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Laura Machado Barbosa Cangussu PERCEPÇÃO DOS PAIS COM RELAÇÃO À DISFONIA DE SEUS FILHOS Trabalho apresentado à Universidade Federal de Minas Gerais – Faculdade de Medicina, para obtenção do Título de Graduação em Fonoaudiologia. Belo Horizonte 2010

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Laura Machado Barbosa Cangussu

PERCEPÇÃO DOS PAIS COM RELAÇÃO À DISFONIA DE SEUS FILHOS

Trabalho apresentado à Universidade

Federal de Minas Gerais – Faculdade de

Medicina, para obtenção do Título de

Graduação em Fonoaudiologia.

Belo Horizonte

2010

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Laura Machado Barbosa Cangussu

PERCEPÇÃO DOS PAIS COM RELAÇÃO À DISFONIA DE SEUS FILHOS

Trabalho apresentado à Universidade

Federal de Minas Gerais – Faculdade de

Medicina, para obtenção do Título de

Graduação em Fonoaudiologia.

Orientadora: Letícia Caldas Teixeira

Fonoaudióloga Mestre em Educação

Belo Horizonte

2010

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Cangussu, Laura Machado Barbosa Percepção dos pais com relação à disfonia de seus filhos/

Laura Machado Barbosa Cangussu- - Belo Horizonte, 2010. xii, f.65 Monografia (Graduação) – Universidade Federal de Minas Gerais. Faculdade de Medicina. Curso de Fonoaudiologia. Título em inglês: Parents’ perception regarding the dysphonia of their children. 1. Distúrbios da voz 2. Criança 3. Percepção

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS

FACULDADE DE MEDICINA

DEPARTAMENTO DE FONOAUDIOLOGIA

PERCEPÇÃO DOS PAIS COM RELAÇÃO À DISFONIA DE SEUS FILHOS

Chefe de Departamento: Profª. Sirley Alves Carvalho

Coordenadora do Curso de Graduação: Profª. Láelia Caseiro Vicente

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Laura Machado Barbosa Cangussu

BANCA EXAMINADORA:

Prof. (a).

Aprovada em: _____/_____/_____

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Agradecimentos À Deus por me iluminar e por fazer com que eu conseguisse mais essa vitória.

À minha orientadora, Letícia Caldas Teixeira, por compartilhar comigo seu saber e

contribuir para o meu crescimento.

Aos meus pais pelo amor incondicional e exemplos diários.

Às minhas irmãs pela convivência e pela amizade.

Ao Centro Pedagógico da UFMG e aos pais dos alunos envolvidos na pesquisa

pela disponibilidade e apoio.

Às amigas da faculdade pelos momentos de descontração e amizade.

Ao cunhado Marcos, amigo e grande colaborador com a pesquisa.

Ao João pelos auxílios, por escutar meus anseios e ser paciente.

A todos que indiretamente contribuíram para a realização deste trabalho.

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Sumário

Agradecimentos....................................................................................................................v

Lista de figuras...................................................................................................................viii

Lista de tabelas ...................................................................................................................ix

Lista de abreviaturas.............................................................................................................x

Resumo................................................................................................................................xi

1 INTRODUÇÃO...................................................................................................................1

1.1 Objetivos.........................................................................................................................3

2 REVISÃO DA LITERATURA..............................................................................................4

2.1 Voz e disfonia.................................................................................................................4

2.2 Percepção e autopercepção vocal..............…................................................................7

2.3 A criança e a disfonia......................................................................................................8

3 MÉTODOS.......................................................................................................................10

3.1 Tipo de estudo..............................................................................................................10

3.2 População e amostra do estudo ..................................................................................11

3.3 Critérios de inclusão.....................................................................................................11

3.4 Critérios de exclusão....................................................................................................11

3.5 Local da pesquisa.........................................................................................................11

3.6 Material.........................................................................................................................11

3.7 Delineamento do estudo...............................................................................................12

3.8 Questões éticas............................................................................................................13

4 RESULTADOS.................................................................................................................14

4.1 Caracterização da mostra.............................................................................................14

4.2 Análises da percepção dos pais com relação

aos parâmetros vocais de seu filho (a)..............................................................................15

5 DISCUSSÃO....................................................................................................................30

6 CONCLUSÕES................................................................................................................36

7 ANEXOS..........................................................................................................................38

7.1 ANEXO 1......................................................................................................................38

7.2 ANEXO 2.1 ..................................................................................................................40

7.3 ANEXO 2.2...................................................................................................................41

7.4 ANEXO 3......................................................................................................................42

7.5 ANEXO 4......................................................................................................................44

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vii

8 REFERÊNCIAS...............................................................................................................45

Abstract

Bibliografia Consultada

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Lista de Figuras

Figura 1. Gráfico demonstrativo quanto ao parentesco e sexo dos pais......................14

Figura 2. Gráfico demonstrativo da idade dos professores .........................................14

Figura 3. Gráfico demonstrativo da percepção vocal dos pais quanto

à presença de alteração vocal em seus filhos .............................................15

Figura 4. Gráfico demonstrativo da percepção dos pais quanto aos sintomas

vocais apresentado pelo seu filho (a) ..........................................................15

Figura 5. Gráfico demonstrativo da percepção da alteração

vocal x percepção dos sintomas vocais ......................................................16

Figura 6. Gráfico demonstrativo da percepção dos pais quanto

ao temperamento de seu filho (a) ................................................................16

Figura 7. Gráfico demonstrativo da percepção dos pais quanto

aos abusos vocais cometidos pelo seu filho (a) ..........................................21

Figura 8. Gráfico demonstrativo da caracterização quanto

ao ambiente da casa ...................................................................................29

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Lista de Tabelas

Tabela 1. Análise estatística do temperamento do tipo colérico .................................17

Tabela 2. Análise estatística do temperamento do tipo sanguíneo...............................18

Tabela 3. Análise estatística do temperamento do tipo fleumático ..............................19

Tabela 4. Análise estatística do temperamento do tipo melancólico ............................20

Tabela 5. Correlação da percepção da alteração vocal com o abuso vocal: gritar

demais (questão 8 A) ...................................................................................22

Tabela 6: Correlação da percepção da alteração vocal com o abuso vocal: falar alto

(questão 8 B) ................................................................................................22

Tabela 7: Correlação da percepção da alteração vocal com o abuso vocal: falar demais

(questão 8 C) ................................................................................................23

Tabela 8: Correlação da percepção da alteração vocal com o abuso vocal: cantar

demais (questão 8 D) ....................................................................................24

Tabela 9: Correlação da percepção da alteração vocal com o abuso vocal: fazer

imitações com a voz (questão 8 E)...............................................................25

Tabela 10: Correlação da percepção da alteração vocal com o abuso vocal: chorar

demais (questão 8 F) ...................................................................................26

Tabela 11: Correlação da percepção da alteração vocal com o abuso vocal: rir de forma

exagerada (questão 8 G) ............................................................................27

Tabela 12: Correlação da percepção da alteração vocal e a alternativa: nenhuma das

questões anteriores do questionário (questão 8 H) ......................................28

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Lista de abreviaturas AEMC Alterações estruturais mínimas de cobertura COEP Comitê de Ética em Pesquisa

UFMG Universidade Federal de Minas Gerais

p Valor de significância estatística

TCLE Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

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Resumo

Objetivos: Verificar a percepção dos pais com relação à disfonia de seus filhos. Métodos: Trata-se de estudo transversal com amostra de conveniência, aprovado no COEP/UFMG sob emenda do parecer nº 676/08. O estudo foi realizado no Centro Pedagógico da Universidade Federal de Minas Gerais. Para cumprir com os objetivos da pesquisa elaborou-se um questionário para determinar a percepção vocal dos pais a respeito da voz de suas crianças. As perguntas abordaram aspectos como: A percepção dos pais quanto à qualidade vocal da criança; sintomas e abusos vocais apresentados pelo filho (a); encaminhamento da criança ao médico, por causa da voz; classificação do temperamento da criança e dados sobre ambiente da casa. A amostra do estudo foi composta por 23 pais. Os 23 alunos disfônicos utilizados para correlacionar as percepções vocais foram detectados por meio do estudo aprovado no COEP/UFMG sob o parecer nº 676/08. Após a coleta dos dados do questionário realizou-se análise descritiva e comparativa dos dados e correlacionou-se os mesmos com a autopercepção das crianças disfônicas do estudo supracitado. Os dados foram coletados e armazenados em um arquivo em Excel, versão do Windows XP. Para a correlação dos dados, foi realizada análise estatística por meio do Fisher's Exact Test. Resultados: A média etária dos 23 pais participantes foi de 38,31 anos, sendo que 4 pais não especificaram sua idade ao responder o questionário. Dentre os 23 participantes da pesquisa, 20 eram mães e 3 eram pais. A percepção dos pais com relação à presença da alteração vocal de seus filhos apontou que 47,8% consideram a voz de seu filho (a) alterada, 47,8% não consideram a voz alterada e 4,3% não percebem a presença ou ausência da alteração vocal. A análise dos questionários com relação à percepção dos 23 pais nos aspectos de detecção da voz alterada, mudanças vocais no decorrer do dia, rouquidão pelo uso constante da voz e pelo esforço, apontou que 13,04% dos pais acreditam que a voz da criança apresenta mudanças ao longo do dia; 52,17% informaram que não apresenta; 30,43% não percebem se apresenta ou não esta mudança vocal e 4,35% não responderam à questão. Com relação à percepção se a criança fica rouca por falar demais 13,04% dos pais disseram que sim; 78,30% disseram que não, que a criança não fica rouca por falar demais e 8,70% não percebem se a criança apresenta ou não a rouquidão por falar muito. Com relação à percepção dos pais se seu filho (a) faz esforço vocal para falar, 17,40% dos pais acreditam que sua criança faz este tipo de esforço; 73,90% acreditam que não e 8,70% não percebem se seu filho (a) faz ou não esforço vocal para falar; Foi realizada nova análise para verificar a percepção somente dos pais que perceberam a alteração vocal em sua criança nos aspectos vocais supracitados. Com relação à mudança da voz da criança no decorrer do dia, observou-se que apenas 9,09% acreditam que ocorre esta mudança, 45,45% informaram que não ocorre, 36,36% não percebem se ocorre ou não esta mudança vocal e 9,09% não responderam à questão. Ao questionar se a criança fica rouca por falar demais verificou-se que 18,18% dos pais acreditam sim, 72,73% acreditam que não e 9,09% não percebem se a voz se altera ou não quando a criança fala demais. Com relação ao questionamento se o filho (a) faz esforço vocal para falar, 27,27% disseram que sim, 63,64% disseram que não e 9,09% não percebem se o filho se esforça ou não para falar; Dentre os 23 pais das crianças disfônicas que responderam ao questionário, nenhum levou sua criança ao médico por causa da voz dela; Com relação ao temperamento da criança, observou-se, no presente estudo, que 33,33% dos pais consideram sua criança com o temperamento do tipo colérico e 33,33% consideram sua criança com o temperamento do tipo sanguíneo, 18,52% consideram sua criança fleumática e 14,81% consideram seu filho (a)

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melancólico. Os comportamentos vocais abusivos mais prevalentes percebidos pelos pais foram: gritar demais e falar alto. O ambiente do lar não influenciou à presença da alteração vocal apresentada pelas crianças. A presença da disfonia no presente estudo foi muito mais atribuída pelos pais ao temperamento da criança e aos abusos vocais por ela praticados do que ao ambiente da casa. Ao comparar a percepção vocal dos pais com relação à voz de sua criança com a autopercepção vocal desta, verificamos estes percebem mais a presença da disfonia do que as próprias crianças, visto que 47,8% consideram a voz de seu filho (a) alterada e apenas 8 (34,79 %) das crianças relataram autopercepção vocal negativa. Conclusões: Apesar de grande parte da amostra não considerar a voz de seu filho (a) alterada os pais percebem mais a presença da alteração vocal do que as próprias crianças. Palavras chave: Distúrbios da voz, criança, percepção.

