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i UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA POLITÉCNICA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL Larissa Aparecida Góes Damasceno EMISSÕES DE METANO ATRAVÉS DO SISTEMA DE COBERTURA DE UM ATERRO SANITÁRIO Salvador 2017

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iUNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

ESCOLA POLITÉCNICA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL

Larissa Aparecida Góes Damasceno

EMISSÕES DE METANO ATRAVÉS DO SISTEMA DE COBERTURA DE UM ATERRO

SANITÁRIO

Salvador

2017

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iiUNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

ESCOLA POLITÉCNICA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL

EMISSÕES DE METANO ATRAVÉS DO SISTEMA DE COBERTURA DE UM ATERRO

SANITÁRIO

Larissa Aparecida Góes Damasceno

Trabalho apresentado ao Programa de Pós-

Graduação em Engenharia Civil como

requisito necessário para a aprovação na

componente curricular ENGM31 –

Qualificação de Mestrado.

Orientadora: Prof. Dra. Miriam de Fátima Carvalho Machado

Salvador

2017

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iiiRESUMO

O sistema de cobertura dos resíduos é um dos mecanismos para evitar ou minimizar a emissão

de metano produzido em aterros sanitários para a atmosfera. Porém, ao longo do tempo e, em

contato com as condições ambientais, a cobertura tem sua eficiência reduzida. As emissões

fugitivas são influenciadas por alguns parâmetros tais como tipo de solo usado, densidade e

teor de umidade do solo, presença de caminhos preferenciais de fluxo (fissuras na camada),

bem como técnica operacional do aterro. Este trabalho tem como objetivo avaliar o

comportamento do sistema de cobertura de um aterro sanitário de grande porte localizado em

uma região de clima tropical, através de investigações realizadas em campo e em laboratório.

A área objeto de estudo está localizada em uma célula do Aterro Sanitário Metropolitano

Centro (Salvador – Ba), uma vez que emissões fugitivas de metano constituem uma das

hipóteses para explicar a redução da produção de metano reaproveitável neste aterro. Em

campo estão sendo realizados ensaios de placa de fluxo estática, com medidas do fluxo de

metano, das pressões estática e diferencial para cada ponto ensaiado; também são

determinadas a umidade e a massa específica do solo da camada de cobertura; além de tomar

informações sobre precipitação até 10 dias antes de cada ensaio e pressão nos drenos de

biogás próximos ao ponto ensaiado. Uma planilha contendo todas as variáveis foi elaborada

para estudar as correlações entre elas, obtendo até o momento baixas correlações para análises

linear e multivariada. Em laboratório, serão feitos a caracterização geotécnica do solo e

ensaios para a determinação da permeabilidade do solo de cobertura à água e a um gás

(nitrogênio), informações que serão usadas para testar correlações. Até o momento, o fluxo

mássico de metano pela camada de cobertura tem variado entre 0 e 245,72 g/m2.dia, valores

que se enquadram nas taxas de emissões reportadas na literatura. Ensaios em trincas e

afastando-se dela até 3 vezes a dimensão da placa estão sendo feitos para compreender melhor

a influência dessa variável nas emissões fugitivas.

Palavras-chave: Aterros sanitários; Sistemas de cobertura; Emissões fugitivas de metano.

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ivSUMÁRIO

RESUMO....................................................................................................................................3

SUMÁRIO..................................................................................................................................4

ÍNDICE DE FIGURAS...............................................................................................................6

ÍNDICE DE QUADROS............................................................................................................8

ÍNDICE DE TABELAS..............................................................................................................9

SÍMBOLOS E ABREVIATURAS............................................................................................10

1 INTRODUÇÃO......................................................................................................................1

1.1 Problema de pesquisa......................................................................................................3

1.2 Hipóteses do trabalho......................................................................................................3

1.3 Objetivos geral e específicos...........................................................................................3

2 REVISÃO DE LITERATURA...............................................................................................5

2.1 Aterros sanitários de resíduos sólidos urbanos................................................................5

2.2 Sistemas de cobertura de aterros sanitários.....................................................................5

2.2.1 Coberturas convencionais........................................................................................7

2.2.2 Coberturas evapotranspirativas................................................................................9

2.2.3 Barreiras capilares.................................................................................................13

2.2.4 Coberturas metanotróficas (ou oxidativas ou biocoberturas)................................16

2.3 Geração de gases em aterros sanitários.........................................................................21

2.3.1 Emissões gasosas através das camadas de cobertura.............................................26

2.4 Métodos de quantificação de emissões fugitivas..........................................................31

2.4.1 Análise da pluma de contaminação com gás traço (infravermelho)......................34

2.4.2 Placas de fluxo.......................................................................................................35

2.4.2.1 Quantidade de ensaios....................................................................................40

2.5 Fluxo de gases em meios porosos.................................................................................42

2.5.1 Determinação da permeabilidade ao gás...............................................................45

3 METODOLOGIA.................................................................................................................50

3.1 Área de Estudo – O Aterro Sanitário Metropolitano Centro.........................................50

3.1.1 Sistema de captação e reaproveitamento de biogás no ASMC..............................51

3.2 Delimitação da Área de Estudo.....................................................................................53

3.3 Materiais e Métodos......................................................................................................55

3.3.1 Ensaio de placa de fluxo........................................................................................57

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v 3.3.1.1 Ensaios de placa realizados............................................................................61

3.3.1.2 Ensaios realizados em trincas........................................................................64

3.3.1.3 Cálculo da vazão de saída do analisador de gás............................................66

3.3.1.4 Cálculo do fluxo de metano através da superfície.........................................68

3.3.2 Determinação do teor de umidade e da massa específica do solo.........................69

3.3.3 Caracterização geotécnica do solo.........................................................................70

3.3.4 Análise dos dados..................................................................................................70

4 RESULTADOS PARCIAIS...................................................................................................72

4.1 Caracterização do solo de coberturas............................................................................72

4.2 Fluxo de metano através da camada de cobertura.........................................................74

4.2.1 Influência das variáveis no fluxo de metano.........................................................75

4.2.2 Ensaios de placa sobre e próximos a trincas..........................................................80

CRONOGRAMA......................................................................................................................85

REFERÊNCIAS........................................................................................................................87

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viÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1. Balanço hídrico de uma cobertura evapotranspirativa...............................................10

Figura 2. Cobertura evapotranspirativa monolítica...................................................................10

Figura 3. Barreira capilar..........................................................................................................13

Figura 4. Representação da distância de falha de uma barreira capilar....................................14

Figura 5. Biocobertura..............................................................................................................16

Figura 6. Fluxograma com fatores que afetam a oxidação do metano em coberturas de aterro

de RSU......................................................................................................................................17

Figura 7. Fases da produção de biogás em aterros sanitários...................................................23

Figura 8. Geração de biogás em função da presença de microorganismos...............................25

Figura 9. Fluxo de metano em função da pressão atmosférica.................................................27

Figura 10. Correlação entre o fluxo de metano e a temperatura do solo: a) verão; b) outono; c)

inverno......................................................................................................................................29

Figura 11. Esquema geral do método da análise de dispersão da pluma dos gases: estudado e

traço...........................................................................................................................................35

Figura 12. Esquemas dos ensaios de placa estática e dinâmica................................................36

Figura 13. Log da permeabilidade do solo ao gás em função do log do teor volumétrico de ar

no solo.......................................................................................................................................45

Figura 14. Esquema do ensaio de permeabilidade ao gás sob carga constante.........................46

Figura 15. Esquema de ensaio de permeabilidade ao ar em câmara triaxial.............................47

Figura 16. Esquema do ensaio de permeabilidade em edômetro..............................................48

Figura 17. Esquema do ensaio de permeabilidade ao gás sob carga variável...........................49

Figura 18. Localização do ASMC na Região Metropolitana de Salvador – Bahia...................50

Figura 19. Comparação entre as medidas de metano previstas pelo modelo de Machado et al.

(2009) e recuperadas pelo sistema de drenagem.......................................................................52

Figura 20. Vista aérea do ASMC e localização da área de estudo............................................54

Figura 21. Detalhe da planta do ASMC apresentando a área delimitada para este estudo.

Legenda.....................................................................................................................................55

Figura 22. Fluxograma de atividades........................................................................................56

Figura 23. a) Dimensões da placa; b) Placa utilizada nos ensaios............................................58

Figura 24. a) Analisador de gás utilizado nos ensaios de placa de fluxo; b) Detalhe da tela....59

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viiFigura 25. Ensaio de placa: a) Formação da vala; b) Vedação da placa; c) Sonda de

temperatura introduzida na placa; d) Ensaio em execução; e) Ponto onde houve um ensaio

após retirada da placa................................................................................................................60

Figura 26. Distribuição de alguns pontos em que foram realizados os ensaios de placa..........63

Figura 27. Precipitação no ASMC durante o período dos ensaios............................................64

Figura 28. Esquema dos ensaios nas proximidades de uma trinca...........................................65

Figura 29. EP-26 após a retirada da placa, ensaio sobre a trinca TR-03...................................66

Figura 30. Medida de profundidade da trinca TR-03................................................................66

Figura 31. Procedimento para medir a vazão de saída do analisador de gás utilizado.............66

Figura 32. Esquema adotado para o cálculo do fluxo mássico de metano................................69

Figura 33. Retirada de amostra para determinação da massa específica aparente do solo.......69

Figura 34. Determinação do teor de umidade: amostras úmidas..............................................69

Figura 35. Curva granulométrica do solo..................................................................................72

Figura 36. Fluxo de CH4: previsto pela equação (18) versus obtido em ensaio.......................79

Figura 37. Fluxo de CH4: previsto pela equação (19) versus obtido em ensaio.......................80

Figura 38. Resultados dos ensaios realizados sobre e próximo a trinca TR-01 (EP-17, EP-18,

EP-19 e EP-20), períodos seco e chuvoso.................................................................................81

Figura 39. Resultados dos ensaios realizados sobre e próximo a trinca TR-02 (EP-50, EP-51,

EP-52 e EP-53), período chuvoso.............................................................................................83

Figura 40. Resultados dos ensaios realizados sobre e próximo a trinca TR-03 (EP-26, EP-27,

EP-28 e EP-29), período chuvoso.............................................................................................84

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viiiÍNDICE DE QUADROS

Quadro 1. Camadas que comumente compõem um sistema de cobertura, sua função e

materiais utilizados.....................................................................................................................6

Quadro 2. Composição de algumas coberturas convencionais finais reportadas na literatura.. .7

Quadro 3. Cobertura adotada em alguns aterros brasileiros.......................................................8

Quadro 4. Alguns estudos realizados com coberturas evapotranspirativas...............................11

Quadro 5. Alguns estudos realizados com barreira capilar.......................................................14

Quadro 6. Parâmetros recomendados para testar a aptidão de materiais compostados na

construção de biocoberturas......................................................................................................18

Quadro 7. Alguns estudos realizados com biocoberturas.........................................................19

Quadro 8. Composição do biogás gerado em aterros sanitários...............................................21

Quadro 9. Principais fatores intervenientes no processo de geração de gases em aterros

sanitários...................................................................................................................................23

Quadro 10. Efeito das variáveis que influenciam na geração de biogás em aterros sanitários.25

Quadro 11. Parâmetros geotécnicos que afetam a emissão de biogás .....................................28

Quadro 12. Fluxo de metano em diferentes camadas de cobertura de aterro sanitário.............31

Quadro 13. Forma, dimensões e volume de placas de fluxo (estática e dinâmica) encontradas

na literatura...............................................................................................................................37

Quadro 14: Valores encontrados na literatura para área de células investigadas e número de

ensaios de placa de fluxo realizados.........................................................................................40

Quadro 15. Fatores intervenientes na movimentação dos gases no aterro................................44

Quadro 16. Normas que descreve os procedimentos dos ensaios.............................................56

Quadro 17. Cronograma de atividades......................................................................................85

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ixÍNDICE DE TABELAS

Tabela 1. Coordenadas de alguns pontos onde foram realizados ensaios de placa...................61

Tabela 2. Dimensões das trincas estudadas e informações dos ensaios realizados no entorno

delas..........................................................................................................................................65

Tabela 3. Determinação da vazão de saída do analisador de gás..............................................67

Tabela 4. Resultados da caracterização geotécnica do solo da área de estudo.........................72

Tabela 5. Umidade e massa específica seca do solo nos pontos onde os ensaios foram

realizados..................................................................................................................................73

Tabela 6. Resultados: fluxo de CH4 obtidos em ensaios realizados em 20 pontos da área de

estudo........................................................................................................................................74

Tabela 7. Resumo dos resultados obtidos em todos os ensaios.................................................76

Tabela 8. Matriz de correlação linear entre as variáveis medidas.............................................77

Tabela 9. Correlação linear entre as variáveis ajustadas pela função (19)................................78

Tabela 10. Correlação linear entre as variáveis ajustadas pela função (20)..............................79

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xSÍMBOLOS E ABREVIATURAS

A Área

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas

ASMC Aterro Sanitário Metropolitano Centro

BATTRE Bahia Transferência e Tratamento de Resíduos

C Concentração da substância por unidade de volume

cm centímetro

ºC Graus Celsius

CH4 Metano

CO Monóxido de carbono

CO2 Dióxido de carbono

CONDER Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia

DD Coeficiente de difusão do gás no meio poroso

DE Dreno de espinha

DG Dreno de gás

DJ Dreno de junção

DM Coeficiente de dispersão mecânica do gás no meio poroso

DP Dreno perfurado

DS Dreno de superfície

DT Dreno transversal

∂C/∂z Gradiente de concentração

dh/dz Gradiente de carga hidráulica

∂P/∂z Gradiente de pressão

ϕ Diâmetro

e Espaçamento

f Emissão fugitiva

Ef Eficiência

g Grama

GEOAMB Laboratório de Geotecnia Ambiental

GCL Geocomposto bentonítico

GMLGSE Guidance on Mnitoring Landfill Gas Surface Emissions

GPR Ground Penetrating Radar

h Hora

H2O Água

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xi

H2S Ácido sufídrico

IP Índice de plasticidade

JA Fluxo advectivo mássico

JD Fluxo difusivo mássico

JM Fluxo dispersivo mecânico

JmES Taxa de emissão mássica

K Permeabilidade intrínseca do meio poroso

kPa Quilopascal

l Litro

L Comprimento

m Metro

mm milímetro

mbar Milibar

min Minuto

MM Massa molecular

Nm3 Metro cúbico padronizado

μmol Micromol

μ Viscosidade dinâmica de um fluido

n Número de pontos de ensaios de placa

η Porosidade do meio

NBR Norma Brasileira

O2 Oxigênio

P Pressão

PVC Policloreto de vinila

Patm Pressão atmosférica

PZ Piezômetro

Q Vazão

R2 Coeficiente de determinação

RMS Região Metropolitana de Salvador

RSU Resíduos sólidos urbanos

s Segundo

SUCS Sistema Unificado de Classificação dos Solos

ρ Densidade de um material

t Tempo

T Temperatura

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xii

UCSal Universidade Católica do Salvador

UFBA Universidade Federal da Bahia

V Volume

WL Limite de liquidez

WP Limite de plasticidade

% Porcentagem

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1 1 INTRODUÇÃO

Do ponto de vista técnico a NBR 8419 (ABNT, 1992, p. 1) define aterro sanitário de

resíduos sólidos urbanos (RSU) como técnica de disposição no solo que não causa danos à

segurança nem à saúde pública e minimiza os impactos ambientais.

Um dos pontos críticos dos projetos de aterros sanitários é o sistema de cobertura final

que deve ser concebido para diminuir a infiltração de água pela superfície, o fluxo de biogás

para a atmosfera e a proliferação de vetores e odores. A cobertura final de um aterro sanitário

muda conforme as características climáticas locais e as geotécnicas do material utilizado, bem

como com a finalidade a que se destina o aterro no que se refere à recuperação de gás e

geração de energia ou apenas tratamento.

O sistema de cobertura dos resíduos é um dos mecanismos para evitar ou minimizar o

escape de metano no aterro sanitário. Porém, ao longo do tempo e em contato com as

condições ambientais, a camada de cobertura reduz a sua eficiência e amplia a possibilidade

de fuga dos gases para a atmosfera. Esta emissão é influenciada por alguns parâmetros

geotécnicos do solo tais como a granulometria, a densidade e o teor de umidade do solo, a

presença de caminhos preferenciais de fluxo (fissuras na camada), bem como a técnica

operacional do aterro.

Uma parte do biogás gerado em aterros atravessa o sistema de cobertura dos resíduos

(camada de solo) e escapa para a atmosfera, mesmo quando o aterro sanitário apresenta um

sistema de captação de biogás.

A biodegradação aeróbia e anaeróbia dos RSU, lançados em aterros (sanitários e

controlados) e lixões, gera produtos na forma líquida e gasosa. Estes necessitam ser

monitorados, tratados e/ou aproveitados a fim de que seja atendido um dos mais importantes

requisitos da implantação de um aterro sanitário que é não degradar o meio ambiente.

O biogás, subproduto da biodegradação de RSU, é constituído por metano (CH4) (55 –

60% do volume produzido), dióxido de carbono (CO2) (40 – 45% do volume produzido), além

de outros gases em menores concentrações.

O metano é um importante gás de efeito estufa, sendo a sua contribuição para o

aquecimento global estimada em 18% e com poder de aquecimento global 25 vezes maior que

o gás carbônico (PAINEL INTERGOVERNAMENTAL DE MUDANÇAS CLIMÁTICAS,

2007 apud SALIM, 2011, p.40; COSTA et al., 2015, p. 2). Os aterros sanitários são

responsáveis por até 20% das emissões de metano geradas pelas atividades antrópicas.

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2Os sistemas de coleta de biogás têm ganhado muita aceitação por diversas razões, tais

como reaproveitamento energético, regulamentações do governo, redução dos odores, de

problemas de saúde e segurança. Entretanto, esses sistemas, não são completamente

eficientes, capturando entre 50 e 90% do total de biogás produzido (MACIEL, JUCÁ, 2011,

p. 974; VALENCIA et al., 2015, p. 7).

A avaliação das emissões fugitivas de biogás é uma importante ferramenta para a

gestão de aterros sanitários, pois permite determinar a eficiência dos sistemas de cobertura e

de coleta de biogás. Para a medição do fluxo de gases pelas camadas de cobertura, os

principais métodos de investigação correspondem à placa de fluxo (estática ou dinâmica) e

análises por infravermelho.

As placas de fluxo são utilizadas para medições pontuais, em que caixas fechadas ou

semiabertas são cravadas no solo, enquanto as análises por infravermelho são utilizadas para

grandes áreas e para uma avaliação geral das emissões nas quais a concentração do biogás é

determinada acima da superfície do aterro por processos óticos e/ou térmicos através da

passagem de luz infravermelha (MARIANO, 2008, p. 58).

Conforme Mariano e Jucá (2010, p. 223), a utilização de placas de fluxo é um método

mais preciso para a determinação do fluxo pontual que não exige mão de obra especializada;

possibilita a determinação das características do solo de cobertura no local do ensaio; permite

a avaliação simultânea de diversos gases; e possibilita a análise da influência da idade do

resíduo, condições atmosféricas e pressões do gás no contato entre o solo e o resíduo. Porém,

possui como maior desvantagem a necessidade de realização de grande quantidade de ensaios

para a determinação da emissão total de um aterro.

No contexto de que a camada de cobertura final de aterros sanitários deve contribuir

para a mitigação das emissões fugitivas (independente da presença de um sistema de

drenagem de biogás); assim como reduzir a infiltração de águas pluviais é que se propões este

estudo.

Este trabalho visa avaliar o comportamento do sistema de cobertura do Aterro

Metropolitano Centro - ASMC (Salvador - Ba) quanto à emissão de metano através de ensaios

de placa de fluxo estática, considerando a influência de trincas, dos drenos de biogás, da

densidade e teor de umidade do solo.

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3 1.1 Problema de pesquisa

Medidas obtidas no sistema de captação de biogás, mostraram que a capacidade de

produção de metano no Aterro Sanitário Metropolitano Centro passou a apresentar valores

cerca de 35 % menor em relação a prevista (em intervalo de confiança de 70 %) considerando

a quantidade de matéria orgânica que entra no aterro (SANTOS, 2011, p. 142). Essa redução

na produção vem sendo estudada e acompanhada pela empresa e por projetos de pesquisa e de

monitoramento com Instituições de Ensino Superior (Universidade Federal da Bahia – UFBA

e Universidade Católica do Salvador – UCSal).

Algumas hipóteses estão sendo investigadas como alteração do ambiente de

decomposição no interior do aterro devido as práticas de operação (como colocar resíduo

novo sobre o antigo), e a aplicação de forte sucção nos drenos de extração de gás, umidade da

massa de resíduo e condições da camada de cobertura.

Este trabalho apresenta um estudo das emissões de metano através do sistema de

cobertura em uma das células do ASMC, considerando a influência de fatores ambientais

(como a precipitação), do sistema de captação de biogás, de parâmetros geotécnicos (como

tipo, teor de umidade e densidade do solo, presença de trincas e fissuras) e das técnicas

operacionais do aterro.

