Lacan Cotidiano 178

8/2/2019 Lacan Cotidiano 178

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Quarta-feira, 14 de maro de 2012 06h50 [GMT+1]

NMERO178

Eu no teria perdido um Seminrio por nada no mundoPHILIPPE SOLLERS

Ns ganharemos porque no temos outra escolha AGNS AFLALO

www.lacanquotidien.fr

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AUTISMO E PSICANLISE

Quando pensar d medo,

necessrio proibir o

pensamento?porLoriane Brunessaux

Publicado em 13 de Maro de 2012, por Mediapart

Edio:Contos da loucura ordinria

Em seguida recomendao da Alta Autoridade de Sade de classificar como nopertinentesas intervenes fundadas em uma abordagem psicanaltica no tratamento do
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autismo, Loriane Brunessaux, psiquiatra e responsvel por um centro mdico

psicolgico, descasca, ponto a ponto, a m f evidente dos argumentos.

Um mtodo que d medo, um mtodo ao qual se deve renunciar.[1]

(JL Harousseau, presidente da Alta Autoridade de Sade, e D. Langloys, presidente daAssociao Autismo Frana).

Ns vivemos um momento singular para a democracia, que deveria nos ajudar a pensar suas

mutaes mais atuais, das quais uma delas a passagemdo paradigma uma pessoa: uma voz,

ao paradigma uma associao: um direito", conduzindo instncias estatais a errncias to

surpreendentes como aquela de editar as normas de cuidados a pessoas autistas, chegando at

ajulgar no pertinente todo um movimento de pensamento: a psicanlise e a psicoterapia

institucional.

Estudemos de perto os fatos.

Associaes de pais que representam apenas elas mesmas

H algumas dezenas de anos, e isso segue um movimento social mais global, criaram-se associaes de pais de pessoas autistas, como existem associaes de pais de crianastrissmicas, diabticas, surdas, etc.

No a maioria dos pais de crianas em dificuldade que escolhem aderir a esse tipo de

associao, mas ao contrrio, uma minoria. Disso eu posso testemunhar a duplo ttulo:

_ a ttulo pessoal, como psiquiatra responsvel por um centro mdico-psicolgico, constato

que, em sessenta pais de crianas autistas que eu cuido, nenhum pertence a esse tipo de

associao, no deseja a elas aderir nem defender seus discursos. Meus colegas

do intersetor esto no mesmo caso que eu. Ser que estamos diante de uma amostra da

populao desprovida da vontade de aderir a essas associaes? Duvido.

_ a ttulo pessoal, tendo vivido ao lado de uma irm portadora de uma anomalia gentica, posso

testemunhar de fato que a maioria das famlias de crianas deficientes notem especialmente

necessidade de aderir a esse tipo de associao.

De fato, pertencer a esse tipo de associao oferece um apoio psicolgico da ordem da troca de

experincias e do reasseguramento coletivo na reivindicao poltica de direitos, tomando as

vezes a forma de uma luta. Isso convm a alguns, claro, mas no maioria dos pais; certo

nmero pensa mesmo que esse tipo de resposta um modo de fuga evitando a confrontao

com certas questes, e que essas lutas levam muitas vezes a esquecer o verdadeiro interesse das

crianas pois o reasseguramento dos pais que guia a ao.

A cada um sua opinio.


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Escolhendo dar fala unicamente s associaes de pais, sobre um assunto como o autismo, o

Estado (via Alta Autoridade de Sade - HAS) exclui automaticamente da reflexo a maioria dos

pais de pessoas autistas que no esto nas associaes e ento no so levados em considerao.

Como se fazer ento ouvir pelo Estado, que deveria nos representar, quando no fazemos parte

de uma associao e quando no temos vontade de faz-lo?

