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LABORATÓRIO DA PAISAGEM
RELATÓRIO: OFICINA-SEL SALVADOR - BA
SISTEMAS DE ESPAÇOS LIVRES URBANOS E A CONSTITUIÇÃO DA ESFERA PÚBLICA CONTEMPORÂNEA NO BRASIL. Oficina realizada em Salvador, BA nos dias 23, 24 e 25 de maio de 2010
Participantes QUAPÁ-SEL São Paulo:
Prof. Dr. Silvio Soares Macedo (coordenador)
Arq. Fany Galender
Acadêmica Mariana Yovanovich
Coordenadora do Núcleo SEL-Salvador:
Profa. Dra. Aruane Garzedin
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SUMÁRIO
1. Apresentação: Oficina QUAPA-SEL em Salvador................................ 03
2. Viagem entre São Paulo e Salvador.................................................... 03
3. Visita terrestre ..................................................................................... 04
4 . Apresentações .................................................................................... 05
5. Atividades em ateliê ............................................................................. 16
6. Anexos ................................................................................................ 22
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1. Apresentação: Oficina Quapa Sel em Salvador/BA
O presente relatório traz uma descrição das atividades desenvolvidas nos dias 23, 24
e 25 de maio de 2010, durante a Oficina QUAPÁ SEL de Salvador, BA.
A oficina seguiu o esquema usual adotado nas outras 22 oficinas já realizadas, sendo
unicamente diferenciada no quesito sobrevôo que não pode ser realizado no dia da
chegada (23/05). As demais atividades seguiram o cronograma inicialmente previsto,
quando foram realizadas visita a campo para conhecimento das principais tipologias
dos espaços livres públicos significativos do município, das características das formas
de uso e ocupação dos lotes, configurações do tecido urbano, etc.
O dia 24 foi destinado às apresentações de técnicos de órgãos públicos, membros da
Universidade e de instituições envolvidos no planejamento, implantação e gestão do
espaço livre de edificação, sendo apresentado um painel extremamente consistente da
situação da cidade de Salvador. As palestras foram sempre seguidas de debates
acalorados e esclarecedores, com intensa participação.
No último dia foram realizadas as atividades de caráter prático com a formação de
equipes voltadas para a identificação das características, conflitos e potencialidades
dos espaços livres da cidade, permitindo traçar um mapa síntese que contribuirá para
a análise conjunta das diferentes cidades estudadas.
2. Trajetos da viagem entre São Paulo e Salvador
CHEGADA:
A equipe do Núcleo São Paulo QUAPA – SEL embarcou no dia 23.05.2010 às
06h52min do Aeroporto de Congonhas, São Paulo rumo Salvador, pelo vôo TAM JJ
3732, desembarcando em Salvador às 09h25min.
SAÍDA:
A equipe do Núcleo São Paulo QUAPA – SEL embarcou no dia 25.05.2010 às
10h10min do Aeroporto de Salvador com destino a São Paulo pelo vôo GOL G3 1397,
desembarcando no do Aeroporto de Congonhas, às 14h20min.
HOSPEDAGEM
O grupo ficou alojado no Hotel Catharina Paraguaçu, localizado na Rua João Gomes,
128, no bairro do Rio Vermelho.
INFRA-ESTRUTURA DO NÚCLEO SÃO PAULO
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01 Laptop, 03 máquinas fotográfica digitais, kit de imagens digitais e dados para uso
durante a oficina.
3. Visita terrestre
Devido às más condições meteorológicas não foi realizado o sobrevôo previsto para o
dia da chegada (23/05/2010), conforme inicialmente agendado. Procedeu-se então a
visitas a alguns dos principais espaços livres públicos da cidade, tais como: Largo do
Campo Grande, Orla Marítima, Zona Portuária, Parque do Solar da Boa Vista, Dique
do Tororó e espaços livres privados como: Jardins do Museu Rodin (projeto
paisagístico arq. Raul Pereira) e jardins do MAM (projeto paisagístico arq. Rosa
Kliass).
A organização do tecido urbano também pode ser percebida através da visita a
diferentes bairros que compõem a cidade, onde foi possível verificar formas de
ocupação dos lotes, as configurações das ruas e calçadas, usos e apropriações,
processo de verticalização, etc.
