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LABORATÓRIO DE REFRIGERAÇÃO E AR CONDICIONADO Profº Panesi São Paulo 2017

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LABORATÓRIO DE REFRIGERAÇÃO E AR CONDICIONADO

Profº Panesi

São Paulo 2017

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ATIVIDADE 1

Objetivo

Calcular a carga térmica de câmara frigorífica pelo método tradicional e

computacional

INTRODUÇÃO

A colheita de frutos e hortaliças interrompe o suprimento de água para o órgão vegetal, e

assim a perda de água determina a perda das qualidades desses produtos com

aparecimento de enrugamentos e murchamentos. Uma das leis da química diz que a taxa

de reação de órgãos vivos é afetada pela temperatura. Dessa forma, o frio pode ser uma

ótima técnica de combater a deterioração desses alimentos.

RESPIRAÇÃO

A respiração tem sido o item mais adequado para expressar a atividade fisiológica e

também o potencial de armazenamento de perecíveis. Uma equação química da

respiração pode ser escrita como:

(C6H12O6) + 6O2 6C02 + 6H2O + calor

O processo é oposto a fotossíntese, ou seja:

A quantidade do calor liberado é vital para a estimativa das necessidades de refrigeração

e ventilação. Os frutos e hortaliças perdem água diminuindo seu volume durante os

períodos secos e quentes do dia mas, se ainda estiver preso a árvore, recuperará a umidade

durante a noite. Depois da colheita o processo de transpiração continua, porém não há

como recuperar a água. O peso perdido durante o armazenamento dependerá do tipo,

do tamanho, da temperatura do fruto e ainda da temperatura, umidade relativa e

velocidade do ar de armazenamento. A tabela 1 mostra a perda aproximada de peso

para algumas frutas, em condições recomendadas de armazenagem.

Para retardar a perda de umidade, os produtos perecíveis devem ser rapidamente

resfriados até próximo da temperatura de armazenagem.

Assim como a temperatura, a umidade relativa do ar tem efeitos diretos na qualidade do

produto, se for muito baixa, provavelmente ocorrerá murchamento e enrugamento,

e se for muito alta, favorecerá o desenvolvimento de microorganismos e induzirá o

enraizamento, principalmente em cebola e alho. Como apresentado na tabela 1, umidades

relativas entre 85 e 95% são recomendadas para a maioria das frutas e hortaliças; o alho

e a cebola entretanto, devem ser armazenados em câmaras com umidade relativa em torno

de 65 a 75%.

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Tabela 1.

PRÉ- RESFRIAMENTO

Essencial para a maioria dos produtos perecíveis, o pré-resfriamento é a rápida remoção

do calor antes que o produto seja transportado, armazenado ou levado ao processamento.

Vários métodos de pré-resfriamento vem sendo empregados para resfriar rapidamente o

produto antes que ele seja introduzido na câmara refrigerada para armazenamento

prolongado. A tabela 2 mostra os valores de temperatura e umidade relativa

recomendados para armazenamento a frio, o tempo máximo de armazenamento e de pré-

resfriamento.

Tabela 2.

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O correto dimensionamento e seleção do equipamento de refrigeração ou ar condicionado

são de importância fundamental no que se refere à eficiência energética. Se um

equipamento for subdimensionado ou superdimensionado consumirá energia

desnecessária contribuindo dessa forma com a escassez dos recursos energéticos da

natureza. A informação nesse caso chave para o início do dimensionamento é o

conhecimento da carga térmica a ser extraída do compartimento refrigerado, ou seja,

descobriremos quanto de calor precisa ser retirado do ambiente ou em linguagem mais

técnica a capacidade frigorífica do equipamento.

Como exemplo considere a câmara frigorífica indicada na figura a seguir.

