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Contato Quem Somos Pesquisar... Digite seu email Página inicial Cimi Regionais Terras Indígenas Assessoria Jurídica Assessoria Teológica Política Indigenista Povos Indígenas Jornal Porantim Mundo que nos Rodeia Boletim Boletim o Mundo que nos Rodeia remover email Recomendamos Inserido por: Administrador em 09/11/2014. Fonte da notícia: Matias Rempel Cimi Regional Mato Grosso do Sul » Notícias » Nos estados » MS Após um século de descaminhos, povo Kinikinau realiza sua primeira assembleia fortalecendo a identidade na luta pelo bem viver Pouco a pouco as pessoas foram chegando e tomando seus lugares debaixo de um puxado de palha, entendido a partir do espaço de um centro comunitário, localizado na Aldeia Terena de Cabeceira em Nioaque (MS). Acima da mesa, em palavras fortes e precisas, podiase ler: “Povo Kinikinau fortalecendo a identidade na luta pelo bem viver”. Após mais de um século de descaminhos, aconteceu a Assembleia do Povo Kinikinau, entre os dias 6 a 9 de novembro. Na medida em que as primeiras palavras foram sendo ditas, a memória pediu licença para adentrar a reunião e a história sentiu nas linhas do tempo que seu curso definitivamente está para ser mudado. No semblante seguro dos mais velhos, no sorriso afirmado dos jovens e crianças, na força dos homens e mulheres e nos ditos gerais, entoados cada vez mais firmes “Eu sou Kinikinau”, pouco a pouco este povo vai dando os primeiros passos na reconstrução seu próprio destino, reafirmando sua identidade e retomando o curso da vivência plena de seu modo de ser. Tesouros que a duras penas lhes foram retirados no passado. Sem território próprio, vindos das aldeias de São João (Reserva Indígena Kadiwéu) e das Aldeias Terena de Mãe Terra, Limão Verde, Cachoeirinha, Cabeceira, Lalima, entre outras, os Kinikinau durante a assembleia foram se reagrupando em torno da ideia de diversos grupos familiares, hoje divididos, que constituem um único povo comum. Para além do povo Kinikinau, de seus estudiosos e sabedores (tradicionais e acadêmicos), se fizeram presentes também representantes do povo Terena, Guarani e Kaiowá, Atikum e estudiosos não indígenas que são referência na história e cultura Kinikinau como Aila Villela Bolzan, Giovane José da Silva e Iara Quelho de Castro. Palavras que irrompem, caminhos que se encontram Políticas governamentais de redução territorial e uma onda sistemática de perseguições de fazendeiros, posseiros e invasores significaram para os Kinikinau, no Mato Grosso do Sul, o peso inimaginável de mais de cinco séculos de dispersões forçadas, o retalhamento de seu povo e o desmembramento total de seus territórios. Quando em 1940, após muito translado, um pequeno grupo fixouse na aldeia de São João em terras pertencentes ao povo Kadiwéu, local que vivem até hoje, muitos estragos haviam sido infligidos a outros grupos Kinikinau. Estes, sistematicamente expulsos de suas terras tradicionais, acabaram por ter de viver de uma espécie de “empréstimos territoriais”, sendo acolhidos em meio a terras e grupos Indígenas Terena. Assim, os Kinikinau foram transformados em um povo “forasteiro”. Até hoje, os indígenas Kinikinau, por terem sido vítimas das pressões dos fazendeiros e políticas de esbulho, sofrem violência física e psicológica constantes em alguns dos territórios que ocupam. Sendo chamados até de povo que “vive de favor” entre outros povos indígenas, os Kinikinau jamais conseguiu se enraizar de maneira plena, sendo por vezes seus membros menosprezados por alguns ocupantes tradicionais destas terras. A própria natureza das negociações entre órgãos governamentais, em especial o SPI, e grupos dos povos indígenas que acabaram por “acolher” o povo Kinikinau, acabou por reservar historicamente para os últimos o caráter de “prestadores de serviço” de seus anfitriões. Com as vidas fragmentadas passaram a ter negado também seu reconhecimento étnico pelos próprios órgãos indigenistas oficiais, Serviço de Proteção ao Índio (SPI) e depois pela Fundação Nacional do Índio (Funai). Como se não bastassem as perseguições e migrações físicas, os Kinikinau tiveram de enfrentar o peso da invisibilidade, alicerçado pelas mãos de estudiosos que passaram a tecer teorias do desaparecimento ou simplesmente pelo esquecimento seletivo da memória, deixando de constar referências desta etnia nos documentos oficiais. Perseguidos tiveram de trocar, sobretudo arbitrariamente, seus sobrenomes retirando de seus documentos e registros, as referências que os identificavam como pertencentes à etnia Kinikinau. Assumiu este povo, de maneira forçada, identidades alheias e impróprios destinos. Considerados subgrupo Terena por muitos anos passaram a viver nas sombras de outros povos em aparente silêncio, mas nunca esqueceram de quem são e nem de sentir o que é ser Kinikinau. Silêncio este aparente apenas para quem os via de fora. Dentro de cada um e cada uma, em cada peito, permaneceram cultivando todos os dias sua tradição e sabedoria e as repassaram dia após dia para seus filhos. Os anciões sabiam que cedo ou tarde chegaria o dia do novo despertar e por esforço próprio este povo construiu esta assembleia que significa os primeiros passos contra os malefícios de mais de um século de opressões e dispersões. Flaviana Roberto Fernandes, mulher e ceramista Kinikinau, que pelo peso das dificuldades teve de deixar a antiga Aldeia São João, relata o que significa estar longe de seus território e povo: “A gente se sente sozinha porque a gente teve a vida interrompida, deixamos familiares e tivemos que sair da 1 2 3 4

