LA TAILLE, Y.; OLIVEIRA, M.K. e DANTAS, H. Piaget, Vygotsky, Wallon: teorias psicogenéticas em...

42
LA TAILLE, Y.; OLIVEIRA, M.K. e DANTAS, H. Piaget, Vygotsky, Wallon: teorias psicogenéticas em discussão. São Paulo: Summus, 1993. p.11-44 Curso: Artes Visuais Disciplina: Educação e Sociedade B Prof. Luciane M. de Oliveira Jean Piaget (1896-1980) Lev S. Vygotsky (1896-1934) Henri Wallon (1879-1962)

Transcript of LA TAILLE, Y.; OLIVEIRA, M.K. e DANTAS, H. Piaget, Vygotsky, Wallon: teorias psicogenéticas em...

Page 1: LA TAILLE, Y.; OLIVEIRA, M.K. e DANTAS, H. Piaget, Vygotsky, Wallon: teorias psicogenéticas em discussão. São Paulo: Summus, 1993. p.11-44 Curso: Artes.

LA TAILLE, Y.; OLIVEIRA, M.K. e DANTAS, H. Piaget, Vygotsky, Wallon: teorias psicogenéticas em discussão. São Paulo: Summus, 1993. p.11-44

Curs

o:

Art

es

Vis

uais

Dis

ciplin

a:

Educa

ção e

Socie

dad

e B

Pro

f. Lu

cia

ne M

. de O

liveir

a

Jean Piaget(1896-1980)

Lev S. Vygotsky(1896-1934)

Henri Wallon(1879-1962)

Page 2: LA TAILLE, Y.; OLIVEIRA, M.K. e DANTAS, H. Piaget, Vygotsky, Wallon: teorias psicogenéticas em discussão. São Paulo: Summus, 1993. p.11-44 Curso: Artes.

Piaget considera que o desenvolvimento intelectual é, simultaneamente, obra da sociedade e do indivíduo, portanto é necessário:

Definir o que se entende por “ser social” Verificar como os fatores sociais estão presentes no

desenvolvimento intelectual.

O HOMEM COMO SER SOCIAL 

O homem normal não é social da mesma maneira aos seis meses ou aos vinte anos de idade, e, por conseguinte, sua individualidade não pode ser da mesma qualidade nesses dois diferentes níveis. p.12

Page 3: LA TAILLE, Y.; OLIVEIRA, M.K. e DANTAS, H. Piaget, Vygotsky, Wallon: teorias psicogenéticas em discussão. São Paulo: Summus, 1993. p.11-44 Curso: Artes.
Page 4: LA TAILLE, Y.; OLIVEIRA, M.K. e DANTAS, H. Piaget, Vygotsky, Wallon: teorias psicogenéticas em discussão. São Paulo: Summus, 1993. p.11-44 Curso: Artes.

O equilíbrio na “troca intelectual” supõe:

1. sistema comum de signos e definições

2. conservação de proposições válidas (reconhecimento)

3. reciprocidade de pensamento entre os interlocutores

 

Definição de “ser social” para Piaget significa o indivíduo que consegue relacionar-se com seus semelhantes de forma equilibrada.

Page 5: LA TAILLE, Y.; OLIVEIRA, M.K. e DANTAS, H. Piaget, Vygotsky, Wallon: teorias psicogenéticas em discussão. São Paulo: Summus, 1993. p.11-44 Curso: Artes.

Sensório-motor (até 2 anos) inteligência essencialmente individual, aplica-se a

situações e ações concretas e não depende de trocas sociais.

ações de diferenciação entre o próprio corpo e os objetos.

... a partir da aquisição da linguagem, inicia-se uma socialização efetiva da inteligência. p. 15

... a partir da aquisição da linguagem, inicia-se uma socialização efetiva da inteligência. p. 15

Page 6: LA TAILLE, Y.; OLIVEIRA, M.K. e DANTAS, H. Piaget, Vygotsky, Wallon: teorias psicogenéticas em discussão. São Paulo: Summus, 1993. p.11-44 Curso: Artes.

