Lazer, Espaços e Lugares

download Lazer, Espaços e Lugares

of 14

Transcript of Lazer, Espaços e Lugares

  • 8/10/2019 Lazer, Espaos e Lugares

    1/14

    Lazer,EspaoeLugares

    [email protected]

    CentrodeEstudosGeogrficos

    Faculdadede

    Letras

    da

    Universidade

    de

    Coimbra

    TextopublicadonolivroLazer.Dalibertaodotempoconquistadasprticas.Coordenao:NorbertoPintodosSantoseAntnioGamaIUC,2008,Coimbra,pp145163

  • 8/10/2019 Lazer, Espaos e Lugares

    2/14

    ()orepousofoisubstitudoporumadiversidadedenovasactividades.()aparecemcomoactividadesquenosonecessidadescomootrabalho,nemobrigaescomoosdeveres familiaresesociais.Estas terceirasactividades() aparecem como elemento de transformao para a cultura do nossotempo(Dumazedier;1966,1703e1704)

    O tempo livre uma conquistado sculoXX eeste libertouo tempode lazer (Jardin, 2001),atravsdadiversificaodeactividadesedasuaconjugaocomespaoscadavezmaisdiversosequeassumemcaractersticasprprias, transformandoseem lugaresassociadosaprticasespecficasparaconstituremumancoraparaaidentidade(Nielsen,1999).

    Nestetempo livre,o lazerumconjuntodeocupaesaqueoindivduosepodeentregardelivrevontade,quersejapara repousar,quer sejaparasedivertir, se recreareseentreter;querparaaumentarasuainformaoouformaodesinteressada,asuaparticipaosocialevoluntria,umavezliberto das suas obrigaes profissionais, familiares e sociais (Dumazedier, 1962). Se bem que,simultaneamente,abrangenteeespecficaeatribuindoadevidaexpressoaos temposenvolvidos,aidentificao de lazer que dumazedier nos oferece no valoriza a questo espacial; no deixa, noentanto,desalientaraimportnciadacivilizaourbanaparaoslazeres(Dumazedier,1962e1966)

    Neste sentido, aquilo que se pretende aqui efectuar a conjugao de tempos e espaosprpriosdasprticasdelazer,assumindosequeessasprticas,envolvendoprodueseapropriaes,implicamumaobservnciacontinuadadas localizaes,dasdistribuiesedasacessibilidades,dando

    aoslugares

    uma

    expressividade

    prpria.

    Sebemquea importnciadosestilosdevidasemanifestecomredobradovigorea identidadesocial se materialize em modos diversos de consumo, em diferentes tipos de bens, de servios e,especialmente, de espaos, difcil negar uma orientao bigbrotheriana que, pela sua capacidadesubliminar,afectaaspessoassemestasteremumaverdadeiraconscinciadofacto.Estcomprovadoqueaperspectiva idiossincrticaseconjugacomas influnciasdosgruposemquenos integramos,jque as nossas esferas de participao so crescentemente variadas e predispem comportamentos(prticas)muitoeclcticos.Estainflunciamanifestaseatravsdediversosmodosdeorientaosocial,quediferentesautoresidentificam.

    Utilizamseaquialgumasdessasorientaes sociais (Santos;2001),julgadaspertinentesnumaabordagem dos lazeres (consumos) e dos espaos/lugares com eles relacionados; assim, as opesindividuais, so, de facto, opes inculcadas socialmente. Estamos a referirnos s memrias, deConnerton(1993),aoshabitus,deBourdieu(1979),aomarketing,deWilliamson(1991),sinstituiesdecontrolodeLauwe(1983:154e155).

    Quantos

    memrias,

    como

    afirma

    connerton

    (1993),

    onosso

    equilbrio

    mental

    ,

    primeiro

    e

    antesdemais,resultantedonossoajustamentoaosobjectosfsicoscomosquaisestamosemcontactodirioequenostransmitemumaimagemdepermannciaeestabilidade.Estaconcepodeintegraoganhasignificadoquandoseconstataqueoexcesso,hoje,uma formadeexpressosocial (Aubert,2004).Estse,pois,aafirmarqueaspessoasnecessitamdemodosderelaoqueas localizemnumarede e, simultaneamente, de formas de fazer que as libertem das rotinas e dos padres. Nestainterpretao,olazereoslugaresassumemumsignificadocentral,jqueveiculamosprincipaismodosdeafastamentodessasrotinasepadres,nomesmosentidoqueamemriapermitespessoasdarvidasocialaosobjectosqueutilizam,porque,narealidade,quandoseutilizaalgo,noapenasoespritoutilitrioquepresideobtenoouapropriao.

    Noqueaomarketingdizrespeito,Williamson (1991)expressamaisumaabordagemdialctica,porque,sendoapublicidadepartedeumsistemaquenonosvendeapenascoisas,vendenosescolhas,quandoseefectuaumaanlisemaiscuidadaconstataseque,narealidade,vendenosa ideiadeque

    somoslivres

    para

    escolher

    entre

    coisas.

    O

    lazer

    pode

    tambm

    ser

    entendido

    desta

    forma

    na

    dialctica

    queseestabeleceentreademocratizaoeaelitizaodoslazeres.Amassificaodostemposdelazere das estruturas tercirias que lhe do apoio surge como um dos elementos identificadores dassociedades do lazer (Dumazedier, 1962) ou do tempo livre (Sue, 1982). Fundamentalmente, estamassificao identificauma forma,muitoalargada,de acesso ao lazer, constituindoumprocessodedemocratizao do consumo. Todavia assistese, em paralelo, a um processo de elitizao, que secaracterizaporumestreitamentodonmerodepessoascapazesdeaceder,queracertoslazeres,queradeterminadosespaos.Osgruposdominantesdemarcamse,destaforma,davulgarizaodelugares,equipamentos e modos de fazer, sendo criados novos lazeres e novos lugares de prticas em quesobressaianovidade,asofisticaoeaexclusividade(Santos,2001,206e207)

    Estadiferenciaoumaformade identidaderesultantedeacesconscientesdos indivduos,quesoexplicadasporBourdieu,comoumarelaocausalentrehabituseprticas,oquefazcomqueo habitus predisponha os actores a fazer certas coisas [e] a fornecer a base para a produo deprticas(Jenkins,1992,78).SeohabitusconceptualizadoporBourdieupermiteconceberaproduosocial

    da

    individualidade

    em

    funo

    das

    estruturas

    sociais

    (Coutourier,

    2002)

    fcil

    sustentar,

    hoje,

    que

    olazersejaamotivaoparaotrabalhodamaioriadapopulaodoprimeiromundo,tantoporviado

  • 8/10/2019 Lazer, Espaos e Lugares

    3/14

  • 8/10/2019 Lazer, Espaos e Lugares

    4/14

    dasocioeconomia.Efectivamente,os lazeressoefmeros, intangveisou imateriaisemnatureza;nopodem ser armazenados, possudos, trocados, no so transportveis e implicam um processo deproduobaseadonaproximidadeeinteracoentreprestadoreutente,dependendo,aqualidadedoservio, da informao do cliente ou do utente. Por outro lado, o lazer integra uma diversidadecrescentedeespaos,aces,modos,apropriaeseprodues,queimplicamaintegraodanoite,dapraiaesol,dorural,dourbano,damontanha,daaventura,daglobalizao,daconquista(espaos,bense pessoas), dos bens durveis, da tecnologia, do dinheiro de plstico, da individuao, doambientalismo,

