comunidade, tem também
o taekwondo com o grupo da Liga Maranhense na segunda e quarta feira; capoeira,
na terça e quinta-feira após as aulas. Existe uma parceria da escola com a Universal,
que é emprestada em dia de cinema, além do projeto de intervenção pedagógica do
município que acontece em uma das salas do 3º ano com cerca de 60 lições
especificas para a alfabetização, para isso foi feito um diagnóstico para detectar os
alunos com baixo nível de leitura e escrita, e durante a noite acontece a EJA.
5.3 Análise e Resultados da Pesquisa
5.3.1 A experiência de estágio a partir da perspectiva dos alunos do curso de
Pedagogia
Este questionário com os alunos visou obter um feedback, o entendimento
e dificuldades encontradas ao longo de sua graduação na disciplina de Estágio
Supervisionado, possibilitando assim fazer análises a partir de suas respostas para
buscar alternativas e sugestões para melhoria da disciplina em questão. Sendo que
este é público alvo que as universidades devem tomar como base para buscar
melhorias na oferta dos cursos.
A pergunta inicial do questionário aplicado com as alunas consiste em
saber o período que se encontram. Dentre os períodos 7º, 8º e 9º obtidos, a maioria
das entrevistadas já haviam terminado as disciplinas da matriz curricular, ou seja,
estavam no 9º período, pois não haviam conseguido entregar a monografia no prazo
estipulado. Observe o percentual no gráfico abaixo:
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Gráfico 1 - Descrição do período das alunas questionadas
Fonte: ARAUJO, Kesya Marques. Questionário aplicado com alunos do Curso de Pedagogia da Universidade Estadual do Maranhão – UEMA para a pesquisa O ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO NO CURSO DE PEDAGOGIA DA UEMA: uma reflexão sobre a integração teoria e prática para a docência nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental.
As aulas teóricas que antecedem as práticas nas disciplinas de estágio são
de fundamental importância, pois auxiliam os alunos que irão entrar em um ambiente
novo e desconhecido, uma vez que não conhecem a realidade do mesmo. Então todas
as dúvidas e esclarecimentos precisam ser sanados, não somente nas aulas na
academia, mas durante todo o período do estágio para que obtenham uma
experiência boa do estágio.
Desta forma, as perguntas 2 e 6 do questionário se assemelham neste
ponto, a 2º pergunta questiona se os alunos tinham facilidade em conseguir
orientações esclarecedoras dos professores durante o período do estágio
supervisionado, e a 6º também sobre as orientações recebidas mais
especificadamente em relação as aulas teóricas obtidas antes das práticas. Como
podemos perceber através dos gráficos abaixo, mais da metade dos alunos
entrevistados não estão satisfeitos, pois ao escolherem a opção eventualmente e
parcialmente deixaram perceptível a insatisfação a respeito da aquisição de
conhecimentos necessários para suas práticas.
Pimenta e Gonçalves (1990) afirmam que a finalidade desta etapa do curso,
cujo elo entre teoria e prática é estabelecida pela aproximação do aluno a realidade a
qual atuará, podendo refletir a partir dela por meio da observação, participação e
regência vislumbrando suas futuras ações pedagógicas.
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Gráfico 2 - Orientações do professor durante o estágio supervisionado nos anos iniciais do ensino fundamental
Fonte: ARAUJO, Kesya Marques. Questionário aplicado com alunos do Curso de Pedagogia da Universidade Estadual do Maranhão – UEMA para a pesquisa O ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO NO CURSO DE PEDAGOGIA DA UEMA: uma reflexão sobre a integração teoria e prática para a docência nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental.
Gráfico 3 - Qualidade das orientações recebidas no início do estágio nas aulas teóricas na UEMA
Fonte: ARAUJO, Kesya Marques. Questionário aplicado com alunos do Curso de Pedagogia da Universidade Estadual do Maranhão – UEMA para a pesquisa O ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO NO CURSO DE PEDAGOGIA DA UEMA: uma reflexão sobre a integração teoria e prática para a docência nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental.
Conforme podemos observar nos gráficos 2 e 3 relacionados as
orientações do professor, anteriormente, nas aulas teóricas e durante as práticas do
estágio, uma certa insatisfação dos alunos, em que a maior parte dos entrevistados,
com 60% de eventualmente e parcialmente respectivamente, consideram insuficiente
para realização de suas práticas mais fundamentadas.
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Neste quesito, Pimenta (2004, p.37) comenta que as ações
desempenhadas pelos pedagogos em formação devem ser contextualizadas, com
reflexão sobre a ação, e que as aulas na universidade dão essa fundamentação
teórica, ou seja, a teoria não pode ser desvinculada da prática.
A pergunta três do questionário vem complementar esse acompanhamento
feito pelo professor durante o período do estágio, as respostas continuam negativas
neste quesito, com 52,9% de insatisfação.
Gráfico 4 - Acompanhamento dos estagiários na Escola Campo.
Fonte: ARAUJO, Kesya Marques. Questionário aplicado com alunos do Curso de Pedagogia da Universidade Estadual do Maranhão – UEMA para a pesquisa O ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO NO CURSO DE PEDAGOGIA DA UEMA: uma reflexão sobre a integração teoria e prática para a docência nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental.
A maioria das entrevistadas justificaram sua escolha, abaixo segue o
comentário da resposta de uma das alunas exatamente como descreve:
Entrevistada E1 - “Diversas vezes nos deparamos sozinhos na escola
campo que fomos destinados, sem auxílio dos nossos professores orientadores da
disciplina, o que gerava insegurança principalmente para aquelas pessoas que não
possuíam nenhum tipo de experiência dentro de sala de aula. Nesse quesito era muito
insuficiente.”
O acompanhamento do professor por todo o período do estágio é essencial,
pois conforme Santos (2008, p.23) o docente orientador poderá transformar o espaço
do estágio em um campo de aprendizagem, ressignificação e elaboração de ações
ampliando suas percepções. Assim, Pimenta e Lima (2004, p. 114) discorrem que as
tarefas de orientação do estágio “requerem aproximação e distanciamento, partilha de
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saberes, capacidade de complementação, avaliação, aconselhamento,
implementação de hipóteses de solução para os problemas que, coletivamente, são
enfrentados pelos estagiários”. A orientação do estágio não se caracteriza, em vista
disso, em uma atividade centralizadora ou de disputa de autoridade. É o inverso disso,
sendo uma maneira de auxiliar os estagiários a enfrentarem as dificuldades do dia-a-
dia da sala de aula, do percurso na escola, do ofício de ser professor e a criarem
autonomia profissional para tais enfrentamentos.
Já na quarta pergunta, se pode observar um ponto positivo nas
experiências dos alunos, em que o estágio atendeu as su