La Sagesse Jesus Cristo Nunca Existiu

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  • Jesus Cristo Nunca Existiu

    Autor: La Sagesse

    Sumrio

    Prefcio

    Prlogo

    I Jesus Cristo Nunca Existiu

    II As Provas e as Contra Provas

    III As Falsificaes

    IV O Doloroso Silncio Histrico

    V Um Jesus Cristo no Histrico

    VI Jesus e o Tempo

    VII Jesus Cristo nos Evangelhos

    VIII Jesus Cristo um Milagre

    IX Jesus Cristo, um Mito Bblico

    X As Contradies sobre Jesus Cristo

    XI As Contradies Evanglicas

    XII Algumas Fontes do Cristianismo

    XIII Jesus Cristo, uma Cpia Religiosa

    XIV Os Deuses Redentores

    XV Jesus Cristo um Mito Solar

    XVI Outras Fontes do Cristianismo

  • XVII Judasmo e Cristianismo

    XVIII O Cristianismo sem Jesus Cristo

    Existe uma chave para a liberdade: Pense! Sequiseres ser um cordeiro, seja feita a tuavontade. No reclames, entretanto, quandofores servido em nosso grande Sabbath!

    Um bem velho dito pago, do sculo XX

    Prefcio

    Tenho a satisfao de recomendar ao pblico a presente obra, escrita sob o ttulo Jesus Cristo NuncaExistiu, de La Sagesse, em cujo contedo o autor revela o seu pensamento de modo fiel e sem reticncias arespeito de to delicado assunto. Embora seja este o seu primeiro trabalho publicado, o autor revelase umescritor em potencial, de quem muito ainda se pode esperar. Diante da necessidade sempre crescente daverdade, encetou a presente obra para doar humanidade a sua contribuio de natureza cultural, querendoapenas cumprir o seu dever de informar, perante si prprio e perante os homens.

    Aos oportunistas pouco importa se sob a palavra sonora se oculta a hipocrisia e a mentira. Contudo,para os espritos puros e corajosos, para os quais os interesses particulares no devem sobreporse aos anseiosdo povo, mister se faz que a verdade surja em toda a sua plenitude, deitando por terra toda a fraude emistificao. Este um livro corajoso, concebido sem a preocupao de agradar ou desagradar, noimportando se suscetibilidades so feridas pelo que aqui est exposto. O seu intuito exclusivamentepatentear as provas inequvocas de falsificao e mistificao, as quais foram impostas aos homens a ferro efogo, durante sculos.

    No decurso da obra, so reveladas todas as idias da Igreja como realmente so: a mais ptrida e falsaamoedao que pode haver, capaz de desprezar a natureza e os valores naturais. Constituiuse a Igreja emverdadeiro parasita do homem crente, a verdadeira tarntula atravs da qual o clero que se constitui em umaminoria privilegiada vem sugando e envenenando sem parar o sangue e a vida daqueles que, iludidos porfalsas promessas, mantm os olhos fechados para a realidade da vida e das coisas.

    Em todo o tempo, a meta principal da Igreja tornar o homem o mais desgraado possvel, da a idiado pecado e da culpabilidade, para criar uma raa de escravos e de castrados de pensamento. Assim, tolhida asua liberdade de pensamento, tornase presa fcil e malevel nas mos da Igreja. O temor dos castigoseternos, prometidos para os que se insurgem contra os ensinamentos da Santa Igreja, impede o homem crentede duvidar sequer do que a mesma lhe incute no esprito como verdade. S o homem que consegue vencer abarreira do temor e da ignorncia goza realmente de uma liberdade plena que poder tornlo feliz.

    Apesar de haver uma acentuada liberalidade existente em nossos dias, ainda pequeno o nmero dosque sacodem o jugo opressor, libertandose da tutela hostil e interesseira da Igreja, de seus dogmas e vspromessas. E bem menor ainda o nmero dos que tm a coragem de proclamar em altas vozes o seupensamento, liberto dos preconceitos religiosos que subjugam o homem.

    Felizmente, La Sagesse faz parte deste crculo restrito, para quem a verdade e o bem estar do homemesto acima de qualquer coisa e dependem em muito de sua liberdade. A prpria bondade do homem deverevelarse por si s, e no porque a ela seja constrangido, porquanto assim perder a sua verdadeiracaracterstica, passando a ser um ato subalterno, sem nenhum valor moral.

  • No se omite a esta altura a homenagem que faz jus a quem no economizou esforos no sentido depatentear a verdade, antes se multiplicou em cuidados para fornecer aos leitores uma obra capaz de despertar ointeresse pelo seu real valor e critrios adotados. O autor possui uma vasta obra literria ainda indita, quedever vir a pblico oportunamente.

    Maria Ribeiro

    Prlogo

    Homem ateu assim chamado aquele que no cr em Deus. Etimologicamente, Theos, dogrego, significa Deus. Anexandose o prefixo a, o qual indica ausncia ou negao, teremos ateu, isto, sem Deus. No mundo moderno onde vivemos, no qual impera a razo, a lgica e o conhecimentocientfico, no nos mais possvel estabelecer diferena essencial entre ateus ou crentes.

    Os que acreditam em um Deus materializvel, prosternandose e orando diante de seus altares,em seus templos, so tambm verdadeiros ateus. Apenas deste fato no se do conta. A seguirtentaremos explicar o nosso ponto de vista. O homem primitivo, sentindose indefeso diante do mundohostil que o rodeia e que desconhece, a tudo teme. Apavoramno os fenmenos da natureza, tais comoas tempestades, os troves, os relmpagos e tantos outros os quais julga serem a manifestao digna deum Ser Supremo, muito poderoso e desconhecido. Ento, na sua impotncia para controlar a natureza,e no encontrando explicaes razoveis para os acontecimentos, voltase o nosso homem para aqueleSer Poderoso que imagina comandar o mundo. Submisso e suplicante, imploralhe perdo pelas faltascometidas, simula preces e oferecelhe sacrifcios. Com isso, supe aplacar a ira dos deuses eganharlhes sua benevolncia para dias vindouros, Est, assim, lanada a semente da religio que nodecorrer do tempo ir ganhando novas formas e sofrer modificaes, de acordo com o prprio homem,suas necessidades e aspiraes.

    Ento perguntaremos, diante de que ou de quem ajoelhase o homem? Diante de Deus? No. Porincrvel que parea, o homem ajoelhase, ainda hoje, diante do altar rstico, erguido pelo temor dohomem primitivo castigado pelas foras adversas da natureza, e impotente para contlas. No lgicoque o homem que evoluiu conseguindo maravilhas, obtendo os meios necessrios para definir e mesmorefrear os furores da natureza, paradoxalmente continue praticando os cultos de desagravo, criadospelos amedrontados ancestrais.

    Conclumos do que acima foi dito que os religiosos de qualquer espcie so ateus, porquanto, deacordo com a prpria etimologia da palavra ateu, continuam sem Deus. Isto verdadeiro, porquanto,no possvel a ningum ter algo inexistente, no caso o Ser Poderoso, Deus ou deuses, conformeprefiram. medida que o homem foi evoluindo, promoveu sua organizao social, inclusive a religiosa.E o homem permaneceu contrito, ajoelhado diante de Deus e do sacerdote. Aos poucos, vai a religiotornandose um timo e cmodo meio de vida para a minoria privilegiada composta pelos sacerdotes,verdadeiro comrcio com o qual o povo tem sido espoliado atravs dos tempos.

    Surgiram deuses e religies idealizadas pelos espertos, a fim de satisfazer a todos os gostos etendncias. At o sculo IX, os estudiosos do assunto j haviam catalogado nada menos de 60 mildeuses, sob as mais variadas formas, desde a de animal, semianimal, at atingir o aspecto integral docorpo humano. Criaram deuses como Baco, o deus do vinho, homenageado com tremendas bebedeiras.Vnus, a deusa do amor. Para reger a cada ato da vida, foram criados deuses especiais; inclusive paracada fenmeno da natureza.

    Apesar do fervor com o qual os deuses tm sido incensados atravs dos tempos, jamais seconseguiu provar que a f a eles devotada tenha melhorado a sorte do homem e do mundo. Por issosomos levados a crer que todos aqueles que tm adorado aos deuses tm perdido o seu precioso tempo.

  • O homem, com o poder de sua inteligncia e imaginao, vai aos poucos adquirindo e sistematizando osseus conhecimentos, tornandoos cultura e cincia. Gradativamente vai levantando o vu do mistrioque lhe obscurecera a razo. A explicao dos fatos fundamentada na cincia libertao dos temores.

    O conhecimento cientfico, alijando as trevas da ignorncia, levanos a compreender que osmilhares de deuses dos quais temos tido conhecimento so produtos de mentes frteis e pretensiosas,como a do clero e outros interessados em lucros fceis. A total ausncia de uma interveno direta deDeus nos destinos do homem e do mundo prova de que o clero conduz o homem por caminho errado.Valendose da boa f do povo incauto que o clero, em todos os tempos, tem desenvolvido sua atividadeparasitria, chorando tanto quanto possvel a economia humana. Assim, pode desfrutar de boa vida,luxo e palcios, praticamente sem trabalhar, com o dinheiro que o homem religioso passalhe s mos,julgando assim comprar sua entrada no cu.

    O sacerdote sempre categrico em suas afirmaes diante do crente, mostrandose, contudo,reticente e cauteloso em face do conhecimento cientfico do homem de saber aprimorado. A este falarsobre tudo, mas evitar abordar o que se refere a Deus, religio ou teologia. Tendo ultrapassado apoca do medo, a raa humana no se libertou totalmente do sentimento religioso, porquanto, existemos que se valem do nome de Deus e das religies para viverem ociosamente, desfrutando de boa posioe respeito, sem, contudo, dar aos homens qualquer contribuio que lhes aproveite para sua felicidade ebem estar. Apenas a promessa de uma boa vida futura, aps a morte. Todavia, at esta serlhegarantida apenas com a condio de suportar, pacientemente, muitos sofrimentos em sua passagempela terra. Ora, so promessas vs e mentirosas. Ser que o sacerdote daria para algum o Reino dosCus, se dele dispusesse? Tudo nos leva a crer que no.

    No acreditamos que as religies possam desaparecer to cedo da face da Terra, apesar doaprimoramento, sempre em expanso, do conhecimento cientfico. As religies no morrem,modificamse. Desde os primrdios da humanidade, o aparecimento sempre de novos deuses emodalidades de culto justificam tal afirmativa. Em vista de tantas e tais modificaes, que chegamos era do advento de Cristo e do cristianismo, religio esta abraada por boa parte da populao domundo atual, em suas variadas ramificaes.

    E qual o fundamento sobre o qual foi criada a religio crist? Nada tem de positivo, palpvel ouverdadeiro. apenas uma lenda o nascimento de Jesus, como toda a vida e os atos a ele imputados.Aqueles que criaram o cristianismo sequer primaram pela originalidade, porquanto, a lenda queenvolve a personalidade de Jesus Cristo apenas copia de tantas outras que relatam o nascimento etudo quanto se referiu aos deuses criados pelos antigos, tais como sis, Osris, Hrus tis. Apolo, Mitra,etc.

    O homem do nosso sculo tem, forosamente, de ser prtico. Da, no poder fundamentar os atosde sua vida em lendas ou mitos. As lendas possuem, evidentemente, um grande valor, fazem parte dofolclore dos povos, influindo na formao de suas culturas. Entretanto, o seu valor cultural no deveultrapassar o limite lgico e aceitvel.