A visita foi realizada pelos membros do núcleo São Paulo (Silvio Soares Macedo,
Fany Galender e Mariana Yovanovich) e pela Profa. Aruane Garzedin, da FAUUFBA e
organizadora local do evento, que durante o trajeto, foi informando o grupo paulistano
sobre as principais questões urbanísticas de Salvador, destacando os vetores de
crescimento urbano em paralelo com as ações governamentais e privadas.
Fotos de locais visitados: Dique do Tororó e Parque do Solar da Boa Vista.
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4. Apresentações
As apresentações se realizaram no auditório da FAUUFBA – Campus Federação, no
dia 24/05/2010.
9:00h Abertura
Prof. Dr. Francisco Costa / Coordenador do Curso de Pos Graduação Arquitetura
UFBA
Profa. Dra. Solange Araújo / Diretora FAUUFBA
Profa. Dra. Maria Aruane Garzedin / FAUUFBA
A Profa. Solange saudou os organizadores e participantes do evento, agradecendo a
vinda de todos. Fez uma pequena apresentação da situação urbana de Salvador,
destacando os principais problemas da cidade e, sobretudo a ausência de políticas
publicas para o conjunto urbano.
Já o Prof. Francisco destacou a relevância do evento e a importância da discussão
sobre a situação dos espaços livres da cidade.
Dando continuidade, a Profa. Aruane agradeceu aos convidados e participantes e deu
início aos trabalhos, convidando o primeiro palestrante a se apresentar.
9:30h Sistemas de Espaços Livres Urbanos
Prof. Dr. Silvio Soares Macedo / FAUUSP
O professor expôs os principais conceitos que norteiam a pesquisa (Paisagismo,
Paisagem, Sistema de Espaços Livres, Tipologias e Características do Espaço Livre
de Edificação Públicos e Privados, Areas de Conservação e Preservação). Questionou
os parâmetros adotados como índice de áreas verdes por habitante, a utilização do
conceito de área verde, permeabilidade, cobertura vegetal, etc.
Foram apresentados os fatores condicionantes da apropriação dos espaços livres
(densidade populacional, grau de mobilidade, acessibilidade, ecossistemas pré-
existentes, dimensões e formas de ocupação dos lotes, faixas de renda, programas de
uso e equipamentos existentes, tempo de ociosidade, hábitos sociais, qualidade e
manutenção do projeto paisagístico, densidade de arborização, condições climáticas)
e as ações do poder público e do mercado imobiliário foram discutidas face às
demandas da população e seus diferentes grupos sociais.
Os fatores de eficiência de um sistema foram apresentados, exemplificados através
das diversas situações encontradas no país. Como etapas de constituição temos:
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proposição, implementação de legislação, aplicação da legislação / criação de
estoques, implementação de elementos, etc.
Na segunda parte da exposição foram apresentadas as premissas do projeto temático,
seus objetivos e os resultados gerais esperados, visando o real entendimento da
situação dos espaços livres no Brasil. Foi ainda feito um balanço do atual andamento
da pesquisa, focando nas oficinas, colóquios e publicações já realizadas até a
presente data, juntamente com a apresentação dos mapas e das simulações da
legislação já realizadas para diversas cidades brasileiras.
Fotos da apresentação do Prof. Dr. Silvio Soares Macedo e da platéia.
10:30h Legislação Urbanística e a Configuração dos Espaços Livres
Profa. Dra. Aruane Garzedin / UFBA
O foco do trabalho exposto é a rua como o espaço livre por excelência. A autora
colocou sua dúvida sobre o uso do termo espaço livre. Ela considera a rua como
espaços livres de qualquer preocupação com sua qualificação espacial, sem
arborização e dimensões adequadas, impermeáveis, sem tratamento dos materiais
utilizados. Sobretudo, não há preocupação no nível do simbólico, não havendo
nenhuma possibilidade de expressão dos conflitos, das convivências.
A legislação urbanística é um instrumento de desenho do espaço publico, sendo
referência legal e cultural. Quais são os valores associados a esta legislação? A
função da legislação é garantir um mínimo de qualidade ambiental, apesar de não
acompanhar as transformações da sociedade.
No século XX a legislação de Salvador tinha caráter sanitarista, voltada para o
saneamento, infraestrutura, alinhamento e alargamento de vias.
Foram analisados itens da legislação da década de 1920-1930, que se pautavam
pelas “ruas-boulevards” de inspiração francesa (de Bouvard), onde a estética era
preponderante. Nas décadas de 1940-1950, a visão se expande para o conjunto da
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cidade, com fortes influências do Movimento Moderno, entendendo os espaços livres
como sistema estruturador da paisagem urbana; a rua conserva uma visão funcional,
porém já abriga uma visão de elemento constituinte da paisagem.