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1 INTRODUÇÃO A voz humana é um atributo já existente desde o nascimento e se apresenta de

diversas formas, como: o choro, o grito e o riso. Representa nosso sentido de inter-

relação na comunicação interpessoal e tem grande importância para o bem estar social.

(Teixeira et al, 2003). A produção adequada da voz depende da integridade e do

funcionamento harmônico das estruturas que compõe o aparelho fonador o que irá

resultar em uma voz equilibrada e agradável para o ouvinte. (Behlau e Pontes, 1995).

Quando a voz não consegue cumprir o seu papel básico de transmissão da

mensagem verbal e emocional, estamos diante de uma disfonia. As crianças também

sofrem de problemas vocais e estudos epidemiológicos revelam uma prevalência entre 6

e 9% de disfonias e distúrbios articulatórios na infância (Hirschberg, J. et al, 1995).

As alterações vocais constituem um dos problemas fonoaudiológicos encontrados

nas escolas de ensino fundamental e têm se tornado motivo de preocupação dos

profissionais da área (Souza et al, 2004). A discrepância existente entre a alta incidência

de distúrbios vocais infantis com base nos estudos epidemiológicos e o baixo número de

crianças que recebem atendimento fonoaudiológico chama a atenção, uma vez que

aproximadamente 1% dos casos atendidos na clínica fonoaudiológica, acontece por

problemas vocais. (Teixeira et al, 2003)

Com muita freqüência, pais e educadores são mais atentos em identificar nas

crianças problemas de fala e linguagem em detrimento de alterações de voz. A

experiência clínica demonstra que as alterações da voz na infância podem interferir de

modo bastante negativo no desempenho social, no desenvolvimento afetivo-emocional de

qualquer criança (Teixeira et al, 2003) e, segundo Freitas et al (2000), influenciar no

desenvolvimento de uma capacidade comunicativa adequada na vida adulta.

A incidência de alterações vocais na infância vem aumentando significativamente

devido à competitividade excessiva do mundo moderno, (Alavarsi et al, 2000). Entretanto

a maioria dos trabalhos em disfonia infantil investiga aspectos causais e ou orgânicos da

disfonia infantil e poucos estudos discutem a percepção da criança sobre sua própria voz

e ou a percepção dos pais a respeito da voz de seus filhos. Sabe-se que o diagnóstico

precoce nas disfonias infantis é importante e que uma boa percepção vocal contribui

significativamente para detectar sintomas da disfonia. Visto este fato e considerando que

as crianças disfônicas merecem atenção na comunidade científica, torna-se importante

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desenvolver estudos que envolvam tal população. O estudo proposto tem como objetivo

verificar a percepção dos pais com relação à disfonia de seus filhos.

Acreditamos que os resultados contribuirão para o desenvolvimento de futuros

projetos buscando conscientização de pais, educadores e das próprias crianças acerca

das alterações vocais e conseqüente prevenção de tal distúrbio. Este estudo reforça a

importância da atuação fonoaudiológica em crianças quanto à prevenção e reabilitação

das alterações vocais.

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1.1 Objetivos:

Objetivo Geral

• Verificar a percepção dos pais com relação à disfonia de seus filhos.

Objetivos Específicos:

• Descrever os pais das crianças disfônicas quanto ao sexo e a idade; • Verificar a percepção dos pais com relação à voz das suas crianças nos aspectos

de detecção da voz alterada, mudanças vocais no decorrer do dia, rouquidão pelo

uso constante da voz e pelo esforço;

• Determinar se os pais levam a criança ao médico por causa da alteração vocal;

• Determinar o temperamento mais prevalente da criança disfônica com a avaliação

vocal destas crianças;

• Citar os comportamentos vocais mais abusivos percebidos pelos pais;

• Verificar se o ambiente interfere na disfonia da criança;

• Comparar a percepção vocal dos pais com relação à alteração da voz de sua

criança com a autopercepção vocal desta.

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2 REVISÃO DE LITERATURA 2.1. Voz e Disfonia

A literatura descreve quatro tipos de temperamentos entre as crianças que se

destacam: colérico, sanguíneo, fleumático e melancólico. A do tipo colérico é considerada

“pavio curto” entre as disfônicas. Caracteriza-se pelo anseio de domínio e que pode se

manifestar através das reações explosivas às vezes violentas, acompanhadas

evidentemente pelo uso da voz. As crianças do tipo sanguíneas são consideradas

nervosas, agitadas, curiosas e extrovertidas, o que descreve muito bem a natureza de seu

temperamento. Outro tipo de temperamento encontrado é o fleumático, trata-se da criança

alegre, bolachona e amável, que está em paz com a vida. Além disso, encontramos as

crianças melancólicas que são de natureza introvertida, com tendência à reflexão e de

aparência frágil e delicada, o que não as isentam de uma alteração vocal. Deve-se dar

atenção especial a esta criança que fala pouco e com voz quase inaudível, pois

geralmente sua emissão é acompanhada de excessiva tensão (Hersan RC, 1991).

Dentre as causas dos problemas vocais temos o abuso vocal. O mau uso do

mecanismo laríngeo pode causar danos às próprias pregas vocais e também interferir na

coordenação muscular necessária para uma boa voz (Wilson, 1994). Apesar de cada

criança ser singular e cada voz ser diferente, é conveniente agruparmos os aspectos

negativos do comportamento vocal que são observados com frequência nos distúrbios

da voz (Andrews, 1998).

A disfonia é um distúrbio na comunicação oral, no qual a voz não consegue cumprir

seu papel básico de transmissão da mensagem verbal e emocional de um indivíduo. Uma

disfonia representa toda e qualquer dificuldade ou alteração na emissão vocal que impede

a produção natural da voz (Behlau, 1995).

Uma disfonia pode se manifestar através de uma série ilimitada de alterações, tais

como: desvios na qualidade vocal, esforço à emissão, fadiga vocal, perda de potência

vocal, variações descontroladas de freqüência fundamental, falta de volume e projeção,

perda da eficiência vocal, baixa resistência vocal e sensações desagradáveis à emissão

(Behlau,1995).

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As crianças disfônicas geralmente são agitadas, gritonas, líderes, falantes,

ansiosas e agressivas. Entretanto, podemos encontrar a disfonia também em crianças

tímidas e imaturas, como resultado de sua comunicação contida (Hersan, 1998).

A incidência de alterações vocais na infância vem aumentando significativamente

devido à competitividade excessiva do mundo moderno, que leva à uma expectativa de

grau elevado das famílias, principalmente quanto ao rendimento escolar de suas crianças,

o que pode levar ao desgaste físico e psicológico (Alavarsi et al, 2000).

As possíveis causas da disfonia infantil estão relacionadas com os abusos vocais

que geram distúrbios laríngeos, com a presença de alterações estruturais mínimas, com a

deficiência auditiva, distúrbios neurológicos e alterações hormonais (Pinho, 2001).

Na população infantil são muito comuns algumas práticas vocais como chorar, rir e

falar excessivamente, imitar ruídos ou outras vozes, o que é considerado como abuso

vocal podendo levar à disfonia (Freitas et al, 2000).

Os abusos vocais e maus hábitos de higiene vocal devem ser pesquisados, pois

poderão até justificar o quadro de disfonia apresentado pela criança. (Oliveira IB, 2003).

As alterações vocais são afecções de grande prevalência na população pediátrica.

Apesar dos nódulos vocais ainda serem as lesões mais comumente implicadas na

disfonia infantil, diversas outras causas adquiridas e congênitas, como por exemplo, as

alterações estruturais mínimas de cobertura (AEMC), podem ser implicadas na gênese da

rouquidão na criança. Para avaliar a incidência das AEMC nos exames de

videolaringoscopia de crianças com queixas vocais, um estudo avaliou retrospectivamente

32 exames realizados no Setor de Laringologia do Serviço de Otorrinolaringologia de um

Hospital Público de São Paulo. Como resultado verificou-se que dezoito crianças foram

identificadas como portadoras de nódulos vocais (56,25%), 12 de cisto epidermóide

(37,5%); e duas crianças apresentaram o diagnóstico de lesão nodular inespecífica. Os

nódulos vocais foram as lesões mais freqüentes. Entretanto, as alterações estruturais

mínimas de cobertura das pregas vocais apresentaram também grande prevalência como

responsáveis pela disfonia infantil (Melo, 2002).

Um estudo investigou a prevalência de alteração vocal em crianças que freqüentam

creche. Foram feitas observações da qualidade vocal de 640 crianças. Os dados relativos

às vozes das crianças foram levantados por graduandos do terceiro ano do curso de

Fonoaudiologia da Universidade de São Paulo por meio de protocolos gerais dos grupos

de cada uma das 5 creches pesquisadas. Dentre as 640 crianças participantes, foram

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consideradas com alteração vocal 151 crianças, ou seja, encontrou-se prevalência de

23,6% na faixa etária de 1 mês a 7 anos e 8 meses (Simões et al, 2002).