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Inserido por Administrador em 09112014Fonte da notiacutecia Matias Rempelshy Cimi Regional Mato Grosso do Sul

raquo Notiacutecias raquo Nos estados raquo MS

Apoacutes um seacuteculo de descaminhos povo Kinikinau realiza sua primeira assembleia

fortalecendo a identidade na luta pelo bem viver

Pouco a pouco as pessoas foram chegando e tomando seus lugares debaixo de um puxado de palha entendido a partir doespaccedilo de um centro comunitaacuterio localizado na Aldeia Terenade Cabeceira em Nioaque (MS) Acima da mesa em palavrasfortes e precisas podiashyse ler ldquoPovo Kinikinau fortalecendo aidentidade na luta pelo bem viverrdquo Apoacutes mais de um seacuteculode descaminhos aconteceu a 1deg Assembleia do PovoKinikinau entre os dias 6 a 9 de novembro

Na medida em que as primeiras palavras foram sendo ditas amemoacuteria pediu licenccedila para adentrar a reuniatildeo e a histoacuteriasentiu nas linhas do tempo que seu curso definitivamente estaacutepara ser mudado No semblante seguro dos mais velhos nosorriso afirmado dos jovens e crianccedilas na forccedila dos homense mulheres e nos ditos gerais entoados cada vez mais firmesldquoEu sou Kinikinaurdquo pouco a pouco este povo vai dando osprimeiros passos na reconstruccedilatildeo seu proacuteprio destinoreafirmando sua identidade e retomando o curso da vivecircnciaplena de seu modo de ser Tesouros que a duras penas lhesforam retirados no passado

Sem territoacuterio proacuteprio vindos das aldeias de Satildeo Joatildeo(Reserva Indiacutegena Kadiweacuteu) e das Aldeias Terena de Matildee Terra Limatildeo Verde Cachoeirinha Cabeceira Lalima entre outrasos Kinikinau durante a assembleia foram se reagrupando em torno da ideia de diversos grupos familiares hoje divididos queconstituem um uacutenico povo comum Para aleacutem do povo Kinikinau de seus estudiosos e sabedores (tradicionais e acadecircmicos)se fizeram presentes tambeacutem representantes do povo Terena Guarani e Kaiowaacute Atikum e estudiosos natildeo indiacutegenas que satildeoreferecircncia na histoacuteria e cultura Kinikinau como Aila Villela Bolzan Giovane Joseacute da Silva e Iara Quelho de Castro

