Lazer, Espaços e Lugares
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8/10/2019 Lazer, Espaos e Lugares
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Lazer,EspaoeLugares
CentrodeEstudosGeogrficos
Faculdadede
Letras
da
Universidade
de
Coimbra
TextopublicadonolivroLazer.Dalibertaodotempoconquistadasprticas.Coordenao:NorbertoPintodosSantoseAntnioGamaIUC,2008,Coimbra,pp145163
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()orepousofoisubstitudoporumadiversidadedenovasactividades.()aparecemcomoactividadesquenosonecessidadescomootrabalho,nemobrigaescomoosdeveres familiaresesociais.Estas terceirasactividades() aparecem como elemento de transformao para a cultura do nossotempo(Dumazedier;1966,1703e1704)
O tempo livre uma conquistado sculoXX eeste libertouo tempode lazer (Jardin, 2001),atravsdadiversificaodeactividadesedasuaconjugaocomespaoscadavezmaisdiversosequeassumemcaractersticasprprias, transformandoseem lugaresassociadosaprticasespecficasparaconstituremumancoraparaaidentidade(Nielsen,1999).
Nestetempo livre,o lazerumconjuntodeocupaesaqueoindivduosepodeentregardelivrevontade,quersejapara repousar,quer sejaparasedivertir, se recreareseentreter;querparaaumentarasuainformaoouformaodesinteressada,asuaparticipaosocialevoluntria,umavezliberto das suas obrigaes profissionais, familiares e sociais (Dumazedier, 1962). Se bem que,simultaneamente,abrangenteeespecficaeatribuindoadevidaexpressoaos temposenvolvidos,aidentificao de lazer que dumazedier nos oferece no valoriza a questo espacial; no deixa, noentanto,desalientaraimportnciadacivilizaourbanaparaoslazeres(Dumazedier,1962e1966)
Neste sentido, aquilo que se pretende aqui efectuar a conjugao de tempos e espaosprpriosdasprticasdelazer,assumindosequeessasprticas,envolvendoprodueseapropriaes,implicamumaobservnciacontinuadadas localizaes,dasdistribuiesedasacessibilidades,dando
aoslugares
uma
expressividade
prpria.
Sebemquea importnciadosestilosdevidasemanifestecomredobradovigorea identidadesocial se materialize em modos diversos de consumo, em diferentes tipos de bens, de servios e,especialmente, de espaos, difcil negar uma orientao bigbrotheriana que, pela sua capacidadesubliminar,afectaaspessoassemestasteremumaverdadeiraconscinciadofacto.Estcomprovadoqueaperspectiva idiossincrticaseconjugacomas influnciasdosgruposemquenos integramos,jque as nossas esferas de participao so crescentemente variadas e predispem comportamentos(prticas)muitoeclcticos.Estainflunciamanifestaseatravsdediversosmodosdeorientaosocial,quediferentesautoresidentificam.
Utilizamseaquialgumasdessasorientaes sociais (Santos;2001),julgadaspertinentesnumaabordagem dos lazeres (consumos) e dos espaos/lugares com eles relacionados; assim, as opesindividuais, so, de facto, opes inculcadas socialmente. Estamos a referirnos s memrias, deConnerton(1993),aoshabitus,deBourdieu(1979),aomarketing,deWilliamson(1991),sinstituiesdecontrolodeLauwe(1983:154e155).
Quantos
memrias,
como
afirma
connerton
(1993),
onosso
equilbrio
mental
,
primeiro
e
antesdemais,resultantedonossoajustamentoaosobjectosfsicoscomosquaisestamosemcontactodirioequenostransmitemumaimagemdepermannciaeestabilidade.Estaconcepodeintegraoganhasignificadoquandoseconstataqueoexcesso,hoje,uma formadeexpressosocial (Aubert,2004).Estse,pois,aafirmarqueaspessoasnecessitamdemodosderelaoqueas localizemnumarede e, simultaneamente, de formas de fazer que as libertem das rotinas e dos padres. Nestainterpretao,olazereoslugaresassumemumsignificadocentral,jqueveiculamosprincipaismodosdeafastamentodessasrotinasepadres,nomesmosentidoqueamemriapermitespessoasdarvidasocialaosobjectosqueutilizam,porque,narealidade,quandoseutilizaalgo,noapenasoespritoutilitrioquepresideobtenoouapropriao.
Noqueaomarketingdizrespeito,Williamson (1991)expressamaisumaabordagemdialctica,porque,sendoapublicidadepartedeumsistemaquenonosvendeapenascoisas,vendenosescolhas,quandoseefectuaumaanlisemaiscuidadaconstataseque,narealidade,vendenosa ideiadeque
somoslivres
para
escolher
entre
coisas.
O
lazer
pode
tambm
ser
entendido
desta
forma
na
dialctica
queseestabeleceentreademocratizaoeaelitizaodoslazeres.Amassificaodostemposdelazere das estruturas tercirias que lhe do apoio surge como um dos elementos identificadores dassociedades do lazer (Dumazedier, 1962) ou do tempo livre (Sue, 1982). Fundamentalmente, estamassificao identificauma forma,muitoalargada,de acesso ao lazer, constituindoumprocessodedemocratizao do consumo. Todavia assistese, em paralelo, a um processo de elitizao, que secaracterizaporumestreitamentodonmerodepessoascapazesdeaceder,queracertoslazeres,queradeterminadosespaos.Osgruposdominantesdemarcamse,destaforma,davulgarizaodelugares,equipamentos e modos de fazer, sendo criados novos lazeres e novos lugares de prticas em quesobressaianovidade,asofisticaoeaexclusividade(Santos,2001,206e207)
Estadiferenciaoumaformade identidaderesultantedeacesconscientesdos indivduos,quesoexplicadasporBourdieu,comoumarelaocausalentrehabituseprticas,oquefazcomqueo habitus predisponha os actores a fazer certas coisas [e] a fornecer a base para a produo deprticas(Jenkins,1992,78).SeohabitusconceptualizadoporBourdieupermiteconceberaproduosocial
da
individualidade
em
funo
das
estruturas
sociais
(Coutourier,
2002)
fcil
sustentar,
hoje,
que
olazersejaamotivaoparaotrabalhodamaioriadapopulaodoprimeiromundo,tantoporviado
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dasocioeconomia.Efectivamente,os lazeressoefmeros, intangveisou imateriaisemnatureza;nopodem ser armazenados, possudos, trocados, no so transportveis e implicam um processo deproduobaseadonaproximidadeeinteracoentreprestadoreutente,dependendo,aqualidadedoservio, da informao do cliente ou do utente. Por outro lado, o lazer integra uma diversidadecrescentedeespaos,aces,modos,apropriaeseprodues,queimplicamaintegraodanoite,dapraiaesol,dorural,dourbano,damontanha,daaventura,daglobalizao,daconquista(espaos,bense pessoas), dos bens durveis, da tecnologia, do dinheiro de plstico, da individuao, doambientalismo,
do
prazer,
do
hedonismo,
do
ecletismo,
da
mobilidade
emovimentos,
da
integrao,
da
imagemsocial,daqualidadedevida,dotrabalho,nasquestesrelacionadascomolazer.Falarde lazer,hoje,efectuarumaanlisesocioeconmica integrada,tendoocuidadodeno
omitir, nessa abordagem, a importncia das percepes e das representaes, enquanto se fala doutenteoudo consumidor (dapessoaque se apropriade alguma coisa: a visodeumapaisagem, afotografiadeumiceberg,aemoodeumpercursodebuggynumsistemadunar,oaromadosbazaresnummercadorabe,oencantamentodarosaquedesabrochanojardimqueafirmaseu,oprazerdeversorrirocachorroquebrinca);tendo,ainda,ocuidadodenoesqueceraimportnciadasestratgias,doplaneamento,domercado,do lucro,noqueao fornecedorde serviosdiz respeito (a vendedoradepeixe,oprofessorde ginstica rtmica,odonodapistade carrinhosde choque,o gestordohotel);tendo o cuidado, finalmente, de no deixar de tomar em ateno os impactes, o desenvolvimentosustentvel, a ecologia, as polticas sociais (as entidades responsveis pela nossa sociedadeprogramada).
