Laicado Dominicano Janeiro Fevereiro 2015

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Janeiro/Fevereiro 2015 Ano XLV - nº 372 Praça D. Afonso V, nº 86, 4150-024 Porto - PORTUGAL LAICADO DOMINICANO Directora: ISSN: 1645-443X - Depósito Legal: 86929/95 Praça D. Afonso V, nº 86, 4150-024 Porto - PORTUGAL O MÁRTIR D. OSCAR ROMERO «Frente à ordem de matar seus irmãos deve prevalecer a Lei de Deus, que afirma: ‘NÃO MATARÁS!’ Nin- guém deve obedecer a uma lei imoral (…). Em favor deste povo sofrido, cujos gritos sobem ao céu de maneira sempre mais numerosa, suplico-lhes, peço-lhes, ordeno-lhes em nome de Deus: cesse a repressão!» (Oscar Romero, em 23 de Março de 1980) Nasceu Óscar Arnulfo Romero Galdámez a 15 de Agosto de 1917, no município de Ciudad Miguel, na República de El Salvador. Em 1930 entrou no Seminário, tendo depois de termina- dos os estudos sido enviado para Roma, para a Pontifícia Universidade Gregoriana. Naquela cidade foi ordenado sacerdote em 4 de Abril de 1942. Regressado ao seu pais, foi nomeado pároco na cidade de Anamorós. Alguns anos depois foi indicado para pároco na sua cidade natal de San Miguel e também nomeado secretário do bispo da sua diocese. Em 1968 foi eleito secretário da Conferência Episcopal de El Salvador. Em 1970, o Papa Paulo VI (que havia sido seu professor em Roma), nomeou-o bispo auxiliar de San Sal- vador, a capital do país. Em 1974 foi nomeado Arcebispo da diocese de Santiago de Santa Ma- ria. Finalmente, em 1977 o Papa Paulo VI no- meou-o Arcebispo de San Salvador. A sua nome- ação foi em parte contestada por alguns sectores diocesanos que o consideravam representante das correntes mais conservadoras, opostas a uma presença cristã mais militante. O seu país enfrentava então uma forte turbu- lência política. Dominado por um partido politi- co conservador desde os anos 60, na altura da tomada de posse de Oscar Romero como arce- bispo da capital, o governo expulsou vários sacer- dotes e proibiu a entrada de outros, considera- dos progressistas e «perturbadores da ordem pú- blica». Após a sua eleição para vice-presidente da Conferência Episcopal, esta emitiu um comuni- cado público denunciando a perseguição que se efectuava contra a Igreja. A 12 de Março de 1977 foi assassinado o padre jesuíta Rutulio Grande, amigo pessoal de Oscar Romero e que durante 4 anos como pároco ha- via dinamizado as comunidades cristãs de base e o associativismo dos camponeses. Oscar Romero presidiu a uma missa em sua intenção, apesar da oposição manifestada pelo Núncio apostólico e de outros bispos. Desde então, Monsenhor Romero passou a denunciar nas suas homilias os atropelos contra os direitos dos camponeses e dos seus sacerdotes e a repressão que se fazia sentir sobre os que pro- testavam contra o clima de violência e repressão militar que se vivia no país. Nas suas homilias posteriores à morte de Rutilio Grande, recorreu sem hesitação aos textos da Conferência de Me- delín (conferencia dos bispos da América do Sul realizada em 1968 onde se advogava uma inter- venção da Igreja em favor dos mais desfavoreci- dos, base do que mais tarde se veio a chamar «Teologia da Libertação»). As homilias de Oscar Romero eram transmitidas pela rádio católica e denunciavam a violência, tanto dos grupos para- militares do governo militar como dos grupos armados da esquerda radical. (continua na pág.2)

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laicado dominicano Janeiro Fevereiro 2015

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  • Janeiro/Fevereiro 2015 Ano XLV - n 372

    Directora: ISSN: 1645-443X - Depsito Legal: 86929/95 Praa D. Afonso V, n 86, 4150-024 Porto - PORTUGAL

    Fax: 226165769 - E-mail: [email protected]

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    ANO

    Directora: ISSN: 1645-443X - Depsito Legal: 86929/95 Praa D. Afonso V, n 86, 4150-024 Porto - PORTUGAL

    O MRTIR D. OSCAR ROMERO Frente ordem de matar seus irmos deve prevalecer a Lei de Deus, que afirma: NO MATARS! Nin-

    gum deve obedecer a uma lei imoral (). Em favor deste povo sofrido, cujos gritos sobem ao cu de maneira sempre mais numerosa, suplico-lhes, peo-lhes, ordeno-lhes em nome de Deus: cesse a represso!