1.2 Hipóteses do trabalho

Dentre as hipóteses de trabalho são destacadas:

• A emissão fugitiva é influenciada pelo efeito da sazonalidade que se expressa na

mudança de umidade do solo;

• A emissão fugitiva é influenciada pela ocorrência de trincas na camada de cobertura

do aterro;

• A ação conjunta de alguns fatores são responsáveis para a variação das emissões de

metano.

1.3 Objetivos geral e específicos

Este estudo possui o objetivo geral de avaliar o comportamento do sistema de

cobertura do Aterro Metropolitano Centro quanto à emissão de metano através de ensaios de

placa de fluxo estática.

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4Dentre os objetivos específicos são destacados:

• Estimar a taxa de emissão superficial de metano pela camada de cobertura em duas

épocas do ano através de ensaios de campo;

• Avaliar a variação das emissões com a ocorrência de trincas;

• Avaliar a influência de algumas variáveis (como sucção nos drenos, massa específica

e umidade do solo, precipitação, permeabilidade do solo ao gás) na emissão fugitiva

de metano.

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5 2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 Aterros sanitários de resíduos sólidos urbanos

Conforme a NBR 8.419 (ABNT, 1992, p. 1), o aterro sanitário de resíduos sólidos

urbanos

é uma técnica de disposição de resíduos sólidos urbanos no solo sem causardanos à saúde pública e à sua segurança, minimizando os impactosambientais, método este que utiliza princípios de engenharia para confinar osresíduos sólidos à menor área possível e reduzi-los ao menor volumepermissível, cobrindo-os com uma camada de terra na conclusão de cadajornada de trabalho, ou a intervalos menores, se necessário.

O projeto de implantação de um aterro sanitário requer sistemas de drenagens

superficial, do lixiviado e do biogás produzidos; de impermeabilização das células;

monitoramento geotécnico e ambiental durante a operação e após o encerramento das

atividades. Também são necessários estudos sobre a área de instalação considerando a

topografia e o tipo de solo, o clima da região e a população atendida.

Um dos pontos importantes desses projetos é o sistema de cobertura do aterro, que

deve ser concebido para reduzir a infiltração de água pela superfície, o fluxo de biogás para a

atmosfera e a proliferação de vetores e odores, ou seja, atenuar a interação da massa de

resíduos com o ambiente externo.

2.2 Sistemas de cobertura de aterros sanitários

As camadas de cobertura são executadas durante o período de operação dos aterros,

chamadas de coberturas intermediárias; e após o encerramento das atividades, conhecidas

como cobertura final. As primeiras geralmente têm menor espessura e são removidas sempre

que há necessidade de disposição de novos resíduos.

A cobertura final de um aterro de resíduos deve ter um desempenho que assegure a

proteção à saúde humana e ao meio ambiente, reduzindo os impactos através da eliminação de

vetores e redução da exalação de odores, a redução da infiltração de água de chuva no aterro,

redução do fluxo de gases e da erosão e recomposição da paisagem (CATAPRETA, 2007;

SANTOS, 2009), além de ter capacidade de suporte para permitir acesso e movimentação na

superfície.

Suas propriedades e critérios de projeto dependem de características geotécnicas do

material utilizado e do clima da região em que o aterro se localiza, além das diretrizes da

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6gestão dos gastos definidos para a unidade. Desta forma, não há um padrão de construção de

sistemas de cobertura e, mesmo havendo uma classificação de acordo a concepção e objetivo

principal dos tipos reportados na literatura, cada projeto é único. Isto torna necessário um

estudo para cada localidade.

De maneira geral, o sistema de cobertura é constituído por uma série de camadas de

solo, por vezes combinadas com algum geossintético (geotêxteis, geomembranas,

geocompostos argilosos, resíduos, entre outros), que devem controlar a infiltração de água

para a massa de resíduos. O Quadro 1 apresenta camadas que comumente constituem um

sistema de cobertura, sua função e os materiais utilizados.

Quadro 1. Camadas que comumente compõem um sistema de cobertura, sua função e materiais

utilizados.

Camada Função Materiais utilizados

Superfície Fazer a interface da atmosfera com as camadas

inferiores; evitar erosão; controlar a temperatura,

infiltração e a evaporação das camadas inferiores.

Solo com vegetação,

geossintéticos, material de

pavimentação, pedregulho.

Proteção Reter infiltração de água; proteger o homem,

animais e vegetais dos contaminantes; proteger as

camadas inferiores do ciclo de molhagem e

secagem; proteger as camadas inferiores do frio e

do degelo.

Solo, materiais reciclados.

Drenagem Reduzir altura da coluna de água em cima da

camada de baixa permeabilidade; reduzir a

saturação das camadas superiores no período de

chuva.

Areia e pedregulhos.

Baixa

permeabilidade

Minimizar a percolação de água; diminuir a saída

de gases.

Argila compacta,

geomembranas, materiais

reciclados

Coleta de gás Coletar; remover os gases liberados do resíduo Areia, pedregulho, geotexteis,

materiais reciclados

Fundação Servir de base para a construção das camadas

superiores sobre o resíduo

Resíduos ou materiais

reciclados

Fonte: Teixeira (2008, p. 9).

Page 19: Larissa Aparecida Góes Damasceno EMISSÕES DE METANO ... · Figura 15. Esquema de ensaio de permeabilidade ao ar em câmara triaxial.....47 Figura 16. Esquema do ensaio de permeabilidade

7 2.2.1 Coberturas convencionais

O conceito de sistema de cobertura convencional de aterro sanitário propõe que a

cobertura funcione como uma barreira impermeável entre os resíduos e o ambiente externo.

Esse tipo de barreira, também chamada de resistiva, atua de modo a tentar impedir a

infiltração de água de chuva e a liberação de gases para a atmosfera.

Geralmente, é composta por: camadas de solo com baixa condutividade hidráulica

saturada (entre 1.10-5 e 1.10-9 cm/s), compactadas e com espessura variável (em média 60

cm); uma ou mais camadas de geossistéticos; além de uma camada de solo orgânico para

suporte de vegetação.

Nos Estados Unidos, segundo os requisitos para projetos de aterros sanitários de

resíduos municipais, o sistema de cobertura final deve possuir uma camada de argila

compactada com coeficiente de permeabilidade menor ou igual a 10-5 cm/s. No caso de

aterros sanitários para resíduos perigosos, deve ser menos ou igual a 1.10-7 cm/s (UNITED

STATES ENVIRONMENTAL PROTECTION AGENCY - USEPA, 2003, p. 1-2). O Quadro

2 apresenta a composição de alguns sistemas de cobertura final convencionais adotados em

alguns países.

Quadro 2. Composição de algumas coberturas convencionais finais reportadas na literatura.

Referência Aterro Composição da cobertura

Capaccioni et al.

(2011)

Aterro Fano (Itália),

Seção I encerrada em

1996.

Uma camada de argila não compactada sobreposta de

uma camada de argila compactada, uma camada

drenante de geotêxtil e uma camada de solo orgânico.

Scheutz et al.

(2011, A)

Aterro AV Miljø

(Dinamarca), Célula 1.3

encerrada em 2001.

Uma camada de cascalho (espessura: 20 cm)

sobreposta por uma camada de solo argiloso

(espessura: 1,0 m) e solo orgânico (espessura: 20 cm).

Scheutz et al.

(2011, B)

Aterro Fakse

(Dinamarca), Seção I

encerrada em 1997.

Uma camada de solo argiloso (espessura: 3,0 m).

Schroth et al.

(2012)

Aterro Lindenstock

(Suíça), atividades

encerradas em 1994.

Camada de areia siltosa (espessura: 2 – 2,5 m)

contendo intermitentes camadas de argila, cascalho e

pedregulho.

Gallego et al.

(2014)

Aterro Can Planas

(Espanha), atividades

encerradas em 1995.

Uma camada de argila compactada (espessura: 1,0 m),

sobreposta de uma camada de pedregulho (espessura:

20 cm) e solo orgânico (espessura: 20 cm)

Page 20: Larissa Aparecida Góes Damasceno EMISSÕES DE METANO ... · Figura 15. Esquema de ensaio de permeabilidade ao ar em câmara triaxial.....47 Figura 16. Esquema do ensaio de permeabilidade

8Scheutz et al.

(2014)

Aterro Klintholm

(Dinamarca), Célula 0

encerrada em 1997.

Uma camada de solo argiloso (espessura: 3,0 – 4,0 m).

É possível notar no Quadro 2 a variabilidade na composição de coberturas resistivas,

inclusive em aterros construídos no mesmo país.

No Brasil, é comum o uso coberturas resistivas como sistema de cobertura de aterros

sanitários. Em geral, os recobrimentos utilizados no Brasil são constituídos por uma camada

de solo argiloso pouco erodível (espessura: entre 0,6 e 1,5 m), sobre a qual é realizada a

implantação da vegetação, normalmente espécies gramíneas (MAGALHÃES, 2005, p. 11) O

Quadro 3 apresenta a composição de coberturas adotadas em alguns aterros brasileiros.

Quadro 3. Cobertura adotada em alguns aterros brasileiros.

Referência Aterro Tipo de

cobertura

Composição da cobertura

Machado et al.

(2009)

Aterro Sanitário

Metropolitano Centro

(Salvador - Ba)

Final Uma camada de solo argiloso (espessura:

60 cm), drenos superficiais, uma membrana

geotêxtil de PVC, uma camada de solo

orgânico (espessura: 20 cm).

Temporária Uma camada de solo (k < 10-5 cm/s,

espessura: 60 cm)

Rosa,

Dalmolin,

Pedron (2011)

Aterro de RSU de

Santa Maria (Santa

Maria - RS)

Final Uma camada de solo argiloso (espessura:

0,20 – 1,00 m)

Silva, Freitas

e Candiani

(2013)

Aterro Bandeirantes

(São Pulo - SP)

Temporária Uma camada de solo argiloso (espessura:

50 cm)

Aterro Caieiras

(Caieiras - SP)

Temporária Uma camada de solo argiloso (espessura:

50 cm)

Catapreta e

Simões (2011)

Aterro Sanitário de

Belo Horizonte (Belo

Horizonte - MG)

Temporária Uma camada de resíduos da construção

civil (espessura: 50 cm)

Magalhães

(2005)

Final Uma camada de solo misturada com

resíduos da construção civil (espessura:

0,50 – 2,00 m) sobreposta de uma camada

de solo argiloso (espessura: 0,50 – 2,00 m)

Page 21: Larissa Aparecida Góes Damasceno EMISSÕES DE METANO ... · Figura 15. Esquema de ensaio de permeabilidade ao ar em câmara triaxial.....47 Figura 16. Esquema do ensaio de permeabilidade

9É possível perceber no Quadro 3 que há uma variação na espessura das camadas

porém dentro da faixa citada por Magalhães (2005, p. 11). A cobertura temporária geralmente

tem uma única camada de solo com espessura média de 50 cm, certamente pelo fato que são

removidas sempre que há uma necessidade.

O desempenho satisfatório das barreiras resistivas tem sido observado em regiões de

clima úmido, onde há um excesso de precipitação sobre a evaporação, de modo que a camada

solo argiloso compactado tende a se manter saturada. A baixa condutividade hidráulica da

cobertura restringe a infiltração, convertendo o excesso de precipitação em escoamento

superficial.

Entretanto, em regiões de clima árido ou semi-árido, a formação de fissuras, devido o

ressecamento de camadas de argila, têm proporcionado um desempenho inadequado

(CATAPRETA, 2007, p. 15).

Albrecht e Benson (2001) analisaram o efeito da dissecação em oito solos argilosos

(com índice de plasticidade entre 11 e 46%) utilizados em camadas de cobertura. Neste

estudo, amostras foram compactadas nas energias Proctor normal e modificado; submetidas a

ciclos de secagem e umedecimento; e a ensaios de permeabilidade. Os autores observaram

que as amostras fissuradas após secagem tiveram sua permeabilidade aumentada em até 500

vezes, que os maiores aumentos ocorreram após o fim do primeiro ciclo e nas amostras com

umidade ótima.

Ainda neste sentido, Osinubi e Bello (2009) estudaram a retração em amostras de solo

a fim de avaliar seu uso em camadas de contenção de contaminantes. As amostras foram

compactados a -2, 0, 2 e 4% da umidade ótima e submetidas a secagem ao ar. Os autores

observaram que as amostras que a menor retração volumétrica foram as compactadas a 2%

abaixo da umidade ótima.

A retração volumétrica do solo e, consequente, formação de fissuras aumenta a

permeabilidade da cobertura à água e aos gases proporcionando um aumento da infiltração de

água e da emissão fugitiva de biogás (OLIVEIRA, 2013, p. 15).

2.2.2 Coberturas evapotranspirativas

Sistema de cobertura cuja limitação da percolação ao longo do perfil é garantida pela

capacidade do solo de armazenar água durante os períodos de chuva e da vegetação de

devolver para a atmosfera através de evapotranspiração durante os períodos de estiagem.

Page 22: Larissa Aparecida Góes Damasceno EMISSÕES DE METANO ... · Figura 15. Esquema de ensaio de permeabilidade ao ar em câmara triaxial.....47 Figura 16. Esquema do ensaio de permeabilidade

10Coberturas evapotranspirativas utilizam elementos do balanço hídrico para minimizar

a percolação, dentre tais elementos podem ser citados a capacidade de campo do material

utilizado, precipitação pluviométrica, escoamento superficial, evapotranspiração e infiltração

(USEPA, 2003, p. 1-2). A Figura 1 mostra um esquema típico do balanço hídrico de uma

cobertura evapotranspirativa.

Figura 1. Balanço hídrico de uma cobertura evapotranspirativa.

Fonte: Zonrberg et al. (2010, p. 22).

O perfil típico de uma cobertura evapotranspirativa é composto por uma espessa

camada de solo relativamente fino e graduado, tal como areia siltosa ou argila arenosa, capaz

de suportar vegetação. Esse perfil é conhecido como cobertura monolítica ou monocamada,

justamente por ser composta de uma única camada de solo. O esquema da cobertura

monolítica é apresentado na Figura 2.

Figura 2. Cobertura evapotranspirativa monolítica.

Fonte: Santos (2009, p. 42).

Conforme Sun, Yuen e Fourie (2010, p. 2082), o uso de uma camada de geotêxtil entre

a massa de resíduos e a camada de solo possibilita a criação de uma barreira capilar capaz de

reter até 70 mm a mais de água se comparado a uma camada monolítica sem geotêxtil.

Evaporação

Vegetação

Massa de resíduos

Page 23: Larissa Aparecida Góes Damasceno EMISSÕES DE METANO ... · Figura 15. Esquema de ensaio de permeabilidade ao ar em câmara triaxial.....47 Figura 16. Esquema do ensaio de permeabilidade

11As coberturas evapotranspirativas ganharam interesse nos últimos anos, o que tem

conduzido estudos avaliando sua performance quanto a percolação principalmente. O Quadro

4 cita alguns exemplos.

Quadro 4. Alguns estudos realizados com coberturas evapotranspirativas.

Referência Local Método de

avaliação

Descrição da cobertura Resultados obtidos

Benson et

al. (2002)

Califórnia

(Estados Unidos)

Lisímetro de

drenagem

Uma camada de areia

argilosa (espessura: 1,38 m)

sobreposta de uma camada

de solo orgânico (espessura:

15 cm), vegetação com

gramas e arbustos.

Durante 775 dias de

monitoramento, com

precipitação total de

87,4 cm, a percolação

média foi de 0,09

cm/ano.

Geórgia (Estados

Unidos)

Uma camada de solo argiloso

(espessura: 80 cm)

sobreposta de uma mistura de

resíduo de compostagem e

argila (espessura: 60 cm),

vegetação com gramas e

álamos.

Durante 510 dias de

monitoramento, com

precipitação total de

125,4 cm, a percolação

média foi de 12,8

cm/ano.

Barnswell e

Dwyer

(2011)

Aterro no

nordeste de Ohio

(Estados Unidos)

Lisímetro de

drenagem

Uma camada de areia

(espessura: 30 cm)

sobreposta de uma mistura de

solo e lodo de esgoto

(proporção em

massa:85/15%, espessura:

1,20 m), uma camada de solo

orgânico (espessura: 20 cm)

com sementes de grama

(teste 1) e grama alta (teste

2).

Durante um ano de

monitoramento, com

precipitação anual

entre 91,12 e 95,72 cm,

a percolação produzida

foi de: entre 6,71 e

24,16 cm/ano (teste 1),

entre 0,12 e 11,44

cm/ano (teste 2).

Sun, Yuen e

Fourie

(2010)

Ensaios em

laboratório

(Universidade de

Melbourne,

Austrália)

Simulação

do lisímetro

de drenagem

construído

no Aterro

Uma camada de areia

(espessura: 15 cm)

sobreposta de uma camada

de pedregulho (espessura: 15

cm), uma manta de geotêxtil

Aumento do teor de

umidade na camada de

solo acima do geotêxtil

entre 6 e 8%. Retenção

de até 70 mm a mais de

Page 24: Larissa Aparecida Góes Damasceno EMISSÕES DE METANO ... · Figura 15. Esquema de ensaio de permeabilidade ao ar em câmara triaxial.....47 Figura 16. Esquema do ensaio de permeabilidade

12Taylors Road

(Austrália)

como barreira contra raízes e

uma mistura de solo arenoso

com resíduo de compostagem

(proporção 5:1, em massa,

espessura: 1,7 m).

água se comparado a

uma camada sem

geotêxtil.

Barnswell e

Dwyer

(2012)

Aterro no

nordeste de Ohio

(Estados Unidos)

Lisímetro de

drenagem

Uma camada de areia

(espessura: 30 cm)

sobreposta de uma mistura de

solo e lodo de esgoto

(proporção em

massa:85/15%, espessura:

1,20 m), uma camada de solo

orgânico (espessura: 20 cm)

com sementes de grama

(teste 1) e grama alta (teste

2).

Após o primeiro ano de

monitoramento, com

precipitação anual de

94 cm, a percolação

média produzida foi

de: 17 cm (teste 1) e de

4 cm (teste 2).

Após o segundo ano,

com 69 cm/ano de

precipitação, a

percolação média foi

de 3 cm/ano (teste 1) e

10 cm/ano (teste 2).

Mudança ocorrida por

conta da redução da

biomassa.

Coberturas evapotranspirativas também podem melhorar as condições de oxidação de

metano reduzindo sua emissão para a atmosfera, uma vez que permitem a aeração da camada.

A adição de resíduos de cinza no solo da cobertura (em uma proporção inferior a 35%)

aumenta a concentração de carbono, estimula o crescimento de plantas e aumenta o potencial

de oxidação de metano, que é relacionado à quantidade de carbono orgânico presente no solo

(KIM et al., 2016, p. 311).

Porém, tal como acontece com qualquer sistema alternativo, existem desvantagens

para estes sistemas. Coberturas evapotranspirativas não são apropriadas em locais onde a

evapotranspiração é insuficiente para remover a precipitação ou onde a geologia é

desfavorável. Quanto aos custos, permanecem baixos se o solo necessário estiver disponível

na proximidade do aterro; por causa aumento da espessura (quase 3,0 m em alguns casos) o

custo de transporte pode exceder ao de construir uma cobertura convencional (BRANDON,

VALENTINE, 2017, p. 324).

Page 25: Larissa Aparecida Góes Damasceno EMISSÕES DE METANO ... · Figura 15. Esquema de ensaio de permeabilidade ao ar em câmara triaxial.....47 Figura 16. Esquema do ensaio de permeabilidade

13Estes sistemas são considerados potencialmente aplicáveis em áreas com clima árido

ou semiárido (USEPA, 2003, p. 4), podem ser uma opção viável para as condições brasileiras

a depender de análises técnica do material utilizado e de análises econômica, climáticas e

ambientais do local.

2.2.3 Barreiras capilares

De maneira geral, uma barreira capilar é um sistema evapotranspirativo composto por

duas camadas de materiais com granulometrias diferentes, onde a capacidade de

armazenamento de uma camada de solo fino é elevada devido à presença de uma camada

subjacente de solo com textura granular. A Figura 3 apresenta o perfil de uma barreira capilar.

Figura 3. Barreira capilar.

Fonte: Santos (2009, p. 43).

A primeira camada de solo, assim como a cobertura monolítica, tem a função de

armazenar água até esta ser removida do solo através da evapotranspiração. Na interface entre

as duas camadas, a mudança brusca de porosidade resulta no efeito final que é o bloqueio

capilar da passagem de líquido para camadas subjacentes (USEPA, 2003, p. 3-4). A segunda

camada também contribui para a drenagem horizontal de biogás.

Durante uma precipitação primeiro efeito é a retenção de água na camada superior e o

segundo, o fluxo livre horizontal da água na mesma camada. Para permitir um fluxo livre de

água na camada superior, é necessária uma inclinação mínima entre 10 a 20° (IZZO,

MAHLER, ROSE, 2013, p. 304). Quando a camada superior atinge sua capacidade máxima

de retenção de água, o efeito da ascensão capilar na interface das camadas desaparece e a

infiltração ocorre. A Figura 4 apresenta a distância de falha de uma barreira capilar.

