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04 - Editorial: João Aguiar Campos06 - Foto da semana07 - Citações08 - Nacional14- Internacional20 - Opinião: D. Amândio Tomás24 - A semana de... Lígia Silveira26-47 - Dossier Encontro Nacional de Leigos28 - Entrevista: Alexandra Viana Lopes

50 - Multimédia52 - Estante54 - Vaticano II56 - Agenda58 - Por estes dias61 - YouCat62 - Programação Religiosa63 - Minuto Positivo64 - Liturgia66 - Pastoral da Saúde68 - Família70 - Ano da Vida Consagrada74 - Fundação AIS76 - Lusofonias

Foto da capa: D.R.Foto da contracapa: Agência ECCLESIA

AGÊNCIA ECCLESIA Diretor: Paulo Rocha | Chefe de Redação: Octávio CarmoRedação: Henrique Matos, José Carlos Patrício, Lígia Silveira,.Luís Filipe Santos, Sónia NevesGrafismo: Manuel Costa | Secretariado: Ana GomesPropriedade: Secretariado Nacional das Comunicações Sociais Diretor: Cónego João Aguiar CamposPessoa Coletiva nº 500966575, NIB: 0018 0000 10124457001 82.Redação e Administração: Quinta do Cabeço, Porta D1885-076 MOSCAVIDE.Tel.: 218855472; Fax: [email protected]; www.agencia.ecclesia.pt;

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Opinião

Das Filipinas parao mundo[ver+]

Igreja atenta aosnovos emigrans[ver+]

II EncontroNacional deLeigos[ver+]

D. Amândio Tomás |FernandoCassola Marques |Manuel Barbosa|Paulo Aido | Tony Neves | JoãoAguiar Campos | Eduardo Duque

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Laicado: uma vocação

João Aguiar Campos Secretariado Nacional das Comunicações Sociais

Realiza-se, dentro de dias, no Porto, o IIEncontro Nacional de Leigos apresentado comotempo de “reflexão e de festa”.Gosto, particularmente, que a festa seja assimpublicamente afirmada; porque acho coerente eobrigatório que os que partilham a mesma fé e omesmo entusiasmo (con)celebrem a “alegria doEvangelho” que, na feliz afirmação do papaFrancisco, “enche o coração e a vida daquelesque se encontram com Jesus”. Trata-se, por isso,de uma alegria profunda, de um “feixe de luz”que se projecta e não se esconde – sendo quetambém não se aprisiona em qualquer instantefolclórico. Sim; que a festa não é foguetepassageiro mas – e cito D. Manuel Linda –“transformação do tempo prosaico em temposalvífico, poético, cheio de sentido existencial”.Mas se a festa deve ser publicamente afirmada,a reflexão é igualmente urgente; e, muitas vezes,é mais difícil de cumprir -- porque obriga a ir aofundo, analisar, reforçar e/ou corrigir. Obriga arazões que sejam raízes.No que aos leigos diz respeito, a reflexão tem defocar-se na sua vocação secular, que devemviver com fidelidade e entusiasmo, considerando-a tão digna como a dos sacerdotes e religiosos.Os leigos não são, de facto, cristãos de terceiradivisão; não são meros colaboradores deninguém, mas baptizados chamados a umamissão específica a cumprir no lugar que ocupamno mundo. Não são delegados do clero, numaespécie de partilha condescendente; e nuncadeveriam ser definidos

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por exclusão (fiéis que não sãoclérigos)…Aceitar tudo isto é, da parte dosleigos, assumir a sua obrigação detratar das realidades temporais eordená-las segundo Deus. É´, coma mesma intensidade, recusar atentação de se clericalizar ou deixarclericalizar, nas palavras e nasatitudes – e, assim, pecarem ora poromissão, ora por usurpações defunções…Quando este 2º Encontro Nacionalde Leigos se propõe “recolocar ohomem no centro da sociedade”,aponta a cada participante umdever de protagonismo que oremete para uma inserção profundana sociedade e nos seusproblemas; nas suas alegrias e nassuas lágrimas.

A este propósito, vale para todos aadvertência do n.270 da Evangelligaudium: “Às vezes sentimos atentação de ser cristãos, mantendouma prudente distância das chagasdo Senhor. Mas Jesus Cristo querque toquemos a miséria humana,que toquemos a carne sofredorados outros. Espera querenunciemos a procurar aquelesabrigos pessoais ou comunitáriosque nos permitem manter àdistância do nó do drama humano, afim de aceitarmos verdadeiramenteentrar em contacto com a vidaconcreta dos outros e conhecermosa força da ternura”.O estatuto de observador não é umestatuto missionário!...

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- “Esta é uma má decisão e uma decisão hostil na forma como foi tomada etransmitida. Exige uma resposta firme e determinada da parte do Governoportuguês porque não podem restar quaisquer dúvidas, se é certo que aquestão tem um impacto mais direto e mais imediato no território da regiãoautónoma dos Açores, esta é uma decisão que afeta o nosso país no seutodo”Vasco Cordeiro, presidente do Governo Regional dos Açores, sobrea vontade dos Estados Unidos da América em encerrarem a Base dasLajes, 19.01.2015

Redução do contingente militar na Base das Lajes, nos Açores, pode custaro emprego a centenas de açorianos

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- “Alguns pensam que - desculpem a expressão - para ser bons católicos épreciso ser como os coelhos, não é? Não. Paternidade responsável: isso éclaro e por isso há na Igreja grupos de casais, peritos nesta matéria”Papa Francisco, em declarações aos jornalistas no regresso da suaviagem ao Sri Lanka e Filipinas, 19.01.2015 - “Não vejo nenhuma contradição, aIgreja sempre defendeu apaternidade responsável e éexatamente isso que nósdefendemos também. Deus NossoSenhor deu-nos inteligência e nóssomos animais racionais, diferentesdos outros animais, e portanto apaternidade responsável cabeperfeitamente dentro dos nossosconceitos.Luís Cabral, presidente daAssociação das FamíliasNumerosas, sobre a posição doPapa Francisco, TSF, 20.01.2015

- “Em vez de sermos arrastadospara uma nova guerra no MédioOriente, estamos a liderar umacoligação ampla, incluindo paísesárabes, para enfraquecer efinalmente destruir esse grupoterrorista. E este esforço vai levartempo, vai exigir empenho. Mas nósvamos conseguir. E esta noite euapelo ao Congresso que mostre aomundo que estamos unidos nestamissão, ao aprovar uma resoluçãoque autorize o uso da força contra oEstado Islâmico”Barack Obama, presidente dosEstados Unidos da América,discurso ao Congressoamericano, 20.01.2015

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Novos emigrantessão um desafio para a IgrejaA Igreja Católica promoveu o 15.ºEncontro de Agentes Sociopastoraisdas Migrações, com a presença dosociólogo António Barreto, paraquem “é inaceitável” atingiratualmente números de emigraçãosemelhantes aos dos anos 60, comum “impacto terrível” nas famílias.“Em cinco anos terão emigradocerca de 600 mil pessoas. É umnúmero demagógico, avançado comintenções políticas ou de venderjornais. Será inferior, 100 ou mesmo200 mil, o que é sempre muito,muitíssimo”, afirmou, no cineteatrode Palmela, Diocese de Setúbal.“Estamos com números deemigração que nos aproximam dosanos 60, mas isso não é aceitável”,sustentou António Barreto,considerando que “é possível fazerdiferente, melhor e evitar que aemigração atinja os números atuais”.O comunicado final dos trabalhospropôs estratégias que construamuma “visão positiva da emigração” eque requalifiquem as estruturas deacolhimento e resposta pastoral àscomunidades portuguesas nadiáspora. “«Terá chegado a hora»de

procurar novos modelos deanimação pastoral das comunidadescatólicas na diáspora a partir deprojetos bilingues, inseridos noscontextos de destino, que permitemenriquecimentos recíprocos”, refereo documento conclusivo, enviado àAgência ECCLESIA.Os participantes no 15.º Encontrode Agentes Sociopastorais daMigrações afirmaram também anecessidade de “promover umavisão positiva da emigração” atravésda criação de “estruturas e grupos”que realizem “um acolhimento ativo,pessoal e comunitário”.A necessidade de “tomarconsciência dos pressupostos davida cristã e eclesial”, das “questõesconcretas” a partir de “diagnósticosrealizados em proximidade” é umanecessidade que exige“disponibilidade para diferençaspossivelmente maiores” das que oscrentes estão “habituados oupreparados para admitir”.A caraterização da mobilidadehumana na atualidade vai tornarnecessária a inclusão de respostassociais nos projetos das missõescatólicas na diáspora portuguesa,porque é

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novamente urgente ajudar na“procura de emprego ou casa”, porexemplo.Os agentes sociopastorais dasmigrações consideram que “quandoforçada, a emigração é uma dasdecisões 'mais violentas’ naestrutura familiar, porque implicaafeto, alterações num projeto devida; quando uma opção, é uma

oportunidade de descobertavocacional, aperfeiçoamentopessoal e saída profissional”.Promovido pela Agência Ecclesia, aCáritas Portuguesa, o DepartamentoNacional da Pastoral Juvenil e aObra Católica Portuguesa deMigrações, o 15.º Encontro decorreuentre os dias 16 e 18 deste mês, naDiocese de Setúbal.

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Base das Lajes: Bispo temecatástrofe socialO bispo de Angra apelou ao “bomsenso” e ao diálogo após o anúncioda redução da presença norte-americana na base das Lajes, ilhaTerceira, e pede medidas que“estimulem novas oportunidades”.“Estou convencido de que osgovernos da República e dosAçores vão ser capazes desensibilizar os norte-americanospara encontrarem soluções quemitiguem os problemas, por umlado, e sirvam de alavanca para umnovo modelo de desenvolvimentosocial e económico”, disse D.António de Sousa Braga, citado pelosítio diocesano de informação ‘IgrejaAçores’.O prelado revelou que está a“acompanhar com muitapreocupação” os problemas sociais

que estão a ser criados peloanúncio unilateral dos EstadosUnidos da América reduzir apresença na base militar das Lajes.Até ao verão, o relatório doDepartamento de Defesa dos EUAsobre as suas bases militares naEuropa prevê que os atuais 650efetivos na base açoriana passempara 165 e ainda o despedimentode 500 dos 900 trabalhadoresportugueses.Segundo o bispo açoriano, só sepode “prever uma catástrofe social”que vai “agravar” as dificuldades“provocadas pela crise”. Oresponsável assinala que ocontingente norte-americano “hápelo menos dois anos” que está aser reduzido, mas o relatório“precipitou” uma situação que exige“uma resposta concertada de todos”.

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Métodos naturais, forma livre eresponsável de constituir famíliaOs Centros de Preparação para oMatrimónio (CPM) em Portugalapresentam aos noivos católicos osmétodos naturais de planeamentofamiliar para que estes possam terfilhos de “forma livre e responsável”.“A aplicação destes métodos implicao conhecimento do corpo dosesposos e dos seus ritmos, leva aodiálogo em casal de forma aconviverem da melhor maneiradurante a fase fértil e aoaprofundamento da sua intimidade”,explica à Agência ECCLESIA opresidente do CPM-Portugal.Paulo Henriques assinala que osmétodos naturais, considerados deauto-observação, fazem “cimentar”a relação entre os esposos epermitem de forma “livre eresponsável constituir a sua família”.O movimento católico frisa que oresponsável pelo planeamentofamiliar “é o casal”.O CPM-Portugal indica que,independentemente dos ritmos,existem “equipamentos e aplicaçõesmóveis” que facilitam a utilizaçãodos métodos naturais que tambémsão “mais ecológicos e mais baratosdo que quaisquer outros”.

