Labjor 2015 01

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Lab Faculdade de Comunicação da PUCRS 2015/1 - Noite Jornal da cadeira de Laboratório em Jornalismo Cuidados nas relações estabelecidas na era digital Crise na Estatal PÁGINA 11 JUMPBOX/CC PÁGINA 6 7% dos jovens entre 20 e 24 anos optam pela alimentação vegana Redes Sociais PÁGINA 16 AGÊNCIA BRASIL JUAN ELOS/CC O sonho de ser JOGADOR PÁGINA 18 WIKIMEDIA

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Jornal da turma 369 de Laboratório de Jornalismo/noite, 1º semestre.

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Lab Faculdade de Comunicação da PUCRS 2015/1 - Noite

Jornal da cadeira de Laboratório em Jornalismo

Cuidados nas relações estabelecidas na era digital

Crise na EstatalPÁGINA 11

JUMPBOX/CC

PÁGINA 6

7% dos jovens entre 20 e 24 anos optam pela alimentação vegana

Redes Sociais PÁGINA 16

AGÊNCIA BRASIL

JUAN ELOS/CC

O sonho de serJOGADOR

PÁGINA 18

WIKIMEDIA

A teoria do emplacamento não existe em livros e mesmo que você a procure na internet, dificilmente achará algo sobre. Ela é discutida entre algumas pessoas e espero que seja cada vez mais discutida. Essa teoria diz que se todas as pessoas fossem realmente educadas, não precisaríamos de placas nos indicando o que devemos fazer, ou melhor, não fazer. Não é raro encontrar placas, elas existem nos mais variados tipos de locais: em supermercados, em bancos, nos ônibus, pelas ruas, dificilmente vamos em algum lugar e não encontramos pelo menos uma placa nele. Ao andarmos de ônibus percebemos que há alguns assentos demarcados e ao lado deles, adivinhem só: uma placa. Nela diz que em casos de ausência de pessoas com crianças no colo, pessoas obesas, idosas, pessoas com deficiência ou gestantes, podemos sentar nesses bancos. Mas, caso surja alguém que se encaixe em alguma dessas descrições, devemos ceder o lugar. É importante que cedamos o assento, mas isso realmente precisa estar numa placa? As pessoas não têm o bom senso para refletir e ceder o lugar sem que uma placa as indiquem para fazer isso? Claro, não podemos generalizar, mas parece que às vezes o bom senso cai no esquecimento. Desde muito cedo fui ensinada, tanto em casa quanto na escola, que jogar lixo no chão é errado, independentemente do local e mesmo que ali já haja lixo: o lugar do lixo é na lixeira. O que me surpreende é que mesmo com placas “proibido jogar lixo” e mesmo sendo de conhecimento geral que existem multas para quem comete esse delito, ainda há pessoas que jogam o lixo no lugar errado. Existem várias placas de proibições: “não jogue lixo no chão”; “proibido fumar” (em locais fechados ou cobertos); “proibido acionar buzina ou sinal sonoro” (perto de hospitais); “não pise na grama”; “proibido a entrada de animais”; “proibido a venda de bebidas para menores de 18 anos”; “proibido o uso do aparelho celular” (salas de cinema, teatro, dentro de hospitais); “proibido estacionar”, entre várias outras. Parece tão simples respeitá-las, todos sabemos que não podemos fazer barulho dentro de hospitais porque pode prejudicar as pessoas que estão enfermas, sabemos também que vender bebida para menores de idade é contra a lei, que ao estacionarmos numa avenida de alto fluxo podemos trancar o trânsito ou se estacionarmos na frente de uma garagem podemos impedir a entrada ou a saída de alguém. Porém, mesmo assim, algumas pessoas não as respeitam. Não quero dizer que as pessoas façam isso de propósito porque eu realmente acredito que não. Elas apenas caíram num senso comum “Se o outro faz, por que eu não vou fazer?” e é isso que está atrasando o mundo. As pessoas ilusoriamente precisam de alguém que diga a elas o que fazer e as placas estão exercendo esse papel. Devemos conscientizar as crianças desde a educação primária, tanto os educadores, quanto os responsáveis, para garantirmos que no futuro elas saibam que podem começar pela mudança e não esperar que ela aconteça.

opinião Laboratório de Jornalismo

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Júlia Fernandes Borges

EXPEDIENTEJornal da Cadeira de Laboratório de Jornalismo (I Semestre)Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do SulFaculdade de Comunicação Social /FamecosReitor: Ir. Joaquim ClotetDiretora da Famecos: Prof. Dr. João BaroneCoordenadora do curso de Jornalismo: Prof. Me. Fábian Thier ChelkanoffProfessores orientadores: Profª. Drª. Andréia Mallmann e Prof. Dr. Cláudio MércioProjeto Gráfico: Prof. Me. Fábian Thier ChelkanoffReportagem e Diagramação: Alicia da Silva Cabral Porto, Amanda Santos, Arthur Saut Zanini, Bárbara Sanches, Camila Lara Viegas Da Silva, Camila Spanemberg Bado, Carolina Requia Chassot, Carolina Brum Pitthan, Carolina Silva da Silva, Caroline Correa Mule, Christian de Lima Pacheco, Diorgenes Santos Gomes, Hermínia Rodrigues de Souza, Ingrid Mônaco Minosso, João Camilo Grazziotin Portal, João Victor Fraga Teixeira, Júlia Fernandes Borges, Juliano Castello Baranano, Livia Rossa Ribeiro,

Luana Carolina Nyland, Lukas Almeida da Silva, Maria Victória Scalco E Silva, Marina Martins Costa Schirmer, Marina Vieira Petinelli, Mateus Menegotto Marques, Matheus Wolff dos Santos, Patrick Barbosa da Silva, PaulaCarneiro Schmitt, Pedro Rabello Thebich, Pedro Damasio Hameister, Rafael Conceição, Rafael Carvalho Vieira, Rafael Sanabria, Rafaela Martins Rodrigues, Raquel Padao Laks, Renata de Avila Thum, Ricardo Godinho Cardoso, Rodrigo Coelho Leal Brasil, Suellen dos Santos e Silva, Tamires Possa, Tatiana Garcia Teixeira, Vitor Figueiro Alves, Vitória Mendes Scoton.

Teoria do emplacamento João camilo grazziotin portal

A arte da memória

Diferente das coisas da natureza, que existem por si só, o ser humano é contaminado pela mortalidade, logo seus feitos estão fadados a cair no esquecimento. Portanto, a volatização das lembrancas é proporcional à rigidez com que são moldadas pelo nosso inconsciente. A História torna-se assim uma ferramenta da imortalidade, estabelecendo uma conexão entre o passado e o presente. Pela ciência histórica e através de seu método, o historiador foca-se no processo histórico como um todo, de modo à inteligibilidade e à causalidade estarem intrinsicamente relacionadas ao relato (que torna-se assim não apenas um relato, mas sobretudo uma “lição” para ações futuras e presentes). A partir da racionalidade e do empirismo o homem comecou a produzir conhecimento, intelectualismo metafísico. O mistério do significado mundano surgiu. A religião, logo, tornou-se um mecanismo, ou melhor, uma teoria para explicar os fenômenos naturais. O saber começara a regir o poder e, posteriormente, ordenaria o Estado. Quando se fala em poder, consequentemente se fala em fragmentação social. Quanto menos os escritos religiosos eram lidos (no Egito cerca de 3 a 5% da população sabia ler e escrever), mais restrição eles tinham, portanto, mais mistérios, mais alienação e menos contestação. Entretanto as pessoas se deram conta de algo importantíssimo: a existência de deus (privo-me aqui das maiúsculas) vai de contraponto à finitude humana. Como isso era possível? Como seria se os antigos se comunicassem com Darwin? Tudo aquilo que os povos aprenderam sobre o cosmos estaria “errado”? Perguntas. Sempre mais questionamentos. Se antes a religião norteava os povos, o que nos rege hoje? Vocês, leitores, já pararam para se perguntar qual rumo o mundo está tendo? Um mundo individualista em que o consumismo se dissemina cada vez mais; um lugar instável em que a informação toma o lugar do conhecimento; um lugar onde as pessoas cada vez mais voltam-se para o egocentrismo. A memória hoje é rápida e fragmentada devido à rapidez com que as mudancas acontecem. E do que servirá isso tudo? Acredito que a questão consista no fato de nos tornarmos imortais a partir da memória. Com o tempo as pessoas transformam-se em porta-retratos e pó. Elas podem até morrer, mas seu legado continua vivo! O conhecimento continua vivo! Pensar na morte pode ser algo bem melancólico e introspectivo justamente por ser uma certeza, uma máxima suprema, uma tônica do fim, uma fronteira do tempo. A exatidão, então, traz junto de si uma série de questionamentos e também aquela velha pergunta: “e se vivessemos para sempre?” Como seria alcançar a imortalidade? Uma quebra no tempo e na ciência, a contestação de todas as leis e todas as certezas. Dostoiévski em “Notas do Subsolo” fala em um mundo onde todas as ações teriam explicação em regras matemáticas, logo seriam calculadas. Então do que adiantaria viver se o livre arbítrio é utópico? Por enquanto nos contentamos com a “liberdade” e, por vezes, com os acasos. Portanto, viva, e mais do que isso, deixe a memória viva!

Laboratório de Jornalismo

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Moda: uma questão de futilidade?

A Israel que não se vê: o outro lado da droga Raquel Padão laks

O adeus de Mujica

mundoHENRY JOSE

TaTiana TeixeiRa

Em meados do século XV surge a moda. No Renascimento europeu se tem a oportunidade de mudar os trajes, que até então eram os mesmos a vida toda, dando a população variedade de esco-lhas. Em sequencia, a moda encontra-se como difusor na classificação da so-ciedade, onde quanto mais detalhada e trabalhada a vestimenta, mais alta era a classe social de quem a vestia. Mis-turada com a arte e com a economia até os dias atuais tem em seu espíri-to referências criadas na antiguidade. Em qualquer época, a moda na ideologia é uma expressão, cultura e costumes refletidas em tecidos. A lin-guagem da vestimenta diz muito sobre um povo, suas características gerais e individuais. Por este motivo, provoca uma pergunta que gera muita reflexão: O modo de vestir-se pode definir alguém? Em meados da segunda Guerra Mundial, a vestimenta feminina mudou de aspecto, mulheres ganharam maior liberdade de expressão. A partir desse momento roupas puderam mostrar ca-racterísticas de quem as veste ’’, relatou Gabriela Xavier, estudante de moda que almeja ter uma loja de roupas. Já Bea-triz Coelho, estudante de comunicação,

Muito mais do que um país de grande influência econômica, Isra-el traz também uma bagagem cultu-ral bastante respeitável. Ao falar-se de Israel logo é lembrado o conflito existente com o restante da Palestina, visto que aqui, na diáspora, pouco se é falado sobre algo a mais que aconte-ça no Oriente Médio que não a guerra.No Brasil é tradicional o jovem sair no fim de semana e, em Israel, tais saí-das não são muito diferentes. Tem se a ideia de que o perigo existente em um local impede que se saia à noite, mas não é assim que funciona. Porto Ale-gre é perigosa, Rio de Janeiro e Recife também. Cidades onde a vida noturna é extremamente ativa, por mais que se-jam conhecidas pela Guerra do Tráfico, movimentada por gangues que contro-lam seus respectivos morros e favelas.

