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Laboratório Nacional de Computação Científica - LNCC Programa de Pós-Graduação em Modelagem Computacional Mestrado em Modelagem Computacional com Ênfase em Bioinformática e Biologia Computacional ESTUDO ESTRUTURAL E TERMODINÂMICO DE MUTANTES DA PROTEÍNA c-ABL RESISTENTES AO IMATINIB Por Elen Gomes Pereira Junho de 2009 Petrópolis, RJ - Brasil

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Laboratório Nacional de Computação Científica - LNCC

Programa de Pós-Graduação em Modelagem Computacional

Mestrado em Modelagem Computacional com Ênfase em Bioinformática e Biologia Computacional

ESTUDO ESTRUTURAL E TERMODINÂMICO DE MUTANTES DA PROTEÍNA c-ABL RESISTENTES AO IMATINIB

Por Elen Gomes Pereira

Junho de 2009 Petrópolis, RJ - Brasil

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ESTUDO ESTRUTURAL E TERMODINÂMICO DE MUTANTES DA PROTEÍNA c-ABL RESISTENTES AO IMATINIB

Elen Gomes Pereira

DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO CORPO DOCENTE DO LABORATÓRIO NACIONAL DE COMPUTAÇÃO CIENTÍFICA COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE EM CIÊNCIAS EM

MODELAGEM COMPUTACIONAL

Aprovada por:

________________________________________ Prof. Ernesto Raúl Caffarena, PhD (presidente)

______________________________________

Prof. Laurent Emmanuel Dardenne, PhD

__________________________________________ Prof. Eliana Saul Furquim Werneck Abdelhay, PhD

_____________________________ Prof. Paulo Mascarello Bisch, PhD

PETRÓPOLIS, RJ – BRASIL JUNHO DE 2009

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Pereira, Elen Gomes

P436e Estudo estrutural e termodinâmico de mutantes da proteína c- Abl

resistentes ao Imatinib / Elen Gomes Pereira - Petrópolis, RJ:

Laboratório Nacional de Computação Científica, 2009.

xvii, 156 p. : il. ; 29 cm. Orientador : Ernesto Raúl Caffarena. Dissertação (Mestrado) – Laboratório Nacional de Computação

Científica, 2009. 1. Metabolismo energético. 2. Células – Metabolismo. 3. Leucemia

Mielóide Crônica. I. Caffarena, Ernesto Raul. II. LNCC/MCT. III.Título.

CDD – 572.4

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Agradecimentos

Amor sem Conhecimento é mera boa vontade, Conhecimento sem Amor pode ser na maioria

das vezes perda de tempo e possivelmente irá produzir algo muito distante do que chamamos Vida.

Viva ao Amor, ao Conhecimento e à Vida !!!

Pertenço a tudo para pertencer cada vez mais a mim próprio

E a minha ambição era trazer o universo ao colo

Como uma criança a quem a ama beija.

Eu amo todas as coisas, umas mais do que as outras,

Não nenhuma mais do que outra, mas sempre mais as que estou vendo

Do que as que vi ou verei.

Acordar – Álvaro de Campos

Agradeço aos acasos inesperados de percurso e à todas as pessoas que me conhecem e me

ajudaram diretamente na realização desse trabalho… assim como ao povo brasileiro, que com seus

impostos pagaram minha bolsa e as viagens aos congressos. Certamente continuarei retribuindo à

sociedade o conhecimento adquirido.

M U I T O O B R I G A D A !!!

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Resumo da Dissertação apresentada ao MCT/LNCC como parte dos requisitos necessários para a

obtenção do grau de Mestre em Ciências (M.Sc.)

ESTUDO ESTRUTURAL E TERMODINÂMICO DE MUTANTES DA PROTEÍNA c-ABL

RESISTENTES AO IMATINIB

Elen Gomes Pereira

Junho/2009

Orientador: Ernesto Raúl Caffarena, Ph.D

Co-orientador: Miguel Ângelo Martins Moreira, D.Sc.

Modelagem Computacional

As leucemias são desordens proliferativa nas células tronco hematopoiéticas pluripotentes

caracterizada por mutações que comprometem seus precursores mielóides ou linfóides levando ao

desenvolvimento de leucemias similares quanto ao fenótipo (Mielóide ou Linfóide) e forma (Crônica

ou Aguda). Descrito em 1960, o cromossomo philadelphia (Ph) foi a primeira anomalia cromossômica

associada a uma neoplasia, a Leucemia Mielóide Crônica (LMC). Em 1973, foi demonstrado que o

cromossomo Ph resulta da translocação recíproca entre os braços longos do cromossomo 9 e 22

[t(9;22)(q34;q11)], produzindo um gene quimérico BCR-ABL, encontrado em 95% dos casos de LMC.

A proteína quimérica codificada, BCR-ABL, com atividade tirosina quinase descontrolada, é o fator

causal da LMC. Durante os anos 1990, uma série de moléculas sintéticas foram desenvolvidas e

testadas para inibir especificamente a atividade tirosina quinase da proteína BCR-ABL, o Imatinib

(STI-571 ou Gleevec) foi a primeira dessas drogas aprovadas e usadas como agente terapêutico contra

a LMC, demonstrando redução do número de células leucêmicas em quase todos pacientes. No entanto

muitos pacientes com resistências primárias ou secundárias foram frequentemente relatados. Os

mecanismos de resistência são provavelmente heterogêneos, e no mínimo dois mecanismos envolvendo

o gene BCR-ABL foram descritos em estudos realizados in vivo: amplificação do gene e ocorrência de

mutações que resultam em substituições de aminoácidos associadas com o fenótipo de resistência.

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Diferentes níveis de resistência são frequentemente associadas a mutações pontuais recorrentes

encontradas no domínio quinase da proteína c-ABL em regiões como: sítio catalítico, alça de ativação

(A-loop) e alça de fosforilação (P-loop). Os primeiros estudos computacionais foram realizados com o

mutante Thr334Ile e mutações na região do P-loop, e ajudaram a entender num nível molecular, os

mecanismos de resistência ao Imatinib. Neste trabalho, realizamos um estudo estrutural e

termodinâmico das interações entre os ligantes Imatinib e Nilotinib no sítio ativo da proteína c-ABL

selvagem e em 12 proteínas com mutações específicas, além de determinar a importância do solvente

(com particular interesse na molécula de água – denominada Cw - que medeia a interação fármaco-

proteína) no processo de resistência aos fármacos. No presente trabalho, utilizamos o método semi-

empírico de energia de interação linear (LIE) de maneira alternativa: analisando as interações entre

diferentes mutantes da proteína c-ABL e um inibidor (Imatinib ou Nilotinib). Os coeficientes de LIE

obtidos foram os seguintes: com Cw fixa (restrição de Cw na posição inicial) α = 0,2169; β = 0,0654;

γ = 1,4159; e Cw livre (sem restrição de Cw na posição inicial) α = 0,0394; β = 0,0077; γ = -

2,0503. O melhor ajuste dos coeficientes de LIE foram obtidos nas simulações sem restrição da posição

inicial de uma molécula de água conservada (Cw), essa escolha foi baseada no valor de energia livre

absoluta da proteína c-ABL selvagem ( exp( )selG∆ ) ser sempre um número mais negativo quando

comparado com o valor da energia livre absoluta de cada proteína c-ABL mutada. O uso do método

LIE (Linear Interaction Energy) com essa estratégia foi eficiente para analisar o efeito da interação

entre diferentes proteínas c-ABL mutantes e um ligante (Imatinib ou Nilotinib). Até o momento não

existem simulações de dinâmica molecular na presença de outros domínios da proteína BCR-ABL:

SH2 e SH3.

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Abstract of Dissertation presented to LNCC/MCT as a partial fulfillment of the requirements for the

degree of Master of Sciences (M.Sc.)

STRUCTURAL AND THERMODYNAMIC STUDY FROM C-ABL MUTANT PROTEINS

RESISTANT TO IMATINIB

Elen Gomes Pereira

June, 2009

Advisor: Ernesto Raúl Caffarena, Ph.D.

Co-advisor: Miguel Ângelo Martins Moreira, D.Sc.

Leukemias are a proliferative disorder of hematopoiethic steam cells caracterized by mutations

that disturbing myeloid and lymphoid precursors resulting in similar phenotypes (Mieloid or Linfoid)

and type (Chronic or Acute). Described in 1960, Philadelphia chromosome (Ph) was the first

chromosomic anomaly associated to a neoplasia, the Chronic Myeloid Leukemia (CML). In 1973, was

demonstrated that Ph-chromosome results from a reciprocal translocation between the long arms of

chromosome 9 and chromosome 22 [t(9;22)(q34;q11)], producing the chimeric gene BCR-ABL, found

in 95% of CML cases. The encoded chimeric protein, BCR-ABL, with an uncontrolled kinase activity,

is the casual factor of CML. During the late 1990's, a series of synthetic molecules were developed and

tested for specifically inhibiting BCR-ABL kinase activity; Imatinib (STI-571 or Gleevec) was the first

of these drugs approved and used as a therapeutic agent against CML, showing reduction of the number

of leukemia cells in almost all patients. However, despite its effectiveness in CML treatment, several

patients with primary refractory disease or secondary resistance were frequently reported. The

mechanisms underlying resistance are probably heterogeneous, and at least two mechanisms

encompassing the gene BCR-ABL have been described in studies done in vivo: gene amplification and

occurrence of mutations resulting in aminoacid substitutions associated with resistance. Different levels

of resistance are frequently associated to recurrent point mutations found at the c-ABL kinase domain,

being mutations at the catalytic site, activation loop (A-loop), and ATP phosphate-binding loop (P-

loop), frequently reported in patients. The first computational studies were carried out with Thr334Ile

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and P-loop point mutation and helped to understand, at molecular level, the mechanisms of resistance.

Herein we report a structural and thermodynamic study of Imatinib and Nilotinib interactions at the

active site of c-ABL protein (wild type and 12 mutants) and the relevance of the solvent (with

particular interest in a water molecule - namely Cw - that helps drug-protein interactions) in the process

of drug resistance. We used a semi-empirical method of linear interaction energy (LIE) and obtained

the results of molecular dynamics based in the diference of ligand interaction in bound and free states.

In the present work, we used LIE method in alternative approach: to analyse interactions between

different ABL mutants and one inhibitor (Imatinib or Nilotinib). LIE coefficients were as follow: Fixed

Cw (restrained initial position) α = 0,2169; β = 0,0654; γ = 1,4159; and Free Cw (non-restrained

initial position) α = 0,0394; β = 0,0077; γ = -2,0503. The best fit was obtained with simulations

carried out with Cw non-restrained, as the value of absolute free energy with the wild-type c-ABL

protein ( exp( )selG∆ ) was more negative in comparison with absolute free energy values for the c-ABL

mutants ( exp( )mutG∆ ). The use of the LIE method in this strategy was efficient to analyze the effect of

interaction between different c-ABL mutants and one ligand (Imatinib or Nilotinib). At the present time

there is no molecular dynamics simulation including other BCR-ABL domains: SH2 and SH3.

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Índice do texto

1 Introdução..............................................................................................................................................1

1.1 Leucemias e o gene BCR-ABL.................................................................................................1

1.2 Estrutura da proteína c-ABL....................................................................................................6

1.2.1 O domínio quinase da proteína c-ABL......................................................................9

1.2.2 Inibidores da atividade tirosina quinase..................................................................12

1.3 Mecanismos moleculares de inibição do Imatinib e Nilotinib...............................................18

1.3.1 Resistência aos inibidores........................................................................................21

1.4 Dinâmica Molecular da proteína c-ABL................................................................................27

1.5 Planejamento Racional de Fármacos Baseado em Estrutura.................................................28

1.6 Química computacional e Modelagem Molecular.................................................................29

1.6.1 Mecânica Molecular................................................................................................29

1.6.2 Campo de força........................................................................................................30

1.6.3 Dinâmica Molecular................................................................................................31

1.7 Energia livre de Gibbs............................................................................................................35

1.7.1 Tratamento quantitativo da energia livre de Gibbs..................................................36

2 Objetivo................................................................................................................................................38

2.1 Objetivo Geral........................................................................................................................38

2.2 Objetivos Específicos.............................................................................................................38

3 Metodologia.........................................................................................................................................39

3.1 Cálculo da energia livre pelo método de LIE.........................................................................39

3.1.2 Adequação do método LIE para aplicação neste trabalho.......................................41

3.2 Escolha das estruturas e inibidores.........................................................................................42

3.2.1 Escolha dos mutantes..............................................................................................42

3.3 Escolha dos parâmetros utilizados nas simulações de dinâmica molecular...........................43

3.4 Análise do comportamento de Cw e mobilidade dos resíduos do sistema ABL/Imatinib.....44

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4 Resultados............................................................................................................................................45

4.1 Diferenças nas energias (Eletrostática e Lennard-Jones) dos fármacos (Imatinib e Nilotinib)

livres na água...........................................................................................................................................45

4.2 Escolha das amostras de energia para calibração dos coeficientes de LIE............................47

4.2.1 Estimativas das energias (Eletrostática e Lennard-Jones) de proteína c-ABL

selvagem e dos 12 mutantes complexados aos fármacos Imatinib ou Nilotinib......................................50

4.2.2 Comparação dos valores de energia livre relativa e absoluta da proteína c-ABL

selvagem e dos mutantes ligados ao Imatinib ou Nilotinib..........................................................54

4.2.3 Comparação dos modelos com e sem restrição na posição de Cw..........................56

4.3 Comparação das energias livres relativas calculadas ( calc(mut/sel)∆∆G ) versus experimentais

( exp(mut/sel)∆∆G ) com Cw livre................................................................................................................57

4.4 Diferenças nos valores das energias (Eletrostática e Lennard-Jones) nas simulações com e

sem restrição da posição inicial de Cw....................................................................................................59

4.5 Comportamento de Cw na proteína c-ABL selvagem e nos 12 mutantes complexados ao

Imatinib ou Nilotinib em simulações com Cw livre................................................................................62

4.5.1 Raiz do desvio quadrático médio dos resíduos das proteínas c-ABL selvagem e

mutantes.......................................................................................................................................65

4.6 Efeito alostérico das mutações pontuais.................................................................................66

4.7 Interações específicas entre os ligantes Imatinib e Nilotinib e a proteína c-ABL.................68

5 Discussão..............................................................................................................................................69

5.1 Valores das energias (Eletrostática e Lennard-Jones) nas simulações sem restrição de Cw

pelo método de LIE..................................................................................................................................79

5.2 Análise do mecanismo molecular de resistência....................................................................80

5.3 Análise da permanência das ligações de hidrogênio dos fármacos (Imatinib e Nilotinib) com

a proteína c-ABL......................................................................................................................................82

6 Conclusões e Perspectivas..................................................................................................................83

Referências Bibliográficas.....................................................................................................................85

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Índice de Figuras

1.1 Diagrama esquemático da origem e diferenciação das células sanguíneas na medula óssea.............1

1.2 Representação da translocação recíproca entre os cromossomos 9 e 22, gerando os cromossomos

não naturais 9q+ e 22q- (Ph- Cromossomo Philadelphia).

http://www.unesp.br/prope/projtecn/Saude/Imagens/Saude48_1.jpg ................................................3

1.3 Representação esquemática dos genes ABL e BCR. Os éxons estão representados em retângulos

pelas cores cinza claro e escuro nos genes ABL e BCR, respectivamente, e os íntrons pelas retas. As

quebras no ABL, ilustradas pelas setas, quase invariavelmente ocorrem entre os éxons Ia e a2. O

gene BCR contém 25 éxons, incluindo as isoformas alternativas (e1') e (e2'). Os pontos de quebra

no gene BCR usualmente ocorrem dentro de uma das 3 regiões agrupadas de quebra (m-bcr, M-bcr

e µ-bcr) indicadas pelas duplas setas horizontais. Raramente, a quebra se dá na região indicada pela

dupla seta horizontal pontilhada. Abaixo, a estrutura de vários RNAm transcritos de BCR/ABL, os

quais são formados de acordo com a posição do ponto de quebra no BCR e darão origem às

proteínas p190, p210, p210 e p230 respectivamente..........................................................................4

1.4 a) Esquema simplificado dos domínios da proteína c-SRC: SH3 (amarelo), SH2 (verde), quinase

(violeta), da proteína c-ABL1b: cap (rosa), SH3 (amarelo), SH2 (verde) e quinase (violeta) e da

proteína BCR-ABL: BCR (verde musgo), SH3 (amarelo), SH2 (verde) e quinase (violeta). Sítios de

fosforilação (P) dos resíduos tirosina estão indicados em círculos vermelhos. b) Representação dos

domínios da proteína c-ABL nos estados Inativo, Intermediário e Ativo: domínio quinase (azul),

SH3 (verde) e SH2 (amarelo); na proteína ativa os domínios quinase (azul), SH2 (verde) e SH3

(amarelo) estão orientados verticalmente. (Nagar et al., 2003; Harrison et al., 2003, modificado). c)

Diagrama esquemático de um modelo de ativação da quinase c-SRC baseado em estrutura da forma

não fosforilada e estudos de RMN (Ressonância Magnética Nuclear)...............................................8

1.5 Descrição das regiões mais importantes do domínio quinase na sua conformação inativa (PDB 10PJ

1,75 Å, Imatinib foi retirado): A-loop (alça de ativação) em azul, P-loop (alça de fosforilação) em

vermelho, motivo DFG em azul, ponte salina entre Lys290 e Glu305, resíduo onde ocorre a

fosforilação Tyr412 no A-loop, região catalítica em ciano com o resíduo catalítico aceptor de próton

Asp382, estruturas secundárias alfa hélice (em magenta) dando destaque à Hélice α-C e todas as

folhas beta (em marrom) que vão de β-1 à β-9..................................................................................10

1.6 Os quatro principais inibidores da atividade tirosina quinase da proteína BCR-ABL: Imatinib,

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Nilotinib, Dasatinib e Bosutinib. Detalhe para a estrutura do Imatinib e do Nilotinib, onde metade

da estrutura, referente à ligação no sítio catalítico e que mimetiza a estrutura do ATP, é mantida

idêntica...............................................................................................................................................13

1.7 Arranjo tridimensional dos PDBs: (a) 1OPJ (proteína c-ABL inativa, Asp-out), (b) 3CS9 (proteína

c-ABL inativa, Asp-out) e (c) 2GQG (proteína c-ABL ativa, Asp-in) complexados com Imatinib,

Nilotinib e Dasatinib respectivamente. Estruturas secundárias: α -hélices (magenta), folhas- β

(marrom) e alças (verde). Numeração dos resíduos conforme variante Ib da proteína c-ABL. Em

destaque, os resíduos Tyr412 do A-loop (azul), P-loop (vermelho) e Alça catalítica (ciano) com o

resíduo Asp382 catalítico aceptor de próton em destaque. Resíduos do motivo DFG (Asp400-

Phe401-Gly402) estão destacados em azul. A hélice α -C está indicada em magenta. A ponte salina,

Lys290-Glu305, ajuda na estabilização da estrutura da proteína c-

ABL...................................................................................................................................................17

1.8 Representação das interações entre os átomos do Imatinib (carbono em laranja, nitrogênio em azul

e hidrogênio em branco) e os resíduos do cristal PDB1OPJ. Numeração conforme variante 1b da

proteína c-ABL. Oxigênio da água (Cw) presente no cristal que medeia interações entre a proteína e

o Imatinib...........................................................................................................................................19

1.9 Representação das interações entre os átomos do Nilotinib (carbono em laranja, nitrogênio em azul

e hidrogênio em branco) e os resíduos do cristal PDB 3CS9. Numeração conforme variante 1b da

proteína c-ABL. Oxigênio da água (Cw) presente no cristal PDB 1OPJ que medeia interações entre

a proteína e o Imatinib......................................................................................................................21

1.10 Mutações na proteína c-ABL e suas posições homólogas em outras quatro quinases (c-SRC, c-

HCK, c-KIT e PDGF-R). As estruturas secundárias também estão ilustradas: hélices (cilindros) e

folhas- β (caixas com seta). As mutações identificadas em ensaios in vitro estão coloridas

aleatoriamente. As mutações encontradas em pacientes estão identificadas acima do resíduo com o

seu número respectivo e uma seta. Numeração dos resíduos conforme variante Ib da proteína c-

ABL. O asterisco indica o resíduo autorregulatório Tyr412 onde ocorre a fosforilação e

consequentemente a ativação da proteína pela abertura da alça de ativação (Activation loop ou A-

loop)...................................................................................................................................................24

1.11 O algoritmo global de MD..............................................................................................................34

3.1 Ciclo termodinâmico....................................................................................................................40

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4.1 a) Média FINAL das 20 amostras de energia do Imatinib livre na água Ele_TOT = -85,09

kcal/mol (1,85) e Evdw_TOT = -38,96 kcal/mol (0,53); Média FINAL das últimas 5 amostras

de energia do Imatinib ligado na proteína ABL (em rosa) Ele_TOT = -65,84 kcal/mol (4,51) e

Evdw_TOT = -69,87 kcal/mol (0,60). b) Média FINAL das últimas 5 amostras de energia do

Imatinib ligado na proteína ABL mutante Met263Val (em rosa) Ele_TOT = -69,88 kcal/mol

(1,84) e Evdw_TOT = -64,86 kcal/mol

(0,36)............................................................................................................................................49

4.2 Predições da energia livre relativa ( ( / )calc mut selG∆∆) e absoluta ( ( )calc selG∆

ou ( )calc mutG∆) para

Imatinib e Nilotinib ligados à proteína c-ABL selvagem e 12 mutantes. (a) Predições de

( / )calc mut selG∆∆ entre a proteína selvagem e cada proteína mutante ligadas ao Imatinib ou ao

Nilotinib com restrição na posição inicial de Cw. b) Predições de ( / )calc mut selG∆∆ para Imatinib ou

ao Nilotinib ligados à proteína c-ABL selvagem e 12 mutantes sem restrição na posição inicial

de Cw. (c) Predições de ( ( )calc selG∆ e ( )calc mutG∆ ) para Imatinib e Nilotinib ligados à proteína c-

ABL selvagem e 12 mutantes sem restrição na posição inicial de

Cw.................................................................................................................................................56

4.3 Distância do átomo C15 (centro da esfera utilizada nas simulações) até as mutações localizadas

em várias regiões da proteína c-ABL. Módulo dos valores da diferença entre a energia livre

relativa experimental e calculada ( ( / ) exp( / )D calc mut sel mut selG G G∆∆ = ∆∆ −∆∆ ) dos 12 mutantes da

proteína c-ABL em relação à

selvagem.......................................................................................................................................58

4.4 Interações entre Cw e os resíduos Lys290, Glu305 e motivo DFG (Asp400). a) Proteína c-ABL

complexada com Imatinib obtida do PDB 1OPJ. b) Proteína c-ABL e Cw foram obtidos por

homologia da estrutura PDB 1OPJ. O Nilotinib foi obtido da estrutura PDB

3CS9.............................................................................................................................................62

4.5 Troca de Cw (Molécula de HOH 278) por outra molécula de água para as proteínas Selvagem,

Thr334Ile e Leu267Arg................................................................................................................63

4.6 Flutuação dos últimos 250 ps da proteína (a) Selvagem, (b) Leu247Arg e (c) Tyr272Hix

complexada com Imatinib............................................................................................................67

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Índice de Tabelas

1.1 Espectro e incidência de mutações no domíno quinase da proteína BCR-ABL na presença de

Imatinib, Nilotinib e Dasatinib. Sendo N (número de amostras) = 372, 173 e 181 respectivamente.

*Não foram observadas mutações a Nilotinib 10 nM. Mutações pertencentes ao P-loop†. Mutações

pertencentes ao A-loop††...................................................................................................................25

4.1 Média das energias eletrostáticas ( eleU< ∆ > e Lennard-Jones ( LJU< ∆ > ), realizadas a cada 50 ps,

dos 1000 ps de simulação por DM do Imatinib e Nilotinib em solução............................................46

4.2 Média dos valores das energias eletrostáticas e van der Waals (Lennard-Jones) dos últimos 250 ps

de simulação por DM do Imatinib e Nilotinib ligados ao domínio quinase da proteína c-ABL

(selvagem e dos 12 mutantes), com (Cw fixo) e sem (Cw livre) restrição na posição inicial de Cw.