O presidente do CPM-Portugaladmite que cada pessoa possa fazeruma “interpretação pessoal” daspalavras do Papa sobre“paternidade responsável” e“planeamento familiar”, mas observaque Francisco “continua a defender”a posição da Igreja” sobre a“necessidade da generosidade àvida”.Os métodos naturais deplaneamento familiar sãointroduzidos nos encontrospreparação para o Matrimónioquando se aborda o tema dafecundidade, ou “dependendo doslocais e das equipas”, é feita uma“sessão extra” sobre a temática.Os dois métodos são o de Billings eo sintotérmico que “é mais eficaz”por usar “mais indicadores”, masnos dois processos “é necessária amotivação dos elementos do casal”.O CPM-Portugal, movimento daIgreja que tem como objetivodedicar-se à preparação dos noivospara o Matrimónio, assinala que otema do planeamento familiaratravés de métodos naturais é“bem” acolhido, quase sempre com“a surpresa” de ser a primeira vezque os ouvem ser apresentadoscomo “métodos válidos e eficazes”.

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A Agência ECCLESIA escolhe sete acontecimentos que marcaram aatualidade eclesial portuguesa nos últimos dias, sempre atualizados emwww.agencia.ecclesia.pt

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Debate sobre a família em Setúbal

Oitavário De Oração Pela Unidade Dos Cristãos

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17 mil quilómetrospara abraçar o futuro da IgrejaO Papa concluiu esta segunda-feiranas Filipinas uma viagem à Ásia,que se iniciou no Sri Lanka, durantea qual multiplicou mensagens egestos em favor dos mais pobres,da paz e do diálogo entre religiões.Um dia depois de uma Missa ao arlivre com mais de seis milhões depessoas, a maior celebração nahistória da Igreja Católica, Franciscoregressou ao Vaticano, completandoassim um total de 17 mil quilómetrospercorridos. Mais uma vez, milharesde pessoas acompanharam opercurso do papamóvel nas ruas dacapital filipina, entre a NunciaturaApostólica e o aeroporto, ondedecorreu a cerimónia de despedida,sem discursos oficiais mas comcoreografias e cantos enquanto opontífice argentino se despedia dasautoridades civis e religiosas.Durante as homilias e discursos emManila, o Papa questionou emvárias ocasiões as “estruturassociais que perpetuam a pobreza” edenunciou a “corrupção”. Franciscomostrou-se preocupado com o quechamou de “colonização ideológica”da família, com “ataques insidiosose programas

contrários” ao matrimóniotradicional, à natalidade e ao direitoà vida.A viagem ficou marcada peladeslocação à ilha filipina de Leyte, aregião mais afetada em novembrode 2013 pelo supertufão Haiyan.Francisco presidiu a uma Missacampal, junto ao aeroporto deTacloban, debaixo de fortes ventos echuva, durante a qual centenas demilhares de pessoas rezaram pelasvítimas e seus familiares. "Muitos devocês perderam parte da família:apenas posso guardar silêncio,acompanho-os com o coração, emsilêncio", disse, numa intervençãoimprovisada, em espanhol, deixandode lado o texto preparado.A passagem pelo maior país católicoda Ásia contou com váriassurpresas do Papa argentino, quefez uma paragem surpresa junto auma casa de pescadores na cidadede Tacloban, no percurso entre oaeroporto local e a Catedral dePalo, onde Francisco almoçoudepois com 30 sobreviventes efamiliares das vítimas.Numa visita encurtada em quatrohoras, devido à tempestade, o Papaquis deixar um sinal de proximidade

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junto dos “mais pobres dos pobres”,como explicou o porta-voz doVaticano, padre Federico Lombardi.Na sexta-feira, o Papa tinha feitooutra paragem não programada,num centro para criançasabandonadas, dirigido por umafundação católica, onde passou 20minutos com mais de 300 crianças.Os jovens estiveram no centro dasatenções da manhã de domingo,num encontro que decorreu naúnica universidade pontifícia daÁsia: Francisco apresentou umdiscurso

improvisado a partir do testemunhode Gyzelle Palomar, uma menina de12 anos, acolhida por uma fundaçãocatólica depois de ter sidoabandonada na rua.A atenção pelos mais pobres foilevada ao palácio presidencial, noprimeiro discurso em Manila, em queo Papa pediu o fim das “cadeias dainjustiça e da opressão”.A viagem à Ásia vai estar emdestaque na próxima emissão doprograma «70x7», este domingo, naRTP2 (11h15).

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Francisco, os coelhose as famílias numerosasO Papa Francisco deixou clara estaquarta-feira a sua posição de apoioàs famílias numerosas e criticouquem associa o número de filhos aoaumento da pobreza no mundo.“Posso dizer, podemos todos dizer,que a principal causa da pobreza éum sistema económico que retirou apessoa do centro e ali colocou odeus dinheiro”, alertou, naaudiência geral desta semana,perante milhares de pessoas queaplaudiram a intervenção.Francisco condenou um “sistemaeconómico que exclui, excluisempre, as crianças, os idosos, osjovens, os desempregados, e quecria a cultura do descarte”.“Habituamo-nos a ver pessoasdescartadas e este é o motivoprincipal da pobreza, não as famíliasnumerosas”, afirmou.O Papa recordou a sua recenteviagem às Filipinas e a questão quelhe foi colocada, na viagem deregresso a Roma, entre a pobrezano país asiático e as famíliasnumerosas. “Ouvi dizer que asfamílias com muitos filhos e onascimento de tantas crianças estãoentre as causas da pobreza.Parece-me uma opinião simplista”,lamentou.

Segundo, Francisco, as famíliassaudáveis são “essenciais” para avida da sociedade. “Dá consolaçãoe esperança ver tantas famíliasnumerosas que acolhem os filhoscomo um verdadeiro dom de Deus.Elas sabem que cada filho é umabênção”, sustentou.A posição surgiu dois dias depoisdas declarações do Papa, emconferência de imprensa, sobre“paternidade responsável”, comrecurso aos “meios lícitos”, osmétodos naturais de planeamentofamiliar. “Alguns pensam que -desculpem a expressão - para serbons católicos é preciso ser comoos coelhos, não é? Não.Paternidade responsável: isso éclaro e por isso há na Igreja gruposde casais, peritos nesta matéria”,disse, no voo entre Manila e Roma.A 28 de dezembro de 2014, o Papatinha recebido no Vaticanodelegações de famílias numerosas,que apresentou como “uma célulamais rica, mais vital” da sociedade.“Num mundo muitas vezes marcadopelo egoísmo, a família numerosa éuma escola de solidariedade e departilha”, disse.

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Esta segunda-feira, no voo deregresso a Roma, Franciscomostrou-se preocupado com aquebra demográfica e sublinhou otrabalho feito pela Igreja Católicapara travar o que denominou como“neomalthusianismo”, que“procurava um controlo dahumanidade por parte das grandespotências”.Neste sentido, referiu que para aspessoas mais pobres “um filho é umtesouro” e que “Deus sabe comoajudá-las”. “Paternidaderesponsável, mas olhando tambémpara a generosidade do pai e damãe que vê em cada filho umtesouro”, prosseguiu.Durante a viagem às Filipinas, oPapa evocou a "coragem" do BeatoPaulo VI, autor da encíclica'Humanae Vitae' (1968), sobre aregulação da natalidade, querejeitava a contraceção artificial,"para defender a abertura à vida nafamília" e contrariar a "ameaça dadestruição da família pela privaçãodos filhos".

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Papa abençoou dois cordeiros na festa de Santa Inês

«Não se pode fazer a guerra em nome de Deus»

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Diálogo, liberdade religiosae respeito mútuo

D. Amândio Tomás Bispo de Vila Real

Os acontecimentos, lesivos da vida e dadignidade das pessoas, pedem reflexão sobre aigualdade fundamental dos seres humanos, paralá da diversidade de raças e credos. Aos direitossacrossantos e inalienáveis da dignidade dapessoa correspondem deveres inadiáveis emprol do bem comum e de cada ser humano. Nãoprescindir da correlação entre direitos e deveres,nem impedir o Papa de fomentar o diálogocivilizacional e inter-religioso, tão necessário naEuropa e no mundo plurifacetado. A Europadeixou de ser rol de Estados independentes,para ser amálgama multinacional, multicultural emulticivilizacional de pessoas incomunicáveis,que vivem entre muros. A convivência pacíficaentre a Europa e o Islão ainda não foi feita, épreciso fazê-la e não há outra via senão odiálogo, onde não há vencedores nem vencidos,mas só enriquecidos. O Papa S. João XXIII, naEncíclica “Paz na Terra”, baseou a paz, naverdade, justiça, liberdade e solidariedade. Háque dizer não à guerra fratricida! Não à violência!Não ao desprezo. Não ao ódio, retaliação,mercantilização e escravatura. Não aofundamentalismo, fanatismo, terrorismo einstrumentalização. Sim à liberdade de crer eviver, segundo uma ética religiosa, ao diálogointer-religioso, à vivência harmoniosa, àtolerância. Sim à liberdade de expressão, najustiça e respeito da pessoa, segundo a regra deouro do “não faças ao outro o que não queresque o outro te faça a ti”

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ou “faz ao outro o que desejas queo outro te faça a ti”. O diálogo geraconhecimento e amor. A diversidadeajuda, enriquece, impede omonólogo, permite o diálogo.É preciso que todos, ateus, judeus,cristãos, muçulmanos, membros deoutras religiões se respeitem, sereconheçam, dialoguem e gozemdos mesmos direitos e deveres. Háque superar preconceitos e falsostemores e acreditar, amar e perdoar,denunciando os vícios. Somoscompanheiros de viagem e

construtores da civilização daverdade, da justiça, liberdade esolidariedade. Desejamos amar eser amados, compreender e sercompreendidos, sendo aceites. Aninguém é permitido matar, ofendere desrespeitar, em nome de Deus,que é o Supremo Amor, Verdade eBeleza e só quer o bem, a paz, oentendimento e a felicidade detodos. A afirmação da minhaliberdade não deve pôr em perigo aliberdade do outro, que é meuirmão, mesmo que não pense, comoeu. Estou disposto a converter

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o mundo, a desejar e a dar-me, atéà exaustão, para que os outrosacreditem na verdade, que busco eem que acredito, mas devo estarpronto a ser tolerante e a estardisposto a que nada se faça que váagredir a liberdade do outro poderacreditar, ou não acreditar, nosvalores e na fé, que eu perfilho etestemunho.Há quem brinque com o fogo,semeie ventos, ofenda e provoquepara obter guerras, lançandorastilhos em barris de pólvora. Sãointuitos, que devemos evitar,vencendo o mal com o bem,evitando a retaliação, metendo aespada na bainha, como disseJesus a Pedro, “porque quem comferros mata com ferros morre”.Foram estes objetivos que moveramos Pais da Europa, para acabar como ódio, a retaliação, a vingança e asguerras. Disse Jean Monnet: “nósnão coligamos estados, unimos oshomens”. A Semana da Unidade dos Cristãos(18 a 25 de janeiro) e a Mensagemdo Dia Mundial da Paz nos ajudem aser construtores de pontes, arautosda reconciliação, evitando o choquede civilizações, favorecendo ainclusão, o diálogo, o conhecimentomútuo

e o respeito das minorias, deixandode ofender, provocar e ferirsentimentos, afetos e crenças sejade quem for, sendo abertos,tolerantes e magnânimos. Namensagem da Paz, o PapaFrancisco pede empenho efraternidade, contra o ‘fenómenoabominável’ da escravidão, pois, apessoa cresce, nas relaçõesinterpessoais, inspiradas na justiçae caridade. Partindo da Carta aFilémon, em que Paulo lhe pedepara receber o escravo fugitivo,Onésimo, como irmão, o Papaexorta a mudar de atitude: “já nãohá escravos, mas irmãos”!Subordina a paz à “fraternidade,que mostra também a multiplicidadee a diferença entre as pessoas,relacionadas umas com as outras,cada qual com a sua especificidadee partilhando todas a mesmaorigem, natureza e dignidade” (n.2).Em vez da indiferença e escravidão,apostar na fraternidade, pois, “naraiz da escravatura, está umaconceção de pessoa humana queadmite a possibilidade de a tratarcomo um objeto. Quando o pecadocorrompe o coração do homem e oafasta do seu Criador e dos seussemelhantes, estes deixam de sersentidos como de igual

