Kurumin 7, Guia Prático.doc

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Kurumin 7, Guia Prtico

Sumrio

5Kurumin 7, Guia Prtico

5Prefcio

7Captulo 1: Uma Introduo

9O Kernel e as distribuies

16O Kurumin

27Como baixar, gravar e dar boot

30Requisitos mnimos

33Como o Kurumin funciona

41O UnionFS

43Algumas peculiaridades do Linux

49Entendendo os diretrios

51Um pouco sobre redes

54Configurando uma rede entre dois micros rapidamente

57Redes wireless

59Acesso remoto

62Captulo 2: Instalando e solucionando problemas

63Opes de boot (cheatcodes)

65Opes de vdeo

69Opes para solucionar problemas

71Rodando o Kurumin com o drive de CD livre

73Salvando suas configuraes

75Opes para micros antigos ou com pouca memria

76Opes antigas ou incomuns

78Instalando o Kurumin

80As parties no Linux

82Instalando

83Copiando os arquivos

86Concluindo a instalao

91Usando uma partio separada para o diretrio /home

94O assistente do primeiro boot

97Mais dicas de instalao

98Particionando com o cfdisk

100Particionando com o gparted

104Configurando o grub

111Instalando o Kurumin dentro de uma mquina virtual

118Captulo 3: Os Programas

119Aplicativos Linux

121A questo dos pacotes

123Instalando programas com o apt-get

128Configurando os repositrios

131Usando o testing/Unstable

133Usando o dpkg

134O cache do apt-get

136Documentao

137Resolvendo problemas com o apt-get

139Chaves de autenticao

141Usando o Synaptic

145Usando o Alien

146Instalando a partir do cdigo fonte

148Programas com instalador

150Outras ferramentas de instalao

151Os cones mgicos

152Programas de escritrio

153OpenOffice/BrOffice

160Koffice

162Abiword

163Gnumeric

164Scribus

166Imagem e desenho

167Gimp

169Inkscape

170Blender

171Ksnapshot

172Navegadores

173Firefox

180Konqueror

181Opera

182NVU

183E-Mail

184Mozilla Thunderbird (Icedove)

186Evolution

187Kmail e Sylpheed

188Mensagem e Voz

189Gaim

190Kopete

191Mercury

192Sim

193Amsn

194Skype

195Vdeo, som, CDs e DVDs

196Kaffeine

197Mplayer

201K3B

203eMovix

205DVDrip

206Amarok

208XMMS

209Kaudiocreator

211Audacity

212Usando o VMware Player

216Instalando

218Configurando

224Usando o Wine

231Usando o Cedega

232Captulo 4: Configurando e resolvendo problemas

232Configurando a conexo

233Acessando via ADSL, cabo, rdio ou rede local

235Conectando via modem

238Configurando redes wireless

242Compartilhando a conexo e ativando o firewall

243Usando o Kurumin Firewall

245Usando o Firestarter

247Configurao do som

250Configurando a impressora

255Compartilhando a impressora

257Imprimindo a partir de mquinas Windows

258Suporte a scanners

260Configurao do mouse

264Configurao do teclado

267Usando joysticks

268Drivers 3D da nVidia e ATI

269nVidia

271ATI

273Acessando parties do Windows

278Acesso a redes Windows

281Criando compartilhamentos

284Compartilhamentos em NFS

286Utilitrios de Sistema

289Configurando o KDE

290Administrao do Sistema

292Aparncia & Temas

293rea de Trabalho

294Componentes do KDE

295Controle de Energia

295Internet & Rede

296Perifricos

296Regional & Acessibilidade

298Som & Multimdia

299Mais dicas

299Configurando teclados multimdia

302Instalando servidores

309Recuperando o sistema

311Kurumin em micros antigos

315Usando o AIGLX e Beryl

318Gerenciamento de energia no Linux

321Acessando celulares e palmtops via bluetooth

328Usando o Kmobiletools

330Compartilhando a conexo com o Palm

332Acessando via GPRS, atravs do celular

337Usando mouses e teclados Bluetooth

338Solucionando problemas

339Recuperando parties danificadas

342Usando o Testdisk

346Usando o Partition Image

353Entendendo a configurao dos servios

356Transplantando o Kurumin para outra mquina

Kurumin 7, Guia Prtico

Este o guia oficial do Kurumin 7, que oferece uma viso aprofundada do sistema e mostra como explorar todos os seus recursosPrefcio

So Bernardo de Chartres gostava de dizer que se imaginava um ano sentado nos ombros de um gigante. Com isto, valorizava o conhecimento dos que, antes dele, haviam interpretado as profecias de Daniel e explicava como, de sua posio, ainda conseguia dar nova luz a elas. Este o maior valor do conhecimento: podermos nos valer de uma base to grande de bagagem cultural, aprendizagem de outros, para em cima desta base construir ainda mais. E por isto que importante que o conhecimento seja sempre livre, e que no esteja escondido por mecanismos artificiais como patentes e propriedades intelectuais que beneficiam a to poucos. Mas tambm por isto que eu gosto do Morimoto.

Eu nem sei se o Morimoto conhecia So Bernardo de Chartres. Nem sei se ele catlico. Sei que ele no ano... Conheci-o j h algum tempo em Curitiba, e por incrvel que parea agora que ele mora em Porto Alegre s temos nos falado por ICQ ou e-Mail. Mas a verdade que com sua distribuio de GNU/Linux, o Kurumin, o Morimoto foi capaz de dividir a histria do software livre nos computadores pessoais, os desktops. Agora ela se divide entre A.K. e D.K.: Antes e depois do Kurumin. Tenho recomendado a todos os que vo comear agora a se aventurar pelo maravilhoso mundo do software livre que comece pelo Kurumin.

Quando o Morimoto me convidou pra escrever este prefcio, ele me fez um resumo dos resumos das funcionalidades do Kurumin: tm suporte a mais placas wireless que outras distribuies, o melhor suporte a pendrives, a melhor compatibilidade com aplicativos de um certo sistema operacional muito utilizado (ainda, vestgios da era A.K.), bastante leve, uma excelente documentao em portugus e um dos maiores fruns de discusso na internet atravs do qual os usurios podem tirar suas dvidas.

Para criar o Kurumin o Morimoto se baseou na distribuio Knoppix, e herdou dela a possibilidade dos usurios poderem primeiro testar o sistema executando-o direto do CD, e depois decidindo-se pela sua instalao. O Knoppix, por sua vez, foi baseado no Debian, uma distribuio do sistema Gnu/Linux que dentre uma srie de outras coisas possui um sistema bastante democrtico de desenvolvimento e um sistema de atualizao automatizada de software extremamente profissional. O Debian, que existe desde agosto de 1993, juntou em uma distribuio de instalao j mais facilitada os pacotes desenvolvidos para o sistema Gnu e o kernel Linux (kernel, pra quem no sabe, o ncleo do sistema operacional, capaz de fazer o computador til o suficiente para poder rodar outros programas aplicativos), desenvolvido pelo finlands Linus Torvalds a partir de 1991. Linus usou as ferramentas do Gnu para criar o seu kernel. O sistema operacional Gnu foi concebido por Richard Stallman, j no princpio dos anos 80, como um substituto livre do sistema operacional Unix (Gnu um acrnimo recursivo: Gnu is Not UnixGnu No Unix). Assim, toda uma histria de um subindo nos ombros dos outros, em um exemplo de desenvolvimento cooperado, comunitrio, que criou um sistema livre que assusta um monoplio poderosssimo.

Acima de todos, olhando o que est acontecendo e com isto podendo alinhavar conhecimentos alheios e criar novos est o Morimoto, feliz que nem pinto em quirela porque sabe que depois dele viro ainda outros, e nem por isto o que fez deixa de ter importncia.

Neste livro voc vai conhecer o Kurumin, este trabalho de tantos gigantes com o Morimoto nos ombros. E como o software livre, todo o conhecimento que voc vai encontrar aqui pode ser explorado alm da sua casca, fique a vontade! Aproveite as facilidades que o Morimoto criou para que sua vida com o Gnu/Linux seja um grande prazer, e se quiser, construa ainda mais em cima dele.

Cesar BrodFundador da Solis e consultor de tecnologia

Captulo 1: Uma Introduo

O sistema operacional provavelmente o software mais importante em qualquer computador. Ele o responsvel por ativar todos os perifricos e criar o ambiente sobre o qual todos os outros programas rodam. O Windows o sistema mais usado, por isso ele acaba sendo a plataforma mais familiar para muitos de ns. Como qualquer sistema, o Windows possui sua dose de problemas, entretanto (como mais gente usa) normalmente mais fcil conseguir ajuda.

O domnio da Microsoft na rea de sistemas operacionais comeou em 1981, com o lanamento do primeiro PC e da primeira verso do MS-DOS. Embora no tivesse nada de especial com relao a outros sistemas da poca, o DOS cresceu em popularidade junto com os PCs, seguido pelas diversas verses do Windows. Contudo, a Microsoft uma pgina recente na histria da informtica. Enquanto o MS-DOS ainda dava seus primeiros passos, o Unix j era um sistema maduro, usado na maioria dos computadores de grande porte e em estaes de trabalho. A histria do Unix comea em 1969, na frente de um computador igual a este:

Este um PDP-7, que, na dcada de 60, era um minicomputador de baixo custo (custava 72.000 dlares da poca), equipado com apenas 8 kbytes de memria RAM. Hoje mesmo as agendas de bolso, das mais baratas, possuem bem mais memria do que ele.

Devido s pesadas limitaes do equipamento, o sistema operacional deveria ser extremamente enxuto e otimizado, de forma a extrair o mximo do equipamento, consumindo um mnimo de memria. A combinao da criatividade dos desenvolvedores, a necessidade e as limitaes impostas pelo equipamento, resultaram em um sistema bastante otimizado e elegante. Muitas das idias surgidas nesta poca continuam sendo usadas at hoje.

O Unix evoluiu durante a dcada de 70, passando a ser usado em cada vez mais equipamentos e ganhando mais recursos. Quase sempre ele era usado em aplicaes srias, incluindo instalaes militares, bancos e outras reas onde no existe margem para falhas. Devido a tudo isso o sistema se tornou muito robusto e estvel.

Os primeiros sistemas Unix foram desenvolvidos de forma colaborativa, dentro de universidades e centros de pesquisas. Embora naquela poca ainda no existisse a internet como a conhecemos hoje, existia uma grande colaborao entre os desenvolvedores.

Isso mudou na dcada de 1980, quando empresas como a AT&T, Sun e SCO, que detinham os direitos sobre o sistema, passaram a desenvolver verses proprietrias e a concorrerem entre si. A colaborao deixou de acontecer e a plataforma foi fragmentada em verses incompatveis.

Outro fator importante foi a falta de investimentos em verses destinadas a micros PCs. Na poca, os PCs eram vistos como computadores muito limitados, incapazes de rodar sistemas Unix completos. Lembre-se de que estou falando do incio da dcada de 80, quando ainda eram usados micros XT e 286 :). Somados, estes dois fatores fizeram com que a plataforma definhasse, deixando o caminho livre para o crescimento da Microsoft. Chegamos, ento, ao Linux.