Um trabalho de lobby intensivo articulado, sem filtro, maior parte das mdias

Essas associaes de pais de pessoas autistas tm tempo e determinao: escrevendo sem

descanso comentrios na internet ao menor artigo sobre o autismo, contatando todos os

jornalistas e todas as instncias polticas suscetveis de se interessarem pela questo... Dando

assim a iluso ao grande pblico de representar uma posio majoritria, que, repito, falsa, e

martelando incessantemente os mesmos argumentos:

_ A psicanlise seria intil e at mesmo nefasta para as pessoas autistas.

_ A psiquiatria francesa seria dominada pela psicanlise.

_ Os psicanalistas recusariam as hipteses das neurocincias e do comportamentalismo,

formariam um lobby poderoso e exclusivo procurando assegurar seu poder.

_ A psicanlise tornaria as mes responsveis pelo autismo dos seus filhos, culpabilizando-as.

_ A psicose seria definida pela psicanlise como uma perturbao da relao entre a me e o

filho.

_ O autismo seria, de uma maneira confessa, uma perturbao neuro-desenvolvimental de

origem gentica.

_ O tratamento das crianas autistas seria idntico para todos e passaria por uma reeducao

comportamental intensiva.

_ Os mtodos comportamentais seriam os nicos a serem validados cientificamente para o

autismo.

_ A psicanlise recusaria a avaliao cientfica.

_ O packing[2] seria um mtodo psicanaltico.

_ O packing seria uma tortura, uma barbrie, seria necessrio denunciar aqueles que o

praticam e proib-los.

_ A psicanlise e a psicoterapia institucional deveriam ser proibidas.

Esses argumentos propagandistas redutores e simplistas so retomados sem filtro pela maior

parte das mdias.

Dois paradoxos deveriam, entretanto, saltar aos olhos dos jornalistas:


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Primeiro paradoxo, as associaes de pais em questo acusam os psicanalistas de serem

sectrios, exclusivistas, fechados s hipteses neuro-cientficas e comportamentais.

Como explicar, ento, que elas tomem justamente por alvo os psiquiatras infantis e psicanalistas

que praticam e promovam h vrios anos uma abordagem integrativa, associando as

neurocincias, o comportamentalismo e a psicanlise: Pierre Delion [3], Bernard Golse [4],David Cohen [5], Genevive Haag [6], Chantal Lheureux-Davidse [7]?

Por que esses mdicos, que elas deveriam considerar como seus aliados, so os primeiros que

elas atacam?

Segundo paradoxo, as associaes de pais em questo veiculam a ideia, retomadas pela mdia e

pelo grande pblico, que existiriam dois campos rivais e iguais em dio: os defensores do

comportamentalismo e os defensores da psicanlise.

Entretanto, se observarmos as coisas de perto o que veremos?

De um lado as pessoas que falam de tortura, de barbrie, denunciam mdicos e exigem e obtm

da HAS a proibio do packing e a no recomendao da psicanlise e da psicoterapia

institucionais.

De outro, praticantes e famlias sideradas, onde o maior erro de alguns seria o de comparar osmtodos comportamentalistas a umadestramento[8].

Isso verdadeiramente equivalente?

Pode-se comparar a designao adestramento de tortura, barbrie, ao de denunciar e

exigir a interdio de uma prtica psiquitrica e de toda uma corrente de pensamento?

Alis, a ttulo pessoal, se psicanalistas solicitassem a interdio do comportamentalismo, eu

acharia isso escandaloso e antidemocrtico e me insurgiria da mesma forma que diante da

tentativa atual de interdio da psicanlise.

Quando sabemos, por outro lado (e eu posso dar um testemunho disso, pois o trmino de meus

estudos no est longe), que a psicanlise no nem mesmo mencionada durante os seis

primeiros anos dos estudos mdicos, que na regio parisiense (embora a mais aberta)

desaconselhado, pelos boatos, fazer uma tese ou uma dissertao de psiquiatria sobre um

assunto que tenha ligao com a psicanlise, tanto os professores de psiquiatria so orientados,h muitos anos, para uma psiquiatria biolgica e gentica, como levar a srio essas alegaes

desse super poder dos psicanalistas?