Evapotranspiração

Vegetação

Barreira capilar

Massa de resíduos

Page 26: Larissa Aparecida Góes Damasceno EMISSÕES DE METANO ... · Figura 15. Esquema de ensaio de permeabilidade ao ar em câmara triaxial.....47 Figura 16. Esquema do ensaio de permeabilidade

14Figura 4. Representação da distância de falha de uma barreira capilar.

Fonte: Izzo, Mahler e Rose (2013, p. 304).

A distância de falha da barreira capilar quase máxima pode ser obtida com um

contraste modesto entre os materiais fino e grosso. Conforme Smesrud e Selker (2001, p.

887), para uma dada combinação de taxa de infiltração, inclinação da interface e

características do material fino representando o caso mais conservador, 80% da máxima

distância de falha pode ser obtida com uma camada subjacente de material 2,5 vezes mais

grosso que o da camada superior. Com um material 5 vezes mais grosso que o da camada

superior, 90% da máxima distância de falha pode ser obtida.

A barreira capilar pode se restaurar após repetidos ciclos de secagem e umedecimento.

Em ensaios de infiltração realizados em colunas compostas por pedregulhos de diferentes

granulometrias (espessura total: 80 cm), Stormont e Anderson (1999) observaram que após 8

ciclos de secagem e umedecimento não foram evidenciadas mudanças substanciais na

interface das camadas.

No Quadro 5, estão apresentados alguns estudos realizados com barreira capilar.

Quadro 5. Alguns estudos realizados com barreira capilar.

Referência Local Método de

avaliação

Descrição do perfil Resultados obtidos

Benson et

al. (2002)

Utah

(Estados

Unidos)

Linsímetro Uma camada de areia

(espessura: 30 cm)

sobreposta de uma camada

de areia siltosa (espessura:

30 cm), uma de pedregulho

(espessura: 30 cm), outra de

areia siltosa (espessura: 90

Durante 381 dias de

monitoramento, com

precipitação total de 34,2 cm,

a percolação foi de 0,05

cm/ano.

Page 27: Larissa Aparecida Góes Damasceno EMISSÕES DE METANO ... · Figura 15. Esquema de ensaio de permeabilidade ao ar em câmara triaxial.....47 Figura 16. Esquema do ensaio de permeabilidade

15cm) e uma mistura de silte e

areia (espessura: 20 cm),

vegetação com gramas e

arbustos.

Nebraska

(Estados

Unidos)

Uma camada de solo argiloso

(espessura: 75 cm)

sobreposta de uma camada

de argila siltosa (espessura:

45 cm) e solo orgânico

(espessura: 15 cm),

vegetação com grama.

Durante 342 dias de

monitoramento, com

precipitação total de 57,8 cm,

a percolação foi de 10

cm/ano.

Zhan et al.

(2014)

Hangzhou

(China)

Ensaios em

uma barreira

capilar

esperimental

de 2,0 x 1,0 x

1,2 m

Uma camada de pedregulho

(espessura: 10 cm)

sobreposta de uma de areia

(espessura: 10 cm), uma de

silte (espessura: 20 cm) e

uma de solo orgânico

(espessura: 15 cm).

Durante 2 anos de

monitoramento, com

precipitação total de 344,84

cm, percolação foi de 0,26

cm, o escoamento superficial

foi 83,64 cm, a

evapotranspiração foi de

203,83 cm e a drenagem

lateral foi de 58,18 cm.

Zhang, Sun

e Qui

(2016)

Hangzhou

(China)

Ensaios de

coluna

Uma camada de pedregulho

(espessura: 15 cm)

sobreposta de uma camada

de areia pedregulhosa

(espessura: 20 cm), uma de

argila siltosa (1,0 m) e

vegetação.

Durante 541 dias de

monitoramento, com

precipitação total de 236,1

cm, a percolação foi de 6,74

cm, o escoamento superficial

foi 8,84 cm e a

evapotranspiração foi de

220,5 cm.

Os resultados obtidos por Vieira (2005) mostraram que o balanço de água em barreiras

capilares é influenciado mais por chuvas menores e de longa duração que maiores e de curta

duração, sendo as primeiras mais desfavoráveis à eficiência da barreira capilar.

Resultados de monitoramento de barreiras capilares teste indicam que sua aplicação

também pode ter sucesso em locais com clima úmido, no entanto, em campo deve-se observar

algumas diferenças que podem afetar o desempenho das coberturas como comprimento da

Page 28: Larissa Aparecida Góes Damasceno EMISSÕES DE METANO ... · Figura 15. Esquema de ensaio de permeabilidade ao ar em câmara triaxial.....47 Figura 16. Esquema do ensaio de permeabilidade

16drenagem lateral, recalque diferencial das camadas, erosão no talude. Além disso, é

importante que seja mantida uma vegetação madura de modo que evapotranspiração fique

próxima ou superior à precipitação (BENSON et al., 2002; ZHAN et al., 2014; ZHANG,

SUN, QUI, 2016).

2.2.4 Coberturas metanotróficas (ou oxidativas ou biocoberturas)

Ao longo do perfil de biocoberturas são usados materiais biologicamente ativos,

capazes de oxidar o gás metano e, consequentemente, reduzir sua emissão para a atmosfera.

Este tipo de cobertura geralmente é composta por duas camadas: uma camada de solo

granular que promove a distribuição do biogás produzido pela decomposição dos resíduos; e

uma camada de solo biologicamente ativo, que pode ser composta por resíduo de poda e que

promove a oxidação biológica do metano. A Figura 5.apresenta um esquema deste tipo de

cobertura.

Figura 5. Biocobertura.

Fonte: Scheutz et al. (2011 C, p. 1019).

A oxidação do metano por bactérias metanotróficas (ou metanogênicas) tem como

produtos a água e o gás carbônico, conforme apresentado na equação (1) (SALIM, 2011, p.

45).

2CH 4+2O2→CO2+2 H2 O+210,8kcal/mol (1)

Camada de solo granular

Page 29: Larissa Aparecida Góes Damasceno EMISSÕES DE METANO ... · Figura 15. Esquema de ensaio de permeabilidade ao ar em câmara triaxial.....47 Figura 16. Esquema do ensaio de permeabilidade

17Conforme Maciel (2009, p.57), a relação oxigênio/metano ideal para a otimização das

atividades metanotróficas é de 2:1 (em volume) e a concentração mínima de oxigênio

requerida é de 3%.

A oxidação do CH4 é depende de diversos fatores, como por exemplo: presença de

micro-organismos metanotróficos; propriedades do material de cobertura (porosidade, a qual

afeta o coeficiente de difusão de gás; grau de saturação de água, pH, temperatura, umidade,

disponibilidade de nutrientes, principalmente nitrogênio e fósforo); variáveis climáticas como

pressão atmosférica, precipitação, temperatura (LOPES, 2011; SALIM, 2011). A Figura 6

apresenta um fluxograma com os fatores que afetam a oxidação do metano em coberturas de

aterro de RSU.

Figura 6. Fluxograma com fatores que afetam a oxidação do metano em coberturas de aterro de RSU.

Fonte: Maldaner (2011, p. 27).

De forma geral, os fatores físico-químicos fornecem um habitat favorável à atividade

das bactérias metanotróficas; os geotécnicos favorecem o fluxo de biogás e a difusão de

oxigêncio; os antrópicos condicionam o fluxo de entrada de metano na superfície. No entanto,

a influência de cada fator é difícil de ser detectada devido à forte interação entre os mesmos,

conduzindo à formação de um microambiente específico (MALDANER, 2011, p. 27).

A caracterização de diferentes materiais compostados fornece informações sobre a

aptidão da camada à oxidação do metano. O Quadro 6 resume valores recomendados para

alguns parâmetros que podem indicar a aptidão do material biologicamente ativo à oxidação

do metano.

Page 30: Larissa Aparecida Góes Damasceno EMISSÕES DE METANO ... · Figura 15. Esquema de ensaio de permeabilidade ao ar em câmara triaxial.....47 Figura 16. Esquema do ensaio de permeabilidade

18Quadro 6. Parâmetros recomendados para testar a aptidão de materiais compostados na construção de

biocoberturas.

Parâmetros Valores recomendados Observações

Densidade 0,8 – 1,1 kg/l -

Teor de umidade 30 – 50% É recomendado teor de umidade inicial de cerca de

50% da capacidade de retenção de água

Capacidade de

retenção de água

30 – 130% Em climas áridos é recomendado alta capacidade de

retenção de água

Volume de poro

com ar

> 25% 25% é o mínimo, mais adequado > 30% ao teor

médio de umidade

Distribuição

granulométrica

0,063 – 2 mm: 20 – 30%

6,3 mm: 40%

6,3 – 20 mm: 20 – 40%

> 20 mm: 10%

Valores aproximados para uma estrutura de

compostagem bem balanceada

Condutividade < 4 mS Bactérias metanotróficas são tolerantes a altos

valores de condutividade

pH 6,5 – 8,5 Bactérias metanotróficas são tolerantes a altos

valores de pH

Teor de orgânico > 15% Alto conteúdo de orgânico é favorável – a matéria

orgânica deve ser estável e madura

Teor de carbono

orgânico

> 7% Parâmetro substituto do teor orgânico

Fósforo total > 0,3% É um essencial nitriente para bactérias

metanotróficas

Nitrito < 0,1% É um forte inibidor da oxidação de metano

Fonte: Huber-Humer e Lencher (2009, p. 2096).

Essas recomendações derivaram de resultados e experiências em que foram analisados

parâmetros relevantes de diferentes resíduos de compostagem e o seu potencial de oxidação

(HUBER-HUMER , LECHNER, 2009, p. 2096).

A performance de biocoberturas geralmente é verificada por duas principais

estratégias: monitoramento do efeito da redução relativa de emissões, isto é determinação das

emissões de metano comparadas a valores de referência; e investigação do processo de

oxidação microbiana e de sua eficiência in situ ou em laboratório (HUBER-HUMER ,

LECHNER, 2009, p. 2093). O Quadro 7 apresenta alguns estudos em que foram avaliadas

Page 31: Larissa Aparecida Góes Damasceno EMISSÕES DE METANO ... · Figura 15. Esquema de ensaio de permeabilidade ao ar em câmara triaxial.....47 Figura 16. Esquema do ensaio de permeabilidade

19biocoberturas de diferentes composições, através de investigações em campo e em

laboratório.

Quadro 7. Alguns estudos realizados com biocoberturas.

Referência Local Descrição da biocobertura Método de

avaliação

Resultados

obtidos

Barlaz et al.

(2004) apud

Scheutz et al.

(2011, C)

Aterro Outer

Loop

Kentucky

(Estados

Unidos)

Duas zonas de biocobertura

com 2200 m2, sobrepondo

uma camada de solo argiloso

de 1 m de espessura.

Material ativo: resíduo de

quintal compostado.

Ensaios de placa

de fluxo estática,

análise da

oxidação de CH4

através de medidas

isótopos estáveis

de carbono.

Fluxo de CH4

variou entre -1,73

e 1,33 g/m2.dia.

Em testes com

emissões positivas,

a biocobertura foi

responsável por

55% da oxidação

de CH4.

Stern et al.

(2007)

Aterro Leon

County

(Estados

Unidos)

Três células de 7,6 x 7,6 m

cuja biocobertura era

constituída por uma camada

de vidro (espesura: 10 cm)

sobreposta por uma camada

de solo biologicamente ativo

(espessura: 50 cm). Material

ativo: resíduo de quintal

compostado.

Ensaios de placa

de fluxo estática,

análise da

oxidação de CH4

através de medidas

isótopos estáveis

de carbono.

Após 3 meses da

instalação, a

biocobertura foi

responsável por 41

a 64% da oxidação

de CH4.

Einola et al.

(2009)

Aterro Aikkala

(Finlâdia)

Todo aterro (3,9 hectares)

coberto com: uma camada

drenante de pedregulho

(espessura: 50 cm)

sobreposta com uma camada

de solo compactado

(espessura: 50 cm, k: entre

10-4 e 10-5 cm/s) e uma

camada de solo

biologicamente ativo

(espessura: 50 cm). Material

ativo: mistura de lodo

Ensaios de placa

de fluxo estática.

Fluxo de CH4

variou entre 0,86 e

6,2 m3.ha-1.h-1. A

biocobertura foi

responsável por 25

a 46% da oxidação

de CH4.

Page 32: Larissa Aparecida Góes Damasceno EMISSÕES DE METANO ... · Figura 15. Esquema de ensaio de permeabilidade ao ar em câmara triaxial.....47 Figura 16. Esquema do ensaio de permeabilidade

20compostado e turfa.

Cabral et al.

(2010)

Aterro St-

Nicéphore

(Canadá)

Três células de 2,75 x 9,75

m cuja biocobertura era

constituída por uma camada

de pedregulho de 12,7 mm

(espessura: 2,00 m)

sobreposta por uma camada

de pedregulho de 6,4 mm

(espessura: 10 cm) e por

uma de solo biologicamente

ativo (espessura: 80 cm).

Material ativo: mistura de

areia e resíduo de

compostagem.

Ensaios de placa

de fluxo estática,

análise da

oxidação de CH4

através de medidas

isótopos estáveis

de carbono.

A biocobertura foi

responsável por

2,9 a 89,7% da

oxidação de CH4.

Scheutz et al.

(2011, C)

Aterro Fakse

(Dinamarca)

Dez zonas de biocobertura

com 5000 m2, compostas

pedregulho (espessura: 15

cm) sobreposto com solo

ativo (espessura: 100 cm).

Material ativo: resíduo de

quintal compostado.

Ensaios de placa

de fluxo estática,

análise da

oxidação de CH4

através de medidas

isótopos estáveis

de carbono.

Em um ano de

monitoramento,

redução de 28% da

emissão de . A

biocobertura foi

responsável por 16

a 41% da oxidação

de CH4.

Araujo

(2014)

Laboratório de

Geotecnia da

Universidade

Federal de

Pernambuco

Colunas de 60 cm de altura

e 15 cm de diâmetro interno,

compostas por solo

compactado (espessura: 30

cm) sobreposto de 30 de

uma mistura de solo com

resíduos de compostagem

(50/50% em massa)

Simulação de uma

biocobertura de

através de ensaios

de coluna: Injeção

de metano na base

da coluna e

medidas de

umidade e

concentração de

CH4 ao longo do

perfil.

Retenção média de

60% do CH4

injetado nas

colunas.

Várias técnicas comumente usadas para monitorar emissões de metano em aterros

sanitários podem ser aplicadas em biocoberturas. No entanto, quando se utilizam materiais de

Page 33: Larissa Aparecida Góes Damasceno EMISSÕES DE METANO ... · Figura 15. Esquema de ensaio de permeabilidade ao ar em câmara triaxial.....47 Figura 16. Esquema do ensaio de permeabilidade

21engenharia em substratos de compostagem, algumas propriedades específicas são alteradas

quando comparadas a coberturas convencionais, como por exemplo, a condutividade ao ar,

que por sua vez depende do teor de umidade e capacidade de retenção de água do material.

Esse tipo de cobertura pode ser útil em aterros de pequeno porte ou aterros antigos

onde a quantidade de biogás produzido é baixa e a utilização de um sistema de captação de

biogás não é técnica e economicamente viável (LOPES, 2011, 22; SCHEUTZ et al., 2011 C,

p. 1019).

2.3 Geração de gases em aterros sanitários

O biogás gerado em aterros sanitários consiste em uma mistura de espécies gasosas

gerada pela volatilização de compostos químicos e pela biodegradação exotérmica da matéria

orgânica, devido à ação das bactérias, fungos e protozoários na ausência de oxigênio

(ARAUJO, 2011, p. 17).

O biogás de aterros de RSU é composto majoritariamente por CH4 e CO2, com menos

de 1% de outros componentes gasosos, como gás sulfídrico, mercaptanos e traços de

componentes orgânicos não metano (NMOC), incluindo poluentes atmosféricos e

componentes orgânicos voláteis (LOPES, 2011, p. 10). O Quadro 8 apresenta a composição

típica do biogás e a concentração dos gases constituintes reportados na literatura.

Quadro 8. Composição do biogás gerado em aterros sanitários.

Componentes Concentração média (%)

Tchobanoglous

et al. (1993)*

Mcbean et

al. (1995)*

Qian et al.

(2002)*

Nikema et al.

(2007)

Oliveira

(2013)

Metano (CH4) 45 - 60 50 - 70 45 - 58 30 - 70 16,8 - 68,0

Dióxido de carbono

(CO2)

40 - 60 30 - 50 35 - 45 20 - 50 14,1 - 48,6

Nitrogênio (N2) 2 - 5 - <1 - 20 1 - 5 -

Oxigênio O2 0,1 - 1,0 - <1 - 5 0,1 - 1,0 0,3 - 16,4

Amônia NH3 - - - 0,1 - 1,0

Gás sulfídrico (H2S) - - - 0 - 0,2 0,0 - 0,04

Hidrogênio (H2) - - - 0 - 0,2 -

Monóxido de carbono - - - 0 - 0,2 -

Page 34: Larissa Aparecida Góes Damasceno EMISSÕES DE METANO ... · Figura 15. Esquema de ensaio de permeabilidade ao ar em câmara triaxial.....47 Figura 16. Esquema do ensaio de permeabilidade

22

(CO)

Outros gases - - - 0,01 - 0,06 -

* Fonte: Salim (2011, p. 40).

O processo de geração do biogás de aterro sanitário ocorre em 5 fases, descritas a

seguir a partir de Maciel (2009, p. 7-10) e Salim (2011, p. 38):

a) fase I ou de ajuste inicial (hidrólise): exclusivamente aeróbia, inicia-se

imediatamente após a deposição de resíduos e ocorre enquanto houver presença de O2 livre

nos vazios da massa de resíduos, período de 1 a 6 meses;

b) fase II ou (transição): etapa de transição entre as decomposições aeróbia e anaeróbia

dos resíduos, no final desta fase a concentração dos gases O2 e N2 é reduzida e a produção de

CO2 é acelerada;

c) fase III (acidogênese): após a queda de produção de oxigênio ocorre a

decomposição anaeróbia, inicia-se com a quebra de polímeros na presença de água (hidrólise),

os monômeros produzidos são transformados em álcool, ácidos graxos voláteis e acético por

bactérias acidogênicas e acetogênicas. Os gases produzidos são o CO2, NH3 e H2; o pH final

varia entre 5,0 e 6,0; dura de 3 meses a 3 anos. Ao final da terceira etapa, metanogênica

instável, a população das bactérias metanogênicas começa a se proliferar e crescer, com o

início da geração de CH4;

d) fase IV (metanogênese): fase mais longa do processo, podendo durar até 40 anos. É

caracterizada pela transformação de ácidos intermediários em CH4 e CO2 pelas bactérias

metanogênicas. A concentração destes gases permanece estável em patamares de 50 a 60% e

35 a 50%, respectivamente. A presença de ácidos reduz devido à queda da população de

bactérias acidogênicas, logo o pH tende a voltar a ser neutro;

e) fase V (maturação): consiste na etapa final da decomposição dos resíduos, em que a

geração de biogás começa a declinar até cessar.

A Figura 7 apresenta as diferentes fases de geração do biogás em aterros sanitários,

onde a abscissa e a ordenada representam, respectivamente, o tempo decorrido e a

concentração das espécies gasosas.

Page 35: Larissa Aparecida Góes Damasceno EMISSÕES DE METANO ... · Figura 15. Esquema de ensaio de permeabilidade ao ar em câmara triaxial.....47 Figura 16. Esquema do ensaio de permeabilidade

23

Fonte: O’Leary, Tchobanoglous (2002, cap. 14, p. 14.12).

A taxa de produção ou recuperação do biogás depende das taxas de geração e

transporte de cada gás constituinte bem como dos parâmetros que definem as condições de

decomposição como a idade e composição dos resíduos, temperatura, umidade,

microorganismos, dentre outros apresentados no Quadro 9.

Quadro 9. Principais fatores intervenientes no processo de geração de gases em aterros sanitários.

Geometria e operação

do aterro

Características iniciais

dos resíduos

Ambiente interno Ambiente externo

Dimensão do aterro Composição Umidade da massa na

degradação

Precipitação e

infiltração

Impermeabilização Umidade pH nas células Variação da pressão

atmosférica

Compactação dos

resíduos

Tamanho das partículas Temperatura Temperatura

Sistema de cobertura e

de coleta de gás

Disponibilidade de

nutrientes/bactérias

Evapotranspiração

Coleta e recirculação de

lixiviado

Presença de inibidores Umidade relativa do ar

Fonte: El-Fadel, Findikakis e Leckie (1997, p. 8), Maciel (2003, p. 8).

Figura 7. Fases da produção de biogás em aterros sanitários.

Page 36: Larissa Aparecida Góes Damasceno EMISSÕES DE METANO ... · Figura 15. Esquema de ensaio de permeabilidade ao ar em câmara triaxial.....47 Figura 16. Esquema do ensaio de permeabilidade

24A presença de um sistema de cobertura eficiente fomenta o predomínio da atividade

anaeróbia. Do mesmo modo, a correta compactação das camadas intermediárias e dos

resíduos aumenta a densidade do maciço diminuindo os vazios para aprisionamento de

oxigênio, propiciando o encurtamento da fase aeróbia.