Em Israel a diferença não é muita. Jovens tentam conseguir drogas, conseguindo-as alimentando o tráfico, alimentando o ini-migo. Em entrevista realizada na última terça-feira, Rafael, jovem, brasileiro, intercambista em Israel, relata: “A guer-ra ao tráfico aqui também é vista, mas se consegue comprar também. A diferença é que parte do dinheiro adquirido com a venda da droga vai para organizações terroristas e acaba financiando-os. O conflito árabe-israelense influencia nas escolhas de festas, de onde você decide ir, mas não é algo que deixa a sociedade israelense com medo de viver”. A vida noturna dos jovens do Oriente Médio não se resume ao que acontece nas ci-dades onde residem, as festas tornam--se não somente um local destinado à diversão, mas também interfere na vida ideológica dos jovens da Palestina.

e que não é uma especialista no assunto, acredita que as passarelas ditam ten-dências. Elas vão dizer qual será o en-foque de cores, texturas e aspectos das roupas da estação, mas não são elas que vão ditar o gosto pessoal de cada um’’. Ao se fazer a análise dos rela-tos percebe-se que profissionais ao fa-larem citam o passado, a importância que a moda teve e tem na história. Em contra partida, em geral, pessoas sem formação no meio não o interpretam com a mesma intensidade. Conclui-se que quem estuda um assunto têm mui-to a dizer sobre, independente se para o restante este assunto representa ape-nas algo frívolo. Pontos de vistas sobre percepção de mundo, afinal tudo que nos rodeia esconde pertinência, bas-ta querer conhecer para descobri-la.

LUANA NYLAND

No dia 1º de Março de 2015, o Uruguai iniciou sua cerimônia do adeus. José Mujica deixou a presidência de-pois de cinco anos no cargo. Quem agora assume seu lugar é Tabaré Váz-quez, (presidente entre 2005 e 2010) que retorna com altos índices de acei-tação popular, uma economia em cres-cimento, salários em alta e um nível de desemprego historicamente baixo. José Mujica foi uma figura importante para a sociedade uru-guaia. É nítido o quanto ele teve ideias inovadoras no seu governo. Podemos citar como exemplos a le-galização da maconha e do aborto. Lembrando também que Mujica re-jeitou qualquer benefício da presi-dência enquanto esteve no cargo. Um ex-guerrilheiro que passou qua-torze anos na prisão e que, além de ter se tornado um político bem su-cedido, impressionou e conquistou a tantas pessoas com seu estilo de vida simples e que mesmo após ter deixado a presidência, sua populari-dade ainda é muito forte por la. Al-guns admiradores até dizem que ele não deveria ter saído nunca do poder. Tendo em vista que mesmo sendo do mesmo partido, ambos têm estilos diferentes. Tabaré, um polí-tico mais tradicional, de esquerda e católico, não é a favor da união ho-mossexual e é contra a interrupção da gravidez, porém não pretende mudar as leis aplicadas por Mujica. Os maiores desafios de Vázquez neste momento é manter a expansão econô-mica, avançar no bem-estar social e começar a comercializar a maconha, pondo em prática a lei decretada por Mujica quando estava na presidência. AUGUSTIN SORGÍN

mundo Laboratório de Jornalismo

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Boko Haram: uma guerra perdida? A Nigéria vem sendo palco de

movimentos religiosos ou políticos que se utilizam de violência. Dentre esses, se destaca o Boko Haram. Fundado em 2002, o Boko Haram é um movimento que busca construir um Estado islâmico puro. Os conflitos que o envolvem podem parecer puramente religiosos, porém eles também incluem fatores políticos. O grupo, movido por descontentamento e por vingança, luta contra o que consi-dera corrupção e violência da polícia e do governo da Nigéria, a corrupção mo-ral das instituições religiosas, o mau es-tado do norte da Nigéria e a ameaça que o grupo vê nas influências ocidentais.

Acredita-se que o grupo promo-ve uma linha do islamismo que proíbe atividades políticas ou sociais ocidentais. Todavia, mesmo com sua ideologia tra-dicional, ele já se mostrou mais do que preparado para usufruir da tecnologias ocidentais quando lhe convém, como ex-plosivos químicos e armas automáticas.

Diante da expansão do movi-mento no início dos anos 2000, o go-verno usou de forte repressão para desestrutura-lo, assassinando muitos membros, incluindo o seu líder Moham-med Yusef no ano 2009. Assim se seguiu um período sem nenhuma atividade do movimento; porém, em torno de um ano depois, o Boko Haram já voltava a se articular sob uma nova liderança. O

POR DETRÁS DAS BURCAS AmAndA PereirA

AlíciA Porto SURIAN SOOSAY

Boko Haram combate com viôlencia os reflexos do mundo ocidental

Eles têm fama de perigo-sos por suas guerras e suas armas. Os homens usam vestidos brancos e podem ter mais de uma esposa. Suas famílias são gigantes. Dependen-do da situação, não costumam dizer a verdade e adoram um drama. São fa-náticos por sua religião. Suas mulheres andam cobertas e não podem nada. É isso que sempre se ouve falar dos ára-bes, o que acaba criando um pensamento machista sobre a população que lá vive. Esta ideia, muitas vezes, causa cer-to pavor aos estrangeiros. Mas, assim como aqui no Brasil não temos maca-cos andando soltos pelas ruas, a coi-sa por lá não é bem assim também. Em Bahrein, no Golfo Pérsico, os homens podem ser perigosos, sim. Se

formos generalizar nossa opinião pelo que passa nos noticiários influenciados pelo interesse dos EUA. A família vem antes de tudo, tendo “área familiar” em restaurantes, praias e ônibus. E suas mulheres são consideradas sagradas. É verdade também que as mu-lheres não podem ser expostas, têm que usar burca tapando o cabelo e, em alguns casos, o rosto inteiro. Elas não podem se misturar, por exemplo, em metrôs e ônibus, nos quais elas têm uma parte reservada onde é es-tritamente proibida a presença de ho-mens. Em supermercados, farmácias e demais estabelecimentos existe uma fila separada para as moças. Na ver-dade, andam cobertas para não serem expostas e têm muitos direitos. Erine

Pereira, que mora em Bahrein há 3 anos, conta um pouco sobre esse com-portamento: “Os homens muçulmanos sozinhos causam muitos problemas, olham as mulheres dos outros e dão em cima das solteiras causando incômodos e constrangimentos. Então eles proí-bem, separam as mulheres pelo próprio bem delas. Quem quiser ser paquera-da deve frequentar lugares públicos.” Portanto, a visão que temos de que elas são oprimidas é ultrapassada e já não acontece com a maioria das mulheres árabes. Talvez ainda existam essas mulheres em algumas famílias conservadoras, mas não é a maioria. É preciso acabar com o pensamento errôneo que existe por aqui de que as mulheres de lá não são bem tratadas.

serviço de segurança da Nigéria é consi-derado ineficiente e abusivo. Acredita-se que muitas pessoas tenham sido execu-tadas sem julgamento, e mesmo que a polícia negue isso, existem evidências que corroboram essas acusações. Alguns estudiosos afirmam que essas táticas de execução extrajudiciais ajudaram a criar esse movimento, e o alimentam até hoje.

Mesmo que em 2013 o grupo tenha sido adicionado, pelos Estados Unidos, na lista de grupos terroristas internacionais, existem muitas barrei-ras que não permitem um entendimento mais claro sobre o grupo ou sobre suas intenções. A Nigéria conta com uma

polícia apontada muitas vezes como corrupta, que não fornece informações concretas ou inteiramente confiáveis, e o Boko Haram não demonstra inte-resse em divulgar qualquer informação sobre ataques ou sobre o grupo em si. Facilmente, poderia-se culpa-los por atentados os quais eles não comete-ram por simples vantagens políticas.

Com resistência a qualquer acordo, diversas vezes membros que tentaram se manifestar a fim de uma negociação foram decapitados pelo próprio grupo. Como você pode ne-gociar com quem recorre a assassina-tos quando pessoas discordam deles?

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Marcha vegetariana pelo direito dos animais

Vegetarianos, veganos, crudívo-ros, frugívoros e até os simpatizantes são bem vindos nessa causa. Todos que estejam prestes a lutar por um mundo com menos violência contra os animais podem participar do evento que acon-tece em Porto Alegre em Outubro, conhecido como Marcha Vegetariana.

Segundo a estudante de Design Visual da UFRGS Taís Backhaus, defen-sora assídua dos direitos dos animais e participante da Marcha, “esse é um evento necessário que se inspirou em outras marchas libertárias que aconte-cem pelo mundo. Ela tem o intuito de mostrar para a sociedade que o vege-tarianismo, assim como o veganismo, é o modo de alimentação mais saudá-vel e com menos impacto ambiental, causando assim, menos violência con-tra os animais”, afirma Taís Backhaus.

De acordo com os idealizadores da Marcha, as duas formas de alimen-tação são ideologias viáveis porque o sofrimento animal não é necessá-rio. E eles contam com o apoio do grupo de voluntários do Greenpeace de Porto Alegre para montar o even-to que ainda está ganhando forma.

Todas as ideias são bem vin-das: fotos, desenhos, artes, oficinas,

cartazes, músicas, gritos... O objeti-vo da Marcha é mostrar para cidade que não é preciso alimentar-se de animais para sobreviver e trazer o de-bate vegano para a Capital do estado que tem o churrasco como símbolo!

O grupo do Greenpeace de Por-to Alegre ressalta que o consumo da carne animal também afeta o aqueci-mento global, que é o caso das flores-tas , que são as principais reguladoras do clima, e estão sendo derrubadas para que o gado possa ser criado. As-

sim, os animais acabam emitindo uma grande quantidade de gás metano, o que reduz gradualmente a camada de Ozônio. Eles têm um artigo chamado “A Farra do Boi”, que orienta as pesso-as a diminuírem o consumo da carne.

A Marcha Vegetariana de Porto Alegre acontece no dia 4 de Outubro de 2015, com saída do Parque Farrou-pilha. Durante o evento o grupo de voluntários do Greepeace também vai recolher assinaturas para uma peti-ção chamada “Desmatamento Zero”.

Marchas vegetarianas ao redor do mundo

IngrId Mônaco

Laboratório de Jornalismo

VEGETARIANISMO - IDEOLOGIA LIBERTÁRIA

Talvez todo o passado seja norteado por equívocos, mas como são equívocos coletivos, não vêm à tona. O Coliseu, com toda sua magnitude, era palco de esperados espetáculos em que homens lutavam até a morte. Hoje é difícil compreender essa insa-nidade. Antigamente as pessoas não tinham tal concepção. A percepção do absurdo não era evidente tão somente por não ser absurdo naquela época. En-tão, faz-se necessária a História como código de orientação a ações futuras. Quantos preceitos hoje tido como normas futuramente serão taxa-dos como absurdos? Será que a repro-dução de animais que são criados ex-clusivamente com o propósito de serem mortos não é um deles? Será esse ponto um outro erro coletivo que nos impede de enxergar a maldade nele implícito? Muitos acham que a expan-são craniana se deu pela ingestão de carne. Na realidade, não foi exclusi-vamente o fato de comer carne que propiciou tal evolução, mas também a

interação social que a caça propiciou, aliada à fabricação de instrumentos, racionalidade, cozimento de vege-tais, etc. Ou seja, a caça entra mais como uma estratégia social e política, pois torna a organização mais comple-xa. Segundo a professora Adriana Dias (História - UFRGS), “um cérebro gran-de acarreta gestações longas e filhotes imaturos, só se sustentando em inte-ração com ambientes ricos em recur-sos e com baixa predação/competição (como é o caso da onivoria como base da dieta para o genero Homo). Indiví-duos que são hábeis no estabelecimen-to e manutenção de alianças têm maior sucesso reprodutivo, pois isso aumenta o potencial de cruzamento e a rede de suporte para criação da prole neonata. O respeito às liberdades acen-tua-se cada vez mais, e é nesse ponto que o vegetarianismo toca: não será uma contradição difundir compaixão, se dizer libertário, abraçar seu cachor-ro e continuar a alimentar a crueldade que é a produção de carne? Em minhas

viagens, por vezes pensava em vacas dominando o mundo e criando huma-nos em cativeiro para depois serem cortados e dispostos em bandejas nos mercados. Radicalismo ou não, tal situ-ação ocorre todos os dias, quem muda de papel são apenas os protagonistas.

geral

João caMIlo grazzIotIn portal

Universo alimentício vegetariano

JOÃO CAMILO

BROCCO LEE / CC

Laboratório de Jornalismo

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Benefícios vegetarianosCada dia mais jovens es-

tão aderindo a dietas vegetarianas por razões éticas ou por acredita-rem que é um hábito mais saudável.