É então criado o modelo das Avenidas de Vale (parkways), adotando as idéias de
Olmstead. Nas encostas e áreas planas dos vales haveria parques contínuos, em
meio às avenidas de trânsito intenso. Como estratégia de desenho são criados recuos
cobertos (tipo galeria) e utilizados os murais (Lei 686).
Nas décadas de 1960-1970 predominam as idéias funcionalistas modernistas e não há
mais um órgão regulador como o IPCS. O desenho perde importância; o espaço
privado passa a ter maior atenção, tendo normas especificas. Somente o lote é
destacado; não há mais uma preocupação com o espaço urbano, com a rua e o
entorno. O espaço público perde o protagonismo; os projetos de loteamento regulam a
relação entre público e privado.
A palestrante questiona as fronteiras entre o espaço livre público e faz observações
sobre o tratamento que este espaço deveria ter. Nas décadas de 1970-1980 é
proposto o PLANDURB, com forte visão estruturalista e é criado o SAVAM (Sistema
de Áreas Verdes e Espaços Abertos). Quanto às ruas, o plano não acrescenta
nenhuma novidade, somente com relação ao loteante, que deveria fazer o projeto das
calçadas.
Em 2008 é aprovado o PDDU, com forte inserção de interesses privados, com
problemas sérios no que se refere ao meio ambiente e a paisagem. As calçadas
passam a necessitar 3,00m e a legislação de condomínios estimula a ocupação
intensiva do espaço, não destinando área pública.
Até a década de 1930 o espaço público é protagonista; já nos anos 1940-1950 há uma
transição e, na década de 1960 há o surgimento de uma visão global, mais voltada ao
entendimento do sistema.
Foto da apresentação do Profa. Dra. Aruane Garzedin
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Como considerações gerais, são propostos a recuperação do protagonismo do espaço
público e novos referenciais para o projeto da rua, com o estabelecimento de leis
específicas.
Para a professora, a cidade não é feita só para funcionar e sim para emocionar.
11:00h Requalificação de Praças / Prefeitura do Município de Salvador
Arq. Antônio Carlos Brito / Gerência de Projetos Especiais /SEDHAM/FMLF
A Fundação Mario Leal Ferreira é o órgão operacional da prefeitura soteropolitana que
atende as demandas de projetos urbanísticos da Prefeitura de Salvador.
O arquiteto apresentou a estrutura da fundação que é vinculada ao SEDHAM
(Secretaria de Desenvolvimento Urbano, Habitação e Meio Ambiente), com oitenta
profissionais. A Gerência de Projetos Especiais atua nas áreas de recreação, lazer e
esportes; circulação e transportes; turismo; revitalização de áreas degradadas;
arquitetura e patrimônio histórico.
Apresentou os órgãos com os quais a fundação tem interface, explicando os níveis de
articulação entre eles. Foi dado um panorama das atribuições de cada secretaria.
As demandas para a implantação das praças chegam a gerência através das
solicitações da Câmara de Vereadores, da sociedade civil organizada (associações de
bairros), gabinete do Prefeito, dirigentes de órgãos das administrações direta e
indireta, demandas geradas no processo de planejamento estratégico, solicitação de
avaliação de impacto no ambiente urbano e programa de adoção de praças e espaços
públicos, em processo que eventualmente geram conflitos por serem isoladas e se
sobreporem.
O processo de trabalho se inicia com a identificação da área e com o contato com o
requerente para identificação da área. Após estas ações é feita a investigação da
natureza fundiária do terreno e contato com os lideres comunitários para a
determinação de um programa de necessidades. A partir da elaboração de estudo
preliminar é convocada uma apresentação do projeto para a comunidade. O processo
participativo é feito através de um dos 18 administradores regionais e é onde os
conflitos então se manifestam.
A etapa seguinte é o desenvolvimento do projeto executivo que é posteriormente
encaminhado para as secretarias que contratam a obra. A fundação acompanha a
obra, porém, por não ser o órgão contratante da mesma, seu poder é limitado.
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A gerência fez o cadastramento de todas as praças oficiais da cidade, através de uma
ficha que contem as informações sobre as mesmas. Foram vistoriados 344
logradouros.
