Keynes Resumo Bibliografico

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Pontifıcia Universidade Catolica deSao Paulo

Atividade III

Alunos Fabio Hideo Kunikawa

Professor Jose Geraldo Portugal

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Conteudo

1 Resumo: Uma Economia, muita solucoes - Dani Rodrik 1

2 Condicionantes historicas 5

3 Condicionantes Sociais 7

4 Condicionantes Intelectuais 8

5 Ideias e Acao 10

6 Conclusao 15

7 Referencias 16

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1 Resumo: Uma Economia, muita solucoes -

Dani Rodrik

A abordagem tradicional para o diagnostico de crescimento de um paıs emedir o desempenho de algumas varaveis chaves (por exemplo, credito, infra-estrutura, impostos) e compara-los com um conjunto de paıses similares, masmais bem sucedidas. Para focar a atencao em variaveis que sao realmenteimportantes para o crescimento, geralmente ha alguns pressupostos implıcitoou explıcito de regressoes Existem alguns problemas com este tipo de aborda-gem, tanto por causa dos problemas econometricos e a generalizacao atravesde uma estrutura subjacente comum em todos os paıses.

Outra abordagem popular e confiar em pesquisas de empresarios paraidentificar se um paıs esta tendo desempenhando bem opu mal as polıticaspropostas. O problema e que essas pesquisas contem centenas de perguntas,e nao ha nenhuma tentativa para identificar as areas que os empresariosidentificam como os mais graves obstaculos ao crescimento. Os empresariosnao necessariamente sabem por que a produtividade e baixa; Eles so sabemcomo lidar com isso.

Para identificar restricoes de um paıs, a metodologia estabelecida no li-vro (a partir de uma colaboracao com Ricardo Hausmann e Andres Velasco)propoe a olhar para os custos de oportunidades e peculiaridades de compor-tamentos por parte dos agentes economicos. Se um paıs sofre por falta decredito por exemplo, entao as taxas de juros devem ser elevadas; se ha es-cassez de capital humano, entao o ”premio por trabalho qualificado”deve serestimulado. Embora a primeira vista pareca uma analise bastante obvia, napratica a sua introducao se torna muito difıcil.

Um dos grandes empecilhos para introducao de tais medidas diz respeitoa inviabilidade de mensurar o custo de oportunidade em alguns setores dealguns paıses onde determinados mercados estao em estagios iniciais ou saoinexistentes, como e o caso do setor de infra-estrutura de muitos paıses emdesenvolvimento. Estudos que tem sido realizados recentemente, seguindo o”diagnostico do crescimento”que acabam muitas vezes considerando medidasquantitativas e analises de empresarios, precisamente o que a metodologiaesperava evitar.

Ha outros problemas que Rodrik chama de complementaridades envol-vendo um complexo de setores, que seria enfrentado por exemplo por umpaıs que deseja introduzir tecnologia e aumentar sua produtividade. Al-gumas barreiras para adocao de tecnologias de ponta reduzem o retorno aescolaridade ou mesmo a escassez de capital humano deprime a rentabili-dade da introducao desta tecnologia. A Melhoria das condicoes em pequena

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escala pode produzir benefıcios pequenos; mas grandes ganhos apenas resul-tariam de simultaneas reformas. Isso nao significa no entanto que a metodo-logia de diagnostico de crescimento e inutil; pelo contrario, estes problemas,tornando-se explıcitos, Rodrik sugere areas onde a pesquisa empırica e ur-gentemente necessaria.

A segunda questao que merece alguma discussao e sobre o papel docomercio no desenvolvimento e as propostas de associacoes para flexibili-zar a OMC. Uma das grandes contribuicoes de Rodrik nos ultimos anos temsido revelar muitas fraquezas na literatura empırica que supostamente esta-beleceu uma grande relacao causal do comercio com o crescimento. O autortambem criticou a maneira que sao concedidos benefıcios da liberalizacaocomercial, muitas vezes com interesses mais polıticos do que economicos. Oceticismo em relacao ao papel do comercio no desenvolvimento nao significaque Rodrik seja a favor do protecionismo como uma receita geral para ospaıses pobres. Na verdade, o autor escreve que ”ha poucas evidencias dosultimos 50 anos que economias mais fechadas crescem sistematicamente maisrapido do que que se houvessem optado por se manterem fechados em relacaoao comercio inertacional”(p. 221). Ha casos em que o protecionismo podedesempenhar um papel positivo. Por exemplo, no primeiro capıtulo, Rodrikargumenta que ”uma importacao tradicional, o modelo de substituicao de im-portacoes no setor industrial foi bastante eficaz, estimulando o crescimentoem um grande numero de paıses em desenvolvimento (por exemplo, Brasil,Mexico, Turquia).”(p. 50). Esta declaracao e uma crıtica, emultima analise,que Rodrik faz aos economistas que preconizam a liberalizacao do comerciocomo uma reforma fundamental para os paıses em desenvolvimento. E cla-ramente verdadeiro que muitos paıses em diferentes epocas experimentaramum crescimento rapido durante a aplicacao do Modelo de Substituicao de im-portacoes, mas o autor questiona se existem evidencias para o sucesso destemodelos indagando sobre as provas para os mecanismos que estariam supos-tamente por tras do sucesso do modelo de substituicao de importacoes. Seraque as mesmas provas que exigimos ao analisar a relacao entre liberalizacaoe crescimentoo nao deveriam ser exigidas deste modelo? Rodrik afirma quenao existe sequer uma pesquisa razoavel que analise a importancia do mo-delo de substituicao das importacoes (e outras formas de polıtica industrial)nos paıses do leste asiatico. O papel das elevadas tarifas e sua importanciapara o crescimento dos paıses atualmente desenvolvidos tem sido estudadade maneira bastante cuidadosa.