    do

    prazer,

    do

    hedonismo,

    do

    ecletismo,

    da

    mobilidade

    emovimentos,

    da

    integrao,

    da

    imagemsocial,daqualidadedevida,dotrabalho,nasquestesrelacionadascomolazer.Falarde lazer,hoje,efectuarumaanlisesocioeconmica integrada,tendoocuidadodeno

    omitir, nessa abordagem, a importncia das percepes e das representaes, enquanto se fala doutenteoudo consumidor (dapessoaque se apropriade alguma coisa: a visodeumapaisagem, afotografiadeumiceberg,aemoodeumpercursodebuggynumsistemadunar,oaromadosbazaresnummercadorabe,oencantamentodarosaquedesabrochanojardimqueafirmaseu,oprazerdeversorrirocachorroquebrinca);tendo,ainda,ocuidadodenoesqueceraimportnciadasestratgias,doplaneamento,domercado,do lucro,noqueao fornecedorde serviosdiz respeito (a vendedoradepeixe,oprofessorde ginstica rtmica,odonodapistade carrinhosde choque,o gestordohotel);tendo o cuidado, finalmente, de no deixar de tomar em ateno os impactes, o desenvolvimentosustentvel, a ecologia, as polticas sociais (as entidades responsveis pela nossa sociedadeprogramada).

    Efectivamente,na

    contemporaneidade,

    olazer

    assume

    se

    como

    orientao

    central

    na

    vida

    quotidianadapopulao,especialmenteaquemantmrelaessignificativascomosespaosurbanos.Contudo, a evocao do lazer pode surgir com significados muito diversos. Kwiatkowska (1999)transportanosaoprincpiodotempo,quandosalientaquenumconceitoderotinadiria(omundofoicriadoemseisdiaseostimofoidedescanso)sodefinidasduasqualidadesdotempo.Otrabalhoumtemposecularrelacionadocomacriao,produo()parasatisfazerasnecessidadesdocorpo;olazer um tempo sagrado relacionado como rezar, com ameditao ()preocupado com a alma(Kwiatkowska,1999,127).Serhojeo lazeralgodemaisdiverso?Semdvida.Todavia,aprocuradaexcitao,doequilbriointerior,dasexperinciasespirituais, dacompensaopelotrabalhoefectuado,continuam presentes. Embora possa estar ancorado nestas referncias, o lazer uma actividadeeconmica que apresenta uma das mais fortes capacidades multiplicadoras e criadora de novasoportunidades,deofertas inovadoras,deprodutividadeedeexponenciaode lucros.Efectivamente,para alm de estar presente a todo o momento e, por vezes associado a situaes duais,frequentementeambguas,talvezsemprojectoouempensamento,olazer(porvezesapenascomasproposies

    da

    sua

    existncia

    ecom

    os

    instrumentos

    de

    cativao

    das

    pessoas

    edo

    mundo)

    est

    presenteem todososespaos:nas ruas,noscomboios,nosbarcos,nosavies,nosjornais, sobreasondasdomar,nochoquepisamos,nocinema,nardio,nateleviso,nacaixadocorreio,sugerindonossolicitaesconstantesevasodamonotoniadavidaquotidiana.

    Comonosestamosnsamodificarperanteestacontinuadaexposioanovostemposeanovosespaos?Ou,comoquestionaAubert(2004),emquemnostornmosns?Passmosdeumperododesubmissoaotempoparaumoutroemquenoparamosdeoviolentar.Apenasnosinteressamospeloimediato, atravs das possibilidades de mudana e adaptao, tornandose quase impossvel asustentao de valores num tempo longo. Esta noo de hipermodernidade encontra nos lazeresmodernosmodosdevalorizaomuito significativos.SegundoAubert (2004),estahipermodernidadeimplicaapassagem:deumcorposubmissoaumcorpolivreeautofabricado;deumtempoondenosescovamosaum tempoqueviolentamosequenos tiraniza;deummododerelaocomosoutrosonde os sentimentos se desvanecem a favor das sensaes, da efemeridade e da volatilidade; do

    indivduoda

    medida

    justa

    ao

    que

    procura

    evive

    oexcesso;

    de

    uma

    procura

    de

    eternidade

    situada

    para

    almdostemposaumaprocuradeintensidadenoinstante.Noqueaoprimeiroaspectodizrespeito,umcorponoespartilhadoevalorizadopelamodae

    poropescosmticasvariadas,conjuntamentecomnovasformasde identidadesocial,comosucedecomastatuagenseospiercings,vaideencontroaoentendimentoqueCrouchatribuipersonificaonos lazeresactuais,nosentidodavalorizaodeprticas imaginativas. ()Asprticasexpressivasnolazeracontecemdeformasmuitodiversas.Nadanaessavertentemuitoexplcita.Ocorpotransmiteexpressividade e projecta a pessoa na sua relao com os objectos envolventes, cujo significado setransforma de acordo com a sensibilidade do movimento e a imaginao, num espao particular(Crouch,1999).Neste sentido,o corpo transformaseem instrumento e campode lazer,permitindorevelarespaoseatribuindo,aeste,valnciasresultantesdeumacuriosamisturaquealiaaprocuradebemestar,daestticaedasadecomocultodaexcelnciaedaperformance (Fournier,2004,46).Hoje,aatracopelanovidadeepelodesconhecidoso,maisdoquenunca,responsveisporaceshumanas (individuais ou colectivas) com uma implicao espciotemporal diferenciada. A ps

    modernidadecolocou

    ohomem

    aviver

    em

    mltiplas

    esferas

    de

    aco

    (no

    emprego,

    no

    consumo,

    nas

    deslocaes,no trabalho,na comunidade,na famlia,no lazer,no grupodedesporto,naassociao

  • 8/10/2019 Lazer, Espaos e Lugares

    5/14

    cultural,nopartidopoltico);defacto,ainterligaodasesferasdeactividadehumanaefectuadapeloconsumoque,peranteodesenvolvimentodotercirio,reflecteumaomnipresenasocial.

    Quantoviolentaodotempo,elasucedeporqueseprocuratiraromximodeproveitoedeprazerdassituaes,comaradicalizaoextremadestalgicadaacelerao,comeadanaauroradocapitalismo, produzida com a generalizao do reino da urgncia (Aubert, 2004, 38). Esta urgnciaimplicaoaproveitamentosuperlativodasdiversasopesqueomercadooferece.Seamximadequetempodinheirocontinuabemvivanasociedadecontempornea,hoje,temponosdinheiro.Naverdade,

    tempo

    poder

    de

    compra

    (de

    uso),

    oque

    quer

    dizer

    que

    no

    interessa

    s

    efectuar

    (ganhar)

    dinheiro,precisotertempoparadespender(gastar),comosalientmosnoutrocontexto.Aidentidadesocial, que se manifesta crescentemente atravs do consumo (lazer includo), implica diferentesutilizaesdoespaoouautilizaodeespaosdiversos, tantomaisque o tempouma condiomuitomaisabsolutadoqueoespao.Otempoirreversvel,oespaono.()Otemponopodesermelhorado2,masoespaocertamentepode(Nielsen,1999,277).

    Sobreesta temtica, importaexploraras ideiasdeNielsen,vistoquea relaoqueesteautorestabeleceentreespaoelazerrelevanteparaaabordagemqueaquiseprope.Anicapossibilidadedeganharconhecimentoem relaoaoespaoatravsdomovimentoe/ouatravsdepercepessensoriais.Assim,ganharconhecimentoest inevitavelmenterelacionadocomocorpoecomosseusmovimentosepercepes,como formade identidade,osmovimentosnopodem,por isso,ter lugarnumespaoabstracto.Assim,hoje,quandoaidentidadejnoconferidapelotrabalho,mastendeaserconstrudaeconstrudamaisatravsdolazerdoquedotrabalho,continuaasercondioparaquea

    identidadeesteja

    relacionada

    com

    ofazer.