Pré-operatório (dos 2 aos 6/7 anos) Ainda há limitações para trocas intelectuais equilibradas:

falta de escala comum de referências. Não há a conservação de definições, há a presença de

contradições. ... a criança pequena tem extrema dificuldade em se

colocar no ponto de vista do outro, fato que a impede de estabelecer relações de reciprocidade. (p.15)

PENSAMENTO EGOCÊNTRICO

A criança não tem domínio do seu “eu”, não é autônoma e sim heterônoma nos modos de pensar e agir.

As noções EU e do OUTRO são construídas conjuntamente, num longo processo de diferenciação.

A criança não tem domínio do seu “eu”, não é autônoma e sim heterônoma nos modos de pensar e agir.

As noções EU e do OUTRO são construídas conjuntamente, num longo processo de diferenciação.

Ler exemplo na p. 15

Ler exemplo na p. 15

Page 7: LA TAILLE, Y.; OLIVEIRA, M.K. e DANTAS, H. Piaget, Vygotsky, Wallon: teorias psicogenéticas em discussão. São Paulo: Summus, 1993. p.11-44 Curso: Artes.

Estágio operatório concreto (dos 6/7 anos aos 11/12 anos) capaz de aceitar o ponto de vista do outro capaz de levar em conta mais de uma perspectiva

(relatividade) capacidade de classificação, agrupamento,

reversibilidade consegue realizar atividades concretas que não exigem

abstração surgimento da personalidade em oposição ao

egocentrismo

A personalidade não é o “eu” enquanto diferente dos outros “eus” e refratário à socialização, mas é o indivíduo se submetendo voluntariamente às normas de reciprocidade e de universalidade. [...] a personalidade constitui o produto mais refinado da socialização [...] é, pois, uma coordenação da individualidade com o universal. p.16-17

A personalidade não é o “eu” enquanto diferente dos outros “eus” e refratário à socialização, mas é o indivíduo se submetendo voluntariamente às normas de reciprocidade e de universalidade. [...] a personalidade constitui o produto mais refinado da socialização [...] é, pois, uma coordenação da individualidade com o universal. p.16-17

Page 8: LA TAILLE, Y.; OLIVEIRA, M.K. e DANTAS, H. Piaget, Vygotsky, Wallon: teorias psicogenéticas em discussão. São Paulo: Summus, 1993. p.11-44 Curso: Artes.

Estágio das operações formais (dos 11/12 anos até a vida adulta) raciocínio sobre hipóteses e idéias abstratas a linguagem serve de suporte conceitual

Sem título (1986), tela de Jean-Michel BasquiatSem título (1986), tela de Jean-Michel Basquiat

As operações mentais se compõem de maneira associativa, permitindo ao indivíduo conhecer e interpretar o mundo.

Page 9: LA TAILLE, Y.; OLIVEIRA, M.K. e DANTAS, H. Piaget, Vygotsky, Wallon: teorias psicogenéticas em discussão. São Paulo: Summus, 1993. p.11-44 Curso: Artes.

A lógica como forma final do equilíbrio entre as ações nos estágios:sensório-motor - construção de uma lógica das ações

concretas;pré-operatório - interiorização das ações, coerência;operatório concreto e formal - reversibilidade das ações;

Se tudo parece estar na relação sujeito-objeto qual é o papel dos fatores interindividuais no desenvolvimento

cognitivo?

Para Piaget há dois tipos de relação social:

Coação e Cooperação

Page 10: LA TAILLE, Y.; OLIVEIRA, M.K. e DANTAS, H. Piaget, Vygotsky, Wallon: teorias psicogenéticas em discussão. São Paulo: Summus, 1993. p.11-44 Curso: Artes.

