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Um Tempo de Restauração I Reis 19:1-18

Pr. Jorge Patrocinio IPB Aracruz 5/6/2010

INTRODUÇÃO Há 13 anos atrás, dois anos antes de irmos para os Estados Unidos, eu me aventurei a escrever um livro – Desvendando Segredos de Deus. O livro fala sobre a vida do profeta Elias e o capítulo 7 usa exatamente esta parte do episódio como fundamento para falar sobre tempos difíceis de depressão. O título do capítulo é “Foi para salvar a sua alma”. E a sugestão é que Elias teria passado por um momento de medo e depressão profunda. Esta sugestão é, na verdade, corroborada por vários estudiosos. É incrível que logo após alguns grandes milagres – chuva, visitação do altar com fogo, extermínio dos profetas de Baal – Elias se sinta tão deprimido. É incrível que o último versículo do capítulo 18 termine com um milagre (A mão do Senhor veio sobre Elias e o fez correr mais veloz do que o carro do rei). E agora, apenas uma palavra é suficiente para desencadear um processo incrível e avassalador de depressão e declínio emocional na vida do profeta. A batalha do Monte Carmelo contra os profetas de Baal tinha sido caracterizada por insultos e desafios. Elias estava acostumado a intimidações. Mas por algum motivo a palavra de Jezabel foi avassaladora. Vr. 2 Então Jezabel mandou um mensageiro a Elias... Apenas uma palavra foi suficiente da despregar das entranhas do profeta um sentimento de medo assolador. Aliás, talvez nem de medo (como veremos à frente), mas de descontentamento com Deus. Duas considerações preliminares: 1. Profetas, sacerdotes, evangelistas, missionários e pastores não são super-homens. Nossas emoções não são blindadas. Nós sentimos dores, medos, tristezas e depressões. Arthur W. Pink em seu livro “La Vida de Elias” diz o seguinte: “Os melhores homens não são mais do que homens. Por mais ricos que sejam em dons, por mais eminentes que sejam no serviço de Deus, por mais que Deus os honre e os use, se o Seu poder sustentador apartar-se deles por um momento, se constatará que são simplesmente “vasos de barro.”

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2. Talvez deveríamos tomar mais cuidado para não sermos alistados entre os mensageiros de Jezabel. Há pessoas que não se preocupam em nada em trazer mensagens destruidoras que minam as emoções e desestabilizam a vida emocional dos servos de Deus. Testemunho Pessoal Ao ler este texto esta semana e o livro que escrevi em 1997 novamente, eu me vi assim. Eu acabei me deparando que tudo o que escrevi demorou 13 anos para experimentar sobre a minha própria pela. Até o dia 27 de Dezembro de 2009, quando Vera se foi, eu lutei com todas as minhas forças em várias frentes ao mesmo tempo: 1. Lutei contra o diabo que tentou por várias vezes me envergonhar. E esta luta se tornou quase que física. Mas também nunca me preocupei com ele. Nunca me preocupei em demonstrar uma performace que fizesse o diabo se calar. Diante de sua blasfêmian eu apenas me aquietava aos pés da cruz. Queria apenas sobreviver e quando o diabo se manifestava eu dizia como o anjo de Deus: O Senhor te repreenda. 2. Lutei contra a minha própria consciência que buscava respostas para perguntas irrespondíveis. Um teólogo e filósofo treinado a equacionar as perguntas mais difíceis da vida, num momento não consegui responder os meus próprios questionamentos. Eu novamente me aquietava aos pés da cruz. Queria apenas sobreviver e quando a consciência se manifestava eu dizia como o profeta de Deus: Senhor, tu o sabes. 3. Lutei contra o desânimo de pessoas e o diagnóstico fulminante dos médicos. E às 4 horas da manhã daquele dia quando Deus me levantou para escrever um poema de despedida para a Vera. E as 16 horas quando o Senhor a levou para estar com Ele. Eu mais uma vez me aquietava aos pés da cruz. Queria apenas sobreviver e quando a morte chegava eu dizia como o o servo de Deus: Deus o deu, Deus o tirou. Bendito seja o nome do Senhor. E nós conseguimos sobreviver. Mas naquele momento eu sinceramente imaginei que as minhas lutas chegavam ao fim. Tal qual não foi a minha supreza ao deparar com o fato de que as minhas lutas e dores estavam apenas começando.