Palavras que irrompem caminhos que se encontram

Poliacuteticas governamentais de reduccedilatildeo territorial e uma onda sistemaacutetica de perseguiccedilotildees de fazendeiros posseiros e invasoressignificaram para os Kinikinau no Mato Grosso do Sul o peso inimaginaacutevel de mais de cinco seacuteculos de dispersotildees forccediladaso retalhamento de seu povo e o desmembramento total de seus territoacuterios

Quando em 1940 apoacutes muito translado um pequeno grupo fixoushyse na aldeia de Satildeo Joatildeo em terras pertencentes ao povoKadiweacuteu local que vivem ateacute hoje muitos estragos jaacute haviam sido infligidos a outros grupos Kinikinau Estessistematicamente expulsos de suas terras tradicionais acabaram por ter de viver de uma espeacutecie de ldquoempreacutestimos territoriaisrdquosendo acolhidos em meio a terras e grupos Indiacutegenas Terena Assim os Kinikinau foram transformados em um povoldquoforasteirordquo

Ateacute hoje os indiacutegenas Kinikinau por terem sido viacutetimas das pressotildeesdos fazendeiros e poliacuteticas de esbulho sofrem violecircncia fiacutesica epsicoloacutegica constantes em alguns dos territoacuterios que ocupam Sendochamados ateacute de povo que ldquovive de favorrdquo entre outros povosindiacutegenas os Kinikinau jamais conseguiu se enraizar de maneiraplena sendo por vezes seus membros menosprezados por algunsocupantes tradicionais destas terras A proacutepria natureza dasnegociaccedilotildees entre oacutergatildeos governamentais em especial o SPI egrupos dos povos indiacutegenas que acabaram por ldquoacolherrdquo o povoKinikinau acabou por reservar historicamente para os uacuteltimos ocaraacuteter de ldquoprestadores de serviccedilordquo de seus anfitriotildees

Com as vidas fragmentadas passaram a ter negado tambeacutem seureconhecimento eacutetnico pelos proacuteprios oacutergatildeos indigenistas oficiaisServiccedilo de Proteccedilatildeo ao Iacutendio (SPI) e depois pela Fundaccedilatildeo Nacionaldo Iacutendio (Funai) Como se natildeo bastassem as perseguiccedilotildees emigraccedilotildees fiacutesicas os Kinikinau tiveram de enfrentar o peso dainvisibilidade alicerccedilado pelas matildeos de estudiosos que passaram a

tecer teorias do desaparecimento ou simplesmente pelo esquecimento seletivo da memoacuteria deixando de constar referecircnciasdesta etnia nos documentos oficiais

Perseguidos tiveram de trocar sobretudo arbitrariamente seus sobrenomes retirando de seus documentos e registros asreferecircncias que os identificavam como pertencentes agrave etnia Kinikinau Assumiu este povo de maneira forccedilada identidadesalheias e improacuteprios destinos Considerados subgrupo Terena por muitos anos passaram a viver nas sombras de outros povosem aparente silecircncio mas nunca esqueceram de quem satildeo e nem de sentir o que eacute ser Kinikinau Silecircncio este aparenteapenas para quem os via de fora Dentro de cada um e cada uma em cada peito permaneceram cultivando todos os dias suatradiccedilatildeo e sabedoria e as repassaram dia apoacutes dia para seus filhos Os anciotildees sabiam que cedo ou tarde chegaria o dia donovo despertar e por esforccedilo proacuteprio este povo construiu esta assembleia que significa os primeiros passos contra osmalefiacutecios de mais de um seacuteculo de opressotildees e dispersotildees

Flaviana Roberto Fernandes mulher e ceramista Kinikinau que pelo peso das dificuldades teve de deixar a antiga Aldeia SatildeoJoatildeo relata o que significa estar longe de seus territoacuterio epovo ldquoA gente se sente sozinha porque a gente teve a vidainterrompida deixamos familiares e tivemos que sair da

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associaccedilatildeo (de ceramistas) que tiacutenhamos laacute Sofremosameaccedilas e o medo que a gente sente faz a gente trocar delugar viver de lugar para outro A gente precisa de nossaterra natildeo sabe como juntar nosso povo de novo e mesmoque junte natildeo poderaacute ser fora de nosso lugar Precisamosnos juntar em territoacuterio nosso na nossa terra tradicional Noacutesnatildeo queremos deixar do nosso costume temos liacutenguadiferente trajes nosso jeito mesmo isso soacute teremos emnossa terrardquo

