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    LAUDO TCNICO SOBRE ASCAUSAS DO DESABAMENTO DO

    EDIFCIO AREIA BRANCALocal: Av. Bernardo Vieira de Melo, No. 2852

    Bairro da Piedade, Jaboato dos Guararapes, PE

    Volume 1 Texto e Documentrio Fotogrfico

    Autores:

    EngoCivil, Alexandre Duarte GusmoCREA 17403-D/PE

    EngoCivil, Dlson Corra Lima TeixeiraCREA 3256-D/PE

    EngoCivil, Joaquim Correia de Andrade FilhoCREA 1601-D/PE

    EngoCivil, Jos Afonso Pereira VitrioCREA 6904 D PE

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    APRESENTAO

    Aps nove meses de trabalho, a comisso designada pelo Presidente do CREA-PE para elucidar o acidente envolvendo o edifcio Areia Branca entrega ao Conselho, Comunidade Tcnica e Sociedade, o Laudo Tcnico contendo todos os estudos,anlises e diagnstico sobre as causas do desabamento do referido edifcio, ocorrido no

    dia 14 de outubro de 2004.Mesmo tratando-se de um documento estritamente tcnico, cuja redao no

    deixa quaisquer dvidas a esse respeito, o Laudo, no entender da Comisso, devetambm, ter um carter educativo, no sentido de alertar para os procedimentosrelacionados ao projeto, aos processos construtivos, ao controle de qualidade e manuteno de edificaes no estado de Pernambuco.

    Dessa forma, alm de concluir sobre as causas do desabamento que tirou a vidade quatro pessoas e privou famlias de seu mais importante patrimnio, este trabalhoespera contribuir para a boa prtica da engenharia em Pernambuco, na medida em queos ensinamentos tirados deste episdio possam contribuir para a melhoria dos

    procedimentos dos projetos e execuo, de modo a evitar que este tipo de tragdia voltea acontecer.

    Nesse sentido, vale a pena destacar alguns aspectos que, caso recebam a devida

    ateno, podero reduzir significativamente o risco da ocorrncia de graves acidentes,alm de garantir maior vida til e melhor funcionalidade dos imveis:

    O desabamento do edifcio Areia Branca teve como principal causa a m execuoda sua estrutura, havendo indicativos de que tal fato est relacionado ausncia deengenheiros qualificados na conduo da obra. Isto aponta para a impossibilidade deobter-se um adequado padro de segurana e qualidade em uma obra de engenharia,

    sem que haja a participao de profissionais com adequada formao e treinamentonas diversas reas do conhecimento que so necessrias para a execuo de umempreendimento.

    Os acidentes com desabamentos de edificaes ocorridos nos ltimos anos naRegio Metropolitana do Recife RMR, tiveram entre as suas causas a degradao

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    modo a permitir identificar com antecedncia os problemas existentes e solucion-

    los antes que constituam riscos integridade da obra. de fundamental importnciaque as atividades de manuteno e reparo sejam efetuadas por empresas e

    profissionais qualificados e habilitados, devendo incluir necessariamente a inspeode peas da infra-estrutura (cintas, pescoos dos pilares, sapatas e blocos decoroamento das estacas).

    A falta de mecanismos legais de controle e aferio da qualidade das edificaes no

    Brasil se constitui em um grande problema que precisa ser enfrentado e resolvidocom urgncia. Algumas instituies que direta ou indiretamente tratam destaquesto, como o caso das prefeituras e outros rgos de fiscalizao, precisamrever e adequar seus procedimentos visando garantir a qualidade das edificaes,

    bem como as suas manutenes ao longo do tempo. Isso evitar a lacuna legalatualmente existente que faz com que os usurios fiquem sem saber a quem recorrerquando se sentem prejudicados por alguma anomalia em seus imveis.

    Torna-se necessrio envolver tambm: os agentes financeiros, que financiam osimveis sem avaliarem a qualidade dos mesmos; as empresas do setor imobilirio,no sentido de melhor qualificar a mo-de-obra da construo civil e aperfeioar os

    processos construtivos; as universidades e centros de pesquisa para melhorar aformao e a capacitao profissional; as casas legislativas nas esferas municipal,estadual e federal para elaborarem leis apropriadas e exeqveis que possam dar orespaldo legal s aes voltadas para garantirem a segurana dos imveis.

    Finalmente, no pode deixar de ser repensado o prprio papel dos ConselhosRegionais de Engenharia, Arquitetura e Agronomia que realizam em todo o Brasil afiscalizao do exerccio profissional com base em uma legislao antiquada queno atende s atuais demandas da sociedade, e que precisa passar por uma profundareformulao.

    Recife, julho de 2005

    A COMISSO TCNICA

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    NDICE

    1. Introduo

    2. Objetivo

    3. O acidente

    4. Descrio do sistema estrutural4.1 Contexto em que a estrutura foi projetada e construda

    5. Metodologia adotada

    5.1 Visitas e inspees no local do acidente5.2 Entrevistas com pessoas relacionadas com o acidente5.3 Anlise dos escombros5.4 Ensaios realizados

    5.5 Anlise estrutural5.6 Anlise do solo e da fundao

    6 Anlises dos dados obtidos e diagnstico

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    10. Anexos

    10.1 Entrevistas10.2 Ensaios realizados

    10.2.1 Sondagem a percusso10.2.2 Anlise fsico-qumica da gua10.2.3 Anlise qumica do solo10.2.4 Resistncia compresso do concreto10.2.5 Profundidade de carbonatao10.2.6 Resistncia trao do ao10.2.7 Reconstituio do trao10.2.10 Porosidade e reao lcali-agregado

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    1. Introduo

    O Edifcio Areia Branca iniciou a sua construo em 1977 e foi concludo em

    1979. Segundo registros existentes no CREA-PE, o referido edifcio foi construdo pela

    JB Construes Ltda, com responsabilidade tcnica pelo projeto arquitetnico econstruo do arquiteto Juarez Alves Batista, CREA 1568 -D. A referida construtora

    est com as suas atividades encerradas, e seu titular, o arquiteto e proprietrio Juarez

    Alves Batista falecido. O edifcio teve ainda a empresa ENGEST, responsvel pelo

    projeto estrutural. No constam dos registros do CREA as responsabilidades tcnicas

    pelas elaboraes dos demais projetos complementares.A empresa ENSOLO foiresponsvel pelos servios de sondagens percusso, que conduziram ao projeto das

    fundaes.

    No dia 14 de outubro de 2004, o Edifcio Areia Branca sofreu colapso na sua

    estrutura, vindo a desabar totalmente. No dia seguinte, o Conselho Regional de

    Engenharia, Arquitetura e Agronomia de Pernambuco, constituiu uma comissocomposta pelos signatrios deste Laudo com a finalidade de esclarecer as causas do

    acidente.

    2. Objetivo

    Este Laudo tem como objetivo emitir o diagnstico conclusivo, considerando os

    aspectos estritamente tcnicos, sobre as causas que provocaram o colapso estrutural do

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    3. O acidente

    A descrio do acidente est respaldada nos depoimentos obtidos de algunsmoradores, de operrios e engenheiros que naquela ocasio executavam servios

    emergenciais de reforo estrutural, de tcnicos da CODECIPE, do sndico do edifcio e

    da anlise de grande quantidade de fotografias tiradas antes e aps o acidente.