Que concluir desses paradoxos? A m f evidente dos argumentos e a fora subjacente da

vontade de eliminar.

Afirmaes dogmticas e triunfalistas

Quando ningum, e menos ainda os psicanalistas, pretende conhecer as causas do autismo e

quando a maior parte das pessoas concernidas est de acordo com o fato de que cada pessoa

autista diferente e que impossvel saber de antemo o que poder lhe ajudar e dar apoio


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sua famlia, as associaes de pais em questo nesse artigo sabem e acenam suas vises da

verdade.

Essas associaes de pais afirmam que o autismo um distrbio neuro-desenvolvimental de

origem gentica.

Entretanto, nenhum argumento nesse sentido foi confirmado cientificamente: nenhuma

localizao neurolgica pde ser identificada, nenhuma anomalia hormonal ou infecciosa,

nenhuma anomalia gentica claramente individualizada. H alguns anos, certas publicaes de

pesquisadores em neurocincia tentam mesmo relativizar a importncia de uma eventual parte

gentica no autismo atravs dos vieses importantes dos estudos realizados [9], da deformao

das concluses dos estudos cientficos (excessivos) em relao aos resultados (modestos)[10].

Essas associaes de pais afirmam que s os mtodos comportamentalistas tm uma eficcia

validada cientificamente.

Entretanto, certas pessoas colocam em questo essa validade cientfica dos mtodos

comportamentais como, fato interessante, para certas pessoas acometidas de autismo dito de

Asperger.

Dessa forma, Michelle Dawson, de Montreal, publicou em 2004 uma defesa sobre a falta de

tica da interveno comportamental intensiva (ICI), quese preconizava na Amrica do Norte,

afirmando que a literatura sobre o assunto enorme em quantidade, mas pobre em qualidade

cientfica. Numerosos relatrios de pesquisa iriam ao mesmo sentido e segundo a Academia

Americana de Pediatria a fora da prova (em defesa da eficcia dessas tcnicas) insuficiente

na base. Os governos subvencionam, entretanto, abundantemente essas terapias, sob a

influncia de grupos depresso [11].

No mesmo esprito, Jim Sinclair e Donna Williams fundaram o Autism Network

International[12] e o Autistic Self Advocacy Network[13].

No mundo anglo-saxo, se constitui assim toda uma comunidade de autistas de Asperger, que

reivindica saber o que bom para ela e rejeita tanto os comportamentalistas quanto

desenvolvimentistas.

O que concluir? A humildade.

Parece descabido ser triunfalista no domnio do autismo.

Nenhuma metodologia cientfica pode provar a superioridade de um mtodo sobre outro, nem o

comportamentalismo nem a psicanlise (mesmo se eu no possa me impedir de precisar que

existem estudos que sugerem que as terapias psicodinmicas de inspirao psicanaltica seriam

mais eficazes a longo prazo [14]).

Certo, o comportamentalismo , exclusivamente, o mtodo empregado em numerosos pases,

mas o que prova isso seno uma uniformizao desoladora do pensamento?

Que fazem esquecer a realidade do terreno: uma penriaescandalosa de estabelecimentos especializados


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Toda essa polmica sobre a psicanlise ento enviesada uma vez que baseada em afirmaes

arbitrrias.

Ela tende a fazer esquecer a realidade do terreno: uma penria escandalosa, na Frana, de

estabelecimentos especializados para o tratamento e acolhimento de pessoas autistas e apenas

diferentes, em regra geral.

Um grande nmero de crianas autistas so condenadas a passar a maior parte do seu tempo no

domiclio por terem excessivas dificuldades para serem acolhidas na escola comum e

no encontrarem nenhum estabelecimento que possa acolh-las. Um grande nmero dentre elas

so obrigadas a partir para estabelecimentos na Blgica.