Efectivamente,na
contemporaneidade,
olazer
assume
se
como
orientao
central
na
vida
quotidianadapopulao,especialmenteaquemantmrelaessignificativascomosespaosurbanos.Contudo, a evocao do lazer pode surgir com significados muito diversos. Kwiatkowska (1999)transportanosaoprincpiodotempo,quandosalientaquenumconceitoderotinadiria(omundofoicriadoemseisdiaseostimofoidedescanso)sodefinidasduasqualidadesdotempo.Otrabalhoumtemposecularrelacionadocomacriao,produo()parasatisfazerasnecessidadesdocorpo;olazer um tempo sagrado relacionado como rezar, com ameditao ()preocupado com a alma(Kwiatkowska,1999,127).Serhojeo lazeralgodemaisdiverso?Semdvida.Todavia,aprocuradaexcitao,doequilbriointerior,dasexperinciasespirituais, dacompensaopelotrabalhoefectuado,continuam presentes. Embora possa estar ancorado nestas referncias, o lazer uma actividadeeconmica que apresenta uma das mais fortes capacidades multiplicadoras e criadora de novasoportunidades,deofertas inovadoras,deprodutividadeedeexponenciaode lucros.Efectivamente,para alm de estar presente a todo o momento e, por vezes associado a situaes duais,frequentementeambguas,talvezsemprojectoouempensamento,olazer(porvezesapenascomasproposies
da
sua
existncia
ecom
os
instrumentos
de
cativao
das
pessoas
edo
mundo)
est
presenteem todososespaos:nas ruas,noscomboios,nosbarcos,nosavies,nosjornais, sobreasondasdomar,nochoquepisamos,nocinema,nardio,nateleviso,nacaixadocorreio,sugerindonossolicitaesconstantesevasodamonotoniadavidaquotidiana.
Comonosestamosnsamodificarperanteestacontinuadaexposioanovostemposeanovosespaos?Ou,comoquestionaAubert(2004),emquemnostornmosns?Passmosdeumperododesubmissoaotempoparaumoutroemquenoparamosdeoviolentar.Apenasnosinteressamospeloimediato, atravs das possibilidades de mudana e adaptao, tornandose quase impossvel asustentao de valores num tempo longo. Esta noo de hipermodernidade encontra nos lazeresmodernosmodosdevalorizaomuito significativos.SegundoAubert (2004),estahipermodernidadeimplicaapassagem:deumcorposubmissoaumcorpolivreeautofabricado;deumtempoondenosescovamosaum tempoqueviolentamosequenos tiraniza;deummododerelaocomosoutrosonde os sentimentos se desvanecem a favor das sensaes, da efemeridade e da volatilidade; do
indivduoda
medida
justa
ao
que
procura
evive
oexcesso;
de
uma
procura
de
eternidade
situada
para
almdostemposaumaprocuradeintensidadenoinstante.Noqueaoprimeiroaspectodizrespeito,umcorponoespartilhadoevalorizadopelamodae
poropescosmticasvariadas,conjuntamentecomnovasformasde identidadesocial,comosucedecomastatuagenseospiercings,vaideencontroaoentendimentoqueCrouchatribuipersonificaonos lazeresactuais,nosentidodavalorizaodeprticas imaginativas. ()Asprticasexpressivasnolazeracontecemdeformasmuitodiversas.Nadanaessavertentemuitoexplcita.Ocorpotransmiteexpressividade e projecta a pessoa na sua relao com os objectos envolventes, cujo significado setransforma de acordo com a sensibilidade do movimento e a imaginao, num espao particular(Crouch,1999).Neste sentido,o corpo transformaseem instrumento e campode lazer,permitindorevelarespaoseatribuindo,aeste,valnciasresultantesdeumacuriosamisturaquealiaaprocuradebemestar,daestticaedasadecomocultodaexcelnciaedaperformance (Fournier,2004,46).Hoje,aatracopelanovidadeepelodesconhecidoso,maisdoquenunca,responsveisporaceshumanas (individuais ou colectivas) com uma implicao espciotemporal diferenciada. A ps
modernidadecolocou
ohomem
aviver
em
mltiplas
esferas
de
aco
(no
emprego,
no
consumo,
nas
deslocaes,no trabalho,na comunidade,na famlia,no lazer,no grupodedesporto,naassociao
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cultural,nopartidopoltico);defacto,ainterligaodasesferasdeactividadehumanaefectuadapeloconsumoque,peranteodesenvolvimentodotercirio,reflecteumaomnipresenasocial.