De 2005 a 2010, foram realizadas 1012 vistorias em função das demandas para novos
projetos, sendo a área central (118) a maior demandatária. Foram gerados 225
projetos, em todos os níveis (Estudo Preliminar, Ante Projeto e Projeto Executivo), que
evoluem de acordo com os recursos captados.
A maior demanda está na área de recreação e revitalização de áreas degradadas,
levando a execução de 110 projetos de praças. Dos 225 projetos, 61 se tornaram
obras; sendo 12 unidades de praças. Além das obras novas, foram feitas obras de
requalificação e manutenção em 100 praças.
O Programa Nossa Praça, um programa remanescente da administração anterior, é
uma tentativa de criar parcerias entre as esferas pública e privada para a construção,
conservação e manutenção das praças de Salvador. Atua sobre espaços degradados
e áreas não urbanizadas.
Atualmente, somente 20 praças estão com contrato em vigência. Há muitos
interessados, mas há um conflito entre decretos a ser solucionado em breve.
Na seqüência, foram apresentados os projetos das praças do Campo da Pólvora, da
Alameda Praias de Guaratuba, Ana Lúcia Magalhães, Leopoldo Miguez, Duque de
Caxias, dos Esportes e do Estacionamento Montanha, que cria uma praça na laje
superior ao lado da Praça Castro Alves e o Estacionamento Barroquinha.
Às 13:00h foi realizado sobrevôo sobre a cidade de Salvador e arredores que permitiu
a leitura dos diferentes tecidos da cidade, as formas de ocupação dos lotes, a
identificação das principais vias e estruturas paisagísticas do município (parques,
campus, bosques, grandes praças e estacionamentos, etc.). Participaram desta
atividade Silvio Soares Macedo e Mariana Yovanovich.
Fotos realizadas durante sobrevôo
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14:00h Mesa redonda I: Áreas Verdes
Coordenação: Profa. Dra. Maria Lúcia A. M. de Carvalho / FAUUFBA
Áreas Verdes
Profa. Dra. Maria Lúcia A. M. de Carvalho / FAUUFBA
A arquiteta apresentou os conceitos de Espaços Livres Urbanos por ela adotados,
abordando a questão dos vazios urbanos, entendidos como áreas loteadas e ainda
não edificadas e/ou não urbanizadas.
Espaços Abertos e Áreas Verdes Urbanas são classificações utilizadas pela
pesquisadora, juntamente com os vazios, como desdobramentos das possibilidades
do espaço livre.
O enfoque é o verde; seu conceito de águas urbanas como áreas verdes advêm da
produção de plâncton. Os vazios urbanos, encostas e escarpas, glebas
remanescentes de loteamentos são áreas verdes que não estão garantidas enquanto
estruturas permanentes.
Propriedades agrícolas e áreas com vegetações nativas fazem parte do seu escopo de
trabalho, dentro desta visão de intervenção nas áreas verdes. Defende a necessidade
de se estabelecer um Sistema de Áreas Verdes e Espaços Abertos.
Ressalta a importância da expansão do conceito de Sistema de Espaços Livres de
Edificação, mas defende as áreas verdes em sua especificidade. Destacou a
importância do verde no âmbito das cidades para a qualidade de vida, enfatizando as
necessidades dos indivíduos, da espécie humana, da sociedade e do próprio
ambiente.
Passa, então, a desenvolver um breve histórico da legislação ambiental que incidiu
sobre a cidade de Salvador nos últimos 40 anos.
O sistema de áreas verdes já é proposto no PDDU de Salvador de 1973. Em 1978 o
PLANDURB propõe o SAVEA, com consultoria de Rosa Kliass. Era um sistema que
tinha como motor o lazer da população, levando esta a defender o plano. Propunha
parques de vizinhança, parques de bairro, parques distritais e parques metropolitanos.
Também preconizava a necessidade de criação de áreas de preservação de recursos
naturais e espaços abertos arborizados ou não, de propriedade pública ou privada.
A lei de PDDU de 1985 incorpora dispositivos legislativos anteriores como ADP (áreas
de domínio público), ANE (áreas não edificantes) e AA (áreas arborizadas). Cria novas
categorias, como: ASRE (áreas sujeitas a regimes específicos), APCP (área de
proteção cultural e paisagística) e APRN (área de preservação de recursos
renováveis).