    No domingo noite, dia 10.10.2004, alguns moradores ouviram um estrondo noedifcio e realizaram uma inspeo visual no pavimento trreo e garagem. No

    entanto, no identificaram a origem nem constataram anomalias na estrutura;

    na tera-feira, dia 12.10.2004, o sndico do edifcio, ao estacionar o seu veculo,

    na vaga junto ao reservatrio inferior, no subsolo, percebeu que aquela regio se

    encontrava alagada. Observou, ainda, manchas com caractersticas de vazamentona parede do reservatrio, alm de fissuras inclinadas;

    na quarta-feira, dia 13.10.04, o engenheiro Gamal Asfura, scio da empresa

    responsvel pela elaborao do projeto estrutural do edifcio, a ENGEST

    atendendo solicitao do administrador do imvel, vistoriou os pavimentos

    subsolo e trreo, observando que o reservatrio inferior apresentava vazamento.Tambm constatou fissuras na alvenaria, no trecho situado abaixo do patamar da

    escada, no subsolo. Naquela oportunidade, uma moradora o informou que uma

    porta de seu apartamento estava emperrando. Ele reuniu alguns moradores

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    tambm por outros moradores que alegaram terem sentido o edifcio balanar. O

    referido engenheiro ligou para a Jatobeton que ficou de comparecer ao local no

    incio da manh. Na ocasio o Sndico solicitou que os moradores deixassem o

    edifcio;

    naquela mesma madrugada, s 01:20 h, o condomnio acionou o Centro de

    Atendimento da CODECIPE, sendo registrada a ocorrncia No. 385/2004. s

    2:40 h, o Engenheiro Civil e Major PM Carlos Alberto DAlbuquerque, tcnico

    da CODECIPE, se encontrava no local, encontrando os moradores reunidos na

    parte inferior do edifcio;

    no incio da manh da quinta-feira, dia 14.10.2004, compareceram ao local

    representantes da empresa Jatobeton e o engenheiro Gamal Asfura. Foram

    procedidas inspees, inclusive no interior do reservatrio inferior, constatando-

    se rachadura em uma viga do teto do subsolo, prxima da escada, no sendo

    observadas, naquele instante, anomalias nos pilares. s 10:20 h a equipe da

    CODECIPE chegou ao local, tendo sido informada pelo sndico que os

    elevadores haviam sido desligados, os reservatrios estavam sendo esvaziados e

    que o prdio estava desocupado. A referida equipe permaneceu no local durante

    uma hora e vinte minutos, vistoriando o imvel, na companhia de uma comisso

    de moradores;

    s 14:00 h do mesmo dia, o condomnio autorizou o incio dos servios de

    recuperao que se fizessem necessrios. A mobilizao de pessoal, ferramentas

    e materiais para realizao dos servios foi concluda entre as 15 e 16 horas,

    ocasio em que os servios efetivamente comearam. Relatos dos operrios e

    engenheiros da Jatobeton revelaram o aparecimento de trincas numa viga de

    contorno na parte posterior do subsolo aproximadamente s dezessete horas

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    sucesso em outras oportunidades, tendo sido relatado o caso de um edifcio na

    cidade de Belm, no estado Par, em situao semelhante. Relatos dos tcnicos

    da Jatobeton e do servente Ccero Tenrio da Silva indicam que os materiais

    para o reforo dos pilares chegaram entre 19 e 20 h. Logo aps o jantar dos

    operrios (19:25 h aproximadamente), os servios foram recomeados com

    aprofundamento da escavao das duas sapatas, seguidos da aplicao de graute

    no pescoo do primeiro pilar. No instante em que o pescoo do segundo pilar foi

    descoberto, no foi observada qualquer anomalia de forma aparente. Logo aps

    a colocao do primeiro balde de graute, ouviu-se um estrondo;

    aproximadamente s 20:20 h, uma moradora que estava observando os trabalhos

    de recuperao foi alertada pelo operrio Ccero Tenrio da Jatobeton, que o

    segundo pilar, prximo do anterior, igualmente junto ao reservatrio inferior,

    estava soltando lascas de concreto e os ferros ficando retorcidos. Logo a seguir

    ocorreu um novo estrondo semelhante a um tiro abafado. Todos saram correndo

    e escutaram estrondos sucessivos, ocorrendo ento o desabamento do edifcio.

    Os relatos afirmam que o edifcio inicialmente desceu at atingir o nvel do 6

    pavimento, quando ento deu uma ligeira parada, efetuando um pequeno giro

    para noroeste, desabando completamente, aproximadamente s 20:30 h do dia

    14.10.2004. Os fragmentos atingiram o edifcio vizinho, denominado Solar da

    Piedade, que sofreu danos em sua estrutura at o nvel do quinto andar.

    4. Descrio do sistema estrutural

    O Edifcio Areia Branca, com 12 pavimentos teis mais um pavimento trreo e

    b l f i d d i d l j

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    As fundaes eram superficiais diretas do tipo sapatas isoladas em concreto

    armado, assentadas na cota aproximada de 1,80 m abaixo do nvel do piso do subsolo.

    Todos os pescoos dos pilares eram contraventados por cintas de concreto armado com

    seo transversal de 10 cm x 40 cm.

    4.1 Contexto em que a estrutura foi projetada e construda

    Pelo fato de ter a sua construo iniciada em 1977, a data de elaborao do

    projeto estrutural foi naturalmente anterior, provavelmente em 1975, e, por

    conseqncia, efetuado de acordo com a norma da ABNT NB1/1960 Clculo e

    Execuo de Obras de Concreto Armado. Observe-se que a NB1/1960 esteve em vigor

    at 1978, sendo substituda pela NBR 6118/1978 Projeto e execuo de obras de

    concreto armado Procedimento. Por sua vez, foi substituda recentemente pela NBR

    6118/2003 Projeto de estruturas de concreto Procedimentos. Os conhecimentos

    acerca do concreto armado contidos na NB1/1960 foram gerados em datas anteriores s

    dcadas de 40 e 50. Esta norma teve por base a norma alem DIN-1045, ento em vigor,

    enquanto que a NBR 6118/78 teve como referncia as recomendaes do CEB/1970 e a

    recente NBR 6118/2003 no Eurocode 2. Estas consideraes so relevantes para

    compreenso do contexto em que se situou o projeto estrutural e execuo do Edifcio

    Areia Branca. Depreende-se que o conhecimento tcnico que teve por base o projeto

    estrutural do Edifcio Areia Branca de pelo menos cinqenta anos atrs e, no poderia

    ter sido de outra forma, quando consideramos as normas tcnicas em vigor. Deve ser

    acrescentado aqui que alguns conceitos relativos aos aos utilizados nas estruturas de

    concreto armado contidos na NB-1/1960 foram alterados pela modificao da

    especificao de ao EB3/1967 que introduziu os aos CA-60 e conceitos relativos

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    portanto em praticamente todas as obras, limitavam-se a 22 MPa. Havia recomendaes

    para o emprego de concretos com resistncia caracterstica mnima de 13,5 MPa para os

    casos em fossem utilizados aos CA-T-50, os considerados aos especiais para a

    poca. No caso dos aos 37-CA, correspondentes aos atuais CA-25, os limites inferiores

    ficavam reduzidos a 10 MPa, resistncia mnima para um concreto dito estrutural. A

    evoluo do conhecimento do comportamento do concreto permitiu que a NBR-

    6118/2003 especificasse que a resistncia caracterstica mnima compresso fosse 20

    MPa, limitando-se, no entanto a 50 MPa que, mutatis mutandi, passou a ter em menor

    escala o papel dos 22 MPa da NB1/1960. Na Regio Metropolitana do Recife e,

    praticamente em todo territrio nacional, bem conhecido que a predominncia das

    resistncias adotadas foi de 13,5 a 18 MPa, tendo valores mais prximos de 15 MPa a

    maior incidncia de uso.

