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Laerte Júnior Baptista
Desenvolvimento de um Sistema de Dessorção Térmica In
Situ para Remediação de Áreas Contaminadas
Dissertação de Mestrado
Dissertação apresentada como requisito parcial para obtenção do título de Mestre pelo Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil da PUC-Rio.
Orientador: José Tavares Araruna Júnior
Rio de Janeiro, março de 2005
Laerte Júnior Baptista
Desenvolvimento de um sistema de dessorção térmica in situ para remediação de áreas
contaminadas
Dissertação apresentada como requisito parcial para obtenção do título de Mestre pelo Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil da PUC-Rio. Aprovada pela Comissão Examinadora abaixo assinada.
José Tavares Araruna Júnior Orientador
Departamento de Engenharia Civil - PUC-Rio
Tácio Mauro Pereira de Campos Departamento de Engenharia Civil - PUC-Rio
Maria Isabel Pais da Silva Departamento de Química - PUC-Rio
Sérgio Tibana Universidade Estadual Norte Fluminense - UENF
José Eugênio Leal Coordenador Setorial do
Centro Técnico Científico - PUC-Rio
Rio de Janeiro, 18 de março de 2005
Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução total ou parcial do trabalho sem autorização da universidade, do autor e do orientador.
Laerte Júnior Baptista Engenheiro Civil formado pela Universidade Federal do Espírito Santo em fevereiro de 2000. Iniciou o mestrado em Engenharia Civil na PUC-Rio em março de 2003 desenvolvendo a dissertação na linha de pesquisa de geotecnia ambiental.
Ficha Catalográfica
Baptista, Laerte Júnior
Desenvolvimento de um sistema de dessorção térmica in situ para remediação de áreas contaminadas/ Laerte Júnior Baptista; orientador: José Tavares Araruna Júnior. – Rio de Janeiro: PUC, Departamento de Engenharia Civil, 2005.
v., 201 f.: il ;29,7 cm
1. Dissertação (mestrado) - Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Departamento de Engenharia Civil.
Incluí referências bibliográficas.
1. Engenharia Civil – Teses. 2. Dessorção térmica in situ. 3. Remediação. 4. Bastonete térmico. 5. Oxidador térmico. I. Araruna Júnior, José Tavares II Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Departamento de Engenharia Civil. III. Título
Aos meus queridos pais, Alaeth e Nilza, aos meus irmãos, Merinha, Rominho, Rosely e Lili, aos demais familiares, Jairo, Néia, Paulo, Renan, Laíse e Lara, e a
minha querida Cintia pelo apoio, confiança e paciência. Vocês foram o meu incentivo e o motivo para lutar e vencer mais esta etapa da minha vida.
Agradecimentos
Acima de tudo, agradeço ao meu Deus, por me abençoar e me dar o privilégio
de ser seu filho. Esta vitória só foi possível por que Ele permitiu, me capacitou
e investiu em mim. Pai, a Ti toda honra e toda glória.
Ao professor Araruna pelo apoio, orientação, dedicação e por acreditar que eu
seria capaz de desenvolver este estudo. Valeu professor, obrigado pela
confiança.
Ao grande amigo Patrício, por ser muito mais do que um colega de
apartamento. Obrigado pela sua amizade, ajuda e incentivo, saiba que levo
comigo uma grande gratidão por toda vida. Valeu esse Patrício.
Aos demais professores do Departamento de Engenharia Civil da PUC-Rio,
pelos ensinamentos transmitidos ao longo do curso de mestrado.
A professora Maria Isabel e demais funcionários do Laboratório de Catálise,
principalmente ao Henrique, pelas análises químicas realizadas.
A professora Roberta Ziolli e o Cassiano, pelas análises de determinação de
TPH.
Ao Jean do posto Ypiranga, pela cessão do óleo lubrificante usado.
Aos funcionários do Laboratório de Geotecnia e Meio Ambiente, Willian, “Seu”
Zé, Josué e Amaury, pela ajuda no desenvolvimento deste estudo.
Ao Geraldo e o Eduardo, da refrigeração, pela cessão e o auxílio na montagem
do condensador.
Aos funcionários do ITUC, principalmente ao Pascoal, pela cessão de peças
metálicas e auxílio na montagem da estrutura metálica do bastonete térmico.
A Vitor Hugo, pela montagem dos controladores de temperatura.
Aos demais amigos do apartamento 202 da rua dos Oitis, Júlio e José Roberto,
pela amizade e a convivência ao longo de dois anos. Vocês me passaram
ensinamentos diferentes da universidade e de igual valor e importância para
minha vida.
Aos amigos da pós-graduação, Flávio, Fábio, Cynthia, Ricardo, Michely,
Emiliana, Sabrina, Falabela, Marcelo, Júlio, Joabson, Ataliba, Juliana, Gisele,
Patrícia, Bello, Ciro, Rafael, Saré, Aldo e muitos outros, pela amizade, diversão
e pelos bons momentos juntos que por muitas vezes me fez esquecer as
dificuldades do curso e a distância da família e dos amigos. Em especial ao
Leandro e Alonso por todos os motivos citados e ainda por me receberem em
sua casa no período final dos meus trabalhos.
Aos grandes amigos de Vila Velha, Marquito, Gielton, Dudu, Ramon, Davdson
e Flávio, que mesmo longe nunca esqueceram de mim e sempre que voltava
para minha casa me recebiam e me davam um novo ânimo.
Aos amigos da Primeira Igreja Batista de Cobilândia, principalmente ao
Rodrigo, Rondinelli, Felipe, Márcio e Edson, pela amizade, e a certeza de que
sempre oraram por mim. Foram as orações de vocês que me sustentou e
guardou nestes dois anos na cidade do Rio de Janeiro.
Ao amigo Jaéder, grande incentivador de minha vida que sempre me motivou a
crescer e a buscar vôos cada vez mais altos.
A Capes, PRONEX e ANP pelo apóio financeiro.
Resumo
Baptista, Laerte Júnior; Araruna Júnior, José Tavares. Desenvolvimento de um sistema de dessorção térmica in situ para remediação de áreas contaminadas. Rio de Janeiro, 2005. 201p. Dissertação de Mestrado - Departamento de Engenharia Civil, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro.
O presente trabalho descreve o desenvolvimento de um sistema de
dessorção térmica aplicável a remediação de solos contaminados por
compostos orgânicos. O sistema consiste de um bastonete térmico capaz de
aquecer o solo através de um fluxo radial e de um oxidador térmico destinado
ao tratamento das emissões gasosas. Fazem parte do sistema, como
equipamentos acessórios, controladores de temperatura do tipo rampa
patamar, isolantes térmicos de fibra cerâmica, membranas plásticas e
amostradores de água e de gases. Estes últimos são utilizados para averiguar
a eficiência do oxidador térmico. O sistema desenvolvido atingiu aos objetivos
de projeto. O bastonete térmico foi capaz de aplicar temperaturas de até 600 ºC
seguindo trajetórias de temperatura programadas. O mesmo pode-se afirmar
do sistema de tratamento das emissões gasosas. O programa experimental
realizado em um solo residual de gnaisse, obtido de um talude rodoviário da
Rodovia Washington Luís, contaminado por óleo queimado, revelou que o
sistema desenvolvido é capaz de reduzir a concentração de compostos
orgânicos a um valor mínimo, bem abaixo dos limites estabelecido pelos
órgãos ambientais nacionais e estrangeiros. O programa expôs a importância
da aeração da matriz porosa durante o tratamento para impedir a formação de
coque. As determinações analíticas revelaram que as emissões gasosas
resultantes do aquecimento do solo residual contaminado com óleo queimado
tratam-se de parafinas de olefinas. A duração do ensaio bem como o projeto do
arranjo espacial da distribuição dos bastonetes em um sistema in situ de
remediação pode ser determinada através do emprego da formulação de
propagação de calor formulada por Stegemeier (1998).
Palavras-chave Dessorção Térmica In Situ; Remediação; Bastonete Térmico, Oxidador
Térmico.
Abstract Baptista, Laerte Júnior; Araruna Júnior, José Tavares (advisor). Development of an in situ thermal desorption system for the remediation of contaminated sites. Rio de Janeiro, 2005. 201p. MSc Dissertation - Departamento de Engenharia Civil, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro.
This dissertation refers to the development of an in situ system devised to
remediate soils contaminated with organic compounds. The system consists
basically of a thermal probe capable of heating the soil matrix through radial
flow and a thermal oxidizer that treats the resulting gases emissions. The
system clearly reached the design aims. The thermal probe consistently
programed temperatures up to 6000C to the soil matrix following applied thermal
paths. The thermal oxidizer was capable to heat gases emissions up to 9000C
under prolonged exposure. The experimental program was carried out using a
residual soil from gnaiss taken from a slope at Washington Luiz Roadway. This
soil was contaminated with used oil and submitted to a series of tests in order to
assess the efficiency of the system developed herein. The results suggest that
thermal desorption was able to reduce the degree of contamination to levels
well below the limits established by National and International Environmental
Agencies. The results also revealed the importance of aeration during the
process to avoid the formation of coke. Fingerprinting tests carried out on gases
emissions revealed that they were composed mainly by olefins and paraffins.
The design of an in situ system as well as the termination criteria for in situ
thermal desorption treatment might well be accomplished using the heat
propagation theory developed by Stegemeier (1998).
Keywords In Situ Thermal Desorption; Remediation; Thermal Well, Thermal
Oxidizer.
Sumário
1 Introdução 20
2 Revisão Bibliográfica 26
2.1. Introdução 26
2.2. Contaminantes Orgânicos 27
2.2.1. Características e Propriedades dos Hidrocarbonetos 30
2.3. Condução de Calor 34
2.3.1. Lei de Fourier 35
2.3.2. Fluxo de Calor nos Solos 37
2.4. Tecnologia das Remediações Térmicas In Situ 41
2.4.1. Injeção de Vapor – SEE 42
2.4.2. Aquecimento por Resistências Elétricas – ERH 46
2.5 Dessorção Térmica In Situ (DTIS) 48
2.5.1 Descrição do Processo de Dessorção Térmica 50
2.5.2 Sistemas de Captação e Tratamento de Gases 55
2.5.3 Custos e Vantagens do Processo de Dessorção Térmica In Situ 58
2.5.4 Descrição Matemática do Processo de Dessorção Térmica In Situ 60
3 Desenvolvimento do Sistema de DTIS 66
3.1 Considerações Iniciais 66
3.2 Componentes do Sistema de DTIS 67
3.2.1 Tanque de Tijolo Refratário 68
3.2.2 Bastonete Térmico 69
3.2.3 Controlador de Temperatura 79
3.2.4 Isolante Térmico 82
3.2.5 Isolante de Emissões Gasosas 84
3.2.6 Oxidador Térmico 86
3.2.7 Condensador 89
3.2.8 Separador de Líquidos 93
3.2.9 Câmara de Carvão Ativado 97
3.2.10 Bomba de Vácuo e Compressor de Ar 98
3.2.11 Sistema de Monitoramento e Aquisição de Dados 101
4 Avaliação dos Equipamentos e do Fluxo de Calor no Solo 103
4.1 Considerações iniciais 103
4.2 Caracterização do Solo 103
4.2.1 Descrição do Local de Coleta 103
4.2.2 Caracterização Geotécnica 105
4.2.3 Análises Mineralógicas 106
4.2.4 Análises Físico-Químicas 107
4.2.5 Ensaio de Compactação 108
4.2.6 Determinação da Permeabilidade 109
4.3 Análise do Fluxo de Calor 111
4.3.1 Determinação da Condutividade Térmica 111
4.3.2 Compactação do Solo no Tanque de Tijolo Refratário 116
4.3.3 Metodologia de Ensaio 121
4.3.4 Ensaio 01 – Análise de Fluxo de Calor Sem Injeção de Ar 126
4.3.5 Ensaio 02 – Análise de Fluxo de Calor Com Injeção de Ar 131
4.3.6 Determinação do Fluxo de Calor 135
4.4 Avaliação do Condensador 144
4.4.1 Metodologia de Ensaio 144
4.4.2 Ensaio 03 – Avaliação do Condensador Sem Fluxo de Água 146
4.4.3 Ensaio 04 – Avaliação do Condensador Com Fluxo de Água 148
5 Avaliação do Processo de Dessorção Térmica In Situ 150
5.1 Considerações Iniciais 150
5.2 Análises Químicas 150
5.3 Caracterização do Contaminante 151
5.3.1 Propriedades Físicas do Contaminante 154
5.4 Ensaios com Solos Contaminados 155
5.4.1 Metodologia de Ensaio 155
5.4.2 Ensaio 05 – Solo Residual de Caxias Contaminado 164
5.4.3 Ensaio 06 – Solo Residual de Caxias Contaminado 172
5.4.4 Ensaio 07 – Areia da Praia de Ipanema Contaminada 176
5.4.5 Análises Químicas 184
6 Conclusões e Sugestões para Trabalhos Futuros 187
6.1 Conclusões 187
6.2 Sugestões para Trabalhos Futuros 188
7 Referências Bibliográficas 190
Anexos 195
Anexo 1 Cromatografia Gasosa 195
Anexo 2 Espectrometria por Absorção Atômica 196
Anexo 3 Fluorescência de Raio-X 197
Anexo 4 TPH 199
Lista de tabelas
Tabela 1 – Classificação dos óleos com base na gravidade API. 32 Tabela 2 – Propriedades térmicas do solo (modificado de Mitchell, 1993). 38 Tabela 3 – Resumo das temperaturas vs profundidade, Steigemeier & Vinegar
(1995). 52 Tabela 4 – Percentual de n-hexadecano removido e quantidade residual desse
por camada de solo, Steigemeier & Vinegar (1995). 52 Tabela 5 – Mecanismos de remoção dos contaminantes vs temperatura (Baker
& Kuhlman, 2002). 56 Tabela 6 – Comparativo de preços entre diferentes técnicas de remediação
(Wood, 1997). 59 Tabela 7 – Propriedades da alumina refratária. 70 Tabela 8 – Série galvânica dos metais. 73 Tabela 9 – Especificações técnicas do bastonete térmico. 77 Tabela 10 – Custo estimado da montagem do bastonete térmico. 78 Tabela 11 – Especificações técnicas do controlador de temperatura Icon CNT
110. 80 Tabela 12 – Especificações técnicas das fibras cerâmicas (FiberFrax, 2003). 83 Tabela 13 – Especificações técnicas da manta asfáltica (Denver, 2004). 85 Tabela 14 – Especificações técnicas da bomba de vácuo marca Golsun modelo
0411. (Goldsun, 2003). 99 Tabela 15 – Especificações técnicas da bomba de vácuo marca HF modelo S4
(HF, 2000). 100 Tabela 16 – Especificações técnicas dos termopares tipo K. 102 Tabela 17 – Resumo da caracterização geotécnica. 105 Tabela 18 – Resumo das análises físico-químicas. 107 Tabela 19 – CTC (Grim, 1968) e Superfície Específica (Russel, 1973, Bohn et
al., 1979) dos principais argilominerais e frações silte e argila. 108 Tabela 20 – Resultados do ensaio de permeabilidade. 110 Tabela 21 – Condutividade térmica e índices físicos do solo residual de Caxias. 1
Tabela 22 – Dados para a compactação de cada camada. 120 Tabela 23 – Determinação do grau de compactação. 121
Tabela 24 – Índices médios da compactação do solo – Ensaio 01. 126 Tabela 25 – Temperaturas ambiente e externa ao bastonete térmico – Ensaio
01. 127 Tabela 26 – Localização dos termopares e variação dos índices – Ensaio 01. 129 Tabela 27 – Índices médios da compactação do solo – Ensaio 02. 131 Tabela 28 – Temperaturas ambiente e externa ao bastonete térmico – Ensaio
02. 132 Tabela 29 – Comparação entre os índices físicos da compactação nos dois
ensaios. 136 Tabela 30 – Variação do fluxo de calor em cada ponto de monitoramento. 137 Tabela 31 – Comparação entre as duas simulações de distribuição de
temperatura. 143 Tabela 32 –Análises químicas e suas aplicações. 150 Tabela 33 – Origem dos elementos metálicos no óleo lubrificante usado (Souza,
2003). 153 Tabela 34 – Propriedades físicas do óleo lubrificante usado. 154 Tabela 35 – Traço de metais refratários no óleo lubrificante usado. 155 Tabela 36 – Programação diária de funcionamento dos equipamentos do
sistema de DTIS. 163 Tabela 37 – Índices médios da compactação do solo – Ensaio 05. 165 Tabela 38 – Temperatura máxima atingida em cada ponto – Ensaio 05. 169 Tabela 39 – Índices médios da compactação do solo – Ensaio 06. 172 Tabela 40 – Temperatura máxima atingida em cada ponto, para cada estágio –
Ensaio 06. 174 Tabela 41 – Estimativa de custos para aplicação do processo de dessorção
térmica. 175 Tabela 42 – Caracterização geotécnica da areia da Praia de Ipanema. 176 Tabela 43 – Índices médios da compactação dos solos – Ensaio 07. 178 Tabela 44 – Temperatura máxima atingida em cada ponto, para cada estágio –
Ensaio 07. 181 Tabela 45 – Concentração dos compostos. 184 Tabela 46 – Fluorescência de raio-X – Ensaio 05. 185 Tabela 47 – Espectrometria por absorção atômica – Ensaio 05. 185 Tabela 48 – Análises de TPH. 186
Lista de figuras
Figura 1 – Esquema do destino de contaminantes orgânicos no ambiente
(adaptado de Sample et al., 2001)...............................................................28 Figura 2 – Seqüência para se atingir a vaporização. ..........................................28 Figura 3 – Relação entre temperatura e pressão de vapor (EPA, 1988). ...........29 Figura 4 – Mecanismos de transferência de calor (Incopera & Dewitt, 1998). ....35 Figura 5 – Transferência unidimensional de calor por condução (Incopera &
Dewitt, 1998)................................................................................................36 Figura 6 – Sistema de Injeção de Vapor SEE (Davis, 1998)...............................43 Figura 7 – Configuração típica de um sistema de aquecimento por resistência
elétrica ERH (Pope & Nienkerk, 2002). .......................................................47 Figura 8 – Controle das concentrações iniciais de PCB, Vinegar et al. (1997). ..50 Figura 9 – Cobertor térmico e bastonetes térmicos, TerraTherm (2001). ...........51 Figura 10 – Tratamento de uma área utilizando bastonetes térmicos em Portland
Indiana, (Shell Technology Ventures Inc, 2001) ..........................................53 Figura 11 – Arranjo hexagonal dos bastonetes térmicos, TerraTherm (2001). ...54 Figura 12 – Sistema de dessorção térmica in situ, TerraTherm (2001). .............55 Figura 13 – Química do tratamento de oxidação (TerraTherm, 1999). ...............57 Figura 14 – Sistema de dessorção térmica in situ, TerraTherm (2001). .............67 Figura 15 – Dimensões da tanque de tijolo refratário..........................................68 Figura 16 – Tanque de tijolo refratário.................................................................69 Figura 17 – Sistema de aquecimento do bastonete térmico. ..............................71 Figura 18 – Sistema de aquecimento da bastonete térmico. ..............................71 Figura 19 – Processo de zincagem, revestimento do zinco a superfície do aço. 72 Figura 20 – Tubo de aço galvanizado para concretagem no tubo de alumina
refratária. .....................................................................................................73 Figura 21 – Detalhe dos tubos de latão colados no tubo de aço galvanizado. ...74 Figura 22 – Adaptador de latão. ..........................................................................74 Figura 23 – Concretagem do tubo de aço galvanizado no tubo de alumina
refratário. .....................................................................................................75 Figura 24 – Acabamento do bastonete térmico...................................................75 Figura 25 – Bastonete térmico – dimensões. ......................................................76
Figura 26 – Bastonete térmico.............................................................................76 Figura 27 – Caixa do bastonete térmico..............................................................78 Figura 28 – Controlador de temperatura do bastonete térmico...........................79 Figura 29 – Controlador de temperatura – Incon CNT 110. ................................80 Figura 30 – Controlador de potência – Vista superior. ........................................81 Figura 31 – Controlador de potência – Vista lateral. ...........................................82 Figura 32 – Fibra cerâmica..................................................................................82 Figura 33 – Condutividade térmica das mantas de fibra cerâmica (FiberFrax,
2003)............................................................................................................83 Figura 34 – Fibra cerâmica cortada pronta para o uso no tanque de tijolo
refratário. .....................................................................................................84 Figura 35 – Manta asfáltica utilizada como isolante das emissões gasosas.......85 Figura 36 – Gabarito de madeira para fixação da manta asfáltica. .....................85 Figura 37 – Gabarito de madeira fixado sobre a manta e o tanque de tijolo
refratário. .....................................................................................................86 Figura 38 – Oxidador térmico desenvolvido por Pires (2004). ............................86 Figura 39 – Parte externa do oxidador térmico. ..................................................87 Figura 40 – Parte interna do oxidador térmico. ...................................................87 Figura 41 – Controlador de temperatura do oxidador térmico.............................88 Figura 42 – Avaliação do oxidador térmico, Pires (2004)....................................89 Figura 43 – Condensador – Vista frontal e lateral. ..............................................90 Figura 44 – Sistema de alimentação e captação de água do condensador........92 Figura 45 – Condensador – Vista frontal. ............................................................92 Figura 46 – Condensador – Vista lateral. ............................................................93 Figura 47 – Tampa do separador de líquidos......................................................94 Figura 48 – Sistema de captação do separador de líquidos. ..............................95 Figura 49 – Separador de líquidos – Vista frontal e lateral..................................96 Figura 50 – Separador de líquidos – (a) Vista frontal, (b) Vista lateral................96 Figura 51 – Câmara de carvão ativado. ..............................................................97 Figura 52 – Câmara de carvão ativado. ..............................................................97 Figura 53 – Câmara de carvão ativado com corte apresentando o adaptador. ..98 Figura 54 – Adaptador da câmara de carvão ativado..........................................98 Figura 55 – Bomba de vácuo marca Goldsun modelo 0411. ..............................99 Figura 56 – Bomba de vácuo marca HF modelo S4..........................................100 Figura 57 – Multi-timer digital marca Icel modelo TI-10.....................................101 Figura 58 – Termopares tipo K. .........................................................................101
Figura 59 – Data logger marca Almeno, modelo 2290. .....................................102 Figura 60 – Vista aérea da área onde as amostras foram coletadas, Duque de
Caxias – RJ. ..............................................................................................104 Figura 61 – Coleta da amostra de solo..............................................................104 Figura 62 – Curva de distribuição granulométrica. ............................................106 Figura 63 – Difratômetro de raios X marca Siemens modelo D500. .................106 Figura 64 – Difratograma de raios X..................................................................107 Figura 65 – Curva de compactação e saturação – Proctor Normal...................109 Figura 67 – Variação do volume com o tempo – Determinação da vazão. .......110 Figura 68 – Esquema da sonda térmica............................................................112 Figura 69 – Sonda térmica e Data-logger..........................................................113 Figura 70 – Molde de compactação (Duarte, 2004). .........................................113 Figura 71 – Variação da condutividade térmica em função da umidade...........115 Figura 72 – Variação da condutividade térmica em função do grau de saturação.1
Figura 73 – Soquete de compactação...............................................................117 Figura 74 – Camadas de compactação do solo no tanque de tijolo refratário. .118 Figura 75 – Gabarito para auxilio da compactação do solo. .............................119 Figura 76 – Nivelamento das guias. ..................................................................119 Figura 77 – Compactação do solo no tanque de tijolo refratário. ......................120 Figura 78 – Localização dos termopares no tanque de tijolo refratário.............122 Figura 79 – Hastes inseridas no tanque de tijolo refratário durante a
compactação. ............................................................................................123 Figura 80 – Colocação da manta de fibra cerâmica sobre o solo compactado. 123 Figura 81 – Colocação da manta asfáltica sobre o tanque de tijolo refratário...124 Figura 82 – Sistema para análise de fluxo de calor...........................................125 Figura 83 – Variação do consumo de energia – Ensaio 01...............................127 Figura 84 – Comportamento da temperatura nos pontos de monitoramento –
Ensaio 01...................................................................................................128 Figura 85 – Água retida no final do ensaio 01. ..................................................130 Figura 86 – Superfície do solo no final do ensaio 01.........................................130 Figura 87 – Variação do consumo de energia – Ensaio 02...............................132 Figura 88 – Comportamento da temperatura nos pontos de monitoramento –
Ensaio 02...................................................................................................133 Figura 89 – Comportamento da temperatura no solo a partir de 60 horas de
ensaio – Ensaio 02. ...................................................................................134 Figura 90 – Variação do fluxo de calor em função do raio. ...............................137
Figura 91 – Variação de ∆T em função do raio. ................................................138 Figura 92 – Projeção da temperatura em função do raio. .................................139 Figura 93 – Nova projeção da temperatura em função do raio. ........................141 Figura 94 – Distribuição da temperatura no solo...............................................142 Figura 95 – Simulação II da distribuição da temperatura no solo......................143 Figura 96 – Sistema para análise do condensador. ..........................................145 Figura 97 – Válvula esférica para controle da vazão.........................................146 Figura 98 – Temperaturas em função do tempo – Ensaio 03 – 8:00 horas. .....147 Figura 99 – Temperaturas em função do tempo – Ensaio 03 – 17:00 horas. ...147 Figura 100 – Temperaturas em função do tempo – Ensaio 04. ........................149 Figura 101 – Nova localização dos termopares no tanque de tijolo refratário...156 Figura 102 – Esquema do sistema de dessorção térmica desenvolvido...........157 Figura 103 – Tubulação para condução das emissões gasosas até o
condensador. .............................................................................................158 Figura 104 – Colocação dos tubos perfurados para captação das emissões. ..159 Figura 105 – Fixação da tubulação para captação das emissões gasosas. .....160 Figura 106 – Oxidador térmico. .........................................................................160 Figura 107 – Condensador. ...............................................................................161 Figura 108 – Separador de líquidos, câmara de carvão ativado e bomba de
vácuo. ........................................................................................................162 Figura 109 – Bancada externa de trabalho. ......................................................164 Figura 110 – Mistura de solo contaminado com óleo lubrificante usado...........165 Figura 111 – Resistência do bastonete térmico queimada................................166 Figura 112 – Novo bastonete térmico após a troca da resistência queimada...167 Figura 113 – Variação do consumo energético – Ensaio 05. ............................168 Figura 114 – Comportamento da temperatura nos pontos de monitoramento –
Ensaio 05...................................................................................................169 Figura 115 – Carbonização do solo nas proximidades do bastonete térmico. ..170 Figura 116 – Aspecto visual do solo retirado das camadas inferiores – Ensaio
05...............................................................................................................171 Figura 117 – Aspecto visual do líquido coletado no ensaio 05..........................171 Figura 118 – Variação do consumo energético – Ensaio 06. ............................173 Figura 119 – Comportamento da temperatura nos pontos de monitoramento –
Ensaio 06...................................................................................................174 Figura 120- Aspecto visual da superfície do solo – Ensaio 06. .........................175 Figura 121 – Curva de distribuição granulométrica da areia da Praia de
Ipanema.....................................................................................................176 Figura 122 – Aspecto visual da areia da Praia de Ipanema (a) antes e (b) depois
da contaminação. ......................................................................................177 Figura 123 – Camadas de solo compactado – Ensaio 07. ................................178 Figura 124 – Orifícios na camada superior para a passagem das emissões
gasosas. ....................................................................................................179 Figura 125 – Variação do consumo energético – Ensaio 07. ............................180 Figura 126 – Comportamento da temperatura nos pontos de monitoramento –
Ensaio 07...................................................................................................180 Figura 127 – Fraturas na camada superior. ......................................................182 Figura 128 – Aspecto visual da camada de areia de Praia de Ipanema. ..........183 Figura 129 – Equipamento de medição de TPH – TOG/TPH Analyzer.............201
Uns confiam em carros e outros em cavalos, mas nós faremos menção
do nome do Senhor nosso Deus.
Sl 20.7
1 Introdução
Durante o século XX, a humanidade passou pelas maiores transformações
já registradas, a população praticamente dobrou e a revolução industrial, embora
surgida no século XIX, foi neste século que ganhou força principalmente na
segunda metade onde o avanço tecnológico teve grande influência.
O rápido crescimento da população por todo o planeta resultou na
necessidade de quantidades cada vez maiores de combustíveis,
desenvolvimento da indústria química e farmacêutica, de fertilizantes e
pesticidas para sustentar e melhorar a qualidade de vida. Embora muitas dessas
substâncias químicas sejam utilizadas ou destruídas, um grande percentual é
lançado na atmosfera, água e solo, representando um risco potencial para o
meio ambiente e conseqüentemente um risco para a vida humana.
A poluição se tornou inaceitável para a sociedade, aumentando a
preocupação com os seus efeitos sobre o meio ambiente. Preocupações com a
qualidade do ar e das águas são antigas, mas as preocupações com solos
contaminados só foram evidentes no final da década de 70. Infelizmente é
impossível reverter todos os danos causados ao ambiente utilizando técnicas de
remediação. As estratégias modernas de gestão ambiental têm dado ênfase à
minimização de resíduos, reciclagem e remediação em preferência à disposição
dos resíduos no meio ambiente.
O relatório de áreas contaminadas no estado de São Paulo, publicado pela
CETESB em maio de 2002, nos dá um retrato da situação do subsolo de umas
das regiões mais industrializadas do país. Dos 255 casos registrados, 60% estão
relacionados à contaminação por combustíveis (gasolina e diesel), 15% a
solventes clorados, 5% a solventes orgânicos não clorados e 3% a
hidrocarbonetos poliaromáticos. Os outros casos envolvem pesticidas e metais
pesados.
Das 153 áreas contaminadas por combustíveis, 24% não definiram
nenhum processo de remediação (135 são provenientes de postos de gasolina),
nas outras 76% estão sendo empregadas como técnicas de remediação das
águas subterrâneas (bombeamento e tratamento 44%, remoção da fase livre
16%).
Capítulo 1 - Introdução 21
No caso da contaminação por solventes clorados, a situação é ainda mais
crítica, somente em 29% dos casos foi proposta alguma técnica de remediação.
Também para solventes clorados a técnica mais utilizada foi bombeamento e
tratamento. Um ponto muito importante que deve ser considerado na escolha da
técnica, não é somente o percentual de eficiência do método e sim a quantidade
de contaminante que permanece no ambiente sem causar nenhum risco ao
ambiente e a saúde humana. Muitos são os casos em que o método remove ou
destrói a maior parte dos contaminantes presentes no meio. Contudo, deve ser
observado se o contaminante que não foi removido ou o produto de reação
formado durante o processo de remediação continua oferecendo risco a saúde
humana.
Conforme o relatório das áreas contaminadas no estado de São Paulo,
CETESB (2002), os combustíveis (gasolina e diesel) são responsáveis pela
maior parte, 60%, da contaminação do sub-solo. No mundo todo, o petróleo e
seus derivados são os principais poluentes do ambiente, juntamente com os
metais pesados, hidrocarbonetos clorados e compostos altamente voláteis
(Patin, 1982). Isto se justifica em função da grande utilização do ambiente
marinho pela indústria petrolífera, seja pela produção off-shore ou pelo
transporte marítimo de óleo cru e derivados.
Os vazamentos considerados normais no processo de transporte marítimo
correspondem à cerca de 98% das perdas totais de petróleo e derivados,
enquanto que as perdas acidentais se referem aos 2% restantes. A liberação
acidental de óleo por petroleiros contribui com o lançamento de,
aproximadamente, 400.000 toneladas/ano, sendo que cerca de 70% dos casos
ocorre durante as operações de carga e descargas dos navios nos portos e
terminais petrolíferos (IPIECA, 1991).
A partir da década de 60, vários casos de derramamento de petróleo
causaram grandes impactos ao meio ambiente. Os derrames de petróleo são
considerados como grandes agressores ambientais do mar e do litoral. No Brasil,
o primeiro grande derrame de petróleo ocorreu em São Sebastião – SP, em
1974 quando vazou cerca de 6.000 toneladas de óleo. O maior derramamento
de petróleo já registrado no Brasil ocorreu em São José dos Pinhais – PR, na
refinaria Presidente Getúlio Vargas, em julho de 2000. Nesta ocasião, cerca de
4,24 bilhões de m³ de óleo vazaram causando um dos maiores acidentes
ambientais do Brasil.
Um contaminante derivado do petróleo, que vem contribuindo para a
contaminação do sub-solo e também dos rios e mares é o óleo lubrificante
Capítulo 1 - Introdução 22
usado. Os óleos lubrificantes são derivados de petróleo sintéticos ou não,
empregados em fins automotivos ou indústrias, que após os períodos de uso
recomendados pelos fabricantes dos equipamentos, deterioram-se parcialmente,
formando compostos como ácidos orgânicos, aromáticos polinucleares
potencialmente carcinogênicos, resinas, lacas e adquirem outros contaminantes,
sendo necessário trocá-los. Surge, então o popularmente denominado ”óleo
queimado”, mundialmente considerado como produto perigoso, por ser tóxico e
apresenta grande potencial de risco ao meio ambiente e à saúde pública.
Levados pelas águas das chuvas, quando despejados no solo, que
também fica contaminado, até riachos e rios, terminando no mar, sempre
ocasionam danos irreparáveis. Um litro de lubrificante usado forma um filme,
com espessura de mícrons, numa área de mil metros quadrados, impedindo a
oxigenação da água, a entrada da luz e danificando a vida aquática. Estudos
recentes mostram que apenas um litro de lubrificante usado contamina a
potabilidade de um milhão de litros de água, elemento cada vez mais escasso.
Sabe-se, hoje, que menos de um por cento da água em nosso planeta é potável
e que, devido à poluição, tal recurso vital está diminuindo ou desaparecendo em
diversas regiões.
A queima de lubrificantes usados, em maçaricos de fundições e outras
atividades industriais, é outra modalidade de crime ambiental, pois lança metais
pesados e dioxina na atmosfera, elementos causadores de câncer, que
prejudicam a saúde de todos os que se encontram nas redondezas.
Como exemplo do mau uso do óleo usado cita-se fato ocorrido na Bélgica,
em 1999, onde foi constatada a presença de dioxina na carne de frango e nos
derivados lácteos, o que fez com que todas as exportações destes produtos
fossem suspensas. O prejuízo foi grande. Todos os países, mesmo os vizinhos
da Comunidade Européia e o próprio Brasil, interromperam as compras dos
produtos belgas onde foi detectada a contaminação. As investigações
concluíram que a dioxina provinha da ração, em cuja fabricação haviam sido
misturados, também, óleos usados em motores, ao invés de óleos de origem
vegetal.
No Estado de São Paulo são jogados, por ano, no ambiente 28 milhões de
litros de óleo lubrificante usado ou contaminado, segundo Nilton Torres Bastos,
presidente do Sindirrefino (Sindicato Nacional da Industria de Rerrefino de Óleos
Minerais). Dos 280 milhões de litros de óleo lubrificante consumidos anualmente
no Estado, 30% (84 milhões de litros por ano) podem ser rerrefinados
(reciclados), o resto se incorpora ao produto final ou se perde nos processos.
Capítulo 1 - Introdução 23
A reciclagem, entretanto, só atinge 20% da produção, ou seja, 10% (28
milhões de litros) são descartados no ambiente de forma irregular. As
conseqüências são a contaminação de mananciais, do lençol freático e do ar
(quando há queima do óleo). Além de comprometer o abastecimento e o
equilíbrio dos ecossistemas, o óleo tem em sua composição metais pesados
como o níquel, cádmio e chumbo, de alto teor carcinogênico.
Por ser menos denso que a água, o óleo forma uma camada superficial
que dificulta as trocas de oxigênio com o ambiente, podendo causar mortes na
fauna e na flora. Quando jogado na rede coletora de esgoto, o óleo diminui o
rendimento do tratamento dos efluentes, aumentando a carga de poluentes
lançado nos rios. O descarte irregular de óleo lubrificante usado ainda não
causou tragédias ambientas de grande porte no país. O problema é que o
produto é jogado no ambiente em pequenas quantidades, mas constantemente.
A legislação brasileira obriga à coleta de todos os óleos usados, a qual só
podem ser realizadas por empresas credenciadas pela ANP, e devidamente
licenciadas pelos órgãos de proteção ambiental do Estado onde são gerados. E,
como os lubrificantes usados são produtos perigosos, por apresentarem
toxidade, conforme a NBR 10.004 e a Resolução CONAMA 9/93, é crime
ambiental não só descartá-lo na natureza, como também comercializar, fornecer,
transportar, queimá-lo ou dar outro destino que não a reciclagem através do
rerrefino. Tais crimes estão capitulados na Lei nº 9.605/98, Seção III, Artigos 54
e 56, bem como no Decreto Federal nº 3.179, Seção III, Artigos 41 e 43.