Conhecendo-se qual o produto e sua quantidade em quilograma que vai ser colocado

dentro dessa câmara para ser preservado, poderemos estimar qual a quantidade de calor a

ser extraída de seu interior. Para isso precisamos saber as principais informações

Unidades utilizadas

Energia: kcal, kJ

Potência: kcal/h, J/s (W), BTU/h, TR

Conversão de kcal para kJ: 1kcal = 4,18kJ

Conversão de W para BTU/h: 1W = 3,412BTU/h

Conversão de W para TR: 1TR = 3516,8W

Dimensões da Câmara

A dimensão de uma câmara frigorífica deve levar em conta a quantidade de produto a ser

armazenado, espaço para circulação, altura do empilhamento e espaço ocupado pelos

evaporadores, prateleiras, ganchos, etc.

Como valores de referência, de forma a uma primeira orientação para se determinar as

dimensões da câmara, pode-se utilizar a densidade de armazenagem indicada na (tab. 3).

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Tabela 3: Densidade de armazenagem de alguns produtos

Produto Quantidade kg/m3

Carne refrigerada pendurada (porco) 80

Carne refrigerada pendurada (peça grande) 100

Carne congelada com osso 250

Carne congelada sem osso 530

Sorvetes 180

Ovas em caixa/prateleira (4340) 260

Verduras 180-380

Doce 330

Frango 380

Ovos resfriados 400

Frutas em caixa 440

Massas 500

Manteiga 500

Congelados 540

CARGA TÉRMICA

A Carga térmica de refrigeração de uma instalação frigorífica é composta pela

soma de diversas cargas térmicas, a saber:

a. Condução e irradiação através das paredes, teto e piso;

b. Infiltração e circulação de ar através das portas quando abertas ou mesmo

frestas;

c. Calor cedido pelo produto armazenado quando sua temperatura é reduzida

ao nível desejado;

d. Calor cedido pelas pessoas que circulam no espaço refrigerado;

e. Calor cedido por equipamentos e iluminação que gerem calor dentro do espaço

refrigerado.

Calor transmitido através das paredes

Devido à diferença de temperatura entre o interior da câmara frigorífica e o meio externo

haverá um fluxo de calor através das paredes, teto e piso, caracterizando uma carga

térmica que deverá ser compensada pelo equipamento.

O calor transmitido através das paredes, teto e piso depende da diferença de temperatura,

do tipo de isolamento, da superfície externa das paredes e do efeito da irradiação solar,

calculado através da seguinte expressão:

𝑄1 = 86,4. 𝐴. 𝑈 [𝑘𝐽

24ℎ]

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onde

Q1 = Calor transmitido através das paredes, piso ou teto, em kJ/24h;

A = soma das áreas das parede, piso e teto, em m2;

U = Coeficiente global de transmissão de calor (Tab. 4)

Te = Temperatura externa da câmara frigorífica, em °C;

Ti = Temperatura interna da câmara frigorífica, em °C;

Tabela 4: Coeficiente global de transmissão de calor para alguns materiais

Calor devido à infiltração

A cada vez que a porta é aberta o ar externo penetra no interior da câmara, representando

uma carga térmica adicional, porém a determinação exata deste volume é muito difícil,

sendo adotados valores aproximados para o número de trocas por dia. O calor devido à

infiltração pode ser calculado através da seguinte equação:

𝑄2 = 𝑉𝑖. 𝑛. (ℎ𝑒 − ℎ𝑖)

onde

Q2 = Calor devido à infiltração, em kJ/24h;

Vi = Volume interno da câmara frigorífica, em m3;

n = Número de trocas de ar por 24 horas (tab. 5);

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he = Entalpia do ar externo (Tab. 6), em kJ/m3;

hi = Entalpia do ar interno da câmara frigorífica (Tab 6), em kJ/m3.