Um estudo retrospectivo que analisou avaliações otorrinolaringológicas e

endoscópias de 71 crianças com queixas de disfonia e idade entre 3 a 13 anos (45

meninos e 26 meninas) teve como o objetivo analisar a prevalência sexual, a idade, os

principais diagnósticos das disfonias, os tratamentos adotados e a evolução clínica.

Verificou-se que os nódulos vocais foram as principais causas de disfonias entre as

crianças avaliadas (47 casos; 66,2%), sendo mais freqüentes entre os meninos. Nestes

casos a fonoterapia foi o tratamento de escolha e mostrou-se eficaz. Além disso, as

lesões estruturais mínimas como cistos, sulcos pontes e micromembranas foram

responsáveis por grande porcentagem das disfonias infantis e por prováveis insucessos

no tratamento (Martins RHG et al, 2003).

Acredita-se que o pico de maior incidência de disfonia infantil ocorra entre 5 e 10

anos de idade, devido ao aumento natural do fluxo de agressividade, que ocorre no

período entre a dependência passiva do bebê e dos primeiros anos de vida e a relativa

independência na infância. Outro fator que deve ser levado em conta é que crianças

menores estão mais propensas a usar sua voz de modo mais desinibido, conversar em

intensidade elevada e gritar (Teixeira et al, 2003)

As disfonias podem interferir negativamente na qualidade de vida das crianças, por

isso, tem havido consenso na literatura brasileira sobre a intervenção fonoaudiológica

nesses casos e, no geral, os processos baseiam-se em orientações às crianças e

familiares e fonoterapia (Leite APD et al, 2008).

O pediatra é o profissional que está em contato mais direto com a criança durante

boa fase do desenvolvimento desta. Assim, é necessário que tenha uma formação que

lhe permita identificar e encaminhar para tratamento os casos de disfonia na infância. Se

as crianças com disfonia forem encaminhadas para avaliação fonoaudiológica quando

identificados os primeiros sintomas, mais rapidamente esses problemas podem ser

solucionados. Com o objetivo de verificar junto aos pediatras do Distrito Federal quais as

condutas costumam adotar quando se deparam com pacientes que apresentam sinais de

disfonia infantil, um estudo pesquisou por meio de um questionário composto por

questões fechadas a conduta de 50 pediatras. Verificou-se que mesmo sendo a rouquidão

um sinal de existência de uma disfunção que deve ser investigada cuidadosamente, a

maioria dos pediatras procede na averiguação de causas agudas e aguarda que ela

regrida em um período de sete dias. Além disso, o encaminhamento ao

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otorrinolaringologista é o procedimento diagnóstico mais utilizado para investigar as

causas da rouquidão e nos casos de disfonia funcional, grande parte dos pediatras já

estão conscientes da necessidade de fazer o encaminhamento para tratamento

fonoaudiológico (Quintanilha JKM et al, 2008).

Uma boa voz caracteriza-se por apresentar qualidade agradável, equilíbrio de

ressonância, intensidade adequada, tom e inflexões apropriadas à idade e ao sexo. Uma

disfonia representa uma dificuldade na emissão vocal que impede a produção natural da

voz. Tal dificuldade pode apresentar-se de várias maneiras, em idades e momentos

distintos, bem como, com diferentes características (Quintanilha JKMC et al, 2008).

A incidência de disfonia infantil em escolas varia de 6% a 23,4%, com pico entre

cinco e 10 anos de idade. Os fatores predisponentes e agravantes podem ser agrupados

em cinco categorias: hábitos vocais inadequados; fatores ambientais físicos e

psicológicos; estrutura de personalidade; inadaptação fônica; fatores alérgicos, dentre

outros (Takesbita TK et al, 2009).

2.2. Percepção e autopercepção vocal

Geralmente as alterações na voz das crianças são confundidas pelos pais com

sintomas de infecções de vias aéreas superiores ou tachadas como qualidade normal da

voz. Um estudo verificou a opinião dos pais sobre a voz de seus filhos, no que diz respeito

à percepção e preocupação relacionadas às alterações de voz, fatores que influem na

qualidade vocal, atitudes tomadas diante das alterações de voz e da percepção de

problemas vocais pelos filhos. Os dados foram colhidos por meio de um questionário com

12 questões de múltipla escolha e aplicados a 526 pais para colher dados sobre a voz de

seus filhos. As crianças tinham faixa etária de 5 a 12 anos e eram matriculadas em

escolas públicas da cidade de Garça, São Paulo. Como resultado, verificou-se que,

apesar da maioria dos pais conseguirem perceber ocasionalmente problemas vocais em

seus filhos, não se preocupam ou se preocupam, às vezes, com tais alterações. Os pais

reconhecem que o abuso da voz prejudica a condição vocal de seus filhos, tem noção

sobre muitos dos hábitos nocivos ou benéficos à voz e, apesar de referirem que tomam

alguma atitude quando percebem alterações na voz do filho, não procuram atendimento

clínico. Além disso, grande parte dos pais acreditam que as crianças não percebem

quando têm problemas de voz, pois não referem queixas, embora diminuam o uso da voz

quando têm alguma alteração vocal (Teixeira et al, 2003).

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Pode-se supor que faltam aos pais informações que permitam identificar

transtornos vocais em seus filhos e por isso eles passam despercebidos na maioria das

vezes. É costumeiro confundir, alterações da voz, como rouquidão freqüente, com

sintomas de infecções de vias aéreas superiores ou como qualidade normal da voz.

Muitos acham que o distúrbio vocal desaparecerá na fase de crescimento, ou eles,

simplesmente, não percebem nenhuma mudança na voz da criança (Teixeira et al, 2003).

A literatura descreve que, a importância em se conhecer a opinião dos pais sobre a

voz de seus filhos deve-se ao fato de que, a grande maioria dos casos, são os pais que

detectam sinais e sintomas da disfonia, tomam atitude para preservar a saúde vocal de

seus filhos e procuram ajuda profissional quando necessário (Teixeira et al, 2003).

A percepção da qualidade vocal é um parâmetro subjetivo, baseia-se em

comparações com outras vozes ou com impressões prévias do ouvinte sobre a mesma

voz, além disso, envolvem vários fatores como características de personalidade, fatores

psicológicos e experiência com análise de vozes. A percepção da voz pelo próprio sujeito

que apresenta alteração vocal, bem como a percepção das pessoas sem experiência no

estudo da voz humana, são relevantes. Um estudo verificou se a interferência da disfonia

na qualidade de vida de 31 adultos disfônicos relaciona-se à autopercepção vocal.

Observou-se que a opinião do disfônico sobre o impacto da disfonia em sua qualidade de

vida corresponde à autopercepção vocal (Kasama et al, 2007).

Atualmente, as pesquisas abordam com freqüência a auto-avaliação ou

autopercepção vocal, pois se sabe que a partir dela pode-se captar a opinião do paciente

em relação a sua voz, tornando-se mais um parâmetro a ser enfatizado durante a

avaliação. Esses conhecimentos podem auxiliar em ações junto ao indivíduo disfônico,

uma vez que a autopercepção e a psicodinâmica vocal são fatores importantes em um

processo terapêutico (Almeida AAF et al, 2009).

Os pais devem estar atentos às vozes de seus filhos à medida que eles passam a

desenvolver voz e fala próprias. É interessante observar que algumas vezes é o

professor, ou mesmo o fonoaudiólogo, quem inicialmente questiona sobre a qualidade

vocal das crianças. Os pais algumas vezes relatam que a voz de seu filho “sempre foi

assim” e, consequentemente, não são a fonte da queixa (Colton RH et al, 2010).

2.3. A criança e a disfonia

A literatura descreve que é frequente encontrar crianças disfônicas que possuem

uma maior excitabilidade dos órgãos sensitivos, o que as colocam em um estado de alerta

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constante. Estas crianças são consideradas nervosas, agitadas, curiosas e extrovertidas,

o que descreve muito bem a natureza sanguínea de seus temperamentos (Hersan RC,

1991).

Além disso, pode-se encontrar a criança de “pavio curto”, entre as disfônicas. Trata-

se do temperamento colérico que se caracteriza pelo anseio de domínio e que pode se

manifestar através das reações explosivas às vezes violentas, acompanhadas

evidentemente pelo uso da voz (Hersan RC,1991).

Encontra-se também, crianças de natureza introvertida, com tendência à reflexão e

de aparência frágil e delicada, o que não as isentam de uma alteração vocal. Muitas

vezes demonstram pouco interesse pelas atividades e passam desapercebidas no grupo,

o que não é nada favorável ao seu temperamento melancólico. Deve-se dar atenção

especial a esta criança que fala pouco e com voz quase inaudível, pois geralmente sua

emissão é acompanhada de excessiva tensão (Hersan RC, 1991).

Outro tipo de temperamento encontrado é do fleumático, trata-se da criança alegre,

bolachona e amável, que está em paz com a vida, desde que suas necessidades básicas

tenham sido atendidas. Com certeza, entre as crianças fleumáticas, teremos poucas

chances de encontrar uma disfônica (Hersan RC, 1991).

A terapia de voz para crianças difere da terapia realizada com adultos em vários

pontos. O adulto quando procura o tratamento, geralmente está consciente do seu

distúrbio vocal, enquanto a criança raramente apresenta conscientização. O adulto

consegue descrever, mesmo de forma simplificada, seus sintomas vocais. A criança

dificilmente se queixa de cansaço, dor ou esforço para falar. Algumas vezes, elas nos

chegam quase afônicas e nem por isso se sentem limitadas ou impossibilitadas de

continuar falando, cantando ou gritando (Hersan RC, 1995).

Page 23: Laura Machado Barbosa Cangussu PERCEPÇÃO DOS PAIS COM ...

10

3 MÉTODOS

3.1.Tipo de estudo:

O estudo é descritivo do tipo transversal e trata-se da continuação da pesquisa de

parecer nº 676/08 intitulado “Correlação entre a avaliação acústica e perceptivo-auditiva

das vozes de crianças de 6 a 10 anos de idade do Centro Pedagógico da UFMG e a auto-

percepção das crianças sobre suas vozes”. O objetivo do estudo era estabelecer a

prevalência de crianças com disfonia na faixa etária entre 6 a 10 anos de idade do Centro

Pedagógico da Universidade Federal de Minas Gerais e descrever a autopercepção das

mesmas acerca de sua voz.