O Brasil não dispõe de uma estrutura legal ambiental eficiente para regular
projetos que envolvem a remediação de solos e águas subterrâneas. É de
domínio público que a Legislação Brasileira (Resolução CONAMA 20/86)
contempla somente padrões de qualidade para água. No que diz respeito às
substâncias que devem ser monitoradas somente a quantidade de fenóis e de
surfactantes são regulamentadas. Todas as outras substâncias orgânicas,
comprovadamente nocivas ao ambiente e aos seres vivos não foram ainda
regulamentadas. Cabe ao órgão fiscalizador utilizar o bom senso e as normas
internacionais como as da Agência Americana de Proteção Ambiental e a do
Ministério de Planejamento Territorial e Meio Ambiente da Holanda para definir
os níveis de descontaminação que devem ser alcançados. Também é
responsabilidade da sociedade, principalmente a comunidade científica, sugerir e
monitorar as ações tomadas pelos órgãos fiscalizadores e empresa.
O desenvolvimento relativamente recente de diversas técnicas de
remediação contribuiu para aumentar as alternativas de tratamento in situ e ex
Capítulo 1 - Introdução 24
situ de áreas contaminadas. Porém, devido à falta de parâmetros definidos por
lei os projetos de remediação no país sofrem incertezas técnicas extremas, além
de esbarrarem nos custos, relativamente altos, como mostra a literatura
disponível sobre projetos de descontaminação de solos e/ou águas
subterrâneas.
Os objetivos deste trabalho são desenvolver um bastonete térmico para
aplicá-lo como fonte de aquecimento no processo de dessorção térmica in situ,
desenvolver o sistema de tratamento das emissões gasosas geradas no
processo de dessorção térmica, avaliar o fluxo de calor em meios porosos e
avaliar a eficiência do sistema de tratamento em solos contaminados por
hidrocarbonetos. Estes estudos fazem parte da linha de pesquisa na área de
geotecnia ambiental, seguida na Pontifícia Universidade Católica do Rio de
Janeiro, que vem, nos últimos anos, apresentando um grande desenvolvimento.
Neste novo trabalho foram desenvolvidos novos equipamentos e
avaliados, simulando as condições in situ, a eficiência para remediar solos
contaminados por hidrocarbonetos, bem como melhorar os equipamentos
desenvolvidos por trabalhos anteriores. Vale ressaltar que este trabalho foi
desenvolvido no laboratório de Geotecnia e Meio Ambiente da PUC-Rio, em um
modelo reduzido. Porém, será possível obter parâmetros para uma aplicação em
campo compreendendo grandes áreas.
Este trabalho foi divido em mais seis capítulos além da presente introdução
que corresponde ao capítulo 1. Estes capítulos são brevemente descritos a
seguir:
O capítulo 2, Revisão bibliográfica, apresenta uma revisão bibliográfica
envolvendo tópicos relevantes à pesquisa desenvolvida. Além da descrição da
técnica de dessorção térmica, apresentando o seu funcionamento bem como
suas vantagens em relação às outras técnica, são discutidos assuntos
importantes como a contaminação por compostos orgânicos, o comportamento
do fluxo de calor no solo e a tecnologia das remediações térmicas in situ.
O capítulo 3, Desenvolvimento do sistema de dessorção térmica in situ,
apresenta o desenvolvimento dos equipamentos que compõem o sistema de
dessorção térmica in situ, principalmente o bastonete térmico. Os equipamentos
foram desenvolvidos buscando uma série de características desejadas.
O capítulo 4, Avaliação dos equipamentos e do fluxo de calor no solo,
descreve os ensaios realizados nos equipamentos para avaliar a eficiência
individual e coletiva dos equipamentos, além de uma série de estudos referentes
a análises do fluxo de calor no solo. Estas análises são extremamente
Capítulo 1 - Introdução 25
importantes, pois fornecerão parâmetros para ensaios com solos contaminados
e para futuras aplicações em campo.
O capítulo 5, Avaliação do processo de dessorção térmica in situ, avalia
todo o sistema de dessorção térmica in situ desenvolvido através de uma série
de ensaios com solos contaminados por hidrocarbonetos. Neste capítulo foi
avaliada, principalmente, a eficiência do sistema de tratamento das emissões
gasosas desenvolvido, pois a capacidade de aquecimento do bastonete térmico
já fora comprovado no capítulo anterior.
O capítulo 6, Conclusões e sugestões, apresentam as conclusões deste
trabalho e as sugestões para futuros trabalhos que darão seqüência a esta linha
de pesquisa.
Por fim, as Referências bibliográficas listam os materiais consultados para
o desenvolvimento desta dissertação.
2 Revisão Bibliográfica
2.1. Introdução
Este capítulo apresenta uma revisão bibliográfica envolvendo tópicos
relevantes a pesquisa desenvolvida. Para um melhor entendimento da utilização
da dessorção térmica como técnica de remediação, é de extrema importância o
conhecimento de vários assuntos que darão suporte para um bom entendimento
de como o aquecimento do meio físico pode ser utilizado como processo de
remediação.
Inicialmente será apresentado um relato da situação da contaminação do
meio-ambiente por compostos orgânicos. Serão apresentadas algumas
características físico-químicas bem como o comportamento desses
contaminantes sob efeito da temperatura. Adicionalmente, será apresentado um
estudo sobre as características e propriedades dos hidrocarbonetos de petróleo.
A condução de calor nos solos também terá um item à parte apresentando
fundamentos teóricos que governam o fluxo de calor nos solos, bem como as
suas propriedades térmicas.
Por fim, serão apresentadas as diversas tecnologias de remediações
térmica in situ existentes, em especial a dessorção térmica in situ, apresentando
o seu funcionamento bem como uma comparação com os demais métodos de
remediação.
Capítulo 2 - Revisão Bibliográfica 27
2.2. Contaminantes Orgânicos
O último século foi marcado pela introdução de uma série de novas
substâncias orgânicas no meio ambiente. Normalmente, átomos de carbono e
outros componentes elementares dessas moléculas foram sendo reciclados
através da transformação microbiana. Porém, muitas dessas substâncias
químicas são muito persistentes quando lançadas no ambiente. Os Poluentes
Orgânicos Persistentes (POPs) são substâncias persistentes que se
bioacumulam e representam risco à saúde humana e ambiental (Mesquita,
2004). É amplamente aceito que o uso de substâncias tóxicas, persistentes e
que bioacumulam, não pode ser considerado uma prática sustentável (Mesquita,
2004). Porém, por diferentes razões sociais e econômicas essas substâncias
ainda estão em uso e/ou são lançadas no meio ambiente.
Existem evidências da capacidade dessas substâncias serem
transportadas para regiões onde nunca foram usadas ou produzidas, colocando
em risco todo o planeta (Mesquita, 2004). A comunidade internacional tem se
mobilizado para que sejam tomadas ações globais urgentes a fim de reduzir e
eliminar o lançamento dessas substâncias.
O possível destino dos contaminantes orgânicos e seus metabólitos no
meio ambiente incluem a volatilização, biodegradação, transferência para
organismos, ligações entre as partículas do solo e percolação para o lençol
freático, conforme ilustra a Figura 1. As interações solo-contaminante ocorrem
através de vários tipos de forças interativas, como dipolo-dipolo, dipolo/dipolo-
induzido e pontes de hidrogênio. Segundo Pignatello et al. (1998), a matéria
orgânica presente no solo é considerada o fator dominante da interação entre o
solo e o contaminante orgânico.
Um dos principais problemas causado pelos POPs está relacionado à
propriedade lipofílica dos compostos, fazendo com que eles se acumulem nos
tecidos adiposos de animais e seres humanos. A concentração deles também
vai aumentando à medida que se aproximam do topo da cadeia alimentar. Por
serem semivoláteis podem ser transportados por milhares de quilômetros,
depositando-se em áreas onde essas substâncias nunca foram utilizadas.
Connell (1988) sugere que os POPs podem também se acumular no sedimento
e lentamente mover-se para corpos d’água, afetando conseqüentemente os
animais que retiram seus alimentos dessas áreas.
Capítulo 2 - Revisão Bibliográfica 28
Figura 1 – Esquema do destino de contaminantes orgânicos no ambiente (adaptado de
Sample et al., 2001).
Para um melhor entendimento de como o processo de aquecimento pode
ser usado como técnica de remediação, é necessário que se entenda as
propriedades dos contaminantes, antes de tratá-los. Para uma boa remediação,
os efeitos da temperatura não dependem somente das propriedades dos
contaminantes, mas também de mecanismos limitadores para taxa de remoção
do contaminante.
As propriedades físico-químicas dos contaminantes orgânicos que
influenciam no fluxo são: densidade, viscosidade, pressão de vapor, solubilidade
e constante dielétrica. As interações dos contaminantes com outras fases são
feitas através de adsorção/dessorção e de interações capilares.
Para se atingir a vaporização, os contaminantes obedecem à seqüência
descrita na Figura 2.
Figura 2 – Seqüência para se atingir a vaporização.
Capítulo 2 - Revisão Bibliográfica 29
Para contaminantes orgânicos voláteis (combustíveis e solventes
clorados), com o aumento de temperatura a pressão de vapor cresce conforme
demonstra a Figura 3, aumentando a taxa de solubilidade e dissolução,
diminuindo desta forma a adsorção do mesmo na matriz do solo, aumentando
assim a razão de difusão. Já para os contaminantes semi-voláteis e não voláteis
(creosoto, piches, dentre outros) o aumento de temperatura também faz com que
a pressão de vapor também aumente, decrescendo também as tensões
interfaciais e aumentando desta maneira a permeabilidade relativa destes tipos
de compostos.
Para conseguir uma boa remediação utilizando a técnica de aquecimento é
extremamente importante atingir a pressão de vapor e aumentar a taxa de
vaporização. O efeito da temperatura na solubilidade depende do composto
químico em questão, sendo que normalmente a pressão de vapor cresce com a
temperatura, conforme sugere a Figura 3. Geralmente, quando um composto
químico é aquecido, a sua densidade diminui, sendo a sua pressão de vapor
aumentada. Sua adsorção na fase sólida ou matéria orgânica sofre um
decréscimo e sua difusão molecular na fase aquosa e gasosa é aumentada.
Conforme Duarte (2004), recentes estudos têm mostrado que o coeficiente de
difusão em líquidos é proporcional à temperatura.
O processo de difusão dos gases é muito maior do que dos líquidos, já a
viscosidade de gases é aproximadamente duas ordens de magnitudes menores
que a viscosidade de líquidos. A conversão de um líquido em um gás irá
aumentar a sua mobilidade, conseqüentemente facilitando a sua remoção.
Figura 3 – Relação entre temperatura e pressão de vapor (EPA, 1988).
Capítulo 2 - Revisão Bibliográfica 30
Num solo, quanto maior a quantidade de matéria orgânica do solo, torna-se
mais difícil de se retirar o contaminante, até mesmo com aquecimento. Quanto
menor o teor de matéria orgânica, maior será a quantidade de contaminante nas
fases líquida e gasosa (Duarte, 2004).
Contaminantes com menores pontos de ebulição geralmente têm maior
pressão de vapor (Duarte, 2004). Para compostos com alto ponto de ebulição,
quando estão sendo tratados dentro de solos argilosos, a adição de calor como
parte do processo de remediação irá aumentar significativamente a volatilização
com o processo de extração de vapor.
Nos contaminantes oleosos a mais significativa melhoria que o
aquecimento proporciona é a redução da viscosidade na fase oleosa.
2.2.1. Características e Propriedades dos Hidrocarbonetos
O petróleo é uma mistura líquida complexa de diversos compostos,
incluindo hidrocarbonetos, compostos de oxigênio, enxofre e nitrogênio, assim
como de metais como vanádio e níquel de sais minerais, etc. A grande maioria
(cerca de 75%) dos compostos do petróleo é constituída de hidrocarbonetos.
(crus) e produtos refinados.
• Composição Química dos Hidrocarbonetos
Os crus diferem bastante na sua composição, podendo apresentar uma
gama alargada de propriedades, enquanto que os produtos refinados são
controlados, sendo muitas vezes enriquecidos com determinados compostos,
como as olefinas que se formam durante o craqueamento. Assim, os produtos
refinados passam a ter características bem definidas.
Os hidrocarbonetos podem ser agrupados em cinco categorias diferentes,
consoante a sua composição química: alcanos ou parafinas, naftênicos ou
ciclanos, aromáticos, alcenos de olefinas, asfaltenos e resinas. Os alcanos são
hidrocarbonetos estáveis e saturados que apresentam ligações C-C simples,
com a estrutura-tipo CnH2n+2. São também conhecidos por parafinas, sendo o
principal constituinte do petróleo dependendo da origem. Os naftênicos são
também compostos orgânicos saturados, contudo apresentam terminais ligados
numa estrutura anelar, sendo a sua fórmula geral: CnH2n. São insolúveis na
água.
Capítulo 2 - Revisão Bibliográfica 31
Os hidrocarbonetos saturados (tanto os alcanos como as naftênicos) de
menor peso molecular (< C18) são os componentes mais passíveis de dispersão
dos óleos, enquanto que as maiores moléculas saturadas (ceras) podem
provocar anomalias nos processos de evaporação, dispersão e emulsificação.
Os compostos orgânicos aromáticos são caracterizados por possuírem pelo
menos um anel benzênico na sua estrutura. Os pequenos aromáticos (um ou
dois anéis) são solúveis na água, sendo também rapidamente evaporáveis, ao
contrário dos maiores aromáticos com mais de dois anéis que não apresentam
nenhuma das características referidas anteriormente.
Os aromáticos de baixo ponto de ebulição são responsáveis pela
toxicidade da maior parte dos óleos, sendo os aromáticos de elevado ponto de
ebulição suspeitos de provocarem cancro e de serem venenos persistentes.
Os alcenos são compostos não-saturados, que possuem pelo menos uma
ligação dupla entre átomos de carbono, com a seguinte fórmula geral: CnH2n.
Estes compostos encontram-se nos produtos refinados. Os asfaltenos são
compostos com elevados pesos moleculares e definição imprecisa. Contêm
enxofre, nitrogênio e oxigênio, podendo também estar associados a metais como
o níquel e cádmio. Não sofrem evaporação, degradação ou dispersão
significativa, contribuindo para a formação de emulsões água-no-óleo estáveis
quando em percentagens superiores a 3%.
O conteúdo sulfuroso num petróleo bruto é importante por diversas razões.
Processos como o craqueamento catalítico e antes da cadeia de refino são
afetados por elevados conteúdos de enxofre (Fernandes, 2001). Durante um
derrame de óleo, o conteúdo sulfuroso torna-se uma preocupação para o
pessoal da limpeza, por questões de saúde e segurança (Fernandes, 2001).
Geralmente, a queima de óleos com elevado teor de enxofre podem liberar
níveis perigosos de SO (Fernandes, 2001).
Benzeno, tolueno, etilbenzeno, xilenos (BTEX) e alquil-benzenos são os
compostos aromáticos voláteis mais comuns no petróleo. Estes são a fração
mais móvel e solúvel dos produtos petrolíferos, e como tal, freqüentemente
penetram no solo, sedimentos e águas superficiais devido a determinados
acidentes. BTEX são compostos carcinogênicos e neurotóxicos, sendo os
principais poluentes resultantes de derrames de produtos petrolíferos.
O teor em metais pode fornecer informações importantes acerca da origem
dos óleos. Os principais elementos metálicos encontrados são o níquel, vanádio,
ferro e cobre. O níquel e vanádio têm efeitos prejudiciais nos catalisadores
usados nos processos de craqueamento e dessulfurização.
Capítulo 2 - Revisão Bibliográfica 32
• Propriedades Físico-químicas dos Hidrocarbonetos
A densidade é definida como a massa por unidade de volume de uma
substância. É freqüentemente apresentada para os óleos em g/ml ou g/cm3, ou
ainda em kg/m3. O óleo flutuará na água caso a sua densidade seja inferior à
densidade da água. Alguns crus e óleos combustíveis residuais podem
apresentar densidades superiores a 1.0 g/cm3, e o seu comportamento
dependerá da salinidade e temperatura da água.
Para além da densidade do óleo depender da temperatura do mesmo, ela
também aumenta após o derrame, devido à evaporação das frações voláteis
(menos densas). Após evaporação considerável, a densidade de alguns óleos
pode mesmo aumentar o suficiente para que estes se afundem na coluna de
água.
A gravidade específica e a gravidade API (American Petroleum Institute)
são propriedades relacionadas com a densidade e que são freqüentemente
utilizadas. A gravidade específica (ou densidade específica) é a razão entre a
densidade do óleo e a densidade da água pura, a uma dada temperatura. A
gravidade API é mais freqüentemente utilizada na indústria petrolífera do que a
densidade, e refere-se a uma temperatura de 15º C, sendo calculada conforme a
Equação 1.
5,131)º15(
5,141)( −=CspecíficaGravidadeE
PIGravidadeA o eq. (1)
Geralmente, os preços dos produtos petrolíferos são baseados na
gravidade API, sendo que aqueles que apresentam valores API mais elevados
(e, portanto menores densidades) são, geralmente, mais caros. Os óleos podem
também ser agrupado consoante a sua gravidade ºAPI, conforme descrito na
Tabela 1.
Tabela 1 – Classificação dos óleos com base na gravidade API.
Grupo ºAPI (15ºC)I > 45,0II 35,0 - 45,0III 17,5 - 35,0IV 17,5 - 10,0V < 10,0
Capítulo 2 - Revisão Bibliográfica 33
A viscosidade é a medida de resistência do fluido ao movimento; quanto
menor a viscosidade, mais facilmente o produto flui. Tal como a densidade, a
viscosidade é influenciada pela temperatura e pelo envelhecimento do óleo,
diminuindo com o aumento da temperatura e aumentando com o envelhecimento
do óleo. Esta propriedade influencia o grau de espalhamento, a penetração no
solo ou nos sedimentos e a seleção de equipamento mecânico para aspiração
do produto.
A distribuição dos pontos de ebulição de um produto é bastante utilizada na
indústria de refino do petróleo para avaliar novos produtos e a qualidade, quer na
compra, quer durante o transporte, e ainda para fornecer informação quanto à
maximização dos resultados no processo de refino. Para objetivos de análise
dos óleos para fins ambientais, este tipo de informação fornece uma indicação
da volatilidade e distribuição dos componentes do produto, permitindo uma
previsão da evolução do processo de evaporação. Geralmente, a distribuição
dos pontos de ebulição é determinada por destilação (Fernandes, 2001).
O ponto de filgor de um óleo é a temperatura a partir da qual se libertam
vapores susceptíveis de se inflamarem, quando expostos a uma fonte de
ignição. Este é um fator extremamente importante em relação à segurança das
operações de limpeza do derrame.
Gasolinas e outros óleos combustíveis leves podem facilmente inflamar-se
em muitas condições ambientais, e assim tornar-se um sério perigo quando
derramados. Muitos óleos também têm pontos de fulgor baixos, até ao momento
em que os componentes mais voláteis se evaporam ou se dispersam.
O ponto de fluidez é a menor temperatura à qual o óleo flui, em condições
de teste padrão. Abaixo dessa temperatura o óleo torna-se um semi-sólido ou
plástico, geralmente devido à separação das ceras do óleo, ou no caso de
produtos muito viscosos, devido ao efeito da viscosidade. Para óleos
combustíveis residuais, os pontos de fluidez podem estar relacionados com o
grau de aquecimento e arrefecimento a que os produtos foram sujeitos.
A tensão interfacial é a força de atração entre as moléculas na interface
entre dois fluidos, sendo que na interface ar/líquido esta força é freqüentemente
referida como tensão superficial. A tensão interfacial é usualmente expressa em
dyne/cm (mN/m). Conjuntamente com a viscosidade, a tensão superficial afeta o
espalhamento do óleo na água. Baixas tensões superficiais correspondem a
graus de propagação maiores.
Certos hidrocarbonetos dissolvem-se ligeiramente na água, tais como os
aromáticos ligeiros e algumas parafinas. Estes possuem elevada solubilidade,
Capítulo 2 - Revisão Bibliográfica 34
pelo que após o derrame podem ser rapidamente dissolvidos, especialmente em
condições de mar agitado. Os compostos mais solúveis são também os que
apresentam pontos de ebulição mais baixos, podendo também ser rapidamente
evaporados. Na realidade, a solubilidade de um petróleo na água é muito baixa.
Uma emulsão água-no-óleo é uma dispersão estável de pequenas
gotículas de água no óleo. Estas emulsões quando formadas podem apresentar
características muito diferentes dos óleos antes da emulsificação. Este aspecto
tem implicações importantes no comportamento do óleo derramado e
subseqüentes operações de limpeza, sendo assim importante conhecer se o
óleo tende a formar emulsões estáveis, e qual o conteúdo máximo em água das
mesmas.
2.3. Condução de Calor
A energia transferida pelo fluxo de calor não pode ser diretamente medida,
mas está relacionada a uma grandeza chamada temperatura, que pode ser
medida (Incropera & Dewitt, 1998).
Quando existir uma diferença de temperatura num sistema existirá um
fluxo de calor da região de maior temperatura para a região de menor
temperatura. Isso significa que ao existir um gradiente de temperatura no
sistema, o conhecimento da distribuição da temperatura neste sistema é
bastante importante nos estudos da transferência de calor.
Existem três tipos de transferência de calor, como mostra a Figura 4. São
eles: condução, convecção e radiação. Na realidade, a distribuição da
temperatura é a combinação do efeito desses três tipos de transferência de
calor. Entretanto, para simplificar a análise, considera-se, por exemplo, a
transferência de calor somente por condução quando as transferências por
convecção e por radiação forem desprezíveis.
Condução é o tipo de transferência de calor onde a troca de energia ocorre
a partir da região de maior temperatura em direção à região de menor
temperatura, através da propagação da vibração das moléculas, em um meio
sólido ou líquido.
A convecção ocorre quando um fluido (gás ou líquido) está em movimento
sobre um corpo sólido ou dentro de um canal e enquanto as temperaturas do
sólido e do fluido forem diferentes.
Capítulo 2 - Revisão Bibliográfica 35
Todos os corpos emitem continuamente energia por causa da sua
temperatura, e essa energia emitida por eles é chamada de radiação térmica. A
energia de radiação emitida por um corpo é transferida no espaço em forma de
ondas eletromagnéticas, de acordo com a teoria clássica de Maxwell, ou em
forma de fótons discretos de acordo com a hipótese de Planck. Na investigação
de transferência de calor radioativo ambos conceitos são utilizados (King, 2003).
Figura 4 – Mecanismos de transferência de calor (Incopera & Dewitt, 1998).
2.3.1. Lei de Fourier
Transferência de calor é a energia em trânsito devido a uma diferença de
temperatura (Incropera & Dewitt, 1998). Sempre que existir uma diferença de
temperatura em um meio ou entre meios diferentes haverá uma transferência de
calor entre eles.
É possível quantificar os processos de transferência de calor em termos de
equações de taxas de transferência de calor. Essas equações são usadas para
calcular a quantidade de energia transferida por unidade de tempo. Para a
condução de calor, a equação da taxa de transferência de calor é conhecida pela
Lei de Fourier.
Para um objeto unidimensional, que apresenta uma distribuição de
temperatura )(xT , a equação do fluxo de calor é dada por:
dxdTq xx λ−= eq. (2)
Capítulo 2 - Revisão Bibliográfica 36
O fluxo de energia xq é a taxa de transferência de calor na direção x por
unidade de área perpendicular à direção da transferência, sendo proporcional ao
gradiente de temperatura, dxdT , nesta direção. A constante de
proporcionalidade λ é uma propriedade de transporte, que é uma característica
do material do objeto, conhecida como condutividade térmica, na direção x . O
sinal negativo é uma conseqüência do fato do calor ser transferido no sentido da
diminuição da temperatura. Na Figura 4, sob condições estacionárias, a
distribuição de temperatura é linear e o gradiente de temperatura pode ser
expresso como:
LTT
dxdT 12 −= eq. (3)
E o fluxo de calor é, portanto:
LTTq xx
12 −−= λ eq. (4)
A Equação (4) pode ser reescrita como:
LT
LTTq xxx
∆=
−−= λλ 12 eq. (5)
Figura 5 – Transferência unidimensional de calor por condução (Incopera & Dewitt,
1998).
Capítulo 2 - Revisão Bibliográfica 37
A Lei de Fourier, conforme descrita pela Equação 2, deixa implícito que o
fluxo térmico é uma grandeza direcional. A direção do fluxo térmico será sempre
normal a uma superfície com temperatura constante, conhecida como superfície
isotérmica. Sendo assim, tem-se a seguinte equação, já em 3 dimensões, para a
Lei de Fourier:
⎟⎟⎠
⎞⎜⎜⎝
⎛∂∂
+∂∂
+∂∂
−=∇−=yT
yT
xTTq yyx λλλλ eq. (6)
Onde ∇ é o operador vetorial gradiente, ),,( zyxT representa em
coordenadas cartesianas o campo escalar de temperatura, e λ é um tensor 3x3.
2.3.2. Fluxo de Calor nos Solos
Segundo Duarte (2004), a profundidade de penetração do calor dentro de
uma massa de solo e a amplitude de variação diária de temperatura são
influenciadas pelas propriedades térmicas do solo. A penetração de calor
durante um dia é da ordem de 0,3 a 0,8m.
Em meios porosos não saturados, o calor e a umidade (na forma líquida ou
vapor) são transportados simultaneamente e em decorrência da influência
combinada de gradientes de temperatura e de conteúdo de umidade. O calor
migra em um meio poroso essencialmente por condução através das partes
sólidas (grãos), enquanto que através dos poros os três mecanismos, condução,
convecção e radiação ocorrem em paralelo.
Nos poros preenchidos com ar, a migração de calor é predominantemente
devido ao transporte de calor latente pelo vapor (Jackson & Taylor, 1986). O
transporte de vapor d’água ocorre por difusão molecular no ar existente nos
poros. Líquidos, por sua vez, migram devido ao efeito de capilaridade, que se
associa ao conceito de potencial de sucção do solo. Os mecanismos
responsáveis pelo transporte de líquido e vapor dependem essencialmente da
quantidade de água presente no meio.
O fluxo de calor por condução pode ser comparado ao fluxo de um líquido.
A condutividade hidráulica é análoga à condutividade térmica. A condutividade
térmica (λ ) é definida como a quantidade de calor que passa numa unidade de
tempo através de uma unidade de área transversal, devido a um gradiente de
temperatura aplicado na direção do fluxo.
Capítulo 2 - Revisão Bibliográfica 38
A condutividade térmica é a propriedade essencial que controla o fluxo de
calor. A utilização do termo condutividade térmica é bem empregado, pois a
condução de calor em condições normais ocorre essencialmente por condução.
A Tabela 2 lista valores de condutividade térmica para vários materiais. A faixa
de valores de condutividade térmica para solos finos, tais como: siltes, argilas
siltosas, siltes argilosos e argila é de 0,25 a 2,5 W/m.ºK (Mitchell,1993). Esta
faixa é para solos saturados. No caso de solos não saturados estes valores
podem ser bem mais baixos. A Tabela 2 também lista valores de capacidade de
aquecimento, calor de fusão e calor de vaporização da água. O calor de fusão é
usado para análise de congelamento do meio poroso e o calor de vaporização é
aplicado em situações onde existem transições fase líquido-vapor.
Tabela 2 – Propriedades térmicas do solo (modificado de Mitchell, 1993).
Propriedade Térmica Material ValorAr 0,024
Água 0,60Gelo 2,25
Granito 2,76Folhelho 1,56Cobre 389
Valores médios de solos 0,25 - 0,29 (~1,7)Quartzo 8,4
Matéria Orgânica 0,25Quartzo 0,175
Valores médios de solos 0,175Matéria Orgânica 0,46
Água 1,00Ar 0,24
Água 1Valores médios de solos 0,46
Quartzo 0,46Matéria Orgânica 0,6
Ar 0,00029Água 333 kJ/kg
Solo kJ/m³
Água 2,26 MJ/kg
Solo MJ/m³Calor de Vaporização
Condutividade Térmica (W/m.ºK)
Calor Específico (cal/g.ºC)
Capacidade de Aquecimento Volumétrico (cal/cm³.ºC)
Calor de Fusãod
wx γ.100
1040,3 4 ⎟⎠⎞
⎜⎝⎛
dw γ.
100230 ⎟
⎠⎞
⎜⎝⎛
Capítulo 2 - Revisão Bibliográfica 39
A capacidade de aquecimento volumétrico (C ) por unidade de volume de
um dado solo é a energia de calor necessária para mudar a temperatura de seu
volume unitário de 1 ºC. Este coeficiente é definido como o produto do calor
específico c (cal/gºC) e da massa específica ρ (g/cm³).
cC .ρ= eq. (7)
O calor específico é função da temperatura, crescendo linearmente quando
a temperatura cresce, principalmente para solos de granulometria grossa. A
terceira Lei da Termodinâmica diz que o calor específico de qualquer material
deve se aproximar de zero quando a temperatura se aproxima do zero absoluto.
A capacidade de aquecimento volumétrico de solos pode ser estimada de
acordo com Sangre (1968):
ww
d CwC ⎟⎠⎞
⎜⎝⎛ +=
100.0,118,0
γγ
eq. (8)
onde: =C capacidade de aquecimento volumétrico.
=dγ peso específico seco.
=w umidade gravimétrica em percentagem.
=wγ peso específico da água.
=wC capacidade de aquecimento volumétrico da água.
Quando existir fluxo transiente, o comportamento térmico de um solo é
governado não somente pela condutividade térmica, mas também pela sua
capacidade de aquecimento volumétrico (Duarte, 2004).
A temperatura num meio poroso depende de alguns fatores, tais como:
diferença na intensidade de absorção de calor de um solo (relacionado a sua
coloração), variações do calor específico do solo (composição mineralógica e
umidade), e, diferenças na condutividade térmica (grau de compactação e
umidade).
Em geral, experimentos têm mostrado um aumento da condutividade
térmica devido ao aumento do peso específico seco, sendo este acréscimo
especialmente importante no caso de solos secos. Um peso específico seco
maior implica em maior quantidade de material sólido por volume de solo, e
melhores contatos térmicos entre grãos.
Capítulo 2 - Revisão Bibliográfica 40
Quanto à transferência de calor em solos, estudos teóricos geralmente
consideram o solo com um meio homogêneo e assume-se que todos os
processos de transferência de calor acontecem uniformemente no meio poroso
(De Vries, 1958). A transferência de vapor e a convecção do ar são importantes
somente em vazios cheios de ar; e o movimento de líquido somente em vazios
repletos de água, enquanto que a evaporação e a condensação são associadas
com interfaces ar/água. Dependendo das condições, a transferência de calor por
condução é o mecanismo predominante. Convecção e radiação são efeitos
relativamente pequenos ou negligenciáveis, mas podem ter uma influência
notável em certas situações.
Em solos não saturados ocorre a migração de calor pelo processo de
evaporação seguido pela difusão do vapor e posterior condensação em outro
local.
A condução ocorre em todos os constituintes do solo: na parte sólida, na
água (líquida, vapor ou gelo) e no ar.
A condução opera no ar e no vapor d’água pelo processo de colisão entre
as moléculas e com um conseqüente aumento das suas energias cinéticas Na
fase líquida um mecanismo similar ao descrito anteriormente também é
responsável pela transferência de calor. Entretanto, a transferência de energia
também é feita por quebra e formação de pontes de hidrogênio nas moléculas de
água. O fluxo de calor nos sólidos cristalinos pode ser visualizado como a
ocorrência do aumento das vibrações atômicas. A condução de calor pelo ar é
relativamente desprezível. A quantidade de calor transferida por condução
aumenta quando a densidade seca e o grau de saturação do solo aumentam.
Convecção livre é o fenômeno de massa transportada devido a um
gradiente de temperatura. Esta é causada em fluídos devido à mudança de
densidade do mesmo com a temperatura. Para altas temperaturas as
densidades dos fluídos são menores, resultando num deslocamento ascendente.
O fluido ao se deslocar carrega o calor consigo, criando uma distribuição de fluxo
caracterizada por células poligonais (Farouki, 1986). Este processo de
convecção livre resulta em correntes que se misturam facilitando a transferência
de calor por condução.
Outro fenômeno que pode acontecer é a convecção forçada. Esta ocorre
quando correntes de ar ou água são forçadas a se mover através dos poros do
solo por diferença de pressão. Um exemplo do efeito de convecção forçada
ocorre no fluxo de água subterrânea. Esses efeitos de convecção forçada são
Capítulo 2 - Revisão Bibliográfica 41
usualmente encontrados em solos arenosos. Em areias finas este fenômeno
pode causar um aumento da condutividade térmica em 20% (Johansen, 1975).
A radiação ocorre através dos vazios do solo preenchidos com ar por
propagação da energia de aquecimento, tais como ondas eletromagnéticas. Em
solos, a radiação é normalmente negligenciada. Seu efeito em areias é menor
que 1% da transferência total de calor a temperaturas ambiente. O efeito da
radiação pode ser notado em materiais como o pedregulho.
Em solos não saturados, o aumento da temperatura em certas regiões
causa a evaporação da água. Conseqüentemente a pressão de vapor local
cresce e o vapor d’água se difunde através dos poros interconectados a regiões
de menor valor de pressão de vapor, se condensando nestas regiões. O
coeficiente de difusão depende da temperatura.
Através do processo de evaporação/condensação uma quantidade
significativa de calor pode ser transferida. A influência da difusão do vapor
d’água aumenta com o decréscimo da massa específica seca ( dρ ) do meio
poroso como causa do aumento dos vazios necessários no processo de
transferência de calor.
2.4. Tecnologia das Remediações Térmicas In Situ
Os métodos de aquecimento térmico in situ foram desenvolvidos
primeiramente pela indústria de petróleo para a recuperação de óleo
desperdiçado (USEPA, 2004). Estes métodos, mais tarde, foram adaptados para
o tratamento do solo e das águas subterrâneas. Inicialmente foram
desenvolvidos os métodos que consistiam em injeção de água quente, injeção
de vapor, injeção de ar quente e o aquecimento por resistências elétricas. O
método de aquecimento por condutor térmico surgiu por último entre o fim da
década de 1980 e início da década de 1990 (USEPA, 2004).
Atualmente três métodos têm sido usados para a remediação do solo e das
águas subterrâneas nas zonas contaminadas; aquecimento por injeção de vapor
(SEE – Steam Enhanced Extraction), aquecimento por resistências elétricas
(ERH – Eletrical Resistence Heating) e o aquecimento por condutor térmico
(TCH – Thermal Conductive Heating) este último mais conhecido como
dessorção térmica in situ (ISTD – In Situ Thermal Desorption) que será
apresentado em um item à parte.
Capítulo 2 - Revisão Bibliográfica 42
Estas tecnologias térmicas de tratamento in situ são utilizadas para o
tratamento de áreas contaminadas por solventes clorados além de outros
contaminantes orgânicos voláteis e semi-voláteis tais como, PCB´s, PAH´s,
pesticidas, combustíveis, óleos, e lubrificantes. Estes três métodos se
destacaram devido à eficiência apresentada em relação a outros métodos de
tratamento térmico.
A injeção de água quente, por exemplo, tem sido usada apenas para a
recuperação de áreas contaminadas por óleos de baixa volatilidade e baixa
solubilidade (USEPA, 2004). O aquecimento por rádio freqüência (ERH – Radio
Frequency Heating) uma variação do ERH, que utiliza a energia da rádio
freqüência, foi aplicada à remediação de vários contaminantes na zona não
saturada, porém sua aplicação na zona saturada foi limitada (USEPA, 2004). A
injeção de ar quente viu sua aplicação limitada devido à baixa capacidade de
calor do ar (1 kJ/kg.ºC) comparada ao do vapor (4 kJ/kg.ºC). Além disso, o vapor
fornece uma capacidade de aquecimento adicional baseada no calor de
condensação da água (2300 kJ/kg). Em função disto, seriam necessárias taxas
mais elevadas de fluxo de ar para fornecer o mesmo efeito de aquecimento que
o fluxo de vapor que poderia causar a formação de fraturas no solo devido à alta
pressão. Entretanto, a injeção de ar quente tem sido aplicada às vezes durante a
injeção de vapor para manter as concentrações adicionais de oxigênio
necessárias para promover o processo de oxidação (Davis, 1997).
2.4.1. Injeção de Vapor – SEE
A injeção de vapor foi usada inicialmente pela industria do petróleo para a
recuperação do óleo desperdiçado durante as operações de produção
diminuindo a viscosidade dos óleos pesados e aumentando a volatilidade de
óleos leves, facilitando a produção em formações profundas. A vantagem da
injeção de vapor vem devido principalmente à capacidade de aquecimento do
vapor ser relativamente grande, o que fornece uma maior injeção de calor à sub-
superfície do que injetando ar quente.