Tudo comeou em 1991, quando Linus Torvalds comeou a trabalhar no desenvolvimento de um sistema Unix para rodar em seu 386. Na poca, o nico sistema similar era o Minix, um sistema para uso acadmico, que era bastante limitado. No incio, Linus usava o Minix para rodar os programas de desenvolvimento, mas, a partir de um certo ponto, ele passou a usar o prprio Linux.

De incio, o Linux era um projeto muito pequeno, o hobby de um nico programador. Entretanto, ele tinha uma grande vantagem em relao aos sistemas UNIX que o precederam: o simples fato de ser disponibilizado sob a licena GPL. Isso permitiu que outros programadores adotassem o projeto, passando a contribuir com melhorias e correes. O sistema passou a crescer em um ritmo cada vez mais acelerado, chegando ao que temos nos dias de hoje.

Ao ver micros com Linux em exposio nas lojas e em mercados, tenha em mente que esta apenas a ponta do iceberg. O uso do Linux em micros domsticos, pelo grande pblico, uma coisa relativamente recente. Antes de chegar aos desktops, o Linux cresceu entre os desenvolvedores e usurios avanados, dominou os servidores, invadiu o mundo dos dispositivos embarcados (celulares, roteadores, pontos de acesso wireless e at mesmo modems ADSL) e se tornou o sistema dominante no mundo dos supercomputadores.

Segundo o http://www.top500.org/ (que mantm um rank atualizado dos 500 supercomputadores mais poderosos do mundo) em julho de 2006 tnhamos 370 dos 500 supercomputadores mais poderosos rodando diferentes verses do Linux. Dos restantes, 125 rodavam outros sistemas Unix, 4 rodavam o Mac OS X e apenas um (um dos ltimos da lista) rodava o Windows Cluster Server 2003, uma verso do Windows especialmente otimizada para a tarefa.

O Kernel e as distribuies

Hoje em dia, quando falamos em Linux estamos normalmente nos referindo plataforma como um todo, incluindo as diferentes distribuies e softwares. Mas, no incio, tnhamos apenas o Kernel desenvolvido pelo Linus Torvalds. Ele (o Kernel) a pea fundamental do sistema, responsvel por prover a infra-estrutura bsica necessria para que os programas funcionem. O Kernel algo comum em todas as diferentes distribuies; muda a verso, mas o Kernel do Linus est sempre ali.

O Kernel o responsvel por dar suporte aos mais diferentes perifricos: placas de rede, som e o que mais voc tiver espetado no micro. Uma nova verso sempre traz suporte a muita coisa nova, o que faz diferena principalmente para quem pretende trocar de PC em breve ou est de olho em algum handheld ou mp3player extico.

No entanto, apesar de toda a sua importncia, o grande objetivo dos desenvolvedores que o Kernel seja invisvel. Ele deve simplesmente fazer seu trabalho sem que voc precise se preocupar com ele. Voc s se d conta de que o Kernel existe quando algo no funciona, de forma que quanto menos voc not-lo, melhor, sinal de que as coisas esto funcionando bem ;).

Se voc der uma olhada dentro da pasta /boot de qualquer distribuio Linux, vai encontrar o executvel do Kernel, no meio de um pequeno conjunto de arquivos. Ele o primeiro componente carregado durante o boot e o ltimo a ser finalizado.

Voc deve se perguntar por que o arquivo se chama vmlinuz e no vmlinux, como seria mais lgico. Na verdade, esta uma longa histria, mas, em resumo, o z no nome usado porque o arquivo do Kernel guardado no HD na forma de um arquivo compactado.

Outro componente base do sistema, usado em todas as distribuies, o servidor grfico, o famoso X. Antes do X, o Linux tinha apenas a velha interface de modo texto, o que explicava o fato de ele ser popular apenas entre programadores e administradores de sistemas.

Uma coisa interessante sobre o X que ele fornece a base para o funcionamento da parte grfica, incluindo o suporte placa de vdeo e mouse, mas no inclui a interface em si. Graas a isso, no existe uma interface grfica padro como temos no Windows, por exemplo. Ao inicializar o X sozinho, voc tem apenas uma tela cinza, com o cursor do mouse.

Existem no Linux vrias interfaces diferentes, conhecidas como gerenciadores de janelas. No incio existiam muitas interfaces diferentes, mas nenhuma se aproximava do nvel de funcionalidade e integrao que existe no Windows. Isto mudou com o aparecimento do KDE (que a interface usada por padro em diversas distribuies, incluindo o Mandriva, Kubuntu e o Kurumin) e mais tarde tambm com o Gnome.

No incio (at 1993), instalar o Linux era algo muito complicado, pois voc precisava baixar um monte de pacotes com cdigo fonte e ir compilando e instalando os componentes um a um, at chegar a um sistema funcional. Mas isso logo mudou, com o aparecimento das primeiras distribuies.

Uma distribuio Linux como uma receita. Ao invs de ficar compilando o Kernel e os programas, como faziam os pioneiros, voc simplesmente instala um conjunto que uma equipe desenvolveu e disponibilizou. O bom dos softwares que uma vez criados eles podem ser distribudos quase sem custo. Ao contrrio de um objeto material, que se quebra ao ser dividido, quanto mais pessoas copiarem e usarem sua distribuio melhor: seu trabalho ter mais reconhecimento e apoio. Alguns exemplos de distribuies so o Debian, Mandriva, Fedora, SuSE, Slackware e Gentoo.

Qualquer pessoa ou empresa com tempo e conhecimentos suficientes pode desenvolver uma distribuio. O mais comum usar uma distribuio j existente como ponto de partida e ir incluindo novos recursos a partir da. No mundo open-source no preciso reinventar a roda, os trabalhos anteriores so respeitados e reutilizados, aumentando radicalmente a velocidade de desenvolvimento de novos projetos.

A distribuio mais antiga ainda ativa o Slackware, que em julho de 2006 completou 13 anos. O Slackware uma das distribuies mais espartanas, que tem como objetivo preservar a tradio dos sistemas Unix, provendo um sistema estvel, organizado, mas com poucas ferramentas automatizadas, que te obriga a estudar e ir mais a fundo na estrutura do sistema para conseguir usar. Muita gente usa o Slackware como ferramenta de aprendizado, encarando os problemas e deficincias como um estmulo para aprender.

Temos aqui o famoso instalador em modo texto, que usado por todas as verses do Slackware:

Pouco depois, em novembro de 1994, foi lanado o Red Hat, que foi desenvolvido com o objetivo de facilitar a configurao e automatizao do sistema, incluindo vrias ferramentas de configurao. Apesar de sua alma comercial, todas as ferramentas desenvolvidas pela equipe do Red Hat tinham seu cdigo aberto, o que possibilitou o surgimento de muitas outras distribuies derivadas dele, incluindo o Mandrake (Frana) e o Conectiva (Brasil). Devido sua origem comum, estas distribuies preservam muitas semelhanas at hoje, sobretudo na estrutura do sistema e localizao dos arquivos de configurao.

O Red Hat foi a primeira distribuio a usar um sistema de gerenciamento de pacotes, onde cada programa includo no sistema transformado em um pacote compactado, que pode ser instalado atravs de um nico comando. O sistema guarda as informaes dos pacotes instalados, permitindo que voc possa remov-los completamente depois (sem deixar restos de bibliotecas e chaves de registro, como no Windows). O uso do gerenciamento de pacotes uma das diferenas mais visveis entre o Linux e o Windows: no Windows voc clica no executvel do programa e aberto um instalador; no Linux voc usa o gerenciador de pacotes para instalar os programas que quer usar. Aqui temos o venervel Red Hat 9, lanado em 2003:

Voltando Histria, a partir de 2003 a Red Hat mudou seu foco, concentrando seus esforos no pblico empresarial, desenvolvendo o Red Hat Enterprise e vendendo pacotes com o sistema, suporte e atualizaes.

O Red Hat Desktop foi descontinuado em 2004, pouco depois do lanamento o Red Hat 9. A partir da, passou a ser desenvolvido o Fedora, combinando os esforos de parte da equipe da Red Hat e vrios voluntrios que, com a maior abertura, passaram a contribuir com melhorias, documentaes e suporte comunitrio nos fruns. O Fedora herdou a maior parte dos usurios do Red Hat Desktop, tornando-se rapidamente uma das distribuies mais usadas.

O Mandrake comeou de uma forma modesta, como uma verso modificada do Red Hat, lanada em julho de 1998, cuja principal modificao foi a incluso do KDE (ainda na verso 1.0). O KDE e o Gnome so os dois ambientes grficos mais usados no Linux, dividindo a preferncia dos usurios e das distribuies. Ambos rodam sobre o X, usando os recursos oferecidos por ele. O X cuida do acesso placa de vdeo, teclado, mouse e outras funes base, enquanto o KDE ou Gnome cuidam da interface que mostrada a voc.

Superando todas as expectativas, o Mandrake conquistou rapidamente um grande nmero de usurios. A partir de um certo ponto, ele passou a ser desenvolvido de forma independente, sempre com o foco na facilidade de uso. Muita gente comeou a usar Linux justamente com o Mandrake 10 e 10.1 :).

O Conectiva foi a primeira distribuio Linux nacional e por muito tempo foi uma das mais usadas por aqui, atendendo tanto usurios domsticos, quanto empresas:

Em 2005 aconteceu a fuso entre o Mandrake e o Conectiva, que deu origem ao atual Mandriva, uma evoluo do Mandrake, que passou a ser desenvolvido combinando os esforos dos desenvolvedores das duas distribuies.

A histria do SuSE um pouco mais complicada. As primeiras verses foram baseadas no SLS, uma das primeiras distribuies Linux de que se tem notcia. Em 1995 os scripts e ferramentas foram migrados para o Jurix, que por sua vez era baseado no Slackware. A partir da verso 5.0, lanada em 1998, o SuSE passou a utilizar pacotes RPM, o formato do Red Hat e passou a incorporar caractersticas e ferramentas derivadas dele. Todas estas ferramentas foram integradas no Yast, um painel de controle central que facilita bastante a administrao do sistema.

Devido a todas estas mudanas, o SuSE difcil de catalogar, mas atualmente o sistema possui muito mais semelhanas com o Fedora e o Mandriva do que com o Slackware; por isso mais acertado coloc-lo dentro da famlia Red Hat.

Em 2003, a SuSE foi adquirida pela Novell, dando origem ao Novell Desktop (uma soluo comercial) e ao OpenSuSE, um projeto comunitrio, que usa uma estrutura organizacional inspirada no exemplo do Fedora.

Ao contrrio do Mandriva, do Kurumin e do Ubuntu, o OpenSuSE tem uma base de usurios relativamente pequena aqui no Brasil. Parte disto se deve ao fato de, no passado, o SuSE ter sido uma distribuio fortemente comercial. O sistema no era disponibilizado para download e mesmo a compra das caixinhas era complicada, j que no existia uma filial nacional. S com a abertura do sistema depois da compra pela Novel que o OpenSuSE passou a recuperar o terreno perdido.

Finalmente, temos o Debian, cuja primeira verso oficial (chamada Buzz) foi lanada em 1996. O Debian deu origem a uma grande linhagem de distribuies, que incluem de produtos comerciais, como o Linspire e o Xandros a projetos comunitrios, como o Ubuntu, Kubuntu, Knoppix, Kanotix e o prprio Kurumin.