COAÇÃO SOCIAL Presente em toda relação entre dois ou n indivíduos

na qual intervém um elemento de autoridade ou de prestígio.

elementos de autoridade/prestígio individuais ou culturais

o coagido tem pouca participação racional na produção, conservação ou divulgação das idéias

não há diálogo e descentralização, apenas isolamentos

freio no desenvolvimento da inteligência

nível baixo de socialização e empobrecimento das relações sociais

Page 11: LA TAILLE, Y.; OLIVEIRA, M.K. e DANTAS, H. Piaget, Vygotsky, Wallon: teorias psicogenéticas em discussão. São Paulo: Summus, 1993. p.11-44 Curso: Artes.

COOPERAÇÃO Relações que pressupõe a coordenação das

operações de dois ou mais sujeitos. não há assimetria, imposição, repetição, crença etc. há discussão, troca de pontos de vista, controle mútuo

dos argumentos e das provas alto nível de socialização

Meninos Brincando (1955), tela de Candido Portinari.Meninos Brincando (1955), tela de Candido Portinari.

Page 12: LA TAILLE, Y.; OLIVEIRA, M.K. e DANTAS, H. Piaget, Vygotsky, Wallon: teorias psicogenéticas em discussão. São Paulo: Summus, 1993. p.11-44 Curso: Artes.

Coação é uma etapa obrigatória e necessária na socialização da criança, mas para o desenvolvimento das operações mentais são necessárias relações de Cooperação, primeiro entre as crianças, e a valorização das noções de igualdade e respeito mútuo

 Piaget pensa o social e as suas

influências sobre os indivíduos pela perspectiva da ética! p.21Crianças Brincando, c.1957, desenho a

grafite/papel, 29 x 42cmCandido Portinari

Page 13: LA TAILLE, Y.; OLIVEIRA, M.K. e DANTAS, H. Piaget, Vygotsky, Wallon: teorias psicogenéticas em discussão. São Paulo: Summus, 1993. p.11-44 Curso: Artes.

“A cultura torna-se parte da natureza humana num processo histórico que, ao longo do desenvolvimento da espécie e do indivíduo, molda o funcionamento psicológico do homem.”

“Suas proposições contemplam, assim, a dupla natureza do ser humano, membro de uma espécie biológica que só se desenvolve no interior de um grupo social.” p.24

Quadrado Vermelho: realismo pictórico da camponesa em duas dimensões (1915), de Malevitch.

Page 14: LA TAILLE, Y.; OLIVEIRA, M.K. e DANTAS, H. Piaget, Vygotsky, Wallon: teorias psicogenéticas em discussão. São Paulo: Summus, 1993. p.11-44 Curso: Artes.

SUBSTRATO BIOLÓGICO E CONSTRUÇÃO CULTURAL NO DESENVOLVIMENTO HUMANO

  Alexander R. Luria irá aprofundar as teorias sobre a base biológica do fundamento psicológico, estruturando uma teoria neuropsicológica a partir de dados empíricos. É na sua obra que teremos as concepções de Vygotsky sobre a base biológica do desenvolvimento psicológico.

Rejeita a idéia de funções mentais fixas

e imutáveis e trabalha com a noção de

cérebro como um sistema aberto, de

grande plasticidade, cuja estrutura e

modos de funcionamento são moldados

ao longo da história da espécie e do

desenvolvimento social.

Page 15: LA TAILLE, Y.; OLIVEIRA, M.K. e DANTAS, H. Piaget, Vygotsky, Wallon: teorias psicogenéticas em discussão. São Paulo: Summus, 1993. p.11-44 Curso: Artes.

As funções mentais estão organizadas a partir da ação de diversos elementos que atuam de forma articulada, cada um desempenha um papel em um sistema funcional complexo, esses elementos podem estar localizados em áreas diferentes do cérebro e freqüentemente distantes umas das outras e sistema podem utilizar-se de componentes diferentes, dependendo da situação.