    I

    Jesus Cristo Nunca Existiu

    Os pesquisadores que se dedicaram ao estudo das origens do cristianismo sabem que, desde oSculo II de nossa era, tem sido posta em dvida a existncia de Cristo. Muitos at mesmo entre oscristos procuram provas histricas e materiais para fundamentar sua crena. Infelizmente, para eles esua f, tal fundamento jamais foi conseguido, porquanto, a histria cientificamente elaborada denota

  • que a existncia de Jesus real apenas nos escritos e testemunhas daqueles que tiveram interessereligioso e material em provla.

    Desse modo, a existncia, a vida e a obra de Jesus carecem de provas indiscutveis. Nem mesmo osEvangelhos constituem documento irretorquvel. As bibliotecas e museus guardam escritos edocumentos de autores que teriam sido contemporneos de Jesus, os quais no fazem qualquerreferncia ao mesmo. Por outro lado, a cincia histrica temse recusado a dar crdito aos documentosoferecidos pela Igreja, com inteno de provarlhe a existncia fsica. Ocorre que tais documentos,originariamente, no mencionavam sequer o nome de Jesus; todavia, foram falsificados, rasurados eadulterados visando suprir a ausncia de documentao verdadeira.

    Por outro lado, muito do que foi escrito para provar a inexistncia de Jesus Cristo foi destrudopela Igreja, defensivamente. Assim que, por falta de documentos verdadeiros e indiscutveis, aexistncia de Jesus tem sido posta em dvida desde os primeiros sculos desta era, apesar de ter a Igrejatentado destruir a tudo e a todos os que tiveram coragem ousaram contestar os seus pontos de vista, osseus dogmas.

    Por tudo isso que o Papa Pio XII, em 955, falando para um Congresso Internacional de Histriaem Roma, disse: Para os cristos, o problema da existncia de Jesus Cristo concerne f, e no histria.

    Emlio Bossi, em seu livro intitulado Jesus Cristo Nunca Existiu, compara Jesus Cristo aScrates, que igualmente nada deixou escrito. No entanto, faz ver que Scrates s ensinou o que natural e racional, ao passo que Jesus terseia apenas preocupado com o sobrenatural. Scrates tevecomo discpulos pessoas naturais, de existncia comprovada, cujos escritos, produo cultural efilosfica passaram histria como Plato, Xenfanes, Euclides, Esquino, Fdon. Enquanto isso, Jesusteria por discpulos alguns homens analfabetos como ele prprio tloia sido, os quais apenasrepetiriam os velhos conceitos e preconceitos talmdicos.

    Scrates, que viveu 5 sculos antes de Cristo e nada escreveu, jamais teve sua existncia posta emdvida. Jesus Cristo, que teria vivido tanto tempo depois, mesmo nada tendo escrito, poderia apesardisso ter deixado provas de sua existncia. Todavia, nada tem sido encontrado que merea f. Seusdiscpulos nada escreveram. Os historiadores no lhe fizeram qualquer aluso.

    Alm disso, sabemos que, desde o Sculo II, os judeus ortodoxos e muitos homens cultoscomearam a contestar a veracidade de existncia de tal ser, sob qualquer aspecto, humano ou divino.Estavam, assim, os homens divididos em duas posies: a dos que, afirmando a realidade de suaexistncia, divindade e propsitos de salvao, perseguiam e matavam impiedosamente aos partidriosda posio contrria, ou seja, queles cultos e audaciosos que tiveram a coragem de contestlos.

    O imenso poder do Vaticano tornou a libertao do homem da tutela religiosa difcil e lenta. Oliberalismo que surgiu nos ltimos sculos contribuiu para que homens cultos e desejosos de esclarecera verdade tentassem, com bastante xito, mostrar a mistificao que tem sido a base de todas asreligies, inclusive do cristianismo. Surgiram tambm alguns escritos elucidativos, que por sortehaviam escapado caa e queima em praa pblica. Fatos e descobertas desta natureza contriburamdecisivamente para que o mundo de hoje tenha uma concepo cientfica e prtica de tudo que o rodeia,bem como de si prprio, de sua vida, direitos e obrigaes.

    A sociedade atualmente pode estabelecer os seus padres de vida e moral, e os seus membrospodem observlos e respeitlos por si mesmos, pelo respeito ao prximo e no pelo temor que lhesincute a religio. Contudo, lamentavelmente certo que muitos ainda se conservam subjugados peloesprito de religiosidade, presos a tabus caducos e inaceitveis.

  • Jesus Cristo foi apenas uma entidade ideal, criada para fazer cumprir as escrituras, visando darseqncia ao judasmo em face da dispora, destruio do templo e de Jerusalm. Teria sido umarranjo feito em defesa do judasmo que ento morria, surgindo uma nova crena. Ultimamente,tmse evidenciado as adulteraes e falsificaes documentrias praticadas pela Igreja, com o intuitode provar a existncia real de Cristo. Modernos mtodos como, por exemplo, o mtodo comparativo deHegel, a grafotcnica e muitos outros, denunciaram a m f dos que implantaram o cristianismo sobrefalsas bases com uma doutrina tomada por emprstimos de outros mais vivos e inteligentes do que eles,assim como denunciaram os meios fraudulentos de que se valeram para provar a existncia doinexistente.

    de se supor que, aps a fuga da sia Central, com o tempo os judeus foram abandonando ovelho esprito semita, para iremse adaptando s crenas religiosas dos diversos povos que j viviam nasia Menor. Aps haverem passado por longo perodo de cativeiro no Egito, e, posteriormente, porduas vezes na Babilnia, no estranhamos que tenham introduzido no seu judasmo primitivo as basesdas crenas dos povos com os quais conviveram. Sendo um dos povos mais atrasados de ento, e naqualidade de cativos, por onde passaram, salvo excees, sua convivncia e ligaes seria sempre com agente inculta, primria e humilde. Assim que, em vez de aprenderem cincias como astronomia,matemtica, sua impressionante legislao, aprenderam as supersties do homem inculto e vulgar.

    Quando cativos na Babilnia, os sacerdotes judeus que constituram a nata, o escol do seu meiosocial, nas horas vagas, iriam copiando o folclore e tudo o que achassem de mais interessante emmatria de costumes e crenas religiosas, do que resultaria mais tarde compendiarem tudo em um slivro, o qual recebeu o nome de Talmud, o livro do saber, do conhecimento, da aprendizagem. Por umasrie de circunstncias, o judeu foi deixando, aos poucos, a atividade de pastor, agricultor e mesmo deartfice, passando a dedicarse ao comrcio.

    A atividade comercial do judeu teve incio quando levados cativos para a Babilnia, porNabucodonosor, e intensificouse com o decorrer do tempo, e ainda mais com a perseguio que lhemoveria o prprio cristianismo, a partir do sculo IV. Da em diante, a preocupao principal do povojudeu foi extinguir de seu meio o analfabetismo, visando com isso o xito de seus negcios. Devese aeste fato ter sido o judeu o primeiro povo no meio do qual no haveria nenhum analfabeto. Destarte,chegando a Roma e a Alexandria, encontrariam ali apenas a prtica de uma religio de tradio oral,portanto, terreno propcio para a introduo de novas supersties religiosas. Dessa conjuntura quenasceu o cristianismo, o mximo de mistificao religiosa de que se mostrou capaz a mente humana.

    O judeu da dispora conseguiu o seu objetivo. Com sua grande habilidade, em pouco tempo ocristianismo caiu no gosto popular, penetrando na casa do escravo e de seu senhor, invadindo inclusiveos palcios imperiais. Crestus, o Messias dos essnios, pelo qual parece terem optado os judeus para acriao do cristianismo, daria origem ao nome de Cristo, cristo e cristianismo. Os essnios haviamseestabelecido numa instituio comunal, em que os bens pessoais eram repartidos igualmente para todose as necessidades de cada um tornavamse responsabilidade de todos.

    Tal ideal de vida conquistaria, como realmente aconteceu, ao escravo, a plebe, enfim, a gentehumilde. Da, a expanso do cristianismo que, nada tendo de concreto, positivo e provvel, assumiu aspropores de que todos temos conhecimento. No tendo ficado restrita classe inculta e pobre, comoseria de se pensar, comeou a ganhar adeptos entre os aristocratas e bemnascidos.

    De tudo o que dissemos, depreendese que o cristianismo foi uma religio criada pelos judeus,antes de tudo como meio de sobrevivncia e enriquecimento. Tudo foi feito e organizado de modo a queo homem se tornasse um instrumento dcil e fcil de manejar, pelas mos hbeis daqueles aos quaisaproveita a religio como fonte de rendimentos.

    Mtodos modernos como, por exemplo, o mtodo comparativo de Hegel, a grafotcnica, o uso dosistopos radioativos e radiocarbnicos, denunciaram a m f daqueles que implantaram o cristianismo,

  • falsificando escritos e documentos na v tentativa de provar o que lhe era proveitoso. Por meios escusostais como os citados, a Igreja tornouse a potncia financeira em que hoje se constitui. Finalmente,desde o momento em que surgiu a religio, com ela veio o sacerdote que uma constante em todos oscultos, ainda que recebam nomes diversos. A figura do sacerdote encarregado do culto divino tem tidosempre a preocupao primordial de atemorizar o esprito dos povos, apresentandolhes um Deusonipotente, onipresente e, sobretudo, vingativo, que a uns premia com o paraso e a outros castiga como inferno de fogo eterno, conforme sejam boas ou ms suas aes.

    No cristianismo, encontraremos sempre o sacerdote afirmando ter o homem uma alma imortal, aqual responder aps a morte do corpo, diante de Deus, pelas aes praticadas em vida. Como se tudono bastasse, o paraso, o purgatrio dos catlicos e o inferno, h ainda que considerar a admisso dopecado original, segundo o qual todos os homens ao nascer, trazemno consigo.

    Ora, ningum jamais foi consultado a respeito de seu desejo ou no de nascer. Assim sendo, comoatribuir culpa de qualquer natureza a quem no teve a oportunidade de manifestar vontade prpria.Quanta injustia! Condenar inocentes por antecipao. O prprio Deus e o prprio Cristorevoltarseiam por certo ante to injusta legislao, se os prprios existissem.

    II

    As Provas e as Contra Provas

    A Igreja serviuse de farta documentao, conforme j mencionamos anteriormente, cominteno de provar a existncia de Cristo. No entanto, a histria ignorao completamente. Quanto aosautores profanos que pretensamente teriam escrito a seu respeito, foram nesta parte falsificados. Poroutro lado, documentos histricos demonstram sua inexistncia. As provas histricas merecem nossocrdito, porque pertencem categoria dos fatos certos e positivos, e constituem testemunhos concretos evlidos de escritores de determinadas escolas.

    A interpretao da Bblia e da mitologia comparada no resiste a uma confrontao com ahistria. Flvio Josefo, Justo de Tiberades, Filon de Alexandria, Tcito, Suetnio e Plnio, o Jovem,teriam feito em seus escritos, referncias a Jesus Cristo. Todavia, tais escritos aps serem submetidos aexames grafotcnicos, revelaramse adulterados no todo ou em parte, para no se falar dos que foramtotalmente destrudos. Alm disso, as referncias feitas a Crestus, Cristo ou Jesus, no so feitasexatamente a respeito do Cristo dos Cristos. Seria mesmo difcil estabelecer qual o Cristo seguidopelos cristos, visto que esse era um nome comum na Galilia e Judia.