Segundo a nutricionista Ra-faela Mold, a substituição de uma dieta onívora (come-se todo tipo de alimento) por uma dieta ovo-lacto--vegetariana (sem consumo de carnes de nenhum gênero, mas ovo e leite estão inseridas), traz muito mais be-nefícios à saúde do que malefícios.

Pesquisas mostram que dietas vegetarianas promovem o emagreci-mento e uma melhora na qualidade de vida. Pessoas que aderem ao vegeta-rianismo têm menor incidência de pro-blemas cardíacos e cardiovasculares, diabetes, entre outros. De acordo com Rafaela, “tantos benefícios podem es-tar ligados ao aumento do consumo de fibras, vitaminas, minerais, antioxidan-tes e proteínas com pouca gordura”. Também há registros de menor inci-dência de obesidade e Índice de Massa Corporal mais baixo em vegetarianos.

Uma pessoa pode ingerir todas as proteínas necessárias para o organismo por outros meios que não consumindo carne que, além destas, também é fon-te de gorduras. O que o corpo neces-sita são aminoácidos, que formam as proteínas, para poder se recuperar do desgaste físico diário. Os aminoácidos podem ser encontrados em vários tipos de alimentos, inclusive alguns muito comuns à nossa mesa, como o arroz e o feijão. Estas outras fontes de aminoá-cidos são também muito menos gordu-rosas que a carne, o que faz com que a

alimentação seja mais leve e saudável.Os aminoácidos são essen-

ciais para a manutenção das funções do corpo em todas as fases da vida, desde a lactação. Não há diferença entre ingestão de proteínas de fon-te animal ou vegetal pelo corpo, por-tanto, uma dieta vegetariana pode ser adotada a qualquer momento.

Quando questionada, Rafaela destacou que indicaria uma dieta ve-getariana, desde que bem planejada e executada, já que não há nada que contra indique este tipo de dieta e há tantos pontos positivos com relação aos hábitos e à saúde de quem a segue.

Junk food vegetariano

RicaRdo Godinho

geral

MARIANA RAMOS

Alimentos que ajudam a dieta vegetariana.

EQUANIMAL / CC

Vegetarianismo cada vez mais cedoO vegetarianismo é algo que

vem crescendo entre os jovens. Cada vez mais cedo, o jovem passa a es-colher o melhor tipo de alimentação para a sua saúde e também um modo de vida. Apesar disso, os jovens ainda são minoria entre os vegetarianos. Se-gundo o Target Group Índex, do Ibope Media, a porcentagem é maior entre 65 e 75 anos, 10%. Já entre os jovens, de 20 e 24 anos, o índice é de 7%. A equipe do LabJor conversou com jo-vens entre 17 e 22 anos que, com mo-tivações diferentes, contaram a sua história dentro do vegetarianismo.

Karolaine Pereda, 17 anos, é ve-getariana há pouco mais de um ano. Depois de realizar um trabalho para o

colégio em que o tema abordado foi a carne, resolveu aprofundar sua pes-quisa e percebeu que deveria cortar a carne da sua alimentação, pois é um alimento que o corpo não precisa e que, a longo prazo, poderia trazer malefícios. “Notei uma diferença psi-cológica, sem dúvida. Hoje em dia te-nho mais conhecimento do meu corpo, eu respeito mais ele e respeito o meio ambiente também, o que, para mim é de extrema importância”, conta Karo-laine. Além disso, ela introduziu no-vas receitas para sua família e notou que, com a sua decisão, toda a família passou a comer menos carne. Assim como Karolaine, muitos outros jovens procuram mudar sua alimentação.

MaRia VictóRia Scalco

JENNIFER / CC

MaRia VictóRia Scalco

No site Cantinho Vegetaria-no (cantinhovegetariano.com.br) há várias receitas interessantes para quem está proposto a seguir essa dieta. Nuggets de Grão-de--bico e Legumes: 1/2 xícara de grão-de-bico cru1 cenoura2 espigas de milho1 xícara de brócolis cozido1/2 xícara de pimentão picado1 cebola grande2 dentes de alho1/2 xícara de azeite1/2 xícara de cheiro-verde picado2 colheres (sopa) de óleo1/2 xícara de farinha de trigo in-tegral1/2 xícara de farinha de roscaSal e pimenta a gosto. Cozinhe o grão-de-bico, juntamente com 7 xícaras de água, na panela de pressão, até ficar macio. Coloque -o no liquidifica-dor juntamente com uma xícara de água, meia cebola picada em peda-ços grosseiros, azeite, sal a gosto e bata até virar uma pasta.

Pique a cenoura, o pimentão e o brócolis em pedaços pequenos. Pique também o alho e o restante da cebola para refogá-los. Retire os grãos de milho das espigas. Em uma panela coloque um fio de óleo ou azeite, refogue o alho, e acres-cente a cebola, a cenoura, o milho, o pimentão e o brócolis. Tempere com sal e pimenta a gosto.

Em uma tigela misture a pasta de grão-de-bico e os legumes refogados. Acrescente a farinha de trigo integral, a farinha de rosca e misture. Tempere com o cheiro--verde.

Coloque farinha de rosca em um prato, unte as mãos com creme vegetal, faça o formato de nuggets com a pasta e asse em forno pré aquecido por meia hora, ou até dourar.

Marquinhos Fê, natural de Rio Grande, com 41 anos, é hoje um dos mais destacados bateristas. Aos 14 anos teve seu primeiro contato com a bateria tocando em igrejas. Aprofun-dou seus conhecimentos com 19 anos, adquirindo seu primeiro instrumento.

Tentou conciliar o estudo de música com a faculdade de engenharia civil durante algum tempo mantendo a vontade de seu pai. Por ser o primeiro músico da família, passou por momen-tos em que pensava em desistir. Assim como alguns jovens, Marquinhos Fê ti-nha uma pequena pressão por parte de seus familiares sobre seu futuro, mas ressalta, que dentro de si havia uma certeza que o fez decidir definitiva-mente em seguir a carreira de músi-co. Marquinhos sempre Levou consigo o apoio de sua mãe, deixando de lado alguns comentários negativos e tentan-do lidar com a pressão que a sociedade lhe impunha. Relata que de início foi complicado, já que ser músico por mui-tos não é visto como uma profissão.

Ainda menino, se deslocava de

Rio Grande para Porto Alegre, passan-do 12 horas fora de casa, para ter ape-nas 1 hora de aula, com professor Kiko Freitas, influente baterista brasileiro. Aos 21 anos, o músico iniciou como profissional. Deixou sua cidade natal após dois anos, indo atrás de qualifica-ção e de novas oportunidades no meio da música. Passou por bares, e com o tempo atuou fortemente no cenário musical com participações especiais.

Trabalhou com Gelson Oliveira, Sérgio Rojas, Bebeto Alves, Nei Lisboa, Sérgio Reis, Pedro Camargo Mariano, Lúcia Helena, Adriana Defenti, Marisa Ro-tenberg e Ernesto Fagundes. Realizou algumas turnês pela Europa, foi vence-dor do festival Batuka, nas edições de 1998 e 2000.

Marquinho repassa para seus leitores sua gratidão a Deus, e conclui que sem ele nada teria valido a pena.

Laboratório de Jornalismo

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Ao embalo de um grande baterista

Marquinhos Fê, baterista e professor da escola Tamborim

Hermínia Souza

Grafite: Do vandalismo à arte

A composição da arte moderna não esta somente na idealização “novo e ori-ginal”, como empregado em movimentos modernistas e vanguardistas. Esta ligada à liberdade de atuação e expressão do ar-tista, o qual pertence a manifestação do grafite, que durante anos foi marginali-zado como vandalismo e confundido com pichação. Há pouco tempo conquistou seu reconhecimento como forma de arte, onde registra o colorido dos desenhos em muros, edifícios e até mesmo no asfalto, minimizando o cinza das metrópoles e na criação de projetos direcionados para jo-vens.

Suas primeiras marcas originaram--se na década de 1970 em Nova York nos Estados Unidos que junto com Hip Hop visava expressar a opressão da sociedade e dos menos favorecidos. Chegando ao Brasil no final dos anos 70, em São Pau-lo, o grafite ganha um toque brasileiro,

com reconhecimento entre os melhores do mundo.

Assim como em todo Brasil, a arte das ruas vem conquistando espaço em solo gaúcho, onde o movimento são re-gistrados por inúmeros artistas da capital do Rio Grande do Sul, com destaque para Jotapê Pax, grafiteiro e artista plástico, que iniciou aos 16 anos, “Comecei a an-dar com um pessoal que curtia mais de-senho, pichava e grafitava também. Daí um dia fiz meu primeiro grafite com um amigo em uma pista de skate e fiquei em-polgado”.

O artista integra o grupo Pax Art que faz parte de uma rede internacional de grafiteiros que pintam várias cidades do mundo, incluindo a pintura do Túnel da Conceição em Porto Alegre, que esta inspirando aos futuros grafiteiros, como a estudante Kaetano Oliveira, de 20 anos, ”Vejo que com o aumento da arte do gra-

fite, as pessoas de um modo direto e indi-reto são afetadas, onde proporciona uma visão ampla sobre a definição de arte, além de deixar lugares cinzas mais colori-dos e proporciona a melhora de humor”.

O Crescimento da arte do grafite entre os jovens está ligado a busca de no-vas formas de política, questões sociais e os pelos seus projetos. Um exemplo o projeto Usina Urbana, da Usina do Gasô-metro em Porto Alegre que reúne artistas do mundo inteiro em prol da arte urbana. Segundo Jotapê Pax, “esse crescimento é devido ao reconhecimento que não só do grafite, mas de outras artes gráficas que tem conquistando espaço lá fora, que in-fluenciou muito o Brasil.

Para as novas gerações de ex-pressionistas e críticos permanecem os traços, deixando uma herança cultural, entre muros e asfaltos os tornando cada vez mais diferentes e bonitos.

CAROLINE CORRÊA renata tHum

Laboratório de Jornalismo cultura

Entre muros e asfaltos

Quando falamos em cultura como um todo, não há como não pensar em teatro, música ou dança. E por que não reunir todos em um só lugar? O Theatro São Pedro expressa como nenhuma outra essa democratização de cultura. O espaço começa sua trajetória em 27 de junho de 1858, ao ser fundado na presidência de Ângelo Moniz da Silveira Ferraz. Em 1862, se tornou Patrimônio Público.