    (Oscar Romero, em 23 de Maro de 1980)

    Nasceu scar Arnulfo Romero Galdmez a 15 de Agosto de 1917, no municpio de Ciudad Miguel, na Repblica de El Salvador. Em 1930 entrou no Seminrio, tendo depois de termina-dos os estudos sido enviado para Roma, para a Pontifcia Universidade Gregoriana. Naquela cidade foi ordenado sacerdote em 4 de Abril de 1942.

    Regressado ao seu pais, foi nomeado proco na cidade de Anamors. Alguns anos depois foi indicado para proco na sua cidade natal de San Miguel e tambm nomeado secretrio do bispo da sua diocese. Em 1968 foi eleito secretrio da Conferncia Episcopal de El Salvador. Em 1970, o Papa Paulo VI (que havia sido seu professor em Roma), nomeou-o bispo auxiliar de San Sal-vador, a capital do pas. Em 1974 foi nomeado Arcebispo da diocese de Santiago de Santa Ma-ria. Finalmente, em 1977 o Papa Paulo VI no-

    meou-o Arcebispo de San Salvador. A sua nome-ao foi em parte contestada por alguns sectores diocesanos que o consideravam representante das correntes mais conservadoras, opostas a uma presena crist mais militante.

    O seu pas enfrentava ento uma forte turbu-lncia poltica. Dominado por um partido politi-co conservador desde os anos 60, na altura da tomada de posse de Oscar Romero como arce-bispo da capital, o governo expulsou vrios sacer-dotes e proibiu a entrada de outros, considera-dos progressistas e perturbadores da ordem p-blica. Aps a sua eleio para vice-presidente da Conferncia Episcopal, esta emitiu um comuni-cado pblico denunciando a perseguio que se efectuava contra a Igreja.

    A 12 de Maro de 1977 foi assassinado o padre jesuta Rutulio Grande, amigo pessoal de Oscar Romero e que durante 4 anos como proco ha-via dinamizado as comunidades crists de base e o associativismo dos camponeses. Oscar Romero presidiu a uma missa em sua inteno, apesar da oposio manifestada pelo Nncio apostlico e de outros bispos.

    Desde ento, Monsenhor Romero passou a denunciar nas suas homilias os atropelos contra os direitos dos camponeses e dos seus sacerdotes e a represso que se fazia sentir sobre os que pro-testavam contra o clima de violncia e represso militar que se vivia no pas. Nas suas homilias posteriores morte de Rutilio Grande, recorreu sem hesitao aos textos da Conferncia de Me-deln (conferencia dos bispos da Amrica do Sul realizada em 1968 onde se advogava uma inter-veno da Igreja em favor dos mais desfavoreci-dos, base do que mais tarde se veio a chamar Teologia da Libertao). As homilias de Oscar Romero eram transmitidas pela rdio catlica e denunciavam a violncia, tanto dos grupos para-militares do governo militar como dos grupos armados da esquerda radical.

    (continua na pg.2)

    http://es.wikipedia.org/wiki/Anamor%C3%B3s
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    FRATERNIDADE DE ELVAS

    Faleceu no passado dia 11 de Janeiro de 2015 o Irmo da Fraternidade de Elvas, Ablio Augusto Carrilho Nascimento. O Irmo Ablio nasceu em 27 de Janeiro de 1927, entrou conjuntamente com a sua esposa Henriqueta Nascimento falecida h 18 anos, como simpatizantes na nossa

    Fraternidade em 17/11/1990, fizeram a admisso em 21/12/1991, a Promessa Temporria em 15/10/1994 e a Promessa Definitiva em 15/11/1997.