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dignidade, como irmãos e irmãs emhumanidade, passando a ser vistoscomo objetos. Com a força, oengano, a coação física oupsicológica, a pessoa humana -criada à imagem e semelhança deDeus – é privada da liberdade,mercantilizada, reduzida apropriedade de alguém; é tratadacomo meio, e não como fim” ( n. 4 ).Aos Europeus indiferentes,instalados, céticos e cínicos,seguidores do “comamos ebebamos que amanhã morreremos”,que esquecem e se envergonhamdas suas raízes cristãs, vale a penarecordar o filósofo Habermas, que,assim, se expressa para explicar "opoder da religião na esfera pública”:

“Para a autocompreensãonormativa da modernidade, ocristianismo funcionou não só comoprecursor ou elemento catalisador.O igualitarismo universal do qualsurgiram os ideais de liberdade evida coletiva em solidariedade, ocomportamento autónomo da vida eda emancipação, a moralidadeindividual da consciência, os direitoshumanos e a democracia, tudo élegado direto da ética judaica dajustiça e ética cristã do amor, nãohavendo outra alternativa a ela, atéao dia de hoje”.Com os votos de bom ano, tornemo-nos construtores da paz e dareconciliação mútua.

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7 mil milhões de maneiraspara falar do Homem

Lígia Silveira Agência ECCLESIA

A exposição «7 mil milhões de Outros», que atéao dia 8 de fevereiro está na Fundação EDP, emLisboa, é um convite à fraternidade e à graça.Mais de seis mil pessoas responderam, desde2003, a 43 perguntas tão diferentes como «Oque é o amor?», «Qual o sentido da vida?»,«Qual a memória mais antiga que tens?»,«Família», «O que mudarias na tua vida?»,«Felicidade», «Desafios de Vida» dando origensa respostas onde cabem lágrimas e risos.«Lembro-me que chegava sempre atrasado àescola porque ficava a guardar o gado. Uma vezo meu professor mandou todos saírem da sala.Quando eu cheguei não estava lá ninguém. Euentrei e sentei-me. De repente, entraram todos ebateram palmas porque eu tinha sido o primeiroa chegar».«Não estava apenas a vender cervejas mas a terrelações sexuais com homens para pagar aescola ao meu irmão e dar mais conforto à minhamãe. Ela disse-me que eu mantive a minhadignidade».«A minha felicidade é ter água. As pessoas vêma minha casa à procura de água».«Agrada-me ser um sinal de beleza no mundo».«Na minha vida só mudaria de marido: teria osmesmos filhos, tudo igual. Só mudaria demarido».«Fiz questão de guardar imagens: um vídeo queo meu pai fez numa festa surpresa para a minhamãe, fotos do meu filho a jogar futebol, um vídeoda graduação da minha filha», relato de umsobrevivente do Furação Katrina.

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Naquelas mensagens, onde nãoimporta o nome mas é indicado opaís, vi olhos a brilharem comrecordações e acalentados deesperança; vi risos, muitos: comtodos os dentes, ou sem eles massem complexos, com a cara toda.Vi que o sonho de ser piloto inundaa imaginação de cada menino quercresça ele no Egipto, no BurkinaFaso, em França ou no Japão.Vi que a todos o amor arrancasuspiros antes até de qualquerpalavra.Vi que família pode ser lugar ondese quer ficar ou desejar nunca lá terestado.Vi que as memórias mais felizeschegam, sobretudo, de partilhascom outras pessoas.

Vi que na vida de um pescador brasileiro, de um sapateiro chinês,de um artista alemão ou de umempresário afegão se respira deigual forma, se ri e se chora.No rescaldo de ser ou não «CharlieHebdo», onde me comovi com asimagens que num instanteconvocaram à fraternidade, renovoa minha esperança no Homem quesendo capaz de atrocidades, tem acapacidade de ser generoso,gratuito e amável.Recordo uma ocasião em que ouvidizer que todos nós somos filhos:podemos ser pais ou avós, ou nadadisso. Antes de tudo, somos filhos.Que tenhamos a capacidade derecordar essa irmandade. Asfronteiras foram criadas pelo própriohomem e é ele que também as podederrubar.

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O Semanário ECCLESIA apresenta nesta edição o II Encontro Nacional de Leigos, promovidopela Conferência Nacional das Associaçõesde Apostolado dos Leigos (CNAL) sobre otema “Recolocar o Homem no centro dasociedade, do pensamento e da vida”. Além da entrevista com a presidentedo Conselho Nacional da CNAL, o dossierapresenta uma reflexão do filósofoe dramaturgo francês Fabrice Hadjadj,membro do Conselho Pontifício para os Leigos,testemunhos e reflexões sobre o papeldos leigos nos dias de hoje. A CNAL promove esta iniciativa com a convicção“a pessoa humana e a sua dignidade única sãoo fim de toda a procura e de toda a respostacriativa às necessidades e urgências do mundo”,que implicam “todos os homens e mulheres”.

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A dignidade da pessoa humana nocentroA Conferência Nacional das Associações de Apostolado dos Leigos(CNAL) vai promover o II Encontro Nacional de Leigos com o tema“Recolocar o Homem no centro da sociedade, do pensamento e davida”, este sábado, dia 24 de janeiro, no Centro de Congressos daAlfândega do Porto.Nesse contexto, a presidente do Conferência Nacional em entrevistaà Agência ECCLESIA explica os objetivos do encontro, os ateliês quevão estar em análise, reflexão e debate a partir do tema principal.Alexandra Viana Lopes destaca a participação do filósofo edramaturgo francês Fabrice Hadjadj, que vai apresentar aconferência principal, e revela que esta iniciativa pretende“colaborar” para que o homem e a mulher não sejam apenasnúmeros porque estão “para além da eficácia, para além do queservem para alguns e não servem para outros”.“A ideia é salvar o Homem, no sentido que volte para o centro: dasociedade, dos pensamentos, da reflexão” é a frase do PapaFrancisco que inspira o encontro que pretende refletir sobre a“dignidade da pessoa humana”.

Entrevista realizada por Paulo Rocha Agência Ecclesia (AE) – Com queobjetivo é promovido o II EncontroNacional de Leigos?Alexandra Viana Lopes (AVL) –Como diz o tema – “Recolocar oHomem no centro da sociedade, dopensamento e da vida” - pretende-se colocar em cima da mesa esteconvite, esta proposta.Consideramos que é urgentíssimorefletir sobre a

dignidade da pessoa humana emtodos os seus estados, em todas assuas condições, com todas as suasvicissitudes. É urgente dar espaço etempo de pensar, refletir e deperceber como é que a podemosdefender mais, promover, servir erecolocar o homem no centro dareflexão das sociedadescontemporâneas.

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AE – O que vai acontecendo noquotidiano revela que a pessoahumana é um número?AVL – Não é um número! Mas é umatentação enorme que, no meio dastensões todas do tempocontemporâneo, da guerra, da fomeou das crises nas sociedadesocidentais, possa ser um número:servir se for eficaz, se tiver posiçãosocial e cultural ou não servirnoutras circunstâncias.O homem está para além daeficácia, está para além do queserve para alguns e não serve paraoutros.A discussão sobre a dimensãoinalienável e a dimensãoindisponível do homem e acentralização de toda a nossa vida eação da forma como o podemospotenciar mais é uma grandediscussão. AE – É essa a discussão que vaiacontecer no Centro de Congressosda Alfândega do Porto, estesábado?AVL – É a discussão que propomosque aconteça, com este mote, apartir de uma confederaçãocomposta por instituições deinspiração cristã, mas para todos oshomens e mulheres. É umadiscussão que queremos propor àsociedade civil também.

AE – Quais são as diferentes áreaspara a discussão do tema“Recolocar o Homem no centro dasociedade, do pensamento e davida”?AVL – Temos uma reflexão de fundocom um filósofo que prezamos muitoe que será a dimensão maistransversal do desafio antropológicode recolocar hoje a reflexão sobre apessoa humana. O professorFabrice Hadjadj, membro doConselho Pontifício para os Leigos ediretor do Instituto Filantropo emFriburgo (Suíça), é um filósofo quetem refletido muito sobre ohumanismo e sobre a dimensãoantropológica. Vai fazer aconferência de fundo.Depois vamos ter ateliês sobre asurgências do mundo: nas grandesquestões que se continuam acolocar de formas muitodiversificadas, que criatividade éque nos é pedida. E desde adimensão de como defender a vidahumana, sobretudo nas alturas emque está mais fragilizada –nascimento, doença, deficiência ena morte –; como defender a terra,o planeta, a sustentabilidade, oambiente, este é um núcleo.Depois a família humana, emcontexto de sínodo, a necessidadede perceber hoje como apoiar afamília,

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acompanhá-la, como permitir quepossa viver e gerar homens emulheres mais vivos, maispotenciados, mais felizes. Adimensão do desenvolvimento socialque nos é pedido hoje é a grandediscussão no mundo ocidental.A cultura, que progresso culturalnas dimensões da ciência, dasletras, das artes, da comunicaçãosocial. Que cultura é que queremos,qual é que

pode falar mais de nós, comohomens e mulheres.A política é outro ateliê: quepolíticas são pedidas hoje. E oúltimo é sobre a paz internacional.Como proteger a ComunidadeInternacional, como evitar a guerra,como é que as forças armadaspodem estar mais ao serviço da paz.Que desenvolvimento, que diálogointer-religioso e ideológico énecessário atravessar e fazer paraestar ao serviço da paz.