As principais caractersticas do Debian so a grande quantidade de pacotes disponveis (atualmente, mais de 25 mil, se includos alguns dos repositrios no-oficiais) e o apt-get, um gerenciador de pacotes que permite baixar, instalar, atualizar e remover os pacotes de forma automtica.

O Debian utiliza um sistema de desenvolvimento contnuo, onde so desenvolvidas simultaneamente 3 verses, chamadas de Stable (estvel), Testing (teste) e Unstable (instvel). A verso estvel o release oficial, que tem suporte e atualizaes de segurana freqentes. A verso estvel atual o Etch (4.0), lanado em dezembro de 2006. Antes dele vieram o Sarge (3.1), lanado em junho de 2005; o Woody (3.0), lanado em julho de 2002, e o Potato (2.2), lanado em agosto de 2000. Atualmente, novas verses estveis do Debian so lanadas a cada 18 meses, sendo que a prxima, chamada de Lenny, est planejada para junho de 2008.

A verso instvel do Debian (chamada Sid) a mais peculiar. Ela uma eterna verso de testes, que no finalizada nunca. Ela serve como um campo de testes para novos programas e novas verses dos pacotes j existentes, permitindo que os problemas sejam detectados e corrigidos. Ao usar o Sid, voc tem acesso s verses mais recentes de todos os programas, mas, em compensao, no existe garantia de estabilidade. Um programa que funciona perfeitamente hoje pode deixar de funcionar amanh e ser novamente corrigido na verso seguinte. Um erro em algum dos pacotes base pode fazer com que o sistema deixe de inicializar depois de atualizado e assim por diante ;).

Usar o Sid viver no limite, com garantia de fortes emoes. apenas questo de tempo para que voc tenha problemas, de forma que a experincia s recomendvel para quem no se importa de colocar a mo na massa, abrir o navegador e sair pesquisando solues para eles :). Em algumas pocas, o uso do Unstable impraticvel, pois muitas alteraes so feitas simultaneamente, fazendo com que muitos pacotes fiquem quebrados e apaream problemas diversos.

As verses estveis do Debian so to estveis justamente porque ficam congeladas, recebendo apenas atualizaes de segurana e correes de bugs. Diz a teoria que se voc continuar corrigindo bugs em um programa, sem adicionar outros no processo, em um determinado momento voc chegar a um programa livre de falhas.

O maior problema que, devido ao longo intervalo entre os lanamentos das verses estveis, os pacotes acabam ficando defasados em relao a outras distribuies, que utilizam um ciclo de releases mais curto. Para amenizar o inconveniente, existe a opo de usar o Testing, que uma prvia da prxima verso estvel. Como o Testing uma verso incompleta, que ainda est em desenvolvimento, normalmente o utilizamos em conjunto com o Unstable, de forma que pacotes que ainda no estejam disponveis no Testing, possam ser instalados a partir dele.

Tipicamente, os pacotes comeam no Unstable, onde recebem uma primeira rodada de testes e, depois de algumas semanas, so movidos para o Testing. Periodicamente, os pacotes no Testing so congelados, dando origem a uma nova verso estvel. Alm destes, existe o Experimental, usado como um laboratrio para a incluso de novos pacotes.

O Debian em si bastante espartano em termos de ferramentas de configurao e por isso reservado a usurios mais avanados. Entretanto, por ser incrivelmente completo, o Debian usado como base para o desenvolvimento de muitas outras distribuies.

Esta mais uma peculiaridade do Linux: novas distribuies raramente so criadas do zero; quase sempre usada uma distribuio j existente como base, o que permite que os desenvolvedores se concentrem em adicionar novos recursos e corrigir problemas.

Dentro do mundo open-source, ser independente , na maioria dos casos, sinnimo de ser ineficiente. Ao invs de ficar duplicando ferramentas de configurao e reempacotando programas, muito mais inteligente aproveitar a base desenvolvida por outras distribuies e usar suas horas de trabalho para corrigir problemas e adicionar novos recursos. Com isto, voc consegue chegar a um produto melhor com o mesmo nmero de horas de trabalho e beneficia indiretamente outras distribuies que podem aproveitar as ferramentas desenvolvidas por voc. Quando algum argumentar que a distribuio x melhor que a distribuio y porque foi desenvolvida do zero, perdoe-o, pois ele provavelmente no sabe do que est falando.

Alguns exemplos de distribuies derivadas do Debian so o Ubuntu, Kubuntu, Knoppix, Kanotix, Mephis e, claro, o prprio Kurumin. Voc pode ver uma tabela mais completa com as origens de cada distribuio neste link do Distrowatch:http://distrowatch.com/dwres.php?resource=independenceVeja que dentre as distribuies cadastradas no site, a grande maioria baseada no Debian (129) ou no Knoppix (50). Naturalmente, as distribuies baseadas no Knoppix tambm so indiretamente derivadas do Debian e, de fato, muitas distribuies so includas dentro das duas categorias. Em seguida temos as distribuies derivadas do Fedora (63), do Slackware (28) e do Mandriva (14). At o Kurumin j entrou na lista, com 5 filhos.

O Kurumin

O Kurumin uma distribuio Linux destinada a desktops. Quando falo em desktops estou falando em um sistema destinado a uso geral, que voc pode usar para acessar a Internet, trabalhar, assistir filmes, jogar e fazer todo tipo de tarefas.

Existem muitas distribuies Linux destinadas a servidores, que um porto seguro. Um servidor uma mquina que fica o tempo todo ligada, sempre fazendo a mesma coisa. Existem vrios tipos de servidores, como servidores web, servidores de arquivos, servidores de impresso, etc.

Quase 70% dos servidores Web do mundo usam o Apache, a maioria deles rodando Linux. O Samba mais rpido e estvel que o Windows como servidor de arquivos e impressoras e por isso continua crescendo rapidamente. Quando se fala em compartilhar a conexo com a Web, novamente o Linux o sistema mais usado e quando pesquisamos sobre um sistema robusto para rodar um banco de dados, como o Oracle, MySQL ou Postgre SQL, novamente o Linux o mais comentado e recomendado.

Mas, apesar de ser to robusto, rpido e estvel, o Linux ainda pouco usado no ambiente domstico: provavelmente voc pode contar nos dedos os amigos (pelo menos os amigos fora da rea tcnica) que usam Linux no micro de casa.

Isso ocorre porque as qualidades necessrias para construir um bom sistema para um servidor e um bom sistema para uso domstico so muito diferentes, como comparar um tanque de guerra com um carro popular.

Um servidor precisa ser estvel e seguro, o resto secundrio. Um sistema para uso domstico, por outro lado, precisa ser fcil de usar, ser compatvel com todo tipo de impressora, modem, scanner e outros perifricos, rodar todo tipo de programas e jogos. Lembre-se de que o Windows ganhou os desktops na poca do Windows 3.11 e 95, quando no era nem estvel, nem seguro.

Existem muitas distribuies Linux recomendadas para uso em servidores, como o prprio Debian, Fedora e CentOS, para citar s algumas. Entretanto, existem poucas distribuies com nfase nos usurios domsticos. aqui que chegamos ao Kurumin.

O Kurumin difere das outras distribuies por ser desenvolvido com foco na facilidade de uso. Ele roda diretamente a partir do CD, detectando o hardware da mquina e pode ser instalado rapidamente. Todos os scripts, ferramentas de configurao, menus, etc. so escritos diretamente em portugus do Brasil, ao invs de serem escritos em ingls e depois traduzidos. Isso faz com que tudo seja muito mais familiar. Muitas pessoas tm apontado o Kurumin como sendo no apenas mais fcil de usar que outras distribuies Linux, mas tambm mais fcil que o prprio Windows.

O fato do sistema rodar a partir do CD o torna tambm uma boa opo na hora de mostrar o sistema aos amigos ou testar uma nova verso, pois voc pode us-lo em qualquer micro, sem precisar fazer backup de tudo, particionar o HD e passar por um processo tedioso de instalao. Voc simplesmente d boot pelo CD e ele roda sem alterar nada que est gravado no HD.

A primeira verso do Kurumin foi lanada em 14 de Janeiro de 2003. De l pra c foi um longo caminho :). Nas primeiras verses, o Kurumin era muito mais compacto, desenvolvido com o objetivo de caber em um mini CD. Como estas mdias armazenam apenas 193 MB, era preciso fazer diversas concesses com relao aos programas instalados, deixando de fora os aplicativos maiores.

Conforme o sistema foi ganhando novos usurios, a idia do mini CD acabou sendo abandonada, j que a maioria prefere um sistema completo, que j venha com todos os principais aplicativos pr-instalados. Atualmente, o Kurumin vem com um conjunto bastante completo de aplicativos.

Na parte de escritrio, temos o BrOffice, que a verso Brasileira do OpenOffice.org. A principal vantagem que ele personalizado para o pblico brasileiro e traz um corretor ortogrfico bastante afinado. Como autor eu devo dizer que muito mais confortvel trabalhar com o Writer do que conviver com as esquisitices do Word.

Temos ainda o Acrobat Reader, que a ferramenta obrigatria para visualizar arquivos PDF, alm do suporte a Palms e Bluetooth. Se voc tem um PDA com Bluetooth, voc pode at mesmo compartilhar a conexo e navegar atravs dele :). O Kurumin-EMU uma interface que permite instalar e configurar o VMware Player. Atravs dele, voc pode rodar o Windows ou outros sistemas operacionais dentro de uma janela, muito til em casos em que voc precisa de determinados programas que s rodam no Windows.

Um quesito cada vez mais importante a navegao web, j que, afinal, passamos a maior parte do tempo usando o navegador. Alm do Firefox, que dispensa apresentaes, temos o Konqueror, que o navegador padro do KDE. O Konqueror oferece muito mais recursos do que pode parecer primeira vista. Alm de ser um bom navegador e um poderoso gerenciador de arquivos, ele oferece uma srie de plugins, que permitem transferir arquivos via SSH, acessar compartilhamentos de rede, criar galerias de imagens, entre vrias outras coisas. Por ser um componente do KDE, o Konqueror acaba sendo bem mais leve que o Firefox, por isso tambm uma boa opo para quem usa micros de configurao mais modesta. Existem tambm uma grande preocupao com relao aos plugins nos navegadores, de forma que o suporte a streaming de vdeo, visualizao de arquivos PDF, Flash e Java vm pr-instalados de fbrica.

Embora os webmails sejam cada vez mais populares, o Kurumin inclui tambm o Thunderbird, o cliente de e-mails primo do Firefox. O principal recurso do Thunderbird um filtro anti-spam adaptvel, que uma vez ativado, aprende a classificar as mensagens de acordo com os seus critrios. Nos primeiros dias, voc vai marcando manualmente as mensagens que so spam e as que no so e logo ele aprende a eliminar os spams sozinho.

Para usar MSN ou ICQ, voc pode escolher entre o Kopete e o Gaim. O Kopete o mensageiro do KDE, ele o mais leve e o que possui mais funes. O Gaim, por sua vez, possui uma interface mais simples e, justamente por isso, tambm tem seus usurios fiis. Ambos tambm suportam o Google Talk, Jabber e outros protocolos menos usados. Como no podia deixar de ser, includo tambm o Skype. Embora no venham instalados por padro no sistema, voc pode instalar o Gizmo e outros programas de VoIP que possuem verses para Linux rapidamente, basta baixar os pacotes para o Debian.