Genoveva Roberto Flores tambeacutem ceramista e mulherKinikinau complementa ldquoFora de nossa terra nossoscostumes satildeo afetados de todos os jeitos Desde crianccedilasde muito novinhos com cinco ou seis anos eles comeccedilam atrabalhar e aprender a ser kininkinau a se colocar no mundoKinikinau e participar dos dias de nosso povo Natildeo temosmais como fazer isso e isso nos traz dor Fora da terra natildeotem como viver nossa cultura nossos filhos natildeo estatildeo aprendendo a ser Kinikinaurdquo

Esta primeira assembleia pode ser considerada como um despertar coletiva dos Kinikinau por ser fruto proveniente de dorcompartilhada e sentida nas mais diversas aldeias em que vivem os filhos deste povo Preocupados com a continuidade desua trajetoacuteria e com as futuras geraccedilotildees cansaram de viver alheios aos seus territoacuterios e sem a possibilidade de dividir comos seus pares os haacutebitos e costumes que os caracterizam como grupo Nicolau Flores Kinikinau que vive na terra Kadiweacuteuespecificamente na Aldeia Satildeo Joatildeo traduz este sentimento em palavras ldquoEacute muito duro crescer assumindo ser outro uma vezque todo povo eacute diferente e cada um precisa de seu espaccedilo Noacutes temos ainda onde morar e o que comer sabemos quemsomos mas e nossos filhos o que seraacute deles Como seraacute nosso futuro se natildeo tivermos nossa terra e nossa cultura Seraacuteque teremos que escutar nossos filhos perguntando a noacutes que somos seus pais e o que deixamos para eles enquantosabiacuteamos que viviacuteamos em terras alheiasrdquo

Para Inaacutecio Roberto professor Kinikinau ldquoA 1deg Assembleia do Povo Kinikinau significa o fortalecimento deste povo que nuncadeixou de existir mas que agora reassume a sua grandeza histoacutericardquo

O fato de tatildeo importante assembleia ser realizada na Terra Indiacutegena Terena de Nioaque denuncia por si soacute os problemas dafalta de ocupaccedilatildeo de espaccedilo proacuteprio pelos Kinikinau Hoje suas terras tradicionais encontramshyse na matildeo de fazendeirosPoreacutem o fato tambeacutem revela a solidariedade do povo Terena junto agrave luta dos Kinikinau que assim como representantes doconselho Aty Guasu do povo Guarani e Kaiowaacute se fizeram presentes no encontro e assumiram compromisso conjunto debuscar junto a este povo a superaccedilatildeo destas mazelas histoacutericas que haacute muito lhes aflige Genilson Roberto Flores Kinikinauem seu pronunciamento emocionado fez referencia ao fato ldquoEu sou Kinikinau vocecircs satildeo Kinikinau noacutes sabemos sempresoubemos Antes estaacutevamos sozinhos Era difiacutecil dizer isso e por isso vivemos calados mas agora com nossa uniatildeo enossos parentes natildeo temos mais medo natildeo calaremos maisrdquo

Na assembleia falas fortes como a proferida porAlbino Kinikinau trouxeram agrave tona o tamanho da dor detodo um povo ldquoEacute duro ver o povo massacrado ver opovo ser queimado vivo tentar se levantar e serexpulso a bala Mas ateacute hoje o povo resiste e chegoua hora de resistir novamente Se for para lutarlutaremos todos juntos todos os Kinikinau que satildeomuitos e sabemos onde estatildeo Juntos buscaremosnossos direitosrdquo