Exemplo:

A tarefa de respiração e o seu resultado pode ser atingido de diversas maneiras, o que mostra que até mesmo uma tarefa básica “... é possibilitada por sistemas complexos, que podem se utilizar de rotas diversos e de diferentes combinações de seus componentes” (op. cit. Oliveira, 1993, p.25)

Page 16: LA TAILLE, Y.; OLIVEIRA, M.K. e DANTAS, H. Piaget, Vygotsky, Wallon: teorias psicogenéticas em discussão. São Paulo: Summus, 1993. p.11-44 Curso: Artes.
Page 17: LA TAILLE, Y.; OLIVEIRA, M.K. e DANTAS, H. Piaget, Vygotsky, Wallon: teorias psicogenéticas em discussão. São Paulo: Summus, 1993. p.11-44 Curso: Artes.

A diferença genética na atividade mental tem uma correspondência na organização cortical.

Na criança pequena as regiões do cérebro responsáveis por processos mais elementares são mais fundamentais para o seu funcionamento psicológico, no adulto a importância maior é das áreas ligadas a processamentos mais complexos.

Page 18: LA TAILLE, Y.; OLIVEIRA, M.K. e DANTAS, H. Piaget, Vygotsky, Wallon: teorias psicogenéticas em discussão. São Paulo: Summus, 1993. p.11-44 Curso: Artes.

Elementares (ou naturais) têm origem no funcionamento biológico e foram também chamadas de naturais por nascerem conosco e se desenvolverem conforme nosso organismo vai crescendo e se tornando mais complexo. Exemplos: o reflexo, a percepção, a atenção e a memória imediata.

Estas funções surgem da influência direta de estímulos externos e não utilizam signos como mediadores.

Características: a ausência de realização consciente e o não uso de mediadores.

Page 19: LA TAILLE, Y.; OLIVEIRA, M.K. e DANTAS, H. Piaget, Vygotsky, Wallon: teorias psicogenéticas em discussão. São Paulo: Summus, 1993. p.11-44 Curso: Artes.

Superiores (ou culturais) são características tipicamente humanas, são reguladas de maneira consciente pelo indivíduo.

Exemplo: atenção dirigida e voluntária, memorização mediada, pensamento, ou qualquer comportamento que seja intencional e controlado.

As funções psicológicas superiores têm origem fundamentalmente nas relações sociais e aí se desenvolvem e apresentam como característica fundamental o fato de serem realizadas consciente e voluntariamente pelo homem; e serem mediadas por ferramentas psicológicas (signos), ou por outra pessoa na interação social.

As funções psicológicas superiores são construídas ao longo da história social do homem: o ser humano cria as formas de ação que o distinguem de outros animais.

Page 20: LA TAILLE, Y.; OLIVEIRA, M.K. e DANTAS, H. Piaget, Vygotsky, Wallon: teorias psicogenéticas em discussão. São Paulo: Summus, 1993. p.11-44 Curso: Artes.

O homem tem acesso aos objetos de forma mediada, feita através dos recortes do real operados pelos sistemas simbólicos de que dispõe:

Representação mental – capacidade de lidar com sistemas simbólicos que substituem o real e que possibilita fazer relações mentais na ausência dos referentes concretos.

Por exemplo: imaginar coisas não vivenciadas, fazer planos para um tempo futuro, transcender no espaço e no tempo, libertar-se dos limites do mundo físico.

Page 21: LA TAILLE, Y.; OLIVEIRA, M.K. e DANTAS, H. Piaget, Vygotsky, Wallon: teorias psicogenéticas em discussão. São Paulo: Summus, 1993. p.11-44 Curso: Artes.

Sistemas simbólicos que se interpõem entre sujeito e objeto de conhecimento têm origem social.

É a cultura que fornece ao indivíduo os sistemas simbólicos de representação da realidade e o universo de significações que permite construir uma ordenação, uma interpretação, dos dados do mundo real, ocorre uma internalização de formas culturais de comportamento, em atividades internas e intrapsicológicas.

 

A idéia de que o homem é capaz de operar mentalmente sobre o mundo supõe, necessariamente, a existência de algum tipo de conteúdo mental de natureza simbólica.

Page 22: LA TAILLE, Y.; OLIVEIRA, M.K. e DANTAS, H. Piaget, Vygotsky, Wallon: teorias psicogenéticas em discussão. São Paulo: Summus, 1993. p.11-44 Curso: Artes.