    Segundo Tcito, judeus e egpcios foram expulsos de Roma por formarem uma s e msticasuperstio crist. As expulses ocorreram duas vezes no tempo de Augusto e a terceira vez no governode Tibrio, no ano 19 desta era. Tais expulses desmentem a existncia de Jesus, porquanto, ocorreramquando ainda o nome de cristo aplicavase a superstio judaicoegpcia, a qual se confundiu com ocristianismo.

    Filon de Alexandria, apesar de ter contribudo poderosamente para a formao do cristianismo,seu testemunho totalmente contrrio existncia de Cristo. Filon havia escrito um tratado sobre oBom Deus Serapis , tratado este que foi destrudo. Os evangelhos cristos a ele muito se assemelham,e os falsificadores no hesitaram em atribuir as referncias como sendo feitas a Cristo.

    Os historiadores mostram que essa religio nasceu em Alexandria, e no em Roma ou Jerusalm.Fazem ver que ela nasceu das idias de Filon que, platonizando e helenizando o judasmo, escreveu boaparte do Apocalipse. A mesma transformao que o cristianismo dera ao judasmo ao introduzirlhe o

  • paganismo e a idolatria, Filon imprimira a essa crena, at ento apenas terapeuta, dandolhe feiogrega, de cunho platnico.

    Embora tenha sido de certo modo o precursor do cristianismo, no deixou a menor prova de tertomado conhecimento da existncia de Jesus Cristo, o mago rabi, e isto lgico porque o cristianismo siria ser elaborado muito depois de sua morte.

    Bastaria o silncio de Filon para provar estarmos diante de uma nova criao mitolgica, decunho metafsico. Entretanto, escrevendo como cristo, os lanadores do cristianismo louvaramse nassuas idias e escritos. Tivesse Jesus realmente existido, jamais Filon deixaria de falar em seu nome,descreveria certamente sua vida miraculosa. Filon relata os principais acontecimentos de seu tempo, dojudasmo e de outras crenas, no mencionando, porm, nada sobre Jesus. Cita Pncio Pilatos e suaatuao como Procurador da Judia, mas no se refere ao julgamento de Jesus a que ele teria presidido.

    Fala igualmente dos essnios e de sua doutrina comuna dizendo tratarse de uma seita judia, commosteiro margem do Jordo, perto de Jerusalm. Quando no reinado de Calgula esteve em Romadefendendo os judeus, relata diversos acontecimentos da Palestina, mas no menciona nada a respeitode Jesus, seus feitos ou sua sorte e destino.

    Filon, que foi um dos judeus mais ilustres de seu tempo, e sempre esteve em dia com osacontecimentos, jamais omitiria qualquer notcia acerca de Jesus, cuja existncia, se fosse verdadeira,teria abalado o mundo de ento. Impossvel admitirse tal hiptese, portanto.

    Por isso que M. Dide fez ver que, diante do silncio de homens extraordinrios como Filon, osacontecimentos narrados pelos evangelistas no passam de pura fantasia religiosa. Seu silncio asentena de morte da existncia de Jesus.

    O mesmo silncio se estende aos apstolos, assinala Emlio Bossi. Evidencia que tudo quanto estcontido nos Evangelhos referese a personalidades irreais, ideais, sobrenaturais de inexistentestaumaturgos. O silncio de Filon e de outros se estende no apenas a Jesus, mas tambm aos seuspretensos apstolos, a Jos, a Maria, seus filhos e toda a sua famlia.

    Flvio Josefo, tendo nascido no ano 37, e escrevendo at 93 sobre judasmo, cristianismoterapeuta, messias e Cristos, nada disse a respeito de Jesus Cristo. Justo de Tiberades, igualmente nofala em Jesus Cristo, conquanto houvesse escrito uma histria dos judeus, indo de Moiss ao ano 50.Ernest Renan, em sua obra Vie de Jesus, apesar de ter tentado biografar Jesus, reconhece o pesadosilncio que fizeram cair sobre o pretenso heri do cristianismo.

    Os Gregos, os romanos e os hindus dos sculos I e II jamais ouviram falar na existncia fsica deJesus Cristo. Nenhum dos historiadores ou escritores, judeus ou romanos, os quais viveram ao tempoem que pretensamente teria vivido Jesus, ocupouse dele expressamente. Nenhum dedicoulhe ateno.Todos foram omissos quanto a qualquer movimento religioso ocorrido na Judia, chefiado por Jesus.

    A histria no s contesta a tudo o que vem nos Evangelhos, como prova que os documentos emque a Igreja se baseou para formar o cristianismo foram todos inventados ou falsificados no todo ouparte, para esse fim. A Igreja sempre disps de uma equipe de falsrios, os quais dedicaramseafanosamente a adulterar e falsificar os documentos antigos com o fim de plos de acordo com os seuscnones.

    O piedoso e culto bispo de Cesaria, Eusbio, como muitos outros tonsurados, receberam ordenspapais para realizar modificaes em importantes papis da poca, adulterandoos e emendandoossegundo suas convenincias. Graas a esses criminosos arranjos, a Igreja terminaria autenticandoimpunemente sua novela religiosa sobre Jesus Cristo, sua famlia, seus discpulos e o seu tempo.

  • Conan Doyle imortalizou o seu personagem, Sherlock Holmes, assim como Goethe ao seuWerther. Deramlhes vida e movimento como se fossem pessoas reais, de carne e ossos. Muitos outrosescritores imortalizaramse tambm atravs de suas obras, contudo, sempre ficou patente serem elaspura fico, sem qualquer elo que as ligue com a vida real. Produzem um trabalho honesto e honradoaqueles que assim procedem, ao contrrio daqueles que deturpam os trabalhos assinados por eminentesescritores, com o objetivo premeditado de iludir a boa f do prximo. E procedimento que, alm decriminoso, revela a incapacidade intelectual daqueles que precisam se valer de tais meios para alcanarseus escusos objetivos.

    Berson, citado por Jean Guitton em Jesus, disse que a inigualvel humildade de Jesusdispensaria a historicidade; entretanto, erigiu os Evangelhos como documento indiscutvel como prova,o que a cincia histrica de hoje rejeita. S depois de muito entrado em anos que se tornariaindiferente para com a pirracenta crena religiosa dos seus antepassados, como aconteceu com mentesexcepcionalmente cultas, tornadas ilustres pelo saber e pelo conhecimento e no apenas pelo dinheiro.

    Diante da histria, do conhecimento racional e cientfico que presidem aos atos da vida humana,muitos j se convenceram da primria e irreal origem do cristianismo, o qual nada mais do que umasntese do judasmo com o paganismo e a idolatria grecoromana do sculo I.

    Graas ao trabalho de notveis mestre de Filosofia e Teologia da Escola de Tbngen, naAlemanha, ficou provado que os Evangelhos e mesmo toda a Bblia no possuem valor histrico,pondose em dvida conseqentemente tudo quanto a Igreja imps como verdade sobre Jesus Cristo.Tudo o que consta dos Evangelhos e do Novo Testamento so apenas arranjos, adaptaes e fices,como o prprio Jesus Cristo o foi.

    Atravs da pesquisa histrica e de exames grafotcnicos ficou evidenciado que os escritos acimareferidos so apcrifos. De sorte que, no servindo como documentos autnticos, devem ser rejeitadospela cincia. Jean Guitton diz que o problema de Jesus varia e acordo com o ngulo sob o qual sejaexaminado: histrico, filosfico ou teolgico.

    A histria exige provas reais, segundo as quais se evidenciem os movimentos da pessoa ou doheri no palco da vida humana, praticando todos os atos a ela concernentes, em todos os seus altos ebaixos. Pierre Couchoud, igualmente citado por Guitton, sendo mdico e filsofo, considerou Jesuscomo tendo sido a maior existncia que j houve, o maior habitante da terra, entretanto, acrescentou:no existiu no sentido histrico da palavra: no nasceu. No sofreu sob Pncio Pilatos, sendo tudo umafabulao mtica.

    A passagem de Jesus pela terra seria o milagre dos milagres: o continente, embora fosse omenor, contivera o contedo, que era o maior! A Filosofia quer fatos para examinar e explicar luz darazo, generalizandoo. No que se refere existncia de Jesus, patente a impossibilidade degeneralizao, porquanto, na qualidade de mito, como os milhares que o antecederam, suapersonalidade apenas fictcia, por conseguinte, nenhum material pode oferecer Filosofia para sersistematizado, aprofundado ou explicado.

    No tocante Teologia, cabelhe apenas a parte doutrinria acerca das coisas divinas. A ela,interessa apenas incutir nas mentes os seus princpios, sem, contudo, procurar neles o que possa existirde concreto, o que inclusive seria contrrio aos interesses materiais, daqueles aos quais aproveita areligio. Os Enciclopedistas mostraram como eram tolos e irracionais os dogmas da Igreja, lembrandoainda que ela era um dos mais fortes pilares do feudalismo escravocrata.

    Voltaire mostrou as coincidncias entre o Evangelho de Joo e os escritos de Filon, lembrando tersido ele um filsofo grego de ascendncia judia, cujo pai, um outro judeu culto, teria sidocontemporneo de Jesus, se ele tivesse realmente existido. A filosofia religiosa de Filon era a mesma docristianismo, tanto que inicialmente foi cogitada sua incluso entre os fundadores da nova crena.

  • Contudo, aps exame rigoroso de sua obra, foram encontradas idias opostas aos interesses materiaisdos lideres cristos da poca.

    Devemos aos Enciclopedistas, bem como a Voltaire, o incentivo para que muitos pensadoresfuturos pudessem desenvolver um trabalho livre, na pesquisa da verdade. As convices de Voltaire soo fruto de profundo estudo das obras de Filon. Os racionalistas, posteriormente, servindose de seusescritos, concluram que a Igreja criou seus dogmas de acordo com a lenda e o mito, impondoos aferro e fogo.

    Bauer, aplicando os princpios hegelianos na Universidade de Tbingen, concluiu que osEvangelhos haviam sido escritos sob a influncia judia, de acordo com seu gosto. Posteriormente,interesses materiais e polticos motivaram alteraes nos mesmos. Em vista de tais interesses quePedro, o pregador do cristianismo nascente, que era prjudeu, teve de ser substitudo por Paulo,favorvel aos romanos. E Marcio teria sido o autor dos escritos atribudos ao inexistente Paulo.

    O mrito da Escola de Tbingen consiste em haver provado que os Evangelhos so apcrifos, eassim no servem como documento aceitvel pela histria. Levando ao conhecimento do mundo livreque os fundamentos do cristianismo so mistificaes puras, os mestres da referida Escola abalaram osalicerces de uma empresa, que h sculos explora a humanidade crente, vendendo o nome de Deus agrosso e a varejo.

    Tudo nos leva a crer que, no futuro, o conhecimento cientfico exigir bases slidas para todas ascoisas, quando ento as religies no mais prevalecero, porquanto, no podero contribuir para acincia ou para a histria, com qualquer argumento slido e fiel.

    Ademais, no nos parece lgico que o homem atual, o qual j atingiu um to elevado nvel dedesenvolvimento, o que se verifica em todos os setores do conhecimento, tais como cientfico, tecnolgicoe filosfico, permanea preso a crenas em deuses inexistentes, em mitos e tabus.

    Dizse que a Bblia, o livro sagrado dos cristos, do qual se valem eles para provar a existncia deseu Deus e Jesus Cristo, seu filho unignito, foi escrito sob a inspirao divina. O Prprio Deus tloiaescrito, atravs de homens inspirados por ele, claro. A doutrina crist ensina que Deus, alm deonipotente, onipresente e onisciente. Sendo dotado de tais atributos oniscincia e onipresena ,seria de se esperar que Deus, ao ditar aos homens inspirados o que deveriam escrever, no serestringisse apenas ao relato das coisas, fatos ou lugares ento conhecidos pelos homens.