Na categoria Outros voc encontra tambm o KTorrent, um cliente grfico para downloads via bittorrent, o Firestarter, que um firewall grfico, o GFTP, um cliente de FTP (que tambm suporta SFTP), entre outros.

O menu Conectar na Internet ou Configurar a Rede na verdade uma cpia das opes de configurao da rede disponveis no Painel de Controle. Esta est disponvel no menu Internet para facilitar as coisas para quem est usando o sistema pela primeira vez, tornando as opes mais fceis de encontrar.

Na parte grfica, temos o Gimp, o Inkscape e o Kolourpaint. Embora os trs sejam editores de imagem, eles se enquadram em categorias completamente diferentes e por isso se complementam. O Gimp um editor de imagens, no estilo do Photoshop, que permite tratar fotos e aplicar efeitos. Ele muito avanado, com uma quantidade impressionante de opes e efeitos e por isso tambm um pouco difcil de usar. O Inkscape um programa de desenho vetorial, similar ao Corel, usado para criar ilustraes, cartazes, banners, anncios, etc., enquanto o Kolourpaint um editor de imagem simples, no estilo do Paint, que permite fazer desenhos e retoques rpidos. Completando o time, temos tambm o Ksnapshot, um programa bastante flexvel para tirar screenshots da tela, que permite especificar tempos de espera (de forma que voc consiga chegar aos menus mais escondidos), capturar apenas a janela do aplicativo em foco e salvar os screenshots diretamente em vrios formatos.

Se voc tem uma cmera digital, experimente o Digikam. Ele um dos aplicativos mais completos dentro da rea, permitindo transferir fotos da cmera para o PC, organiz-las, tratar e aplicar efeitos, gerar lbuns em vrios formatos, entre muitos outros recursos.

Na rea de multimdia temos o trio Amarok, Kaffeine e K3B. O Amarok um player de udio de nova gerao, que oferece uma proposta bem mais completa que programas tradicionais, como o WinAMP e o XMMS. Ele permite organizar e classificar suas msicas de diversas formas, oferece opes para buscar letras de msicas e capas de CDs, suporte a iPods e outros players de udio, entre muitos outros recursos. Ele pode parecer um pouco complexo demais primeira vista, mas depois de us-lo por alguns dias voc comea a perceber porque ele tem recebido tantas indicaes favorveis. Por exemplo, ao ouvir qualquer msica (mesmo de uma banda relativamente desconhecida), clique na aba Letras e ele baixa automaticamente a letra da msica via web. Na aba Msica ele mostra a capa do CD do qual a msica faz parte, alm de mostrar outras msicas da mesma banda que voc tem na sua coleo, entre outras informaes:

O Kaffeine um media player mais tradicional, que oferece suporte a todo tipo de formato de vdeo e udio, incluindo filmes em Divx, MWV, Quick Time, DVDs, VCDs, CDs de msica e praticamente qualquer outro formato que voc puder encontrar. Para que ele possa ler DVDs encriptados e abrir vdeos nos formatos mais complicados, necessrio que dois pacotes estejam instalados, o libdvdcss2 (contm a biblioteca necessria para entender o sistema de encriptao usados nos DVDs) e o w32codecs (que contm as bibliotecas que adicionam suporte a formatos de vdeo adicionais). Os dois pacotes no podem ser includos diretamente no sistema, pois no podem ser distribudos nos EUA e em alguns outros pases, mas voc livre para us-los se mora no Brasil. Para instala-los, use a opo Instalar suporte a mais formatos de vdeo, ela dispara um script que faz a instalao via apt-get.

Finalmente, temos o K3B, um programa de gravao de CDs e DVDs, que supera o Nero em recursos e facilidade de uso. O nico motivo para alguns ainda acharem que o Nero superior o fato de no conhecerem ou no saberem usar todos os recursos do K3B ;).

Uma prova disto que o Nero possui uma verso Linux desde 2005, porm ela vem sendo virtualmente ignorada. Alm dos prprios desenvolvedores, possvel contar os usurios nos dedos. O desinteresse tanto que, segundo a busca do Google, na internet inteira s existem 62 referncias ao link de download (http://www.nero.com/eng/NeroLINUX.html), sendo que um deles de uma dica que eu mesmo escrevi.

Por ser o programa de gravao padro do sistema, o K3B pode tambm ser acessado de outras formas. Clicando com o boto direito sobre uma pasta com arquivos, voc tem a opo Criar CD de dados com o K3B. Clicando sobre um arquivo .iso, o K3B abre automaticamente, oferecendo a opo de grav-lo em um CD ou DVD.

No menu Outros, voc encontra alguns programas adicionais. O Audacity uma ferramenta de gravao e edio de udio semiprofissional que inclui diversos efeitos, opes para juntar diversas faixas e muitos outros recursos. Apesar dos recursos, ele bem simples de usar. O XMMS um player de udio da velha guarda, bem simples e fcil de usar, similar ao WinAMP do Windows. O gMplayer outro player de mdia, que concorre diretamente com o Kaffeine; ele utiliza uma engine diferente, por isso sempre existem casos de vdeos em formatos mais exticos que so exibidos corretamente em apenas um dos dois, por isso interessante ter ambos instalados. Finalmente, temos o Kaudiocdcreator, que permite ouvir e ripar CDs de msica, permitindo que voc transfira as msicas para escutar no micro ou no seu MP3Player. No mesmo menu voc encontra os scripts que permitem configurar placas de TV.

O menu Redes e Acesso remoto concentra as ferramentas para acesso remoto a outras mquinas, compartilhamento de arquivos e acesso a compartilhamentos de rede. Entre as opes, esto o SSH, VNC e NFS, o Smb4K (que permite visualizar e acessar os compartilhamentos em mquinas Windows da rede), o TSclient (que permite acessar mquinas Windows com o utilitrio de assistncia remota ativo) e o Synergy (que permite controlar vrios micros usando apenas um teclado e mouse, como uma espcie de KVM via software).

O Krfb, (disponvel no submenu Acesso Remoto) permite compartilhar o desktop, de forma similar assistncia remota do Windows. As mquinas da rede com o Krfb ativo podem ser acessadas remotamente usando o Krdc (disponvel no mesmo menu), ou usando o cliente do VNC.

O menu Sistema uma espcie de caixa preta, onde esto agrupados uma grande quantidade de utilitrios para a configurao e manuteno do sistema. S para citar alguns exemplos, temos o Partition Image (um concorrente do Ghost, que permite criar e restaurar imagens de parties), o Gparted (um particionador grfico bastante poderoso, que usado tambm durante a instalao do sistema) e o Testdisk, uma ferramenta de manuteno, que permite recuperar parties deletadas devido a acidentes, defeitos diversos ou ao de vrus. No menu Scripts do Kurumin voc encontra o script para instalar o Clamav, um antivrus que permite desinfetar parties do Windows (muito til para quem usa o sistema em dual boot).

O Clamav o melhor exemplo dentro de um fenmeno interessante: ao contrrio da crena popular, existem sim vrios programas antivrus que rodam no Linux. Entretanto (apesar de rodarem no Linux), todos eles so destinados justamente a remover vrus em parties e arquivos do Windows, atendendo a quem usa os dois sistemas em dual boot ou precisa desinfetar arquivos antes de transfer-los a outras mquinas Windows da rede, por exemplo.

Como pode ver, o Kurumin inclui uma variedade muito grande de programas. Muita gente at critica o sistema nesta questo, argumentando que seria melhor desenvolver um sistema mais enxuto, com apenas os aplicativos mais bsicos. Esta uma questo em que prefiro pecar pelo excesso do que pela omisso, j que o Kurumin usado por toda classe de usurios, desde pessoas que esto comprando o primeiro micro, at usurios tcnicos, que passam o dia no terminal.

Para atender quem prefere um sistema mais compacto, foi criado o Kurumin Light (que pode ser encontrado na pgina de download do Kurumin). Ele uma verso reduzida, com apenas 193 MB, que mantm a tradio do Kurumin gravado em mini CDs. Devido restrio no tamanho, ele no inclui diversos recursos, como o suporte a Java, suporte a impresso e acelerao 3D. Tudo isso pode ser instalado posteriormente, via apt-get, mas se voc precisa destes recursos, a melhor opo usar o Kurumin completo, que j vem com tudo ponto.

A partir do Kurumin 7, o projeto passou por outra mudana importante, passando a ser baseado nas verses estveis do Debian, o que garante atualizaes suaves e a possibilidade de usar a mesma instalao por muito tempo, sem se preocupar com atualizaes ou correes de segurana. Basta atualizar o sistema via apt-get e atualizar os cones mgicos, para manter sua instalao atualizada, sem dor de cabea. Se voc ainda usa uma das verses antigas, atualizar para o Kurumin 7 fortemente recomendvel :).

Alm dos aplicativos, temos o principal diferencial do Kurumin, que a grande coleo de ferramentas e scripts de configurao. Alguns deles esto distribudos pelo iniciar (como os scripts de configurao do Bluetooth), mas a maioria est agrupada dentro do Painel de Controle:

A grande quantidade de opes pode assustar primeira vista, mas so justamente elas que tornam o Kurumin poderoso, permitindo que voc extraia muito mais do sistema. Por exemplo, imagine que voc tem dois micros antigos que esto sem uso. Voc poderia aproveit-los usando-os como terminais leves do seu micro, que tem memria e processador de sobra. O problema que para isso voc precisaria configurar um servidor LTSP, o que (se feito manualmente) uma tarefa espinhosa.

Entretanto, se voc usa o Kurumin, pode transformar seu micro em um servidor LTSP para os outros dois usando o script do Kurumin Terminal Server (Instalar e Configurar Servidores > Acesso Remoto). Por serem to prticos, estes scripts permitem usar recursos avanados, como o LTSP, em ambientes onde isso no seria vivel, devido dificuldade de instalao:

Este s um exemplo entre muitos, vamos a um resumo rpido das outras opes disponveis no Painel:

A primeira coisa que voc vai querer fazer depois de dar boot pelo CD configurar a rede, j que afinal a grande utilidade de usar um PC hoje em dia est justamente em poder acessar a web. Se voc usa uma placa cabeada, no existe muito mistrio, s usar a primeira opo e informar as configuraes da rede. Durante o boot o sistema tenta configurar a rede automaticamente via DHCP, de forma que em muitos casos voc no precisar fazer nada.

Entretanto, as coisas podem ficar um pouco mais complicadas se voc acessa usando uma placa wireless ou usa acesso discado, da as demais opes :). O suporte a redes wireless j foi um grande problema no Linux, mas hoje em dia existem drivers para a grande maioria das placas. Mesmo as placas que no possuem drivers podem ser configuradas usando o ndiswrapper, que permite ativar a placa usando o driver do Windows. Tambm esto disponveis drivers para os softmodems que possuem drivers Linux. Infelizmente, no caso dos modems, a lista est longe de ser completa, por isso importante testar antes de comprar.

Pelo painel voc pode tambm ativar o firewall. Embora o Linux seja bem mais seguro que o outro sistema, sempre bom ter uma camada extra de segurana. Como costumo dizer, as brechas de segurana so como minas terrestres: por mais improvvel que possa parecer, voc nunca sabe quando pode estar prestes a pisar em uma :).