    Ensaios realizados em testemunhos retirados dos escombros do Edifcio Areia

    Branca revelaram que o concreto tinha resistncia caracterstica compresso de 15

    MPa. O valor obtido com 24 testemunhos, sendo 12 da infra-estrutura e 12 da

    superestrutura, retirados de diversas peas estruturais resultou em 14,72 MPa.

    Outro aspecto relevante da NB-1/1960 so os valores recomendados da capa de

    cobrimento. Era prtica usual, atendendo esta verso da Norma, o uso de cobrimentos

    mnimos de 0.5 cm para as lajes, 1 cm para as vigas e 1,5 cm para os pilares, sendo, no

    entanto, 2 cm para os pilares em contato com o solo. Comparando-se com os valores da

    NBR-6118/2003, estes praticamente equivalem aos recomendados para cobrir as

    incertezas na capa de proteo da armadura quando da execuo. Em outras palavras,

    para os padres atuais, seria como se o cobrimento fosse desprezvel. Este aparente

    simples fato resultou em cidades litorneas no paraso das empresas de recuperao

    estrutural, inclusive na Regio Metropolitana do Recife. Um fato inusitado que no

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    5. Metodologia adotada

    5.1 Visitas e inspees no local do acidente

    Logo aps ser constituda em 15.10.2004 atravs de portaria da Presidncia do

    CREA, a Comisso iniciou as suas atividades definindo um calendrio de visitas e

    inspees no local do acidente, com o objetivo de analisar os escombros, bem comoselecionar e coletar amostras para a realizao de ensaios laboratoriais.

    A Comisso solicitou do CREA-PE a colocao de um engenheiro no local, em

    tempo integral, visando orientar a retirada dos escombros de forma racional e tambm o

    controle da coleta de amostras definidas pela Comisso.

    5.2 Entrevistas com pessoas relacionadas ao acidente

    No perodo de 03.11.2004 a 13.12.2004, a Comisso efetuou entrevistas diversas

    pessoas relacionadas com o acidente, que esto relacionadas a seguir:

    03.11.2004 Engenheiro Civil Gamal Asfura, scio da ENGEST Engenharia

    Estrutural Ltda, empresa responsvel pelo projeto estrutural do edifcio;

    08.11.2004 Engenheiro Civil Taufig Asfura, scio da ENGEST Engenharia

    Estrutural Ltda, empresa responsvel pelo projeto estrutural do edifcio;

    08.11.2004 - Engenheiros Civis Aguinaldo Jos Silva Paraso, Mrcio Aguiar, Jos

    Ivan Rodrigues, da empresa JATOBETON que se encontrava realizando servios

    de reforo estrutural no momento em que o prdio desabou;

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    22.11.2004 O Sr. Ccero Tenrio da Silva, funcionrio da empresa JATOBETON,

    que apareceu acompanhado do advogado Aluzio Freitas de Almeida Jnior;

    22.11.2004 O engenheiro civil Alexandre Whatley Dias, da Impertex, empresa

    que efetuou servios de recuperao estrutural, (pontos atingidos por corroso de

    armadura), h aproximadamente 5 anos anos no Edifcio Areia Branca;

    29.11.2004 O engenheiro civil Rinaldo Soares de Azevedo, da empresa Soares

    Azevedo Ltda, que realizou servios de substituio de revestimento cermico de

    fachada, entre novembro de 2003 e agosto de 2004;

    03.12.2004 O engenheiro Srgio Gonalves Berto, da empresa JATOBETON

    que compareceu acompanhado do advogado Aluzio Freitas de Almeida Jnior;

    03.01.2005 A Senhora Tnia Maria Chamy Conti Brando, moradora do

    apartamento 602, que se encontrava no subsolo do edifcio, no instante do

    desabamento.

    5.3 Anlise dos escombros

    5.3.1 Caractersticas do concreto estrutural

    A Foto 18 mostra a sapata nas condies encontradas, logo aps a escavao. A

    observao da textura das superfcies das sapatas, indica claramente que o concreto foi

    apenas lanado, sem que se efetuasse vibrao e sem qualquer tipo de acabamento da

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    Verificou-se que na base do pilar, ou seja, o ponto de encontro do pilar com a

    sapata, no foi previsto patamar para apoio da forma sobre a sapata com a finalidade de

    garantir a correta ligao pilar-sapata. Observam-se nesta regio pontos em que ocorreu

    forte corroso com reduo da seo da armadura (Foto 19), alm de fuga do concreto,

    atravs da interface forma/tronco de pirmide. A regio resultante tem seo reduzida e

    armadura exposta que, juntamente com outros fatores que sero aqui analisados,

    reduziram consideravelmente a capacidade de carga do pilar naquela regio, e,

    conseqentemente puseram em risco a sua estabilidade.

    5.3.2 - Anlise de uma seo tpica de pilar

    Seja um pilar com dimenses 20cm x 50cm, armadura constituda de 12 barras

    longitudinais de 5/8 (16mm) e estribos de 4.2 cada 15cm. Na poca, estando em vigor

    a NB 1/60 e a EB 3/67, era comum considerar as barras de ao CA-50 com os dimetros

    em polegadas e os estribos poderiam ter dimetros inferiores a 5.0, devendo no entanto

    atender condio s 190 (t)2/ l, mximo de 12 lou a menor dimenso do pilar e

    30cm, onde s o espaamento dos estribos, to dimetro dos estribos e lo dimetro

    das barras longitudinais. Para o caso, 190 (t)2/ l= 190 (0.42)

    2/ 1.578 = 21,23 cm, 12

    l= 12x1.578 = 18,9 cm e a menor dimenso 20cm. Como o espaamento adotado foi

    s = 15cm, segue-se que o estribo estava de acordo com a norma da poca. Verificou-se

    que um estribo situado na regio de ligao com a sapata estava com a seo reduzida,

    tinha a presena de carepas no contorno e se encontrava partido. As sees extremas dasduas partes formadas aps a ruptura estavam escurecidas, mostrando que a ruptura era

    antiga.

    Considerando que o estrangulamento da seo foi equivalente a uma reduo de 3 cm ao

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    5.3.3 Cintas de fundao

    As cintas, em geral, tinham sees de 10 cm x 40 cm e estavam armadas com duas

    barras de 1/2 (12,5 mm) e estribos de 4.2 a cada 25 cm. Observou-se na cinta CA

    (Leste-Oeste) que:

    (a)a armadura de ligao com o pilar rompeu por trao com a formao de

    estrico, separando-se do pilar. Vrios estribos romperam e uma das barras

    longitudinais soltou-se deixando a cavidade limpa e polida, mostrando a

    insuficincia da aderncia. Os trechos das cintas prximos dos pilares romperam

    por flexo expondo rachaduras tpicas;

    (b)Na cinta CB (norte-sul) havia uma barra de 8mm que mostrava uma parte

    saliente da face superior da viga, com cerca de 30cm e atravessava toda a altura

    da viga, passando pelo fundo e mergulhando cerca de 1m no solo arenoso. A

    barra estava sem aderncia com o concreto, de tal modo que puxando uma

    extremidade, movimentava livremente a outra. Tudo faz crer que esta barra

    serviu para socar o concreto, tentando adens-lo, como errnea e

    costumeiramente feito em obras sem controle que ficam conduzidas apenas por

    operrios.