    A

    identidade

    est

    intimamente

    relacionada

    com

    um

    espao

    que a pessoa constri ao moverse nele; a identidade algo ganho na dimenso espacial (Nielsen,1999). A cultura tradicionaldo carcter,que sublinhaasqualidadesmorais, foi substitudaporumacultura dapersonalidadeque enfatizao ser apreciado e admirado (Gronow, 1997, 2),motivandooindivduo a imporse pela satisfao de desejos, gostos e prazeres, num corrupio de aces querepresentamasuaidentidadesocial(aprocuradadiferenaeabuscadaintegraooudarelaoporsimilitudededesejos,gostoseprazeres,mas,tambm,denveisculturais,deactividades,delugaresedeespaos,delazeres)expressaemestilosdevida(Santos,2001,366e367).

    Olazerummododepraticaroespao,emboranosejaonico,epodeoferecerpassatemposimaginativos,comportamentosexpressivoseidentidade(Crouch,1999).

    A importnciadasactividades forado trabalhoeaactualvalorizaodasactividadesde lazer,assumemse como uma revoluo no modo de gerir os quotidianos e organizar o mundo(salvaguardadas as devidas propores, o mesmo aconteceu com a assumpo coperniana dadescentralizaodaTerranosistemacsmicooucomaassumpodarwinianadeenquadrarohomemnum

    processo

    evolucionista

    apar

    com

    todos

    os

    outros

    seres

    vivos).

    Efectivamente,

    olazer,

    ao

    emanciparsedotrabalhoeaodarexpressoaostemposforadele(deummodogenrico,ostemposlivres), conduz reestruturao das espciotemporalidades de todos os agentes socioeconmicos,sejamelesos responsveispelaproduo,sejamosquecontribuemparaaapropriaode temposeespaos.

    Athbempoucotempo,otrabalhoeraentendidocomonicoparmetrononegligenciveleincontornvelparaadignificaodoHomem.ResultantedeumafilosofiadevidasuportadaedifundidapelaburguesiaquepromoveuaRevoluo Industriale semanteve,demodosdiversos, frentedosdestinos socioeconmicos do mundo at ao terceiro quartel do sculo XX, o crescimento da classemdia,ademocratizaodoacessotecnologia,arevoluonasmobilidadeseavalorizaodosestilosde vida, vieram provocar mudanas significativas no pendor das influncias na socioeconomiacontempornea.

    Efectivamente, a sociedaded cada vezmais ateno (emboranem sempre estejapreparada

    paraele

    ou

    talvez

    como

    consequncia

    deste

    facto)

    ao

    tempo

    fora

    do

    trabalho

    e,

    particularmente,

    ao

    uso

    dessetempo.Todavia,estanovaorientaonoseapresentacomoummodoaltrustaderelaosocial:o lazer, parte importante deste tempo deno trabalho, omodo de consumo debens, servios eespaosqueapresentaumamaiorcapacidadedeescoaradiversidadeeamassificaopersonalizadada produo. Isto sucede devido sua capacidade de promover ambiguidades, ambivalncias edualidadesqueseadequamtantoaosprocessosderesoluodasnecessidades,comoaosdesatisfaodosdesejos,dasaspiraesedosinteressesdepopulaescomintuitosmuitovariados(desdeaquelesque procuram no lazer um processo de democratizao social, at queles que materializam neleformasdeelitizaoesegregaosocial).

    Como temvindoasersublinhado,o lazeracontecenoespao.Esteespaopodesermaterial,concretoeenvolventedonossoprpriocorpo;oespaopodesermetafricoe,mesmo, imaginativo. Este espao imaginativono estpresente apenasno lazer virtual contemporneo,mas tambm naprticaimaginativadapessoa.Oespaometafriconolazerincluiabstracesdacidadeedocampoedanaturezaemuitasprticasacontecememespaosqueestoculturalmentedefinidos(Crouch,1999).

    2O tempo pode, no entanto, ser violentado.

  • 8/10/2019 Lazer, Espaos e Lugares

    6/14

    Assim,oespao importantena formataometafricadoprazerno lazerevaimuitoalmdo seupapel instrumentalde localizao.Sebemquerefiraquecadahistriaumahistriadeviagens,DeCerteauenfatiza,tambm,queessahistriadeviagensnodeixadeserumaprticaespacial(Crouch,1999,3).EstainterpretaoestdeacordocomaleituraqueCresswell(2004)nosddarelaoentreespaoelugar,equeassentanaideiadeque,quandoaspessoascolocamsignificadosnumaporodeespaoe,depois,lheficamligadosdealgumaforma,esseespaotransformaseemlugar,confundindoseetendomuitasvezesomesmosignificadodeespaosocial(Cresswell,2004).Narealidade,oslugarese,

    no

    caso

    presente,

    especialmente

    os

    lugares

    de

    lazer,

    implicam

    anecessidade

    de

    interpretar

    oespao

    paraalmdoseusignificadodesuporte.Assim,tambmLefbvre(citadoporUrry,1995,8)afirmaqueoespaonoumageometrianeutraepassiva;oespaoproduzidoereproduzido,umconjuntodelugaresdeprticas.Acapacidadedeaco,porpartedaspessoas,sobreaestruturasocialeculturalexistenteestnaorigemdadiversidadedeequipamentoseservios,permitindo,tambmatravsdoslazeres, que o consumo oriente crescentemente a produo. O espao de vida, circunscrevendo asprticas espaciais das pessoas atravs de ns estruturantes, define itinerrios e tempos de lazer,porque, seum lugarestprximo,massenopudermosdisponibilizaro temponecessrioparanosdeslocarmosatele,aproximidadeespacialnosersuficienteparapermitirqueovisitemos.Poroutrolado,adistncianemsempremedidageograficamente.Apercepodoespaodegranderelevnciaquandosefaladelazer.Aimagemquesetemdoslugares,construdapelasprticasoupelainformao,condicionaorelacionamentosocioespacial.nestaordemderazesquesebaseiaaorganizaodosroteiros tursticosedospanfletospromocionaisde lazeres.Damesma forma seorientam asopes

    pessoaisna

    seleco

    de

    actividades

    de

    lazer:

    se

    para

    alguns

    de

    ns

    os

    mais

    jovens

    ,que

    procuram

    o

    excessoeoextico,asdiscotecas so lugaresde lazerporexcelncia,paraoutrosdensosmaisidosos,especialmentequandoafastadosdavivnciaurbana ,esteslugaressolugaresdeperdioouantros demonacos. Assim, a percepo do espao condiciona os comportamentos, parecendo ser aconjugaoentreocorpoeoespaoenvolvente(ouomodocomoumsereflectenooutro)ofactorqueinfluencia os valoresdominantes. neste sentidoqueCrouch (1999)define a relaodapopulaourbanacomajardinagem,aosalientarque,naEuropaOcidental,essaocupaoseapresentacomooterritriodenegociaoederepresentaodolazerenquantoprodutodoestilodevida.Ojardim(eomesmo validoparaashortasurbanas)um lugardeprticapersonificada,ondeo corpo semovelateralmente, multidimensionalmente, se debrua, roda, atraindo o espao corporal de numerosasmaneiras,frequentementetcteisemultisensoriais(Crouch,1999).

    A par desta evoluo impressionante dos factos associados valorizao dos espaos delazer/consumo, outro aspecto, que mais significativas modificaes apresentou, na maior parte dassociedadesterciarizadas,foiomododeestruturaodotempo.