Em aplicações corretivas, como mostra a Figura 6, a injeção de vapor
envolve basicamente a injeção do vapor na sub-superfície para dissolver,
vaporizar, e mobilizar os contaminantes que são em seguida recuperados. Os
contaminantes mobilizados são extraídos utilizando um equipamento sub-
superficial de extração do vapor e do líquido. Os vapores e os líquidos extraídos
Capítulo 2 - Revisão Bibliográfica 43
são tratados usando tecnologias convencionais de tratamento, tais como a
condensação, retirada do ar, adsorção de materiais carbono, e a oxidação
térmica.
Durante os estágios iniciais da injeção de vapor, este condensa e aumenta
a temperatura do solo e dos líquidos contidos nos poros. Quando o solo que
cerca os poros de injeção se torna aquecido a ponto da água entrar em ebulição,
uma parte inicial do vapor começa a se formar na sub-superfície, e os líquidos e
os vapores são mobilizados para os poços de extração.
Figura 6 – Sistema de Injeção de Vapor SEE (Davis, 1998).
A primeira parte do vapor é caracterizada por concentrações elevadas de
contaminantes na fase gasosa e na fase aquosa. Neste estágio, três zonas
distintas se formam: uma zona com a temperatura do vapor, uma zona com
temperatura variável, e uma zona com temperatura ambiente. Na zona com
temperatura do vapor, os principais mecanismos de remoção do contaminante
são destilação e deslocamento do vapor. Na zona com temperatura variável, as
forças físicas (tais como viscosidade, expansão e inércia) fazem o papel de
transporte do contaminante. Na zona com temperatura ambiente, o
deslocamento direto é o principal mecanismo de remoção do contaminante (Wu,
1977).
A injeção de vapor é mais eficaz quando este pode ser incorporado nos
vazios do solo o que é mais freqüente em zonas de permeabilidade entre 10-4 e
10-3 m/s. Nos solos com baixa permeabilidade, o vapor encontra dificuldade para
penetrar nos espaços vazios rapidamente, resultando em uma perda de calor
mais elevada e, em alguns casos, não é possível aquecer completamente a
área. Além do mais, o pequeno diâmetro dos poros pode criar pressões capilares
Capítulo 2 - Revisão Bibliográfica 44
mais elevadas e, conseqüentemente, diminuem a taxa de evaporação dos
contaminantes. É possível aquecer zonas de baixa permeabilidade com vapor se
elas forem suficientemente estreitas para conduzir o calor de cima para baixo.
Alternativamente, é possível combinar a técnica da injeção de vapor com
outras tecnologias, tais como a ERH para aplicar em áreas de baixa
permeabilidade (USEPA, 2004). A heterogeneidade da geologia sub-superficial
pode também afetar o fluxo de vapor injetado na sub-superfície porque
preferencialmente pode ocorrer uma canalização do vapor para as zonas de
permeabilidade mais elevadas. Entretanto, os efeitos da canalização do vapor
podem ser minimizados porque as perdas de calor nas zonas permeáveis
ocorrem mais lentamente em solos estratificados. Se espessura da camada for
pequeno (aproximadamente 2m), este efeito será insignificante. Porém, se a
espessura das zonas de baixa permeabilidade for grande, recomenda-se
associar a técnica de injeção de vapor a outra tecnologia in situ mais apropriada.
Os principais componentes do sistema de injeção de vapor são os
equipamentos de geração de vapor (caldeiras), sistema de distribuição de vapor,
e sistemas de extração de produtos (vapor e líquidos). O vapor pode ser
fornecido por equipamentos existentes usados para outras finalidades no local
ou por um sistema móvel de vapor. O combustível para estes equipamentos
pode ser gás natural, propano, ou outras fontes de combustível.
O tamanho e capacidade serão de acordo com a taxa requerida de injeção
de massa de vapor. Na maioria dos casos, o equipamento de geração de vapor
pode requerer um sistema de tratamento e armazenamento da água de
alimentação principalmente para as fontes onde a água apresenta baixa
qualidade (Schumacher, 1980). A distribuição do vapor inclui tipicamente um
distribuidor que permita o controle de fluxos do vapor aos poços individuais ou
de grupos de poços.
Os parâmetros operacionais importantes para os equipamentos de injeção
de vapor incluem controle de pressão de vapor, qualidade do vapor (em nível de
saturação), e a habilidade de injetar continuamente o vapor até que se atinja os
poços de extração. As pressões devem ser suficientes para penetrar nos solos e
deslocar a água subterrânea sem exercer pressões de fraturamento.
A qualidade do vapor deve ser de preferência 100%. A grande saturação
ou elevada temperatura do vapor não parece oferecer vantagens adicionais
porque o potencial de aquecimento é relativamente independente da
temperatura. Além disto, o aumento da temperatura do vapor pode resultar em
perdas de calor por radiação ou condução para as áreas fora da área de
Capítulo 2 - Revisão Bibliográfica 45
tratamento. A injeção contínua até que a zona de vapor estenda-se dos poços de
injeção até os poços de extração é empregada para fornecer taxas de
aquecimento adequadas e para reduzir as perdas de calor.
O sistema de injeção de vapor consiste também de uma série de poços de
injeção e de poços de extração. Para aplicações pequenas, um anel de poços de
injeção cerca uma central de extração situada próxima à área do DNAPL. Nesta
configuração, os poços de injeção são colocados em áreas limpas em torno da
zona contaminada, se possível, para minimizar o risco de espalhar o
contaminante. Em alguns casos, mas em menor freqüência, a configuração é
usada de dentro para fora, onde o vapor é injetado centralmente, e os poços de
extração no perímetro fornecendo controle hidráulico e pneumático, reduzindo o
risco do contaminante se espalhar.
Para áreas maiores, as disposições múltiplas de poços de injeção e
extração são usadas para aquecer a área contaminada capturando e
mobilizando os contaminantes. O afastamento dos poços de injeção e a extração
dependem das circunstâncias geológicas (que incluem aplicação em meios
saturados ou não saturados), da permeabilidade, e da profundidade da
aplicação. O afastamento típico para poços varia em torno de 10 m (Davis,
1998).
Controladores elétricos são colocados para monitorar as temperaturas sub-
superficiais. Uma vez atingida a temperatura desejada na zona de tratamento é
iniciada a injeção cíclica de vapor.
Os poços usados para a injeção, a extração, ou o monitoramento são
preferencialmente de aço, pois asseguram um melhor controle, comportamento e
durabilidade durante a operação de tratamento (USEPA, 2004). Tubos
convencionais de PVC ou fibra de vidro podem degradar ou se deformar sob
circunstâncias de alta temperatura. As junções também devem ser bem feitas
para assegurar grandes pressões e expansão térmica.
A temperatura é também relevante na seleção das bombas de extração e
injeção, pois algumas bombas de extração de águas subterrâneas não
funcionam bem sob altas temperaturas.
Para uma boa aplicação desta tecnologia de tratamento térmico in situ,
todos os parâmetros detalhados acima devem ser bem observados para um
melhor funcionamento da técnica.
Capítulo 2 - Revisão Bibliográfica 46
2.4.2. Aquecimento por Resistências Elétricas – ERH
O aquecimento por resistências elétricas envolve a aplicação da corrente
elétrica através da sub-superfície, tendo por resultado a geração de calor. O
sistema utiliza resistências elétricas naturalmente dentro da sub-superfície onde
a energia é dissipada diretamente. Esta forma de aquecimento in situ permite
que a energia seja focalizada em uma zona específica. Quando a temperatura
sub-superficial é elevada até atingir o ponto de ebulição da água contida nos
meios porosos na zona de tratamento, será gerado um vapor que em seguida
será extraído trazendo consigo os contaminantes do solo.
A entrada de potência necessária à sub-superfície é inversamente
proporcional à resistência do solo e diretamente proporcional ao quadrado da
tensão aplicada, de acordo com a equação derivada da lei de Ohm.
RVP
2
= eq. (9)
onde: =P potência. [ ]W
=V tensão. [ ]V
=R resistência. [ ]Ω
A resistência de uma matriz sub-superficial é determinada pela quantidade
de água, pela concentração dos sais dissolvidos ou pela quantidade de íons na
água, e pela capacidade de troca catiônica do solo (Kendall & Wolf 1999). O
índice de carbono orgânico dos solos afeta também a resistividade, mas tem
efeito maior no tempo requerido no tratamento como conseqüência de dividir
mais fortemente os contaminantes orgânicos, tais como solventes clorados, nos
solos.
A resistividade é também função da temperatura, pois quando a água
alcança seu ponto de ebulição, a resistência diminui com a mobilidade. A
resistência do solo pode ser medida no campo ou ser estimada pela
caracterização do solo e das águas subterrâneas. A resistência total de um
sistema de aquecimento por resistência elétrica é determinada baseada na
resistência do solo e na geometria do sistema de eletrodo. Paras solos com
resistência entre 10 e 100 Ohms, as tensões aplicadas variam de 100 a 1500
Volts, atingindo potências na ordem de dezenas a centenas de quilowatts.
Capítulo 2 - Revisão Bibliográfica 47
Esta técnica de tratamento apresenta melhor aplicação para camadas de
baixa permeabilidade e para as DNPLs que se encontram consolidados dentro
das zonas de baixa permeabilidade com índice de matéria orgânica elevado
(USEPA, 2004).
O sistema de aquecimento por resistência elétrica consiste em eletrodos
sub-superficiais e um sistema de extração do vapor para capturar a água e os
contaminantes volatilizados. Em alguns casos, a extração da água subterrânea é
usada também para rebaixar o nível do lençol na zona de tratamento durante os
estágios iniciais do tratamento.
Para melhorar a uniformidade do aquecimento e para reduzir as
densidades nos locais próximo aos eletrodos, a maioria das configurações
empregam disposições múltiplas de eletrodo fase com um eletrodo neutro central
agrupado com um sistema de extração de vapor. Este método facilita a
passagem da corrente que pode fluir do eletrodo fase ao eletrodo neutro. As
áreas maiores são remediadas por disposições adjacentes instalados de modo
que as zonas aquecidas sobreponham (Beyke 1998). A Figura 7 mostra um
diagrama esquemático geral de um sistema de aquecimento por resistência
elétrica usando seis eletrodos fase que cercam um eletrodo neutro combinado
com um sistema de extração de vapor e cercado por um sistema de aterramento.
Figura 7 – Configuração típica de um sistema de aquecimento por resistência elétrica
ERH (Pope & Nienkerk, 2002).
Os eletrodos podem ser instalados por diversas técnicas de perfuração. O
método de instalação depende geralmente da tensão in situ em que se encontra
o solo. Devido a densidade mais elevada do eletrodo, a tensão aplicada é
Capítulo 2 - Revisão Bibliográfica 48
dependente da resistência de contato. Em zonas vadosas ou lençol freático
baixo, a água pode ser injetada para manter o bom contato elétrico e para
impedir a secagem excessiva aumentando a tensão nos eletrodos. A injeção
pode ser aumentada com concentrações baixas de sal adicionado à água ou o
uso de revestimento condutor, como o carbono/grafite ou aço, em torno dos
eletrodos.
O equipamento de superfície varia dependendo especificamente do
método local, e da área a ser tratada. Geralmente, a freqüência fornecida pelas
concessionárias é de 60 Hertz, para freqüências maiores utilizam-se
equipamentos de conversão para atingir a potência necessária. Dependendo das
propriedades do solo, pode-se operar em áreas de até 35 m de diâmetro. O
aquecimento multifásico requer espaço adicional para instalação de um
transformador e também controles de tensão (Beyke 1998).
Os sistemas de extração do vapor são usados para remover a água e os
contaminantes volatilizados da sub-superfície. Os equipamentos de extração de
vapor são similares ao usado no sistema de injeção de vapor. A alta temperatura
é um fator importante ao projetar o sistema de extração, principalmente no
quesito segurança. Além disso, buscando a segurança, deve-se também tomar
cuidado devido à alta tensão nas áreas de trabalho de superfície e/ou na
potência elevada dos condutores enterrados. Estes equipamentos devem passar
por constantes vistorias principalmente em áreas densamente ocupadas ou
áreas industriais. O aterramento é também de grande importância, pois todos os
equipamentos devem ser aterrados obedecendo às normas locais.
2.5 Dessorção Térmica In Situ (DTIS)
A dessorção térmica é um método de remediação que consiste
basicamente no aquecimento direto do solo, através de cobertores térmicos ou
bastonetes, para que haja a separação física dos contaminantes voláteis e
alguns semi-voláteis existentes no solo, lama ou sedimentos contaminados com
resíduos tóxicos. É aplicável principalmente á resíduos orgânicos, tais como
hidrocarbonetos poliaromáticos (PAHs), bifenilas policloradas (PCBs), dioxinas,
pesticidas e produtos derivados do petróleo. Geralmente, não é recomendada
para tratar metais e outros inorgânicos.
Esta tecnologia consiste em aquecer o solo contaminado por um
determinado período, com temperatura variando entre 90 e 560 ºC, volatilizando
Capítulo 2 - Revisão Bibliográfica 49
a água e os contaminantes, para em seguida tratar os gases gerados (USEPA,
2001). Enquanto o solo é aquecido, os contaminantes no solo são vaporizados
ou removidos por uma série de mecanismos como: evaporação, destilação do
vapor, ebulição, oxidação e pirólise (Baker & Kuhlman, 2002).
A água vaporizada, os contaminantes, e os compostos orgânicos naturais
são extraídos por vácuo nos cobertores térmicos ou bastonetes em um fluxo
contínuo. Comparado aos processos de injeção de fluido, o processo de
aquecimento por condução é mais uniforme em sua varredura vertical e
horizontal, aquecendo uniformemente o solo.
O fluxo é gerado mesmo em camadas de baixa permeabilidade como os
siltes e argilas, permitindo o escape e captação dos contaminantes vaporizados.
A combinação do fluxo de calor e o vapor gerado fazem com que se chegue uma
eficiência de até 100% atingindo toda a área necessária (USEPA, 2001). Além
do mais, os contaminantes aquecidos no solo são removidos quase
completamente, com uma eficiência de deslocamento de aproximadamente
100%. Isto ocorre porque a zona inteira do solo pode ser aquecida a alta
temperatura por muitos dias.
Na prática, a maioria dos contaminantes é transformada em outro produto
no solo antes de alcançarem a superfície. Os contaminantes que não foram
destruídos são removidos por um sistema de captação na superfície,
conduzindo-os a um sistema de controle de poluição do ar. Os componentes
básicos do sistema de tratamento do vapor consistem basicamente em um
oxidador térmico, sistema de troca de calor, filtro de carvão ativado e bomba de
vácuo.
Alguns parâmetros são importantes para analisar a eficácia da dessorção
térmica, o volume do solo a ser aquecido durante o tratamento e o tempo de
residência no meio contaminado.
Para se obter sucesso no processo de dessorção térmica, é extremamente
importante fazer com que os contaminantes atinjam seus pontos de ebulição e
conseqüentemente suas pressões de vapor (Vinegar et al., 1997). O acréscimo
na temperatura faz com que a energia cinética média das partículas do líquido
aumente, até o ponto em que a energia seja suficiente para passar da fase
líquida para a gasosa. A ebulição ocorre quando a pressão de vapor iguala a
pressão crítica.
Outro fator que garantirá a eficiência do processo de dessorção térmica é
determinar a pluma de contaminação. Segundo Vinegar et al. (op. cit), a pluma
de contaminação deve ser bem delimitada antes do início da aplicação da
Capítulo 2 - Revisão Bibliográfica 50
dessorção térmica in situ, localizando os contaminantes bem como suas
concentrações a diversas profundidades. A Figura 8, adaptada de Vinegar et al.
(op cit), exemplifica um caso real onde foram determinadas as concentrações de
PCB para diversas profundidades.
Figura 8 – Controle das concentrações iniciais de PCB, Vinegar et al. (1997).
2.5.1 Descrição do Processo de Dessorção Térmica
A técnica de dessorção térmica pode ser aplicada tanto no local
contaminado (dessorção térmica in situ) ou com a extração do solo contaminado
(dessorção térmica ex situ). Na dessorção térmica in situ, ilustrada na Figura 9, o
calor é injetado diretamente no solo através de cobertores térmicos situados na
superfície do terreno ou através de bastonetes térmicos cravados no terreno. Os
cobertores térmicos são eficazes para uma contaminação superficial a uma
profundidade de até 90 cm. Já os bastonetes térmicos podem ser colocados,
teoricamente, a qualquer profundidade (TerraTherm, 2001).
Capítulo 2 - Revisão Bibliográfica 51
Figura 9 – Cobertor térmico e bastonetes térmicos, TerraTherm (2001).
Os processos fundamentais como fluxo de calor, escoamento de fluido,
comportamento das fases, e reações químicas, são similares para cada método.
Em cada caso, o calor é aplicado ao solo por uma superfície de alta temperatura
no contato com o solo, de modo que a transferência de calor seja por radiação
próxima às fontes de aquecimento, e por condução e convecção ao longo do
volume de solo. Segundo Vinegar et al. (1997), a condutividade térmica é
responsável por 80% da transferência de calor. Uma característica significativa
do processo é a criação de uma zona de temperatura muito elevada (> 500 ºC),
que causa a transformação de muitos contaminantes antes que se retirem do
solo. Podem existir processos de pré-tratamento, tais como: secagem e ajuste
do pH. Os processos de pós-tratamento são: tratamento dos sólidos
(resfriamento) e o tratamento de gases (oxidadores térmicos, condensadores,
sistemas de carvão ativado).
Os cobertores térmicos apresentam uma grande vantagem em relação aos
métodos tradicionais de remediação. Como todo o sistema de aquecimento fica
na superfície do terreno, não há a necessidade de escavar o solo. A TerraTherm
(2001) tem usado cobertores que consistem em seções de caixas de aço com
2,4 m de largura, 6 m de comprimento e 30,5 cm de espessura, em uma malha
de aço inoxidável. Os cobertores são elétricos e necessitam de uma fonte
geradora de 1,0 a 2,5 MW, dependendo do âmbito de aplicação.
Capítulo 2 - Revisão Bibliográfica 52
Os elementos de aquecimento dos cobertores térmicos são compostos por
varetas introduzidas através de uma malha também em aço inox espaçados
aproximadamente por 8 cm, separados por um sistema de isolamento composto
por um tapete plástico. Todo o módulo é coberto por um isolante térmico. Há
também um sistema de captação de gases que é conectado a uma estação de
tratamento onde os gases são oxidados ou absorvidos do fluxo de vapor.
O tratamento de solos utilizando cobertores térmicos dura entre 2 a 10
dias, dependendo da profundidade desejada, da umidade dos solos, e outros
fatores. Stegemeier & Vinegar (1995) fizeram simulações numéricas para avaliar
o sistema de aquecimento utilizando cobertores térmicos para descontaminar um
pequeno campo piloto. Eles observaram que os contaminantes próximos à
superfície podem ser removidos em um tempo razoável. Para contaminantes
leves a menos de um metro de profundidade em um solo seco, a remediação
pode reduzir os contaminantes a níveis baixos em menos de dez dias, e para
contaminantes leves até cerca de 30 cm, pode-se atingir níveis residuais em até
24 horas.
A Tabela 3 apresenta os valores de temperatura atingidos através da
aplicação da dessorção térmica in situ, utilizando um cobertor térmico em um
solo contaminado por n-hexadecano (n – C16H34), cujo ponto de ebulição é de
287 ºC. A eficácia do tratamento é apresentada na Tabela 4.
Tabela 3 – Resumo das temperaturas vs profundidade, Steigemeier & Vinegar (1995).
Profundidade (cm) Temperatura máxima (ºC)0 57515 34530 19545 10260 91
Máxima temperatura atingida no solo após 65 horas de aquecimento
Tabela 4 – Percentual de n-hexadecano removido e quantidade residual desse por
camada de solo, Steigemeier & Vinegar (1995).
Camada (cm)Quantidade residual de
Removido (%)
0 - 15 0,42 99,9415 - 30 14,26 98,0030 - 45 176,86 74,70
)(3416 ppmHCn −
Capítulo 2 - Revisão Bibliográfica 53
Segundo a TerraTherm (2001), para a descontaminação do solo a
profundidades maiores que 90 cm, os cobertores térmicos são ineficientes. Os
bastonetes térmicos criados para atingir, teoricamente, altas temperaturas a
qualquer profundidade. De acordo com Reed (1998), os bastonetes aquecem o
solo a uma temperatura que varia entre 215 e 800 ºC, dependendo do
contaminante.
O arranjo padrão é composto por uma disposição regularmente espaçadas
de aquecedores em furos selecionados no solo. A superfície entre os poços, na
região do tratamento, é coberta com mantas isolantes e impermeáveis que
permite a aplicação de vácuo imposta pelos poços alcançando toda a área
desejada ao tratamento (Figura 10).
Na maioria das aplicações são utilizados poços verticais. Entretanto, os
poços inclinados ou horizontais oferecem alternativas atrativas para remediação
sob edifícios, fundações, estradas, ou áreas inacessíveis. Os poços verticais são
instalados, tipicamente em uma grade triangular com afastamento entre os
poços de 1,5 a 2,5 m.
Segundo Stegemeier & Vinegar (1998), alguns fatores devem ser
considerados na escolha do afastamento entre os bastonetes. Pode-se destacar
a temperatura máxima a ser atingida, o tempo necessário ao tratamento, a
classificação e a umidade do solo, e o tipo de contaminante a ser removido. De
acordo com os mesmos autores, usando um afastamento de 1,5 m, o solo pode
ser aquecido com temperaturas maiores que 500 ºC num período de 30 a 40
dias.
Figura 10 – Tratamento de uma área utilizando bastonetes térmicos em Portland Indiana,
(Shell Technology Ventures Inc, 2001)
Capítulo 2 - Revisão Bibliográfica 54
Os bastonetes podem ser compostos por um sistema de aquecimento e
vácuo ou apenas por um sistema de aquecimento. Nos sistemas compostos por
aquecimento e vácuo há uma pequena perda na temperatura em função do fluxo
de ar que passa pelas resistências em relação ao sistema composto apenas por
aquecimento. Porém, para este tipo de sistema torna-se necessário um
mecanismo de captação de gases à parte. Testes feitos pela TerraTherm (2001)
tem comprovado que a melhor disposição é a combinação dos dois sistemas
utilizando um arranjo hexagonal. O bastonete com sistema de aquecimento e
vácuo ficaria no centro do hexágono cercado por seis bastonetes com apenas o
sistema de aquecimento (Figura 11). Este arranjo de bastonetes é permitido
apenas quando o único bastonete com vácuo é capaz de capturar todos os
vapores gerados. O estudo do tipo de contaminante e a umidade do solo
determinarão se este arranjo é possível ou não.
Originalmente, os bastonetes foram desenvolvidos para recuperação de
óleo a profundidade de até 600 m. Entretanto, para projetos de remediação
utilizando a dessorção térmica in situ, os bastonetes são geralmente utilizados a
profundidades menores que 3 m (TerraTherm, 2001). A profundidade em si não
é limitante para a aplicação da dessorção térmica in situ, entretanto, a recarga
das águas subterrâneas geralmente aumenta com a profundidade. No local onde
a taxa de recarga das águas subterrâneas é maior que a taxa de ebulição em
função do aquecimento dos bastonetes, a temperatura do solo não conseguirá
passar de 100 ºC (Stegemeier & Vinegar, 1998). Neste caso para conseguir
maiores temperaturas, o fluxo de água deverá ser controlado através de estacas
pranchas, rebaixamento de lençol, ou outros meios de controle.
Figura 11 – Arranjo hexagonal dos bastonetes térmicos, TerraTherm (2001).
Capítulo 2 - Revisão Bibliográfica 55
Segundo Stegemeier & Vinegar (1998), antes de começar um projeto de
remediação, é aconselhável bombear todos os líquidos possíveis. Se a camada
a ser descontaminada estiver entre a zona vadosa, ou se for um silte ou uma
argila de baixa permeabilidade, o fluxo de água será pequeno; entretanto, se
houver um fluxo ativo de águas subterrâneas, é essencial determinar sua
extensão antes de iniciar o aquecimento.
As águas subterrâneas podem penetrar na área a ser remediada através
das bordas, pelo fundo, ou por cima. Geralmente, a permeabilidade horizontal é
maior que a permeabilidade vertical, o que torna a recarga lateral um incômodo
maior requerendo uma atenção maior. Porém, a recarga vertical pode-se tornar
um incômodo, mesmo em camadas de silte ou argila, devido ao fato da área de
recarga disponível ser maior que a área lateral. A recarga vertical pode ser
impedida projetando um sistema de drenagem nas mantas isolantes e
impermeáveis que cobrem a área a ser tratada. Freqüentemente, os problemas
com águas subterrâneas são sazonais, e nestes casos, o projeto deve ser
programado para evitar as estações chuvosas.
2.5.2 Sistemas de Captação e Tratamento de Gases
Segundo a (TerraTherm, 2001), a maioria dos contaminantes são oxidados
no solo próximos às fontes de calor devido à temperatura elevada. Os demais
vapores restantes devem ser captados e conduzidos a um sistema de
tratamento. Um sistema de captação e tratamento dos gases foi proposto por
Stegemeier & Vinegar (1995). Este sistema pode ser visto na Figura 12 onde foi
utilizado o vácuo para extrair as emissões produzidas.
Figura 12 – Sistema de dessorção térmica in situ, TerraTherm (2001).
Capítulo 2 - Revisão Bibliográfica 56
O sistema apresentado por Stegemeier & Vinegar (1995) utiliza como fonte
aquecedora cobertores térmicos os quais são colocados diretamente sobre o
solo contaminado. Este sistema apresentado também poderia ser utilizado para
os bastonetes térmicos, pois a partir do oxidador térmico o sistema é idêntico. O
fluxo de calor por condução térmica e os incrementos de temperatura gradual faz
com que os contaminantes sejam removidos por vários mecanismos, já citados,
como: evaporação, destilação por vapor, ebulição, pirólise e oxidação entre
outras reações químicas (Baker & Kuhlman, 2002).
Os mesmos autores apresentam faixas de temperatura onde ocorrem estes
mecanismos de remoção do contaminante sendo estas listadas na Tabela 5.
Tabela 5 – Mecanismos de remoção dos contaminantes vs temperatura (Baker &
Kuhlman, 2002).
Evaporação Ebulição
Destilação a vapor Ebulição
PiróliseOxidação
Cº100≤OH 2( e )' sVOC
)'( sSVOCCº100≥
Os gases produzidos são removidos do solo aquecido (tratamento
preliminar) contendo tipicamente concentrações extremamente reduzidas de
contaminantes originais, produtos da oxidação, vapor de água, e gases
atmosféricos. Para captação dos gases é aplicado um sistema de bombeamento,
que além de captar os gases cria um fluxo de ar arejando o meio contaminado
facilitando o processo de dessorção. No caso dos hidrocarbonetos de petróleo, a
ventilação impede a formação de coque, e faz com que se tenha um fluxo
ascendente dos contaminantes volatilizados. Além disto, a sucção provocada no
solo impede a migração dos contaminantes para áreas distantes da fonte de
aquecimento.
O tratamento das emissões gasosas começa nos oxidadores térmicos. Os
oxidadores térmicos destroem os contaminantes ainda presentes nas emissões
gasosas por oxidação ou pirólise, dependendo se há presença ou não de ar. Os
contaminantes vaporizados são destruídos quando alcançam as elevadas
temperaturas do oxidador térmico, onde os contaminantes são transformados em
dióxido de carbono e água. Baker e Kuhlman (2002) apresentam as reações
químicas para hidrocarbonetos e TCE quando ocorrem pirólise e oxidação.
Capítulo 2 - Revisão Bibliográfica 57
• Hidrocarbonetos
- Pirólise 21220 6)(20 HcoqueCHC +⇒ eq. (10)
- Oxidação 2221220 62023 HCOOHC +⇒+ eq. (11)
22)( COOcoqueC ⇒+ eq. (12)
• TCE
- Pirólise 22232 3324 HHClCOOHHClC ++⇒+ eq. (13)
- Oxidação HClCOOOHHClC +⇒++ 22232 2 eq. (14)
A oxidação de contaminantes perigosos, através do processo de dessorção
térmica, pode ser observado esquematicamente na Figura 13.
Figura 13 – Química do tratamento de oxidação (TerraTherm, 1999).
Os efluentes dos oxidadores térmicos passam por um condensador para
reduzir as temperaturas antes de passarem pela câmara de carvão ativado. Os
condensadores são recomendados para processos onde os gases aspirados
estejam contaminados por agentes químicos ou com excesso de umidade,
comprometendo o funcionamento da bomba e conseqüentemente a eficiência no
vácuo final. O condensador resfria as emissões gasosas e em seguida captam-
se os líquidos para análise e disposição final. A troca de calor provocado pelo
condensador faz com que a adsorção pelo filtro de carbono ativado seja mais
eficiente.
As câmaras de carvão ativado captam os hidrocarbonetos gasosos,
incluindo vapores de óleo, minimizando os odores exalados. O carvão ativado
usado para adsorção dos contaminantes presente nas emissões é regenerado e
Capítulo 2 - Revisão Bibliográfica 58
pode ser reutilizado. De acordo com Manbe (1998), alguns fatores podem afetar
a adsorção pelo carvão ativado, podendo destacar:
• Composição química das espécies a serem adsorvidas.
• Características físico-químicas do carvão ativado, tais como superfície
específica, tamanho e polaridade da molécula a ser adsorvida, polaridade
e composição química.
• Características do contaminante tais como temperatura e pH.
• Concentração do adsorvato.
• Tempo de residência.
2.5.3 Custos e Vantagens do Processo de Dessorção Térmica In Situ
Os custos para remediação do solo, utilizando dessorção térmica in situ,
variam dependendo do tipo de contaminante e do nível de remediação
necessária. Os fatores que afetam os custos por tonelada de solo incluem o
tamanho da área a ser tratada, o custo do fornecimento de eletricidade, o
controle do nível d’ água e a profundidade da contaminação. De acordo com
Baker (2000), os custos para aplicação da técnica de dessorção térmica variam
entre 75 e 260 dólares por m³. A Tabela 6 apresenta um comparativo de preços
entre diferentes técnicas de remediações realizado por Wood (1997), a fim de
comparar o custo entre as demais técnicas.
A grande vantagem da dessorção térmica in situ é que ela pode ser efetiva
tanto para locais com nível muito baixo de contaminação quanto para locais
altamente contaminados. A descontaminação in situ é completa e o processo
não é prejudicada pela heterogeneidade do subsolo.
Segundo a EPA (1999) a dessorção térmica in situ apresenta algumas
características importantes em relação a outros métodos de remediação. Estas
características que lhe dão um diferencial em relação a outros métodos são:
• Aplicável diretamente na superfície próxima a contaminação.
• Efetividade para uma grande variedade de contaminantes orgânicos.
• Habilidade de reduzir a contaminação para níveis muito baixos.
• Facilidade de operação para remediação rápida e barata com variedade
ampla de solos em condições de superfície.
Capítulo 2 - Revisão Bibliográfica 59
Tabela 6 – Comparativo de preços entre diferentes técnicas de remediação (Wood,
1997).
Técnica de Remediação Custo (£$)Correção de superfície 18 - 72 / t
Escavação e destruição off-site 13 - 90 / tSistema de cobertura 36 - 54 / m²
Contenção 19 - 90 / tParede de lama vertical: rasa 54 - 108 / m²
Parede de lama vertical: funda 108 - 216 / m²Lavagem de solo 90 - 450 / t
Lavagem físico-química 90 - 306 / tExtração de vapor do solo in situ 18 - 162 / tEstabilização/solidificação in situ 108 - 198 / tTécnicas eletrocinéticas in situ 72 - 216 / t
Tratamento biológico: lagoa de sedimentação 90 - 144 / tTratamento biológico: torre biológica 27 - 81 / tTratamento biológico: compostagem 18 - 180 / tTratamento biológico: cultura anexa 9 - 108 / t
Tratamento biológico: in situ 9 - 288 / tTratamento biológico: aeração 27 - 144 / t
Incineração 90 - 2160 / tVitrificação forno-básico 54 - 900 / t
Estabilização/solidificação ex situ: inôrganico 36 - 63 / tEstabilização/solidificação ex situ: ôrganico 72 - 108 / tSolidificação: cimento e pozolânico básico 36 - 306 / t
Solidificação: cal 36 - 72 / tExtração de solvente 54 - 1080 / t
Desalogenação 270 - 756 / t
As vantagens da dessorção térmica em relação ao método tradicional de
incineração abrangem três fatores importantes: custo, reutilização do solo e
gasto energético. Além do mais, para o processo de incineração há uma
necessidade de escavação do solo. A escavação de solos é uma tecnologia que
torna o processo mais caro devido à mobilização de equipamentos, custos de
transporte e reconstrução da área escavada, bem como aumenta o risco de
disposição e dispersão do contaminante enquanto manuseado. A dessorção
térmica in situ pode ser utilizada em vários locais onde a escavação não é
possível, abaixo e ao redor de estruturas, por exemplo.
Capítulo 2 - Revisão Bibliográfica 60
2.5.4 Descrição Matemática do Processo de Dessorção Térmica In Situ
O projeto apropriado utilizando a técnica de dessorção térmica in situ para
descontaminação depende de uma compreensão de diversos mecanismos que
ocorrem no solo durante a aplicação de calor. Estes mecanismos são descritos
pelas equações fundamentais que predizem o fluxo de líquido e calor e reações
da vaporização e do produto químico dos contaminantes (Stegemeier, 1998).
Embora em condições reais estas análises sejam feitas geralmente por
simuladores numéricos, as expressões analíticas simplificadas, dadas a seguir,
ilustrarão o comportamento do processo de dessorção térmica in situ.
O fluxo de fluido em meios porosos é descritos pelas equações de Darcy
para cada uma das fases do fluido, considerando que este está no regime
permanente de fluxo. A maioria dos processos de dessorção térmica in situ
envolve fluxo de óleo e de água da fase líquida, vapor d’água, voláteis produtos
da volatilização de óleos e outros contaminantes e ainda fluxo de ar presente
nos vazios do meio contaminado. O formulário linear da equação de Darcy,
como dado pela Equação 15, descreve geralmente o fluxo no processo do
cobertor térmico. O formulário radial, como dado pela Equação 16, descreve o
fluxo no processo do bastonete.
lpAkkq r
L ∆∆
=µ
eq. (15)
)/ln(2
we
rR rr
pAkkq
µπ ∆
= eq. (16)
onde: =RLq , vazão. [ ]13 −tl
=k permeabilidade absoluta. [ ]2l
=k permeabilidade relativa.
=A área. [ ]2l
=∆p variação da pressão. [ ]21 −− tml
=∆l comprimento do caminho de fluxo. [ ]l
=µ viscosidade. [ ]21 −− tml
=er raio externo. [ ]l
=wr raio do poço (bastonetes). [ ]l
=h comprimento do poço. [ ]l
Capítulo 2 - Revisão Bibliográfica 61
Nas equações de Darcy as propriedades do solo (permeabilidade absoluta
e porosidade) são diferenciadas das propriedades do fluido (viscosidade e
densidade). A interferência de líquidos dissimilares no fluxo multifásico é descrita
por uma correção relativa da permeabilidade que é função da saturação de cada
fase. Todas as propriedades podem variar com a temperatura e desta maneira o
fluxo do óleo, da água, e dos vapores é descrito corretamente durante o
processo interno (Stegemeier, 1998).
Os mecanismos do fluxo de calor em processos de remediação do solo por
aquecimento são uma combinação da radiação, da condução, e da convecção.
Embora o aquecimento por condução seja responsável pela maioria do fluxo de
calor no solo, segundo Vinegar et al. (1997) cerca de 80% da transferência de
calor, a radiação é importante na transferência de calor dos elementos de
aquecimento para o solo (Stegemeier, 1998). A radiação eficiente exige
temperaturas elevadas, geralmente maiores que 600 ºC, mas tem vantagem de
transferência instantânea através dos espaços vazios.
O aquecimento por radiação é importante apenas na região próxima dos
aquecedores. Na prática o aquecimento por radiação torna-se insuficiente
podendo ser desconsiderados tanto para cobertores térmicos como para
bastonetes térmicos (Stegemeier, 1998). A equação de Stephan-Boltzmann
descreve a transferência de calor por radiação mostrada na Equação 17.
( ) f
ee
TTSF
⎥⎥⎥⎥
⎦
⎤
⎢⎢⎢⎢
⎣
⎡
+−=
21
42
410 11
1 eq. (17)
onde: =0F transferência de calor por radiação. [ ]33 −− Tmt
=S constante de Stephan-Boltzmann. [ ]43 −− Tmt
=e emissividade.
=f fator de forma.