Rodrik propoe ja na introducao do livro ”um regime de comercio de-sejavel”que forneceria um maior espaco polıtico para que os paıses em de-senvolvimento pudessem prosseguir no mercado interno desenvolvendo es-trategias de crescimento, incluindo algumas medidas ’ortodoxas’ tais como

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subsıdios a exportacao, proteccao comercial, regras de patentes relativamenteflexıveis.

O autor defende que a OMC deveria desenvolver uma relacao mais amigavelmais amigavel, particularmente, fornecendo maior flexibilidade para os paısesem desenvolvimento de modo que seja possıvel que instituir regimes de comerciomais intervencionista.

Existem de fato condicoes sob as quais o protecionismo pode impulsionaro crescimento e o bem-estar dos paıses em desenvolvimento. Por exemplo, deacordo com o argumento padrao para Modelode Substituicao de Importacoes,se uma industria apresenta economias de escala que sao externos a empresa,mas interno para o paıs , um protecionismo temporaria pode permitir que opaıs se mova para um equilıbrio ”industrializado”com um salario maior. Masas condicoes necessarias para que isso ocorra sao muito rigorosa, desta formaa industria precisa ser viavel sem protecionismo, uma vez que as chamadasexternalidades Marshallianas foram totalmente exploradas. Tornando difıciljustificar as tarifas para industrias avancadas em paıses pobres.

Alem disso, as externalidades Marshallianas nao sao uma caracterısticaintrınseca de uma industria: a mesma industria pode beneficiar de tais efeitosexternos em um unico local, mas nao em outro. Em particular, o protecio-nismo pode falhar numa polıtica de aumento da produtividade do setor emdeterminados paıses devido a ausencia de alguns insumos complementares,infra-estrutura ou regulamentacao. No que diz respeito a exportacao, Ro-drik lamenta que ”entre as normas internacionais (da OMC), provavelmentea mais significativa e aquela que restringe o uso de subsıdios a exportacao”(p.148). Rodrik reconhece que ”nao ha nada na literatura empırica sugere queas exportacoes geram o tipo de externalidades positivas que justificam suassubvencoes como regra geral,”mas depois diz que ”os subsıdios as exportacoesde condicionamento tem o recurso valioso que garante os incentivos sao apro-veitados pelos vencedores (ou seja, aqueles que sao capazes de competir emmercados internacionais), ao inves dos perdedores.”(p. 149).

A Proposta do livro que sugere que a OMC seja mais flexıvel vai maisalem do que apenas a ideia de expandir o espaco da polıtica dos paıses emdesenvolvimento. Rodrik argumenta que ”paıses podem legitimamente de-sejar restringir o comercio ou suspender as obrigacoes existentes por razoesalem de ameacas competitivas para suas industrias”(p. 230).

Para os paıses desenvolvidos, essas razoes incluem ”preocupacoes dis-tributivas ou conflitos com normas nacionais ou arranjos sociais em paısesindustrializados.”(p. 230). ”As regras do comercio nao convence os america-nos a consumir camarao capturado de forma que a maioria dos americanosnao concordam.”(p. 232). O que Rodrik esta querendo dizer com essa fraseampliando-se a ideia e que as mercadorias produzidas pelos trabalhadores

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tratados de uma forma que os americanos acham inaceitavel pode servir deargumento para a introducao de uma polıtica protecionista, assim, ”paısesavancados poderiam buscar protecao temporaria contra as importacoes pro-venientes de paıses com fraca aplicacao de direitos trabalhistas, se tais im-portacoes agravarem as condicoes de trabalho nacionalmente.”(p. 230).