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Com o SAVAM (2002/2007) é criado o sistema de áreas verdes de valor ambiental,
gerando um subsistema de áreas de conservação, com APP (área de preservação
permanente), PN (parque da natureza), APA (área de preservação ambiental), APRN
(área de preservação de recursos naturais), PU (parque urbano) e PR (parque de
recreação). Paralelamente, foi instituído um subsistema de áreas de valor urbano
ambiental, com EAU (espaços abertos urbanizados), AA (áreas arborizadas) e APCP
(área de proteção cultural e paisagística).
Embora se tenha a legislação com avanços consideráveis, esta não foi seguida e
suspendeu decretos anteriores, curvando-se demasiadamente ao mercado imobiliário
promovendo a dilapidação do patrimônio ambiental.
Remanescentes da Mata Atlântica e empreendimentos situados no entorno da
Avenida Luis Viana Filho (Av. Paralela)
Eng. Florestal Carlos Eduardo de Santana Santos / IMA (instituto do Meio Ambiente)
Salvador está totalmente inserida no Bioma Mata Atlântica, contendo ecossistemas
associados como as restingas e os mangues.
O engenheiro apresentou dados referentes à cobertura vegetal do município, onde há
32% de vegetação nativa remanescente na área continental e ilhas, juntamente com
sucinta apresentação da expansão urbana da cidade. Destacou as características
peculiares dos remanescentes de Mata Atlântica do entorno da Av. Paralela frente à
ocupação acelerada e desordenada da região.
A Floresta ombrófila densa de terras baixas é considerada uma das mais ricas
formações, abrigando altíssima diversidade biológica.
Pode ser subdividida em quatro grandes grupos:
Floresta ombrófila densa em estágio médio: estrato arbóreo de 5 a 12 m
Floresta ombrófila densa em estágio inicial: não há sub-bosque e não há epífitas e
trepadeiras
Terras úmidas: tipologia de caráter úmido, em áreas de inundação e espelhos d’água
Campos antrópicos: local de antigas florestas suprimidas e ocupadas por áreas de
gramíneas
Os empreendimentos na Av. Paralela de maior impacto ambiental são:
Alphaville (2001)
Ampliação da FTC (faculdade)
Loteamento NM (Alphaville II/2004)
Loteamento Greenville
Colinas de Jaguaribe Sul
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Shopping Paralela (2006)
Parque Tecnológico de Salvador (Tecnovia/2006)
Ampliação do Estádio de Pituaçu (2009)
Foram quantificadas as perdas de remanescentes florestais frente à expansão urbana
nos anos de 1989, 2002 e 2006 e a classificação dos fragmentos vegetais
encontrados, conforme a variação dos três cenários. Foi feita uma análise das perdas
e incremento das tipologias no intervalo estudado (1989 a 2006), que revelou o grande
crescimento da área urbanizada.
Foram perdidos 247 he de floresta e a área urbanizada cresceu 270 he, às custas das
florestas, áreas úmidas e campos antrópicos.
Foto da apresentação do Eng. Florestal Carlos Eduardo de Santana Santos
Além da ação humana agressiva, há a cumplicidade e inércia da gestão municipal,
acentuando a distância entre os fragmentos vegetais. Esta nova centralidade criada
pela Av. Paralela resultará na aniquilação de importantes fragmentos vegetais para
uma cidade com 3 milhões de habitantes e superfície não tão grande.
Salvador PDDU 2008
Arq. Carl Von Haeunshild / IAB
Carl Von Haeunshild apresentou imagens impactantes dos loteamentos em
implantação nas imediações da Av. Paralela, ilustrando os exemplos desenvolvidos na
palestra anterior e detalhando as ações realizadas em cada empreendimento.
Salvador não tem um Código Ambiental e nem Normas para Licenciamento Ambiental,
o que leva a dificuldade de estabelecer os limites para realização de
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empreendimentos. Somente a ação do Ministério Público está controlando a ação do
mercado imobiliário.
A seguir, o arquiteto apresentou seu estudo de áreas livres para eventos em Salvador
que têm ocasionado impactos acústicos e urbanísticos (aferidos pelo
URPLAN/SONAR/AAPS). Discutiu as formas de apropriação intensa dos espaços
livres da cidade, que têm gerado problemas de intenso fluxo de pedestres e veículos e
elevada poluição acústica.
Foto da apresentação do Arq. Carl Von Haeunshild
Na sequência, foi realizado um debate entre expositores e platéia, onde as perguntas
sobre licenciamento, permeabilidade, legislação de uso e ocupação do solo,
verticalização, foram respondidas pelos participantes, gerando uma grande discussão
sobre as relações entre os diferentes níveis de legislação e fiscalização.