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AE – Qual o objetivo dessa vastadiscussão? Que desafios sãocolocados aos leigos?AVL – É fazer um caminho! Temosmais perguntas do que respostas.Há um caminho dentro da Igreja queé o serviço e é sempre assim. OPapa tem interpelado cada vez maispara uma Igreja de saída, queesteja no mundo e não fechada emsi e temos todos esta inspiração defundo.Os convites do Papa são umincentivo para colocar a Igreja narua onde a vida se constrói, onde aspessoas passam, onde as pessoasestão mais e menos felizes, commais ou menos sofrimentos e écolocarmo-nos ai.Há um desafio para os leigos e paraa missão dos leigos, que estãonestas áreas de atividade humana econhecimento, e também parasociedade a que pertencemostodos. AE – O lançamento do debate noEncontro Nacional de Leigos 2015também tem na sua origem umaexpressão do Papa Francisco?AVL – A frase que aparece comomote no convite ao encontro, que énecessário salvar o homem, é deum discurso do Papa de 12 de julho,numa reflexão ligada à economia.Os discursos do Papa têm vindoneste

sentido recorrentemente, desde aencíclica “Alegria do Evangelho” aestes últimos no Conselho daEuropa e no Parlamento Europeu,em Estrasburgo (França): énecessário que as pessoas nãosejam descartáveis, que o meu bomnome, o meu percurso pessoal, opoder ou a fama, que são tentaçõesenormes do homem, não seatravessem à frente do bem únicode cada um. AE – Qual o enquadramento destesegundo encontro, que percurso foifeito pela Conferência Nacional dasAssociações de Apostolado dosLeigos desde a sua constituição edo primeiro encontro em Coimbra,em novembro de 2013?AVL – A CNAL é muito recente,nasceu em 2011, e, depois de umtempo de instalação, lançou umareflexão partir de 2013, tendo empano de fundo a celebração dos 50anos do Concílio Vaticano II,sobretudo a Constituição “Gaudiumet Spes” (GS) onde afirma que astristezas e angústias dos homenscontemporâneos são as nossas eque os discípulos de Cristo nãoestão fora desta inquietação e ondeera colocado à reflexão os grandesproblemas de hoje. Os temas dosateliês vêm entroncar com

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os que eram apresentados na GS,naquela altura no pós-SegundaGuerra Mundial, hoje noutrocontexto. As grandes questões defundo, com contornos sociais,acabam por ser estas. No encontro de 2013 propôs-se,também com inspiração do Papa,que cultura do encontro énecessária para

servir o mundo nas suasnecessidades e sobretudo nestasurgências. Como é que a nossacolaboração pode resultar em maisbem, mais serviço, mais resposta.Este ano, na mesma linha de uma“cultura de encontro, como podemoscolaborar para que o homem e amulher sejam aquilo que são ouaquilo para que foram criados.

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Cultura do Encontro

Recolocar o Homem no centro dasociedade, do pensamento e da vida “Quando o Homem perde a sua humanidade, o que nos espera? (…) umapolítica, uma sociologia, uma atitude «do descartável»: descarta-se o quenão serve, porque o Homem não está no centro. (…) Portanto, a ideia ésalvar o Homem, no sentido que volte para o centro: da sociedade, dospensamentos, da reflexão. (…) É o rei do Universo! E esta não é teologia,não é filosofia — é a realidade humana. Com isto, vamos em frente.“

Papa Francisco, 12 de julho de 2014

PROGRAMA24.01.2015, Centro de Congressosda Alfândega do Porto09.00 Credenciação 09.30 Sessão de Abertura 10.00 "Recolocar o Homem noCentro – Desafio Antropológico"Comunicação de Fabrice Hadjadj(filósofo, dramaturgo, diretor doInstitut Philantropos, membro doConselho Pontifício para os Leigos)Conversa com Paula Moura Pinheiro(jornalista) 11.30 Intervalo 12.00 "Recolocar o Homem noCentro – Desafio nas Urgências doMundo"

Ateliers - 1ª ParteAtelier 1: Na Vida e na EcologiaHumana e do PlanetaWalter Osswald (médico, professoruniversitário aposentado, comcátedra de bioética da Unesco)Bento Amaral (enólogo, campeãoparalímpico)José Souto Moura (juiz conselheirono STJ)Joana Araújo (investigadora, vice-presidente do Instituto de Bioéticado Porto)Moderação por Isabel VilaçaCarneiro Pessanha Moreira(bancária, presidente do Vida Norte) Atelier 2: Na Família HumanaJoaquim Azevedo (professoruniversitário, coordenador da

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Comissão para uma Política deNatalidade)Teresa Ribeiro (psicóloga, terapeutafamiliar, professora universitária)Pedro e Margarida Appleton(arquitetos, pais de 5 filhos)Alexandre e Joana Trindade(engenheiro físico, educadora deinfância, pais de 9 filhos)Moderação por Pedro Vaz Patto (juizdesembargador no TRP, presidenteda Comissão Nacional Justiça e Paz) Atelier 3: Na Comunidade PolíticaRaquel Vaz Pinto (professorauniversitária, presidente daAssociação Portuguesa de CiênciaPolítica)Pedro Mexia (escritor, poeta,cronista, crítico literário)Paulo Melo (professor)Moderação por Filipe AnacoretaCorreia (advogado, vogal doconselho diretivo do IDL - InstitutoAmaro da Costa) 13.30 Almoço 15.00 Ateliers- 2ª ParteAtelier 4: No DesenvolvimentoEconómico e SocialMaria José Melo Antunes (MBA emFinanças)Américo Mendes (professoruniversitário, investigador econsultor)José Maria d’Orey Soares Franco(empresário vitivinícola)

Moderação por Jorge LíbanoMonteiro (gestor, secretário- geralda ACEGE - Associação Cristã deEmpresários e Gestores) Atelier 5: No Progresso CulturalMaria de Lurdes Correia Fernandes(professora universitária, membrodo Comité Pontifício de CiênciasHistóricas)Henrique Leitão (historiador daCiência, prémio Pessoa de 2014)João Madureira (compositor)Filipe Avillez (jornalista)Moderação por Isabel AlçadaCardoso (teóloga e presidente doCentro Cultural Pedro Hispano) Atelier 6: Na Paz InternacionalLuís Macieira Fragoso (almirante,chefe do Estado-Maior da Armada eAutoridade Marítima Nacional)Susana Réfega (master emcooperação para o desenvolvimentoe ajuda humanitária, diretoraexecutiva da FEC)Jorge Reis-Sá (escritor, editor)Moderação por Félix Lungu(teólogo, responsável pelodepartamento de comunicação daFundação Pontifícia Ajuda à Igrejaque Sofre) 16.30 Intervalo 17.00 Sessão Final Na Igreja Monumento de S.Francisco 18.00 Missa

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Leigos, agentes da renovação

O presidente da ComissãoEpiscopal do Laicado e Famíliaapelou à participação dos leigos noencontro nacional, no Porto, sobre acentralidade da pessoa nasociedade, desafiando-os aprotagonizar a “renovação daIgreja”. “Não se podem colocar osídolos do poder, do lucro e dodinheiro acima do valor da pessoahumana, nem isso pode ser a normafundamental de funcionamento ecritério decisivo de organizaçãosocial”, escreve o presidente daComissão Episcopal do Laicado eFamília (CELF).Num artigo sobre o II Encontro

Nacional de Leigos enviado àAgência ECCLESIA, D. AntoninoDias frisa que devem ser envolvidoso “maior número possível de leigos”nesta iniciativa nacional porque“ouvir, refletir, intervir e concluir”,“enriquece e dinamiza”.Para o presidente da CELF, apastoral da Igreja em Portugal“precisa” de mais envolvimento e demaior participação dos leigos paraque estes “sejam verdadeiros‘protagonistas e artífices darenovação da Igreja’” e não sejulguem “apenas” destinatários da“solicitude pastoral”.O II Encontro Nacional de Leigos é

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organizado pela ConferênciaNacional do Apostolado dos Leigos(CNAL) e tem como tema “Recolocaro homem no centro da sociedade,do pensamento e da vida”.Para o também bispo da Diocese dePortalegre-Castelo Branco, o temado encontro torna-se “umverdadeiro desafio antropológico” etambém “um verdadeiro desafio nasurgências do mundo” numasociedade que vive a “cultura dodescartável”.D. Antonino Dias considera que

colocar o homem no centro dasociedade e descobrir o seu lugarna “dinâmica da reflexão e da ação”vai gerar um clima de inclusão socialcom “consequências positivas”.“O homem não pode perder a suahumanidade, não pode perder a suaidentidade nem esquecer a suaorigem e missão”, alerta o preladoque destaca o “ser relacional” compotencial para “se desenvolver erealizar” a construção do “bemcomum”.

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Um Cristianismo que assume asexualidade, restaura a cultura ereabre a históriaO ensaísta Fabrice Hadjadj,conferencista principal do IIEncontro Nacional de Leigos, quedecorre este sábado, afirmou que aevangelização não deve ser uma“especialidade clerical” e que osleigos têm de mostrar um“cristianismo não espiritualista”.“Os leigos podem muitas vezesmanifestar melhor para o nossotempo um cristianismo nãoespiritualista, que assumeplenamente a sexualidade, restauraa cultura e reabre a história”, disseo filósofo e dramaturgo francês emdeclarações publicadas na páginada internet da Conferência Nacionaldas Associações de Apostolado dosLeigos (CNAL).Para Fabrice Hadjadj, o que está aacontecer na atualidade não é um“simples tempo de crise”, mas uma“mudança de era”, uma “revoluçãoradical pelo menos comparável à doneolítico”. “O sinal desta mutação éo colapso do humanismo e da suafé no homem e no progresso. Ohumano já não é central”, referiu.

“Perguntamo-nos mesmo em quêele é legítimo, depois dos horrores do século XX. Ou mesmo em queconsiste, depois das reduções daciência. Porque no lugar do homemcoloca-se o indivíduo do liberalismo,o ‘ciborgue’ do tecnologismo, obonobo da ‘deep ecology’ ou ojihadista do fundamentalismo”,sustentou.Fabrice Hadjadj considera que“estas quatro figuras afrontam-seentre si mas estão na verdade deacordo para rejeitar o homemnascido de uma genealogia, de umahistória, com uma língua, um sexo,um nome de família significativo”.Para o ensaísta, diretor do InstitutoEuropeu de Estudos AntropológicosPhilanthropos, na Suíça, “há umaurgência” de reagir “colapso dohumanismo”, mas não com ascategorias antigas, que “já nãofuncionam”.“Parece-me, que a primeira urgênciaé a da evangelização - quer dizeresperar contra toda a esperança,abrir um caminho no meio do mar. Aépoca é

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tão sombria que nós não podemosmais contentar-nos com a lógica dofermento na massa: é precisotambém colocar a luz nocandelabro”, afirmou.Fabrice Hadjadj defende que oscatólicos têm muitos meios para a“urgência” da evangelização,porque interessa lutar contra “umaespécie de desencarnaçãogeneralizada”“O internauta e o jihadista sãoambos produtos da mundialização.Perderam o sentido de proximidade.Combatem

por «perfis» ou por «ideias», nãopor rostos. Eis porque, mais do quenunca, é preciso pregar o amor dopróximo tornando-se próximo,anunciar o mistério da Encarnação,sendo nós próprios encarnados, depróximo para próximo”, sustenta.“É esta exigência de encarnaçãoque faz com que a evangelizaçãonão deva ser uma especialidadeclerical”, refere Fabrice Hadjadj.

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Dizer «o que é o ser humano»é o drama da atualidadeHenrique Leitão, Prémio Pessoa2014, vai participar no II EncontroNacional de Leigos, sobre o tema“Recolocar o Homem no centro”, econsidera que o grande “drama” daatualidade é dizer “o que é o serhumano”.“O grande drama, a grandedificuldade, aquilo que ainda háhoje para fazer é deixar claro o queé ser humano, o que é viver

humanamente”, disse o investigadorem História das Ciênciasem declarações á AgênciaECCLESIA.“Recolocar o Homem no centro dasociedade, do pensamento e davida” é o tema do II EncontroNacional de Leigos, formulado deuma forma “muito importante e muitoatual”, considera Henrique Leitão.“Vou falar deste tema a partir

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do meu ponto de vista, do encontroentre as ciências e as humanidades,de uma pessoa que se dedica aestudar a evolução histórica daciência e como a evolução históricada ciência está imensamente ligadaà colocação do humano no centrodo problema”, refere.O cientista considera que “ohumano é questionável,problemático”, e traz consigo“reclamações, questões, tensõesque são muito objetivas, reais”, apartir das quais se “estrutura o queé o ser humano”.“O desejo de felicidade que temos,que é mais ao menos irreprimível, odesejo de alegria, de justiça, nãosão ilusões culturais, invenções ou

ficções com que vivemos. Sãoexpressões de fatos humanosmuitíssimo profundos que importaconhecer e perceber para ondeapontam e o que é que temos defazer com eles”, defende o PrémioPessoa 2014Henrique Leitão sustenta quepensar o humano implica uma“dimensão comunitária”, porque afragmentação da vida “é terrível” econduz à infelicidade, a uma “vidadeficiente”, “isolada, sozinha, semlaços, sem nexos, semcompromissos”.O II Encontro Nacional de Leigos vaidecorrer no Centro de Congressosda Alfândega do Porto, este sábado,dia 24.