Desvio padrão amostral (N=5) entre parêntesis. Unidades em kcal/mol...........................................51

4.3 Comparação dos valores de energia livre de Gibbs relativa (em kcal/mol). Experimentais

( exp( / )mut selG∆∆ ) e calculadas computacionalmente ( ( / )calc mut selG∆∆ )...................................................53

4.4 Comparação do RMSD dos modelos com e sem restrição na posição inicial de Cw, nas simulações

da proteína c-ABL com Imatinib. Sendo N = 12. ( )

2

exp1

N

calcG G

N

∆∆ −∆∆∑ ....................................57

4.5 Média das energias eletrostáticas ( eleU< > ) e Lennard-Jones ( LJU< > ) para a proteína c-ABL

selvagem e 12 mutantes em diferentes regiões do domínio quinase ( β 1, P-loop, β 5, contato-SH2,

A-loop e hélice-J) obtidos a partir das simulações com Cw livre e Cw fixa para os fármacos

Imatinib e Nilotinib. Sendo U< ∆ > a diferença das energias nos estados ligado e livre e U< ∆∆ >

a diferença de U< ∆ > nas simulações com a proteína selvagem e mutantes...................................60

4.6 Comparação da distância (Å) entre o centro da esfera e o Cα do respectivo mutante com o índice

de hidropatia.......................................................................................................................................64

5.1 Comparação da metodologia dos trabalhos de Pricl et al. 2005 e Lee et al. 2008 com o trabalho

desenvolvido nessa dissertação..........................................................................................................70

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xv

Lista de símbolos

Å: Ångströms

AMN107: Nilotinib

Abl: gene ABL (Abelson Leukemia)

A-loop: Activation-loop (Alça de ativação)

Bcr: gene Break Cluster Region (Região Agrupada de Quebra)

BMS-354825: Dasatinib

c-ABL: proteína ABL citoplasmática

c-BCR: proteína BCR citoplasmática

CB: Crise Blástica

Chr9: cromossomos 9

Chr22: cromossomo 22

EPHB4: ephrin-B

Energia Livre Absoluta da proteína selvagem (calculado pelo método de LIE): ∆Gcalc(sel)

Energia Livre Absoluta da proteína mutante (calculado pelo método de LIE): ∆Gcalc(mut)

Energia Livre Relativa (calculado pelo método de LIE): ∆∆Gcalc(mut/sel)

Energia Livre Absoluta da proteína selvagem (baseado em valores experimentais): ∆Gexp(sel)

Energia Livre Absoluta da proteína mutante (baseado em valores experimentais): ∆Gexp(mut)

Energia Livre Relativa (baseado em valores experimentais): ∆∆Gexp(mut/sel)

FC: Fase Crônica

FDA: Administração de Alimentos e Medicamentos dos Estados Unidos da América (Food and Drug

Administration)

GEF: Fatores de Troca de Guanina (Guanine Exchange Factor)

ISCN: Sistema Internacional de Nomenclatura para a Citogenética (International System for Human

Cytogenetic Nomenclature)

IC50: Concentração, de um composto, necessária para reduzir o crescimento celular em 50 %

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xvi

FGR: Gardner-Rasheed feline (Gardner-Rasheed Felina)

FYN: Feline yes-related protein (Proteína felina yes-related)

HCK: Human Cervical Keratinocyte (Queratinócito Cervical Humano)

LCK: Lymphocyte-Specific Protein-Tyrosine Kinase (Proteína Tirosina Quinase Linfócito-Específica)

LYN: Yamaguchi sarcoma viral related

LMC: Leucemia Mielóide Crônica

LLA: Leucemia Linfóide Aguda

LMA: Leucemia Mielóide Aguda

Motivo DFG: Asp400-Phe401-Gly402

P-loop: Alça de fosforilação (Phosphate-loop)

PQs: Proteínas Quinases

PFs: Proteínas Fosfatases

Ph: Filadélfia (Philadelphia)

PDGFR: Receptor de Fator de Crescimento Derivado de Plaquetas (Platelet-Derived Growth Factor

Receptor)

STI571: Imatinib, Gleevec

SRC: Sarcoma (Schmidt-Ruppin A-2)

v-Abl: oncogene do vírus Abelson presente em murinos

YES: Oncogene V-yes-1 Yamaguchi sarcoma homólogo 1(V-yes-1 Yamaguchi sarcoma viral oncogene

homolog 1)

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Apêndices

A – Alinhamento entre as sequências das isoformas a e b da proteína c-ABL......................................104

B - Código das estruturas do domínio quinase da proteína c-ABL depositadas no PDB (Protein Data

Bank), nome dado pelo banco de dados, data do depósito, resolução (em Å) e a respectiva

referência................................................................................................................................................105

C - Parâmetros utilizados na simulação com Cw fixo. Imposição de força constante de 5 kcal/(molÅ2 )

no átomo pesado de Cw (oxigênio, átomo 2913 nesse caso).................................................................108

D – Média do desvio quadrático médio (RMSD) dos resíduos a 4 Å de distância do Imatinib............113

E.1 a E.7 – Flutuação dos últimos 250 ps de simulação em DM dos resíduos da proteína c-ABL

(selvagem e mutantes) complexada com Imatinib.................................................................................122

F - Troca de Cw por outra molécula de água do solvente em função do tempo de simulação (1000 ps)

com o Imatinib complexado nas proteínas Selvagem e 10 mutantes: Met263Val, Met263Ile, Gln271His,

(Tyr272 nas protonações Tyr272His e Tyr272Hip), Glu274Lys, Thr334Ile, Thr334Ser,Met370Thr,

Met370Ile e Gly417Arg)........................................................................................................................129

G.1 a G.4 - Manutenção das ligações de hidrogênio entre os fármacos Imatinib (linha preta) e Nilotinib

(linha vermelha) e a proteína c-ABL durante os 1000 ps de DM..........................................................131

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1

Capítulo 1

Introdução

1.1 Leucemias e o gene BCR-ABL

A produção de todas as células do sangue ocorre a partir de uma célula tronco comum, que se

autorrenova e dá origem às células descendentes das linhas progenitoras Mielóide e Linfóide (Figura

1.1).

Figura 1.1: Diagrama esquemático da origem e diferenciação das células sanguíneas na medula óssea

(Alberts et al., 2004).

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Em adultos, este processo se passa na medula dos ossos planos ou chatos, principalmente no

esterno, e nos ossos ilíacos. Depois, seus precursores são distribuídos em órgãos especializados, os

órgãos linfóides, que são constituídos por células que formam seu arcabouço de sustentação e abrigam:

1. células provenientes da linhagem progenitora mielóide que durante a hematopoiese darão

origem aos neutrófilos, eosinófilos, basófilos, monócitos, plaquetas e eritrócitos.

2. células provenientes da linhagem progenitora linfóide que durante a hematopoiese darão

origem aos linfócitos T e linfócitos B.

As leucemias são desordens proliferativas nas células tronco hematopoiéticas pluripotentes

caracterizada por mutações que comprometem seus precursores mielóides ou linfóides levando ao

desenvolvimento de leucemias similares quanto ao fenótipo (Mielóide ou Linfóide) e forma (Crônica

ou Aguda) (Michael e Moshe, 2008). Por várias razões, a Leucemia Mielóide Crônica (LMC) é

provavelmente uma das neoplasias humanas mais estudadas (Melo e Bardes, 2007; Mughal et al.,

2007; Sawyers et al., 2001), constituindo 15% das leucemias adultas com uma incidência de

aproximadamente 3000-5000 novos casos por ano nos Estados Unidos. Segundo o Instituto Nacional

do Câncer (INCA), o Brasil tem uma taxa estimada de sete casos para cada 100.000 habitantes por ano.

A predominância é masculina e a média de idade ao diagnóstico é de 67 anos (Menzin et al., 2004). A

LMC pode ser considerada um paradigma e se caracteriza por um processo patogênico em três fases

(O'Dwyer et al., 2002): usualmente é diagnosticada durante a fase crônica (FC) que dura em média de 4

a 6 anos, de onde progride para uma fase acelerada e, posteriormente, caso não haja tratamento, chega à

fase aguda e fatal, crise blástica (CB), onde a média de sobrevida é de 18 semanas (Kantarjian e Talpaz,

1988). O mecanismo de transformação que leva à crise blástica é desconhecido e ainda carece de

explicações para o seu total entendimento (Melo e Deininger, 2004). No entanto, sabe-se que ocorrem

diferenciações celulares deficientes e anormais, instabilidade genômica, encurtamento dos telômeros e

perda da função de genes supressores de tumor (Savona e Talpaz, 2008).

A LMC se caracteriza em 95% dos casos pela presença do cromossomo Philadelphia, resultante

da translocação entre os cromossomos 9 (Chr9) e 22 (Chr22), originando a formação de um gene

quimérico decorrente da justaposição do gene BCR, presente no cromossomo 22, e do proto-oncogene

c-ABL (Westbrook, 1988), presente no cromossomo 9. A presença deste gene quimérico e de sua

proteína (BCR-ABL) é o fator causal da LMC. Isto constitui uma evidência impactante para a LMC,

pois 95% das pessoas com essa neoplasia possuem o cromossomo Philadelphia em células leucêmicas

(Sawyers, 1999; Laurent et al., 2001). Os 5% restantes são decorrentes de eventos distintos não

relacionados ao cromossomo Philadelphia (Deininger et al., 1996). No entanto, sua presença não é

suficiente para especificar o diagnóstico da LMC, pois ele também é encontrado na Leucemia Linfóide

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Aguda (LLA) e ocasionalmente na Leucemia Mielóide Aguda (LMA).

O cromossomo Philadelphia foi observado pela primeira vez em 1960 por Peter Nowell da

University of Pennsylvania School of Medicine e David Hungerford do Fox Chase Cancer Center's

Institute for Cancer Research, e foi nomeado assim por ser a cidade onde se localizam os dois

estabelecimentos. Foi a primeira anomalia cromossômica associada a uma neoplasia (Nowell e

Hungerford, 1960) e sua origem foi esclarecida em 1973, como sendo o resultado da translocação

recíproca entre os braços longos dos cromossomos 9 e cromossomo 22 (Rowley, 1973). De acordo com

o International System for Human Cytogenetic Nomenclature (ISCN), essa translocação é denominada

t(9;22)(q34.1;q11.2) (Figura 1.2). Curiosamente, uma rara associação dessa neoplasia com a herança

genética foi evidenciada em 3 casos de LMC em 3 gerações consecutivas (Lillicrap e Sterndale, 1984).

Figura 1.2: Representação da translocação recíproca entre os cromossomos 9 e 22, gerando os

cromossomos não naturais 9q+ e 22q- (Ph- Cromossomo Philadelphia).

http://www.unesp.br/prope/projtecn/Saude/Imagens/Saude48_1.jpg

A demonstração de que o proto-oncogene ABL (Abelson Leukemia) é translocado do

cromossomo 9 para o cromossomo 22 sugeriu um possível desvio de seu comportamento como fator

desencadeador da leucemia (De Klein et al., 1982). Em 1984, com o desenvolvimento da citogenética,

detectou-se pela primeira vez uma diferença no padrão de translocação na região do Chr22, que passou

então a ser denominada de região agrupada de quebra (Break Cluster Region - BCR) (Groffen et al.,

1984; Prakash e Yunis, 1984). Embora a posição de quebra no cromossomo 9 seja praticamente

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invariável, a quebra no cromossomo 22 para geração do cromossomo Philadelphia é variável (Erikson

et al., 1986) e se deve aos diferentes locais de quebra como mostrado na Figura 1.3: M-BCR, m-BCR,

ou µ-BCR (Melo et al., 1996; Shtivelman et al., 1985; Hermans et al., 1987; Chissoe et al., 1995).

Figura 1.3: Representação esquemática dos genes ABL e BCR. Os éxons estão representados em

retângulos pelas cores cinza claro e escuro nos genes ABL e BCR, respectivamente, e os íntrons pelas

retas. As quebras no ABL, ilustradas pelas setas, quase invariavelmente ocorrem entre os éxons Ia e a2.

O gene BCR contém 25 éxons, incluindo as isoformas alternativas (e1') e (e2'). Os pontos de quebra no

gene BCR usualmente ocorrem dentro de uma das 3 regiões agrupadas de quebra (m-bcr, M-bcr e µ-

bcr) indicadas pelas duplas setas horizontais. Raramente, a quebra se dá na região indicada pela dupla

seta horizontal pontilhada. Abaixo, a estrutura de vários RNAm transcritos de BCR/ABL, os quais são

formados de acordo com a posição do ponto de quebra no BCR e darão origem às proteínas p190, p210,

p210 e p230 respectivamente (Melo, 1996).

O gene BCR normal se estende por 23 éxons no cromossomo 22 (22q11.2) (Prakash e Yunis,

1984); é expresso constitutivamente em células normais e codifica para uma proteína (BCR) com 160

kD (Hariharan e Adams, 1987) que tem atividade serina/treonina quinase e capacidade autofosforilativa

(Li et al., 1989; Maru e Witte, 1991). O primeiro íntron do gene BCR possui dois éxons alternativos e1'

e e2' que codificam para duas isoformas protéicas (Stam et al., 1985; Romero et al., 1989)

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denominadas 160kDa e 130kDa (Dhut et al., 1988), predominantes no citoplasma e no núcleo

respectivamente (Laurent et al., 2000).

A proteína BCR possui um domínio de oligomerização parcialmente responsável pela

localização e tetramerização da proteína quimérica BCR-ABL (McWhirter e Wang, 1991). A formação

do homotetrâmero BCR-ABL está correlacionada com a ativação da função tirosina quinase da proteína

quimérica, presente na região correspondente à proteína c-ABL, e sugere que os oligômeros são as

entidades ativas nas células linfóides (McWhirter et al., 1993; Guo et al., 1998). A parte central da

proteína BCR denomina-se GEF (Guanine Exchange Factor), pois essa região no gene BCR possui

similaridade a fatores de troca de guanina (Adams et al., 1992), que são componentes da rede de

sinalização intracelular e funcionam como ativadores de pequenas GTPases (família das hidrolases que

se ligam e hidrolisam GTP por um domínio G altamente conservado, comum em todas GTPases). O

domínio GAP terminal regula a proteína p21Rac, importante para reorganização do citoesqueleto

(Diekmann et al., 1991).

O proto-oncogene ABL, assim denominado pela semelhança funcional e estrutural ao oncogene

do vírus Abelson (v-Abl) (Abelson et al., 1970), causador de leucemia em murinos, está localizado na

região 9q34.1 e possui 11 éxons (Figura 1.3). O gene ABL (Mes-Masson et al., 1986) codifica para

duas isoformas protéicas: a variante 1b (que contém a região codificada pelo éxon Ib), resultante de

processamento pós-transcricional que se encontra predominantemente no núcleo, e a variante 1a (que

contém região codificada pelo éxon Ia) que se encontra majoritariamente no citoplasma celular

(Wetzler et al., 1993). A numeração dos aminoácidos da variante 1a foi arbritariamente adotada por

Schindler et al. (2000) na publicação original da estrutura do domínio quinase da proteína c-ABL e tem

sido perpetuada em novos trabalhos, no entanto a variante 1b é a forma majoritariamente expressa nas

células e a descrição da sua estrutura cristalográfica (Nagar et al., 2003) recomenda para a adoção desta

numeração em publicações futuras. O segundo aminoácido codificado pelo transcrito 1b, uma glicina,

pode ser miristilado (Nagar et al., 2006). Com essa miristilação estima-se que há uma maior afinidade

do N-terminal com a parte C-terminal da proteína (Figura 1.4 b), o que ajuda a manter o complexo

inativo (Harrison, 2003). O miristil também tem afinidade pela membrana plasmática e essa ligação é

necessária para manter o complexo ativo (Figura 1.4 c). No Apêndice A apresenta-se o alinhamento

entre as variantes 1a e 1b, onde se podem observar as diferenças com relação à numeração e à parte N-

terminal dos dois transcritos. Para facilitar a compreensão nessa dissertação faremos referência à

numeração dos aminoácidos conforme a variante 1b, publicada por Azam et al. (2003).

Em pacientes com LMC o gene quimérico BCR-ABL (Figura 1.3) geralmente codifica uma

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proteína de 210 kDa (p210), enquanto pacientes com Leucemia Linfóide Aguda (LLA) usualmente

expressam uma proteína BCR-ABL de 190kDa (p190). Para determinar se a p210 induz a leucemia,

fez-se reinfusão em camundongos de células tronco transfectadas com retrovírus recombinante para

este gene quimérico, determinando assim que a presença deste, e de sua proteína, é o principal evento

que leva ao desenvolvimento da LMC (Daley et al., 1990; Heisterkamp et al., 1990). A indução de

leucemia pelo gene p190, utilizando a estratégia "knock-in" (Huettner et al., 2000), evidenciou que uma

leucemia letal foi desenvolvida em todos animais e a remissão completa foi adquirida por supressão da

expressão do gene BCR-ABL. Esses resultados demonstraram que o gene quimérico é necessário para a

indução e a manutenção da leucemia (Gunz, 1977) e sendo assim, terapias direcionadas contra esse

alvo, particularmente à atividade tirosina quinase da proteína c-ABL, começaram a ser desenvolvidas.

1.2 Estrutura da proteína c-ABL

A proteína c-ABL apresenta 42% de identidade à Src (Feller et al., 1994), uma família de

tirosina quinases proto-oncogênicas, originalmente descoberta por J. Michel Bishop e Harold E.

Varmus, que receberam o prêmio Nobel em 1989. A descoberta da família de proteínas SRC tem sido

um moderno instrumento para o entendimento do câncer. O gene que codifica essa proteína é similar ao

gene v-src de Rous sarcoma vírus e pode ter um papel na regulação do desenvolvimento e crescimento

celular (Furstoss et al., 2002; Hunter, 1980).

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Os domínios das proteínas c-ABL e c-SRC estão ilustrados na Figura 1.4:

a)

b)

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c)

Figura 1.4: a) Esquema simplificado dos domínios da proteína c-SRC: SH3 (amarelo), SH2 (verde),

quinase (violeta), da proteína c-ABL1b: cap (rosa), SH3 (amarelo), SH2 (verde) e quinase (violeta) e da

proteína BCR-ABL: BCR (verde musgo), SH3 (amarelo), SH2 (verde) e quinase (violeta). Sítios de

fosforilação (P) dos resíduos tirosina estão indicados em círculos vermelhos. b) Representação dos

domínios da proteína c-ABL nos estados Inativo, Intermediário e Ativo: domínio quinase (azul), SH3

(verde) e SH2 (amarelo); na proteína ativa os domínios quinase (azul), SH2 (verde) e SH3 (amarelo)

estão orientados verticalmente. (Helma et al., 2002; Nagar et al., 2003; Harrison et al., 2003,

modificado). c) Diagrama esquemático de um modelo de ativação da quinase c-SRC baseado em

estrutura da forma não fosforilada e estudos de RMN (Ressonância Magnética Nuclear).

As principais regiões e funções do domínio da c-ABL, exceto o domínio quinase, são as

seguintes:

CAP – Nome dado à sua localização na extremidade N-terminal da proteína c-ABL, que traduzindo

para o inglês significa chapéu (Pluk et al., 2002). Exerce papel fundamental na autoinibição da proteína

c-ABL, pois a deleção do CAP torna a proteína c-ABL uma oncoproteína, perdendo o grupo miristil

(Myr) (Figura 1.4 b). Essa alça autorregulatória da atividade tirosina quinase está ausente na proteína

BCR-ABL, facilitando a ativação da atividade tirosina quinase e levando ao processo oncogênico do

qual participa a proteína quimérica (Maru e Witte, 1991).

SH3 - Tem afinidade com ligantes ricos em prolina (motivo PxxP) e atua na regulação de enzimas.

Membrana celular

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(http://smart.embl-heidelberg.de/smart/do_annotation.pl?DOMAIN=SH3&BLAST=DUMMY)

SH2 – Regula a cascata de sinalização intracelular interagindo com grande afinidade com alvos

peptídicos que contêm fosfotirosinas em uma sequência específica e dependente rigorosamente da

fosforilação de Tyr245 (http://smart.embl-heidelberg.de/smart/do_annotation.pl?DOMAIN=SH2&BLA

ST=DUMMY) (Pendergast et al., 1991).

Ao todo, esses domínios CAP, SH2, SH3 e quinase (veremos detalhadamente mais adiante)

atuam sobre as funções de regulação do citoesqueleto durante a diferenciação, divisão e adesão

celulares e sobre o reparo do DNA pela ativação de um caminho proapoptótico, quando o DNA é

severamente mutado (Hantschel e Superti-Fuga, 2004; Van Etten, 2003). Também alteram a estrutura

da actina e fosforilam proteínas como, por exemplo: CRK e CRKL, que juntas participam na cascata de

fosforilação de RELN (proteína que ajuda na regulação de migração neuronal e desenvolvimento do

cérebro), DOK que possui 5 membros (Dok, Dok-R, DokL, Dok4, e Dok5) cujas características

estruturais são muito similares às da família de receptores de insulina (Cong et al., 1999; Galperin et

al., 1999).

O mecanismo catalítico das tirosinas quinase não é totalmente compreendido (Burnett e

Kennedy, 1954; Hunter e Cooper, 1985), mas a proteína c-ABL1 é classificada como transferase, pois

sua função é a de receber o grupo fosfato do ATP (Witte et al., 1980) e transferi-lo para outro substrato.

No banco de dados de classificação enzimática (http://ca.expasy.org/enzyme/2.7.10.2) ela recebeu o

código 2.7.10.2 e a definição de proteína tirosina quinase não específica.

1.2.1 O domínio quinase da proteína c-ABL

As células respondem aos estímulos externos e internos modificando o padrão de expressão das

proteínas, o que pode levar a mudanças morfológicas e bioquímicas. O termo "sinalização celular"

refere-se aos mecanismos envolvidos na transmissão de um estímulo dentro da célula (Pawson, 1995),

sendo a fosforilação de proteínas reconhecida como um dos mecanismos principais em eucariotos, onde

as proteínas alvo são fosforiladas em regiões específicas por uma ou mais Proteína(s) Quinase(s) (PQs)

em um processo reversível e os fosfatos são controladamente removidos pelas Proteínas Fosfatases

(PFs) (Hunter, 1995). Esse comportamento mimetiza um circuito elétrico, sendo as proteínas quinase os

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transistores que impulsionam o sinal de um lugar a outro permitindo a amplificação, troca de

informação e espalhamento dos eventos até o alvo final que gera uma resposta (Hunter, 1987).

Figura 1.5: Descrição das regiões mais importantes do domínio quinase na sua conformação inativa

(PDB 10PJ 1,75 Å, Imatinib foi retirado): A-loop (alça de ativação) em azul, P-loop (alça de

fosforilação) em vermelho, motivo DFG em azul, ponte salina entre Lys290 e Glu305, resíduo onde

ocorre a fosforilação Tyr412 no A-loop, região catalítica em ciano com o resíduo catalítico aceptor de

próton Asp382, estruturas secundárias alfa hélice (em magenta) dando destaque à Hélice α-C e todas as

folhas beta (em marrom) que vão de β-1 à β-9.

O domínio quinase (Figura 1.5) contém 262 aminoácidos e está compreendido entre os resíduos

254 e 515 da proteína c-ABL. Nesse intervalo estão contidas várias regiões, sendo as mais importantes:

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(1) o P-loop (resíduos 266 a 276, entre as folhas β -1 e β -2) localizado na extremidade N-terminal do

domínio catalítico, rico em glicina na vizinhança de lisinas; (2) região localizada na parte central do

domínio catalítico (297 a 310, entre as folhas β -3 e β -4), sendo que o resíduo Asp382, presente

próximo à região da folha β -9 (aceptor catalítico de próton), auxilia na transferência do fosfato-γ para

o substrato (Adams, 2001); e (3) alça de ativação, A-loop, compreendendo os resíduos 400 a 420, entre

as folhas β -7 e β -8. A região carboxi-terminal, está relacionada à adesão da proteína c-ABL ao

citoesqueleto celular via actina filamentar ou globular, à ligação ao DNA e à localização/exportação

nuclear (Nagar et al., 2003).

Na folha β -3 encontra-se a Lys290 que facilita a transferência do grupo fosfato sem

influenciar na interação entre o ATP e a proteína c-ABL. A proteína é então estabilizada por uma ponte

salina entre os resíduos conservados Lys290 (folha β -3) e Glu305 (hélice α -C); esta conformação é

denominada "α C-Glu In". Na sua ausência, a conformação denomina-se "α C-Glu Out", onde ocorre

deslocamento da Hélice α -C para fora da proteína, então a proteína c-ABL assemelha-se a uma

proteína SRC (Src-like; Levinson et al., 2006). No A-loop encontra-se o motivo DFG, ou Asp400-

Phe401-Gly402, conservado em diferentes quinases (Hanks et al., 1988; Hanks et al., 1995), também

chamado de alça de ligação do Magnésio. Acredita-se que o Asp400 seja responsável pela coordenação

do íon magnésio (como também manganês) que auxilia no posicionamento dos fosfatos do ATP para a

fosfotransferência.

Quando a proteína está inativa (Figura 1.5), denomina-se conformação "DFG-Asp Out" e

quando a proteína está ativa (Figura 1.6 c), ou seja, há a coordenação do Asp400 com o íon magnésio

(Cowan-Jacob, 2006), denomina-se conformação "DFG-Asp In". Para assumir a forma ativa é

necessária a fosforilação do aminoácido Tyr412 localizado no A-loop (Alça de ativação –Activation

loop), o que permite a entrada do ATP no sítio catalítico. A Phe401 do motivo DFG é importante para o

correto posicionamento do ATP, ajudado pela Hélice α -C. O aminoácido Gly402 auxilia na

movimentação desse motivo. Na literatura há evidências de que um segundo íon magnésio (ou

manganês) seja fundamental para a ativação da proteína c-ABL (Xiaofeng et al., 2005). O sítio

catalítico é o único que não muda, permanecendo idêntico nos estados ativo e inativo (Adams, 2001).

Do ponto de vista molecular, não há unanimidade sobre as cascatas fosforilativas desencadeadas

pela proteína quimérica BCR-ABL (Blume-Jensen et al., 2001), a qual mantém o domínio quinase

intacto, nem mesmo um padrão diferencial para as isoformas (p190, p210, p230), porém há vários

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relatos de suas atividades (mitogênicas, de propriedades de adesão e antiapoptose) que levam à

transformação celular (Gordon et al., 1987; Dai et al., 1998; Furstoss et al., 2002; Melo e Hughes,

2003; Calabretta e Perrotti, 2004; Steelman et al., 2004; Sonoyama et al., 2002; Hoover et al., 2001;

Deininger et al., 2000). O Apêndice B mostra os códigos das estruturas do domínio quinase da proteína

c-ABL no banco de dados de proteínas PDB (Berman et al., 2000).

1.2.2 Inibidores da atividade tirosina quinase

O uso de substâncias químicas como medicação data da época do médico persa Muhammad ibn

Zakarīya Rāzi (ou Rasis), que no século X introduziu o uso de substâncias químicas como o ácido

sulfúrico, cobre, mercúrio, sais de arsênico, sal amoníaco, ouro, cré, argila, coral, pérola, alcatrão,

betume e álcool para propósitos médicos (Al-Ghazal, 2007). A primeira droga usada para a

quimioterapia do câncer, entretanto, data por volta do início do século XX, através de uma substância

relacionada diretamente com a busca de agentes químicos para a guerra. Dois farmacologistas, Louis S.

Goodman e Alfred Gilman, foram recrutados pelo Departamento de Defesa dos Estados Unidos para

investigar aplicações terapêuticas do Gás Mostarda ou iperita. Trata-se de uma substância incolor,

líquida, oleosa, muito solúvel em água e muito tóxica. Capaz de causar cegueira, abertura dos poros da

pele, rompimento dos vasos sanguíneos (veias e artérias) e morte dolorosa de 3 a 5 minutos se estiver

em contato direto com a mesma. Observações da autópsia de pacientes expostos a esse gás revelaram

profunda supressão de células linfóide e mielóide. Goodman e Gilman chegaram à hipótese de que esse

agente poderia ser usado contra células tumorais. Primeiramente, fizeram-se testes com ratos e em

seguida, em colaboração com o cirurgião Gustav Linskog, injetaram o protótipo quimioterápico em

pacientes observando uma dramática redução dos tumores. Apesar desse fato não se prolongar ao longo

do tempo, essa foi a primeira tentativa de tratamento do câncer por agentes farmacológicos (Goodman

et al., 1946).

