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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU AVM FACULDADE INTEGRADA EDUCADORES E NEUROCIÊNCIA: UM ESTUDO SOBRE O PROCESSO DE ENSINO APRENDIZAGEM Por: Carolina Duarte Ferreira Orientador Prof. Marta Pires Relvas Rio de Janeiro 2015 DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

AVM FACULDADE INTEGRADA

EDUCADORES E NEUROCIÊNCIA: UM ESTUDO SOBRE O

PROCESSO DE ENSINO APRENDIZAGEM

Por: Carolina Duarte Ferreira

Orientador

Prof. Marta Pires Relvas

Rio de Janeiro

2015

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

AVM FACULDADE INTEGRADA

EDUCADORES E NEUROCIÊNCIA: UM ESTUDO SOBRE O

PROCESSO DE ENSINO APRENDIZAGEM

Apresentação de monografia à AVM Faculdade

Integrada – Universidade Candido Mendes, como

requisito parcial para obtenção do grau de

especialista em Neurociências Pedagógicas.

Por: Carolina Duarte Ferreira

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AGRADECIMENTOS

À Deus, à minha família, que sempre

me apoiou, à amiga Janaína por todo o

apoio dado neste processo, à grande

educadora, mulher, profissional e

mestre Sônia Reis e à Marta Pires

Relvas, que muito me ensinou através

de sua humildade e sabedoria.

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho a todos aqueles

educadores que, assim como eu,

procuram fazer a diferença dentro e fora

de sala de aula, observando cada um de

seus alunos e respeitando suas

particularidades.

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Referência Bibliográfica

FERREIRA, Carolina Duarte. Educadores e Neurociência: um estudo

sobre o processo de ensino aprendizagem. 2015. Trabalho de

Conclusão no Curso de Pós – Graduação, LATO SENSU, Especialização,

Neurociência Pedagógica – Universidade Candido Mendes, AVM Faculdade

Integrada. Rio de Janeiro.

Palavras-chave: neurociência; profissional do século XXI; prática

pedagógica

RESUMO

O presente trabalho aborda o tema “Educadores e Neurociência: um

estudo sobre o processo de ensino aprendizagem”, mostrando sua

importância e funcionalidade no cotidiano da sala de aula, nas relações

humanas e nos dias atuais. Atualmente, algumas pessoas com uma ideia

errônea do que é a neurociência não entendem como esta pode contribuir

para o ensino e aprendizagem dos alunos em seu processo cognitivo e na

prática pedagógica do professor. O objetivo deste estudo é desenvolver

uma reflexão que permita abrir os horizontes do leitor, a fim de que este

possa analisar criticamente a postura desse profissional em sala de aula,

sua formação e se o mesmo encontra-se preparado para o avanço da

tecnologia.

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METODOLOGIA

O presente trabalho será pesquisa bibliográfica baseada em livros. Os autores

pesquisados serão Marta Pires Relvas, Robert Lent, Antônio Damásio, Iana

Muniz, Ramon Cosenza e Leonor Guerra, Maurício Apolinário, José Valente,

Maria Elizabeth Almeida, Gazzaniga, Kandel e Pedro Morales. Não haverá

pesquisa de campo.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I - Princípios da Neurociência 09

CAPÍTULO II - Neurociência e Educação 19

CAPÍTULO III – O Educador do Século XXI 30

CONCLUSÃO 41

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 42

ÍNDICE 44

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INTRODUÇÃO

O presente trabalho tem como proposta analisar o processo de ensino

aprendizagem à luz da Neurociência. Para isso, se fez preciso trazer à tona os

estudos neurocientíficos, com o intuito de entender a dinâmica do

funcionamento cerebral.

No capítulo 1, foram abordados os princípios básicos da Neurociência e

suas nomenclaturas; o funcionamento de cada região cerebral; o que é

plasticidade e os seus benefícios e, por fim, como se dá o processo de

formação do conhecimento.

No capítulo 2, foi explorado como a Neurociência pode ser uma grande

aliada no processo educacional, explicando como o cérebro aprende, como

armazena a memória de curto, médio e longo prazo; a diferença de sinapses

químicas para sinapses elétricas e a abordagem sobre os neurotransmissores.

O capítulo 3, tem por objetivo traçar o perfil ideal do educador do século

XXI, pois alguns docentes ainda permanecem engessados nos moldes de

ensino educacional tradicional. O capítulo em questão vem trazer os estudos

neurocientíficos como essenciais na formação dos professores, visto que se

faz preciso que este profissional assuma a postura de mediador e não de um

mero transmissor de conteúdos.

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CAPÍTULO I PRINCÍPIOS DA NEUROCIÊNCIA

O conceito da Neurociência pode ser explicado através da classificação dos diferentes estudos realizados dentro desta ciência. Sendo assim, é possível chamá-la de Neurociências, utilizando o plural para descrever as cinco disciplinas inseridas: neurociência molecular, neurociência celular, neurociência sistêmica, neurociência comportamental e neurociência cognitiva. (LENT, 2010, p. 6)

Um termo pouco conhecido que vem ganhando força é a Neurociência,

um campo do conhecimento em fantástica evolução. Segundo Kandell et al.

(2014,p. 35) :

Durante a segunda metade do século XX, o foco central da biologia foi o gene. Agora, na primeira metade do século XXI, o foco deslocou-se para as neurociências e especificamente para a biologia da mente. É necessário entender os processos pelos quais os seres humanos percebem, agem, aprendem e lembram.

O cérebro adora aprender com imagens, sons e movimentos. Os seres

vivos se relacionam com o meio no qual estão inseridos. Como sobrevivência

neste meio, estas interações e identificações, das características

posteriormente vivenciadas, produzem respostas adaptativas.

O órgão mais importante do sistema nervoso central é o cérebro. É por

meio dele que se dá a consciência das informações. Esta chega pelos órgãos

dos sentidos, onde são processadas estas informações, comparadas às

vivências e expectativas. Além disso, o cérebro também é responsável por

originar as respostas voluntárias ou involuntárias, fazendo com que o corpo,

provavelmente, intervenha sobre o ambiente. (COSENZA-GUERRA, 2011)

Os presentes autores contextualizam essas descobertas da

neurociência quando dizem que:

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Hipócrates, considerado o pai da medicina, já afirmava, há cerca de 2.300 anos, que é através do cérebro que sentimos tristeza ou alegria, e é também por meio de seu funcionamento que somos capazes de aprender ou de modificar nosso comportamento à medida que vivemos. Da mesma forma, os processos mentais, como o pensamento, a atenção ou a capacidade de julgamento, são frutos do funcionamento cerebral. Tudo isso é feito por meio de circuitos nervosos, constituídos por dezenas de bilhões de células, que chamamos de neurônios. Durante a evolução dos animais, essas células se especializaram na recepção e na condução de informações e passaram por um processo de organização, no qual foram formando cadeias cada vez mais complexas. Esse arranjo acabou por ser capaz de executar as atividades a que nos referimos de uma forma que só agora as neurociências estão nos permitindo compreender. Desde a época dos antigos romanos até o século XVIII acreditava-se que o cérebro funcionava por intermédio de espíritos, que eram gerados no interior do organismo. Pensava-se que os nervos eram canais por onde circulava essa substância espiritual que se movia sob o comando do cérebro. As próprias células nervosas, que são responsáveis pelas funções do sistema nervoso, somente vieram a ser conhecidas em um passado bem mais recente, e a maneira como funcionam só pôde ser compreendida no princípio do século XX. Hoje, sabemos que os neurônios processam e transmitem a informação por meio de impulsos nervosos que os percorrem ao longo de toda a sua extensão. Além disso, temos conhecimento de que o impulso nervoso tem uma natureza elétrica, pois é constituído de alterações na polaridade elétrica da membrana que reveste essas células. Um neurônio pode disparar impulsos seguidamente, dezenas de vezes por segundo. Mas a informação, para ser transmitida para uma outra célula, depende de uma estrutura que ocorre geralmente nas porções finais do prolongamento neuronal que leva o nome de axônio. Esses locais, onde ocorre a passagem da informação entre células, são denominados sinapses, e a comunicação é feita pela liberação de uma substância química, um neurotransmissor. [...] O neurotransmissor, liberado na região das sinapses, atua na membrana da outra célula (membrana pós – sináptica) e aí pode ter dois efeitos: vai excitá-la de forma que impulsos nervosos sejam disparados por ela, ou poderá dificultar o início de novos impulsos nervosos, pois muitos neurotransmissores são inibitórios. As sinapses, portanto, são os locais que regulam a passagem de