    Homem simples e muito amigo do seu amigo, deixa

    -nos muitas recordaes e amava muito a Ordem Dominicana a que pertencia.Rezemos pela sua alma.

    Toz, O.P.

    FRATERNIDADE DO PINHEIRO DA BEMPOSTA

    Foi no dia 8 de Junho de 2014, na nossa reunio

    mensal, que tivemos a presena da irm Rosa, a qual nos encheu de muita alegria e ainda mais por ser portadora de uma carta a dar autorizao para ser a nova Promotora desta fraternidade, que tanto precisava, depois da ausncia da irm Engrcia (por motivos de sade), da qual sentimos muita saudade.

    Demos todas as boas vindas a esta nossa irm Dominicana de Santa Catarina, e desejamos que com a sua ajuda e a de S. Domingos nos sintamos mais fortes na nossa caminhada.

    Catarina Arde

    NOTCIAS DAS FRATERNIDADES

    RETIRO DAS FRATERNIDADES Vai realizar-se o retiro anual das Fraternidades Leigas

    de So Domingos nos dias 13, 14 e 15 de Maro de 2014 em Ftima, no Convento de Nossa Senhora do Rosrio (Frades Dominicanos).

    O Tema : A Caridade/Amor . O retiro comea no dia 13 de Maro de 2015 pelas

    21.00 horas e terminar no Domingo dia 15 de Maro depois do almoo.

    O preo total da diria de 25,00 , dando um total de 50,00 por pessoa.

    Os conferencistas para este retiro so: Frei Joo Peliz O.P. Irm Irene Catarina O.P. Cremilde Rodrigues O.P. INSCRIES: Fernanda M Santos R. Neves Carlos R. dos Apstolos, n11 Esq. 7350-032 Elvas Telef.: 268621347 - Telemvel: 961655939 E-mail : [email protected]

    (Continuao da pg.1)

    Em Agosto de 1978 publicou uma carta pastoral onde afirmava o direito do povo sua prpria orga-nizao e luta pacfica pelos seus direitos.

    No dia 24 de Maro de 1980 foi assassinado durante a eucaristia, quando celebrava na capela do Hospital da Divina Providncia, em San Salvador. O seu assassino, veio a descobrir-se anos mais tarde, era um polcia membro da Guarda do presidente da Repblica, a man-do de um dirigente militar e funda-dor do partido governamental. O

    assassino recebeu 114 dlares para o acto.

    Entre 1979 e 1992 foram assas-sinadas ou desapareceram por mo-tivos polticos mais 75 mil pessoas em El Salvador.

    O processo de canonizao de Monsenhor Oscar Romero foi aberto no dia 24 de Maro de 1990. A 3 de Fevereiro de 2015 o papa Francisco assinou o decreto da Congregao da Causa dos san-tos declarando Monsenhor Oscar Romero como mrtir da Igreja, as-sassinado por motivo de dio f.

    Gabriel Silva, com base na Wikipedia

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    Laicado Dominicano Janeiro/Fevereiro 2015

    Caminho de Pscoa Tempo de Quaresma! Na conversa anterior abri com o tema deste ano que

    conduz ao JUBILEU: o conhecimento da Verdade que

    liberta mediante o acolhimento da Palavra de Deus.

    Saboreai e vede como o Senhor bom! bom na Palavra e no seu Po!

    Estamos a iniciar a Quaresma, tempo de graa pela abundncia dessa Palavra, que cada dia na liturgia nos servida abundante como alimento. O Papa