Quantoviolentaodotempo,elasucedeporqueseprocuratiraromximodeproveitoedeprazerdassituaes,comaradicalizaoextremadestalgicadaacelerao,comeadanaauroradocapitalismo, produzida com a generalizao do reino da urgncia (Aubert, 2004, 38). Esta urgnciaimplicaoaproveitamentosuperlativodasdiversasopesqueomercadooferece.Seamximadequetempodinheirocontinuabemvivanasociedadecontempornea,hoje,temponosdinheiro.Naverdade,
tempo
poder
de
compra
(de
uso),
oque
quer
dizer
que
no
interessa
s
efectuar
(ganhar)
dinheiro,precisotertempoparadespender(gastar),comosalientmosnoutrocontexto.Aidentidadesocial, que se manifesta crescentemente atravs do consumo (lazer includo), implica diferentesutilizaesdoespaoouautilizaodeespaosdiversos, tantomaisque o tempouma condiomuitomaisabsolutadoqueoespao.Otempoirreversvel,oespaono.()Otemponopodesermelhorado2,masoespaocertamentepode(Nielsen,1999,277).
Sobreesta temtica, importaexploraras ideiasdeNielsen,vistoquea relaoqueesteautorestabeleceentreespaoelazerrelevanteparaaabordagemqueaquiseprope.Anicapossibilidadedeganharconhecimentoem relaoaoespaoatravsdomovimentoe/ouatravsdepercepessensoriais.Assim,ganharconhecimentoest inevitavelmenterelacionadocomocorpoecomosseusmovimentosepercepes,como formade identidade,osmovimentosnopodem,por isso,ter lugarnumespaoabstracto.Assim,hoje,quandoaidentidadejnoconferidapelotrabalho,mastendeaserconstrudaeconstrudamaisatravsdolazerdoquedotrabalho,continuaasercondioparaquea
identidadeesteja
relacionada
com
ofazer.
A
identidade
est
intimamente
relacionada
com
um
espao
que a pessoa constri ao moverse nele; a identidade algo ganho na dimenso espacial (Nielsen,1999). A cultura tradicionaldo carcter,que sublinhaasqualidadesmorais, foi substitudaporumacultura dapersonalidadeque enfatizao ser apreciado e admirado (Gronow, 1997, 2),motivandooindivduo a imporse pela satisfao de desejos, gostos e prazeres, num corrupio de aces querepresentamasuaidentidadesocial(aprocuradadiferenaeabuscadaintegraooudarelaoporsimilitudededesejos,gostoseprazeres,mas,tambm,denveisculturais,deactividades,delugaresedeespaos,delazeres)expressaemestilosdevida(Santos,2001,366e367).
Olazerummododepraticaroespao,emboranosejaonico,epodeoferecerpassatemposimaginativos,comportamentosexpressivoseidentidade(Crouch,1999).
A importnciadasactividades forado trabalhoeaactualvalorizaodasactividadesde lazer,assumemse como uma revoluo no modo de gerir os quotidianos e organizar o mundo(salvaguardadas as devidas propores, o mesmo aconteceu com a assumpo coperniana dadescentralizaodaTerranosistemacsmicooucomaassumpodarwinianadeenquadrarohomemnum
processo
evolucionista
apar
com
todos
os
outros
seres
vivos).
Efectivamente,
olazer,
ao
emanciparsedotrabalhoeaodarexpressoaostemposforadele(deummodogenrico,ostemposlivres), conduz reestruturao das espciotemporalidades de todos os agentes socioeconmicos,sejamelesos responsveispelaproduo,sejamosquecontribuemparaaapropriaode temposeespaos.
Athbempoucotempo,otrabalhoeraentendidocomonicoparmetrononegligenciveleincontornvelparaadignificaodoHomem.ResultantedeumafilosofiadevidasuportadaedifundidapelaburguesiaquepromoveuaRevoluo Industriale semanteve,demodosdiversos, frentedosdestinos socioeconmicos do mundo at ao terceiro quartel do sculo XX, o crescimento da classemdia,ademocratizaodoacessotecnologia,arevoluonasmobilidadeseavalorizaodosestilosde vida, vieram provocar mudanas significativas no pendor das influncias na socioeconomiacontempornea.
Efectivamente, a sociedaded cada vezmais ateno (emboranem sempre estejapreparada
paraele
ou
talvez
como
consequncia
deste
facto)
ao
tempo
fora
do
trabalho
e,
particularmente,
ao
uso
dessetempo.Todavia,estanovaorientaonoseapresentacomoummodoaltrustaderelaosocial:o lazer, parte importante deste tempo deno trabalho, omodo de consumo debens, servios eespaosqueapresentaumamaiorcapacidadedeescoaradiversidadeeamassificaopersonalizadada produo. Isto sucede devido sua capacidade de promover ambiguidades, ambivalncias edualidadesqueseadequamtantoaosprocessosderesoluodasnecessidades,comoaosdesatisfaodosdesejos,dasaspiraesedosinteressesdepopulaescomintuitosmuitovariados(desdeaquelesque procuram no lazer um processo de democratizao social, at queles que materializam neleformasdeelitizaoesegregaosocial).
Como temvindoasersublinhado,o lazeracontecenoespao.Esteespaopodesermaterial,concretoeenvolventedonossoprpriocorpo;oespaopodesermetafricoe,mesmo, imaginativo. Este espao imaginativono estpresente apenasno lazer virtual contemporneo,mas tambm naprticaimaginativadapessoa.Oespaometafriconolazerincluiabstracesdacidadeedocampoedanaturezaemuitasprticasacontecememespaosqueestoculturalmentedefinidos(Crouch,1999).
2O tempo pode, no entanto, ser violentado.