Tabela 5: Número de trocas de ar

Volume Temperatura na câmara Volume Temperatura na câmara Volume Temperatura na câmara

Vi (m3) Ti < 0°C Ti ≥ 0°C Vi (m3) Ti < 0°C Ti ≥ 0°C Vi (m3) Ti < 0°C Ti ≥ 0°C

5 36,0 47 80 8,00 10,0 1000 1,90 2,50

10 24,0 32 100 7,00 9,00 1200 1,70 2,20

15 20,0 26 125 6,00 8,00 1500 1,50 2,00

20 17,0 22 150 5,50 7,00 2000 1,30 1,70

25 15,0 19 200 4,50 6,00 3000 1,10 1,40

30 13,0 17 300 3,70 5,00 4000 1,10 1,20

40 11,0 15 400 3,20 4,10 5000 1,00 1,10

50 10 13 500 2,80 3,60 10000 0,80 0,95

60 9 12 700 2,30 3,00 15000 0,80 0,90

Tabela 6: Entalpia do ar úmido, em kJ/m3

Temperatura (°C) Umidade Relativa

90% 80% 70% 60% 50% 40%

–45,0 –69,92 –69,92 –69,92 –69,92 –69,92 –69,92

–47,5 –65,31 –65,31 –65,31 –65,31 –65,31 –65,31

–40,0 –60,71 –60,71 –60,71 –60,71 –60,71 –60,71

–37,5 –56,10 –56,10 –56,10 –56,10 –56,10 –56,10

–35,0 –51,50 –51,50 –51,50 –51,50 –51,50 –51,50

–32,5 –46,89 –46,89 –47,31 –47,31 –47,73 –47,73

–30,0 –42,71 –42,71 –43,12 –43,12 –43,54 –43,54

–27,5 –38,52 –38,52 –38,94 –38,94 –39,36 –39,36

–25,0 –34,33 –34,33 –34,75 –34,75 –35,17 –35,17

–22,5 –30,14 –30,14 –30,56 –30,56 –30,98 –30,98

–20,0 –25,96 –25,96 –26,38 –26,38 –26,80 –26,80

–17,5 –21,77 –21,77 –22,19 –22,61 –23,03 –23,03

–15,0 –17,58 –17,58 –18,00 –18,42 –18,84 –19,26

–12,5 –12,98 –13,40 –13,82 –14,24 –14,65 –15,49

–10,0 –8,79 –9,21 –9,63 –10,05 –10,47 –11,30

–7,50 –4,19 –4,61 –5,44 –5,86 –6,70 –7,12

–5,00 –0,84 –0,00 –0,84 –1,67 –2,51 –3,35

–2,50 5,86 5,02 3,77 2,93 1,67 0,84

0,00 11,30 10,05 8,79 7,54 6,28 5,02

2,50 16,75 15,07 13,82 12,14 10,89 9,21

5,00 22,19 20,52 18,84 17,17 15,07 13,40

7,50 28,05 26,38 24,28 22,19 19,68 17,58

10,0 34,33 32,24 29,73 27,21 24,70 22,19

12,5 41,45 38,52 35,59 32,66 29,73 26,80

15,0 48,99 45,22 41,87 38,52 35,17 31,82

17,5 56,52 52,34 48,57 44,80 41,03 36,84

20,0 64,90 60,29 56,10 51,50 46,89 42,29

22,5 74,11 69,08 64,06 58,62 53,17 48,15

25,0 84,57 78,71 72,43 66,15 59,87 54,01

27,5 95,88 88,76 81,64 74,53 67,41 68,66

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30,0 108,44 100,06 91,69 83,32 75,36 66,99

32,5 121,84 112,21 102,58 92,95 83,74 74,11

35,0 136,91 125,60 115,14 103,83 92,95 82,06

37,5 153,24 140,26 128,12 115,56 102,58 90,43

40,0 171,24 156,17 141,93 127,70 113,04 99,23

42,5 191,34 173,75 157,42 141,10 124,77 108,44

45,0 212,69 192,59 174,17 156,17 137,75 118,91

Calor devido ao produto e embalagem

A carga térmica do produto a ser conduzido e conservado para o interior da câmara é

composto da retirada de calor para reduzir sua temperatura até o nível desejado e da

geração de calor durante a estocagem, como no caso de frutas e verduras. A quantidade

de calor a ser removida pode ser calculada conhecendo-se o produto, seu estado inicial,

massa, calor específico acima e abaixo do congelamento e calor latente.