=1T temperatura emitida. [ ]T
=2T temperatura absorvida. [ ]T
Nesta equação o termo emissividade refere-se à fração de energia que um
corpo emite quando comparado com a emissão de um corpo negro submetido à
mesma temperatura. O fluxo de calor por condução em meios porosos é descrito
por equações que são similares às equações do fluxo de fluido (Stegemeier,
1998). Para o estado permanente, os fluxos de calor linear e radial podem ser
Capítulo 2 - Revisão Bibliográfica 62
descritos de acordo com a Lei de Fourier, mostrado nas Equações 18 e 19
respectivamente.
lTAqL ∆
∆= λ eq. (18)
)/ln(2
weR rr
Thq ∆=
πλ eq. (19)
onde: =Lq fluxo de calor linear. [ ]22 −tml
=Rq fluxo de calor radial. [ ]22 −tml
=∆T variação da temperatura. [ ]T
=∆l comprimento do caminho de fluxo. [ ]l
=λ condutividade térmica. [ ]13 −− Tmlt
=A área. [ ]2l
=er raio externo. [ ]l
=wr raio do poço (bastonetes). [ ]l
=h comprimento do poço. [ ]l
Devido ao fato do fluxo de calor ser muito mais lento que o fluxo de fluido,
muitas vezes faz-se necessário considerar o regime transiente para o processo
(Stegemeier, 1998). Para o fluxo linear, a ascensão da temperatura em função
do tempo e a distância são dadas pela Equação 20. Esta equação incorpora as
propriedades térmicas da maioria dos solos e a taxa de entrada de calor por
unidade de área. Para a condução pura sem convecção, a temperatura perdida
com a distância é descrita pela função erro complementar dada pela Equação
21. Do mesmo modo para o fluxo radial, a variação da temperatura em função do
tempo e a distância é dada pela Equação 22 e as aproximações são definidas
pela função integral exponencial dada nas Equações 23 e 24.
• Fluxo linear
⎪⎭
⎪⎬⎫
⎪⎩
⎪⎨⎧
⎟⎟⎠
⎞⎜⎜⎝
⎛−⎟
⎠⎞
⎜⎝⎛=∆
−
txerfcxetF
txt tx
απα
λα
222
),( 42
1
0
2
eq. (20)
∫ ∑∞
=
+−−
⎭⎬⎫
⎩⎨⎧
+−==
x
k
kkxt
kxedtexerfc
0 0
12
!)!12(2212)(
22
ππ eq. (21)
Capítulo 2 - Revisão Bibliográfica 63
onde: K5,3,1!)!12( =+k e t
xxα2
=
• Fluxo radial
⎥⎦
⎤⎢⎣
⎡−−=∆
trE
Ftrt i απλ 44),(
21 eq. (22)
Para :3)(0 <−< XEi
∑∞
=⎥⎦
⎤⎢⎣
⎡ −+=−
1 !.)()ln()(
n
n
i nnXXXE γ eq. (23)
onde: t
rxα4
2
= e ∑∫∞−
⎥⎦
⎤⎢⎣
⎡⎟⎠⎞
⎜⎝⎛ −
++=⇒−
=2
1
0
1ln11ln1lnn
nn
dtte t
γγ
Para :10)(3 <−< XEi
⎟⎟⎠
⎞⎜⎜⎝
⎛++
+⎟⎠⎞
⎜⎝⎛=−
681534,13330657,3250621,0334733,21)( 2
2
XXXX
XeXE xi eq. (24)
onde: =)(xerfc função erro complementar.
=∆T variação da temperatura. [ ]T
=x distância linear. [ ]l
=t tempo. [ ]t
=0F índice de aquecimento por unidade de área. [ ]3−mt
=λ condutividade térmica do solo. [ ]13 −− Tmlt
=α difusividade térmica do solo. [ ]12 −tl
=0F índice de aquecimento por unidade de comprimento. [ ]3−mlt
=r distância radial. [ ]l
=X argumento da função erro complementar )(erfc e função iE .
=γln constante de Euler = 0,577215665.
A difusividade térmica )(α pode ser determinada relacionando a
condutividade térmica ; o calor específico )(c e a densidade )(ρ conforme a
Equação 25.
ρλαc
= eq. (25)
Capítulo 2 - Revisão Bibliográfica 64
Em níveis moderados de aquecimento, a maioria dos líquidos in situ
vaporiza por ebulição, por evaporação do ar, ou por destilação do vapor. Para
líquidos imiscíveis as frações dos componentes individuais na fase gasosa são
descritas pela Lei de Dalton, que indica qual a pressão total de uma mistura
gasosa é a soma das pressões parciais dos componentes (Equação 26). Devido
ao fato dos líquidos serem imiscíveis, cada componente vaporiza
independentemente da outra, como determinado por sua pressão de vapor da
componente única, que é função somente da temperatura. A fração molar de
uma componente é relacionada diretamente com a pressão parcial, como
mostram as Equações 27 e 28.
Lei de Dalton 00
201 nt pppp K+= eq. (26)
121 =+ nfff K eq. (27)
002
01
01
1nppp
pfK+
= eq. (28)
onde: =p pressão total [ ]21 −− tml
=0,2,1 np K pressão de vapor das componentes puras [ ]21 −− tml
=nf K,2,1 fração de vapor das componentes puras no vapor
Se os líquidos forem miscíveis, a pressão parcial de uma componente
estará reduzida por sua fração molar na fase líquida de acordo com a Lei de
Raoult (Equação 29).
Lei de Raoult 00
22011 nnt pxpxpxp K+= eq. (29)
onde: =nx K,2,1 fração molar das componentes puras miscíveis em líquido.
=0,2,1 np K pressão parcial da componente no vapor. [ ]21 −− tml
A fração do peso de um contaminante que possa ser carregado dentro de
um fluxo de ar ou vapor é dada pelas Equações 30 e 31. Estas equações
supõem que um resíduo líquido do contaminante está sendo evaporado em um
fluxo de ar ou de vapor de água. A Equação 31 mostra que a fração do peso do
Capítulo 2 - Revisão Bibliográfica 65
contaminante no fluxo de vapor é dependente dos pesos moleculares e das
pressões das componentes puras do vapor.
Nos processos térmicos in situ por condução, a pressão total do fluxo de
vapor está ligeiramente abaixo de 1 atm. Conseqüentemente, para
contaminantes com elevado ponto de ebulição a pressão parcial do ar ou do
vapor é quase igual à pressão total. Devido ao fato do vapor ter um peso
molecular menor que do ar, o vapor é o meio mais eficaz do que o ar. A grande
quantidade de vapor de água existente na sub-superfície faz também da
destilação de vapor um mecanismo importante para a recuperação dos
contaminantes em temperaturas bem abaixo dos seus pontos de ebulição
(Stegemeier, 1998).
21
11 ww
wfw+
= eq. (30)
⎟⎟⎠
⎞⎜⎜⎝
⎛+
=
01
02
1
21
1
1
pp
MM
fw eq. (31)
onde: =1fw fração do peso do contaminante no vapor.
=1w peso do ponto alto de ebulição do contaminante no vapor. [ ]m
=2w peso da água ou ar no vapor. [ ]m
=1M peso molecular do contaminante. [ ]1−mmole
=2M peso molecular da água ou a. [ ]1−mmole
3 Desenvolvimento do Sistema de DTIS
3.1 Considerações Iniciais
Alguns protótipos de sistema de dessorção térmica já foram desenvolvidos
por pesquisas na área de geotecnia ambiental da PUC-Rio. O primeiro protótipo,
desenvolvido por Portes (2002), tinha como objetivo remediar in situ resíduos de
limpezas de praias atingidas por derrame de óleo. O sistema era composto
basicamente por um mini-cobertor térmico para aquecimento, um controlador de
temperatura e um sistema de aquisição de dados de temperatura. Os ensaios
foram realizados em um tanque de tijolo.
Este protótipo foi aperfeiçoado por Pires (2004) que tinha como objetivo
utilizar a dessorção térmica para remediação de britas contaminadas das
dutovias (pipeways) e de pisos de concreto. O protótipo de Portes (2002) na era
apropriado para aplicações em dutovias que requerem um sistema modular
devido às suas características geométricas. Em função disto, Pires (2004)
desenvolveu um novo protótipo visando às aplicações em dutovias.
O protótipo de Pires (2004) era composto basicamente por um cobertor
térmico para aquecimento, sistema de controle de temperatura, sistema de
vedação das emissões, isolante térmico, sistema de tratamento das emissões
produzidas e um sistema de aquisição de dados.
Em ambos os casos foram utilizados o cobertor térmico como fonte de
aquecimento. Nos dois casos foi comprovado que os sistemas não eram
eficientes para profundidades maiores do 40 cm, o que já era esperado para o
cobertor térmico. Os sistemas obtiveram bons resultados para tratamento
superficial, o que motivou a desenvolver novas pesquisas.
Este novo sistema utilizou um bastonete térmico como fonte de
aquecimento para aplicações in situ. O sistema deverá atender uma série de
requisitos para aplicações a profundidades maiores que não são possíveis de
serem atendidas através do cobertor térmico.
Capítulo 3 - Desenvolvimento do Sistema de DTIS 67
Este capítulo apresenta os equipamentos que compõem o sistema de
DTIS utilizando o bastonete térmico. Para cada equipamento, foi descrito o seu
desenvolvimento, os materiais utilizados e as características desejáveis para um
bom funcionamento do sistema de remediação in situ.
3.2 Componentes do Sistema de DTIS
O novo sistema de dessorção térmica in situ terá como modelo o sistema
desenvolvido pela TerraTherm (2001) conforme a Figura 14. Alguns
componentes serão os mesmos utilizados por Pires (2004) que também seguiu o
mesmo modelo. O principal equipamento desenvolvido é o bastonete térmico
que apresenta características importantes capaz de promover um bom fluxo de
calor no solo. O bastonete é composto por materiais que sejam compatíveis a
temperatura de até 1000 ºC.
Figura 14 – Sistema de dessorção térmica in situ, TerraTherm (2001).
Este sistema visa também aperfeiçoar o sistema de tratamento das
emissões produzidas, para que seja feita uma série de análise destas emissões.
Todos os equipamentos foram desenvolvidos visando uma aplicação no campo,
observando as condições e dificuldades que poderão surgir quando se utilizar a
técnica de dessorção térmica in situ.
Capítulo 3 - Desenvolvimento do Sistema de DTIS 68
3.2.1 Tanque de Tijolo Refratário
O tanque de tijolo refratário tem como objetivo armazenar o solo para o
tratamento. O tijolo refratário apresenta uma baixa condutividade térmica (0,15
W/m.ºK) o que evita a dissipação de calor para o meio externo. O tijolo refratário
é composto por um prensado de alumina-magnésia-carbono, ligado por resinas e
curado. Possui elevada resistência ao impacto do jato de aço e escoria. Sua
composição química é de Al2O3 77 a 83 %, SiO2 máximo de 8,5 %, MgO máximo
de 8,0 %, TiO2 máximo de 2,0 % e Fe2O3 máximo de 1,5 %. Apresenta massa
específica de 3,0 a 3,10 g/cm³ , porosidade aparente de 11,0 %, resistência à
compressão de 70 a 125 MPa e resistência à flexão à quente de 7,0 a 13,0 MPa
(1400 ºC x 30 min).
O tijolo refratário utilizado apresenta dimensões de 229 x 114 x 63 mm
assentados com argamassa refratária. As dimensões externas do tanque são
630 x 630 x 550 mm e as dimensões internas são 400 x 400 x 470 mm (Figura
15). No fundo do tanque foi colocado um dreno para captar o óleo que possa sair
devido às elevadas temperaturas, conforme pode ser visto na Figura 16.
Figura 15 – Dimensões da tanque de tijolo refratário.
Capítulo 3 - Desenvolvimento do Sistema de DTIS 69
Figura 16 – Tanque de tijolo refratário.
3.2.2 Bastonete Térmico
O bastonete térmico é a fonte de calor que aquece o meio contaminado
durante o processo de dessorção térmica. O equipamento consiste basicamente
de um sistema de aquecimento, composto por uma resistência elétrica montada
em uma estrutura composta por um tubo de aço inox e alumina refratária. Estes
materiais foram escolhidos levando em consideração suas características físicas
que se mostraram compatíveis às temperaturas que serão aplicadas durante o
processo de dessorção térmica.
O aço inox 316, o qual parte de sua composição apresenta 18 % de cromo,
8 % de níquel e 2 % de carbono, não é afetado estruturalmente quando
aquecido à temperatura próxima de 850 ºC (Ecil, 2004). Apresenta boa
resistência à corrosão e a oxidação e é bastante utilizado na indústria
petroquímica. Devido ao alto teor de níquel e cromo, o aço inox 316 apresenta
um bom comportamento quando submetido às altas temperaturas (Gerdau,
2004).
Dreno
Capítulo 3 - Desenvolvimento do Sistema de DTIS 70
A alumina refratária (Al2O3) apresenta algumas características importantes
que a torna capaz de resistir às altas temperaturas. A combinação da elevada
condutividade térmica, baixa expansão e elevada resistência à compressão
conduz a uma boa resistência ao choque térmico. A alumina refratária resiste à
temperatura de até 1700 ºC além de sofrer pouco ataque de produtos químicos,
ser um bom isolante elétrico quando exposto a elevadas temperaturas, boa
resistência ao desgaste e dureza elevada. A Tabela 7 apresenta uma série de
características da alumina que foram determinantes para escolha deste material.
Tabela 7 – Propriedades da alumina refratária.
Ácido concentrados BomÁcido diluídos Bom
Álcalis BomHalogenios Bom
Metais BomConstante dielétrica 9,0 - 10,1
Resistência dieletrica (kV mm-1) 10,0 - 35,0Resistividade (Ω cm) > 1014
Resistência a compressão (MPa) 2200 - 2600Dureza - Knoop (kgf mm-2) 2100Dureza - Vickers (kgf mm-2) 1500 - 1650
Resistência ao cisalhamento (MPa) 330E (GPa) 300 - 400G (MPa) 260 -300
Porosidade aparente (%) 0Densidade (g cm-3) 3,9
Absorção de água - saturação (%) 0Coeficiente de dilatação térmica (x10-6 K-1) 8,0
Ponto de fusão (ºC) 2100Aquecimento específico (J K-1 kg-1) 850 - 900Condutividade térmica (W m-1 K-1) 26 - 35
Temperatura máxima de trabalho (ºC) 1700
Propriedades Térmicas
Resistência Química
Propriedades Elétricas
Propriedades Mecânicas
Propriedades Físicas
A primeira etapa foi a montagem do sistema de aquecimento do bastonete
térmico. Foi elaborado um conjunto composto por um tubo externo de alumina
refratária e um tubo interno em aço inox 316 (Figura 17). A resistência elétrica foi
implantada no interior do tubo de aço inox 316 cujo diâmetro é de 25 mm,
comprimento de 390 mm e parede de 0,79 mm de espessura (Figura 18).
Os terminais da resistência elétrica foram instalados na parte superior do
tubo de aço inox, sendo estes blindados e conectados por soldas aos cabos de
saída (Figura 18). Os cabos são de fibra de vidro com seção de 1,5 mm²
blindados. Este cabo apresenta corrente nominal de 30 A e resistem a
temperatura de até 250 ºC. Os cabos de saída contam também com uma
proteção tipo espaguete de fibra e silicone com temperatura nominal de 400 ºC,
Capítulo 3 - Desenvolvimento do Sistema de DTIS 71
para evitar ataque do concreto refratário e da alumina, além de aumentar a
resistência à temperatura.
O tubo externo de alumina refratária, cujo diâmetro é de 54 mm,
comprimento de 422 mm e parede de 5 mm de espessura, tem como objetivo
proteger o cartucho de aço inox da resistência elétrica, além de propiciar uma
área livre entre a sua parede e a resistência elétrica para circulação de ar.
Figura 17 – Sistema de aquecimento do bastonete térmico.
Figura 18 – Sistema de aquecimento da bastonete térmico.
O tubo de aço inox foi fixado ao tubo de alumina refratária através de duas
tampas que foram cimentadas no tubo de alumina (Figura 18). O material
utilizado para fabricação das tampas foi uma mistura de alumina refratária
curada a uma temperatura mais baixa com um isolante cerâmico. Este material
tem como característica a baixa condutividade térmica que reduzirá a condução
de calor para a parte superior e inferior do bastonete térmico.
Para cimentação das tampas foi utilizado o concreto refratário que contém
ligantes hidráulicos, tais como cimento de aluminato de cálcio e aluminas
hidratáveis. Na tampa superior foram feitos alguns furos, sendo um de diâmetro
de 15 mm para o sistema de injeção de ar, três de 5 mm, na qual dois são para a
saída dos cabos elétricos e um para inserir o termopar do controlador de
Capítulo 3 - Desenvolvimento do Sistema de DTIS 72
temperatura (Figura 18). Ao longo do tubo de alumina, a cada 30 mm foram
feitos quatro furos na seção do tubo de 5 mm de diâmetro para saída do ar que
será injetado.
A próxima etapa da montagem do equipamento consiste em desenvolver
um mecanismo para sustentar o tubo de aquecimento do bastonete térmico,
além de facilitar o manuseio do equipamento, pois deverá ficar fora do solo. O
material escolhido foi o tubo de aço galvanizado devido a sua boa resistência as
altas temperaturas e à corrosão, além de possuir uma série de tipos de
conexões disponíveis no mercado que facilitaram a montagem do equipamento.
O tubo de aço galvanizado apresenta boa resistência à corrosão devido ao
processo de tratamento que ele é submetido. A galvanização é o processo de
zincagem por imersão a quente, que consiste na imersão da peça em um
recipiente com zinco fundido a 460º C. O zinco adere à superfície do aço através
da formação de liga Fe-Zn, sobre a qual deposita-se uma camada de zinco puro
de espessura correspondente à agressividade do meio a qual a peça será
submetida (Figura 19).
Figura 19 – Processo de zincagem, revestimento do zinco a superfície do aço.
Como o zinco é mais anódico do que o elemento ferro na série galvânica, é
ele que se corrói, originando a proteção catódica, ou seja, o zinco sacrifica-se
para proteger o ferro. A Tabela 8 apresenta a série galvânica dos metais.
Capítulo 3 - Desenvolvimento do Sistema de DTIS 73
Tabela 8 – Série galvânica dos metais.
Metais Potencial do EletrodoMagnésio 2,340Alumínio 1,670
Zinco 0,762Cromo 0,710Ferro 0,440
Cádmio 0,040Níquel 0,250
Estanho 0,135Chumbo 0,126Cobre 0,345Prata 0,800Ouro 1,680
Anódicos Menos Nobres
( - )
Catódicos Mais Nobres
( + )
O tubo de aço galvanizado utilizado possui o diâmetro nominal de 2” (54,4
mm de diâmetro interno e 60,4 mm de diâmetro externo). Este diâmetro foi
escolhido em função do diâmetro externo do tubo de alumina refratária. A junção
entre o tubo de alumina refratária e o tubo de aço galvanizado foi feita através de
concreto refratário e uma resina de epóxi.
Para facilitar o manuseio no processo de concretagem foi cortado um
pedaço do tubo de aço galvanizado de 80 mm. Em uma extremidade foi feita
uma rosca padrão BSP, para que posteriormente fosse colocado uma luva de
aço galvanizado de 2” para prolongamento da estrutura de aço galvanizado. A
outra extremidade foi torneada para que fosse acoplado o tubo de alumina. Com
a finalidade de aumentar à área de contato entre o tubo de alumina e o tubo de
aço galvanizado, foi soldada na parte interna do tubo de aço galvanizado uma
chapa de aço de 3 mm de espessura com furos correspondentes aos do tubo de
alumina (Figura 20).
Figura 20 – Tubo de aço galvanizado para concretagem no tubo de alumina refratária.
Capítulo 3 - Desenvolvimento do Sistema de DTIS 74
Antes da concretagem do tubo de aço galvanizado no tubo de alumina
refratário foram confeccionados dois tubos de latão. Um tubo com diâmetro de
15,88 mm, parede de 3,18 mm e 330 mm de comprimento fará parte do sistema
de injeção de ar. O outro tubo com diâmetro de 6,35 mm, parede de 0,79 mm e
477 mm de comprimento servirá como guia para o termopar do controlador.
Estes tubos foram colados no tubo de aço galvanizado com uma resina epóxi de
boa resistência a elevadas temperaturas, tomando-se o cuidado de deixar livres
os orifícios para a passagem dos cabos elétricos (Figura 21).
Figura 21 – Detalhe dos tubos de latão colados no tubo de aço galvanizado.
A extremidade do tubo de latão, que faz parte do sistema de injeção de ar,
foi rosqueada para o acoplamento de um adaptador de latão contendo uma
anilha para conectar o tubo do compressor de ar. Este adaptador consiste num
pedaço de 78,3 mm de um tarugo hexagonal de latão, com um lado torneado no
formato cilíndrico conforme mostra a Figura 22.
Figura 22 – Adaptador de latão.
A concretagem do tubo de aço galvanizado no tubo de alumina foi feita
seguindo algumas etapas. Inicialmente, após a aplicação do concreto refratário,
a cura foi feita na temperatura ambiente por 24 horas. Em seguida o material foi
levado a estufa com temperatura entre 105 a 110 ºC por mais um período de 24
horas. Para reforçar a junção dos tubos foi adicionada aos tubos na parte
externa a resina de epóxi conforme ilustra a Figura 23.
Capítulo 3 - Desenvolvimento do Sistema de DTIS 75
Figura 23 – Concretagem do tubo de aço galvanizado no tubo de alumina refratário.
A etapa final do desenvolvimento do bastonete térmico consistiu em
adicionar as conexões de aço galvanizado e uma tampa de chapa de aço de 1
mm de espessura com formato octogonal. Os últimos componentes de aço
galvanizado são uma luva 2”, um outro pedaço de 120 mm de tubo de 2”
rosqueado nas duas pontas e um flange sextavado de 2”. Na chapa de aço
foram feitos os orifícios para o tubo de injeção de ar, o tubo guia do termopar e a
saída dos cabos elétricos. A placa foi parafusada no flange sextavado conforme
mostra a Figura 24.
Figura 24 – Acabamento do bastonete térmico.
Chapa de aço
Resina epóxi
Capítulo 3 - Desenvolvimento do Sistema de DTIS 76
Este sistema permitia a mobilidade do equipamento facilitando a rotação
no momento em que fosse rosqueada as peças de aço galvanizado na outra
peça já concretada no tubo de alumina refratário.
As dimensões do equipamento totalmente montado podem ser observadas
na Figura 25.
Figura 25 – Bastonete térmico – dimensões.
A Figura 26 apresenta o bastonete térmico totalmente montado e pronto
para utilização.
Figura 26 – Bastonete térmico.
Capítulo 3 - Desenvolvimento do Sistema de DTIS 77
As especificações técnicas do bastonete térmico estão resumidas na
Tabela 9.
Tabela 9 – Especificações técnicas do bastonete térmico.
Peso Total (kg) 5,65Comprimento da zona de aquecimento (mm) 390,00
Comprimento total (mm) 894,35Diâmentro do tubo da zona de aquecimento (mm) 54,00
Tensão (V) 220,00Corrente elétrica (A) 6,80
Resistência máxima ( Ω ) 32,40Potência máxima (W) 149,60
Temperatura máxima de trabalho (ºC) 1200,00
Especificações Valores
O bastonete térmico apresenta as seguintes características:
• Sistema de injeção de fluxo de ar, que permite uma maior mobilidade
ascendente do fluxo de vapor e dos contaminantes volatilizados.
• Sistema de monitoramento da temperatura bem próximo à fonte de
calor o que garante uma maior eficiência no controle da temperatura.
• Flexibilidade para a montagem do equipamento.
• Diâmetro externo compatível com amostradores do mercado para se
fazer o furo onde será instalado o equipamento para o tratamento.
O manuseio do equipamento requer alguns cuidados especiais como:
• Evitar quedas, pois pode romper o tubo de alumina refratária.
• Segurar sempre o equipamento com uma mão na parte metálica e outra
no tubo de alumina refratária.
• Evitar esforços de tração no tubo de alumina refratária.
• Não cravar o equipamento diretamente no solo. Apesar da boa
resistência a compressão do tubo de alumina refratária, recomenda-se
instalar o equipamento em um furo feito por um amostrador ou outro
equipamento similar.
• Evitar que o nível d’ água não ultrapasse o limite superior da zona de
aquecimento, evitando assim que a água não atinja os terminais da
resistência evitando um curto circuito.
Capítulo 3 - Desenvolvimento do Sistema de DTIS 78
• Guardar o equipamento mantendo-o de preferência na horizontal.
Para uma melhor proteção do equipamento e seguindo a última
recomendação apresentada anteriormente foi construída uma caixa de madeira
com 98 x 18 x 18 cm. Esta caixa, vista na Figura 27, oferece segurança ao
equipamento tanto no armazenamento quanto no transporte do bastonete
térmico.
Figura 27 – Caixa do bastonete térmico.
Foi elaborada uma planilha de custos estimada para a montagem do
bastonete térmico. O custo estimado é apresentado na Tabela 10.
Tabela 10 – Custo estimado da montagem do bastonete térmico.
Item Unid. Quant.Preço
Unitário (R$)
Preço (R$)
Resistência tipo cartucho em aço inox 316 390x25 mm com tubo de alumina refratária perfurado 420x54 mm se 1,00 900,00 900,00
Tubo de aço galvanizado φ 2" m 0,20 30,00 6,00Luva de aço galvanizado φ 2" pç 1,00 7,57 7,57Flange sextavado de aço galvanizado φ 2" pç 1,00 10,45 10,45Rosca em tubo de aço galvanizado φ 2" se 3,00 3,86 11,58Chapa de aço com espessura de 1 mm kg 0,17 20,00 3,40Chapa de aço com espessura de 2 mm kg 0,14 30,00 4,20Tubo de latão φex 5/8" parede de 1/8" m 0,33 52,00 17,16Tubo de latão φex 1/4" parede de 1/32" m 0,48 10,00 4,80
965,16
Obs: Custo referente a maio de 2004
Total
Capítulo 3 - Desenvolvimento do Sistema de DTIS 79
3.2.3 Controlador de Temperatura
Para um melhor controle da temperatura do bastonete térmico, foi utilizado
um controlador de temperatura, visto na Figura 28. O controlador é composto por
três partes; o controlador propriamente dito, um controlador de potência que une
o controlador de temperatura ao bastonete térmico e um chaveador que aciona o
funcionamento dos controladores bem como a passagem de corrente para o
bastonete térmico.
Figura 28 – Controlador de temperatura do bastonete térmico.
O controlador de temperatura é do tipo universal marca Incon, modelo CNT
110 (Figura 29). Este controlador possibilita automatizar o ensaio, programando-
se todos os incrementos de temperatura que se deseja desenvolver ao longo do
ensaio. Este recurso, também conhecido como rampas e patamares, permite a
programação da aplicação das temperaturas, além dos intervalos de tempo em
que se deseja permanecer para cada estágio de temperatura.
O controlador também permite a possibilidade de se fazer incrementos de
temperatura de forma manual por um operador para intervalo de tempo
determinado. O controlador permite ser programado por até 28 segmentos entre
rampas e patamares.
Capítulo 3 - Desenvolvimento do Sistema de DTIS 80
Figura 29 – Controlador de temperatura – Incon CNT 110.
O visor vermelho da Figura 29 indica a temperatura real do processo e o
verde a temperatura programada. Toda a programação é feita pelo painel do
controlador de temperatura. As especificações do controlador de temperatura
são apresentadas na Tabela 11.
Tabela 11 – Especificações técnicas do controlador de temperatura Icon CNT 110.
Alimentação 85 a 264 V - 50 a 60 HzConsumo 4 VA
Compatível para termopares J, K, T, N, S, E, R, S e BJ, K, T e N: 0,25% da faixa máxima de +/- 1ºCE, R, S e B: 0,25% da faixa máxima de +/- 3ºC
Resolução 0,1 ºCDimensões 48x48x106 mm
Peso 150 gMaterial termoplástico ABS preto
Especificações
Precisão
O termopar utilizado neste controlador é o tipo K, modelo NiCr (Níquel-
Cromo), sendo do tipo isolado. O termopar tipo K funciona numa faixa de
temperatura entre -200 ºC e 1250 ºC, e possui uma haste de 600 mm de
comprimento com um cabo ligando a haste ao controlador de 6 m de
comprimento.
O controlador de potência também da marca Icon, série mini, bifásico de
40 A para uma tensão de 220 V, permite um melhor desempenho e
produtividade do controlador de temperatura. Este controlador substitui as
chaves contactoras que são normalmente utilizadas sem sistemas de controle de
Capítulo 3 - Desenvolvimento do Sistema de DTIS 81
aquecimento. Este controlador trabalha com uma corrente de até 40 A o que
atende com folga a corrente do bastonete térmico que é de 6,8 A.
O controlador de potência também é comumente chamado de chave
estática devido a seu desempenho em manter a temperatura na temperatura
programada. A Figura 30 mostra o controlador de potência e destacam um
bargraph, leds vermelhos indicados, que é um indicador com dez pontos em
escala percentual que possibilita monitoramento visual de potência que está
sendo enviado ao bastonete térmico.
Figura 30 – Controlador de potência – Vista superior.
O controlador de potência possui um dissipador de temperatura em sua
base, conforme mostra a Figura 31.
Capítulo 3 - Desenvolvimento do Sistema de DTIS 82
Figura 31 – Controlador de potência – Vista lateral.
3.2.4 Isolante Térmico
O isolante térmico tem a função de minimizar ao máximo a dissipação de
calor para o meio externo, conseqüentemente melhorando a eficiência do
aquecimento e consumo energético. O isolante térmico escolhido foi à manta de
fibra cerâmica com espessura de 25 mm, densidade de 96 kg/m³ e uma
temperatura de serviço máxima de 1400 ºC (Figura 32). Uma das características
das fibras cerâmicas que foi determinante para a sua escolha como isolante
térmico, além das qualidades técnicas, foi o seu fácil manuseio para aplicações
in situ, e mobilidade para se adaptar as irregularidades do terreno.
Figura 32 – Fibra cerâmica.
Capítulo 3 - Desenvolvimento do Sistema de DTIS 83
As fibras cerâmicas são entrelaçadas por um processo de agulhamento
para produzirem uma manta de alta resistência, sem a utilização de ligantes
orgânicos (FiberFrax, 2003). Sua composição básica é de silicato de alumínio
vítreo. A Tabela 12 apresenta as características das fibras cerâmicas.
Tabela 12 – Especificações técnicas das fibras cerâmicas (FiberFrax, 2003).
Odor, cor e textura Insípido, branco, material fibrosoFamília química Fibra de silicato de alumínio vítreo
Ponto de ebulição Não aplicávelSolubilidade em água Não solúvel em água
Ponto de fusão 1760 ºCMassa específica 2,50 - 2,75Fórmula molecular Al2O3SiO3
Especificações
A Figura 33 apresenta as condutividades térmicas de algumas fibras
cerâmicas disponíveis no mercado.
Figura 33 – Condutividade térmica das mantas de fibra cerâmica (FiberFrax, 2003).
Neste sistema de dessorção térmica in situ, foi utilizada a manta B6, que
apesar de possuir uma maior condutividade térmica em altas temperaturas,
possui valores semelhantes aos outros na faixa de temperatura necessária a
remediação de materiais contaminados por hidrocarbonetos. A fibra foi cortada
nas dimensões internas do tanque de tijolo refratário, 400 x 400 mm, com um
furo centralizado com diâmetro correspondente ao tubo de alumina refratária do
Capítulo 3 - Desenvolvimento do Sistema de DTIS 84
bastonete térmico 54 mm (Figura 34). Visando um bom isolamento térmico foram
colocadas duas mantas formando uma espessura de 50 mm.
Figura 34 – Fibra cerâmica cortada pronta para o uso no tanque de tijolo refratário.
3.2.5 Isolante de Emissões Gasosas
O isolante de emissões gasosas tem como objetivo impedir que as
emissões geradas, durante o processo de dessorção térmica, atinjam a
atmosfera diretamente, sem passarem pelo processo de tratamento. Em função
disto, procurou-se um material que cobrisse toda a área de tratamento
impedindo a saída dos voláteis. Além disto, o material deverá se adaptar à
superfície do terreno contaminado e apresentar uma certa resistência à
temperatura, pois mesmo com a proteção do isolante térmico sob a camada de
solo, alguns gradientes de temperatura poderão atingir a camada isolante das
emissões gasosas.
O material escolhido foi à manta asfáltica com espessura de 3 mm. Esta
manta é a mesma utilizada na construção civil para impermeabilizações sendo
facilmente encontrada no mercado. Para este sistema de dessorção térmica, a
manta asfáltica foi cortada com dimensões de 650 x 650 mm, sendo um pouco
maior que as dimensões externas do tanque de tijolo refratário. Foi feito também
um furo centralizado com 60,4 mm de diâmetro que correspondente ao diâmetro
do tubo de aço galvanizado do bastonete térmico, conforme mostra a Figura 35.
Capítulo 3 - Desenvolvimento do Sistema de DTIS 85
Figura 35 – Manta asfáltica utilizada como isolante das emissões gasosas.
A Tabela 13 apresenta as características da manta asfáltica utilizada.
Tabela 13 – Especificações técnicas da manta asfáltica (Denver, 2004).
Ponto de fulgor mínimo 250 ºCPeso 4 kg/m²
Ponto de amolecimento 95 ºC à 110 ºCEnsaio de escoamento Não escorre quando suspensas na vertical, em estufa a 80 ºC
Espeificações
Para garantir que o sistema ficasse bem vedado, foi construído um
gabarito de madeira conforme a Figura 36. O gabarito foi fixado junto com a
manta asfáltica sobre o tanque de tijolo refratário com parafusos e buchas tipo
S8 (Figura 37).
Figura 36 – Gabarito de madeira para fixação da manta asfáltica.
Capítulo 3 - Desenvolvimento do Sistema de DTIS 86
Figura 37 – Gabarito de madeira fixado sobre a manta e o tanque de tijolo refratário.
3.2.6 Oxidador Térmico
O oxidador térmico tem como objetivo realizar a oxidação dos
contaminantes presentes nas emissões gasosas. Um bom oxidador térmico deve
apresentar temperatura máxima de trabalho, no seu interior, por volta de 1000
ºC. Para este sistema de dessorção térmica in situ, será utilizado o oxidador
térmico desenvolvido por Pires (2004) que é capaz de atingir no seu interior uma
temperatura máxima de 1200 ºC (Figura 38).
Figura 38 – Oxidador térmico desenvolvido por Pires (2004).
Parafuso S8
Capítulo 3 - Desenvolvimento do Sistema de DTIS 87
O oxidador térmico desenvolvido por Pires (2004), consiste externamente
de um tubo de aço inox de 142 mm de diâmetro e 528,5 mm de comprimento,
fechado nas extremidades com chapas de alumínio de 20 mm de espessura,
travadas com tirantes de aço e dois adaptadores de latão na entrada e saída do
oxidador conforme ilustra a Figura 39.
Figura 39 – Parte externa do oxidador térmico.
O núcleo do oxidador térmico é composto por um tubo de alumina
refratária, com 500 mm de comprimento, diâmetro externo de 30 mm e 10 mm
de parede. O tubo de alumina é envolvido por uma resistência de níquel que
funciona a uma tensão de 220 V e freqüência de 60 Hz, possuindo uma corrente
de 13 A. O conjunto é revestido por cimento refratário que tem a finalidade de
proteger e isolar a resistência (Figura 40). Os fios de alimentação são isolados
com anéis refratários (miçangas). Para evitar a perda excessiva de calor para o
meio externo, o tubo aquecedor foi envolvido com fibra cerâmica (Figura 40).
Figura 40 – Parte interna do oxidador térmico.
Os adaptadores de latão foram cimentados no tubo de alumina com
concreto refratário e têm como finalidade fazer a conexão com os tubos que
ligam aos outros componentes do sistema de dessorção térmica, além de
auxiliar na centralização do tubo de alumina refratária aos equipamentos
Capítulo 3 - Desenvolvimento do Sistema de DTIS 88
externos. Em um dos adaptadores foi feito um orifício para a passagem do
termopar do controlador de temperatura.
O controlador de temperatura utilizado para o oxidador térmico é do
modelo HW-1440-Coel que possibilita a aplicação de temperatura de até 1000
ºC (Figura 41). Este controlador é alimentado por uma tensão entre 85 a 265 V,
a uma freqüência de 48 a 62 Hz e consumo médio de 8 VA. O termopar utilizado
é do tipo K, modelo NiCr, com uma haste de 600 mm de comprimento.
O controlador de temperatura possui uma chave contactora de 20A que,
quando a temperatura programada é atingida, a contactora abre o circuito
elétrico e automaticamente o oxidador térmico deixa de ser alimentado. Assim, a
temperatura no oxidador começa a diminuir, e quando reduz cerca de 3ºC, a
chave então fecha novamente o circuito e o oxidador térmico volta ser
alimentado.
Figura 41 – Controlador de temperatura do oxidador térmico.