    Sendo onipresente, deveria estar no universo inteiro. Conheclo e levlo ao conhecimento doshomens, e no apenas limitarse a falar dos povos ou lugares que todos conheciam ou sabiam existir.Sendo onisciente, deveria saber de todas s coisas de modo certo, correto, exato, e assim inspirar ouensinar.

    Todavia, aconteceu justamente o contrrio. A Bblia, escrita por homens inspirados por Deusonipresente e onisciente, est repleta de erros, os mais vulgares e incoerentes, revelando total ignornciaacerca da verdade e de tudo mais.

    Vejamos apenas um exemplo. Diz a Bblia que o sol, a lua e as estrelas foram criadas em funoda terra: para iluminla. Seria o centro do universo, ento, o que totalmente falso. Hoje, ou melhor,h muito tempo, todos sabemos que a terra apenas um gro de areia perdido na imensido douniverso, sendo mesmo uma das menores pores que o compe, inclusive dentro do sistema solar deque faz parte.

    Como teria Josu feito parar o sol, a fim de prolongar o dia e ganhar sua batalha contra oscanamitas, sem acarretar uma catstrofe? Decididamente, quem escreveu tais absurdos, sendo homem,sujeito a falhas e erros, perdovel. Entretanto, sendo um Deus onipresente e onisciente, ou por sua

  • inspirao, inconcebvel. E mais inconcebvel ainda que o homem moderno permanea escravo destaou de qualquer outra religio. Dispondo de modernos meios de difuso e divulgao da cultura, ohomem no pode ignorar o quanto falsa a doutrina crist, alm de absurda, o mesmo estendendose aqualquer outra forma de culto ou religio. Como entender que sendo Deus onipresente e onisciente, nosaberia que todos os corpos do universo possuem movimento, e que este os mantm dentro de suarbita, sem atropelos ou abalroamento?

    Quando Jeov resolveu disciplinar o comportamento dos hebreus, marcou encontro com Moiss,no Monte Sinai, para lhe entregar as tbuas da lei. Fato idntico acontecera muito antes, quandoHamurabi teria recebido das mos do deus Schamash a legislao dos babilnios no sculo XVII a.C.. Amesma foi encontrada em Susa, uma das grandes metrpoles do ento poderoso imprio babilnio,encontrandose atualmente guardada no Museu do Louvre, em Paris.

    No que concerne aos Evangelhos, foram escritos em nmero de 315, copiandose sempre uns aosoutros. No Conclio de Nicia, tal nmero foi reduzido para 40, e destes foram sorteados os 4 que athoje esto vigorando.

    A. Laterre, entre outros escritores, assinala ter sido o Evangelho de Marcos o mais antigo, e haverservido de paradigma para os outros, os quais no guardaram sequer fidelidade ao original, dandomargem a choques e entrechoques de doutrina.

    Aps o Evangelho de Marcos, comearam a surgir os demais que, alcanando elevado nmero,foram reduzidos. A escolha no visou os melhores, o que seria lgico, mas baseouse tosomente noprestigio poltico dos bispos das regies onde haviam sido compostos.

    A. Laterre patenteou igualmente, em Jesus e sua doutrina, que a lenda composta pelosfundadores do cristianismo, para ser admitida pelos homens como verdade, fora copiada de fontesmitolgicas muito anteriores ao prprio judasmo, remontando aos antigos deuses hindus, persas ouchineses.

    No sculo II, quando comeou a aparecer a biografia de Jesus, havia apenas o interesse poltico ematerial em se manter a sua santa personalidade idealizada. Constantino, no sculo IV, tendoverificado que suas legies haviamse tornado reticentes no cumprimento de suas ordens contra oscristos, resolveu mudar de ttica e aderir ao cristianismo. Percebendo que os bispos de Alexandria,Jerusalm, Edessa e Roma tinham a fora necessria para fazerlhe oposio, sentiuse nacontingncia de ceder politicamente, com o objetivo de conseguir obedincia total e unificar o imprio.De sorte que sua adeso ou converso ao cristianismo no se baseou em uma convico intima,espiritual, porm, resultou de convenincias polticas.

    Embora no crendo na religio crist, percebeu que a cruz darlheia a fora que lhe faltavapara tornarse o imperador nico e obedecido cegamente. Da a histria do sonho que tivera antes deuma batalha, segundo o qual vira a cruz desenhada no cu e estas palavras escritas abaixo: in hocsigno vincis, com este sinal, vencers. No era cristo verdadeiro, apenas fingia slo para conseguir osseus objetivos.

    Dujardin contanos que o cristianismo s surgiu a partir do ano 30, graas a um rito em que sevia a morte e a ressurreio de Jesus, o qual seria uma divindade prcrist. Nesta seita, os seusadeptos denominavamse apstolos, significando missionrios, os que traziam uma mensagem nova. Osapstolos desse Jesus juravam teremno visto, aps sua morte, ressuscitar e ascender ao cu.Entretanto, no era este o Jesus dos cristos.

    O Padre Afred Loisy, diante do enorme descrdito que o mito do cristianismo vinha sofrendo nosmeios cultos de Paris, resolveu pesquisarlhe as origens, visando assim desfazer as objeesapresentadas de modo seguro e bem fundamentado. Buscava a verdade para mostrla aos demais.

  • Entretanto, ao fazer seus estudos, o Padre Loisy constatou que realmente a crtica havia se baseado emfatos incontestveis. Por uma questo de honra, no poderia ocultar o resultado de suas pesquisas,publicandoo logo em seguida. Sendo tal resultado contrrio fundamentalmente aos cnones da Igreja,foi expulso de sua ctedra de Filosofia, na Universidade de Paris, e excomungado pelo Papa, em 1908.

    O Pe. Loisy havia concludo que os documentos nos quais a Igreja firmarase para organizar suadoutrina provieram do ritual essnio. Jesus Cristo no tivera vida fsica. Era apenas oreaproveitamento da lenda essnia do Crestus, o seu Messias. Verificouse tambm que as Paulinianas,de origem insegura, haviam sido refundidas em vrios pontos fundamentais e por diversas vezes, antesde serem includas definitivamente nos Evangelhos. Do mesmo modo chegou concluso de que osEvangelhos no poderiam servir de base para a histria, nem para provar a vida de Jesus, dada a suainautenticidade.

    Por sorte sua, j no mais existia a Santa Inquisio; do contrrio, o sbio Padre Loisy teria sidoqueimado vivo. Os documentos relativos ao governo de Pilatos, na Judia, nada relatam a respeito dealgum que, se intitulando de Jesus Cristo, o Messias ou o enviado de Deus, tenha sido preso,condenado e crucificado com assentimento ou mesmo contra sua vontade, conforme narram osevangelhos. No tomou conhecimento jamais de que um homem excepcional praticasse coisasmaravilhosas e sobrenaturais, ressuscitando mortos e curando doentes ao simples toque de suas mos,ou com uma palavra, apenas.

    Se Pncio Pilatos, cuja existncia real e historicamente provvel, que estava no centro dosacontecimentos da poca como governador da Judia, ignorou completamente a existncia tumultuadade Jesus, que de fato ele no existiu. Algum que, pelos atos que lhe so atribudos, chega mesmo aocmulo de ser aclamado Rei dos Judeus por uma multido exaltada, como ele o foi, no poderiapassar despercebido pelo governador da regio.

    O imperador Tibrio, inclusive, jamais soube de tais ocorrncias na Judia. Estranho queningum o informasse de que um povo, que estava sob o seu domnio, aclamava um novo rei. Ilgico. Aele, Tibrio, que caberia nomear um rei, governador ou procurador.

    Prosper Alfaric, em LEcole de la Raison, assinala as invencveis dificuldades do cristianismo emconciliar a f com a razo. Por isso, a nova crena teve de apoderarse das lendas e crenas dos deusessolares, tais como Osris, Mitra, sis, tis e Hrus, quando da elaborao de sua doutrina. Exps,igualmente, que os documentos descobertos em Coumr, em 1947, eram o elo que faltava parapatentear que Cristo o Crestus dos essnios, uma outra seita judia.

    O cristianismo nada mais , ento, do que o sincretismo das diversas seitas judias, misturadas screnas e religies dos deuses solares, por serem as religies que vinham predominando h sculos. Apalavra evangelho em grego significa boa nova, j figura na Odissia de Homero, Sculo XII, a.C..Foi depois encontrada tambm numa inscrio em Priene, na Jnia, numa frase comemorativa e deendeusamento de Augusto, no seu aniversrio, significando a boa nova no trono. E isto ocorreu muitoantes de idealizarem Jesus Cristo.

    Conforme j mencionamos anteriormente, no inicio do cristianismo, os evangelhos eram emnmero de 315, sendo posteriormente reduzidos para 4, no Conclio de Nicia. Tal nmero indicaperfeitamente as vrias formas de interpretao local das crenas religiosas da orla mediterrneaacerca da idia messinica lanada pelos sacerdotes judeus. Sem dvida, este fato deve ter levado Irineua escrever o seguinte: H apenas 4 Evangelhos, nem mais um, nem menos um, e que s pessoas deesprito leviano, os ignorantes e os insolentes que andam falseando a verdade. A verdade da Igreja,dizemos ns.

    Havia, ento, os Evangelhos dos naziazenos, dos judeus, dos egpcios, dos ebionistas, o de Pedro, ode Barnab, entre outros, os quais foram queimados, restando apenas os 4 sorteados e oficializados no

  • Conclio de Nicia. Celso, erudito romano, contemporneo de Irineu, entre os anos 170 e 180, disse:Certos fiis modificaram o primeiro texto dos Evangelhos, trs, quatro e mais vezes, para poder assimsubtrailos s refutaes.

    Foi necessria uma cuidadosa triagem de todos eles, visando retirar as divergncias maisacentuadas, sendo adotada a de Hesquies, de Alexandria; e de Pnfilo, de Cesara e a de Luciano, deAntiquia. Mesmo assim, s na de Luciano existem 3500 passagens redigidas diferentemente. Dissoresulta que, mesmo para os Padres da Igreja, os Evangelhos no so fonte segura e original.

    Os Evangelhos que trazem a palavra segundo, que em grego cata, no vieram diretamentedos pretensos evangelistas. A discutvel origem dos Evangelhos explica porque os documentos maisantigos no fazem referncia vida terrena de Jesus. Nos Evangelhos, as contradies so encontradascom muita freqncia. Em Marcos, por exemplo, em 1:117: a linhagem de Jesus vem de Abrao, em 42geraes; ao passo que em Lucas 2:2328 lse que proviera diretamente de Ado e Eva, sendo que deAbrao a Jesus teriam havido 43 geraes.

    Eusbio, comentando o assunto e no sabendo como dirimir a questo, disse: Seja l o que for, so Evangelho anuncia a verdade.(?) Tais divergncias, entretanto, parecem indicar que os Evangelhosno se destinavam inicialmente posteridade, visando tosomente a catequese imediata de povosisolados uns dos outros. Os escritos destinados a um povo dificilmente seriam conhecidos dos outros.

    O Evangelho de Mateus teria sido destinado aos judeus, arranjado para agradlos. Por isso, nofala nos vaticnios nem no Messias. Por isso ainda que puseram na boca de Jesus as palavrasseguintes: No vim para abolir as leis dos profetas, mas sim para cumprilas. Tudo indica ter sidofeito em Alexandria, porquanto, o original em hebraico jamais existiu. Baur provou, entretanto, que asEpstolas so anteriores aos Evangelhos e o Apocalipse, o mais antigo de todos, do ano 68. Todos osescritos do cristianismo desse tempo falam apenas no Logos, o Cordeiro Pascoal, imolado desde oprincpio dos tempos, referindose personalidade ideal de Jesus Cristo.