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Leigos são voluntários de Deus

O ator Júlio Martin afirmou que osleigos são “voluntários de Deus” esão livres para “dar testemunho”nas “fronteiras da Igreja”, tema quevai estar em debate no II EncontroNacional de Leigos. “Somosvoluntários de Deus e empenhamo-nos nisso na nossa liberdade.Ninguém nos obriga a ter de dartestemunho, a ter de lutar pelagratuidade das ações que fazemos,o que nos dá enormeresponsabilidade de em cadamomento percebermos

que o agir ou não agir, o falar oucalar está nas nossas mãos,depende da nossa liberdade”, disseJúlio Martins em declarações àAgência ECCLESIA.Para Júlio Martin, o II EncontroNacional de Leigos é umaoportunidade debater questõesrelacionadas com o “mistério davida”, o sentido “da dor, dosofrimento, da morte”, por quemestá em “contacto com a realidadedo mundo, de certa forma nasfronteiras da Igreja”. “Estamos emcontacto com o que

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as pessoas sentem, desejam, seinquietam. O que é um enormedesafio para nós”, considera o ator.O II Encontro Nacional de Leigos vaidecorrer no Centro de Congressosda Alfândega do Porto, sobre otema “Recolocar o Homem no centroda sociedade, do pensamento e davida”.“Podermos estar juntos, pelomenos

um dia no ano, é um momento muitoespecial. É organizado pelos Leigos,em diferentes cidades do país e emlocais que são da própria cidade, oque é um testemunho que damos àsociedade e à cidade. Encontrarmo-nos nos espaços onde outros seencontram para estarmos juntos ecelebrar aquilo em queacreditamos”, afirmou.

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Recolocar o Homem no centro dasociedadeO apelo do Papa Francisco, sobre aimportância de voltar a colocar “oHomem no centro” da sociedade edas suas prioridades, vai dominar asegunda edição do EncontroNacional de Leigos, marcada paraeste sábado no Porto.Em entrevista à Agência ECCLESIA,Helena Trigueiros, da equipaorganizadora do evento, destaca aimportância de mobilizar os cristãosem geral para um desafio queenvolve antes de mais umamudança de mentalidade. Paraaquela responsável, “o papel dosleigos é importantíssimo”, pois sãouma voz permanentemente presentee ativa no meio do mundo, sejaatravés do trabalho seja através davida familiar e social.Desta forma, o seu “testemunhochega mais a toda a gente, de umaforma mais direta”, salienta.Durante um seminário internacionalem julho de 2014, dedicado à suaexortação apostólica “A alegria doEvangelho” e intitulado “Por umaeconomia cada vez mais inclusiva”,o Papa Francisco alertou para oproblema do “reducionismoantropológico”.

Na cultura atual, o homem não émais do que “um instrumento dosistema social, económico, ondepredominam os desequilíbrios” epouco a pouco vai “perdendo a suahumanidade”.“Descarta-se o que não serve,porque o homem não está nocentro. E quando o homem não estáno centro, há outra coisa no centroe o homem está ao serviço dela”,alertou.O Papa argentino frisou aimportância de “salvar o homem, nosentido que volte para o centro: dasociedade, dos pensamentos, dareflexão”.É a partir desta frase que toda areflexão do Encontro Nacional deLeigos vai decorrer, no Centro deCongressos da Alfândega do Porto.Helena Trigueiros chama a atençãopara a participação de oradores“das mais variadas áreas”, que vãofalar sobre a forma como vivem estainterpelação do Papa no dia-a-dia.Entre outros convidados, vai estarpresente Fabrice Hadjadj, membrodo Conselho Pontifício para osLeigos, Henrique Leitão, PrémioPessoa 2014, o juiz José SoutoMoura, o professor universitárioJoaquim Azevedo, o escritor PedroMexia e o campeão paralímpicoBento Amaral.

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Fabrice Hadjadj, filósofo edramaturgo francês, vai ter a cargoa conferência principal do encontro,subordinada ao tema “Recolocar oHomem no Centro – DesafioAntropológico”.A reflexão será depoiscomplementada com vários ateliers,abrangendo áreas como a política,a economia, o progresso cultural, apaz, a família e a ecologia, onde aspessoas poderão dar a sua opiniãoe partilhar experiências.

O principal, realça HelenaTrigueiros, é que a partir da“seriedade que estes temasimplicam”, as pessoas saiam doencontro “com opiniões maisfundamentadas” e com vontadepara se empenharem “mais a fundo”na promoção de uma sociedademais justa e humana.“Há desafios e situações quechateiam e desiludem, e é aí que oscristãos têm de saber manter-sefiéis e firmes nos seus propósitos”,conclui.

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Testemunhar Jesus e a fé na família,na sociedade e na dançaIsabel Roquette, professora dedança, considera que é possível serum leigo católico comprometido quevive, partilha e testemunha a fé emtodos os seus contextos – familiar,profissional e social.“[Leigo comprometido é] Umapessoa que tem uma vida normalenquanto profissional, mãe, mulher,amiga mas que transporta para asua vida algo que acredita. No meucaso Jesus, a Igreja e tento que issome acompanhe, guie em todo ocaminho que vou percorrendo”,revela à Agência ECCLESIA.Isabel Roquette sempre teve umaeducação católica e destaca o papele ação da mãe que nunca impôs areligião mas “sempre” deu um “ótimoe verdadeiro testemunho” de fé notrabalho e em casa, o que foi “muitobom e positivo” para o seudesenvolvimento e dos irmãos.Agora é a professora de dança e omarido que dão testemunho da féaos três filhos – um de 10 anos egémeos com dois anos – que “vivemo dia-a-dia sempre com umapresença espiritual”.“Rezamos antes das refeições e ànoite mas depois temos uma

vivência em que preciso de meisolar, encontrar inspiração,criatividade e é uma coisanaturalíssima o meu filho de 10 anosentrar na sala e estarmos de olhosfechados à janela”, desenvolveIsabel Roquette.Pouco depois de ter casado, há 13anos, o casal foi convidado apertencer a uma Equipa de NossaSenhora, um movimento de casaiscujas reuniões contam com aparticipação de um sacerdote, eassinala que este grupo “vai sersempre uma mais-valia”.“É muito bom para o crescimento emcasal, uma vez por mês focamo-nosem assuntos que às vezes nãotemos tempo no dia-a-dia e ali épossível discutirmos e pensarmossobre eles”, acrescenta.Isabel Roquette começou a fazerballet aos cinco anos, agora tem asua escola de dança e assume asua fé não só na parte criativa,artística, onde vai “sempre buscarinspiração” à sua espiritualidade,mas também no trabalho com ascrianças porque “é impossível nãomostrar” aquilo em que acredita esente quando estas fazemperguntas sobre “crescimento e avida”.

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“Nos espetáculos pretendo sempreque tenham uma mensagem debem, amor e tento que essesvalores sejam trabalhados”,desenvolve a professora, queescolheria uma “aula de expressãocorporal” se tivesse de prepararuma aula de dança sobre a suaexperiência de fé.Para Isabel Roquette, não é difícilser uma leiga comprometida eassumida na sociedade, para alémdo ambiente trabalho e família, onde“muitas vezes” sente que é “umaminoria” e que existe uma “cargavezes negativa” em relação à Igreja.A interlocutora também dá o

seu testemunho decatólica comprometida e de fé nasaulas de ioga, que pratica há 20anos, onde às vezes está em“missão de cruzada”.“Às vezes sinto que tenho de falar,dizer calma, que Jesus disseexatamente o mesmo que buda emrelação ao amor, sofrimento,crescimento”, comenta.A professora de dança, que àsvezes tem de “desmistificar muitosassuntos” sobre a Igreja e sobre ospadres, considera o Papa Franciscouma ajuda: “De facto, tem uma visãocom uma abertura muito grande aomundo”.

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Cada ser humano é central, simApetece-me imenso ter estaconversa. Fabrice Hadjadj é um dosconvidados centrais do 2º EncontroNacional de Leigos (no sábado, dia24, na Alfândega do Porto) e eu fuichamada a entrevistá-lo em público.O ensaísta Fabrice Hadjadj, directordo Instituto Europeu de EstudosAntropológicos Philanthropos(Suíça), apresenta-se a si mesmocomo “judeu

de nome árabe e confissãocatólica”.É rigorosamente assim: Hadjadjnasceu numa família judia; de pais,à época, maoístas; cresceu ateu eanarquista; converteu-seao catolicismo quando tinha 26 anos e é hoje uma referência nopensamento cristão.“Recolocar o homem no centro” é otema-geral do Encontro. Estoucuriosa

Encontro Nacional de Leigos 2015

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Job ou a tortura pelos amigos, de Fabrice Hadjadj

para conhecer as sugestõesconcretas deste cristão, quedefende, para os leigos, “umcristianismo (...) que assumeplenamente a sexualidade, restauraa cultura e reabre a história...” Eestou curiosa sobre a posição deFabrice Hadjadj quanto

à liberdade de expressão.Considerá-la-á mesmo ilimitada?

Paula Moura Pinheiro(texto publicado na

rede social Facebook)

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Sociedade Bíblica onlinewww.sociedade-biblica.pt Todos os anos, tradicionalmenteentre 18 e 25 de janeiro, nohemisfério norte, decorre a semanade oração pela unidade dosCristãos e, como sabemos, asleituras Bíblicas são a base daspropostas de estudo e meditação.Assim, em plena semanaecuménica, propomos uma viagematé ao sítio que nos ajuda aconhecer mais e melhor o livro quecontém a Palavra de Deus.A Sociedade Bíblica é umaorganização cristã interconfessional,sem fins lucrativos, reconhecida deutilidade pública e que desenvolve asua atividade em Portugal há maisde 200 anos. É “a responsável pelaúnica tradução interconfessional emlíngua portuguesa - a BÍBLIA paratodos, e está integrada numafraternidade mundial de SociedadesBíblicas que trabalham em mais de200 países e territórios em todos oscontinentes”.Ao digitarmos o endereçowww.sociedade-biblica.ptencontramos um espaço online comgrande teor informativo, comconteúdos interessantes e muitobem organizados.Na página inicial além das habituais

notícias e destaques, podemosaceder ao folheto informativointitulado “missão da Palavra”,subscrever a newsletter , aceder àspáginas nas redes sociais(facebook , twitter e youtube) eainda efetuar um donativo.Na opção “sociedade bíblica”,podemos ficar a saber mais sobreesta associação. Desde a naturezae objetivos, passando pela formacomo se encontra estruturada(órgãos de governo, estrutura degestão) e ainda pela organizaçãointernacional (fraternidade mundialdas sociedades bíblicas unidas).Podemos ainda conhecer a históriadeste movimento. Por exemplo,sabia que o trabalho e a missãoiniciado em 1804 foi buscarinspiração, entre outras, “a umamenina galesa do final do séculoXVIII, de nome Mary Jones”?Um dos itens principais encontra-seem a “Bíblia”. Aí encontramos ummanancial riquíssimo de conteúdose que valem bem a pena seremexplorados ao máximo. Destacamosapenas a possibilidade de lerinteiramente em formato digital a“magnífica coletânea de textosmilenares, um repositório desabedoria, um fantástico elenco

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de verdades que apontam para aVerdade - Jesus Cristo - a PalavraViva”.Por último, porque não passar pela“loja da bíblia” onde encontra umadas maiores e melhores seleções deartigos bíblicos, podendo adquirir osmais variados produtos ajudando

financeiramente a SociedadeBíblica.Porque “beber água é um meio paraa promoção da unidade doscristãos” podemos certamentesaciar a nossa sede no Livro doslivros.