    Francisco exorta-nos a comer desse Po e deixar que

    produza frutos. Na mensagem Quaresmal manifesta

    preocupao face a um mundo indiferente ante tanta

    desigualdade a que chama globalizao da indiferena. Acontece at na igreja porque tambm ela por vezes

    surda ao apelo do Criador deixa de procurar e ver onde

    e como est o teu irmo? (gen.4,9). misso da Igreja, parquias e comunidades

    fazer que todos sintam a misericrdia na proximidade de Deus. Era um sentimento muito forte no corao

    de S. Domingos. Da que sempre falava de Deus ou com

    Deus. Aproveitava a graa deste tempo. Deus no indiferente a este mundo que criou e amou ao ponto de dar a vida! No nos pede nada que no tenha feito:

    amou primeiro. (IJo.4,10). Tempo de graa para sentir e viver aquela liberdade

    que a Palavra acolhida contm. Desde sempre este Deus cultiva e alimenta a proximidade e comunho connosco, que vai acontecendo na histria de cada tempo mediante o acolhimento que lhe feito na histria de cada um. Esta ideia e at as palavras so

    repetidas do Laicado anterior. Considero central e

    importante para encontrar gente feliz nas fraternidades

    maneira de S. Domingos. Feliz por ter aberto a porta

    e dado acolhimento quele que tem e s Ele Palavras de

    Vida Eterna. O senhor nos diz nestes tempos que so

    os nossos o que diz igreja de Filadelfia: Estou porta

    e bato. Quem ouvir a minha voz e abrir a porta entro em sua casa e janto com ele e ele comigo (Ap.3,20). Espetculo, t-lO nossa mesa, na nossa casa! Lembra-me esta outra passagem em S. Lucas, cap. 19 em que

    Ele olha para cima e diz: Zaqueu, desce depressa que

    hoje tenho de ficar em tua casa desceu e acolheu-O cheio de alegria! Sentimentos que nos devem habitar; o olhar de Jesus se faz sentir em cada um de ns como

    um convite a descer para o receber com alegria na nossa casa, ns que tantas vezes estamos sua mesa na Eucaristia onde se faz nosso alimento!

    Pensamos nisto e na dimenso deste encontro que nos torna um com Ele! daqui que parte a autntica liberdade crist que nos pe em campo ao jeito de Domingos, com uma tal felicidade e alegria que no se pode conter. O imperativo de o comunicar aos outros, mundo fora, como o fizeram e esto fazendo tantos dos nossos irmos condio de fidelidade da nossa vocao dominicana.

    IMPORTANTE - No fique no esquecimento a

    MENSAGEM do Papa para o dia Mundial da Paz:

    nunca mais escravos mas irmos! Como sugesto proponho a leitura da Carta de S. Paulo a Filmon que troca tudo isso em midos

    Fr. Marcos Vilar, O.P.

    PALAVRA DO PROMOTOR

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    Laicado Dominicano e Pregao (1)

    Este texto, e os trs que se lhe s e g u i r o e m outros tantos n m e r o s d o L a i c a d o D o m i n i c a n o , constituem uma r e f l e x o partilhada com os participantes da P e r e g r i n a o Nac iona l do Rosrio e da F a m l i a

    Dominicana, que teve lugar em Ftima, nos dias 27 e 28 de Setembro de 2014. Optmos por manter aqui a sua estrutura inicial, dividida em quatro partes, subordinada ao tema proposto O Laicado Dominicano e a Pregao.

    1. Parto da dificuldade que eu prprio senti,

    durante muitos anos, em rezar o Tero. Achava um exerccio montono, repetitivo, sem graa nem jeito, aborrecido e no compreendia como tantas e to repetidas ave-marias, intercaladas com pai-nossos e pedidos insistentes para o Bom Jesus nos livrar do fogo do inferno, podiam ser agradveis a Deus. At que chegou uma altura na minha vida no sei se isto tambm vem com a idade, mas vem com certeza pela converso pessoal que obra permanente da misericrdia de Deus em cada um de ns que comecei a perceber que os mistrios que contemplamos no Rosrio so os mistrios da nossa prpria vida e da vida daqueles com quem nos cruzamos no dia-a-dia.