    (c)Para uma espessura de 10 cm, o cobrimento das barras era de aproximadamente

    1 cm, valor este comumente usado na poca;

    (d)Os estribos da cinta CB estavam fortemente oxidados. A Foto situada na pginaseguinte mostra as fortes manchas indicadoras de oxidao do estribo;

    (e)As doze barras do pilar PA aps a ruptura do pilar, ocuparam as posies

    mostradas na Foto a seguir:

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    5.3.4 Grandes espessuras dos revestimentos de paredes e lajes

    As anlises dos escombros revelaram grandes espessuras de revestimentos das

    alvenarias. Em certos pontos estas espessuras atingiram 18 cm. Fato idntico ocorreu

    com os revestimentos das lajes de piso. Neste ltimo caso, foram verificados

    revestimentos com espessuras de at 11cm.

    Geralmente nos projetos estruturais so considerados 2,5 cm de revestimento em

    cada face das peas estruturais. Estes valores constados do revestimento conduzem a um

    incremento nas aes permanentes sobre as vigas e, conseqentemente, sobre os pilares

    e elementos de fundao.

    5.3.5 - Sumidouros

    Foram identificados seis sumidouros executados em alvenaria de tijolos

    cermicos vazados de oito furos assentados de forma engaiolada (ver Foto 25). Alguns

    destes sumidouros se situavam muito prximos das sapatas. H que se considerar o solocomo material arenoso (areia fina) havendo, portanto, facilidade de infiltrao dos

    efluentes com ao da agressividade direta sobre as sapatas. Ainda, ao infiltrar-se,

    atinge o lenol que se encontra a pequena profundidade que, ao refluir sob a ao das

    chuvas e da variao de mars poder banhar as sapatas, provocando efeitos qumicos

    deletrios, com possibilidade de lixiviao dos finos da pasta de cimento superficial.Observaes in loco e os ensaios qumicos da gua comprovaram este tipo de

    ocorrncia.

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    5.4.2 Anlise fsica e qumica da gua do subsolo

    Tem-se dois grupos de ensaios relativos gua do lenol fretico no local do

    edifcio. So eles:

    Grupo 1: efetuados por SM Controle de Qualidade Ltda. Foram realizados quatro

    ensaios para anlise fsico-qumica, cujos resultados foram classificados de acordo com

    norma CETESB L1007, revisada em dezembro de 1988, como reao de agressividade

    de Grau 1 e agressividade ao concreto como fraca. Porm, o tipo de ao agressiva da

    gua lixiviao, ao que caracteriza a progressiva solubilizao do aglomerante.

    Este efeito pode ser observado nas fotos Nos. 15, 16 e 17.

    Grupo 2: Foram analisadas duas amostras pelo ITEP Associao Instituto de

    Tecnologia de Pernambuco que caracterizaram a gua como cida e de agressividade

    forte. As aes sobre o concreto so as mesmas relacionadas no Grupo 1.

    5.4.3 Anlise fsica e qumica do solo

    Foram efetuados ensaios em seis amostras coletadas do solo de fundao e duas

    amostras retiradas da base de um sumidouro.

    Em todas elas, o solo apresentou baixos teores de cloretos, sulfatos e acidez

    Bauman-Gully. De acordo com a norma CETESB L1007 e ainda com a DIN 4030, aclassificao quanto agressividade do solo, no que diz respeito acidez e s aes dos

    sulfatos, considerada fraca.

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    5.4.5 Resistncia trao do ao

    Com o objetivo de identificar os tipos de ao utilizados, bem como as

    caracterizaes de suas resistncias mecnicas e de dobramento, foram coletadas doze

    amostras de ao proveniente de diversas peas retiradas dos escombros. Foram

    identificados dois tipos de ao: CA-50 A e um ao do tipo B de especificao no

    identificada.

    5.4.6 Ensaios de reconstituio do trao do concreto

    Com o objetivo de verificar as diferenas de composies dos concretos

    existentes nas sapatas, pescoos de pilares, trechos de pilares do subsolo, elementos da

    superestrutura retirados dos escombros, foram coletadas amostras para ensaios de

    reconstituio do trao do concreto. Estes ensaios foram efetuados na ABCP

    Associao Brasileira de Cimento Portland em seu laboratrio da cidade de So Paulo.

    Foram realizados vinte ensaios provenientes de treze amostras retiradas dos

    pescoos dos pilares, seis amostras dos trechos dos pilares situados no subsolo, e umados escombros. Houve significativa diferena entre os resultados dos ensaios relativos

    s amostras retiradas dos pescoos e dos trechos dos pilares situados no subsolo. A

    mdia dos teores de cimento obtidos das 13 amostras dos pescoos dos pilares foi 234,3

    kg/m3, enquanto que a mdia para as amostras retiradas dos trechos do subsolo resultou

    em 291,8 kg/m3. Uma amostra retirada dos escombros, de trecho no identificado,resultou em um consumo de cimento de 237 kg/m3. Tais resultados sugerem que houve

    um processo de deteriorao do concreto situado na regio dos pescoos dos pilares

    (trecho compreendido entre os topos das sapatas e o piso do subsolo). Poderia ser ainda

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    Foram efetuados ensaios para verificao da existncia de reaes lcali-

    agregado. Este tipo de reao foi recentemente identificada em sapatas e blocos de

    estacas de fundaes em alguns edifcios situados na Regio Metropolitana do Recife.

    Trata-se de fenmeno descoberto pela primeira vez no Brasil para o caso de fundaes

    de edifcios, embora j se tivesse amplo conhecimento em obras de barragens, tneis,

    pavimentos rodovirios e pela primeira vez em pontes no caso recifense da Ponte Paulo

    Guerra. Vale ressaltar que a descoberta deste fenmeno foi motivada pelo colapso do

    Edifcio Areia Branca, devido forma como se deu o acidente, a partir da ruptura dos

    pescoos de pilares no trecho enterrado da estrutura. Isto motivou vistorias que

    inicialmente revelaram em edifcios anlogos ao prdio objeto deste Laudo, graves

    patologias capazes de colocar em risco aquela edificaes. Dentro deste quadro

    patolgico surgiu o conhecimento das reaes expansivas no concreto.

    Formaes caractersticas de reaes lcali-slica foram identificadas atravs do

    microscpio eletrnico de varredura conjuntamente com anlise qumica por disperso

    energtica de raios-X. Foram, tambm, realizados ensaios acelerados de reatividade

    lcali-agregado segundo a norma ASTM C-1260/1994 Standard Test Method for

    Potential Alkali Reactivity of Aggregates (Mortar Bar Method).Os ensaios de microscopia eletrnica de varredura permitiram a identificao do

    gel resultante de reao lcali-agregado na areia que entrou na composio do concreto

    das fundaes. Fotografias aumentadas em 30 000 vezes mostram o gel gretado. As

    intensidades destas reaes no seriam suficientes para serem consideradas responsveis

    pelas patologias apresentadas no prdio, especialmente nos pescoos de pilares. Noentanto, poderiam contribuir como um dos fatores que adicionados aos demais

    contribussem para reduo da aderncia ou outros efeitos deletrios do concreto

    daquelas regies.

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    procedimento, gretas no gel produzido pela reao lcali-slica e microfissuras

    aleatoriamente orientadas na argamasssa.

    5.4.9 Anlise qumica por disperso de raios X

    As anlises por disperso de raios-X permitiram a identificao dos

    componentes qumicos que interferem na reao lcali-slica (Na, K, Ca, Si).

    5.5 Anlise estrutural

    Inicialmente foi efetuado um levantamento das sees e posies dos pilares,

    bem como das dimenses das respectivas sapatas e das cotas de fundaes (Figura5.6.4).