Para verificar a eficiência do oxidador térmico, Pires (2004) realizou um
ensaio que consistia em aplicar um fluxo de ar, através de uma bomba de vácuo,
na entrada do oxidador. As temperaturas, externa e na saída do oxidador, eram
medidas através de um termômetro digital. A temperatura interna era controlada
pelo controlador de temperatura e o termopar. As temperaturas mediadas na
saída e na superfície externa do oxidador podem ser observadas na Figura 42.
Capítulo 3 - Desenvolvimento do Sistema de DTIS 89
Figura 42 – Avaliação do oxidador térmico, Pires (2004).
Através do gráfico pode-se verificar que o isolamento térmico do oxidador
térmico é satisfatório, pois para temperatura interna de 1000 ºC foi registrada
uma temperatura externa de 120,3 ºC.
3.2.7 Condensador
Após a passagem pelo oxidador térmico, as emissões gasosas
apresentam uma temperatura bem elevada. Caso esta temperatura elevada
chegue à bomba de vácuo pode provocar um superaquecimento, provocando
problemas em seu funcionamento. Um outro agravante, é a ineficiência do
tratamento das emissões na câmara de carvão ativado. Segundo Pires (2004) o
uso de carvão ativado é eficiente para adsorção de contaminantes para baixos
níveis de temperatura. Estes fatores tornaram indispensável o uso de um
trocador de calor para diminuir a temperatura das emissões gasosas antes de
chegarem à câmara de carvão ativado e a bomba de vácuo.
O trocador de calor é o dispositivo que efetua a transferência de calor de
um fluido/gás para o outro. A transferência de calor pode-se efetuar de quatro
maneiras principais:
• Pela mistura dos fluidos/gás.
• Pelo contato entre os fluidos/gás
0
50
100
150
200
250
300
350
400
450
500
0 100 200 300 400 500 600 700 800 900 1000Controlador de temperatura (ºC)
Term
omet
ro d
igita
l (ºC
)
Temperatura do ar na saída Temperatura externa do oxidador
Capítulo 3 - Desenvolvimento do Sistema de DTIS 90
• Com armazenamento intermediário.
• Através de uma parede que separe os fluidos/gás quente e frio.
O trocador de calor escolhido para este sistema de dessorção térmica é o
que efetua a troca de calor através de uma parede que separa os fluidos/gás.
Quanto à utilização estes tipos de trocadores são classificados como:
• Permutadores.
• Resfriadores/aquecedores.
• Condensadores.
• Evaporadores.
• Vaporizadores.
Neste sistema foi utilizado um trocador de calor tipo condensador. O
condensador consiste basicamente em um conjunto de duas serpentinas, sendo
que uma fica no interior da outra com diâmetros, respectivamente de 29 mm e
6,35 mm e ambas com parede de 0,79 mm (Figura 43).
Figura 43 – Condensador – Vista frontal e lateral.
O funcionamento consiste em aplicar um fluxo de água ascendente na
serpentina externa e um fluxo descendente das emissões gasosas na serpentina
interna. Deve-se aplicar um fluxo de água a uma vazão constante para renovar à
água mantendo-a na temperatura ambiente. Este tipo de condensador é capaz
de efetuar a troca de calor entre a água e as emissões gasosas, reduzindo a
temperatura das emissões gasosas, a mesma temperatura em que a água se
encontra, que no caso é a temperatura ambiente. As emissões gasosas na
Capítulo 3 - Desenvolvimento do Sistema de DTIS 91
temperatura ambiente já atendem o eficaz funcionamento da bomba de vácuo e
a câmara de carvão ativado.
As paredes do condensador são feitas de cobre que apresenta uma
elevada condutividade térmica (389 W / m ºK), resistência mecânica, flexibilidade
e resistência à corrosão. A quantidade de calor trocado aumenta com o aumento
da área de troca, isto é, a área de dutos que separa os dois fluidos.
O arranjo estrutural do condensador, tipo serpentina, maximiza a área de
troca apresentando uma boa eficiência. A serpentina interna do condensador
apresenta um diâmetro de 6,35 mm e uma espiral com sete voltas com diâmetro
médio de 256,5 mm o que propicia uma área de troca de 1,125 x 10-1 m² e
volume de 1,786 x 10-4 m³.
Define-se a compaticidade de trocador de calor pela relação entre sua área
de troca e o volume ocupado. Costuma-se definir, arbitrariamente, que um
trocador é compacto quando esta relação for maior que 700 m²/m³. o
condensador em questão apresenta a seguinte compaticidade:
324
1
/94,62910786,110125,1 mm
xxadeCompaticid
VolumeÁreaadeCompaticid ==⇒= −
Na entrada e na saída da serpentina externa foram adaptados dois niples
de latão de diâmetro de 3/4” para a alimentação e captação de água. Foi
construído todo um sistema hidráulico com tubos de PVC para que a água
alimentasse o condensador e fosse encaminhada para o sistema de drenagem
das águas pluviais, conforme ilustra a Figura 44.
Capítulo 3 - Desenvolvimento do Sistema de DTIS 92
Figura 44 – Sistema de alimentação e captação de água do condensador.
Para a serpentina interna foram adaptados dois cotovelos de 90º de latão
de 15 mm de diâmetro sendo um na entrada e outro na saída. Mantendo a
padronização, também foram soldados nos cotovelos os adaptadores de latão
com as mesmas medidas dos adaptadores do oxidador térmico (Figuras 45 e
46).
Figura 45 – Condensador – Vista frontal.
Adaptador de latão
Capítulo 3 - Desenvolvimento do Sistema de DTIS 93
Figura 46 – Condensador – Vista lateral.
3.2.8 Separador de Líquidos
Ao sair do condensador as emissões geradas no processo de dessorção
térmica são uma mistura de líquidos e gases. Para evitar que os líquidos entrem
na bomba de vácuo prejudicando o seu funcionamento, torna-se necessário a
instalação de um equipamento que separe os líquidos dos gases.
Na indústria da refrigeração os separadores de óleo são utilizados para
assegurar que o óleo, levado do compressor junto com o refrigerante, seja
separado e volte para o compressor. Seguindo este mesmo princípio, foi
desenvolvido um separador de líquidos que além de impedir que os líquidos
cheguem à bomba de vácuo, possibilite uma amostragem dos gases pela
câmara de carvão ativado. O separador de líquidos foi montado na linha de
descarga do condensador antes da bomba de vácuo e a câmara de carvão
ativado.
Para o desenvolvimento do separador de líquidos, inicialmente foi soldada
uma chapa de aço com dimensões de 122 x 103 mm e espessura de 6 mm, em
uma das extremidades de um tubo de aço galvanizado de diâmetro nominal de
2.1/2” (68,2 mm de diâmetro interno e 76,0 mm de diâmetro externo) com 278
mm de comprimento. A chapa de aço será a base do separador que deve ser
regular e fixa. Na outra extremidade do tubo de aço galvanizado foi feita uma
rosca padrão BSP para a instalação de uma tampa.
Niple de latão φ 3/4”
Capítulo 3 - Desenvolvimento do Sistema de DTIS 94
A tampa do separador de líquidos consiste em um tampão sextavado de
aço galvanizado de 2.1/2”. Na parte superior do tampão foram feito dois furos e
soldado dois niples de redução de 1/2” x 3/8” em aço galvanizado, um em cada
furo, destinados a entrada e saída do separador de líquidos. Entre os furos foi
soldado uma chapa de aço inox com dimensões de 100 x 65 mm e 1 mm de
espessura (Figura 47).
A separação dos líquidos dos gases é feita basicamente por gravidade. O
líquido ao entrar no separador é armazenado no fundo do recipiente e os gases
que ficam suspensos são sugados pela bomba de vácuo. A chapa soldada no
tampão impede que pequenas gotículas de água, que ficam retidas nas
proximidades da entrada do separador, sejam sugadas pela bomba de vácuo
devido à proximidade da entrada e saída do separador de líquidos.
Figura 47 – Tampa do separador de líquidos.
No fundo do separador de líquidos foi instalado um sistema para captação
do líquido retido no separador de líquidos. Este líquido poderá ser analisado para
que se tenha conhecimento do que está sendo liberado no final do processo de
dessorção térmica. O sistema consiste de um niple de aço galvanizado de 1/2”,
que foi soldado em um furo centralizado, seguido de um cotovelo de 90º macho-
fêmea em aço galvanizado e por uma válvula esférica de latão de 1/2” (Figura
48).
Capítulo 3 - Desenvolvimento do Sistema de DTIS 95
Figura 48 – Sistema de captação do separador de líquidos.
Para evitar que o volume de líquidos ocupasse todo o recipiente,
ocorrendo o risco de entrar pelo tubo de saída e ser sugado pela bomba de
vácuo, foi instalado um tubo de acrílico, com 30 mm de comprimento, diâmetro
externo de 12 mm e parede de 1 mm, na lateral do separador de líquidos a 183
mm da base. Este tubo funciona com um ladrão de reservatórios, porém com a
saída fechada. Pelo fato do tubo ser de acrílico é possível visualizar se o nível d’
água atingiu ou não o nível máximo de segurança do separador de líquidos
(Figura 49).
Com as dimensões apresentadas na Figura 49, o separador de líquidos é
capaz de armazenar um volume de 668,5 ml. Durante o processo de dessorção
térmica, é possível que seja gerado um volume de líquidos maior que a
capacidade do separador de líquidos, porém através da válvula do separador de
líquidos é possível esvaziá-lo armazenando ou não este líquido. Para facilitar a
conexão com o tubo que liga o separador de líquido ao condensador, foram
instaladas duas peças de aço galvanizado de diâmetro de 3/8”, um cotovelo de
90º e uma curva macho-fêmea. Ao facilitar a conexão, estas peças impedem que
haja vazamentos na entrada do sistema. Pelo mesmo motivo, porém ligando o
separador de líquidos a câmara de carvão ativado, foram instaladas na saída do
separador de líquidos uma luva e uma curva macho-fêmea também em aço
galvanizado de diâmetro de 3/8” (Figura 50).
Capítulo 3 - Desenvolvimento do Sistema de DTIS 96
Figura 49 – Separador de líquidos – Vista frontal e lateral.
(a) (b)
Figura 50 – Separador de líquidos – (a) Vista frontal, (b) Vista lateral.
Capítulo 3 - Desenvolvimento do Sistema de DTIS 97
3.2.9 Câmara de Carvão Ativado
A câmara de carvão ativado tem como finalidade filtrar as emissões
gasosas produzidas durante o processo de dessorção térmica, impedindo que
esses gases ainda contaminados sejam lançados diretamente na atmosfera. A
câmara de carvão ativado possui um formato cilíndrico com diâmetro externo de
75 mm e altura de 120 mm e é feita de alumínio. Nas extremidades da câmara
de carvão ativado existem adaptadores de latão do mesmo padrão dos
adaptadores do oxidador térmico e do condensador (Figura 51).
Figura 51 – Câmara de carvão ativado.
Figura 52 – Câmara de carvão ativado.
Uma das extremidades da câmara de carvão ativado é conectada na saída
do separador de líquidos e a outra é conectada a bomba de vácuo. A sucção da
bomba força a circulação das emissões gasosas através dos filtros de carvão
ativado que ficam no interior da câmara.
O interior da câmara de carvão ativado é preenchido completamente com
carvão ativado em pó. Para evitar que o carvão seja sugado durante a aplicação
do vácuo, existe internamente a câmara discos de papel filtro em suas saídas,
apropriados para material pulverulento.
Capítulo 3 - Desenvolvimento do Sistema de DTIS 98
Para que esta mesma câmara de carvão ativado seja utilizada para
amostragem dos contaminantes presentes nos gases, que ficam adsorvidos no
carvão ativado, foi feito um adaptador para reduzir a quantidade de carvão
ativado em seu interior, aumentando assim a concentração dos produtos
adsorvidos ao carvão ativado (Figura 54).
O adaptador consiste de uma peça cilíndrica de alumínio com 63 mm de
diâmetro e 70 mm de comprimento (Figura 53). Esta peça possui um furo central
de 7 mm de diâmetro por onde passam as emissões succionadas. Através deste
adaptador, o volume da câmara que inicialmente era de 331,83 cm³, é reduzido
para 99,55 cm³.
Figura 53 – Câmara de carvão ativado com corte apresentando o adaptador.
Figura 54 – Adaptador da câmara de carvão ativado.
3.2.10 Bomba de Vácuo e Compressor de Ar
O sistema de dessorção térmica utiliza um conjunto hidráulico composto
por duas bombas de vácuo. Este conjunto hidráulico tem como objetivo fornecer
Capítulo 3 - Desenvolvimento do Sistema de DTIS 99
energia para uma melhor captação e encaminhamento das emissões gasosas
através da tubulação do sistema de tratamento.
Na entrada do sistema, por um período de 9 horas por dia, foi instalada
uma bomba de vácuo. Esta bomba de vácuo tem o fluxo de ar invertido para
funcionar como um compressor de ar. Este compressor tem como objetivo criar
um fluxo de ar, através do sistema de injeção de ar do bastonete térmico,
passando pela resistência elétrica arejando o solo e conduzindo as emissões
gasosas para a tubulação do sistema de tratamento.
A bomba de vácuo que também tem a função de um compressor de ar é
da marca Golsun modelo 0411. Este bomba de vácuo possui um sistema de
palhetas rotativas lubrificadas a óleo (Figura 55). As especificações técnicas da
bomba de vácuo são apresentadas na Tabela 14
Figura 55 – Bomba de vácuo marca Goldsun modelo 0411.
Tabela 14 – Especificações técnicas da bomba de vácuo marca Golsun modelo 0411.
(Goldsun, 2003).
Vazão 37 l min-1 / 2,20 m³ h-1
Vácuo 27" Hg / 685,8 mmHgPressão 20 - 25 PsiRotação 1725 RPMPotência 1/4 HPVoltagem 110 / 220 V
Comprimento 350 mmlargura 175 mmAltura 215 mm
Especificações
Dimensões
Performace
Capítulo 3 - Desenvolvimento do Sistema de DTIS 100
No período em que o compressor de ar estiver funcionando, foi instalada
na saída do sistema, após a câmara de carvão ativado, uma outra bomba de
vácuo. Esta bomba de vácuo tem como objetivo succionar as emissões gasosas
através dos filtros de carvão ativado e lançá-las na atmosfera. Esta bomba de
vácuo é do tipo de pistões oscilantes padrão “pneurop” marca HF modelo S4
(Figura 56). As especificações técnicas desta bomba de vácuo são apresentadas
na Tabela 15.
Figura 56 – Bomba de vácuo marca HF modelo S4.
Tabela 15 – Especificações técnicas da bomba de vácuo marca HF modelo S4 (HF,
2000).
Vazão 60 l min-1 / 3,60 m³ h-1
Pressão 30 PsiRotação da bomba 540 RPMRotação do motor 1750 RPM
Potência 1/2 HPVoltagem 110 / 220 V
Flange da bomba 1/2"Quantidade de óleo 0,7 l
Peso da bomba 35 kgComprimento 550 mm
largura 285 mmAltura 380 mm
Dimensões
Performace
Especificações
Capítulo 3 - Desenvolvimento do Sistema de DTIS 101
O acionamento da bomba de vácuo foi automatizado através um multi-
timer digital marca Icel, modelo TI-10. Este multi-timer digital possui uma carga
resistiva de até 16 A e carga indutiva de 3 A. Sua operação é de 24 horas / 7
dias com 12 programas por dia (Figura 57).
Figura 57 – Multi-timer digital marca Icel modelo TI-10.
3.2.11 Sistema de Monitoramento e Aquisição de Dados
O sistema de monitoramento e aquisição de dados tem a função de
registrar e armazenar as temperaturas durante o ensaio. As temperaturas são
captadas através dos termopares, que são inseridos na região onde se deseja
monitorar as temperaturas, e registradas e armazenadas em um data logger
portátil.
Os termopares utilizados são do tipo K que são recomendados para
atmosferas oxidantes ou inertes (Figura 58). As especificações técnicas dos
termopares tipo K podem ser vistas na Tabela 16.
Figura 58 – Termopares tipo K.
Capítulo 3 - Desenvolvimento do Sistema de DTIS 102
Tabela 16 – Especificações técnicas dos termopares tipo K.
Elemento positivo chromel (+)Elemento negativo alumel (-)Especificações
Faixa de temperatura usual - 50 ºC à 1260 ºC
Vulnerável em atmosfera sulfurosa e gases com SO2 e H2S requerendo substancial proteção quando utilizado nestas condições
Restrições
Limite de Erro
Caracteristicas
Faixa de temperatura -200 à 0 ºC +/- 2,2 ºC ou +/- 2% Faixa de temperatura 0 à 1260 ºC +/- 2,2 ºC ou +/- 0,75% - Recomendável em atmosferas oxidantes ou inertes - Ocasionalmente podem ser usados abaixo de zero grau - Uso no vácuo por curto período de tempo
O data logger é da marca Almeno, modelo 2290 e possui cinco canais para
monitoramento da temperatura, conforme a Figura 59.
Figura 59 – Data logger marca Almeno, modelo 2290.
Os dados armazenados no data logger são transferidos para um
computador PC através de uma interface RS 232-C e do aplicativo AMR-Control
versão 4.02.
4 Avaliação dos Equipamentos e do Fluxo de Calor no Solo
4.1 Considerações iniciais
Antes de se iniciar os ensaios com solo contaminado, é indispensável uma
avaliação dos equipamentos desenvolvidos, bem como analisar o fluxo de calor
no solo residual de Caxias, que foi escolhido para o presente estudo. A
determinação do fluxo de calor no solo fornecerá parâmetros para uma eventual
aplicação em campo utilizando os bastonetes térmicos, como por exemplo, o
espaçamento médio entre os bastonetes. Os ensaios de análise de fluxo de calor
serviram também para avaliar a capacidade de aquecimento do bastonete
térmico.
4.2 Caracterização do Solo
Neste item foi apresentada a caracterização do solo utilizado nos estudos.
Esta caracterização tem como objetivo definir características que são
importantes para a análise da eficiência da técnica de dessorção térmica.
4.2.1 Descrição do Local de Coleta
As amostras de solo deformadas foram coletadas de um perfil de
intemperismo de solo residual jovem, localizado em um talude de corte na
Rodovia Washington Luis (BR 040 – km 111), sentido Rio-Petrópolis, no
município de Duque de Caxias – RJ (Figura 60).
Capítulo 4 - Avaliação dos Equipamentos e do Fluxo de Calor no Solo 104
Figura 60 – Vista aérea da área onde as amostras foram coletadas, Duque de Caxias –
RJ.
De acordo com a geologia regional do estado do Rio de Janeiro, a região
de Duque de Caxias está compreendida na faixa costeira leste, ocorrente entre a
Baía de Sepetiba (na base da Serra do Mar) e a região de Macaé. Nota-se a
ocorrência de rochas do pré-cambriano com topografias arrasadas, destacando-
se as unidades de gnaisses facoidais, migmatitos e gnaisses bandados (CPRM,
2002). Ocorrem também corpos intrusivos de granito.
O perfil em questão foi desenvolvido de rocha metamórfica gnáissica
apresentando feições ricas em minerais máficos (biotitas) e félsicos (feldspatos)
conferindo ao solo residual jovem camadas alternadas com porosidade e
permeabilidade diferenciadas (Figura 61a). As frações de areia da amostra são
constituídas por feldspatos potássio e biotita em várias fases de alterações, além
do quartzo (Mergulhão, 2003). Já as frações de silte e argila são constituídas por
caulinita, ilita e gibsita. As amostras deformadas coletadas foram extraídas da
feição arenosa em torno do bloco como mostra a Figura 61b. (a) (b)
Figura 61 – Coleta da amostra de solo.
Local de coleta
das amostras
Capítulo 4 - Avaliação dos Equipamentos e do Fluxo de Calor no Solo 105
Este solo foi escolhido devido ao fato de ser um solo bem conhecido,
estudado por diversas pesquisas da PUC-Rio. Como exemplo pode-se citar
Mergulhão (2003) e Gerard (2004). Além do mais, este perfil foi utilizado como
jazida para aterro de toda a região da refinaria de Duque de Caxias. O
conhecimento do comportamento da técnica de dessorção neste tipo de solo
poderia fornecer parâmetros para uma eventual necessidade de aplicação desta
tecnologia de remediação in situ, pois esta região é sujeita a acidentes com
hidrocarbonetos, conforme ilustra a Figura 60.
4.2.2 Caracterização Geotécnica
Todos ensaios de caracterização geotécnica foram realizados no
Laboratório de Geotecnia e Meio Ambiente da PUC-Rio seguindo as normas
brasileiras. Os resultados da caracterização geotécnica são apresentados na
Tabela 17. A curva de distribuição granulométrica é apresentada na Figura 62.
Tabela 17 – Resumo da caracterização geotécnica.
SM - Areno siltosoNotas:
44,10
Índice de plasticidade IP(5) (%) 12,35Fração de Argila (%) 15,00
Limite de plasticidade ωP (%) 31,75
Atividade(6) 0,82Classificação SUC
18,37Teor de umidade ω (%) 23,29
Indíces Físicos Valor
Peso específico natural γnat (kN/m3)
2,6426,400,77
43,5679,85
Densidade do grãos Gs
Grau de saturação S(4) (%)
Peso específico do grãos γs (kN/m3)
Limite de liquidez ωL (%)
Índice de vazios e(2)
Porosidade n(3) (%)
14,90Peso específico seco γd(1) (kN/m3)
eene
d
snatd +
=⇒∴−=⇒∴+
=⇒1
11
)3()2()1(
γγ
ωγ
γ
ilaIPAtividadeIP
eS PL
w
s
arg%.. )6()5()4( =⇒∴−=⇒∴=⇒ ωω
γωγ
Capítulo 4 - Avaliação dos Equipamentos e do Fluxo de Calor no Solo 106
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
0,0001 0,001 0,01 0,1 1 10 100Diâmetro dos Grãos (mm)
Porc
enta
gem
que
pas
sa (%
)
Composição: Pedregulho 0% Areia Grossa 8% Areia Média 44% Areia Fina 9% Silte 24% Argila 15%
Figura 62 – Curva de distribuição granulométrica.
4.2.3 Análises Mineralógicas
Para a realização das análises mineralógicas foi utilizado um importante
método para identificação dos grãos minerais finos dos solos, a difração por
raios X. Os ensaios foram realizados no laboratório de difração de raios X do
Departamento de Ciências dos Materiais e Metalúrgica da PUC-Rio, utilizando
um difratômetro de raios X marca Siemens, (modelo D500 apresentado na
Figura 63).
Figura 63 – Difratômetro de raios X marca Siemens modelo D500.
Capítulo 4 - Avaliação dos Equipamentos e do Fluxo de Calor no Solo 107
A partir dos resultados dos difratogramas foi identificada a presença de
caulinita e gibsita, conforme mostra a Figura 64.
Figura 64 – Difratograma de raios X.
4.2.4 Análises Físico-Químicas
As análises físico-químicas foram realizadas nos laboratórios da
EMBRAPA. Todos os ensaios foram realizados seguindo normas descritas no
manual de métodos de análise de solo da própria EMBRAPA (EMBRAPA, 1997).
Os resultados das análises físico-químicas são apresentados na Tabela 18
Tabela 18 – Resumo das análises físico-químicas.
MgFeCuZn
Ca++
Mg++
K+
Na+
H+
Al+++
Capacidade de troca catiônica T (meq/100g) 3,80Superfície específica SS (m2/g) 14,05
Acidez trocável (meq/100g) 1,201,40
0,270,29
Cátions trocáveis S (meq/100g) 0,290,35
0,2870,562
Elementos disponíveis (mg/dm3) 0,475,21
Teor de carbono C (g/kg) 0,50Matéria orgânica MO (%) 0,86
KCL 4,10Condutividade elétrica (mS/cm à 25º C) 0,06
Análise Físico-química ValorpH H2O 4,90
Capítulo 4 - Avaliação dos Equipamentos e do Fluxo de Calor no Solo 108
A partir da análise dos resultados acima, observa-se que os teores de
carbono e matéria orgânica são relativamente baixos. O teor de matéria
orgânica, nos solos superficiais, varia entre 0,5 a 5 % (em peso), enquanto que,
para solos orgânicos, este valor pode atingir 100% (Sparks, op. cit.). O material
apresenta capacidade de troca catiônica e superfície específica dentro de um
valor esperado conforme a Tabela 19 em função dos resultados da difração de
raios X que apresentou a presença de caulinita e gibsita (Figura 64).
Tabela 19 – CTC (Grim, 1968) e superfície Específica (Russel, 1973, Bohn et al., 1979)
dos principais argilominerais e frações silte e argila.
Mineral ou Patícula Superfície Específica (m 2 /g)
CTC (cmol/kg ou meg/100g)
Caulinita 10 a 20 3 a 15Ilita 70 a 120 10 a 40
Clorita 79 a 150 10 a 40Vermiculita 300 a 500 100 a 150Esmectita 700 a 800 60 a 150
Silte < 1 muito pequenaAreia Fina < 0,1 muito pequena
Areia Grossa < 0,01 muito pequena
4.2.5 Ensaio de Compactação
Os métodos de ensaio compactação de solos mais utilizados são os da
AASHO STANDART (Proctor Normal, Intermediário e Modificado). A
metodologia da AASHO é também adotada pela ABNT e pela ANTT – Agência
Nacional de Transporte Terrestre.
Do material recebido, utiliza-se 3000 g de solo seco ao ar e destorroado e
passado na peneira # 4 conforme a NBR 7182. Uma porcentagem inicial de água
deverá ser adicionada à amostra para o primeiro ponto. A quantidade de água
deve ser de 4 a 6% abaixo da umidade ótima do solo que poderá ser estimada a
partir do limite de plasticidade. Determina-se o peso do molde sem o colar e a
placa base, bem como suas dimensões para calcular o volume do mesmo.
Retira-se o colar e o excesso de solo, retira-se também a base e pesa-se o
molde com a amostra compactada. Com um extrator retira-se o solo do molde e
coleta-se uma pequena quantidade do centro da amostra para determinar a
umidade. Desmancha-se o material compactado até que possa ser passado na
peneira # 4, misturando-o em seguida ao restante da amostra inicial. Adiciona-se
Capítulo 4 - Avaliação dos Equipamentos e do Fluxo de Calor no Solo 109
2% de água (com relação ao peso original da amostra de 3 kg) e faz-se a
homogeneização. Repetir os passos anteriores até que se obtenha um número
mínimo de 5 pontos em que 2 estejam abaixo, 2 acima e 1 em torno da umidade
ótima.
As curvas de compactação e saturação obtidas no ensaio com o Proctor
Normal são apresentadas na Figura 65.
13,20
13,40
13,60
13,80
14,00
14,20
14,40
14,60
22,00 24,00 26,00 28,00 30,00 32,00 34,00 36,00
Umidade (%)
γd (k
N/m
³)
ωot = 28,70 %γdmáx = 14,28 kN/m3
ωot
γdmáx S=1
Figura 65 – Curva de compactação e saturação – Proctor Normal.
4.2.6 Determinação da Permeabilidade
A determinação da permeabilidade baseia-se na Lei de Darcy para
escoamento laminar, segundo a qual a velocidade de percolação é diretamente
proporcional ao gradiente hidráulico, e pode ser feita em laboratório utilizando-se
ensaios de carga constante ou de carga variável em permeâmetro de parede
rígida ou em permeâmetro de parede flexível.
O ensaio de permeabilidade foi realizado com uma amostra indeformada
em um permeâmetro de parede flexível, visto que:
• O permeâmetro de parede rígida existe uma possibilidade de passagem
de água entre a parede e a amostra cilíndrica, pois é difícil uma
moldagem sem imperfeições na face externa da amostra. Isto causaria
uma passagem preferencial de água.
Capítulo 4 - Avaliação dos Equipamentos e do Fluxo de Calor no Solo 110
• Existe o problema de não se poder impor no ensaio as condições de
tensões no campo.
A Figura 67 apresenta o gráfico da variação de volume percolado em
função do tempo de onde se obteve a vazão Q que é o coeficiente angular da
reta. Os resultados do ensaio de permeabilidade estão apresentados na Tabela
20.
V = 5,1968t - 10,761R2 = 0,999
0,00
20,00
40,00
60,00
80,00
100,00
120,00
140,00
0,00 5,00 10,00 15,00 20,00 25,00 30,00
tempo (min)
Volu
me
(cm
³)
Figura 66 – Variação do volume com o tempo – Determinação da vazão.
Tabela 20 – Resultados do ensaio de permeabilidade.
Diâmetro (cm)Altura (cm)Área (cm²)Volume (cm³)Confinante σc (kPa)Poro-pressão na base ub (kPa)Poro-pressão no topo ut (kPa)
Parâmetros Valor10,00
Dimensões 8,1578,54640,10500,00
Pressões aplicadas 493,92490,00
Permeabilidade (m/s) 2,29x10-6
Gradiente hidráulico i 4,81Vazão Q (cm³/s) 8,66x10-2
Capítulo 4 - Avaliação dos Equipamentos e do Fluxo de Calor no Solo 111
4.3 Análise do Fluxo de Calor
O fluxo de calor por condução em meios porosos foi determinado utilizando
a equação de Stegemeier (1998), Equação 19, que é similar às equações do
fluxo de fluido e obedece a Lei de Fourier para um fluxo de calor radial.
)/ln(2
wehr rr
Tq ∆=
πλ eq. (19)
Da equação de Stegemeier (1998) alguns parâmetros já são conhecidos
como:
• =h comprimento do poço ][l → corresponde ao comprimento da
zona de aquecimento do bastonete térmico.
• =∆T variação da temperatura ][T → a variação da temperatura será
determinada pelos termopares posicionados no solo.
• =we rr / raio externo e raio do poço respectivamente ][l → serão
determinados através do posicionamento dos termopares no solo.
O único parâmetro inicialmente não conhecido é a condutividade térmica
do solo )(λ , porém existem diversos métodos para medir a condutividade
térmica no solo. A determinação deste parâmetro será apresentada no item
4.3.1.
4.3.1 Determinação da Condutividade Térmica
Existem várias maneiras de se medir a condutividade térmica. Os métodos
existentes são de fluxo de calor estacionário (temperatura constante) ou de fluxo
de calor transiente (temperatura variando com o tempo). Segundo Jackson &
Taylor (1986), os métodos que utilizam o fluxo de calor transiente são
considerados mais adequados para solos.
Alguns autores, como por exemplo, Jackson & Taylor (1986) e Farouki
(1986), indicam que o método da agulha térmica (ou sonda térmica) é um
método rápido e conveniente para medir a condutividade térmica de solos in situ
ou em laboratório.
Capítulo 4 - Avaliação dos Equipamentos e do Fluxo de Calor no Solo 112
A agulha é inserida no solo que será ensaiado, e deve ser suficientemente
fina para não causar amolgamentos ou distúrbios no solo. A agulha térmica
consiste de um sistema aquecedor que produz energia térmica a uma taxa
constante e de um sensor de temperatura (termopar). A razão de aumento da
temperatura da agulha depende da condutividade térmica do meio que ela está
inserida.
Um diagrama esquemático de uma sonda térmica utilizada nas medidas de
condutividade está apresentado na Figura 68. A sonda térmica normalmente é
de aço inoxidável, por ser um material de baixo calor específico e alta difusidade
térmica.
Figura 67 – Esquema da sonda térmica.
Para determinação da condutividade térmica foi utilizada uma sonda de
imersão marca Almeno modelo FP A437-1, que fornece um fluxo de calor
constante quando colocada dentro do material a ser ensaiado. Este fluxo é
mantido até que o equilíbrio seja estabelecido entre a energia térmica transferida
para o material e a energia térmica dissipada.
A sonda é acoplada a um data logger portátil, marca Almeno modelo 2290.
O conjunto sonda/data logger pode ser visto na Figura 69. O diâmetro da sonda
é de 1,5 mm, com comprimento de 12 cm. A sonda opera com dois termopares
Pt 100, sendo de 6 cm a menor espessura de solo que se pode medir a
condutividade térmica.
Molde de
Compactação
Solo
Compactado
Sonda
Térmica
Capítulo 4 - Avaliação dos Equipamentos e do Fluxo de Calor no Solo 113
Figura 68 – Sonda térmica e Data-logger.
A condutividade térmica é determinada com unidade de W/m.ºK. A faixa de
trabalho é de 0,025 a 0,410 W/m.ºK, com resolução de 0,001 W/m.ºK. Este
medidor permite a determinação de condutividade térmica de maneira fácil e
rápida.
Para determinação da condutividade térmica, as amostras foram
compactadas, pelo processo estático em 6 camadas, em um molde de
compactação desenvolvido por Duarte (2004), visto na Figura 70, utilizando uma
prensa de adensamento, com pressão de 500 kPa.
Figura 69 – Molde de compactação (Duarte, 2004).
Capítulo 4 - Avaliação dos Equipamentos e do Fluxo de Calor no Solo 114
Baseado em valores de condutividade térmica, obtidas por Duarte (2004)
para o solo da Cidade dos Meninos, que apresenta granulometria semelhante ao
solo residual de Caxias, seria necessário moldar as amostras com baixo teor de
umidade, em função do valor máximo de 0,410 W/m.ºK que a sonda térmica
pode determinar.
O solo foi secado na estufa a 80 ºC e em seguida foi adicionada água até
atingir a umidade de aproximadamente 5%. O corpo de prova foi moldado e a
sonda térmica foi inserida no corpo de prova até uma profundidade de 5 cm. A
sonda possui dois sensores de temperatura, um na ponta e outro à
aproximadamente 2 cm acima. A condutividade térmica é a média dos dois
pontos.
Para este teor de umidade inicial foi determinada a condutividade térmica
bem como os índices físicos. Repetiu-se todo o procedimento acrescentando
0,5% de umidade até o limite de 8,5% de umidade totalizando 8 corpos de prova.
Os resultados obtidos são apresentados na Tabela 21.
Tabela 21 – Condutividade térmica e índices físicos do solo residual de Caxias.
1 17,33 16,51 0,599 4,95 22,24 0,3532 17,40 16,50 0,600 5,48 24,58 0,3613 17,50 16,51 0,599 6,01 27,00 0,3694 17,57 16,49 0,601 6,52 29,20 0,3745 17,66 16,49 0,601 7,08 31,70 0,3716 17,74 16,50 0,600 7,53 33,77 0,3827 17,81 16,49 0,601 8,02 35,91 0,3918 17,93 16,51 0,599 8,59 38,59 0,395
CP λ (W/m.ºK)
γt
(kN/m³)γd
(kN/m³)e w
(%)S
(%)
As Figuras 71 e 72 apresentam o comportamento da condutividade térmica
em relação à umidade gravimétrica (a) e o grau de saturação (b). As Figuras 71
e 72 mostram também que as equações que se ajustam às curvas foram as
logarítmicas. Os valores encontrados são semelhantes aos valores obtidos por
Duarte (2004) para o solo da Cidade dos Meninos, porém o solo residual de
Caxias apresentou valores um pouco maiores devido, principalmente, ao teor de
areia que é um pouco maior do que o solo da Cidade dos Meninos.
Capítulo 4 - Avaliação dos Equipamentos e do Fluxo de Calor no Solo 115
R2 = 0,9419
λ = 0,0728ln(w) + 0,236
0,200
0,250
0,300
0,350
0,400
0,450
0,500
4,00 5,00 6,00 7,00 8,00 9,00 10,00
Umidade (%)
Con
dutiv
idad
e Té
rmic
a (W
/m.ºK
)
Figura 70 – Variação da condutividade térmica em função da umidade.
λ = 0,073ln(S) + 0,1264R2 = 0,9431
0,200
0,250
0,300
0,350
0,400
0,450
0,500
15,00 20,00 25,00 30,00 35,00 40,00 45,00
Grau de Saturação (%)
Con
dutiv
idad
e Té
rmic
a(W
/m.ºK
)
Figura 71 – Variação da condutividade térmica em função do grau de saturação.
Capítulo 4 - Avaliação dos Equipamentos e do Fluxo de Calor no Solo 116
4.3.2 Compactação do Solo no Tanque de Tijolo Refratário
Uma etapa importante deste estudo é compactar o solo residual de Caxias
no tanque de tijolo refratário, de modo que represente o máximo possível as
condições in situ. Geralmente são utilizados três tipos de compactação em
laboratório: compactação dinâmica, estática ou por vibração. Cada tipo de
compactação induz na amostra uma determinada estrutura que está ligada
diretamente com o comportamento mecânico do material.
Neste estudo o método de compactação que melhor se aplica às
condições de trabalho é o método dinâmico, principalmente devido ao grande
volume de material e outros fatores. Em função disto, buscou-se uma maneira de
compactar o solo no tanque de tijolo refratário com energia similar ao do proctor
normal.