Para a coleta da autopercepção vocal das crianças no estudo supracitado, foi

realizada gravação de suas vozes que realizaram quatro tarefas básicas sendo elas: dizer

seu nome completo, emissão sustentada da vogal /a/ por no mínimo 3 segundos,

contagem de números de 1 a 20 e responder a seguinte pergunta: “O que você acha da

sua voz?”. Após esta etapa, foi realizada a avaliação perceptivo-auditiva das vozes por

três fonoaudiólogas especialistas em voz de acordo com o parâmetro G (grau global da

disfonia) da escala GRBASI, a qual se trata de sistema simples e rápido de descrever a

qualidade vocal a partir da percepção-auditiva, com ênfase na laringe. Foi considerada

presença de disfonia quando houve concordância entre as três avaliadoras na análise

perceptivo-auditiva.

A autopercepção vocal das crianças foi considerada como positiva ou negativa. A

autopercepção foi considerada positiva quando a criança relatou que a voz é bonita, legal,

boa, transmite alegria e que gosta da voz. A autopercepção negativa foi considerada

quando a criança relatou que a voz é ruim, feia, transmite braveza e que não gosta da

voz.

A partir dessas gravações e das análises das fonoaudiólogas envolvidas, obteve-se

a autopercepção vocal das crianças de 6 a 10 anos estudantes do Centro Pedagógico da

UFMG e a avaliação perceptivo-auditiva dessas vozes. O estudo supracitado conteve a

amostra de 70 crianças a qual se verificou a prevalência de 26 crianças disfônicas

(37,14%), sendo que 18 destas obtiveram autopercepção vocal positiva e 8

autopercepção vocal negativa.

Page 24: Laura Machado Barbosa Cangussu PERCEPÇÃO DOS PAIS COM ...

11

3.2. População e amostra do estudo:

No presente estudo: Percepção dos pais com relação à disfonia de seus filhos a

população constou de 23 responsáveis das 26 crianças disfônicas participantes do estudo

supracitado, ou seja três pais não responderam o questionário. Sendo assim, a amostra

compreendeu 23 pais responsáveis pelas crianças disfônicas que possuíam idade entre 6

a 10 anos, de ambos os sexos, estudantes do turno da tarde no Centro Pedagógico da

UFMG e que participaram do estudo de parecer nº 676/08.

3.3. Critérios de Inclusão:

Foram incluídos neste estudo os pais, maiores de 18 anos, das crianças na faixa

etária de 6 a 10 anos de idade estudantes do Centro Pedagógico que participaram do

estudo de parecer número ETIC 676/08.

3.4. Critérios de Exclusão:

Foram excluídos deste estudo os pais que não eram das crianças amostradas no

estudo de parecer número ETIC 676/08, que não sabiam ler ou que deixaram de

preencher mais de 2 itens do questionário utilizado para a coleta da percepção vocal.

3.5. Local da pesquisa

A pesquisa foi realizada no Centro Pedagógico da UFMG situado à Avenida

Presidente Antônio Carlos, 6667, Campus Pampulha, Belo Horizonte MG, CEP 31270 010.

O Centro Pedagógico da UFMG autorizou o envio do TCLE e do questionário para

os pais por intermédio das crianças estudantes na escola mediante autorização das

Cartas de Anuência (Anexos 2.1 e 2.2).

3.6. Material

O estudo aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa (COEP) de parecer número

ETIC 676/08 disponibilizou a coleta da percepção das crianças disfônicas acerca de suas

próprias vozes e a análise perceptivo-auditiva realizada pela avaliadora. A partir disso, foi

utilizado um questionário auto aplicável (Anexo 3), que foi enviado e respondido por um

dos pais destas crianças.

Sendo assim, o presente estudo verificou a percepção dos pais com relação à

disfonia de sua criança.

Page 25: Laura Machado Barbosa Cangussu PERCEPÇÃO DOS PAIS COM ...

12

3.7. Delineamento do estudo

A pesquisa foi realizada em quatro etapas.

1ª etapa: Nessa etapa foi realizada análise dos resultados da pesquisa de parecer número

ETIC 676/08 contendo os dados das crianças amostradas com as autopercepções destas

acerca de suas vozes e a análise perceptivo auditiva realizada pelas avaliadoras do

estudo. Posteriormente, estes dados foram disponibilizados e para cada criança

participante do estudo citado, foram selecionadas duas vias do Termo de Consentimento

Livre e Esclarecido (TCLE) e um questionário auto aplicável para enviar ao responsável de

cada criança.

2ª etapa: Nessa etapa foram enviados os questionários auto aplicáveis juntamente com os

Termos de Consentimento Livre e Esclarecido para os pais das crianças participantes

consideradas disfônicas do estudo descritas na 1º etapa. Este envio foi realizado por

intermédio dessas crianças, as quais receberam no Centro Pedagógico o envelope com os

anexos anteriormente citados para que pudessem entregar a seus pais para a participação

voluntária de um destes na pesquisa. Após o recebimento do envelope e o consentimento

em participar da pesquisa, apenas um responsável pela criança respondeu o questionário

auto aplicável o qual era composto de perguntas fechadas de caráter não invasivo para a

coleta da percepção deste acerca da voz de sua criança. Após a autorização em participar

do estudo e o preenchimento do questionário, o responsável enviou para o Centro

Pedagógico o envelope de volta novamente por intermédio de sua criança. Vale ressaltar

que, ao receber de volta os envelopes, os casos em que o Termo de Consentimento Livre

e Esclarecido não foi assinado ou que o questionário possuísse acima de 2 itens não

respondidos, houve o descarte do estudo deste responsável juntamente com os dados de

sua criança.

O Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (Anexo 1) explicou os

procedimentos a serem realizados na presente pesquisa bem como solicitou a autorização

do responsável para a sua participação.

Dessa forma, a 2º etapa foi composta pelo envio do TCLE e do questionário para os

responsáveis, bem como, composta pelo prazo para a devolução destes.

3ª etapa: A partir dos dados coletados nas etapas anteriores, a terceira etapa foi composta

pela formulação do banco de dados a partir da análise das respostas dos questionários

Page 26: Laura Machado Barbosa Cangussu PERCEPÇÃO DOS PAIS COM ...

13

preenchidos na etapa anterior, das autopercepções vocais das crianças e da avaliação

perceptivo auditiva das avaliadoras do estudo de parecer número ETIC 676/08. Os dados

coletados foram armazenados em um arquivo do Excel, versão do Windows XP.

4ª etapa: Logo em seguida, foi realizada análise estatística destes dados por meio do

Fisher's Exact Test e feita às correlações dos dados.

3.8.Questões éticas:

No dia 02 de dezembro de 2009 o Comitê de Ética em Pesquisa da UFMG, analisou e

aprovou a inclusão da percepção vocal dos pais das crianças, assim como os métodos

relacionados aos mesmos (ANEXO 4). Os pais das crianças as quais participaram do

estudo aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa (COEP) de parecer número ETIC

676/08 receberam o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (ANEXO 1) no qual

estavam contidas as informações a respeito do procedimento a ser realizado por esta

pesquisa. Foram determinados os objetivos, a importância, o sigilo, os riscos e benefícios

da pesquisa, a participação voluntária e o direito de desistir de participar a qualquer

momento do estudo sem a perda de quaisquer benefícios.

Page 27: Laura Machado Barbosa Cangussu PERCEPÇÃO DOS PAIS COM ...

14

4 RESULTADOS

4.1. Caracterização da amostra

Parentesco e sexo

20

3

0

5

10

15

20

25

mães

pais

Figura 1- Gráfico demonstrativo quanto ao parentesco e sexo dos pais

2

8

9

4

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

20-30 anos

30-40 anos

40-50 anos

não responderam

Figura 2- Gráfico demonstrativo da idade dos professores

Page 28: Laura Machado Barbosa Cangussu PERCEPÇÃO DOS PAIS COM ...

15

4.2. Análises da percepção dos pais com relação aos parâmetros vocais de seu

filho (a)

47,80%

47,80%

4,30% consideram a vozalterada

não consideram a vozalterada

não percebe

Figura 3- Gráfico demonstrativo da percepção vocal dos pais quanto à presença de alteração vocal

em seus filhos

13,04%

52,17%

30,43%

4,35%

13,04%

78,30%

8,70%

17,40%

73,90%

8,70%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

Mudança da vozno decorrer do dia

Rouca por falardemais

Esforço vocal parafalar

sim

não

não percebem

não respondeu

Figura 4- Gráfico demonstrativo da percepção dos pais quanto aos sintomas vocais apresentado

pelo seu filho (a)

Page 29: Laura Machado Barbosa Cangussu PERCEPÇÃO DOS PAIS COM ...

16

9,09%

45,45%

36,36%

9,09%

18,18%

72,73%

9,09%

27,27%

63,64%

9,09%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

Mudança da voz nodecorrer do dia

Rouca por falardemais

Esforço vocal parafalar

sim

não

não percebem

não respondeu

Figura 5- Gráfico demonstrativo da percepção da alteração vocal x percepção dos sintomas vocais

colérico33,33%

sanguíneo33,33%

fleumático18,52%

melancólico14,81%

colérico

sanguíneo

fleumático

melancólico

Figura 6- Gráfico demonstrativo da percepção dos pais quanto ao temperamento de seu filho (a)

Page 30: Laura Machado Barbosa Cangussu PERCEPÇÃO DOS PAIS COM ...

17

Table of q1 by q6A

q1 q6A

Frequency

Percent

Row Pct

Col Pct

0 1 Total

N 9

39.13

81.82

64.29

2

8.70

18.18

22.22

11

47.83

NP 1

4.35

100.00

7.14

0

0.00

0.00

0.00

1

4.35

S 4

17.39

36.36

28.57

7

30.43

63.64

77.78

11

47.83

Total 14

60.87

9

39.13

23

100.00

Fisher's Exact Test

Table Probability

(P) 0.0222

Pr <= P 0.0583

Sample Size = 23

Tabela 1: Análise estatística do temperamento do tipo colérico

Page 31: Laura Machado Barbosa Cangussu PERCEPÇÃO DOS PAIS COM ...

18

Table of q1 by q6B

q1 q6B

Frequenc

y

Percent

Row Pct

Col Pct

0 1 Total

N 7

30.43

63.64

50.00

4

17.39

36.36

44.44

11

47.83

NP 0

0.00

0.00

0.00

1

4.35

100.00

11.11

1

4.35

S 7

30.43

63.64

50.00

4

17.39

36.36

44.44

11

47.83

Total 14

60.87

9

39.13

23

100.00

Fisher's Exact Test

Table Probability

(P) 0.1333

Pr <= P 0.6269

Sample Size = 23

Tabela 2: Análise estatística do temperamento do tipo sanguíneo

Page 32: Laura Machado Barbosa Cangussu PERCEPÇÃO DOS PAIS COM ...