Funções básicas da linguagem humana:

- intercâmbio social

- pensamento generalizante

 

Além da comunicação (intercâmbio social) a linguagem generaliza a experiência, ordenando as instâncias do mundo real em categorias conceituais cujo significado é compartilhado pelos usuários dessa linguagem.

cadeira triângulo cachorro

A linguagem favorece os processos de abstração e generalização , sendo as palavras os signos mediadores da

relação do homem com o mundo.

Page 23: LA TAILLE, Y.; OLIVEIRA, M.K. e DANTAS, H. Piaget, Vygotsky, Wallon: teorias psicogenéticas em discussão. São Paulo: Summus, 1993. p.11-44 Curso: Artes.

O pensamento verbal não é uma forma de comportamento natural e inata, mas determinada por um processo histórico-cultural e tem propriedades e leis específicas que não podem ser encontradas nas formas naturais de pensamento e fala.

Page 24: LA TAILLE, Y.; OLIVEIRA, M.K. e DANTAS, H. Piaget, Vygotsky, Wallon: teorias psicogenéticas em discussão. São Paulo: Summus, 1993. p.11-44 Curso: Artes.

1. a criança forma conjuntos sincréticos, agrupando objetos com base em nexos vagos, subjetivos e de base perceptual, como a proximidade espacial.

2. pensamento por complexo - os agrupamentos possuem ligações concretas e factuais e não abstratas e lógicas. Os objetos são combinados com base em sua similaridade.

3. pensamento conceitual – agrupa os objetos de acordo com um único atributo, sendo capaz de abstrair características isoladas da totalidade da experiência concreta.

Page 25: LA TAILLE, Y.; OLIVEIRA, M.K. e DANTAS, H. Piaget, Vygotsky, Wallon: teorias psicogenéticas em discussão. São Paulo: Summus, 1993. p.11-44 Curso: Artes.

... o indivíduo humano, dotado de um aparato biológico que estabelece limites e possibilidades para seu funcionamento psicológico, interage simultaneamente com o mundo real em que vive e com as formas de formação desse real dadas pela cultura. p.30

Formas culturais serão internalizadas e se constituirão no material simbólico que fará a mediação entre o sujeito e o objeto de conhecimento.

  Os conceitos discutidos são os “cotidianos” ou

“espontâneos”, os que são desenvolvidos no decorrer da atividade prática da criança, de suas interações sociais imediatas, e que são diferentes dos chamados “conceitos científicos”, que são adquiridos por meio do ensino.

Page 26: LA TAILLE, Y.; OLIVEIRA, M.K. e DANTAS, H. Piaget, Vygotsky, Wallon: teorias psicogenéticas em discussão. São Paulo: Summus, 1993. p.11-44 Curso: Artes.

A criança adquire consciência dos seus conceitos espontâneos relativamente tarde: a capacidade de defini-lo por meio de palavras, de operar com eles à vontade, aparece muito tempo depois de ter adquirido os conceitos. Ela possui o conceito (isto é, conhece o objeto ao qual o conceito se refere), mas não esta consciente do seu próprio ato de pensamento. O desenvolvimento de um conceito científico, por outro lado, geralmente começa por sua definição verbal e com sua aplicação em operações não-espontâneas – ao se operar com o próprio conceito, cuja existência na mente da criança tem início a um nível que só posteriormente será atingido pelos conceitos espontâneos. p.31 

... o desenvolvimento dos conceitos espontâneos da criança é ascendente, enquanto o desenvolvimento dos seus conceitos científicos é descendente, para um nível mais elementar e concreto. p.31

Page 27: LA TAILLE, Y.; OLIVEIRA, M.K. e DANTAS, H. Piaget, Vygotsky, Wallon: teorias psicogenéticas em discussão. São Paulo: Summus, 1993. p.11-44 Curso: Artes.

Conceito espontâneo origem no confronto com uma situação concreta.

 

Conceito científico origem em uma situação mediada em relação a seu objeto.