    Na realidade, foi o meu trabalho que me foi despertando para isso: por vocao, misso e profisso, trabalho com crianas em risco e com famlias vulnerveis e acompanho de perto gente que procura por todas as formas resgatar estas vidas, abrir oportunidades para uma vida melhor. Comecei a tomar conscincia que conheo vidas que so um infindvel mistrio doloroso, vidas coroadas de espinhos; outras que so percursos sinuosos procura de luz, vidas que no cessam de esperar a Boa Nova; outras ainda, que conhecem sbitas e inesperadas alegrias que as levam a redescobrirem o sentido e a fora para continuar a caminhar; outras que experimentam em si mesmas mudanas radicais, o

    milagre da ressurreio. No sei se me fao entender: comecei a rezar o Tero, por exemplo os mistrios dolorosos e a pensar Senhor, olha para a Rita que tambm ela est coroada de espinhos, vtima de sndrome fetal alcolico, rf, atrasada mental e entregue aos cuidados de uma instituio; ou nos mistrios da alegria Senhor, o Miguel vai ser adotado, encontrou uma famlia que o quer acolher como filho, uma famlia que est cheia de esperana nele; ou os mistrios da luz Senhor, a presena e a palavra daquele leigo, daquela irm, daquele frade, daquela monja, refletem a tua luz e testemunham a tua palavra de salvao; ou, ainda os mistrios gloriosos Senhor, aquela jovem que se prostitua para comprar drogas mudou de vida, foi capaz de virar a pgina na sua histria pessoal em que estava crucificada contigo e agora ressuscitou para uma vida nova.

    Andamos todos a correr de um lado para o outro, com uma agenda cheia, sem tempo para parar, numa hiperatividade crnica, cheios de stress, sem tempo nem pacincia para nada nem ningum. A orao do Tero aparece em contracorrente com esta atividade que s vezes nos mata e introduz-nos na dimenso contemplativa da vida, ajuda-nos a contemplar o essencial, os mistrios do Evangelho e o mistrio da nossa vida, recolocando-a no mistrio de Deus. A orao , assim, uma condio prvia pregao, porque nos coloca em sintonia interior com Aquele que anunciamos. De facto, no h pregao da Boa Nova sem um encontro com Aquele que , em si mesmo, a Boa Nova Jesus Cristo.

    Portanto, no o fazemos em nosso nome pessoal. Sendo embora uma opo pessoal, uma escolha que deve ser feita por cada um, em plena liberdade que permita dizer sim ou no, vamos em nome dAquele que nos envia e no em nosso nome pessoal. Estamos, pois, em nome de algum; somos o rosto de algum; falamos em nome de algum; os nossos gestos, ainda que sejam nossos, representam algum. Se no estivermos altura e, num certo sentido, nunca estamos realmente Ele que fica mal visto, se formos reles Ele que sai prejudicado.

    aqui, a meu ver, que reside a importncia do testemunho de vida: a coerncia profunda, a unidade entre aquilo que pensamos, dizemos e fazemos, deve radicar nAquele em cuja Palavra dizemos acreditar, nAquele que , Ele prprio, a Palavra definitiva de Deus.

    (Continua na pgina 5)

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    Passa serenamente entre o rudo e a pressa e lem-bra-te da paz que pode haver no silncio.

    Tanto quanto possvel, sem te rebaixares, mantem as boas relaes com toda a gente.

    Diz o que pensas corts e claramente, e escuta os outros, mesmo os aborrecidos e os ignorantes; tam-bm eles tm a sua histria.

    Evita pessoas espalhafatosas e agressivas, so desgas-tantes para o esprito.

    Se te comparares com os outros, arriscas-te a torna-res-te vaidoso ou amargo, porque sempre haver quem seja melhor e pior do que tu.

    Alegra-te com os teus sucessos e tambm com os teus projectos.

    Mantem o interesse pela tua profisso, por humilde que seja; um verdadeiro patrimnio nas fortunas inconstantes do tempo.

    Age com prudncia nos teus negcios, porque o mundo est cheio de ciladas, mas no deixes que isto

    te cegue porque a virtude tambm existe; muita gente luta por nobres ideias, e por todo o lado a vida est cheia de herosmo.

    S tu mesmo. Sobretudo no finjas nos afectos. No sejas cnico acerca do amor, porque em face de

    toda a aridez e desencanto, ele tem perene como a relva.