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Algumas dessas lutas e alguns desses inimigos eu não quero contar nesta noite. Mas uma das maiores, eu gostaria de compartilhar com vocês. Trata-se do processo de luto, que hoje vejo ter sido curto mas que pareceu uma eternidade. Foi um processo de luto de 4 meses: 1. Onde o sono fugiu completamente (E eu insisti em não tomar remédio). E toda a estrutura do meu ser foi mudada. Somente neste último mês é que meu organismo se regularizou. E ainda assim, de vez em quando, há um repente negativo sobre mim. 2. Onde a estrutura de meus pensamentos foi mexida de tal forma que a Palavra de Deus parou de fluir em mim; 3. Foi um processo de muitas lembranças. Vera estava impregnada em todas as coisas. Em nossa casa, na cama, nos lugares, na cidade, no carro. Tudo isso eu experimentei. A aliança foi tirada (Deus com um zelo incrível) no mesmo altar onde eu e ela renovamos nosso compromisso nos últimos três anos. No retiro espiritual em Manguinhos. As suas roupas foram também retiradas 2 meses depois. Eu olho para o episódio do profeta Elias e me vejo claramente nele. Vejamos algumas nuances desse episódio: 1. Elias viveu um momento de depressão avassalador - ATITUDES NA DEPRESSÃO DE ELIAS 1. Elias pela primeira vez deixou-se focar nas circunstãncias – Vr. 2 Jezabel lhe enviou um recado demoníaco: Façam-me os deuses o que me aprouver se amanhã você não estiver morto. Elias já tinha experimentado de que os deuses de Jezabel não passavam de ídolos feitos por mão humana. Pois, tinha desafiado os profetas de Baal a clamarem com mais ardor e nada aconteceu. Mas agora ele teme esta mulher. Por algum motivo ele coloca os seus olhos nas circunstãncias. Circunstãncias são maiores do que nós. Mas elas estão infinitamente menores em comparação a Deus. Precisamos colocar os nossos olhos n’Aquele que pode ordenar as circunstãncias. 2. Elias Fugiu – Vr. 2 - É assim que acontece. Nós nos isolamos, não porque nós queremos, mas porque o momento que estamos vivendo é só nosso e as pessoas ao redor não conseguem nos

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entender. Elias fugiu. Ele disse: Só eu fiquei. Num certo sentido ninguém estava ali com ele. 3. Elias pensou em desistir de seu ministério – Vr. 3 “... foi a Berseba e ali deixou o seu moço...” - Todo profeta tinha um discípulo que o acompanhava. Abrir mão do discípulo era uma declaração velada de um processo de desistência de seu chamado que começava a se desenvolver. 4. Elias começou a distanciar-se da dependência de Deus – Vr. 4 “Ele mesmo se foi...” Versículos anteriores explicam que momentos anteriores a estes estavam sendo sempre marcados pela “mão do Senhor” que vinha sobre Elias. Agora, o texto diz, “ele mesmo se foi”. Ou seja, ele decidiu ir por si mesmo. 2.Mas Deus em Sua infinita graça não desistiu do profeta e começou a tratar sua depressão - COMO DEUS TRATOU DO PROFETA? 1. Recobrando as forças físicas – Vrs. 5-6 Em resposta à sua oração pela morte (V. 4) Deus providenciou para ele um bom tempo de sono e uma comida que recobraria as suas forças físicas. Essa comida, como resposta a oração, indicava para Elias que sua vida ainda era necessária e que Deus se importava com ele. Geralmente quando pedimos a Deus a morte estamos na verdade pedingo a Deus vida. Estamos dizendo para Deus que nos sentimos abandonados e Ele sabe disso. Aí Ele nos ajuda a desacelerar. Em tempo de depressão a gente precisa aprender a desacelerar, a descansar, a comer regularmente. 2. Levando-o para o lugar revelação – Vr. 8 Veja os detalhes deste versículo: “Com a força da comida caminhou quarenta dias e quarenta noites até o Monte Horebe.” A história do Monte Horebe tinha ficado quase que blindada pelos israelitas porque foi alí que Deus se manifestou a Moisés de forma sobrenatural e inigualável na história. Agora foi para lá que Deus o leva para restaurar. Exôdo 24:16-18 nos diz que a glória de Deus desceu naquele lugar e Moisés permaneceu alí por quarenta dias e quarenta noites.