    Foram efetuadas estimativas das cargas atuantes sobre os pilares na cota de

    fundao e efetuadas as verificaes das sees dos pilares e respectivas armaduras.

    Foram ainda efetuadas verificaes das tenses admissveis no solo.

    Os resultados mostraram as compatibilidades das sees dos pilares com ascargas atuantes, considerando-se as normas tcnicas vigentes na poca, bem como as

    atuais. As verificaes das sapatas mostraram que as dimenses das sapatas eram

    compatveis com as cargas atuantes e caractersticas do solo de fundao.

    5.6- Caracterizao do solo e da fundao

    5.6.1 Breve histrico da engenharia de fundaes na regio

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    Cerca de trinta anos atrs, esta regio era muito pouco habitada, havendo na

    grande maioria residncias de veraneio. Com os programas do BNH Banco Nacional

    da Habitao, na cidade do Recife, Olinda e Jaboato dos Guararapes, foram

    estimulados diversos tipos de construes. As faixas mais prximas s praias foram

    ocupadas por edifcios altos, enquanto nas faixas mais interiores foram construdos

    conjuntos residenciais com edifcios com quatro pavimentos tipo Caixo. O estmulo

    do Governo do Estado na implantao de mais indstrias no Cabo de Santo Agostinho,

    o incremento do Porto de Suape e a ligao com a BR-101, demandavam habitaes

    mais prximas a estas instalaes, no sentido de fixar todo o contingente de

    trabalhadores e suas famlias.

    Por outro lado, face ao grande nmero de construes em Recife, especialmente

    no bairro de Boa Viagem, e, pelos altos preos dos terrenos nesta regio, a praia dePiedade tornou-se uma opo das mais viveis e rentveis para a construo civil, no

    litoral sul.

    O municpio de Jaboato dos Guararapes no estava preparado para o grande

    nmero de construes que se seguiram. Necessitava estender a sua malha viria,

    disciplinar o sistema de drenagem natural e de drenagem urbana, e, especialmente,desenvolver redes de instalaes e servios pblicos, com a mesma rapidez com que

    avanavam as construes. O mais grave ocorre na rea de saneamento onde no houve,

    como continua sem haver, investimentos suficientes, ocorrendo na maioria das

    construes, como nica alternativa, tratamentos locais, precrios, que por falta de

    manuteno resultam em contaminao do solo e do lenol fretico por infiltrao deefluentes in natura.

    Tambm a prpria Engenharia, experimentou de incio as dificuldades, em

    muitos casos, de assentar as fundaes dos edifcios, em terrenos pouco conhecidos do

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    No caso das fundaes profundas, quando necessrias, houve no passado, na

    ultrapassagem das camadas do arenito, muitas interferncias danosas em

    residncias e mesmo edifcios, quando da trepanao. Na prtica atual, com o

    uso de equipamentos rotativos, tornou-se vivel novamente, a soluo em

    fundaes profundas.

    Sobre este arenito est apoiada a maioria das fundaes para edifcios com at

    25 pavimentos.

    b)As camadas compressveis que tanto ocorrem na faixa litornea como no trecho

    mais interior, trazem a preocupao com as deformaes a longo prazo. Mesmo

    as camadas de fragmentos de conchas, cujas deformaes no so regidas pelo

    modelo do adensamento, tm sido motivo de preocupaes, pois tm

    apresentado em algumas obras, indcios de dependncia temporal a curto emdio prazo.

    Nvel do Terreno (Meio fio, cota = 0,00) Areia fina c/pouca areiamdia, fofa, creme claro.Espessura 2,0 a 4,0 mArenito, textura fina a mdia, bem

    consolidado, mto

    fraturado, creme.Es essura 0.0 a 4.0 m

    NA (-3,00 m)

    Areia fina/ mdia, med.compactaa compacta, cinza.Espessura 5,0 a 8,0 m

    Argila orgnica, siltosa, mole,cinza escuro.Es essura 5 0 a 8 0 mAreia fina/mdia, med.compacta a

    muito compacta, cinza claro, svezes sobrejacente a arenito.Espessura 10,0 a 15,0 m

    Figura 5.6.1 Perfil Caracterstico do Subsolo da OrlaMartima Piedade / Candeias

    Nvel do Terreno (Meio fio, cota = 0,00) Areia fina c/pouca areia mdia,

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    5.6.3 Caracterizao do perfil geotcnico no Edifcio Areia Branca

    Foi efetuada uma campanha de sondagem tanto pelo processo de simples

    reconhecimento a percusso, como atravs de sondagem rotativa (NBR 6484 ABNT).

    Os resultados destas sondagens esto contidos no Relatrio N 680/2005 Civilsonda

    Janeiro/2005 (ver Volume 2), contendo seis furos de sondagem mista onde, apenas dois

    (SM-01 e SM-05) alcanaram profundidades entre 26 e 28 m, dado o bom

    conhecimento local deste subsolo, hoje. Os furos restantes (SM-02, SM-03, SM-04 e

    SM-06) foram interrompidos aps a ultrapassagem do arenito e tiveram a finalidade de

    verificar a variao de espessura do mesmo. Com base nas sondagens citadas, foi

    traado o perfil geotcnico do subsolo para o Edifcio Areia Branca (Figura 5.6.3).

    Alm das sondagens, foram coletadas amostras representativas da gua do

    subsolo e do prprio solo, para verificar a possibilidade da presena de agentes

    agressivos.

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    Av. Gov. Agamenon Magalhes, 2978 Espinheiro Recife/PE CEP: 52020-000 Fone/Fax: (81) 3423-4383home page: www.creape.org.br

    Figura 5.6.3 Perfil Geotcnico do Terreno do Edifcio Areia Branca

    e-mail: [email protected]

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    Um aspecto relevante que foi observado nas visitas tcnicas de inspeo e

    levantamento de dados foi a existncia de vrios elementos do sistema de esgotamento

    sanitrio (sumidouros) no entorno prximo das fundaes (Foto 5.6.1), o que favorece o

    contato de agentes agressivos com os elementos estruturais enterrados (sapata, pescoo

    do pilar e cintas).

    5.6.4. Caracterizao da fundao do Edifcio Areia Branca

    Alm da campanha de sondagens de reconhecimento do terreno (percusso e

    rotativa), foi feita uma escavao geral no terreno, para inspeo das condies atuais

    das fundaes do edifcio.

    Trata-se de fundaes superficiais tipo sapatas isoladas, assentes em torno dacota +2,200 m , sendo que o nvel do meio-fio na Av. Bernardo Vieira de Melo foi

    tomado como cota +5,000 m. Isso corresponde a uma profundidade de cerca de 1,80 m

    em relao ao piso do pavimento semi-enterrado (cota +4,000 m). Nesta cota, as

    sondagens mostram uma camada de areia fina e mdia, com restos de construes, fofa

    a pouco compacta, (NSPT= 4 a 6), ou seja, as sapatas no esto assentes sobre a camadade arenito mostrado nas sondagens realizadas. O nvel dgua fretico se encontra entre

    as cotas +1,78 e +1,55.