Muitas das opes no painel de suporte a hardware so na verdade opes destinadas a solucionar problemas. Por exemplo, ao plugar um pendrive ou carto de memria, um cone criado no desktop, permitindo que voc acesse os arquivos. Nos raros casos onde isto no acontece automaticamente, voc pode usar a opo Detectar Pendrives e cartes de memria, que fora uma nova busca. O mesmo pode ser dito do Alsaconf, que obriga o sistema a redetectar sua placa de som.

Algumas opes importantes so o script para instalar o driver 3D para placas nVidia, para compartilhar a impressora, para alterar a configurao do vdeo e para instalar o Kernel com suporte a SMP. O driver da nVidia no obrigatrio, mas sem ele sua cara GeForce FX vai ficar limitada a aplicativos 2D, o que um grande desperdcio. O mesmo se aplica ao Kernel SMP, que ativa o segundo processador em micros com processadores dual-core.

O Painel dos cones mgicos o recurso mais famoso do Kurumin. De uma forma geral, instalar programas no Linux bem simples, pois (desde que o programa desejado esteja disponvel nos repositrios oficiais) fcil instal-lo usando o Synaptic ou usando diretamente o apt-get, via terminal. Por exemplo, digamos que voc ouviu falar de um programa de editorao muito bom, chamado Scribus. Voc poderia muito bem pesquisar sobre ele no Google e procurar o pacote de instalao dentro da pgina do projeto, mas seria muito simples abrir o terminal e executar os trs comandos abaixo:

$ su - # apt-get update# apt-get install scribusO su - faz com que voc se logue como root, de forma a poder instalar novos programas. O apt-get update faz com que o apt-get verifique a lista dos programas disponveis e o apt-get install scribus baixa e instala o Scribus. Como pode ver, para instalar um novo programa, basta cham-lo pelo nome. O mesmo se aplica se voc estiver usando o Synaptic, que funciona como uma interface grfica para o apt-get. As coisas podem se complicar um pouco no caso de programas que no esto disponveis via apt-get, mas para isso temos todo o captulo 3.

Entretanto, um dos grandes problemas de quem comea a usar Linux justamente o fato de no conhecer os programas disponveis. Os cones mgicos ajudam neste aspecto, oferecendo uma lista dos programas mais comuns, incluindo a descrio e um screenshot de cada um. Eles tambm automatizam a instalao de programas complicados, onde necessrio executar um conjunto de passos para fazer o trabalho.

Finalmente, temos o painel de configurao de servidores, que o mais complexo do grupo. Como costumo dizer, estes scripts no vo transform-lo em um administrador de redes, mas vo permitir que faa muitas coisas que eles fazem :).

As opes mais usadas so as relacionadas com o compartilhamento da conexo. muito fcil transformar um micro com duas placas de rede em um servidor Linux, compartilhando a conexo com os micros da rede local. Voc comearia configurando a rede e ativando o firewall, no painel de configurao da rede, e em seguida usaria a opo Compartilhar a conexo com a Internet para compartilhar a conexo do servidor com os micros da rede local. O script configura tambm o servidor DHCP, de forma que os outros micros possam obter a configurao da rede automaticamente a partir do servidor.

Para otimizar a conexo, voc pode usar o Squid. Ele um servidor proxy, que mantm um cache com as pginas e os arquivos j acessados, acelerando o acesso s pginas e reduzindo o uso do link. Use a opo de ativar o proxy transparente dentro do script; assim o proxy se integra ao compartilhamento da conexo, sem que voc precise configurar cada micro manualmente para us-lo.

Veremos mais detalhes sobre as opes disponveis nos captulos 3 e 4. A idia aqui foi dar apenas uma introduo rpida sobre as funes mais comuns.

Como baixar, gravar e dar boot

A forma mais popular de disponibilizar novas verses das distribuies atravs de arquivos ISO, cpias binrias do contedo dos CDs ou DVD de instalao, que voc pode gravar usando o Nero, K3B ou outro programa de gravao, obtendo um CD idntico ao original.

Gravar um arquivo ISO diferente de gravar um arquivo qualquer no CD. Um arquivo ISO uma imagem binria que deve ser copiada bit a bit no CD-ROM, e no simplesmente adicionado dentro de uma nova seo. Todos os bons programas de gravao suportam a gravao de arquivos ISO, veja como gravar o arquivo usando alguns programas populares.

Ao usar o Easy CD Creator, abra o Easy CD Creator e clique em File > Menu > Record CD from CD Image. Aponte o arquivo que ser gravado. Marque a opo ISO Image Files (*.iso) na janela de navegao e clique em Start Recording para gravar o CD. No Nero Burning Rom, clique em File > Burn Image, aponte o arquivo que ser gravado e clique em Write para gravar o CD.

Ao usar o K3B, clique em Ferramentas > Gravar Imagem ISO (ou Queimar imagem de CD), aponte o arquivo, escolha a velocidade de gravao e clique em Gravar. Ao usar o K3B, marque a opo Verificar dados gravados; ela verifica a mdia depois de concluda a gravao, avisando sobre erros de gravao.

Depois de gravado o CD, o prximo passo configurar o setup da placa-me para dar boot atravs do CD-ROM. A maioria dos micros vm configurados para dar boot preferencialmente atravs do CD-ROM. Neste caso basta deixar o CD na bandeja e voc j cai na tela de boas-vindas do sistema. Se no for o seu caso, pressione a tecla DEL durante o teste de memria para entrar no Setup. Procure pela seo Boot e coloque o CD-ROM como dispositivo primrio. Tudo pronto, agora s salvar a configurao acessando o menu exit, escolhendo a opo Save & Exit setup.

Ao reiniciar o micro sem o CD no drive, ele volta a carregar o Windows ou outro sistema que estiver instalado no HD. Esta alterao apenas faz com que ele passe a procurar primeiro no CD-ROM.

Um hbito saudvel verificar a integridade do arquivo ISO antes de gravar o CD. Sempre possvel que o arquivo esteja incompleto ou venha corrompido, seja por problemas com a conexo ou no gerenciador de download usado. Voc pode detectar este tipo de problema (e evitar gastar mdias toa), verificando o MD5SUM do arquivo, um teste que soma todos os bits do arquivo e devolve uma assinatura, um cdigo de 32 dgitos que permite detectar qualquer mudana no arquivo.

Os cdigos de assinatura dos arquivos esto quase sempre disponveis na pgina de download, como em:

11479ced7eea505506b5a3314d33ee70 kurumin-7.0.iso

Voc precisa apenas rodar o MD5SUM no arquivo baixado e ver se o resultado igual ao nmero da pgina. No Linux (qualquer distribuio), acesse a pasta onde o arquivo foi baixado e digite:

$ md5sum kurumin-7.0.isoSe o nmero retornado for igual, voc pode gravar a imagem sem medo, o arquivo est ok. Caso o nmero seja diferente, ento o arquivo chegou corrompido ou incompleto. No Windows baixe o programa disponvel no http://www.md5summer.org/download.html. Ele grfico, at mais fcil de usar que a verso Linux.

Uma ltima dica com relao aos famosos Cloop Errors, erros de leitura que aparecem ao tentar rodar qualquer live-CD (que use o mdulo cloop para compactar os dados) a partir de uma mdia ruim. O cloop possui um sistema prprio para verificar as integridade dos dados no CD, detectando e avisando sobre os erros de leitura.

Nestes casos voc ver vrios CLOOP READ erros durante o boot, que indicam justamente que o sistema no est conseguindo ler os dados corretamente. Veja um exemplo:

CLOOP READ ERROR:AT POS 5233960 IN FILE/CDROM/KNOPPIX/KNOPPIXCLOOP:ERROR-3 UNCOMPRESSING BLOCK 46065536/0/23207/05233960-I/O ERROR DEV OB:00, SECTOR 17212 LINUXRC CANNOT CREAT/VAN/RUN/VTMP.DIRECTORY NOEXISTENT Os cloop erros podem ser causados por trs fatores:

a) O arquivo baixado est incompleto ou corrompido.

b) O CD ou CD-RW est riscado/danificado e o sistema no est conseguindo ler os dados corretamente (o mais comum). Os CD-RW do esse tipo de problema mais freqentemente, pois o ndice de refrao luminosa da mdia mais baixo e a superfcie de gravao mais frgil, facilitando o aparecimento de problemas de leitura.

c) O prprio leitor de CD/DVD ou o cabo IDE podem estar com problemas e por isso os dados no esto sendo lidos corretamente, embora a mdia esteja em bom estado.

Os CLOOP ERRORS so sempre causados direta ou indiretamente por um destes trs fatores; problemas com o CD ou com o hardware do seu micro e no por problemas do software. O sistema pode apresentar outros tipos de problemas na sua mquina, como travar durante a deteco de algum componente, mas este erro especfico justamente um aviso de problemas com a leitura dos dados.

Em muitos casos, o sistema roda normalmente a partir do CD, mas apresenta problemas estranhos ao ser instalado (o modo grfico no abre, alguns aplicativos no funcionam, mensagens de erro diversas reclamando da falta de aplicativos ou bibliotecas, etc.), causados por problemas de leitura durante a instalao ou mesmo devido a badblocks no HD.

Prefira usar mdias CDR normais e depois doar suas cpias antigas para amigos que ainda no conheam o sistema, assim voc estar evitando dor de cabea e ainda fazendo uma boa ao :).

Requisitos mnimos

Falar em requisitos mnimos sempre complicado, pois sempre algo muito relativo. Por exemplo, os requisitos mnimos para rodar o Windows XP, publicados pela Microsoft, falam em um Pentium 233 com 64 MB de RAM (http://www.microsoft.com/windowsxp/home/evaluation/sysreqs.mspx), muito embora o sistema fique extremamente lento e instvel nesta configurao. Segundo eles, voc s precisaria de um 386 com 4 MB de RAM para rodar o Windows 95! ;)

Se fssemos tomar como parmetro estas frmulas da Microsoft, poderia dizer que os requisitos mnimos para rodar o Kurumin seria um Pentium com 32 MB de RAM. Sim, possvel (com um pouco de malabarismo) instalar o sistema nesta configurao e rodar os aplicativos mais leves, porm com um desempenho muito ruim.

Entretanto, se por requisitos mnimos voc entende que estamos falando de uma configurao em que voc possa instalar o sistema sem dificuldades e usar quase todos os seus recursos, ento diria que o requisito mnimo um Pentium II 266 (ou K6-2) com 196 MB de RAM. Voc pode tambm usar micros com 128 MB sem muitos problemas, desde que tenha o cuidado de criar uma partio swap no HD. Ela pode ser criada usando o gparted, disponvel no Iniciar > Sistema > Particionamento. Quando disponvel, a partio swap usada mesmo ao rodar o sistema a partir do CD.

Mesmo que voc no tenha nenhuma distribuio Linux instalada no HD, recomendvel deixar uma partio swap reservada, mesmo que pequena, pois no apenas o Kurumin, mas tambm outras distribuies que rodam a partir do CD so capazes de detectar e ativar a partio swap no boot e us-la automaticamente. Com a partio swap, o desempenho do sistema fica melhor, pois ele pode mover arquivos e bibliotecas que no esto em uso, mantendo mais memria livre para os programas.