    Justino, filsofo e apologista cristo, escrevendo em torno do ano 150, no emprega a palavraEvangelho nem uma vez. Isto mostra que ele, ainda nessa poca, ignoravaa, no tendo conhecimentode sua existncia. Justino ignorava igualmente as paulinianas, Paulo e os Atos dos apstolos, o queprova que foram inventados posteriormente.

    Marcio, no ano de 140, trouxe as Epstolas a Roma, as quais no foram inicialmenteconsideradas merecedoras de f. Sofreu rigorosa triagem, sendo cortada muita coisa que no convinha Igreja. Marcio fora contemporneo de Justino. As Epstolas trazidas por ele eram endereadas aosRomanos, aos Glatas e aos Corntios. Apresentavam Jesus como um Deus encarnado. Teria nascido deuma mulher e sofrera o martrio para resgatar os pecados da humanidade, isto , dos ocidentais,porque os orientais no tomaram conhecimento da personalidade de Jesus, seus milagres e suapregao e do seu romance religioso.

    Engels constatou que as Epstolas so 60 anos mais novas do que o Apocalipse. E, ainda, oscristos contrrios ao bispo de Roma rejeitaramnas durante sculos. Foi o que se deu com os ebionitase os severianos, conforme Eusbio escreveu e Justino confirmou. O Apocalipse fala em um cordeiro comsete cornos e sete olhos, o qual foi imolado desde a fundao do mundo (138). O Apocalipse foicomposto apenas em 68, sendo o mais antigo de todos os escritos cristos.

    Lutero e Swinglio disseram que o Apocalipse foi includo nos Evangelhos por engano, tendo aIgreja de inventar, por isso, a ordem cronolgica dos seus livros. Hoje se pode provar que o Apocalipsesurgiu entre os anos 68 e 70; os Evangelhos, no sculo II, e os Atos dos Apstolos so os mais recentes detodos. Eusbio em sua Histria Eclesistica, 423, diz: Compus as Epistolas conforme a vontade doirmo: mas os apstolos do diabo tacharamnas de inverdicas contandolhes certas coisas eacrescentando outras.

  • Irineu, ao mesmo tempo, ordenava ao copista: Confronta toda cpia com este original utilizadopor ti, e corrigea cuidadosamente. No te esqueas de reproduzir em tua cpia o pedido que te fao.Essas citaes servem para medirmos que tipo de santidade havia entre os bispos e seus calgrafos, naarte eusebiana de emritos falsificadores de documentos importantes.

    Com isto, deram autenticidade a todas as invencionices do cristianismo e legitimaram sualiderana na posse material do que pertencia aos outros. Irineu ainda registrou o seguinte: Ouvi dizerque no acreditam esteja isto nos Evangelhos, se no se encontrar nos arquivos. Ao que Eusbiorespondera: preciso demonstrlo.

    Uma excelente prova da existncia de Jesus seria uma comunicao feita por Pilatos a seurespeito. Entretanto, tal documento no existe. Justino, instado pelos falsificadores, referiuse a Jesus,contudo, dada a sua honradez pessoal, no caso do seu escrito ser autntico, flo de modo inseguro ehesitante. Tertuliano, que mais seguro do que ele, afirmou que esse valioso documento dever serencontrado nos arquivos imperiais. Contudo, a Igreja apesar de haver se apoderado de Roma a partirdo sculo IV, no teve a coragem de apresentar essa indispensvel jia documentria, a qual de certoseria refutada pela cincia e pelo conhecimento.

    Mesmo assim, a partir do sculo IV, essa prova espria foi produzida; contudo, a Igreja no tevea petulncia de submetla grafotcnica. Daniel Rops, embora fosse um apaixonado cristo,reconheceu a veracidade dessa falsificao dizendo que: a que arranjaram era uma carta enviada aCludio, que reinou de 41 a 44, e no a Tibrio, sob cujo governo Pilatos fora Procurador da Judia.

    No Apocalipse Joo, escreveu: Se algum acrescentar alguma coisa nisto, Deus castigar com aspenas descritas neste livro; se algum cortar qualquer coisa, Deus cortar sua parte na rvore da vida ena cidade santa descrita neste livro. Ai est mais uma prova de como as falsificaes eram usuais nafase da Igreja nascente. O mais interessante essa gente falar em Deus, como se fosse coisa cujaexistncia j tivesse sido provada, no se justificando mais que o conhecimento e a razo estudassem asbases dessa existncia.

    Os padres mostravamse estar de tal modo familiarizados com Deus e sua vontade que por issoachavam certo e justo julgar e queimar vivos a todos os que deles discordassem. Entretanto, emboradessem a impresso de estar em contato com Deus, usavam de processos criminosos, dos quais todos osociosos usam para sacar contra o seu meio social. Assim que hoje se pode provar que o cristianismofoi construdo sobre um terreno atapetado de mentiras, falsificaes e mistificaes.

    O Novo Testamento atualmente oficializado cpia de um texto grego do sculo IV. exatamenteo sintico descoberto em 1859, em um convento do Monte Sinai, onde vem informada a origem grega.Os originais do mesmo esto guardados nos museus do Vaticano e de Londres. Foram publicados comas devidas corrigendas, feitas por Hesquios, de Alexandria.

    Um papiro encontrado no Egito, em 1931, apresentanos uma ordem cronolgica totalmentediferente da oficializada pela Igreja. Atualmente, as fontes testamentrias aceitveis so as do sculo IIem diante, provindas de Justino, Taciano, Atengoras, Irineu e outros, os quais so considerados osverdadeiros criadores do cristianismo.

    Taciano foi o bem amado discpulo de Justino. Ele, entretanto, omite a genealogia de Jesus,dizendo apenas que ele descendia de reis judeus, de modo muito vago, divergindo assim da orientaooficializada. Irineu foi que sistematizou o cristianismo. Foi ele a fonte em que Eusbio inspirouse. Porisso que da em diante seria obrigatria a confrontao entre os dois textos. O bispo de Cesaria foraencarregado pelo todo poderoso bispo de Roma de falsificar tudo quanto prejudicasse os interessesmateriais da Igreja de ento. De modo que, por onde passou a mo de Eusbio, foi tudo conspurcadocriminosamente contra a verdade.

  • Eusbio foi realmente um bispo que cria apaixonadamente na divindade de Jesus Cristo, contudo,j conhecia o poder que possua o bispo de Roma. Graas a Eusbio e outros iguais a ele, tornouseuma temeridade descrerse na verdade oficializada pela Igreja. Aps tantas falsificaes, todos ficaramrealmente inseguros quanto verdadeira origem do cristianismo, tal a tumultuao impressa porEusbio.

    Tertuliano e Clemente de Alexandria lutaram um pouco para sanar essas fontes, anulando boaparte do que restara das criminosas unhas de Eusbio. Jacob Buckhardt, examinando essadocumentao, concluiu que o Novo Testamento merece confiana.

    Em Coumr, em 1947, como vimos, foram encontrados documentos com escrita em hebraico eno em grego, falando em Crestus no em Cristo. Ali, Habacuc referese perseguio sofrida por essaseita judia, assim como a morte de Crestus, igualmente trado por Judas, um sacerdote dissidente. AIgreja, ao ter conhecimento da existncia de tais documentos, pretendeu informar que Crestus era oCristo de sua criao, contudo, verificouse que eles datavam de pelo menos um sculo antes dolanamento do romance do Glgota. Alm disso, continham revelaes contrrias aos interesses daIgreja. Eles relatam as lutas de morte em que viviam as diversas seitas do judasmo.

    A Didaqu no pde entrar nos Evangelhos, devendo silenciar completamente a respeito dapretensa passagem de Jesus pela terra. De qualquer forma, a lenda que existia em torno no nome deCrestus foi aproveitada na poca porque, sendo uma seita comunista, suas pregaes iriam servir paraatrair ao cristianismo a ateno dos escravos, em luta contra os seus senhores, a eterna luta do pobrecontra o rico.

    Escavaes feitas em Jerusalm desenterraram velhos cemitrios, onde foram encontradas muitascruzes do sculo I e mesmo anteriores. Todavia, apesar de j ser usada nessa poca, s a partir dosculo IV que a Igreja iria oficializla como seu emblema. Levantamentos arqueolgicos posterioresprovariam que a cruz j era um piedoso emblema usado desde h milnios.

    Orgenes, polemizando contra Celso, um dos mais cultos escritores romanos de seu tempo, e quemais combateram as bases falsas da Igreja e de Jesus Cristo, acusa Flvio Josefo por no haveradmitido a existncia de Jesus. Flvio no poderia referirse a Jesus nem ao cristianismo porque ambosforam arranjados depois de sua morte. Assim, os livros de Flvio que falam de Jesus foram compostos,ou melhor, falsificados muito tempo aps sua morte, no decorrer do sculo III, conforme as conclusesalcanadas pelos mestres da Escola de Tbingen.

    Sneca, que foi preceptor de Nero, suicidandose para no ser assassinado por ele, j pensavamais ou menos como os cristos. Do que se conclui que as idias de que se serviu o cristianismo para sefundamentar so emprestadas das lendas que giravam em torno de outros Cristos Messias, assim comode outros cultos. Nada tendo, portanto, de original. Sneca acreditava em um Deus nico eimaterializvel.

    Por tudo isso, vemos que os lderes do cristianismo nada mais fizeram do que se apropriar dasidias j existentes. Apenas tiveram o cuidado de promover as modificaes necessrias, com vistas amelhor consecuo dos seus objetivos materiais. Sneca, embora no fazendo em seus escritos qualqueraluso existncia de Jesus Cristo, teve muitos de seus escritos aproveitados pelo cristianismo nascente.

    Em Tcito, escritor do sculo II, encontramse referncias a respeito de Jesus e seus adeptos.Contudo, exames grafotcnicos demonstraram que tais referncias so falsas, e resultam de visveladulterao dos seus escritos. Suetnio, que existiu quando Jesus teria vivido, escreveu a Histria dosDoze Csares, relatando os fatos de seu tempo. Referindose aos judeus e sua religio, apenas falou emdistrbios de judeus exaltados em torno de Crestus. Por a se v que ele no se referia aos cristos,porquanto, eles sempre se mostraram humildes e obedientes ordem constituda, evidentemente a fimde passar, tanto quanto possvel, despercebidos. Desse modo, iriam solapando o poder imperial,

  • manhosamente, como realmente aconteceu.

    Suetnio escreveu ainda que haviam supliciado alguns cristos que eram gente que se dedicavademasiado a tolas supersties, orientadas por uma idia malfazeja. Disse mais que Nero tivera demandar expulsar os judeus de Roma, porque eles estavam sempre se sublevando, instigados porCrestus. Os cristos estavam sempre organizados de modo a atrair aos escravos, sem, contudo,desagradar s autoridades. Assim sendo, jamais provocariam tumultos. Os cristos aos quais Suetnioreferese poderiam ser os zilotas, os essnios ou os terapeutas, mas nunca os cristos de Jesus Cristo,porquanto, conforme j dissemos acima, os cristos eram ensinados a no provocar desordens.