    As sondagens mostraram tambm que a camada de arenito contnua em todo o

    terreno, e sua espessura varia de 1,75 a 2,23 m (Tabela 5.6.1). Para o porte do prdio,

    estas espessuras afastam a hiptese de ruptura ou puncionamento da camada de arenito.Apesar de no serem disponveis as plantas do projeto estrutural do prdio, foi

    feita por rea de influncia uma estimativa da carga atuante em alguns pilares. Aps a

    escavao, foi feito um levantamento de todas as 36 (trinta e seis) sapatas existentes no

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    Foto 5.6.1 Detalhe da Presena de Sumidouro Prximo s Sapatas

    e-mail: [email protected]

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    P1

    P2

    P3

    P4

    P5

    P10

    P9

    P8

    P7

    P6 P11

    P12

    P13

    P14

    P15

    P17 P22

    P20

    P18

    P26

    P16 P21

    P25

    P24

    P23

    P22AP27

    P28

    P29

    P30

    P31

    P36

    P35

    P34

    P33

    P32

    AV. BERNARDO V IEIRA DE MELO

    ED.VILMA

    L C I A

    E

    D.S O LAR

    DA

    PI EDADE

    FUNDO

    Figura 5.6.4 Detalhe Esquemtico da Planta das Sapatas

    Av. Gov. Agamenon Magalhes, 2978 Espinheiro Recife/PE CEP: 52020-000 Fone/Fax: (81) 3423-4383home page: www.creape.org.br e-mail: [email protected]

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    Tabela 5.6.1 Espessura da Camada de Arenito

    Camada de ArenitoSondagem Cota Inicial (m) Cota Final (m) Espessura (m)SM-01 +0,57 -1,66 2,23SM-02 +0,87 -1,23 2,10SM-03 +1,08 -1,02 2,10SM-04 +1,15 -0,60 1,75SM-05 +1,00 -0,75 1,75SM-06 +1,07 -0,81 1,88

    As sapatas tm dimenses variando de 1,63 a 4,62 m (Figura 5.6.6), como

    mostra a Tabela 5.6.3. A presso mdia transmitida pelas sapatas varia de 120 a 240

    kPa. Essa presso pode ser considerada adequada para as caractersticas do terreno

    local, tanto do ponto de vista da estabilidade das fundaes, quanto das caractersticas

    de deformao do terreno.

    Tambm foi feito o levantamento altimtrico das cotas de assentamento nos

    vrtices das sapatas (Tabela 5.6.3), e os valores esto apresentados na Tabela 5.6.4. Os

    resultados mostram que h uma diferena entre as cotas de diferentes sapatas de at 52

    cm (P32 e P35), e de at 19,9 cm entre pontos de uma mesma sapata (P25).

    Ressalta-se, no entanto, que no se trata de recalques diferenciais, e sim pelas

    depresses do terreno causadas pela escavao e pela grande variao da espessura do

    concreto magro das sapatas (que em alguns pontos chegou a mais de 15 cm), como

    mostrado na Foto 5.2. Estes desnveis no foram observados nas cintas, o que faz com

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    LX1

    LX2

    LY1 LY2

    Y

    X

    Av. Bernardo Vieira de Melo

    Edf.SolardaPiedade

    Edf.Vilma

    Lcia

    Figura 5.6.5 Detalhe Esquemtico das Dimenses das Sapatas

    Tabela 5.6.2 Dimenses das SapatasLado da Sapata (m)Sapata

    LX1 LX2 LY1 LY2P1 -- -- -- --

    P2 -- -- -- --P3 -- -- -- --P4 -- -- -- --P5 -- -- -- --P6 2,40 -- -- --P7 2,98 2,92 3,41 3,43P8 2,98 2,94 3,34 3,34

    P9 2,40 2,33 2,67 2,67P10 2,62 2,58 2,30 2,31P11 2,31 2,29 2,58 2,60P12 2,63 2,63 2,99 2,99P13 3,21 3,19 3,59 3,60

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    P26 2,80 2,81 3,70 3,71

    P27 2,30 2,31 2,51 2,54P28 3,00 2,99 3,44 3,44P29 3,02 3,02 3,35 3,36P30 2,41 2,40 2,67 2,69P31 2,60 2,58 2,31 2,35P32 1,64 1,63 1,80 1,80P33 2,60 2,64 2,99 3,01P34 2,27 2,36 2,69 2,69P35 2,53 2,57 2,29 2,29P36 2,90 2,94 2,60 2,56

    Alm disso, em todos os depoimentos junto aos moradores, no foram relatados

    danos na superestrutura que pudessem estar associados a movimentos da fundao

    (fissuras nas paredes e vigas, maior incidncia de danos nos primeiros pavimentos, etc).A nica exceo foi o fissuramento do reservatrio inferior de gua que ocorreu 48

    horas antes da queda do prdio, que foi relatado por alguns moradores, mas que j era

    um sintoma do prprio colapso estrutural.

    C1

    Y

    Edf.Solar

    daPiedade

    Edf.Vilma

    Lcia

    C3

    C2

    C4

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    Tabela 5.6.3 Cota de Assentamento das SapatasCota de Assentamento da Sapata (m)SapataPonto C1 Ponto C2 Ponto C3 Ponto C4

    P1 -- -- -- --P2 -- -- -- --P3 -- -- -- --P4 -- -- -- --P5 -- -- -- --

    P6 2,122 2,170 2,198 2,165P7 2,148 2,177 2,157 2,133P8 2,245 2,270 2,212 2,223P9 2,253 2,248 2,231 2,281

    P10 2,176 2,253 2,062 2,148P11 2,253 2,258 2,280 2,318P12 2,290 2,239 2,328 2,288

    P13 2,245 2,240 2,246 2,239P14 2,250 2,225 2,275 2,223P15 2,040 2,047 1,991 2,045P16 2,182 2,167 2,199 2,186P17 2,072 2,061 -- 2,024P18 2,252 2,252 2,274 2,316P20 2,248 2,220 2,242 2,200

    P21 2,205 2,194 2,200 2,200P22 2,057 2,099 2,072 2,138P22A 2,257 2,224 2,307 --

    Tabela 5.6.4 Cota de Assentamento das Sapatas (continuao)Cota de Assentamento da Sapata (m)Sapata

    Ponto C1 Ponto C2 Ponto C3 Ponto C4P23 2,180 2,237 2,300 2,301P24 2,162 2,150 2,229 2,246P25 2,102 2,057 2,256 2,162P26 2,074 2,074 2,074 2,037P27 2,197 2,189 2,266 2,186

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    Foto 5.6.2 Detalhe da Variao da Espessura do Concreto Magro das Sapatas

    A inspeo mostrou ainda que no havia fissuramento das sapatas, e que se

    apresentavam com aparncia de corpo monoltico, apesar das falhas de concretagem e

    das armaduras estarem expostas.

    Pode-se concluir, portanto, que o colapso do prdio no est associado a

    movimentos da fundao (sapata e terreno de fundao).

    6. Anlises dos dados obtidos e diagnstico

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    6.1 Sapatas

    De modo geral, as sapatas caracterizam-se pelas seguintes condies:

    6.1.1 M qualidade de execuo

    Observa-se que no houve controle de execuo das sapatas. Isto fica evidente

    pelas simples observaes realizadas durante as inspees dos escombros e que esto

    apresentadas na documentao fotogrfica anexa (Foto 16). Foram constatadas

    armaduras expostas (Foto 17), indcios da ausncia de vibrao do concreto, forma

    geomtrica indefinida, desnveis e falta de uniformidade da espessura da camada deconcreto magro, indcios de lixiviao provocada pela agresso argamassa

    componente do concreto por guas agressivas. Foi verificado que o tronco de pirmide

    que constitui a parte superior da sapata em diversos casos se encontrava incompleto e

    disforme, alm de no ter sido vibrada. A ausncia do patamar de apoio s formas dos

    pescoos dos pilares sobre as sapatas representa um fator gerador de patologias naregio de ligao do pilar com a sapata, devido fuga de material que ocorre durante a

    concretagem, ocasionando diminuio da seo transversal efetiva do pilar, alm de

    expor a armadura aos agentes agressivos, notadamente ao da umidade provocando

    corroso. relevante lembrar que isto ocorre no ponto de maior solicitao dos pilares.