O objetivo seria tornar o sistema de comercio mais resiliente e resistenteao proteccionismo ao mesmo tempo permitindo a diversidade de normas einstituicoes nacionais. Para reduzir o risco de que tal polıtica fosse levado aoextremo do proteccionismo generalizado, qualquer proposta de defesa social”deve demonstrar amplo apoio interno, entre as partes de todos os envolvi-dos.”(p. 231). Idealmente, o amplo apoio interno para uma protecao dessetipo implica a maximizacao do bem-estar social de um paıs ao mesmo tempo,desconsiderando qualquer melhoria em termos de comercio. Na realidade, noentanto, Rodrik reconhece a dificuldade de organizar este tipo polıtica. Comoseria possıvel mensurar, por exemplo, como os consumidores se sentem? Seha desacordo entre os diferentes grupos socio-economicos, como podemosagregar os diversos interesses do paıs? Outro problema com esta proposta deexpansao de defesas e que poderia enfraquecer um dos benefıcios dos acor-dos internacionais, ou seja, os governnos teriam que comprometer-se a certascondicoes impostas externamente.

Para evitar os perigos associados a acao colectiva deste tipo, uma abor-dagem e confiar nos rotulos ou certificados para que possam fazer com queos consumidores interessados informassem suas decisoes privadas isto e, suaspreferencias o que nao parece muito viavel. Outra possibilidade e chegar aum acordo sobre algumas normas mınimas comuns desde ambientais, tra-balhistas ate regulamentacao de seguranca do consumidor. Paıses poderiamdesta forma impor protecoes sociais contra as importacoes provenientes depaıses que nao cumprissem estas normas.

O Diagnostico de crescimento e o papel da polıtica comercial em desen-volvimento sao apenas duas entre muitas questoes levantadas no livro. Oargumento de que os paıses devem adotar uma abordagem experimental ecriativa para a reforma institucional, o planejamento para uma polıtica in-dustrial deve ser uma parte importante das estrategias de desenvolvimento eas preocupacoes levantadas sobre o confronto entre globalizacao e democraciasao todos pontos importantes que merecem muita atencao.

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2 Condicionantes historicasSustentarei que os postulados da teoria classica somentesao aplicaveis a um caso especial e nao ao caso geral...Mais ainda: as caracterısticas do caso especial supostopela teoria classica nao sao os da sociedade economica emque realmente vivemos, donde resulta que seus ensinamen-tos enganam e sao desastrosos se intentamos aplica-los daexperiencia. (J. M. Keynes The General Theory: Employ-ment, Interest and Money)

A relacao entre a teoria economica classica e a Teoria Geral de Keynes esegundo Dillard, “ a mesma que se observa entre o mercantilismo e as Rique-zas das Nacoes de Adam Smith”. Do mesmo modo como seria impossıvel,ou ao menos muito difıcil compreender Smith sem conhecer algo da teoria epratica mercantilista, e tambem difıcil compreender a Keynes sem conheceralgo da teoria e pratica classicas. (Dillard, 1986, p.14).

O perıodo que transcorre entre o ano de nascimento de Keynes, 1883, e ode seu falecimento, 1946, se caracterizaram por profundas transformacoes nosistema capitalista mundial. Em sua juventude, a Gra-Bretanha era o centrode um grande nucleo industrial, tendo a libra como padrao de referenciamonetaria mundial. No decorrer de sua vida, o economista foi testemunha doprogressivo declınio da hegemonia economica britanica. Keynes atuou, comcerto protagonismo, em momentos cruciais da historia do inıcio do seculo XX,como na conferencia de Paris, que selou o Tratado de Versalhes, duramentecriticado por ele na obra: “As consequencias Economicas da Paz”.

Vivenciou os anos vinte e as severas consequencias para as economias eu-ropeias do pos-guerra, sobretudo a crise alema, o desemprego e as inflacoes emvarios paıses do Velho Mundo, a Revolucao Russa e seus impactos polıticos.No quadro das sucessivas crises do perıodo, Keynes pode observar as difi-culdades dos postulados da economia classica para lidar com as vicissitudesestruturais e conjunturais, sobretudo apos o grande “Crash” de 1929 e aprolongada depressao que a seguiu.

No cenario de profunda instabilidade provocado por todos esses fatores,o economista britanico observou atentamente as “solucoes” autoritarias quesurgiam no perıodo. Nas palavras de Skidelsky:

“Naquele momento o problema era de controle, nao de liberacao.A civilizacao, reconhecia Keynes em 1938, ‘era uma crosta finae precaria’. Os poderosos assumiram o controle, determinados aimpor suas versoes de ordem sobre o caos reinante: Stalin nasceuem 1879, Mussolini em 1883, Hitler em 1889. O modernismo per-deu sua inocencia a medida que a diversao cedia lugar ao terror.E Keynes comecou a questionar a sua crenca antiga. (...) Apesar

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de tudo, aquela animacao eduardiana sobreviveu. A incerteza po-dia ser administrada nao pela forca bruta, mas pelo cerebro, peloexercıcio da inteligencia e, assim, gradualmente a harmonia po-deria ser restaurada. Este foi seu credo essencial, sua mensagempara o nosso tempo, caso exista alguma”.