Voc pode tambm criar um arquivo de swap de emergncia usando as opes disponveis no Iniciar > Configurao do Sistema > Memria Swap. A opo para criar o arquivo em uma partio FAT pode ser usada quando voc quiser usar uma partio do Windows, disponvel no HD ( necessrio que a partio esteja formatada em FAT32). Existe tambm uma opo para usar parties de outras distribuies Linux. Ambas as opes simplesmente criam um arquivo dentro da partio, sem alterar os demais arquivos:

Caso o micro tenha pouca RAM e ainda por cima no possua uma partio swap disponvel, o sistema se oferecer para usar o arquivo de swap do Windows (se o HD estiver formatado em FAT 32). Esta uma medida desesperada para permitir que o sistema pelo menos consiga dar boot, mas como o arquivo de swap do Windows oferece um desempenho muito inferior ao de uma partio Linux swap, o desempenho do sistema ficar muito abaixo do normal.

A memria swap (ou memria virtual) um recurso usado por todos os sistemas operacionais atuais quando no existe memria RAM suficiente. Ele passa a armazenar os dados que no cabem na memria em um arquivo ou partio swap criada no HD. o uso da memria swap que permite que o sistema continue funcionando, mesmo com pouca memria disponvel.

Ao rodar a partir do CD, o Kurumin consome mais memria RAM do que ao ser instalado, pois o sistema precisa reservar parte da memria RAM para criar o ramdisk usado para armazenar os arquivos que precisam ser alterados durante o uso. Outro fator importante que rodando do CD o desempenho do sistema fica em grande parte limitado ao desempenho do drive de CD-ROM, que sempre muito mais lento que um HD.

Ao dar boot em um micro com 128 MB, o sistema vai exibir uma mensagem de aviso no boot, dizendo que o micro no atende aos requisitos mnimos e avisando que tentar criar um arquivo de swap, usando uma partio disponvel no HD. Apesar disso, o boot prossegue, parando apenas em caso de erro ou falta de memria.

Ao ser instalado, o sistema consome em mdia 60 MB de memria durante o boot. Isso significa que mesmo em um micro com 128 MB voc ainda ter mais de 60 MB de memria livre. Com 196 MB de RAM a situao j fica bem mais tranqila e voc consegue rodar at mesmo os aplicativos mais pesados, como o OpenOffice. Evite apenas abrir muitos aplicativos simultaneamente, pois o sistema logo comear a usar memria swap, o que torna tudo muito lento.

A configurao ideal, para algum que usa vrios programas ao mesmo tempo e pretende usar o VMware, seria um Athlon de 1.0 GHz com 512 MB de RAM. Hoje em dia, memria RAM um item relativamente barato, por isso vale a pena usar 512 MB mesmo em micros relativamente antigos. Tenha em mente que na grande maioria dos aplicativos, uma quantidade generosa de memria RAM mais importante do que um processador mais rpido.

Tendo 512 MB, voc pode tranqilamente abrir 10 abas no firefox, 3 ou 4 documentos grandes no OpenOffice, ler os e-mails no Thunderbird, assistir um DVD e rodar mais um punhado de aplicativos menores, sem que o sistema use uma quantidade significativa de swap. A partir da, a configurao ideal varia de acordo com o tipo de aplicativos que quiser usar. Se voc gosta de rodar vrios sistemas simultaneamente usando o VMware, ou trabalha com modelagem 3D ou edio de vdeo, por exemplo, usar um micro mais parrudo, com um processador dual-core e 1 GB de RAM, traria grandes benefcios.

Veja uma tabela rpida com relao quantidade de memria RAM instalada:

1 GBIdeal para rodar vrias instncias do VMware ou abrir muitos programas pesados simultaneamente. Recomendado para uso profissional, ou para quem faz questo do melhor desempenho possvel.

512 MBIdeal para navegar, rodar o OpenOffice, jogar e usar o VMware, desde que apenas uma mquina virtual por vez.

256 MBConfigurao mnima para rodar o sistema confortavelmente a partir do CD. No recomendado tentar usar o VMware.

196 MBConfigurao mnima recomendada. No tente instalar programas com o sistema rodando do CD e instale no HD assim que possvel, de forma a reduzir o uso de memria.

128 MBPesadas limitaes ao rodar a partir do CD, mas o sistema pode ser usado de forma quase normal depois de instalado. Grande uso de swap ao abrir programas pesados como o Firefox ou OpenOffice.

96 MB possvel instalar usando as dicas do captulo 4 e usar o micro para rodar aplicativos leves.

64 MB possvel instalar, mas o sistema roda com um desempenho muito ruim. S aplicativos leves e, mesmo assim, com grande uso de memria swap. Seria recomendvel instalar mais memria, ou usar o micro como um terminal LTSP.

32 MBEmbora at seja possvel instalar o sistema (e us-lo com pesadas limitaes), seria mais recomendvel transformar o micro em um terminal LTSP.

Como o Kurumin funciona

Tradicionalmente, qualquer sistema operacional precisa ser instalado no HD antes de ser usado. Voc d boot usando o CD ou DVD de instalao e aberto um sistema compacto, que roda o instalador e se encarrega de instalar e configurar o sistema principal. Depois de algum tempo respondendo perguntas e vendo a barra de progresso da cpia dos arquivos, voc reinicia o micro e pode finalmente comear a usar o sistema. Isso vlido tanto para o Windows quanto para a maior parte das distribuies Linux.

Os live-CDs so distribuies Linux que rodam diretamente a partir do CD-ROM, sem necessidade de instalar. Um dos pioneiros nesta rea o Knoppix (derivado do Debian), que at hoje um dos live-CDs de maior sucesso.

O Kurumin um descendente direto dele, desenvolvido com base no Knoppix 3.1 (a verso mais recente no incio de 2003) e desenvolvido de forma mais ou menos autnoma a partir da, utilizando como base os pacotes do Debian, combinados com atualizaes provenientes do Knoppix, Kanotix e de vrias outras distribuies, alm de um conjunto prprio de scripts e ferramentas de configurao, centralizadas na forma do Clica-aki:

Para quem j se acostumou com a idia, pode parecer natural rodar o sistema a partir do CD e at mesmo instalar novos programas sem precisar modificar as informaes salvas no HD, mas na poca o aparecimento do Knoppix foi considerado um verdadeiro marco dentro do mundo Linux.

A base de tudo um mdulo de Kernel chamado cloop, um hack que permite que o sistema rode a partir de um sistema de arquivos compactado, gravado no CD-ROM. Os dados so descompactados on-the-fly, conforme so necessrios. algo que funciona de forma similar s parties compactadas pelo smartdrive no Windows 95/98 (ainda lembrado pelos saudosistas :), mas com um desempenho melhor e otimizado para CD-ROMs.

Graas compresso, uma distribuio como o Kurumin pode incluir cerca de 1.6 GB de programas em uma imagem ISO com menos de 600 MB. Alm de reduzir o tamanho do sistema, comprimir os arquivos melhora tambm a taxa de transferncia do CD-ROM, diminuindo a perda de desempenho causada pela baixa taxa de leitura.

A idia que um CD-ROM de 40X capaz de ler a em mdia 4 MB/s, pois como o CD gira sempre na mesma velocidade, as informaes gravadas nas trilhas da parte externa do CD (mais longas) so lidas a mais ou menos o dobro da velocidade das do centro (que so mais curtas). Um CD-ROM de 40x l a 6 MB/s nas trilhas externas mas a apenas 3 MB/s nas internas. Como o CD-ROM gravado a partir do centro, na maior parte do tempo ele l os dados a 3, 4 ou 5 MB/s.

No entanto, ao ler 4 MB/s de dados compactados a uma razo de 3x, ele estar lendo, na prtica, a quase 12 MB/s, quase a mesma taxa de transferncia de um HD de uma dcada atrs. Naturalmente ainda existem outros problemas, como o tempo de busca, que muito mais alto em um CD-ROM, mas o problema principal bastante amenizado. Se no fosse o sistema de compresso, os live-CDs seriam trs vezes maiores e trs vezes mais lentos ao rodar do CD, o que os tornariam sistemas muito menos atrativos.

Em contrapartida, por causa da compresso o trabalho do processador passa a ser maior, pois, alm de processar os dados referentes aos programas, ele tem que, ao mesmo tempo, descompactar os dados lidos pelo CD-ROM. Por isso, mais do que em outras distribuies, o desempenho (ao rodar do CD) aumenta de acordo com o poder de processamento da mquina.

A primeira etapa do boot a tela de boas-vindas e uma linha onde voc pode fornecer parmetros para o boot. Logo depois carregado o Kernel, que por sua vez inicializa o hardware, cria um ramdisk usando uma parte (pequena) da memria RAM onde so armazenados arquivos de configurao e outros dados que precisam ser alterados durante o uso. Depois disso entra em ao o hwsetup, o programa de deteco que, junto com um conjunto de outros scripts, se encarrega de detectar a placa de vdeo, som, rede, modem e outros perifricos suportados.

Durante o boot, o sistema exibe vrios detalhes sobre os componentes da mquina e mostra como eles esto sendo detectados pelo sistema. Estas mensagens so teis para identificar a configurao da mquina e j saber de antemo detalhes como o processador, quantidade de memria RAM e placa de vdeo instalada. Imagine o caso de um tcnico que instala o sistema em vrios micros diferentes, por exemplo:

Este trabalho de deteco justamente o grande trunfo. Em poucos segundos o sistema capaz de detectar, configurar e ativar todos os perifricos suportados na mquina, baseado nos cdigos de identificao dos dispositivos, sem nenhuma interveno do usurio.

Claro, sempre existem casos de problemas. Algumas placas-me travam durante a deteco do ACPI, alguns notebooks travam durante a etapa inicial, quando o sistema procura por placas SCSI e assim por diante. Mas, na grande maioria dos casos, estes problemas podem ser resolvidos desativando as partes da deteco que causam problemas, usando opes de boot. Veremos mais detalhes sobre isso no captulo 2.

Durante o boot, o Kurumin tenta sempre configurar automaticamente a rede, obtendo o IP e outros dados a partir de um servidor DHCP disponvel na rede. Se a mquina acessar a internet atravs de uma conexo compartilhada dentro da rede local ou atravs de um modem ADSL configurado como roteador, ele j ser capaz de acessar a web logo aps o boot, caso contrrio voc pode configurar a rede manualmente, usando o painel de controle. Existem inclusive opes para ativar softmodems e placas wireless que no possuem suporte nativo no Linux, neste caso usando o ndiswrapper, que permite ativar a placa usando o driver do Windows XP.

Uma questo importante ao usar qualquer live-CD a questo da memria RAM. Como o sistema por padro no utiliza as parties do HD, tudo feito usando a memria RAM, incluindo a instalao de novos programas. O ramdisk que criado durante o boot vai crescendo conforme so feitas modificaes. Em micros com pouca RAM voc ver uma mensagem de disco cheio (quando na verdade o que acabou foi o espao no ramdisk) ou at mesmo efeitos diversos por falta de memria RAM disponvel.

A instalao de novos programas possibilitada pelo UnionFS, mais um hack que monitora tentativas de alteraes nos arquivos do CD (originalmente impossveis, j que o CD somente-leitura) e engana os programas, fazendo-as no ramdisk, permitindo que voc altere arquivos e instale novos programas, mesmo ao rodar o sistema a partir do CD. Este recurso est disponvel a partir do Kurumin 5.0.