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O paralelo entre Moisés e Elias é inquestionável. O primeiro é o fundador da teocracia de Israel, o segundo é o restaurador do culto a Deus. Depois do Monte Horebe somente uma terceira figura se juntaria para confirmar a ação definitiva da teocracia de Deus – Jesus. Mateus 17:1-8 nos relata Jesus no Monte da transfiguração sendo que Moisés e Elias apareceram ali. No tratamento do profeta Deus o leva para o lugar de restauração. O templo, o culto, é sempre algo que não podemos abrir mão porque é ali que Deus nos restaura. Asafe conta sua história de depressão no Salmo 73 No versículo 2 ele diz: Quase me resvalaram os pés, pouco faltou para que desviasse os meus passos. Nos versículos13-14 ele dizL Inutilmente guardei puro o coração e lavei as mãos na inocência; pois de contínuo sou afligido e a cada manhã castigado. Mas sabe quando a história de depressão de Asafe começou a mudar? Vr 17 “Até que entrei no santuário de Deus...” É no santuário de Deus que nossa visão é acertada e nosso coração deprimido é tratado. 3. Fazendo-lhe perguntas – Vr. 9 Deus faz perguntas ao homem. Foi assim com Jonas. E no final Deus ainda diz: É razoável a sua ira. Deus pergunta a Elias o que ele estava fazendo ali. Porque Deus fez essa pergunta? Lembre-se que no versículo 7 o anjo já o havia dito que o caminho seria longo. E agora Deus pergunta: O que fazes aqui Elias? Deus não perguntou porque você está aqui Elias? Sempre insistimos no “por que”. Sempre queremos explicação do que está acontecendo. Mas ao perguntar o que fazes aqui, Deus estava dando a Elias a oportunidade de refletir que o lugar dele não era o lugar da fuga, da depressão, mas o lugar do trabalho. Veja que o lugar da fuga já havia ficado para trás (o deserto do vr. 4). O monte Horebe era o lugar do comissionamento. E aqui chegamos à terceira parte de nosso estudo que é a restauração do profeta.

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3. Deus restaurou totalmente o profeta Elias porque a sua obra estava inacabada - COMO DEUS RESTAUROU O PROFETA? 1. Revelando-se para ele – Vr. 9/12 No monte Carmelo Deus já havia respondido com fogo. Mas agora Elias entra numa caverna. Novamente o paralelo com Moisés nos reporta a Êxodo 33.12-23 quando o Senhor se revelou a ele. Deus colocou moisés numa fenda de uma rocha para que Sua glória passasse sobre ele. Elias entra numa caverna, talvez uma pequena gruta numa rocha e a bondade de Deus novamente começa a passar. O Deus agitador (Elias já tinha sido chamado de agitador de Israel e Deus respondia mesmo com sinais miraculosos: fogo e água), agora se revela num ciclo tranqüilo e suave. Todo pastor elétrico que se depara com essas dores acaba sendo levado para a calmaria de Deus para receber dele uma nova revelação. 2. Falando ao profeta – Vr. 13 Agora sim ele está exatamente na fenda da rocha e Deus fala com ele mais uma vez. A mesma pergunta. O mesmo questionamento. Deus pacientemente ouve Elias. Deus permite que Elias despeje todo o seu descontetamento. E nesta conversa fica muito claro o porquê Elias pede a morte diante de Deus. Ele não pede a morte porque realmente queria morrer. Mas ele está indignado por causa do seu zelo diante do Senhor. Parece-nos que Elias veladamente acaba culpando a Deus por causa de sua depressão porque para ele Deus estava sobre obrigação de responder como ele queria por causa do seu zelo. Elias acaba se achando justo demais (Os filhos de Israel deixaram a sua aliança), diferenciado demais (só eu fiquei) e inocente demais (procuram tirar-me a vida). 3. Recomissionando o profeta – vr. 15 Como Deus restaura Elias? Não o restaura dando-lhe um sermão. Não o restaura deixando-o de molho. Não o restaura começando novamente o ministério profético. Não. Deus o restaura levando-o de volta para o seu ministério.

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Situação semelhante aconteceu com Pedro em João 21. Deus o restaura dizendo: Pedro, tu me amas? Apascenta as minhas ovelhas. Toda restauração de um profeta em depressão não é outra coisa senão Deus o usando novamente para desempenhar seu ministério. A graça e unção de Deus de volta são a prova incontestável da restauração de Deus. CONCLUSÃO Quero informar a igreja que oficialmente estou fora do meu luto. Meus filhos estão aqui e estão comigo. Minha família se regozija comigo. Meu conselho me apóia. E você é convocado a apoiar e orar por seu pastor. As lembranças sobre a Vera não me causam mais as dores em meu peito. Quero pedir aos irmãos que orem por este novo tempo em minha vida. Demorou 4 meses para que eu pudesse dizer com o coração livre a proposta do nosso retiro: Uma nova história Deus tem para mim. Deus está trazendo uma outra pessoa para mim. Cecília é da minha idade, é de BH e freqüenta a Oitava Igreja. Ela é uma pessoa muito crente e madura. É uma grande bênção. Esse é um tempo de recomeço. É claro que muitas coisas precisam acontecer e só o tempo vai nos fazer isso. Mas quero pedir a você que ore por seu pastor e eu não gostaria de ouvir comentários desagradáveis a esse respeito. Se você quiser saber de mais alguma informação você vai vir perguntar a mim.