Para o caso do congelamento do produto na própria câmara, o cálculo da quantidade de

calor a ser removida envolve as seguintes etapas:

a. Calor removido antes do congelamento

𝑄3𝑎 = 𝑚𝑝. 𝑐1. (𝑇𝑝 − 𝑇𝑐)

b. Calor latente de congelamento

𝑄3𝑏 = 𝑚𝑝. 𝐿

c. Calor removido após o congelamento

𝑄3𝑐 = 𝑚𝑝. 𝑐2. (𝑇𝑐 − 𝑇𝑖)

Onde:

Q3a = Calor removido do produto no processo de resfriamento, em kJ/24h;

Q3b = Calor devido ao produto durante o congelamento, em kJ/24h;

Q3c = Calor devido ao produto após o congelamento, em kJ/24h;

mp = Massa diária de produto (caixas cheias), em kg/24h;

c1 = Calor específico do produto antes do congelamento (Tab. 7), em kJ/kgK;

c2 = Calor específico do produto depois do congelamento (Tab. 7), em kJ/kgK;

Tp = Temperatura inicial do produto, em °C;

Tc = Temperatura de congelamento, em °C;

Ti = Temperatura interna da câmara frigorífica, em °C;

L = Calor latente de congelamento do produto em kJ/kg.

Quando se deseja somente resfriar o produto sem congelá-lo, é calculado somente o calor

removido antes do congelamento ou quando o produto já entra congelado dentro da

câmara será calculado somente o calor após o congelamento.

CALOR DE RESPIRAÇÃO

𝑄3𝑟 = 𝑚𝑎. 𝑅

Onde:

Q3r = Calor devido à respiração do produto, em kJ/24h;

ma = Massa de produto armazenado, em kg;

R = Calor de respiração do produto (Tab. 8), em kJ/kg.24h

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CARGA TÉRMICA DA EMBALAGEM

𝑄3𝑒 = 𝑚𝑒 . 𝑐𝑒 . (𝑇𝑝 − 𝑇𝑖)

onde

Q3e = Calor devido à embalagem, kJ/24h;

me = Massa diária de embalagem, kg/24h;

ce = Calor específico da embalagem, (2,8 p/ madeira e 1,88 p/ papelão), kJ/kgK;

Tp = Temperatura inicial da embalagem, em °C;

Ti = Temperatura interna da câmara frigorífica, em °C.

Tabela 7: Dados de alguns produtos

PRODUTO Ti φ T

c c

1 c

2 L R t

Abacate 7,0 a 13,0 85 a 90 –2,7 3,81 2,05 318,20 - 120

Alface 0,0 90 a 95 –0,4 4,02 2,01 318,20 2,721 90/120

Aves frescas 0,0 85 a 90 - 3,31 - - - 7

Aves congeladas –29,0 90 a 95 –2,8 - 1,55 247,02 - 270/300

Carne de vaca fresca –1,0 a 1,0 88 a 92 - 3,22 - - - 7 a 42

Carne de vaca cong. –15,0 90 a 95 –1,7 - 1,67 234,46 - 180/270

Cebola 0,0 70 a 75 –1,0 3,77 1,93 288,89 1,256 180/240

Laranjas 0,0 a 1,0 85 a 90 –2,2 3,77 1,93 288,89 0,921 56/84

Maçãs –1,0 a 0,0 85 a 90 –2,0 3,60 1,88 280,52 1,047 60/180

Morango fresco –0,5 a 0,0 85 a 90 - 3,85 - - 3,391 7 a 10

Peixe congelado –18,0 85 a 90 –1,7 - 1,88 284,70 - 90/120

Pêssegos –0,5 a 0,0 85 a 90 - 3,77 - - 1,298 14/28

onde na (Tab. 7):

Ti = Temperatura de conservação, em °C;

φ = Umidade relativa, em %;

Tc = Ponto de congelamento, em °C;

c1 = Calor específico antes do congelamento, kJ/kgK;

c2 = Calor específico depois do congelamento, kJ/kgK;

L = Calor latente de congelamento, em kJ/kg;

t = Tempo aproximado de conservação, em dias;

R = Calor de respiração a 0 °C, em kJ/kg.24h.