Devido a condições precárias de segurança e con-servação, em 1973 o espaço é fechado. Contudo, em 1984 é reaberto depois de reformas no local.

No ano seguinte é criada a associação para admi-nistrar e auxiliar a manutenção e preservação do mesmo. Com a Associação Amigos do Theatro São Pedro (AATSP) é criada também a Orquestra de Câmara (OCTSP) mantida com apoio da iniciativa privada e um conjunto de asso-ciados. O espaço conta também com um Memorial, inau-gurado em 2008, criado para a apresentação da história do teatro mais antigo da cidade, através de fotografias e registros jornalístico.

Graças a trajetória, o TSP representa a cultura do Rio Grande do Sul nas artes de palco. É uma referência de qualidade artística. A AATSP completa 30 anos em 2015 e tem mais de mil associados, também lançada a nova marca e o novo site do teatro. O local é admirado não apenas por quem visita o teatro, mas também por seus funcionários. Segundo Tobias Ferreira, que trabalha na administração do Teatro,“trabalhar no Theatro São Pedro é estar em constante contato com a arte, em uma busca de aperfeiçoamentos; é um mundo cheio de encantos.” Cada vez mais bem conceituado e reunindo os melhores talentos de toda cultura nacional e internacional, se tor-nou uma referência e motivo de orgulho para todos que conhecem o ambiente rico e único.

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Reconstrução de uma Antiga Cultura

Em 2003 nasceu o projeto Cinemateca Capitólio, consequência da parceria da Prefeitura Municipal de Porto Alegre, Fundação de Cinema RS (FUNDACINE) e a Associação dos Amigos do Cinema Capitólio (AAMICA), com o objetivo de restaurar o antigo Cine – Theatro Ca-pitólio, a proposta era também transformar o espaço em uma cinemateca, com a função de preservar e difundir o cinema e o audiovisual do Rio Grande Do Sul. A FUNDACI-NE RS, junto com a Prefeitura Municipal de Porto Alegre, tem a missão de adquirir os recursos e fazer a gestão de desse projeto.

Em 04 de abril de 2014 foi realizado um evento para declarar o término da obra de restauro de Cinema-teca Capitólio. A cerimônia contou com a presença do prefeito José Fortunatti, algumas autoridades munici-pais e diversos veículos da impressa.

Após um longo processo de restauro, que se es-tendeu por mais de uma década, a Cinemateca Capitólio finalmente abriu suas portas em 27 de março de 2015. O público pode agora visitar o prédio e assistir a sessão de inauguração, formado pelo Curta Início do Fim, de Gustavo Spolidoro( filmado nas ruínas do prédio), e pelo longa Vento Norte, de Salomão Scaliar. A sessão inaugu-ral recebeu o apoio do Museu da Comunicação Hipólito José da Costa.

“ É um espaço de olhar pra história, pensar sobre ela e projetar o futuro aos jovens realizadores,filmes que não entrariam num circuito comercial, mostras e debates, é um lugar para dar carinho a toda essa história que aquela esquina trouxe a cidade de Porto Alegre um olhar de quanto essas imagens de movimento são im-portantes para o nosso cotidiano e o que elas ainda tem para no oferecer.” Disse o professor de cinema Roberto

Carolina Pitthan

CAROLINE CORRÊA

O Lar da Arte: 30 anos de AATSP

rafael Sanabria

CAROLINE CORRÊA

Laboratório de Jornalismo cultura

Laboratório de Jornalismo

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Clube de Mães Vila Assunçãoentrevista

Em local discreto localizado no Bairro Assunção, ninguém espera tamanha efervescência cultural. E é lá que se reúnem- em nome da música- em vários dias da semana- os artistas do Clube de Mães Vila Assunção, em sua maioria aposentados, cheios de disposição e muita história para contar. Basildes Santos Martins, 85 anos e aposentado em Engenharia Civil, conta sua trajetória musical e os anos de dedicação que tornam os saraus mensais ainda mais especiais a cada edição.

Lívia Rossa

Em uma rua tranquila do bairro Assunção, em Porto Alegre, localiza-se o Clube de Mães Vila Assunção, local destinado à diversas atividades cultu-rais. Criado em 1968, era inicialmente destinado à atividades para mulheres que procuravam ocupações longe da vida doméstica, mas ao longo dos anos, foi adquirindo novas características, incorporando o público masculino e o público jovem. Atualmente é conheci-do pelos sarais realizados mensalmente e também por recitais anuais. Contu-do, os integrantes do Clube chamam a atenção por serem, em sua grande maioria, aposentados, que adminis-tram e aperfeiçoam cada detalhe do local com muita dedicação.

Demonstrando sua lucidez e vitalidade, Basildes Silva Martins, 85 anos, Engenheiro aposentado e um dos fundadores dos sarais, conta que a mú-sica entrou na sua vida ainda na ado-lescência, quando tinha convívio com amigos músicos. Além disso, lembra os desafios impostos por seu pai para que ele pudesse ter um violão, visto que, na década de 40 o surto da tuberculose assombrava os músicos boêmios. Sendo assim, seu contato com o instrumento ficava restrito às visitas à casa de um amigo que tinha violão.

Mais tarde, em novembro de 1998, Basildes pode finalmente formar um grupo musical e se apresentar: “Eu gostava de música e criei um grupo com amigos da Faculdade de Engenha-

ria, alugávamos uma casa velha aban-donada para fazer saraus. Mas eu tinha sede por algo a mais. Minha mulher fazia parte do coral Clube de Mães e, certo dia, a presidente do clube – Iara Kramer- nos convidou para iniciar o Departamento Masculino e realizar sa-raus. Isso foi em Abril de 1999 e perma-nece até hoje”.

Ao longo de todos esses anos, muitos músicos conhecidos já fizeram parte dos sarais do Clube de Mães da Vila Assunção, como Mario Barros, Pau-lo Pinheiro e Vergínia de Abreu. Con-tudo, o músico tem orgulho em dizer que desde o início os sarais tiveram o objetivo de integrar todas as pessoas, sem qualquer tipo de preconceitos.

Sobre o clube ser integrado es-sencialmente por aposentados, Basil-des diz que a intenção nunca foi fazer um clube restrito à idosos: “nós es-tamos aqui pela música, iríamos para qualquer local que abrisse as portas para nós. Não é por ser um clube de idosos, nunca procuramos isso “. Além disso, ressalta a importância da música na sua vida e para os demais partici-pantes: “A música é um entretenimen-to muito constante; é um desafio para os músculos, para os ouvidos, para a voz e principalmente para o cérebro (prefere tocar e cantar sem ler cifras ou partituras). Também é um convívio social muito saudável”, complementa.

Embora conhecido pela música, essa não e a única atividade desenvol-

vida pelo clube. Basildes cita a criação do “ grupo perfeito “, onde são vistos filmes para serem discutidos sob o as-pecto filosófico. Os encontros ocorrem todas as terças-feiras. Também relem-bra o grupo “os arteiros”, criado para participar de eventos culturais, como teatros e apresentações culturais. Não obstante o grande número de ativida-des, os artistas ainda encontram tem-po para contribuir com projetos sociais e enviar doações de maneira religiosa para instituições: ” sabemos que em al-gumas creches aqui das creches próxi-mas faltam suprimentos nos meses em que todos estão de férias, sendo assim, nos preocupamos em enviar doações nesse período “, completa.

A respeito de planos futuros, diz que tudo já está consolidado, mas que um dos objetivos é trazer o público jo-vem para o espaço. No ano de 2014, foi realizada a terceira edição do Recital dos Netos, tentativa de estabelecer essa aproximação.

Qualquer um pode se juntar ao clube, basta apenas a vontade de cantar. Contando com três músicos fi-xos (dois tecladistas e um violonista), os integrantes escolhem com quem e quais músicas querem cantar no final do mês. Os ensaios acontecem toda quarta-feira e o repertório é variado, indo de músicas antigas à músicas mais atuais. Pós ensaio, é possível ainda participar do “são convívio”, janta co-letiva organizada pelas mulheres.

cultura

LÍVIA ROSSA

Laboratório de Jornalismo

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Uma paixão chamada rádio

Dentre tantas vertentes no cur-so de Jornalismo, alguns se apaixonam pela Televisão, outros pelo Fotojorna-lismo e há quem se apaixone pelo Ra-diojornalismo. Há ainda quem troque o sexto semestre de Educação Física para se aventurar no seu sonho de menino. Esse foi o caso do estudante de Jorna-lismo, Giovani Gafforelli.

“Sonhava em ser Jornalista des-de os 12 anos de idade, quando meu avô me deu uma máquina de escrever. Entrei no Jornalismo sonhando com o impresso, mas acabei descobrindo o rádio no terceiro semestre do curso. Acabei me apaixonando pela instanta-neidade e velocidade da informação no rádio.” explica o estudante.

Gafforelli ainda comenta que faz dois anos que trabalha com radio-jornalismo e que se sente muito feliz por fazer o que gosta. O rádio para o estudante é o que ele planeja seguir atuando, seja em veículo ou em docên-cia.

Teve uma grande oportunidade de despontar no radiojornalismo quan-do cobriu o Mundial de Atletismo Mas-ter. Da qual o governo retransmitia os

boletins que Gafforelli fazia para a rá-dio IPA. Através dessa grande experiên-cia, o jovem fez curso de locutor pro-fissional e começou a trabalhar para o governo do estado.

Segundo o professor de radiojor-nalismo da PUCRS Luciano Klockner, “ O rádio é um meio quente, onde você utiliza a voz e o diálogo. Na faculdade de comunicação, os alunos tem a opor-tunidade desde o início ao contato com o radiojornalismo, motivando a paixão pela a rádio”.

ENDEREÇOS DE ESPAÇOS CULTURAIS

Associação Centro Cultural de ArteR. dos Andradas, 1780 - CentroPorto Alegre - RS(51) 3225-9189

Casa de Cultura Mário Quintana Rua dos Andradas, 736 Contato: (51) 3221-7147Programação e informações: www.ccmq.com.br

Centro Cultural Érico Verissimo R. dos Andradas, 1223 - Centro

HistóricoPorto Alegre - RS(51) 3226-5342 Núcleo Comunitário e Cultural de Belem Novo

Av. Juca Batista, 7570 - Belém NovoPorto Alegre - RS(51) 3264-0913

Proart R. Barão do Cotegipe, 415 - São JoãoPorto Alegre - RS(51) 3019-2025

Instituto LingR. João Caetano, 440 - Três Figueiras Porto Alegre - RS (51) 3533-5700

OPÇÕES DE TEATROS EM PORTO ALEGRE

Teatro da AMRIGS Av. Ipiranga, 5311 - Paternon Porto Alegre - RS (51) 3014-2001

Teatro de Arena Av. Borges de Medeiros,835 - Centro

Histórico Porto Alegre - RS (51) 3226 - 0242

Teatro Bruno Kiefer R. dos Andradas, 736 - Centro Porto Alegre - RS (51) 3221-7147

Venha Viver o Instituto Ling Tudo começou quando um casal de chineses, Sheun Ming Ling e Lydia Wong Ling vieram para o Brasil em 1951, fu-gindo do regime comunista chinês. O casal se fixou no Rio Grande do Sul, onde começa sua caminhada de suces-so no meio empresarial. Criado em 1995, o Instituto Ling tem como objetivo principal conceder bolsas de estudo à estudantes brasi-leiros em universidades estrangeiras. Desde sua criação o Instituto já conce-deu 232 bolsas de estudo de mestrado e pós-graduação. Em 2014 ocorre a construção do Instituto Ling em Porto Alegre. A es-colha da cidade foi um agradecimento ao Brasil e ao Rio Grande do Sul pela acolhida, onde a família construiu suas empresas. A sede do instituto possuí uma arquitetura contemporânea que preserva a sustentabilidade, projetado pelo arquiteto Isay Weinfeld. O centro cultural Ling é um espaço onde a arte se expõe, mas tam-

bém onde pode saber-se mais sobre ela, com um leque de cursos nas áreas do conhecimento. O público presente é diverso, composto de estudantes uni-versitários e amantes das manifesta-ções artísticas. O prédio conta também com um auditório com capacidade de 89 pessoas, salas de aula, cafeteria, la-boratório gastronômico, loja de arti-gos, galeria e uma horta de onde são colhidos os temperos para os cursos de gastronomia. Os jardins do Instituto são outro destaque com uma variedade de plantas que vão de flores e arranjos ornamentais a plantas aromáticas.Todos os meses têm variados cursos, como: Antropologia; Arte; Ciência; Ci-nema; Filosofia; Gastronomia; História; Literatura; Mente e Música. Localizado na Rua João Caeta-no 440, bairro Três Figueiras, horários: de segunda a sexta-feira das 10h30 às 22h; sábado, das 10h30 às 21h; domin-gos e feriados das 10h30 às 20h.