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informações no sistema nervoso. [...] As conexões sinápticas dos bilhões de células presentes em nosso sistema nervoso são em número incalculável. Um neurônio normalmente pode estabelecer sinapses com centenas de outros neurônios ao mesmo tempo em que recebe informações vindas de outras células. Sua resposta a esses influxos vai depender do equilíbrio de ações sinápticas excitatórias e inibitórias que recebe num determinado momento, o que vai influenciar, por sua vez, outras células próximas ou distantes, dependendo dos circuitos dos quais ele participa. Outro fato digno de nota é que a maioria dos axônios encontrados em nosso sistema nervoso tem um envoltório de mielina. O axônio é prolongamento através do qual o neurônio conduz a informação que eventualmente será transmitida a outras células, sendo a velocidade dessa condução um dado importante. [...] A bainha de mielina é formada por células auxiliares (no sistema nervoso, além dos neurônios, encontramos células auxiliares, que em conjunto levam o nome de neuróglia, ou células gliais (glia=cola). Um tipo especial dessas células é responsável pela formação da mielina) que se enrolam ao longo da fibra nervosa, ou axônio. As fibras mielinizadas podem ser mais eficientes, pois os axônios que possuem esse envoltório conduzem a informação em uma velocidade até 100 vezes maior do que uma fibra que não seja mielínica. Se um cérebro humano é seccionado e examinado, seja a fresco, ou seja, fixado por uma substância conservadora, geralmente somos capazes de identificar áreas onde se localizam fibras mielinizadas, a substância branca (a mielina é formada em grande parte de uma substância gordurosa), e áreas onde se encontra um predomínio de corpos de neurônios, a substância cinzenta. A porção externa do cérebro é constituída por uma camada de substância cinzenta conhecida como córtex cerebral. O córtex cerebral contém bilhões de neurônios organizados em circuitos bastante complexos que se encarregam de funções como a linguagem, a memória, o planejamento de ações, o raciocínio crítico, etc. Essas capacidades, que são características da espécie humana, costumam ser chamadas de funções nervosas superiores. (COSENZA – GUERRA, 2011, p. 11, 12,13, 15 e 16).

Relvas (2012) reitera dizendo que somos a única espécie que traz um

potencial cognitivo de aprender, de solucionar problemas e de comunicar-se.

Porém, ainda existem dúvidas sobre o tema estudado. A autora define

neurociência como:

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[...] um campo de estudo entre Anatomia, Biologia, Farmacologia, Fisiologia, Genética, Patologia, Neurologia, Psicologia, Psiquiatria, Química, Radiologia e os vislumbrados estudos inerentes à educação humana no ensino e aprendizagem [...] (p.34).

Percebe-se que o cérebro humano é diferente de uma pessoa para a

outra, e a inteligência, é construída de modos distintos? “A inteligência se

parece com as lâmpadas que servem para iluminar. Para isso, são dotadas de

potências e de iluminação diferentes.” (RELVAS, 2010, p. 13).

Conforme avança a tecnologia, os estudos acerca do cérebro ainda são

um mistério. Segundo Relvas (2009):

O século XX foi notável para o estudo do cérebro. Verdadeira “caixa preta” para a compreensão do seu funcionamento, o cérebro pode afinal ser despido e visto como podemos, através dos raios X. Dispondo do eletroencefalograma, apareceram extraordinárias “ferramentas” que permitem os avanços no estudo da atividade cerebral in vivo. Técnica conhecida como Positron Emission Tomography possibilita marcar o oxigênio e a glicose, permitindo ao cientista acompanhar seus passos “cérebro adentro”. Por essa técnica, é possível discriminar as áreas cerebrais em pessoas com atividades diferentes. Mal comparado, é como se pequenas luzes de fliperama acendessem em pontos do cérebro na leitura de um texto e, em outros, nas emoções. Existe o Magnetic Ressonance Imaging que mede mudanças de concentração do oxigênio no sangue que irriga o cérebro que é transmitido por proteína com teor magnético. Propriedades, monitoradas por ondas de rádio com sinais, revelam regiões mais ativas nessa ou outra função. Resultados obtidos por essas e outras técnicas extraordinárias inauguram nova era da Neurociência, trazendo concepções sobre ação cerebral, fazendo brotar teorias jamais sonhadas para estudo da cognição, memória etc. A Medicina, sem dúvida, está desvendando segredos profundos da amnésia e da incapacidade de reconhecimentos de rostos, realizar operações matemáticas e muitas outras

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disfunções. Não só a Medicina ganha com esse mergulho da ciência na mente humana mas também a educação. O cérebro sempre foi o órgão essencial à aprendizagem. Educar sempre foi estimular, animar etc. “Acordar” a mente. O cérebro humano constitui-se em dois hemisférios cerebrais: esquerdo e direito. O hemisfério esquerdo controla o lado direito do corpo, e o hemisfério direito controla o lado esquerdo. Cada hemisfério divide-se em lobo frontal, lobo parietal, lobo occipital e lobo temporal. Os dois hemisférios cerebrais eram vistos como dois irmãos: um ativo, dinâmico e falante e outro tolo e mudo. Em 1950, verificou-se que, mesmo separando-se os dois hemisférios, estes continuavam a funcionar independentemente. Em 1960, percebeu-se que o hemisfério direito era mudo, mas não tolo. O esquerdo é resumidamente verbal e analítico. O direito é rápido, complexo, espacial, perceptivo e configuracional. Nosso cérebro é duplo, portanto necessita receber estímulos específicos. O hemisfério direito exalta a liberdade de aceitar informações, sem preocupações analíticas. A atenção desliza com rapidez, detendo-se diante de uma nova ideia apenas o tempo necessário. Não existe nada que seja unicamente regulado por um dos hemisférios. (p.33, 34 e 35)

Neste momento de constantes avanços tecnológicos (técnicas, exames

modernos, dentre outros), é de suma importância afirmar que toda essa

tecnologia pode ser utilizada para acrescentar e ajudar na educação, mas o

seu uso deve ser bem discutido e planejado.

Quando uma pessoa sente fome o cérebro avisa, pois o corpo humano

é uma máquina, visto que, ele aprende através das sinapses, quando um

neurônio é ativado, e produz um impulso. Segundo Relvas (2009):

A célula nervosa, ou simplesmente, neurônio, é o principal componente do sistema nervoso. Considerada sua unidade anatomofisiológica, estima-se que, no cérebro humano, existam aproximadamente 100 bilhões destas células, responsáveis por todas as funções do sistema.