    Olazer

    est

    associado

    reduo

    do

    horrio

    de

    trabalho,

    aos

    novos

    tempos

    de

    emprego,

    ao

    aumentodaescolaridadeobrigatria (queretardaaentradanomercadodetrabalhoecriaumgruposocialmuitopropenso a actividades ldicas), crescenteamplitudedoperodopsaposentao, aodesenvolvimento tecnolgico, ao desemprego, melhoria da qualidade de vida, ao aumento dosrendimentosdasfamlias,entradadamulhernomundodoemprego.Todavia,enquantoseafirmaaimportncia do tempo de lazer, o tempo de trabalho tem vindo a aumentar. Estas situaes, porambguoquepossaparecer,dependemdavontadedaspessoasdeacederemanovosnveisdelazer,oudealcanaremlazeresquenuncativeram.Porqu?O lazerest,comoacimafoidito,atransformarsenarazodeserdemuitodotrabalhoquefazemos,dosempregosquemantemos,dodinheirodequeusufrumosApreocupaocomorendimentofamiliarpromove,comfrequncia,aexistnciadeumduploemprego,orecursoahorasextraordinriasouadefiniodeagregadoscomosdoiscnjugesacontriburemparaooramento familiar.Efectivamente,preciso trabalharmaisporqueh cadavezmaisprodutosparacomprar,bensparasubstituir,espaosparaconhecer,lazeresemqueparticipar

    Aterciarizao

    da

    socioeconomia

    tem

    promovido

    mudanas

    que

    se

    expressam

    em

    termos

    de

    consumo e lazer. Isto sucedeporque surgemnovas espciotemporalidades sociaisque se conjugamcomavalorizaodasantigasequedependemdasalteraesconcretizadasnasrelaessociais,noshbitos de consumo/lazer e nas funes do espao. Destas alteraes resultam novos espaos desociabilidadeeareabilitaodealguns,entretantodesvalorizadosatravsdeprticasquetmnolazerumaexpressividadecrescente.

    Esteestadodemudana,deprocuradeinovao,denovidade,temcontribudoparaoaumentode economias paralelas, normalmente extralegais, relacionadas com a sazonalidade dos modos detrabalhoassociadosao lazer,comanecessidadedeofertadiversificada,comopequeno investimentoinicial,comapossibilidadedeacederfacilmenteatecnologiasquepermitempromovernovosserviosorganizadosparaocuparostemposlivresdaspessoas.

    Hoje,ostemposdetrabalhodeunssoostemposdelazerdosoutros,quepodemgozarounoessetempodetrabalhocomoformadeobtenodeprazer.Emconsequncia,osespaosdeprticasvalorizamnovasfronteiras,muitasvezesdifceisdedelinear.Aoposioentreolazereotrabalho,que

    aconteceperante

    avalorizao

    negativa

    do

    lazer,

    reivindicada

    pelo

    puritanismo

    epelo

    ascetismo,

    ,

    hoje,substitudapormodoscomplementaresdeaco,enquantoolazerseafirmacomovalorsocial

  • 8/10/2019 Lazer, Espaos e Lugares

    7/14

    (Dumazedier,1966,1703).Perdealgumsignificadoalutaentreobemeomal,entreopuritanismoeo hedonismo, e dse expresso a comportamentosmais eclticos, no que s esferas de aco daspessoasdizrespeito(Aantos,2001).

    Fig.1Variaodotempolivreporgruposocioprofissional.

    Com a maior parte do emprego a constituirse como um portfolio de actividades, o lazer responsvel por uma parte significativa dos novos trabalhos, pelo incremento de actividadeseconmicas

    complementares

    economia

    formal,

    pela

    valorizao

    de

    novos

    modos

    de

    emprego,

    pela

    criaodenovos lugaresque so testemunhosdaambiguidadequeenvolve todasasactividadesdelazer,concretamenteasrelaesentreo trabalhoeo lazer. Isto,os lugaresso,aomesmo tempo,lugaresde trabalhoe lugaresde fruio (Gamae Santos,1992),onde se conjugamo tempo livre,oconsumoeolazer.Dissosobemdemonstrativasasreascentraisdecomrciodascidades,comtodooseuespectculodemontrasedeluzes,ouosmodernoscentroscomerciaisperifricos.

    Partindodopressupostodequeapresenadetempolivrereveladoradaqualidadedevidadapopulaodomundoocidentaldesenvolvido,partiusedeumasituaoterica3demodoa identificarumarelaoentreessetempoeosgrupossocioprofissionaisdominantes.

    Efectivamente,o tempo livre tendeaaumentarnos grupos socioprofissionaisdominantes,domesmomodoqueostemposdequalidade,referidosporUrry(1995),teroquesermaisnumerososdoquesoemclassesbaixasoumdiasbaixas.AsorientaesdecomportamentoutilizadasnaelaboraodaFig.1 tmavercomo factodeasactividadesquotidianasdapopulaosedistriburementreum

    tempoeum

    espao

    que

    permitem

    definir

    padres

    de

    comportamento.

    por

    isso

    que

    tantas

    pessoas

    fazemamesmacoisaaomesmotempoenummesmoespao.Asrotinaseosnsestruturantessoosresponsveispelaidentificaodereasdeconvergncia(otrabalho,ourbano,ocentrocomercial,osterritriosdelazer)ededivergncia(reasresidenciais).

    Actividadesdiriasdapopulao Fafe

    Actividadesdiriasdapopulao Aveiro

    Trabalho 8 8

    Alimentao/restaurao 2 2

    Transportes 0,5 1

    Temposobrigatrios 3 2,5

    Dormir

    8

    7,5

    Lazer 2,5 3

    Qd.1ActividadesdiriasdapopulaodeFafeeAveiroFonte:InquritossactividadesdelazerefectuadoemTrabalhodeSeminrioemGeografiaHumanapor

    ElisabeteCarvalhoeSandraConde,2003.

    Quando se observa o Qd. 1, resultante de anlises efectuadas com base em inquritos populao, nos casos vertentes, nas cidades de Fafe e Aveiro, podese constatar que as pessoasapresentam uma distribuio de tempos quotidianos idntica, sendo visvel que uma cidade maiorapresentaummaiordispndiode tempoem transportes.Todavia,Aveiro registaum valordehorasdiriasdelazer,superioremmeiahoradapopulaodeFafe.Taldiferenapareceprovirdofactode

    3

    Esta Figura 1 baseia-se nos tempos de vida de pessoas com 78 anos de vida que despendem 4 horas por dia em cuidados bsicos epessoais, dormem 7,5 horas por dia, gastam 1 hora por dia em transportes (vivem tendencialmente fora das reas metropolitanas),com nveis de estudos bsicos (4 classe), intermdios (12 ano) e superior (licenciatura) e com anos de trabalho dependentes dos anosde estudo (quant os mais anos de estudo, menos anos de t rabalho).

  • 8/10/2019 Lazer, Espaos e Lugares

    8/14

    umapartemuitomaissignificativadapopulaodeAveiroseintegrarnosectorterciriodeactividadeeconmica,enquantoessevalormuitomais reduzidoemFafe,ondeganha importnciaevidenteosectorsecundrioligadoindstriatransformadora.