Entretanto, e injustica nao citar que a revolucao keynesiana foi resultadoaepenas do trabalho isolado do genial Jonh Maynard Keynes. Sua inspiracaobasica, o papel da demanda agregada no sistema economico tem origenslongınquas mas bastante solidas nos trabalhos de Malthus, Hobson Marxentre outros. Muito do que foi escrito por Keynes refletia ideias e criticasde alguns de seus discıpulos como Joan Robinson e James Meade, entre ou-tros. A interacao de Keynes esse grupo de intelectuais, enquanto escrevia aTeoria Geral, foi essencial para que muitas das evidencias argumentos fos-sem discutidos, corrigidos e ate reescritos. Ainda houve outros economistascontemporaneos a Keynes, cujos princıpios se aproximavam muito das publi-cadas na Teoria Geral, como era o caso de Kalecki na Polonia que tratou dotema da demanda efetiva independentemente de Keynes.

O tom polemico e heterodoxo da Teoria Geral despertou entusiasmo numimportante grupo de jovens economistas, por tratar de temas ate entao bas-tante complexos como recessao e desemprego por isso pouco estudado alemobviamente de sua originalidade e crıtica aos classicos. Sua obra acrescen-tou muito no debate de novos e velhos problemas nos mais variados temaseconomicos como Comercio Internacional e Desenvolvimento. A influenciakeynesiana ganhou adeptos tambem do outro lado do Atlantico, nos anos30, 40, 50 sua referencia tornara-se comum nos escritos de alguns economis-tas norte-americanos, dentre eles Alvin Hansen, John K. Galbraith, e PaulSamuelson que define a obra de Keynes com as seguintes palavras:

“E um livro mal escrito e mal organizado... Nao serve para uso emclasse. E arrogante, mal-educado, polemico, e nao muito generosonos agradecimentos. E cheio de falacias e confusoes: desempregoinvoluntario, unidades de salario, equivalencia da poupanca e doinvestimento, carater intertemporal do multiplicador, interacoesda eficiencia marginal sobre a taxa de juros especıficas, e muitosoutros... depois de entendida a sua analise, se mostra obvia e aomesmo tempo nova. Em resumo, e um trabalho de genio.”

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3 Condicionantes Sociais

Ao analisar as condicionantes sociais da formacao do pensamento keyne-siano, devemos ter em mente que tais condicoes estao profundamente imbri-cadas com as outras duas condicionantes (historicas e intelectuais), ja queo seu contexto social de formacao recebeu profundos influxos das mesmas.Segundo o Professor Tamas Szmrecsanyi:

“A genese e a evolucao do pensamento de Keynes foram condicio-nadas, em primeiro lugar, pela situacao socioeconomica e polıticado perıodo e do paıs em que ele viveu (...)”.

Adiante, prossegue o Professor Szmrecsanyi:

“Costuma-se dizer que ‘o estilo e o homem’. Ora, o estilo in-confundıvel que permeia toda a obra de Keynes remete o leitor,quase que instantaneamente, de volta as origens familiares emCambridge. Foi nesta velha cidade universitaria que ele nasceu ese formou, num ambiente que nunca chegou a abandonar – mesmoresidindo alhures, ou estando preocupado com problemas de na-tureza mais universal. Esse ambiente moldou a visao do mundode Keynes, funcionando como um quadro de referencia durantetoda a sua vida e para a maioria, se nao a totalidade, dos seustrabalhos”.

Keynes estudou em Eton, celebre colegio da elite britanica. Conforme noslembra o Professor Adroaldo Moura da Silva em sua apresentacao do volumeda colecao “Os Economistas” da Editora Abril dedicado ao economista:

“Keynes desde cedo desfrutou da melhor educacao, formal e in-formal, que a Inglaterra vitoriana oferecia as suas mais ilustresfamılias. Educou-se em Cambridge, cidade onde sua mae, Flo-rence, exerceu numerosos cargos publicos, inclusive o de Prefeita,e na Universidade, onde seu pai, John Neville, destacou-se comoprofessor e administrador. Ao longo de sua educacao, Keynesdedicou-se ao estudo da Matematica, Filosofia e Humanidades”.

O economista descendia de uma famılia de pregadores, sobretudo pelolado materno. O pai, tambem economista e autor de “O Escopo e o Metododa Economia Polıtica”, era um homem bem conceituado em Cambridge;seu livro, publicado em 1891 foi, durante muitos anos, utilizado como textobasico na area de Metodologia das Ciencias Economicas e, entre 1910 e 1925,

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exerceu um alto cargo administrativo na Universidade de Cambridge, perıodoque coincide com o inıcio da atividade docente do filho John Maynard.