Voc pode rodar o Kurumin tranqilamente em micros com 196 MB de RAM, mas para usar o apt-get e instalar novos programas enquanto o sistema est rodando do CD, voc precisa ter 512 MB. Em mquinas mais modestas, recomendvel instalar o sistema assim que possvel, j que depois de instalado o sistema fica mais rpido e consome menos memria, por no precisar mais do ramdisk.

Outro recurso importante o acesso s parties do HD, incluindo, naturalmente, o acesso s parties do Windows.

Muitas vezes existe a falsa impresso de que os aplicativos Linux utilizam formatos de arquivos prprios e voc teria que comear tudo de novo. Isto no poderia estar mais longe da verdade :). Todos os formatos de arquivos padronizados, como imagens em .jpg, .png, .gif. .bmp, arquivos de udio e vdeo em .mp3. .avi., etc., documentos em vrios formatos e assim por diante so abertos sem problemas dentro do Linux. O sistema j vem configurado para abrir as extenses mais comuns nos programas apropriados quando voc clica sobre os arquivos, de forma que acabam no existindo tantas diferenas assim em relao ao Windows. Mesmo os arquivos do Word e Excell so abertos sem grandes problemas no OpenOffice/BrOffice.

O maior problema so os formatos proprietrios, usados por alguns programas. Arquivos .cdr, por exemplo, podem ser abertos apenas no prprio Corel Draw, mas voc tem a opo de exportar seus trabalhos para um formato neutro (como o .svg), de forma que possa abri-los no Inkscape. por questes como esta que sempre recomendvel manter o Windows em dual-boot nos primeiros meses (ou rod-lo dentro do VMware), de forma que voc possa converter seus documentos quando necessrio.

Voltando questo do acesso aos arquivos, o Kurumin detecta as parties disponveis no HD durante o boot e adiciona cones para elas dentro do Meu Computador, que pode ser acesso atravs do cone no Desktop:

Por padro, ao clicar sobre o cone de uma partio, ela montada em modo somente leitura, onde voc consegue acessar os arquivos, mas no consegue fazer alteraes. Para mudar o modo de acesso, clique com o boto direito sobre o cone e acesse a opo Aes > Mudar para o modo leitura e escrita ou voltar para somente leitura:

Para que todas as parties sejam acessadas em modo leitura e escrita por padro, clique no cone Montar as parties em leitura e escrita dentro do Meu Computador. Ele muda automaticamente o modo de acesso de todos os cones. Voc precisa clicar nele apenas uma vez para que a alterao se torne definitiva.

Um problema clssico do Linux era a falta de suporte escrita em parties do Windows formatadas em NTFS. Isso foi resolvido no Kurumin 7, com a incluso do NTFS-3G, um novo driver que derruba esta limitao, oferecendo acesso completo aos arquivos.

Ao clicar sobre o Montar as parties em leitura e escrita, o script detecta que voc possui parties NTFS no HD e exibe uma mensagem perguntando se voc deseja ativar o NTFS-3G. Como de praxe, exibido um alerta avisando que existe uma pequena possibilidade de perda de arquivos (afinal, voc pode perder arquivos at mesmo utilizando o prprio Windows...) e confirmando se voc quer continuar:

Respondendo Sim, a alterao feita e voc passa a ter acesso completo s parties NTFS do Windows. Muita gente utiliza este recurso para dar manuteno em mquinas Windows quando o sistema (Windows) deixa de dar boot. Afinal, voc pode dar boot com o Kurumin, acessar a partio do Windows, modificar ou substituir arquivos danificados, fazer backup dos dados ou at mesmo usar o Clamav para remover os vrus.

Aproveitando que estamos aqui, vou falar um pouco mais sobre como o sistema identifica as parties do HD:

Cada dispositivo ou partio acessado pelo sistema atravs de um device, um arquivo especial criado dentro do diretrio /dev. Para entender a ordem usada para nomear estes dispositivos preciso usar algumas noes de hardware.

Na placa-me voc encontra duas portas IDE (primria e secundria), que so usadas para instalar o HD e CD-ROM. Cada uma das duas permite conectar dois dispositivos, de forma que podemos instalar um total de 4 HDs ou CD-ROMs na mesma placa. Os drives IDE tradicionais, que usam os cabos de 40 ou 80 vias, so chamados de PATA, contrao de parallel ATA.

Cada par de drives instalado na mesma porta. Para diferenciar os dois usado um jumper, que permite configurar cada drive como master (mestre) ou slave. O mais comum usarmos apenas um HD e mais um CD-ROM ou DVD, cada um instalado em sua prpria porta e ambos configurados como master. Ao adicionar um segundo HD, voc poderia escolher entre instalar na primeira ou segunda porta IDE, mas de qualquer forma precisaria configur-lo como slave, mudando a posio do jumper. Independentemente de ser um HD, CD-ROM ou qualquer outro tipo de dispositivo, os drives so detectados pelo sistema da seguinte forma:

IDE primria, master: /dev/hdaIDE primria, slave: /dev/hdbIDE secundria, master: /dev/hdcIDE secundria, slave: /dev/hddOs HDs Serial ATA (SATA) so vistos pelo sistema da mesma forma que HDs SCSI. Isso tambm se aplica a pendrives e outros dispositivos USB. Aqui entra uma histria interessante: como o cdigo aberto, muito comum que novos mdulos sejam baseados ou utilizem cdigo de outros mdulos j existentes. O suporte a drives SCSI no Kernel to bom que ele passou a ser usado (com pequenas adaptaes) para dar suporte a outros tipos de dispositivos. Na poca do Kernel 2.4, at os gravadores de CD eram vistos pelo sistema como drives SCSI.

O primeiro dispositivo SCSI detectado como /dev/sda, o segundo como /dev/sdb e assim por diante. Se voc tiver um HD SATA ou pendrive, o drive visto como /dev/sda e no como /dev/hda, como seria se fosse um drive IDE.

Se voc tiver um HD SATA e um pendrive instalados na mesma mquina, ento o HD ser visto como /dev/sda (pois inicializado primeiro, logo no incio do boot) e o pendrive como /dev/sdb. Se voc plugar um segundo pendrive, ele ser visto como /dev/sdc e assim por diante. Ao contrrio dos dispositivos IDE, os devices so definidos seqencialmente, conforme o sistema vai detectando os dispositivos. Quem chega primeiro leva.

Se voc tiver um HD IDE e um pendrive, ento o HD ser visto como /dev/hda e o pendrive como /dev/sda. Uma observao que em muitas placas voc encontrar uma opo dentro do Setup que permite colocar as portas SATA em modo de compatibilidade (Legacy Mode ou Compatibility Mode, dependendo da placa). Ao ativar esta opo, seu HD SATA passar a ser visto pelo sistema como /dev/hda, como se fosse um HD IDE normal. Esta opo til ao instalar distribuies antigas, que ainda no oferecem um bom suporte a HDs SATA.

Em seguida vem a questo das parties. Ao invs de ser um espao nico e indivisvel, um HD como uma grande sala comercial, que pode ser dividida em vrios escritrios e ambientes diferentes. Ao instalar o sistema operacional, voc tem a chance de particionar o HD, onde feita esta diviso. sempre recomendvel usar pelo menos duas parties separadas, uma para o sistema e outra para seus arquivos. Isto permite reinstalar o sistema sempre que necessrio, sem perder seus arquivos e configuraes.

No Linux existe ainda a necessidade de criar uma partio separada para a memria swap. Esta partio utiliza uma organizao prpria, otimizada para a tarefa. Embora um pouco mais complicada, esta abordagem faz com que o acesso seja mais rpido que no Windows, onde o swap feito dentro de um arquivo, criado na partio de instalao de sistema.

Existem diversos programas de particionamento, os mais usados no Linux so o cfdisk, o gparted e o qtparted. Muitas distribuies incluem particionadores prprios. O Mandriva, por exemplo, inclui o diskdrake. Veremos mais detalhes sobre o particionamento e instalao do sistema no prximo captulo.

Acima temos um screenshot do Gparted. Como pode ver, cada partio recebe um nmero e vista pelo sistema como um dispositivo diferente. A primeira partio do /dev/hda vista como /dev/hda1 e assim por diante. O mesmo acontece com os pendrives, que do ponto de vista do sistema operacional so uma espcie de HD em miniatura.

O sistema nunca acessa os dados dentro da partio diretamente. Ao invs disso, ele permite que voc monte a partio em uma determinada pasta e acesse os arquivos dentro da partio atravs dela, o que feito usando o comando mount. Por baixo dos panos, justamente isso que acontece quando voc clica sobre os cones das parties dentro do Meu Computador.

A sintaxe bsica inclui o dispositivo e a pasta onde ele ser acessado, como em:

# mount /dev/hda2 /mnt/hda2O mais comum que as parties extras sejam montadas dentro da pasta /mnt, que prpria para a tarefa, mas isso no uma regra; voc pode montar as parties em qualquer pasta vazia. No se esquea de criar a pasta desejada (se necessrio), usando o comando mkdir.

No caso do CD-ROM, citamos apenas o dispositivo, sem incluir a partio (j que um CD-ROM no pode ser particionado, como um HD). Voc pode tanto usar o dispositivo correto, como /dev/hdc ou /dev/hdd, quanto usar o /dev/cdrom, um link que criado pelo sistema apontando para a localizao correta:

# mount /dev/cdrom /mnt/cdromSe quiser trocar o CD que est na bandeja, voc deve primeiro desmontar o CD-ROM, com o comando umount /mnt/cdrom. O mesmo se aplica a pendrives e HDs externos: sempre necessrio desmontar antes de remover o dispositivo. No caso dos pendrives e HDs, desmontar fundamental, pois as alteraes no so necessariamente salvas imediatamente por causa do cache de disco. Removendo sem desmontar, existe uma probabilidade muito grande das ltimas alteraes serem perdidas. muito comum as pessoas gravarem arquivos no pendrive, desplugarem logo depois (sem desmontar) e, ao tentar acess-los depois, perceberem que os arquivos simplesmente no foram gravados.

Um problema comum em relao ao CD-ROM que o sistema (por segurana) no permite que voc ejete o CD enquanto qualquer programa o estiver acessando. Isto frustrante s vezes, pois muitas vezes voc est com muitas janelas abertas e no se lembra qual programa usou para acess-lo.

O cone Ejetar o CD-ROM dentro do Meu Computador justamente uma forma emergencial de ejetar o CD, custe o que custar. Ele procura e encerra todos os programas que estiverem acessando o CD-ROM e em seguida desmonta e ejeta o CD. Os comandos executados por ele, caso queira fazer manualmente, so:

# fuser -k /mnt/cdrom# umount /mnt/cdrom# eject /mnt/cdromSe por acaso voc tiver um drive de disquetes (em que sculo voc vive? :), o comando para mont-lo manualmente mount /dev/fd0 /mnt/floppy e, para desmont-lo, umount /mnt/floppy. Assim como no caso dos pendrives, importante desmontar antes de remover o disquete do drive.

Os pontos de montagem, ou seja, as pastas onde as parties sero montadas, podem ser configurados atravs do arquivo /etc/fstab. Quase sempre este arquivo configurado durante a instalao, incluindo referncias a todas as parties e CD-ROMs disponveis, de forma que voc pode montar as parties digitando apenas mount /mnt/hda6 (por exemplo), sem precisar usar o comando completo.