    Quanto ao tempo, o trabalho e o descanso (dormir) continuam a marcar os ritmos, noquotidiano.Arefernciaaostrsoitos(8horasdesono,8detrabalhoe8detempoforadotrabalho)est, todavia,desajustada. Importa identificar temposdedeslocao, temposobrigatrios (cuidardacasa,higienepessoal,cuidardosfilhos)etemposlivres,ondeseincluiolazer(emboraentendidocomoactividade

    ocasional

    ou,

    pelo

    menos,

    com

    temporalidade

    diversa

    da

    do

    trabalho

    ou

    do

    descanso

    nocturno).Uminquritoefectuadoem2003,nacidadedeFafe(Quadro1)mostranos,noentanto,quea populao identifica uma estruturao do tempo onde o lazer faz parte do quotidiano; o mesmoresultadoseobtm,alis,numinquritoefectuado,nomesmoano,nacidadedeAveiro.

    Mantendo como tema central o espao e a cidade nos lazeres contemporneos, possvelidentificaralgumasprticaspredominantesnoscomportamentosdapopulao.Pareceevidentequeolazer quotidiano apresenta uma maior sedentarizao, surgindo associado a localizaestendencialmente centrfugas (a residncia ou o bairro). Por outro lado, os lazeres mais ocasionaisenvolvemumamuitomaiordiversificaodeespaos.Tendo istoemconsiderao,percebesequeosaveirensesmaisjovensvalorizemavidanocturna,osairnoite,comoprincipalactividadede lazer.Esta formade lazer,de facto,umconjuntodeprticasquese integramnumpriplocomplexoqueresultanumautilizaodeespaosurbanosdiversoscomusostemporaisespecficos.Porseuturno,apopulao adulta promove outros espaos e outros tempos (mais distantes e mais espaados

    temporalmente,oque

    sintoma

    de

    uma

    maior

    independncia

    econmica

    esocial),

    dando

    mais

    importnciasviagens.Nestegrupo,osmenosjovens(41a64anos)comeamtambmadarvaloraospasseios4 e aos desportos5, enquanto os idosos (com mais de 65 anos) diversificam, em termosespaciais,assuasopesde lazer.Seunsvalorizamasviagens, integrandodeformaefectivaoespaonassuasactividadesde lazer comcerteza,estruturandoassuasdeslocaesnosentidodosespaoscentrpetosdepopulao e actividades ,outros expressama importnciados seus temposde lazeratravsdeactividadesmaissedentriasedemenosprticas,comoover televiso,ondeo lazerseassociaaumaformadeaudinciapassiva.

    Seosmodosdevidaurbanasetmcaracterizadoporumadiminuiodaconvivnciaderua,epelavalorizaodolazerindividual,paraamaioriadosfafenses,dequalqueridadeougrupo,olazer,tambm, uma actividade de grupo. O lar acolhe hoje uma variedade de actividades de tal formaalargada, que se tornou um dos lugares mais importantes de lazer, facilitada pela materializao edomesticao.Efectivamente,otempodeconsumoumtempode lazerempotnciaeos lugaresdelazerso,semdvidaalguma,lugaresdeconsumoporexcelncia.

    Estarelao

    entre

    lazer

    econsumo

    tem

    implicaes

    na

    organizao

    do

    espao:

    lojas

    de

    artigos

    de

    desportocomespaosdeprticas;livrariascomespaosdeleituraedesociabilidade;lugaresdevendadeCD/DVDcomreasdeaudioevisionamento,espaosdebrincadeirasparacrianasquelibertamospaisparaastarefasdeconsumo;lojasncoradeespaoscomerciaisassociadasaactividadesdelazer;espaos de lazer (jogos e diverses) integrados em centros comerciais. A panplia de relaes indicativadatnuefronteiraqueexisteentreo lazereoconsumo,tantomaisqueoprprioconsumofunciona, para muitos de ns, como forma de lazer. O ver montras (window shopping) disso umexemplo,peloprazereemooqueprovocanopotencialconsumidor,que,atse tornar real,sevairecreandocomassensaesdepossequeosbenslhevoincutindo.Outroexemplo,bemdiverso,masmuitoexpressivo,oferecidopela importnciadaintegraodascatedraisdeconsumonos itinerriosdosexcursionistas,assumindosecomorefernciasespaciais,noescamoteveis,delazereprazer.

    BonifaceeCooper(1990,citadosporpinto,2004:55)(Fig.2)evidenciamavertenteespacialougeogrficaquandoabordamaproblemticado lazer,talcomogama(Fig.3)jtinhasublinhadoantes

    (gama:1988:

    211).

    Efectivamente,

    olazer

    ganha

    significado,

    em

    termos

    de

    anlise,

    quando

    se

    conjugam

    diferentesescalasediferentes tempos. Istoquerdizer,ageografiapermiterelevara importnciadoslazeres, tantoquandoa abordagem efectuada atravsdas relaes entreos espaos e aspessoas(lugares),comoquandooatravsdasrelaesentrediferentestemposdevidaoudasrelaescomespaosdeapropriaoqueconjugamacessibilidadesedistnciasdegrandediversidade.

    4Estes passeios so normalment e efect uados em automvel para diversos destinos fora da rea de residncia e implicam situaes defuga cidade em direco ao campo ou a ambientes onde a natureza preponderante. A importncia deste tipo de actividade delazer, de apropriao de espaos atravs do seu calcorreamento e/ ou cruzamento em t rnsit o, do contacto sensit ivo com os lugares expressa por Ravenscroft (1999) ao afirmar que 14%dos visitantes que se deslocam ao campo, na Inglaterra e em Gales, encontramnos passeios a principal motivao para a prt ica de lazer.5Embora, no caso vertente, a rel ao entre desport o e passeio no surja valori zada, ganham signif icado a sit uaes onde o passeio se

    torna desporto. Vai neste senti do a afirmao de Ravenscrof t (1999) cit ando Werl en (1993) de que no so os espaos por si s quedo signif icado s prt icas, mas a prt ica neste caso a prtica de lazer que atribui significado ao lugar . Neste sentido, relevantereferir o incremento que tm hoje os it inerri os todo-o-ter reno (4x4), os tri lhos dos motoqueiros , as caminhadas temticas, ost rekkings

  • 8/10/2019 Lazer, Espaos e Lugares

    9/14

    Figura2 AorganizaodotempolivreFonte:BonifaceeCooper,citadosporPinto,2004

    Ambosos

    autores

    sublinham

    aimportncia

    dos

    lugares

    de

    lazer

    ou,

    pelo

    menos,

    do

    significado

    dasdiversasescalasdeanliseparaasuacompreenso,porquearelao tempodetrabalho/tempolivrepeemevidnciatrsouquatrotipos[delazer],conformeadimensodotempolivreserelacionacomodia,asemana,oano,avida.Aoprimeirocorrespondemalgumashorasforadotrabalho,dosono,edasobrigaes;aosegundo,os finsdesemana;aoterceiro,as frias;aoltimo,areforma(Gama,1988:210).

    Comobvio,muitasoutrasclassificaespodemserapresentadas,umapartesignificativadelasassociadasimportnciadoturismonaactualsocioeconomia.Estasituao,visvelnascaracterizaesdeturismodaOrganizaoMundialdeTurismo(1993)ounaapresentadaporChadwick(1987),emcujombito o lazer relevante, corresponde a um aumento da importncia do lazer nas actividadestursticas.Hoje,oturismonosepodedissociardasprticasrecreativasquepermitamocuparotempolivrecommodosdedesenvolvimentooudedistraco.Narealidade,aqualidadedoturismodepende,de forma significativa, da qualidade dos servios de lazer que so oferecidos e no apenas dos

    equipamentos

    existentes

    ou

    dos

    servios

    directamente

    ligados

    ao

    turismo.