Sendo filho de uma famılia academica abastada, como nos lembram Ski-delsky, Adroaldo Moura da Silva e Szmrecsanyi, nao faltaram elementos paraa formacao de um grande talento que almejasse de fato, como era o caso, umacarreira brilhante de intelectual, pensador e futuro homem bem sucedido nosnegocios particulares e de Estado. Sobre a vida privada da famılia Keynes,Skidelsky nos diz:

“O ambiente familiar no no 6 da Harvey Road [Residencia dafamılia] era elevado. O cırculo dos Keynes incluıa alguns dos maisdestacados economistas e filosofos da epoca – Alfred Marshall,Herbert Foxwell, Henry Sidgwick, W. E. Johnston, James Ward.Quando rapaz, Maynard jogava golfe com Sidgwick e escreveusobre ele com uma precisao cruel (a seu amigo Bernard Swithin-bank, em 27 de marco de 1906): ‘Ele nunca fez nada senao seperguntar se o cristianismo era verdade, provar que nao o era e es-perar que fosse’. Cambridge era menos mundana do que Oxford.Embora Maynard frequentasse a sociedade, seus padroes perma-neceram nao mundanos. Julgava sua propria vida, e a dos outros,por criterios intelectuais e esteticos. Impunha-se no mundo dosnegocios por forca de sua inteligencia e imaginacao, mas nao eraabsorvido por ele”.

Como se pode depreender da passagem, citada por Skidelsky, o jovemKeynes demonstrava, ja desde muito cedo, uma grande aptidao de lidar comconceitos teoricos facilmente, captando o essencial que lhe fosse util a pratica.

4 Condicionantes Intelectuais

Como abordado no topico precedente sobre as “Condicionantes Sociais”que, na verdade sao tambem socio-familiares, ha que lembrar que o impactodas mesmas refletiu de maneira perene e indelevel no carater do economistabritanico, mas nao o impediu de absorver e assimilar novas perspectivas in-telectuais e culturais; Keynes nao foi apenas um grande economista, mas umintelectual brilhante em varios campos do saber e com um apetite gigantescopor novos conhecimentos e areas de interesse variadas. Segundo Skidelsky:

[Keynes] “Nasceu vitoriano e sempre conservou tracos dos valoresvitorianos. (...) Acreditava no governo de uma benevola classe deletrados, ou seja, e uma aristocracia intelectual. Nessa nocao ha

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um misto de atributos sociais e intelectuais que reflete a ascensaovitoriana da propria famılia Keynes, gracas a inteligencia e sensocomercial, ao cırculo da classe dirigente. Ele era um patriota‘racional’, embora seu patriotismo fosse isento de qualquer tracode xenofobia”.

Um traco marcante da formacao da sua personalidade intelectual foi ocontato com as vanguardas intelectuais e artısticas do seu tempo, sobretudona sociedade secreta dos “Apostolos”, que congregava, entre seus membros,intelectuais do porte de Bertrand Russell, Lytton Strachey, Leonard Wo-olf, Clive Bell, alem de outros. Tambem fez parte do famoso “BloomsburyGroup”, que reunia intelectuais destacados do perıodo. Segundo o Prof Adro-aldo:

“Intelectuais de sucesso tinham como marca de seu comporta-mento social a irreverencia. Cultivavam o ideal libertario, a buscada ‘verdade’, lutavam pela ampliacao do papel da mulher na so-ciedade, pela desinibicao sexual e contestavam os valores moraisherdados da sociedade vitoriana”.

Essas caracterısticas que acompanham a construcao da formacao intelec-tual de Keynes: a formacao moral vitoriana de origem, o perıodo eduardiano,que significou um certo rompimento com a rigidez do perıodo precedente, eo carater libertario das vanguardas intelectuais, das quais era membro ativo,certamente contribuıram para a composicao de um carater com forte sensode dever moral (vitoriano), abertura as novas ideias (eduardiano) e libertario(das vanguardas intelectuais dos anos pos Primeira Guerra Mundial). DizSkidelsky:

“Keynes foi um produto das decadentes convencoes vitorianas.Era isso que tornava a questao comportamental, social e pes-soal, tao central para ele. Mas antes mesmo da Primeira GuerraMundial essa propria decadencia produziu nele e em seus con-temporaneos uma grande onda de animacao. Viam-se como aprimeira geracao livre da ‘embromacao’ crista, como criadorese beneficiarios de um novo Iluminismo, que podiam viver seusideais e maximas comportamentais segundo a mais pura luz darazao. Seus ideais eram esteticos e pessoais; a vida publica umtanto deprimente ja que as grandes vitorias do progresso, ao queparecia, ja haviam sido conquistadas. A experimentacao estavana ordem do dia nas artes, na filosofia, na ciencia e nos estilos devida, e nao na economia ou na polıtica”.

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Entretanto Keynes foi, apesar de toda a sua formacao ecletica e apai-xonada pelas artes e pela alta cultura, um economista e homem de Estadoimbuıdo de um profundo senso do dever (traco herdado de sua formacao vi-toriana) e, por isso, dedicou-se a fundo as questoes mais prementes no campoda economia e da polıtica do perıodo turbulento no qual transcorreu a maiorparte da sua vida, assunto a ser abordado com mais detalhe e precisao noproximo topico do trabalho.