Nos seres humanos, aproximadamente 1,7% do número total dos genes são destinados à

expressão das PQs (Manning et al. 2002), representando uma das maiores famílias de proteínas

(Drennan e Ryazanov, 2004; Pendergast, 2002). Foram detectadas 518 sequências codificantes de

quinases no genoma humano e 428 destas foram associadas a uma função conhecida ou a uma função

provável (Hanks, 2003). Portanto, qualquer processo de transmissão de sinal realizado envolve uma

cascata de fosforilação (Hunter, 1998; Krebs e Beavo, 1979) e sugere que a inibição da atividade das

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quinases pode resultar em uma resposta fisiológica imprecisa (Zhang et al., 2009). As tirosinas

quinases compõem o maior subgrupo de quinases humanas, com aproximadamente 90 membros

(Manning et al., 2002), sendo que 58 proteínas quinases são receptores presentes nas membranas

celulares e 32 estão presentes no citoplasma (como a proteína c-ABL) e respondem a estímulos

externos (Cowan-Jacob, 2006). Apesar do alto grau de conservação na região de ligação ao ATP das

diferentes quinases, surpreendentemente, a inibição da atividade quinase em células normais

frequentemente é tolerada, o que sugere a presença de uma janela terapêutica adequada para matar

seletivamente apenas as células tumorais dependentes da atividade alterada de quinases específicas

(Bilanges et al., 2008).

Os quatro principais inibidores da atividade tirosina quinase são: Imatinib, Nilotinib, Dasatinib

e Busotinib. Basicamente, os inibidores das quinases são do Tipo I (Dasatinib e Busotinib), que se

ligam na conformação ativa das quinases ou do Tipo II (Imatinib e Nilotinib), que reconhecem apenas a

forma inativa das quinases (Zhang et al., 2009).

Figura 1.6: Os quatro principais inibidores da atividade tirosina quinase da proteína BCR-ABL:

Imatinib, Nilotinib, Dasatinib e Bosutinib. Detalhe para a estrutura do Imatinib e do Nilotinib, onde

metade da estrutura, referente à ligação no sítio catalítico e que mimetiza a estrutura do ATP, é mantida

idêntica.

O Imatinib® (Gleevec®), formalmente referido como STI571, foi aprovado pelo FDA (Food

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and Drug Administration) em maio de 2001 como alternativa para o tratamento da LMC. Este fármaco,

também chamado de Mesilato de Imatinib (C29H31N7O.CH3SO3H, 589,7 g/mol, nome proposto pela

INN - International Nonproprietary Name), é um sal do ácido metanossulfônico (CH3SO3H) e foi

designado quimicamente pela IUPAC como 4-[(4-Metil-1-piperazinil)metil]-N-[4-metil-3-[[4-(3-

piridinil)-2-pirimidinil]amino]-fenil] metassulfonato de benzamida. Em fevereiro de 2002, também foi

utilizado para o tratamento de tumores gastrointestinais (Gastrointestinal Stromal Tumors - GISTs)

causados pela translocação do gene c-KIT, que codifica uma proteína tirosina quinase chamada KIT ou

CD117 (receptora de citosinas; Savage e Antman, 2002) e está presente na superfície das células

hematopoiéticas, além de outras células. Além desses casos, o fármaco também inibe as tirosina

quinases TEL-PDGFR β e FIP1L1-PDGFRα (Stover et al., 2005). Vários estudos clínicos (Gorre et

al., 2001) demonstraram que muitos pacientes em estágio avançado de LMC respondiam inicialmente

ao fármaco, mas frequentemente apresentavam recaídas dos sintomas (Deininger e Druker, 2003).

Até o momento o órgão responsável pela liberação de fármacos nos EUA (FDA) já aprovou 11

inibidores das proteínas quinase para o tratamento do câncer (Zhang et al., 2009), sendo que vários

esforços têm sido realizados com o intuito de desenvolver moléculas inibidoras mais seletivas. Todas as

quinases possuem uma alça de ativação (A-loop) que regula sua atividade, onde se encontra o motivo

de aminoácidos Asp-Phe-Gly (DFG) presente em todas elas. Os inibidores das quinases exploram sua

flexibilidade (Cowan-Jacob, 2006) onde há um equilíbrio entre as formas ativa (A-loop aberto) e

inativa (A-loop fechado) (Kannan e Neuwald, 2005) (Figura 1.7).

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(a) Conformação Inativa (PDB 1OPJ 1,75 Å)

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(b) Conformação Inativa (PDB 3CS9 2,21 Å)

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(c) Conformação Ativa (PDB 2GQG 2,40 Å)

Figura 1.7: Arranjo tridimensional dos PDBs: (a) 1OPJ (proteína c-ABL inativa, Asp-out), (b) 3CS9

(proteína c-ABL inativa, Asp-out) e (c) 2GQG (proteína c-ABL ativa, Asp-in) complexados com

Imatinib, Nilotinib e Dasatinib respectivamente. Estruturas secundárias: α -hélices (magenta), folhas-

β (marrom) e alças (verde). Numeração dos resíduos conforme variante Ib da proteína c-ABL. Em

destaque, os resíduos Tyr412 do A-loop (azul), P-loop (vermelho) e Alça catalítica (ciano) com o

resíduo Asp382 catalítico aceptor de próton em destaque. Resíduos do motivo DFG (Asp400-Phe401-

Gly402) estão destacados em azul. A hélice α -C está indicada em magenta. A ponte salina, Lys290-

Glu305, ajuda na estabilização da estrutura da proteína c-ABL.

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O fármaco Nilotinib é um inibibor do Tipo II aprovado recentemente pelo FDA (Zhang et al.,

2009) que atua com maior potência e seletividade nas proteínas ABL, KIT, PDGFR, EPHB4 (Weisberg

et al., 2007), minimizando os efeitos colaterais causados pelo Dasatinib como, por exemplo, redução da

imunidade, devido à redução de histamina (Hantschel et al., 2007) e retenção de fluidos que leva ao

derrame pleural, edema pulmonar e/ou efusão pericárdica (Weisberg et al., 2007). Esses efeitos podem

culminar em uma toxicidade suficientemente alta a ponto de prejudicar a qualidade de vida do paciente.

O Dasatinib (BMS-354825) (Joseph et al., 2004; Talpaz et al., 2006; Cortes et al., 2007;

Hochhaus et al., 2007; Cortes et al., 2006; Lombardo et al., 2004) inibe as proteínas ABL, PDGFR

(Platelet-Derived Growth Factor Receptor), KIT, FGR, FYN, HCK, LCK, LYN, SRC, YES e EPHB4

(Weisberg et al., 2007). Apesar de já aprovado pelo FDA por exibir uma maior potência quando

comparado ao Imatinib, possui reduzida seletividade (Shah et al., 2004). A resistência ao tratamento e

efeitos colaterais indesejáveis provocados tanto pelo Imatinib quanto pelo Dasatinib tem levado ao

desenvolvimento de novas moléculas competidoras pelo ATP e inibidoras da atividade tirosina quinase

(Von Mehren, 2005). Estudos recentes por RMN da quinase complexada com Imatinib, Nilotinib e

Dasatinib comprovam que o Dasatinib se liga na conformação ativa e não em ambas as formas (ativa e

inativa) (Fendrich et al., 2008). Bosutinib (SKI-606) (Cortes et al., 2006), ao contrário do Dasatinib,

não inibe as proteínas KIT e PDGFR, inibindo as proteínas ABL, FGR, LYN e SRC (Weisberg et al.,

2007). Em estudos de fase clínica 1 e 2, o Bosutinib mostrou evidências de eficácia com doses bem

toleradas (Cortes et al., 2006).

1.3 Mecanismos moleculares de inibição do Imatinib e Nilotinib

Brian Druker, trabalhando na Universidade de Oregon, estudou extensivamente a atividade

anormal da proteína BCR-ABL em LMC e sugeriu a hipótese de que inibindo precisamente a atividade

quinase com uma droga, ter-se-ia o controle da doença afetando muito pouco as células normais.

Druker, em colaboração com um químico da indústria farmacêutica Norvatis, Nick Lydon, desenvolveu

alguns possíveis candidatos a inibidores, que juntamente com outros grupos ao redor do mundo

demonstraram que um derivado da classe 2-fenilaminopirimidina (Imatinib) evidenciou sucesso no

tratamento de pacientes com LMC (Druker et al., 1999).

O Imatinib teve seu mecanismo de inibição primeiramente publicado por Schindler et al.

(2000). Foi necessária a otimização da estrutura inicial do Imatinib pela adição de um grupo

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metilpiperazina, parcialmente exposto ao solvente, para conferir maior solubilidade e afinidade do

fármaco à proteína BCR-ABL (Figura 1.8) (Cowan-Jacob et al., 2007).

Figura 1.8: Modo de ligação do Imatinib (em laranja) no sítio da proteína c-ABL inativa (DFG-Asp

Out) (em verde). Numeração dos resíduos conforme variante 1b da proteína c-ABL. Representação das

possíveis ligações de hidrogênio (linhas tracejadas) entre os átomos do Imatinib e os resíduos Met337,

Thr334, Asp400 e Glu305 do cristal PDB1OPJ, assim como o oxigênio da água conservada (Cw),

presente no cristal 1OPJ, interagindo por ligação de hidrogênio com os resíduos Asp400 e Lys290.

Representação da ponte salina (linha tracejada) entre os resíduos Lys290 e Glu305. Todas ligações de

hidrogênio foram descritas previamente em Schindler et al., 2000 e Cowan-Jacob et al., 2007. Detalhe

para o grupo N-metil-piperazina (retângulo cinza), que se mantém exposto para o solvente, e que foi

incorporado durante otimização da molécula no intuito de aumentar a solubilidade.

As ligações de hidrogênio entre Imatinib e a proteína c-ABL: átomo de nitrogênio do grupo

piridinil e o nitrogênio do resíduo Met337, o grupo anilino NH e a cadeia principal da Thr334, o grupo

NH e a cadeia lateral do Glu305 (hélice α -C) (Figura 1.8). Essas ligações de hidrogênio são

complementadas por interações de van der Waals que normalmente seriam realizadas pela ocupação da

adenina do ATP no sítio ativo, assim como a mediação de uma molécula de água Cw entre Asp400,

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Lys290, Glu305 e o fármaco (Schindler et al., 2000).

A substituição do grupo N-metilpiperazina do Imatinib pelo trifluorometil/imidazol, baseado na

estrutura cristalográfica de inibidores complexados com a proteína c-ABL (Cowan-Jacob et al., 2007),

levou ao desenvolvimento do fármaco Nilotinib (AMN107; Novartis) (C28H22F3N7O.HCl.H2O, 565,98

g/mol), formalmente reconhecido pela IUPAC como 4-metil-N-[3-(4-metil-1H-imidazol-1-il)-5-

(trifluorometil)fenil]-3-[[4-(3-piridinil)-2-pirimidinil]amino]-benzamida, monohidroclorídrico,

monohidratado (Le Coutre et al., 2006) que mantém interações de ligação de hidrogênio a Glu305,

Asp400, Met337 e Thr334, possuindo potenciabilidade superior ao Imatinib in vitro e in vivo (Weisberg

et al., 2006). Como o Imatinib, o Nilotinib se liga à conformação inativa da proteína c-ABL (Figura

1.9) e a diferença na maior afinidade do Nilotinib é consequência de um melhor ajuste do Nilotinib na

proteína, constratando com a necessidade de desolvatação/deprotonação do grupo altamente básico N-

metilpiperazina. A afinidade contribuída pelos grupos piridinil e pirimidil é grande para o Imatinib, e

pequena comparando com a afinidade total do Nilotinib, onde o trifluorometil/imidazol contribui

enormemente para a maior potência (Weisberg et al., 2005).

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Figura 1.9: Representação das interações entre os átomos do Nilotinib (em laranja) e os resíduos do

cristal PDB 3CS9 (em verde). Numeração conforme variante 1b da proteína c-ABL. Manutenção do

oxigênio da água (Cw) presente no cristal PDB 1OPJ que medeia interações entre a proteína e o

Imatinib. Grupo trifluorometil/imidazol (retângulo cinza), se mantém exposto ao solvente.

1.3.1 Resistência aos inibidores

Apesar dos avanços obtidos, existem vários relatos de resistência ao Imatinib associada à

reativação da atividade quinase da proteína BCR-ABL, devido a mutações pontuais que levam à troca

de aminoácidos no domínio quinase (Branford et al., 2002). A utilização de técnicas sensíveis como

PCR auxiliam na detecção dessas mutações, em pacientes com resistência ao Imatinib, o que pode ser

útil para a intervenção e a alteração do melhor tratamento a ser empregado para os mesmos (Hughes et

al., 2006). A origem da resistência se deve ao aparecimento, previamente ou após o início do

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tratamento com o Imatinib, de células leucêmicas com mutações em um nível não detectável (menos

que 1% das células tumorais), que aumentam durante a terapia com esse fármaco devido à pressão

seletiva imposta (Hofmann et al., 2003; Roche-Lestienne et al., 2002; Roche-Lestienne e Preudhomme,

2003).

Ao nível molecular, mutações pontuais na proteína BCR-ABL podem reduzir a afinidade do

Imatinib pela proteína por dois mecanismos: direto e indireto (Weisberg et al., 2007). No caso do

mecanismo direto, as mutações ocorrem próximas ao sítio de ligação do Imatinib, e geralmente no sítio

de ligação do ATP (Branford et al., 2003; Hoffmann et al., 2003; Nicolini et al., 2007; Skaggs et al.,

2006), reduzindo a afinidade do fármaco devido à presença de cadeias laterais de aminoácidos que

contribuem desfavoravelmente aos contatos lipofílicos ou interações por ligação de hidrogênio. Isto

resulta em mudanças topográficas que impedem estericamente a ligação do fármaco. As mutações que

inibem a ligação do Imatinib pelo mecanismo indireto se relacionam à alteração da conformação da

proteína c-ABL, necessária para ligação do Imatinib (Schindler et al., 2000). Por exemplo, mutações

que desestabilizam a conformação inativa com relação à ativa, aumentam a energia livre do complexo

Imatinib-ABL, reduzindo assim a afinidade de ligação.

Azam et al. (2003) sequenciaram o gene BCR-ABL de pacientes que haviam recaído após o

tratamento com Imatinib e revelaram mutações no domínio quinase, associadas à resistência à droga.

Para obter uma maior compreensão das substituições de aminoácidos que conferem resistência ao

Imatinib Azam et al. (2003) realizaram várias mutações sítio dirigidas no gene BCR-ABL in vitro

(Figura 1.10).

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Figura 1.10: Mutações na proteína c-ABL e suas posições homólogas em outras quatro quinases (c-

SRC, c-HCK, c-KIT e PDGF-R). As estruturas secundárias também estão ilustradas: hélices (cilindros)

e folhas- β (caixas com seta). As mutações identificadas em ensaios in vitro estão coloridas

aleatoriamente. As mutações encontradas em pacientes estão identificadas acima do resíduo com o seu

número respectivo e uma seta. Numeração dos resíduos conforme variante Ib da proteína c-ABL. O

asterisco indica o resíduo autorregulatório Tyr412 onde ocorre a fosforilação e consequentemente a

ativação da proteína pela abertura da alça de ativação (Activation loop ou A-loop) (Azam et al., 2003).

Além das mutações encontradas nos pacientes foram identificadas, através de mutações sítio

dirigidas, outras substituições de aminoácidos no domínio quinase que também influenciam o estado

conformacional, conferindo um mecanismo de resistência alostérico. Azam et al. (2003) sugeriram a

hipótese de que várias mutações da proteína c-ABL desestabilizam a conformação autoinibitória à qual

o Imatinib preferencialmente se liga, mudando o equilíbrio na direção da conformação ativa que é

inadequada para o reconhecimento do fármaco.

Na Tabela 1.1 tem-se o espectro de mutações pontuais em pacientes com resistência associada

ao tratamento com Imatinib, Nilotinib e Dasatinib, segundo Bradeen et al. (2006).

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Tabela 1.1: Espectro da incidência e inibição de proteínas BCR-ABL mutantes na presença de

Imatinib, Nilotinib e Dasatinib. Sendo N (número de amostras) = 372, 173 e 181 respectivamente.

*Não foram observadas mutações a Nilotinib 10 nM. Mutações pertencentes ao P-loop†. Mutações

pertencentes ao A-loop††. (Bradeen et al., 2006)

Imatinib (µM) Nilotinib* (nM) Dasatinib (nM)

Incidência

(%)

2

4

8

16

Incidência

(%)

50

500

2000

5000

Incidência

(%)

5

10

25

100

500

Met263Val

1 (0,27)

1

0

0

0

0(0)

0

0

0

0

0(0)

0

0

0

0

0

Leu267Arg†

2 (0,54) 1 0 1 0 0(0) 0 0 0 0 0(0) 0 0 0 0 0

Leu267Val† 3 (0,81) 3 0 0 0 1(0,58) 1 0 0 0 3(1.66) 3 0 0 0 0

Gly269Glu† 4(1,08) 3 1 0 0 5(2,89) 5 0 0 0 0(0) 0 0 0 0 0

Gln271His† 5 (1,34) 0 4 0 1 0(0) 0 0 0 0 1(0,55) 0 1 0 0 0

Tyr272His† 168

(45,16)

56 65 31 16 64

(36,99)

14 50 0 0 0

(0)

0 0 0 0 0

Glu274Lys† 22 (5,91) 12 8 1 1 5

(2,89)

5 0 0 0 2

(1,1)

2 0 0 0 0

Glu274Val† 1 (0,27) 0 1 0 0 1(0,58) 0 1 0 0 0(0) 0 0 0 0 0

Asp295Gly 2 (0,54) 2 0 0 0 0(0) 0 0 0 0 0(0) 0 0 0 0 0

Val318Leu 0 (0) 0 0 0 0 0(0) 0 0 0 0 3(1,66) 0 0 0 0 0

Phe330Ile 4(1,08) 4 0 0 0 0(0) 0 0 0 0 0(0) 0 0 0 0 0

Phe330Val 3(0,81) 3 0 0 0 0(0) 0 0 0 0 0(0) 0 0 0 0 0

Thr334Ile 139

(37,37)

39 56 29 15 88

(50,87)

13 29 36 10 141

(77,9)

20 33 32 39 17

Phe336Cys 0 (0) 0 0 0 0 0(0) 0 0 0 0 7(3,87) 1 6 0 0 0

Phe336Ile 0(0) 0 0 0 0 0(0) 0 0 0 0 12(6,63) 2 10 0 0 0

Phe336Leu 2(0,54) 2 0 0 0 0(0) 0 0 0 0 10(5,52) 6 4 0 0 0

Phe336Val 0(0) 0 0 0 0 0(0) 0 0 0 0 2(1,11) 1 0 1 0 0

Met370Thr 1(0,27) 1 0 0 0 0(0) 0 0 0 0 0(0) 0 0 0 0 0

Glu274Gly 1(0,27) 1 0 0 0 0(0) 0 0 0 0 0(0) 0 0 0 0 0

Phe378Cys 6(1,61) 6 0 0 0 6(3,47) 6 0 0 0 0(0) 0 0 0 0 0

Phe378Val 3(0,81) 3 0 0 0 0(0) 0 0 0 0 0(0) 0 0 0 0 0

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Val398Ile 2(0,54) 2 0 0 0 0(0) 0 0 0 0 0(0) 0 0 0 0 0

Leu403Met†† 1(0,27) 1 0 0 0 1(0,58) 1 0 0 0 0(0) 0 0 0 0 0

Leu406Phe†† 0(0) 0 0 0 0 1(0,58) 1 0 0 0 0(0) 0 0 0 0 0

His415Arg†† 2(0,54) 1 1 0 0 0(0) 0 0 0 0 0(0) 0 0 0 0 0

As regiões da quinase (A-loop e P-loop) mostradas na Tabela 1.1 foram definidas de acordo

com Cowan-Jacob et al. (2007). Ao todo se percebe que as substituições mais frequentes nos pacientes

com resistência foram a Thr334Ile (localizada na folha β -5) e as presentes no P-loop (Tyr272 e

Glu274). Mutações que levaram à resistência na presença de 50 nM de Nilotinib, foram: Leu267Val,

Gly269Glu (P-loop), Tyr272His (P-loop), Glu274Lys (P-loop), Thr334Ile, Phe378Cys, Leu403Met e

Leu406Phe. A 5nM de Dasatinib, a resistência ao fármaco foi observada em mutantes para os resíduos

Leu267Val, Gln271His, Glu274Lys, Val318Leu, Tyr334Ile e Phe336Leu. Têm-se informações de que o

mecanismo de resistência da mutação Met370Thr seja indireto, pois o movimento na Hélice-E da parte

C-terminal da quinase e a perda da afinidade do Imatinib podem ser devido ao aumento na entropia da

proteína, que poderia causar uma mudança no equilíbrio entre as formas ativa e inativa (Weisberg et al.,

2005). Já o mecanismo de resistência da mutação Thr334Ile é direto, pois a isoleucina (muito próxima

ao Imatinib) fica impedida estericamente de se ligar ao fármaco. Com essa troca, há também a perda de

uma ligação de hidrogênio entre o Imatinib e a proteína c-ABL.

Tanto o Imatinib quanto o Nilotinib, Dasatinib e Busotinib não são eficazes contra a mutação

Thr334Ile. Atualmente o fármaco MK-0457 (VX-680), o qual possui estrutura cristalográfica

depositada no PDB (Protein Data Bank: 2F4J) (Apêndice B), é o primeiro inibidor da atividade tirosina

quinase que atua sobre este mutante, porém ainda não é usado clinicamente e se encontra em fase de

testes in vitro e in vivo (Giles et al., 2006; Akahane et al., 2008).

A estratégia terapêutica de se utilizar múltiplas drogas é efetiva no tratamento da AIDS e há um

crescente interesse em administrar múltiplos inibidores da proteína c-ABL também no tratamento da

LMC (Sausville, 2003; Bradeen et al., 2006; Ohlstein et al., 2000).

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1.4 Dinâmica Molecular da proteína c-ABL

Simulações computacionais têm se tornado uma ferramenta poderosa para entender detalhes das

interações intermoleculares em sistemas biológicos. As estruturas cristalográficas do complexo c-ABL

com os fármacos Imatinib, Nilotinib e Dasatinib (Tabela 1.1) nos dão informações do modo de ligação

dos mesmos, porém o cristal requer que as moléculas estejam orientadas em padrões repetidos e não

necessariamente representa a estrutura da macromolécula no seu ambiente natural (celular),

especialmente se há um equilíbrio entre diferentes conformações como é o caso da proteína c-ABL.

Além do mais, pode diferir significantemente da estrutura in situ já que as condições experimentais de

um cristal são diferentes das condições no metabolismo celular.

A técnica de dinâmica molecular (DM) considera os átomos como esferas e as ligações como

molas. Moléculas passam a ser descritas por modelos matemáticos onde as posições dos átomos, raios,

massas e cargas assim como as ligações covalentes (comprimento e ângulos) são referidos na sua

topologia. Na DM ocorre a troca de energias potencial e cinética de forma que a energia total é

conservada no ensemble. Para um sistema de N partículas com coordenadas ( , , )X x y z=���

e velocidades

( , , )x y zV V V V=��

as forças que atuam em cada partícula podem ser calculadas pelo gradiente negativo de

U( X���

), onde U( X���

) é a função de energia potencial de um sistema em função das coordenadas x, y, z

das partículas, dada pelo campo de força. As forças são utilizadas para calcular as acelerações sendo

que as velocidades e posições atômicas são obtidas pela integração das equações de movimento em

passos pequenos. A iteração é atualizada constantemente (dependente do passo anterior) permitindo

assim a evolução do sistema com relação ao tempo. Alguns algoritmos de integração usuais são o Verlet

(Verlet, 1967) e Leap Frog (Hockney, 1970). Após a dinâmica molecular, a fase de produção é

executada e as propriedades macroscópicas (energias potencial e cinética, pressão, temperatura,

densidade, etc) do sistema são calculadas para análise posterior. Deve-se observar que há métodos que

usam DM para calcular uma propriedade macroscópica importante no planejamento racional de

fármacos tal como a energia livre de ligação.

O estudo computacional da proteína c-ABL complexada com o Imatinib realizado por Pricl et

al. (2005) elucidou que a resistência ao fármaco associada à mutação Thr334Ile, conhecida pela alta

incidência e pior prognóstico, não é somente devido à perda de uma ligação de hidrogênio entre o

resíduo Thr334 e o Imatinib, mas também por outras interações induzidas pelo reajuste de toda

proteína, necessárias para a acomodação do resíduo mutante. Utilizou-se o campo de força AMBER 7

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(Case et al., 2000) e calcularam-se as energias livres absolutas ( ( )calc selG∆ e ( )calc mutG∆ ) nos últimos 400

ps (após equilibração), tendo como estrutura inicial o PDB 1IEP (2,10 Å de resolução), incluindo 178

águas cristalográficas.

Estudos recentes (Lee et al., 2008) de DM em larga escala (20 ns, após 10 ns de equilibração)

calcularam a energia livre relativa ( ( / )calc mut selG∆∆ ) para as mutações Thr334Ile e da região do P-loop

removendo todas as águas cristalográficas da estrutura inicial (PDB 1IEP). Esse estudo demonstrou que

as mutações localizadas na região do P-loop resultam principalmente em mudanças conformacionais na

hélice α -C reduzindo significativamente a interação dos resíduos Glu305 e Met309.

Nessa dissertação utilizamos a metodologia de LIE (Linear Interaction Energy) para o cálculo

da energia livre com o intuito de comparar com os resultados obtidos nos trabalhos de Pricl et al., 2005

e Lee et al., 2008, os quais utilizaram a metodologia MM-PBSA (Molecular Mechanics-Poisson-

Boltzmann-Surface-Area). Calculamos os valores de ( )calc selG∆ e ( )calc mutG∆ ; e ( / )calc mut selG∆∆ a partir de

dados de IC50 (em mM) retirados de uma mesma fonte: Azam et al. (2003). Descrevemos as energias

livres relativa de ligação entre a proteína BCR-ABL selvagem e 12 mutantes (incluídas as mutações no

P-loop); e não apenas para o mutante Thr334Ile realizada no trabalho de Pricl et al., 2005 e para o P-

loop realizada por Lee et al., 2008.