    Quaisseroasactividadesquehojesedevem integrarnosespaose temposde lazer?Parker(1978) agrega trs tipologias (Fig. 4) que nos confrontam com a diversificao e a dificuldade declassificao.Comodissemosem2001,osgruposdeactividadecorrespondemaexperinciasde lazer,comMaw (1969)eKaplan(1960)aefectuaremapenasumagrupamentodeacesforadotempodetrabalho.Encontrarumesquemaclassificatrioquefizessejustiaatodasasformasdeexperinciasdelazer,nem simplificandoemdemasiaasdiferenas ()nemobscurecendoasdimenses subjacentespeloexcessodelas (Parker,1978,48)era,jento,difcil.Parker referemesmoquequase todasasactividades humanas podem fornecer experincias que se aproximam do lazer para algum,dependendo das circunstncias e da atitude de esprito com que so praticadas, sendo evidente aambiguidadeedualidadeassociadasaotempodelazeressuasclassificaes.

    Fimdedia FimdeSemanaFimdeano

    (frias)

    Fimdevida

    (reforma)

    Casa

    Jogosdemesa,Televiso,Rdio,Leitura,Audio

    demsica

    Jogos,Televiso,Rdio,Leitura,Audiodemsica,

    BricolagemeJardinagem

    Jogos,Televiso,Rdio,Leitura,Audiodemsica,

    BricolagemeJardinagem

    Televiso,Rdio,Jogos,Audiode

    msica,BricolagemeJardinagem

    Fora

    de

    casa

    Espaodealcanceimediato

    Jogosaoarlivre,Passeiosap,

    Desportos,Idasaocaf,Idasao

    cinema

    Jogos,Passeiosap,Desportos,

    Idasaocaf,Idasaocinemae

    teatro

    Jogos,Passeiosdebicicleta,

    Desportos,Idasaocaf,Espectculos

    Passeiosap,Jogosaoarlivre,Idasaocaf,Idas

    aocinemae

    teatro

    Tempo livre

    Lazer - Espao de tempo onde o indivduo sati sfaz as suas necessidades bsicas

    Em casa:

    - leitura- j ardinagem- visionamento de TV- socializao- etc.

    Lazer dirio:

    Visitar teatros oufrequentar restaurantes,prat icar desportos (quercomo participante quercomo espect ador,socializar, etc.

    Turismo:

    Deslocaes temporrias dolocal de residncia; actividadesde trabalho, actividades realizadasdurante a estada e os equipament oscriados para satisfazer asnecessidades

    Viagens:

    dirias, visitas aatracesou fazerpiqueniques, etc.

    Casa

    Espao geogrfico

    Local Regional Nacional e Internacional

  • 8/10/2019 Lazer, Espaos e Lugares

    10/14

    Espaodealcancemdio

    Passeiosdecurtadurao(ap,

    bicicleta,automvel),

    Cinemaeteatro,Espectculos,Sadasdo

    ambiente

    de

    vida

    quotidiana

    Passeiosdecurtadurao(ap,

    bicicleta,automvel),

    Pequenasviagens,Idaaocampo,montanha,

    praia,

    Visitas

    culturais

    Passeios,Viagensdeautomvel(campo,

    montanha,praia,termas)

    Espaodealcancelongo

    Viagensdeturismo,Cruzeiros,Desporto,

    MontanhamCampo,Praia

    Viagensdeturismo,Estnciastermais,Regiestursticas,Visitas

    culturais,Cruzeiros

    Figura3ClassificaodasactividadesdelazerFonte:(Gama,1988)CadernosdeGeografia,7.IEG,Coimbra

    Fig.4 Tipologiasdelazer

    Fonte:Parker

    (1978)

    Fig.5 AorganizaodotempodevidadapopulaoFonte:AdaptadodeCazes,1992

    Tipologia de Maw: Conversa, festas

    Desporto e jogos

    Teatro Jantar e beber fora de casa, DIY,

    jardinagem, conduzir por prazer

    Divertimentos passivos, repouso,

    TV, rdio, leitura

    Hobbies

    Tipologia de Kaplan: Sociabilidade

    Associao

    Jogo

    Arte

    Movimento

    Imobilidade

    Tipologia do Multi

    NationalTime Budget Research Project

    Vida social Conversao Organizaes Desporto Cinema e teatro Passeios a p Descanso TV, rdio e leitura Hobbies

    (Szalai):

    Tempo de vida

    Tempo de t rabalho Tempo libert o (f ora do trabalho)

    Tempo obrigatrio Tempo livre

    Lazer

    no domicli o

    Prt icas deapropriao

    no exterior

    Lazer tursti co

    Local fixo

    Turismo de negcios

    Lazer no turst ico

    quotidiano semanal sazonal ps vida activa

    Excursionismo Turismo decurta durao

    Frias Reforma

    Prticas tursticaspor motivos de sade ou

    religiosos, por visita aparentes e familares...

    ocasional

    Frias repartidas

  • 8/10/2019 Lazer, Espaos e Lugares

    11/14

    Noqueramosdeixardeapresentaroutrosdoisesquemasde classificaoque consideramosmuito interessantesdopontodevistadadefiniodasactividadesde lazer.TratasedasproposiesefectuadasporCazes(1991)(Fig.5)eporPatmore(1983)(Fig.6).

    Apresentando uma sistematizao de tempos e categorias de lazer e turismo, demonstrandocomoosdoisconjuntosdeactividadessosinergticos,oprimeiroautorconsideraastemporalidadescomo responsveis pela diferenciao de aces ou apropriaes. Ao esquema de Cazes (1992) foiassociadaumaquintatemporalidade(oocasional)quedecorredaimportnciaqueatribuda,hoje,aesta

    temporalidade

    na

    valorizao

    das

    frias

    repartidas.

    EmPatmore(1983)(Fig.6),visvelqueosespaosconstrudosemfunodoconsumodelazerse distribuemdemodoomnipresente e contribuempara caracterizaes centraisda socioeconomiacontempornea, sendo crescentemente responsveispelaqualidadedevidadaspopulaes.O lazerestportodooladoeemtodoolado,porintermdiodoslugaresdeprticas,dosequipamentosedosoperadoresresponsveispelosservios.Patmore(1983)divideolazeremquatrograndessectores,emfunodanaturezadassuasprticasedosseusespaos:oturismo,odesporto,asarteseorecreioesociabilizaosoformasdelazer/consumoquedependemdirectamentedaespecializaocomercialedeservioseimplicamnovassocioespacialidades.

    A cultura e a identidade social definem os comportamentos da populao num mundo emcrescenteglobalizao.Aassumpoda relevnciadestaafirmaopermite transformaro lazernumtema de anlise transversal: tomado a diferentes escalas, decorrendo em tempos curtos e tempos

    longos,promovendo

    produes

    econsumos,

    integrando

    situaes

    sincrnicas

    ediacrnicas,

    assumindo

    valnciasrelacionaisincontornveiseactosdeisolamentosocial,expressandosenummundourbanoevalorizando os espaos rurais e vazios, transformando espaos em lugares e servindose dos nolugares,expressandosituaesdemassificaoedediferenciao.

    Fig.6AsprticaseosespaosdelazerFonte:AdaptadodePatmore,1983,citadoporSantos(2001).

    Oespaourbanoumimportantepotenciadordasactividadesdelazer.Seaspessoasprocuramestilose identidadesprpriasem lugaresmaisdistantes,maisdifceisdealcanar,maisexticos,maisagrestes,acidadecontinuaamarcaroritmodeumaboapartedoslazeresmodernos.

    ComodiziaDumazedier (1966),o lazerdacidade tambmum regresso,diferente, terra.A

    cidadecria

    espaos

    verdes

    ereas

    de

    jogos

    em

    torno

    de

    bosques

    erios.