5 Ideias e Acao

A primeira oportunidade realmente importante para Keynes destacar-seno campo polıtico-economico deu-se com a deflagracao da Primeira GuerraMundial. Nesta epoca ele contava 31 anos e a Guerra foi um ponto demutacao na sua vida e carreira. Ela mudou suas ambicoes, mas nao seusvalores essenciais. Seguindo a analise de Skidelsky:

“Depois de representar um papel importante para evitar o co-lapso do padrao-ouro durante a crise bancaria de agosto de 1914,foi trabalhar no Tesouro em janeiro de 1915, la permanecendoate demitir-se em junho de 1919. Em janeiro de 1917 tornou-sechefe de uma nova divisao ‘A’, dirigindo as financas externas daGra-Bretanha. Durante esse perıodo ajudou a formar o sistemade compras dos aliados nos mercados externos , as quais eramem grande parte financiadas pela Gra-Bretanha. Ali revelou-seexcelente funcionario do Tesouro, adaptando-se naturalmente aWhitehall (sede do governo britanico), sempre fertil ao aplicarprincıpios basicos a situacoes concretas, capaz de escrever comuma velocidade incrıvel memorandos breves e lucidos, tao valio-sos para ministros sobrecarregados. Whitehall tambem satisfaziaaquela parte de sua natureza que ansiava pelo domınio sobre omundo material. Ele gostava do trabalho e da companhia dospersonagens importantes e poderosos, a qual lhe proporcionavasua posicao de mandarim do Tesouro, brilhante, bem-apessoado,solteiro, bom jogador de bridge e conversador divertido”.

Durante o perıodo de guerra uma questao incomodava Keynes sobrema-neira – a crescente dependencia da Gra-Bretanha em relacao aos EstadosUnidos pela via do endividamento. Tal polıtica derivava do crescente esva-ziamento dos recursos britanicos para abastecer seus aliados, em especial aRussia. No livro de Skidelsky ha um trecho de um memorando sob as ini-

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ciais de Reginald McKenna, ministro das financas do Reino Unido, que saoatribuıdas a Keynes que relata bem o estado de espırito do economista:

“Se as coisas continuarem como atualmente (...) o Presidente daRepublica Americana estara em condicoes (...) de nos ditar seusproprios termos”.

Sao palavras premonitorias e sagazes de um observador arguto que ob-serva o movimento da historia, onde a hegemonia financeira comeca a mudarvelozmente de maos, passando da Inglaterra para os Estados Unidos. Talmovimento se consuma em definitivo apos a Segunda Grande Guerra. ParaSkidelsky:

“A consciencia do declınio da Gra Bretanha (e o da Europa) comrelacao aos Estados Unidos conferia uma nova urgencia ao argu-mento por uma paz negociada; isso moldou grande parte do seupensamento do pos-guerra. (...) No final de 1917 Keynes estavaconvicto, conforme disse a mae, de que a continuacao da guerrasignificaria ‘o desaparecimento da ordem social que conhecemosate hoje (...) O que me assusta e a perspectiva do empobreci-mento geral. Dentro de mais um ano nao teremos mais creditosa reivindicar do Novo Mundo e em contrapartida este paıs es-tara hipotecado a America’. Isso resume o estado de espırito quedomina sua obra As consequencias Economicas da Paz (...)”.

O objetivo principal de Keynes era cancelar as dıvidas entre aliados, li-mitar os pagamentos alemaes a uma quantia anual razoavel em relacao aBelgica e Franca. O Cancelamento das dıvidas entre aliados visava desamar-rar as financas americanas da Europa. Ele apoiava a limitacao dessas dıvidasapenas coo meio de restaurar a producao industrial europeia, financiar a im-portacao de alimentos e estabilizar as moedas. Para ele, era inadmissıvel queemprestimos americanos tivessem a finalidade de pagar dıvidas impagaveis.Continuando alinha de analise de Skidelsky, em suas proprias palavras:

“Keynes colocou a economia no mapa para o publico bem infor-mado, e ela esta la desde entao. A ideia de que o capitalismoprecisava ser administrado tambem comecou a medrar. Keynesnao saiu da guerra como socialista e muito menos como bolche-vista. O socialismo, ele comecava a dizer, era para mais tarde –depois de solucionado o problema economico: uma ligacao curi-osa com o marxismo classico. Continuou liberal ate morrer. Atarefa que se impos foi a de reconstruir a ordem social capitalistaa partir de uma administracao tecnica aperfeicoada”.

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No perıodo entre guerras, Keynes reorganizou sua vida pessoal. Tendogranjeado fama e reconhecimento, era muito procurados por polıticos, finan-cistas, quadros da administracao publica, etc. Desenvolveu atividades naarea de investimentos, onde aumentou consideravelmente sua fortuna pes-soal, atuou na area jornalıstica nas funcoes de proprietario de jornal, editore redator de artigos polıticos, economicos e culturais. Manteve acesso di-reto a ministros, chanceleres e homens de Estado em geral que, cada vezmais, queriam ouvir seus conselhos e observacoes, chegando a influenciar apolıtica na qualidade de Membro do Conselho Consultivo de Economia doPrimeiro-Ministro britanico.