Os Kinikinau nunca adormecidos simplesmentedecidiram andar os caminhos reversos daqueles queos separaram Percorrendo vias simboacutelicas sereagruparam para se reafirmar e dividir os frutos deuma cultura salvaguardada junto a cada famiacutelia porgeraccedilotildees ldquoEm um soacute homem ou mulher que despertae caminha eacute toda uma famiacutelia que se levantardquo dizNicolau Nas palavras de Nicolau a essecircncia dacaminhada ldquoVivemos como se calados em outrasaldeias quem nos olha natildeo sabe o que guardamos oque somos acha que somos apenas como os outrosMas cada aacutervore daacute seu fruto com seu cheiro e seu

sabor proacuteprio precisamos buscar nossos galhos nossa proacutepria aacutervorerdquo Que a partir desta histoacuterica assembleia novamenteexale para fora do exiacutelio e seja sentido por todos os gostos e cheiros do povo e cultura kinikinau UNATI APEYEAacuteKOINUKUNOEM (Viva o povo Kinikinau)

MSAmeaccedilas invasotildees e escaacuternio rishyse o Satanaacutes da decisatildeo do juiz Faacutebio Kaiut NunesE ainda determinou que o MPF pagasse as custas do processo

ldquoPararam as demarcaccedilotildees mas noacutes natildeo paramos e vamos avanccedilar em defesa do nosso direitordquo diz Getuacutelio Guarani e KaiowaacuteDurante visita de autoridades as lideranccedilas afirmaram que caso a situaccedilatildeo natildeo mude e as demarcaccedilotildees natildeo ocorram os Guarani eKaiowaacute iniciaratildeo a retomada geral de seus territoacuterios

ldquoNatildeo temos terra nem para enterrar nossos familiares mortos pelos fazendeirosrdquo diz lideranccedila indiacutegena agrave comitiva da CDH noMato Grosso do SulGuaranishyKaiowaacute Comitiva da Cacircmara dos Deputados no Mato Grosso do Sul

Carta dos Conselheiros Guarani e Kaiowaacute da Aty Guasu para o Presidente da Comissatildeo de Direitos Humanos da Cacircmara dosDeputadosSe o Governo cumprir a Constituiccedilatildeo e demarcar nossos territoacuterios tradicionais resolveraacute a situaccedilatildeo de massacre que estamos sofrendo

Comissatildeo de Direitos Humanos e Minorias da Cacircmara dos Deputados chega ao MS para iniciar ldquorota da violecircnciardquo contra osGuarani e KaiowaacuteO Governo natildeo daacute nenhum sinal hoje do andamento de nossos direitos constitucionais

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Genoveva Roberto Flores tambeacutem ceramista e mulherKinikinau complementa ldquoFora de nossa terra nossoscostumes satildeo afetados de todos os jeitos Desde crianccedilasde muito novinhos com cinco ou seis anos eles comeccedilam atrabalhar e aprender a ser kininkinau a se colocar no mundoKinikinau e participar dos dias de nosso povo Natildeo temosmais como fazer isso e isso nos traz dor Fora da terra natildeotem como viver nossa cultura nossos filhos natildeo estatildeo aprendendo a ser Kinikinaurdquo

Esta primeira assembleia pode ser considerada como um despertar coletiva dos Kinikinau por ser fruto proveniente de dorcompartilhada e sentida nas mais diversas aldeias em que vivem os filhos deste povo Preocupados com a continuidade desua trajetoacuteria e com as futuras geraccedilotildees cansaram de viver alheios aos seus territoacuterios e sem a possibilidade de dividir comos seus pares os haacutebitos e costumes que os caracterizam como grupo Nicolau Flores Kinikinau que vive na terra Kadiweacuteuespecificamente na Aldeia Satildeo Joatildeo traduz este sentimento em palavras ldquoEacute muito duro crescer assumindo ser outro uma vezque todo povo eacute diferente e cada um precisa de seu espaccedilo Noacutes temos ainda onde morar e o que comer sabemos quemsomos mas e nossos filhos o que seraacute deles Como seraacute nosso futuro se natildeo tivermos nossa terra e nossa cultura Seraacuteque teremos que escutar nossos filhos perguntando a noacutes que somos seus pais e o que deixamos para eles enquantosabiacuteamos que viviacuteamos em terras alheiasrdquo

Para Inaacutecio Roberto professor Kinikinau ldquoA 1deg Assembleia do Povo Kinikinau significa o fortalecimento deste povo que nuncadeixou de existir mas que agora reassume a sua grandeza histoacutericardquo