    A

    cidade

    desenvolve

    oprazer

    do

    passeio e desenvolve tambm a necessidade de fuga peridica para a natureza. Por outro lado, o

    LAZER

    Recreio eSociabilizao

    Lugares deprticas

    Aquisio deequipamento

    Obteno deservios

    Turismo

    Operadores Lugar es deprticas

    Lugares deaquisio

    Lugar es deprticas

    Lugar es de prt icas

    Passseiose

    compras

    Comer ebeberfora de

    casa

    Jogos eentrete-nimento

    Diversonocturna

    Virtual

    Prticas no lugar Prt icas sem lugar

    Lar(Relaes)

    Hobbiesdoms-ticos

    Culturada

    imagem

    Excurses

  • 8/10/2019 Lazer, Espaos e Lugares

    12/14

    desenvolvimentodosmeiosde informaoeadifusodosmodelosdevidaurbano levamos lazeres,que se desenvolvem fundamentalmente nos meios urbanos, a estarem presentes nos espaos nourbanos,caracterizandoaprocuracontinuadadapopulaonosentidodamelhorqualidadedevida.

    Cazes (1992), por seu lado, sublinha a importncia do lazer enquanto factor de renovao eimagem urbana. Os espaos urbanos so identificados pelas mais diversas funcionalidades. Todossabemos que Coimbra estuda, o Porto trabalha e Lisboa divertese, numa associao funcional

    generalista,mas

    que

    revela

    aimportncia

    de

    determinadas

    actividades.

    Todavia,

    hoje,

    todas

    as

    cidades

    querem ser conhecidas, valorizando as relaes em rede que se vo conjugando com a estruturahierrquicaexistente.Neste sentido,os centrosurbanosprocuram constituirse como refernciasdequalidade e exclusividade. a procura de centralidade, a busca do egocentrismo urbano quetransformacadavezmaiscidadesemcapitaisdealgumacoisa2.Masquecoisassoessas?Observandobem, tratase tendencialmente da valorizao de actividades associadas a lazeres modernos oumodernizadosqueatraemaspopulaesepromovemodesenvolvimento local.Assimsucedecomascapitais do Carnaval (Ovar, Sendim, Mealhada, Torres Vedras, Loul), da Gastronomia (Santarm,MirandadoCorvo,Mealhada),doCavalo(Goleg),daCinematografia(Porto,Espinho,ViladoConde),doVinho(Rgua,Cartaxo),doVinhodoPorto(Gaia,ValenadoDouro),daNoite(Matosinhos),etc

    O lazer importante quando o intuito a renovao dos espaos urbanos. Sabendose queapresentamgrandesclientelaspotenciais,asactividadesdelazersoutilizadascomoactividadesncora

    paraapopulao

    intra

    urbana

    epara

    apopulao

    alctone.

    A

    reconverso

    das

    frentes

    de

    gua

    (ribeirinhasoumartimas) tem sidoestruturadaem tornodeactividadeseespaos/lugares comumavertente ldica importante. Do mesmo modo, importante a criao de complexos intraurbanosmultifuncionaisemqueoselementosldicosestoencarregadosdereforaraatractividade: galeriasecentroscomerciais,palciosdecongressos,zonashoteleirasoudeespaosnovosconstrudosemtornodecentrosdelazerartificialmentecriados(complexosdesportivos,centrosde lazeres,planosdegua,marinas(Cazes,1992,170).

    Ainda no mbito da reconverso urbana, a recuperao da monumentalidade arquitectnica,integrada na valorizao dos centros histricos (como no caso de Sintra, de Viseu, de vora, deGuimares),funcionacomoumaatracoparaocidadodomundo,atravsdacriaodeumaimagemde qualidade que se transforma em modo de competio num mercado de mbito nacional,internacionalemundial.Defacto,mesmooturistaqueprocuraofimdomundotemumaimagemdesse

    fimdo

    mundo

    que

    pretende

    encontrar

    eque

    efectivamente

    caracteriza,

    ou

    apangio

    de,

    territrios

    especficos.ImportatambmaquiafirmarqueaimagemquenosoferecidaporSue(1997),dizendoqueo

    progressoacabariapornos libertardo trabalho foradoenosconduziriaparaumasociedadeondeohomemseriamais livrederealizarassuas necessidadessuperiores,necessidadessociais,espirituais,culturais ou estticas (Sue; 1997, 10), est, hoje, algo comprometida. Como diz Moth (1997),poderemosnsescapar regulamentaodo tempo livre?Serquepreciso comeara limitaraformacomoutilizamosonosso tempo livre?Efectivamente,assim.Os impactosassociadosao lazersoevidentes,especialmenteaquelesquedizemrespeitoaoturismo.Asociedadeprogramadatambmaquiestpresenteeotempolivrelimitadopelosrecursosfinanceirosslotambmpelalei,comasociedadedotempolivre,talcomonosfoiprometida,aimplicarumpreotoelevadoemconsumoderiquezaqueficarconfinadasclassesmdiasdospasesdesenvolvidos(Moth,1997,101e108).Este

    modelo

    de

    relao

    identifica

    um

    mundo

    segregado

    e

    onde

    a

    relao

    entre

    o

    proprietrio

    e

    o

    proletrio

    sedesenvolveagoraentreopagadordoservioeofuncionriodo lazer,porque,comoacontececomfrequncia,nasregiesmaispobresquesepodeencontraramelhorhotelariadomundo,osmelhoresserviosdeturismoealgunsdosmelhoresserviosdelazer.

    Na cidade, o processo de crescimento urbano, pela suburbanizao pela periurbanizao, tambm uma forma de difuso do lazer, uma vez que medida que o modo de vida urbano vaiconquistandooespaorural,talcomoacidadeconquistaoseuespao,ocomportamentodeconsumoentre os grupos aproximase (ZORRILLA, 1990: 91). O espao urbano, normalmente associado eorganizado em funo do trabalho, estruturase, ou expressase, em formas de lazer. Os grandesespaosverdes,dequeHowardnosfezherdeiros,osparquesdediversesetemticos,ascatedraisdosdesportos,dasculturasedas tecnologias,conjugamasua imponnciaarquitectnicaefuncionalcomnovasformasdeocupaodosespaosurbanos.Osreformadosnosjardins,osdesportistasdasruasdascidadesedosespaosverdes, o dandy,o Playboy, soprodutos tipicamenteurbanos.Hojeemdiaencontramos os yuppies, que implicam certas peculiaridades (Zorrilla Castrejana, 1990, 95). Naverdade,estesgrupos,facilmenteintegrveisemnovastribos,associadasadeterminadosestilosdevida

  • 8/10/2019 Lazer, Espaos e Lugares

    13/14

    (Clark,2003),sorelevadosporMaffesoli,quandoestevalorizaasrelaessociaisintensaseepisdicasque tomam lugar no seio da transparncia e neutralidade generalizada da sociedade psmoderna(Rojek, 1999). Estas relaes materializamse na cultura, no consumo e no lazer e baseiamse naefemeridade,na volatilidadedosdesejos,noecletismodas esferasdeaco.Neste sentido,osneotribalistas,ondeseincluemosyuppieseondeseincluramoshippies,gruposdereferncianapassagemdeumasociedadedeconsumodeumageraoparaoutra,representamtambmapassagemdemodos

    devida

    que

    valorizam

    aanttese

    eaoposio

    (no

    caso

    destes)

    para

    estilos

    de

    vida

    que

    se

    sustentam

    na

    complementaridade (noqueaosprimeirosdizrespeito).Estacomplementaridadesurgeprecisamentena relaoque seestabeleceentreo trabalhoeo lazer,atravsdasuperlativaodoespaourbanoenquantopalcodeaco.OempreendedorismodeRouse,quemarcouarevitalizaodemuitascidadesdependentedeparceriasentregovernoesectorprivado,veiovalorizaradesindustrializao,quelevou substituio do secundrio pelo sector dos servios, e promover a integrao dos yuppies queprocuram o centro, fogem dos subrbios e consideram o lazer como uma necessidade bsica. Esteprocesso de construo de uma imagem para a cidade, organizada em torno do trabalho e daresidncia,tornadasededemuitasdasactividadesdelazer,ganhaexpressividade,maisrecentemente,comosesforos,porvezesdesmesurados,deconstruir,difundirepromoveressaimagem,direccionadaprincipalmente aos turistas potenciais e menos aos habitantes permanentes; o intuito forjar umaidentidadeejustificarumsentimentodevaidade(Cazes,1996).