Quais so as escolhas polticas responsveis por esse estado de fato?Aseguir:www.lacanquotidien.fr

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PETIO INTERNATIONAL

PARA A ABORDAGEM CLNICADO AUTISMO

Uma iniciativa do Instituto psicanaltico da Criana

(Universidade popular Jacques-Lacan)

ASSINAR A PETIO ON LINE

NO SITElacanquotidien.fr

>>Desde 16 fevereiro,

dia em que a petio foi colocada on line,

10 161 assinaturas j foram recolhidas.O TEXTO DA PETIO INTERNACIONAL PELA

ABORDAGEM CLNICA DOAUTISMO:www.lacanquotidien.fR
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Cartas da Ibria

Pablito e a Gioconda

Pablito_ Paulinho, foi assim que foi designado esse aparelho high-tech, uma espcie de

andride que est hoje colocado diante do famoso quadro da Guernika de Pablo Picasso no

Museu de Arte Reina Sofia de Madri. Como um voyeur noturno e permanente do desastre,

Pablito no para de olhar cada milmetro quadrado do quadro para compor sua imagem total a

partir de imagens parciais digitalizadas, 24.000 para cada uma das cinco sries_ duas em

infravermelho, uma em ultravioleta, uma outra em luz visvel, uma ltima multi-espectral. A

est ento a ltima palavra (dernier cri) da cincia para tentar revelar os segredos de outro

grito (autre cri), esse mais mudo ainda, que atravessa o horror da cena cifrada por

Pablo Picasso na sua pintura. Sabe-se que o prprio Picasso havia insistido para nada se

dizer de um suposto simbolismo das imagens do quadro ou mesmo de suas referncias, mais oumenos implcitas, aos acontecimentos de uma guerra que marcou a histria da Espanha . A

Guernika o que ela , como o Deus bblico, tornada smbolo de todas as guerras e

de todos os desastres que a pulso de morte nos presentifica na

contemporaneidade. Mas Pablito no sabe. Cada noite, quando todos os visitantes e

funcionrios do museu j foram para as suas casas, Pablito permanece l para retomar sua

tarefa precisa com a coleta constante de dados que sero cuidadosamente analisados procura

de todas as feridas, de todos os gestos e de suas modificaes, de todos os avatares que

marcaram a vida da tela e seus pigmentos desde o seu nascimento. assim, supe-se, que

vamos poder decifrar os segredos que permaneceram escondidos a todos os olhares dos

observadores at hoje na tela. Esperamos que a informao que Pablito vai nos oferecer,devidamente elaborada, ser crucial para dar prosseguimento anlise melhor detalhada e
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jamais feita do quadro.Aideia no somente de analisar a histria material da

Guernika, mas chegar a dispor quase de um clone dela, de uma imagem digitalizada nos

mnimos detalhes, at a ltima partcula. No se trata ento de uma simples reproduo do

quadro ou da sua melhor fotografia possvel. o projeto de fazer um mapping total,

como o que se tem tentado de fazer no crebro com a tcnica de neuro-mapping,

a tentativa de repetir sua imagem real numa imagem digitalizada que possa secomportar como a primeira, mas fora do tempo que a fez padecer de eroses.

Tal o sonho ou, melhor dizendo, pesadelo que as neurocincias atuais pensam

realizar interpretando o sujeito do nosso tempo a partir das imagens por

ressonncia magntica do crebro. Ento, a tcno-cincia tende assim transformar a

Guernika original, da qual todos os diagnsticos indicam hoje que ela est mal de sade, numa

espcie de retrato de Dorian Gray em relao ao seu duplo digitalizado. E este ser um retrato

mais real, que no envelhecer jamais, um duplo que tornar-se- ento o verdadeiro original,

seu ser verdadeiro que atravessar o tempo, as guerras e os desastres com uma aparncia

sempre fresca e renovada! E Pablito_ dez metros de largura, cinco de altura, 1.560 Kgs._ ser,seno o pai dela, pelo menos o propiciador virtual, o gerador tcnico que alis vai nos permitir

navegar por todos os seus recantos e relevos. Boa nova ento_ o real da imagem vir no

lugar da imagem real do quadro para nos revelar sua essncia final com uma

exatido cientfica, como a figura de um Outro do Outro que cessaria de no

existir, como o sentido o mais verdadeiro e original de todas as Guernikas que so

disseminadas no mundo.