Rádio Famecos

Suellen SantoS e Hermínia

rodrigo leal e rafael trenkel

CAROLINE CORRÊA

cultura

O ano era 2007. A Petrobras anunciava a descoberta e a exploração do pré-sal, alardeado como o passa-porte dos brasileiros para o futuro. A empresa chegava ao ano de 2008 com o maior valor de mercado da história: R$ 737 bilhões. Tudo indicava uma era de ouro. Surge então uma grave crise financeira global que começou a der-rubar estes planos. A empresa foi im-possibilitada de aumentar os preços da gasolina e por vezes teve que importar parte do combustível para abastecer a frota do país, comprando mais caro e vendendo mais barato aqui dentro, como forma de não pressionar a infla-ção. Além da crise financeira, erros ad-ministrativos colaboraram para a crise interna da Petrobras.

Em 2010, para poder investir, a Petrobras teve que vender novas ações: R$ 120 bilhões. Foi a maior operação de aumento de capital no mundo. Ao mesmo tempo, construía as refinarias, de Abreu e Lima, em Pernambuco, e do Comperj, no Rio de Janeiro. Anunciava também os projetos de outras duas, no Ceará e Maranhão. O excesso de pro-jetos continuou pesando no caixa e a política de reajustes da gasolina com-plicou a situação. Em 2012, a produ-ção de petróleo no Brasil caiu pela pri-meira vez em oito anos, repetindo-se em 2013 e recuperando-se apenas em 2014, quando bateu recorde. Segundo o economista Erik Moraes, formado pela UFRGS, estes são indícios de que a empresa não ia bem economicamente:

“É engano pensar que a Petrobras pas-sou a perder valor de mercado apenas após o início das denúncias de corrup-ção da Operação Lava-Jato. A operação só aprofundou a crise que já estava anunciada.” No ano de 2014 a empresa começava a mostrar sinais de recupe-ração, porém surgiram as denúncias de corrupção e as prisões da Operação Lava-Jato. Diretores da estatal, gran-des empreiteiras e políticos foram acu-sados de superfaturamento de obras, desvios e lavagem de dinheiro. Entre as prisões estão Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento da Petro-bras e Nestor Cerveró, ex-diretor da área internacional da Petrobras. Se-gundo dados preliminares divulgados pela Polícia Federal, o desvio é estima-do em mais de R$ 10 bilhões.

A mesma Petrobras que em 2008 valia R$ 737 bilhões, hoje vale R$ 127 bilhões, como se a empresa estivesse paralisada há onze anos. Moraes desta-ca que a situação é ainda mais grave: “Hoje a estatal vale menos do que an-tes da descoberta do pré-sal. É como se todas essas reservas tivessem per-dido todo o valor.” O setor de petróleo e gás é responsável por 13% do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil. O econo-mista alerta a importância disso para a economia do país: “Estatísticas apon-tam que para cada R$ 1,00 investido pela estatal, outros R$ 3,00 são gera-dos no país. É quase que uma constata-ção que quando a Petrobras vai mal, o Brasil também vai mal.”.

Laboratório de Jornalismo

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Escândalo mancha a Petrobras Christian PaCheCo

economiaDÓLAR E O “EFEITO DOMINÓ”

Diórgenes Gomes/Patrick Silva

O ano de 2015 tem sido marcado por uma série de aconteci-mentos que tem assustado e muito os brasileiros, sejam eles empresá-rios ou trabalhadores. Com o dólar valorizado cada vez mais frente ao real, vários setores comerciais e em-presariais sofrem as consequências, numa espécie de “efeito dominó”. Para o professor Adjunto do Progra-ma de Pós-Graduação em Economia da FACE/PUCRS, Gustavo Inácio de Moraes, a alta da moeda america-na contribui para as exportações brasileiras, mas em relação às im-portações e movimentações cam-biais, pode ser grande obstáculo.

LabJor: Quais os aspectos positivos e negativos em relação à alta do dólar?Prof. Gustavo: Positivamente, a alta do dólar pode fortalecer as exportações brasileiras o que será importante em um momento de contas externas fragilizadas. Como aspectos negativos, a inflação sofre algum impacto da desvalorização do real frente ao dólar. Pelo custo dos insumos importados, os produ-tos se encarecem frente aos nacio-nais, permitindo aumento de preços.

LabJor: De que forma o au-mento dos juros influen-ciam na economia brasileira?Prof. Gustavo: Aumentos de juros são relevantes para a atração de ca-pitais importantes em um momen-to em que as contas externas são deficitárias. Pode-se esperar que a atividade econômica recue ainda mais. No final ainda podemos espe-rar um aumento do desemprego.

LabJor: Como fica a confian-ça na economia brasileira em relação ao exterior? E em rela-ção à exportação e importação?Prof. Gustavo: Isso já acontece pela volatilidade do real, no qual exporta-dores e importadores evitam fechar contratos, pois desconhecem qual o nível de fato da moeda. De resto, a nossa confiança depende fundamen-talmente da nota de risco. Qualquer rebaixamento da nota no mercado mundial será decisivo para novas rodadas de instabilidade econômi-ca, inclusive no comércio exterior.

Estatal enfrenta maior crise de sua história.

AGÊNCIA BRASIL

Em meio a tantas manifestações no Brasil, é quase que obrigatório que seja feita uma discussão sobre a crise política que o país enfrenta. O Lab-Jor entrevistou o economista Gustavo Inácio de Morais, Doutor em economia pela USP e atualmente professor da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul.

“Existe uma crise no contexto brasileiro, que é principalmente de-rivada das dificuldades com a política econômica brasileira, uma ausência de credibilidade em relação à política fiscal.” Afirma o professor Gustavo que ainda ressalta que o Brasil, desde 1995 tem superado ajustes fiscais, tem con-seguido economizar e fez as suas des-pesas caberem dentro da arrecadação prevista. De 2012 para cá, essa conjun-tura se modificou. O país passou a ter uma situação de déficit permanente, sobretudo no ano de 2014, no qual ti-vemos superávit primário.

Ao ser questionado se a crise é brasileira, o economista afirma que o contexto da crise mundial não é favorá-vel ao Brasil. Existe uma desaceleração na China, a economia americana não se recuperou o suficiente, apesar de crescer, não tem um crescimento con-sistente e adequado pela ótica do Ban-co Central Americano, então, todo esse caldo acaba prejudicando o Brasil, que tem exportações fundamentalmente concentradas em commodities, como os agrícolas, minerais (soja, minério de ferro, itens agrícolas que fazem parte da balança comercial), com os preços declinando no mercado internacional tornando mais difíceis a recuperação

econômica do país.Gustavo ainda afirma que são

dois os culpados: o conjuntural, com a equipe fiscal que desde 2012 acelera-ram os gastos do governo. O segundo culpado seria o ordenamento jurídico político, especialmente a constituição de 1988, que é uma constituição do ponto de vista da garantia dos direitos fundamentais, que é muito importan-te, pois estávamos saindo de um perío-do de ditadura, reescrevemos a consti-tuição e ela traz esse caldo.

Há uma grande confusão entre municípios, estados e união sobre res-ponsabilidades, atribuições e princi-palmente sobre a capacidade de arre-cadação. Hoje boa parte dos impostos é arrecadado pela união e mais tarde são transferidos aos estados e municí-pios.

O professor finaliza dizendo que de fato, enxergamos inúmeras institu-cionalidades complexas no Brasil, isso acaba dificultando no processo econô-mico. Um exemplo é o conflito entre o legislativo e executivo no plano fede-ral. Isso acontece também nos planos estaduais e municipais apesar de gerar o problema, a última administração fe-deral também traz uma solução impor-tante, a reforma política.

No meio de tantos conflitos, o trabalhador fica de lado. Crise exter-na, crise interna e muitas vezes os di-reitos dos trabalhadores que são corta-dos para que essa confusão toda possa ser amenizada. Não sabemos se o atual ou futuros governos resolverão isso, mas sabemos que somos nós os maiores prejudicados nessa história.

Laboratório de Jornalismo

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Política brasileira em alerta Carolina Silva

economiaTERCEIRIZAÇÃO: ENTENDA

O PROJETO Lukas Almeida

O economista Cícero Pericles, em entrevista ao jornal Bom Dia Alagoas, explica que o projeto de Terceirização do Trabalho existe desde 2004. Foi reativado em 2011 e aprovado dia 08 de abril de 2015. Pela pressão social está sofrendo modificações antes de ir para o senado e ser sancionada pela presidente. Um dos trechos polêmicos da proposta é a que permite a terceirização de qualquer atividade. Atualmente somente as chamadas atividades-meio das empresas podem ser terceirizadas, mas não as atividades-fim .

A terceirização na prática é a possibilidade da empresa contratar uma outra firma para realizar serviços internos que seriam teoricamente inerentes a essa empresa. No Brasil já existe a terceirização há muitos anos, doze dos 50 milhões de trabalhadores que têm carteira assinada trabalham em empresas que prestam serviços terceirizados. De cada quatro trabalhadores, um já é terceirizado. O projeto de lei fará com que os terceirizados tenham os mesmos benefícios da empresa contratante, o que não acontece hoje.

A empresa terceirizada oferece apenas serviços técnico e especializado, cabe a empresa contratante a obrigação de fiscalizar o pagamento dos direitos previdenciários e trabalhistas.

Os grandes conflitos gerados por este plano são, de um lado os ganhos da empresa e do outro os direitos trabalhistas. A lei a favor dos ganhos da empresa trará agilidade na produção, aumento de emprego, qualidade e eficiência através dessa seletividade.Os terceirizados terão os mesmos benefícios da empresa contratante. Em contra partida também proporcionará perda dos direitos trabalhistas e salários menores (estudos apontam que os terceirizados ganham 25% menos).

CAROLINA SILVA

Moraes é professor Adjunto do Programa de Pós-Graduação em Economia da FACE/PUCRS

AGËNCIA BRASIL

É necessária uma reciprocidade tanto dos indivíduos quanto do Estado em relação à liberdade. Essa concep-ção, vista do indivíduo, chama-se liber-dade; vista do Estado, chama-se poder. O conflito entre as liberdades públicas e o poder representa a própria crise da democracia, e será vencida com a legiti-mação social do processo legislativo. Tal variação comprova que a historicidade é um fenômeno predominante para o direito e para a sociedade (tomando-se como exemplo há cem anos atrás, que as pessoas se viam no “direito” de se-rem racistas).