A relação entre a taxa de produção de metano e a compactação aplicada aos resíduos,

depende do grau de decomposição dos resíduos. Conforme Ko et al. (2015), a compactação

durante a metanogênese promove o aumento da geração de metano, no entanto, durante a

acidogênese pode causar a inibição ácida dos microorganismos metanógenos. Sendo assim,

importante o controle do grau de compactação de acordo com a fase de produção de biogás

em que os resíduos se encontram.

O início e a duração da produção de biogás dependem da natureza dos materiais

dispostos no aterro, de modo que, resíduos cuja composição for prioritariamente de materiais

biodegradáveis tem maior taxa de geração de biogás. O tamanho das partículas tem relação

com a velocidade de degradação, que é maior em resíduos menores.

Alterações no ambiente interno podem ser determinadas pela variação de

condicionantes atmosféricos. Um dos mais importantes destes condicionantes é a pressão

atmosférica que, junto com as águas pluviais, propicia o ingresso de O2 na massa de resíduos

(MACIEL, 2003, p. 10).

A temperatura determina os tipos de bactérias predominantes na massa degradável;

atua na cinética das reações químicas e na atividade dos microrganismos; sendo um dos

parâmetros chave na digestão anaeróbia, uma vez que determina a taxa de degradação

particularmente na hidrólise e na metanogênese.

A maior taxa de geração de biogás ocorre com temperatura variando entre 50 e 60 ºC,

conforme observado por Dupade, Chaudhari e Asher (2014), Figura 8.

Page 37: Larissa Aparecida Góes Damasceno EMISSÕES DE METANO ... · Figura 15. Esquema de ensaio de permeabilidade ao ar em câmara triaxial.....47 Figura 16. Esquema do ensaio de permeabilidade

25Figura 8. Geração de biogás em função da presença de microorganismos.

Fonte: Dupade, Chaudhari e Asher (2014, p. 3).

O grau de influência da temperatura também depende do gradiente existente entre a

temperatura local e a interna nas épocas do ano (RODRIGUES, 2009, p. 40).

O pH é um importante parâmetro de acompanhamento do processo de decomposição,

uma vez que, quando é ácido, inibe a produção de metano. Em geral, o pH ótimo para o

crescimento microbiano e respectiva biodegradação de resíduos está entre 6,8 e 8,0

(DUPADE, CHAUDHARI, ASHER, 2014, p. 5).

Baseados em resultados reportados na literatura, El-Fadel, Findikakis e Leckie (1997,

p. 8) qualificaram o potencial de influência de alguns variáveis na geração de biogás em

aterros sanitários. O resultado está apresentado no Quadro 10.

Quadro 10. Efeito das variáveis que influenciam na geração de biogás em aterros sanitários.

Variável Potencial de aumento na geração de

biogás

Potencial de inibição na geração de

biogás

Baixo Médio Alto Baixo Médio Alto

Composição dos

resíduos

+ -

Densidade dos

resíduos

+

Tamanho das

partículas dos

resíduos

+

Temperatura ambienteTemperatura entre 35 e 40ºCTemperatura entre 50 e 60ºC

Microorganismos

Gás

pro

duzi

do (

l)

Page 38: Larissa Aparecida Góes Damasceno EMISSÕES DE METANO ... · Figura 15. Esquema de ensaio de permeabilidade ao ar em câmara triaxial.....47 Figura 16. Esquema do ensaio de permeabilidade

26Temperatura + -

pH + -

Nutrientes + -

Microorganismos + -

Umidade +

Oxigênio

Hidrogênio + -

Sulfato -

Metais -

Como observado no Quadro 10, a densidade, o tamanho das partículas, os nutrientes e

as bactérias disponíveis e o hidrogênio presentes nos mecanismos de biodegradação têm baixa

influência no favorecimento da produção de gás. Já a composição dos resíduos, temperatura e

pH têm influência mediana. A umidade é o fator mais marcante no favorecimento da produção

de gás. O oxigênio tem o mais alto potencial na inibição da geração de gás, enquanto que os

sulfatos e metais têm menor potencial na inibição do gás.

Conforme os autores, os experimentos que conduziram os resultados apresentados no

Quadro 10 avaliaram a influência de uma variável de forma independente. No entanto, em

campo, os efeitos são resultados da atuação e interação de mais de uma variável ao mesmo

tempo, sendo difícil avaliar a contribuição dos parâmetros separadamente.

2.3.1 Emissões gasosas através das camadas de cobertura

A migração e o fluxo do biogás produzido em aterros sanitários variam espacial e

temporalmente. Isso está associado a fatores relacionados ao ambiente interno e massa de

resíduos, a aspectos operacionais do aterro (sistemas de drenagem de biogás, de cobertura

adotados, etc.) e a condições climáticas.

A precipitação, temperatura ambiente e pressão barométrica e velocidade do vento

estão entre os fatores climáticos que contribuem para a mudança periódica das emissões de

metano.

Conforme Czepiel et al. (1996) e Xu et al. (2014), medições de metano realizadas

mensalmente ou até em intervalos mais longos, seja pelo método da análise da pluma ou da

placa de fluxo, estão sujeitas a grandes variações devido a forte dependência entre as emissões

e as mudanças de pressão barométrica. Czepiel et al. (1996) encontraram uma correlação

Page 39: Larissa Aparecida Góes Damasceno EMISSÕES DE METANO ... · Figura 15. Esquema de ensaio de permeabilidade ao ar em câmara triaxial.....47 Figura 16. Esquema do ensaio de permeabilidade

27inversa entre emissão de metano e a pressão atmosférica encontrada com coeficiente de

determinação R2 = 0,84, Figura 9.

Figura 9. Fluxo de metano em função da pressão atmosférica.

Fonte: Czepiel et al. (1996, p. 16717).

Xu et al. (2014) verificaram que, em períodos que a pressão barométrica aumentou, a

taxa média de emissão de metano foi 12,3 μmol.m-2.s-1, em períodos que a pressão diminui, a

taxa média foi 22,9 μmol.m-2.s-1.

Em seu estudo, Lopes (2011) observou que o período onde ocorreram as maiores

emissões de metano ocorreram nos meses de maiores temperaturas (mínimas e máximas) e de

menores pressões atmosféricas (mínimas e máximas), coincidindo com período seco do local

estudado.

Em curto prazo variações nas emissões também podem ser afetadas pela velocidade do

vento. Segundo Delkash et al. (2016), em um intervalo de 2 a 10 horas, as emissões de metano

em um aterro sanitário podem aumentar em 2 vezes devido a um aumento de 30% na

velocidade do vento. No entanto, esta correlação foi obtida com valores de coeficiente de

determinação razoáveis, 0,51 e 0,55, para emissões de metano a 2,5 e 85 m da superfície do

solo, respectivamente.

Além das condições ambientais, a variação das emissões são influenciadas por

características do solo tais como a porosidade, massa específica, existência de fissuras na

Pressão atmosférica (mbar)

Flux

o de

met

ano

(l/m

in.)

Page 40: Larissa Aparecida Góes Damasceno EMISSÕES DE METANO ... · Figura 15. Esquema de ensaio de permeabilidade ao ar em câmara triaxial.....47 Figura 16. Esquema do ensaio de permeabilidade

28superfície do aterro. Alguns outros parâmetros geotécnicos foram por Maciel (2003, p. 54) e

estão apresentados no Quadro 11.

Quadro 11. Parâmetros geotécnicos que afetam a emissão de biogás .

Informações geotécnicas Possíveis efeitos nas emissões de gases para atmosferaTipo de solo Solos de granulometria fina (argilas) são preferidos para controle das

emissões (menor permeabilidade e maior retenção de umidade).Espessura Quanto maior a espessura da camada, maior a possibilidade de

retenção física, química e biológica.Umidade/Saturação A presença de água nos vazios do solo reduz a percolação dos gases.

Redução drástica para valores acima de 75% de saturação.Conteúdo volumétrico de ar Quanto maior a presença de poros aerados na matriz, mais rápida é a

velocidade dos gases no meio, consequentemente maiores emissões.Peso específico/Compactação O aumento do peso específico dificulta a passagem dos gases

(menores porosidade e permeabilidade) minimizando as emissões.Sucção Importante relação com a retenção/absorção da umidade na camada,

especialmente nas coberturas evapotranspirativas.Temperatura A elevação da temperatura do solo favorece as emissões dos gases.

Coeficiente de permeabilidade Parâmetro que mede a facilidade/dificuldade do gás atravessar o solo

por advecção. Grandeza proporcional às emissões de gases.Coeficiente de difusão Parâmetro que mede a facilidade/dificuldade do gás atravessar o solo

por difusão. Grandeza proporcional ao fluxo de gás emitido.Contração/expansão e fissuras Ciclos de umedecimento/secagem favorecem o aparecimento de

fissuras em solos argilosos, aumentando os níveis de emissão.Mineralogia Possíveis reações físico-químicas dos minerais do solo com os gases

podem retê-los na cobertura.Fonte: Maciel (2003, p. 54).

Conforme observado por Maciel (2003), Lopes (2011), Oliveira (2013), o aumento da

temperatura do solo favorece as emissões de biogás em aterros sanitários. Embora também

tenham observado a influência sazonal nas emissões de biogás, Ishigaki et al. (2005) não

encontraram correlações muito expressivas entre o fluxo de metano e a temperatura do solo,

como é mostrado na Figura 10.

Page 41: Larissa Aparecida Góes Damasceno EMISSÕES DE METANO ... · Figura 15. Esquema de ensaio de permeabilidade ao ar em câmara triaxial.....47 Figura 16. Esquema do ensaio de permeabilidade

29Figura 10. Correlação entre o fluxo de metano e a temperatura do solo: a) verão; b) outono; c)

inverno.

Fonte: Ishigaki (2005, p. 851).

No estudo realizado por Ishigaki et al. (2005), o fluxo de metano variou de -1,3.10 -2 a

16,0, -6,4.10-2 a 7,5 e de -1,6.10-3 a 1,5.10-2 no verão, outono e inverno, respectivamente.

A oxidação do metano por bactérias metanotróficas é um processo que reduz sua

emissão. Dependendo da interação entre fatores citados o item 2.2.4, a retenção de metano

Flu x

o d e

CH

4 (g/

m2 .h

)Fl

u xo

d e C

H4 (

g/m

2 .h)

Flu x

o d e

CH

4 (g/

m2 .h

)

Temperatura (ºC)

a)

b)

c)

Page 42: Larissa Aparecida Góes Damasceno EMISSÕES DE METANO ... · Figura 15. Esquema de ensaio de permeabilidade ao ar em câmara triaxial.....47 Figura 16. Esquema do ensaio de permeabilidade

30pode variar entre 21,7 e 58,8% em coberturas convencionais, 4,5 e 42,6% em barreiras

capilares e entre17,6 e 64,9% em biocoberturas (MARIANO, 2008; LOPES, 2011). Conforme

estes autores, os fatores que mais influenciaram na eficiência da oxidação do metano foram o

a pressão na interface solo resíduo, grau de compactação, o percentual de finos e o grau de

saturação do solo; a espessura da camada foi considerada um fator secundário.

Coberturas temporárias geralmente são pouco espessas e mais permeáveis e podem

não ser suficientes para reter o metano produzido ou prevenir a intrusão do oxigênio na massa

de resíduos. Associadas a aumentos de sucção pelo sistema de drenagem de biogás resultam

na redução da emissão de metano e no aumento de intrusão de oxigênio, que, por sua vez,

degrada a qualidade do biogás produzido. O problema pode piorar quando se desenvolvem

fissuras na cobertura, visto que são caminhos preferenciais para o fluxo de fluidos.

Um estudo desenvolvido por Jung et al. (2011) mostrou que a adoção de um sistema

de coleta de gás que inclui uma de solo permeável sob a cobertura pode mitigar as emissões

de metano em até a metade. Na presença de fissuras e da camada permeável, as emissões

podem aumentar o dobro.

As fissuras são resultados dos recalques diferenciais, devido a movimentação interna

do maciço, e dos ciclos de secagem e umedecimento do solo, devido a sua exposição às

mudanças atmosféricas.

A formação de fissuras causada pelas mudanças de umidade afeta principalmente os

solos argilosos, que geralmente usados em coberturas convencionais. Por esse motivo, estas

coberturas não são recomendados para climas áridos ou semiáridos.

He et al. (2017) avaliaram o efeito do ciclos de secagem e umedecimento na

permeabilidade ao ar de argilas compactadas através de ensaios realizados em câmaras

triaxiais. As amostras tinham umidades iniciais de 12,7 e 16% e foram submetidas a cinco

ciclos de secagem e umedecimento, com teor de umidade variou entre 2 e 30%. Os resultados

deste estudo mostraram que a umidade final, o índice de vazios e o grau de saturação

diminuem significativamente após o primeiro ciclo e de forma contínua nos ciclos

subsequentes; a formação de fissuras ocorre de maneira anisotrópica, fato evidenciado após o

segundo ciclo; consequentemente a permeabilidade ao ar aumenta após os ciclos e apresenta

caráter anisotrópico.

Conforme Safari et al. (2014), a formação de fissuras em solos em camadas de argila

compactadas pode ser reduzida com o uso de uma manta de geotêxtil sobrepondo-as, uma vez

que a exposição às condições atmosféricas é amenizada. Em experimento realizado durante

Page 43: Larissa Aparecida Góes Damasceno EMISSÕES DE METANO ... · Figura 15. Esquema de ensaio de permeabilidade ao ar em câmara triaxial.....47 Figura 16. Esquema do ensaio de permeabilidade

31um ano, Safari et al. (2014) analisaram a variação da fissuração em três tipos de solos argilos

com e sem sobreposição de uma manta de geotêxtil (tipo GM-400). Os resultados indicaram

que a cobertura de geotêxtil reduziu a intensidade de fissuração em até 45,9%, pois permitiu

da retenção de água pela superfície do solo.

2.4 Métodos de quantificação de emissões fugitivas

Dentre os gases produzidos pela biodegradação de resíduos dispostos em aterros

sanitários, o metano é o mais estudado; isso se deve ao seu potencial de contribuição para o

efeito estufa e de reaproveitamento energético.

A avaliação das emissões fugitivas de biogás é um importante parâmetro para a gestão

de aterros sanitários, pois permite determinar a eficiência dos sistemas de cobertura e de

coleta de biogás (MACIEL, 2009, p. 41).

Os níveis de emissão de CH4 por uma fonte geradora variam de uma região para outra,

e dependem de fatores como clima, produção industrial, características de agricultura, tipo de

matriz e gerenciamento de resíduos.

Na literatura são encontrados muitos estudos que quantificam a emissão de metano em

camadas de cobertura de aterros sanitários, conforme o Quadro 12.

Quadro 12. Fluxo de metano em diferentes camadas de cobertura de aterro sanitário.

Referência Cobertura Aterro/Local Extração

de biogás

Fluxo de CH4

(g/m2.dia)

Método de

medida do

fluxo de CH4

Czepiel et al.

(1996)

1 a 2 m de solo areno-

argiloso

Aterro de

Nashua

(Estados

Unidos)

Não 1495,0* PF

Park, Shin

(2001)

0,20 a 0,70 m de solo

composto por areia, silte e

argila

Aterro de

Sudokwon

(Inchon City,

Coreia do

Sul)

Sim 176,85 a

3805,55

PF

Maciel (2003) 0,25 a 0,90 m de solo

compactado

Aterro da

Muribeca

Não 102,0 a 363,0 PF

Page 44: Larissa Aparecida Góes Damasceno EMISSÕES DE METANO ... · Figura 15. Esquema de ensaio de permeabilidade ao ar em câmara triaxial.....47 Figura 16. Esquema do ensaio de permeabilidade

32

(Jaboatão dos

Guararapes -

PE)

Ishigaki et al.

(2005)

0,10 cm de solo areno

argiloso

(Leste do

Japão)

Não 0,038 a 384,0 PF

Guedes

(2007)

0,45 a 0,60 m de solo fino

compactado

Aterro

Metropolitano

de Gramacho

(Rio de

Janeiro - RJ)

Não

informado

0 a 35,75 PF

Mariano

(2008)

0,25 a 0,9 m de solo areno

argiloso

Aterro de

Aguazinha

(Olinda - PE)

Não 0,0 a 401,0 PF

Maciel (2009) 0,83* m de solo siltoso Aterro da

Muribeca

(Jaboatão dos

Guararapes -

PE)

Não 2,16 a 1332,0 PF

0,68* m de solo e composto

orgânico

Não 0 a 1053,84

0,81* m de solo pedra

britada e solo siltoso

Não 0 a 63,36

Bella, Trapani

e Viviani

(2011)

Uma geomembrana de

PEAD de 1 mm sobreposta

de 0,50 m de argila

compactada

Aterro de

Palermo

(Itália)

Sim 0,0036 a 46,58 PF

Lopes (2011) 0,70 m de solo siltoso Aterro da

Muribeca

(Jaboatão dos

Guararapes -

PE)

Não 2,10 a 984,7 PF

0,30 m de solo siltoso

sobreposto de 0,30 m de

mistura de solo e composto

orgânico (1:1)

Não 0 a 151,0

0,20 m de pedra britada

sobreposta de 0,50 m de

camada de solo siltoso

Não 0 a 63,4

Schuetz et al.

(2011, A)

0,20 m de solo

pedregulhoso sobreposto de

1 m de solo argiloso

Aterro de

Avedore

Holme

(Dinamarca)

Não 0,1 a 78 I e PF

Silva, Freitas

e Candiani

0,50 m de silte argiloso

compactado

Aterro

Bandeirantes

Sim 192,10* PF

Page 45: Larissa Aparecida Góes Damasceno EMISSÕES DE METANO ... · Figura 15. Esquema de ensaio de permeabilidade ao ar em câmara triaxial.....47 Figura 16. Esquema do ensaio de permeabilidade

33

(2013) (São Paulo -

SP)

0,50 m de silte argiloso

compactado

Aterro

Caieiras

(Caieiras -

SP)

Sim 19,81*

Oliveira

(2013)

0,70 m de solo siltoso Aterro da

Muribeca

(Jaboatão dos

Guararapes -

PE)

Não 1,72 a 122,97 PF

0,30 m de solo siltoso

sobreposto de 0,30 m de

mistura de solo e composto

orgânico (1:1 e 3:4)

Não 0,0 a 6,75

0,20 m de pedra britada

sobreposta de 0,50 m de

camada de solo siltoso

Não 0,0 a 3,49

Capelli et al.

(2014)

Não informado (Norte da

Itália)

Sim 0,016 a 3,12 PF

Schuetz et al.

(2014)

0,70 m de mistura de solo e

composto orgânico

Aterro de

Klintholm

(Dinamarca)

Não

informado

3 a 1275 I

Valencia et al.

(2015)

Não informado (Nordeste do

México)

Não

informado

0,33 a 109 PF

* Valor médio; PF: placa de fluxo; I: análise da pluma de contaminação.

Os principais métodos utilizados para avaliar as emissões superficiais de gases em

aterros sanitários são baseados em medidas diretas (placas de fluxo) ou em cálculos que usam

o modelo de dispersão de Gauss (análises da pluma de contaminação por infravermelho)

(LEYRIS et al., 2005, p. 415).

As placas de fluxo são utilizadas para medições pontuais em caixas fechadas

(estáticas) ou semiabertas (dinâmicas) cravadas no solo. As análises da pluma de

contaminação são utilizadas em grandes áreas e para uma avaliação geral das emissões onde a

concentração do biogás é determinada acima da superfície do aterro por processos óticos e/ou

térmicos por meio da passagem de luz infravermelha (MARIANO, 2008, p. 58).

Emissões nos locais de instalação de drenos de gás e lixiviado não podem ser

quantificadas através do ensaio com placas de fluxo. De acordo com Fredenslund, Scheutz,

Kjeldsen (2010), as emissões próximas a sistemas de coleta de lixiviado nos aterros de Fakse

Page 46: Larissa Aparecida Góes Damasceno EMISSÕES DE METANO ... · Figura 15. Esquema de ensaio de permeabilidade ao ar em câmara triaxial.....47 Figura 16. Esquema do ensaio de permeabilidade

34e Av Miljø (Zelândia e Copenhague, Dinamarca) representam cerca de 47 e 27%,

respectivamente, das emissões totais, o que indica que esses locais são importantes caminhos

preferencias.

2.4.1 Análise da pluma de contaminação com gás traço (infravermelho)

É um método alternativo de quantificação de emissões fugitivas de metano. São

medidos, em todo um aterro, as concentrações da pluma gasosa na direção a favor do vento

que, quando combinadas com dados meteorológicos e modelagem da dispersão atmosférica,

podem fornecer um valor integrado dos fluxos em todo o aterro.

Em resumo, essa técnica envolve a liberação contínua de um gás traço atmosférico

inerte - por exemplo, o monóxido de carbono (CO), hexafluoreto de enxofre (S6F) ou o óxido

nitroso (N2O) - no local, enquanto as concentrações do traço e do gás estudado são

mensuradas.

O método se baseia no pressuposto que um traço lançado numa fonte de emissão (no

caso, um aterro) irá dispersar na atmosfera do mesmo modo que os gases emitidos no aterro,

ou seja, usa-se um lançamento controlado de um gás traço inerte (MØNSTER et al. 2014, p.