19

Table of q1 by q6C

q1 q6C

Frequenc

y

Percent

Row Pct

Col Pct

0 1 Total

N 7

30.43

63.64

38.89

4

17.39

36.36

80.00

11

47.83

NP 1

4.35

100.00

5.56

0

0.00

0.00

0.00

1

4.35

S 10

43.48

90.91

55.56

1

4.35

9.09

20.00

11

47.83

Total 18

78.26

5

21.74

23

100.00

Fisher's Exact Test

Table Probability

(P) 0.1079

Pr <= P 0.4606

Sample Size = 23

Tabela 3 Análise estatística do temperamento do tipo fleumático

Page 33: Laura Machado Barbosa Cangussu PERCEPÇÃO DOS PAIS COM ...

20

Table of q1 by q6D

q1 q6D

Frequency

Percent

Row Pct

Col Pct

0 1 Total

N 9

39.13

81.82

47.37

2

8.70

18.18

50.00

11

47.83

NP 1

4.35

100.00

5.26

0

0.00

0.00

0.00

1

4.35

S 9

39.13

81.82

47.37

2

8.70

18.18

50.00

11

47.83

Total 19

82.61

4

17.39

23

100.00

Fisher's Exact Test

Table Probability

(P) 0.3416

Pr <= P 1.0000

Sample Size = 23

Tabela 4: Análise estatística do temperamento do tipo melancólico

Page 34: Laura Machado Barbosa Cangussu PERCEPÇÃO DOS PAIS COM ...

21

Figura 7- Gráfico demonstrativo da percepção dos pais quanto aos abusos vocais cometidos pelo

seu filho (a)

Table of q1 by q8A

q1 q8A

Frequency

Percent

Row Pct

Col Pct

0 1 Total

N 9

39.13

81.82

69.23

2

8.70

18.18

20.00

11

47.83

NP 1

4.35

100.00

7.69

0

0.00

0.00

0.00

1

4.35

S 3

13.04

27.27

23.08

8

34.78

72.73

80.00

11

47.83

Total 13

56.52

10

43.48

23

100.00

Page 35: Laura Machado Barbosa Cangussu PERCEPÇÃO DOS PAIS COM ...

22

Fisher's Exact Test

Table Probability

(P) 0.0079

Pr <= P 0.0202

Sample Size = 23

Tabela 5: Correlação da percepção da alteração vocal com o abuso vocal: gritar demais

(questão 8 A)

Table of q1 by q8B

q1 q8B

Frequency

Percent

Row Pct

Col Pct

0 1 Total

N 7

30.43

63.64

87.50

4

17.39

36.36

26.67

11

47.83

NP 0

0.00

0.00

0.00

1

4.35

100.00

6.67

1

4.35

S 1

4.35

9.09

12.50

10

43.48

90.91

66.67

11

47.83

Total 8

34.78

15

65.22

23

100.00

Fisher's Exact Test

Table Probability

(P) 0.0074

Pr <= P 0.0168

Sample Size = 23

Tabela 6: Correlação da percepção da alteração vocal com o abuso vocal: falar alto (questão 8 B)

Page 36: Laura Machado Barbosa Cangussu PERCEPÇÃO DOS PAIS COM ...

23

Table of q1 by q8C

q1 q8C

Frequency

Percent

Row Pct

Col Pct

0 1 Total

N 8

34.78

72.73

61.54

3

13.04

27.27

30.00

11

47.83

NP 1

4.35

100.00

7.69

0

0.00

0.00

0.00

1

4.35

S 4

17.39

36.36

30.77

7

30.43

63.64

70.00

11

47.83

Total 13

56.52

10

43.48

23

100.00

Fisher's Exact Test

Table Probability

(P) 0.0476

Pr <= P 0.1471

Sample Size = 23

Tabela 7: Correlação da percepção da alteração vocal com o abuso vocal: falar demais (questão 8 C)

Page 37: Laura Machado Barbosa Cangussu PERCEPÇÃO DOS PAIS COM ...

24

Table of q1 by q8D

q1 q8D

Frequency

Percent

Row Pct

Col Pct

0 1 Total

N 10

43.48

90.91

50.00

1

4.35

9.09

33.33

11

47.83

NP 0

0.00

0.00

0.00

1

4.35

100.00

33.33

1

4.35

S 10

43.48

90.91

50.00

1

4.35

9.09

33.33

11

47.83

Total 20

86.96

3

13.04

23

100.00

Fisher's Exact Test

Table Probability

(P) 0.0683

Pr <= P 0.1304

Sample Size = 23

Tabela 8: Correlação da percepção da alteração vocal com o abuso vocal: cantar demais

(questão 8 D)

Page 38: Laura Machado Barbosa Cangussu PERCEPÇÃO DOS PAIS COM ...

25

Table of q1 by q8E

q1 q8E

Frequency

Percent

Row Pct

Col Pct

0 Total

N 11

47.83

100.00

47.83

11

47.83

NP 1

4.35

100.00

4.35

1

4.35

S 11

47.83

100.00

47.83

11

47.83

Total 23

100.00

23

100.00

Tabela 9: Correlação da percepção da alteração vocal com o abuso vocal: fazer imitações com a voz

(questão 8 E)

Page 39: Laura Machado Barbosa Cangussu PERCEPÇÃO DOS PAIS COM ...

26

q1 q8F

Frequency

Percent

Row Pct

Col Pct

0 1 Total

N 10

43.48

90.91

52.63

1

4.35

9.09

25.00

11

47.83

NP 1

4.35

100.00

5.26

0

0.00

0.00

0.00

1

4.35

S 8

34.78

72.73

42.11

3

13.04

27.27

75.00

11

47.83

Total 19

82.61

4

17.39

23

100.00

Fisher's Exact Test

Table Probability

(P) 0.2050

Pr <= P 0.6584

Sample Size = 23

Tabela 10: Correlação da percepção da alteração vocal com o abuso vocal: chorar demais

(questão 8 F)

Page 40: Laura Machado Barbosa Cangussu PERCEPÇÃO DOS PAIS COM ...

27

Table of q1 by q8G

q1 q8G

Frequency

Percent

Row Pct

Col Pct

0 1 Total

N 9

39.13

81.82

50.00

2

8.70

18.18

40.00

11

47.83

NP 1

4.35

100.00

5.56

0

0.00

0.00

0.00

1

4.35

S 8

34.78

72.73

44.44

3

13.04

27.27

60.00

11

47.83

Total 18

78.26

5

21.74

23

100.00

Fisher's Exact Test

Table Probability

(P) 0.2697

Pr <= P 1.0000

Sample Size = 23

Tabela 11: Correlação da percepção da alteração vocal com o abuso vocal: rir de forma exagerada

(questão 8 G)

Page 41: Laura Machado Barbosa Cangussu PERCEPÇÃO DOS PAIS COM ...

28

Table of q1 by q8H

q1 q8H

Frequency

Percent

Row Pct

Col Pct

0 1 Total

N 9

39.13

81.82

42.86

2

8.70

18.18

100.00

11

47.83

NP 1

4.35

100.00

4.76

0

0.00

0.00

0.00

1

4.35

S 11

47.83

100.00

52.38

0

0.00

0.00

0.00

11

47.83

Total 21

91.30

2

8.70

23

100.00

Fisher's Exact Test

Table Probability

(P) 0.2174

Pr <= P 0.5217

Sample Size = 23

Tabela 12: Correlação da percepção da alteração vocal e a alternativa: nenhuma das questões

anteriores do questionário (questão 8 H)

Page 42: Laura Machado Barbosa Cangussu PERCEPÇÃO DOS PAIS COM ...

29

11,54%

34,61%

3,85%

23,08%

7,70%

19,23%

0%

5%

10%

15%

20%

25%

30%

35%

40% Barulhento e a criançaprecisa competir com o ruídopara falar.

Calmo, mas mesmo assim acriança é muito agitada.

Agitado e a criança ficamuitas vezes agitada emfunção desta situação.

Poluído de forma queprovoca crises alérgicas nacriança.

Calmo e a criança é calma

Nenhum dos itens acima

Figura 8- Gráfico demonstrativo da caracterização quanto ao ambiente da casa

Page 43: Laura Machado Barbosa Cangussu PERCEPÇÃO DOS PAIS COM ...

30

5 DISCUSSÃO

Nesse capítulo, serão apresentados os resultados encontrados no presente estudo

e realizada análise descritiva e comparativa com os dados encontrados na literatura.

A amostra do presente estudo compreendeu 23 pais com média etária de 38,31

anos, sendo que 4 pais participantes não especificaram sua idade ao responder o

questionário. Dentre os 23 participantes da pesquisa, 20 eram mães e 3 eram pais

(Figura 1).

O estudo de parecer nº 676/08 encontrou a prevalência de crianças disfônicas de

37,14%, sendo que destas, 18 possuíam percepção vocal positiva, ou seja, não se

percebiam disfônicas e 8 possuíam percepção vocal negativa, ou seja, percebiam sua

disfonia. Estes valores corroboram com a literatura pesquisada, uma vez que a

prevalência de distúrbio vocal na infância é de 23,6% (Simões et al, 2002), 6% a 23,4%

(Takesbita TK et al, 2009).

A análise detalhada dos questionários respondidos apontou que, dentre os 23 pais,

47,8% consideram a voz de seu filho (a) alterada, 47,8% não consideram a voz alterada e

4,3% não percebem a presencia ou ausência da alteração vocal (Figura 3). O fato de

grande parte da amostra não considerar a voz alterada ou não perceber pode ser

explicado pelo estudo realizado por Teixeira (2003) que supõe que faltam aos pais

informações que permitam identificar transtornos vocais em seus filhos e por isso eles

passam despercebidos na maioria das vezes. Além disso, algumas vezes é o professor,

ou mesmo o fonoaudiólogo, quem inicialmente questiona sobre a qualidade vocal das

crianças. Os pais algumas vezes relatam que a voz de seu filho “sempre foi assim” e,

consequentemente, não são a fonte da queixa (Colton RH et al, 2010).