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Assim,oespao importantena formataometafricadoprazerno lazerevaimuitoalmdo seupapel instrumentalde localizao.Sebemquerefiraquecadahistriaumahistriadeviagens,DeCerteauenfatiza,tambm,queessahistriadeviagensnodeixadeserumaprticaespacial(Crouch,1999,3).EstainterpretaoestdeacordocomaleituraqueCresswell(2004)nosddarelaoentreespaoelugar,equeassentanaideiadeque,quandoaspessoascolocamsignificadosnumaporodeespaoe,depois,lheficamligadosdealgumaforma,esseespaotransformaseemlugar,confundindoseetendomuitasvezesomesmosignificadodeespaosocial(Cresswell,2004).Narealidade,oslugarese,
no
caso
presente,
especialmente
os
lugares
de
lazer,
implicam
anecessidade
de
interpretar
oespao
paraalmdoseusignificadodesuporte.Assim,tambmLefbvre(citadoporUrry,1995,8)afirmaqueoespaonoumageometrianeutraepassiva;oespaoproduzidoereproduzido,umconjuntodelugaresdeprticas.Acapacidadedeaco,porpartedaspessoas,sobreaestruturasocialeculturalexistenteestnaorigemdadiversidadedeequipamentoseservios,permitindo,tambmatravsdoslazeres, que o consumo oriente crescentemente a produo. O espao de vida, circunscrevendo asprticas espaciais das pessoas atravs de ns estruturantes, define itinerrios e tempos de lazer,porque, seum lugarestprximo,massenopudermosdisponibilizaro temponecessrioparanosdeslocarmosatele,aproximidadeespacialnosersuficienteparapermitirqueovisitemos.Poroutrolado,adistncianemsempremedidageograficamente.Apercepodoespaodegranderelevnciaquandosefaladelazer.Aimagemquesetemdoslugares,construdapelasprticasoupelainformao,condicionaorelacionamentosocioespacial.nestaordemderazesquesebaseiaaorganizaodosroteiros tursticosedospanfletospromocionaisde lazeres.Damesma forma seorientam asopes
pessoaisna
seleco
de
actividades
de
lazer:
se
para
alguns
de
ns
os
mais
jovens
,que
procuram
o
excessoeoextico,asdiscotecas so lugaresde lazerporexcelncia,paraoutrosdensosmaisidosos,especialmentequandoafastadosdavivnciaurbana ,esteslugaressolugaresdeperdioouantros demonacos. Assim, a percepo do espao condiciona os comportamentos, parecendo ser aconjugaoentreocorpoeoespaoenvolvente(ouomodocomoumsereflectenooutro)ofactorqueinfluencia os valoresdominantes. neste sentidoqueCrouch (1999)define a relaodapopulaourbanacomajardinagem,aosalientarque,naEuropaOcidental,essaocupaoseapresentacomooterritriodenegociaoederepresentaodolazerenquantoprodutodoestilodevida.Ojardim(eomesmo validoparaashortasurbanas)um lugardeprticapersonificada,ondeo corpo semovelateralmente, multidimensionalmente, se debrua, roda, atraindo o espao corporal de numerosasmaneiras,frequentementetcteisemultisensoriais(Crouch,1999).
A par desta evoluo impressionante dos factos associados valorizao dos espaos delazer/consumo, outro aspecto, que mais significativas modificaes apresentou, na maior parte dassociedadesterciarizadas,foiomododeestruturaodotempo.
Olazer
est
associado
reduo
do
horrio
de
trabalho,
aos
novos
tempos
de
emprego,
ao
aumentodaescolaridadeobrigatria (queretardaaentradanomercadodetrabalhoecriaumgruposocialmuitopropenso a actividades ldicas), crescenteamplitudedoperodopsaposentao, aodesenvolvimento tecnolgico, ao desemprego, melhoria da qualidade de vida, ao aumento dosrendimentosdasfamlias,entradadamulhernomundodoemprego.Todavia,enquantoseafirmaaimportncia do tempo de lazer, o tempo de trabalho tem vindo a aumentar. Estas situaes, porambguoquepossaparecer,dependemdavontadedaspessoasdeacederemanovosnveisdelazer,oudealcanaremlazeresquenuncativeram.Porqu?O lazerest,comoacimafoidito,atransformarsenarazodeserdemuitodotrabalhoquefazemos,dosempregosquemantemos,dodinheirodequeusufrumosApreocupaocomorendimentofamiliarpromove,comfrequncia,aexistnciadeumduploemprego,orecursoahorasextraordinriasouadefiniodeagregadoscomosdoiscnjugesacontriburemparaooramento familiar.Efectivamente,preciso trabalharmaisporqueh cadavezmaisprodutosparacomprar,bensparasubstituir,espaosparaconhecer,lazeresemqueparticipar
Aterciarizao
da
socioeconomia
tem
promovido
mudanas
que
se
expressam
em
termos
de
consumo e lazer. Isto sucedeporque surgemnovas espciotemporalidades sociaisque se conjugamcomavalorizaodasantigasequedependemdasalteraesconcretizadasnasrelaessociais,noshbitos de consumo/lazer e nas funes do espao. Destas alteraes resultam novos espaos desociabilidadeeareabilitaodealguns,entretantodesvalorizadosatravsdeprticasquetmnolazerumaexpressividadecrescente.
Esteestadodemudana,deprocuradeinovao,denovidade,temcontribudoparaoaumentode economias paralelas, normalmente extralegais, relacionadas com a sazonalidade dos modos detrabalhoassociadosao lazer,comanecessidadedeofertadiversificada,comopequeno investimentoinicial,comapossibilidadedeacederfacilmenteatecnologiasquepermitempromovernovosserviosorganizadosparaocuparostemposlivresdaspessoas.
Hoje,ostemposdetrabalhodeunssoostemposdelazerdosoutros,quepodemgozarounoessetempodetrabalhocomoformadeobtenodeprazer.Emconsequncia,osespaosdeprticasvalorizamnovasfronteiras,muitasvezesdifceisdedelinear.Aoposioentreolazereotrabalho,que
aconteceperante
avalorizao
negativa
do
lazer,
reivindicada
pelo
puritanismo
epelo
ascetismo,
,
hoje,substitudapormodoscomplementaresdeaco,enquantoolazerseafirmacomovalorsocial
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(Dumazedier,1966,1703).Perdealgumsignificadoalutaentreobemeomal,entreopuritanismoeo hedonismo, e dse expresso a comportamentosmais eclticos, no que s esferas de aco daspessoasdizrespeito(Aantos,2001).
Fig.1Variaodotempolivreporgruposocioprofissional.
Com a maior parte do emprego a constituirse como um portfolio de actividades, o lazer responsvel por uma parte significativa dos novos trabalhos, pelo incremento de actividadeseconmicas
complementares
economia
formal,
pela
valorizao
de
novos
modos
de
emprego,
pela
criaodenovos lugaresque so testemunhosdaambiguidadequeenvolve todasasactividadesdelazer,concretamenteasrelaesentreo trabalhoeo lazer. Isto,os lugaresso,aomesmo tempo,lugaresde trabalhoe lugaresde fruio (Gamae Santos,1992),onde se conjugamo tempo livre,oconsumoeolazer.Dissosobemdemonstrativasasreascentraisdecomrciodascidades,comtodooseuespectculodemontrasedeluzes,ouosmodernoscentroscomerciaisperifricos.