1417). Assumindo que a direção do vento é definida e as condições do ar sobre o aterro são

homogêneas, a taxa de emissão do gás em estudo pode ser calculada como uma função da

relação entre as integrais no espaço das plumas de concentração dos gases em estudo e traço,

conforme a equação (2) (SCHEUETZ et al. (B), 2011, p. 1011).

Jm . gás=Jm . gás .traço .∫

Começo da pluma

Fimda pluma

(Cgás .2−Cgás .1).dx

∫Começoda pluma

Fimda pluma

(Cgás. traço .2−Cgás .traço .1) .dx

.MM gás

MM gás.traço

(2)

Onde: Jm (gás) é a taxa de fluxo mássico do gás estudado [M.L-2.T-1]; Jm (gás traço) é a

taxa de fluxo do gás traço lançado [M.L-2.T-1; Cgás (2) e Cgás (1) são as concentrações do gás

estudado a favor do vento e no ponto de emissão, respectivamente [M.L-3]; Cgás traço (2) Cgás

traço (1) são a concentrações do gás traço na direção a favor do vento e no local de lançamento,

Page 47: Larissa Aparecida Góes Damasceno EMISSÕES DE METANO ... · Figura 15. Esquema de ensaio de permeabilidade ao ar em câmara triaxial.....47 Figura 16. Esquema do ensaio de permeabilidade

35respectivamente [M.L-3]; MMgás é a massa molecular do gás emitido na área estudada (mol);

e MMgás traço é a massa molecular do gás traço [mol]. A Figura 11 apresenta um esquema

deste método.

Figura 11. Esquema geral do método da análise de dispersão da pluma dos gases: estudado e traço.

Mønster et al. (2014, p. 1418).

O método do traço duplo monitora tanto a emissão total de metano no aterro quanto às

emissões nas fontes, usando uma combinação do lançamento controlado e simultâneo de dois

gases traços com medidas de suas concentrações, sob diferentes condições do vento. “A ideia

de usar dois marcadores é determinar a extensão espacial da sobreposição entre duas plumas”

(SCHEUETZ et al. (B), 2011, p. 1011).

Scheutz et al. (2011, B) utilizaram óxido nitroso como marcador para medir a emissão

total de metano no aterro de Fakse (Dinamarca); enquanto que, para determinar as emissões

em áreas de compostagem, poços de lodo e sistema de coleta de lixiviado, utilizaram o

monóxido de carbono como marcador.

Métodos que utilizam gases marcadores atmosféricos driblam problemas de

heterogeneidade espacial integrando o fluxo de toda a área. Esse método é particularmente

aplicável a pontos fontes ou fontes distribuídas em áreas com limites finitos tais como aterros;

entretanto são altamente custosos, dependem das condições meteorológicas e são limitados

pela interferência das fontes (CZEPIEL et al., 1996, p. 16711).

2.4.2 Placas de fluxo

Podem ser divididas em dois tipos: estáticas e dinâmicas. As principais diferenças

entre elas estão baseadas no tipo de cobertura e meios de fornecimento de ar limpo. A

Page 48: Larissa Aparecida Góes Damasceno EMISSÕES DE METANO ... · Figura 15. Esquema de ensaio de permeabilidade ao ar em câmara triaxial.....47 Figura 16. Esquema do ensaio de permeabilidade

36transferência de gases nos sistemas estático e dinâmico depende do transporte convectivo e da

difusão molecular, respectivamente (LEYRIS et al., 2005, p. 416).

No método dinâmico, os gases são diluídos no interior da placa através de um fluxo

contínuo de ar. Posteriormente, são analisados e dispersos na atmosfera. Enquanto que no

método estático, os gases são analisados sem diluição prévia e, depois, retornam para a placa

em um ciclo fechado. O esquema desses métodos está apresentado na Figura 12.

Figura 12. Esquemas dos ensaios de placa estática e dinâmica.

Fonte: Maciel (2003, p. 50).

Gao e Yates (1998) realizaram um estudo comparativo entre estes dois métodos de

investigação de emissão gasosa através de uma superfície, onde foi verificado que, no ensaio

de placa dinâmica, os fluxos do gás estudado (o solvente volátil CH2Cl2) alcançaram valores

duas vezes maiores dos medidos no ensaio de placa estática. Ainda conforme tais autores, a

placa de fluxo estática pode subestimar o fluxo medido quando um modelo linear é usado para

calculá-lo, isso devido ao decréscimo natural da densidade de fluxo na superfície após a

colocação da placa; no caso do ensaio dinâmico, pode haver sub ou superestimação do fluxo

quando a vazão do ar injetado na placa é baixa ou alta, respectivamente.

O ensaio na placa dinâmica requer um maior intervalo de tempo para a realização,

sendo também necessário um bom sistema de calibração em função do volume interno e do

nível de emissão superficial. A placa estática possui menor custo, sendo mais indicada quando

Page 49: Larissa Aparecida Góes Damasceno EMISSÕES DE METANO ... · Figura 15. Esquema de ensaio de permeabilidade ao ar em câmara triaxial.....47 Figura 16. Esquema do ensaio de permeabilidade

37se precisa de um número grande de ensaios por um período de tempo curto (MACIEL, 2003,

p. 50).

As placas de fluxo ainda não possuem tamanho e forma padronizados. Porém, sabe-se

que as suas dimensões estão diretamente ligadas à representatividade espacial: placas com

área útil maior são mais representativas do que placas com menores dimensões. O tamanho

das placas também influencia na homogeneização dos gases contidos no seu interior: para

placas de volume útil menor a homogeneidade dos gases é obtida por difusão, enquanto que

placas maiores precisam de agitadores internos para alcançar uma mistura satisfatória para os

gases (MACIEL, 2003, p. 51).

O Quadro 13 apresenta forma e dimensões de algumas placas de fluxo encontradas na

literatura.

Quadro 13. Forma, dimensões e volume de placas de fluxo (estática e dinâmica) encontradas na

literatura.

Referência Método Forma Dimensões Volume (l)

Base (cm) Altura (cm)

Czepiel et al. (1996) Estático Cilíndrica = 13ϕ 18 2,39

Carpi e Lindberg (1998) Dinâmico Retangular 20 x 60 20 24,00

Gao e Yates (1998) Dinâmico Retangular 20 x 19,8 5 1,98

Estático 10 x 10 15 1,5

Lindberg et al. (2002) Dinâmico Retangular 20 x 60 20 24,00

10 x 30 10 3,00

Cilíndrica = 28ϕ 18 11,08

= 24ϕ 9 4,07

= 9,6ϕ 3,5 0,25

= 8,7ϕ 11 0,65

Maciel (2003) Estático Retangular 40 x 40 5 8,00

Ishigaki et al. (2005) Estático Retangular 40 x 40 30 48,00

Guedes (2007) Estático Cilíndrica = 57ϕ 8 20,41

Waite et al. (2007) Dinâmico Cilíndrica = 57ϕ 58 148,00

Mariano (2008) Estático Retangular 40 x 40 5 8,00

Maciel (2009) Estático Retangular 40 x 40 5 8,00

Scheutz et al. (2010) Estático Cilíndrica = 57ϕ 20 51,04

Lopes (2011) Estático Retangular 40 x 40 5 8,00

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38

Scheutz et al. (2011, A) Estático Cilíndrica = 57ϕ 20 51,04

Scheutz et al. (2011, C) Estático Cilíndrica = 30ϕ 21 14,84

Oliveira (2013) Estático Retangular 40 x 40 5

Silva, Freitas e Candiani

(2013)

Estático Retangular 84 x 79 5 33,18

Capelli et al (2014) Estático Cilíndrica = 19ϕ 50 14,18

Scheutz et al. (2014) Estático Cilíndrica = 30ϕ 21 14,84

Valencia et al. (2015) Estático Cilíndrica = 13,50ϕ 19 2,72

Prata et al. (2016) Dinâmico Cilíndrica = 43ϕ 8,5 12,34

No método estático, a taxa de emissão superficial mássica em um determinado ponto é

determinada através da variação de concentração dos gases confinados dentro da placa ao

longo do tempo, conforme a equação (3) (CZEPIEL et al., 1996, p. 16713).

JmES=V I

AU

.ΔCΔ t

.[ρ] .Patm

1013(3)

Onde: JmES é a taxa de emissão mássica [M.L-2.T-1]; VI é o volume interno da placa

[L3]; AU é a área útil da placa [L2]; ΔC/Δt é a variação da concentração do gás com o tempo

[T-1]; Patm é a pressão atmosférica (mbar); e ρ é a densidade do gás corrigida em função da

temperatura interna [M.L-3]. A concentração do constituinte gasoso estudado é realizada por

um aparelho analisador de gás automático. ΔC/Δt é calculado por regressão linear a partir de 4

ou 5 leituras com um coeficiente de determinação (R2) maior ou igual a 0,9 (CZEPIEL et al.,

1996, p. 16713). É preferível que o fluxo seja calculado no intervalo inicial do ensaio para se

obter a maior taxa de percolação do gás pela camada de cobertura, simulando a condição do

aterro, onde a camada fica em contato com a atmosfera e, consequentemente, ocorrem os

gradientes máximos de pressão e concentração (MARIANO, 2008, p. 82).

Para facilitar o procedimento de cálculo, recomenda-se que as curvas de variação de

concentração de gás com o tempo sejam representadas em termos mássicos (ΔM/Δt)

(MACIEL, 2003, p. 116). Sendo assim, a densidade do gás deve ser corrigida em função da

temperatura interna da placa durante o ensaio, através da equação (4).

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39

ρgás=ρgás (0° C)x 273,15

273,15+T i(° C)(4)

Onde: Ti é a temperatura do gás no interior da placa (º.C).

Durante o ensaio, a câmara pode fisicamente proteger o solo de precipitação, ou reter

sua umidade, provocar um aumento de temperatura interna ou reduzir efeitos fotoquímicos

(WAITE et al., 2006, p. 1075). Por isso o tempo de ensaio é uma variável fundamental que

influencia diretamente no cálculo do fluxo de gás. Após certo intervalo de tempo, pressão,

temperatura e concentração dos gases no interior da placa aumentam e o fluxo tende a

decrescer até a estabilização em valores próximos a zero (MACIEL, 2003, p. 52).

Maciel (2003) e Mariano (2008) realizaram ensaios com duração máxima de 180 min,

sendo as leituras realizadas nos primeiros 60 min utilizadas para o cálculo da taxa de emissão

superficial. Lopes (2011) e Oliveira (2013) realizam leituras durante um período mínimo de

30 a 60 min.

O método da placa de fluxo estática é simples e de baixo custo para medir emissões de

uma pequena área. Entretanto, a realização de múltiplas medições ao longo de uma superfície

extensa para estimar a emissão total da área requer um investimento significativo de tempo e

trabalho (CZEPIEL et al., 1996, p. 16711).

No método dinâmico, a taxa de emissão superficial mássica em um determinado ponto

é função da vazão do ar injetado no interior da placa e das concentrações de entrada e saída do

gás estudado, conforme a equação (5) (GAO, YATES, 1998, p. 26117).

JmES=QAU

.(C saída−Centrada) (5)

Onde: JmES é a taxa de emissão mássica [M.L-2.T-1]; Q é a vazão de ar injetado no

interior da placa [L3.T-1]; AU é a área útil da placa [L2]; Csaída e Centrada são as concentrações

do gás estudado medidas nos pontos de entrada e saída de ar no interior da placa,

respectivamente [M.L-3].

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40 2.4.2.1 Quantidade de ensaios

Para obter uma boa interpretação das emissões totais em um aterro, é necessário um

número representativo de ensaios para a área estudada. Para o Guidance on Mnitoring

Landfill Gas Surface Emissions – GMLGSE (ENVIRONMENT AGENCY OF UNITED

KINGDOM, 2010, p. 25), em áreas com mais de 5000 m2, o número de medições de fluxo

requerido pode ser calculado pela expressão (6).

n=6+0,15.√A (6)

Onde: n é número de pontos de medição no campo, A é o tamanho da área investigada

[L2]. Neste caso, o espaçamento médio entre os pontos é dado pela equação (7).

e=√A /n (7)

Para locais com área igual ou menor a 5000 m2, o número de pontos de medidas é

calculado pela equação (8), conforme o Guidance on monitoring landfill gas surface

emissions (ENVIRONMENT AGENCY OF UNITED KINGDOM, 2010, p. 26).

n= ( A /5000 ) .16 , n ≥ 6, (8).

O Quadro 14 apresenta um resumo de aterros estudados com a área e número de

pontos em que foram realizados ensaios de placas de fluxo.

Quadro 14: Valores encontrados na literatura para área de células investigadas e número de ensaios de

placa de fluxo realizados.

Referência Local Área

selecionada para

estudo (m2)

Número de pontos

onde foram

realizados os ensaios

Número de

ensaios por

pontoCzepiel et

al. (1996)

Aterro de Nashua (Estados

Unidos)

253.000 139 2

Maciel

(2003)

Aterro da Muribeca

(Jaboatão dos Guararapes -

PE)

4.200 6 1

Guedes Aterro Metropolitano de 1.300.000 3 Ponto 1: 5

Page 53: Larissa Aparecida Góes Damasceno EMISSÕES DE METANO ... · Figura 15. Esquema de ensaio de permeabilidade ao ar em câmara triaxial.....47 Figura 16. Esquema do ensaio de permeabilidade

41(2007) Gramacho (Rio de Janeiro

- RJ)

Ponto 2: 2

Ponto 3: 1Mariano

(2008)

Aterro de Aguazinha

(Olinda - PE)

26.199 19 1

Maciel

(2009)

Aterro da Muribeca

(Jaboatão dos Guararapes -

PE)

1.625 6 8

Bella,

Trapani,

Viviani

(2011)

Aterro de Palermo (Itália) 162.000 117 2*

Scheutz et

al. (2011,

A)

Aterro de Avedore

Holme (Dinamarca)

41.700 82 14

Scheutz et

al. (2011,

C)

Aterro de Fakse

(Dinamarca)

120.000 4 7

Oliveira

(2013)

Aterro da Muribeca

(Jaboatão dos Guararapes -

PE)

1.625 11 4

Silva,

Freitas e

Candiani

(2013)

Aterro Bandeirantes (São

Paulo - SP)

323.863 30 1

Aterro Caieiras (Caieiras -

SP)

330.000 25 1

Lopes

(2011)

Aterro da Muribeca

(Jaboatão dos Guararapes -

PE)

1.632 107 1

Schuetz et

al. (2014)

Aterro de Klintholm

(Dinamarca)

4.800 12 7

Valencia et

al. (2015)

(Nordeste do México) 90.000 217 2

* valor médio obtido em duas campanhas, sendo a primeira com 117 medições e a segunda com 101,nos mesmos pontos.

O mapeamento de emissões de CH4 pela camada de cobertura é uma ferramenta muito

útil para a extrapolação dos resultados pontuais obtidos nos ensaios de placa de fluxo, com

melhor visualização do comportamento na camada de cobertura do aterro (MARIANO,

JUCÁ, 2010, p. 228). Sendo assim, a distribuição dos ensaios pela área faz-se importante para

a análise dos resultados. Uma alternativa é subdividir o terreno do aterro em setores; este

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42zoneamento pode ser feito baseado nas características da camada de cobertura (tipo de solo)

ou nas diferentes idades dos resíduos (MACIEL, 2003, p. 58).

Considerando que a produção total de metano por um aterro sanitário é a soma da

emissão por toda a área da cobertura e do volume captado pelo sistema de coleta de biogás, a

eficiência do sistema de drenagem de biogás pode ser obtida através da equação (9)

(HUITRIC et al., 2007; OLIVEIRA, 2013; SILVA, FREITAS, CANDIANI, 2013).

Ef=J sc

J sc+J cc

(9)

Onde: Ef é a eficiência da coleta de metano, JCC o fluxo de metano emitido pela

camada de cobertura [M.L-2.T-1] e JSC é o fluxo de metano captado pelo sistema de extração

de biogás [M.L-2.T-1]. A fuga de metano pela camada de cobertura é dado pela equação (10).

f =1−Ef (10)

2.5 Fluxo de gases em meios porosos

O fluxo de gás através de um meio poroso tem importância em muitas áreas, tais como

engenharia de petróleo e gás e proteção ambiental, e tem fascinado pesquisadores

multidisciplinares a entender os mecanismos de transporte de gás no meio poroso. Por isso,

modelos teóricos e medições experimentais têm sido propostos a fim de estimar a

permeabilidade efetiva ao gás em meios porosos (LI. et al., 2016, p. 534).

O movimento de gases na matriz de um solo pode ocorrer por processos advectivos,

difusivos, dispersivos e também pode ser afetado por fenômenos de atenuação devido a

reações químicas e microbiológicas (LOPES, 2011, p. 69).

O fluxo por advecção é função do gradiente de energia entre dois pontos. Em aterros,

esse gradiente é resultado das variações de pressão entre a massa de resíduos em

decomposição e a atmosfera.

Em condições de escoamento laminar (Re < 2000), onde a Lei de Darcy é válida e

pode ser adaptada para fluidos compressíveis, a determinação do fluxo mássico advectivo

pode ser determinado pela expressão (11).

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43

J A=−ρ .κ

μ .∂P∂ z

(11)

Onde: JA é o fluxo advectivo mássico [M.L-2.T-1], ρ é a densidade do fluido [M.L-3], μ

é a viscosidade dinâmica do fluido [M.L-1.T-1], κ é o coeficiente de condutividade do meio

poroso ao fluido [L.T-1] e ∂P/∂z é o gradiente de pressão [M.L-2.T-1].

Para solos pouco permeáveis, sem caminhos preferenciais, este tipo de transporte pode

ser desconsiderado (GUEDES, 2007, p. 33).

Na existência de advecção, a emissão de biogás pela cobertura de uma aterro ocorre

principalmente através deste mecanismo de transporte (JUNG et al., 2009, p. 145). Em geral,

taxas de fluxo advectivo são de magnitude maior que as taxas de fluxo difusivo. Quanto maior

a permeabilidade do meio aos gases, mais acentuada será esta diferença. No entanto, há

situações onde o aumento da pressão atmosférica reduz ou anula os gradientes de pressão e a

difusão pode prevalecer sobre a advecção (MACIEL, 2003, p. 18).

O transporte por difusão ocorre devido a gradientes de concentração química do gás. O

fluxo difusivo é determinado pela 1ª Lei de Fick, equação (12).

JD=−D0.∂C∂ z

(12)

Onde: JD é o fluxo difusivo mássico [M.L-2.T-1], D0 é o coeficiente de difusão do gás

no meio poroso [L2.T-1], ∂C/∂z é o gradiente de concentração no meio [M.L-4].

A difusão de gases no solo varia em função das características físicas do solo como

arranjo e tamanho dos grãos, presença de finos sujeitos a trincamento por secagem,

propriedades físicas do gás (temperatura, viscosidade, gradiente de pressão), da concentração

da espécie gasosa entre regiões do solo e finalmente do consumo ou geração de gases por

parte dos microorganismos presentes no solo (GUEDES, 2007, p. 34).

A dispersão mecânica causa um espalhamento do soluto devido as variações na

velocidade do fluido no meio poroso (MARIANO, 2008, p. 54).

Em escala microscópica, a dispersão mecânica resulta de três mecanismos básicos: o

primeiro ocorre em canais individuais devido à rugosidade da superfície dos poros, o segundo

Page 56: Larissa Aparecida Góes Damasceno EMISSÕES DE METANO ... · Figura 15. Esquema de ensaio de permeabilidade ao ar em câmara triaxial.....47 Figura 16. Esquema do ensaio de permeabilidade

44depende do tamanho dos poros na trajetória, e o terceiro está relacionado com a tortuosidade

ou comprimento da trajetória de fluxo (FREEZE & CHERRY, 1979 apud ARAÚJO, 2013).

O fluxo dispersivo mecânico é diretamente proporcional ao gradiente de concentração

do soluto, conforme apresentado na equação (13).

JM=−η. DM .∂C∂ z

(13)

Onde: JM é o fluxo dispersivo mecânico [M.L-2.T-1], DM é o coeficiente de dispersão

mecânica do gás no meio poroso [L2.T-1], η é a porosidade do meio e ∂C/∂z é o gradiente de

concentração no meio [M.L-4].

No caso das camadas de coberturas dos aterros, além de gradientes de pressão, existem

também gradientes de concentração, visto que a atmosfera funciona como um agente

dispersivo de contaminação (MACIEL, 2003, p. 37). A presença de fissuras na cobertura do

aterro podem constituir um meio de dispersão do biogás produzido.

O Quadro 15 apresenta alguns fatores que interferem no caminho preferencial do fluxo

de biogás em uma massa de resíduos aterrada, e suas implicações na movimentação interna

dos gases.

Quadro 15. Fatores intervenientes na movimentação dos gases no aterro.

Fatores intervenientes Influência na movimentação dos gases na massa de lixo

Composição do lixo Resíduos com alta presença de materiais plásticos poderão facilitar a

percolação horizontal dos gases, por outro lado reduzirão a

permeabilidade intrínseca da massa.