    Plnio, o Jovem, viveu entre os anos 62 e 113, tendo sido subpretor da Bitnia. Na carta enviada aoimperador, perguntava como agir em relao aos cristos, ao que Trajano teria respondido que agisseapenas contra os que no renegassem nova f. Entretanto, no ficou evidenciado a quais cristos,exatamente, eram feitas as referncias: se aos crestos ou aos cristos. De qualquer forma, a carta emquesto, aps ser submetida a exames grafotcnicos e mtodos rdiocarbnicos, revelou haver sidofalsificada.

    Justiniano, Imperador romano, mandou queimar os escritos de Porfrio, atravs de um edito, em448, alegando que: impelido pela loucura, escrevera contra a santa f crist.

    Vespasiano, ao morrer, disse: Que desgraa! Acreditei que me havia tornado um deus imortal!.Suas palavras justificamse pela credulidade supersticiosa. Partindo do preceito ensinado pelos judeus,alis, um falso preceito, de que Cristo havia subido ao cu com corpo e alma, no seria de estranhar queos imperadores pretendessem tornarse deuses, a fim de escapar ao inapelvel destino dos que nascem:a morte.

    Calgula, por isso, fizerase coroar como DeusSol, o Sol Invictus, o Helius. Nessa poca oImprio romano, embora em declnio, ainda dominava uma poro de provncias afastadas de Roma. Ohomem espoliado pela fora bruta, unificada em torno das regies, sentindo no ser possvel contar coma justia humana, passa a esperar pela justia dos deuses. Mas, mesmo assim, teriam de apelar para osdeuses dos pobres e no dos ricos, privilegiados e poderosos.

    Conta a lenda que Osris, o deus solar dos egpcios, foi morto por seu irmo Seth, o qual dividiu ocorpo em 14 pedaos e os espalhou pelo mundo afora. sis, sua esposa e irm, saiu em busca dospedaos, levando seu filho Hrus ao colo. Todos os anos o povo fazia a festa de sis, relembrando oacontecimento. Havendo conseguido juntar todas a partes do corpo, Osris ressuscitou, passando a serincensado como o deus da morte e da sombra. Fora uma ressurreio conseguida pelo amor da esposa.sis separou a terra do cu, traou a rbita dos astros, criou a navegao e destruiu todos os tiranos.Comandava os rios, as vagas e os ventos. Seu culto assemelhavase muito ao de Astart, de Adnis e detis, religies muito aparentadas entre si, dominando toda a orla do Mediterrneo. Seu culto era umareminiscncia do culto de Tamus, um deus babilnio, cuja doutrina ensinava que os deuses nasciam erenasciam, ressuscitandose.

    O judasmo e, mais tarde, o cristianismo, beberam dessas fontes grande parte da sua liturgia. Nocristianismo, encontramos sis representada pela Virgem Maria e Hrus transformado em Jesus Cristo.Maria e Jesus, fugindo de Herodes e indo para o Egito, a mesma lenda de sis e Hrus, fugindo deSeth.

    O DeusHomem que morria e ressuscitava j era uma velha crena religiosa naqueles tempos.O cristianismo apenas deu novos nomes e novas roupagens aos deuses de velhas crenas. A revelao deDeus aos homens outra lenda cuja origem perdese na noite dos tempos. Muitos sculos antes dosurgimento do judasmo, Zoroastro ou Zaratrusta havia criado uma religio, segundo a qual havia umaeterna luta entre o bem e o mal. Aura Mazzda ou Ormuzd, o deus do fogo e da luz, representava o bemem luta contra Angra Mani ou Iarina, o deus das trevas. Nessa luta, Ormuzd foi auxiliado por seu

  • filho Mitra, o esprito do bem e da justia, mediador entre Ormuzd e os homens. Ormuzd mandou seufilho terra, o qual nasceu de uma virgem pura e bela, que o concebeu atravs de um raio de sol.Morreu e ressuscitou em seguida.

    Essa religio foi levada para Siclia pelos marinheiros persas, nos ltimos sculos da era passada.

    Inventando o cristianismo, os judeus nada mais fizeram do que sincretizar o judasmo ortodoxocom a religio de Mitra, sem esquecer de Osris e tis, cujas religies eram tambm muito aceitas emRoma e Alexandria. Vestgios do mitrasmo foram encontrados em escavaes recentes, feitas em stia,os quais datam do sculo I. O mitrasmo era praticado em catacumbas, em grutas e em subterrneos. Ocristianismo copioulhe a prtica. Da porque disseram ter Jesus nascido em uma gruta e, nosprimeiros tempos, o cristianismo foi praticado em catacumbas.

    Assim sendo, os cristos foram para as catacumbas, no fugindo das autoridades imperiais, mastosomente para observar o ritual mitraico. Os mitraicos tambm davam seus banquetessubterrneos, eram os banquetes pessoais, comuns nos ritos solares e no judasmo. Em ambos, havia orito do po e do vinho.

    Mitra, o Sol Invictos, era festejado em dezembro, como Jesus. Outras aproximaes entre o cultode Mitra e o de Jesus, no cristianismo: o uso da cruz do Sol Radiante, a cruz do Sol Invictus a qualexpandia raios; o uso da pia batismal com a gua benta, as refeies comunais, a destinao do domingopara o descanso em homenagem ao Senhor; a guia e o touro do ritual mitraico foram tomados parasmbolos dos evangelistas Marcos e Lucas. Antigos quadros e painis trazem a figura dos evangelistascom a cabea desses animais.

    Do judasmo, copiaram a crena da imortalidade da alma, a vida no alm, o Inferno, o diabo, aressurreio, o dia do juzo; prticas e crenas igualmente existentes no mitrasmo. Graas a essesespertos arranjos, durante muito tempo, o crente freqentou indiferentemente o templo cristo, deMitra ou de sis, crendo estar na Igreja antiga, onde iam consultar o orculo.

    Por isso, Teofilo, em Alexandria, mandou construir um templo cristo ao lado de um templo desis, onde se anunciava o orculo quando as profecias vinham de uma revelao astral, mediante acamuflagem das vozes de antigos bispos ali enterrados. Uma das coisas que favoreceram o cristianismofoi a abolio do sacrifcio sangrento. Muitos correram a abraar a nova crena para escapar da morteem um desses atos propiciatrios.

    Spinoza e Hobbes, no sculo XVIII, mostraram que o Pentateuco foi composto no sculo II a.C.graas ao que o sacerdote judeu havia aprendido no cativeiro babilnio, fato que aconteceu no sculoIV a.C. Em seguida, mostraram uma srie de contradies quanto cronologia. Em uma das fontes,apresentam Ado e Eva como tendo sido criados ao mesmo tempo, enquanto em outra informam queela havia sido feita de uma costela de Ado. Em uma, o homem aparece antes dos outros animais, naoutra os animais surgem primeiro.

    Levantamentos arqueolgicos do comeo do sculo XX, levados a efeito nos subsolos da Babilnia,provaram que o Deuteronmio resultou, em grande parte, do que os sacerdotes judeus haviam copiadoda legislao religiosa, civil e criminal de Hamurabi, a qual por sua vez resultara do que se sabia dacivilizao acdia, e que naqueles tempos j era vetusta. Isaas, ao profetizar acerca de diversos reis devrias pocas, mostra que seu nome foi inventado sculos depois dos fatos haverem ocorrido. Um dessesreis foi Dano, rei persa que governou em 538 a.C., quando libertou os judeus do cativeiro.

    Herodes morreu no ano IV a.C., foi responsabilizado pela matana dos inocentes, para compor ocontrovertido romance da fuga para o Egito. Tudo o que at agora temos relatado constitui provasevidentes de que a Bblia no tem a antiguidade nem a veracidade que lhe pretendem imprimir. Oszilotas que seguiam a linha comunista dos essnios combatiam tanto os judeus ricos como a ocupao

  • romana. Os essnios, ao professar, faziam votos de pobreza, quando juravam nada contar da seita paraos estranhos e nada ocultar dos companheiros. Era um dos ramos do judasmo em que no mais seoferecia sacrifcio sangrento, o que foi copiado pelo cristianismo.

    Os Evangelhos foram compostos para enquadrar Jesus no que est previsto no versculo 17 dosalmo 22. De modo que Jesus no passou de um ator arranjado para representar o drama do Glgota.Cumpriu as Escritas como ator e no como sujeito de uma vida real. Reimarus, filsofo alemo quemorreu em 1768, estudou a fundo a histria de Jesus. Chegou a concluses irrefutveis, queassombraram a Igreja muito mais do que Coprnico ou Darwin. Disse que, se Jesus tivesse mesmoexistido, seria, quando muito, um poltico ambicioso que fracassara completamente em suasconspiraes contra o governo.

    Emmanuel Kant foi o primeiro filsofo que conseguiu racional e inteligentemente expulsar Jesusda histria humana, atravs de uma impressionante e profunda exegese do heri do cristianismo.Volney, em As Rumas de Palmira, aps regressar de uma longa viagem de pesquisas sobreAntigidade clssica pelo Oriente Mdio, elaborou o trabalho acima referido, no qual nega a existnciafsica de Jesus Cristo.

    Arthur Drews igualmente viveu muitos anos na Palestina dedicandose ao estudo de sua histriaantiga; concluiu que Jesus Cristo jamais foi um acontecimento palestino. Examinou todos os lugarespelos quais os evangelistas pretenderam tivesse Jesus passado. Constatou, ento, que o cristianismo foitotalmente estruturado em mitos; entretanto, organizado de modo a assumir o aspecto de verdadeincontestvel, a ser imposta pela Igreja. Todavia, para sorte nossa, homens estudiosos e inteligentescontestam as falsas verdades elaboradas pelo cristianismo, com argumentos irretorquveis.

    Dupuis disse que, aqueles que fizeram de Jesus um homem, conseguiram enganar tanto quanto osque o transformaram em um deus. Em suas observaes, deixa patente que o romance de Jesus nadamais do que a repetio das velhas lendas dos deuses solares. Vejamos suas palavras: Quandotivermos feito ver que a pretensa histria de um deus que nasceu de uma virgem, no solstcio do inverno,depois de haver descido aos infernos, de um deus que arrasta consigo um cortejo de doze apstolos, os dozesignos solares cujo chefe tem todos os atributos de Jano, um deus vencedor do deus das trevas, que faztransitar o homem imprio da luz e que repara os males da natureza, no passa de uma fbula solar...serlhe pouco menos indiferente examinar se houve algum prncipe chamado Hrcules, visto haverseprovado que o ser consagrado por um culto, sob o nome de Jesus Cristo, o Sol, e que o maravilhoso da lendaou do poema tem por objeto este astro, ento parecer que os cristos tem a mesma religio que os ndios doPeru, a quem os primeiros fizeram degolar.

    Albert Kalthoft diz que Jesus personifica o movimento scioeconmico que no sculo I sublevavao escravo, o pobre e o proletrio. O seu messianismo foi espertamente aproveitado pelos lderes dosjudeus da dispora, aqueles que exploravam a desgraa do judeu pobre em benefcio prprio.Acrescenta que a divergncia que existe entre os quatro evangelistas resulta das vrias tendnciasdaquele movimento social revolucionrio nascido em Roma, do qual a verso palestina apenas oreflexo.

    Salonmon Reinach, em Orheus, salienta o completo silncio dos autores contemporneos deJesus Cristo acerca de sua pretensa existncia. Tal silncio verificase tanto entre os escritores judeuscomo entre os no judeus. Examina em profundidade as Acta Pilati e constata que os acontecimentosque o cristianismo situou em seu governo no foram do que ressuscitou no equincio da primavera, deseu conhecimento, e assim sendo Pilatos jamais soube qualquer coisa a respeito de Jesus Cristo.