Partindodopressupostodequeapresenadetempolivrereveladoradaqualidadedevidadapopulaodomundoocidentaldesenvolvido,partiusedeumasituaoterica3demodoa identificarumarelaoentreessetempoeosgrupossocioprofissionaisdominantes.
Efectivamente,o tempo livre tendeaaumentarnos grupos socioprofissionaisdominantes,domesmomodoqueostemposdequalidade,referidosporUrry(1995),teroquesermaisnumerososdoquesoemclassesbaixasoumdiasbaixas.AsorientaesdecomportamentoutilizadasnaelaboraodaFig.1 tmavercomo factodeasactividadesquotidianasdapopulaosedistriburementreum
tempoeum
espao
que
permitem
definir
padres
de
comportamento.
por
isso
que
tantas
pessoas
fazemamesmacoisaaomesmotempoenummesmoespao.Asrotinaseosnsestruturantessoosresponsveispelaidentificaodereasdeconvergncia(otrabalho,ourbano,ocentrocomercial,osterritriosdelazer)ededivergncia(reasresidenciais).
Actividadesdiriasdapopulao Fafe
Actividadesdiriasdapopulao Aveiro
Trabalho 8 8
Alimentao/restaurao 2 2
Transportes 0,5 1
Temposobrigatrios 3 2,5
Dormir
8
7,5
Lazer 2,5 3
Qd.1ActividadesdiriasdapopulaodeFafeeAveiroFonte:InquritossactividadesdelazerefectuadoemTrabalhodeSeminrioemGeografiaHumanapor
ElisabeteCarvalhoeSandraConde,2003.
Quando se observa o Qd. 1, resultante de anlises efectuadas com base em inquritos populao, nos casos vertentes, nas cidades de Fafe e Aveiro, podese constatar que as pessoasapresentam uma distribuio de tempos quotidianos idntica, sendo visvel que uma cidade maiorapresentaummaiordispndiode tempoem transportes.Todavia,Aveiro registaum valordehorasdiriasdelazer,superioremmeiahoradapopulaodeFafe.Taldiferenapareceprovirdofactode
3
Esta Figura 1 baseia-se nos tempos de vida de pessoas com 78 anos de vida que despendem 4 horas por dia em cuidados bsicos epessoais, dormem 7,5 horas por dia, gastam 1 hora por dia em transportes (vivem tendencialmente fora das reas metropolitanas),com nveis de estudos bsicos (4 classe), intermdios (12 ano) e superior (licenciatura) e com anos de trabalho dependentes dos anosde estudo (quant os mais anos de estudo, menos anos de t rabalho).
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umapartemuitomaissignificativadapopulaodeAveiroseintegrarnosectorterciriodeactividadeeconmica,enquantoessevalormuitomais reduzidoemFafe,ondeganha importnciaevidenteosectorsecundrioligadoindstriatransformadora.
Quanto ao tempo, o trabalho e o descanso (dormir) continuam a marcar os ritmos, noquotidiano.Arefernciaaostrsoitos(8horasdesono,8detrabalhoe8detempoforadotrabalho)est, todavia,desajustada. Importa identificar temposdedeslocao, temposobrigatrios (cuidardacasa,higienepessoal,cuidardosfilhos)etemposlivres,ondeseincluiolazer(emboraentendidocomoactividade
ocasional
ou,
pelo
menos,
com
temporalidade
diversa
da
do
trabalho
ou
do
descanso
nocturno).Uminquritoefectuadoem2003,nacidadedeFafe(Quadro1)mostranos,noentanto,quea populao identifica uma estruturao do tempo onde o lazer faz parte do quotidiano; o mesmoresultadoseobtm,alis,numinquritoefectuado,nomesmoano,nacidadedeAveiro.
Mantendo como tema central o espao e a cidade nos lazeres contemporneos, possvelidentificaralgumasprticaspredominantesnoscomportamentosdapopulao.Pareceevidentequeolazer quotidiano apresenta uma maior sedentarizao, surgindo associado a localizaestendencialmente centrfugas (a residncia ou o bairro). Por outro lado, os lazeres mais ocasionaisenvolvemumamuitomaiordiversificaodeespaos.Tendo istoemconsiderao,percebesequeosaveirensesmaisjovensvalorizemavidanocturna,osairnoite,comoprincipalactividadede lazer.Esta formade lazer,de facto,umconjuntodeprticasquese integramnumpriplocomplexoqueresultanumautilizaodeespaosurbanosdiversoscomusostemporaisespecficos.Porseuturno,apopulao adulta promove outros espaos e outros tempos (mais distantes e mais espaados
temporalmente,oque
sintoma
de
uma
maior
independncia
econmica
esocial),
dando
mais
importnciasviagens.Nestegrupo,osmenosjovens(41a64anos)comeamtambmadarvaloraospasseios4 e aos desportos5, enquanto os idosos (com mais de 65 anos) diversificam, em termosespaciais,assuasopesde lazer.Seunsvalorizamasviagens, integrandodeformaefectivaoespaonassuasactividadesde lazer comcerteza,estruturandoassuasdeslocaesnosentidodosespaoscentrpetosdepopulao e actividades ,outros expressama importnciados seus temposde lazeratravsdeactividadesmaissedentriasedemenosprticas,comoover televiso,ondeo lazerseassociaaumaformadeaudinciapassiva.
Seosmodosdevidaurbanasetmcaracterizadoporumadiminuiodaconvivnciaderua,epelavalorizaodolazerindividual,paraamaioriadosfafenses,dequalqueridadeougrupo,olazer,tambm, uma actividade de grupo. O lar acolhe hoje uma variedade de actividades de tal formaalargada, que se tornou um dos lugares mais importantes de lazer, facilitada pela materializao edomesticao.Efectivamente,otempodeconsumoumtempode lazerempotnciaeos lugaresdelazerso,semdvidaalguma,lugaresdeconsumoporexcelncia.
Estarelao
entre
lazer
econsumo
tem
implicaes
na
organizao
do
espao:
lojas
de
artigos
de
desportocomespaosdeprticas;livrariascomespaosdeleituraedesociabilidade;lugaresdevendadeCD/DVDcomreasdeaudioevisionamento,espaosdebrincadeirasparacrianasquelibertamospaisparaastarefasdeconsumo;lojasncoradeespaoscomerciaisassociadasaactividadesdelazer;espaos de lazer (jogos e diverses) integrados em centros comerciais. A panplia de relaes indicativadatnuefronteiraqueexisteentreo lazereoconsumo,tantomaisqueoprprioconsumofunciona, para muitos de ns, como forma de lazer. O ver montras (window shopping) disso umexemplo,peloprazereemooqueprovocanopotencialconsumidor,que,atse tornar real,sevairecreandocomassensaesdepossequeosbenslhevoincutindo.Outroexemplo,bemdiverso,masmuitoexpressivo,oferecidopela importnciadaintegraodascatedraisdeconsumonos itinerriosdosexcursionistas,assumindosecomorefernciasespaciais,noescamoteveis,delazereprazer.