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Existem diversos tipos de neurônios, com diferentes funções, dependendo da sua localização e da estrutura morfológica, mas, em geral, constituem-se dos mesmos componentes básicos: 1. o corpo do neurônio é constituído de núcleo e pericárdio, que dá suporte metabólico a toda célula; 2. o axônio (fibra nervosa) é um prolongamento único e grande que aparece no soma. É responsável pela condução do impulso nervoso para o próximo neurônio, podendo ser revestido ou não por mielina (bainha axonial), célula glial especializada; e 3. os dendritos que são prolongamentos menores em forma de ramificações (arborizações terminais) que emergem do pericárdio e do final do axônio, sendo, na maioria das vezes, responsáveis pela comunicação entre os neurônios por meio das sinapses. Basicamente, cada neurônio possui uma região receptiva e outra condutora da sinalização. [...] A sinapse é a estrutura dos neurônios pela qual ocorrem os processos de comunicação entre os mesmos, ou seja, onde ocorre a passagem do sinal neural (transmissão sináptica) por meio de processos eletroquímicos específicos, isso graças a certas características particulares da sua constituição. Em uma sinapse, os neurônios não se tocam, permanecendo um espaço entre eles denominado fenda sináptica, onde um neurônio pré- sináptico liga-se a um outro denominado neurônio pós –sináptico. O sinal nervoso (impulso), que vem por meio do axônio da célula pré – sináptica, chega à sua extremidade e provoca na fenda a liberação de neurotransmissores depositados em bolsas chamadas de vesículas sinápticas. Este elemento químico se liga quimicamente a receptores específicos do neurônio pós-sináptico, dando continuidade à propagação do sinal.

Um neurônio pode receber ou enviar entre 1.000 a 100.000 conexões sinápticas em relação a outros neurônios, dependendo de seu tipo e localização no sistema nervoso. O número e a qualidade das sinapses em um neurônio podem variar, entre outros fatores, pela experiência e aprendizagem, demonstrando a capacidade plástica do Sistema Nervoso. (p.38 e 40).

Os neurotransmissores podem ser excitatórios ou inibitórios, o

glutamato, um tipo de neurotransmissor, consolida a memória em 75 % das

sinapses; gaba, trabalha com a sintonia fina e coordenação dos movimentos

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em 25 % das sinapses; dopamina, equilibra os níveis de estimulação, controle

motor e sensação de prazer; noradrenalina, atua na atenção e alerta; serotina,

na percepção e sensação de satisfação e, por último, a acetilcolina, vital para

atenção, aprendizado e memória. (RELVAS, 2009).

Entendendo nossos sentidos, é possível perceber que os agentes

externos interferem na formação do nosso sistema semântico. Ratificando isto,

Damásio (2012) diz que:

[...] se o corpo e o cérebro interagem intensamente entre si, o organismo que eles formam interage de forma não menos intensa com o ambiente que o rodeia. Suas relações são mediadas pelo movimento do organismo e pelos aparelhos sensoriais. O ambiente deixa sua marca no organismo de diversas maneiras. Uma delas é por meio da estimulação da atividade neural dos olhos (dentro dos quais está a retina), dos ouvidos (dentro dos quais está a cóclea, um órgão sensível ao som, e o vestíbulo, um órgão sensível ao equilíbrio) e das miríades de terminações nervosas localizadas na pele, nas papilas gustativas e na mucosa nasal. As terminações nervosas enviam sinais para pontos de entrada circunscritos no cérebro, os chamados córtices sensoriais iniciais da visão, da audição, das sensações somáticas, do paladar e do olfato. Imagine – os como uma espécie de porto seguro onde os sinais podem chegar. Cada região sensorial inicial (os córtices visuais iniciais, os córtices auditivos iniciais etc.) é um conjunto de áreas diversas, existindo uma intensa sinalização cruzada dentro desses agregados. (p.97).

Contudo, os teóricos Cosenza & Guerra, alertam para o fato de que nem

todos esses agentes externos se tornam sensíveis à este tipo de energia

captada pelos receptores específicos:

[...] os nossos sentidos se desenvolveram para que pudéssemos captar a energia presente no ambiente, embora saibamos que, das muitas formas de energia que nos rodeiam, somos sensíveis a apenas algumas, para as quais possuímos os receptores específicos. Tomemos como exemplo a visão, que dentre os nossos sentidos, costuma ser o mais importante. A luz é uma forma de energia eletromagnética, encontrada em uma ampla faixa de frequências. Contudo, somos capazes de ver apenas uma pequena fração dessas frequências. As ondas

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radiofônicas, ou os raios - X, que podem mostrar o interior do corpo, também são energia eletromagnética, mas não visíveis, pois não temos receptores para a sua faixa de frequência. Um outro exemplo seria o dos daltônicos, que não são capazes de distinguir certas cores porque não possuem os receptores que permitiram essa distinção. De forma semelhante, muitas outras formas de energia presentes em nosso ambiente não afetam os nossos sentidos, embora possam ser percebidas por outros animais que tenham os receptores capazes de percebê-las. Os processos sensoriais começam sempre nos receptores especializados em captar um tipo de energia. Neles tem início um circuito, em que a informação vai passando de uma cédula a outra, até chegar em uma área do cérebro, geralmente no córtex cerebral, responsável por seu processamento. (COSENZA – GUERRA, 2011, p.17).

O sentido mais apurado é a visão. Cada uma das áreas do córtex

cerebral controla uma atividade específica. Todos esses setores são

interdependentes e também responsáveis por nossas ações racionais, assim

como, pelos pensamentos e as respostas voluntárias aos estímulos ambientais

(RELVAS, 2009). A mesma autora explica sobre as áreas associativas do

Córtex:

[...] Lobo Frontal – responsável pela elaboração de pensamento, planejamento, programação de necessidades individuais e emoção. Lobo parietal – responsável pela sensação de dor, tato, gustação, temperatura, pressão. Estimulação de certas regiões deste lobo em pacientes conscientes produz sensações gustativas. Também está relacionado com a lógica matemática. Lobo temporal – é relacionado primariamente com o sentido de audição, possibilitando o reconhecimento de tons específicos e intensidade do som. Tumor ou acidente afetando esta região provoca deficiência de audição ou surdez. Esta área também exibe um papel no processamento da memória e da emoção. Lobo occipital – responsável pelo processamento da informação visual. Danos nesta área promovem cegueira total ou parcial. Lobo límbico (ao redor da junção do hemisfério cerebral e tronco encefálico) – está envolvido com aspectos de

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comportamento emocional e sexual e com o processamento da memória. (p.42 e 43).

Estudos mostram que a neurogênese é a formação de novos neurônios,

se não houver estímulo, não haverá tal formação, pois qualquer mudança que

ocorra no cérebro é feita por estímulos – plasticidade cerebral. Já uma dor no

membro fantasma se dá, por exemplo, quando uma pessoa amputa a perna e

esta área no cérebro é “desativada”, deste modo, outros neurônios “invadem”

esta área, estimulando-a novamente, e a pessoa volta a sentir dor, pois a área

da dor foi estimulada sem ter o órgão. Isto se chama plasticidade neuronal

(RELVAS, 2009).