Taxa de geração de gases Quanto maior a taxa de geração, maior será a pressão interna dos

gases e, consequentemente, mais rápida a migração interna.

Permeabilidade dos resíduos Governa o sentido da percolação.

Temperatura externa e interna Fluxo de calor por gradientes de temperatura facilitam o transporte de

gases no meio.

Saturação e umidade dos

resíduos

A elevação do grau de saturação e a umidade dos resíduos dificultam

a percolação dos gases.

Pressão atmosférica Variações da pressão atmosférica ocasionam mudanças no sentido de

fluxo, inclusive com inversões (entrada de ar nos resíduos).

Page 57: Larissa Aparecida Góes Damasceno EMISSÕES DE METANO ... · Figura 15. Esquema de ensaio de permeabilidade ao ar em câmara triaxial.....47 Figura 16. Esquema do ensaio de permeabilidade

45

Sistema de cobertura e

drenagem

Presença de drenos verticais de gases e sistemas de cobertura com

geomembrana irão facilitar a migração horizontal dos gases.

Operação de aterramento dos

resíduos.

Grau de compactação dos resíduos afeta a densidade e porosidade da

massa, e consequentemente os parâmetros de permeabilidade.

Fonte: Maciel (2003, p. 19).

2.5.1 Determinação da permeabilidade ao gás

Medidas do coeficiente de permeabilidade intrínseco a um gás requerem a obtenção de

um estado pseudo-estacionário, durante o qual a variação da pressão do gás é pequena o

suficiente para ser considerada uma constante em cálculos de permeabilidade

(correspondendo ao valor médio); além disso, é necessário que a temperatura ambiente e a

pressão atmosférica sejam constantes, o que significa que deve ser realizado um ensaio sob

condições controladas em laboratório (BARROSO, PIERSON, LOPES, 2006, p. 16).

A permeabilidade do solo a fluidos compressíveis é muito variável mesmo sendo

medida em um mesmo ponto. Se as medidas são limitadas, modelos de predição de

permeabilidade a partir do teor volumétrico de ar no solo podem ser aplicados, relação

apresentada na Figura 13. Esses modelos requerem o conhecimento da curva de retenção de

água no solo.

Figura 13. Log da permeabilidade do solo ao gás em função do log do teor volumétrico de ar nosolo.

Fonte: Ball et al. (1988) apud Poulsen et al. (2007, p. 2).

O modelo apresentado na Figura 13 pode ser descrito pela equação (14).

Page 58: Larissa Aparecida Góes Damasceno EMISSÕES DE METANO ... · Figura 15. Esquema de ensaio de permeabilidade ao ar em câmara triaxial.....47 Figura 16. Esquema do ensaio de permeabilidade

46log(K a)=A . log(ε)+B (14)

Onde: Ka é a permeabilidade intrínseca ao gás (ou ar) [L2], ε é o conteúdo volumétrico

do fluido no meio, A é a inclinação da reta e B o valor de Ka quando ε é nulo.

Alguns experimentos para a determinação da permeabilidade ao gás estão citados a

seguir:

Nos estudos desenvolvidos por Didier, Bouazza e Cazaux (2000), Shan e Yao (2000) e

Bouazza e Vangpaisal (2003), foram realizados ensaios de permeabilidade a carga constante

em amostras de um geocomposto bentonítico (GCL). O procedimento consiste na injeção de

um gás (em ambos os casos, utilizou-se o nitrogênio) sob pressão constante em uma amostra,

enquanto o fluxo no ponto de saída é medido através de um rotâmetro. O aparato utilizado em

ambos os ensaios está apresentado na Figura 14.

Figura 14. Esquema do ensaio de permeabilidade ao gás sob carga constante.

Fonte: Bouazza, Vangpaisal (2003, p. 92).

Considerando a pressão de saída como a pressão atmosférica, Didier, Bouazza e

Cazaux (2000) e Bouazza e Vangpaisal (2003) realizaram ensaios aplicando diferenças de

pressão entre 20 e 100 kPa. Shan e Yao (2000) aplicaram gradientes de pressão inferiores a 2

kPa.

Page 59: Larissa Aparecida Góes Damasceno EMISSÕES DE METANO ... · Figura 15. Esquema de ensaio de permeabilidade ao ar em câmara triaxial.....47 Figura 16. Esquema do ensaio de permeabilidade

47Nestes estudos, a permeabilidade intrínseca ao gás (Ka [L2]) foi determinada pela

equação (15) (BOUAZZA, VANGPAISAL, 2003, p. 95), que é uma adaptação da lei de Darcy

para fluidos compressíveis.

Ka=2.Q2.μ .L .P2

A .(P12−P2

2)

(15).

Onde: Q2 é a vazão do gás na saída da amostra [L3.T-1], P1 e P2 são as pressões de

entrada e saída na amostra [M.L-1.T-2], A é a área da seção transversal da amostra [L2], L é o

comprimento da amostra [L] e μ é a viscosidade dinâmica do fluido [M.L-1.T-1].

A variação da pressão atmosférica durante os ensaios resultaram em erros entre 1,22 e

1,83% no valor da permeabilidade nos ensaios realizados por Didier, Bouazza e Cazaux

(2000).

Rodeck et al. (1994), He et al. (2017) mediram a permeabilidade de amostras de solo

ao ar através de ensaios realizados em câmara triaxial, conforme apresentado na Figura 15.

Figura 15. Esquema de ensaio de permeabilidade ao ar em câmara triaxial.

Fonte: Rodeck et al. (1994, p. 1338).

Medidor de fluxo

Page 60: Larissa Aparecida Góes Damasceno EMISSÕES DE METANO ... · Figura 15. Esquema de ensaio de permeabilidade ao ar em câmara triaxial.....47 Figura 16. Esquema do ensaio de permeabilidade

48Antes do ensaio, as amostras foram submetidas a tensões confinantes entre 69 e 104

kPa e de 24 kPa nos estudos de Rodeck et al. (1994), He et al. (2017), respectivamente. As

pressões de ar injetado foram aferidas por manômetros de água e de mercúrio, os valores não

foram informados. Os resultados foram obtidos aplicando a lei de Darcy para fluidos

compressíveis.

Wang et al. (2017) avaliaram a compressibilidade e a permeabilidade ao ar de

amostras de solo através de ensaios realizados em células edométricas, cujo esquema está

apresentado na Figura 16.

Figura 16. Esquema do ensaio de permeabilidade em edômetro.

Fonte: Wang et al. (2017, p. 168).

As amostras foram submetidas a tensão vertical de 23 kPa, apara depois iniciar as

medidas de permeabilidade. A tensão foi aumentada para 42, 89, 179, 372, 750, 1500 e 2730

kPa. Após a estabilização ser alcançada em cada estágio de carregamento, uma medida de

permeabilidade foi feita. A pressão de ar aplicada foi inferior a 8 kPa.

Para o estudo de permeabilidade de resíduos sólidos urbanos a líquido e gás, Stoltz,

Gourc e Oxarango (2010) realizaram ensaios aplicando uma pressão de entrada limitada a 2

kPa, com esse baixo valor foi assumido que nenhum movimento de líquido ocorreu como

resultado do fluxo de gás, inclusive em amostras com alto teor de umidade.

Page 61: Larissa Aparecida Góes Damasceno EMISSÕES DE METANO ... · Figura 15. Esquema de ensaio de permeabilidade ao ar em câmara triaxial.....47 Figura 16. Esquema do ensaio de permeabilidade

49Quando um meio possui baixa porosidade e alto teor de umidade gravimétrica, não é

possível medir a permeabilidade ao gás, para valores menores que 10-14 m2, com o ensaio a

pressão constante. Nesses casos, pode realizado um ensaio sob pressão variável (STOLTZ,

GOURC, OXARANGO, 2010, p. 34), onde conhecendo-se o decréscimo de pressão, em

função do tempo, no interior de um recipiente de ar acoplado a uma amostra estudada é

possível determinar a permeabilidade do meio, conforme apresentado no esquema a utilizado

por Silva et al. (2009) que está apresentado na .Figura 17.

Figura 17. Esquema do ensaio de permeabilidade ao gás sob carga variável.

Fonte: Silva et al. (2009, p. 1539).

Neste caso, a permeabilidade foi determinada através da equação (16) (KIRKHAM,

1946 apud DEXTER, MCKENZIE, 1996, SILVA et al., 2009).

ln(P)=−K . A .Patm

μ . L.V. t+ ln(P0) (16)

Onde: μ é o coeficiente de viscosidade dinâmica do ar a 20ºC [M.L-1.T-1], V é o

volume do reservatório [L3], Patm é a pressão do ar atmosférico a 20ºC [M.L-1.T-2], L é o

comprimento da amostra [L], A é a área da seção transversal da amostra [L2] e t é o tempo

[T].

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50 3 METODOLOGIA

3.1 Área de Estudo – O Aterro Sanitário Metropolitano Centro

O estudo das emissões fugitivas de metano está sendo desenvolvido no Aterro

Sanitário Metropolitano Centro (ASMC), a maior unidade de disposição final de resíduos

sólidos urbanos (RSU) do estado da Bahia. Está localizado na rodovia BA-526 (Centro

Industrial de Aratu - Aeroporto), km 6, Zona Norte, Região Metropolitana de Salvador

(RMS). A Figura 18 mostra a localização do ASMC na RMS.

Figura 18. Localização do ASMC na Região Metropolitana de Salvador – Bahia.

Fonte: Google Maps (2017).

As atividades de disposição final de RSU no ASMC tiveram início em 1997, quando a

operação do aterro era realizada pela Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado da

Bahia (CONDER). Em 1998, essa atividade foi transferida para a Prefeitura Municipal de

Salvador (PMS). Em 2000, através de um contrato de concessão com prazo fixado em 20

anos, uma empresa privada (Bahia Transferência e Tratamento de Resíduos S/A - BATTRE)

se tornou a responsável por todos os serviços realizados no empreendimento (implantação,

Page 63: Larissa Aparecida Góes Damasceno EMISSÕES DE METANO ... · Figura 15. Esquema de ensaio de permeabilidade ao ar em câmara triaxial.....47 Figura 16. Esquema do ensaio de permeabilidade

51operação, manutenção, destinação do lixiviado e tratamento do biogás) (ANDRADE, 2014, p.

67).

Atualmente, são depositadas diariamente cerca de 2800 toneladas de RSU oriundas

dos municípios de Lauro de Freitas, Salvador e Simões Filho. Grande parte dos RSU

produzidos em Salvador é levada por caminhões compactadores para uma estação de

transbordo localizada no bairro de Canabrava. Da estação de transbordo, o resíduo é

transportado por carretas para o ASMC. Nos locais mais próximos ao aterro, os resíduos são

transportados diretamente em caminhões compactadores, o mesmo ocorre com os resíduos

coletados em Simões Filho e Lauro de Freitas.

3.1.1 Sistema de captação e reaproveitamento de biogás no ASMC

O sistema de captação e reaproveitamento de biogás do ASMC foi instalado em 2003,

sendo composto por:

• Drenos de espinhas (DE): drenos horizontais feitos a partir da drenagem de chorume

para obtenção do biogás;

• Drenos de coberturas (DS): construídos com objetivo de captar o gás entre a cobertura

dos resíduos e a manta de cobertura de policloreto de vinila (PVC) final;

• Drenos perfurados (DP): drenos verticais construídos por uma sonda de perfuração no

maciço de RSU para alívio de pressão e drenagem de biogás;

• Drenos de junção (DJ): interligam duas ou mais células;

• Drenos transversais (DT);

• Dreno de gás (DG): drenos verticais que nascem na base drenante do aterro até a cota

final;

• Piezômetros (PZ): fornecem medidas do nível de chorume e da pressão do biogás no

interior do maciço;

• Central de captação do biogás: sala de controle de operação onde ocorre o

monitoramento quantitativo e qualitativo do biogás captado pelos drenos conectados

ao sistema (ANDRADE, 2014, p. 70).

O monitoramento da vazão, composição e temperatura do biogás nos drenos é

realizado com analisadores de gás portáteis diariamente. Os piezômetros são monitorados

mensalmente através de um medidor elétrico de nível de água.

Page 64: Larissa Aparecida Góes Damasceno EMISSÕES DE METANO ... · Figura 15. Esquema de ensaio de permeabilidade ao ar em câmara triaxial.....47 Figura 16. Esquema do ensaio de permeabilidade

52O sistema de cobertura final adotado no ASMC é composto por uma camada de solo

compactado (espessura: 60 cm) sobreposto por uma membrana geotêxtil de PVC e por uma

camada de solo orgânico (espessura: 20 cm) que serve como suporte para grama. Entre a

geomembrana e a camada de solo orgânico, são instalados drenos superficiais que coletam o

biogás acumulado nessa região e minimiza possíveis emissões fugitivas devido a não

conformidades da manta de PVC (MACHADO et al., 2009, p. 157).

Em células onde as atividades de disposição estão paradas temporariamente, os

resíduos são cobertos com uma camada de solo compactado (espessura: 60 cm e k < 10 -5

cm/s). Nos taludes destas áreas, a camada de solo é coberta por geomembrana de PVC.

Desde 2011, o ASMC possui uma unidade termoelétrica geradora de energia a partir

do biogás captado pelo sistema de drenagem, a Termoverde.

A Termoverde é composta de uma usina geradora de energia com 19 motogeradores de

1.038 KW cada, unidade de tratamento do biogás, subestação elevadora e linha de

transmissão de 7,8 quilômetros que liga a usina à rede elétrica da Coelba, que faz a

distribuição às empresas consumidoras (ANDRADE, 2014, p. 68).

A geração prevista de metano (m3/h) no ASMC tem sido feita por pesquisadores do

GEOAMB – UFBA (laboratório responsável pelo monitoramento geotécnico do aterro)

através do modelo proposto por Machado et al. (2009). A Figura 19 apresenta a curva de

geração de metano (prevista e medida em campo) no ASMC entre os anos de 2004 e 2013.

Figura 19. Comparação entre as medidas de metano previstas pelo modelo de Machado et al. (2009)

e recuperadas pelo sistema de drenagem.

Tempo decorrido (anos)

Vaz

ão m

édia

de

CH

4 (m

3 /h)

Page 65: Larissa Aparecida Góes Damasceno EMISSÕES DE METANO ... · Figura 15. Esquema de ensaio de permeabilidade ao ar em câmara triaxial.....47 Figura 16. Esquema do ensaio de permeabilidade

53Fonte: Machado et al. (2014, p. 244).

Segundo Machado et al. (2014) a diminuição na recuperação de metano iniciada em

2008, pode ter sido ocasionada por problemas na gestão do aterro, que resultaram no aumento

de áreas expostas e na redução do número de drenos profundo e superficiais; além disso a

deposição de resíduos novos pode ter alterado o ambiente de decomposição, afetando a

produção de metano. Ainda de acordo com os autores, o aumento da recuperação de metano

inciada em 2011, pode está associadas ao fato de a maioria dos problemas terem sido

solucionados na época.

De acordo com pesquisas que estão sendo realizadas no GEOAMB, a taxa de metano

extraída pelo sistema de drenagem continua abaixo dos valores previstos. De modo que no

período entre agosto de 2016 e julho de 2017, o aterro apresentou uma produção média de

metano de 4390,28 m3/h, cerca de 38% a menos do valor previsto para o período, de 7078,59

m3/h. Devido esses problemas de baixa produtividade de biogás, atualmente a usina opera

com 13 motogeradores funcionando.

A fim de justificar a queda na produção de biogás, algumas hipóteses vêm sendo

estudadas pela equipe do GEOAMB – UFBA. São elas: alteração do ambiente de

decomposição no interior do aterro devido as práticas de operação (como colocar resíduo

novo sobre o antigo), aplicação de forte sucção nos drenos de extração de gás, umidade da

massa de resíduo e condições da camada de cobertura (estudo de emissões fugitivas de

metano).

3.2 Delimitação da Área de Estudo

O estudo das emissões fugitivas de metano está sendo realizado no ASMS, mais

precisamente em uma área de 16.841,45 m2 delimitada na Célula 6 Etapa IVEF, apresentada

na Figura 20.

Page 66: Larissa Aparecida Góes Damasceno EMISSÕES DE METANO ... · Figura 15. Esquema de ensaio de permeabilidade ao ar em câmara triaxial.....47 Figura 16. Esquema do ensaio de permeabilidade

54Figura 20. Vista aérea do ASMC e localização da área de estudo.

Fonte: Google Maps (2017).

A área delimitada está localizada entre as coordenadas (568200, 8679000) e (568000,

8578600), as cotas variam de 65 a 71 m. Na área de estudo existem 13 drenos de biogás

ativos, são eles: DT-015, DG-240, DE-255, DG-241, DG-242, DE-256, DG-244, DG-268,

DG-266, DG-264-F, DG-264, DG-262 e DE-254. Na área foi adotada uma cobertura

temporária.

A Figura 21 apresenta um detalhe da planta do aterro em que é dado um zoom na área

de estudo (área pontilhada).

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55Figura 21. Detalhe da planta do ASMC apresentando a área delimitada para este estudo.

Legenda

3.3 Materiais e Métodos

A Figura 22 apresenta o fluxograma das atividades necessárias para este estudo.

Page 68: Larissa Aparecida Góes Damasceno EMISSÕES DE METANO ... · Figura 15. Esquema de ensaio de permeabilidade ao ar em câmara triaxial.....47 Figura 16. Esquema do ensaio de permeabilidade

56Figura 22. Fluxograma de atividades.

O estudo está sendo realizado através de investigações in situ e nos Laboratórios de

Solos da Universidade Católica do Salvador (UCSal) e de Geotecnia Ambiental GEOAMB da

Universidade Federal da Bahia (UFBA).

Em campo, a emissão de metano está sendo determinada através de ensaios de placa

de fluxo estática, realizados conforme o método adotado por Maciel (2003, 2009), Mariano

(2008), Lopes (2011) e Oliveira (2013). Também são coletadas amostras de solo para a

determinação do teor de umidade e da massa específica seca caracterização geotécnica, em

laboratório. O Quadro 16 apresenta o procedimento adotado em cada ensaio.

Quadro 16. Normas que descreve os procedimentos dos ensaios.

Ensaio Procedimento

Ensaio de placa Não padronizado, baseado na literatura: Maciel (2003, 2009)

Preparação de amostras NBR 6457

Análise granulométrica NBR 7181

Massa específica dos grãos NBR 6508

Limite de liquidez NBR 6459

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57

Limite de plasticidade NBR 7180

Sucção Não padronizado, baseado na literatura

Permeabilidade à água e ao gás Não padronizado, baseado na literatura: Bouazza e Vangpaisal

(2003)

3.3.1 Ensaio de placa de fluxo

Em síntese, este ensaio consiste na cravação de uma placa na camada de cobertura e,

em seguida, de aferições da temperatura e concentração dos gases confinados na placa ao

longo do tempo, até que haja uma estabilização nas leituras de concentração.

Os materiais que estão sendo utilizados no ensaios são:

• Uma placa de fluxo de aço galvanizado de 60 x 60 cm (dimensões externas), Figura 23

a). A placa possui de três saídas: em duas saídas foram conectadas uma válvula de

esfera e um espigão; na terceira, foi conectada uma válvula de esfera e um niple,

Figura 23 b).

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58Figura 23. a) Dimensões da placa; b) Placa utilizada nos ensaios.

• Um analisador de gás (GEM5000, LANDTEC, Washtenaw, Estados Unidos da

América). Este equipamento mede concentração de cinco tipos de gases (metano,

dióxido de carbono, oxigênio, monóxido de carbono e ácido sufídrico), temperatura,

pressões estática, diferencial e barométrica. Essas informações são tomadas em função

do tempo de ensaio e anotadas em planilhas. A Figura 24 apresenta o analisador

utilizado.

b)

a)

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59Figura 24. a) Analisador de gás utilizado nos ensaios de placa de fluxo; b) Detalhe da tela.

• Um cronômetro e uma planilha.

Em resumo, precedimento consiste na instalação da placa e execução do ensaio,

conforme apresentado na Figura 25.

2

3

4

Legenda:

1. tubo de saída da amostra de gás

2. sonda de temperatura

3. tubo para medição da pressão diferencial

4. tubo de entrada da amostra de gás e para medição da pressão estática

1

a)

b)

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60Figura 25. Ensaio de placa: a) Formação da vala; b) Vedação da placa; c) Sonda de temperatura

introduzida na placa; d) Ensaio em execução; e) Ponto onde houve um ensaio após retirada da placa.

a) Instalação da placa:

A placa é colocada no local escolhido. Em torno dela é feita uma vala com 10 cm de

profundidade (altura da base da placa), conforme apresentado na figura. A placa é pressionada

de forma que fique cravada no solo. Em seguida, a vala é recomposta com solo e este é

compactado com soquete de madeira. Para a cravação da placa são utilizados picareta,

alavanca e um soquete de madeira. Durante a instalação, as conexões da placa permanecem

fechadas.

b) Execução do ensaio:

Após a cravação da placa, o cronômetro é acionado. Em seguida, abre-se uma das

válvulas da placa e é inserida a sonda de temperatura, Figura 25 c). O analisador de gás é

ligado e, automaticamente, faz uma purga com ar durante 30 segundos. Após a purga, os tubos

que permitem a entrada de gás e a aferição das pressões diferencial e estática (tubos 3 e 4

apresentados na Figura 24 a)) são conectados aos espigões contidos na placa. Até este

instante, válvulas ligadas aos espigões estão fechadas.