    Deuma

    maneira

    ou

    de

    outra,

    olazer

    continua

    na

    primeira

    linha

    da

    promoo

    urbana,

    tanto

    na

    definio do seu urbanismo eordenamento, como na identificao da sua reade influncia ou navalorizaodasuaintegraoemredesglobais.

    Bibliografia:

    Aubert, Nicole (2004) Que sommesnos devenus? Dossier Lindividu hypermoderne. Vers une mutationanthropologique.InSciencesHumaines,n154,Auxerre.

    Bassett, Caroline; WILBERT, Chris (1999) Where you want to go today (like it or not). Leisures practices incyberspace. In Leisure/tourism geographies. Practices and geographical knowledge. CriticalGeographies,Routledge.Londres.

    Cazes,George (1992) Fondementspour une geographie du tourisme et des loisirs. Amphi,Gographie, Bral,

    Rosny.

    Cazes,George;Potier,Franoise(1996)Letourismeurbain.Quesaisje?PUF.Paris.Clarke,DavidB.(2003)Theconsumersocietyandthepostmoderncity.Routledege,Londres.Corbin,Alain(2001)Histriadostemposlivres.Oadventodolazer.EditorialTeorema,Lisboa.(1edio1995).Couturier, Yves (2002). Les rflexivits de l'oeuvre thorique de Bourdieu: entre mthode et thorie de la

    pratique", Esprit critique, vol.4 n.3, Maro. Consultado na internet emhttp://www.espritcritique.org

    Cresswell,Tim(2004)Place.Ashortintroduction.ShortIntroductionstoGeography,BlackwellPublishing,UK.Crouch,David (1999) The intimacy and the expansionof space. In Leisure/tourism geographies. Practices and

    geographicalknowledge.CriticalGeographies,Routledge.Londres.Crouch, David (ed.) (1999) Leisure/tourism geographies. Practices and geographical knowledge. Critical

    Geographies,Routledge.Londres.Dumazedier,Joffre(1962)Versunecivilizationduloisir?Col.Points,ditionsSeuil,Paris.

    Dumazedier,

    Joffre

    (1966)

    Gographie

    du

    loisir.

    In

    Ggraphie

    Gnrale,

    Eds.

    Andr

    Journaux,

    Pierre

    Desfontaines

    e

    MarielJ.BrunhesDelamare.EnciclopdiedelaPliade.Galimard.Paris.Gama,Antnio (1988)Notaspara uma geografia do tempo livre. In Cadernos deGeografia,n7, Instituto de

    EstudosGeogrficos,Coimbra.Gama;Antnio;Santos,Norberto(1992)Tempolivre,lazeretercirio.InCadernosdeGeografia,n10,Instituto

    deEstudosGeogrficos,Coimbra.Gershuny, Jonathan (2003)Changing times.Workand leisure inpostindustrial society.OxfordUniversityPress.

    NovaYork.(1edio2000).Gronow,Jukka(1997)Thesociologyoftaste.Routlege,Londres.Jardin,Evelyne(2001)Lesgrandsquestionsdenotretemps.InSciencesHumaines,HorsSerie,n34,Auxerres.Jenkins,Richard(1996)Socialidentity.KeyIdeias.Routledege,Londres.Kwiatkowska,Ada(1999)Nomadicsymbolicandsettlerconsumer leisurepractices inPoland. inLeisure/tourism

    geographies.Practicesandgeographicalknowledge.CriticalGeographies,Routledge.Londres.Lefbvre,Henri(1974) Laproductiondelespace.Gallimard,Paris.

    LuisGmez,

    Alberto

    (1988)

    Aproximacin

    histrica

    al

    estdio

    de

    la

    geografia

    del

    cio.

    Anthropos,

    Editorial

    de

    l

    Hombre,Barcelona.

  • 8/10/2019 Lazer, Espaos e Lugares

    14/14

    Mackay,Hugh (1997) Consumptionandeveryday life.Culture,mediaand identities.TheOpenUniversity,SagePublications,Londres.

    Moth,Daniel(1997)Lutopiedutempslibre.SrieSocit,ditionsEsprit,LeSeuil,Paris.Nielsen,NielsKayser (1999)Knowledgebydoing.Homeand identity inabodilyperspective. InLeisure/tourism

    geographies.Practicesandgeographicalknowledge.CriticalGeographies,Routledge.Londres.Parker,Stanley(1978)Asociologiadolazer.ZaharEditores,RiodeJaneiro.(1edio1976).Patmore,J.Alan(1983)Recreationandresources.Leisurepatternsandleisureplaces.BasilBlackwell,Oxford.Philips,

    Deborah

    (1999)

    Narrativised

    spaces.

    The

    functions

    of

    story

    in

    the

    theme

    park.

    In

    Leisure/tourism

    geographies.Practicesandgeographicalknowledge.CriticalGeographies,Routledge.Londres.Pinto,Accio(2004)Turismoemespaorural.Motivaeseprticas.HolandesesemFerreiradeAves.Sto.Col.

    RaizdoTempo,PalimageEditores,Viseu.Potier,Francoise(1997)Lesmtamorphosesdutourisme.InSciencesHumaines,n73,Junho,Auxerre.Ravenscroft, Neil (1999) Hyperreality in the official (re)construction of leisure sites in Leisure/tourism

    geographies.Practicesandgeographicalknowledge.CriticalGeographies,Routledge.Londres.Rojek,Chris(1999)Decentringleisure.Rethinkingleisuretheory.SagePublications,Londres.(1edio1995).Santos, Norberto Pinto (2001)A sociedade de consumo e os espaos vividospelasfamlias.A dualidade dos

    espaos, a turbulncia dos percursos e a identidade social. Edies Colibri. Centro de EstudosGeogrficosdaUniversidadedeCoimbra,Lisboa.

    Silvano,Filomena((2002)Antropologiadoespao.Umaintroduo.CeltaEditora.Oeiras.(1edio2001).Sue,Roger(1997)Larichessedeshommes.Verslconomiequaternaire.EditionsOdileJacob,Paris.

    Urry,John

    (1995)

    Consuming

    Places.

    The

    International

    Library

    of

    Sociology.

    Routledge,

    Londres.

    Urry,John (1999) Sensing leisureplaces. InLeisure/tourism geographies.Practicesandgeographicalknowledge.CriticalGeographies,Routledge.Londres.

    ZorrillaCastrejana,Restituto(1990)Elconsumodelcio.Unaaproximacina lateoriadeltiempo librdesde laperspectivadelconsumo.ServicioCentraldePublicaciones,GobiernoVasco.Vitoria.