1.5 Planejamento Racional de Fármacos Baseado em Estrutura

A primeira aplicação do planejamento racional de fármacos baseado em estrutura que levou a

uma droga no mercado foi o inibidor da anidrase carbônica (IAC) dorzolamide (Greer et al., 1994;

Gubernator e Böhm, 1998), aprovado em 1995 para uso oftalmológico (agente antiglaucoma). Outro

importante estudo em planejamento racional de fármacos é o Imatinib, desenvolvido por químicos do

laboratório Novartis no final dos anos 90 após a identificação da proteína alvo BCR-ABL e de um

high-throughput screenning de biblioteca química (Druker e Lydon, 2000). Deve ser destacado que o

Imatinib também é inibidor de outras quinases: c-KIT, EGF e PDGF (Platelet-derived growth factor)

(Carter et al., 2005). Devido ao surgimento de resistência ao Imatinib, associado às mutações pontuais

na proteína alvo, uma segunda geração de fármacos tem sido estudada por métodos computacionais na

tentativa de melhorar a sua eficácia, alterando sua estrutura química, seja adicionando, removendo ou

substituindo novos grupos químicos de forma a inibir com mais potência a maior diversidade de

proteínas mutadas, além da selvagem. Apesar do fracasso nos casos relacionados ao mutante Thr334Ile,

em pacientes em fase aguda, o Imatinib é notoriamente diferente das drogas previamente utilizadas

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para o combate do câncer, pois é uma das poucas capazes de inibir especificamente seu alvo,

diferentemente dos quimioterápicos que simplesmente não diferenciam entre células tumorais e

normais.

1.6 Química computacional e Modelagem Molecular

Modelagem molecular é um termo genérico utilizado para se referir a métodos teóricos e/ou

técnicas computacionais que modelam e/ou mimetizam o comportamento de moléculas, com o objetivo

de entender e predizer propriedades macroscópicas baseadas no conhecimento detalhado em nível

atômico. O uso de computadores na solução de problemas relacionados à química, baseando-se nos

resultados de química teórica para calcular as propriedades de moléculas, geralmente pode

complementar informações obtidas de experimentos e até prever a ocorrência de certo fenômeno

químico, ou seja, tem importante papel na descoberta e melhoramento de drogas relacionadas a

moléculas biologicamente ativas.

O objetivo da química teórica, e consequentemente da química computacional, é minimizar

erros residuais e ao mesmo tempo tornar os cálculos plausíveis de serem solucionados, para que custos

de triagem e síntese de um novo fármaco sejam minimizados. O Imatinib, por exemplo, foi aprovado

em maio de 2001 pelo FDA (Food and Drug Administration) nos Estados Unidos e no Brasil pela

ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), de acordo com publicação no Diário Oficial da

União em junho/2008. O custo de 160 comprimidos é de aproximadamente R$ 10.000 (Capdeville et

al., 2002).

1.6.1 Mecânica Molecular

A mecânica molecular (MM) é um exemplo de técnica de modelagem molecular que descreve a

base física por trás dos modelos. Os sistemas estudados podem variar desde uma simples molécula em

solução até sistemas biológicos grandes como aglomerado de proteínas ou bicamadas lipídicas. Em

muitos casos, sistemas moleculares grandes podem ser modelados com sucesso sem levar em conta os

elétrons dos cálculos de mecânica quântica. Mas, independente do tamanho do sistema, em ambos os

casos, faz-se necessário o uso de um campo de força, crucial para o sucesso do cálculo da mecânica

molecular. Os parâmetros do campo de força são elaborados de forma a conter uma coleção de

diferentes tipos de átomos, parâmetros (para comprimento e ângulos de ligação, torções, etc) e funções

para calcular a energia potencial do sistema. A energia potencial total de uma molécula é representada

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pela soma de termos de energia individuais, cujos parâmetros devem obrigatoriamente ser obtidos de

dados experimentais ou de cálculos quânticos (ab initio). Esses dados, junto com as formas funcionais

que os relacionam, formam o chamado campo de força ou função potencial. Um campo de força

parametrizado para uma classe específica de molécula, por exemplo, proteína, deve ter relevância na

descrição de outras moléculas da mesma classe (princípio da transferabilidade). Portanto, os mesmos

parâmetros de um campo de força podem ser aplicados a diferentes proteínas permitindo o estudo da

interação de uma possível droga ao seu alvo, sem a necessidade de definir novos parâmetros para cada

molécula. Para drogas não peptídicas, maioria dos casos, há a necessidade de adicionar parâmetros não

existentes no campo de força para simulação de proteínas.

1.6.2 Campo de força

Em um determinado campo de força, um dado elemento da tabela periódica pode ter diferentes

"tipos de átomos" como, por exemplo, o etilbenzeno onde há átomos de carbono com hibridização sp3 e

átomos de carbono aromáticos (sp2). Os átomos de carbono com hibridização sp3 apresentam uma

geometria de ligação tetraédrica, enquanto átomos de carbono aromático têm uma geometria trigonal

(planar). O comprimento de ligação entre os átomos de carbono (C-C) no grupo etil difere do

comprimento no grupo fenila e o comprimento da ligação entre o átomo de carbono etila e o átomo de

carbono da fenila ligados diretamente é diferente de todos os comprimentos de ligação no etilbenzeno.

Os campos de força contêm parâmetros para estes diferentes tipos de ligação e são descritos

comumente por uma função potencial. No nosso caso, o conjunto é formado por seis potenciais, onde

( )iV r é o potencial total:

2 2 21 2 0 0 0

1 1 1

61212 6

1 0

1 1 1({ }) ( , ,..., ) ( ) ( ) ( )

2 2 2

( , )( , )[1 cos( )] [ ]

4

b

at n n n n n

at

n

ij

NN N

i N bn n n

n n n

N Ni j

n n n

n i j ij ij r ij

V r V r r r K b b K K

q qC i jC i jK n

r r r

ξθ

ϕ

θ ξ

ϕ

θ θ ξ ξ

ϕ δπε ε

= = =

= <

= = − + − + −

+ + − + − +

∑ ∑ ∑

∑ ∑ (1.1)

A função de energia potencial total de um sistema molecular constituído de Nat átomos com

vetores posição ri (i = 1,2, 3, ..., Nat) está representada na Equação 1.1 e seus potenciais são:

1) Potencial harmônico linear descreve o movimento vibracional da ligação química: bnK é a constante

de força, bN é o número total de ligações, nb é a distância entre dois átomos ligados, 0nb é a distância

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da ligação no equilíbrio

2) Potencial harmônico angular: nKθ é a constante de força, nθ é o ângulo entre duas ligações, 0n

θ é o

ângulo de ligação no equilíbrio,

3) Potencial diedral impróprio: nKξ é uma constante de força do ângulo diedral impróprio nξ tendo

como referência o ângulo 0nξ

4) Potencial diedral próprio: nKϕ é a constante de força rotacional do ângulo diedral, nn é a

multiplicidade do ângulo diedral (número de mínimos por volta), nϕ é o ângulo diedral próprio entre

planos formados por quatro átomos consecutivos, nδ é fase ( /n nδ dá a localização do primeiro

máximo).

5) Potencial de Lennard-Jones: i e j são pares de átomos excluindo-se os primeiros e segundos vizinhos

quimicamente ligados, sendo rij a distância que separa esses átomos. 6( ( , ) / )ijC i j r é o termo atrativo

(interação de van der Waals) e 12( ( , ) / )ijC i j r é o termo repulsivo (principio de exclusão de Pauli).

6) Potencial de Coulomb: iq e jq são as cargas parciais dos átomo i e j separados pela distância rij, 0ε é a

permissividade elétrica do vácuo e é a constante dielétrica relativa do meio.

1.6.3 Dinâmica Molecular

De uma forma simplificada, podemos dizer que as interações entre os átomos são de natureza

eletrostática e quântica. A Dinâmica Molecular (DM) trata-se de uma técnica numérica com a qual se

fazem simulações deterministas que modelam o sistema através do conhecimento do potencial de

interação entre os átomos que o compõem.

A Hamiltoniana H(qi, pi) de um sistema molecular clássico pode ser escrita como a soma das

energias cinética T e potencial V, como função das séries de coordenadas generalizadas iq e de

momentos generalizados ip de todos os Nat átomos do sistema:

({ , }) ({ }) ({ })H T V= +i i i iq p p q (1.2)

onde , ,...,=ati 1 2 Nq q q q e , ,...,=

ati 1 2 Np p p p

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A Equação Hamiltoniana H (Equação 1.2) de um sistema molecular clássico é a soma das

energias cinética T e potencial V em função das séries de coordenadas generalizadas iq e de momentos

generalizados ip de todos os N átomos (Nat) do sistema.

A energia potencial ({ })V iq contém os termos de interação inter e intramoleculares, de curto e

longo alcance, e pode ser substituída pela função potencial ({ })iV r da Equação 1.1, tal que as

coordenadas iq sejam as coordenadas cartesianas ir e ip seus momentos conjugados.

Os algoritmos utilizados nas simulações por DM evoluíram e, junto ao crescimento

considerável da velocidade dos computadores, o tratamento de sistemas maiores e mais complexos se

tornou possível. O entendimento da função de uma proteína relacionada ao seu comportamento em

solução utilizando DM foi realizado pela primeira vez no estudo do inibidor da tripsina pancreática

bovina (McCammon et al. 1977), uma das mais estudadas em termos de folding e cinética. Trata-se de

um método útil por estabelecer uma interface entre experimentos em laboratório e teoria, podendo ser

entendida como um experimento virtual onde as propriedades macroscópicas (entalpia, densidade,

energia total, pressão, temperatura, etc) são obtidas pelas médias efetuadas sobre ensembles estatísticos

(coleção de sistemas replicados que diferem microscopicamente mantendo as propriedades gerais) de

sistemas moleculares:

(i) No ensemble canônico, em que os estados de equilíbrio são caracterizados por serem mínimos

da função energia livre de Helmholtz (NVT), o número de mols (N), volume (V) e temperatura

(T) são conservados. A energia dos processos endo e exotérmicos é controlada por um

termostato.

(ii) No ensemble isotérmico-isobárico no qual os estados de equilíbrio são caracterizados por serem

mínimos da função energia livre de Gibbs (NPT), o número de mols (N), pressão (P) e

temperatura (T) são conservados. Em adição ao termostato, a aplicação de um barostato faz-se

necessária.

O método de DM é apropriado para sucessões de estados, pois o valor médio do ensemble

equivale ao valor médio temporal (hipótese ergódica). Se a configuração inicial estiver muito longe da

forma estável, a simulação por DM pode falhar devido à existência de forças excessivamente altas, e

nesses casos faz-se necessário um processo de minimização de energia para que comprimentos e

ângulos de ligações estejam nas configurações energeticamente favoráveis, assim como que átomos

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não ligados possam interagir de forma a diminuir o impedimento estérico. Os algoritmos de

minimização de energia, Steepest-Descent (Wiberg, 1965) e Conjugate Gradient (Hestenes e Stiefel,

1952), entre outros, utilizam o gradiente para caracterizar a energia mínima local. Porém, a

conformação “estável” pode estar separada de outra, ainda mais estável, por uma barreira de energia,

que o algoritmo de minimização é incapaz de sobrepujar.

Para identificar a conformação mais estável a temperaturas não baixas, com uma energia

mínima global, é necessário gerar várias conformações de uma molécula e comparar os valores de

energias obtidos a cada modificação. Neste processo ocorrem estiramentos das ligações e alterações

angulares, como se a molécula estivesse sendo “aquecida” e, desta forma, as barreiras de energia entre

as conformações podem ser vencidas. O algoritmo global associado a uma simulação de DM pode ser

resumido, basicamente, no esquema abaixo (Figura 1.11):

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Figura 1.11: O algoritmo global de MD.

Figura 1.11: Figura modificada (Van der Spoel et al., 2002)

A produção de uma trajetória usualmente envolve 3 passos: a inicialização do sistema, sua

equilibração e a fase de produção. Quando não há velocidades iniciais disponíveis de simulações

prévias, elas são calculadas de acordo com a distribuição de Maxwell-Boltzmann compatível com uma

dada temperatura. Durante a importante fase de equilibração, o sistema é deixado evoluir durante certo

tempo para que suas velocidades sejam ajustadas levando o sistema para o equilíbrio térmico,

necessário na fase de produção.

É crucial tomar certos cuidados ao preparar os sistemas, dada a necessidade de simular essas

r

v

v

ri

ri

ri

vi

vi

r

v

v

ri

ri

ri

vi

vi

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macromoléculas em solvente explícito, onde certo número de moléculas de água deve ser adicionado

ao redor da proteína, principalmente aquelas que têm papel importante na estabilização do seu inibidor.

Prévio à fase de equilibração, o sistema inteiro precisa ser energeticamente minimizado para evitar

contatos estéricos desfavoráveis e só então uma primeira etapa de DM é realizada para relaxar o

solvente enquanto os átomos da proteína são mantidos nas suas posições iniciais. O próximo passo

consiste em aquecer o sistema até a temperatura desejada e ajustar as velocidades. No ensemble de

Gibss (NPT) o sistema é equilibrado à pressão e temperatura constantes utilizando algoritmos que

ajustam as velocidades e posições em intervalos definidos para alcançar os valores de referência em um

dado período de tempo. O algoritmo descrito por (Berendsen et al., 1984) é geralmente utilizado para

os banhos de pressão e temperatura, porém há ainda outros algoritmos específicos para determinadas

situações como, por exemplo, Nosé-Hoover (Nosé, 1984; Hoover, 1985) para o banho de temperatura e

Parrinello-Rahman (Parrinello e Rahman, 1981) para o banho de pressão. Dependendo do tamanho da

macromolécula estudada, faz-se necessário o uso de condições periódicas de contorno simulando um

sistema pseudo-infinito, onde a célula de simulação central é circundada por réplicas transladadas com

comportamente idêntico.

1.7 Energia livre de Gibbs

O reconhecimento molecular seja computacional ou experimental, está baseado no profundo

conhecimento do sistema biológico (Hopkins e Gromm, 2002), das ferramentas computacionais

existentes, assim como no interesse particular em determinada proteína (Hansson e Johan, 1995; Kolb

et al., 2008). Em 1894, quando Emil Fischer demonstrou o primeiro modelo de reconhecimento

molecular baseado no famoso princípio de chave fechadura, ele não pôde antecipar que após 100 anos

os pesquisadores produziriam compostos sintéticos que atuassem de acordo a esse modelo. Atualmente

muitos grupos ao redor do mundo estão se esforçando para encontrar estruturas adequadas para um

alvo específico assim como há um enorme esforço para determinar se essas estruturas possuem

afinidade pelo seu alvo (Böhm e Schneider, 2003). Um dos grandes desafios do tratamento quantitativo

da energia livre por métodos computacionais está relacionado à descrição do papel de solvatação e

desolvatação. Em particular, a contribuição de ligações de hidrogênio entre a proteína, uma molécula

de água e o ligante podem ser cruciais no cálculo da energia livre.

Ao iniciar uma simulação a partir do cristal, ou a partir de uma configuração obtida por

modelagem por homologia (Hillisch et al., 2004), faz-se necessário um período de equilibração do

solvente. A orientação das moléculas de água, principalmente no sítio ativo da proteína, geralmente não

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é aleatória. A extensão dessa aleatoriedade assim como quanto o sítio de ligação é modificado pela

ligação/não ligação de um ligante, irá afetar enormemente no cálculo do termo eletrostático da energia

livre de Gibbs pelo método de LIE (Åqvist et al., 2006). Durante a simulação de dinâmica molecular é

possível predizer posições de moléculas de água conservadas (Cw – conserved water) no sítio ativo e

assim obter um dado, a priori, microscópico.

1.7.1 Tratamento quantitativo da energia livre de Gibbs

Termodinâmica (do grego termo = calor e dinâmica = potencial) é um ramo da física que estuda

os efeitos de mudanças na temperatura, pressão e volume de um sistema físico em nível macroscópico

analisando o movimento coletivo das suas partículas. As reações químicas que ocorrem entre as

substâncias devem ser entendidas tanto do ponto de vista cinético, isto é, através das taxas com que

ocorrem as reações, como do ponto de vista do equilíbrio termodinâmico, ou seja, do resultado final

das proporções dos reagentes e produtos, resultantes de uma mistura inicial.

No estado de equilíbrio, embora os choques e transformações químicas se realizem

continuamente, as concentrações macroscópicas das substâncias envolvidas atingirão um valor de

equilíbrio. Neste sentido, as concentrações finais das substâncias reagentes serão incluídas como

variáveis termodinâmicas no estudo do comportamento dos sistemas macroscópicos.

No equilíbrio químico existe uma relação precisa entre as concentrações das substâncias

reagentes que nos leva a considerar o número de mols presente na mistura como variáveis

termodinâmicas, da mesma forma que a pressão, volume e temperatura. As funções e potenciais

termodinâmicos passam então a depender também destas variáveis e em um processo que ocorre a

pressão e temperatura constantes, a variação da energia livre de Gibbs ( G∆ ), torna-se um critério para

a espontaneidade de uma reação química. Quando seu valor é negativo, indica que a reação é favorável

(espontânea), resultando em energia disponível para processos biológicos como, por exemplo, a ligação

de um fármaco no sítio de uma proteína.

A variação de entropia ( S∆ ), a temperatura (T) e a variação de entalpia ( H∆ ) se relacionam

com a variação da energia livre de Gibbs ( G∆ ), a fim de prever o acontecimento de uma reação

química do ponto de vista termodinâmico através da Equação 1.3:

G H T S∆ = ∆ − ∆ (1.3)

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O controle termodinâmico versus cinético para a espontaneidade de uma reação leva em conta a

temperatura da mesma, porém em todas as temperaturas os processos que ocorrem com a diminuição

da entalpia (processo exotérmico) e aumento da entropia são considerados espontâneos (exergônico).

As contribuições entrópicas e energéticas da reorganização das moléculas de água do solvente

influenciam na predição da afinidade de ligação de um fármaco ao sítio ativo de uma proteína devido

ao efeito hidrofóbico (Kauzmann, 1959): os resíduos hidrofóbicos são direcionados ao interior da

proteína favorecendo o aumento da entropia da proteína assim como a diminuição da quantidade de

moléculas de água ao redor da proteína, levando ao aumento da entropia do solvente. O aumento da

entropia é desejado para que o valor da energia livre (Equação 1.3) se torne mais negativa.

Quanto maior a hidropatia (tendências hidrofóbicas e hidrofílicas combinadas de cada

aminoácido) maior a tendência do aminoácido ocupar o interior da proteína. Esse fato está diretamente

relacionado à energia livre, que será sempre mais negativa quando houver aumento da entropia do

sistema como um todo (proteína + solvente + ligante). A perda de mobilidade conformacional do

ligante após se ligar ao sítio ativo também contribui para que o processo seja exergônico. As diferenças

de energia livre entre os estados ligado e livre também estão relacionadas ao componente entálpico

(quebra e formação de ligaçõs de hidrogênio), pois o processo exotérmico contribui para a diminuição

da energia livre.

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Capítulo 2

Objetivos

Realizar um estudo estrutural e termodinâmico das interações entre os ligantes Imatinib e

Nilotinib no sítio ativo da proteína c-ABL selvagem e em 12 proteínas com mutações específicas, além

de determinar a importância do solvente no processo de resistência aos fármacos.

2.1 Objetivos Específicos

� Calcular a energia livre relativa ( ( / )calc mut selG∆∆

) e absoluta ( ( )calc selG∆

e ( )calc mutG∆

) utilizando o

método de LIE ainda não utilizado para estudar a influência de mutações na estrutura da

proteína c-ABL, utilizando duas abordagens distintas: com e sem restrição da posição inicial da

molécula de água Cw (Figura 1.8).

� Monitorar as ligações de hidrogênio entre os fármacos (Imatinib e Nilotinib) e a proteína c-

ABL.

� Observar o comportamento de Cw em função do tempo nas proteínas Selvagem e nas 12

mutantes complexadas com o Imatinib.

� Investigar a flexibilidade do sítio de ligação ao Imatinib.

� Sugerir hipóteses sobre o correto estado de protonação do resíduo de Histidina na mutação

Tyr272His.

� Verificar o efeito alostérico das 12 mutações na proteína c-ABL.

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Capítulo 3

Metodologia

3.1 Cálculo da energia livre pelo método de LIE

Diferentemente dos métodos utilizados para cálculo de energia livre (Schunzhou et al., 2005), o

método de Energia de Interação Linear (LIE) (Åqvist et al., 1994) desenvolvido para predição da

afinidade de inibidores endotiapepsina (EP) a uma proteína pertencente à família aspartil proteinase, é

baseado nas médias da energia de interação e nas amostras conformacionais utilizando dinâmica

molecular para o cálculo da energia livre. Esse método empírico se baseia no cálculo da energia de

interação entre o ligante e o meio (proteína, solvente, etc), dividida em eletrostática e de Lennard-

Jones. A idéia principal do método é dividir as contribuições polares (eletrostáticas) e apolares

(Lennard-Jones) para o cálculo da energia livre de ligação ( ( )calc selG∆

ou ( )calc mutG∆ ) aproximando-o por

uma medida linear dos termos correspondentes às médias temporais dessas interações intermoleculares,

representadas por < >, do ligante nos dois estados termodinâmicos do equilíbrio: ligado e em solução.

O ∆ representa a diferença entre essas médias. (Equação 3.1).

( ) (l s l s l s l sLJ LJ el el

calc ligado livre ligado livreG U U U Uα β γ− − − −∆ = < > − < > + < > − < > + (3.1)

Equação de LIE para o cálculo da energia livre absoluta ( ( )calc selG∆ ou ( )calc mutG∆ )

A abordagem é esquematizada na Figura 3.1 (Åqvist et al., 1998), onde as duas barras verticais

do ciclo denotam as energias livres associadas ao turning on (colocar carga elétrica positiva ou negativa

nos resíduos que possuem estado de protonação na forma iônica em pH fisiológico: Lys, Arg, Glu e

Asp) das interações eletrostáticas entre o ligante e o meio, nos estados ligado e livre em solução,

respectivamente. A energia livre de ligação corresponde à diferença entre esses dois estados, mais uma

contribuição não polar representada pela barra horizontal.

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Figura 3.1: Ciclo termodinâmico. Fonte: Åqvist et al. 1998.

Os coeficientes de LIE: α , β e γ (Equação 3.1) estão intimamente relacionados ao modelo em

estudo e originalmente o método foi utilizado calibrando os coeficientes para vários ligantes

empregando apenas uma proteína. O cálculo da contribuição eletrostática para a energia livre relativa

foi realizado utilizando β = 0,5 de acordo com a aproximação linear, porém valores diferentes para

esse coeficiente têm sido encontrados dependendo da estrutura química do ligante: 0,33 (com dois ou

mais grupos hidroxila), 0,37 (um grupo hidroxila), 0,43 (sem grupos hidroxila) e 0,50 (carregado)

(Åqvist et al., 1998). A contribuição van der Waals (apolar) correspondente ao coeficiente α é

determinada de forma empírica e mantém uma boa aproximação com medidas relacionadas ao tamanho

do ligante: área, volume e comprimento da cadeia carbônica. Em estudos realizados previamente, o

valor de α = 0,18 tem reproduzido energias livres de ligação de vários sistemas, e tem-se demonstrado

que esse coeficiente não é dependente do sistema nem do campo de força, para os casos estudados até

hoje por Åqvist et al. (2004) com 9 ligantes diferentes complexados em P450cam utilizando os campos

de força Amber95, Gromos87 e OPLS-AA. A constante γ reflete a hidrofobicidade do sítio de ligação

que pode ser necessária para reprodução da energia livre absoluta, mas não é necessária para o cálculo

da energia livre relativa (Åqvist et al., 2006). Apesar de não se ter encontrado uma parametrização

"universal" para esses coeficientes no cálculo da energia livre, há algumas qualidades dessa abordagem

que devem ser enfatizadas: pode-se estudar em nível atômico o efeito de uma mutação pontual em uma

proteína associada à resistência a um fármaco devido à possibilidade de inferir a tendência de ligação

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do fármaco no sítio da proteína pelo valor positivo da energia livre relativa (mutada em relação à

selvagem).

3.1.2 Adequação do método LIE para aplicação neste trabalho

As simulações de DM focaram-se na região de interesse: o sítio de ligação do fármaco à

proteína. Utilizou condições de contorno esféricas com raio de corte de 20 Å: na presença do solvente

explícito (Modelo SPC) e posteriormente em complexo com o sítio quinase da proteína BCR-ABL

(selvagem e 12 mutantes) e o solvente envolvido. Como centro da esfera, foi considerado o átomo

central do ligante (C15 – Figura 4.2).

Desde a publicação original do método (Åqvist, et al. 1994) tem-se demonstrado que não há

como encontrar uma parametrização universal dos coeficientes de LIE (Shunzhou W. et al, 2005).

Originalmente, esses coeficientes α, β e γ (Equação 3.1) eram intimamente relacionados ao modelo em

estudo e foram calculados utilizando uma família de ligantes empregando apenas uma proteína. No

nosso caso particular, os coeficientes foram calculados a partir de um processo de calibração usando 12

proteínas mutantes e 1 selvagem complexadas a apenas um ligante (Imatinib). É por isso que no nosso

caso, esses coeficientes representam a contribuição média de um conjunto de receptores e se denotam

como: α , β e γ . Os parâmetros médios de calibração α , β e γ foram obtidos após minimização do

erro da predição da energia livre a partir de estudos experimentais prévios da proteína BCR-ABL

(selvagem e com mutações sítio-dirigidas) complexada com o Imatinib (Azam et al., 2003).

2

exp

exp

( , , ) calc

i

G GE

Gα β γ

∆ −∆=

∆ ∑ (3.2)

Utilizamos o cálculo por mínimos quadrados pela Equação 3.2 para minimização do erro e

obtenção dos coeficientes de LIE.