    6.1.2 Deslocamentos de fundaes

    Conforme detalhado no item 5.6, no foram identificados recalques diferenciais

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    A hiptese de ruptura da camada de arenito foi descartada pelo fato da camada

    ser contnua e possuir espessura compatvel com o porte do prdio.

    6.1.3 Pescoos dos pilares

    Foram dadas atenes especiais aos pescoos dos pilares, pela importncia que

    estas regies tiveram no colapso do edifcio. Neste sentido, foram priorizados ensaios decaracterizao destes elementos, tais como: ensaios de reconstituio do trao, teste de

    reao lcali-agregado, porosidade, carbonatao, resistncia mecnica dos aos. A

    retirada de testemunhos objetivando ensaios de resistncia compresso dos pescoos

    dos pilares, s foi possvel em um deles (Pilar P20), em virtude da insuficincia de

    integridade dos demais aps o colapso. Mesmo assim, o resultado obtido mostrou-seatpico e no representativo, pelo fato deste pilar ter sido o nico que revelou

    caractersticas estruturais adequadas, considerando que a resistncia obtida foi

    comparvel da superestrutura.

    De modo geral, os pescoos dos pilares caracterizaram-se pelas condies

    descritas a seguir:

    Falta de aderncia observou-se que quando as barras de ao foram solicitadas

    durante o processo de colapso do edifcio, estas se soltaram do concreto circundante

    deixando calhas lisas com o desenho do seu contorno sem sinais de desgarramento,

    como caracterstica da ruptura quando se tem aderncia adequada. Este fato ocorreupor se ter um concreto poroso (ver ensaio de porosidade), fator gua-cimento elevado,

    indcio de falta de vibrao e existncia de reao lcali-agregado. H que se levar em

    considerao a existncia de caulim que foi detectada nos ensaios utilizando o

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    do concreto. Isto se torna mais relevante considerando-se que os corpos de prova

    ensaiados foram predominantemente da superestrutura.Os ensaios de reconstituio do trao em amostras extradas dos pescoos dos pilares

    forneceram o ndice de vazios mdio de 16,31 %.

    Teor de cimento Conforme exposto no item 5.4.6, o valor mdio do teor de cimento

    encontrado nos ensaio de reconstituio do trao foi de 234,3 kg/m3

    enquanto que asamostras provenientes dos trechos situados no subsolo tiveram valor mdio de 291,8

    kg/m3. Para os padres da poca em que foi construdo o edifcio, um concreto

    estrutural geralmente tinha um consumo mnimo de 300 kg/m3. O valor mnimo

    encontrado nas amostras ensaiadas foi 194 kg/m3. Admitindo-se a hiptese do trao do

    concreto ser o mesmo, tais valores indicam que houve um processo de deteriorao doconcreto provocado por agentes qumicos identificados nos ensaios, alm da ao da

    umidade atuando permanentemente sobre um concreto de elevada porosidade. Os

    pilares P20 e P19, que davam apoio ao reservatrio inferior, tendo em comum com este

    o trecho correspondente altura do reservatrio, mostraram no ensaio de reconstituio

    do trao mesmo teor de cimento ao longo da altura, ou seja, nos trechos dos pescoos edo subsolo. Este teor situa-se na faixa mdia de valores representativos dos pescoos

    dos pilares. Foi ainda verificado que a ao da umidade nestes pilares foi mais intensa,

    verificando-se maior intensidade na oxidao das armaduras e desagregao do

    concreto, mais acentuada que nos demais pescoos, provavelmente em decorrncia de

    vazamentos ocorridos no reservatrio. Esta ltima hiptese reforada pelo fato de seterem sido identificadas, durante a anlise dos escombros, pelo menos duas camadas de

    impermeabilizaes efetuadas com a finalidade de eliminar vazamentos. No foram

    obtidas informaes das pocas em que tais servios foram realizados.

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    mesmo tempo expondo as armaduras e o concreto daquela regio s aes deletrias dos

    agentes agressivos.

    Colapsos das armaduras Foram verificadas rupturas dos estribos em decorrncia da

    oxidao favorecida pelo pequeno cobrimento, presena de umidade, elevada

    porosidade, tudo isto agravado pelo pequeno dimetro da armadura (4.2 mm). Em

    decorrncia da ruptura dos estribos e das falhas construtivas das bases dos pilares,anteriormente referidas, houve sistemticas flambagens das armaduras longitudinais

    (Fotos31 e 40). Estas flambagens, por sua vez, foram acentuadas pela baixa aderncia

    da armadura com o concreto, contribuindo decisivamente para a transferncia de cargas

    verticais para a seo estrangulada do concreto.

    Concreto frivel O concreto, em vrios pescoos de pilares se mostrou quebradio,

    decompondo-se facilmente com o simples manuseio. Este comportamento no foi

    observado com a mesma intensidade em outros trechos de peas estruturais retiradas dos

    escombros. Alguns pescoos de pilares, aps a ruptura tiveram o conjunto

    concreto/armadura com a aparncia semelhante a de gabies. Em um dos pescoos, aose tentar retirar amostras para a realizao de ensaios de reconstituio do trao, ao

    simples impacto da marreta, todo concreto se decomps em fragmentos, havendo

    inclusive, a separao do agregado grado do restante da massa. Estes fatos

    impossibilitaram a retirada de qualquer testemunho para a realizao de ensaios de

    resistncia compresso dos pescoos. Apenas os trechos de concreto das paredes doreservatrio inferior e do pilar P20 ofereceram condies para retirada de corpos de

    prova inteiros.

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    a oxidao das armaduras e a degradao dos pilares a ele justapostos, que por sua vez

    desencadearam o processo de colapso.

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    7. CONCLUSES

    Os estudos efetuados, ensaios realizados e as anlises da decorrentes, conduziram s

    seguintes concluses:

    O desabamento do Edifcio Areia Branca se deu em decorrncia da ruptura dospilares, nos trecho dos pescoos, ou seja, na regio compreendida entre os topos

    das sapatas e o piso do subsolo;

    a seqncia de ruptura dos pilares se iniciou com o pilar P22, seguido pelo pilar

    P21, ambos servindo de suporte do reservatrio inferior. O desenvolvimento da

    seqncia se deu partindo da regio central para os bordos, conduzindo osdestroos para a prpria projeo da edificao, aproximadamente, com pequeno

    desvio rotacional para noroeste, atingindo os cinco primeiros andares do Edifcio

    Solar da Piedade;

    o acidente se deu aps 27 anos do incio da construo, em virtude do processo

    de degradao do concreto da infra-estrutura ao longo do tempo; o solo e as sapatas de fundao no contriburam para o colapso do edifcio;

    no foram constatadas fugas de material situado sob as sapatas de fundao,

    provenientes de qualquer origem;

    as edificaes situadas no entorno do prdio no interferiram no acidente;

    os colapsos dos pescoos dos pilares foram motivados por diversos fatores:- m qualidade de execuo do concreto, onde foram constatados indicativos de

    falta de vibrao, alta porosidade, fator gua/cimento elevado, baixa aderncia

    entre as barras de ao e concreto e dos agregados em relao matriz;