Um Outro do Outro? Que ironia! Justamente nesses dias, a figura quase herica do juiz Baltazar

Gazon vem incrivelmente a ser demitido de suas funes na Espanha por onze anos, por um

tribunal do qual infelizmente ele no pode recusar a composio diante da Corte Suprema, otribunal dos tribunais espanhis. Justamente nesses dias, os bancos, num golpe de estado

bancrio de dimenses europeias, executam as hipotecas num ritmo infernal, hipotecas que

caem do cu como bombas sobre a populao civil para demolir suas moradias. Justamente

nesses dias, os semblantes que mais ou menos se aguentaram na difcil transio do franquismo

democracia_ o da monarquia, em primeiro lugar_ esto mostrando suas fendas e seus

ferimentos sem remisso possvel.

Sem dvida, a principal misso de Pablito, muito til, de oferecer uma percepo, a mais

precisa possvel do estado atual de um quadro que, j na poca do seu autor, no suportava l

muito bem as viagens e os deslocamentos. Mas a especulao cientfica j se lanou sobre

novas interpretaes que esto para ser descobertas sobre o sentido mais ntimode Pablo Picasso no momento de se engajar da realizao do quadro. Nessa

perspectiva, Pablito, retoma pacientemente toda noite sua leitura cega e iletrada

da Guernika de Pablo Picasso, como um gigante do saber oracular que nos dir um

dia a verdade sobre a verdade...
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Mas ateno, um pouco

alm do museu de arte

Rainha Sofia, na

mesma cidade de

Madri, no nobre

museu do Prado enuma

impressionante

sincronizao com o

preciso trabalho de

Pablito, acabamos

de descobrir outro

clone, que no

precisa do mesmo

Pablito para nascer.

De acordo com osespecialistas, seria uma das mais importantes descobertas da histria da arte. Trata-se da

Outra Gioconda, a Gioconda do Prado que foi redescoberta com grande surpresa nos

depsitos. Ns j a conhecamos, verdade, ela tinha mesmo sido exposta nas galerias do

museu, mas no havamos notado o saber que ela tinha escondido durante quinhentos anos aos

olhos de todos sobre a verdade da Gioconda. Uma, a do Louvre, a verdadeira Mona Lisa, como j

chamada na Espanha com um certo otimismo, a Outra da Gioconda, teria sido pintada por um

discpulo de Leonardo daVinci no mesmo atelier do mestre, diante do mesmo modelo e no

mesmo momento que a original, somente com uma pequena mudana de perspectiva que

conseguimos perceber na comparao precisa dos dois quadros. A descoberta foi feita per via de

levare, isto , retirando camadas de pintura negra que haviam sido depositadas_ para satisfazero gosto da poca_ duzentos anos mais tarde, sobre a paisagem, uma paisagem do norte da Itlia,

que fazia o fundo do famoso quadro. uma paisagem extraordinariamente similar original,

observa o chefe do Departamento de Pintura Italiana do Renascimento do Museu do Prado, o

Sr. Falomir, _ ateno ao nome que ele lembra, em espanhol, olhar do falo_, uma paisagem que

permaneceu mais bem conservada, da mesma forma que em outras partes do quadro, na cpia

do que no original.