    Aceita de boa mente o conselho dos anos, despren-dendo-te com um sorriso das coisas da juventude; cul-tiva a fora de esprito para te protegeres contra des-venturas inesperadas.

    Mas no te atormentes com ideias sombrias; mui-tos medos nascem da fadiga e da solido.

    Para l de uma s disciplina; s paciente contigo. s um filho do universo, no menos que as rvores ou as estrelas; tens direito a estar aqui.

    E quer seja claro ou no para ti, sem dvida que o universo vai evoluindo como deve.

    Portanto ests em paz com Deus, seja como for que O concebas.

    E sejam quais forem os teus trabalhos e aspiraes, no meio da barulhenta confuso da existncia, man-tem a paz no teu esprito.

    Com todas as suas vicissitudes, frustraes e sonhos despedaados, ainda assim, um mundo maravilhoso.

    S alegre. Esfora-te por seres feliz.

    Manuscrito encontrado em 1692, na antiga igreja de S. Paulo de Baltimore.

    Texto enviado pelo Fr. Bernardo Domingues, O.P.

    TEOMEDITA

    (Continuao da pgina 4) Porque, em ltima anlise, Ele que confere um sentido ao que fazemos: sentido enquanto contedo,

    significado, substncia, razo de ser; mas sentido tambm enquanto objetivo a atingir, projeto de vida, rumo. No vamos em nome pessoal, numa empresa prpria, a partir de uma iniciativa privada, mas como resposta a Algum que iniciou o dilogo, como reao a uma iniciativa que no foi nossa. Bem vistas as coisas, isto representa uma garantia, pois podemos sempre dizer-Lhe que cuide do que lhe pertence, pois a obra no nossa, dEle.

    Diz-nos o Papa Francisco que com Jesus Cristo renasce sem cessar a alegria. E acrescenta: Somente graas a este encontro ou reencontro com o amor de Deus, que se converte em amizade feliz, que somos resgatados da nossa conscincia isolada e da autorreferencialidade. Chegamos a ser plenamente humanos, quando somos mais do que humanos, quando permitimos a Deus que nos conduza para alm de ns mesmos a fim de alcanarmos o nosso ser mais verdadeiro. Aqui est a fonte da ao evangelizadora. Porque, se algum acolhe este amor que lhe devolve o sentido da vida, como que pode conter o desejo de o comunicar aos outros?

    Esta fora de partir, de nos fazermos ao largo assumindo uma misso, este impulso missionrio, vem do acolhimento da Promessa de Deus na nossa vida, da abertura do nosso esprito ao Esprito Santo de Deus. Percebemos isso ao meditarmos os mistrios da alegria, com Maria, aps o seu consentimento faa-se em mim segundo a tua palavra (Lc.1:38).

    Jos Carlos Gomes da Costa, O.P.

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    Laicado Dominicano Janeiro/Fevereiro 2015

    A 3 e 4 de Outubro de 2014 reuniu pela primeira vez o novo Conselho Europeu em Huissen Holanda). Foram muito bem acolhidos pelos frades locais e foi uma excelente oportunidade para os membros do ECLDF (European Council of Lay Dominican Fraternities) se conhecerem melhor.

    Novo logotipo do ECLDF: Foi decidido que como novo impulso e como o mais lgico adoptar o logotipo da ltima Assembleia europeia realizada em Bolonha.

    Neste logotipo so visveis os elementos tabernculo, fogo e fronteiras. Tabernculo: na bblia o smbolo a peregrinao. O facto de o Povo de Deus ser peregrino tambm est expresso na bblia pela expresso de que o povo vivia em tendas e tambm pela presena de Deus O Senhor fez de mim um santurio pelo que agora vivo junto a Ele. Fogo: a bblia usa muitas vezes o smbolo do fogo para demonstrara a proximidade, presena e revelar-se. Fonteiras: Domingos desejava atravessar as fronteiras e ir pregar, sendo as linhas a preto e branco smbolos dessas fronteiras. O autor do logo o Fr. Mannes Maruk, promotor do laicado dominicano da Eslovquia.