É de suma importância dizer que todo aprendizado é uma forma de

plasticidade. Este processo pode ser iniciado, quando algumas informações

não utilizadas pelos neurônios, à eles associados, fazem com que estes

mesmos neurônios busquem outras informações para controlar novas funções

(RELVAS, 2009).

Segundo a autora:

[...] plasticidade cerebral é a capacidade de o sistema nervoso alterar o funcionamento do sistema motor e perceptivo baseado em mudanças no ambiente, por meio da conexão e da (re) conexão das sinapses nervosas, organizando e (re) organizando as informações dos estímulos motores e sensitivos. (RELVAS, 2009, p.16)

Contudo, a neurociência mostra que esta capacidade neuronal de

reconstruir e resignificar aprendizados e conceitos é mais comum em crianças,

uma vez que, nestas o sistema nervoso está em pleno desenvolvimento e,

portanto, é mais plástico do que o de uma pessoa adulta. Por isso, é

imprescindível que no processo educativo as metodologias pedagógicas

utilizadas pelo professor devam englobar a maior gama de instrumentos

possíveis para que a aprendizagem aconteça de uma forma mais completa

(RELVAS,2009)

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Nos primórdios dos estudos em neurociência, julgava-se que o cérebro

não possuía a capacidade de regeneração, sendo assim, não formava novas

sinapses e, por conseguinte, não havia novas conexões neuronais. Hoje em

dia, com as descobertas da neurociência, viu-se que o cérebro está em

constante mudança e que esta é favorável para o desenvolvimento humano.

Chama-se este processo, onde a plasticidade dispara um mecanismo pelo qual

o cérebro remodela-se para aprender a se sentir melhor – ou onde pode ser

induzido a se auto-reparar para pensar – de autopoiese humana (RELVAS,

2009).

A presente autora nos explica como os estímulos ajudam no

desenvolvimento de competências e habilidades:

[...] Ao criar algumas condições favoráveis para esses estímulos, os aprendentes têm mais possibilidade de desenvolver competências e habilidades (capaz de saber e fazer) quanto à musicalidade, ao raciocínio lógico – matemático, à inteligência espacial, à inteligência cinestésica (motricidade). Quanto às emoções, o equilíbrio psicológico depende de exercícios mentais e motores, realizados nos primeiros minutos de existência, que se estendem até a adolescência, além de estimular e fortalecer conexões do sistema límbico. O estímulo certo, na hora certa, pode proporcionar a capacidade de controlar emoções e realizar movimentos afetivos com o corpo, não se desapropriando da razão. (RELVAS, 2009, p. 17).

Partindo do pressuposto que a neurociência, dentre outros fatores,

estuda o processo de formação do conhecimento através do funcionamento

neuronal, como estes estudos neurocientíficos podem contribuir para as

melhorias no processo educacional? A formação de professores engloba estes

estudos? A escola, na atualidade, está preparada para atender á diversidade

do corpo discente? Quais seriam as maneiras mais eficazes de executar o

processo educacional? Estas perguntas impulsionam o estudo a seguir.

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CAPÍTULO II

NEUROCIÊNCIA E EDUCAÇÃO.

Nosso cérebro pode nos ajudar a realizar praticamente qualquer coisa

que desejarmos. De que forma ele pode ser um aliado no processo

educacional?

[...] O cérebro humano possui cerca de 100 bilhões de neurônios que podem estabelecer milhares de sinapses e, por isso, a capacidade de aprender é ampla. A plasticidade é importante na aprendizagem, pois as áreas do cérebro que são destinadas à função especifica podem assumir outras funções quando necessárias, além da interdisciplinaridade cerebral, quando o conhecimento de uma área é aproveitado em outra área. Por exemplo: o ritmo que é desenvolvido por uma música é aproveitado na leitura, na escrita e nos conceitos matemáticos. A aprendizagem se dá pela criação de novas memórias e pela ampliação das redes neuronais que armazenam o que já foi trabalhado, por meio das aprendizagens de conceitos e das metodologias que irão formar ou ampliar estas memórias. (RELVAS, 2010, P. 35).

Relvas (2010) afirma que o processo de aprendizagem a partir da

neuroplasticidade neuronal se dá:

HABITUAÇÃO: as respostas de um determinado estímulo diminuem à medida que este ocorre repetidamente. Nesta situação, o influxo de íons de Ca diminui, diminuindo, assim, os neurotransmissores na membrana pré-sináptica, liberando um estímulo fraco na membrana pós- sináptica.

SENSIBILIZAÇÃO: nesta situação, o influxo de íons de Ca aumenta, aumentando, assim, os neurotransmissores na membrana pré-sináptica. CONDICIONAMENTO CLASSICO: ocorre a associação de estímulos. O estimulo incondicionado (EI) é apresentado e ocorre a resposta incondicionada (RI). Quando um outro estímulo, no caso neutro (EM), é relacionado ao (EI), provoca

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uma resposta semelhante à RI, só que denominada como resposta condicionada (RC). CONDICIONAMENTO OPERANTE: associação entre estímulo e comportamento. Ocorre quando as respostas a um estímulo aumentam ou diminuem ao serem desempenhadas. Se as respostas forem positivas para os sujeitos, vão ocorrer com mais frequência; se forem negativas para os sujeitos, vão ocorrer com menor frequência. Para que o sujeito armazene informações, é necessário que ocorram modificações permanentes nas sinapses das redes neurais de cada memória e, para a evocação de uma memória, é necessária a reativação de redes sinápticas de cada memória armazenada. É bom lembrar que as emoções, os níveis de consciência e o estado de ânimo podem inibir estes processos. A aprendizagem e a memória necessitam de mecanismos neuronais mediados pelas sinapses nervosas. Estas sinapses podem ser afetadas por estímulos neuropsicológicos, eletrofisiológicos, farmacológicos e a genética molecular, que determinam alterações nos circuitos cerebrais [...]. (p.36 – 37)

Relvas (2010) explica a importância da plasticidade cerebral para o

processo de ensino e aprendizagem.

[...] Como o sistema nervoso de uma criança em desenvolvimento é mais plástico que o de um adulto, é muito importante a atuação correta e eficaz na estimulação da plasticidade para favorecer a máxima da função motora/sensitiva do aprendiz, visando facilitar o processo de aprender a aprender no cotidiano escolar. Assim que nascemos, diversos processos são desencadeados no desenvolvimento das atividades do nosso cérebro. Apesar de um recém- nascido possuir aproximadamente um quarto da massa cerebral de um adulto, ele já possui quase todos os neurônios que precisará por toda a sua vida. Os primeiros anos de vida da criança são fundamentais para o seu desenvolvimento. Cada experiência nova, cada contato realizado na época própria possibilita as conexões sinápticas e cria condições favoráveis para o surgimento de determinadas competências e facilidades, como as descritas por Howard Gadner em seus estudos sobre a Inteligência: cinestésica, espacial, linguística, musical, lógico-matemática etc., além de proporcionar à criança a capacidade de controlar suas emoções ao longo de sua vida.