O original? Mas onde ento est o Um e onde est o Outro do Outro? Porque,_ primeira

descoberta_, a Gioconda do Prado no uma cpia, uma a mais dessas que se multiplicaram em

todo lugar no mundo, mas um original, um segundo original se assim quisermos, mas tambmum original do Outro, o Um com o qual ela pode disputar agora sua originalidade para faz-la

tornar-se, por sua vez, Outro... para ela mesma. A Gioconda do Prado, muito melhor conservada

pelas camadas de pintura que a protegeram faz feridas do tempo, permitindo assim ver uma

mulher,_ segunda descoberta_, muito mais jovem que aquela do Louvre, no mais de vinte

anos, de um lado, contra 35, mais ou menos, do outro. Ns notamos, Lisa Gherardini , esposa de

um rico comerciante florentino nomeado Francisco del Giocondo, poderia ser filha dela mesma

levando em conta os dois retratos feitos no mesmo momento. La Gioconda do Prado, demitida

de suas funes, guarda as sobrancelhas intactas, da mesma forma que sua pele ainda no

fendida pelo tempo. Aqui tambm, o original torna-se uma espcie de Dorian Gray pela

presena de uma cpia que o fez tornar-se distinto dele mesmo, sujeito dividido afinal. Ento,

ensino da psicanlise e alm dela - no h necessidade de Pablito para fazer aparecer o
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sujeito dividido, entre a dor, o gozo e a mulher, no nosso mundo contemporneo,

nesse sculo onde a ordem simblica no mais, verdade, o que ela era, o que ela

foi, sempre, distinta dela mesma.

Miquel BASSOLS

Fevereiro de 2012

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_____________A star is bornNo sem emoo que saudamos o nascimento de uma nova casa de edio em Frana.Umberto Ecco e Jean-Claude Carrire publicaram h alguns anos na Grasset uma seleoNo

esperem se livrar dos livros que dizia o quanto os meios modernos de conservao de

documentos eram precrios e que o livro continuava o meio mais cmodo e mais agradvel de

coletar a cultura e o saber do mundo. O livro ento tem um futuro diante de si. Sua publicao,

no entanto, algumas vezes difcil num mundo mercantilista no qual os lobbies podem servir de

censores. Autores devem assim algumas vezes revisar hbitos queridos para poder continuar a

prosseguir suas tarefas num ambiente mais benevolente. A obra de Lacan se encontrou tomadapor tal tormento. Foi numa tal paisagem atormentada que a EURL edioLe champ

freudien editeur nasceu no dia 22 de setembro de 2011 (cf. Lacan Cotidiano n 35).

Aassembleia geral e o conselho de administrao do 9 de outubro de 2011 da associao

UFORCA para UPJL saudaram esse nascimento com entusiasmo e o dotaram nomeando Eve

Miller diretora da edio, Carole Dewambrechies-La Sagna presidente e Jean-

Pierre Deffieux vice-presidente. Essa jovem casa de edio acolher o seminrio

de Lacan e o melhor do que se escreve no campo da psicanlise, sem pretender,

claro, ter disso o monoplio. Faz-se necessrio saldar aqui, por exemplo, as Editions

Michele, que o grupo Gallimard distribui, e faz-se necessrio citar tambm todas aquelas que

permitem a talentos amigos cada vez mais numerosos_ arriscamos citar aqui FranoisAnsermet, Jacques Borie, Hlne Deltombe, Philippe Hellebois, Stella Harrison,