Levando em consideração a aproximação para o cálculo da energia livre experimental:

exp( )selG∆ ou exp( ) 50 50ln( ) ln( 0,50 ) ln( )mut diss enzG RT k RT IC C RT IC∆ = = + ≈ (3.3)

onde R é a constante universal dos gases, T é a temperatura absoluta (K), Cenz é a concentração da

enzima que é um número insignificante quando comparado após a equilibração e pode ser omitido

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42

nesse caso.

Calculamos o ( / )calc mut selG∆∆para 12 mutantes, para ligação com o Imatinib e também o outro

fármaco Nilotinib, clinicamente reconhecido como mais potente, utilizando os mesmos parâmetros

médios.

3.2 Escolha das estruturas e inibidores

A estrutura do motivo tirosina quinase da oncoproteína BCR-ABL foi obtida no banco de dados

PDB (Berman et al., 2000; Westbrook et al., 2002), tomando-se como critério a estrutura cristalográfica

com melhor resolução e que tivesse os ligantes Imatinib e Nilotinib no sítio. Como a estrutura obtida

por difração de raio-X do domínio quinase ligado ao Nilotinib (PDB 3CS9, Weisberg et al., 2005) não

possui cinco resíduos importantes na sua estrutura, um modelo por homologia foi construído usando o

programa SPDB-viewer (Guex e Peitsch, 1997) utilizando como molde a cadeia A da estrutura PDB

1OPJ ligada ao Imatinib com 1,75 Å de resolução. (Nagar et al., 2003). A identidade entre as

seqüências do domínio quinase da 1OPJ e 3CS9 (100 %) associada à alta resolução da estrutura

cristalográfica, permitiu a construção do modelo estrutural da quinase com o Nilotinib. A molécula de

água Cw (Figura 1.8) da estrutura PDB 1OPJ que está envolvida em uma rede de ligações de

hidrogênio com os resíduos Lys290 e Glu305, assim como a cadeia principal do Asp400 e o grupo

amida (com um átomo de hidrogênio disponível) do Imatinib foi mantida. Essas interações são

conservadas em ambos modelos com ambos ligantes.

3.2.1 Escolha dos mutantes

As 12 mutações estudadas foram realizadas nas estruturas tridimensionais utilizando o

programa SPDB-viewer (Guex e Peitsch, 1997) e partindo da estrutura inicial (PDB 1OPJ com 1,75 Å

de resolução). As diferenças no cálculo das energias livres foram investigadas como consequência do

efeito das mutações Thr334Ile, Leu267Arg, Gln271His, Tyr272His, Glu274Lys estudadas por Lee et al.

(2008), e mais sete mutações adicionais (Met263Val, Met263Ile, Thr334Ser, Met370Thr, Met370Ile,

Leu403Met e Gly417Arg) encontradas em outras regiões da proteína c-ABL e ainda não estudadas pela

técnica de Dinâmica Molecular (DM).

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3.3 Escolha dos parâmetros utilizados nas simulações de dinâmica molecular

Realizamos as simulações de DM utilizando o programa Q (versão 5.0 Janeiro/2004) (Marelius

et al., 1998) e campo de força GROMOS96, baseado no Gromos87 (Van Gunsteren e Berendsen,

1987). Consideramos a mediação de uma molécula de água conservada na interação da onco-proteína

BCR-ABL com o fármaco Imatinib e optamos por realizar as simulações e calcular a energia livre

relativa (da proteína mutada em relação à selvagem) de duas maneiras: restringindo ou não a posição

inicial dessa molécula de água através da aplicação de um potencial harmônico de constante de força de

5 kcal/(molÅ2).

O arquivo necessário para a construção da topologia da proteína (Qgrm96.lib) que define os

átomos e as conectividades de resíduos de qualquer proteína está disponível no pacote do programa. As

cargas parciais atômicas do Imatinib e do Nilotinib foram calculadas utilizando o campo de força

MMFF94 do programa Sybyl 7.3 (Tripos International, 1699 South Hanley Rd., St. Louis, Missouri,

63144, USA) e incorporadas ao arquivo de biblioteca do respectivo ligante (STI.lib e NIL.lib). Os

parâmetros dos ligantes foram agregados no arquivo de parâmetros correspondentes ao campo de força

escolhido (Qgrm96.prm), as coordenadas das estruturas iniciais foram solvatadas com o modelo de

água SPC (Simple Point Charge) (Berendsen et al., 1987) em uma esfera de raio = 20 Å. As topologias

dos sistemas foram geradas pelo programa Qprep, obtendo assim toda informação molecular necessária

para a simulação (complexo.top e STI.top/NIL.top). Deste modo, o sistema (proteína quinase +

solvente + ligante) é composto por aproximadamente 2280 átomos imersos em um sistema esférico

finito. Restringimos as moléculas de água localizadas além da esfera de 18,5 Å para evitar evaporação

das mesmas pela aplicação de uma força derivada de um potencial harmônico de constante k = 200

kcal/(molÅ2) nos seus átomos.

O sistema foi aquecido de 1 a 300 K utilizando uma equilibração controlada para estabilização

das interações do ligante com o meio antes da fase de coleta. Durante a fase de equilibração de 1 a 4

(Apêndice C), os átomos pesados do Imatinib, Nilotinib e Cw foram mantidos nas suas posições iniciais

utilizando um potencial harmônico de constante de força de 5 kcal/(molÅ2). Ao todo, o processo de

equilibração (1 a 6) teve um período de 39,7 ps, a temperatura (300 K) e a pressão (1 atm) do sistema

foram mantidas constantes durante os 1000 ps de simulação de DM. Os detalhes referentes à

equilibração estão no Apêndice C.

O algoritmo de SHAKE (Ryckaert et al., 1977) foi utilizado para os vínculos das ligações e

ângulos do solvente. As interações entre átomos não ligados foram calculadas sem restrições de raio de

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corte e o potencial eletrostático de longo alcance na fronteira foi tratado por uma expansão multipolar

(Lee e Warshel, 1992). A frequência dos eventos regulares da simulação foi definida da seguinte forma:

lista de pares de átomos não ligados foram gerados a cada 25 passos, a energia e as coordenadas foram

escritas a cada 250 passos. O tempo de integração utilizado na fase de produção foi de 1 fs em 50000

passos, de modo a obter um total de 20 arquivos de trajetória com 50 ps de simulação cada (totalizando

1000 ps). O valor médio das energias de interação eletrostática e Lennard-Jones, respectivamente elU e

LJU , entre o fármaco (Imatinib ou Nilotinib) e o meio, nos estados ligado e livre, calculado nos

últimos 250 ps dessas trajetórias, foi utilizado na Equação 3.4 para estimar a energia livre de ligação.

Maiores detalhes sobre o protocolo utilizado nas simulações podem ser vistos no Apêndice C, baseado

no tutorial do programa Q disponível na

Internet:http://xray.bmc.uu.se/~aqwww/q/samples/default.html.

3.4 Análise do comportamento de Cw e mobilidade dos resíduos do sistema ABL/Imatinib

Utilizamos um programa em linguagem Fortran capaz de encontrar as possíveis ligações de

hidrogênio entre o Imatinib, os resíduos Asp400 e Glu305 durante os 1000 ps de simulação nas

proteínas c-ABL selvagem e 12 mutantes. Os valores da raiz dos desvios quadráticos médios (RMSD)

dos átomos pesados dos resíduos localizados a 4 Å de distância do Imatinib (incluindo todos resíduos

do P-loop e motivo DFG), tendo como referência a estrutura cristalográfica, foram obtidos pelo

programa Q conforme Equação 3.7.

2 1/ 21 2 1 2

1

( , ) [1/ || ( ) ( ) || ]N

i i i

i

RMSD t t M m r t r t=

= −∑ (3.4)

onde 1

N

i

i

M m=

=∑ e ( )ir t é a posição do átomo i no tempo t.

O programa MOLMOL (MOLecular Analysis and MOLecule display) (Koradi et al., 1996) foi

utilizado para avaliar o efeito alostérico causado pelas 12 mutações pontuais.

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45

Capítulo 4

Resultados

Neste capítulo serão apresentados os resultados obtidos utilizando a técnica computacional de

Dinâmica Molecular (DM) para calcular as energias livres absolutas das proteínas mutantes ( ( )calc mutG∆ )

e a energia livre absoluta da proteína selvagem ( ( )calc selG∆ ) utilizando a metodologia LIE.

Consequentemente foram obtidas as energias livres relativas (mutante versus selvagem -

( / )calc mut selG∆∆ ), da proteína c-ABL selvagem em relação a 12 proteínas mutantes (Met263Val,

Met263Ile, Leu267Arg, Gln271His, Tyr272His, Glu274Lys, Thr334Ile, Thr334Ser, Met370Thr,

Met370Ile, Leu403Met e Gly417Arg) complexadas com Imatinib ou Nilotinib. As diferenças nas

energias (Eletrostática e Lennard-Jones) dos fármacos livres na água e ligados ao domínio quinase da

proteína c-ABL foram analisadas para melhor compreensão das interações intermoleculares e possíveis

explicações para a resistência aos fármacos (Imatinib e Nilotinib) associada às mutações pontuais

foram dadas.

4.1 Diferenças nas energias (Eletrostática e Lennard-Jones) dos fármacos (Imatinib e Nilotinib)

livres na água

Os valores de energia eletrostática ( elU< > ) e Lennard-Jones ( LJU< > ) foram obtidos a partir

de 1000 ps de simulação por DM do Imatinib e Nilotinib em solução, e estão apresentados na Tabela

4.1 em médias realizadas a cada 50 ps.

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Tabela 4.1: Média das energias eletrostáticas ( eleU< ∆ > e Lennard-Jones ( LJU< ∆ > ), realizadas a

cada 50 ps, dos 1000 ps de simulação por DM do Imatinib e Nilotinib em solução.

IMATINIB NILOTINIB

Amostras eleU< ∆ > LJU< ∆ >

eleU< ∆ > LJU< ∆ >

1 -85,47 -39,09 -81,02 -43,55

2 -88,19 -38,08 -81,15 -42,96

3 -84,16 -39,06 -82,34 -42,77

4 -86,44 -38,21 -83,55 -43,13

5 -83,40 -39,19 -82,31 -42,55

6 -84,46 -38,66 -83,23 -43,12

7 -90,02 -37,91 -84,26 -43,27

8 -83,79 -38,70 -82,56 -43,42

9 -84,07 -39,34 -82,58 -43,98

10 -83,19 -39,43 -82,87 -42,98

11 -86,62 -39,20 -80,52 -42,89

12 -85,29 -39,81 -83,24 -43,09

13 -82,92 -38,51 -80,75 -43,90

14 -82,70 -39,09 -83,22 -43,92

15 -83,83 -39,52 -82,87 -42,37

16 -84,99 -39,06 -82,38 -43,86

17 -84,87 -38,68 -81,26 -43,38

18 -86,10 -39,24 -83,04 -43,87

19 -84,54 -39,77 -81,66 -44,19

20 -86,83 -38,69 -81,14 -42,99

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A média de todas 20 amostras das energias (ele

livreU< > e LJ

livreU< > ) foram obtidas do

programa Q durante os 1000 ps de DM com cada ligante no seu estado livre. A partir desses resultados,

calculamos o desvio padrão (σ ) que é a raiz quadrada da variância (média das diferenças ao quadrado

entre as observações): ele

livreU< > = -85,09 kcal/mol com σ = 1,85 kcal/mol e LJ

livreU< > = -38,96

kcal/mol com σ = 0,53 kcal/mol; e nos 1000 ps de simulação com o Nilotinib no estado livre foi:

ele

livreU< > = -82,30 kcal/mol com σ = 1,04 kcal/mol e LJ

livreU< > = -43,31 kcal/mol com σ = 0,51

kcal/mol.

4.2 Escolha das amostras de energia para calibração dos coeficientes de LIE

Na simulação com o Imatinib livre em solução (qw) (STI_AGUA, Figura 4.1 a), obtivemos 20

amostras das energias eletrostática (Ele_qw) e de Lennard-Jones (Evdw_qw), sendo que a média de

todas elas resultou em desvios padrão, respectivamente iguais a, 1,85 kcal/mol e 0,53 kcal/mol. Visto

que os desvios padrão não foram elevados quando comparados com todas as 20 amostras, utilizamos os

valores da média de todas elas, ou seja, Eel_TOT = - 85,09 kcal/mol e Evdw_TOT = - 38,96 kcal/mol.

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a) Resultado da simulação com Cw livre obtido pelo programa Q das amostras (50 ps de DM cada) de

energias, Eletrostática e Van der Waals, do Imatinib (STI) livre em solução (STI_AGUA) e ligado na

proteína ABL selvagem (CPLX_ABL_STI).

STI_AGUA

N Eel_qp Ele_qw Eel_TOT SD Evdw_qp Evdw_qw Evdw_TOT SD

200 (1) -85.47 -85.47 -39.09 -39.09

200 (2) -88.19 -88.19 -38.08 -38.08

200 (3) -84.16 -84.16 -39.06 -39.06

200 (4) -86.44 -86.44 -38.21 -38.21

200 (5) -83.40 -83.40 -39.19 -39.19

200 (6) -84.46 -84.46 -38.66 -38.66

200 (7) -90.02 -90.02 -37.91 -37.91

200 (8) -83.79 -83.79 -38.70 -38.70

200 (9) -84.07 -84.07 -39.34 -39.34

200 (10) -83.18 -83.18 -39.43 -39.43

200 (11) -86.62 -86.62 -39.20 -39.20

200 (12) -85.29 -85.29 -39.81 -39.81

200 (13) -82.92 -82.92 -38.51 -38.51

200 (14) -82.70 -82.70 -39.09 -39.09

200 (15) -83.83 -83.83 -39.52 -39.52

200 (16) -84.99 -84.99 -39.06 -39.06

200 (17) -84.87 -84.87 -38.68 -38.68

200 (18) -86.10 -86.10 -39.24 -39.24

200 (19) -84.54 -84.54 -39.77 -39.77

200 (20) -86.83 -86.83 -38.69 -38.69

FINAL -85.09 1.85 -38.96 0.53

CPLX_ABL_STI

N Eel_qp Ele_qw Eel_TOT SD Evdw_qp Evdw_qw Evdw_TOT SD

200 (1) -23.61 -27.70 -51.31 -60.72 -5.99 -66.71

200 (2) -25.10 -27.51 -52.61 -60.28 -7.30 -67.58 0.62

200 (3) -25.29 -27.42 -52.71 -61.85 -6.86 -68.71 1.00

200 (4) -24.68 -30.81 -55.49 -62.73 -6.88 -69.61 1.27

200 (5) -24.51 -29.98 -54.49 1.66 -62.45 -7.10 -69.55 1.27

200 (6) -24.47 -30.27 -54.74 1.28 -60.02 -7.92 -67.94 0.92

200 (7) -25.44 -29.31 -54.75 1.03 -61.56 -7.77 -69.33 0.70

200 (8) -25.38 -32.08 -57.46 1.22 -61.99 -7.71 -69.70 0.73

200 (9) -25.19 -32.75 -57.94 1.68 -62.39 -7.11 -69.50 0.72

200 (10) -26.39 -30.83 -57.22 1.55 -63.07 -7.01 -70.08 0.82

200 (11) -25.76 -32.47 -58.23 1.38 -61.67 -7.21 -68.88 0.44

200 (12) -33.10 -26.51 -59.61 0.94 -61.77 -7.48 -69.25 0.45

200 (13) -33.67 -24.20 -57.87 0.88 -64.17 -7.75 -71.92 1.20

200 (14) -33.72 -24.58 -58.30 0.87 -62.84 -7.65 -70.49 1.19

200 (15) -35.59 -28.13 -63.72 2.42 -62.03 -7.69 -69.72 1.21

200 (16) -36.26 -26.64 -62.90 2.68 -61.55 -7.74 -69.29 1.12

200 (17) -36.85 -24.72 -61.57 2.66 -62.63 -7.64 -70.27 1.00

200 (18) -35.70 -27.75 -63.45 2.22 -63.50 -6.67 -70.17 0.48

200 (19) -48.62 -20.85 -69.47 3.05 -63.86 -5.30 -69.16 0.50

200 (20) -51.77 -20.04 -71.81 4.51 -64.32 -6.14 -70.46 0.60

FINAL -65.84 4.51 -69.87 0.60

deltaUel 19.25

deltaUvdw -30.91

Delta_G(2) -3.12 0.05

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b) Resultado da simulação com Cw livre obtido pelo programa Q das amostras (50 ps de DM cada) de

energias, Eletrostática e van der Waals, do Imatinib ligado na proteína ABL mutante Met263Val

(CPLX_ABL_STI).

Figura 4.1: a) Média FINAL das 20 amostras de energia do Imatinib livre na água (qw) Ele_TOT = -

85,09 kcal/mol (1,85) e Evdw_TOT = -38,96 kcal/mol (0,53); Média FINAL das últimas 5 amostras de

energia do Imatinib ligado (qp) na proteína ABL (em rosa) Ele_TOT = -65,84 kcal/mol (4,51) e

Evdw_TOT = -69,87 kcal/mol (0,60). b) Média FINAL das últimas 5 amostras de energia do Imatinib

ligado na proteína ABL mutante Met263Val (em rosa) Ele_TOT = -69,88 kcal/mol (1,84) e Evdw_TOT

= -64,86 kcal/mol (0,36). Os desvios (entre parêntesis) foram calculados da seguinte maneira utilizando

a Equação 4.1 descrita abaixo:

( ) ( ) ( ) ( )

2 22 2 2 2( ) ( )ligado livre ligado ligadovdw vdw el elσ α σ σ β σ σ= + + + (4.1)

CPLX_ABL_STI

N Eel_qp Ele_qw Eel_TOT SD Evdw_qp Evdw_qw Evdw_TOT SD

200 (1) -23.70 -37.08 -60.78 -60.08 -6.95 -67.03

200 (2) -25.62 -34.76 -60.38 0.28 -59.10 -7.17 -66.27 0.54

200 (3) -21.96 -35.24 -57.20 1.96 -61.13 -6.81 -67.94 0.84

200 (4) -25.27 -31.18 -56.45 2.20 -60.60 -7.12 -67.72 0.75

200 (5) -19.10 -33.31 -52.41 3.40 -62.64 -6.33 -68.97 1.01

200 (6) -25.41 -28.08 -53.49 3.16 -58.98 -8.68 -67.66 0.96

200 (7) -44.87 -23.85 -68.72 6.50 -56.79 -9.34 -66.13 1.02

200 (8) -43.57 -22.44 -66.01 7.47 -58.79 -8.18 -66.97 1.05

200 (9) -42.97 -25.17 -68.14 8.11 -57.26 -9.09 -66.35 1.15

200 (10) -44.40 -20.54 -64.94 6.21 -57.97 -8.70 -66.67 0.60

200 (11) -44.57 -21.93 -66.50 1.55 -59.02 -7.88 -66.90 0.36

200 (12) -43.87 -22.01 -65.88 1.18 -57.39 -8.01 -65.40 0.64

200 (13) -44.89 -21.33 -66.22 1.17 -56.65 -9.21 -65.86 0.61

200 (14) -45.06 -25.90 -70.96 2.34 -55.83 -8.62 -64.45 0.99

200 (15) -47.42 -25.26 -72.68 3.15 -56.16 -8.69 -64.85 0.95

200 (16) -45.82 -22.19 -68.01 2.98 -55.76 -9.43 -65.19 0.54

200 (17) -43.20 -25.43 -68.63 2.54 -54.61 -9.74 -64.35 0.61

200 (18) -44.59 -24.74 -69.33 1.89 -55.25 -9.36 -64.61 0.34

200 (19) -45.68 -26.89 -72.57 2.22 -55.62 -9.42 -65.04 0.34

200 (20) -44.30 -26.58 -70.88 1.84 -57.19 -7.90 -65.09 0.36

FINAL -69.88 1.84 -64.86 0.36

deltaUel 15.21

deltaUvdw -25.89

Delta_G(2) -2.95 0.03

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50

Na escolha das amostras de energia do Imatinib ligado à proteína c-ABL, selvagem (Figura 4.1

a) e 12 mutantes (Met263Val, Figura 4.1 b) (CPLX_ABL_STI), calculamos os desvios padrão da média

de Eel_TOT e Evdw_TOT (a cada 250 ps). Calibramos os coeficientes de LIE utilizando a Equação 3.2

e consequentemente realizamos o cálculo da energia livre pela Equação 3.1, testando 3 possibilidades:

1) utilizando apenas a média das 5 amostras de energia com desvios padrão pequenos quando

comparados com os desvios dos “blocos” de outras 5 amostras;

2) utilizando os últimos 250 ps de DM, porém eliminando os valores que desviavam da média e

aumentavam o desvio padrão (abordagem aleatória);

3) utilizando os últimos 250 ps de DM, incluindo todos os valores (abordagem mais padronizada).

A opção 3 resultou em melhores resultados de convergência ao equilíbrio para todos os

complexos (ABL/Imatinib selvagem e 12 mutantes), ou seja, utilizando os últimos 250 ps de DM

conseguimos chegar a erros na predição da energia livre absoluta menores que 1,3 kcal/mol. Esse

mesmo procedimento de calcular a energia livre de ligação utilizando diferentes amostras foi utilizado

por Almlof et al. 2006.

4.2.1 Estimativas das energias (Eletrostática e Lennard-Jones) de proteína c-ABL selvagem e dos

12 mutantes complexados aos fármacos Imatinib ou Nilotinib

A simulação computacional pode ser considerada uma ciência experimental e, portanto os

resultados devem ser submetidos a análises sistemáticas. Uma possível fonte de erro sistemático está na

realização de um processo de equilibração insuficiente. Em DM é necessário gerar uma estrutura

representativa a uma dada temperatura para calcular propriedades macroscópicas no equilíbrio

termodinâmico como a energia livre. Para isso, há a necessidade de convergência ao equilíbrio durante

a simulação. Os valores numéricos das energias e de convergência foram estimados pelo desvio padrão

amostral a cada 250 ps de acordo com o método baseado no conceito de ineficiência estatística

(Tildesley e Allen, 1986).

Os valores de energia e de convergência obtidos durante os últimos 250 ps da simulação por

DM com Cw livre e fixa, estão ilustrados na Tabela 4.2.

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51

Tabela 4.2: Média dos valores das energias eletrostáticas e van der Waals (Lennard-Jones) dos últimos

250 ps de simulação por DM do Imatinib e Nilotinib ligados ao domínio quinase da proteína c-ABL

(selvagem e dos 12 mutantes), com (Cw fixo) e sem (Cw livre) restrição na posição inicial de Cw.

Desvio padrão amostral (N=5) entre parêntesis. Unidades em kcal/mol.

† Mutações Leu267Arg, Gln271His, Tyr272His, Glu274Lys estão na região P-loop da c-ABL

Proteína c-ABL complexada com IMATINIB

Proteína c-ABL complexada com NILOTINIB

Cw fixo Cw livre Cw fixo Cw livre

<Uele> <ULJ> <Uele> <ULJ> <Uele> <ULJ> <Uele> <ULJ>

Selvagem -77,29 (2,69)

-62,01 (1,75)

-65,84 (4,51)

-69,87 (0,60)

-62,69 (1,49)

-74,24 (0,35)

-58,77 (1,76)

-77,88 (0,52)

Met263Val -51,22 (1,93)

-69,40 (0,28)

-69,88 (1,84)

-64,86 (0,36)

-57,02 (1,07)

-76,19 (0,27)

-60,93 (1,34)

-73,52 (1,07)

Met263Ile -49,91 (1,27)

-69,78 (0,47)

-38,90 (1,69)

-72,61 (0,61)

-52,06 (1,18)

-78,83 (0,33)

-59,66 (1,36)

-77,65 (0,34)

Leu267Arg † -51,49 (2,34)

-67,46 (0,90)

-48,76 (3,06)

-69,00 (1,12)

-57,09 (0,99)

-73,38 (0,69)

-58,15 (0,93)

-74,45 (1,11)

Gln271His † -66,19 (2,78)

-68,82 (0,41)

-57,79 (5,29)

-65,32 (2,15)

-54,92 (1,74)

-79,03 (1,01)

-58,40 (0,83)

-77,90 (0,84)

Tyr272His † -62,26 (4,80)

-67,25 (0,25)

-60,08 (7,23)

-70,53 (0,63)

-58,08 (1,19)

-73,98 (0,55)

-60,55 (1,02)

-75,93 (0,86)

Glu274Lys † -55,62 (2,20)

-67,89 (0,87)

-69,00 (2,22)

-65,72 (0,59)

-57,33 (0,75)

-74,78 (0,54)

-61,91 (0,50)

-76,84 (0,49)

Thr334Ile -47,93 (2,89)

-68,73 (0,60)

-56,74 (2,03)

-68,08 (1,90)

-50,48 (0,63)

-79,93 (0,63)

-56,81 (1,02)

-78,48 (0,36)

Thr334Ser -70,28 (3,11)

-62,99 (0,68)

-71,92 (1,91)

-69,80 (0,66)

-57,47 (0,83)

-75,89 (0,40)

-58,02 (2,11)

-75,11 (1,44)

Met370Thr -47,01 (2,95)

-71,48 (0,91)

-48,39 (1,28)

-71,05 (0,21)

-57,15 (1,49)

-73,40 (0,59)

-58,58 (2,21)

-80,89 (1,10)

Met370Ile -54,04 (1,09)

-72,03 (0,75)

-57,31 (1,70)

-68,32 (0,37)

-56,88 (2,08)

-83,12 (0,41)

-58,48 (2,46)

-77,35 (1,25)

Leu403Met -44,12 (1,65)

-72,15 (1,09)

-58,58 (2,86)

-66,56 (1,18)

-58,11 (0,72)

-75,22 (0,93)

-59,33 (1,44)

-75,42 (0,78)

Gly417Arg -45,26 (5,10)

-72,27 (1,17)

-51,20 (2,25)

-70,99 (0,77)

-54,83 (1,38)

-75,01 (1,21)

-57,68 (1,42)

-76,39 (0,76)

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52

Os coeficientes de LIE obtidos foram os seguintes: com Cw fixa α = 0,2169; β = 0,0654; γ =

1,4159; e Cw livre α = 0,0394; β = 0,0077; γ = -2,0503. Os valores numéricos dos três coeficientes

foram menores na simulação do sistema com Cw livre, sendo que a maior diminuição ocorreu no

coeficiente representado pelo termo γ . O coeficiente representado pelas interações de van der Waals

(α ) passou de 0,2169, em Cw fixa, para 0,0394, em Cw livre, sugerindo que a imposição dessa

restrição (Cw Fixa) nas simulações dos mutantes são desfavoráveis influenciando negativamente na

predição da energia livre relativa. O fator β passou de 0,0654 (Cw fixa) para 0,0077 (Cw livre) e

indica que a diminuição do seu valor também está fortemente relacionada à modifição no entorno do

sítio de ligação induzida pela presença constante da molécula Cw .