Simultaneamente, ao abrir estas válvulas, é solicitada a análise dos gases confinados

na placa Figura 25 d). Esta análise dura 120 segundos, tempo em que as leituras se

a) b)

c) e)d)

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61estabilizam, assim adotado como tempo padrão neste estudo. À medida que a amostra é

analisada, esta é liberada para a atmosfera pelo tubo 1 (apresentado na Figura 24 a)).

Após o fim da leitura, as válvulas são fechadas e os tubos 3 e 4 do analisador de gás

são desconectados da placa, a sonda de temperatura permanece introduzida na placa durante

todo o ensaio.

Passados 7 minutos após o fim da primeira análise da amostra de gás, solicita-se a

purga do analisador que dura 30 segundos, em seguida, os tubos 3 e 4 são novamente

conectados à placa. Passados mais 30 segundos, as válvulas são abertas e mais uma análise de

gás é solicitada ao aparelho (GEM5000), com duração de 120 segundos.

Desta forma, o tempo entre o início de cada análise consecutiva é de 10 minutos, valor

adotado como padrão para este estudo.

As análises são repetidas até a estabilização da concentração de metano, este é

considerado o fim do ensaio.

3.3.1.1 Ensaios de placa realizados

Para a área de estudo, número mínimo de pontos ensaiados, determinado pela equação

(6) apresentada no item 2.4.2.1, é de 26. O espaçamento entre dois pontos, conforme a

equação (7) é 25 m.

Até o momento foram realizados ensaios em 26 pontos. O espaçamento entre os

pontos variou entre 0,55 e 40 m.

Os pontos foram nomeados como EP-(seguido de um número). Na maioria dos pontos,

as coordenadas foram determinadas através levantamento topográfico. Além disso, foram

realizados ensaios de placa em períodos caracterizados por pouca chuva (ensaios feitos entre

08/11/2016 e 14/03/2017) e por muita chuva (ensaios feitos entre 11/04/2017 e 30/08/2017)

da cidade de Salvador. A Tabela 1 apresenta as coordenadas de alguns pontos onde foram

realizados ensaios de placa e as respectivas datas.

Tabela 1. Coordenadas de alguns pontos onde foram realizados ensaios de placa.

Ponto Coordenadas Data em que foram realizados ensaios de placa

no ponto

Período seco Período chuvoso

EP-01 (568158,45; 8578753,39; 68;57) 08/11/2016 29/05/2017

EP-02 (568141,54; 8578763,25; 66,87) 08/11/2016 04/05/2017

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62EP-03 (568124,81; 8578772,92; 65,39) 08/11/2016 29/05/2017

EP-05 (568161,15; 8578768,55; 67,94) 16/11/2016 05/06/2017

EP-06 (568132,77; 8578744,13; 67,04) 29/11/2016 04/05/2017

EP-07 (568120,08; 8578718,23; 66,55) 29/11/2016 03/05/2017

EP-08 (568149,84; 8578780,71; 66,47) 22/12/2016 24/05/2017

EP-09 (568107,78; 8578731,77; 65,28) 24/01/2017 01/06/2017

EP-10 (568153,28; 8578809,03; 66,07) 24/01/2017 03/05/2017

EP-11 (568180,06; 8578679,45; 71,39) 31/01/207 01/06/2017

EP-12 (568137,05; 8578690,16; 69.09) 02/02/2017 09/05/2017

EP-13 (568163,34; 8578690,73; 70,11) 02/02/2017 09/05/2017

EP-14 (568179,29; 8578730,86; 70,27) 09/02/2017 22/05/2017

EP-16 (568195,95; 8578709,99; 71,21) 14/02/2017 24/05/2017

EP-17 (568138,13; 8578710,90; 68,44) 16/02/2017 07/06/2017

EP-18 (568137,07; 8578711,31; 68,30) 07/03/2017 21/06/2017

EP-19 (568136,03; 8578711,83; 68,18) 14/03/2017 21/06/2017

EP-20 (568135,05; 8578712,32; 68,04) 14/03/2017 21/06/2017

EP-21 (568169,82; 8578708,64; 70,24) - 11/04/2017

EP-22 (568147,15; 8578746,14; 67,96) - 05/06/2017

EP-26 * - 01/08/2017

EP-27 * - 01/08/2017

EP-28 * - 14/08/2017

EP-29 * - 14/08/2017

EP-50 * - 23/08/2017

EP-51 * - 28/08/2017

EP-52 * - 28/08/2017

EP-53 * - 30/08/2017

- Não foram realizados ensaios neste período;* As coordenadas não foram determinadas.

As locações dos pontos EP-04 e EP-15 foram perdidas antes do levantamento

topográfico. Então, estes pontos foram substituídos por EP-22 e EP-21, respectivamente, por

conta da proximidade. Os pontos EP-26, EP-27, EP-28, EP29, EP-50, EP-51, EP-52 e EP-53

ainda não possuem suas coordenadas determinadas. A Figura 26 apresenta a distribuição dos

pontos cujas coordenadas foram determinadas em levantamento topográfico.

Page 75: Larissa Aparecida Góes Damasceno EMISSÕES DE METANO ... · Figura 15. Esquema de ensaio de permeabilidade ao ar em câmara triaxial.....47 Figura 16. Esquema do ensaio de permeabilidade

63Figura 26. Distribuição de alguns pontos em que foram realizados os ensaios de placa.

A Figura 27 apresenta a precipitação no ASMC no período dos ensaios.

1

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64Figura 27. Precipitação no ASMC durante o período dos ensaios.

3.3.1.2 Ensaios realizados em trincas

Com o objetivo de analisar a influência de trincas na emissão de metano, foram

realizados ensaios nas proximidades de três trincas (identificadas como TR-01, TR-02 e TR-

03) e sobre elas.

Em cada caso, foram marcados um ponto de ensaio sobre a trinca, mais outros três

afastando-se da trinca a uma distância pré-determinada, como apresentado no esquema da

Figura 28. Na trinca TR-01, a distância entre duas placas consecutivas foi de 55 cm, enquanto

que nas trincas TR-02 e TR-03, esta distância foi de 60 cm.

Nov/16 Dez/16 Jan/17 Fev/17 Mar/17 Abr/17 Mai/17 Jun/17 Jul/17 Ago/170

50

100

150

200

250

300

Tempo (mês/ano)

Prec

ipita

ção

(mm

)

Page 77: Larissa Aparecida Góes Damasceno EMISSÕES DE METANO ... · Figura 15. Esquema de ensaio de permeabilidade ao ar em câmara triaxial.....47 Figura 16. Esquema do ensaio de permeabilidade

65Figura 28. Esquema dos ensaios nas proximidades de uma trinca.

Os pontos situados em torno das trincas são EP-17, EP-18, EP-19, EP-20 (localizados

na região da trinca TR-01), EP-50, EP-51, EP-52, EP-53 (localizados na trinca TR-02), EP-

26, EP-27, EP-28 e EP-29 (localizados próximo à TR-03). Em cada trinca, foram feitas

medições do comprimento, profundidade e abertura. A Tabela 2 apresenta um resumo com as

dimensões das trincas estudadas e com as informações dos ensaios.

Tabela 2. Dimensões das trincas estudadas e informações dos ensaios realizados no entorno delas.

Informações da trinca Informações dos ensaios

Trinca Dimensões Pontos de

ensaios

Distância à

trinca (m)

Número de ensaios realizados

Período seco Período chuvosoL (m) p (cm) e (cm)

TR-01 16 20 4,8 EP-17 0 1 1

13 3,1 EP-18 1,10 1 1

10 2,5 EP-19 2,20 1 1

EP-20 3,30 1 1

TR-02 10 EP-50 0 - 1

EP-51 1,20 - 1

EP-52 2,40 - 1

EP-53 3,60 - 1

TR-03 13 10 2,5 EP-26 0 - 1

20 6,5 EP-27 1,20 - 1

38 8,5 EP-28 2,40 - 1

EP-29 3,60 - 1

L: comprimento da trinca; p: profundidade da trinca; e: abertura da trinca;- Não foram realizados ensaios no período seco.

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66As Figura 29 e Figura 30 mostram o ponto EP-26 após ensaio de placa e a medição de

profundidade em um ponto da trinca TR-03, respectivamente.

Figura 29. EP-26 após a retirada da placa, ensaiosobre a trinca TR-03.

Figura 30. Medida de profundidade da trinca TR-03.

3.3.1.3 Cálculo da vazão de saída do analisador de gás

Como citado no início do item 3.3.1, à medida que uma amostra de gás é analisada

pelo GEM5000, ela é liberada para a atmosfera. Assim, um determinado volume de metano do

interior da placa é perdido neste processo. A fim de quantificar o volume perdido em cada

leitura foi realizado uma calibração, em laboratório, que consistiu em utilizar uma proveta de

1000 ml, uma bexiga de borracha, cola de silicone, fita adesiva e o analisador. O

procedimento pode ser descrito da seguinte forma, apresentado na Figura 31.

Figura 31. Procedimento para medir a vazão de saída do analisador de gás utilizado.a) Materiais utilizados; b) Tubo de saída do

GEM5000 e bexiga dentro daproveta;

c) Leitura de gás em andamento.

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67

Bexiga de borracha

• A bexiga foi presa ao tubo de saída de gás do analisador através do uso de cola de

silicone;

• O tubo com a bexiga foi introduzido na proveta e fixado nesta com o uso de fita

adesiva;

• Foi adicionada água dentro da proveta até um determinado nível e o volume

correspondente foi anotado como volume inicial;

• O analisador de gás foi ligado, foi feita a purga com ar e, em seguida, este

equipamento foi conectado ao tubo de saída;

• Foram solicitadas leituras de gás, com duração de 6 ou 10 segundos cada;

• O volume final atingido na proveta durante cada leitura foi anotado;

• A vazão de saída do analisador de gás foi determinada pela razão entre a variação de

volume e o tempo correspondente;

• No total, foram solicitadas 13 leituras, para cada uma foi obtido um valor de vazão. A

vazão do equipamento foi considerada a média dos resultados obtidos, Tabela 3.

Tabela 3. Determinação da vazão de saída do analisador de gás.

Tempo (s) Volume inicial (cm3) Volume final (cm3) Vazão (cm3/s)

6 950 1000 8,3

6 950 1000 8,3

6 950 1000 8,3

10 850 939 8,9

Page 80: Larissa Aparecida Góes Damasceno EMISSÕES DE METANO ... · Figura 15. Esquema de ensaio de permeabilidade ao ar em câmara triaxial.....47 Figura 16. Esquema do ensaio de permeabilidade

6810 850 939 8,9

10 850 938 8,8

10 850 939 8,9

10 850 938 8,8

10 850 939 8,9

10 850 940 9,0

10 850 939 8,9

10 850 938 8,8

10 850 939 8,9

Média 8,8

Desvio padrão 0,2

• Tendo aferido a vazão de saída do equipamento e conhecendo a duração de cada

leitura realizada nos ensaios de placa, que é de 120 segundos, foi possível determinar

o volume de metano liberado para a atmosfera durante cada análise e descontar esse

valor no volume útil da placa.

3.3.1.4 Cálculo do fluxo de metano através da superfície

O fluxo mássico de metano de cada ensaio está sendo calculado baseado na equação

(3). O procedimento de cálculo pode ser resumido da seguinte forma:

• É criada de uma planilha com as leituras de percentual de concentração do metano e

temperatura no interior da placa, ao longo do tempo;

• Faz-se a correção da densidade do metano em função da temperatura no instante t do

ensaio de acordo com a equação (4);

• Conhecendo o volume de metano confinado na placa e a área útil ocupada pela placa

(40 x 40 cm), é determinada da massa de metano emitida por metro quadrado em cada

leitura do ensaio.

• É feito um gráfico massa de metano emitida [M.L-2] x tempo [T];

• O fluxo mássico de metano é determinado no intervalo linear de maior coeficiente

angular (ΔC/Δt) da curva [M.L-2.T-1], com coeficiente de determinação R2 ≥ 0,9. A

Figura 32 apresenta um exemplo do esquema para o cálculo do fluxo de metano.

Page 81: Larissa Aparecida Góes Damasceno EMISSÕES DE METANO ... · Figura 15. Esquema de ensaio de permeabilidade ao ar em câmara triaxial.....47 Figura 16. Esquema do ensaio de permeabilidade

69Figura 32. Esquema adotado para o cálculo do fluxo mássico de metano.

3.3.2 Determinação do teor de umidade e da massa específica do solo.

Após a conclusão de cada ensaio, a placa é removida e são retiradas três amostras de

solo para a determinação de umidade e de massa específica aparente do solo utilizando o

método do cilindro de cravação padronizado pela NBR 9813 (ABNT, 1987), conforme

apresentado nas Figura 33 e Figura 34. Em laboratório, o solo é homogeneizado, são retiradas

três amostras representativas, que são pesadas e levadas para uma estufa a 100ºC, onde

permanecem até constância de massa.

Figura 33. Retirada de amostra para determinação

da massa específica aparente do solo.

Figura 34. Determinação do teor de umidade:

amostras úmidas.

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 1000,00

0,10

0,20

0,30

0,40

0,50

0,60

0,70

0,80

0,90

1,00

f(x) = 0,01x + 0,14R² = 0,99

Tempo (min.)

Con

cent

raçã

o (g

/m2)

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70 3.3.3 Caracterização geotécnica do solo

As amostras de solo coletadas nos pontos EP-13 e EP-21, para determinação da massa

específica aparente, foram utilizadas em ensaios de caracterização geotécnica, conforme os

procedimentos apresentados no Quadro 16 item 3.3.

3.3.4 Análise dos dados

Com o objetivo de analisar a influência de alguns parâmetros na emissão fugitiva de

metano, foram calculados coeficientes de correlação linear entre cada variável independente

com a variável dependente, fluxo de metano. Nesta análise, os valores nulos de fluxo foram

desprezados, e as variáveis independentes consideradas foram:

• Parâmetros do solo: massa específica seca, umidade e grau de saturação;

• Parâmetros do ambiente interno: sucção média nos drenos de biogás da área e sucção

no dreno mais próximo ao ponto onde o ensaio foi feito, ambas as medidas referentes

ao dia em que cada ensaio foi realizado. Estas informações são medidas pela Battre;

• Distância entre o ponto de ensaio e o dreno de biogás mais próximo;

• Fator do ambiente externo: precipitação acumulada dos 10 dias anteriores à realização

de cada ensaio. Esta informação é medida pela Battre.

Também foi realizada uma análise de regressão múltipla considerando todas variáveis

supracitadas. A regressão múltipla fornece um coeficiente de determinação (R2) e uma função

de múltiplas variáveis.

Aplicando função obtida na regressão múltipla a coeficientes de ajuste, foi possível

obter uma função de previsão do fluxo de metano emitido para a atmosfera, que segue o

formato apresentado na equação (17).

y=ec1 .x 1a+c 2. x2

b+c 3. x3

c+...+c n (17)

Onde: y é o fluxo previsto pela função (g/m2.dia); x1, x2, (…), xn são as variáveis

independentes citadas neste item; a, b e c são coeficientes em que as variáveis independentes

são elevadas; c1, c2, (…), cn são os coeficientes obtidos na análise de regressão múltipla.

Utilizando-se a ferramenta solver, os coeficientes foram otimizados de modo a

maximizar o R2 da função (17).

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71Essa análise de previsão do fluxo foi realizada separando as variáveis em dois grupos:

variáveis relacionadas a fluxo de metano superior e inferior a 12 g/m2.dia.

Para os ensaios realizados sobre e na proximidade de trincas, a partir dos resultados foi

obtido um modelo de previsão das emissões de metano nesta região.

Todas estas análises foram feitas utilizando ferramentas do LibreOffice Calc.

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72 4 RESULTADOS PARCIAIS

Os resultados obtidos nos ensaios já realizados estão apresentados neste item.

4.1 Caracterização do solo de coberturas

Os resultados dos ensaios de caracterização geotécnica do solo: granulometria

conjunta (peneiramento e sedimentação), limites de consistência (WL, WP e IP) e massa

específica dos grãos, estão apresentados na Tabela 4. A curva granulométrica está apresentada

na Erro: Origem da referência não encontrada.

Tabela 4. Resultados da caracterização geotécnica do solo da área de estudo.

Granulometria (%) Limites de

consistência (%)

Massa específica

dos grãos

(g/cm3)Pedregulho Areia

grossa

Areia

média

Areia

fina

Silte Argila WL WP IP

9 14 32 17 10 18 23 17 6 2,728

Figura 35. Curva granulométrica do solo.

Page 85: Larissa Aparecida Góes Damasceno EMISSÕES DE METANO ... · Figura 15. Esquema de ensaio de permeabilidade ao ar em câmara triaxial.....47 Figura 16. Esquema do ensaio de permeabilidade

73

Do ensaio de granulometria conjunta, cujos resultados são apresentados na Tabela 4, é

possível observar que o solo é predominância arenosa, o que lhe confere baixa plasticidade.

Conforme a NBR 6502 (ABNT, 1995), o solo pode ser classificado como areia argilo-siltosa

com pouco pedregulho e segundo o Sistema Unificado de Classificação dos Solos (SUCS),

como SM/SC, areia siltosa areia argilosa.

A massa específica seca e a umidade do solo, medidas nos pontos onde os ensaios

foram realizados, estão apresentadas na Tabela 5.

Tabela 5. Umidade e massa específica seca do solo nos pontos onde os ensaios foram realizados.

Nome do

ponto ensaiado

Umidade do solo (%) Massa específica seca do solo (g/cm3)

Período seco* Período chuvoso** Período seco* Período chuvoso**

EP-01 10,18 10,96 1,72 1,66

EP-02 8,51 11,70 1,55 1,72

EP-03 11,19 14,83 1,66 1,60

EP-04 10,92 *** 1,71 ***

EP-05 10,39 10,62 1,74 1,74

EP-06 6,70 11,15 1,76 1,78

EP-07 6,83 14,42 1,70 1,57

EP-08 8,22 10,77 1,63 1,74

EP-09 6,88 11,75 1,69 1,74

EP-10 5,53 10,34 1,65 1,78

EP-11 1,55 15,06 1,74 1,75

EP-12 3,93 11,24 1,69 1,82

EP-13 5,97 8,38 1,67 1,60

EP-14 2,15 14,83 1,58 1,67

EP-15 4,13 *** 1,69 ***

EP-16 3,40 10,71 1,70 1,76

EP-17 7,05 17,67 1,76 1,73

EP-18 6,59 11,90 1,77 1,82

EP-19 6,51 11,90 1,71 1,67

EP-20 6,59 11,90 1,68 1,84

EP-21 - 9,14 - 1,73

EP-22 - 13,52 - 1,66

* Ensaios realizados entre 08 nov. 2016 e 14 mar. 2017;** Ensaios realizados entre 11 abr. 2017 e 21 jun. 2017;

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74*** Não foram realizados ensaios no período chuvoso, pois a localização dos pontos foi perdida antesde ser feito o levantamento topográfico;- Não foram realizados ensaios no período seco

Conforme a Tabela 5, no período seco, a umidade do solo variou entre 1,55 e 11,19%,

com média de 6,66%; no período úmido, houve uma variação entre 8,38 e 17,67%, com

média de 12,14%. A massa específica seca média foi de 1,69 e 1,72 g/cm3, no período seco e

chuvoso, respectivamente.

4.2 Fluxo de metano através da camada de cobertura

A Tabela 6 apresenta o fluxo de metano através da camada de solo, obtido em ensaios

realizados em 20 pontos da área. Em cada ponto foram realizados 2 ensaios, sendo um no

período seco e o outro no período chuvoso.

Tabela 6. Resultados: fluxo de CH4 obtidos em ensaios realizados em 20 pontos da área de estudo.

Nome do ponto ensaiado Fluxo de CH4 através da camada de cobertura (g/m2.dia)

Período seco* Período chuvoso**

EP-01 125,92 138,90

EP-02 0,00 35,93

EP-03 0,00 10,56

EP-04 19,35 ***

EP-05 0,00 4,10

EP-06 0,00 4,09

EP-07 17,77 26,45

EP-08 0,00 10,21

EP-09 22,45 9,47

EP-10 9,84 84,02

EP-11 9,70 0,00

EP-12 9,29 4,51

EP-13 0,00 0,00

EP-14 31,88 100,86

EP-15 15,96 ***

EP-16 6,04 0,00

EP-17 54,05 138,47

EP-18 17,79 2,28

EP-19 3,96 2,07

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75EP-20 3,98 2,05

EP-21 - 245,72

EP-22 - 273,63

* Ensaios realizados entre 08 nov. 2016 e 14 mar. 2017;** Ensaios realizados entre 11 abr. 2017 e 21 jun. 2017;- Não foram realizados ensaios no período seco;*** Não foram realizados ensaios no período chuvoso.