BonifaceeCooper(1990,citadosporpinto,2004:55)(Fig.2)evidenciamavertenteespacialougeogrficaquandoabordamaproblemticado lazer,talcomogama(Fig.3)jtinhasublinhadoantes
(gama:1988:
211).
Efectivamente,
olazer
ganha
significado,
em
termos
de
anlise,
quando
se
conjugam
diferentesescalasediferentes tempos. Istoquerdizer,ageografiapermiterelevara importnciadoslazeres, tantoquandoa abordagem efectuada atravsdas relaes entreos espaos e aspessoas(lugares),comoquandooatravsdasrelaesentrediferentestemposdevidaoudasrelaescomespaosdeapropriaoqueconjugamacessibilidadesedistnciasdegrandediversidade.
4Estes passeios so normalment e efect uados em automvel para diversos destinos fora da rea de residncia e implicam situaes defuga cidade em direco ao campo ou a ambientes onde a natureza preponderante. A importncia deste tipo de actividade delazer, de apropriao de espaos atravs do seu calcorreamento e/ ou cruzamento em t rnsit o, do contacto sensit ivo com os lugares expressa por Ravenscroft (1999) ao afirmar que 14%dos visitantes que se deslocam ao campo, na Inglaterra e em Gales, encontramnos passeios a principal motivao para a prt ica de lazer.5Embora, no caso vertente, a rel ao entre desport o e passeio no surja valori zada, ganham signif icado a sit uaes onde o passeio se
torna desporto. Vai neste senti do a afirmao de Ravenscrof t (1999) cit ando Werl en (1993) de que no so os espaos por si s quedo signif icado s prt icas, mas a prt ica neste caso a prtica de lazer que atribui significado ao lugar . Neste sentido, relevantereferir o incremento que tm hoje os it inerri os todo-o-ter reno (4x4), os tri lhos dos motoqueiros , as caminhadas temticas, ost rekkings
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Figura2 AorganizaodotempolivreFonte:BonifaceeCooper,citadosporPinto,2004
Ambosos
autores
sublinham
aimportncia
dos
lugares
de
lazer
ou,
pelo
menos,
do
significado
dasdiversasescalasdeanliseparaasuacompreenso,porquearelao tempodetrabalho/tempolivrepeemevidnciatrsouquatrotipos[delazer],conformeadimensodotempolivreserelacionacomodia,asemana,oano,avida.Aoprimeirocorrespondemalgumashorasforadotrabalho,dosono,edasobrigaes;aosegundo,os finsdesemana;aoterceiro,as frias;aoltimo,areforma(Gama,1988:210).
Comobvio,muitasoutrasclassificaespodemserapresentadas,umapartesignificativadelasassociadasimportnciadoturismonaactualsocioeconomia.Estasituao,visvelnascaracterizaesdeturismodaOrganizaoMundialdeTurismo(1993)ounaapresentadaporChadwick(1987),emcujombito o lazer relevante, corresponde a um aumento da importncia do lazer nas actividadestursticas.Hoje,oturismonosepodedissociardasprticasrecreativasquepermitamocuparotempolivrecommodosdedesenvolvimentooudedistraco.Narealidade,aqualidadedoturismodepende,de forma significativa, da qualidade dos servios de lazer que so oferecidos e no apenas dos
equipamentos
existentes
ou
dos
servios
directamente
ligados
ao
turismo.
Quaisseroasactividadesquehojesedevem integrarnosespaose temposde lazer?Parker(1978) agrega trs tipologias (Fig. 4) que nos confrontam com a diversificao e a dificuldade declassificao.Comodissemosem2001,osgruposdeactividadecorrespondemaexperinciasde lazer,comMaw (1969)eKaplan(1960)aefectuaremapenasumagrupamentodeacesforadotempodetrabalho.Encontrarumesquemaclassificatrioquefizessejustiaatodasasformasdeexperinciasdelazer,nem simplificandoemdemasiaasdiferenas ()nemobscurecendoasdimenses subjacentespeloexcessodelas (Parker,1978,48)era,jento,difcil.Parker referemesmoquequase todasasactividades humanas podem fornecer experincias que se aproximam do lazer para algum,dependendo das circunstncias e da atitude de esprito com que so praticadas, sendo evidente aambiguidadeedualidadeassociadasaotempodelazeressuasclassificaes.
Fimdedia FimdeSemanaFimdeano
(frias)
Fimdevida
(reforma)
Casa
Jogosdemesa,Televiso,Rdio,Leitura,Audio
demsica
Jogos,Televiso,Rdio,Leitura,Audiodemsica,
BricolagemeJardinagem
Jogos,Televiso,Rdio,Leitura,Audiodemsica,
BricolagemeJardinagem
Televiso,Rdio,Jogos,Audiode
msica,BricolagemeJardinagem
Fora
de
casa
Espaodealcanceimediato
Jogosaoarlivre,Passeiosap,
Desportos,Idasaocaf,Idasao
cinema
Jogos,Passeiosap,Desportos,
Idasaocaf,Idasaocinemae
teatro
Jogos,Passeiosdebicicleta,
Desportos,Idasaocaf,Espectculos
Passeiosap,Jogosaoarlivre,Idasaocaf,Idas
aocinemae
teatro
Tempo livre
Lazer - Espao de tempo onde o indivduo sati sfaz as suas necessidades bsicas
Em casa:
- leitura- j ardinagem- visionamento de TV- socializao- etc.
Lazer dirio:
Visitar teatros oufrequentar restaurantes,prat icar desportos (quercomo participante quercomo espect ador,socializar, etc.
Turismo:
Deslocaes temporrias dolocal de residncia; actividadesde trabalho, actividades realizadasdurante a estada e os equipament oscriados para satisfazer asnecessidades
Viagens:
dirias, visitas aatracesou fazerpiqueniques, etc.