A vida do economista britanico nessa epoca estava ocupada com ativida-des que, de certa forma, o distraıam dos seus escritos, mas foi um perıodofertil para a aquisicao de elementos e experiencias, alem de observar o mo-vimento historico do sistema capitalista. Mais uma vez, recorrendo ao seumaior biografo, Skidelsky, temos a chave para compreender como Keynesutilizou a tumultuosa quadra para consolidar a sua analise:

“A teoria economica estava num estado de fluxo. Foram ne-cessarios ‘choques ‘ no sistema capitalista entre as duas guerraspara que se cristalizasse sua crıtica a compreensao antiquada docomportamento da economia”.

Mais adiante, Skidelsky continua:

“ O incentivo para os esforcos teoricos e praticos de Keynes noperıodo entre guerras foi seu receio quanto ao futuro. O estadode espırito anterior a guerra, de liberdade sexual e cultural, possi-bilitado pela expectativa do progresso ‘automatico’, cedera lugara uma sensacao de extraordinaria precariedade da civilizacao ca-pitalista. Isso foi reforcado pelas catastrofes dos anos entre guer-ras – em especial a Grande Depressao de 1929-33 e o triunfo deHitler na Alemanha. A crenca na estabilidade e capacidade derecuperacao do sistema de mercado foi substituıda pela opiniaode que a era do laissez-faire do seculo XIX fora um episodio unicona historia economica, derivado de conjunturas especiais que naomais existiam; que, a despeito do progresso tecnico, a humani-dade corria o risco de um retrocesso do patamar de prosperidadee civilizacao que alcancara na era vitoriana”.

E finaliza:

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“Em 1925, depois de uma visita a Russia sovietica, Keynes es-creveu que ‘o capitalismo moderno e completamente descrente(...) Um desses tem de ser imensamente, e nao apenas moderada-mente, bem-sucedido, para sobreviver’. Era esta a base espirituale psicologica do ‘tom’ Keynesiano”.

Ao olhar para a situacao britanica nos anos 20, Keynes percebeu as di-ficuldades para que a Libra voltasse aos padroes pre-guerra (que ele mesmotambem desejava) porem, ao observar que o nıvel de desemprego permaneciaestacionado em mais de 10%, o alertou para a possibilidade de que os custospara o emprego provocados por uma deflacao “selvagem” seriam mais quepassageiros e a economia ficaria presa numa armadilha de baixo emprego. Noseu “Tratado Sobre a Reforma Monetaria” de 1923, ele tentou esbocar umregime monetario que permitisse um nıvel razoavel da atividade economica.O economista britanico rejeitava o padrao-ouro como regime adequado, jaque para ele o padrao, a uma taxa oficial fixa, nao assegurava um nıvel deprecos domestico estavel porque o proprio valor do ouro estava sujeito a flu-tuacoes em termos do valor dos demais produtos, dependendo de sua escassezou abundancia. Keynes tambem temia que, dada a distribuicao das reservasmundiais de ouro, a volta ao padrao significaria entregar o controle britanicosobre o seu nıvel de preco ao Conselho da Reserva Federal em Washington(Skidelsky).

O “Tratado Sobre a Reforma Monetaria” identifica Keynes como o pri-meiro opositor do retorno da Libra Esterlina ao padrao. Quando o entao Mi-nistro das Financas, Winston Churchill fez a Libra retornar ao padrao-ouro,Keynes atacou a acao com um panfleto acido: “As Consequencias Economicasdo Sr. Churchill”. Nele o economista afirmava que o intento do ministro soseria viavel com uma reducao de 10% dos custos salariais britanicos, e quetal proeza se daria pela “intensificacao ilimitada do desemprego”. Skidelskylembra que:

“ Keynes foi o primeiro a compreender e declarar claramente queuma moeda apreciada seria uma moeda fraca e nao forte”.

Nesse perıodo de debate economico mais politizado, Keynes escreve umopusculo que define a sua filosofia do Meio Termo: “O fim do Laissez-faire”,de 1926.

O “Tratado Sobre a Moeda”, de 1930, dando continuidade a linha depensamento do “Tratado Sobre a Reforma Monetaria”, aborda de forma maisdetalhada e sistematica a questao de que uma economia baseada no padrao-ouro poderia, em condicoes especıficas, cair numa armadilha de subemprego.

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O resultado seria um excesso de poupanca com relacao ao investimento, umnıvel declinante de precos e uma economia estagnada.

Na Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda” de 1936, segundoSkidelsky, Keynes expoe claramente que nao havia um mecanismo automaticono moderno sistema economico que conservasse a poupanca planejada emequilıbrio com o investimento planejado.