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Antigamente pensava-se que o cérebro de um adulto maduro era semelhante a um computador, permanecendo estável e imutável, com memória e capacidade fixa. Atualmente, os estudos da Neurociência descobriram que o cérebro muda durante a vida e que esta mudança é benéfica. [...] As emoções e o equilíbrio psicológico dependem do exercício cerebral realizado nos primeiros minutos de existência e se estende até a adolescência, além de estimular e fortalecer conexões do Sistema Límbico. Outro fator importante no processo de aprendizagem é a memória, pois ela é a base de todo saber e da existência humana desde o nascimento. A memória tem sua origem etimológica no Latim e significa a faculdade de reter e/ou readquirir ideias, imagens, expressões e conhecimento. É o registro de experiências e fatos vividos e observados, podendo ser resgatados quando preciso. A partir destas definições, podemos entender que a memória é a base da aprendizagem, pois, como as experiências que possuímos armazenadas na memória, temos a oportunidade e a habilidade de mudar o nosso comportamento. A memória é uma das funções mais importantes do cérebro, está ligada ao aprendizado e à capacidade de repetir acertos e evitar erros. É a reprodução mental das experiências captadas pelo corpo por meio dos movimentos e dos sentidos. É também a capacidade de planejamento, abstração, julgamento crítico e atenção. (p. 38, 39 e 40)

Sabendo-se que a base do aprendizado é a memória, se faz preciso entender

como se dá o processo de formação desta no sistema nervoso central. Quando

conversamos com alguém, estamos nos influenciando com alterações na

nossa estrutura cerebral ao nos lembrarmos dela. Existem enormes variações

disso. Quando vivemos, falamos e relembramos algo, modificações

anatômicas ocorrem em nosso cérebro.

A memória é a cola que liga a nossa vida mental. Torna possível que eu

me lembre do que fiz nesta manhã, do que fiz na semana passada, do que fiz

há 6 anos. Ela nos permite dar continuidade à nossa vida. É a característica

fundamental da nossa vida mental. Sem memória não haverá nada. (Kandel)

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Os indivíduos são o que suas histórias representam para eles. As

memórias dizem muito sobre quem foi ou quem é uma determinada pessoa.

Através de suas histórias o ser humano pode aprender, como se verificasse

num banco de dados, o que representa ou não perigo ou felicidade, por

exemplo, através do reconhecimento de antigas vivências. Portanto, a memória

também pode atuar como um agente protetor do indivíduo, uma vez que,

quando estamos em estado de alerta, a amigdala é ativada e são disparados

impulsos elétricos para os nossos neurônios, que se comunicam através das

sinapses.

A professora Marta Relvas (2009) afirma que:

O termo memória tem sua origem etimológica no latim e significa a faculdade de reter e/ou readquirir ideias, imagens, expressões e conhecimento. É o registro de experiências e fatos vividos e observados, podendo ser resgatados quando preciso. Isso faz com que a memória seja a base para aprendizagem, pois, com as experiências que possuímos armazenadas na memória, temos a oportunidade e a habilidade de mudar o nosso comportamento, ou seja, a aprendizagem é a aquisição de novos conhecimentos, e a memória é a fixação ou a retenção desses conhecimentos adquiridos. Para se construir a memória, passamos por um processo de assimilação. E é por meio desse processo que enviamos as informações para a memória de curta ou de longa duração. Neste momento, o hipocampo é ativado. O hipocampo ajuda a selecionar onde os aspectos importantes para fatos, eventos serão armazenados e está envolvido também com o reconhecimento de novidades e com as relações espaciais, tais como: o reconhecimento de uma rota rodoviária; é ele que filtra os dados, usa e joga fora informações de curto prazo e se encarrega de enviar outras para diferentes partes do córtex cerebral. Essas informações se envolvem em uma verdadeira “sopa química” que passa a provocar “intercâmbio” entre os neurônios. Nesta fase, o hipocampo, descansa e quem passa a trabalhar é o lobo frontal. O lobo frontal funciona como um “coordenador geral” de todas as memórias e é responsável pela guarda das informações, bem como de classificá-las de acordo com seus diferentes tipos. Nessa área cerebral, as diferentes memórias se completam dando origem ao raciocínio.

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É o lobo frontal que acessamos quando “vasculhamos” nossa memória à procura de informações guardadas no córtex. Essa parte do cérebro é extremamente complexa e, por isso, bastante sensível. A idade, a depressão, o estresse e também, a sobrecarga de informações afetam a nossa memória. O volume de informações sobrecarrega o lobo frontal, que, em muitos momentos, nos “desligam” ou geram “brancos” que tantas vezes nos desesperam. A memória não está localizada em uma estrutura isolada no cérebro: ela é um fenômeno biológico e psicológico, envolvendo uma aliança de sistemas cerebrais que funcionam juntos. O processo de memorização é complexo, envolvendo sofisticadas reações químicas, e circuitos interligados de neurônios. As células nervosas ou os neurônios, quando são ativadas, liberam hormônios ou neurotransmissores que atingem outras células nervosas por meio de ligações denominadas sinapses.

Quanto mais conexões, mais memória!

Os fatos antigos naturalmente têm mais tempo de se fixar em nosso banco de dados e é daí sua melhor fixação, o que não ocorre com fatos recentes, que têm pouco tempo para se fixarem e ainda podem ter sua capacidade de fixação alterada por razões relacionadas a variações de estado emocional ou a problemas de ordem física. Cada célula cerebral (ou neurônio) contribui para o comportamento e para a atividade mental, conduzindo ou deixando de conduzir impulsos. Todos os processos da memória são explicados em termos destas descargas. As alterações decorrentes da aprendizagem e da memória são chamadas plasticidade. Quando a célula é ativada, desencadeia-se a liberação de substâncias químicas nas sinapses, chamadas neurotransmissores, tornando – as mais efetivas, com melhor capacidade de armazenagem da informação no interior da célula. Assim, neurônios “exercitados” possuem um número maior de ramificações (dendritos) se comunicando com dendritos outros neurônios, quando estimulados. Para que as memórias sejam criadas, é preciso que as células nervosas formem novas interconexões e novas moléculas de proteínas, carregando as informações “impressas” no interior da célula. (p. 60, 61e 62)

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O tálamo é o responsável pela codificação, armazenagem e acesso ao

arquivo de memória a longo prazo. É o órgão responsável pelo acesso

consciente à memória a longo prazo, dirigindo a atenção da pessoa para a

informação arquivada , desempenhando importante papel na codificação,

armazenamento e lembrança dessas memórias:

[...] Na memória ultrarrápida a retenção da informação não dura mais do que alguns minutos. A memória de curto prazo ou de curta duração não forma “arquivos”. Nela, guardamos informações que serão utilizadas dentro de pouco tempo. Logo após sua utilização, esquecemos os dados nela armazenados. Exemplos: Local onde estacionou o carro; o conteúdo decorado para uma prova. Já a memória de longo prazo ou de longa duração armazena as informações por um longo período. A capacidade de armazenamento é limitada. Esta pode ser dividida em Declarativa e Não Declarativa.

A memória Declarativa é a memória para fatos e eventos, reúne tudo que podemos evocar por meio de palavras. Pode ser Episódica quando envolver eventos datados, isto é, relacionados ao tempo. E, será Semântica quando envolver o significado das palavras ou quando envolver conceitos atemporais. A memória Não Declarativa é aquela para procedimentos e habilidades. Pode ser de Procedimentos quando se referir às habilidades e aos hábitos, como, por exemplo, dirigir e nadar. Pode ser de Dicas quando for evocada, resgatada por meio de dicas, como acontece quando ouvimos sons ou sentimos algum odor que nos lembram de uma situação há tempos vivida. Será Associativa quando nos fizer associar um determinado comportamento a um fato. Um bom exemplo é quando salivamos ao ver um prato apetitoso e lembrarmos o quanto é saborosa aquela comida e, naturalmente, nosso organismo responde a essa lembrança. E, finalmente, a memória poderá ser Não Associativa quando for resgatada por meio de estímulos repetitivos. Ocorre, por exemplo, quando ouvimos o latido de um cão pequeno. Esse tipo de latido não nos causará medo porque saberemos relacioná-lo com o de um animal que não ofereça perigo. (RELVAS, 2009, p.62 e 63).