Calor cedido por pessoas

Os funcionários e demais pessoas que entram na câmara frigorífica também fornecem

uma carga térmica que deve ser retirada pelo sistema, e é calculada por:

𝑄4 = 𝑛. 𝑞. 𝑛𝑝

Onde:

Q4 = Calor emitido pelas pessoas, em kJ/24h;

n = Número de pessoas que circulam na câmara frigorífica;

q = Calor gerado por pessoa (Tab. 8), em kJ/h;

np = Número médio de horas que cada pessoa permanece na câmara, em h/24h.

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Tabela 8: Calor gerado por pessoas

Temperatura da câmara, em °C Calor equivalente por pessoa, em kJ/h

10 758,86

5 872,25

0 976,92

–5 1081,59

–10 1168,82

–15 1308,38

–20 1413,05

Calor cedido pela iluminação

As lâmpadas da câmara também se caracterizam como uma carga térmica que deve ser

removida pelo sistema de refrigeração.

𝑄5 = 𝑃. 𝑛𝑖 . 3,6

Onde:

Q5 = Calor emitido pela iluminação, kJ/24h

P = Potência das lâmpadas, W

ni = Número de horas de funcionamento da iluminação, h/24h

Calor cedido pelos motores

Os motores dos ventiladores, dos transportadores motorizados dissipam calor.

a. Quando o motor estiver trabalhando dentro da câmara frigorífica:

𝑄6 =𝑃. 𝑛𝑚. 3,6

𝜂

b. Quando o motor estiver trabalhando fora da câmara frigorífica:

𝑄6 = 𝑃. 𝑛𝑚. 3,6

c. Quando o motor estiver trabalhando dentro da câmara frigorífica, porém

dissipando calor fora da mesma:

𝑄6 =𝑃. 𝑛𝑚. (1 − 𝜂). 3,6

𝜂

Onde:

Q6 = Calor emitido pelos motores, em kJ/24h;

P = Potência dos motores, em W;

nm = Número de horas de funcionamento do motor, em h/24h;

η = Rendimento aproximado do motor (Tab. 9).

Tabela 9: Rendimento dos motores

Potência do motor (W) η

< 368 0,60

368 a 2208 0,68

2209 a 14720 0,85

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Carga térmica total

O Cálculo da carga térmica é feito normalmente para 24 horas, no entanto, o equipamento

de refrigeração não deve funcionar 24 horas por dia a fim de permitir a manutenção e o

descongelamento diário do evaporador. O gelo formado tende a isolar a serpentina

evaporadora reduzindo sua capacidade de refrigeração. Assim sendo, a carga térmica deve

ser distribuída ao longo de um número de horas menor, representando o tempo de

funcionamento diário do equipamento que varia de 16 a 20h/dia.

Nestas condições podemos calcular a carga térmica total da instalação frigorífica

somando-se Q1 a Q6 obtendo-se a carga térmica diária em kJ/24horas, que dividida pelo

tempo de funcionamento diário do equipamento fornece a carga térmica em kW. Este

resultado permitirá a escolha adequada dos equipamentos para a referida instalação

frigorífica.

𝑄𝑡 =( ∑ 𝑄𝑛

𝑛=6𝑛=1 )

tempo de funcionamento diário em segundos[𝑘𝑊]

É possível, ainda, prever um acréscimo de até 10% para segurança, na hora da escolha do

sistema. Exemplo errados:

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Exemplo de cálculo

Determinar o tamanho de uma câmara para preservação de laranjas como também a sua

carga térmica para as seguintes condições:

a. Condições externas: TBS = 29°C, φ = 60%;

b. Iluminação: Fluorescente especial p/ baixas temperaturas 5 W/m2 (8h/24h)

c. Tempo de funcionamento diário da máquina de refrigeração: 20h/24h

d. Pessoas: 2 pessoas trabalhando 8h/dia.

e. Motores internos: 1000 W, funcionamento 18h/24h.

f. Carga total do produto:5000kg

g. Pesos: 22,65kg/caixa de madeira cheias onde cada caixa pesa 2,72kg

h. Condições internas (temperatura de estocagem e umidade relativa): consultar

tabela 8

i. Movimentação diária: 200 caixas/24h

j. Isolante utilizado: placas de poliuretano com 50mm de espessura

k. Temperatura de entrada do produto: 28°C

Solução

Cálculo do volume da câmara:

Pela tabela 3 frutas em caixa possui 400kg/m3 então para 5000kg de laranjas temos:

12,5m3

Adotando um pé direito de 3m, a área será:

A = 𝑽

𝒉 =

𝟏𝟐,𝟓

𝟑 = 4,166m2

Adotando-se um comprimento de 2,5m a largura L será:

L = 𝟒,𝟏𝟔𝟔

𝟐,𝟓 = 1,66m

Adotando-se folgas de 1m nas dimensões do comprimento e largura teremos as seguintes

medidas mínimas da câmara:

Medidas da câmara : 3,5x2,66x3m = 28m3

Cálculo da carga térmica

Calor transmitido através das paredes

𝑄1 = 86,4. 𝐴. 𝑈 [𝑘𝐽

24ℎ]

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𝐴 = 2 𝑥 (3,5𝑚 𝑥 2,66𝑚) + 2 𝑥 (3,5𝑚 𝑥 3𝑚) + 2 𝑥 (2,66𝑚 𝑥 3𝑚) = 55,5𝑚²

Fator U tabela 4:

Para laranjas tabela 7 a temperatura de armazenamento é 0 a 1, escolhe-se 0°C

ΔT = 29 – 0 = 29°C

U = 275kcal/m2 °C

𝑄1 = 86,4.55,5.275 = 1318680 [𝑘𝐽

24ℎ]

Calor devido à infiltração

𝑄2 = 𝑉𝑖. 𝑛. (ℎ𝑒 − ℎ𝑖)

Pela tabela 5 n = 17 trocas de ar/24h

he = 78,64kJ/m3

hi = 7,54kJ/m

𝑄2 = 28.17(78,64 − 7,54) = 33843,60kJ/24h

Calor devido ao produto e embalagem

Para temperatura de armazenamento positiva (≥0) emprega-se apenas a expressão:

𝑄3𝑎 = 𝑚𝑝. 𝑐1. (𝑇𝑝 − 𝑇𝑐)

𝑄3𝑎 = 4530.3,77. (28 − 0) = 478187kJ/24h

O mesmo procedimento para a embalagem:

𝑄3𝑒 = 𝑚𝑒 . 𝑐𝑒 . (𝑇𝑝 − 𝑇𝑖)

𝑄3𝑒 = 544.2,8. (28 − 0) = 42649,6kJ/24h

Calor de respiração

𝑄3𝑟 = 𝑚𝑎. 𝑅 = 4530.0,921 = 4172kJ/24h

Calor cedido por pessoas

𝑄4 = 𝑛. 𝑞. 𝑛𝑝

𝑄4 = 2.976,92.8 = 15630,7kJ/24h

Calor cedido pela iluminação

𝑄5 = 𝑃. 𝑛𝑖 . 3,6

𝑄5 =5𝑊

𝑚2 . 9,31𝑚2. 8ℎ. 3,6 = 1340,64kJ/24h

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Calor cedido pelos motores

𝑄6 =𝑃. 𝑛𝑚. 3,6

𝜂

𝑄6 =1000.18.3,6

0,68 = 95294kJ/24h

Carga térmica total

𝑄𝑡 =( ∑ 𝑄𝑛

𝑛=6𝑛=1 )

tempo de funcionamento diário[𝑘𝑊]

𝑄𝑡 =1957956,82

20ℎ=

97897,84

3600𝑠= 27.10% = 30[𝑘𝑊] ≃ 41𝐶𝑉

ATIVIDADE INDIVIDUAL

Determinar o tamanho de uma câmara para preservação de aves congeladas como também

a sua carga térmica para as seguintes condições:

a. Condições externas: TBS = 30°C, φ = 80%;

b. Iluminação: Fluorescente especial p/ baixas temperaturas 20 W/m2 (8h/24h)

c. Tempo de funcionamento diário da máquina de refrigeração: 18h/24h

d. Pessoas: 4 pessoas trabalhando 8h/dia.