Pesquisas abordam com freqüência a auto-avaliação ou autopercepção vocal, pois

se sabe que a partir dela pode-se captar a opinião do paciente em relação a sua voz,

tornando-se mais um parâmetro a ser enfatizado durante a avaliação. Esses

conhecimentos podem auxiliar em ações junto ao indivíduo disfônico, uma vez que a

autopercepção e a psicodinâmica vocal são fatores importantes em um processo

terapêutico. (Almeida AAF et al, 2009). Segundo Kasama et al (2007), percepção da voz

pelo próprio sujeito que apresenta alteração vocal, bem como a percepção das pessoas

sem experiência no estudo da voz humana, são relevantes.

A coleta da autopercepção vocal das crianças participantes do estudo de parecer

número ETIC 676/08 e utilizadas no presente estudo foi considerada como positiva ou

Page 44: Laura Machado Barbosa Cangussu PERCEPÇÃO DOS PAIS COM ...

31

negativa. A autopercepção foi considerada positiva quando a criança relatou que a voz é

bonita, legal, boa, transmite alegria e que gosta da voz. A autopercepção negativa foi

considerada quando a criança relatou que a voz é ruim, feia, transmite braveza e que não

gosta da voz. Observou-se que dentre as 23 crianças participantes, 15 (65,21%)

apresentaram autopercepção vocal positiva e 8 (34,79 %) apresentaram autopercepção

vocal negativa. Em um estudo realizado por Teixeira (2003), que verificou a opinião dos

pais a respeito da voz de seus filhos, observou-se que a maioria dos pais acredita que as

crianças não percebem quando têm problemas na voz, pois não referem queixas, embora

diminuam o uso da voz quando têm alguma alteração vocal. Além disso, segundo Hersan

(1991), a disfonia é um sintoma pouco perceptivo pelas crianças. Existe grande diferença

na conscientização da presença da alteração vocal entre crianças e adultos. Segundo

Hersan (1995), quando o adulto procura o tratamento, geralmente está consciente do seu

distúrbio vocal, enquanto a criança raramente apresenta conscientização. O adulto

consegue descrever, mesmo de forma simplificada, seus sintomas vocais. A criança

dificilmente se queixa de cansaço, dor ou esforço para falar. Algumas vezes, elas chegam

ao atendimento clínico quase afônicas e nem por isso se sentem limitadas ou

impossibilitadas de continuar falando, cantando ou gritando.

Foi verificado no presente estudo se os pais percebem em seu filho (a) aspectos

vocais como: mudanças da voz no decorrer do dia, rouquidão por falar demais ou se a

criança faz esforço vocal para falar. Observou-se que 13,04% dos pais acreditam que a

voz da criança apresenta mudanças ao longo do dia, 52,17% informaram que não

apresenta; 30,43% não percebem se apresenta ou não esta mudança vocal e 4,35% não

responderam à questão. Com relação à percepção se a criança fica rouca por falar

demais 13,04% dos pais disseram que sim, 78,30% disseram que não, que a criança não

fica rouca por falar demais e 8,70% não percebem se a criança apresenta ou não a

rouquidão por falar muito. Com relação à percepção dos pais se seu filho (a) faz esforço

vocal para falar, 17,40% dos pais acreditam que sua criança faz este tipo de esforço,

73,90% acreditam que não e 8,70% não percebem se seu filho (a) faz ou não esforço

vocal para falar (Figura 4). Estes resultados demonstram que a maioria dos pais não

percebeu aspectos vocais da voz de seu filho mesmo apresentando sinais de disfonia na

qualidade vocal. Vale ressaltar que, dentre estes pais que não perceberam ou que

acreditam que a criança não apresenta os sintomas supracitados, estão os 47,8% dos

pais que não consideram a voz de seu filho (a) alterada, o que seria esperado deles não

perceberem tais sintomas por não considerarem que o filho apresenta alteração vocal.

Page 45: Laura Machado Barbosa Cangussu PERCEPÇÃO DOS PAIS COM ...

32

A partir do resultado acima, optamos por refinar a pesquisa e verificar somente

dentre os pais que percebem que o filho possui o distúrbio vocal, se eles percebem tais

sintomas (Figura 5). Com relação à mudança da voz da criança no decorrer do dia,

observou-se que apenas 9,09% acreditam que ocorre esta mudança, 45,45% informaram

que não ocorre, 36,36% não percebem se ocorre ou não esta mudança vocal e 9,09%

não responderam à questão. Ao questionar se a criança fica rouca por falar demais

verificou-se que 18,18% dos pais acreditam sim, 72,73% acreditam que não e 9,09% não

percebem se a voz se altera ou não quando a criança fala demais. Com relação ao

questionamento se o filho (a) faz esforço vocal para falar, 27,27% disseram que sim,

63,64% disseram que não e 9,09% não percebem se o filho se esforça ou não para falar.

Estes resultados demonstraram que, até mesmo dentre os pais que consideram a voz do

seu filho (a) alterada, a maioria deles não percebem aspectos vocais relacionados à

disfonia. Pode-se supor que estes pais conseguem perceber que há algo errado com a

voz de seu filho (a), porém não conseguem definir o que é e nem mesmo perceber

sintomas vocais. Segundo Teixeira (2003), alterações da voz, como rouquidão freqüente,

são costumeiramente confundidas com sintomas de infecções de vias aéreas superiores

ou tachadas como qualidade normal da voz. Muitos acham que o distúrbio vocal

desaparecerá na fase de crescimento, ou eles, simplesmente, não percebem nenhuma

mudança na voz da criança.

Com relação à quinta pergunta do questionário, foi pesquisado se os pais já

levaram seu filho (a) ao médico por causa da voz. Dentre os 23 pais das crianças

disfônicas que responderam ao questionário, nenhum levou sua criança ao médico por

causa da voz. A literatura afirma que, apesar da maioria dos pais conseguirem perceber

ocasionalmente problemas vocais em seus filhos, não se preocupam ou se preocupam,

às vezes, com tais alterações. Os pais reconhecem que o abuso da voz prejudica a

condição vocal de seus filhos, tem noção sobre muitos dos hábitos nocivos ou benéficos à

voz e, apesar de referirem que tomam alguma atitude quando percebem alterações na

voz do filho, não procuram atendimento clínico (Teixeira et al, 2003). Além disso, existe

uma grande discrepância entre a alta incidência de distúrbios vocais infantis com base

nos estudos epidemiológicos e o baixo número de crianças que recebem atendimento

fonoaudiológico, uma vez que aproximadamente 1% dos casos atendidos na clínica

fonoaudiológica, acontece por problemas vocais (Teixeira et al, 2003).

O pediatra é o profissional que está em contato mais direto com a criança durante

boa fase do desenvolvimento desta. Assim, é necessário que tenha uma formação que

Page 46: Laura Machado Barbosa Cangussu PERCEPÇÃO DOS PAIS COM ...

33

lhe permita identificar e encaminhar para tratamento os casos de disfonia na infância. Se

as crianças com disfonia forem encaminhadas para avaliação fonoaudiológica quando

identificados os primeiros sintomas, mais rapidamente esses problemas podem ser

solucionados. (Quintanilha JKM et al, 2008).

Pesquisou-se no presente estudo, sobre a classificação dada pelos pais a respeito

do temperamento de sua criança dentre os quatro tipos: colérico, sanguíneo, fleumático e

melancólico (Figura 6). Embora não seja um dado estatisticamente significante (Tabela 1

a 4), observou-se, no presente estudo, que 33,33% dos pais consideram sua criança com

o temperamento do tipo colérico e 33,33% consideram sua criança com o temperamento

do tipo sanguíneo. Vale ressaltar que em ambos os temperamentos são comuns abusos

vocais praticado pelas crianças disfônicas, caracterizado, segundo Hersan (1991), por

reações explosivas às vezes violentas, no tipo colérico e por nervosismo, agitação, e

extroversão no tipo sanguíneo, o que muitas vezes são acompanhadas pelo uso da voz.

As crianças disfônicas geralmente são agitadas, gritonas, líderes, falantes, ansiosas e

agressivas.

Com relação aos temperamentos do tipo fleumático e melancólico, encontramos a

prevalência de 18,52% e 14,81%, respectivamente o que corrobora com a literatura que

ressalta que podemos encontrar a disfonia em menor escala, também em crianças

tímidas e imaturas, como resultado de sua comunicação contida. (Hersan, 1998). Entre as

crianças fleumáticas, teremos poucas, mas algumas chances de encontrar crianças

disfônicas (Hersan, 1991) e entre as melancólicas, raras são as que apresentam quadros

disfônicos. Entretanto ressalta-se aqui que não se realizou com as crianças nenhum

exame laríngeo e é sabido que algumas alterações estruturais mínimas são congênitas e

independem do uso vocal por isso enfatizamos a importância de em futuras pesquisas se

priorizar avaliação laringológica, que certamente fundamentará ainda mais os achados. A

literatura aponta que as alterações vocais são afecções de grande prevalência na

população pediátrica. Apesar dos nódulos vocais ainda serem as lesões mais comumente

implicadas na disfonia infantil, diversas outras causas adquiridas e congênitas, como por

exemplo, as alterações estruturais mínimas de cobertura (AEMC), podem ser implicadas

na gênese da rouquidão na criança (Melo, 2002; Martins RHG et al, 2003)

Embora essa classificação do temperamento da criança tenha sido dada pelos pais

e por esse motivo, bastante subjetiva, observamos que a prevalência de crianças com o

temperamento do tipo colérico e sanguíneo foi maior. Este fato corrobora com Hersan

Page 47: Laura Machado Barbosa Cangussu PERCEPÇÃO DOS PAIS COM ...

34

(1991), que diz que é freqüente encontrarmos crianças disfônicas entre os

comportamentos sanguíneos e coléricos.

Dentre as causas dos problemas vocais temos o abuso vocal. O mau uso do

mecanismo laríngeo pode causar danos às próprias pregas vocais e também interferir na

coordenação muscular necessária para uma boa voz (Wilson, 1994). Apesar de cada

criança ser singular e cada voz ser diferente, é conveniente agruparmos os aspectos

negativos do comportamento vocal que são observados com frequência nos distúrbios

da voz (Andrews, 1998).

Os abusos vocais e maus hábitos de higiene vocal devem ser pesquisados, pois

poderão até justificar o quadro de disfonia apresentado pela criança. (Oliveira IB, 2003).