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Quando você guarda uma lembrança, você utiliza várias pistas

diferentes para armazenar aquilo e para se lembrar depois. E quanto mais

edificado estiver na sua memória, mais fácil será recordar. Então, se você

codificar o espaço assim como os objetos desse espaço, será mais fácil

recordar depois. E muitas vezes nos lembramos de algo apenas por causa do

espaço (Kandel).

O processo de formação da memória é constituído por alguns estágios

fundamentais: seleção, onde se armazena informações que serão úteis no

futuro e permite que o restante passe sem registro; consolidação, onde as

experiências selecionadas para a memorização são armazenadas, associadas

a memórias relevantes pré-existentes e retidas por um período apropriado;

recordação, onde os acontecimentos vigentes devem estimular a lembrança de

memórias adequadas; mudança, onde cada vez que a memória é requisitada,

é levemente alterada para acomodar uma informação nova; e esquecimento,

onde os itens são esquecidos tão logo registrados, a não ser que sejam

regularmente atualizados. Informações desnecessárias são “apagadas”.

A professora Marta Relvas (2009) afirma que:

Temos duas memórias, uma que se emociona, sente,

comove... , outra que compreende, analisa, pondera, reflete... Trata-se de emoção e de razão. Essa dualidade se articula por meio de um mecanismo dinâmico, uma impulsionando a outra com grande rapidez nas tomadas de decisões. Na verdade complementam-se. Cada pessoa apresenta diferentes reações conforme a utilização de suas mentes. Nessa interação, o sistema límbico está presente, é um personagem importante para o cérebro. O elemento responsável por prazer e aprendizado situa - se nesta região [...] (p.59).

“Como a memória se estabelece?”. Kandel descobriu que é possível ver

no nível das células nervosas o que vemos no comportamento:

A memória é um dos aspectos mais marcantes do

comportamento humano. A memória nos permite solucionar problemas que enfrentamos diariamente ao organizar vários fatos de uma única vez, uma habilidade vital para resolução de

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problemas. Numa perspectiva maior a memória dá continuidade à nossa vida. Ela nos dá uma imagem coerente do passado e traz experiências atuais à sua perspectiva. A imagem pode não ser racionalmente precisa, mas ela persiste. Sem a força de ligação da memória as nossas experiências seriam retalhadas em vários fragmentos assim como alguns momentos de nossas vidas. Sem a viagem mental do tempo oferecida pela memória nós não teríamos conhecimento da nossa história pessoal, não teríamos como recordar as alegrias que se tornaram grandes marcos em nossas vidas. Nós somos quem somos em consequência do que aprendemos e do que nos lembramos.(Kandel)

A informação é processada por um evento conhecido como impulso

nervoso. O impulso nervoso é a transmissão de um sinal codificado de um

dado estímulo ao longo da membrana do neurônio, a partir do ponto em que

ele foi estimulado. Dois tipos de fenômenos estão envolvidos no processo do

impulso nervoso: elétrico e químico. Eventos elétricos propagam um sinal

dentro do neurônio, e processos químicos transmitem o sinal de um neurônio a

outro ou a uma célula muscular. Processos químicos sobre interações entre

neurônios ocorrem no final do axônio, chamados sinapse. Tocando

intimamente com o dendrito de outra célula (mas sem continuidade material

entre ambas as células), o axônio libera substâncias químicas chamadas

neurotransmissores, os quais se unem a receptores químicos na membrana do

neurônio seguinte – membranas pós e pré-sinápticas, respectivamente.

A melhor forma de manter viva a memória, em geral, é por meio da

leitura (Izquierdo, 2002). Isto se dá porque, assim como a prática de atividades

esportivas, a leitura precisa ser exercitada para que transformemos a

informação lida em aprendizado. Somente através das repetições isto é

possível. Uma vez que, quanto mais lemos, estudamos e repetimos uma dada

informação, mais impulsos nervosos acontecem, produzindo, cada vez mais,

sinapses e, deste modo, consolidando o aprendizado.

Portanto, quanto mais conexões neurais, maior se torna a nossa

capacidade de memorização. Logo, quanto mais tempo tiverem os fatos

vivenciados e treinados, mais êxito estes terão ao serem armazenados e

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lembrados. Isto é um processo complexo e que envolve reações químicas e

circuitos interligados de neurônios. (RELVAS, 2010).

O hipocampo – área cerebral responsável por receber as informações

dos nossos impulsos nervosos – filtra os dados e descarta àquelas

informações que considera ser de pouca serventia – memória de curto prazo

ou de trabalho – e se encarrega de enviar o que acredita ser relevante para as

mais distintas partes do córtex cerebral. Estas informações transitam entre os

neurônios que se comunicam entre si através das sinapses. Deste modo, o

conhecimento vai sendo construído e consolidado formando uma memoria de

longa duração com o acontecimento de mais conexões neurais (RELVAS,

2010).

Os conhecimentos neurocientíficos podem contribuir muito no processo

de ensino e aprendizagem. Isto porque a educação, atrelada à neurociência,

pode ser mais incisiva no seu objetivo de criar condições para que o aprendiz

construa o seu próprio conhecimento, trabalhando a autonomia do discente – o

aprender a aprender –, com uma prática docente que faça uso de estratégias

pedagógicas que abranjam as novas ideias de intervenção propostas pelos

neuroeducadores que, fazendo do conhecimento da dinâmica neuronal, se

utiliza destes saberes para aplicar em sala de aula.

Para se pensar e atuar fazendo uso da neurociência na educação é

preciso se adequar não somente o planejamento e a prática docente em sala

de aula aos conceitos neuroeducacionais, mas também no ambiente escolar

como um todo. Segundo CONSENZA & GUERRA (2011):

O ambiente ao qual estamos expostos influencia o processo de aprendizagem, interferindo nos fatores psicológico e emocionais e induzindo comportamentos que podem ser mais ou menos favoráveis ao aprendizado. O início da vida escolar ou a mudança de escola podem gerar timidez, insegurança ou ansiedade. Um ambiente familiar agressivo, inseguro, com história de alcoolismo, uso de drogas, pais separados ou inconstante litígios, pais desempregados ou com

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comportamento antissocial, podem fazer com que seja muito difícil para a criança se dedicar ao processo de aprender. Situações não rotineiras, como a chegada de um irmão, mudança de uma comunidade, morte na família, uma viagem ou evento muito importante, também podem interferir. O cérebro da criança estará processando os estímulos gerados por essas mudanças de forma a produzir um comportamento que permita a melhor adaptação às situações vividas. Assim, os circuitos neurais que deveriam estar envolvidos nas tarefas escolares estarão ocupados com comportamentos que, naquele momento, são mais relevantes para a sobrevivência e bem estar. O cérebro desse aprendiz, portanto, não apresenta nenhum problema, mas funciona com o objetivo de melhor adaptar o indivíduo ao contexto ao qual ele está exposto naquela ocasião. (p 130 – 131)

Portanto, o clima de uma sala de aula tem que estar favorável ao

processo educacional. Ambientes poluídos com muitas informações, por

exemplo, desfocam a atenção dos alunos e podem ser grandes inimigos da

construção de um novo saber. Tornar a aula interativa, dando oportunidade

para os alunos se colocarem, expressarem suas opiniões, conceitos formados,

a fim de que estes se sintam pertencentes a este processo, é de suma

importância para o processo educacional. Aulas meramente expositivas são

contraditórias a tudo que a neurociência mostra que é correto se fazer na

prática docente. Os mais diferentes instrumentos e estratégias pedagógicas

devem ser utilizados a fim de que a maior gama de alunos seja atingida e

trabalhada de acordo com o ritmo de cada aluno.