Fernando Cassola Marques

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Sacerdócio e ecumenismoO padre Georgino Rocha, daDiocese de Aveiro, no contexto dosseus 50 anos de sacerdócio e doOitavário de oração pela unidadedos cristãos apresentou o livro"Crescer na Fé e Anunciar a Alegriado Evangelho". “A Palavra de Deusé de todos e está ao alcance detodos mas tem acentuações, como énormal, que a Igreja Metodista dará,a acentuação de leitura social, comoo Papa Francisco faz na encíclica‘Alegria do Evangelho’ será outra”,começa por contextualizar à AgênciaECCLESIA.Segundo o padre Georgino Rochaessas dimensões “não anulam aPalavra” que continua a ser a“mensagem que Deus quertransmitir” para o mundo de hoje”.Na obra ‘Crescer na Fé e Anunciar aAlegria do Evangelho’, o sacerdotepartilha ‘reflexões dominicais efestivas’, a Palavra encarnada queobservou nas “situações e culturasconcretas”.“Nos desafios que vão surgindo àsvezes nas formas de sinais dostempos, de forma germinal ou nasua

exuberância. Conforme oscontextos, a mesma Palavra asconfigurações e implicações serãodiferentes”, desenvolve o antigoVigário para a ligação entre a Igrejae o Mundo na diocese.Para a apresentação o autorconvidou o bispo de Aveiro, oreverendo Eduardo Conde, pastorda Igreja Metodista, e ManuelOliveira de Sousa da ComissãoJustiça e Paz para falarem daPalavra em diferentes contextos.D. António Moiteiro apresentou aPalavra “como ela é”, o pastorEduardo na dimensão ecuménica eo presidente da Comissão Justiça ePaz de Aveiro apresentou as“incidências sociais da Palavra” apartir do livro, explica o sacerdote.O padre Georgino Rocha quedurante vários anos acompanhou oecumenismo na Diocese de Aveiroexplica as razões e enumeraalgumas igrejas e capelas queagora estão cedidas para o culto deoutras Igrejas cristãs.“Temos tido celebrações, troca deimpressões, visitas dos patriarcas a

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apresentarem-se ou acredenciarem os seuspadres no terreno e assimvamos lutando, rezando edando as mãos”, assinalasobre o ecumenismo emAveiro.O livro «Crescer na Fé eAnunciar a Alegria doEvangelho - Reflexõesdominicais e festivas» foiapresentado esta terça-feira no CentroUniversitário Fé e Culturada Diocese de Aveiro e noprograma de rádioECCLESIA.

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II Concílio do Vaticano: Cardeal Bea,um pioneiro ecumenismo

Quando se celebra mais uma Semana de Oraçãopela Unidade dos Cristãos - este ano centrado notema «Dá-me de Beber» - convém recordar o cardealAgostinho Bea, um pioneiro do ecumenismo e dodiálogo entre Judaísmo e Catolicismo e um dospilares do II Concílio do Vaticano (1962-1965).O cardeal alemão Agostinho Bea SJ (Riedböhringen,28 de maio de 1881 — Roma, 16 de novembro de1968) e outros peritos ecuménicos compreenderam anecessidade de um melhor conhecimento e de umaestreita aproximação com as diversas igrejas ecrenças. Para o cardeal jesuíta havia uma longatradição a prosseguir e os tempos daquela épocaurgiam.Foi uma personagem cimeira da Assembleia magnarealizada no Vaticano em 4 sessões e foi, em 1960,nomeado presidente do novo Secretariado para aPromoção da Unidade dos Cristãos, cargo queocupou até à morte. Com o concílio convocado peloPapa João XXIII e continuado pelo Papa Paulo VI a“aproximação das igrejas ganhou novo dinamismo e,hoje, faz parte, podemos dizer, da própria essênciada Igreja” (Cf. Manuel Augusto Rodrigues, In:«Correio de Coimbra», 17 de Janeiro de 2013).O decreto conciliar “Unitatis Redintegratio» (21 deNovembro de 1964) foi um facto assinalável nacaminhada pelo diálogo entre cristãos, o mesmo sepodendo dizer da declaração «Nostra Aetate» sobreas religiões não cristãs em que se louvam os valoresde algumas religiões.Com a valiosa ação do cardeal Agostinho Bea, o II

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Concílio do Vaticano realizou umexcelente trabalho em prol dasrelações da igreja com outrasreligiões e culturas. Tomando comoponto de partida a sua área deespecialidade, a Sagrada Escritura,começou pelo problema judaico.Pesou, certamente, no espíritodeste cardeal que era um entremilhões de alemães queacompanharam de perto oshorrores anti-semíticos da II GuerraMundial (1939-1945).Este cardeal jesuíta presidiu àPeregrinação InternacionalAniversária de maio, em Fátima, (12e 13) de 1964 e que contou comcerca de 500 mil pessoas. Aperegrinação, que contou comcerca de 500 mil

pessoas, teve várias intenções: “Agradecer a Deus o êxito daperegrinação de Paulo VI à TerraSanta; Pedir a união dos cristãos eo pleno êxito do II Concílio doVaticano; Pedir a santificação dasfamílias, o aumento das vocações ea paz no mundo e, particularmente,no ultramar português”.O cardeal Bea foi um dos pilares doII Concílio do Vaticano e, nascelebrações do centenário do seunascimento, o Papa (canonizadorecentemente) João Paulo II realçaque “três documentos” foramespecialmente caros ao CardealBea e “não cessaram de inspirarnumerosas iniciativas da Igreja”.

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Janeiro 2015Dia 24 de Janeiro* Porto - Centro de Congressos daAlfândega do Porto - Encontronacional da Conferência Nacionaldas Associações de Apostolado dosLeigos (CNAL) sobre «Recolocar oHomem no centro da sociedade, dopensamento e da vida» * Portalegre - Dia diocesano daFamília * Lisboa - Convento de SãoDomingos Conferência «Luz queilumina o caminho. A pergunta pelosentido como horizonte do viverhumano» integrada no ciclo «Deonde nos vem a luz?» e proferidapor Juan Ambrosio * Algarve – Olhão - O Sector daCatequese da Infância eAdolescência do Algarve promove oDia Diocesano do Catequista e aconferência «Catequese deAdolescência, uma proposta deSantidade» * Santarém - Torres Novas -Conselho Diocesano da PastoralJuvenil * Porto - Biblioteca MunicipalAlmeida Garrett - A Santa Casa daMisericórdia do Porto, em parceriacom a

autarquia local e o Instituto CulturalD. António Ferreira Gomes promoveum debate sobre o envelhecimentoativo * Funchal - Convento de SantaClara - Curso de orientação familiarna Diocese do Funchal * Setúbal – Sé - Celebraçãonacional do oitavário de oração pelaunidade dos cristãos. * Évora - Montemor-o-Novo (Igrejado Calvário) - Iniciativa «PrayingChallenge» (Desafio de oração)promovida pela Pastoral Juvenil daArquidiocese de Évora e integradana Semana de Oração pela Unidadedos Cristãos. * Lisboa - Igreja do Convento deSão Domingos - Vigília ecuménicana Igreja do Convento de SãoDomingos e promovida pelosDepartamentos Juvenis das IgrejasCatólica, Presbiteriana, Lusitana eMetodista. * Lamego - Igreja de Almacave -Vigília de oração pela unidade doscristãos presidida por D. AntónioCouto

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Dia 25 de Janeiro* Fátima - Museu de Arte Sacra eEtnologia - Encerramento daexposição temporária «Contemplara Glória – Representação daNatividade na Arte Contemporânea»da coleção de presépios de MariaCavaco Silva. * Vietname - Encerramento da visitado prefeito da Congregação para aEvangelização dos Povos, D.Fernando Filoni, ao Vietname. * Setúbal - Cova da Piedade - AParóquia da Cova da Piedade(Diocese de Setúbal) inaugura a«Casa de São Paulo», umaresidência sénior que pretende seruma “nova resposta social para aterceira idade”. * Évora - Igreja do Carmo - Bênçãodas pastas dos finalistas da Escolade Enfermagem de Évora por D.José Alves. * Açores - Ilha de São Miguel(Centro Cívico e Cultural de SantaClara) - Celebração ecuménicaintegrada na Semana de Oraçãopela Unidade dos Cristãos * Lisboa – Rossio - Momento deoração pela paz promovido pelaFundação Ajuda à Igreja que Sofre

* Itália – Ariccia - X Capítulo Geral daSociedade São Paulo com o tema«'Tudo faço pelo evangelho’ (1Cor9,23). Paulistas, evangelizadores-comunicadores. Em Cristo, novosapóstolos para a humanidade» (25de janeiro a 15 de Fevereiro) Dia 26 de Janeiro* Guarda - Casa Episcopal -Encontro de D. Manuel Felício,Bispo da Guarda, com a FEC(Fundação Fé e Cooperação).* Lisboa - Sede do Centro deReflexão Cristã - Conferência sobre«O sonho missionário de chegar atodos - Sínodo Diocesano de Lisboa2016» por D. José Traquina epromovida pelo Centro de ReflexãoCristã. * Lisboa - Auditório da Escola deHotelaria e Turismo de Lisboa -Conferência sobre «A sinodalidadedas comunidades primitivas» pelofrei Isidro Lamelas e integrada nosEncontros de Santa Isabel 2015

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«Recolocar o Homem no centro da sociedade, do

pensamento e da vida» é o tema do SegundoEncontro Nacional de Leigos que decorre no sábado,no Centro de Congressos da Alfandega do Porto.Henrique Leitão, Prémio Pessoa 2014, e o filósofoFabrice Hadjadj, estão entre os participantes nestainiciativa da Conferência Nacional das Associações deApostolado dos Leigos. O encerramento nacional do Oitavário de Oração pelaUnidade dos Cristãos será na Sé Católica da cidadede Setúbal, no dia 24 de Janeiro de 2015 pelas 16h00.«Dá-me de beber!» Foi o tema inspirador para estasemana que procura aprofundar a unidade entre asdiferentes sensibilidades cristãs. A Fundação Ajuda à Igreja que Sofre convida a ummomento de oração pela paz. A iniciativa pretende seruma resposta cristã” aos atentados na Europa, Áfricae Médio Oriente. Será este domingo, a partir das17h00 no Rossio, em Lisboa. A oração termina com aparticipação na Eucaristia na igreja de São Domingos,pelas 18h00. O presidente do Comité Mundial do Escutismo, oportuguês João Armando Gonçalves, vai proferir, dia27 deste mês, em Lisboa, uma conferência sobre ofuturo do movimento escutista. Esta iniciativa –destinada aos escuteiros e público em geral – realiza-se no «Espaço 34» na Sede Nacional do CorpoNacional de Escutas. O cardeal Gianfranco Ravasi estará em Portugal parafalar sobre «Parábolas mediáticas e parábolasevangélicas – Comunicar a fé no tempo da internet».No dia 29 de janeiro, o Perfeito do Conselho Pontifíciopara a Cultura, estará na UCP em Lisboa.