A energia de compactação é calculada através da seguinte equação:
VPnNhE = eq. (32)
onde: =E energia de compactação ][ 3−mll
=P peso do soquete [ ]m
=n número de camadas
=N número de golpes
=h altura de queda [ ]l
=V volume do molde [ ]3l
O soquete utilizado consiste em uma haste metálica de 850 mm de
comprimento e 25 de diâmetro, soldada em metade de um perfil de aço tipo I,
cujas dimensões da base são 210x135 mm e alma de 80 mm. O conjunto possui
um peso de 7,4 kg e pode ser visto na Figura 73.
Capítulo 4 - Avaliação dos Equipamentos e do Fluxo de Calor no Solo 117
Figura 72 – Soquete de compactação.
Em função do comprimento do bastonete térmico foi determinado que à
altura do solo compactado no tanque de tijolo refratário seria de 410 mm. O
volume total de solo compactado seria de 64.482,72 cm³ o que representa um
volume muito grande para se compactar de uma só vez. De acordo com Lins
(1991) o solo compactado em várias camadas apresenta uma melhor
distribuição de densidade. Foi estabelecido que o solo seria compactado em 17
camadas, sendo 14 camadas com 25 mm e 3 camadas com 20 mm de altura
conforme ilustra a Figura 74.
Capítulo 4 - Avaliação dos Equipamentos e do Fluxo de Calor no Solo 118
Figura 73 – Camadas de compactação do solo no tanque de tijolo refratário.
Conhecendo o volume de cada camada de solo e através das relações de
índices físicos pode-se determinar o peso total de solo a ser compactado em
cada camada. O solo foi colocado no tanque e aplicou-se um determinado
número de golpes até que o volume de solo fosse reduzido ao volume
correspondente de cada camada.
Para controlar a altura de cada camada foram colocadas quatro guias nas
extremidades do tanque. Estas guias foram graduadas de acordo com as alturas
de cada camada conforme ilustra a Figura 74. Para garantir que estas guias
ficassem fixas nas extremidades do tanque foi construído um gabarito de
madeira que é apresentado esquematicamente na Figura 75.
A abertura retangular, centralizada no gabarito de compactação, possui as
dimensões iguais ao diâmetro do tubo de aço galvanizado do bastonete térmico.
Nesta abertura foi colocada um pedaço de tubo de aço galvanizado de 2” para
que durante a compactação seja deixada o poço onde será inserido o bastonete
térmico.
As camadas de compactação se encontram niveladas, pois as guias foram
niveladas através de um nível de mangueira, visto na Figura 76.
Capítulo 4 - Avaliação dos Equipamentos e do Fluxo de Calor no Solo 119
Figura 74 – Gabarito para auxilio da compactação do solo.
Figura 75 – Nivelamento das guias.
Para compactar o solo no tanque inicialmente foi necessário destorroá-lo e
passá-lo na peneira # 4. A umidade natural foi determinada e obteve-se um valor
Capítulo 4 - Avaliação dos Equipamentos e do Fluxo de Calor no Solo 120
de 20,58 %. Foi feita a correção da umidade, pois o solo foi compactado na
umidade ótima referente à energia do Proctor Normal, que no caso é de 28,70%.
A Tabela 22 apresenta os dados para a compactação de cada camada de solo
no tanque.
Tabela 22 – Dados para a compactação de cada camada.
1 3200,00 18,38 5881,60 5280,30 601,32 - 9 3928,38 18,38 7220,40 6482,10 738,3
10 - 11 3142,70 18,38 5776,30 5485,70 590,612 - 17 3928,38 18,38 7220,40 6482,10 738,3
Camada Volume (cm³)
γnat
(kN/m³)Massa Total
(g)Massa (g)
solo + águaVolume de água
adicional (ml)
Para cada camada de solo aplicaram-se em média 120 golpes (Figura 77).
Estimando-se uma altura de queda de 25 cm, marcada na haste do soquete, e
com os demais parâmetros já conhecidos, foi possível obter uma energia de
compactação de 5,85 kgf.cm/cm³, que é um valor bem próximo ao valor da
energia de compactação do Proctor Normal que é 6,00 kgf.cm/cm³.
Figura 76 – Compactação do solo no tanque de tijolo refratário.
Capítulo 4 - Avaliação dos Equipamentos e do Fluxo de Calor no Solo 121
Para calcular o grau de compactação foi determinado o peso específico
seco a cada duas camadas compactadas através de um amostrador circular com
diâmetro de 50,2 mm, altura de 19,9 mm e peso de 35,02 g. A Tabela 23
apresenta os resultados obtidos.
Tabela 23 – Determinação do grau de compactação.
2 18,15 29,17 14,05 98,40 0,879 89,314 18,00 29,30 13,92 97,49 0,896 88,006 17,51 29,05 13,57 95,02 0,946 82,648 17,55 29,22 13,58 95,11 0,944 83,3010 17,52 29,36 13,54 94,84 0,949 83,2612 17,25 28,90 13,38 93,71 0,973 79,9314 17,25 29,10 13,36 93,57 0,976 80,2416 17,07 28,75 13,26 92,84 0,991 78,07
w (%)
GC (1)
(%)Camada γnat
(kN/m³)γd
(kN/m³)e S
(%)
100.)1(
dlab
dcampoGCγ
γ=⇒
3/28,14 mkNdlab =γ
O grau de compactação médio foi de 95,12% que pode ser considerado
um valor muito bom para trabalhos de campo. Pode-se observar na Tabela 23
que o grau de compactação diminui à medida que se aumentava o número de
camadas compactadas. Isto ocorreu devido ao fato desta operação ter sido
manual o que gerou um cansaço do operador devido ao grande número de
camadas e golpes. Outro fator que influenciou na diminuição da energia de
compactação nas camadas superiores foi o princípio de fissuras causando o
rompimento da argamassa entre os tijolos refratários das camadas inferiores.
4.3.3 Metodologia de Ensaio
O ensaio de fluxo de calor consiste em analisar o avanço da temperatura
de forma radial no solo. No ensaio serão determinados parâmetros para que se
determine o fluxo de calor utilizando a equação de Stegemeier (1998) conforme
descrito no Item 4.3.
Após a compactação do solo, conforme procedimento descrito no item
anterior, o bastonete térmico será inserido no poço que foi deixado durante a
compactação do solo. O bastonete possui uma zona de aquecimento de 390 mm
de comprimento, que é o parâmetro ( h ) da equação de Stegemeier (1998).
Através do controlador de temperatura foi determinada a duração e a
temperatura de cada estágio. Para se medir as temperaturas no solo foram
Capítulo 4 - Avaliação dos Equipamentos e do Fluxo de Calor no Solo 122
inseridos quatro termopares pela lateral do tanque de tijolo refratário conforme
ilustra a Figura 78.
Conforme mostra a Figura 78, termopares 01, 02, 03 e 04 estão
localizados, respectivamente, a 170, 130, 90 e 50 mm, em relação ao centro do
bastonete térmico. Quanto à altura, os termopares 01, 02, 03 e 04 estão
localizados, respectivamente, a 120, 190, 330 e 395 mm em relação à superfície
superior do tanque de tijolo refratário.
Figura 77 – Localização dos termopares no tanque de tijolo refratário.
Devido ao elevado grau de compactação poderia haver dificuldades
quando fossem inseridos os termopares no solo compactado. Para evitar este
problema foram inseridas no tanque, durante a compactação, quatro hastes de
ferro com diâmetro de 5 mm e 400 mm de comprimento (Figura 79). Em cada
haste havia uma marcação na qual deveria ser inserida no tanque com a
distância correspondente de cada ponto. Após a compactação as hastes foram
P00, P01, P02, P03 e P04 → Termopares
Capítulo 4 - Avaliação dos Equipamentos e do Fluxo de Calor no Solo 123
retiradas deixando no solo compactado um poço horizontal para a inserção dos
termopares.
Estes cuidados tinham como objetivo garantir que as distâncias entre os
termopares fossem rigorosamente respeitadas, pois estas distâncias entre cada
ponto de medição de temperatura fornecerão mais dois parâmetros, ( T∆ ) e
( we rr / ), da equação de fluxo de calor.
Figura 78 – Hastes inseridas no tanque de tijolo refratário durante a compactação.
Acima do solo compactado foi colocada a manta de fibra cerâmica como
pode ser visto na Figura 80.
Figura 79 – Colocação da manta de fibra cerâmica sobre o solo compactado.
Capítulo 4 - Avaliação dos Equipamentos e do Fluxo de Calor no Solo 124
A manta de fibra cerâmica tem como finalidade impedir a dissipação de
calor para o meio externo, além de impedir que altas temperaturas atinjam a
manta asfáltica. Para monitoramento desta temperatura foi inserido o termopar
00 entre a manta de fibra cerâmica e a manta asfáltica (Figura 78). Conforme
descrito no item 3.2.4, a manta de fibra cerâmica utilizada possui 25 mm de
espessura e 96 kg/m³. Para garantir um bom isolamento térmico foram
colocadas duas mantas de fibra cerâmica sobre o solo totalizando uma
espessura de 50 mm.
Como durante o ensaio de fluxo de calor no solo era esperado que fosse
gerado vapor d’água, todo o sistema foi vedado com a manta asfáltica, conforme
pode ser visto na Figura 81.
Figura 80 – Colocação da manta asfáltica sobre o tanque de tijolo refratário.
Capítulo 4 - Avaliação dos Equipamentos e do Fluxo de Calor no Solo 125
A Figura 82 mostra, esquematicamente, todo o sistema montado para
análise do fluxo de calor no solo residual de Caxias.
Figura 81 – Sistema para análise de fluxo de calor.
Conforme ilustra a Figura 82, a alimentação elétrica do sistema foi
fornecida pelo quadro de distribuição localizado na área externa do Laboratório
de Geotecnia e Meio Ambiente da PUC-Rio. O consumo de energia foi
Capítulo 4 - Avaliação dos Equipamentos e do Fluxo de Calor no Solo 126
monitorado por um medidor que atende exclusivamente o circuito destinado à
bancada de trabalho.
Para análise de fluxo de calor foram feitos dois ensaios; um com
bombeamento de ar através do compressor de ar e outro sem bombeamento.
4.3.4 Ensaio 01 – Análise de Fluxo de Calor Sem Injeção de Ar
Conforme o enunciado, neste primeiro ensaio de análise de fluxo de calor
não foi bombeado ar através do sistema de injeção de ar do bastonete térmico. A
compactação foi feita conforme o item 4.3.2 e os dados e resultados
apresentados neste item são referentes a este primeiro ensaio. A Tabela 24
apresenta, em média, os índices físicos obtidos na compactação do solo residual
de Caxias no tanque de tijolo refratário.
Tabela 24 – Índices médios da compactação do solo – Ensaio 01.
29,10 13,58 95,12 0,944 83,10
w (%)
γd
(kN/m³)GC (%) e S
(%)
No controlador de temperatura foi feita a programação das temperaturas
do ensaio. A temperatura inicial do ensaio foi a temperatura ambiente, 25 ºC,
que foi elevado imediatamente após 5 minutos para 50º C. A cada 12 horas
foram acrescentados 50º C até atingir a temperatura de 600 ºC, totalizando seis
dias ao final do ensaio.
Através de um termômetro digital marca Minipa, modelo MT-511, foram
feitas medições diárias da temperatura ambiente e da temperatura externa,
cerca de 10 cm da base, ao bastonete térmico. Para determinação do consumo
de energia foram feitas leituras no medidor de energia a cada 24 horas. A Tabela
25 apresenta as temperaturas ambiente e externa ao bastonete térmico
registradas durante o ensaio.
Capítulo 4 - Avaliação dos Equipamentos e do Fluxo de Calor no Solo 127
Tabela 25 – Temperaturas ambiente e externa ao bastonete térmico – Ensaio 01.
Ambiente Externa ao Bastonete0 23,0 23,0
24 23,5 23,348 22,7 22,972 22,5 22,696 22,9 22,8
120 23,8 23,7144 25,2 24,8
(1) Temperatura medida às 9:00
Temperatura (ºC)(1)Período (horas)
A variação do consumo de energia é apresentada na Figura 83.
C = 0,0417t
C = 0,2083t - 8
C = 0,375t - 24
0
5
10
15
20
25
30
35
0 24 48 72 96 120 144
tempo (h)
Con
sum
o (k
Wh)
Figura 82 – Variação do consumo de energia – Ensaio 01.
Observando a Tabela 25 pode-se considerar que o sistema de isolamento
térmico foi eficiente, pois as temperaturas registradas próximas ao bastonete
térmico ficaram de acordo com a temperatura ambiente local. O isolante térmico
que fica entre o tubo de alumina refratário e a estrutura de aço galvanizado do
bastonete térmico, também se mostrou eficiente, pois não houve uma grande
condução de calor para o meio externo.
Quanto ao consumo de energia elétrica, foi registrado no final do ensaio
um consumo de 30 kWh que representa um valor relativamente baixo para a
potência que o equipamento alcança. Este baixo consumo registrado se deu
Capítulo 4 - Avaliação dos Equipamentos e do Fluxo de Calor no Solo 128
devido à baixa corrente elétrica do bastonete térmico que é de 6,8 A, e a tensão
de 220 V.
A Figura 84 apresenta o comportamento da temperatura nos pontos de
monitoramento ao longo dos seis dias de ensaio. Na Figura 84 é possível
observar que o aumento da temperatura é lento. Isso já era esperado devido à
baixa condutividade térmica do solo e ao fato da alumina refratária reter um
pouco do calor, liberando-o ao meio externo de forma lenta. A maior temperatura
registrada após seis dias foi de 159,8 ºC no ponto P 04 que é o mais próximo à
fonte de calor.
0
20
40
60
80
100
120
140
160
0 12 24 36 48 60 72 84 96 108 120 132 144Tempo (h)
Tem
pera
tura
(ºC
)
P 00 P 01 P 02 P 03 P 04
Estágios 0 - 12 h 50 ºC
12 - 24 h 100 ºC 24 - 36 h 150 ºC 36 - 48 h 200 ºC 48 - 60 h 250 ºC 60 - 72 h 300 ºC 72 - 84 h 350 ºC 84 - 96 h 400 ºC 96 - 108 h 450 ºC108 - 120 h 500 ºC120 - 132 h 550 ºC132 - 144 h 600 ºC
Figura 83 – Comportamento da temperatura nos pontos de monitoramento – Ensaio 01.
Conforme pode ser visto na Figura 84 pode-se considerar que o aumento
da temperatura segue numa crescente exponencial, o que leva a crer que pode-
se chegar a temperaturas mais elevadas aumentando a duração do ensaio.
Os pontos P 03 e P 04, a partir de 450 ºC na fonte de aquecimento e
depois 96 horas, apresentam um crescimento mais acentuado e constante em
relação aos outros pontos. Já o ponto P 02 começa a demonstrar estas mesmas
características, a partir de 600 ºC na fonte de aquecimento e depois de 138
horas. O ponto P 01, que é o mais afastado da fonte de aquecimento, segue
num crescimento exponencial lento do começo ao fim do ensaio, atingindo a
temperatura de 75,5 ºC ao final do ensaio.
Capítulo 4 - Avaliação dos Equipamentos e do Fluxo de Calor no Solo 129
O termopar P 00 tem como finalidade medir a temperatura entre a manta
de fibra cerâmica e a manta asfáltica. Observando a Figura 84 concluí-se que o
isolamento térmico foi satisfatório, pois manteve a temperatura em valores
aceitáveis. A maior temperatura registrada foi de 63,8 ºC e a partir de 112 horas
manteve-se constante próxima de 58 ºC mesmo que a fonte de aquecimento
estivesse registrando a temperatura de 600 ºC.
Um fato ocorrido durante a compactação foi à variação do grau de
compactação, sendo que as camadas inferiores apresentaram maior grau de
compactação. De acordo com a localização dos termopares no solo e dos dados
da Tabela 23 foi montada uma nova tabela, Tabela 26, apresentada a seguir.
Tabela 26 – Localização dos termopares e variação dos índices – Ensaio 01.
P 01 Camada 15 13,26 92,84 78,06P 02 Camada 12 13,38 93,71 79,95P 03 Camada 06 13,57 95,02 82,67P 04 Camada 04 13,92 97,49 87,96
LocalizaçãoTermopar γd
(kN/m³)GC (%)
S (%)
Conforme apresentado no item 4.3.1, é possível que a condutividade
térmica seja função do grau de saturação, conforme os resultados obtidos neste
ensaio. O ensaio também mostrou a influência do grau de compactação no fluxo
de calor em meios porosos. Os pontos P 03 e P 04 apresentaram um melhor
fluxo de calor não apenas pelo fato de estarem mais próximos às zonas de
aquecimento, mas também por apresentarem melhores graus de compactação e
saturação.
Como este ensaio não foi bombeado, não foram deixados na manta
asfáltica os orifícios para evaporação da água. Durante o ensaio parte da água
evaporou através do sistema de injeção de ar que estava aberto, e o restante
ficou retida na manta asfáltica e na manta de fibra cerâmica, que se encontrava
bem encharcada. Os tijolos da parte superior do tanque apresentavam-se mais
úmidos como pode ser visto na Figura 85.
Capítulo 4 - Avaliação dos Equipamentos e do Fluxo de Calor no Solo 130
Figura 84 – Água retida no final do ensaio 01.
O solo após o aquecimento não apresentou grandes fissuras em sua
superfície e sim apenas uma redução natural de seu volume, conforme pode ser
visto na Figura 86.
Figura 85 – Superfície do solo no final do ensaio 01.
Capítulo 4 - Avaliação dos Equipamentos e do Fluxo de Calor no Solo 131
4.3.5 Ensaio 02 – Análise de Fluxo de Calor Com Injeção de Ar
Neste ensaio foi bombeado ar através do sistema de injeção de ar do
bastonete térmico. O ar foi injetado através do compressor marca Goldsun
modelo 0411 apresentado no item 3.2.10. A compactação do solo também foi
feita seguindo os mesmos procedimentos descritos no item 4.3.2. A Tabela 27
apresenta, também em média, os índices obtidos da compactação do solo no
tanque de tijolo refratário para o ensaio 02.
Tabela 27 – Índices médios da compactação do solo – Ensaio 02.
28,85 13,64 95,51 0,935 83,75
w (%)
γd
(kN/m³)GC (%) e S
(%)
De acordo com a Tabela 27 o solo compactado para o ensaio 02
apresentou, em média, umidade menor e peso específico seco, grau de
compactação, índices de vazios e saturação maiores comparados com os do
ensaio 01.
A temperatura inicial da programação do ensaio também foi de 25 ºC,
porém foi elevado imediatamente após 5 minutos a 100 ºC. Como observado no
primeiro ensaio, independente do aumento rápido da temperatura no controlador,
o aumento da temperatura no solo foi lenta devido à baixa condutividade térmica
do solo. A cada 12 horas foram adicionados 100 ºC até atingir a temperatura de
600 ºC, mantendo-o por 120 horas totalizando dez dias ao final do ensaio.
A injeção de ar foi feita apenas nos primeiros cinco dias de ensaio. O
compressor trabalhava de forma alternada funcionando 1 hora e descansando 1
hora por um período de 8 horas por dia. Este procedimento foi adotado, pois o
timer ainda não estava disponível e todo o trabalho de ligar e desligar o
compressor foi manual. Ao ligar o compressor ocorria uma queda na temperatura
registrada pelo termopar do controlador, após um certo período a temperatura
era equalizada, pois o controlador de temperatura fornecia mais potência ao
bastonete térmico elevando a temperatura.
Como no ensaio 01 também foram medidas as temperaturas ambiente e
externa ao bastonete térmico (Tabela 28) e o consumo de energia foi monitorado
a cada 24 horas (Figura 87).
Capítulo 4 - Avaliação dos Equipamentos e do Fluxo de Calor no Solo 132
Tabela 28 – Temperaturas ambiente e externa ao bastonete térmico – Ensaio 02.
Ambiente Externa ao Bastonete0 22,8 22,824 22,2 22,248 21,8 23,672 22,2 22,696 22,0 23,0
120 24,3 24,9144 25,0 25,1168 25,2 25,0192 24,8 25,1216 24,7 25,2240 25,0 25,3
(1) Temperatura medida às 9:00
Período (horas)
Temperatura (ºC)(1)
C = 0,0417t
C = 0,2083t - 4
C = 0,3333t - 10
0
10
20
30
40
50
60
70
80
0 24 48 72 96 120 144 168 192 216 240
tempo (h)
Con
sum
o (k
Wh)
Figura 86 – Variação do consumo de energia – Ensaio 02.
A Figura 88 apresenta o comportamento da temperatura nos pontos de
monitoramento durante o ensaio 02.
Capítulo 4 - Avaliação dos Equipamentos e do Fluxo de Calor no Solo 133
0
50
100
150
200
250
300
350
400
450
0 12 24 36 48 60 72 84 96 108 120 132 144 156 168 180 192 204 216 228 240
Tempo (h)
Tem
pera
tura
(ºC
)
P 00 P 01 P 02 P 03 P 04
Estágios 0 - 12 h 100 ºC 12 - 24 h 200 ºC 24 - 36 h 300 ºC 36 - 48 h 400 ºC 48 - 60 h 500 ºC 60 - 240 h 600 ºC
Figura 87 – Comportamento da temperatura nos pontos de monitoramento – Ensaio 02.
Conforme mostra a Figura 88, assim como no ensaio 01, o aumento da
temperatura também é lento, porém devido aos patamares serem menores e os
incrementos de temperatura terem sido feitos num espaço de tempo menor,
houve um aumento mais acentuado da temperatura nos pontos de
monitoramento.
Fazendo um comparativo entre os dois ensaios, tomando o ponto P 04
como referência, podemos fazer algumas observações importantes para análise
do fluxo de calor. No ensaio 01, durante o período de 12 horas em que o solo
ficou exposto a temperatura de 600 ºC, a temperatura no ponto P 04 passou de
118,0 ºC para 159,8 ºC apresentando uma variação de ∆T= 41,8 ºC. No ensaio
02, para a mesma temperatura de exposição, porém para as primeiras 12 horas,
a temperatura no ponto P 04 passou de 139,6 ºC para 184,6 ºC apresentando
uma variação de ∆T= 45,0 ºC. As variações de temperatura ficaram bem
próximas nos dois ensaios, apresentando uma pequena diferença em trono de 3
ºC. O que pode ter causado esta diferença é o grau de compactação e saturação
que apresentou pequenas diferenças nos dois ensaios para a mesma camada.
Os pontos P 03 e P 04 apresentam inicialmente um crescimento um pouco
mais acentuado nas primeiras horas de cada estágio de temperatura diminuindo
o crescimento nas horas seguintes. Durante o ensaio, ao acionar o compressor
Capítulo 4 - Avaliação dos Equipamentos e do Fluxo de Calor no Solo 134
de ar, observava-se no data logger que a temperatura aumentava de forma mais
rápida diminuindo a velocidade de crescimento assim que o compressor fosse
desligado. Este fato veio a se confirmar assim que foi plotado o gráfico conforme
afirmado no inicio do parágrafo e bem notado na Figura 88.
A injeção de fluxo de ar influenciou apenas os pontos P 03 e P 04 que
estão mais próximos ao bastonete térmico. Devido ao elevado grau de
compactação o fluxo de ar injetado não é capaz de atingir os pontos mais
distantes como os pontos P 01 e P 02. Se utilizássemos um compressor de
maior pressão, poder-se-ia romper o solo.
Quanto a temperatura entre a manta asfáltica e a manta de fibra cerâmica,
ela atingiu o máximo de 48,7 ºC permanecendo praticamente constante em torno
de 45 ºC durante todo o ensaio. Este fato reforçou ainda mais a eficiência do
isolamento térmico entre o solo aquecido e o ambiente externo.
Para se fazer outras análises do fluxo de calor no solo, foi plotado um novo
gráfico da variação de temperatura, porém apenas considerando as
temperaturas monitoradas a partir de 60 horas de ensaio que correspondem à
exposição de 600 ºC na fonte de aquecimento. A Figura 89 apresenta os
resultados.
50
100
150
200
250
300
350
400
450
60 72 84 96 108 120 132 144 156 168 180 192 204 216 228 240Tempo (h)
Tem
pera
tura
(ºC
)
P 01 P 02 P 03 P 04
EquaçõesP 0160-132 : T(ºC) = 1,27t - 5,00P 0260-132 : T(ºC) = 2,28t - 32,03P 0360-132 : T(ºC) = 3,03t - 49,31P 0460-132 : T(ºC) = 3,05t - 36,68
EquaçõesP 01132-240 : T(ºC) = 0,21t + 135,41P 02132-240 : T(ºC) = 0,35t + 224,58P 03132-240 : T(ºC) = 0,58t + 273,09P 04132-240 : T(ºC) = 0,53t + 288,18
Figura 88 – Comportamento da temperatura no solo a partir de 60 horas de ensaio –
Ensaio 02.
Capítulo 4 - Avaliação dos Equipamentos e do Fluxo de Calor no Solo 135
Inicialmente, no ensaio 01, imaginava-se que a temperatura no solo
aumentava de forma exponencial. Esta conclusão foi tomada observando a
Figura 84 que aparentemente apresentava este comportamento, pois em função
do curto acréscimo de temperatura, 50 ºC a cada 12 horas, proporcionou um
crescimento lento da temperatura no solo. À medida que se aumentava à
temperatura na fonte de aquecimento a temperatura no solo aumentava de
forma mais acentuada.
No ensaio 02, nas primeiras 60 horas, o crescimento da temperatura no
solo foi semelhante ao ensaio 01, porém atingiu temperaturas maiores, pois o
aumento da temperatura foi mais rápido. A partir de 60 horas de ensaio a
temperatura na fonte de aquecimento permaneceu a 600 ºC por um período
maior de 180 horas.
Observando a Figura 89 concluiu-se que o crescimento no solo é linear e
não exponencial como se imaginava. Este comportamento ficou claro neste
ensaio, pois houve um período longo de exposição a uma mesma temperatura.
Esta conclusão é reforçada aplicando-se linhas de tendência para cada conjunto
de ponto de monitoramento de temperatura. Todos pontos de monitoramento de
temperatura apresentaram um coeficiente linear maior no período de 60 a 132
horas, apresentando uma queda no instante de 132 horas e permanecendo
depois constante até o final do ensaio.
No ponto P 04, depois de 240 horas de ensaio, foi registrada uma
temperatura máxima de 416,5 ºC e o solo ainda estava sofrendo acréscimo de
temperatura. Após dez dias de ensaio não foi possível determinar em qual
temperatura este crescimento deveria ser interrompido tornando-se a mesma
constante.
4.3.6 Determinação do Fluxo de Calor
Para determinar o fluxo calor no solo residual de Caxias, utilizar-se-á os
dados obtidos no ensaio 02, (vide Tabela 29). O ensaio 02 foi escolhido por ter
sido realizado por um período maior de tempo, o que proporcionou temperaturas
mais elevadas, além de ter sido injetado um fluxo de ar de acordo como foi a
aplicação do sistema em processos de remediação.
Capítulo 4 - Avaliação dos Equipamentos e do Fluxo de Calor no Solo 136
Tabela 29 – Comparação entre os índices físicos da compactação nos dois ensaios.
15 12 6 4γd (kN/m³) 13,26 13,38 13,57 13,92
GC (%) 92,85 93,7 95,02 97,51
S (%) 78,08 79,92 82,69 87,95
γd (kN/m³) 13,30 13,52 13,60 14,01
GC (%) 93,14 94,68 95,27 98,10
S (%) 79,18 80,05 82,92 88,30
Termopar
Camada
Ensaio 01
Ensaio 02
P 01 P 02 P 03 P 04
O único parâmetro da equação de Stegemeier (1998), para determinação
do fluxo de calor, inicialmente não conhecido, era a condutividade térmica,
porém foi determinada no item 4.3.1. Devido à limitação da sonda térmica, cujo
alcance máximo é de 0,410 W/mºK, foi determinada a condutividade térmica
para valores de grau de saturação máximo de 38,64 %. De acordo com a Tabela
29, o fluxo de calor foi determinado para graus de saturação em torno de 80 %.
Para estes graus de saturação, a condutividade térmica será determinada
através da equação obtida pela curva logarítmica apresentada na Figura 72.
O fluxo de calor foi analisado a partir do momento em que a temperatura
na fonte de aquecimento se mantém a 600 ºC, que no ensaio 02 ocorre no
período entre 60 horas e o final do ensaio. Não foram analisados todos os
pontos e sim apenas os pontos de inflexão apresentados na Figura 89. Os
pontos foram o inicial (60 horas), o ponto em que muda a inclinação da reta (132
horas) e o ponto final do ensaio (240 horas).
A equação de Stegemeier (1998) possui algumas constantes para cada
tipo de bastonete térmico, que neste caso são o comprimento do poço
( )39,0 mh = e o raio do poço )0302,0( mrw = . Os demais parâmetros bem como
os valores do fluxo de calor em cada ponto para cada instante estão
apresentados na Tabela 30.
Capítulo 4 - Avaliação dos Equipamentos e do Fluxo de Calor no Solo 137
Tabela 30 – Variação do fluxo de calor em cada ponto de monitoramento.
P 01 P 02 P 03 P 04λ (W/m.ºK) 0,453 0,449 0,446 0,445
r (m) 0,05 0,09 0,13 0,17T (ºC) 139,6 129,4 104,2 71,0
∆T (ºC) 460,6 470,6 495,8 529,0q hr (W) 1145,16 500,72 386,55 345,4
T (ºC) 355,4 345,8 267,6 161,9
∆T (ºC) 244,6 254,2 332,4 259,2q hr (W) 608,4 270,47 259,15 286,05
T (ºC) 416,5 412,5 308,9 187,6
∆T (ºC) 183,5 187,5 291,1 412,4q hr (W) 456,42 199,50 226,95 269,27
Instante de 60 horas
Instante de 240 horas
Instante de 132 horas
Parâmetros Comuns
Pontos
De posse dos valores apresentados pela Tabela 30, alguns gráficos foram
plotados para que se pudessem obter algumas conclusões a respeito do fluxo de
calor no solo residual de Caxias. A Figura 90 apresenta a variação do fluxo de
calor em função do raio para cada instante. Já a Figura 91 apresenta a variação
de ∆T em função do raio.
qhr= 1518,3e-9,6363r
qhr = 626,71e-5,7667r
qhr = 407,41e-3,6354r
0,00
200,00
400,00
600,00
800,00
1000,00
1200,00
1400,00
0 0,02 0,04 0,06 0,08 0,1 0,12 0,14 0,16 0,18
raio (m)
Flux
o de
Cal
or (W
)
60 hs 132 hs 240 hs
Figura 89 – Variação do fluxo de calor em função do raio.
Capítulo 4 - Avaliação dos Equipamentos e do Fluxo de Calor no Solo 138
∆T = 577,5r + 425,43
∆T = 1646,8r + 136,18
∆T = 1975,8r + 51,292
0
100
200
300
400
500
600
0 0,02 0,04 0,06 0,08 0,1 0,12 0,14 0,16 0,18
raio (m)
∆T
(ºK
)
60 hs 132 hs 240 hs Figura 90 – Variação de ∆T em função do raio.
Na Figura 90 as equações que melhor se ajustaram às curvas foram às
logarítmicas. Já na Figura 91 o comportamento de ∆T em função do raio é linear.
Através destas equações foi possível fazer uma projeção do decréscimo da
temperatura em função do raio. Esta projeção é apresentada na Figura 92.
De acordo com a Figura 92, houve uma redução acentuada da
temperatura ao longo do raio. Nos três instantes a um raio de 25 cm a
temperatura já estava abaixo de 100 ºC. Para aplicações em campo, seguindo
uma grade triangular, exigiria um afastamento entre os bastonetes térmicos de
40 cm, considerado pequeno em relação a estudos feitos por Stegemeier &
Vinegar (1998), que obtiveram temperaturas maiores de 500 ºC para um
afastamento de 1,5 m.
Capítulo 4 - Avaliação dos Equipamentos e do Fluxo de Calor no Solo 139
Figura 91 – Projeção da temperatura em função do raio.
Capítulo 4 - Avaliação dos Equipamentos e do Fluxo de Calor no Solo 140
Alguns fatores importantes devem ser considerados para se fazer uma
comparação entre os valores obtidos nestes ensaios e os valores obtidos por
Stegemeier & Vinegar (1998). O primeiro ponto a ser considerado é o período de
duração dos ensaios, que no ensaio 02 foi de 10 dias, já Stegemeier & Vinegar
(1998) obtiveram os valores relacionados anteriormente para períodos de 30 a
40 dias. De acordo com a Figura 88, o solo ainda não havia atingido a
temperatura máxima após 10 dias, pois continuava crescendo, mesmo que de
forma mais lenta.
Outro fator importante é que Stegemeier & Vinegar (1998) fizeram os
ensaios diretamente no campo, diferentemente dos ensaios realizados neste
estudo, que foram feitos em laboratório. Além das diferenças nas composições
mineralógicas de cada solo, os ensaios de Stegemeier & Vinegar (1998)
utilizaram o solo com suas características naturais, como peso específico, grau
de saturação, índices de vazios, etc. Estas características poderiam proporcionar
uma maior condutividade térmica em relação ao solo residual de Caxias
compactado.
Comparando os valores dos índices obtidos na compactação do solo no
tanque de tijolo refratário (vide Tabela 29), com os valores da caracterização
geotécnica do solo (vide Tabela 17), pode-se observar que há algumas
diferenças que poderiam ocasionar alguma variação entre os valores da
condutividade térmica nas condições in situ e no laboratório. Além do mais,
como já mencionado, não foi possível aplicar a mesma energia de compactação
para todas as camadas. Tanto no ensaio 01 como no ensaio 02, as camadas
superiores apresentaram menores graus de compactação, conseqüentemente
menores condutividade térmica conforme atesta a Tabela 291.
Caso se considere apenas os pontos P 03 e P 04, que apresentaram
melhores graus de compactação e condutividade térmica, obtém-se novas
equações e assim, pode-se fazer uma nova projeção do decréscimo da
temperatura em função do raio. Esta nova projeção é apresentada na Figura 93.
Capítulo 4 - Avaliação dos Equipamentos e do Fluxo de Calor no Solo 141
Figura 92 – Nova projeção da temperatura em função do raio.
Capítulo 4 - Avaliação dos Equipamentos e do Fluxo de Calor no Solo 142
Nesta nova projeção o decréscimo da temperatura foi bem menor do que a
projeção anterior. A uma distância de 50 cm, após 10 dias, a temperatura
permaneceu acima de 370 ºC podendo ser considerada como um bom resultado.
Baseado nesta análise numa aplicação em campo, por um período de
aproximadamente 30 dias, poder-se-ia atingir temperaturas maiores do que 400
ºC para um espaçamento entre os bastonetes térmicos de 1,0 a 1,5 m.
A Figura 94 simula a distribuição das temperaturas numa área de
aproximadamente 10,81 m², utilizando 13 bastonetes térmicos numa grade
triangular com espaçamento de 1,0 m. Estas temperaturas foram obtidas de
acordo com a projeção apresentada na Figura 93.
Figura 93 – Distribuição da temperatura no solo.
Segundo Portes (2002), a dessorção térmica é eficiente para remediações
de materiais contaminados por hidrocarbonetos para temperaturas acima de 300
ºC. Considerando os resultados da distribuição do calor no solo, pode-se afirmar
que num ensaio com material contaminado por hidrocarbonetos poder-se-ia
obter sucesso utilizando os parâmetros obtidos nesta análise do fluxo de calor.
Além do mais, fica comprovada a eficiência do bastonete térmico para aplicar
gradientes de temperatura no solo.
Uma outra simulação foi feita visando analisar o que é mais viável
economicamente, se um número maior de bastonetes num período mais curto ou
um número menor de bastonete num período mais longo de ensaio. Esta
simulação foi feita da mesma forma que a anterior, porém para um período de 20
Capítulo 4 - Avaliação dos Equipamentos e do Fluxo de Calor no Solo 143
dias. As temperaturas iniciais neste instante foram obtidas utilizando as
equações apresentadas pela Figura 89. Como foi aumentada a duração do
ensaio, o espaçamento entre os bastonetes térmicos também aumentou para
1,50 m, cobrindo uma área de 14,27 m², utilizando 7 bastonetes térmicos. Esta
nova simulação é apresentada na Figura 95.
Figura 94 – Simulação II da distribuição da temperatura no solo.
A Tabela 31 apresenta uma comparação entre as duas simulações. De
acordo com esta tabela é mais viável economicamente prolongar o tratamento
por um período maior, pois será possível atingir temperaturas maiores e um
espaçamento maior entre os bastonetes térmicos.
Tabela 31 – Comparação entre as duas simulações de distribuição de temperatura.