 

São processos intimamente relacionados:

conceitos de antes e depois e de aqui e agora

conceitos históricos e geográficos

 

Os conceitos científicos implicam em uma atitude metacognitiva, que é de consciência e controle deliberado por parte do indivíduo, que domina seu conteúdo no nível de sua definição e de sua relação com outros conceitos.

Page 28: LA TAILLE, Y.; OLIVEIRA, M.K. e DANTAS, H. Piaget, Vygotsky, Wallon: teorias psicogenéticas em discussão. São Paulo: Summus, 1993. p.11-44 Curso: Artes.

 

A questão epistemológica central é a construção de uma concepção que

constitua uma síntese entre o homem enquanto corpo e o homem enquanto

mente.

Vygotsky aponta dois caminhos complementares de investigação:o conhecimento do cérebro como substrato material da atividade psicológica,a cultura como parte essencial da constituição do ser humano,

num processo em que o biológico transforma-se no sócio-histórico.

Page 29: LA TAILLE, Y.; OLIVEIRA, M.K. e DANTAS, H. Piaget, Vygotsky, Wallon: teorias psicogenéticas em discussão. São Paulo: Summus, 1993. p.11-44 Curso: Artes.

A descrição das primeiras etapas do desenvolvimento psicomotor (estágios impulsivo, emocional, sensório-motor e projetivo) e das síndromes psicomotoras tem como ponto de partida o Patológico.

Utilização da doença como um (dos muitos) elementos necessário à compreensão da normalidade.

Não atua como médico apenas para curar, mas como investigador que considera a doença uma experiência natural e a forma de experimentação mais apropriada à psicologia.

A extração da pedra da loucura, óleo sobre painel de Hieronymus Bosch, séc. XV e XVI.

Page 30: LA TAILLE, Y.; OLIVEIRA, M.K. e DANTAS, H. Piaget, Vygotsky, Wallon: teorias psicogenéticas em discussão. São Paulo: Summus, 1993. p.11-44 Curso: Artes.

É necessário compreender que:

O genético abrange a dimensão da espécie e incorpora a “psicologia histórica”;

Ser humano é organicamente social, significa que sua estrutura orgânica supõe a intervenção da cultura para se atualizar.

 

Ciência híbrida, situada na intersecção de dois mundos, o da natureza e o da cultura, a psicologia é a dimensão nova que resultado do encontro, e mantém a tensão permanente do seu jogo de forças. p.37

Page 31: LA TAILLE, Y.; OLIVEIRA, M.K. e DANTAS, H. Piaget, Vygotsky, Wallon: teorias psicogenéticas em discussão. São Paulo: Summus, 1993. p.11-44 Curso: Artes.

Duas funções na atividade muscular:

1. Cinética ou Clônica – responde pelo movimento visível, pela mudança de posição do corpo ou de segmentos do corpo no espaço. Músculo em movimento.

Page 32: LA TAILLE, Y.; OLIVEIRA, M.K. e DANTAS, H. Piaget, Vygotsky, Wallon: teorias psicogenéticas em discussão. São Paulo: Summus, 1993. p.11-44 Curso: Artes.

2. Postural ou Tônica – responde pela manutenção da posição assumida (atitude) e pela mímica. Músculo parado.

 

No antagonismo entre motor e mental, ao longo do processo de fortalecimento deste último, por ocasião da aquisição crescente do domínio dos signos culturais, a motricidade em sua dimensão cinética tende a se reduzir, a se virtualizar em ato mental. p.38

Page 33: LA TAILLE, Y.; OLIVEIRA, M.K. e DANTAS, H. Piaget, Vygotsky, Wallon: teorias psicogenéticas em discussão. São Paulo: Summus, 1993. p.11-44 Curso: Artes.