Foto dos participantes da Mesa Redonda I: Áreas Verdes
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Mesa redonda II: Processos de ocupação urbana
Coordenador: Prof. Dr. Nelson Baltrusis / UCSAL
Globalização, Turismo e Residências Secundárias – o exemplo de Salvador-
Bahia e de sua região de influência
Silvana Sá de Carvalho, Sylvio Bandeira de Mello e Silva e Bárbara Christine Nentwig
Silva
O trabalho realizado pelo grupo e apresentado pela Arq. Silvana analisa o impacto do
turismo em Salvador e norte do literal baiano até Baía de Todos os Santos. Os resorts,
hotéis e condomínios de residências de veraneio proliferam no litoral baiano, e a
grande concentração é em Camaçari e Jandaira, chegando até Sergip, através da
nova ponte em construção. A ausência de infra-estrutura e de planejamento sócio-
ambiental, carência de transporte e de equipamentos sociais, dependência da
metrópole em produtos e em mão-de-obra especializada não impede a proliferação
destas estruturas totalmente financiadas pelo capital estrangeiro.
Foto da apresentação da Arq. Silvana Sá de Carvalho
Salvador e o boom Imobiliário: o discurso dos “condomínios clubes”
Arq. Célia Regina Sganzerla Santana / SEI (Superintendência de Estudos da
Secretaria do Planejamento da Bahia)
A arquiteta analisou o crescimento do mercado imobiliário formal das cidades nos
últimos anos no Brasil, incrementados pelo programa Minha Casa, Minha Vida. A idéia
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é compreender a importância do discurso publicitário na dinâmica de um eixo de
expansão urbana, através das estratégias de venda do mercado imobiliário.
Por meio de panfletos de empreendimentos tipo condomínio clube concentrados na
Av. Paralela foi feita uma matriz de dados para entender o perfil deste tipo de imóvel.
Foi feita uma breve trajetória da ocupação urbana de Salvador no século XX, sendo a
primeira parte pautada por pontos no litoral do Recôncavo. Nos anos 1940, a migração
gera crescimento da cidade, cujo crescimento se direciona para o norte, com a
formação de sub-centros. Nos anos 1970, o discurso da violência gera conjuntos
habitacionais e condomínios. Surgem os macro-espaços: centro histórico; o subúrbio
(parte norte); orla e parte sul da península das classes mais altas e o miolo de
ocupação irregulares e periféricas. Consolida-se a região metropolitana de Salvador e
a implantação da Av. Paralela com seus vazios urbanos que hoje são alvo de grande
especulação.
Ao longo do eixo norte para o aeroporto foram identificados 12 empreendimentos de
características condomínio clube. O enfoque destes empreendimentos é voltado para
as fachadas e para as áreas de lazer.
O discurso como estratégia de venda se pauta em segurança, facilidades,
diferenciação, estilo, ecologia, associando sempre a referências estrangeiras. O
discurso da moradia como um direito constitucional passa a ser substituído por um
privilégio. Em síntese, este discurso tem contribuído para a conformação de um novo
eixo de expansão urbana da cidade de Salvador.
Vazios Urbanos: análise e qualificação do espaço intra-urbano de Salvador
Prof. Gilberto Corso Pereira / UFBA
O projeto exposto foi desenvolvido a pedido da Secretaria da Habitação de Salvador.
A finalidade era identificar e classificar grandes áreas para a implantação de projetos
de habitação de interesse social.
O projeto teve como modelagem conceitual a criação de um modelo de dados: áreas
sem edificação e acima de 10.000m2, independentemente de sua situação fundiária.
Posteriormente foram categorizadas áreas sem restrições para uso habitacional. O
terceiro filtro seriam áreas adequadas ao uso habitacional.
É feito, então, o mapeamento de terrenos vazios x restrições, chegando-se a
classificação final em função de valor da terra.
Restrições urbanísticas são consideradas: áreas de parques, áreas institucionais,
áreas de risco, encostas, áreas alagadas, etc. Foi gerada uma planta de valor da terra
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R$/metro quadrado (valor de corte: acima de R$100,00), identificando os vazios com
potencial para uso ocupacional.
A classificação foi feita por variáveis geográficas (aptidão física, centralidade, infra-
estrutura e valor do solo) e uma variável não-geográfica (situação fundiária).