Uma observao importante sobre as parties (j prevendo que talvez voc leia este livro bem depois que terminar de escrev-lo) que, a partir do Kernel 2.6.20, teremos uma grande mudana no conjunto de drivers para partas IDE. Os drivers para HDs IDE sero integrados dentro do mesmo conjunto de drivers que so usados para os HDs SATA. Isso far com que todos os HDs passem a ser nomeados como /dev/sda e /dev/sdb, como se fossem HDs SATA.

O UnionFS

At o Kurumin 4.2, as opes para instalar novos programas e instalar servidores s funcionavam com o Kurumin instalado no HD, por causa da limitao bvia de no ser possvel instalar novos programas com o sistema rodando a partir do CD-ROM, j que ele somente leitura. No entanto, a partir do Kurumin 5.0, esta ltima limitao foi derrubada, com a incluso do UnionFS. Graas a ele, passou a ser possvel usar o apt-get e os cones mgicos para instalar novos programas e mexer em todos os arquivos de configurao do sistema, mesmo com o sistema rodando do CD.

Isto permite testar os recursos do sistema com muito mais liberdade, sem precisar instalar. Voc pode dar boot, instalar um servidor Apache e Squid, os drivers da nVidia, o VMware e outros programas que quiser testar e no final reiniciar o micro, deixando tudo como se nada tivesse acontecido.

O UnionFS funciona de uma forma bastante engenhosa, uma daquelas idias aparentemente simples, que resolvem problemas complexos. Com o Kurumin rodando a partir do CD, os arquivos armazenados no diretrio home e alguns arquivos de configurao, que precisam ser alterados durante o boot, so armazenados em um ramdisk (um disco virtual, criado usando uma parte da memria RAM); mas, fora isso, tudo acessado dentro do arquivo /cdrom/KNOPPIX, que, alm de fazer parte do CD, est compactado em um formato que no permite alteraes, completamente selado.

Para permitir esta mgica, o UnionFS permite juntar dois (ou mais) diretrios em um, estabelecendo uma hierarquia entre eles. O Union vem justamente de unio. Temos ento o arquivo compactado do CD em um nvel hierrquico mais baixo, montado como somente leitura e um ramdisk, que originalmente est quase vazio, mas que vai armazenando todas as alteraes. Os dois so montados em uma nica pasta, a /UNIONFS, que contm o contedo do arquivo compactado e do ramdisk. Os links que tradicionalmente apontariam para a pasta /KNOPPIX, onde fica montado o arquivo compactado, so todos recriados apontando para ela.

Na hora de ler um arquivo, o sistema verifica se existe uma verso mais recente armazenada no ramdisk, caso contrrio l no arquivo principal. Na hora de gravar, as alteraes so sempre armazenadas no ramdisk, de forma automtica e transparente.

No final, voc acaba podendo instalar programas e fazer qualquer tipo de alterao no sistema, da mesma forma que se ele estivesse instalado. As limitaes neste caso so que todas as modificaes so salvas no ramdisk. Para conseguir instalar programas grandes com o sistema rodando a partir do CD, voc precisa ter 512 MB de RAM. Caso contrrio, voc pode instalar alguns programas pequenos de cada vez e ir reiniciando o micro para testar outros, conforme a memria for sendo ocupada.

O UnionFS ativado por padro durante o boot, quando exibida a mensagem UnionFS: Unio do CD/DVD (ro) com o ramdisk (rw) realizada com sucesso. No preciso usar nenhuma opo de boot, basta atualizar a lista do apt-get, executando o comando sudo apt-get update e comear a instalar programas.

Algumas peculiaridades do Linux

Houve um tempo em que todos os sistemas operacionais utilizavam interfaces de modo texto. Com o tempo, as interfaces grficas foram evoluindo, acompanhando a evoluo das mquinas, chegando at o que temos hoje.

Mesmo no Linux, a maioria das pessoas passa a maior parte do tempo chamando os aplicativos atravs do menu e configurando o sistema atravs de ferramentas grficas. Apesar disso, mesmo muitas vezes ignorado, o terminal pode prestar bons servios, facilitando o acesso aos programas e permitindo usar muitas ferramentas que voc nem imaginava que existiam.

Existe um nmero muito grande de pequenos aplicativos de modo texto, cada um deles suporta muitos parmetros diferentes, por isso quase impossvel conhecer todos. Aprender a usar o modo texto parecido com aprender uma segunda lngua, um processo gradual e constante, onde voc sempre est aprendendo comandos, parmetros e truques novos. uma rea em que ningum pode dizer que sabe tudo. Quanto mais voc aprende, mais tempo voc acaba passando no terminal; no por masoquismo, mas porque ele realmente mais prtico para fazer muitas coisas.

Existem vrias opes de programas de terminal, como o Konsole e o Xterm. No Iniciar > Sistema > Terminais voc encontra at o Yakuake, que um terminal estilo Quake, que uma vez ativado aparece no topo da tela quando voc pressiona a tecla F12. Neste screenshot estou usando o Konsole:

O uso mais bsico para o terminal simplesmente chamar os programas. Quase todos os programas podem ser chamados pelo nome (sempre em minsculo), como em konqueror, kopete, amarok, gaim, xterm, firefox, kedit, kcontrol, clica-aki, etc. Experimente chamar alguns dos programas que voc costuma utilizar.

Outra opo usar o Katapult, que voc encontra no Iniciar > Escritrio e Utilitrios. Ele uma espcie de meio termo entre o uso do iniciar e do terminal e acaba juntando o melhor dos dois mundos na hora de chamar programas :). Ao abri-lo, ele fica residente ao lado do relgio. Para chamar um programa, pressione Alt+Espao e digite as primeiras letras, como em konq ou amar.

Conforme voc vai digitando, ele mostra as opes de programas que comeam com as letras. Geralmente, digitar trs ou quatro letras suficiente para que ele ache o programa que voc quer abrir. Basta ento pressionar Enter:

O Katapult uma forma bastante inovadora de chamar os programas, diferente do conceito tradicional baseado no menu iniciar. Com um pouco de prtica, voc consegue chamar qualquer programa atravs dele em apenas um ou dois segundos, enquanto abrir o iniciar e procurar o cone referente a ele faria voc perder bem mais tempo.

Outra opo prtica o Yakuake, o terminal estilo Quake, que est disponvel no Iniciar > Sistema > Terminais. Uma vez aberto, pressione F12 para abir ou fechar o terminal. Ele aparece na parte superior da tela e pode ser aberto e fechado de forma muito rpida e prtica, ideal para quando voc quer chamar algum programa ou fazer alguma configurao rpida usando o terminal. A idia vem dos terminais disponveis em muitos games, onde voc pode alterar as opes do game ou usar cheatcodes rapidamente durante a partida:

Ao usar o terminal, voc pode usar a tecla Tab para completar os comandos. Isso facilita muito a nossa vida, pois voc precisa se lembrar apenas das primeiras letras de cada comando e ir usando a tecla Tab para completar. Experimente digitar konq ou yak, por exemplo. Seja o Konqueror, o Xterm ou o Yakuake, valem as mesmas regras.

Abrindo os programas via terminal, voc pode incluir parmetros no comando, indicando que o programa deve abrir um determinado arquivo, por exemplo. O kedit um editor de texto; chamando apenas kedit, ele abre uma janela vazia, mas se voc adicionar um arquivo ao comando, ele abre j mostrando seu contedo, como em:

$ kedit /etc/fstab Usando o terminal voc pode tambm abrir programas usando o root. Para isso, digite su - e fornea a senha de root (definida durante a instalao). O smbolo do terminal muda de um $ para um #, indicando que agora voc est logado como root (ao rodar o Kurumin do CD, voc pode usar o cone Definir Senhas no desktop). O root um usurio administrativo, que no possui restries de acesso dentro do sistema. Como root voc pode simplesmente fazer de tudo, desde abrir uma ferramenta de configurao at formatar o HD. Justamente por no ter limites, o root deve ser utilizado apenas para tarefas administrativas.

Usando (por exemplo) o comando kedit /etc/fstab com seu login de usurio, voc no consegue salvar o arquivo depois de fazer alteraes. Isso acontece por que o fstab um arquivo de configurao do sistema (muito importante por sinal) e por isso s o root tem permisso para modific-lo. Se, por outro lado, voc usar primeiro o comando su - e depois chamando, a sim poder modificar o arquivo normalmente. Isso vale para qualquer caso em que voc precise modificar um arquivo de sistema ou abrir utilitrios de configurao que faam modificaes no sistema.

No Kurumin, o usurio padro, kurumin, vem configurado com permisso para executar qualquer comando como root, sem precisar fornecer a senha. Isso permite que os painis e scripts de configurao funcionem diretamente, sem que voc precise ficar fornecendo a senha de root toda hora, o que facilita sobretudo ao rodar do CD. Basta adicionar o sudo antes do comando, como em sudo konqueror /etc. Este recurso usado pelos cones mgicos e parte das ferramentas de configurao do Kurumin, mas pode ser desativado a qualquer momento. A idia que voc configure o sistema e instale todos os programas desejados e depois, se desejar, desative o sudo ou crie um novo usurio sem privilgios para uso normal do sistema.

Voc pode desativar o sudo clicando sobre o cone Modo seguro, desativar o sudo no Desktop. Mesmo com o sudo desativado, voc tem a opo de ativ-lo caso precise executar algum script que o utilize, desde que digite a senha de root. O Ubuntu usa uma abordagem mais conservadora, confirmando sua senha de usurio antes de executar o comando, mas em ambos os casos a configurao de quais usurios podem usar o sudo vai no arquivo /etc/sudoers.

Como a maior parte da configurao do sistema pode ser feita editando diretamente arquivos de configurao (muita gente prefere esta abordagem, j que permite ter um maior domnio sobre o sistema), temos uma grande oferta de editores de texto, que vo desde editores simples, at editores poderosos, destinados a programadores.

Alguns exemplos de editores grficos so o kedit e o kwrite, do KDE e o gedit, do Gnome. Temos ainda editores de modo texto, como o mcedit, joe e vi. Em qualquer um deles voc pode abrir o editor diretamente no arquivo que quiser editar, como em mcedit /etc/fstab.

Tanto o kedit quanto o gedit so editores relativamente simples, que lembram at certo ponto o notepad do Windows. O kwite j um editor mais avanado, voltado para quem escreve scripts ou mesmo programa em linguagens diversas. Ele capaz de realar a sintaxe de vrias linguagens, diferenciando os comandos, condicionais e comentrios atravs de cores. Isso ajuda muito a entender o cdigo e permite identificar erros muito mais rpido.

Nos editores de modo texto as coisas so um pouco mais complicadas, j que eles so controlados atravs de atalhos de teclado, mas voc acaba precisando deles para resolver problemas em situaes onde o modo grfico no est mais abrindo, ou ao usar outras mquinas remotamente, via SSH.

O mais simples o mcedit. Nele, as funes so acessadas usando as teclas F1 a F10, com uma legenda mostrada na parte inferior da tela. Para salvar voc pressiona F2 e para sair, F10. O joe um meio termo. Ele muito parecido com o antigo Wordstar do DOS e usa as mesmas teclas de atalho que ele. Para salvar o arquivo e sair, voc pressiona Ctrl+K e depois X.

O vi o mais complicado da turma. Ele tem trs modos de operao: comando, edio e o modo ex. Ao abrir o programa