As médias el

ligadoU< > , LJ

ligadoU< > , el

livreU< > e LJ

livreU< > , assim como os coeficientes de

LIE para Cw fixa e Cw livre, foram utilizadas na Equação 3.3 para estimar a energia livre relativa

(mutante em relação à selvagem) dos sistemas proteína/Imatinib com Cw livre e Cw fixa. Utilizando os

valores das médias de energia nas simulações com Cw livre foram encontrados valores mais

compatíveis com a predição da energia livre relativa a partir de dados experimentais ( exp( / )mut selG∆∆ > 0)

para todos 12 mutantes, exceto Thr334Ser na simulação com Imatinib (Tabela 4.3).

Os valores de energia livre relativa das simulações ( ( / )calc mut selG∆∆ ), obtidos a partir de

comparações entre as estimativas de energia de interação do Imatinib complexado à proteína selvagem

e a cada um dos 12 mutantes são apresentados na Tabela 4.3, para Cw livre ou fixa. Estes valores nos

dão evidências importantes para o cálculo da predição da energia livre, pois há maior concordância

com os valores experimentais ( exp( / )mut selG∆∆ ) quando não se impõe restrição na posição inicial de Cw.

As proteínas quinase são estudadas há mais de 15 anos, porém apesar do número de estruturas

disponíveis, pouco estudo tem sido direcionado a outros elementos do domínio quinase, como por

exemplo o recente trabalho realizado por Knighton et al. (2009) onde foi feito um alinhamento

estrutural seguido de dinâmica molecular de 13 proteínas quinase e assim descoberto a presença de seis

moléculas de água que ocorrem em localizações conservadas. Partindo do trabalho de Schindler et al.,

(2000), escolhemos uma molécula de água conservada Cw que interage com dois resíduos importantes

da proteína c-ABL. Os desvios no cálculo da energia livre relativa na predição pelo método de LIE com

Cw livre foram menores quando comparado com Cw fixa (Tabela 4.3).

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53

Tabela 4.3: Comparação dos valores de energia livre de Gibbs relativa (em kcal/mol). Experimentais

( exp( / )mut selG∆∆ ) e calculadas computacionalmente ( ( / )calc mut selG∆∆ ).

Proteína

( / )calc mut selG∆∆

Proteína/Imatinib

Cw fixa

exp( / )mut selG∆∆ †

Proteína/Imatinib

( / )calc mut selG∆∆

Proteína/Imatinib

Cw livre

Met263Val 0,10 ± 0,67 0,98 0,17 ± 0,07

Met263Ile 0,11 ± 0,66 0,50 0,02 ± 0,09

Leu267Arg 0,51 ± 0,75 2,09 †† 0,17 ± 0,11

Gln271His -0,75 ± 0,71 0,94 0,24 ± 0,15

Tyr272His -0,15 ± 0,81 2,02 0,02 ± 0,12

Glu274Lys 0,14 ± 0,74 1,79 0,14 ± 0,09

Thr334Ile 0,46 ± 0,73 2,09 †† 0,14 ± 0,13

Thr334Ser 0,25 ± 0,75 1,10 -0,04 ± 0,09

Met370Thr -0,07 ± 0,77 1,25 0,09 ± 0,08

Met370Ile -0,65 ± 0,69 0,58 0,13 ± 0,08

Leu403Met -0,03 ± 0,76 0,92 0,19 ± 0,11

Gly417Arg -0,13 ± 0,90 0,36 0,07 ± 0,09

† Dados de IC50 retirados da mesma fonte (Azam et al. 2003) para a proteína c-ABL selvagem e todos

os 12 mutantes.

†† Limites inferiores, isto é, os valores de exp( / )mut selG∆∆ para os mutantes Leu267Arg e Thr334Ile

podem ser maiores devido ao fato de seus IC50 serem > 20,0 µM.

Calculado: ( / ) ( ) ( )LJ LJ el el

calc mut sel ligado livre ligado livreG U U U Uα β∆∆ = < > − < > + < > − < >

Experimental: exp( / ) 50 50ln( ) ln( 0,5 ) ln( †)mut sel diss enzG RT k RT IC C RT IC∆∆ = = + ∼ , sendo T= 300K, R =

8,3145 JK-1mol-1 e 1 cal = 4,189 J. Na simulação com Cw fixa: α = 0,2169; β = 0,0654; γ = 1,4159

e para Cw livre: α = 0,0394; β = 0,0077; γ = -2,0503.

Cálculo do desvio padrão de ( / )calc mut selG∆∆ está indicado ao lado dos valores de energia livre relativa e

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foram calculados da seguinte maneira: 2 2

T selvagem mutadoσ σ σ= + . Os menores desvios de

( / )calc mut selG∆∆ foram obtidos na simulação com Cw livre.

Percebe-se que não foi obtida uma predição adequada para o mutante Thr334Ser (- 0,04 ± 0,09

kcal/mol) quando se compara com dados experimentais de Azam et al. 2003. Comparando os 12

valores de energia livre de Gibbs relativa nas simulações com o Imatinib verificamos que para Cw fixa

obtivemos ( / )calc mut selG∆∆ positivos para seis proteínas mutantes e com Cw livre obtivemos

( / )calc mut selG∆∆ positivos para onze das 12 proteínas mutantes.

4.2.2 Comparação dos valores de energia livre relativa e absoluta da proteína c-ABL selvagem e

dos mutantes ligados ao Imatinib ou Nilotinib

Os valores de energia livre relativa ( ( / )calc mut selG∆∆ ) obtidos para os dois fármacos (Imatinib e

Nilotinib) através das simulações com Cw fixa e livre está ilustrado na Figura 4.2 a e b,

respectivamente. Nas simulações com Cw fixa (Figura 4.2 a) encontramos valores de ( / )calc mut selG∆∆ > 0

para seis mutantes nas simulações com Imatinib (Met263Val, Met263Ile, Leu267Arg, Glu274Lys,

Thr334Ile, Thr334Ser) e ( / )calc mut selG∆∆ > 0 para cinco mutantes nas simulações com Nilotinib

(Leu267Arg, Tyr272His, Glu274Lys, Met370Thr, Leu403Met e Gly417Arg).

Nas simulações com Cw livre (Figura 4.2 b) encontramos valores de ( / )calc mut selG∆∆ > 0 para a

maioria dos 12 mutantes, exceto para o mutante Thr334Ser na simulação com Imatinib e para os

mutantes Gln271His, Thr334Ile e Met370Thr na simulação com Nilotinib. Na Figura 4.2 c estão

ilustrados os valores de energia livre absoluta para todas as proteínas: selvagem ( ( )calc selG∆ ) e 12

mutantes ( ( )calc mutG∆ ). Nesse caso obtivemos valores de energia livre absoluta < 0 para todas as

predições.

Os desvios padrão mostrados na Figura 4.2 foram calculados segundo a descrição apresentada

na legenda da Tabela 4.3. Os mesmos coeficientes de LIE, obtidos na calibração do sistema

proteína/Imatinib com Cw livre (α = 0,0394; β = 0,0077; γ = -2,0503), foram utilizados para calcular

os valores de calcG∆ do domínio quinase da proteína c-ABL complexada com Nilotinib.

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a) Predições de ( / )calc mut selG∆∆ entre a proteína selvagem e cada proteína mutante ligadas ao Imatinib ou

ao Nilotinib com restrição na posição inicial de Cw.

b) Predições de ( / )calc mut selG∆∆ para Imatinib ou ao Nilotinib ligados à proteína c-ABL selvagem e 12

mutantes sem restrição na posição inicial de Cw.

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56

c) Predições de ( ( )calc selG∆ e ( )calc mutG∆ ) para Imatinib e Nilotinib ligados à proteína c-ABL selvagem e

12 mutantes sem restrição na posição inicial de Cw.

Figura 4.2: Predições da energia livre relativa ( ( / )calc mut selG∆∆ ) e absoluta ( ( )ca lc selG∆ ou ( )calc mutG∆ )

para Imatinib e Nilotinib ligados à proteína c-ABL selvagem e 12 mutantes.

4.2.3 Comparação dos modelos com e sem restrição na posição de Cw

Calculamos a raiz do desvio quadrático médio (RMSD) para comparar os valores de energia

livre relativa obtidos pelo método de LIE ( ( / )calc mut selG∆∆ ) e os observados experimentalmente

( exp( / )mut selG∆∆ ). Foram utilizadas as duas abordagens: (1) com e sem restrição na posição inicial de Cw;

(2) considerando o cálculo de todas as 12 mutações ou excluindo as mutações na região do P-loop e a

Thr334Ile (devido valor de exp( / )mut selG∆∆ ≥ 2,09 kcal/mol). Desvios maiores foram obtidos quando Cw

foi mantida fixa, tanto quando consideramos os 12 mutantes como quando foram excluídos do cálculo

os mutantes presentes no P-loop e Thr334Ile (Tabela 4.4). Isso sugere que particularmente a mutação

Thr334Ile e a região P-loop assim como a restrição da posição inicial de Cw, estão fortemente

associadas aos valores negativos obtidos nas predições da energia livre relativa.

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Tabela 4.4: Comparação do RMSD dos modelos com e sem restrição na posição inicial de Cw, nas

simulações da proteína c-ABL com Imatinib. Sendo N = 12. ( )2exp

1

N

calcG G

N

∆∆ −∆∆∑

Modelos

(Cw fixa)

(Cw livre)

Todas mutações

1,790 kcal/mol 1,589 kcal/mol

Sem P-loop e

Thr334Ile

0,867 kcal/mol 0,537 kcal/mol

4.3 Comparação das energias livres relativas calculadas ( calc(mut/sel)∆∆G ) versus experimentais

( exp(mut/sel)∆∆G ) com Cw livre

A escolha entre os coeficientes de LIE com e sem restrição da posição inicial de Cw foi baseada

no valor da energia livre absoluta da proteína c-ABL selvagem ( exp( )selG∆ ) ser sempre um número mais

negativo quando comparado com o valor da energia livre absoluta de cada proteína c-ABL mutada

( exp( )mutG∆ ), resultando em um valor positivo da energia livre relativa:

exp( / ) exp( ) exp( )mut sel mut selG G G∆∆ = ∆ −∆ (Tabela 4.3).

Os erros absolutos na predição, definidos como o módulo da diferença entre a energia livre

relativa experimental e calculada ( ( / ) exp( / )D calc mut sel mut selG G G∆∆ = ∆∆ −∆∆ ) são apresentados na Figura

4.3 para cada um dos 12 mutantes. Mutações na região do P-loop (Tyr272His e Leu267Arg) e

Thr334Ile apresentam os maiores valores de DG∆∆ , e os valores obtidos foram independentes da

distância do resíduo mutante ao centro da esfera utilizada para a simulação, coincidente com o átomo

central do ligante.

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Figura 4.3: Distância do átomo C15 (centro da esfera utilizada nas simulações) até as mutações

localizadas em várias regiões da proteína c-ABL. Módulo dos valores da diferença entre a energia livre

relativa experimental e calculada ( ( / ) exp( / )D calc mut sel mut selG G G∆∆ = ∆∆ −∆∆ ) dos 12 mutantes da proteína

c-ABL em relação à selvagem.

9,54 2,00 Tyr272His

12,96 0,70 Qln271His

11,78 1,92 Leu267Arg

11,09 1,65 Glu274Lys

15,97 0,81 Met263Val

15,97 0,48 Met263Ile

19,90 0,29 Gly417Arg

11,50 0,74 Leu403Met

15,48 0,46 Met370Ile

15,48 1,1 Met370Thr

6,08 1,1 Thr334Ser

6,08 1,95 Thr334Ile

Distância ( Å ) |∆∆GD|

kcal mol

Muta ç ões

9,54 2,00 Tyr272His

12,96 0,70 Qln271His

11,78 1,92 Leu267Arg

11,09 1,65 Glu274Lys

15,97 0,81 Met263Val

15,97 0,48 Met263Ile

19,90 0,29 Gly417Arg

11,50 0,74 Leu403Met

15,48 0,46 Met370Ile

15,48 1,16 Met370Thr

6,08 1,14 Thr334Ser

6,08 1,95 Thr334Ile

Distância ( Å )

kcal/mol

Muta ç ões

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4.4 Diferenças nos valores das energias (Eletrostática e Lennard Jones) nas simulações com e sem

restrição da posição inicial de Cw

Na Tabela 4.5 observam-se valores detalhados da diferença entre as simulações com e sem

restrição na posição de Cw, das energias (Eletrostática e Lennard-Jones) absoluta ( U< ∆ > ) e relativa

( U< ∆∆ > ) para os 13 sistemas (domínio quinase selvagem e 12 mutantes - Met263Val, Met263Ile,

Leu267Arg, Gln271His, Tyr272His, Glu274Lys, Thr334Ile, Thr334Ser, Met370Thr, Met370Ile,

Leu403Met e Gly417Arg) complexados ao Imatinib ou Nilotinib.

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60

Tabela 4.5: Média das energias eletrostáticas ( eleU< > ) e Lennard-Jones ( LJU< > ) para a proteína c-

ABL selvagem e 12 mutantes em diferentes regiões do domínio quinase ( β 1, P-loop, β 5, contato-

SH2, A-loop e hélice-J) obtidos a partir das simulações com Cw livre e Cw fixa para os fármacos

Imatinib e Nilotinib. Sendo U< ∆ > a diferença das energias nos estados ligado e livre e U< ∆∆ > a

diferença de U< ∆ > nas simulações com a proteína selvagem e mutantes.

ß1 P-loop ß5 contato-SH2 A-loop Hélice-J

wt Met263Val Met263Ile Leu267Arg Gln271His Tyr272His Glu274Lys Thr334Ile Thr334Ser Met370Thr Met370Ile Leu403Met Gly417Arg

IMATINIB

<∆UeleCw FIXA> 7.80 33.88 35.19 33.60 18.90 22.84 29.42 37.16 14.82 38.08 31.05 40.98 39.84

<∆UeleCw LIVRE > 19.25 15.21 46.19 36.33 27.30 25.02 16.09 28.35 13.18 36.71 27.78 26.52 33.89

<∆∆UeleCw FIXA> - 26.07 27.38 25.80 11.10 15.03 21.61 29.36 7.01 30.28 23.25 33.17 32.03

<∆∆UeleCw LIVRE> - -4.04 26.94 17.08 8.05 5.760 -3.16 9.10 -6.08 17.45 8.53 7.26 14.61

<∆ULJCw FIXA> -23.05 -30.44 -30.82 -28.50 -29.86 -28.29 -28.92 -29.77 -24.03 -32.52 -33.07 -33.19 -33.31

<∆ULJCw LIVRE> -

30.91

-25.90 -35.65 -30.04 -26.35 -31.57 -26.76 -29.12 -30.84 -32.09 -29.36 -27.59 -32.03

<∆∆ULJCw FIXA> - -7.39 -7.77 -5.45 -6.81 -5.24 -5.88 -6.72 -0.98 -9.47 -10.02 -10.14 -10.26

<∆∆ULJCw LIVRE> - 5.01 -4.74 0.87 4.55 -0.66 4.15 1.79 0.07 -1.18 1.55 3.31 0.58

NILOTINIB

<∆UeleCw FIXA> 19.61 25.28 30.24 25.21 27.37 24.21 24.97 31.82 24.83 25.14 25.42 24.19 27.47

<∆UeleCw LIVRE> 23.53 21.37 22.64 24.14 23.90 21.75 20.39 25.49 24.27 23.72 23.81 22.96 24.62

<∆∆UeleCw FIXA> - 5.67 10.63 5.6 2.10 4.61 5.36 12.21 5.22 5.54 5.81 4.58 7.86

<∆∆UeleCw LIVRE> - -2.16 -0.89 0.62 0.37 -1.78 -3.14 1.96 0.75 0.19 0.29 -0.56 1.09

<∆ULJCw FIXA> -30.93 -32.88 -35.52 -30.07 -35.72 -30.67 -31.47 -36.82 -32.58 -30.09 -39.81 -31.91 -31.70

<∆ULJCw LIVRE> -34.57 -30.21 -34.34 -31.14 -34.59 -32.62 -33.53 -35.17 -31.80 -37.58 -34.04 -32.11 -33.08

<∆∆ULJCw FIXA> - -1.95 -4.59 0.86 -4.79 0.26 -0.54 -5.69 -1.65 0.84 -8.88 -0.98 -0.77

<∆∆ULJCw LIVRE> - 4.36 0.23 3.43 -4.38 1.95 1.04 -0.60 2.77 -3.01 0.53 2.46 1.49

Os valores de U< ∆ > mostram ser desfavoráreis para as interações eletrostáticas eleU< ∆ >

quando comparados com as de Lennard-Jones LJU< ∆ > , contudo observa-se um padrão na média das

energias relativas eleU< ∆∆ > e LJU< ∆∆ > sendo desfavoráveis para as interações eletrostáticas e

favoráveis para as de Lennard-Jones, na simulação com restrição da posição inicial de Cw. Isso sugere

que durante a simulação com Cw livre ocorrem mudanças estruturais no domínio quinase, em

consequência das mutações pontuais, levando à perda desse padrão.

Deve-se ressaltar que há exceções no padrão de valores negativos para LJU< ∆∆ > nas

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simulações com Nilotinib e Cw fixa (Leu267Arg = 0,86 kcal/mol; Tyr272His = 0,26 kcal/mol;

Met370Thr = 0,84 kcal/mol). Percebe-se na Tabela 4.5 que não existem valores de eleU< ∆∆ > e

LJU< ∆∆ > favoráveis simultaneamente, mas há ambos desfavoráveis na simulação com os dois

fármacos (Imatinib e Nilotinib) e Cw fixa.

As mutações que possuem ambos, eleU< ∆∆ > e LJU< ∆∆ > , positivos nas simulações com

Imatinib e Cw livre são:

- Na região do P-loop: Leu267Arg ( eleU< ∆∆ > = 17,08 kcal/mol e LJU< ∆∆ > = 0,87

kcal/mol),

- Na região do P-loop: Gln271His ( eleU< ∆∆ > = 8,05 kcal/mol e LJU< ∆∆ > = 4,55 kcal/mol),

- Na β -5: Thr334Ile ( eleU< ∆∆ > = 9,10 kcal/mol e LJU< ∆∆ > = 1,79 kcal/mol),

- No contato-SH2: Met370Ile ( eleU< ∆∆ > = 8,53 kcal/mol e LJU< ∆∆ > = 1,55 kcal/mol),

- Na região do A-loop: Leu403Met ( eleU< ∆∆ > = 7,26 kcal/mol e LJU< ∆∆ > = 3,31

kcal/mol)),

– Na hélice-J: Gly417Arg ( eleU< ∆∆ > = 14,61 kcal/mol e LJU< ∆∆ > = 0,58 kcal/mol).

As mutações que possuem ambos, eleU< ∆∆ > e LJU< ∆∆ > , desfavoráveis nas simulações com

Nilotinib e Cw livre são:

- Na região do P-loop: Leu267Arg ( eleU< ∆∆ > = 0,62 kcal/mol e LJU< ∆∆ > = 3,43 kcal/mol),

- Na β -5: Thr334Ser ( eleU< ∆∆ > = 0,75 kcal/mol e LJU< ∆∆ > = 2,77 kcal/mol),

- No contato-SH2: Met370Ile ( eleU< ∆∆ > = 0,29 kcal/mol e LJU< ∆∆ > = 0,53 kcal/mol),

- Na hélice-J: Gly417Arg ( eleU< ∆∆ > = 1,09 kcal/mol e LJU< ∆∆ > = 1,49 kcal/mol).

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4.5 Comportamento de Cw na proteína c-ABL selvagem e nos 12 mutantes complexados ao

Imatinib ou Nilotinib em simulações com Cw livre.

Para avaliar a relevância da molécula de água Cw na interação dos ligantes Imatinib (Figura 4.4

a) e Nilotinib (Figura 4.4 b) com a proteína c-ABL calculamos os valores da distância entre Cw e o

átomo de oxigênio do Asp400 e o átomo de nitrogênio da Lys290, tomando simultaneamente como

referência o átomo de carbono do Glu305. Consideramos a permanência de Cw mantendo a rede de

ligações de hidrogênio no sítio ativo da proteína c-ABL para distâncias até 3,5 Å de Cw ao oxigênio de

Asp400 e ao nitrogênio de Lys290. Para cada um dos 4000 frames (1000 ps), identificamos, através do

seu número de ordem, a molécula de água que substitui a molécula cristalográfica Cw.

a) b)

Figura 4.4: Interações entre Cw e os resíduos Lys290, Glu305 e motivo DFG (Asp400). a) Proteína c-

ABL complexada com Imatinib obtida do PDB 1OPJ. b) Proteína c-ABL e Cw foram obtidos por

homologia da estrutura PDB 1OPJ. O Nilotinib foi obtido da estrutura PDB 3CS9.

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Em simulações com o Imatinib e a proteína selvagem, Cw permaneceu na sua posição inicial ao

longo dos 1000 ps (Figura 4.5 a). Este fato não foi observado em simulações com as proteínas mutantes

(vide Apêndice F), nas que houve substituição por outra molécula de água (por exemplo, Thr334Ile,

Figura 4.5 b), exceto para o mutante Tyr272Hix (não houve permanência de uma ligação de hidrogênio

com outra molécula de água) e o mutante Leu267Arg (em que envidenciamos a formação de uma

ligação de hidrogênio com apenas uma molécula de água, porém por um período muito curto de

permanência no sítio (Figura 4.5 c). Pela visualização da trajetória dos átomos pelo programa VMD

(Visual Molecular Dynamics), durante os 1000 ps das simulações com o Nilotinib, foi possível observar

que Cw permaneceu na sua posição inicial tanto com a proteína selvagem como com as mutantes,

exceto para Met263Val, Tyr272Hip, Tyr272Hix, Met370Thr e Gly417Arg.

Figura 4.5: Troca de Cw (Molécula de HOH 278) por outra molécula de água para as proteínas

Selvagem, Thr334Ile e Leu267Arg, complexadas com Imatinib.

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Para verificarmos as características físico-químicas do resíduo mutado no cálculo da energia

livre de ligação, apresentamos na Tabela 4.6 o índice de hidropatia dos aminoácidos na proteína

selvagem e os respectivos mutantes. Pode-se observar que a maior diferença entre os índices de

hidropatia é observada no mutante Leu267Arg.

Tabela 4.6: Comparação da distância (Å) entre o centro da esfera e o C do respectivo mutante com o

índice de hidropatia.

Mutante Hidropatia*

selvagem/mutante

Diferença

Hidropatia antes e depois

(em módulo)

Met263Val + 1,9 / + 4,2 2,3

Met263Ile + 1,9 / + 4,5 2,6

Leu267Arg † + 3,8 / - 4,5 † 8,3

Gln271His - 3,5 / - 3,2 0,3

Tyr272His - 1,3 / - 3,2 1,9

Glu274Lys - 3,5 / - 3,9 0,4

Thr334Ile † - 0,7 / + 4,5 † 5,2

Thr334Ser - 0,7 / - 0,8 0,1

Met370Thr † + 1,9 / - 0,7 † 2,6

Met370Ile + 1,9 / + 4,5 2,6

Leu403Met + 3,8 / +1,9 1,9

Gly417Arg - 0,4 / - 4,5 4,1

* Hidropatia = escala que combina hidrofobicidade e hidrofilicidade dos resíduos. Pode ser usada para

medir a tendência de um aminoácido ser solvatado pela água. Valores positivos (aminoácidos

hidrofóbicos), valores negativos (aminoácidos hidrofílicos). Fonte: Kyte e Doolittle (1982).

† Troca do sinal da hidropatia

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65

4.5.1 Raiz do desvio quadrático médio dos resíduos das proteínas c-ABL selvagem e mutantes

Foram obtidos os valores de RMSD dos resíduos de aminoácidos localizados a 4 Å do Imatinib

para analisar a flutuação dos mesmos ao longo da simulação nas proteínas selvagem e mutantes.

Também foram obtidos os valores de RMSD dos resíduos do motivo DFG (Asp400, Phe401 e Gly402)

e P-loop, devido à proximidade destas regiões com o fármaco e o seu efeito na resistência observado

em diversas mutações no P-loop. Foi utilizada a estrutura cristalográfica inicial para comparação das

mudanças conformacionais.

No Apêndice D se apresentam os resultados de RMSD obtidos pelo programa Q durante os

1000 ps de simulação por DM. Definimos o Imatinib como subconjunto 1 e os átomos da proteína que

estão ao redor de 4 Å do Imatinib como subconjunto 2. Uma vez definidas as relações átomo-a-átomo

entre todas as estruturas, fez-se o alinhamento estrutural que é baseado na comparação das

conformações tridimensionais.

A qualidade de uma conformação tridimensional é determinada pelas ligações entre os átomos,

ângulos formados, ligações peptídicas, planaridade dos anéis e ângulos de torção nas cadeias principal

e lateral (Ramachandran et al, 2001). Por ser baseado em uma estrutura tridimensional resolvida, o

valor de RMSD obtido pela sobreposição da estrutura molde inicial e das conformações obtidas pela

simulação de dinâmica molecular deve estar entre 1 Å e 2 Å, para ser considerado de boa qualidade.