Algumas pesquisas tem mostrado que a estimulação ambiental é de

demasiada importância para o desenvolvimento neuronal. Ambientes ricos,

sensorialmente falando, contribuem para um processo educacional mais

diversificado. Com isso, maiores são as produções de conexões sinápticas, o

que é primordial para o desenvolvimento de um sistema nervoso mais

complexo. Contudo, há que relembrar que o excesso de recursos visuais e

audiovisuais pode gerar o efeito contrário e atrapalhar estas conexões

neuronais.

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Na medida em que vão sendo estudados estes conceitos

neuroeducacionais, vão, também se pensando na inclusão deste conteúdo no

currículo da formação de professores, visto que, para trabalhar dentro e fora de

sala de aula com esta geração que aprende de forma hipertextual e que é

inerentemente diversa, se faz preciso que a educação se dê de forma também

diversa, respeitando a rica clientela de alunos existentes na escola. Por isso,

há que se repensar na permanência de um modo de ensino linear e analógico,

pois para o sucesso do processo de aprendizagem, este último método precisa

ser abolido das escolas. A neurociência, então, traz uma nova vertente de

ensino.

Mas será que os cursos de formação de professores estão preparados

para atender a esta nova realidade educacional? A neurociência educacional é

vista como disciplina básica para a formação docente? As escolas estão

capacitadas e incentivam a especialização docente para a área em questão? O

próximo capítulo vem discutir estas questões e colocar, à luz da neurociência

pedagógica, o ideal educador do século XXI.

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CAPÍTULO III

O EDUCADOR DO SÉCULO XXI

“O professor precisa ser um bom observador. Seu olhar sobre o

educando é indispensável para compreender sua timidez e dificuldades na

hora de aprender”. (RELVAS, 2014).

Nesse sentido o professor precisa estar preparado para conhecer seu

aluno, pois cada sujeito evolui intelectualmente de maneira diferente. E esse

“conhecer” seria através da neurociência.

[...] A aprendizagem é uma modificação biológica na comunicação entre os neurônios, formando uma rede de interligações que podem ser evocadas e retomadas com relativa facilidade e rapidez. Todas as áreas cerebrais estão envolvidas no processo de aprendizagem, inclusive a emoção. [...]. A aprendizagem resulta no crescimento ou nas alterações das células quando o axônio de uma célula recebe um potencial de longa duração com estimulações fortes. À medida que uma célula recebe estes estímulos fortes, estes vão sendo repassados de uma célula para outra. E existe uma organização bioquímica envolvida, denominada de neurotransmissores do tipo GLUTAMATO. Os receptores desses estímulos são chamados de NMDA (agem nos canais bloqueados) e AMPA (mediam o que vem das membranas pré – sinápticas). Quando a estimulação é muito forte, os estímulos vão para os NMDA. Aí há passagem de íons de Ca (cálcio). Todo esse processo pode durar horas ou dias e interfere nos processos de memória e aprendizagem. (RELVAS, 2010, p. 35 – 36)

O profissional em sala de aula precisa entender como é processo de

aprendizagem do seu aluno. Concordamos com Relvas (2010, p. 36) ao

afirmar que “[...] Aprendizagem é a modificação do comportamento, como

resultado da experiência ou aquisição de novos conhecimentos acerca dos

meios, e a memória é a retenção deste conhecimento por um tempo

determinado”.

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Na realidade, não se pode deixar de mencionar o quanto é importante o

papel do professor na educação, mas não como um mero transmissor de

informações, pois nisto a tecnologia pode ser bastante eficaz, mas um

mediador entre o discente e o objeto do conhecimento. O professor deve

despertar e estimular o seu aluno a querer aprender sempre coisas novas.

Acredita-se que uma aula centrada no falar e ditar do docente, sem espaço

para que os discentes apresentem seus pensamentos, ideias ou até

conhecimentos, pode se tornar algo autoritário e maçante.

Nesse sentido, a escola deve estar preparada para se apropriar dessas

novas mudanças, proporcionando um espaço onde todos os atores sociais

envolvidos possam utilizar as tecnologias de maneira a acrescentar e colaborar

para melhoria educacional. Para o alcance deste objetivo, é primordial que

todos estejam preparados e capacitados para o rompimento deste antigo

paradigma no processo de ensino-aprendizagem.

Em resumo, segundo Masseto (2001, p.139):

A tecnologia apresenta-se como meio, como instrumento para colaborar no desenvolvimento do processo de aprendizagem. A tecnologia reveste-se de um valor relativo e dependente desse processo. Ela tem sua importância apenas como um instrumento significativo para favorecer a aprendizagem de alguém. Não é a tecnologia que vai resolver ou solucionar o problema educacional do Brasil. Poderá colaborar, no entanto, se for usada adequadamente, para o desenvolvimento educacional de nossos estudantes. Em nossas reflexões acerca do processo de aprendizagem e tecnologia, chamam-nos atenção quatro elementos: o conceito mesmo de aprender, o papel do aluno, o papel do professor e o uso da tecnologia.

Não há dúvida que a formação do professor se faz necessária nessa

área de ensino, pois percebemos que muitos, por desconhecer as reais

possibilidades do uso das ferramentas tecnológicas, acabam por utilizá-las de

forma inadequada ou sem explorar seus recursos mais interessantes. O

professor precisa compreender melhor sua ferramenta de trabalho, não no

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sentido técnico, mas principalmente no que se refere aos resultados

pedagógicos esperados, ou seja, aos impactos da utilização desta ferramenta

no processo de ensino e aprendizagem. Neste sentido, professor e aluno

podem dialogar no papel de aprendizes. Assim, o docente não precisa se

sentir ameaçado, quando um aluno apresentar algo novo, trouxer um novo

conhecimento, poderá aproveitar esse momento e tornar sua aula um espaço

democrático e interativo de troca de saberes. Estimulando, assim, seus alunos,

a quererem reaprender o novo, e não mais ficar atrelado a uma metodologia

baseada na transmissão e recepção de informações.

Valente afirma (1999, p. 43 e 44):

Para tanto o professor deverá conhecer seus alunos, incentivando a reflexão e a crítica e permitindo que eles passem a identificar os próprios problemas na sua formação, buscando soluções para o mesmo. Caberá ao professor saber desempenhar um papel de desafiador, mantendo vivo o interesse do aluno, e incentivando relações sociais, de modo que os alunos possam aprender uns com os outros e saber como trabalhar em grupo. Além disso, o professor deverá servir como modelo de aprendiz e ter um profundo conhecimento dos pressupostos teóricos que embasam os processos de construção de conhecimento e das tecnologias que podem facilitar esses processos.

O professor além de se aprimorar cada vez mais diante das implicações

tecnológicas que invadem seu cotidiano profissional e pessoal, um novo perfil

de qualificação é definido para este trabalho exigindo escolaridade básica,

capacidade de adaptação a novas situações, compreensão de tarefas

complexas, atenção e responsabilidade, atitude de abertura para novas

aprendizagens, criatividade e capacidade de comunicação grupal.