No presente estudo verificou-se a prática de abusos vocais cometidos pela criança por

meio da percepção dos pais. Dentre os abusos vocais mais assinalados ao responder o

questionário destacam-se: gritar demais, falar alto e falar demais (Figura 7). Para verificar

se estes abusos foram significantes, correlacionamos separadamente, um a um, com a

percepção dos pais da presença ou não da alteração vocal (Tabelas de número 5 a 12). A

partir desta análise verificamos que os abusos vocais gritar demais e falar alto foram

estatisticamente significantes com p<0,05. Além disso, ao comparar com a percepção da

presença ou não da alteração vocal, podemos concluir que a prática destes abusos,

fazem os pais destas crianças acreditarem que elas apresentam alteração vocal. Estes

achados corroboram com Teixeira (2003) que descreve que deve ser levado em conta

que crianças menores estão mais propensas a usar sua voz de modo mais desinibido,

conversar em intensidade elevada e gritar.

Apesar de Freitas et al, (2000), descrever que na população infantil são muito

comuns algumas práticas vocais como chorar, rir, imitar ruídos ou outras vozes, o que é

considerado como abuso vocal podendo levar à disfonia, estes hábitos não foram tão

comuns no nosso estudo quanto gritar demais e falar alto (Figura 7).

Segundo Oliveira (2003), é útil levantarmos dados com relação à dinâmica da casa

da criança, verificando se a casa é barulhenta ou se é em lugar de muito ruído. Com o

objetivo de verificar, por meio da percepção dos pais, se o ambiente da casa da criança

influenciou ou não na presença da alteração vocal, investigamos por meio da questão

número 8 do questionário, características ambientais comuns para que os pais pudessem

assinalar. Verificou-se que 11,54% acreditam que o ambiente do lar é barulhento e que a

criança precisa competir com o ruído para falar; 34,61% acreditam que o ambiente da

casa é calmo, mas mesmo assim a criança é muito agitada; 23,08% acreditam que o

Page 48: Laura Machado Barbosa Cangussu PERCEPÇÃO DOS PAIS COM ...

35

ambiente é agitado e a criança fica muitas vezes agitada em função desta situação;

3,85% acreditam que o ambiente é poluído de forma que provoca crises alérgicas na

criança; 7,70% acreditam que o ambiente é calmo e que a criança também é calma e

19,23% assinalaram que nenhum dos itens detalhados descreve o ambiente do seu lar

(Figura 8).

Apesar destes dados não serem estatisticamente significantes, verificamos que o

ambiente do lar não influenciou à presença da alteração vocal apresentada pelas

crianças, visto que 34,61% assinalaram que o ambiente é calmo, mas mesmo assim a

criança é muito agitada. A partir deste resultado, podemos concluir que a presença da

disfonia no presente estudo, foi muito mais atribuída pelos pais ao temperamento da

criança e aos abusos vocais por ela praticados do que ao ambiente da casa. Vale

ressaltar que, a percepção dos pais a respeito deste ambiente é um parâmetro subjetivo,

o que pode não condizer com a realidade do lar.

A literatura descreve que é importante conhecer a opinião dos pais sobre a voz de

seus filhos, pois, na maioria dos casos, são os pais que detectam sinais e sintomas da

disfonia e, consequentemente, tomam atitudes para preservar a saúde vocal de seus

filhos procurando ajuda profissional quando necessário. (Teixeira et al, 2003). Ao

comparar a percepção vocal dos pais com relação à voz de sua criança com a

autopercepção vocal desta, verificamos que, apesar de grande parte da amostra não

considerar a voz de seu filho (a) alterada (47,8%) e 47,8% considerarem, estes percebem

mais a presença da disfonia do que as próprias crianças, visto que destas apenas 8

(34,79 %), relataram autopercepção vocal negativa.

Apesar da amostra do presente estudo ser pequena, percebemos que grande parte

dos pais (47,8%) consegue perceber ao menos que há algo errado com a voz de sua

criança. Fazem-se necessárias pesquisas com amostras maiores que discutam a opinião

dos pais sobre a voz de seu filho, uma vez que estes são fundamentais para a detecção

da alteração vocal. A literatura enfatiza que as disfonias podem interferir negativamente

na qualidade de vida das crianças, por isso, tem havido consenso na literatura brasileira

sobre a intervenção fonoaudiológica nesses casos e, no geral, os processos baseiam-se

em orientações às crianças e familiares e fonoterapia. (Leite APD et al, 2008)

Page 49: Laura Machado Barbosa Cangussu PERCEPÇÃO DOS PAIS COM ...

36

6 CONCLUSÃO

Diante dos resultados obtidos e da discussão proposta em relação à

autopercepção vocal das crianças disfônicas e a percepção vocal de seus pais

concluímos que:

• A amostra compreendeu 23 pais com média etária de 38,31 anos, sendo que 4

pais participantes não especificaram sua idade ao responder o questionário. Dentre

os 23 participantes da pesquisa, 20 eram mães e 3 eram pais;

• A percepção dos pais com relação à presença da alteração vocal de seus filhos

apontou que 47,8% consideram a voz de seu filho (a) alterada, 47,8% não

consideram a voz alterada e 4,3% não percebem a presença ou ausência da

alteração vocal;

• A análise dos questionários com relação à percepção dos 23 pais nos aspectos de

detecção da voz alterada, mudanças vocais no decorrer do dia, rouquidão pelo uso

constante da voz e pelo esforço, apontou que 13,04% dos pais acreditam que a

voz da criança apresenta mudanças ao longo do dia; 52,17% informaram que não

apresenta; 30,43% não percebem se apresenta ou não esta mudança vocal e

4,35% não responderam à questão. Com relação à percepção se a criança fica

rouca por falar demais 13,04% dos pais disseram que sim; 78,30% disseram que

não, que a criança não fica rouca por falar demais e 8,70% não percebem se a

criança apresenta ou não a rouquidão por falar muito. Com relação à percepção

dos pais se seu filho (a) faz esforço vocal para falar, 17,40% dos pais acreditam

que sua criança faz este tipo de esforço; 73,90% acreditam que não e 8,70% não

percebem se seu filho (a) faz ou não esforço vocal para falar;

• Foi realizada nova análise para verificar a percepção somente dos pais que

perceberam a alteração vocal em sua criança nos aspectos vocais supracitados.

Com relação à mudança da voz da criança no decorrer do dia, observou-se que

apenas 9,09% acreditam que ocorre esta mudança, 45,45% informaram que não

ocorre, 36,36% não percebem se ocorre ou não esta mudança vocal e 9,09% não

responderam à questão. Ao questionar se a criança fica rouca por falar demais

Page 50: Laura Machado Barbosa Cangussu PERCEPÇÃO DOS PAIS COM ...

37

verificou-se que 18,18% dos pais acreditam sim, 72,73% acreditam que não e

9,09% não percebem se a voz se altera ou não quando a criança fala demais. Com

relação ao questionamento se o filho (a) faz esforço vocal para falar, 27,27%

disseram que sim, 63,64% disseram que não e 9,09% não percebem se o filho se

esforça ou não para falar;

• Dentre os 23 pais das crianças disfônicas que responderam ao questionário,

nenhum levou sua criança ao médico por causa da voz dela;

• Embora não seja um dado estatisticamente significante, observou-se, no presente

estudo, que 33,33% dos pais consideram sua criança com o temperamento do tipo

colérico e 33,33% consideram sua criança com o temperamento do tipo sanguíneo.

Com relação aos temperamentos do tipo fleumático e melancólico, encontramos a

prevalência de 18,52% e 14,81%, respectivamente;

• Os comportamentos vocais abusivos mais prevalentes percebidos pelos pais

foram: gritar demais e falar alto;

• O ambiente do lar não influenciou à presença da alteração vocal apresentada pelas

crianças. A presença da disfonia no presente estudo foi muito mais atribuída pelos

pais ao temperamento da criança e aos abusos vocais por ela praticados do que ao

ambiente da casa;

• Apesar de grande parte da amostra não considerar a voz de seu filho (a) alterada

os pais percebem mais a presença da alteração vocal do que as próprias crianças.

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38

7 ANEXOS

ANEXO 1

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Eu, Laura Machado Barbosa Cangussu, estudante do curso de Fonoaudiologia da

UFMG, e Letícia Caldas Teixeira, professora do mesmo curso, gostaríamos de convidar o

Sr (a) para participar da pesquisa “Correlação entre a autopercepção vocal das crianças

de 6 a 10 anos de idade do Centro Pedagógico da UFMG e a percepção vocal das vozes

destas crianças por seus responsáveis”.

Essa pesquisa pretende comparar a autopercepção vocal de sua criança, a qual já

teve o seu consentimento em outra pesquisa, com a sua percepção acerca da voz dela.

Caso o Sr (a) concorde em participar do estudo, irá preencher um questionário de caráter

não-invasivo o qual contará com perguntas fechadas que abordem o tema do estudo.

A sua participação nesta pesquisa proporcionará aos profissionais maior

conhecimento acerca das alterações vocais nas crianças do Centro Pedagógico, e

conseqüentemente, irá contribuir para futuros projetos buscando conscientização dos

pais, educadores e das próprias crianças, assim como a prevenção de tal distúrbio.

O Sr (a) não pagará, nem receberá nenhum valor financeiro ou compensações

pessoais pela participação na pesquisa em questão, sendo a sua participação voluntária.

Os dados coletados ficarão sob a guarda dos pesquisadores e serão utilizados somente

nesta pesquisa, com publicação dos resultados em revistas e eventos científicos; e depois

serão destruídos. Informamos que seus dados pessoais não serão publicados e que

manteremos em sigilo suas informações pessoais, asseguramos também que sua

identidade jamais será revelada.

O Sr (a) tem a garantia de acesso à esclarecimentos de eventuais dúvidas em

qualquer etapa do estudo. Também é garantida a liberdade da retirada do consentimento,

caso deseje desistir da pesquisa a qualquer momento, sem nenhum prejuízo.

Durante toda a realização da pesquisa, você tem o direito de sanar suas dúvidas

sobre os procedimentos a serem realizados. Estaremos à disposição para responder

perguntas a respeito da pesquisa, antes, durante e mesmo depois de seu término e

publicação dos resultados, por meio dos telefones 88587448 (Laura) ou 9614-3050

(Letícia). Em caso de dúvidas sobre a ética da pesquisa entre em contato com o Comitê

de ética e pesquisa da UFMG, situado à Avenida Presidente Antônio Carlos, 6627 –

Page 52: Laura Machado Barbosa Cangussu PERCEPÇÃO DOS PAIS COM ...

39

Unidade Administrativa II – 2° Andar – sala 2005 – Cep 31270-901 – BH-MG, telefone

(031) 3409-4592 – e-mail: [email protected]

Esse termo está em duas vias, caso concorde em participar da pesquisa,

solicitamos que após assinar, guarde uma via e envie a outra por meio de sua criança

para o Centro Pedagógico.