Sensório-motricidade, presente até o segundo ano de vida, tende a diminuir e dar lugar a períodos cada vez maiores de imobilidade: o enfraquecimento da função cinética é proporcional ao fortalecimento do processo ideativo:

 ...o ato mental – que se desenvolve a partir do ato motor – passa em seguida a inibi-lo, sem deixar de ser atividade corpórea. p.38

 

No O Pensador, de Rodin, embora imobilizada pelo esforço mental, a musculatura permanece envolvida em atividade tônica intensa, retesada pelo esforço, ele pensa com o corpo em sentido duplo: com o cérebro e com os músculos.

Page 34: LA TAILLE, Y.; OLIVEIRA, M.K. e DANTAS, H. Piaget, Vygotsky, Wallon: teorias psicogenéticas em discussão. São Paulo: Summus, 1993. p.11-44 Curso: Artes.

 

É pela expressividade que o indivíduo humano atua sobre o outro, e é isto que lhe permite sobreviver, durante o seu prolongado período de dependência.

 

A motricidade humana começa pela atuação no meio social, antes de poder modificar o meio físico. Na espécie humana o contato com o meio físico nunca é direto, é sempre intermediado pelo social.

 

Tipologia do Movimento

Involuntários ou Automáticos

Reflexos

Voluntários ou Praxis

Page 35: LA TAILLE, Y.; OLIVEIRA, M.K. e DANTAS, H. Piaget, Vygotsky, Wallon: teorias psicogenéticas em discussão. São Paulo: Summus, 1993. p.11-44 Curso: Artes.

Imediatamente após o nascimento, a motricidade consiste, além dos reflexos, apenas em movimentos impulsivos e não coordenados, que serão ignorados por serem ineficazes.

Mas a partir deles evoluirão os movimentos expressivos, que dura aproximadamente três meses, e daí até o final do primeiro ano ocorrerá a etapa expressivo-emocional.

A maior parte das manifestações motoras são gestos dirigidos às pessoas (apelo): manifestações de alegria, surpresa, tristeza, desapontamento, expectativa, etc.

Page 36: LA TAILLE, Y.; OLIVEIRA, M.K. e DANTAS, H. Piaget, Vygotsky, Wallon: teorias psicogenéticas em discussão. São Paulo: Summus, 1993. p.11-44 Curso: Artes.

Após o seis meses irá predominar os gestos instrumentais, práxicos e que irão se impor no final do primeiro ano: a marcha (andar) , a preensão (pegar), a investigação ocular sistemática (olhar).

A exploração da realidade exterior só será possível quando o olho e a mão adquirirem a capacidade de pegar e olhar praxicamente. p.40

Page 37: LA TAILLE, Y.; OLIVEIRA, M.K. e DANTAS, H. Piaget, Vygotsky, Wallon: teorias psicogenéticas em discussão. São Paulo: Summus, 1993. p.11-44 Curso: Artes.

A competência no uso das mãos está completa, por volta do final do primeiro ano, quando se forma a bilateralidade: as duas mãos adotam uma ação complementar, com a iniciativa para a dominante e à não dominante em uma atividade auxiliar.

A competência visual é lenta, depois dos reflexos das pupilas há o aparecimento da capacidade de fixar e acompanhar voluntariamente um objeto móvel, a partir da trajetória horizontal, depois vertical e próximo do final do primeiro ano, as circulares.

Page 38: LA TAILLE, Y.; OLIVEIRA, M.K. e DANTAS, H. Piaget, Vygotsky, Wallon: teorias psicogenéticas em discussão. São Paulo: Summus, 1993. p.11-44 Curso: Artes.

As práxis especiais, próprias de cada cultura, não são consideradas produtos do amadurecimento cortical, mas esse aliado a influência ambiental dará lugar à fase simbólica ou semiótica.

Ao lado dos movimentos instrumentais surgem os movimentos simbólicos, aqueles que contêm idéias.

Imobilizar uma criança de dois anos que fala e gesticula é atrofiar o seu fluxo mental, pois o movimento, a princípio, desencadeia e conduz o pensamento, é só depois que ocorrerá o inverso: o controle do gesto pela idéia.

Exemplo: o gesto gráfico, dificuldade da criança saber o que desenha se ainda não terminou (3 ou 4 anos).