Conforme a Tabela 6, o fluxo de metano através da camada de cobertura durante o

período seco variou entre 0 e 125, 92 g/m2.dia, com um valor médio de 17,40 g/m2.dia. No

período chuvoso, o fluxo variou entre 0 e 273,63 g/m2.dia, sendo o fluxo médio de 54,67

g/m2.dia. Ou seja, em média, no período chuvoso a emissão fugitiva de metano foi 3 vezes a

emissão no período seco. Até então, esperava-se que o contrário ocorresse, visto que o

aumento da umidade do solo tende a diminuir sua permeabilidade a um gás. Entretanto, há

outras variáveis que podem ter maior influência sobre a emissão fugitiva, como por exemplo,

o aumento da produção de biogás e, consequentemente, da pressão interna do maciço de

resíduos.

Assim, está sendo analisada a influência de algumas variáveis (massa específica e

umidade do solo, sucção média nos drenos de biogás da área no dia em que cada ensaio foi

realizado, sucção no dreno de biogás mais próximo ao ponto onde o ensaio foi realizado,

precipitação) sobre a emissão fugitiva.

4.2.1 Influência das variáveis no fluxo de metano

A Tabela 7 apresenta os resultados das variáveis analisadas no presente estudo.

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76Tabela 7. Resumo dos resultados obtidos em todos os ensaios.

* Valores aproximados, visto que ainda não foram determinadas as coordenadas dos pontos.

1-Sr

29/05/17 EP-01 138,90 10,96 1,66 -1,77 -0,05 78,00 0,54 36,35

08/11/16 EP-01 125,92 10,18 1,72 -1,14 -0,01 25,00 0,53 36,35

04/05/17 EP-02 35,93 11,70 1,72 -1,63 -0,08 39,00 0,46 21,28

08/11/16 EP-02 0,00 8,51 1,55 -1,14 -0,14 25,00 0,69 21,28

29/05/17 EP-03 10,56 14,83 1,60 -1,77 -0,35 78,00 0,43 5,00

08/11/16 EP-03 0,00 11,19 1,66 -1,14 -0,58 25,00 0,53 5,00

16/11/16 EP-04 19,35 10,92 1,71 -3,49 -0,08 12,00 0,50 36,45

05/06/17 EP-05 4,10 10,62 1,74 -1,97 -0,05 57,00 0,49 38,91

16/11/16 EP-05 0,00 10,39 1,74 -3,49 -0,08 12,00 0,50 38,91

04/05/17 EP-06 4,09 11,15 1,78 -1,63 -0,06 39,00 0,43 29,57

29/11/16 EP-06 0,00 6,70 1,76 -1,07 0,00 86,00 0,67 29,57

03/05/17 EP-07 26,45 14,42 1,57 -1,63 -0,07 34,00 0,47 22,18

29/11/16 EP-07 17,77 6,83 1,70 -1,07 0,00 86,00 0,69 22,18

24/05/17 EP-08 10,21 10,77 1,74 -1,96 -0,07 121,00 0,48 26,30

22/12/16 EP-08 0,00 8,22 1,63 -0,91 -0,03 14,00 0,67 26,30

24/01/17 EP-09 22,45 6,88 1,69 -1,19 -0,23 6,00 0,69 5,50

01/06/17 EP-09 9,47 11,75 1,74 -1,46 -0,27 73,00 0,44 5,50

03/05/17 EP-10 84,02 10,34 1,78 -1,63 -0,13 34,00 0,47 12,98

24/01/17 EP-10 9,84 5,53 1,65 -1,19 -0,03 6,00 0,77 12,98

31/01/17 EP-11 9,70 1,55 1,74 -0,97 -0,04 6,00 0,93 6,00

31/01/17 EP-11 9,29 3,93 1,69 -0,97 -0,01 5,00 0,83 18,30

01/06/17 EP-11 0,00 15,06 1,75 -1,46 -0,24 73,00 0,26 6,00

09/05/17 EP-12 4,51 11,24 1,82 -1,32 -0,07 83,00 0,39 18,30

02/02/17 EP-13 0,00 5,97 1,67 -0,97 -0,01 5,00 0,74 14,79

09/05/17 EP-13 0,00 8,38 1,60 -1,32 -0,09 83,00 0,68 14,79

22/05/17 EP-14 100,86 14,83 1,67 -1,88 -0,15 124,00 0,36 12,21

09/02/17 EP-14 31,88 2,15 1,58 -1,12 -0,10 1,00 0,92 12,21

14/02/17 EP-15 15,96 4,13 1,69 -1,06 -0,03 0,00 0,82 19,27

14/02/17 EP-16 6,04 3,40 1,70 -1,06 -0,01 0,00 0,85 20,21

24/05/17 EP-16 0,00 10,71 1,76 -1,96 -0,10 121,00 0,47 20,21

07/06/17 EP-17 138,47 17,67 1,73 -2,15 -0,11 48,00 0,16 19,43

16/02/17 EP-17 54,05 7,05 1,76 -0,97 -0,03 0,00 0,65 19,43

07/03/17 EP-18 17,79 6,59 1,77 -0,95 -0,06 28,00 0,67 20,37

21/06/17 EP-18 2,28 11,90 1,82 -2,03 -0,10 43,00 0,35 20,37

14/03/17 EP-19 3,96 6,51 1,71 -1,17 -0,06 5,00 0,70 21,34

21/06/17 EP-19 2,07 11,90 1,67 -2,03 -0,10 43,00 0,49 21,34

14/03/17 EP-20 3,98 6,59 1,68 -1,17 -0,05 5,00 0,71 22,26

21/06/17 EP-20 2,05 11,90 1,84 -2,03 -0,09 43,00 0,33 22,26

11/04/17 EP-21 245,72 9,14 1,73 -1,69 -0,21 87,00 0,57 19,27

05/06/17 EP-22 273,63 13,52 1,66 -1,97 -0,05 57,00 0,43 36,45

01/08/17 EP-26 4,11 18,44 1,46 -1,98 -0,11 45,00 0,42 20,10*

01/08/17 EP-27 4,10 15,09 1,56 -1,98 -0,11 45,00 0,45 19,40*

14/08/17 EP-28 4,08 6,21 1,46 -1,86 -0,18 10,00 0,80 18,80*

14/08/17 EP-29 3,38 6,21 1,46 -1,86 -0,19 10,00 0,80 18,00*

23/08/17 EP-50 68,88 10,97 1,59 -2,18 -0,03 13,00 0,58 18,65*

28/08/17 EP-51 21,17 8,64 1,62 -1,79 -0,02 39,00 0,66 19,00*

28/08/17 EP-52 12,32 9,90 1,60 -1,79 -0,02 39,00 0,62 19,50*

30/08/17 EP-53 2,67 9,03 1,51 -1,87 -0,03 34,00 0,69 20,00*

Data do ensaio

Pontos ensaiados

Fluxo de CH

4

(g/m2.dia)

Umidade do solo (%)

Massa específica

seca do solo(g/cm3)

Sucção média nos drenos da área (kPa)

Sucção no dreno mais

próximo por

distância (kPa/m)

Precipitação

acumulada – 10 dias

(mm)

Distância do ponto ao dreno (m)

Page 89: Larissa Aparecida Góes Damasceno EMISSÕES DE METANO ... · Figura 15. Esquema de ensaio de permeabilidade ao ar em câmara triaxial.....47 Figura 16. Esquema do ensaio de permeabilidade

77De posse dos resultados dos ensaios, foi montada a matriz de correlação linear entre

cada variável independente com a variável fluxo de metano, Tabela 8.

Tabela 8. Matriz de correlação linear entre as variáveis medidas.

Os baixos valores de correlação linear, observados na primeira coluna da Tabela 8,

permitem dizer que a relação entre duas variáveis isoladas não fornece um indicativo de como

o fluxo de metano é direcionado. Também é possível perceber que as variáveis massa

específica do solo e sucção no dreno mais próximo possuem as menores correlações com o

fluxo de metano, 0,02 e 0,09, respectivamente.

Diante destes resultados, foi realizada uma análise de regressão múltipla que resultou

em uma função de predição do fluxo de metano com R2 = 0,14.

A função obtida pela análise de regressão foi ajustada utilizando-se a ferramenta

solver. Esta ferramenta permitiu a mudança de alguns coeficientes, que foram aplicados à

função inicial, de modo a maximizar seu R2.

Nesse tratamento, as variáveis foram separadas em dois grupos: variáveis cujo fluxo

de metano foi superior a 12 g/m2.dia e variáveis cujo fluxo foi inferior a 12 g/m2.dia,

desprezando-se os valores nulos de fluxo.

Para o primeiro caso, o modelo de previsão do fluxo obtido apresentou a função (18)

com R2 = 0,81.

y=e7,34 . x10,2

+11,38. x216+5,80E-6 . x3

1,5+86,93 .x 4

2,5−1,87E-7.x 5

13−17,00 .x 6

−4+1,73 .x 7

0,4−7,06

(18)

Onde: x1 é a distância do ponto do ensaio ao dreno de biogás mais próximo (m), x2 é o

grau de saturação do solo, x3 é a precipitação acumulada em dias anteriores ao ensaio (mm),

1-Sr

0,25 0,10 0,13 -0,42 0,54 0,03 -0,14 1,00

-0,25 -0,92 -0,35 0,50 0,27 -0,56 1,00

0,22 0,51 0,22 -0,17 -0,15 1,00

0,02 -0,31 0,12 0,05 1,00

-0,11 -0,53 0,05 1,00

0,09 -0,01 1,00

0,24 1,00

1,00

Fluxo de CH

4

(g/m2.dia)

Umidade do solo (%)

Massa específica

seca do solo (g/cm3)

Sucção média nos drenos da área (kPa)

Sucção no dreno mais próximo por distância (kPa/m)

Precipitação acumulada – 10 dias (mm)

Distância do ponto ao dreno

(m)

Page 90: Larissa Aparecida Góes Damasceno EMISSÕES DE METANO ... · Figura 15. Esquema de ensaio de permeabilidade ao ar em câmara triaxial.....47 Figura 16. Esquema do ensaio de permeabilidade

78x4 é a sucção no dreno mais próximo do ensaio por comprimento (kPa/m), x5 é a sucção média

nos drenos da área de estudo (kPa), x6 é a massa específica seca do solo (g/cm3) e x7 é o teor

de umidade do solo (%).

Com este modelo de previsão, foram obtidas as correlações lineares apresentadas na

Tabela 9.

Tabela 9. Correlação linear entre as variáveis ajustadas pela função (19).

A maioria dos valores foram aumentados em módulo, inclusive as correlações entre

fluxo de metano e massa específica do solo e fluxo e sucção no dreno mais próximo.

A umidade do solo apresentou maior correlação com o fluxo de metano, cujo valor

positivo indica que uma proporção direta entre elas. Antes da realização dos ensaios no

período de chuvas, esperava-se uma relação inversa, visto que o aumento da quantidade de

água no solo reduz sua permeabilidade a gases. Até o momento, a hipótese utilizada como

justificativa é que o aumento do teor de umidade do solo direciona o fluxo de metano para

caminhos preferenciais (fluxo dispersivo). Desta forma, os pontos onde ocorreram maior

fluxo estariam localizados em áreas sob influência de trincas.

A Figura 36 apresenta a relação entre o fluxo de metano previsto para este modelo e o

medido em campo.

1-Sr

0,48 -0,22 -0,22 0,18 0,42 -0,15 0,26

Umidade do solo (%)

Massa específica seca do solo (g/cm3)

Sucção média nos drenos

da área (kPa)

Sucção no dreno mais próximo por distância (kPa/m)

Precipitação acumulada – 10

dias (mm)

Distância do ponto ao

dreno (m)

Fluxo de CH

4

(g/m2.dia)

Page 91: Larissa Aparecida Góes Damasceno EMISSÕES DE METANO ... · Figura 15. Esquema de ensaio de permeabilidade ao ar em câmara triaxial.....47 Figura 16. Esquema do ensaio de permeabilidade

79Figura 36. Fluxo de CH4: previsto pela equação (18) versus obtido em ensaio.

No caso em que foram tratados os ensaios com fluxo de metano inferior a 12 g/m2.dia,

o modelo de previsão do fluxo (19) com R2 = 0,87.

y=e39,36. x1−1,4

+47,89. x2−0,5

+5,85E-4. x32−9,78. x 4

0,5−0,32. x5

3,6−4,51E-3. x6

14−5,41. x7

0,7−22,97

(19)

Onde: x1 é a distância do ponto do ensaio ao dreno de biogás mais próximo (m), x2 é o

grau de saturação do solo, x3 é a precipitação acumulada em dias anteriores ao ensaio (mm),

x4 é a sucção no dreno mais próximo do ensaio por comprimento (kPa/m), x5 é a sucção média

nos drenos da área de estudo (kPa), x6 é a massa específica seca do solo (g/cm3) e x7 é o teor

de umidade do solo (%).

Com este modelo de previsão, foram obtidas as correlações lineares apresentadas na

Tabela 10.

Tabela 10. Correlação linear entre as variáveis ajustadas pela função (20).

1-Sr

-0,27 -0,14 -0,49 0,07 0,38 -0,26 0,65

Umidade do solo (%)

Massa específica seca do solo (g/cm3)

Sucção média nos drenos da área (kPa)

Sucção no dreno mais

próximo por distância (kPa/m)

Precipitação acumulada – 10

dias (mm)

Distância do ponto ao

dreno (m)

Fluxo de CH

4

(g/m2.dia)

Page 92: Larissa Aparecida Góes Damasceno EMISSÕES DE METANO ... · Figura 15. Esquema de ensaio de permeabilidade ao ar em câmara triaxial.....47 Figura 16. Esquema do ensaio de permeabilidade

80

Neste caso, a correlação entre o fluxo de metano e umidade do solo apresentou uma

relação inversa, ou seja, menor umidade provocou maior fluxo de metano. Considerando a

hipótese comentada neste item, pode-se inferir que um menor teor de umidade uniformiza o

fluxo pela camada de cobertura, minimizando o fluxo através de trincas.

A Figura 37 apresenta a relação entre o fluxo de metano previsto para este modelo e o

medido em campo.

Figura 37. Fluxo de CH4: previsto pela equação (19) versus obtido em ensaio.

4.2.2 Ensaios de placa sobre e próximos a trincas

Como explicado no item 3.3.1.2, na região da trinca TR-01, foram realizados ensaios

nos períodos seco e úmido nos pontos EP-17, EP-18, EP-19 e EP-20. Os resultados obtidos

para o período seco e úmido estão apresentados na Figura 38.

Page 93: Larissa Aparecida Góes Damasceno EMISSÕES DE METANO ... · Figura 15. Esquema de ensaio de permeabilidade ao ar em câmara triaxial.....47 Figura 16. Esquema do ensaio de permeabilidade

81Figura 38. Resultados dos ensaios realizados sobre e próximo a trinca TR-01 (EP-17, EP-18, EP-19 e

EP-20), períodos seco e chuvoso.

A partir do resultado obtido em cada ponto, o modelo de previsão do fluxo de metano

na região da trinca TR-01 no período seco é dado pela equação (21), para um coeficiente de

determinação: R2=0,98 .

J (x)=54,05.e−0,90. x2

(21)

Para o período chuvoso, foi obtida a função (22), com o R2=0,99 .

J (x)=138,47 .e−2,2. x2

(22)

Onde x é a distância até a trinca [L] e J é o fluxo de metano emitido para a atmosfera

[M.L-2.T].

O período chuvoso apresentou uma curva mais fechada que o período seco, com

emissões mais concentradas no centro da trinca e emissão máxima com valor superior em

comparação à época anterior. Isto pode ser justificado pelo fato do teor de umidade médio na

camada de cobertura no período chuvoso ter sido o dobro do valor médio obtido no período

0,00 0,55 1,10 1,65 2,20 2,75 3,30 3,85 4,400,00

20,00

40,00

60,00

80,00

100,00

120,00

140,00

160,00

Ajuste época seca

Ajuste época chu-vosa

Campo época seca

Distância do ponto de ensaio à trinca (m)

Flux

o C

H4

(g/m

2.di

a)

Page 94: Larissa Aparecida Góes Damasceno EMISSÕES DE METANO ... · Figura 15. Esquema de ensaio de permeabilidade ao ar em câmara triaxial.....47 Figura 16. Esquema do ensaio de permeabilidade

82seco. A maior quantidade de água no solo pode ter direcionado as emissões fugitivas de

metano para caminhos preferenciais.

A integral das funções (21) e (22) no intervalo de -∞ a ∞ (o dobro da área sob as

curvas apresentadas na Figura 38) forneceu uma densidade de fluxo de metano [M.L.T],

equações (23) e (24).

∫−∞

54,05.e−0,90. x2

dx (23)

∫−∞

138,47. e−2,20. x2

dx (24)

A densidade de fluxo obtida para a trinca TR-01 foi de 100,99 g/m.dia e de 165,48

g/m.dia, período seco e chuvoso respectivamente.

Conforme a Figura 38, no o período seco, a partir de 3,30 m de distância da trinca a

emissão de metano foi praticamente nula. Então em uma área de 6,60 x 16 m, onde a trinca

está centralizada, foram emitidos para atmosfera 1615,78 g/dia de metano. No caso do

período chuvoso, a emissão nula foi observada a partir de 2,20 m de distância da trinca, ou

seja, a área de influência da trinca passou a ser de 4,40 x 16 m, e a emissão de metano foi de

2647,61 g/dia.

Os resultados obtidos na trinca TR-02, para o período e úmido estão apresentados na

Figura 39.

Page 95: Larissa Aparecida Góes Damasceno EMISSÕES DE METANO ... · Figura 15. Esquema de ensaio de permeabilidade ao ar em câmara triaxial.....47 Figura 16. Esquema do ensaio de permeabilidade

83Figura 39. Resultados dos ensaios realizados sobre e próximo a trinca TR-02 (EP-50, EP-51, EP-52 e

EP-53), período chuvoso.

O modelo de previsão do fluxo de metano na região da trinca TR-02 no período seco é

dado pela equação (25), para um coeficiente de determinação: R2=0,95 .

J (x)=68,88 .e−0,67. x2

(25)

A densidade de fluxo calculada foi de 149,15 g/m.dia e a emissão total na área de

influência da trinca (3,80 x 10 m) foi de 1491,53 g/dia.

Os resultados obtidos na trinca TR-03, para o período e úmido estão apresentados na

Figura 40.

0,00 0,60 1,20 1,80 2,40 3,00 3,60 4,20 4,800,00

10,00

20,00

30,00

40,00

50,00

60,00

70,00

80,00Medidas em campo Ajuste da curva

Distância do ponto à trinca (m)

Flux

o de

CH

4 (g

/m2.

dia)

Page 96: Larissa Aparecida Góes Damasceno EMISSÕES DE METANO ... · Figura 15. Esquema de ensaio de permeabilidade ao ar em câmara triaxial.....47 Figura 16. Esquema do ensaio de permeabilidade

84Figura 40. Resultados dos ensaios realizados sobre e próximo a trinca TR-03 (EP-26, EP-27, EP-28 e

EP-29), período chuvoso.

No caso da região em torno da trinca TR-03, o fluxo pode ser descrito pela função

(26), cujo coeficiente de determinação foi o menor obtido, R2=0,77 .

J (x)=4,11 .e−0,012. x2

(26)

A densidade de fluxo calculada foi de 31,88 g/m.dia e a emissão total em uma área de

influência de 4,00 x 10 m foi de 414,38 g/dia.

0,00 0,60 1,20 1,80 2,40 3,00 3,60 4,20 4,800,00

0,50

1,00

1,50

2,00

2,50

3,00

3,50

4,00

4,50Medidas em campo Ajuste da curva

Distância do ponto à trinca (m)

Flux

o de

CH

4 (g

/m2.

dia)

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85CRONOGRAMA

Quadro 17. Cronograma de atividades.

ITEM ANO II ATIVIDADE

O N D J F M A M J J

Revisão bibliográfica x x x x x x Levantamento de artigos, dissertações

e teses relacionados ao tema estudado.

Caracterização geotécnica

e medidas de sucção

x x Caracterização geotécnica e obtenção

da curva característica de duas

amostras de solo.

Ensaio de permeabilidade

à água e ao gás nitrogênio

x x x x x Ensaios para medir o coeficiente de

permeabilidade de duas amostras de

solo à água e ao gás nitrogênio.

Ensaios de placa x Ensaios em áreas trincadas antes do

acréscimo de uma nova camada na

área de estudo.

x x x x x x Repetição dos ensaios de placa após o

acréscimo de uma nova camada na

área de estudo.

Tratamento dos dados e

obtenção dos resultados

parciais

x x x x x x x x Cálculo da emissão fugitiva da área de

estudo, considerando a área de

influência de fissuras.

Cálculo a produção de metano da área

de estudo e comparar com a emissão

fugitiva.

Cálculo o coeficiente de

permeabilidade do solo ao ar para

diferentes teores de umidade.

Inclusão da variável permeabilidade

na análise de regressão múltipla e

análise de sua correlação com a

emissão de metano na área de estudo.

Escrita da dissertação x x x x x x x x x Elaboração do corpo de texto da

dissertação.

Defesa da dissertação x Defesa da dissertação e avaliação da

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86banca

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87REFERÊNCIAS

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