    Programa do ECDLF para os prximos anos: em primeiro lugar estar o apelo do Mestre Geral e do Papa Francisco: temos de sair e focar-nos mais na nossa misso. Estar em maior contacto com aqueles

    que nos dias de hoje sofrem da violncia e da insegurana (como na Ucrnia e no Iraque) e saber junto deles como pode o ECLDF ajud-los. Ou promovendo uma corrente de orao atravs da Europa por uma inteno especial; ou estabelecendo uma maior proximidade junto de algumas Fraternidades. Um projecto bem sucedido foi o da Imagem Peregrina de S. Domingos realizado no anterior mandato. Iremos fazer tambm algumas alteraes no nosso site: www.ecldf.net

    A prxima Assembleia Europeia estava prevista para 2018. Mas o Conselho Internacional das Fraternidades decidiu mudar de 2017 para 2018 a data da prxima Assembleia Mundial das Fraternidades, pelo que estamos a pensar mudar a Assembleia Europeia pra um ano antes, 2017, de forma a as duas no coincidirem, pelo que seria realizada em principio de 28 de Abril a 3 de Maio de 2017 em local futuramente a designar.

    Fizemos ainda a eleio dos vrios cargos resultando na seguinte composio do ECLDF: Presidente Leny Beemer de Vos (Holanda); Secretria Olga Rozhnikova (Rssia); Tesoureiro Aksel Misje (Noruega) Formao: Eva Zudorova (Eslovquia); Comunicao: Arnaud Kientz (Frana).

    (Resumo da Newsletter do ECDLF por Gabriel Silva)

    CONSELHO EUROPEU DAS FRATERNIDADES

    CONFERNCIAS DO CONVENTO2014-2015 De onde nos vem a Luz? (Dominicanos, Lisboa)

    21 Fev 2015 - Simblicas da luz na liturgia Joaquim Flix 28 Fev 2015 - Luz e vida na Bblia Fr.Francolino 7 Maro 2015 Iluminao e budismo zen implicaes para uma mstica crist

    Fr.Rui Grcio

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    Laicado Dominicano Janeiro/Fevereiro2015

    ONDE ESTO OS DOMINICANOS?

    So Domingos, preocupado com o alastramento do erro e da falsidade que dominava grande nmero de conscincias e vastas regies do seu tempo (heresia ctara), preocupado ao mesmo tempo com a situao da Igreja que a tornava incapaz de fazer frente a tama-nha ameaa, So Domingos, inspirado pelo Esprito-Santo e pela sua genialidade, decidiu fundar uma Or-dem Religiosa que respondesse s necessidades da Igreja e aos desafios da poca. Fundou uma nova or-dem religiosa cujo objectivo prioritrio era a evangeli-zao, o combate ao erro e s ideologias perniciosas, e defesa da F, sendo que estas prioridades s teriam eficcia com muito estudo, com muito aprofunda-mento teolgico, e com muita orao.

    Nos tempos de hoje, tempos de crise de F dentro da Igreja, de descristianizao da sociedade humana, e do alastramento de mltiplas ideologias de morte, tempos por isso muito mais graves que no tempo de So Domingos, e por conseguinte, tempos ainda mais propcios ao carisma dominicano, onde esto os fi-lhos de So Domingos? Os dominicanos, outrora fa-mosos pela sua intrpida defesa da F, fidelidade Doutrina da Igreja, pela sua actividade missionria, pela sua produo intelectual ao servio da F, pela corajosa denncia da mentira e da falsidade presente

    em diversas ideologias, onde que eles esto hoje, numa sociedade humana que vive cada vez mais co-mo se Deus no existisse, e dominada por ideologias de morte? Estaremos ns, dominicanos de hoje, a sermos fiis espiritualidade que professamos e vontade de So Domingos?

    Os Dominicanos tm de estar na linha da frente da urgente re-evangelizao do ser humano, da re-cristianizao da sociedade, na fidelidade doutrina da Igreja, na sua defesa, no seu aprofundamento, e na sua proclamao. Perante tantos ataques que vm no apenas do exterior, mas tambm, infelizmente, do prprio interior da Igreja, onde muitos baptizados (at mesmo alguns dominicanos) se dedicam a criti-car e a desobedecer doutrina da Igreja, os dominica-nos, os verdadeiros filhos de So Domingos, tm de aparecer, tm de reagir, tm de fazer frente (seguindo o exemplo do seu fundador), sem medo e com cora-gem, aos mltiplos ataques que sofre hoje a Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo.