O cruzamento dos sucessivos filtros resultou em uma listagem de 25 vazios, e
encaminhada a Prefeitura Municipal de Salvador. Em 2006, o trabalho foi atualizado,
em função do Programa Minha Casa Minha Vida, registrando as áreas transformadas
(ocupadas) e as que permaneceram viáveis. Em 2009, a planta foi cruzada com os
lançamentos do mercado formal, mostrando as tendências de ocupação (ao longo da
Av. Paralela, da Pituba, etc.)
As conclusões foram: o território municipal está à beira do esgotamento; há um conflito
pelo uso do espaço urbano (ambiental x habitacional) e a necessidade de
planejamento e gestão metropolitana (não se resolve as questões habitacionais de
Salvador somente no nível do espaço da cidade).
A palestra “APAs e Parques: estudos de casos”, que seria ministrada pela geógrafa
Jeanne Sofia Tavares não pode ser feita devido a problemas de saúde da palestrante.
As perguntas que se seguiram foram destinadas a esclarecimentos sobre as
apresentações realizadas e focaram na relação entre as ações do mercado imobiliário,
as estratégias de marketing e a postura dos técnicos frente a este processo de
expansão das cidades (especialmente as litorâneas) brasileiras.
5. Atividades em ateliê
Dia 25/05/2010
Nas dependências do Curso de Pós Graduação em Arquitetura e Urbanismo da UFBA,
foram realizados os trabalhos de atelier, com a participação de 21 interessados. A
oficina de Salvador se caracterizou pela presença preponderante de técnicos e
professores e pós-graduandos da UFBA e da PUC-Salvador. Foi registrada a
presença de somente quatro alunos da graduação.
A presente oficina se caracterizou pelo intenso debate entre os participantes não só
após as apresentações como durante as atividades do ateliê.
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Fotos das atividades de ateliê
PARTICIPANTES DA OFICINA QUAPA-SEL SALVADOR
1 - Gilma Brito da Silva - geógrafa
2 - Sara Cristina M. Cavalcante – arquiteta - CONDER
3 - Clarissa Mascarenhas Mustafá - arquiteta - CONDER
4 - Marilia Seixas Vardi - arquiteta - CONDER
5 - Adrielly Oliveira Carneiro - estudante de Arquitetura
6 - Luciana Caribé Nunes Marques – arquiteta - CONDER
7 - André Machado Viana – estudante
8 - Maria Luiza Rabelo Dias Trindade - engenheira
9 - Lucas Pereira Mimoso - estudante
10 - Maria Cândida D`Assunção Beltrão – arquiteta FMFL/PMS
11 - Lídia Rocha Aguiar – arquiteta - SEDHAM
12 - Lourenço Mueller – arquiteto - CONDER
13 - Daniela Maria Ponte Viana - estudante arquitetura
14 - Denise S. Nunes – FMLF/PMS
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15 - Eduardo H. Teixeira - arquiteto - SEDUR
16 - Alan Quintella Mendes
17 - Laila Nazem Mourad - mestranda PPG - AU
18 - Leonardo B.C Duarte - FMLF/PMS
19- Lourival Motta Brito Filho - FMLF/PMS
20 - Leda Maria Pinto de Oliveira - FMLF/PMS
21 - Elizabete Sacramento Vieira - FMLF/PMS
CONDER – Companhia de Desenvolvimento do Estado da Bahia
FMLF – Fundação Mario Leal Ferreira
SEDUR – Secretaria de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia
PMS – Prefeitura Municipal de Salvador
Foram constituídas 03 equipes que se dedicaram aos seguintes temas:
- Espaços Livres Públicos e Áreas de Preservação e Conservação;
- Espaços Livres Privados e a Ação do Mercado Imobiliário;
- Políticas Públicas e Turismo
Conclusões
Após a apresentação de cada um dos grupos, foi elaborado um mapa síntese e
elencadas as seguintes constatações:
Sobre as características urbanas do município
- Descontinuidade de políticas e investimentos em relação aos espaços públicos tanto
em relação a novos projetos como a manutenção;
- Prioridade de investimentos em áreas junto à orla oceânica e áreas centrais, tanto
Pelourinho como bairros de elite;
- Sistema viário principal com elevado grau de congestionamento; aumento crescente
do número de veículos automotores sem uma equivalente adaptação do sistema viário
a realidade em transformação;
- Dificuldades da Prefeitura de gerenciar sozinha a gestão do sistema de espaços
livres;
- Conflitos relativos à segurança em diversos logradouros públicos; com os conceitos
do perigo e da falta de segurança amplamente difundidos;