1 10 13 10,81 910,00 84,182 20 7 14,27 1050,00 73,58
Área (m²)Simulação Duração
(dias)Nº de
BastonetesConsumo
(kWh) kWh/m²
Capítulo 4 - Avaliação dos Equipamentos e do Fluxo de Calor no Solo 144
4.4 Avaliação do Condensador
Neste item serão realizadas uma série de ensaios para avaliar a eficiência
do condensador desenvolvido neste estudo. Conforme descrito no Item 3.2.7, o
condensador tem como objetivo reduzir a temperatura das emissões gasosas
após a saída do oxidador térmico. A troca de calor foi efetuada entre as
emissões gasosas e a água através das paredes do condensador. O
condensador foi considerado eficiente caso seja capaz de reduzir a temperatura
das emissões gasosas à temperatura ambiente.
4.4.1 Metodologia de Ensaio
O ensaio consiste basicamente em aplicar um fluxo de ar na entrada do
oxidador térmico através de um compressor de ar e analisar o comportamento
da temperatura nas saídas do oxidador térmico e do condensador.
O fluxo de ar foi aplicado pela bomba de vácuo, marca Goldsun, modelo
0411, com fluxo invertido funcionando como um compressor de ar. As
temperaturas nas saídas do oxidador térmico e do condensador serão
monitoradas através de um termômetro digital. Para estes ensaios procurou-se
manter a mesma vazão de ar que foi aplicado durante o processo de dessorção
térmica. Esta vazão foi estimada através da vazão nominal da bomba de vácuo
que no caso é de 36 l/min.
Através do controlador de temperatura foi incrementada ao oxidador
térmico a temperatura de 900 ºC, que será a temperatura de trabalho durante o
processo de dessorção térmica. Assim que o oxidador térmico atingir a
temperatura de trabalho, o compressor de ar será acionado mantendo um fluxo
de ar constante. O compressor funcionará por um período de 1 hora e a cada 10
minutos serão medidas as temperaturas nas saídas do oxidador térmico e do
condensador.
Foram feitos ensaios para diferentes fluxos de água no condensador. O
objetivo será analisar se diferentes valores de vazões influenciarão na
temperatura de saída do condensador. A vazão será determinada através da
abertura da válvula esférica que controla a passagem de água pela tubulação do
condensador (vide Figura 97). Para cada abertura da válvula mediu-se a vazão
na saída da tubulação.
Capítulo 4 - Avaliação dos Equipamentos e do Fluxo de Calor no Solo 145
A Figura 96 apresenta de forma esquemática o sistema montado para
análise da eficiência do condensador.
Figura 95 – Sistema para análise do condensador.
Capítulo 4 - Avaliação dos Equipamentos e do Fluxo de Calor no Solo 146
Figura 96 – Válvula esférica para controle da vazão.
4.4.2 Ensaio 03 – Avaliação do Condensador Sem Fluxo de Água
Neste primeiro ensaio não se aplicou nenhum fluxo de água no
condensador. A válvula foi aberta e assim que o condensador ficou saturado a
mesma foi fechada. Este ensaio foi feito em duas etapas: (1) pelo período da
manhã, exatamente às 8:00 horas e (2) no final da tarde mais precisamente às
17:00 horas. O objetivo era saber se o fluxo de água no condensador poderia ser
interrompido por um determinado período, sem que houvesse alterações
significativas na temperatura na saída do condensador.
No dia anterior ao ensaio, mais precisamente às 18 horas, a válvula foi
aberta e após alguns instantes foi fechada mantendo-a assim por toda à noite.
No dia seguinte, pelo período da manhã, iniciou-se a primeira etapa do ensaio
conforme procedimentos descritos no Item 4.4.1. Neste instante, a temperatura
da água se encontrava em 24,5 ºC e a temperatura ambiente estava em 24,2 ºC.
A Figura 98 apresenta os valores das temperaturas monitoradas para cada
instante.
Abertura da válvula
Capítulo 4 - Avaliação dos Equipamentos e do Fluxo de Calor no Solo 147
0
50
100
150
200
250
300
350
400
450
500
550
600
0 10 20 30 40 50 60 70Tempo (minutos)
Tem
pera
tura
(ºC
)
Saída do oxidador
Saída do condensador
Figura 97 – Temperaturas em função do tempo – Ensaio 03 – 8:00 horas.
Para a segunda etapa repetiu-se todo o procedimento. Neste instante, a
temperatura da água estava a 27,2 ºC e a temperatura ambiente a 28,5 ºC.
Neste dia, a temperatura ambiente variou durante o dia entre 23,2 e 37,2 ºC. O
comportamento da temperatura em função do tempo para este instante é
apresentado na Figura 99.
0
50
100
150
200
250
300
350
400
450
500
550
600
0 10 20 30 40 50 60 70Tempo (minutos)
Tem
pera
tura
(ºC
)
Saída do oxidador
Saída do condensador
Figura 98 – Temperaturas em função do tempo – Ensaio 03 – 17:00 horas.
Capítulo 4 - Avaliação dos Equipamentos e do Fluxo de Calor no Solo 148
Os dois ensaios apresentaram acréscimo na temperatura tanto na saída do
oxidador térmico quanto na saída do condensador durante o ensaio. No ensaio
realizado no final da tarde, estes acréscimos na temperatura foram maiores
chegando às temperaturas máximas de 596,0 e 39,5 ºC, nas saídas do oxidador
e do condensador, respectivamente. No ensaio realizado pela manhã, as
temperaturas máximas registradas foram de 569,0 e 27,6 ºC, nas saídas do
oxidador e do condensador, respectivamente.
4.4.3 Ensaio 04 – Avaliação do Condensador Com Fluxo de Água
Este ensaio foi realizado apenas no período da manhã às 8:00 horas.
Seguiu-se o mesmo procedimento descrito no Item 4.4.1, porém foram medidas
as temperaturas para diferentes valores de vazão na saída do condensador. As
vazões foram determinadas de acordo com a abertura da válvula esférica (Figura
97). Uma abertura de 2 mm equivale a uma vazão de 1,00 x 10-2 l/s, já a
abertura de 3 mm equivale a uma vazão de 3,84 x 10-2 l/s.
Inicialmente foi aplicada uma vazão de 1,00 x 10-2 l/s, estando a água a
uma temperatura de 22,1 ºC e a temperatura ambiente estava a 23,6 ºC. Após 5
minutos mediu-se a temperatura na saída do condensador. Em seguida
aumentou-se a vazão passando-a para 3,84 x 10-2 l/s e após 5 minutos mediu-se
novamente a temperatura na saída do condensador e na saída do oxidador
térmico. Reduziu-se a vazão voltando-a para 1,00 x 10-2 l/s e repetiu-se todo o
procedimento a cada 5 minutos até completar 60 minutos de ensaio.
O comportamento da temperatura em função do tempo é apresentado na
Figura 100. Conforme pode ser visto na Figura 100, a temperatura na saída do
condensador permaneceu praticamente constante em torno de 22,0 ºC
independente da vazão aplicada. A temperatura do oxidador sofreu acréscimos
de temperatura semelhante com os do ensaio 03 realizado pela manhã.
Capítulo 4 - Avaliação dos Equipamentos e do Fluxo de Calor no Solo 149
0
50
100
150
200
250
300
350
400
450
500
550
600
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65
Tempo (minutos)
Tem
pera
tura
(ºC
)
Saída do oxidador Saída do condensador V 1Saída do condensador V 2
Vazão 1 = 1,00 x 10-2 l/s
Vazão 2 = 3,84 x 10-2 l/s
Figura 99 – Temperaturas em função do tempo – Ensaio 04.
Analisando os dois ensaios sugere-se que o condensador é eficiente,
sendo capaz de reduzir a temperatura na saída do oxidador para a mesma
temperatura em que a água do condensador se encontra. Caso seja necessário
interromper o fluxo de água por algum período, recomenda-se fazer esta
interrupção no período noturno, pois a temperatura ambiente é mais baixa não
causando grande influência na temperatura da água do reservatório.
5 Avaliação do Processo de Dessorção Térmica In Situ
5.1 Considerações Iniciais
Neste capítulo será avaliado o sistema de dessorção térmica in situ
desenvolvido. Conforme visto no capítulo anterior, os equipamentos
apresentaram um bom desempenho para as funções que eles foram
desenvolvidos. Foram feitos uma série de ensaios com solos contaminados por
hidrocarbonetos, avaliando a eficiência do processo para remediações in situ.
5.2 Análises Químicas
A eficiência do processo de dessorção térmica não é garantida apenas
pelo aspecto visual. É necessário comprovar quimicamente o sucesso da técnica
de remediação, através de uma série de análises químicas, que forneceram
índices para que se compare se estes estão dentro dos limites permitidos pelos
órgãos ambientais. Todas as análises químicas foram feitas nos laboratórios do
Departamento de Química da PUC-Rio. A Tabela 32 apresenta as análises
químicas que foram realizadas bem como onde serão aplicadas.
Tabela 32 –Análises químicas e suas aplicações.
Análise Química Aplicação
Cromatografia Gasosa (1) identificar os compostos presentes nas emissões gasosas
Espectrometria por Absorção Atômica (1) determinar o traço de metais no contaminante e no solo
Fluorescência de Raio X (1) identificar os compostos presentes no solo e no líquido coletado no separador de líquidos
TPH (2) determinar o teor de hidrocarbonetos de petróleo totais no solo
(1) Laboratóriode Catálise(2) Laboratório de Estudos Ambientais
Capítulo 5 - Avaliação do Processo de Dessorção Térmica In Situ 151
5.3 Caracterização do Contaminante
O contaminante utilizado no presente estudo foi o óleo lubrificante usado,
popularmente conhecido como óleo queimado ou usado. O óleo lubrificante
representa cerca de 2 % dos derivados do petróleo, e é um dos poucos que não
é totalmente consumido durante o seu uso.
O óleo usado contém produtos resultantes da deteriorização parcial dos
óleos em uso, tais como compostos oxigenados (ácidos orgânicos e cetonas),
compostos aromáticos polinucleares de viscosidade elevada, resinas e lacas.
Além dos produtos de degradação do óleo básico, estão presentes no óleo
usados os aditivos que foram a ele adicionados, no processo de formulação de
lubrificantes e ainda não foram consumidos. Além disto, estão presentes metais
de desgaste dos motores e das máquinas lubrificadas e contaminantes diversos,
como água, combustíveis não queimados, poeira e outras impurezas. Pode
conter ainda produtos químicos, que, por vezes, são adicionados ao óleo
(adulteração) e seus contaminantes característicos.
Os óleos usados são constituídos de moléculas inalteradas do óleo básico,
produtos de degradação do óleo básico, contaminantes inorgânicos, água
originária da câmara de combustíveis (motores), ou de contaminação acidental,
hidrocarbonetos leves (combustíveis não queimados), partículas carbonosas
formadas devido ao coqueamento dos combustíveis e do próprio lubrificante, e
ainda outros contaminantes diversos.
A origem dos óleos lubrificantes usados é bastante diversificada e suas
características podem apresentar grandes variações. Nesse ponto é interessante
que se faça uma distinção entre os óleos usados de aplicações industriais e os
de uso automotivo.
Os óleos industriais possuem, em geral, um baixo nível de aditivação. Nas
aplicações de maior consumo, como em turbinas, sistemas hidráulicos e
engrenagens, os períodos de troca são definidos por limites de degradação ou
contaminação bem mais baixos do que no uso automotivo.
Uma parte dos óleos utilizados em muitas aplicações industriais são
emulsões (óleos solúveis), nas quais existem gotículas de óleo finalmente
dispersas na fase aquosa. Através do uso de emulgadores, obtém-se emulsões
estáveis que são usadas industrialmente numa série de aplicações, como a
usinagem. As emulsões à base de óleo mineral em uso devem ser trocadas
Capítulo 5 - Avaliação do Processo de Dessorção Térmica In Situ 152
depois de determinados períodos, devido a uma crescente degradação
microbiana e contaminação com produtos estranhos.
Nas aplicações automotivas, tanto os níveis de aditivação quanto os níveis
de contaminantes e de degradação do óleo básico são bem mais elevadas do
que nas aplicações industriais. Dentro desse uso estão os óleos usados de
motores à gasolina (carros de passeio) e motores diesel (principalmente frotas).
O uso automotivo representa 60 % do consumo nacional, principalmente em
motores a diesel.
Durante o seu uso na lubrificação dos equipamentos, a degradação
termoxidativa do óleo e o acúmulo de contaminantes tornam necessária a sua
troca. Além disso, parte do óleo é queimada no próprio motor, devendo ser
reposto. No processo de troca do lubrificante, este é drenado para um tanque de
acúmulo, para posterior reaproveitamento.
Como mencionado, para terem suas propriedades realçadas, e atender
aos requisitos para aplicações especiais, os óleos lubrificantes devem conter
alguns aditivos a base de compostos de um ou mais dos seguintes elementos:
fósforo, bário, cálcio, magnésio, zinco, antimônio, níquel, boro, cádmio, mercúrio,
molibidênio, selênio, estanho e cromo (Souza, 2003). Estes aditivos exercem
funções diversas (antioxidantes, dispersantes, antidesgastes, detergentes, etc) e
são comumente compostos organometálicos cujos ligantes são dietilcarbamatos
e sulfonatos. A concentração destes elementos, que pode atingir o nível de
porcentagem (m/m), é determinada na caracterização do produto e pelo controle
de qualidade.
Nos óleos lubrificantes, podem estar presentes metais na forma de
quelatos (dietilfosfatos de Zn, Cd. Fe, Bi e Pb), acetilacetonatos de alguns metais
de transição (Ti, Mn, Fe, Co e Ni) ou na forma de O,O – dialquil diaril ou alquil
aril ditiofosfato (DDP) de alguns metais (Zn, Ca, Ba, Ni, Sb, Bi, Cd, Fe, Pb, Ag)
(Souza, 2003). Porém, no caso específico desses derivados, mais importante do
que a quantificação de metais no produto a ser utilizado, é o monitoramento da
variação da quantidade de alguns elementos-chave no óleo lubrificante usado.
Em geral, a presença de certos elementos metálicos no óleo lubrificante pode
ser associada com o desgaste de partes específicas dos dispositivos mecânicos,
como pode ser observado na Tabela 33, para o caso dos elementos refratários.
Capítulo 5 - Avaliação do Processo de Dessorção Térmica In Situ 153
Tabela 33 – Origem dos elementos metálicos no óleo lubrificante usado (Souza, 2003).
Motores automotivos e ferroviários
Motores e turbinas para o transporte aéreo
NiDesgaste da blindagem da
engrenagem e certos tipos de sustentação e válvulas
-
Cr
Pistões, cilindros e contaminação por resfriadores.
Maior atrito entre os elementos do motor
Partes cromadas
MoDesgaste em certos tipos
de ligas de sustentação e em resfriadores de óleo
Vários componentes de ligas de Molibidênio
Ti - Vários componentes de ligas de titânio
V Corrosão generalizada Corrosão generalizada
ElementoOrigem
Embora proibido no Brasil, a queima indiscriminada (sem desmetalizar) é a
forma mais comum de desvio de óleo usados efetivamente coletados, para outra
finalidades que não o rerrefino (Petroquímica Sul, 2002). Os óleos podem ser
reciclados, através de prestação de serviço (filtrados para reuso pelo seu
proprietário, não podendo dessa hipótese, destinar-se a qualquer forma de
comercialização). Podem ser rerrefinados (grande força da destinação do óleo
usado) gerando óleos básicos para novas formulações. O rerrefino revela-se
como o meio mais adequado para absorver a quantidade de óleo usado que é
gerado no país através das atividades econômicas.
O material não se presta a compostagem. Sua decomposição é lenta,
apresentando uma Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO) de 2 a 4 kg de
oxigênio por quilo de óleo usado. O poder calorífico do óleo usado é de 10.000
kcal/kg (34.000 BTU/l), mas a queima deve ser precedida de uma etapa de
desmetalização para atendimento dos padrões legais de emissões atmosféricas
(Petroquímica Sul, 2002).
A resolução Conama 9/93 proíbe a queima e a incineração, pois isto
representaria a destruição de frações nobres de petróleo que se encontram no
lubrificante usado. Esta resolução, também não autoriza o aterro do óleo usado.
Ao contrário, determina que todo óleo deverá ser coletado e destinado à
reciclagem. Assinala ainda, que a reciclagem deveria ser realizada pelo
processo de rerrefino.
Capítulo 5 - Avaliação do Processo de Dessorção Térmica In Situ 154
Embora o óleo lubrificante represente uma porcentagem ínfima do lixo, o
seu impacto ambiental é muito grande, representando o equivalente da carga
poluidora de 40.000 habitantes por tonelada de óleo despejado em corpos d'
água (Petroquímica Sul, 2002).. O óleo usado também contém metais e
compostos altamente tóxicos, e por esse motivo, é classificado como resíduo
perigoso (classe I), segundo a norma 10.004 da ABNT. E daí não pode ser
utilizado como combustível, pois a queima libera para a atmosfera, metais
pesados como cádmio, chumbo, níquel todos potencialmente carcinogênicos,
além de gases residuais e particulados.
5.3.1 Propriedades Físicas do Contaminante
Como mencionado no item anterior, o óleo lubrificante usado possui uma
grande quantidade de compostos com diferentes propriedades físicas, o que
torna difícil caracterizá-lo baseando-se apenas nas propriedades dos seus
compostos. Caracterizá-lo seguindo especificações dos fabricantes, também
seria difícil devido às transformações que o óleo sofre durante o uso no motor,
além do material utilizado ser uma mistura de vários fabricantes para diferentes
tipos de motores.
O conhecimento de algumas propriedades do óleo lubrificante usado é
importante, pois determinará a faixa de temperatura que o solo deverá atingir a
fim de obter sucesso no processo de dessorção térmica. Visando estas
aplicações, foram determinadas as principais propriedades físicas do óleo
lubrificante usado utilizado no presente estudo. As análises foram feitas no
laboratório de catálise do departamento de Química da PUC-Rio. A Tabela 34
mostra estas propriedades.
Tabela 34 – Propriedades físicas do óleo lubrificante usado.
Propriedade ValorDensidade (g/ml) 0,9
Viscosidade à 40 ºC (mm²/s) 125,0
Ponto de ebulição inicial ( ºC) 205,0
Capítulo 5 - Avaliação do Processo de Dessorção Térmica In Situ 155
Foi determinado também o traço dos metais refratários no óleo lubrificante
usado através da espectrometria por absorção atômica. A concentração desses
metais é apresentada na Tabela 35.
Tabela 35 – Traço de metais refratários no óleo lubrificante usado.
Metal Concentração ppmNi 158,3Mo 222,7Cr 4,8V 23,4Ti 16,5
5.4 Ensaios com Solos Contaminados
Os ensaios com solos contaminados foram feitos seguindo procedimentos
semelhantes aos utilizados nas análises de fluxo de calor. O aquecimento do
solo foi feito da mesma forma, pois as temperaturas atingidas nos ensaios de
fluxo de calor são suficientes para que se tenham resultados satisfatórios no
processo de dessorção térmica.
5.4.1 Metodologia de Ensaio
Como mencionado anteriormente, os ensaios com solos contaminados
foram feitos seguindo procedimentos semelhantes aos utilizados nas análises de
fluxo de calor. O primeiro passo foi a compactação do solo residual de Caxias no
tanque de tijolo refratário de acordo com os procedimentos descrito no item
4.2.2, porém com uma pequena diferença no volume de solo compactado. A
altura do solo compactado passou de 410 mm para 390 mm ao retirar uma
camada de 20 mm, proporcionando a redução do volume.
Houve também uma modificação no posicionamento dos termopares, pois
os ensaios com solos contaminados foram feitos em outro tanque de tijolo
refratário. A Figura 101 apresenta o novo posicionamento dos termopares no
tanque de tijolo refratário.
Capítulo 5 - Avaliação do Processo de Dessorção Térmica In Situ 156
Figura 101 – Nova localização dos termopares no tanque de tijolo refratário.
Conforme mostra a Figura 101, os termopares 00, 01, 02, 03 e 04 estão
localizados, respectivamente, a 170, 130, 110, 90 e 50 mm em relação ao centro
do bastonete térmico. Em relação à superfície superior do tanque de tijolo
refratário, os termopares 00, 01, 02, 03 e 04 estão localizados, respectivamente,
a 130, 200, 270, 340 e 410 mm.
A etapa seguinte consiste na montagem do sistema de dessorção térmica,
instalando os demais equipamentos. A Figura 102 apresenta esquematicamente,
todo os componentes do sistema de dessorção térmica.
Capítulo 5 - Avaliação do Processo de Dessorção Térmica In Situ 157
Figura 102 – Esquema do sistema de dessorção térmica desenvolvido.
Capítulo 5 - Avaliação do Processo de Dessorção Térmica In Situ 158
Como no ensaio de fluxo de calor, o controlador de temperatura determina
a duração e a temperatura de cada estágio. O consumo de energia também foi
monitorado no medidor próximo ao quadro de distribuição. O isolamento térmico
também foi feito com duas camadas de manta de fibra cerâmica colocadas sob o
solo.
Durante o aquecimento do solo, foi gerado um volume de emissões
gasosas, composta basicamente por vapores d' água e pelos contaminantes
volatilizados. A manta asfáltica impediu que estas emissões sejam lançadas
diretamente na atmosfera, porém há uma necessidade de conduzi-las ao
sistema de tratamento.
O primeiro componente do sistema de tratamento das emissões gasosas é
o oxidador térmico. As emissões gasosas são conduzidas do tanque ao oxidador
térmico através e uma tubulação de aço galvanizado de 1/2” de diâmetro,
conforme mostra a Figura 103.a. Para que as emissões gasosas não condensem
antes de chegarem ao oxidador térmico, a tubulação foi envolvida por um
isolante térmico de manta de fibra cerâmica, conforme mostra a Figura 103.b.
(a) (b)
Figura 103 – Tubulação para condução das emissões gasosas até o condensador.
Capítulo 5 - Avaliação do Processo de Dessorção Térmica In Situ 159
Foi necessário fazer o isolamento térmico da tubulação, pois Pires (2004)
verificou em seus estudos que as emissões gasosas condensaram na tubulação
antes de chegarem ao oxidador térmico. Este fato comprometeu a eficiência do
tratamento das emissões gasosas, pois não foi possível tratá-las no oxidador
térmico.
A tubulação foi divida em duas partes para facilitar a sua montagem. Uma
parte da tubulação fica dentro do tanque de tijolo refratário entre o solo a ser
tratado e a manta asfáltica. Dois pedaços de tubo de aço galvanizado, de 120
mm de comprimento cada, são apoiados diretamente no solo com o auxílio de
dois flanges sextavados galvanizados de 1/2”. Para permitir a captação das
emissões gasosas por estes tubos, foram feitos vários furos de 3/8” de diâmetro
num trecho de 65 mm que fica entre o solo e a manta asfáltica, conforme pode
ser visto na Figura 105.
Figura 104 – Colocação dos tubos perfurados para captação das emissões.
As duas partes da tubulação foram unidas através de flanges sextavados
de aço galvanizado instalados nas extremidades dos tubos que estão apoiados
no solo e do restante da tubulação que segue até o oxidador térmico, como
mostra a Figura 105.
Capítulo 5 - Avaliação do Processo de Dessorção Térmica In Situ 160
Figura 105 – Fixação da tubulação para captação das emissões gasosas.
O oxidador térmico só será acionado após o solo atingir a temperatura de
100 ºC, pois a água presente no solo começará a evaporar. Embora o ponto
inicial de ebulição do óleo usado seja de 205 ºC, alguns contaminantes podem
começar a evaporar antes e serem carregados juntos com o vapor d’água. A
temperatura de trabalho do oxidador térmico será de 800 ºC, pois, segundo Pires
(2004), esta temperatura é suficiente para destruir os contaminantes ainda
presentes nas emissões gasosas.
Figura 106 – Oxidador térmico.
Conforme o esquema apresentado na Figura 102, após o oxidador térmico
foi instalado o condensador (Figura 107). Em função dos resultados
apresentados pelos ensaios de avaliação do condensador, não será preciso
Capítulo 5 - Avaliação do Processo de Dessorção Térmica In Situ 161
manter o fluxo de água durante as 24 horas do dia. A válvula que controla o fluxo
de água permite a passagem de água apenas no período entre as 8:00 e 18:00
horas, que corresponde ao período mais quente do dia.
Figura 107 – Condensador.
A ligação entre o oxidador térmico e o condensador é feita através de uma
mangueira de borracha de boa resistência e flexibilidade com 27,3 mm de
diâmetro externo e 17,8 mm de diâmetro interno. Esta mesma mangueira
também liga o condensador ao separador de líquidos e depois a câmara de
carvão ativado. A passagem do ar através da câmara de carvão ativado é
forçada através da bomba de vácuo instalada na saída do sistema de dessorção
térmica, conforme mostra a Figura 108. Esta bomba trabalha em conjunto com o
compressor de ar instalado na entrada do sistema.
Capítulo 5 - Avaliação do Processo de Dessorção Térmica In Situ 162
Figura 108 – Separador de líquidos, câmara de carvão ativado e bomba de vácuo.
Os equipamentos do sistema de dessorção térmica trabalham seguindo
uma programação diária funcionando de forma alternada durante o dia, com
exceção do bastonete térmico e do oxidador térmico que trabalham 24 horas por
dia. A bomba de vácuo e o compressor de ar trabalham em conjunto sendo
acionados automaticamente através do timer. Já a abertura da válvula para
permitir a passagem do fluxo de água pelo condensador é manual. A Tabela 36
apresenta a programação diária de funcionamento de todos os equipamentos do
sistema de dessorção térmica.
Capítulo 5 - Avaliação do Processo de Dessorção Térmica In Situ 163
Tabela 36 – Programação diária de funcionamento dos equipamentos do sistema de
DTIS.
00:00 - 01:00 x x x x x01:00 - 02:00 x x02:00 - 03:00 x x x x x03:00 - 04:00 x x04:00 - 05:00 x x x x x05:00 - 06:00 x x06:00 - 07:00 x x x x x07:00 - 08:00 x x08:00 - 09:00 x x x x x x09:00 - 10:00 x x x10:00 - 11:00 x x x x x x11:00 - 12:00 x x x12:00 - 13:00 x x x13:00 - 14:00 x x x x x x14:00 - 15:00 x x x15:00 - 16:00 x x x16:00 - 17:00 x x x17:00 - 18:00 x x x x x x18:00 - 19:00 x x19:00 - 20:00 x x20:00 - 21:00 x x x x x21:00 - 22:00 x x22:00 - 23:00 x x x x x23:00 - 00:00 x x
BT - Bastonete TérmicoOT - Oxidador TérmicoBV - Bomba de VácuoCA - Compressor de ArCO - CondensadorCCA - Câmara de Carvão Ativado
Horário CCABT OT BV CA CO
A Figura 109 apresenta a bancada externa de trabalho com os
equipamentos que compõem o sistema de dessorção térmica.
Capítulo 5 - Avaliação do Processo de Dessorção Térmica In Situ 164
Figura 109 – Bancada externa de trabalho.
5.4.2 Ensaio 05 – Solo Residual de Caxias Contaminado
Para a realização do ensaio 05, o solo residual de Caxias foi todo
contaminado com óleo lubrificante usado. Foram adicionados 3793,10 g de óleo
lubrificante usado ao composto solo+água que possuía um peso de 101.796,72
g. A mistura, visto na Figura 110, resultou numa concentração de 37.262 ppm
que em seguida foi compactado no tanque de tijolo refratário.
Capítulo 5 - Avaliação do Processo de Dessorção Térmica In Situ 165
Figura 110 – Mistura de solo contaminado com óleo lubrificante usado.
A Tabela 37 apresenta, em média, os índices obtidos da compactação do
solo no tanque.
Tabela 37 – Índices médios da compactação do solo – Ensaio 05.
35,18 12,75 89,26 1,071 88,40 37262
C (ppm)
w (%)
γd
(kN/m³)GC (%) e S
(%)
Apesar de conter uma certa quantidade de óleo lubrificante usado no solo,
foi possível aplicar uma energia de compactação razoável com grau de
compactação em torno de 89,26 %. Embora este valor esteja um pouco abaixo
dos graus de compactação obtidos nos ensaios de fluxo de calor, que
apresentaram em média 95,50 %, é possível que haja um comportamento
semelhante do fluxo de calor, pois o grau de saturação obtido foi maior do que
nos ensaios de fluxo de calor.
A temperatura inicial da programação do ensaio foi de 25 ºC, elevando-a
imediatamente, após 5 minutos, a 100 ºC. A cada 12 horas foram adicionados
Capítulo 5 - Avaliação do Processo de Dessorção Térmica In Situ 166
100 ºC até atingir a temperatura de 500 ºC. A temperatura de 500 ºC foi mantida
por 24 horas passando-a em seguida para 600 ºC. Esta temperatura foi mantida
por 216 horas totalizando 12 dias de ensaio.
Inicialmente, apenas o bastonete térmico e o compressor de ar entraram
em funcionamento. Os demais equipamentos foram ligados à medida que a
temperatura do solo atingisse determinados valores. Quando a temperatura do
solo estava em torno de 80 ºC, observou-se uma grande quantidade de fumaça
saindo pela tubulação que ainda não estava ligada ao oxidador térmico. Após 72
horas de ensaio o oxidador térmico, o condensador, a câmara de carvão ativado
e a bomba de vácuo entraram em funcionamento, completando todo o sistema
de dessorção térmica.
Quatro horas depois que todos os equipamentos estavam funcionando, a
temperatura do bastonete térmico começou a cair de forma acentuada. Foi
constatado que a resistência do bastonete térmico havia queimado, rompendo
inclusive o tubo de alumina refratária, conforme pode ser visto na Figura 111.
Figura 111 – Resistência do bastonete térmico queimada.
O ensaio teve que ser interrompido para que o equipamento fosse
consertado. Ao baixar os dados do logger para o computador verificou-se que a
temperatura máxima atingida foi de 105 ºC. Por esta razão assim que o
equipamento fosse consertado, o ensaio seria reiniciado com o mesmo solo
contaminado. Foi colocada uma proteção no tanque para que não houvesse
alterações na umidade.
O bastonete térmico foi consertado e sofreu algumas alterações em
relação a sua configuração inicial. Além da troca da resistência, o tubo de
alumina foi substituído por um tubo de aço inox 316 com as mesmas dimensões.
Resistência queimada
Tubo de alumina refratária rompido
Capítulo 5 - Avaliação do Processo de Dessorção Térmica In Situ 167
Esta modificação causou uma redução na temperatura máxima de serviço
reduzindo-a de 1200 ºC para 1000 ºC. Nas demais partes do bastonete térmico
não houve alterações, pois devido ao seu sistema modular é possível fazer este
tipo de modificações sem influenciar as demais partes do equipamento. O novo
bastonete térmico pode ser visto na Figura 112.
Figura 112 – Novo bastonete térmico após a troca da resistência queimada.
O ensaio foi reiniciado como se fosse um novo ensaio, seguindo a rotina
de trabalho a partir do inicio de aquecimento do solo. A temperatura no solo
estava crescendo mais rapidamente. Isto poderia estar acontecendo em função
Capítulo 5 - Avaliação do Processo de Dessorção Térmica In Situ 168
das alterações do equipamento, pois a alumina refratária retém um pouco do
calor passando de forma mais lenta para o meio externo. Já o aço inox não
possui esta característica, além de possuir uma condutividade térmica maior (50
W/mºK). O crescimento mais rápido da temperatura no solo ocasionou o
acionamento dos demais equipamentos já com 24 horas de ensaio.
A temperatura ambiente, monitorada a cada 24 horas sempre as 9:00,
variou entre 22,6 e 25,2 ºC e a temperatura na base do bastonete térmico variou
entre 22,3 e 27,3 ºC. A variação do consumo de energia do bastonete térmico e
do oxidador térmico podem ser vistos na Figura 113. O consumo energético da
bomba de vácuo e do compressor de ar não foi possível ser medido, pois ambos
estavam ligados a um outro circuito de tensão de 110 V. Este circuito não possui
um medidor exclusivo, porém como a potência de ambos equipamentos é
conhecida, este consumo diário pode ser determinado. A Figura 113 também
apresenta este consumo.
0
20
40
60
80
100
120
140
160
180
0 24 48 72 96 120 144 168 192 216 240 264 288 312
Tempo (h)
Con
sum
o (k
Wh)
Bastonete Térmico
bomba/compressor
Oxidador Térmico
Consumo Total
Figura 113 – Variação do consumo energético – Ensaio 05.
O comportamento da temperatura nos pontos de monitoramento pode ser
observado na Figura 114.
Capítulo 5 - Avaliação do Processo de Dessorção Térmica In Situ 169
0
100
200
300
400
500
600
0 24 48 72 96 120 144 168 192 216 240 264 288 312 336
Tempo (horas)
Tem
pera
tura
(ºC
)
P 04 P 03 P 02 P 01 P 00
Estágios 0 - 12 h 100 ºC 12 - 24 h 200 ºC 24 - 36 h 300 ºC 36 - 48 h 400 ºC 48 - 72 h 500 ºC 72 - 288 h 600 ºC
Figura 114 – Comportamento da temperatura nos pontos de monitoramento – Ensaio 05.
De acordo com a Figura 114, pode-se observar como o avanço da
temperatura no solo foi bem mais acentuado do que nos ensaios de fluxo de
calor. É possível também identificar a temperatura máxima que cada ponto
atinge tornando-se praticamente constante, fato que não foi possível identificar
nos ensaios de fluxo de calor. A Tabela 38 apresenta a temperatura máxima
atingida em cada ponto.
Tabela 38 – Temperatura máxima atingida em cada ponto – Ensaio 05.
P 00 P 01 P 02 P 03 P 04439,3 499,5 548,4 551,3 555,5Temperatura ( ºC)
Pontos
A temperatura média do solo ficou em torno de 518,8 ºC que é um valor
semelhante ao encontrado por Stegemeier & Vinegar (1998). Entretanto, este
crescimento rápido da temperatura ocasionou alguns problemas no final do
ensaio mesmo injetando um fluxo de ar no solo, ocorreu à carbonização do
material a um raio de aproximadamente 5 cm do poço do bastonete térmico,
conforme pode ser visto na Figura 115.
Capítulo 5 - Avaliação do Processo de Dessorção Térmica In Situ 170
Figura 115 – Carbonização do solo nas proximidades do bastonete térmico.
Com o aumento da temperatura a viscosidade do óleo diminuiu e houve
uma percolação em direção ao bastonete térmico onde a temperatura era maior.
A alta concentração de óleo nesta região e o acréscimo elevado da temperatura
proporcionaram a carbonização do material.
Ao retirar o solo do tanque de tijolo refratário observou-se que a
carbonização ocorreu apenas nas camadas superiores à aproximadamente 15
cm de profundidade. O solo nas camadas inferiores apresentava um aspecto
visual bem melhor do que os das camadas de cima. A Figura 116 mostra o
aspecto do solo retirado das camadas inferiores.
Capítulo 5 - Avaliação do Processo de Dessorção Térmica In Situ 171
Figura 116 – Aspecto visual do solo retirado das camadas inferiores – Ensaio 05.
Foram coletadas amostras de solo para análise de fluorescência de raio-X,
espectrometria por absorção atômica e TPH. O líquido coletado, visto na Figura
117, apresentava uma coloração semelhante à do solo, provavelmente devido às
frações mais finas de silte e argila presente no solo, que poderiam ter sido
transportadas através do vapor d' água.
Figura 117 – Aspecto visual do líquido coletado no ensaio 05.
Capítulo 5 - Avaliação do Processo de Dessorção Térmica In Situ 172
5.4.3 Ensaio 06 – Solo Residual de Caxias Contaminado
Foi realizado um novo ensaio com o solo residual de Caxias contaminado
com óleo lubrificante usado. Este ensaio tinha como objetivo principal, tentar
evitar que ocorresse a carbonização do material na região próxima ao bastonete.
O solo foi compactado e a Tabela 39 apresenta os valores médios dos
índices/parâmetros.
Tabela 39 – Índices médios da compactação do solo – Ensaio 06.
36,75 12,50 87,54 1,112 88,94 42153
w (%)
γd
(kN/m³)GC (%) e S
(%)C
(ppm)
A programação da temperatura foi diferente neste ensaio visando evitar a
carbonização do material. Em função dos valores de temperatura atingidos no
ensaio 05 e do conhecimento do ponto de ebulição inicial do óleo lubrificante
usado, a temperatura de 500 ºC no bastonete térmico será suficiente para
atender os objetivos do ensaio.
Inicialmente foi aplicada ao bastonete térmico uma temperatura de 100 ºC,
mantendo-a por 48 horas. A cada 48 horas um novo incremento de 100 ºC foi
aplicado ao bastonete térmico até atingir a temperatura de 400 ºC. Esta
temperatura foi mantida por 96 horas, aumentando-a em seguida para 500 ºC e
permanecendo assim por 120 horas, totalizando 15 dias de ensaio.