O fato de tatildeo importante assembleia ser realizada na Terra Indiacutegena Terena de Nioaque denuncia por si soacute os problemas dafalta de ocupaccedilatildeo de espaccedilo proacuteprio pelos Kinikinau Hoje suas terras tradicionais encontramshyse na matildeo de fazendeirosPoreacutem o fato tambeacutem revela a solidariedade do povo Terena junto agrave luta dos Kinikinau que assim como representantes doconselho Aty Guasu do povo Guarani e Kaiowaacute se fizeram presentes no encontro e assumiram compromisso conjunto debuscar junto a este povo a superaccedilatildeo destas mazelas histoacutericas que haacute muito lhes aflige Genilson Roberto Flores Kinikinauem seu pronunciamento emocionado fez referencia ao fato ldquoEu sou Kinikinau vocecircs satildeo Kinikinau noacutes sabemos sempresoubemos Antes estaacutevamos sozinhos Era difiacutecil dizer isso e por isso vivemos calados mas agora com nossa uniatildeo enossos parentes natildeo temos mais medo natildeo calaremos maisrdquo

Na assembleia falas fortes como a proferida porAlbino Kinikinau trouxeram agrave tona o tamanho da dor detodo um povo ldquoEacute duro ver o povo massacrado ver opovo ser queimado vivo tentar se levantar e serexpulso a bala Mas ateacute hoje o povo resiste e chegoua hora de resistir novamente Se for para lutarlutaremos todos juntos todos os Kinikinau que satildeomuitos e sabemos onde estatildeo Juntos buscaremosnossos direitosrdquo

Os Kinikinau nunca adormecidos simplesmentedecidiram andar os caminhos reversos daqueles queos separaram Percorrendo vias simboacutelicas sereagruparam para se reafirmar e dividir os frutos deuma cultura salvaguardada junto a cada famiacutelia porgeraccedilotildees ldquoEm um soacute homem ou mulher que despertae caminha eacute toda uma famiacutelia que se levantardquo dizNicolau Nas palavras de Nicolau a essecircncia dacaminhada ldquoVivemos como se calados em outrasaldeias quem nos olha natildeo sabe o que guardamos oque somos acha que somos apenas como os outrosMas cada aacutervore daacute seu fruto com seu cheiro e seu

sabor proacuteprio precisamos buscar nossos galhos nossa proacutepria aacutervorerdquo Que a partir desta histoacuterica assembleia novamenteexale para fora do exiacutelio e seja sentido por todos os gostos e cheiros do povo e cultura kinikinau UNATI APEYEAacuteKOINUKUNOEM (Viva o povo Kinikinau)

MSAmeaccedilas invasotildees e escaacuternio rishyse o Satanaacutes da decisatildeo do juiz Faacutebio Kaiut NunesE ainda determinou que o MPF pagasse as custas do processo

ldquoPararam as demarcaccedilotildees mas noacutes natildeo paramos e vamos avanccedilar em defesa do nosso direitordquo diz Getuacutelio Guarani e KaiowaacuteDurante visita de autoridades as lideranccedilas afirmaram que caso a situaccedilatildeo natildeo mude e as demarcaccedilotildees natildeo ocorram os Guarani eKaiowaacute iniciaratildeo a retomada geral de seus territoacuterios

ldquoNatildeo temos terra nem para enterrar nossos familiares mortos pelos fazendeirosrdquo diz lideranccedila indiacutegena agrave comitiva da CDH noMato Grosso do SulGuaranishyKaiowaacute Comitiva da Cacircmara dos Deputados no Mato Grosso do Sul

Carta dos Conselheiros Guarani e Kaiowaacute da Aty Guasu para o Presidente da Comissatildeo de Direitos Humanos da Cacircmara dosDeputadosSe o Governo cumprir a Constituiccedilatildeo e demarcar nossos territoacuterios tradicionais resolveraacute a situaccedilatildeo de massacre que estamos sofrendo

Comissatildeo de Direitos Humanos e Minorias da Cacircmara dos Deputados chega ao MS para iniciar ldquorota da violecircnciardquo contra osGuarani e KaiowaacuteO Governo natildeo daacute nenhum sinal hoje do andamento de nossos direitos constitucionais

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