    Pierre Louis Couchoud afirma que a existncia real de Jesus indemonstrvel, do ponto de vistahistrico. E acrescenta que as referncias feitas por Flvio Josefo a Jesus no passam de falsificao detextos, sobejamente provada hoje pelos peritos da crtica histrica. Os maiores movimentos histricostiveram como origem os mitos, cujo papel social dar forma aos anseios inconscientes do povo.

  • Compara, inclusive, a lenda de Jesus com a de Guilherme Tell, na Sua. Todos sabem tratarse de umalenda nacional, todavia, Guilherme Tell ali reverenciado como heri verdadeiro e real. Seu nomepromove a unio poltica dos cantes, embora falem lnguas diferentes.

    possvel que o mesmo acontea em relao a Jesus e o cristianismo. Estando em jogo interessesde ordem social, poltica e, sobretudo, econmica, os lderes cristos preferem deixar o mito de p, poisenquanto houver cristos, sua profisso estar garantida e os lucros continuaro sendo por elesauferidos.

    O que se faz necessrio que o povo seja esclarecido acerca dos assuntos de crenas e religiesnos termos da verdade, da razo e da lgica, a fim de que, se libertando dos velhos preconceitos e tabus,possa enfim ver o mundo e as coisas em sua realidade objetiva.

    E no ignoramos qual a realidade objetiva que predomina no cristianismo: a explorao dosmenos aquinhoados intelectual e economicamente. Quem mais contribui para as campanhas da Igrejaso aqueles que menos possuem, cuja mente encontrase obstruda pelas idias e crenas religiosas. Suapobreza material aliase pobreza intelectual.

    Uma boa dose de conhecimentos cientficos certamente a melhor maneira de remover osobstculos libertao do homem, criados pelos lideres religiosos, em suas pregaes. Entretanto,sabemos que nem sempre possvel a aquisio de tais conhecimentos. Muitos so os fatores que seinterpem entre o homem pobre, o operrio, o trabalhador, e a cultura. Um desses fatores, por sinal,muito pondervel, o econmicofinanceiro. Como fazer para ir escola, comprar livros, etc, se temque trabalhar duro pela vida, e o que ganha mal d para sobreviver?

    Bem poucos so os que conseguem reunir os conhecimentos necessrios que lhe permitamenxergar mais longe e romper as invisveis cadeias que os prendem aos dogmas e preconceitosultrapassados pela razo e pela cincia.

    O mais cmodo para aqueles deserdados ser esperar a recompensa das agruras da vida no cu,aps a morte. Afinal de contas, os padres e os pastores esto a para isto: vender Deus e o cu a grosso eno varejo.

    Tobias Barreto escreveu estes inolvidveis versos:

    Se sempre o mesmo engodo;

    Se o homem chora e continua escravo;

    De que foi que Jesus salvarnos veio?

    Poder algum responder a tal interrogao satisfatoriamente? Provavelmente no.

    possvel que, movido pela mesma razo, Proudhon tenha escrito: Os que me falam em religioquerem o meu dinheiro ou a minha liberdade. Desta forma, em poucas palavras, ficou bem claro osentido e o objetivo da religio: subtrair ao indivduo a sua liberdade de pensamento e de ao, e, comela, o seu dinheiro.

    III

    As Falsificaes

  • Vimos, assim, que os nicos autores que poderiam ter escrito a respeito de Jesus Cristo, e comotal foram apresentados pela Igreja, foram Flvio Josefo, Tcito Suetonio e Plnio. Invocando otestamento de tais escritores, pretendeu a Igreja provar que Jesus Cristo teve existncia fsica, e incutircomo verdade na mente dos povos todo o romance que gira em torno da personalidade fictcia de Jesus.

    Contudo, a cincia histrica, atravs de mtodos modernos de pesquisa, demonstra hoje que osautores em questo foram falsificados em seus escritos. Esto evidenciadas sbitas mudanas deassunto para intercalaes feitas posteriormente por terceiros. Aps a prtica da fraude, o regresso aoassunto originalmente abordado pelo autor.

    Tomemos, primeiramente, Flvio Josefo como exemplo. Ele escreveu a histria dosacontecimentos judeus na poca em que pretensamente Jesus teria existido. Os falsificadoresaproveitaramse ento de seus escritos e acrescentaram: Naquele tempo nasceu Jesus, homem sbio,se que se pode chamar homem, realizando coisas admirveis e ensinando a todos os que quisesseminspirarse na verdade. No foi s seguido por muitos hebreus, como por alguns gregos. Era o Cristo.Sendo acusado por nossos chefes do nosso pas ante Pilatos, este o fez sacrificar. Seus seguidores no oabandonaram nem mesmo aps sua morte. Vivo e ressuscitado, reapareceu ao terceiro dia aps suamorte, como o haviam predito os santos profetas, quando realiza outras mil coisas milagrosas. Asociedade crist, que ainda hoje subsiste, tomou dele o nome que usa.

    Depois deste trecho, passa a expor um assunto bem diferente no qual referese a castigosmilitares infligidos ao populacho de Jerusalm. Mais adiante, fala de algum que conseguira seusintentos junto a uma certa dama fazendose passar como sendo a humanizao do deus Anubis, graasaos ardis dos sacerdotes de sis. As palavras a Flvio atribudas so as de um apaixonado cristo. Flviojamais escreveria tais palavras, porquanto, alm de ser um judeu convicto, era um homem culto edotado de uma inteligncia excepcional.

    O prprio Padre Gillet reconheceu em seus escritos ter havido falsificaes nos textos de Flvio,afirmando ser inacreditvel que ele seja o autor das citaes que lhe foram imputadas. Alm disso, aspolmicas de Justino, Tertuliano, Orgenes e Cipriano contra os judeus e os pagos demonstram queFlvio no escreveu nem uma s palavra a respeito de Jesus. Estranhando o seu silncio,classificaramno de partidrio e faccioso. No entanto, um escritor com o seu mrito escreveria livrosinteiros acerca de Jesus, e no apenas um trecho. Bastaria, para isto, que o fato realmente tivesseacontecido. Seu silncio, no caso, mais eloqente do que as prprias palavras.

    Exibindo os escritos de Flvio, Fcio afirmava que nenhum judeu contemporneo de Jesusocuparase dele. A luta de Fcio, que viveu entre os anos de 820 a 895, e foi patriarca deConstantinopla, teve ensejo justamente por achar desnecessrio a Igreja lanar mos de meios escusospara provar a existncia de Jesus. Disse que bastaria um exemplar autntico no adulterado pela Igrejae fora do seu alcance para por em evidncia as fraudes praticadas com o objetivo de dominar dequalquer forma. Embora crendo em Jesus Cristo, combateu vivamente os meios subreptciosempregados pelos Papas, razo porque foi destitudo do patriarcado bizantino e excomungado. De suas280 obras, apenas restou o Myriobiblion, tendo o resto sido consumido, provavelmente por ordem doPapa.

    Tcito escreveu: Nero, sem armar grande rudo, submeteu a processos e a penas extraordinriasaos que o vulgo chamava de cristos, por causa do dio que sentiam por suas atrapalhadas. O autorfora Cristo, a quem, no reinado de Tibrio, Pncio Pilatos supliciara. Apenas reprimida essa perniciosasuperstio, fez novamente das suas, no s na Judia, de onde proviera todo o mal, seno na prpriaRoma, para onde de confluram de todos os pontos os sectrios, fazendo coisas as mais audazes evergonhosas. Pela confisso dos presos e pelo juzo popular, viuse tratarse de incendiriosprofessando um dio mortal ao Gnero humano.

  • Conhecendo muito bem o grego e o latim, Tcito no confundiria referncias feitas aos seguidoresde Cristo com os de Crestus. As incoerncias observadas nessa intercalao demonstram no se tratardos cristos de Cristo, nem a ele se referir. Lendose o livro em questo, percebese perfeitamente omomento da interpelao. Afirmar que fora Cristo o instigador dos arruaceiros uma calnia contra oprprio Cristo. E conforme j referimos anteriormente, os cristos seguidores de Cristo eram muitopacatos e no procuravam despertar ateno das autoridades para si. Como dizer em um dadomomento que eles eram retrados e, em seguida, envolvlos em brigas e coisas piores? apenas maisuma das contradies de que est repleta a histria da Igreja.

    Ganeval afirma que foram expulsos de Roma os hebreus e os egpcios, por seguirem a mesmasuperstio. Deduzse ento que no se referia aos cristos, seguidores de Jesus Cristo. Referiase aosEssnios, seguidores de Crestus, vindos de Alexandria. A Igreja no conseguiu por as mos nos livros deGaneval, o que contribuiu ponderavelmente para lanar uma luz sobre a verdade. Por intermdio deseus escritos, surgiu a possibilidade de provarse a quais cristos, exatamente, referiase Tcito.

    Suetnio teria sido mais breve em seu comentrio a respeito do assunto. Escreveu que Romaexpulsou os judeus instigados por Crestus, porque promoviam tumultos. evidente, tambm, afalsificao praticada em uma carta de Plnio a Trajano, quando perguntava o que fazer aos cristos,assunto j abordado anteriormente. O referido texto, aps competente exame grafotcnico, revelouseadulterado. como se Plnio quisesse demonstrar, no apenas a existncia histrica de Jesus, mas suadivindade, simbolizando a adorao dos cristos. o quanto basta para evidenciar a fraude.

    Se Jesus Cristo realmente tivesse existido, a Igreja no teria necessidade de falsificar os escritosdesses escritores e historiadores. Haveria, certamente, farta e autntica documentao a seu respeito,detalhando sua vida, suas obras, seus ensinamentos e sua morte. Aqueles que o omitiram, se tivesse defato existido, teriam falado dele abundantemente. Os mnimos detalhes de sua maravilhosa vida seriamobjeto de vasta explanao. Entretanto, em documentos histricos no se encontram referncias dignasde crdito, autnticas e aceitveis pela histria. Em tais documentos, tudo o que fala de Jesus e sua vida produto da mf, da burla, de adulteraes e intercalaes determinadas pelos lderes cristos. Tudofoi feito de modo a ocultar a verdade. Quando a verdade esta ausente ou oculta, a mentira prevalece. Eh um provrbio popular que diz: A mentira tem pernas curtas. Significa que ela no vai muitolonge, sem que no seja apanhada. Em relao ao cristianismo, isto j aconteceu. Um nmero crescentede pessoas vai, a cada dia que passa, tomando conhecimento da verdade. E, assim, restam baldados osesforos da Igreja, no que concerne aos ardis empregados na camuflagem da verdade, visando alcanarescusos objetivos.

    IV

    O Doloroso Silncio Histrico

    A existncia de Jesus Cristo um fato jamais registrado pela histria. Os documentos histricosque o mencionam foram falsificados por ordem da Igreja, num esforo para provar sua pretensaexistncia, apesar de possuir provas de que Jesus um mito. E assim agiu, movida pelo desejo deresguardar interesses materiais. Ganeval apontou a semelhana entre o culto de Jesus Cristo e o deSerapis. Ambos so uma reencarnao do deus Phalus, que, por sua vez, era uma das formas derepresentao do deus Sol.

    Irineu chegou a afirmar que o deus dos cristos no era homem nem mulher. Papias cita trechosdos Evangelhos, mostrando que se referiam ao Cristo egpcio. Referindose ao logos, que seria JesusCristo, disse ter sido ele apenas uma emanao de Deus, produzida semelhana do Sol. bomlembrar que essas opinies divergentes entre si so de trs telogos do cristianismo. Essas opinies

  • foram emitidas quando estava acesa a luta de desmentidos recprocos da Igreja contra os seusnumerosos opositores, ou seja, os que desmentiam a existncia fsica de Jesus. Ento, criaram umafilosofia abstrata, baseandose nos escritos de Filon.