- Tecido urbano caracterizado pela totalidade, ou quase, da ocupação do lote, tanto
em áreas de classe média como nos bairro pobres;
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- Quase todo o município está urbanizado de um modo contínuo ao longo da orla e
disperso ao longo de cumeeiras no “miolo”;
- Rede de águas e esgotos em mais de 80% da cidade;
- Vetores de expansão na direção do município de Lauro de Freitas, tanto em
continuidade das praias como no interior e ao longo da BR;
Sobre o sistema de espaços livres públicos
-O sistema de espaços livres públicos é menos diversificado, reduzindo-se ao sistema
de vias tanto no bairro ferroviário como no “miolo” e em amplos trechos da cidade
consolidada;
- A cidade caracteriza-se pela constância de festas populares, anuaís ou não, que
para sua efetivação exigem a adaptação das vias, com pelo menos a limitação da
circulação de veículos. O foco dessas festas é na área mais antiga do município e nas
áreas junto à orla;
- O mar - praia e os campos de futebol como principais lugares de lazer e recreação;
- Ruas com calçadas estreitas em grande parte da cidade, inclusive em áreas de alto
poder aquisitivo;
- Ruas estreitas em grande parte da cidade, cercadas por habitações compactas;
- Arborização pública inexpressiva em termos da totalidade da cidade.
- Parques formando uma rede ao longo da orla marinha;
- Quatrocentas praças, a maioria de pequeno porte;
- Uso constante dos espaços livres, à noite inclusive e fins de semana;
- Hábito de comer ao ar livre, junto aos quiosques de praia, barracas de acarajé em
praças e largos, em pontos diversos;
- Campos de futebol como um importante espaço de lazer, espalhados por toda a
cidade;
- Ao longo das praias há ocorrência de corridas, ciclismo, jogos, banhos de mar,
encontros em quiosques e barracas;
- Ao longo de canteiros centrais de avenidas de fundo de vale e da Av. Paralela
verifica-se o uso dos espaços pela população, tendo algumas áreas equipamentos;
- Praias equipadas com equipamentos de lazer, ciclovias, quiosques e barracas, sendo
nestes trechos iluminadas, criando a possibilidade de uso noturno ao longo de cerca
de trinta quilômetros de orla tratada.
Meio ambiente
- As águas de córregos e pequenos rios não têm uma proteção específica, APPs não
efetivadas;
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- Fundos de vale e encostas ocupados por vegetação no “miolo”;
- Na área mais urbanizada diversas encostas apresentam fragmentos de vegetação;
- Exército, Marinha e Aeronáutica são grandes proprietários de terra urbana que
mantém em seu interior expressivos segmentos de matas e dunas;
- Corpos de água poluídos;
- Manchas de Mata Atlântica de porte dentro da malha urbana e totalmente
impossíveis de serem conectadas entre si, a não ser em áreas vizinhas a Av. Paralela;
- As matas principais, de maior porte, situam-se junto às represas de abastecimento e
em áreas de propriedade do Estado;
- Dunas protegidas, já que estão dentro e áreas públicas;
- Perdas expressivas de matas e áreas de restinga e praias;
- As praias já perderam grande parte de suas áreas para vias e construções;
- Inexistência de manejo de áreas de conservação e de planos de uso social de tais
áreas.
Sobre os espaços livres privados
- Reduzidos ao máximo tanto na parte antiga como nova, tanto em lotes horizontais
como verticais antigos;
- Condomínios e loteamentos fechados ao longo da orla marítima- mar aberto;
- Arborização esparsa em quintais e pátios de casas populares;
- Casas com terraços e varandas - a laje do último pavimento coberta por telhado é um
fato urbano comum;
- Tipos de ocupação do lote vertical: todo o lote, pequenos corredores e pátios,
garagens cobertas no térreo e pequenos jardins frontais, térreo ocupado por
equipamentos de recreação, em especial piscinas e quadras;
- Embasamentos com garagens de dois ou três andares comuns em áreas de classes
médias e altas;
- Os grandes parques - “Da Cidade” e Pituaçu sem uma gestão compatível com seu
porte, problemas de invasões e segurança. Ambos possuem extensas áreas tratadas
e/ou recobertas por matas