Casa
Espao geogrfico
Local Regional Nacional e Internacional
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Espaodealcancemdio
Passeiosdecurtadurao(ap,
bicicleta,automvel),
Cinemaeteatro,Espectculos,Sadasdo
ambiente
de
vida
quotidiana
Passeiosdecurtadurao(ap,
bicicleta,automvel),
Pequenasviagens,Idaaocampo,montanha,
praia,
Visitas
culturais
Passeios,Viagensdeautomvel(campo,
montanha,praia,termas)
Espaodealcancelongo
Viagensdeturismo,Cruzeiros,Desporto,
MontanhamCampo,Praia
Viagensdeturismo,Estnciastermais,Regiestursticas,Visitas
culturais,Cruzeiros
Figura3ClassificaodasactividadesdelazerFonte:(Gama,1988)CadernosdeGeografia,7.IEG,Coimbra
Fig.4 Tipologiasdelazer
Fonte:Parker
(1978)
Fig.5 AorganizaodotempodevidadapopulaoFonte:AdaptadodeCazes,1992
Tipologia de Maw: Conversa, festas
Desporto e jogos
Teatro Jantar e beber fora de casa, DIY,
jardinagem, conduzir por prazer
Divertimentos passivos, repouso,
TV, rdio, leitura
Hobbies
Tipologia de Kaplan: Sociabilidade
Associao
Jogo
Arte
Movimento
Imobilidade
Tipologia do Multi
NationalTime Budget Research Project
Vida social Conversao Organizaes Desporto Cinema e teatro Passeios a p Descanso TV, rdio e leitura Hobbies
(Szalai):
Tempo de vida
Tempo de t rabalho Tempo libert o (f ora do trabalho)
Tempo obrigatrio Tempo livre
Lazer
no domicli o
Prt icas deapropriao
no exterior
Lazer tursti co
Local fixo
Turismo de negcios
Lazer no turst ico
quotidiano semanal sazonal ps vida activa
Excursionismo Turismo decurta durao
Frias Reforma
Prticas tursticaspor motivos de sade ou
religiosos, por visita aparentes e familares...
ocasional
Frias repartidas
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Noqueramosdeixardeapresentaroutrosdoisesquemasde classificaoque consideramosmuito interessantesdopontodevistadadefiniodasactividadesde lazer.TratasedasproposiesefectuadasporCazes(1991)(Fig.5)eporPatmore(1983)(Fig.6).
Apresentando uma sistematizao de tempos e categorias de lazer e turismo, demonstrandocomoosdoisconjuntosdeactividadessosinergticos,oprimeiroautorconsideraastemporalidadescomo responsveis pela diferenciao de aces ou apropriaes. Ao esquema de Cazes (1992) foiassociadaumaquintatemporalidade(oocasional)quedecorredaimportnciaqueatribuda,hoje,aesta
temporalidade
na
valorizao
das
frias
repartidas.
EmPatmore(1983)(Fig.6),visvelqueosespaosconstrudosemfunodoconsumodelazerse distribuemdemodoomnipresente e contribuempara caracterizaes centraisda socioeconomiacontempornea, sendo crescentemente responsveispelaqualidadedevidadaspopulaes.O lazerestportodooladoeemtodoolado,porintermdiodoslugaresdeprticas,dosequipamentosedosoperadoresresponsveispelosservios.Patmore(1983)divideolazeremquatrograndessectores,emfunodanaturezadassuasprticasedosseusespaos:oturismo,odesporto,asarteseorecreioesociabilizaosoformasdelazer/consumoquedependemdirectamentedaespecializaocomercialedeservioseimplicamnovassocioespacialidades.
A cultura e a identidade social definem os comportamentos da populao num mundo emcrescenteglobalizao.Aassumpoda relevnciadestaafirmaopermite transformaro lazernumtema de anlise transversal: tomado a diferentes escalas, decorrendo em tempos curtos e tempos
longos,promovendo
produes
econsumos,
integrando
situaes
sincrnicas
ediacrnicas,
assumindo
valnciasrelacionaisincontornveiseactosdeisolamentosocial,expressandosenummundourbanoevalorizando os espaos rurais e vazios, transformando espaos em lugares e servindose dos nolugares,expressandosituaesdemassificaoedediferenciao.
Fig.6AsprticaseosespaosdelazerFonte:AdaptadodePatmore,1983,citadoporSantos(2001).
Oespaourbanoumimportantepotenciadordasactividadesdelazer.Seaspessoasprocuramestilose identidadesprpriasem lugaresmaisdistantes,maisdifceisdealcanar,maisexticos,maisagrestes,acidadecontinuaamarcaroritmodeumaboapartedoslazeresmodernos.
ComodiziaDumazedier (1966),o lazerdacidade tambmum regresso,diferente, terra.A
cidadecria
espaos
verdes
ereas
de
jogos
em
torno
de
bosques
erios.
A
cidade
desenvolve
oprazer
do
passeio e desenvolve tambm a necessidade de fuga peridica para a natureza. Por outro lado, o
LAZER
Recreio eSociabilizao
Lugares deprticas
Aquisio deequipamento
Obteno deservios
Turismo
Operadores Lugar es deprticas
Lugares deaquisio
Lugar es deprticas
Lugar es de prt icas
Passseiose
compras
Comer ebeberfora de
casa
Jogos eentrete-nimento
Diversonocturna
Virtual
Prticas no lugar Prt icas sem lugar
Lar(Relaes)
Hobbiesdoms-ticos
Culturada
imagem
Excurses
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desenvolvimentodosmeiosde informaoeadifusodosmodelosdevidaurbano levamos lazeres,que se desenvolvem fundamentalmente nos meios urbanos, a estarem presentes nos espaos nourbanos,caracterizandoaprocuracontinuadadapopulaonosentidodamelhorqualidadedevida.
Cazes (1992), por seu lado, sublinha a importncia do lazer enquanto factor de renovao eimagem urbana. Os espaos urbanos so identificados pelas mais diversas funcionalidades. Todossabemos que Coimbra estuda, o Porto trabalha e Lisboa divertese, numa associao funcional
generalista,mas
que
revela
aimportncia
de
determinadas
actividades.