Ao mesmo passo, hoje as pessoas sentem-se conformadas ao afirmarem que o aborto é um crime. Partindo-se do pressuposto que a identidade é um pro-duto cultural e histórico e a vida consis-te numa constante mudança, é provável que futuramente o aborto não seja mais um tabu. Talvez a questão não seja “ser a favor ou contra o aborto”, pois o di-reito à vida é o maior dos direitos, mas seja sim ser a favor da legalização de algo que traz malefícios incalculáveis, tanto biológicos quanto sociais. É uma

questão de saúde pública.De acordo com pesquisa da an-

tropóloga Débora Diniz (UnB), uma em cada cinco mulheres brasileiras de até 40 anos já realizou um aborto. No mí-nimo um número elevado. Portanto, é necessária uma ação conjunta, tanto do Estado quanto da sociedade, para que se discuta o tema livre de preconceitos. A inconformidade da massa faz-se mais que necesssária, faz-se obrigatória. Contudo, vale lembrar também que a luta não é (apenas) da massa, mas in-dividual. Hoje o conservadorismo pauta o Congresso Nacional, todavia ele é (ou deveria ser) a voz do povo, o que muitas vezes não condizer com a realidade.

Se Thoreau estava certo acerca de “os governos demonstram até que ponto os homens podem ser enganados, ou enganar a si mesmos, para seu pró-prio benefício’’, as máximas decisões devem partir dos indivíduos, não do Es-tado. Enquanto muitos esperam de bra-ços cruzados o governo tomar partido, a democracia continua sendo uma equa-ção na qual aumentam-se cada vez mais as incógnitas.

Foi aprovada pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara no mês de março, a proposta que reduz a maioridade penal no Brasil de 18 para 16 anos. O assunto gerou polêmica. Houve manifestações em diversas cida-des do Brasil contra a PEC. Ao todo, 87% dos brasileiros são favoráveis à redução da maioridade penal, segundo a pesqui-sa do Datafolha divulgada no dia 15 de abril. Contrários à mudança são 11% e indiferentes 1%.

“Essa situação em nenhum mo-mento vai diminuir a violência. As ques-tões que irão diminuir a violência é ein-vestindo em educação” disse o Vereador Delegado Cleiton.

A presidenta Dilma Rousseff disse em sua página no Facebook, que a redu-ção da maioridade penal não resolverá o “problema de delinquência juvenil” no país.

A PEC foi apresentada em agosto

de 1993 e ficou mais de 21 anos parada. Neste ano, a CCJ retomou as discussões após várias tentativas de adiantamento por parlamentares contrários. Em todo Brasil houve discussões contrárias sobre a aprovação.

O Brasil tem a quarta maior po-pulação carcerária do mundo. O siste-

ma penitenciário brasileiro não tem cumprido sua função social de controle, reinserção e reeducação dos agentes da violência. Ao contrário, tem demonstra-do ser uma “escola do crime”. Portanto, nenhum tipo de experiência na cadeia pode contribuir com o processo de re-educação e reintegração dos jovens na sociedade.

“Se analisar-mos, o número de crimes cometidos por menores chega a 10%. A saída para diminuir a violência é 100% educação” afirmou o Vereador

Porém, devemos lembrar que o adolescente, em conflito com a lei, ao saber que não receberá as mesmas pe-nas de um adulto, não se inibe ao come-ter mais atos infracionais. Isso alimenta a sensação de impunidade e gera crimes que jamais poderiam acontecer. Um menor de idade sabe que, em função de sua idade, poderá cometer quantos de-litos puder, sabendo que terá uma pena branda.

Laboratório de Jornalismo

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Estado x liberdadesindividuais

Senado “ressuscita” a discussão da maioridade penal

João camilo grazziotin portal

camila Spanemberg

Jornalismo para quem?

O jornalismo tem como com-promisso a verdade e a justiça. É essencial para a informação (e, quem dera, para o conhecimento) da sociedade. Segundo Juremir Machado em seu livro A miséria do jornalismo brasileiro, “nada pro-voca mais medo no Brasil, além da polícia, do que a mídia”.

Por que a mídia apenas no-ticia uma parte da corrupção? Por que será que o episódio de Charlie Hebdo teve tanta repercussão? Por que as chacinas africanas quase que diárias não são noticiadas pela grande mídia? Será isso um res-quício da escravidão? Será que a segregação racial não tem ligação com a desigualdade social? É claro que sim.

É evidente que, devido ao vício opinativo humano, a impar-cialidade é uma utopia mitológica do jornalismo. Mas as pessoas não pedem imparclialidade; pedem o contexto socio-cultural real, os discursos de quem não tem voz, a realidade como um todo. Talvez esta seja a premissa maior dentre os jornalistas (e demais sonhado-res): não transmitir informação, mas sim conhecimento crítico para que o horizonte se prolongue para todos.

política

CAMILA SPANEMBERG

A população tem se manifesta-do insatisfeita com o mandato da atual presidente da República, o que pode ser comprovado pelos mais de 20 pedidos de impeachment protocolados no de-correr de seus mandatos.

Segundo dados obtidos pelo Ins-tituto de pesquisa Data Folha, “Dilma Rousseff enfrenta a insatisfação da maioria da população com seu gover-no. Atualmente, 62% dos brasileiros com 16 anos ou mais avaliam a gestão da petista como ruim ou péssima, 13% a consideram ótima ou boa, e para 24% é regular”. Esta insatisfação por parte da população se deve principalmente à alta da inflação, a perda da metade do poder de compra do salário ao longo do mês, o aumento e sucessivo conge-lamento de preços, problemas de de-

sabastecimento, falta de produtos nas prateleiras, etc.

A sociedade se mostra apreensi-va com as medidas adotadas pela presi-dente, pois não estão sendo conciliadas com as propostas feitas ao longo de sua candidatura, o que vem ocasionando uma série de manifestações em diversas partes do país.

A crise começou a ficar em evi-dencia com o estouro do escândalo da

Petrobras. Devido a isso, sua populari-dade foi caindo e seu governo se depre-ciando. Todavia, a imagem da Petrobrás está novamente se consolidando. Por outro lado, a da presidente continua sendo vista de forma negativa aos olhos de toda a população brasileira que des-contente com tudo, tem demonstrado sua indignação. João Adolfo Guerreiro, funcionário público e licenciado em Sociologia na Unisinos – RS, expressa seu ponto de vis-ta em relação ao governo atual, “Gostei muito do primeiro mandato de Dilma, principalmente das políticas de inclusão social (Bolsa Família), que diminuíram sensivelmente a pobreza no Brasil, e da Educação.”

Ele tambem afirma que “O go-verno começa em uma situação de fragilidade política, acossado pelas de-núncias de corrupção, pela fragilização de sua base parlamentar no Congresso Nacional e pelos significativos protes-tos hegemonizados pela classe média conservadora nas ruas . Não vejo o país em crise, então não vejo a economia piorando, apenas entendo que estamos num momento de refluxo econômico e que o governo está respondendo com o ajuste fiscal que tramita no Congresso Nacional, o qual ele tenta apoio para a aprovação. É o caminho claro que o go-verno está sinalizando que vai seguir.”

Em meio à ataques que vêm de todas as classes sociais, e um choque de visões políticas bastante opostas, cabe a Dilma reorientar seu governo e buscar recuperar a ordem e a harmonia entre o governo e a sociedade, fazendo com que a mesma se sinta novamente satis-feita e valorizada.

Laboratório de Jornalismo

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política

O reflexo da crise na sociedade atualAtualmente, a crise vêm

sendo um assunto muito foca-do pela mídia. Sabemos que ela não vem de hoje e que também nao acabará em bre-ve, como mostram os abusivos aumentos com os quais temos lidado. A crise é político-eco-nômica, mas o foco maior é a falta de credibilidade com a qual o governo está lidando.

“Não vejo o país em crise, então não vejo a economia piorando, apenas entendo que

estamos num momento de refluxo econômico.”

O ponto mais complicado de uma manifestação social ou políti-ca sempre foi o de mobilizar e or-ganizar a população. Contudo, hoje contamos com uma grande aliada para chamar a atenção do publico, que é a internet. Através de men-sagens enviadas por meio de redes sociais, os objetivos vem sendo satisfatoriamente alcancados.

O jovem vem se mostran-do disposto a assumir o papel de protagonista na busca por novos meios de mudar a sociedade. Hoje os percebemos não apenas como uma situação de vida, mas tam-bém como um grupo que se or-ganiza a partir de características culturais e sociologicas próprias. Trazendo um exemplo de uma re-alidade próxima, temos os das ma-nifestações ocorridas em diversas partes do país no dia 15 de março, reivindicando diversas mudanças.

A iserção da juventude na política é de extrema importância para renová-la, trazer novas idéias e construir novos caminhos para o Brasil. Felizmente, cada vez mais os jovens vem se tomando dessa responsabilidade. E será atraves dessa participacao consciente de-les na política, que o Brasil se afir-mará como uma nação próspera.

JOVENS: PROTAGO-NISTAS DE UMA NOVA

POLÍTICA

Manifestações de 15 de março

WIKIMEDIA Marina Petinelli e taMires Possa

A parceria entre os cães e a po-licia vem desde o século XVII quando na Europa os animais passaram a ser uti-lizados devido ao olfato apuradíssimo, mas foi somente nos anos 70 que eles realmente integraram a equipe poli-cial, e até hoje são parte essencial nos trabalhos de investigação e resgate.

Com treinamento especial, os cães aprendem a reconhecer os mais diversos tipos de drogas apenas pelo olfato, podem encontrar bombas e também pessoas desaparecidas. São usados também para intimidar os ban-didos e evitar o confronto físico com a polícia. O uso desses cães no trabalho policial já foi explorado inúmeras ve-zes por Hollywood, com histórias como as do filme “K-9 Um policial bom pra cachorro.” Lançado em 1989, conta a historia de um policial que solicita um cão da raça pastor alemão para ajuda--lo a desmanchar uma quadrilha de trá-fico de drogas.

Existem varias raças para cães policiais. Contudo, nem todas estão adequadas ao trabalho. Você nunca vai ver um Poodle ou um Lhasa-Apso em uma operação policial, pois essas raças são muito frágeis para um serviço rigo-roso. Os animais passam por um trei-namento pesado, para que o cão, alem de disciplinado, venha estar apto a agir em situações de extremo perigo. O mé-todo usado pelos adestradores para o

faro de drogas é a associação. Durante o processo, o cão cria uma ligação en-tre seu brinquedo favorito e o cheiro dos entorpecentes, e sabe que quando encontra-lo será recompensado.

Em fevereiro deste ano, duran-te uma revista de rotina na Rodoviária de Porto Alegre, um cão farejador do Batalhão de operações especiais (BOE) encontrou 150 kg de maconha em uma mochila no guarda-volumes, mostrando a efetividade do uso de cães em opera-ções anti-drogas.

Muitas pessoas compram, ou adotam cães de raças policiais e os colocam para proteger a proprieda-de, mas sem o treinamento adequado o cão pode se tornar extremamen-te perigoso para a vizinhança e até para o morador, então aconselha-se que aqueles que querem ter um cão de guarda devem procurar um espe-cialista em adestramento para que o cão fique apto para exercer a função, e transmita segurança ao invés de medo.