O valor de RMSD está relacionado à divergência de uma estrutura em relação à outra e sendo

assim, tomamos como critério uma mudança conformacional significativa a partir da conformação

inicial quando o RMSD for maior que 2,5 Å. Analisamos as modificações conformacionais por sete

grupos de proteínas mutantes com características em comum:

- Thr334Ser e Thr334Ile

- Met263Ile e Met263Val

- Met370Thr e Met370Ile

- Tyr272His, Tyr272Hix e Tyr272Hip (P-loop)

- Glu274Lys, Gln271His e Leu267Arg (P-loop)

- Leu403Met

- Gly417Arg

O P-loop e o A-loop foram as regiões a 4 Å do Imatinib que possuíram as maiores modificações

nas proteínas mutantes em comparação com a selvagem. Os resíduos Gly268, Gly269, Gly270 (P-loop)

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resultaram em valores de RMSD maiores que 2,5 Å para todas as 12 mutações analisadas tanto para a

proteína selvagem quanto para as mutantes. Ao contrário, o resíduo Gly402 presente no A-loop, não

apresentou RMSD maior que 2,5 Å tanto para a proteína selvagem como para as proteínas mutantes

Thr334Ile, Thr334Ser, Met263Ile, Leu267Arg, Tyr272His, Tyr272Hix, Met370Ile, Met370Thr e

Gly417Arg.

Nos resíduos Gln271 e Tyr272 (P-loop) obtivemos valores de RMSD maiores que 2,5 Å para a

proteína selvagem em comparação a todas as mutações, exceto para os três estados de protonação da

histidina no aminoácido Tyr272. Para os resíduos do P-loop, Gly273 e Glu274, obtivemos valores

maiores que 2,5 Å para as proteínas mutantes Thr334Ile, Tyr272Hix, Glu274Lys, Leu403Met e

Met370Thr.

Na região do A-loop obtivemos valores de RMSD maiores que 2,5 Å para o resíduo Phe401

para as proteínas mutantes Met263Val, Tyr272Hip, Gln271His, Leu403Met e Met370Ile em

comparação com a selvagem. Para o resíduo Gly402, valores de RMSD maiores que 2,5 Å foram

encontrados nas proteínas mutantes Met263Val, Tyr272Hip, Gln271His, Leu403Met.

No resíduo Asp400 houve mudança significativa apenas para a proteína que contém a mutação

Tyr272Hip.

4.6 Efeito alostérico das mutações pontuais

As modificações conformacionais das proteínas devido a modificações não covalentes são

chamadas de alostéricas. As mutações na proteína c-ABL funcionam como moduladores alostéricos que

podem atuar como inibidores da reação enzimática, diminuindo a afinidade do fármaco (Imatinib ou

Nilotinib) no sítio ativo. Verificamos o efeito das 12 mutações pontuais, assim como os outros dois

estados de protonação da mutação no aminoácido Tyr272, na afinidade de ligação do Imatinib ao sítio

ativo da proteína.

Com o objetivo de se ter uma melhor visualização de quais regiões contribuem com as

mudanças no RMSD, analisamos na Figura 4.6 e no Apêndice E, o RMSD-3D em RGB (red, green,

blue) para cada sistema utilizando o programa MOLMOL (Koradi, et al., 1996) com um macro para o

fator de temperatura B (Cruickshank, 1999). Os resultados da flutuação de todos os resíduos da

proteína c-ABL foram obtidos dos últimos 250 ps de simulação por DM. O local das mutações está

indicado pelas setas sendo que a maior espessura indica a maior movimentação dos resíduos. Um fator

de temperatura baixo (cor azul) indica pouco movimento.

Destacamos a proteína Selvagem (Figura 4.6 a), e as mutações Leu247Arg (Figura 4.6 b) e

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Tyr272Hix (Figura 4.6 c) complexadas com Imatinib para serem analisadas na discussão. Na primeira,

a molécula Cw foi substituída logo no início da simulação por outra molécula que não permaneceu até

o fim da mesma (Figura 4.5 b). Na segunda não foi observada a permanência de Cw no início da

simulação ou a substituição desta por qualquer outra molecula de água (Figura 4.5 c).

a)

c)

b) c)

Figura 4.6: Flutuação dos últimos 250 ps da proteína (a) Selvagem, (b) Leu247Arg e (c) Tyr272Hix

complexada com Imatinib.

Tyr272HixTyr272Hix

Leu247ArgLeu247Arg

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4.7 Interações específicas entre os ligantes Imatinib e Nilotinib e a proteína c-ABL.

Neste trabalho foi monitorada a permanência das interações entre os átomos da proteína c-ABL

e dos fármacos Imatinib e Nilotinib. Observamos a partir da estrutura cristalográfica da proteína

selvagem (Figura 1.8 e 1.9), as interações específicas por ligações de hidrogênio. Ao longo da

dinâmica, foram calculadas as distâncias entre aminoácidos específicos e átomos dos fármacos que

intervêm nessas ligações: Asp400 e O29 (do Imatinib e Nilotinib; Figura G.6), Met337 e N3 (do

Imatinib e Nilotinib; Figura G.7), Thr334 e N13 (do Imatinib e Nilotinib; Figura G.8) e Glu305 e N21

(do Imatinib e Nilotinib; Figura G.9). As interações por ligação de hidrogênio perdidas, com distâncias

maiores que 3,5 Å, estão listadas abaixo:

• Asp400 --- O29: Tyr272His (distância ≈ 4,5 Å para ambos os fármacos).

• Thr334 --- N13: Tyr272His (distância ≈ 4,5 Å para Nilotinib e ≈ 3,5 Å para Imatinib),

Tyr272Hix (distância ≈ 4,0 Å para ambos os fármacos), Gln271His (distância ≈ 3,5 Å

para Nilotinib e ≈ 5,0 Å para Imatinib), e Met370Thr (distância ≈ 4,0 Å para ambos os

fármacos).

• Glu305 --- N21: diferença no padrão entre os fármacos Imatinib e Nilotinib – distância ≈

5,0 Å para ambos os fármacos nas simulações com a proteína selvagem; Met263Val e

Thr334Ile (distância ≈ 5,5 Å para Nilotinib e ≈ 3,5 Å para Imatinib); Met263Ile e

Gly417Arg (distância ≈ 5,5 Å para ambos os fármacos); Leu267Arg e Thr334Ser

(distância ≈ 3,5 Å para ambos os fármacos); Gln271His, Glu274Lys, Met370Ile,

Leu403Met e Tyr72His (distância ≈ 5,5 Å para Nilotinib e ≈ 3,0 Å para Imatinib);

Tyr272Hix, Tyr272Hip e Met370Thr (distância ≈ 5,0 Å para ambos os fármacos);

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Capítulo 5

Discussão

As proteínas experienciam movimentos devido à energia do sistema em uma dada temperatura

(Pickover, 1984). O domínio quinase também possui tais movimentos que levam a mudanças nos

estados da proteína: ativo ou inativo. Nossos resultados sugerem que os mutantes da proteína c-ABL

quando ligados ao Imatinib e Nilotinib precisam de mobilidade na sua estrutura para acomodação dos

resíduos mutantes, além disso, percebemos que a mutação dificulta a permanência do fármaco no sítio

ativo e que a imposição de restrição na posição inicial de Cw tem grande influência para a

incompatibilidade no cálculo das energias livres relativas (Figura 4.2 a). Portanto, o modelo sem

restrição da posição inicial de Cw é o mais adequado para predição dos valores de energia livre.

Outra questão que merece ser ressaltada é a transferabilidade dos parâmetros do método de LIE

calculados. Foram obtidos resultados satisfatórios para simular o comportamento de ambos os ligantes

(Imatinib e Nilotinib) no sítio ativo da proteína com os mesmos coeficientes de LIE obtidos na

simulação com Imatinib e Cw livre. A parametrização também pode ser validada pelo fato de que todos

os valores de energia livre absoluta ( )calc selvG∆ ou ( )calc mutG∆ foram negativos, além de prever

computacionalmente a maior eficácia do Nilotinib quando comparado ao Imatinib (Figura 4.2 c).

Para facilitar a comparação dos resultados aqui apresentados com estudos de dinâmica

molecular da proteína c-ABL realizados por Pricl et al. (2005) e Lee et al. (2008) assim como delimitar

a abrangência dos resultados obtidos, são apresentados na Tabela 5.1 os detalhes sobre as semelhanças

e diferenças metodológicas em cada estudo.

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Tabela 5.1: Comparação da metodologia dos trabalhos de Pricl et al. 2005 e Lee et al. 2008 com o

trabalho desenvolvido nessa dissertação

Pricl et al. 2005 Lee et al. 2008 Trabalho desenvolvido

nessa dissertação

Cristal e

resolução

1IEP e 2,10 Å

1IEP e 2,10 Å

1OPJ e 1,75 Å

Águas

cristalográfic

as

178 águas foram

mantidas

todas as moléculas de água do

cristal foram removidas e em

seguida foi adicionado o solvente

ao sistema

Cw (Figura 4.4 a) foi

mantida fixa em uma

simulação e livre em outra.

Diferenças entre as duas

simulações foram observadas

Adição dos

hidrogênios

ao cristal de

c-ABL

módulo parse do

AMBER 7 e refinado

por 200 passos do

algoritmo steepest

descent no vácuo

Não cita o método, apenas

comenta que os hidrogênios

foram adicionados.

Pacote Q (versão 5.0

Janeiro/2004)

Campo de

força

parm94, módulo

sander do AMBER 7

campo de força CHARMM27 do

pacote NAMD (v. 2.6)

GROMOS96

Parâmetros

de campo de

força

faltantes

transferidos dos

parâmetros de campo

de força parm99 e de

outros parâmetros

gerais do AMBER 7

transferidos de tipos de átomos

similares

Os parâmetros dos ligantes

foram agregados

manualmente no arquivo de

parâmetros correpondentes

ao campo de força escolhido

(Qgrm96.prm).

Obtenção

das cargas

dos

inibidores

parm94, módulo

sander do AMBER 7 e

de cálculos ab initio:

RHF (Restricted

cálculos ab initio: RESP

(Restrained Eletrostatic Charge-

Fitting Procedure) e otimizado

por RHF (Restricted Hartree-

MMFF94 do programa

Sybyl 7.3 (Tripos

International, 1699 South

Hanley Rd., St. Louis,

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71

Hartree-Fock)/6-31++

single-point, seguido de

RESP (Restrained

Eletrostatic Charge-

Fitting Procedure).

Fock)/6-31++ pelo pacote

Gaussian03.

Missouri, 63144, USA) e

incorporadas ao arquivo de

biblioteca do respectivo

ligante (STI.lib e NIL.lib)

Tratamento

das cargas

dos resíduos

ionizáveis

em pH=7,0

(ASP, GLU,

LYS, ARG)

ASP = (-1)

GLU = (-1)

LYS = (+1)

ARG = (+1)

ASP = (-1)

GLU = (-1)

LYS = (+1)

ARG = (+1)

ASP = (-1)

GLU = (-1)

LYS = (+1)

ARG = (+1)

Tratamento

das cargas

dos resíduos

de HIS

Neutra para todas

histidinas.

Neutra para todas histidinas.

Porém, para as histidinas

mutantes:

Hp = HIS protonada em ND1 e

NE2, (+1)

H = HIS protonada em ND1, (0)

Neutra para todas histidinas.

Porém, para as histidinas

mutantes:

His = protonado em ND1 ( 0

)

Hix = protonado em NE2 ( 0

)

Hip = protonado em ND1 e

NE2 (+1)

Mutantes c-

ABL

estudados e

suas

respectivas

regiões

1) Thr334Ile ( β 5) 1) Met263Val ( β 1)

2) Leu267Val (P-loop)

3) Gly269Glu (P-loop)

4) Gln271His/Hip (P-loop)

5) Tyr272Phe (P-loop)

6) Tyr272His/Hip (P-loop)

7) Glu274Lys (P-loop)

8) Glu274Val (P-loop)

9) Thr334Ile ( β 5)

1) Met263Val ( β 1)

2) Met263Ile ( β 1)

3) Leu267Arg (P-loop)

4) Gln271His (P-loop)

5) Tyr272His/Hix/Hip (P-

loop)

6) Glu274Lys (P-loop)

7) Thr334Ile ( β 5)

8)Thr334Ser ( β 5)

9) Met370Thr (contato SH2)

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72

10) Met370Ile (contato SH2)

11) Leu403Met (A-loop)

12) Gly417Arg (Hélice-J)

Como foi

realizada a

mutação

Módulo Biopolymer do

Insight II (v. 2001,

Accerlys, Inc., San

Diego, CA)

1 - os rotâmeros foram

submetidos à

minimização pelo

algoritmo steepest

descent em 100 passos

utilizando o módulo

sander do AMBER 7 e

em seguida realizou-se

a minimização por

conjugate gradient.

2 - o resíduo mutante

foi minimizado por no

máximo 500 passos,

onde o resto do sistema

foi mantido fixo.

3 - somente os átomos

de hidrogênio foram

minimizados por no

máximo 500 passos

4 - todos átomos foram

minimizados por 1000

passos.

5 - obteve-se 6

rotâmeros com

diferentes energias na

As mutações foram realizadas

utilizando o pacote VMD baseado

no sistema água/íons em

equilíbrio. Um ou dois

cátions/ânions foram removidos

para permitir que os mutantes

com carga fossem neutralizados,

seguido de 1 ns de equilibração

para água/íons. Então, a força foi

reduzida a 3 kcal/(molÅ2) durante

um período de 500 ps seguido por

2000 passos de minimização de

energia para todos os átomos.

Depois foi realizado um período

(300 ps) de aquecimento de 0 K a

300 K (1 K por ps).

SPDB-viewer

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73

faixa de 0,28 a 0,82

kcal/mol.

7 - o rotâmero com a

menor energia final foi

selecionado para

realização da DM.

Metodologia

para cálculo

da energia

livre

PBSA

(Poisson-Boltzmann

Surface Area)

bind MM solvG E G T S∆∆ = ∆ + ∆ − ∆

onde

solv PB NPG G G∆ = ∆ + ∆

e

MM EL vdwE E E∆ = ∆ + ∆

ELE∆ é a contribuição

eletrostática, vdwE∆ é a

contribuição de vdW,

PBG∆ é a contribuição

polar da solvatação,

NPG∆ é a contribuição

não polar da

solvatação.

Os termos foram

calculados pelos

módulos carnal e anal

PBSA

(Poisson-Boltzmann Surface

Area)

binding eletrostatic vdw PB NonPolarG E E G G∆∆ = ∆ + ∆ + ∆∆ + ∆∆

eletrostaticE∆ é a contribuição

eletrostática, vdwE∆ é a contribuição

de vdW, PBG∆∆ é a contribuição

polar da solvatação, NonPolarG∆∆ é a

contribuição não polar da

solvatação.

Os termos foram calculados pelo

módulo PBEQ do pacote

CHARMM (v. 32b1)

LIE

(Linear Interaction Energy)

l s l sLJ el

calcG U Uα β γ− −∆ = ∆ < > + ∆ < > +

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74

do AMBER 7.

Modelo de

água

TIP3P em esfera

de raio = 75 Å

TIP3P em caixa cúbica

60 X 80 X 60 Å3

SPC (Simple Point Charge)

em esfera

de raio = 20 Å

Moléculas de água

localizadas além da esfera de

18,5 Å com potencial

harmônico de constante k =

200 kcal/(molÅ2) nos seus

átomos.

Quantidade

de átomos

Não cita.

c-ABL = 4441

Imatinib = 63

água = 31,673

Na+ = 18

Cl- = 9

Total = 36,204 átomos

c-ABL + água + ligante

(Imatinib ou Nilotinib)

composto por

aproximadamente 2280

átomos no total

Ensemble NVT (isotérmica-

isocórica)

NPT (isotérmica-isobárica) NVT (isotérmica-isocórica)

Temperatura 300K (algoritmo de

Berendsen)

298 K

1 atm

300 K

Raio de corte

para

interações

entre átomos

não ligados

raio de corte duplo (12

e 30Å), atualizadas a

cada 20 time steps

rtotal = 12 Å

rvdw = 10 Å

Aproximação eletrostática:

PME (Particle Mesh Ewald)

sem raio de corte

Tempo de

integração

(time step)

2 fs não comenta 1 fs

Algoritmo SHAKE SHAKE SHAKE

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75

aplicado no

enlace

químico

Equilibração 1- proteína foi relaxada

em ambiente aquoso

(esfera de 75 Å )

2- o sistema foi

minimizado pelo

gradual decrescimento

da restrição na posição

dos átomos

3- no final do processo

de relaxamento, todas

moléculas de água

depois da primeira

camada de hidratação

(distâncias > 3,5 Å)

foram removidas

4- para atingir a

neutralidade, contra-

íons foram adicionados

conforme determinação

do módulo cion do

AMBER 7

5- todos resíduos da

proteína com átomos

próximos a 30 Å do

centro de massa do

mutante, foram

mantidos flexíveis

durante a DM.

6- uma camada esférica

1- todos átomos da proteína

foram mantidos por uma força

constante de 50 kcal/(molÅ2)

2- as moléculas de água e os íons

foram energeticamente

otimizados e submetidos ao

esquema seguinte (simulated

annealing):

- a temperatura aumentou de 0 K

a 600 K (1 K por ps)

- mantida a 600 K por 500 ps

- a temperatura diminuiu de 600

K a 300 K a -1 K por ps

- mantida a 300 K por 500 ps

- mantido a 300 K por 4000 ps

O mesmo procedimento foi

repetido novamente e resultando

numa simulação de equilibração

de 10 ns para as moléculas de

água e íons.

De 1 a 300 K utilizando uma

equilibração controlada

(Apêndice C).

Não houve adição de íons.

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76

de raio igual a 30 Å foi

centralizada no

Imatinib, incluindo as

águas da primeira

camada de hidratação

da etapa anterior e

submetida a 1500

passos de minimização

(mantendo rígidas a

proteína, o inibidor e as

águas pré-existentes)

7- Equilibração de 20

ps da esfera de água

(com soluto fixo)

8- Interações

desfavoráveis foram

progressivamente

diminuídas de 25 a 0

kcal/(molÅ2) por 4000

passos.

9- O sistema foi

gradualmente aquecido

a 27°C em 2 intervalos:

I) 5 ps a 100°C, II) 50

ps a 27°C

Coleta de

dados

No total 400 snapshots

foram salvos,

freqüência de 1

snapshot por ps de DM

(400 ps de coleta de

O sistema de água/íons

equilibrado foi utilizado como

ponto de partida para os 20 ns de

simulação, sem restrição alguma

na posição de todos os átomos.

1 fs em 50000 passos, de

modo a obter um total de 20

arquivos de trajetória com 50

ps de simulação cada

(totalizando 1000 ps)

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77

dados) Os últimos 15 ns foram coletados

para análise.

O trabalho de Pricl et al. (2005) utilizando DM no sistema c-ABL/Imatinb indicou, pela

primeira vez, que a suposta ausência da ligação de hidrogênio do resíduo mutado Thr334Ile e o

Imatinib, não é a única explicação para a falha da inibição da proteína c-ABL pelo fármaco, sendo

também causada por mudanças desfavoravelmente drásticas na estrutura da proteína c-ABL mutante

(Thr334Ile), o que foi evidenciado pela análise das trajetórias das simulações de DM. Os valores de

energia livre absoluta calculados por Pricl et al. (2005) para Thr334Ile, foram próximos aos valores

experimentais obtidos por Corbin et al. (2001), entre parênteses: ( )calc selG∆ = - 10,39 kcal/mol (-10,37

kcal/mol) e ( 334 )calc Thr IleG∆ = -6,55 kcal/mol (< -7,23 kcal/mol).

Mais recentemente, Lee et al. (2008), realizaram a primeira simulação por DM em larga escala

do sistema c-ABL/Imatinib, não só para a proteínas selvagem e a proteína mutante Thr334Ile, como

haviam feito Pricl et al. (2005), mas também para outras 10 proteínas mutantes na região P-loop

(Glu274Lys, Glu274Val, Gly269Glu, Leu267Val, Met263Val, Gln271His, Gln271Hip, Tyr272Phe,

Tyr272His/Hip). Para Lee et al. (2008) e Azam et al. (2003) a localização da mutação Met263Val é no

P-loop, porém essa informação não é observada em fonte cristalográfica (Cowan-Jacob et al., 2007)

onde a localização dessa mutação se encontra na região β 1.

Esses autores mostraram que o efeito de diminuição da afinidade do Imatinib pela mutação

Thr334Ile ocorre principalmente devido à mudança conformacional da hélice α -C da proteína c-ABL.

Os valores de ( / )calc mut selG∆∆ obtidos por Lee et al. (2008) concordam qualitativamente com os dados

experimentais de seis fontes diferentes (Shah et al., 2002; Bradeen, et al. 2006; Azam et al., 2003;

Corbin et al., 2003; Corbin et al., 2002; e Roumiantsev et al., 2002). Lee et al. (2008) obtiveram

valores de energia livre relativa com valores de desvio padrão muito elevados tanto para mutações

associadas à maior (Thr334Ile) ou menor (Gln271His) resistência ao Imatinib: ( 334 )calc Thr IleG∆∆ = 6,84

kcal/mol (σ = 22 kcal/mol), Gln271His: ( ln 271 )calc G HisG∆∆ = 1,47 kcal/mol (σ = 18 kcal/mol).

Os autores justificam os valores elevados do desvio padrão a diversos fatores como, por

exemplo, não ter considerado o equilíbrio entre as conformações ativa e inativa de cada mutante. As

simulações realizadas apenas na conformação inativa (realizada pelos autores e nessa dissertação)

podem não estar de acordo com a real mudança de afinidade, e as simulações iniciadas com outras

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78

conformações possíveis (ativa em vez da inativa) podem levar à melhor compreensão do sistema.

Em Pricl et al. (2005) e Lee et al. (2008), os valores de energia livre absoluta e relativa foram

obtidos pelo método MM/PBSA (Molecular Mechanism Poisson-Boltzmann Surface Area). O

procedimento envolve o uso do modelo de solvente contínuo, também chamado de solvente implícito

(representação do solvente como um meio contínuo). O potencial da força média para um sistema

macromolecular é designado como a soma dos termos das energias intermoleculares ( MME∆ ) e o termo

da energia livre de solvatação é subdividido em uma parte polar ( PBG∆ ) e apolar ( NPG∆ ), onde:

- PBG∆ (termo eletrostático), corresponde ao trabalho realizado para polarização do solvente e equivale

à transferência da proteína de um meio com constante dielétrica igual ao interior da proteína para outro

meio com constante dielétrica igual ao exterior da proteína.

- NPG∆ (termo hidrofóbico) representa a transferência de uma macromolécula apolar do tamanho da

proteína de um meio homogêneo (idealmente o vácuo) para outro meio constituído por solvente iônico.

Já o método empregado nessa dissertação (método LIE, Åqvist et al., 1994) possui

características como menor tempo de simulação, utilização do solvente explícito e a aproximação da

energia livre de Gibbs por uma combinação linear das diferenças entre os termos de energia de

interação eletrostática e de Lennard-Jones, nos estados ligado e livre. Os resultados de energia livre

absoluta e relativa relatados aqui apresentaram valores de desvio padrão menores que os relatados por

Lee et al. (2008). Nessa dissertação foram obtidos resultados com boa precisão (pouca variação em

torno de um valor médio), porém com pouca acurácia. Como, por exemplo, os obtidos nas simulações

com Cw livre: ( 334 )calc Thr IleG∆∆ = 0,14 kcal/mol (σ = 0,13 kcal/mol) e ( ln 271 )calc G HisG∆∆ = 0,24 kcal/mol

(σ = 0,15 kcal/mol).

Os dados obtidos a partir das simulações discordam mais frequentemente dos dados

experimentais quando Cw é mantida fixa. Portanto, o modelo sem restrição da posição inicial de Cw é

o mais adequado para predição dos valores de energia livre. Os resultados utilizando os mesmos

coeficientes de LIE parametrizados para calcular a afinidade do Imatinib ao dominio da proteína c-

ABL, e utilizados nas simulações com o Nilotinib, estão de acordo com a menor afinidade do Imatinib

em relação ao Nilotinib, nas proteínas mutantes, devido aos menores valores de exp( / )mut selG∆∆ obtidos

para o último fármaco (Figura 4.2 b).

Foram observados valores de ( / )calc mut selG∆∆ negativos para determinadas proteínas mutantes

(Figura 4.2 b e Tabela 4.3) em simulações com Cw livre, indicando um erro na predição computacional

(valores de ( / )calc mut selG∆∆ negativos ) o que pode ser explicado pela utilização de apenas 12 mutantes.

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79

Entretanto a parametrização pôde ser validada já que os valores de energia livre absoluta ( ( )calc selG∆ ou

( )calc mutG∆ ) foram negativos. (Figura 4.2c)

O tempo de permanência de Cw no sítio ativo não mostrou relação com a maior

( exp( 334 )Thr IleG∆∆ ≥ 2,09 kcal/mol) ou menor ( exp( l 417 )G y ArgG∆∆ = 0,36 kcal/mol) resistência ao Imatinib.

Porém, evidenciamos a sua permanência no sítio ativo do sistema c-ABL/Imatinib apenas para o

sistema c-ABL selvagem e não para os mutantes. Já para o sistema c-ABL/Nilotinib, evidenciamos a

presença de Cw no sítio tanto para a proteína selvagem como para a maioria dos mutantes. A

permanência de Cw nas simulações com o Nilotinib, tanto na proteína selvagem como nas mutantes

mostra uma forte evidência de que Cw medeia interações importantes entre a proteína c-ABL e os

fármacos.

5.1 Valores das energias (Eletrostática e Lennard Jones) nas simulações sem restrição de Cw pelo

método de LIE

As interações intermoleculares durante as simulações com Cw livre resultaram em valores de

energia eletrostática eleU< > e Lennard-Jones LJU< > , onde a diferença nos estados ligado e livre é

dada por U< ∆ > e a diferença nas simulações da proteína selvagem em relação à mutante é dada por

U< ∆∆ > .

A mutação Leu267Arg, desfavorável com relação a eleU< ∆∆ > e LJU< ∆∆ > tanto na

simulação com Imatinib quanto com Nilotinib e Cw livre, possui o terceiro maior valor em modulo de

DG∆∆ ( ( / ) exp( / )D calc mut sel mut selG G G∆∆ = ∆∆ −∆∆ ) da diferença entre energia livre relativa calculada e

energia livre relativa experimental (Figura 4.3). A diferença entre as energias livres relativas da

proteína mutante Leu267Arg calculada comparada à experimental é 1,92 kcal/mol. A segunda maior

diferença foi observada para a mutação Thr334Ile (1,95 kcal/mol) e a primeira para Tyr272His (2,0

kcal/mol).