Sua colaboração é fundamental. Caso concorde com sua participação nesse

estudo assine o termo de consentimento abaixo.

Baseado neste termo, eu, __________________________________________

RG____________________________, aceito em particiipar da pesquisa: “Correlação

entre a autopercepção vocal das crianças de 6 a 10 anos de idade do Centro Pedagógico

da UFMG e a percepção vocal das vozes destas crianças por seus responsáveis” em

acordo com as informações acima expostas

Belo Horizonte, ______ de _________________________ de 2009

______________________________________________________

Assinatura do participante

__________________________

Letícia Caldas Teixeira

Pesquisadora responsável

___________________________

Laura Machado Barbosa Cangussu

estudante de Fonoaudiologia

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40

ANEXO 2.1

CARTA DE ANUÊNCIA DO CENTRO PEDAGÓGICO

Eu, Cristina de Castro Frade, coordenadora do Centro Pedagógico da UFMG,

autorizo a realização do projeto de pesquisa intitulado “Correlação entre a autopercepção

vocal das crianças de 6 a 10 anos de idade do Centro Pedagógico da UFMG e a

percepção vocal das vozes destas crianças por seus responsáveis.” sob responsabilidade

de Letícia Teixeira Caldas, pesquisadora e professora assistente do Departamento de

Fonoaudiologia da UFMG, e Laura Machado Barbosa Cangussu, graduanda em

fonoaudiologia na UFMG.

Essa pesquisa tem como objetivo correlacionar a autopercepção vocal das crianças

disfônicas e a percepção vocal das vozes destas crianças por seus responsáveis. A coleta

dos dados será feita por meio de um questionário auto aplicável que será encaminhado

por meio das crianças da instituição para ser entregue aos seus responsáveis.

A coleta de dados dar-se-á após a aprovação da pesquisa pelo Comitê de Ética

em Pesquisa da Universidade Federal de Minas Gerais.

Assinatura:______________________________________

Belo Horizonte, ______de _______________________de 2009.

Page 54: Laura Machado Barbosa Cangussu PERCEPÇÃO DOS PAIS COM ...

41

ANEXO 2.2

CARTA DE ANUÊNCIA DO CENTRO PEDAGÓGICO

Eu, Luciana Prazeres, coordenadora da Coordenação Pedagógica do Centro

Pedagógico/EBAP/UFMG, autorizo a realização do projeto de pesquisa intitulado

“Correlação entre a autopercepção vocal das crianças de 6 a 10 anos de idade do Centro

Pedagógico da UFMG e a percepção vocal das vozes destas crianças por seus

responsáveis.” sob responsabilidade de Letícia Teixeira Caldas, pesquisadora e

professora assistente do Departamento de Fonoaudiologia da UFMG, e Laura Machado

Barbosa Cangussu, graduanda em fonoaudiologia na UFMG.

Essa pesquisa tem como objetivo correlacionar a autopercepção vocal das crianças

disfônicas e a percepção vocal das vozes destas crianças por seus responsáveis. A coleta

dos dados será feita por meio de um questionário auto aplicável que será encaminhado

por meio das crianças da instituição para ser entregue aos seus responsáveis.

A coleta de dados dar-se-á após a aprovação da pesquisa pelo Comitê de Ética

em Pesquisa da Universidade Federal de Minas Gerais.

Assinatura:______________________________________

Belo Horizonte, ______de _______________________de 2009.

Page 55: Laura Machado Barbosa Cangussu PERCEPÇÃO DOS PAIS COM ...

42

ANEXO 3 QUESTIONÁRIO

ATENÇÃO, ESSE QUESTIONÁRIO DEVE SER RESPONDIDO POR APENAS UM DOS RESPONSÁVEIS PELA CRIANÇA. Parentesco do responsável com a criança: .......................................................

Idade do responsável ...........................................Sexo do responsável ( )F ( )M Nome da criança: ................................................................................................. 1) O Sr (a) considera a voz da sua criança alterada? Sim ( ) Não ( ) Não percebo ( ) 2) A voz da sua criança apresenta mudanças no decorrer do dia? Sim ( ) Não ( ) Não percebo ( ) 3) Sua criança fica rouca por falar demais? Sim ( ) Não ( ) Não percebo ( ) 4) Sua criança faz esforço vocal para falar? Sim ( ) Não ( ) Não percebo ( ) 5) Você já levou sua criança ao médico por causa da voz dela? Sim ( ) Não ( ) Qual o diagnóstico?...................................................... 6) Se você fosse classificar sua criança como apresentando um dos temperamentos abaixo como você a classificaria: ( ) Colérico – Fica com raiva à toa, é um verdadeiro “pavio curto”. ( ) Sanguíneo - É curiosa, líder nas brincadeiras, esperta demais, agitada. ( ) Fleumático – É alegre, bonachona, amável, em paz com a vida. ( ) Melancólico: Natureza introvertida, tendência à reflexão, aparentemente frágil, delicada. 7) Dos abusos vocais listados abaixo, quais deles a sua criança comete e você VÊ como um problema para a voz dela? ( ) Grita demais ( ) Fala alto ( ) Fala demais ( ) Canta demais ( ) Faz imitações com a voz ( ) Chora demais ( ) Ri de forma exagerada ( ) Nenhuma das alternativas acima

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43

8) Você acha que o ambiente de sua casa é: ( ) Barulhento e a criança precisa competir com o ruído para falar. ( ) Calmo, mas mesmo assim a criança é muito agitada. ( ) Agitado e a criança fica muitas vezes agitada em função desta situação. ( ) Poluído de forma que provoca crises alérgicas na criança. ( ) Calmo e a criança é calma ( ) Nenhum dos itens acima

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ANEXO 4

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45

8 REFERÊNCIAS

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GR. (Org.). Fonoaudiologia na escola. São Paulo: Lovise; 2000. p 139-48.

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Andrews ML. Terapia Vocal para Crianças: os primeiros anos escolares. Porto Alegre:

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Andrade CRF, Marcondes E. Fonoaudiologia em Pediatria. Desordens vocais infantis:

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Behlau M, Temas sobre desenvolvimento. Ano I. Número 3- Nov/ Dez/1991.

Behlau M, Azevedo R, Pontes P. Desenvolvimento da laringe In: Behlau, M (org.) Voz- O

Livro do Especialista. Vol. I. Rio de Janeiro: Revinter; 2001a. p.53-6.

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Abstract

Objectives: Checking the perceptions of parents regarding the dysphonia of their children. Methods: This is a cross-secional study with convenience sample, approved by COEP/UFMG under amendment nº 676/08. The study was realized at Centro Pedagógico da Universidade Federal de Minas Gerais. To fulfill the objectives of the project it was created a questionnaire to determine the vocal perception of the parents about the voice of their children. The questions covered aspects such as: The parents perception of quality of voice of their child; symptoms and abuse presented by the son (daughter); referral of the child to a doctor because of the voice; classification of children humor and data of the environment of the house. The study consists of 23 parents. The 23 dysphonic students used to correlate the parents vocal perceptions were detected by study approved by COEP/UFMG under amendment nº 676/08. After the collection of the questionnaire data, a descriptive and comparative analysis of the data was realized and correlated with the self perception of the dysphonic children of the study previously mentioned. The data were collect and stored in an Excel file, Windows XP version. To detect the correlation of the data, a statistic analysis was performed and the Fisher’s Exact Test was used.Results: From the 23 subjects in the project, 20 were mothers and 3 were fathers, the average age of the participants’ parents was 38.31 years, four parents didn’t specified their age in questionnaire. The perception of the parents regarding the presence of vocal alteration of their children showed that 47.8% considered their son (daughter) voice altered, 47.8% didn’t consider the voice altered and 4.3% were unaware of presence or absence of vocal change. The analysis of the questionnaires with respect to the perception of the 23 parents in aspects detecting altered voice, vocal changes during the day, hoarseness for the continuous use of the voice and excessive effort, showed that 13.04% of parents believes that the voice of their child presents changes during the day; 52.17% stated that there is no change; 30.43% were unaware of any vocal change and 4.35% didn’t answer the question. Regarding the perception if the children become hoarse for excessive talking 13.04% of the parents answered yes; 78.30% answered no and 8.70% were unaware whether the child has hoarseness or not, for excessive talking. Regarding the perception of the parents if their son (daughter) makes excessive vocal effort to speak, 17.40% of the parents believes that their child do this type of effort; 73.90% believes that no and 8.7% were unaware if their son (daughter) makes or not excessive vocal effort to speak. A new analysis was realized to verify the perception of the parents that observed the vocal change in their child in the above mentioned aspects. Regarding the voice change of the child during the day, we observed that 9.09% believe that the change occur, 45.45% reported that doesn’t occur, 36.36% were unaware whether of the occurrence of the vocal change or not and 9.09% didn’t answer the question. By questioning whether child become hoarse for excessive speaking it was found that 18.18% of the parents believe yes, 72.73% believe no and 9.09% were unaware whether the voice changes or not when the child speaks excessively. Regarding the question if the son (daughter) do excessive effort to speak, 27.27% said yes, 63.64% said no and 9.09% were unaware whether their child do excessive effort or not to speak. From the 23 dysphonic children parents that answered to the questionnaire, none took their child to the physician because of their voice; regarding the temperament of the child, it was observed, in the present study, that 33.33% of the parents consider their child’s temperament choleric and 33.33% consider the temperament of their child blood type, 18.52% consider their child phlegmatic and 14.81% consider the child melancholic. The most prevalent abusive vocal behavior observed by the parents was: scream too much and speak loud. The environment of the house didn’t affect the presence of the vocal change presented by the children. The

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presence of dysphonia in the study was attributed by the parents much more by the child temperament and vocal abuses committed by the child at the house environment. Comparing the vocal perception of the parents regarding their child’s voice with the child self vocal perception, we found that the parents more often perceive the child dysphonia than the child themselves, whereas 47.8% consider the voice of his son (daughter) changed and only 8 (34.79%) of the children reported a negative self vocal perception.Conclusions: Although most part of the sample don’t consider the voice of their son (daughter) changes, the parents more often perceive the vocal changes than the child themselves. Key words: Voice disturbance, children, perception.

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Bibliografia Consultada

Rother ET, Braga MER. Como elaborar sua tese: estrutura e referências. 2a ed. rev. e.

ampl. São Paulo: Edição do Autor; 2005.