e. Motores internos: 1500 W, funcionamento 8h/24h.

f. Carga total do produto:10000kg

g. Pesos: 20kg/caixa de papelão cheias onde cada caixa pesa 0,65kg

h. Condições internas: temperatura de estocagem -29°C e umidade relativa de 90%

i. Movimentação diária: 400 caixas/24h

j. Temperatura de entrada do produto: 30°C

k. Isolante utilizado: painel de poliuretano com 50mm de espessura

l. Adotar pé direito de 4m

Entregar em folha sulfite ou almaço mostrando todos os cálculos e etapas. Comparar o

resultado da carga térmica com o método computacional registrando o valor encontrado

e o percentual de diferença.

Valores da atividade:

• Tamanho da câmara: 3P;

• Carga térmica da câmara calculado: 5P;

• Carga térmica da câmara computador: 2P

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ATIVIDADE 2

Objetivo

Calcular carga térmica em sistemas de ar condicionado de pequeno porte (ACJ ou

minSplit)

O cálculo de carga térmica para fins de resfriamento consiste em determinar a quantidade

de calor que deverá ser retirada de um ambiente, dando-lhe condições climáticas ideais

para o conforto humano.

Este cálculo normalmente é realizado conforme a norma NB-5858 da ABNT, a qual prevê uma

forma simplificada e com constantes já definidas para os valores a serem considerados. O

preenchimento correto do formulário simplificado indicará o número de condicionadores de ar a

serem utilizados no recinto.

PROCEDIMENTOS

Levantar as seguintes informações de uma sala onde pretende-se instalar equipamento de ar

condicionado:

Área do piso e do teto

Área das janelas

Potência total de equipamentos elétricos

Potência total de lâmpadas

Número máximo de pessoas

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Esboce a planta da sala indicando os pontos cardeais (2P)

Transfira as informações para a planilha de cálculo de carga térmica indicando o resultado

encontrado em BTU/h e quantos aparelhos escolhidos.

Questões a responder

1) Em posse do valor encontrado pesquise na internet dois tipos de equipamentos:

ACJ e mini split levantando os preços e a potência elétrica de cada um. (2P)

2) Calcule a eficiência (COP) de cada um como sendo o valor em BTU/h (transformado para

W) do modelo escolhido dividido pela potência elétrica em W. (2P)

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3) Calcule a energia consumida mensal para cada aparelho supondo que em média

um aparelho de ar condicionado funcione 6h por dia e cuja tarifa de energia seja

de R$ 0,238/kWh. (2P)

4) Calcule o tempo de retorno (Tr) ou Payback do investimento caso decida substituir

os aparelhos por um COP superior ao escolhido pela seguinte expressão (2P):

Onde:

Preencha a seguinte tabela:

Convencional Eficiente

Potência (W)

Consumo (kWh/ano)

Preço (R$)

Tarifa de energia (R$/kWh)

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ATIVIDADE 3

Objetivo

Trabalhar com cartas psicrométricas para sistemas de ar condicionado

INTRODUÇÃO

CARTA PSICROMÉTRICA

É um diagrama que permite representar graficamente as evoluções do ar úmido, cada

ponto da carta representa uma combinação de ar seco e vapor d’água. A carta

psicrométrica é geralmente baseada na pressão atmosférica ao nível do mar que é de

101,325 kPa, pode ser usada sem correção até 300 m de altitude, constitui uma excelente

ferramenta de trabalho para analisar os diversos processos para tratamento do ar. A figura

ilustra a carta psicrométrica com as diversas propriedades que podem ser determinadas

através do cruzamento de no mínimo duas informações conhecidas.

Onde: W = umidade absoluta, kg de água/kg de ar seco h = entalpia do ar em kJ/kg Tbu = temperatura de bulbo úmido em ºC Tbs = temperatura de bulbo seco em ºC To = temperatura ponto de orvalho em ºC Po = ponto de orvalho Ve = volume específico do ar em m3/kg de ar seco

= umidade relativa do ar no ponto P em %

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Materiais utilizados

Software de carta psicrométrica.