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O que é o Ano Litúrgico?

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Programação religiosa nos media

Antena 1, 8h00RTP1, 10h00Transmissão damissa dominical

11h00 -Transmissão missa 12h15 - Oitavo Dia

Domingo: 10h00 - ODia do Senhor; 11h00- Eucaristia; 23h30 -Ventos e Marés;segunda a sexta-feira:6h57 - Sementes dereflexão; 7h55 -Oração daManhã; 12h00 -Angelus; 18h30 -Terço; 23h57-Meditando; sábado:23h30 - TerraPrometida.

RTP2, 11h18Domingo, dia 25 - PapaFrancisco no Sri Lanka eFilipenas RTP2, 15h30Segunda-feira, dia 26 -Presente e futuro daUnviersidade CatólicaPortuguesa. Entrevista aovice-reitor, padre JoséTolentino Mendonça.Terça-feira, dia 27 - Informação e apresentaçãoda Semana de Estudos Teológicos, com o padreAlexandre Palma;Quarta-feira, dia 28 - Informação e entrevista aopadre João Maria Lourenço sobre a Pastoral daSaúde;Quinta-feira, dia 29 - Informação e entrevista ao padreAntónio Carlos, missionário comboniano, sobre o Anoda Vida Consagrada;Sexta-feira, dia 30 - Apresentação da liturgia dedomingo pela irmã Luísa Almendra e cónego AntónioRego. Antena 1Domingo, dia 25 de janeiro - 06h00 - Iniciativa«Escutar a Cidade» com o jornalista António Marujo ereportagem da primeira sessão. Segunda a sexta-feira, 26 a 30 de janeiro - 22h45 -Ser leigo comprometido: testemunhos de Julio Martin,Isabel Roquette e Henrique Leitão (dias 26,27 e 28jan)Vida Consagrada: irmã Beta Almendra e padre ManuelDomingos (dias 29 e 30 jan)

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Ano B – 3.º Domingo Do TempoComum Como olhamosDeus e osirmãos?

A liturgia da Palavra do 3.º Domingo do Tempo Comumrecorda-nos que Deus ama cada homem e cadamulher e chama-o à vida plena e verdadeira. Aresposta da pessoa ao chamamento de Deus passapor um caminho de conversão pessoal e deidentificação com Jesus.Isso está bem explícito na primeira leitura, através dahistória do envio do profeta Jonas a pregar aconversão aos habitantes de Nínive, disponíveis paraescutar os apelos de Deus e percorrer um caminhoimediato de conversão, o que constitui um modelo deresposta adequada ao chamamento de Deus.Também a segunda leitura nos recorda que, namarcha pela história, somos convidados a viver deolhos postos no mundo futuro, a dar prioridade aosvalores eternos, a convertermo-nos aos valores doReino.No Evangelho, Marcos avisa que a entrada para acomunidade do Reino pressupõe um caminho deconversão e de adesão a Jesus e ao Evangelho, umconvite a todos os homens para se tornarem seusdiscípulos e para integrarem a sua comunidade. Essechamamento é radical e incondicional: exige que oReino se torne o valor fundamental, a prioridade, oprincipal objetivo do discípulo.Podemos dizer que há no Evangelho uma troca deolhares ou olhares trocados. João Baptista põe o seuolhar em Jesus e diz quem Ele é. Jesus olha André e oseu companheiro, interroga-os e convida-os a vir e aver. Estes veem onde Ele mora e ficam com Ele. Andréleva o seu irmão a Jesus que põe nele o seu olhar edá-lhe um novo nome, o que constitui todo umprograma. Olhares que interrogam, olhares quenomeiam, olhares que convidam, olhares que dizem aamizade.

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Troquemos o nosso olhar com oolhar de Deus, olhando o seu FilhoJesus. Voltemo-nos sempre paraCristo. Em comunidade, é bom ouviro apelo à conversão: as nossasmaneiras de viver e de trabalhardevem também, sem cessar, serregeneradas para melhorcorresponder àquilo que Cristoespera de nós. É preciso que,juntos, nos viremos para Ele. E oEvangelho deste domingo é aocasião para um tempo dediscernimento que muito raramentefazemos sobre o nosso olhar deconversão e de adesão à Pessoade Cristo.Hoje termina a semana de oraçãopela unidade dos cristãos.Acolhamos o olhar de Deus em nósque nos

convida à unidade em Cristo no seuEspírito, renovemos o nosso olhar,pela oração e pela conversão dementalidade, em relação a todos osque peregrinam noutras confissõescristãs e que são irmãos nossos.Está a iniciar-se a Semana doConsagrado, em que somosconvidados a olhar aqueles eaquelas que se dedicam a Deus eao próximo nesta forma de vidacristã pela profissão dos votos decastidade, pobreza e obediência.Rezemos que para sejam fiéis à suavocação e missão profética na Igrejae no mundo.

Manuel Barbosa, scjwww.dehonianos.org

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Assistência religiosa e cuidados de saúde:tema apresentado aqui semanalmente

e no programa Ecclesia, RTP2, em cada quarta-feiraEntrevista ao padre João Maria Lourenço

“Se tiver de ser internado(a), não esqueça, peça avisita do capelão aos enfermeiros logo no início dointernamento. Não fique à espera”.

(Comissão Nacional da Pastor al da Saúde)

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Mortes nas urgências hospitalaressão um alertaO coordenador Nacional da Pastoralda Saúde defendeu o aumento deprofissionais de saúde nos hospitaispara que o sistema funcione e semude “uma política de saúdeincompetente”. “Alguma coisa quenão está bem no país a estepropósito e estes alertas sãoimportantes para não deixar ascoisas ficar como estão”, assinalouo padre José Manuel Pereira deAlmeida, em entrevista à AgênciaECCLESIA.Na sequência de sete mortesocorridas nas urgênciashospitalares, o sacerdoteconsiderou “muito importante” acapacidade de “indignação” emrelação aos serviços quando estes“não estão a funcionar comodevem”. “Claro que não podemfuncionar como devem quando nãohá nem médicos, nem enfermeiros,nem condições técnicas para sedesenvolver o serviço que ésuposto ser desenvolvidoatempadamente e com qualidade”,desenvolve o coordenador Nacionalda Pastoral da Saúde, tambémmédico.Neste contexto, o responsáveldestaca que o número deprofissionais de saúde é inferior aos“níveis necessários em relação àsnecessidades” e revela que nãosabe explicar a contratação deprofissionais “vindos de outros lados”

quando os portugueses estão aemigrar.O padre José Pereira de Almeidaobserva que “sempre” se morreu nohospital mas considera que duranteo século XX a morte foi de “algummodo ocultada” uma vez que deixouo ambiente e espaço “da casa e dafamiliaridade” para ser “vivida” deuma forma discreta ou às vezes“oculta no hospital”.Neste sentido, o responsável pelaPastoral da Saúde em Portugaldestaca “felizmente” o aumento daesperança média de vida, masalerta que são precisas condiçõespara cuidar “dos mais velhos” paraque não sejam “relegados paradepósitos onde estão à espera damorte”.Paulo Macedo, ministro da Saúde,alertou contra o que classificoucomo “alarmismo e falsidade” que segeram, do seu ponto de vista, ao“somar casos que não têm nadauma coisa a ver com outra”.Por sua vez, o Ministério da Saúdeadiantou esta segunda-feira que assete mortes nas urgênciashospitalares estão a ser avaliadaspara perceber se estãorelacionadas com o tempo deespera até ao atendimento.

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Valorizar a família cristã e a defesada vidaO coordenador do DepartamentoNacional da Pastoral Familiar disseque a reunião entre ossecretariados diocesanos e aComissão Episcopal do Laicado eFamília foi importante paraprogramar atividades futuras e aapostar na defesa da vida e dafamília. “A grande preocupação é aquestão da vida nascente e vamosprocurar que haja a possibilidade deexistirem ações com maisvisibilidade a nível nacional e emcada diocese”, revelou Luís ReisLopes, sobre a reunião destesábado, em Fátima.Em declarações à AgênciaECCLESIA, o responsável adiantouque os secretariados diocesanos dafamília, nomeadamente Lisboa,Leiria-Fátima, Coimbra e Porto,estão a ponderar fazer “festas”, nofinal da Semana da Vida, em Maio. Anível nacional pretendem sair daigreja para os “centros comerciais eespaços onde as pessoas circulam”para que possam “fazer maisalgumas ações”, tendo mais impactoe visibilidade.Na reunião anual entre oDepartamento Nacional da PastoralFamiliar e os bispos da ComissãoEpiscopal do Laicado e Família

defendeu-se a necessidade de“focar” a questão do “invernodemográfico” e as preocupaçõespara que se criem condições para“os jovens se entusiasmem para“terem filhos”. “As condições sociaise económicas, como o desemprego,não favorecem que exista uma maiornatalidade mas temos esperançaque estas coisas mudem”, observouo interlocutor.Segundo Luís Reis Lopes, osdesejos e objetivos são que afamília seja “sujeita e principaisportadores de evangelização”, emconcreto, a descoberta domatrimónio cristão como “propostaaliciante e sedutora para os jovens”.“Que contribuição a Igreja pode darpara que as famílias e os jovens sesintam encorajados a assumir omatrimónio e ao mesmo tempo setornarem fermento na sociedade epromotores da evangelização. Oanúncio da Boa Nova de viver emfamília e viver a família cristã”,desenvolveu sobre a reflexãoconjunta com os bispos.Para além de analisarem e refletiremo trabalho a nível diocesano e aSemana da Vida, ana reunião emFátima também abordaram oEncontro

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Mundial das Famílias onde o PapaFrancisco vai participar naFiladélfia, Estados Unidos daAmérica, em setembro, as JornadasNacionais da Família e comomotivar, reunir e refletir com asfamílias as perguntas para oSínodos do Bispos em outubro.“A proposta vai no sentido deorganizar encontros de preparaçãonão só do encontro mundial mascomo horizonte o sínodo”,acrescenta o responsável queadianta o objetivo de uma motivaçãoe mobilização como “houve noprimeiro questionário”. Nesteencontro participaram cerca de

50 pessoas, alguns secretáriostiveram atividades nas suasdioceses, e o responsável doDepartamento Nacional da PastoralFamiliar destacou também acooperação entre os movimentos eos secretariados diocesanos com aprogramação de atividades onde“há uma maior partilha, entreajuda eunião”. Outro objetivo é partilharmais a informação no sítio online dodepartamento para a esta “circule” eas “iniciativas muito interessantes”possam ser “agarradas edesenvolvidas” por outras diocesese movimentos.

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Porque não seres freira?Elisabete Almendra, conhecidacomo irmã Beta, é natural daEriceira e o mar sempre foi o seuhorizonte, suscitava-lhe acuriosidade para saber o queestava do outro lado, conheceroutras realidades…Sonhou um dia ser jogadora defutebol mas uma questão vocacionalecoou em si e questionou-a…Porque não seres freira? Esta foi apergunta que “revirou” uma vidaque agora conta já com 19 anos deconsagração nas Irmãs MissionáriasCombonianas.“Houve um encontro de jovens emMafra, com os seminaristas, e houveduas perguntas perguntas que meficaram: Porque não seres padre,ou seres freira?”, explica a irmãBeta Almendra à Agência ECCLESIAcom um sorriso no rosto.E a esta pergunta a religiosapensou silenciosamente “ai quehorror, eu não, quero é jogarfutebol, nem pensar.”A pergunta foi esquisita para aentão jovem “que ficou lá a moer” ecada vez que olhava para as IrmãsServas de Nossa Senhora, umacongregação que conhecia porfrequentar o colégio, sentia que avocação de consagrada não erapara ela, pois não sabia cantar.