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    argamassa constituinte do concreto, vazios de formas e dimenses diversas,

    resultando em reduo da seo resistente do pilar no trecho mais solicitado,alm de favorecer a oxidao das armaduras e ataques ao concreto com a

    conseqente deteriorao;

    - sapatas com os troncos de pirmide que compem a suas partes superiores

    com geometria incompleta e disforme, alm de haver evidncias de o concreto

    ter sido executado sem vibrao;- os ensaios de reconstituio do trao do concreto revelaram que os pilares P22

    e P21, a partir dos quais iniciou o processo de colapso, sofreram degradao nos

    pescoos e na regio situada acima do nvel do subsolo, ou seja, ao longo de

    todo o espao compreendido pelo reservatrio inferior. Tambm foi constatada

    oxidao da armadura em intensidades maiores do que nos demais pilares. Estesefeitos foram provocados pela presena constante de umidade proveniente de

    vazamentos do reservatrio ao longo do tempo. Foram detectadas duas camadas

    de material de revestimento executadas em diferentes pocas, o que prova da

    realizao de servios de recuperao para a eliminao de vazamentos;

    - houve degradao do concreto da fundao ao longo do tempo (sapatas epescoos de pilares), o que foi comprovado pelos ensaios e pelas inspees

    visuais efetuadas. As sapatas sofreram lixiviao nas superfcies. Os pescoos

    dos pilares apresentaram comportamentos atpicos: concreto poroso, frivel, de

    baixa resistncia, baixa aderncia, falhas de execuo (brocas, falta de vibrao).

    Foram constatados indcios de reao lcali-agregado em proporesinsuficientes para produzir fissurao do concreto, mas que as eventuais

    expanses poderiam contribuir para a reduo da aderncia;

    - foi constatada variao do nvel do lenol fretico com a elevao durante as

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    compreendida pelas fundaes;- No foi identificada carbonatao do concreto.

    Recife, 25 de julho de 2005

    ALEXANDRE DUARTE GUSMO

    Engenheiro Civil, D.Sc., CREA 17403-D/PE

    DLSON CORRA LIMA TEIXEIRA

    Engenheiro Civil, M.Sc., CREA 3256-D/PE

    JOAQUIM CORREIA XAVIER DE ANDRADE FILHO

    Engenheiro Civil, CREA 1601-D/PE

    JOS AFONSO PEREIRA VITRIO

    Engenheiro Civil, CREA 6904-D/PE

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    8. Bibliografia

    ABNT - NB1/1960 Clculo e Execuo de Obras de Concreto Armado.

    ABNT - NBR 6118/1978 Projeto e execuo de obras de concreto armado

    Procedimento.

    ABNT -

    NBR 6118/2003 Projeto de estruturas de concreto Procedimentos.ABNT NB51/1978 Projeto e Execuo de Fundaes Procedimento.

    ABNT MB4/1953 Ensaio de trao dos materiais metlicos Mtodo Brasileiro.

    ABNT MB4/1977 Determinao das propriedades mecnicas trao de materiais

    metlicos Mtodo de ensaio.

    ABNT - EB3/1967 Barras e fios de ao destinados a armaduras de peas de concretoarmado.

    ABNT Anexo da EB3/1967 (Modifica dispositivos da NB1 e NB2) Condies de

    emprego das barras de ao destinadas a armadura de peas de concreto armado.

    ABNT NB5/1961 Cargas para o clculo de estruturas de edifcios.

    CODECIPE Relatrio de ocorrncia sobre o Edifcio Areia Branca, 19.10.2004.CODECIPE Relatrio de ocorrncia sobre o Edifcio Areia Branca, 30.10.2004.

    COMDEC Operao Risco Zero, Prefeitura Municipal de Jaboato dos Guararapes,

    Atas de reunies Nos. 02, 03, 04 e 05, 2004.

    Projeto Arquitetnico do Edifcio Areia Branca de autoria do Arquiteto Juarez Alves

    Batista, 1975.

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    01 - FACHADA PRINCIPAL DO EDIFCIO AREIA BRANCA

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    02 - VISTA GERAL DO SUBSOLO

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    03 - TRINCA NA VIGA DO TETO DO SUBSOLO JUNTO AO RES. INFERIOR

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    04 - TRINCA NA PAREDE DO RESERVATRIO INFERIOR COM VAZAMENTO

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    05 - VISTA GERAL DO RESERVATRIO INFERIOR E ALAGAMENTO

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    06 - ESMAGAMENTO DA ALVENARIA SITUADA SOB A ESCADA NO SUBSOLO

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    07 - VISTA DOS PILARES P21 E P22, A PARTIR DOS QUAIS FOI INICIADOPROCESSO DE COLAPSO DO EDIFCIO

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    08 - ALVENARIA PRXIMA DO RESERVATRIO INFERIOR, ROMPIDA

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    09 - PARTE POSTERIOR DO EDIFCIO NA OCASIO DA VISTORIA DACODECIPE

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    10 - MORADORES ACOMPANHAM A VISTORIA EFETUADA PELA CODECIPE

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    11. ESCOMBROS, NA MANH SEGUINTE AO DESABAMENTO

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    12. ESCOMBROS, INSTANTES APS O DESABAMENTO EAVARIAS CAUSADAS NO ED. SOLAR DA PIEDADE.

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    13. ESCOMBROS EM FORMA PULVERIZADA

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    14. DETALHE DOS DANOS PROVOCADOS NO PAVIMENTO TRREO DO ED. SOLAR DA PIEDADE.

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    15. LIXIVIAO DO CONCRETO DAS SAPATAS E LIGAES COM OS PILARES

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    16. GRUPO DE SAPATAS - I

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    17. GRUPO DE SAPATAS - ARMADURAS EXPOSTAS

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    18. FORMAS INDEFINIDAS DAS SAPATAS - DETALHE

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    19. LIGAO PILAR SAPATA COM REDUO DA SEO TRANSVERSAL DO PILAR

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    20. CONCRETO APRESENTANDO SINAIS DE DEGRADAO IRREGULARIDADE DA BORDA DA SAPATA

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    21. SAPATA COM FORMA INDEFINIDA

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    22. LIXIVIAO DO CONCRETO DA SAPATA E LIGAO COM O PILAR.

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    24. VESTGIOS DA INJEO DE EPOXY NA PARTE IFEERIOR DO PILAR P22

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    26. ESCOMBROS GRANDES ESPESSURAS DOS REVESTIMENTOS.

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    27. ESCOMBROS GRANDES ESPESSURAS DOS REVESTIMENTOS DAS PAREDES E DAS LAJES DE PISOS.

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    28. RESERVATRIO INFERIOR COM DUAS CMARAS.

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    29. RESERVATRIO INFERIORCOM DUAS CAMADAS DE REVESTIMENTOSMOSTRANDO QUE HOUVE PROBLEMAS COM VAZAMENTOS.

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    35. PESCOOS DE PILARES COM SINAIS DE DEGRADAO.

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    37. M QUALIDADE DO CONCRETO E DESAGREGAO

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    38. FALHAS DO CONCRETO DO PESCOO DO PILAR E NA LIGAO COM A SAPATA.

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    42. FALHA NA LIGAO PILAR SAPATA COM REDUO DA SEOTRANSVERSAL DO PILAR E ARMADURA OXIDADA

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    45. CINTA E PAREDE DO RESERVATRIO INFERIOR

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    47. RETIRADA DE TESTEMUNHOS DAS SAPATAS.

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    48. RETIRADA DE TESTEMUNHOS DE PILAR

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    49. EXECUO DE SONDAGEM A PERCUSSO

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