Exemplo de Construção para um ponto:

1) Uma sala situada em São Paulo possui em um determinado período do dia 25ºC de

TBS e 50% de umidade relativa. Para a mistura ar-vapor, determine:

a) temperatura de bulbo úmido (TBU)

b) umidade absoluta

c) entalpia

d) temperatura de orvalho

e) volume específico

Construção para dois pontos:

Em sistemas de ar condicionado é de fundamental importância a distribuição correta da

ventilação para os critérios de conforto e saúde dos usuários. A figura representa uma

distribuição típica de ventilação, onde o ar é circulado e recirculado por meio de dutos

sofrendo resfriamento ou aquecimento.

O ar de renovação possui uma carga térmica que é determinada por:

�̇�𝑆ren = �̇�𝑎𝑟𝑐𝑝𝑎𝑟(𝑇𝑒𝑥𝑡𝑒𝑟𝑛𝑎 − 𝑇𝑖𝑛𝑡𝑒𝑟𝑛𝑎)

�̇�𝐿𝑟𝑒𝑛 = �̇�𝑎𝑟ℎ𝑙𝑣(𝑤𝑒𝑥𝑡𝑒𝑟𝑛𝑎 − 𝑤𝑖𝑛𝑡𝑒𝑟𝑛𝑎)

Onde

𝑐𝑝𝑎𝑟 = 1kJ/kg°C

ℎ𝑙𝑣 = 2450kJ/kg

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A figura anterior representa o esquema de transferência de energia associada ao volume

de controle do espaço que se deseja climatizar. Onde �̇�𝑆 e �̇�𝐿 são a parcela de calor

sensível e latente respectivamente necessária para retirar do espaço e �̇�𝑎𝑟, h e w são a

vazão de ar em massa, a entalpia e a umidade absoluta do ar de entrada e saída

respectivamente. Aplicando o balanço de massa e energia para sistema permanente na

figura obtemos:

𝐸�̇� = 𝐸�̇�

�̇�𝑎𝑟h1 + �̇�𝑆 +�̇�𝐿 = �̇�𝑎𝑟ℎ2

Onde

�̇�𝑆 + �̇�𝐿 + �̇�𝑆ren + �̇�𝐿𝑟𝑒𝑛 = �̇�𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙

�̇�𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙 = �̇�𝑎𝑟(ℎ2 − ℎ1)

Onde h é dado em kJ/kg

�̇�𝑆 e �̇�𝐿 correspondem a quantidade de calor extraída do cálculo de carga térmica, assim,

a vazão de ar insuflado pelo fancoil pode ser determinada de forma mais completa por:

�̇�𝑎𝑟 = �̇�𝑇𝑜𝑡𝑎𝑙 / (ℎ2 − ℎ1) em (kg/s)

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ATIVIDADE INDIVIDUAL

Considere uma sala em São Paulo para as seguintes condições:

• Condições recomendadas para a sala: TBS de 24 e UR de 60%

• Condições do ar externo: 30°C e 70% UR

• Qs = 100kW

• QL = 50KW

• Vazão de ar de renovação recomendada: 36m3/h por pessoa (ANSI/ASHRAE)

considere 50 pessoas no ambiente

DETERMINAR:

a) O calor sensível de renovação (3P);

b) O calor latente de renovação (3P);

c) A vazão mínima do fancoil em m3/h (4P).

Considere a seguinte expressão para a mudança de unidade de vazão:

1

𝑣𝑒𝑎𝑟=

𝑣𝑎𝑧ã𝑜 𝑚á𝑠𝑠𝑖𝑐𝑎 (𝑘𝑔𝑠 )

𝑣𝑎𝑧ã𝑜 𝑣𝑜𝑙𝑢𝑚é𝑡𝑟𝑖𝑐𝑎 (𝑚3

𝑠 )

Entregar em folha sulfite ou almaço mostrando todos os cálculos e etapas. Consulte um

catálogo de fabricante e escolha algum modelo que se enquadre nos valores calculados

para os valores encontrados de vazão do fancoil e carga térmica total.