O Livro modificou a visao que a maior parte dos economistas tinha sobreo funcionamento das economias. Trata-se de uma obra revolucionaria, naoso no campo economico, mas tambem no ambito da polıtica. O seu efeitonao foi imediato, mas, apos a Segunda Guerra, os governos do ocidente emsua imensa maioria buscaram, com graus diferentes de enfase, aplicar emsuas polıticas relativas ao nıvel de emprego a agenda keynesiana estabelecidana “Teoria Geral”. A Magnus Opus do economista britanico e uma analiseprofunda da logica do comportamento economico em perıodos de incerteza,juntamente com um modelo de determinacao de renda no curto prazo; pri-vilegiando a quantidade, e nao o preco, como variavel de ajuste. Seguindomais uma vez as palavras eloquentes de Skidelsky:

“A primeira tentativa do proprio Keynes para aplicar A “TeoriaGeral” ao planejamento surgiu em tres artigos que escreveu parao The Times em janeiro de 1937, sobre ‘Como evitar uma baixa’– avaliacao notavelmente cautelosa da possibilidade de se reduziro desemprego abaixo de sua taxa de 12% na epoca, injetando naeconomia ‘maior demanda agregada’”.

Com a publicacao da “Teoria Geral” transformou-se na personalidademais influente da polıtica economica da Gra-Bretanha. Alem da forca dassuas ideias, os britanicos tambem contaram com os servicos ativos de Keynesem tres importantes ocasioes:

1. No contexto da economia de guerra, durante a Segunda Guerra Mun-dial;

2. Na Conferencia de Bretton Woods onde, embora suas ideias nao tenhamsido as que prevaleceram, teve destacada participacao e influencia nareorganizacao financeira do mundo pos-guerra.

3. Na negociacao do emprestimo americano, sendo sempre um bravo ne-gociador em favor dos interesses da Gra-Bretanha.

Apos uma vida profıcua e riquıssima contribuicao intelectual, Keynesfaleceu em 21 de abril de 1946.

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6 Conclusao

Avaliar a dimensao da contribuicao de Keynes para a teoria economicae para a polıtica economica do nosso tempo nao e tarefa trivial. Basta lem-brar que o famosos “Trinta Anos Gloriosos”, que vao do final da SegundaGuerra ate meados da decada de setenta, que significaram o maior perıodode progresso contınuo do capitalismo moderno, sao conhecidos como a erado “Consenso Keynesiano”.

Mesmo apos a “morte” do pensamento Keynesiano, com a emergencia doconsenso neo-conservador em meados dos setenta, sempre que a economiasinaliza dificuldades, recessoes mais prolongadas, ou mesmo uma grave crisecomo a de 2008, as ideias do economista insistem em ressoar nas cabecas dosestadistas e dos “imunes” homens praticos.

Embora muitas de suas ideias tenham sido contestadas posteriormente,a maioria delas aparecendo como crıtica ao problema da inflacao, a obra deKeynes revolucionou a profissao do economista. O proposito final de suateoria e explicar o que realmente determina o volume de emprego, ou demaneira complementar, o que origina o desemprego.

Para mitigar a insuficiencia de investimentos em perıodos de recessoesprofundas, Keynes advoga a direcao estatal do Investimento. A fim decompensar as inevitaveis flutuacoes do investimento privado, por meio depolıticas antı-ciclıcas. Em ultima analise, uma taxa de juros baixa e umaalta eficiencia do capital seriam as condicoes favoraveis para o investimentoe portanto, para o emprego.

A teoria realista formulada por Keynes e condicionada pelo sentido dosvalores do teorico e suas ideias quanto ao que se deseja uma polıtica exequıvel.Segundo Dudley Dillard.”o carater realista da teoria de Keynes pode seratribuıdo em grande parte a seu interesse vital por um tipo especıfico deprograma economico.” Por fim, uma frase de Keynes, embora dita no inıciodo seculo passado, continua bastante atual, assim como sua teoria e deveriaser um ponto de reflexao para alguns economistas:

“As ideias de economistas e filosofos polıticos ambos, quandoestao certos ou errados sao mais poderosas do que comumente en-tendido. De fato, o mundo por um pouco mais. Homens praticos,que acreditam ser isentos de qualquer influencia intelectual saogeralmente escravos de algum economista morto.” (John MaynardKeynes – A Teoria Geral do emprego, juro e moeda).

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7 Referencias

[1] DILLARD, Dudley. A Teoria Economica de John Maynard Keynes.4.ed. Sao Paulo: Livraria Pioneira, 1982.

[2] KEYNES, John Maynard. A Teoria Geral do Emprego, do Juro e daMoeda.Sao Paulo: Abril Cultural, 1983. 287 p. (Os economistas). Traducaode: Mario R. da Cruz.

[3] SKIDELSKY, Robert. Keynes, Editora Jorge Zahar, Sao Paulo, 2009.

[4] SZMRECSANYI, Tamas.John Maynard Keynes: Grandes CientistasSociais.Sao Paulo: Atica, 1984.

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