Laboratório de Jornalismo

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Os cães no combate ao crime.

Projeto mapeia ruas de risco na capitalPorto Alegre é uma das capitais

brasileiras com o maior índice de furtos e assaltos de veículos. Estima-se que dezenove carros são roubados por dia na capital gaúcha. O número de ocor-rências na cidade ultrapassa até mesmo os das maiores metrópoles brasileiras, como São Paulo e Rio de Janeiro. Com a finalidade de impedir o aumento desses números, três estudantes de Publicida-de inovaram criando o projeto Acatisia: Ruas de Risco, uma forma de alertar os motoristas se a rua onde estão deixan-do seus carros estacionados é segura ou não.

Acatisia é o nome dado a uma síndrome que causa no paciente a im-possibilidade de permanecer parado. Os criadores desse projeto usaram o nome dessa síndrome para manifestar sua in-quietação diante dos problemas sociais.

A campanha Ruas de Risco surgiu den-tro disso para garantir maior segurança para os moradores da capital e de seus veículos.

A ideia surgiu quando dois desses estudantes foram até a casa de outro e fizeram uma simples pergunta: “é se-guro estacionar o carro na sua rua?”. O objetivo do projeto é alertar os mo-toristas e pedestres quais as ruas onde mais houveram casos de furtos e roubos de veículos. Para selecionar tais ruas, os responsáveis pela campanha consulta-ram a Secretaria de Segurança Pública de Porto Alegre para ver quais as ruas mais registradas como cenas de crimes desse tipo. Foram marcadas mais de 20 ruas da cidade, grande parte concentra-da na região central, em bairros como Cidade Baixa, Independência, Mont Ser-rat, Petrópolis, Centro, entre outros.

Os elaboradores da iniciativa utilizaram adesivos com a mensagem “Alto índice de furtos e roubos” nas placas com os nomes das ruas selecionadas para dar esse alerta e garantir maior segurança. Tudo foi custeado independentemente.

Acatisia: Ruas de Risco conta com amplo apoio de veículos de comu-nicação para divulgação e uma recep-ção bastante positiva do público. Os atuais integrantes do movimento, Pedro Heckmann, Guilherme Piazza e Eduar-do Garske, procuram ampliar cada vez mais o alcance dessa ideia e dar vida a novos projetos. Sempre priorizando a segurança dos civis. “Temos muitas ideias, mas sempre acabamos esbarran-do na verba e na realização da mesma”, informou Heckmann.

Câmera de segurança

Juliano Baranano

polícia

Pedro damasio Hameister

ANDRÉ GUSTAVO STUMPF

O GOC é o grupo tático especializado no treinamento dos cães.

Quais os limites da internet nos dias atuais? Sabemos usá-la de forma correta? Separamos alguns tópicos re-lacionados a esse assunto, e ouvimos alguns especialistas em crimes da in-ternet para que possamos compreen-der e assim alertar os usuários sobre os riscos presentes assim que acessa-mos o www.

Vivemos na era da informação, também conhecida como era digital ou tecnológica. É muito comum encontrar-mos pessoas em lugares públicos e pri-vados, conectadas em seus celulares, iPads, tablets ou notebooks. O número de usuários não tem crescido e com eles aumenta, também, a exposição dos mesmos, principalmente nas redes so-ciais. Qualquer pessoa que utiliza a in-ternet corre o risco de ter sua privaci-dade exposta e ser vítima dos chamados cibercrimes. É do cotidiano das pessoas participar de grupos no aplicativo What-sapp, no qual os usuários compartilham uma gama enorme de vídeos e fotos. Portanto, é importante tomar cuidado com o material enviado e recebido.

"Os autores podem ser processa-dos por divulgação de material porno-gráfico envolvendo menores por meios telemáticos. A pena vai de 3 a 6 anos de reclusão"– explica o delegado João Antônio Merten Peixoto.

Há ainda, a Lei Carolina Dieck-mann, em referência à atriz cujas fotos íntimas foram roubadas de seu compu-tador e divulgadas na internet em maio de 2012. A pena prevista para quem "in-vadir dispositivo informático alheio", de notebook a smartphone, com o fim de "obter, adulterar ou destruir dados ou informações sem autorização expressa" é de 3 meses a 1 ano de prisão, além de multa. A mesma pena será aplicada a quem produzir, oferecer ou vender programas que permitam a invasão de sistemas e computadores alheios.

Além disso, quem violar e-mails contendo informações sigilosas priva-das ou comerciais pode ser condenado de 6 meses a 2 anos de prisão. A pena será aumentada em até dois terços se houver divulgação ou comercialização dos dados furtados.

Num outro contexto, grupos po-liticamente motivados utilizam a inter-net para difundir informações e rein-vindicações sem qualquer elemento intermediário. Esse conjunto de ações denomina-se Ciberativismo, um termo recente, mas muito relevante. O obje-tivo é buscar apoio, debater organizar

e mobilizar indivíduos de diferentes localidades para ações em prol de uma causa.

Os movimentos no Brasil e no mundo vêm mostrando o potencial des-sa nova forma de mobilização. Ao con-trário do que se via nos anos 80, com movimentos sociais de base, as lutas sociais modernas caracterizam-se pela falta de líderes, trajeto e horários de início e término definidos. Porém, há grupos que utilizam desse mesmo meio

para disseminar preconceitos.A Constituição Federal Brasilei-

ra estabelece a liberdade de expressão como uma garantia individual do cida-dão brasileiro, desde que não atinja a honra de terceiros. Segundo o Delegado da Policia Civil Emerson Wendt, espe-cialista em crimes virtuais e professor de Inteligência das academias de polícia de Porto Alegre, no momento em que a pessoa começa a ofender ou atacar, prejudicando outras pessoas, isso deixa de ser um ativismo e passa a ser con-

siderado um crime cibernético. Wendt explica que existem três principais clas-sificações segundo o código penal: calú-nia (art.138); difamação (art.139) e in-júria (art.140). Mais apologia ao crime e às drogas (art. 287) e racismo (art.5) também se enquadram nesse perfil de delito cibernético. Ele alerta que as pu-nições nesses delitos serão tão severas quanto os atos cometidos fora das re-des. O delegado alerta ainda que “toda vez que os órgãos de polícia recebem denúncias de crimes virtuais, nós agi-mos da mesma maneira que com crimes comuns do dia a dia: vamos tentar loca-lizar o perfil ou o usuário, para poder-mos puni-lo, segundo determina a lei”.

As pessoas estavam acostumadas a conviver no seu círculo de amigos e familiares; hoje convive-se em rede, ou no termo mais conhecido como “Onli-ne”: um círculo que abrange muito mais gente, num fenômeno chamado globa-lização. Qualquer conteúdo atinge mi-lhares de pessoas, mesmo que a inten-ção incial não seja essa. A internet pode influenciar novas maneiras de construir relações sociais e atividades que criam novas visões de mundo, desde que seja usada com sabedoria. No entanto, quem for vítima de Cibercrimes deve delatar o incidente junto a Delegacia de Repressão aos Crimes Informáticos (DRCI) e o Departamento Estadual de Investigações Criminais (DEIC), através dos números de telefone 3288.9815, 3288.9817 ou, pessoalmente, no ende-reço Av. Cristiano Fischer, 1440.

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Limites e cuidados na era digital Camila lara e Paula SChmitt

polícia

"as punições nesses delitos

serão tão severas quanto os atos

cometidos fora da rede"

EIGENES WERK

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Desejo brasileiroO Comitê Olímpico

Brasileiro traçou para as Olimpíadas do Rio em 2016 a mais ousada meta da historia do esporte olímpico brasileiro. Deseja terminar entre os 10 primeiros colocados do quadro geral de medalhas. O COB Estima ser possível ganhar 10 medalhas de ouro, com atletas conhecidos como Cesar Cielo, Arthur Zanetti, Fabiana Murer, Mayra Aguiar e as equipes de vôlei e futebol tanto feminino quanto masculino, ou com atletas não tão conhecidos pelo grande público como Ana Marcela Cunha, da Maratona Aquática, Martine Grael e Kahena Kunze, da Vela, Mauro Vinicius da

Silva, do atletismo.

Arthur SAuti e vítor AlveS

Para tornar real o sonho de fi-gurar entre as 10 melhores equipes da competição em 2016, o COB foi estu-dar as práticas das principais poten-cias olímpicas como os Estados Unidos, China, e França. Avaliou os métodos de cada país e concluiu que o Brasil deve ampliar as estruturas de mais 20 moda-lidades para atingir esse objetivo. Se-gundo, o Comitê, “A receita é dosar, de forma científica, habilidade e talento com potencial de resultado”.

Outra informação da qual o Co-mitê se fez valer foi da importância dos chamados carros-chefes. Nenhum país consegue investir igualmente em todas as modalidades olímpicas. Um esporte acaba se sobressaindo perante os de-mais e sendo assim, considerado um carro-chefe.

Uma modalidade carro-chefe é aquela em que o país se destaca de ma-neira relevante exclusivamente nela. Um exemplo disso é a Austrália que foi Top 3 na natação em Pequim, Atenas e Sidney. Na história da natação olímpi-ca ocupa o segundo lugar, atrás apenas dos Estados Unidos que já são uma con-solidada potência olímpica.

Desde os anos 2000 o Brasil ga-rante medalhas em pelo menos sete

modalidades. Segundo cálculos feitos por estatísticos para figurar entre os dez melhores, o Brasil precisa garantir medalhas em pelo menos 13 modalida-des e ter entre esses esportes um que seja seu carro-chefe.

Dentre os esportes, o que mais tem potencial para ser um carro-chefe é o judô. Onde o Brasil já conquistou 19 medalhas ao todo em sua história olímpica. Nas olimpíadas de 2008, em Pequim, a equipe de Judô brasileira conquistou três medalhas, em Londres 2012, conquistou quatro. Ao todo um país pode ganhar no Judô no máximo 14 das 56 medalhas disputadas.

O Brasil, mesmo considerado por muitos “ O País do futebol’’, ainda não conquistou nenhuma medalha de ouro nesta modalidade olímpica. Oportuni-dades para ganhar o ouro não faltaram. Em uma delas, ocorreu a inesquecível e traumática derrota para a seleção ni-geriana. A seleção brasileira, em 1996, contava jogadores como Dida, Ronaldo, Roberto Carlos, Rivaldo, entre outras jovens promessas. Esta partida ficou

marcada pela grande atuação de Kanu, que marcou dois gols, sendo o último deles na prorrogação. Naquela época, após os 90 minutos, o jogo era decidido no “golden goal,” onde o primeiro a fa-zer o gol, se classificava.

Depois de 96, o país somou mais quatro companhas lastimáveis, na úl-tima delas, perdendo a final por 2x1 para o México. Mesmo contando com Neymar, Ganso e Oscar, a seleção cana-rinho não conseguiu superar a retranca mexicana.