    Meus irmos, sejamos fiis ao carisma dominicano e vontade de So Domingos, em que a Orao (principalmente a orao do Rosrio), e o estudo (como aprofundamento teolgico), esto ao servio do objectivo principal da Ordem dos Pregadores, isto , a Evangelizao. Se no houver actividade missio-nria, se no houver fidelidade doutrina da Igreja, se no houver defesa da F, se no houver combate intelectual s ideologias de morte que dominam a sociedade humana, no estaremos a ser verdadeira-mente dominicanos.

    Nossa Senhora do Rosrio, rogai por ns. So Domingos, rogai por ns.

    Jos Alves

    leigosdominicanos.org

    Este o endereo do site ou pgina na internet

    das Fraternidades de So Domingos portuguesas.

    Ali cada um poder encontrar algumas notcias,

    consultar a nossa Regra e Directrio, partilhar as car-

    tas mais recentes do Mestre Geral, material e textos

    teis para formao e algumas oraes dominicanas.

    Tambm os nmeros do jornal Laicado Dominica-

    no esto ali disponibilizados em arquivo para consul-

    ta ou cpia.

    O site est ainda a ser acrescentado com algumas

    funcionalidades e contedos, pelo que se sugere que

    seja visitado com regularidade.

    Gabriel Silva, O.P.

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    F i c h a T c n i c a Jornal bimensal Publicao Peridica n 119112 ISSN: 1645-443X Propriedade: Fraternidade Leigas de So Domingos Contribuinte: 502 294 833 Depsito legal: 86929/95 Direco e Redaco Cristina Busto (933286355) Maria do Carmo Silva Ramos (966403075) Colaborao: Maria da Paz Ramos

    Administrao: Maria do Cu Silva (919506161) Rua Comendador Oliveira e Carmo, 26 2 Dt 2800 476 Cova da Piedade Endereo: Praa D. Afonso V, n 86, 4150-024 PORTO E-mail: [email protected] Tiragem: 410 exemplares

    O s a r t i g o s p u b l i c a d o s e x p r e s s a m a p e n a s a o p i n i o d o s s e u s a u t o r e s .

    Laicado Dominicano Janeiro/Fevereiro 2015

    PEREGRINAO A CALERUEGA Famlia Dominicana de Portugal Dias 26 a 28 de Junho de 2015

    A MORTE NO NADA

    A morte no nada. Apenas passei ao outro mundo. Eu sou eu. Tu s tu. O que fomos um para o outro ain-da o somos. D-me o nome que sempre me des-te. Fala-me como sempre me falaste. No mudes o tom a um triste ou solene. Continua rindo com aquilo que nos fazia rir juntos. Reza, sorri, pensa em mim, reza comigo. Que o meu nome se pronuncie em casa como sempre se pronunciou. Sem nenhuma nfase, sem rosto de sombra.

    A vida continua significando o que significou: continua sendo o que era. O cordo de unio no se que-brou. Porque eu estaria for a de teus pen-samentos, apenas porque estou fora de tua vista ? No estou longe, Somente estou do outro lado do caminho. J vers, tudo est bem. Redescobrirs o meu corao, e nele redescobrirs a ternura mais pura. Seca tuas lgrimas e se me amas, no chores mais.

    Santo Agostinho

    Locais a visitar: Caleruega, S. Domingos de Silos, Osma, Palncia e Salamanca.

    Custo por pessoa: 140,00 Inclui viagem de autocarro, duas estadias completas

    e almoo no dia 27, Sbado. No inclui o almoo de sexta- feira dia 26, e o almo-

    o de Domingo dia 28. Sada de Lisboa, dia 26 de Junho, pelas 7h30. Para mais informao, contacte: 962 380 633

    (Lurdes Santos).