    Ganeval, baseandose em Fcio, disse que Eudosino, Agpio, Carino, Eulgio e outros telogos docristianismo primitivo no tiveram um conceito real nem fsico de Jesus Cristo. Disse mais, queEpifnio, falando sobre as seitas herticas dos marciontas, valentinianos, saturninos, simonianos eoutros, falava que o redentor dos cristos era Horus, o filho de sis, um dos trs deuses da trindadeegpcia, que mais tarde viria a ser Serapis.

    Ganeval afirmou ainda que os docetistas negavam a realidade de Jesus, e, para refutar a negao,o IV Evangelho pe em relevo a lana que fez sair gua e sangue do corpo de Jesus, com o intuito deprovar sua existncia fsica. Segundo Jernimo, esses docetistas teriam sido contemporneos dosapstolos. Lembra ainda que o imperador Adriano, viajando em 131 para Alexandria, declara que odeus dos cristos era Serapis, e que os devotos de Serapis eram os mesmos que se chamavam os bisposde cristos.

    Adriano, decerto, estava com a verdade. Documentos daquela poca informam que existiam osatuais Evangelhos, assim como Tcito informa que os hebreus e os egpcios formavam uma ssuperstio. Os escritos de Filon no se referem a Jesus Cristo, conforme pretenderam fazer crer osfalsificadores, mas a Serapis. Quando havia referncias aos cristos terapeutas, afirmavam que sefalava dos cristos de Jesus.

    Por sua vez, Clemente de Alexandria e Orgenes escreveram negando Jesus e falando em Cristo, oqual seria Crestus. No entender de Fcio, tudo isso no passava de fabulao mtica, no tendo existidoJesus nem Cristo, de que a Igreja criou o seu Jesus Cristo.

    Duquis e Volney, fazendo o estudo da mitologia comparada, mostram de onde retiraram JesusCristo: do prprio mito. Filon, escrevendo a respeito dos cristos terapeutas, disse que o seu teor devida era semelhante ao dos cristos e essnios. Abandonavam bens e famlia para seguirapaixonadamente aos sacerdotes. Epifnio escreveu que os cristos terapeutas viviam junto do lagoMaretides, tendo os seus Evangelhos e os seus apstolos. sobre esses cristos que Filon escreveu. Seos cristos seguidores de Jesus Cristo j existissem, Filon no poderia deixar de falar deles. Quando dopretenso nascimento de Cristo, Filon contava apenas 25 anos de idade. Os Evangelhos, tendo surgidomuito tempo aps a morte de Filon e de Jesus, no poderiam ser os do cristianismo por ele referido.

    Clemente de Alexandria e Orgenes no criam na encarnao nem na reencarnao, motivoporque no creram na encarnao de Jesus Cristo, embora fossem padres da Igreja. Orgenes morreuem 254.

    Fcio escreveu sobre Disputas de Clemente e afirmou que ele negara a doutrina do Logos,dizendo que o Verbo jamais se encarnou, afirmao igualmente feita por Ganeval. Analisando osquatro volumes de Principia, de Orgenes, percebese que o Logos ou o Verbo era o mesmosopro de Jeov, referido por Moiss. Fcio, tendose escandalizado com isso, disse que Orgenes era umblasfemo.

    Apenas analisando como se referia ao Verbo, a Crestus e ao Salvador, que se pode excluir apossibilidade da existncia fsica de Jesus. Tratloiam de modo bem diferente, se tivesse realmenteexistido.

    V

  • Um Jesus Cristo No Histrico

    A histria, conforme mencionamos, no tem registro da existncia de Jesus Cristo. Os autores quetemos em apreo e que seriam seus contemporneos omitiramse completamente. Os documentoshistricos que o mencionam, fazemno esporadicamente, e bem assim revelamse rasurados efalsificados, motivo pelo qual de nada adiantam, neste sentido, para a histria. bvio, portanto, que ahistria no poderia registrar um evento que no aconteceu.

    Tomando conta da histria, o cristianismo deixoua na contingncia de referir o nome de JesusCristo como sendo um deus antropomorfizado, mas nunca uma pessoa de carne e ossos que tenharealmente vivido.

    Ao fazlo, principia por um estudo filolgico e etimolgico dos termos Jesus e Cristo, etermina mostrando que os dois nomes foram reunidos em um s, para ser dado posteriormente a umindivduo. O termo Jesus significa salvador, enquanto que Cristo o ungido do Senhor, o ointdos judeus, o Messias esperado doe judeus. Nesse estudo, a histria mostra que a crena messinicahavia tomado a orla do Mediterrneo a partir do sculo II antes de nossa era. O norte da frica, o sulda Europa, a sia Menor, estavam todos repletos de Messias e Cristos, e de milhares de pessoas que osseguiam e neles criam.

    Ao referirse aos pretensos Messias, o Talmud deu esse nome at mesmo a diversos reis pagos,como no caso de Ciro, conforme est em Isaias 44:1, ou ao rei de Tiro, como est em Ezequiel 28:14 enos Salmos, quando se verifica que os nomes de Jesus e de Cristo j vinham sendo atribudos a diversoslderes religiosos da Antigidade.

    As fontes pesquisadas pela histria mostraram que Jesus Cristo, ao ser estudado como fatohistrico, s pode ser encarado como sendo o ungido do Senhor, uma personalidade de existnciaabstrata apenas, no tendo possudo contextura fsica pelo que deixou de ser histrico. apenas umafigura simblica, atravs da qual a humanidade tem sido ludibriada de h muitos sculos.

    Cumprindo seu dever de informar, a histria pe diante dos olhos do crente e do estudioso asprovas de que foi a luta dos lderes cristos a partir do sculo II para que o mito Jesus Cristo adquirissea consistncia grantica que levou a crena religiosa dos europeus da Idade Mdia sob o guante docriminoso absolutismo dos reis e dos Papas de ento.

    Este estudo demonstra que Jesus Cristo foi concebido no sculo II para cumprir um programamessinico elaborado pelos profetas e pelos compiladores do Velho Testamento e das lendas, sob o seupretenso nome. Vse, ento, que os passos de Jesus pela terra aconteceram conforme o Talmud, paraque se cumprissem as profecias que o judasmo havia inventado.

    Jesus Cristo pode ser considerado o ator no palco. Representou o drama do Glgota e retirouseda cena ao fim da pea. Mateus 1:2 descrevenos um Jesus Cristo que nasce milagrosamente, apenaspara que se cumprissem as escrituras. Em 2:5 diz que nasceu em Belm, porque foi ali que os profetaspreviram que nasceria. Em 2:14 deixao fugir para o Egito, para justificar estas palavras: Meu filhoser chamado do Egito. Em 2:23 faz Jos regressar a Nazar porque Jesus deveria ser nazareno. Em3:3 promove o encontro de Jesus com Joo Batista, porque Isaas predisserao. Em 4:4 Jesus foitentado pelo diabo, porque as escrituras afirmaram que tal aconteceria e que ele resistiria. Em 4:14leva Jesus para Carfanaum para conferir outra predio de Isaas. Em 4:12 Jesus diz que no se devefazer aos outros seno aquilo que gostaramos que a ns fosse feito, porque isto tambm estava na leidos profetas. Em 7:17 Jesus cura os endemoniados, conforme predissera Isaas. Em 11:1014 Jesuspalestra com Joo Batista porque assim predissera Elias. Em 12:17 Jesus cura as multides, quandopede que no propalem isso, igualmente dando cumprimento s palavras de Isaas. Em 12:40permanece sepultado durante trs dias porque os deuses do paganismo, os deuses solares ou redentores,tambm estiveram; como Jonas, que foi engolido por uma baleia, a qual depois de trs dias jogou para

  • fora, intacto como se nada tivesse acontecido. E tudo isto aconteceu em um mar onde no hpossibilidade de vida para esse cetceo, portanto, s poderia acontecer graas aos milagres bblicos. Em13:14 diz que Jesus falava por meio de parbolas, como Buda tambm o fez. Assim tambm falavam osantigos taumaturgos, para que apenas os sacerdotes entendessem; assim s eles seriam capazes deinterpretar para os incautos e crdulos religiosos, e, afinal, porque Isaas assim o previa. Em 21:14Jesus entra em Jerusalm montado em um burreco, conforme as profecias. Em 26:54 Jesus diz que nofoi preso pelo povo quando junto dele se assentou no templo para ensinar, porque tambm estavaprevisto. Em 27:9 Judas trai a Jesus, vendendoo por trinta dinheiros e recebendo vista o preo datraio. Em 27:15 os soldados repartem entre si as roupas do crucificado.

    Apenas o cumprimento desta profecia chocase frontalmente com a histria. E, de acordo comela, nessa poca no havia legionrios romanos na Palestina. Lucas 23:27 diz que Jesus mandoucomprar espadas, para que assim fosse confundido com os malfeitores comuns, porque assim estavaprevisto. Em seguida, diz que Jesus, ao ensinar aos seus apstolos, afirmava que tudo o que lheacontecesse, era para que estivesse de acordo com o que escreveram Moiss e os profetas, e como estavadescrito nos salmos. Em 24:4446 diz que Jesus afirmou Como era necessrio que Cristo padecesse eressuscitasse ao terceiro dia, dentre os mortos.

    Para ficar de acordo com as previses testamentrias, Joo 19:27 diz que Jesus teve sede e pediugua. Em 19:30, ao beber a gua, disse que era vinagre e exclamou: Tudo se cumpriu. Em 19:3237diz que no lhe quebraram nenhum osso, apenas o feriram com a lana para verificar se haviaexpirado. E isto tambm estava predito. Por ai, percebese que tudo ali puro simbolismo, e que Jesusfoi idealizado apenas para cumprir as escrituras. Est ai uma prova de que a existncia de Jesus nadamais do que uma fabulao evanglica. Do mesmo modo que inventaram as profecias, inventaramalgum para cumprilas. Tanto verdade, que os judeus que ainda hoje acreditam em profecias, noaceitaram Jesus como tendo sido o Messias prometido pelo Talmud.

    Alm disso, os seus escritores esgotaram todos os argumentos possveis com o fim de provar queJesus no foi um acontecimento palestino, e que no passou de um romance escrito pelos judeusdispersos e dos que se aproveitaram do messianismo judeu para criar uma empresa comercial, comotem sido o Vaticano.

    O messianismo no foi uma lenda que tenha atingido a todas as classes sociais judias. Essa lendafoi criada pelos sacerdotes judeus visando com isso ajudar ao povo da rua a suportar melhor as agrurasda pobreza e no reagir contra as classes privilegiadas. Essas promessas so cumpridas pelossacerdotes, a seu modo, a fim de que o pobre viva de esperanas e no sinta que o rico continuametendo as mos em seus bolsos, impunemente. O homem do povo raramente compreende a finalidadedesse tipo de engodo.

    O Talmud traz uma poro de profecias, e ao mesmo tempo critica aos que lhes do crdito. Acrtica representa uma evoluo do pensamento das lideranas judias. Um estudo comparado dojudasmo e do cristianismo mostra a enorme quantidade de crendices dessas religies forjadas pelosseus lderes e afastadas pela evoluo do conhecimento.

    Em nossos dias, o conhecimento atingiu um ponto em que a prpria Igreja comeou a relegarpara um canto os seus dolos de aspecto humano. O conhecimento humano terminar