Vale ressaltar que para Leu267Arg e Thr334Ile, segundo Azam et al. (2003), o valor de IC50

para essas mutações pode ser > 20 µM, ou seja, o valor de energia livre relativa pode estar

superestimado com relação à afinidade, pois exp( / ) exp( ) exp( )mut selv mut selvG G G∆∆ = ∆ −∆ . A contribuição da

mutação Thr334Ile para resistência in vivo ainda é mantida em um nível de especulação na literatura.

Corbin et al, 2001 demonstraram que a mutação Thr334Ile não exibe inibição significativa a

concentrações 200 vezes (200-fold) maiores que o valor de IC50 da quinase selvagem e que a afinidade

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pelo ATP aumentou 2 vezes (2-fold). Também se deve lembrar que diferentes estados de protonação do

mutante Tyr272His poderão levar a diferenças nos valores de energia livre.

5.2 Análise do mecanismo molecular de resistência

Sendo ambos os métodos LIE e MM-PBMA aproximados para a predição de energia livre de

outros mutantes além do Thr334Ile (realizado com acurácia por Pricl et al. 2005), os dados estruturais

tornam-se, portanto, o foco dessa discussão, com o propósito de obter informações sobre qual pode ser

o efeito das mutações pontuais. Entre essas, está a importância do solvente na interação entre a proteína

c-ABL e os inibidores (Imatinib e Nilotinib). Pela visualização das trajetórias das moléculas ao longo

das simulações, observamos a permanência constante das ligações de hidrogênio entre Cw e o oxigênio

da carbonila do resíduo Asp400 e o nitrogênio da Lys290 durante os 1000 ps de simulação com

Nilotinib em 9 mutantes (Met263Ile/Leu267Arg/Gln271His/Tyr272His/Glu274Lys/Thr334Ile/

Thr334Ser/Met370Ile/Leu403Met) em um total de 12, ao contrário do observado para o Imatinib e os

mesmos 12 mutantes (Apêndice G). Esse resultado evidencia que Cw é um marcador para o impacto

que as mutações causam na flexibilidade da quinase, sugerindo que elas ocasionam um rearranjo dos

átomos para acomodação dos resíduos mutantes.

Deve-se ressaltar que até o momento não há dados na literatura sobre o papel de Cw na rede de

ligações de hidrogênio encontrada para a afinidade entre a proteína c-ABL e Nilotinib, e aqui foi feita

uma análise da sua importância. Evidentemente (Figura 4.4 a) a Cw é trocada por outra molécula de

água qualquer do solvente durante as simulações de dinâmica com Imatinib. Percebe-se que a

modificação que levou ao desenvolvimento do Nilotinib (a partir da alteração do grupo exposto ao

solvente do Imatinib) foi suficiente para que a Cw permanecesse na sua posição inicial nas simulações

com este fármaco para a maioria dos mutantes. Como as simulações com os dois fármacos foram

realizadas na mesma escala de tempo (1000 ps) a comparação realizada é admissível.

A saída de Cw (não sendo trocada por outra molécula de água do solvente) apenas para o

mutante Leu267Arg (P-loop) poderia ser explicada pela grande mudança da característica físico-

química (diferença entre os índices de hidropatia de 8,3). A saída de Cw não foi observada para os

outros mutantes, o que estaria relacionado ao impacto do efeito alostérico que essas mutações

específicas (Leu267Arg e Tyr272Hix) provocam, aumentando a entropia da proteína a ponto de

expulsar Cw do sítio ativo. A Figura E.7 do Apêndice E mostra que a mutação Leu403Met provocou

aumento da mobilidade na extremidade N-terminal da quinase e a mutação Leu247Arg (Figura 4.6 b)

sofreu impacto na região do A-loop.

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A partir da análise da Figura 4.6 a, observa-se que o efeito causado pelos mutantes Leu247Arg

(Figura 4.6 b) e Tyr272Hix (Figura 4.6 c) teve grande influência na região próxima ao Imatinib.

Especificamente para esses mutantes, verificamos a ausência de troca de Cw por outra molécula de

água. No Apêndice E se apresentam os resultados que as mutações pontuais provocaram em diversas

regiões da proteína, sendo que mesmo mutações distantes do ligante (Met263Ile, Met370Thr,

Met370Ile, Gly417Arg) provocaram aumento da flexibilidade no P-loop e A-loop, estruturas próximas

ao ligante. Com relação às mutações mais próximas ao Imatinib (Thr334Ile e Thr334Ser), verifica-se

que o efeito foi evidenciado no N-terminal, sendo que para o mutante Thr334Ser houve aumento na

mobilidade da hélice α -C.

Percebe-se (Figura 4.3) que não há relação entre o maior/menor valor para DG∆∆ e à

proximidade ou afastamento do resíduo mutante com respeito ao centro da esfera de simulação. A

molécula de água Cw é mantida na sua rede de ligações de hidrogênio durante a simulação com a

proteína c-ABL selvagem (Figura 4.5 a), porém é trocada por outra molécula de água tanto nas

simulações com os resíduos mutantes mais próximos do fármaco (exemplo: Thr334Ile/Ser) quanto com

os mais distantes (exemplo: Gly417Arg). Os cálculos dos valores de RMSD dos resíduos a 4 Å de

distância do Imatinib em relação às suas posições cristalográficas (Apêndice D) mostram que não há

relação entre a maior flexibilidade desses resíduos nas simulações com a proteína c-ABL mutante

quando compara-se com esses mesmos resíduos na proteína selvagem. Porém, observa-se que existe

um padrão de maior mobilidade para a região do P-loop e A-loop, tendo sempre a primeira maior

mobilidade que a segunda. Podemos sugerir que todas as mutações são caracterizadas por um

mecanismo indireto de resistência, ou seja, a proximidade da posição do resíduo mutado não está

relacionada à intensidade da resistência.

Os mutantes que tiveram o sinal da hidropatia invertido após a mutação são: Leu267Arg (+ 3,8 /

- 4,5), juntamente com os mutantes Thr334Ile (- 0,7 / + 4,5) e Met370Thr (+ 1,9 / - 0,7). Curiosamente,

o menor tempo de permanência de Cw na sua posição inicial foi durante a simulação

(proteína/Imatinib) do mutante Met370Thr, estando relacionada ao aumento da flexibilidade da hélice

α -C (Figura E.5 do Apêndice E). Para a mutação Thr334Ser, quando comparamos o índice de

hidropatia (Tabela 4.6) do resíduo selvagem Thr (- 0,7) com o mutado Ser (- 0,8) obtivemos o menor

valor da subtração em módulo (0,1). Essa pequena diferença na hidropatia pode ser uma explicação

baseada na estrutura química do resíduo mutado para a discrepância na predição (ou seja:

( / ) 0calc mut selG∆∆ < ), visto que os cálculos de energia livre relativa são realizados levando-se em conta a

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subtração da média de todas as interações (Eletrostáticas e Lennard-Jones) do mutante em relação à

proteína selvagem.

Curiosamente o estado de protonação com carga positiva Tyr272Hip (Figura E.3 do Apêndice

E) teve menor impacto na flexibilidade da proteína quando comparado aos mutantes com carga neutra

Tyr272Hix e Tyr272His. Esse resultado sugere diferenças na desestabilização da afinidade de ligação

com relação aos diferentes estados de protonação do aminoácido Histidina 272. O mutante Tyr272His é

caracterizado pela alta frequência nos pacientes com resistência ao Imatinib (Tabela 1.2). Lee et al.

(2008) sugerem que a forma correta que leva à resistência ao Imatinib seria a Tyr272Hip (protonado em

ND1 e NE2, com carga positiva) e que o pka estimado da Histidina 272 seja 5,32 (de acordo com a

interface PROPKA 2.0 presente no site http://propka.ki.ku.dk e baseado nas conformações estruturais

de 20 ns de DM). Portanto, os resultados dessa dissertação não descartam a possibilidade de um

diferente estado de protonação para essa Histidina (Tyr272Hix), ao contrário do sugerido por Lee et

al.(2008).

5.3 Análise da permanência das ligações de hidrogênio dos fármacos (Imatinib e Nilotinib) com a

proteína c-ABL

As interações entre o átomo N21 do Imatinib e o oxigênio (OE2) do resíduo Glu305 da hélice

α -C (tracejado preto da Figura G.9) tanto para a proteína selvagem quanto para os mutantes, mostram

que são mais instáveis quando comparado com as interações do átomo N21 do Nilotinib (tracejado

vermelho da Figura G.9), como evidenciam a maior frequência de afastamento durante a simulação. A

perda específica dessa interação em todos os sistemas (selvagem e mutantes) pode favorecer a saída de

Cw e entrada de outras moléculas de água nessa região, fazendo com que a superfície acessível ao

solvente esteja relacionada ao impacto da mutação sobre a afinidade de ligação com ambos os

fármacos.

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Capítulo 6

Conclusões e Perspectivas

- Verificamos que o método LIE (Linear Interaction Energy) foi eficiente para analisar o efeito

das mutações em várias regiões da proteína c-ABL utilizando um ligante (Imatinib ou Nilotinib) contra

vários mutantes, diferentemente do método original onde é utilizado apenas um receptor para vários

ligantes.

- Realizamos, pela primeira vez, um estudo sobre a importância de uma molécula de água

conservada (Cw) no sítio ativo da proteína c-ABL complexada ao Imatinib e Nilotinib através da

imposição (Cw fixa) ou não (Cw livre) de uma restrição na posição inicial de Cw. Os melhores

resultados ( ( / )calc mut selG∆∆ > 0) foram observados pelos valores de energia livre relativa ( ( / )calc mut selG∆∆ )

e absoluta ( ( )calc selG∆ e ( )calc mutG∆ ) utilizando as simulações com Cw livre. Os mesmos parâmetros

utilizados para calibração dos coeficientes de LIE nas simulações com o Imatinib foram utilizados com

o Nilotinib.

- Verificamos que mesmo nas mutações distantes do sítio de ligação, há um efeito alostérico que

aumenta a flexibilidade do P-loop e A-loop, interferindo na afinidade de ligação e, consequentemente,

no cálculo da energia livre de ligação.

- O comportamento de Cw ao longo do mesmo tempo de simulação em dinâmica molecular

com os fármacos Imatinib e Nilotinib demonstrou que interações importantes entre Cw, o fármaco e a

proteína c-ABL são mantidas durante as simulações com c-ABL/Nilotinib e perdidas com c-

ABL/Imatinib, sendo que a razão de troca de Cw por outra molécula do solvente, nas simulações com

as proteínas mutantes, não apresenta relação com a drasticidade da mutação. Porém, especificamente

para as mutações Leu267Arg, Leu403Met e Tyr272Hix verificamos a ausência de troca de Cw por

outra molécula de água qualquer. A protonação da Histidina no átomo NE2 (Hix) conferiu maior

mobilidade na região de ligação ao Imatinib quando se compara com a protonação em ND1 (His) ou

em ambos ND1 e NE2 (Hip).

- O resultado da perda, em uma região próxima à Cw, da interação do aminoácido Glu305 e os

fármacos (Imatinib ou Nilotinib) e a solvatação de outras moléculas de água nessa região (obtido pelo

monitoramento das ligações de hidrogênio entre os fármacos e a proteína c-ABL) demonstraram que

maiores oscilações da distância fármaco/proteína foram encontradas durante as simulações com o

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Imatinib. Esse fato nos leva à hipótese de que diferenças na superfície acessível ao solvente no sítio

ativo da proteína c-ABL pode estar relacionada à maior afinidade do Nilotinib em relação ao Imatinib.

Perspectivas:

- Até o momento não existem simulações de dinâmica molecular na presença de outros

domínios da proteína BCR-ABL: SH2 e SH3. Como perspectiva poderemos verificar a manutenção das

interações entre esses domínios e o domínio quinase, que mantêm o complexo inativo (situação

necessária para a ligação do Imatinib e Nilotinib). Também poderemos estudar o efeito das mutações na

proteína ativa (complexada com ATP e/ou Dasatinib) e comparar com os resultados desta dissertação,

feita com a proteína na conformação inativa. Atualmente, o que determina o sucesso de uma simulação

não é apenas o tempo de simulação (20ns, 30ns, etc.), visto que o poder computacional de

armazenamento de informações e velocidade dos cálculos é muito grande.

- A melhor compreensão possível do sistema biológico está relacionada ao tempo investido na

tentativa de elucidar o fenômeno (descrever, compreender e interpretar) com o auxílio da maior

quantidade de ferramentas possíveis, sejam elas computacionais ou experimentais. Tendo em vista o

tempo investido na compreensão do sistema biológico para chegar à abordagem realizada nessa

dissertação, como perspectiva há o intuito de estender o tempo de simulação nas futuras investigações

do mecanismo de resistência da proteína c-ABL.

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Apêndice A – Alinhamento entre as sequências das isoformas a e b da proteína c-ABL.

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105

Apêndice B: Código das estruturas do domínio quinase da proteína c-ABL depositadas no PDB

(Protein Data Bank), nome dado pelo banco de dados, data do depósito, resolução (em Å) e a

respectiva referência. A proteína c-ABL complexada com os fármacos Imatinib, Nilotinib e Dasatinib

está presente, respectivamente, nas estruturas: 1IEP, 1OPJ, e 2HYY; 3CS9; e 2GQG. As outras

estruturas possuem outras moléculas complexadas, como o ATP e outros fármacos.

PDB Nome Data de depósito Resolução (Å) Referência

2GQG

X-ray Crystal Structure of

Dasatinib (BMS-354825)

Bound to Activated ABL

Kinase Domain

21-Nov-2006 2,40 Tokarski et al., 2006

2F4J Structure of the Kinase

Domain of an Imatinib-

Resistant Abl Mutant in

Complex with the Aurora

Kinase Inhibitor VX-680

24-Jan-2006 1,91 Young et al., 2006

1IEP Crystal structure of the C-

ABL kinase domain in

complex with STI-571.

18-Abr-2001 2,10 Nagar et al., 2002

1OPJ Structural basis for the

auto-inhibition of c-Abl

tyrosine kinase

08-Abr-2003 1,75 Nagar et al., 2003

1FPU Crystal structure of ABL

kinase domain in

complex with a small

molecule inhibitor

20-Set-2000 2,40 Schindler et al., 2000

1M52 Crystal Structure of the c-

Abl Kinase domain in

complex with PD173955

18-Set-2002 2,60 Nagar et al., 2002

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106

2E2B Crystal structure of the c-

Abl kinase domain in

complex with INNO-406

22-Mai-2007 2,20 Horio et al., 2007

1OPK Structural basis for the

auto-inhibition of c-Abl

tyrosine kinase

08-Abr-2003 1,80 Nagar et al., 2003

2HIW Crystal Structure of

Inactive Conformation

Abl Kinase Catalytic

Domain Complexed with

Type II Inhibitor

22-Ago-2006 2,20 Okram et al., 2006

2HZN Abl kinase domain in

complex with NVP-

AFG210

16-Jan-2007 2,70 Cowan-Jacob et al., 2007

2Z60 Crystal Structure of the

Thr334Ile Mutant of Abl

kinase bound with PPY-A

18-Set-2007 1,95 Zhou et al., 2007

2HZ0 Abl kinase domain in

complex with NVP-

AEG082

16-Jan-2007 2,10 Cowan-Jacob et al., 2007

2HZ4 Abl kinase domain

unligated and in complex

with

tetrahydrostaurosporine

16-Jan-2007 2,80 Cowan-Jacob et al., 2007

2HZI Abl kinase domain in

complex with PD180970

16-Jan-2007 1,70 Cowan-Jacob et al., 2007

3CS9 Human ABL kinase in

complex with nilotinib

22-Abr-2008 2,21 Weisberg et al., 2005

2QOH Crystal Structure of Abl 18-Set-2007 1,95 Zhou et al., 2007

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107

kinase bound with PPY-A

3DK3

3DK6

Crystal structure of

mutant ABL kinase

domain in complex with

small molecule fragment

29-Jul-2008 2,02 Bounaud (em publicação)

3DK7 Crystal structure of

mutant ABL kinase

domain in complex with

small molecule fragment

29-Jul-2008 2,01 Bounaud (em publicação)

2HYY Human Abl kinase

domain in complex with

imatinib (STI571, Glivec)

16-Jan-2007 2,40 Cowan-Jacob et al., 2007

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108

Apêndice C - Parâmetros utilizados na simulação com Cw fixo. Imposição de força constante de 5

kcal/(molÅ2 ) no átomo pesado de Cw (oxigênio, átomo 2913 nesse caso).

Equilibração 1

[MD]

steps 1000

stepsize 0.2

temperature 1.0

bath_coupling 0.2

random_seed 8427

initial_temperature 1.0

lrf on

[intervals]

non_bond 25

output 10

[files]

topology complexo.top

final eq01.re

fep STI.fep

[sequence_restraints]

2860 2914 5.0 0

Equilibração 2

[MD]

steps 6000

stepsize 1.00

temperature 50.0

bath_coupling 1.0

random_seed 852

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109

initial_temperature 50.0

lrf on

[intervals]

non_bond 25

output 10

[files]

topology complexo.top

final eq02.re

restart eq01.re

fep STI.fep

[sequence_restraints]

2860 2914 5.0 0

Equilibração 3

[MD]

steps 2000

stepsize 1.00

temperature 150.0

bath_coupling 5.0

random_seed 3556

initial_temperature 150.0

lrf on

[intervals]

non_bond 25

output 10

[files]

topology complexo.top

final eq03.re

restart eq02.re

fep STI.fep

[sequence_restraints]

2860 2914 5.0 0

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110

Equilibração 4

[MD]

steps 7000

stepsize 1.50

temperature 300.0

bath_coupling 10

random_seed 835

initial_temperature 300.0

lrf on

[intervals]

non_bond 25

output 10

[files]

topology complexo.top

final eq04.re

restart eq03.re

fep STI.fep

[sequence_restraints]

2860 2914 5.0 0

Equilibração 5

[MD]

steps 7000

stepsize 1.50

temperature 300.0

bath_coupling 10

initial_temperature 300.0

lrf on

[intervals]

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111

non_bond 25

output 10

[files]

topology complexo.top

final eq05.re

restart eq04.re

fep STI.fep

[sequence_restraints]

2912 2914 5.0 0

Equilibração 6

[MD]

steps 7000

stepsize 1.50

temperature 300.0

bath_coupling 10

initial_temperature 300.0

lrf on

[intervals]

non_bond 25

output 10

[files]

topology complexo.top

final eq06.re

restart eq05.re

fep STI.fep

[sequence_restraints]

2912 2914 5.0 0

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112

Protocolo Dinâmica

[MD]

steps 50000

stepsize 1.00

temperature 300.0

bath_coupling 10

lrf on

[intervals]

non_bond 25

output 10

energy 250

trajectory 250

[trajectory_atoms]

not restrained

[files]

topology complexo.top

final md01.re

energy md01.en

restart eq06.re

fep STI.fep

trajectory md01.dcd

[sequence_restraints]

2912 2914 5.0 0

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113

Apêndice D – Média do desvio quadrático médio (RMSD), das estruturas dos 4000 frames em relação

à estrutura cristalográfica inicial, dos resíduos a 4 Å de distância do Imatinib. As barras de erros (para

mais e para menos) são referentes ao desvio padrão dos 4000 valores de RMSD.

0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5 4 4,5 5 5,5 6 6,5 7 7,5 8 8,5

Lys266 (P-loop)

Leu267 (P-loop)

Gly268 (P-loop)

Gly269 (P-loop)

Gly270 (P-loop)

Gln271 (P-loop)

Tyr272 (P-loop)

Gly273 (P-loop)

Glu274 (P-loop)

Val275

Ala288

Lys290

Glu305

Val308

Met309

Ile312

Leu317

Val318

Ile332

Thr334

Glu335

Phe336

Met337

Ile379

His380

Leu389

Ala399 (A-loop)

Asp400 (A-loop)

Phe401 (A-loop)

Gly402 (A-loop)

Média do RMSD (Å)

Thr334Ser

Thr334Ile

Selvagem

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114

0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5 4 4,5 5 5,5 6 6,5 7 7,5 8 8,5

Lys266 (P-loop)

Leu267 (P-loop)

Gly268 (P-loop)

Gly269 (P-loop)

Gly270 (P-loop)

Gln271 (P-loop)

Tyr272 (P-loop)

Gly273 (P-loop)

Glu274 (P-loop)

Val275

Ala288

Lys290

Glu305

Val308

Met 309

Ile312

Leu317

Val318

Ile332

Thr334

Glu335

Phe336

Met 337

Ile379

His380

Leu389

Ala399 (A-loop)

Asp400 (A-loop)

Phe401 (A-loop)

Gly402 (A-loop)

Média do RMSD (Å)

Met263Ile

Met263Val

Selvagem

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115

0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5 4 4,5 5 5,5 6 6,5 7 7,5 8 8,5

Lys266 (P-loop)

Leu267 (P-loop)

Gly268 (P-loop)

Gly269 (P-loop)

Gly270 (P-loop)

Gln271 (P-loop)

Tyr272 (P-loop)

Gly273 (P-loop)

Glu274 (P-loop)

Val275

Ala288

Lys290

Glu305

Val308

Met309

Ile312

Leu317

Val318

Ile332

Thr334

Glu335

Phe336

Met337

Ile379

His380

Leu389

Ala399 (A-loop)

Asp400 (A-loop)

Phe401 (A-loop)

Gly402 (A-loop)

M éd ia do RM SD ( Å )

Glu274Lys

Gln271His

Leu267Arg

Selvagem

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116

0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5 4 4,5 5 5,5 6 6,5 7 7,5 8 8,5

Lys266 (P-loop)

Leu267 (P-loop)

Gly268 (P-loop)

Gly269 (P-loop)

Gly270 (P-loop)

Gln271 (P-loop)

Tyr272 (P-loop)

Gly273 (P-loop)

Glu274 (P-loop)

Val275

Ala288

Lys290

Glu305

Val308

Met309

Ile312

Leu317

Val318

Ile332

Thr334

Glu335

Phe336

Met337

Ile379

His380

Leu389

Ala399 (A-loop)

Asp400 (A-loop)

Phe401 (A-loop)

Gly402 (A-loop)

Média do RMSD (Å)

Tyr272Hip

Tyr272Hix

Tyr272His

Selvagem

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117

0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5 4 4,5 5 5,5 6 6,5 7 7,5 8 8,5

Lys266 (P-loop)

Leu267 (P-loop)

Gly268 (P-loop)

Gly269 (P-loop)

Gly270 (P-loop)

Gln271 (P-loop)

Tyr272 (P-loop)

Gly273 (P-loop)

Glu274 (P-loop)

Val275

Ala288

Lys290

Glu305

Val308

Met309

Ile312

Leu317

Val318

Ile332

Thr334

Glu335

Phe336

Met337

Ile379

His380

Leu389

Ala399 (A-loop)

Asp400 (A-loop)

Phe401 (A-loop)

Gly402 (A-loop)

M éd ia do RM SD ( Å )

Met370Ile

Met370Thr

Selvagem

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118

0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5 4 4,5 5 5,5 6 6,5 7 7,5 8 8,5

Lys266 (P-loop)

Leu267 (P-loop)

Gly268 (P-loop)

Gly269 (P-loop)

Gly270 (P-loop)

Gln271 (P-loop)

Tyr272 (P-loop)

Gly273 (P-loop)

Glu274 (P-loop)

Val275

Ala288

Lys290

Glu305

Val308

Met309

Ile312

Leu317

Val318

Ile332

Thr334

Glu335

Phe336

Met337

Ile379

His380

Leu389

Ala399 (A-loop)

Asp400 (A-loop)

Phe401 (A-loop)

Gly402 (A-loop)

Média do RMSD (Å)

Leu403Met

Selvagem

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119

Apêndice E – Flutuação dos últimos 250 ps de simulação em DM dos resíduos da proteína c-ABL (selvagem e mutantes) complexada com Imatinib. As setas indicam o local da mutação.

Figura E.1 Flutuação dos últimos 250 ps das proteínas Met263Val e Met263Ile complexadas com

Imatinib.

Met263ValMet263Val

Met263IleMet263Ile

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120

Figura E.2 Flutuação dos últimos 250 ps das proteínas Gln271His e Glu274Lys (P-loop) complexadas

com Imatinib.

Gln271HisGln271His

Glu274LysGlu274Lys

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121

Figura E.3 Flutuação dos últimos 250 ps das proteínas Tyr272His/Hip (P-loop) complexadas com

Imatinib.

Tyr272HisTyr272His

Tyr272HipTyr272Hip

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122

Figura E.4 Flutuação dos últimos 250 ps da proteína Thr334Ser complexada com Imatinib.

Thr334SerThr334Ser

Th r334 IleT h r334 Ile

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123

Figura E.5 Flutuação dos últimos 250 ps das proteínas Met370Thr e Met370Ile complexadas com

Imatinib.

Met370ThrMet370Thr

Met370IleMet370Ile

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124

Figura E.6 Flutuação dos últimos 250 ps das proteína Gly417Arg complexada com Imatinib.

Gly417ArgGly417Arg

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125

Figura E.7 Flutuação dos últimos 250 ps da proteína Leu403Met complexada com Imatinib.

Leu403MetLeu403Met

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126

Apêndice F - Troca de Cw por outra molécula de água do solvente em função do tempo de simulação (1000 ps) com o Imatinib complexado nas proteínas Selvagem e 10 mutantes: Met263Val, Met263Ile, Gln271His, (Tyr272 nas protonações Tyr272His e Tyr272Hip), Glu274Lys, Thr334Ile, Thr334Ser,.Met370Thr, Met370Ile e Gly417Arg).

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127

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128

Apêndice G - Permanência das ligações de hidrogênio entre os fármacos Imatinib (linha preta) e

Nilotinib (linha vermelha) e a proteína c-ABL (selvagem e mutantes) durante os 1000 ps de DM.

Figura G.1: Interação entre Asp400 e O29 do Imatinib e Nilotinib.

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129

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130

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131

Figura G.2: Interação entre Met337 e N3 do Imatinib e Nilotinib.

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133

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134

Figura G.3: Interação entre Thr334 e N13 do Imatinib e Nilotinib.

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135

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136

Figura G.4: Interação entre Glu305 e N21 do Imatinib e Nilotinib.

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