Philippe Lacade, Serge Cottet, no que diz respeito s edies Michle, sabendo que

aqueles que eu esqueo me perdoaro_ de serem lidos em belos e bem feitos livros.
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Vocs vo ter amanh em mos o primeiro volume de Navarin_ Le champ freudien. um

belo livro com capa resplendorosa.Valrie Gautier, que a diretora artstica

em Martinire, cujo grupo vai continuar a distribuir esse novo filho que se separou do Seuil,

inventou um design com a colaborao de Jacques-Alain Miller. A maquete est viva e o

texto_ cuja edio foi confiada a Pascale Fari_ se coloca a visivelmente bem. um volume

sbrio e alegre, clssico e original, um pouco menor que os antigos seminrios de Lacan, umpouco maior que os volumes da antiga coleo eponmica do Seuil. O branco gelo e os caracteres

com traos algerianos do nome do autor, com ilustraes em cores no meio, em baixo do nome e

acima do endereo do editor, deixou lugar para uma elegante capa com trs faixas_ duas faixas

laranja enquadrando uma faixa branca central_ sobre cartolina acetinada de onde se sobressai

no centro em negro a modernidade do contraste entre os caracteres com palmeados que dizem

o ttulo do livro e aqueles, por outro lado clssicos, que dizem o nome do autor. No alto,

esquerda, e em baixo, direita, uma mesma ilustrao em negro faz sinal num ponto atraente do

livro. O conjunto d o aspecto de uma mistura do clssico e do moderno. O objeto faria (far)

boa vizinhana com o amarelo ouro dos livros

deVerdier. Ele me fez pensar nas antigas capas doslivros prestigiosos Les Belles Lettres (As Belas Letras)

das edies Bud, e tambm curiosamente, nas capas

dos livros policiais da coleo Le Masque (A

Mscara).

Mas na verdade do lado das clebres colees de

bolso inglesas Penguin books que os idealizadores

buscaram suas inspiraes. Pioneiros de livros a

preos mdicos, os livros Pinguins tiveram seus

sucessos devidos legibilidade da tipografiaescolhida_ como o caso da dos livros do Campo

freudiano_ e ao design de suas capas sbrias e

atraentes. Esta foi imaginada por um jovem de vinte e

um anos, Edward PrestonYoung, antes de ser

retomada pelo grande design Jan Tschichold, papa

da nova tipografia.

Notamos com malcia que a capa laranja era

reservada... s obras de fico.

Eis ento o objeto. Ele serve de estojo ao novo livro de Clotilde Leguil, Sartre comLacan, subttulo: Correlao antinmica, ligao perigosa, prefaciado por Jacques-Alain Miller.

Agora entremos no livro. 329 pginas. Comecemos a ler.

Pierre Strliski.ErrataNo Lacan Cotidiano 176, dois erros escaparam. O artigo Psicanalistas, no sejamos sectrios

atribudo a Loriane Brunessaux tem por autor a Dra. Marie-Nolle Clment, por outro lado o Dr.Patrick Chemia jamais fez parte do HAS.
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Lacan QuotidienPublicado por navarin diteur

INFORMAEREFLETE 7DIASEM7AOPINIOESCLARECIDA

comit de direo

presidente eve [email protected]

difusoanne [email protected]

conselheirojacques-alain miller

redao [email protected]

equipe do Lacan Quotidien

pelo instituto psicanaltico da criana daniel roy, herv damase & bertrand lahutte

estabelecimento das intervenes da conferncia de imprensa de 4 de maro christine maugin

designersviktor&william [email protected]

tcnicomark francboizel & family

lacan e livrariascatherine [email protected]

mediadorpatachn [email protected]

seguir Lacan Quotidien :

[email protected] de informao de atualidades da escola da causafreudiana e das acf responsvel : anne ganivet

[email protected] lista de difuso da eurofederao depsicanlise

responsvel : gil caroz

[email protected] lista de difuso da new lacanian school ofpsychanalysis responsveis : anne lysy e natalie wlfing

[email protected] uma lista sobre a psicanlise de difusoprivada e promovida pela associao mundial de psicanlise (amp) em sintonia com aescola brasileira de psicanlise moderador: maria cristina maia de oliveira fernandes.

PARALEROSLTIMOSARTIGOSNOSITELACANQUOTIDIEN.FR CLIQUEAQUI

Traduo: Fernando Coutinho
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Lacan Cotidiano 178

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Transcript of Lacan Cotidiano 178