“Eu via sempre as irmãs a cantar ossalmos e no coro muito bem, comvozes sempre muito afinadinhas eeu era o oposto, sou muitodesafinada, não pode ser para mim,não canto, não dá!”Decorria na época uma campanhamundial para ajudar as criançasvítimas da fome na Etiópia e asimagens que acompanhavam acanção “We are the world” tocarama jovem Beta Almendra.“Ui, aquelas imagens das criançasda Etiópia cortaram-me o coração”,confessa.Começou a juntar dinheiro paraajudar aquelas crianças com a ajudado seu pároco mas foi a visita de ummissionário comboniano à paróquiaque a fez ter o sonho de partir emmissão. “O exemplo de Jesus emfazer o bem cativou-me e continua acativar hoje… Dar a vida natotalidade foi o desafio, ter o tempointeiro para as coisas de Deus”.Entrou na congregação das IrmãsMissionárias Combonianas há 19anos. Esteve durante sete anos noQuénia onde trabalhou comcomunidades nómadas e semi-nómadas onde a falta de água, “asede e a fome mais

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me meteram impressão, saber quese morre de fome nos dias dehoje…”“Hakuna Matata”, frase conhecidado filme Rei Leão, que quer dizer“não há problemas” no dialeto doQuénia, resume os anos que aconsagrada lá esteve, onde asdesigualdades sociais são “visíveise chocantes.”“Andava no deserto à procura dasaldeias, onde as comunidadesnómadas se instalavam durantesuns dias, e o trabalho pastoralprendia-se na preparação dossacramentos e

na promoção e formação da mulher”.A irmã Beta Almendra ainda hojetraz um fio de missangas onde trazpendurada a sua cruz deconsagrada e as memórias doQuénia fazem-na dizer que “vale apena a missão”.Atualmente vive na comunidade deLisboa e está ligada à pastoraljuvenil procurando sempre um sim àvida missionária como um dia elatambém disse e talvez este anodedicado à vida consagrada possaser “oportunidade e graça” parachamar vocações.

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Desafios à Vida Consagrada

Procurar um sentido paraa vidaComo um imperativo vital, temosque escolher entre duas visões defuturo: viver num mundo onde aspessoas se odeiam, se combatem,ou lutar por uma humanidadeconsciente do seu destino comum,reunida à volta das mesmas causas,dos mesmos valores, preservandosempre e, acima de tudo, adignidade da pessoa, como a pérolaque ninguém ousa perder.Só acreditando nesta aventuracomum podemos dar sentido aositinerários específicos de cada um.Só quando acreditarmos de quevale a pena defender a todo o custoa Vida humana seremos capazes deencontrar um sentido para a nossavida.Ó beleza eterna no paradoxo dohomem de rosto ensanguentado, Tués o sentido mais profundo domistério de cada homem! Dá-me,Senhor, a força para lutar por ummundo diferente, melhor, aonde seproteja a vida e a dignidade de cadaser humano.

Ver a Igreja como fontede criatividadeSe queremos que a Igreja de Cristoilumine o mundo com luz nova, queresponda aos problemas concretosdos homens e das mulheres decada sociedade, há que entender asociedade, todo o fenómeno social,de forma aberta e dinâmica. Épreciso acender lastros decompreensão das diferenças decada sociedade, de cada um, semnos fecharmos nem nodeterminismo, nem nadesesperança. Os perigos e asameaças da sociedade modernapodem ser entendidos como factosdesestabilizadores, mas tambémcomo ocasião e fonte de renovação.Ser Igreja exige saber dar um salto,assumir o papel e a circunstância dooutro, tratá-lo, mesmo com todas asdiferenças, como irmão.Dá-me, Senhor, um espíritocompreensivo, aberto, atendo quese revele na caridade e no Amorque é Deus, a Santíssima Trindade.

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Procurar uma vivênciacristã a partir daexperiência do MistérioOu fazemos a experiência domistério ou estamos condenados aofracasso.Como refere Isabel Allegro deMagalhães, o que deve motivar a“busca humana não é uma religião,mas o que está para além dela: omistério de Deus”. Na sociedademoderna, não há a possibilidade demanter um cristianismo por merareferência cultural ou por adesãobaseada na tradição. Mais cedo oumais tarde, acaba por sedesmoronar. A sociedade de hojeprecisa da afirmação pessoaldeclarada, explícita

. Gente que experiencia o que fala.Não basta ser comentador da fé, épreciso que se viva e encarne o quese reza. Só assim a Palavra se tornapresente da Paixão do Bom Jesus,revelando o mistério do homem e domundo.Senhor, o mistério do homemdesvela-se no mistério de Cristo,morto e ressuscitado. Dá-nos aalegria de proclamar, nos caminhosque cruzamos, a Tua ressurreição.Vinde, Senhor Jesus!

Padre Eduardo Jorge Gomesda Costa Duque

Diretor da Pastoral Universitária daArquidiocese de Braga

(Continua na próxima edição)

Testemunho da irmã Rita Nicolau

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Os desabafos de Suheila, uma cristã idosa em Ankawa

“Isto não é vida!”Desde Junho que Suheila está emfuga. Primeiro, foi obrigada a deixara sua casa, em Mossul. Depois, tevede fugir do campo de refugiados deQaraqosh, ocupados ambos pelosjihadistas do “Estado Islâmico”.Agora vive num contentor,transformado em casa, em Ankawa. “Estamos vivos”, diz Suheila, aorecordar os dias de medo que viveuno ano passado, quando osjihadistas do “Estado Islâmico”irromperam pela cidade de Mossul,onde vivia, e obrigaram os cristãosa fugir levando consigo apenas aroupa que traziam vestida.“Primeiro, dirigimo-nos paraQaraqosh. Porém, quando elesavançaram para lá, em Agosto,vimo-nos obrigados a fugir de novo.Agora estamos aqui, em Ankawadesde há quatro meses. Porém,ninguém está zangado com Deus”,diz, esboçando um sorriso. “Afinalde contas, estamos todos vivos!”Suheila vive agora num contentortransformado em casa, oferecidopela Fundação AIS aos refugiados.Suheila e mais duas centenas defamílias estão agora numa cidadeimprovisada em Ankawa. “De facto,é uma grande melhoria para nós”,explica Suheila.

Estou muito agradecida. No entanto,isto não é vida. Perdemos tudo e opior é que não sabemos quandoregressaremos à nossa terra, se éque regressaremos alguma vez.”Ali perto fica um outro campo derefugiados. Chama-se Mar Elia deAnkawa. Aqui há apenas tendas.São sessenta tendas e 800 cristãos.“Quando chegaram, vinham todosmuito traumatizados”, recorda oPadre Daniel, da Igreja Caldeia. Ascrianças ficaram muito afectadas.“Viam as mães em lágrimas, os paisaos gritos. Era preciso começar areestruturar as suas vidas”, dizeste sacerdote que já nãoesquece o olhar apático, vazio,de tantos adultos depoisda revolta dos primeiros dias,quando começaram acompreender que nuncamais iriam regressar a casa. RecomeçarDepois dos primeiros contentores, aFundação AIS está agoraempenhada na construção deescolas. A primeira abriu as suasportas em Dezembro, em Ankawa.Estão projectadas mais sete.

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Por estes dias calcula-se quecerca de 7 mil crianças poderãocomeçar a regressar à escola. Háum ano, apenas, Suheila nunca iriaimaginar que agora estaria a vivernum contentor em Ankawa. Há umano, apenas, Suheila olhava à suavolta e sentir-se-ia feliz. Possuíauma casa, tinha vizinhos, rotinas.Hoje, olha à sua volta e sóconsegue ver homens, mulheres ecrianças tristes, que choram a vidaque perderam, que têm cicatrizesabertas pelos dias de susto em queforam forçados a fugir, em queforam escorraçados apenas porserem cristãos. Porém, garanteSuheila, “por aqui, ninguém estázangado com Deus”.Mesmo entre tendas, mesmo entre

contentores, os cristãos que vivemem Ankawa agradecem “do fundo docoração” a ajuda dos benfeitoresda Fundação AIS e são, para todosnós, um exemplo extraordinário defé viva.

Paulo Aido | www.fundacao-ais.pt

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Caminhos de Unidade

Tony Neves Espiritano

Todos sabemos que a vontade de Deus é quehaja um só rebanho e um só pastor. Estaafirmação não defende uma unidade semdiversidade. Esta é sinal de riqueza e, por isso,há que cultiva-la e defende-la.Vivo esta Semana da Unidade dos Cristãos emChester, uma cidade muito antiga e histórica nãomuito longe de Liverpool e de Manchester. Apresença cristã é forte, mas as comunidadescatólicas são residuais. Depois de alguns séculosde conflito aberto, as relações são hoje boas,havendo mútua colaboração entre as diversasIgrejas cristãs.É tradição antiga a preparação de um Guiãocomum para esta Semana da Unidade. OConselho Ecuménico das Igrejas e o PontifícioConselho para a Unidade dos Cristãoscongregam esforços, ano após ano, paraencontrar Comunidades por esse mundo alémonde a prática do Ecumenismo (essa grandeexperiência de caminho rumo à unidade) sejaefectiva. Para 2015 foi escolhida uma realidadebrasileira em que cristãos de diferentes Igrejastrabalham em conjunto e preparam o documentode apoio para esta Semana. ‘DÁ-ME DE BEBER’é o tema retirado do encontro de Cristo com aSamaritana junto ao poço de Jacob. Este sedede Cristo está a ajudar os cristãos das diferentesIgrejas a procurar a ‘Água Viva’ que é Cristo,fonte de Unidade.Começa a ser por demais evidente que todos oscaminhos que levam á unidade devem serpercorridos. Mas também se sente que overdadeiro ecumenismo é prático e acontece

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quando as pessoas se encontram,rezam juntas e se dão as mãos naconstrução de um mundo cada vezmais humano, fraterno e cristão. Eestes caminhos estão abertos,mesmo que as rupturas teológicasverificadas ao longo da históriatenham deixado feridas difíceis decicatrizar.Portugal tem já uma tradiçãocimentada de Oração nestaSemana, mas são notáveis outrosesforços que passam por iniciativascomo as que a Equipa Ecuménicado Porto promovem comregularidade. Também Taizé ajudaao Ecumenismo através da oração.O mesmo se pode dizer acerca dotrabalho da Equipa

Ecuménica Jovem. Mas nãopodemos descansar á sombradestas pequenas ‘vitórias’ e há quecontinuar este combate por mais emelhor comunhão entre os Cristãos.Se não temos dúvidas de que Cristoé só um, sentimos a obrigação moralde fazer tudo o que estiver ao nossoalcance para que a Unidadeaconteça nas Igrejas. Este é oobjectivo máximo da Semana daUnidade. Mas mal seria se oEcumenismo ficasse entrincheiradoapenas em oito dias.Trabalhemos juntos e sempre paraque haja ‘um só rebanho e um sóPastor’.

“Pode ouvir o programa Luso Fonias na rádio SIM, sábados às 14h00, ouem www.fecongd.org. O programa Luso Fonias é produzido pela FEC –Fundação Fé e Cooperação, ONGD da Conferência Episcopal Portuguesa.”

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«Novas situações, tanto eclesiais como sociais,económicas, políticas e culturais reclamam hoje,com uma força toda particular, a ação dos fiéisleigos. Se o desinteresse foi sempre inaceitável, otempo presente torna-o ainda mais culpável»(Christifideles laici, 3).

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