Todavia,
hoje,
todas
as
cidades
querem ser conhecidas, valorizando as relaes em rede que se vo conjugando com a estruturahierrquicaexistente.Neste sentido,os centrosurbanosprocuram constituirse como refernciasdequalidade e exclusividade. a procura de centralidade, a busca do egocentrismo urbano quetransformacadavezmaiscidadesemcapitaisdealgumacoisa2.Masquecoisassoessas?Observandobem, tratase tendencialmente da valorizao de actividades associadas a lazeres modernos oumodernizadosqueatraemaspopulaesepromovemodesenvolvimento local.Assimsucedecomascapitais do Carnaval (Ovar, Sendim, Mealhada, Torres Vedras, Loul), da Gastronomia (Santarm,MirandadoCorvo,Mealhada),doCavalo(Goleg),daCinematografia(Porto,Espinho,ViladoConde),doVinho(Rgua,Cartaxo),doVinhodoPorto(Gaia,ValenadoDouro),daNoite(Matosinhos),etc
O lazer importante quando o intuito a renovao dos espaos urbanos. Sabendose queapresentamgrandesclientelaspotenciais,asactividadesdelazersoutilizadascomoactividadesncora
paraapopulao
intra
urbana
epara
apopulao
alctone.
A
reconverso
das
frentes
de
gua
(ribeirinhasoumartimas) tem sidoestruturadaem tornodeactividadeseespaos/lugares comumavertente ldica importante. Do mesmo modo, importante a criao de complexos intraurbanosmultifuncionaisemqueoselementosldicosestoencarregadosdereforaraatractividade: galeriasecentroscomerciais,palciosdecongressos,zonashoteleirasoudeespaosnovosconstrudosemtornodecentrosdelazerartificialmentecriados(complexosdesportivos,centrosde lazeres,planosdegua,marinas(Cazes,1992,170).
Ainda no mbito da reconverso urbana, a recuperao da monumentalidade arquitectnica,integrada na valorizao dos centros histricos (como no caso de Sintra, de Viseu, de vora, deGuimares),funcionacomoumaatracoparaocidadodomundo,atravsdacriaodeumaimagemde qualidade que se transforma em modo de competio num mercado de mbito nacional,internacionalemundial.Defacto,mesmooturistaqueprocuraofimdomundotemumaimagemdesse
fimdo
mundo
que
pretende
encontrar
eque
efectivamente
caracteriza,
ou
apangio
de,
territrios
especficos.ImportatambmaquiafirmarqueaimagemquenosoferecidaporSue(1997),dizendoqueo
progressoacabariapornos libertardo trabalho foradoenosconduziriaparaumasociedadeondeohomemseriamais livrederealizarassuas necessidadessuperiores,necessidadessociais,espirituais,culturais ou estticas (Sue; 1997, 10), est, hoje, algo comprometida. Como diz Moth (1997),poderemosnsescapar regulamentaodo tempo livre?Serquepreciso comeara limitaraformacomoutilizamosonosso tempo livre?Efectivamente,assim.Os impactosassociadosao lazersoevidentes,especialmenteaquelesquedizemrespeitoaoturismo.Asociedadeprogramadatambmaquiestpresenteeotempolivrelimitadopelosrecursosfinanceirosslotambmpelalei,comasociedadedotempolivre,talcomonosfoiprometida,aimplicarumpreotoelevadoemconsumoderiquezaqueficarconfinadasclassesmdiasdospasesdesenvolvidos(Moth,1997,101e108).Este
modelo
de
relao
identifica
um
mundo
segregado
e
onde
a
relao
entre
o
proprietrio
e
o
proletrio
sedesenvolveagoraentreopagadordoservioeofuncionriodo lazer,porque,comoacontececomfrequncia,nasregiesmaispobresquesepodeencontraramelhorhotelariadomundo,osmelhoresserviosdeturismoealgunsdosmelhoresserviosdelazer.
Na cidade, o processo de crescimento urbano, pela suburbanizao pela periurbanizao, tambm uma forma de difuso do lazer, uma vez que medida que o modo de vida urbano vaiconquistandooespaorural,talcomoacidadeconquistaoseuespao,ocomportamentodeconsumoentre os grupos aproximase (ZORRILLA, 1990: 91). O espao urbano, normalmente associado eorganizado em funo do trabalho, estruturase, ou expressase, em formas de lazer. Os grandesespaosverdes,dequeHowardnosfezherdeiros,osparquesdediversesetemticos,ascatedraisdosdesportos,dasculturasedas tecnologias,conjugamasua imponnciaarquitectnicaefuncionalcomnovasformasdeocupaodosespaosurbanos.Osreformadosnosjardins,osdesportistasdasruasdascidadesedosespaosverdes, o dandy,o Playboy, soprodutos tipicamenteurbanos.Hojeemdiaencontramos os yuppies, que implicam certas peculiaridades (Zorrilla Castrejana, 1990, 95). Naverdade,estesgrupos,facilmenteintegrveisemnovastribos,associadasadeterminadosestilosdevida
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(Clark,2003),sorelevadosporMaffesoli,quandoestevalorizaasrelaessociaisintensaseepisdicasque tomam lugar no seio da transparncia e neutralidade generalizada da sociedade psmoderna(Rojek, 1999). Estas relaes materializamse na cultura, no consumo e no lazer e baseiamse naefemeridade,na volatilidadedosdesejos,noecletismodas esferasdeaco.Neste sentido,osneotribalistas,ondeseincluemosyuppieseondeseincluramoshippies,gruposdereferncianapassagemdeumasociedadedeconsumodeumageraoparaoutra,representamtambmapassagemdemodos
devida
que
valorizam
aanttese
eaoposio
(no
caso
destes)
para
estilos
de
vida
que
se
sustentam
na
complementaridade (noqueaosprimeirosdizrespeito).Estacomplementaridadesurgeprecisamentena relaoque seestabeleceentreo trabalhoeo lazer,atravsdasuperlativaodoespaourbanoenquantopalcodeaco.OempreendedorismodeRouse,quemarcouarevitalizaodemuitascidadesdependentedeparceriasentregovernoesectorprivado,veiovalorizaradesindustrializao,quelevou substituio do secundrio pelo sector dos servios, e promover a integrao dos yuppies queprocuram o centro, fogem dos subrbios e consideram o lazer como uma necessidade bsica. Esteprocesso de construo de uma imagem para a cidade, organizada em torno do trabalho e daresidncia,tornadasededemuitasdasactividadesdelazer,ganhaexpressividade,maisrecentemente,comosesforos,porvezesdesmesurados,deconstruir,difundirepromoveressaimagem,direccionadaprincipalmente aos turistas potenciais e menos aos habitantes permanentes; o intuito forjar umaidentidadeejustificarumsentimentodevaidade(Cazes,1996).
Deuma
maneira
ou
de
outra,
olazer
continua
na
primeira
linha
da
promoo
urbana,
tanto
na
definio do seu urbanismo eordenamento, como na identificao da sua reade influncia ou navalorizaodasuaintegraoemredesglobais.
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