Imobilizar uma criança de dois anos que fala e gesticula é atrofiar o seu fluxo mental, pois o movimento, a princípio, desencadeia e conduz o pensamento, é só depois que ocorrerá o inverso: o controle do gesto pela idéia.

Exemplo: o gesto gráfico, dificuldade da criança saber o que desenha se ainda não terminou (3 ou 4 anos).

Page 39: LA TAILLE, Y.; OLIVEIRA, M.K. e DANTAS, H. Piaget, Vygotsky, Wallon: teorias psicogenéticas em discussão. São Paulo: Summus, 1993. p.11-44 Curso: Artes.

No 1º ano de vida domina as relações emocionais com o ambiente e o cognitivo está latente e ainda indiferenciado da atividade afetiva. É a preparação das condições sensório-motoras (olhar, pegar, andar) que permitirão a exploração intensa e sistemática do ambiente.

  No 2º ano de vida ocorre a inteligência prática ou das situações,

conhecida com o nome de sensório-motora. De forma simultânea a função simbólica, influenciada pelo meio humano,

desponta e confirma uma nova forma de relação com o real, onde a fala e as condutas representativas emanciparão a inteligência da percepção imediata.

Com a função simbólica e a linguagem surge o pensamento discursivo, com as características de sincretismo.

Sincretismo em Psicologia significa um fenômeno que caracteriza uma fase do desenvolvimento da criança durante a qual ela percebe os objetos no seu conjunto, sem os individualizar, só conseguindo distinguir os elementos do todo

num período mais avançado do seu desenvolvimento mental.”

“Sol é o céu, mas não são a mesma coisa.”

Page 40: LA TAILLE, Y.; OLIVEIRA, M.K. e DANTAS, H. Piaget, Vygotsky, Wallon: teorias psicogenéticas em discussão. São Paulo: Summus, 1993. p.11-44 Curso: Artes.

Necessidade de superação do sincretismo, no plano do pensamento, do discurso e do objeto. A função da inteligência, para o adulto como para a criança, reside na explicação da realidade.

Explicar supõe definir, atribuir qualidades específicas de um objeto, resultando em integrá-lo a uma classe maior e diferenciá-lo das vizinhas.

 

Diferenciação e Integração são os processos básicos envolvidos.

Para Wallon, explicar é determinar condições de existência, entendimento que abarca os mais variados tipos de relações (...) tudo está ligado a tudo, além de estar em permanente devir. p.43

 

Page 41: LA TAILLE, Y.; OLIVEIRA, M.K. e DANTAS, H. Piaget, Vygotsky, Wallon: teorias psicogenéticas em discussão. São Paulo: Summus, 1993. p.11-44 Curso: Artes.

Entre os 5 e os 9 anos há uma redução do sincretismo, que permite o aparecimento de uma forma de pensamento chamado de “categorial”: contém a qualidade diferenciada da coisa em que se apresenta e ao permitir atribuir qualidades específicas de um objeto, torna-o distinto de outros.

 

Se no plano do pensamento ocorre a indiferença inicial entre inteligência e afetividade, o sincretismo não significa egocentração (explicações autocentradas).

 

... em relação com sincretismo: é preciso ser capaz de preservá-lo, tanto quanto discipliná-lo, uma vez que dele depende a possibilidade de combinações inteiramente novas e originais de idéias. Nele está a raiz do pensamento criador. p.44

 

Page 42: LA TAILLE, Y.; OLIVEIRA, M.K. e DANTAS, H. Piaget, Vygotsky, Wallon: teorias psicogenéticas em discussão. São Paulo: Summus, 1993. p.11-44 Curso: Artes.

No início o pensamento é conduzido pela linguagem em seus níveis mais primitivos: musicalidade, rimas, automatismos.

 A linguagem, capaz de conduzir o pensamento, é também capaz de nutri-lo e alimentá-lo; estruturam-se reciprocamente: produto da razão humana, ela acaba, no curso da história, por se tornar sua fabricante. Razão constituinte é razão constituída... p.44