Os dias em que este ensaio foi realizado apresentavam temperatura
ambiente mais elevada. A temperatura ambiente variou entre 22,7 e 26,8 ºC, já a
temperatura na base do bastonete térmico variou entre 22,8 e 28,5 ºC. Como
houve uma mudança na programação da temperatura, ocasionando uma
elevação mais suave, o oxidador térmico, o condensador e a bomba de vácuo
foram acionados a partir de 48 horas de ensaio. A Figura 118 apresenta o
consumo energético deste ensaio.
Capítulo 5 - Avaliação do Processo de Dessorção Térmica In Situ 173
0
20
40
60
80
100
120
140
160
180
200
0 24 48 72 96 120 144 168 192 216 240 264 288 312 336 360 384
Tempo (h)
Con
sum
o (k
Wh)
Bastonete Térmicobomba/compressorOxidador TérmicoConsumo Total
Figura 118 – Variação do consumo energético – Ensaio 06.
Embora o consumo energético tenha sido maior neste ensaio,
proporcionalmente seria menor do que no ensaio 05, pois além da temperatura
máxima do bastonete térmico ter diminuído para 500 ºC, os patamares de cada
centena de temperatura foram maiores, permanecendo um período menor de
tempo nas temperaturas mais altas, que apresentam uma maior consumo
energético. O comportamento da temperatura nos pontos de monitoramento
pode ser visto na Figura 119.
Conforme mostra a Figura 119, o comportamento da temperatura ficou
dentro do que se esperava. É possível identificar claramente as rampas e os
patamares em cada ponto de monitoramento, com exceção do ponto 00, que é o
ponto mais afastado. Neste ponto, só foi possível identificar uma equalização da
temperatura nos períodos onde a exposição a uma certa temperatura foi maior.
Capítulo 5 - Avaliação do Processo de Dessorção Térmica In Situ 174
0
100
200
300
400
500
0 24 48 72 96 120 144 168 192 216 240 264 288 312 336 360 384 408
Tempo (horas)
Tem
pera
tura
(ºC
)
P 04 P 03 P 02 P 01 P 00
Estágios 0 - 48 h 100 ºC 48 - 96 h 200 ºC 96 -144 h 300 ºC 144 - 240 h 400 ºC 240 - 360 h 500 ºC
Figura 119 – Comportamento da temperatura nos pontos de monitoramento – Ensaio 06.
A Tabela 40 apresenta as temperaturas máximas atingidas em cada ponto,
para cada estágio de temperatura.
Tabela 40 – Temperatura máxima atingida em cada ponto, para cada estágio – Ensaio
06.
100 200 300 400 500P 00 39,4 136,4 222,3 311,0 378,3P 01 42,2 143,2 246,3 323,3 410,3P 02 63,6 154,5 256,3 342,9 444,3P 03 70,2 165,4 264,4 349,6 452,2P 04 75,0 170,6 270,3 356,8 458,0
Pontos Estágios (ºC)
O objetivo deste ensaio foi alcançado, pois não houve a carbonização do
material nas proximidades do bastonete térmico conforme mostra a Figura 120.
Assim como no ensaio 05 foram coletadas amostras de solo para análise de
TPH.
Capítulo 5 - Avaliação do Processo de Dessorção Térmica In Situ 175
Figura 120- Aspecto visual da superfície do solo – Ensaio 06.
Segundo Baker (2000), os custos para aplicação da técnica de dessorção
térmica variam entre 75 e 260 dólares por m³. Foi feita uma estimativa de custos
da aplicação do processo de dessorção térmica desenvolvido. Vale ressaltar que
os custos são referentes apenas ao consumo energético e de água. Estes custos
estão apresentados na Tabela 41.
Tabela 41 – Estimativa de custos para aplicação do processo de dessorção térmica.
kWh m³
0,36657 (1) 1,45 (2)
Ensaio 05 168,68 3,96
Ensaio 06 190,30 5,15
Ensaio 05Ensaio 06Ensaio 05Ensaio 06Ensaio 05Ensaio 06
(1) Light dezembro de 2004(2) CESAN dezembro de 2004(3) Cotação média do dolar em dezembro de 2004 (US$ 1,00 = R$ 2,715)
Consumo elétrico Consumo de águaItens
67,58
77,23
Custo total por m³ (R$)
1102,81
1260,28
Custo total por m³ (US$) (3)
406,19
464,19
UnidadePreço Unitário (R$)
Quantidade
Custo total (R$)
Capítulo 5 - Avaliação do Processo de Dessorção Térmica In Situ 176
5.4.4 Ensaio 07 – Areia da Praia de Ipanema Contaminada
Um novo ensaio foi realizado com o objetivo de avaliar a eficiência do
processo de dessorção térmica em camadas diferentes de solos. As camadas
foram compostas pelo solo residual de Caxias e a areia da Praia de Ipanema,
porém somente a camada de areia da Praia de Ipanema foi contaminada com
óleo lubrificante usado. A Tabela 42 apresenta a caracterização geotécnica da
areia de Ipanema, bem como a curva de distribuição granulométrica é
apresentada pela Figura 121.
Tabela 42 – Caracterização geotécnica da areia da Praia de Ipanema.
Índice de vazios máximo emax 0,66Índice de vazios mínimo emim 0,48
Densidade do grãos Gs 2,66Peso específico do grãos γs (kN/m3) 26,6
Indíces Físicos ValorTeor de umidade ω (%) 0,1
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
0,001 0,01 0,1 1 10 100
Diâmetro dos Grãos (mm)
Porc
enta
gem
que
Pas
sa (%
)
Composição: Pedregulho 0% Areia Grossa 1% Areia Média 74% Areia Fina 25% Silte 0% Argila 0%
D10 = 0,19 mmD30 = 0,42 mmD60 = 0,58 mmCC = 1,60CNU = 3,05
Figura 121 – Curva de distribuição granulométrica da areia da Praia de Ipanema.
Para contaminar a areia da Praia de Ipanema foram adicionados 2029,1 g
de óleo lubrificante usado. A Figura 122.a apresenta o aspecto visual da areia
antes da contaminação e a Figura 122.b depois da contaminação.
Capítulo 5 - Avaliação do Processo de Dessorção Térmica In Situ 177
(a)
(b)
Figura 122 – Aspecto visual da areia da Praia de Ipanema (a) antes e (b) depois da
contaminação.
Os solos foram compactados em três camadas, obedecendo a seguinte
seqüência (vide Figura 123): uma camada inferior de 120 mm com o solo
residual de Caxias; uma camada central de 150 mm da areia da Praia de
Ipanema e uma camada superior de 120 mm com o solo residual de Caxias.
Capítulo 5 - Avaliação do Processo de Dessorção Térmica In Situ 178
Figura 123 – Camadas de solo compactado – Ensaio 07.
As camadas de solo residual de Caxias foram compactadas seguindo o
mesmo procedimento já descrito. A camada de areia da Praia de Ipanema foi
compactada aplicando-se alguns golpes com o soquete de forma que ficasse
bem distribuída no tanque de tijolo refratário. A Tabela 43 apresenta os índices
médios obtidos da compactação dos solos.
Tabela 43 – Índices médios da compactação dos solos – Ensaio 07.
Solo Residual de Caxias Superior 35,51 13,20 92,51 0,998 95,75 -
Areia da Praia de Ipanema 42,15 - - - - 38659
Solo Residual de Caxias Inferior 35,58 13,50 94,19 0,963 99,45 -
Camadas w (%)
γd
(kN/m³)GC (%) e S
(%)C
(ppm)
Na última camada compactada, foram feito dois furos com um amostrador
de 1” até a camada de areia de Ipanema, na posição abaixo de onde ficam os
Capítulo 5 - Avaliação do Processo de Dessorção Térmica In Situ 179
tubos de captação das emissões gasosas, conforme mostra a Figura 124. Estes
orifícios têm como objetivo deixar uma passagem livre para as emissões
gasosas geradas na camada de areia de Ipanema, visando minimizar a
contaminação da camada superior.
Figura 124 – Orifícios na camada superior para a passagem das emissões gasosas.
A programação da temperatura foi feita da mesma maneira que o ensaio
06, pois a aplicação de estágios de temperaturas mais prolongada contribuiu
para evitar a carbonização do material. A temperatura ambiente variou entre 22,1
e 25,8 ºC, já a temperatura na base do bastonete térmico permaneceu entre 22,5
e 26,5 ºC.
Acompanhando o avanço da temperatura no data logger, pode-se observar
que a temperatura registrada pelo termopar 02 e 03 aumentava de forma mais
acentuada, o que já era esperado, pois estes termopares estão localizados na
camada de areia de Ipanema. Conforme mencionado por Duarte (2004), solos
arenosos apresentam melhor condutividade térmica. Este fato levou a acionar
todos os equipamentos já com 24 horas de ensaio. O consumo energético deste
ensaio pode ser visto na Figura 125.
Capítulo 5 - Avaliação do Processo de Dessorção Térmica In Situ 180
0
20
40
60
80
100
120
140
160
180
200
0 24 48 72 96 120 144 168 192 216 240 264 288 312 336 360 384
Tempo (h)
Con
sum
o (k
Wh)
Bastonete Térmicobomba/compressorOxidador TérmicoConsumo Total
Figura 125 – Variação do consumo energético – Ensaio 07.
O consumo energético foi semelhante ao do ensaio 06, pois seguiu a
mesma programação de temperatura. O comportamento da temperatura nos
pontos de monitoramento pode ser visto na Figura 126.
0
100
200
300
400
500
0 24 48 72 96 120 144 168 192 216 240 264 288 312 336 360 384 408
Tempo (horas)
Tem
pera
tura
(ºC
)
P 04 P 03 P 02 P 01 P 00
Estágios 0 - 48 h 100 ºC 48 - 96 h 200 ºC 96 -144 h 300 ºC 144 - 240 h 400 ºC 240 - 360 h 500 ºC
Figura 126 – Comportamento da temperatura nos pontos de monitoramento – Ensaio 07.
Capítulo 5 - Avaliação do Processo de Dessorção Térmica In Situ 181
Como já mencionado, os pontos 02 e 03, mesmo mais distantes do
bastonete térmico do que o ponto 04, apresentaram um crescimento maior da
temperatura, pois se encontram na camada de areia de Ipanema. Além de
melhores índices de compactação, a maior condutividade térmica da areia de
Ipanema pode também ter contribuído para que os demais pontos atingissem
temperaturas maiores do que o ensaio 06, conforme pode ser evidenciado na
Figura 126. A Tabela 44 apresenta as temperaturas máximas atingidas em cada
ponto, para cada estágio de temperatura.
Tabela 44 – Temperatura máxima atingida em cada ponto, para cada estágio – Ensaio
07.
100 200 300 400 500P 00 39,7 137,8 223,3 316,5 383,4P 01 56,3 159,3 262,1 339,7 438,4P 02 88,9 191,8 293,8 379,8 478,3P 03 85,5 188,3 287,4 372,5 472,5P 04 79,2 178,9 278,8 365,2 475,1
Pontos Estágios (ºC)
No final do ensaio a camada superior com o solo residual de Caxias
apresentava algumas fraturas como pode ser visto na Figura 127. As fraturas
apresentavam abertura entre 5 e 10 mm sendo que uma delas, a de maior
abertura, partiu o solo de um lado ao outro no sentido horizontal, conforme a
Figura 127.
O solo que ficou separado pela fratura apresentava ainda alguma umidade.
Caso algum termopar estivesse localizado nesta região, teria registrado
temperaturas bem menores do que as apresentadas pela Figura 127. Este fato
pode ter ocorrido em função da diferença de coeficiente de dilatação entre as
camadas de solo. Outro fato observado foi que as fraturas começavam a partir
dos furos feitos no solo.
Visualmente, a camada superior não apresentava nenhum material
carbonizado próximo ao poço do bastonete térmico, e sim pequenas partículas
na superfície da camada de solo. Embora esta camada de solo inicialmente não
havia sido contaminada, durante a subida das emissões gasosas, parte dos
contaminantes poderia carbonizar próximo ao bastonete térmico em função da
alta temperatura nesta região. O material carbonizado na superfície do solo
provavelmente foi transportado pelos vapores e ficou acumulado nesta região
próxima aos tubos de captação, como pode ser visto na Figura 127.
Capítulo 5 - Avaliação do Processo de Dessorção Térmica In Situ 182
Figura 127 – Fraturas na camada superior.
A camada de areia da Praia de Ipanema apresentava um aspecto visual
aparentemente bom na parte superficial, conforme mostra a Figura 128. Porém,
principalmente nas partes inferiores, ocorreu à formação de uma fina camada,
cerca de 5 mm, de material carbonizado em torno do poço do bastonete térmico.
Isto pode ter ocorrido em função da maior concentração de óleo que percolou
para esta região em função das temperaturas mais elevadas. Como apresentado
pela Figura 126 à temperatura aumentou de forma mais rápida na camada de
areia de Ipanema, contribuindo também para a carbonização do material nesta
região.
Para evitar que ocorresse a carbonização do material nesta região, deveria
ter sido feita uma programação diferente do aumento da temperatura. Deveriam
ser aplicados estágios mais prolongados e incrementos menores de
temperatura.
Capítulo 5 - Avaliação do Processo de Dessorção Térmica In Situ 183
Figura 128 – Aspecto visual da camada de areia de Praia de Ipanema.
Como há um espaço entre a parede do poço e o bastonete térmico, parte
do óleo desceu durante o ensaio, para a camada inferior do solo residual de
Caxias. Este fluxo de óleo também já havia ocorrido assim que o tubo de aço
galvanizado de 2” foi retirado após a compactação do solo. Estes fatos
contribuíram para a contaminação da camada inferior, porém ao final do ensaio,
esta camada apresentava o mesmo aspecto visual que solo apresentava ao final
do ensaio 06.
Como nos demais ensaios, amostras de solo de todas as camadas foram
retiradas para análises químicas.
Capítulo 5 - Avaliação do Processo de Dessorção Térmica In Situ 184
5.4.5 Análises Químicas
Neste item serão apresentados os resultados das análises químicas
realizadas para avaliar a eficiência do processo de dessorção térmica.
Os voláteis desprendidos durante o processo de dessorção térmica foram
identificados através da cromatografia gasosa. Para esta análise foi feita uma
amostragem do carvão ativado, utilizado para absorver as substâncias presentes
nos voláteis, através da câmara de carvão ativado.
Conforme mostra a Figura 103, a câmara de carvão ativado é o ultimo
componente do sistema de tratamento das emissões gasosas, instalada após o
separador de líquidos. O fluxo de ar foi forçado através da câmara de carvão
ativado por uma bomba de vácuo instalada no final do sistema.
A amostragem foi iniciada quando a temperatura atingiu a 200 ºC, pois
para temperaturas inferiores a esta o grande volume de vapor d’água poderia
prejudicar a absorção. De acordo com a programação de cada ensaio, esta
temperatura foi atingida com 24 ou 48 horas de ensaio. A partir deste instante, o
conjunto câmara de carvão ativado e bomba de vácuo estiveram conectados ao
sistema de dessorção térmica até o fim do ensaio, seguindo a programação
diária conforme mostra a Tabela 38.
Ao fim de cada ensaio foi coletada uma amostra de carvão ativado. Após
análises no cromatógrafo, o resultado obtido foi semelhante ao encontrado por
Pires (2004). Os compostos adsorvidos ao carvão ativado eram basicamente
parafinas e olefinas na faixa de C5 a C7. Estes compostos são hidrocarbonetos
leves. A concentração dos compostos em cada ensaio é apresentado pela
Tabela 45.
Tabela 45 – Concentração dos compostos.
06 2,6907 1,43
Ensaio Concentração dos Compostos (% por grama de carvão ativado)
05 2,62
Segundo UNICAMP (2004) a análise química por fluorescência de raio-X é
adequada para análise de elementos maiores e menores, metálicos ou não
metálicos, em amostras sólidas e líquidas. Embora tenha sido coletada amostra
nos três ensaios, somente as amostras do ensaio 05 foram submetidas às
Capítulo 5 - Avaliação do Processo de Dessorção Térmica In Situ 185
análises de fluorescência de raio-X. A Tabela 46 apresenta os resultados de
fluorescência de raio-X nas amostras de solo coletadas no ensaio 05.
Tabela 46 – Fluorescência de raio-X – Ensaio 05.
0,042
0,5640,4320,1320,060
SiO2
Fe2O3
K2OTiO2
ZrO2
SMnO
40,8948,023
CaO 0,025CH 0,010
Óxido %Al2O3 49,818
Conforme atesta a Tabela 35, através da espectrometria por absorção
atômica, foi identificado o traço de alguns metais refratários no óleo lubrificante
usado. Estes metais refratários não foram identificados nas análises de
fluorescência de raio-X. Para verificar se alguns desses metais ficaram retidos
no solo, as amostras coletadas no ensaio 05 foram submetidas à análise de
espectrometria por absorção atômica. A Tabela 47 apresenta os resultados de
espectrometria por absorção atômica nas amostras de solo coletadas no ensaio
05.
Tabela 47 – Espectrometria por absorção atômica – Ensaio 05.
Solo CETESB (1) Norma Holandesa (2)
Ni 45 300 210Cr 20 1000 380
(2) Valores de intervenção para solos na Holanda (Kolesnikovas et al 2000)
MetalConcentração (ppm)
(1) Valores de intervenção para solos em áreas industriais segundo a CETESB (2001)
Conforme atesta a Tabela 47 apenas dois elementos foram encontrados
no solo e mesmo assim em concentrações insignificantes em relação aos
valores permitidos pela CETESB e a norma holandesa. Estes valores foram
encontrados após várias passagens no espectrômetro, pois inicialmente nada foi
encontrado.
Capítulo 5 - Avaliação do Processo de Dessorção Térmica In Situ 186
Quanto ao líquido coletado, as análises utilizadas não foram adequadas
para se identificar todos os compostos presentes. Análises de fluorescência de
raio-X identificaram a presença de elementos semelhantes aos encontrados no
solo. Provavelmente as partículas mais finas do solo foram transportadas pelos
vapores d’água, dando inclusive a coloração que o líquido apresentava. Através
das análises de cromatografia gasosa foi constatodo que não havia a presença
de hidrocarbonetos de petróleo.
A última análise química realizada foi à determinação do TPH. Em todos
ensaios foram coletadas amostras de diferentes pontos no solo. A Tabela 48
apresenta os resultados obtidos.
Tabela 48 – Análises de TPH.
5 - 10 10 - 15 15 - 20Superior 4217 453 485Central 3950 402 452Inferior 2995 313 395
Superior 1560 795 385Central 925 526 215Inferior 328 407 283
Superior 101 73 62Central 3253 509 354Inferior 1213 105 192
Concentração (ppm)Camada Raio (cm)
05
06
Ensaio
07
Conforme mostra a Tabela 48, todos os valores determinados estão abaixo
do limite de intervenção recomendado pela norma holandesa de 5.000 ppm
(CETESB, 2001). No raio de 5 a 10 cm verificaram-se os valores mais altos
principalmente no ensaio 05 onde houve uma formação de coque na região
próxima ao bastonete térmico.
6 Conclusões e Sugestões para Trabalhos Futuros
Neste último capítulo são apresentadas as conclusões e as sugestões para
os trabalhos futuros que darão seqüência a esta linha de pesquisa. O objetivo
principal deste trabalho foi desenvolver e avaliar a eficiência do bastonete
térmico no processo de dessorção térmica para remediação de solos
contaminados por hidrocarbonetos.
6.1 Conclusões
Como era esperado, em função dos trabalhos já realizados, a dessorção
térmica in situ demonstrou ser rápida e eficaz no tratamento de materiais
contaminados por hidrocarbonetos de petróleo. O bastonete térmico
desenvolvido demonstrou ser capaz de aquecer o solo a temperaturas
desejáveis para o sucesso da técnica de dessorção térmica. O bastonete térmico
demonstrou também ser um equipamento modular capaz de aquecer o solo a
qualquer profundidade. Sua construção apresentou um baixo custo além de um
consumo energético menor em relação a equipamentos com potência similar.
Em relação à distribuição da temperatura no solo, o fluxo de calor
apresentou um comportamento radial sendo possível determinar faixas radiais
de temperatura em torno do bastonete térmico. Apesar da baixa condutividade
térmica do solo residual de Caxias foi possível obter temperaturas em torno de
370 ºC a 50 cm do centro do bastonete térmico. Segundo Portes (2002), a
dessorção térmica pode reduzir substancialmente a contaminação do material
quando submetidos a temperaturas acima de 300 ºC.
Para o solo residual de Caxias, através de parâmetros obtidos nos
ensaios, foi possível atingir temperaturas maiores do que 300 ºC após um
período de 10 dias. Para este mesmo solo, em uma eventual aplicação em
campo, recomenda-se um espaçamento entre os bastonetes térmicos de 1,00 m
para que se possam atingir temperaturas maiores do que 300 ºC. Este
espaçamento poderá ser de 1,50 m caso o ensaio tenha uma duração de 20
dias.
Capítulo 6 - Conclusões e Sugestões para Trabalhos Futuros 188
A maior duração do ensaio demonstrou ser economicamente mais viável,
pois permite um maior espaçamento entre os bastonetes térmicos,
conseqüentemente um número menor de equipamento cobrindo a mesma área,
além do consumo energético que proporcionalmente demonstrou ser menor.
Os resultados obtidos nas análises de fluxo de calor criaram uma
expectativa de sucesso nos ensaios com solos contaminados, o que foi
realmente comprovado após a realização dos ensaios. O controle do avanço da
temperatura é indispensável, pois mesmo que haja uma aeração no solo se a
temperatura subir rapidamente poderá provocar o coqueamento do material nas
áreas mais próximas ao bastonete térmico.
O sistema de tratamento das emissões gasosas desenvolvido apresentou
também resultados satisfatórios, pois todas as emissões foram conduzidas e
tratadas adequadamente. O produto final na saída do sistema de tratamento era
composto basicamente por um líquido, coletado no separador de líquidos, e
oleofinas e parafinas que foram encontradas através das análises de
cromatografia gasosa no filtro de carvão ativado.
Não foi possível determinar todos os compostos presentes no líquido,
somente foi constatado, através das análises de cromatografia gasosa, que não
havia a presença de hidrocarbonetos de petróleo. As análises de espectrometria
por absorção atômica detectaram a presença de alguns metais refratários após a
realização dos ensaios, porém, em concentrações quase que nulas. Estes
metais são provenientes do contaminante utilizado na pesquisa que é o óleo
lubrificante usado. Por fim, as análises de TPH determinaram que os valores
encontrados estão abaixo dos limites estabelecidos pela lista holandesa.
6.2 Sugestões para Trabalhos Futuros
Quanto à análise de fluxo de calor, recomenda-se à realização de mais
ensaios com o bastonete térmico de preferência por períodos de 30 dias ou
mais. Desta maneira, será possível determinar parâmetros de forma mais
precisa e mais próximo da realidade.
Para ensaios em laboratório, recomenda-se um melhor controle da
compactação, de forma que o grau de compactação não diminua à medida que
se aumenta o número de camadas compactadas. O ideal será realizar este
ensaio no campo, pois determinará parâmetros de acordo com as condições
naturais do solo.
Capítulo 6 - Conclusões e Sugestões para Trabalhos Futuros 189
Para melhorar a aeração do solo, recomenda-se a utilização de
compressores de ar de maior pressão/vácuo, de forma que o ar penetre a um
raio maior no solo e facilite a subida das emissões gasosas para o oxidador
térmico. Porém, deve-se ter cuidado para que não haja a formação de fissuras
no solo.
Quanto à amostragem na câmara de carvão ativado, recomenda-se que
seja feita várias vezes durante o ensaio, pois desta maneira determinará o
término do ensaio em função da redução gradativa dos voláteis no carvão
ativado.
Deve-se fazer uma análise mais específica do líquido coletado, para que
se determine todo os seus compostos e assim análise se é possível lançá-lo no
meio ambiente sem passar por um tratamento.
Por fim, recomenda-se uma análise dos micro-organismos presentes no
solo, antes e após o ensaio, para que se conheça o efeito das altas temperaturas
na microbiota.
7 Referências Bibliográficas
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Anexos
Anexo 1 Cromatografia Gasosa
Várias técnicas são propostas com o objetivo de determinar a
concentração dos compostos orgânicos presentes em diferentes matrizes. A
exemplo disto, a cromatografia gasosa tem sido uma técnica bastante utilizada
nos últimos anos devido às várias vantagens que possui. Entre as principais
vantagens, destaca-se o seu excelente poder de resolução, tornando possível,
muitas vezes, a análise de diversas substâncias em uma amostra. Também é
uma técnica excelente para a quantificação de compostos em concentrações
que variam de picogramas a miligramas.
A análise quantitativa por cromatografia gasosa de compostos
organoclorados voláteis, em amostras brutas como água e solo requer, muitas
vezes, procedimentos de pré-concentração e separação para evitar
interferências provenientes da complexidade das matrizes UNICAMP (2004).
Para amostras sólidas, principalmente solos, estes compostos podem ser
facilmente extraídos utilizando-se um sistema de extração Soxhlet, com um
solvente ou uma mistura de solventes capaz de solubilizar os compostos
orgânicos em estudo UNICAMP (2004).
As principais características de um cromatógrafo a gás são as seguintes: o
gás de arraste (fase móvel), sob alta pressão, leva as substâncias presentes na
amostra para fora da coluna e separadas, as substancias presentes nas
amostras são detectadas. O gás de arraste, quando passa pelo detector, gera
uma linha de base e, uma amostra, ao ser eluída, gera uma alteração da linha de
base, cuja área é proporcional a sua concentração.
Existem vários detectores utilizados comercialmente, dentre eles, os mais
comuns são: detector por condutividade térmica, detector por ionização em
chama, detector de captura de elétrons e detector termiônico. Os gases mais
utilizados como fases móveis são o nitrogênio, hélio, hidrogênio e argônio. A
injeção da amostra é feita utilizando-se micro-seringas, através de um septo de
silicone e/ou teflon.
Anexos 196
Anexo 2 Espectrometria por Absorção Atômica
Os efeitos nocivos causados por metais pesados em sistemas biológicos
desencadearam, nas décadas de 70 e 80, uma busca incessante para o
desenvolvimento de procedimentos analíticos mais sensíveis (Tsalev &
Zaprianov, 1984). Assim, técnicas analíticas como a Espectrometria de Absorção
Atômica com Chama (FAAS), a Espectrometria de Absorção Atômica com
Atomização Eletrotérmica (ETAAS) e a Espectrometria de Emissão Óptica com
Plasma Individualmente Acoplado (ICPOES) são adequadas para a
determinação de traços de metais pesados em matrizes diversas, ocupando uma
posição de destaque frente a outras técnicas analíticas (Hershey & Keliher,
1989-90).
A espectrometria de absorção atômica, AAS, foi apresentada à
comunidade científica em 1955, por Walsh, que demonstrou que os íons
metálicos podiam ser reduzidos em uma chama e que a concentração desses
íons seria determinada pela absorção da luz monocromática incidente (Walsh,
1955). Quase todos os elementos metálicos podem ser determinados
empregando-se a AAS, a baixos níveis de concentrações. No entanto, elementos
como antimônio, arsênio, bismuto, selênio, germânio e telúrio são difíceis de se
determinar pela nebulização direta da solução em uma chama de ar-acetileno ou
hidrogênio-argônio (Hershey & Keliher, 1989-90). Outro problema relacionado a
estes metais é que as linhas de ressonância estão na região espectral do
ultravioleta distante (190 a 230 nm), onde a absorção de fundo proveniente dos
gases da chama é grande, e o emprego de chamas com outras composições
gasosas podem resultar no aumento de interferências causadas por uma
incompleta dissociação dos átomos na chama e absorção molecular da espécie
(Hershey & Keliher, 1989-90).
A década de 1960 foi uma fase de expansão muito rápida de análise
elementar por espectrometria de absorção atômica (AAS), assim, logo surgiram
metodologias que foram aplicadas na determinação de elementos traço em
amostras de óleo combustível e lubrificante.
Grande parte das metodologias descritas na literatura usa a chama como
atomizador (FAAS) o que permite determinações com sensibilidade na faixa de
concentração de mg/l na amostra, fazendo-se necessário, em muitos casos, o
uso de etapas de pré-concentração que, por sua vez, aumentam a complexidade
do procedimento analítico (Blasco, Cirugeda & Carreño, 1985). Como as
Anexos 197
temperaturas máximas na chama, mesmo com a mistura de óxido nitroso-
acetileno, alcançam em torno de 2600 ºC, o desempenho dessas metodologias
para os elementos químicos refratários é insatisfatório (Blasco, Cirugeda &
Carreño, 1985).
A diluição direta das amostras em solventes orgânicos e calibração com
padrões organometálicos é o procedimento padrão para FAAS. No caso dos
óleos lubrificantes usados, alguns trabalhos recomendam a decomposição ácida
total ou parcial das amostras e posterior diluição em água ou solvente orgânico
apropriado.
O uso de atomizadores eletrotérmicos (ET), na espectrometria de absorção
atômica tem tido maior atratividade no caso das amostras de derivados de
petróleo. Esses atomizadores são compatíveis com uma grande variedade de
solventes, aceitam amostras com alta carga orgânica e aquelas de maior
viscosidade. O processo de aquecimento em etapas (programa de temperatura)
ajuda a eliminar seletivamente componentes da matriz, minimizando
interferências e facilitando o procedimento de calibração. A maturidade das
técnicas de atomização eletrotérmica, culminando com o conceito SPTF
(Stabilized Platform Temperature Furnace) e obtenção de altas densidades
atômicas de analito melhoram muito a sensibilidade da técnica (Ingle & Crouch,
1988). O conceito de SPTF une um conjunto de práticas tais como atomização
em plataformas feitas de grafite pirolítica, programas de temperatura
cuidadosamente otimizados, modificadores químicos, correção de sinal de fundo
por efeito Zeeman, além de outras, visando máximo desempenho analítico.
Anexo 3 Fluorescência de Raio-X
A fluorescência de raio-X (FRX) pode ser classificada como uma técnica
de emissão atômica, fundamentada no efeito fotoelétrico. Quando um átomo é
submetido a um processo de irradiação utilizando-se uma fonte de raios-X (tubo
de ródio, indução por partícula, radioisótopos naturais, luz síncroton, etc), um
elétron pode ser ejetado das camadas eletrônicas mais internas. Para
estabilização desta forma excitada instável, elétrons das camadas eletrônicas
mais externas são rapidamente promovidos para as vacâncias geradas,
liberando a diferença de energia existente entre os dois níveis de energia
envolvidos.
Anexos 198
Como este processo envolve níveis de energia que são características de
cada elemento, a radiação emitida para cada transição é também característica.
Desta maneira, a energia ou comprimento de onda da radiação emitida pode ser
diretamente utilizada na identificação da espécie em questão. Por outro lado,
como a intensidade da radiação emitida é diretamente proporcional à
concentração da espécie, a técnica também fornece informações que podem ser
utilizadas com fins quantitativos (Jenkins & De Vries, 1970).
A técnica de FRX apresenta uma ampla variedade de espectrômetros, que
se diferenciam pelo modo de excitação ou pela configuração (geometria) do
equipamento.
Os espectrômetros de comprimento de onda dispersivo (WDXEF) podem
ser um instrumento monocanal constituído por um cristal e um detector que são
usados para a medida seqüencial de vários comprimentos de onda, ou
multicanal que apresenta um conjunto de cristais e detectores usados nas
medidas simultâneas (Jenkins, 1988).
Segundo Jenkins (1988), uma das grandes vantagens associadas à
utilização de instrumentos de WDXEF está representada pela quase ausência de
interferências espectrais. Isto é possível, graças à utilização de diferentes
detectores, filtros que possibilitam eliminar as interferências entre as linhas
características da fonte e o sinal de emissão do elemento de interesse, bem
como a escolha correta do cristal analisador que permite separar e selecionar
uma região especifica e muito estreita do espectro de emissão de raios-X.
A maioria dos espectrômetros de energia dispersiva (EDXRF) possui
instrumentos multicanal e consiste somente de duas unidades básicas: a fonte
de excitação e o sistema de detecção. Geralmente a detecção é feita por um
detector semicondutor de Si(Li) que atua como agente de dispersão (Jenkins,
1988).
A análise quantitativa por EDXRF apresenta baixa resolução (que causa
alargamento dos picos e assim maiores problemas de sobreposição espectral) e
menor sensibilidade que as análises realizadas por WDXRF. No entanto, ela é
extremamente vantajosa no requisito tempo. Tendo em vista estas
características, ela é recomendável para rápidas análises exploratórias ou
análises quantitativas repetitivas de sistemas bem conhecidos (Jenkins, 1988).
Apesar de todas as características favoráveis mencionadas anteriormente,
e as diversas opções de equipamentos para a análise por FRX, é possível
constatar que esta técnica em rotinas de análise química deveria ter
experimentado um crescimento muito mais significativo do que é possível
Anexos 199
verificar na literatura recente (Onaga, 1996). A técnica oferece vantagens em
relação a outras técnicas espectroscópicas, especialmente naqueles casos em
que, em função das características físicas da amostra (ex: sólido ou líquido muito
viscoso), as técnicas concorrentes precisam de muitas operações preliminares
de abertura ou tratamento.
Além disso, em situações em que se pretende analisar uma amostra
totalmente desconhecida, a técnica de FRX também se mostra mais vantajosa,
principalmente em função de permitir uma rápida avaliação qualitativa dos
constituintes da matriz.
Anexo 4 TPH
O termo TPH é usado freqüentemente para descrever a concentração de
hidrocarbonetos totais em amostras ambientais. Todavia, TPH é uma
designação não muito adequada porque define como sendo do petróleo ou
derivados, todos os hidrocarbonetos presentes na amostra. Os métodos para a
determinação deste parâmetro, não distinguem entre os hidrocarbonetos aqueles
que são do petróleo e nem aqueles que são naturais ou de outras fontes
antropogênicas (combustão de combustíveis fósseis). Nesse caso, segundo TPH
Criteria Working Group (1998), TCH é uma descrição mais exata, pois significa
Conteúdo Total de Hidrocarbonetos, e deveria ser usado em vez de TPH.
Há uma variedade de métodos de determinação de TPH. Métodos
diferentes dão freqüentemente resultados diferentes porque são destinados a
extrair e medir frações diferentes de hidrocarbonetos de petróleo (TPH Criteria
Working Group, 1998). As técnicas freqüentemente usadas incluem a
cromatografia gasosa (CG) com detector de ionização em chama, infravermelho
(IR), imunoensaio e gravimetria.
O método que utiliza cromatografia gasosa é, atualmente, o mais usado
para a determinação de TPH, porque além do alto grau de sensibilidade e
seletividade, ele pode ser usado para a identificação individual dos
hidrocarbonetos (TPH Criteria Working Group, 1998).
O método que utiliza a gravimetria baseia-se na pesagem de amostra após
a extração do analito e evaporação do solvente. Esta quantidade é chamada
TPH e relatada em percentagem do peso seco da amostra total do solo. Alguns
métodos gravimétricos incluem uma etapa de cleanup (limpeza da amostra) para
Anexos 200
remover a fração de hidrocarbonetos biogênicos, aqueles que não são
considerados provenientes de petróleo.
Os métodos de imunoensaios correlacionam TPH com a resposta das
substâncias que reagem especificamente com o petróleo. Existem kits utilizando
diferentes reagentes baseados na metodologia de imunoensaio disponíveis para
a determinação rápida de TPH. Os kits são sistemas portáteis projetados para
conduzir o trabalho analítico no campo e inclui componentes para a preparação
da amostra, instrumentação para leitura e obtenção de resultados.
A determinação de TPH por IR baseia-se na medida da absorbância da
ligação C-H, dos hidrocarbonetos presentes na amostra. As ligações C-H dos
hidrocarbonetos alifáticos absorvem energia num comprimento de onda
específico, a intensidade de absorção é proporcional à quantidade de moléculas
de hidrocarbonetos numa amostra. Isto pode ser diretamente convertido à
quantidade total de óleo na amostra original se a razão do solvente com o óleo
for cuidadosamente controlada, através de uma calibração.
Assim, em todos os métodos de determinação de TPH na região do IR, a
quantificação é realizada comparando a absorbância da ligação C-H de uma
determinada amostra com as absorbâncias de padrões de concentrações
conhecidas através de uma curva de calibração. Conseqüentemente, é
importante usar um padrão de calibração de natureza o mais similar possível da
amostra a ser analisada.
No presente estudo, para a determinação do TPH, foi utilizado o analisador
Infracal TOG/TPH, visto na Figura 129, que mede a radiação absorvida por um
extrato de uma amostra em dois comprimentos de onda, um em que é
fortemente absorvido por hidrocarbonetos presentes no extrato (o comprimento
de onda analítico) e outro no qual o extrato apresenta baixa absorção (o
comprimento de onda de referência).
Anexos 201
Figura 129 – Equipamento de medição de TPH – TOG/TPH Analyzer.