Com tantos fracassos acumula-dos, a seleção comandada por Alexan-dre Gallo tenta buscar a tão sonhada medalha dourada. Mesmo sem contar com grandes estrelas, a equipe brasi-leira sempre entra como uma das fa-voritas, devido a sua grande tradição em grandes competições. Jogando em casa, o apoio da torcida tem papel im-portantíssimo durante a competição. Para que isso aconteça, será de fun-damental importância que a derrota sofrida para Alemanha seja esquecida, pelo fato dela ter ocorrido no país.

esporte

TIMEBRASIL

esporte Laboratório de Jornalismo

O começo de um sonho

O desejo de ser jogador de futebol muitas vezes é visto como única saída de dar um futuro melhor para sua família. Para que o jovem da categoria de base venha a ter sucesso,deve focar nas orientações que receberá nos clubes, assim como trazer de casa uma boa estrutura fa-miliar, o que é muito difícil, tendo em vista que na sua grande maioria são oriundos de famílias pobres, caren-tes que esperam destes meninos, um futuro promissor com fama e dinhei-ro. Os clubes por sua vez tratam de orientar estes jovens no sentido de que devem estudar, focar nas ativi-dades esportivas orientadas pelos su-pervisores dos clubes, tendo em vista que a carreira de jogador de futebol é curta, não durando mais do que 15/18 anos.

Perguntamos ao jogador Frank Willian da Sapucaiense de 18 anos:

LabJor: De que maneira a fa-mília apoia na sua carreira como jo-gador?

Frank: A família apoia na car-reira com incentivo, acreditando jun-to com a gente que vai dar certo.

Outro entrevistado joga no time Sub-20 do Grêmio de Porto Ale-gre, Vinicius Soares.

LabJor: O que você pensa em fazer quando a carreira como jogador acabar? E sua família tem alguma opi-nião sobre isso?

Vinicius: Penso em seguir en-volvido no futebol, faço Ed. Física com essa intenção. Minha família

aprova isso por ser uma coisa que to-dos nós gostamos, sendo que eu con-sigo manter os estudos junto com o futebol e isso agrada a todos.

Disciplina seria a palavra certa para se usar aos jogadores de catego-ria de base. Devem ter responsabili-dade desde cedo, sendo assim come-çando uma vida adulta antes da hora. Tantos olheiros e empresários explo-

ram cada vez mais os meninos, ten-tando visar o rendimento financeiro que o jovem profissional pode dar no futuro através de seu talento.

Entrevistamos o ex-jogador de futsal e atual técnico de futebol Or-tiz:

LabJor: Como você influencia na fase de amadurecimento dos me-ninos? Em relação a família e escola?

Ortiz: São feitas inúmeras ações em conjunto do departamento de psicologia e da assistência social, juntamente com a comissão técnica

da categoria.LabJor: Quando o jogador não

da certo como é feita a dispensa dos meninos?

Ortiz: Pergunta ampla, porque acontece de diferentes maneiras, por término de contrato, por indisciplina, por condição técnica insuficiente, etc..., mas todos os dispensados são conduzidos pelas assistentes sociais com o pessoal da avaliação e do ad-ministrativo, comunicando pais, re-presentantes, empresários para que o atleta saia daqui seguro em todos os sentidos! Inclusive ao sair ele pre-enche uma ficha falando da estrutura e impressões do clube para que pos-samos ter um feedback.

LabJor: É feita alguma pre-paração psicológica com os meninos para o momento em que se tornarem profissionais? Como?

Ortiz: À preparação é feita durante todo o período que ele se encontra na base, não só pelo depar-tamento psicológico como por todas as áreas, num processo de formação todo o seu perfil é detalhado e acom-panhado mensalmente, para que quando chegue ao profissional tenha-mos um histórico completo.

O relacionamento entre em-presário e jogador em início de car-reira pode ser comparado com um sentimento de padrinho e afilhado, pois o orientador vai investir em seu cliente dando todo tipo de estrutu-ra possível, que possa lhe tornar um grande profissional.

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BarBara SancheS, carolina chaSSot e João Victor teixeira

“Em início de car-reira pode ser com-parado com um senti-mento de padrinho e afilhado.”

Meninos da base buscam diariamente realizar o sonho de ser jogador

PAUL WILKINSON

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O Beach Tennis ou Tênis de Praia é um esporte que surgiu na Itália e chegou ao Brasil em 2008. Muitas cida-des brasileiras se tornaram referência na prática do esporte. O país já figura como a segunda potência mundial.

A criação da Associação dos Jo-gadores de Beach Tennis, que reúne diversos atletas, tem como objetivo fo-mentar a pratica do esporte no Brasil, bem como auxiliar na criação de um sistema mais profissional para os atle-tas que pretendem seguir carreira.

O Beach Tennis pode ser disputa-do nas modalidades simples e duplas.A raquete e a bola são padronizados, com tamanho e especificações defini-das. O jogo é disputado em uma qua-dra de areia com uma rede no meio medindo 1,70m de altura. O objetivo é o mesmo do tênis: fazer com que a bola atinja a quadra do adversário dentro dos limites que são sinalizados por cordas fixadas na areia. O BT segue a mesma contagem de pontos do tênis convencional exceto pela ausência da

vantagem.Gabriel Cidade é praticante

e professor de Beach Tennis há cinco anos e destaca que a cada dia mais as pessoas que começam a praticá-lo se identificam e gostam muito. Ele vê grande futuro do Beach Tennis no Brasil e disse que o esporte pode ser prati-cado por qualquer pessoa de qualquer idade. Além de ser divertido, o Beach Tennis também faz muito bem a saúde completou o professor. Gabriel ressal-ta que o condicionamento físico e de-senvolvimento de reflexos rápidos são consequências da prática frequente do esporte, que durante uma partida de uma hora pode ajudar o atleta a perder até 600 calorias.

Gabriel acredita que em alguns anos o Beach Tennis possa tornar-se um esporte olímpico. Segundo ele, isto pode ocorrer devido ao rápido e sólido crescimento da modalidade. Isso ocor-re, pois cada vez mais as pessoas estão descobrindo esse esporte e como é pos-sível se divertir com ele.

Pedro Thebich e ViToria mendes

VîTor alVes

O fenômeno do Beach Tenis

O ex-campeão de MMA, maior vencedor da história desse esporte, Anderson Silva, quer buscar o ouro olímpico. Em 2014, Anderson foi pego no exame antidoping da Comissão Atlética de Nevada após a vitória so-bre Nick Diaz no UFC e perdeu o pres-tígio e admiração que tinha de muitos brasileiros. Para reconquistar a nação brasileira, o Spider quer representar o Brasil nos Jogos do Rio em 2016. Como o MMA não é uma modalidade olímpica, o lutador brasileiro vai con-correr ao ouro pelo Taekwondo.

Para Anderson isso não será problema, pois ele praticou essa arte marcial dos 7 aos 17 anos. No entanto, apenas ser Anderson Silva não garante a participação nesta mo-dalidade. A Confederação Brasileira de Taekwondo afirmou que Anderson terá de adquirir o direito de disputar as Olímpiadas lutando.

Como país anfitrião dos Jogos, o Brasil tem direito a quatro vagas, duas no masculino e duas no femini-no. Uma das vagas será destinada ao peso do Spider, 80kg. Contudo, serão disputadas seletivas nacionais em ja-neiro de 2016. Se Anderson obtiver bom desempenho estará apto a dis-putar as Olímpiadas.

Nas seletivas de janeiro An-derson não terá vida fácil. Número 18 do ranking mundial de Taekwondo na categoria 80Kg, o brasileiro Gui-lherme Félix é o grande adversário do Spider nessa competição. Para Gui-lherme, Anderson tomou essa medida de ir para o Taekwondo apenas por marketing pessoal e para mudar sua imagem, que ficou manchada após o possível doping. O medalhista pana-mericano, Diogo Silva, também co-mentou a atitude de Anderson. Para ele, a chance de Anderson não se dar bem no Taekwondo é de 90%.

Quem ficou contente com a ida de Anderson para o Taekwondo foi o Presidente da CBTK, César Fernan-des. Para ele, o retorno de mídia e marketing que o Spider trará ao es-porte é como “ganhar na loteria”.

Anderson agora foca nos trei-namentos para chegar bem em janei-ro nas seletivas e poder fazer uma boa olímpiada. Assim, aos poucos, o Spider vai reconquistando o seu país que no momento está decepcionado com ele.

Laboratório de Jornalismo

Cresce o número de praticantes no Brasil

C. VINICIUS

esporteÀ volta por cima do Spider Anderson Silva

Já não é de hoje que brigas dentro de estádios de futebol são comuns. Geralmente esses atos são ocasionados por torcidas organiza-das.

São vários os casos de atos de vandalismo no mundo futebolístico, como os Holligans, que por anos as-sombraram o futebol britânico com cenas horríveis de pancadaria. Uma das maiores tragédias dos Holligans ocorreu em 1985 na Bélgica, no jogo entre Liverpool e Juventus. Foram 39 mortos. A tragédia de maior des-taque ocorreu em 1989, também em uma partida do Liverpool, contra o Nottingham Forest. A superlotação do estádio levou à morte 96. A partir dai ocorreram severas mudanças no futebol britânico.

No cenário nacional, a maio-ria dos clubes possui torcida organi-zada e os confrontos ocorrem com frequência. Atos de violência e van-dalismo por vezes se sobressaem du-rante as partidas. Exceto uma ou ou-tra torcida organizada, em geral elas são apoiadas financeiramente pelos clubes, que bancam viagens, jogos e verba para materiais. As brigas vão na contramão da propostas: se os clubes ajudam as organizações, as mesmas deveriam apoiar os clubes sem causar prejuízos e punições.

Recentemente um fato ocorrido na partida entre Atlético Paranaense e Vasco chamou a atenção da mí-dia mundial devido á gravidade das agressões entre os torcedores. Qua-tro jovens ficaram gravemente feri-dos.

No Sul, dois exemplos de mu-danças são Grêmio e Internacional, que por anos viram suas torcidas causarem pânico durante os clássi-cos Gre-nais e, atualmente, inves-tem em medidas como torcidas mis-tas e seguranças particulares, para tornar os clássicos mais amigáveis e seguros.

Parte do serviço de segurança dos jogos é feito pela Brigada Mili-tar. Segundo o Major do Batalhão de Operações Especiais Douglas da Rosa Soares, em entrevista ao jornal LabJor, o policiamento de jogos da dupla gre-nal é planejado com ante-cedência. São feitas reuniões com as torcidas organizadas, onde é alinha-do horário de ingresso e materiais que irão utilizar, além de posterio-res conversas com os administrado-res dos estádios.

Conforme Soares, quando ocorrem as brigas existe uma ordem de atuação. Primeiramente, a ação é feita por seguranças particulares dos estádios; caso seja insuficiente

se apela para intervenção policial; inicialmente a abordagem é feita de forma verbal e se necessário a for-ça física. O Major destaca ainda que qualquer jogo é um evento particu-lar e a Brigada não é paga para fazer a zeladoria do serviço privado.

O futebol envolve paixões e emoções. O torcedor sente o jogo, entende a situação do time, sabe muito bem separar que apesar de amar o futebol e o clube, o próximo está acima disso. Infelizmente uma parte pequena não partilha a ideia de civilidade dentro dos estádios e está mais para vândalos do que para torcedores, pois muitos já vão para o estádio com o intuito de brigar.

Para o major Douglas, o que alimenta e facilita as brigas é o ano-nimato. O torcedor compra o ingres-so e ninguém sabe quem é ele. Dou-glas cita a identificação biométrica como uma solução para o controle de quem está no estádio. Também exemplifica o caso da copa o mun-do no Brasil em 2014, no qual cada torcedor tinha seu ingresso com seu nome. “Esse controle não deve ser apenas do estado, a responsabilida-de tem que ser dividida com quem administra o estádio, o clube tem que cuidar do ambiente entre clube e torcedor”, diz o major.

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Matheus Menegotto Marques e Matheus Wolff dos santos

Onde está a racionalidade?Lab contracapa

Torcedores demonstram brutalidade em jogos de futebol.

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