Concordamos com Morales (2004) ao afirmar que os professores podem

ensinar muitos conteúdos através de determinadas explicações, mas que

muitos outros, talvez os de maior importância, sejam aprendidos por meio do

exemplo pessoal na forma de ser, agir e se relacionar com os próprios alunos.

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Para isto, o professor precisa desenvolver alguns mecanismos, tais como os

citados por Valente (1999, p.44): “o constante questionamento e a reflexão

sobre os resultados do trabalho com o aluno, para poder depurar e aprimorar a

efetividade de sua atuação no novo ambiente de aprendizagem.”

Valente (2005) alerta para o fato de que é preciso ter o domínio do

técnico e do pedagógico não de uma forma solta e livre, porém de forma a

complementar as áreas, ou seja, não é preciso ser um estudioso na área para

poder saber como usufruir deste recurso; o melhor é quando sabemos unir o

técnico com o pedagógico, e estes crescendo juntos.

Este autor ressalta que a experiência do professor é essencial, o seu

conhecimento acerca do tema e a forma como utiliza essas informações para a

construção de novos conhecimentos, constituem a base para sua atuação

enquanto orientador das propostas a serem utilizadas com o apoio das

ferramentas tecnológicas. Valente (2005, p.23) afirma que “as facilidades

técnicas oferecidas pelos computadores possibilitam a exploração de um leque

ilimitado de ações pedagógicas, permitindo uma ampla diversidade de

atividades que professores e alunos podem realizar”.

Analogamente, o professor não deverá ser substituído pela máquina,

mas poderá ser elemento essencial para estimular e orientar seus alunos a

construírem pensamentos novos e próprios, não como meros “robôs”, que se

limitam a receber e copiar determinada informação, assumindo apenas uma

postura de consumidores passivos, mas principalmente se apropriarem destas

tecnologias a partir do desenvolvimento de seu senso critico, tornando

cidadãos plenos e conscientes de seus atos.

O próprio Valente (op.cit.) recorda que:

A experiência pedagógica do professor é fundamental. Conhecendo as técnicas de informática para a realização dessas atividades e sabendo o que significa construir

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conhecimento, o professor deve indagar se o uso do computador está ou não contribuindo para a construção de novos conhecimentos.

É incontestável que os alunos dessa nova “era digital” são diferentes

dos anteriores, pois estão mergulhados a todo momento em um novo cenário,

de onde estão permanentemente conectados, gerando até mesmo momentos

de dependência e sobrecarga devido a tamanha demanda de informações.

De fato, os discentes de hoje possuem uma bagagem não apenas

relacionada às ferramentas tecnológicas, mas também em termos de bagagem

contextual. Estas são formadas pela sua busca em querer aprender o que é

novo, o que está na moda e utilizar a tecnologia que se encontra mais em

evidência no momento. Vale ressaltar que mesmo as crianças pequenas já

entendem do que se trata um computador, é muitas delas até já sabem como

usá-lo.

É preciso entender que esses alunos trazem conhecimentos novos, pois

no momento em que algo lhes chama a atenção, este se mostra motivado a

querer buscar e entender mais sobre o assunto dado. A escola e o professor

devem estar preparados para valorizar essa bagagem de conhecimentos

trazida pelos alunos.

Mas os professores também precisam estar em alerta, pois apesar da

facilidade e agilidade do acesso ao conhecimento que as tecnologias

favorecem o aluno não deve se limitar somente às informações disponíveis na

internet. É importante que o professor atue como mediador, mostrando que os

jornais impressos, a TV e o rádio, também têm seus valores, pois constituem

outros meios de comunicação já consagrados e que o primordial é o confronta

mento das ideias apresentadas para a construção do conhecimento.

Valente (1999, p.44) afirma:

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O aluno deverá estar constantemente interessado no aprimoramento de suas ideias e habilidades e solicitar (puxar) do sistema educacional a criação de situações que permitam esse aprimoramento. Portanto, deve ser ativo: sair da passividade de quem só recebe, para se tornar ativo caçador da informação, de problemas para resolver e de assuntos para pesquisar. Isso implica ser capaz de assumir responsabilidades, tomar decisões e buscar soluções para problemas complexos que não foram pensados anteriormente e que não podem ser atacados de forma fragmentada. Finalmente, ele deve desenvolver habilidades, como ter autonomia, saber pensar, criar, aprender a aprender, de modo que possa continuar o aprimoramento de suas ideias e ações, sem estar vinculado a um sistema educacional. Ele deve ter claro que aprender é fundamental para sobreviver na sociedade do conhecimento.

Diante deste panorama, os educadores, cada vez mais, deveriam

estudar e aplicar, dentro e fora de sala de aula, a neurociência com seus

alunos, uma vez que, como vimos, estes estudos podem contribuir muito para

o processo de ensino e aprendizagem. Para que os alunos produzam mais

sinapses e consolidem o aprendizado, reforçando os conteúdos trabalhados, é

essencial, segundo RELVAS (2009) que:

[...] Criar em sala de aula um clima favorável para a aprendizagem eliminando-se a insegurança do educando em suas respostas ou perguntas. Dividir a aula em espaços curtos, onde se propõem atividades diversificadas. Uma breve exposição, seguida de arguições, sínteses ou algum jogo pedagógico operatório, é sempre mais eficiente do que uma exposição prolongada. Habitar o educando a fazer da caneta ou lápis sua melhor memória, mostrando-lhe os usos consistentes de uma agenda, cobrando seus recados, reforçando múltiplos lembretes, cognitivos ou não. A lousa pode ser, em algumas oportunidades, o modelo ideal da agenda que todo verdadeiro caderno precisa ser. Desenvolver hábitos estimuladores da memória de maneira lenta e progressiva, como seria o ideal que se fizesse com exercícios físicos. Respeitar as particularidades de cada educando e a maneira como sua memória melhor trabalha. Reservar os últimos minutos da aula para conversar sobre o conteúdo estudado possibilita que o novo conhecimento percorra mais uma vez o caminho no cérebro dos estudantes. Assim, eles fazem uma releitura do que aprenderam.

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Estabelecer relações entre novos conteúdos e aprendizados anteriores faz com que o caminho daquela informação seja percorrido novamente (evocação), tornando mais fácil seu reconhecimento. [...] (RELVAS, 2009, p. 67 e 68)

Sendo assim, é preciso que o professor se utilize de diversos

mecanismos visuais, textuais, lúdicos e interativos no seu plano de aula a fim

de que mais sinapses sejam produzidas para que, desse modo, o aprendizado

se dê de forma prazerosa, completa e consolidada.

Para isso, seria necessária a inclusão dos conceitos de

neuroplasticidade e estrutura do funcionamento cerebral no currículo do curso

de formação de docentes, pois é preciso fazer com que os professores

atentem para o fato de que a neurociência precisa, de uma vez por todas, ser

atrelada à educação. E isto deve acontecer no ato de se pensar um plano de

aula até a execução deste planejamento.

O professor do século XXI precisa entender que sua prática pedagógica

deve ser mais elaborada; o educador deve ter sensibilidade perceptiva

(MUNIZ, 2010) e buscar constante atualização de conteúdos pedagógicos para

incrementar sua atuação em sala de aula e, por conseguinte, o processo de

ensino e aprendizagem – que deve ter como foco o discente.

Como a autora MUNIZ (2014) fala:

[...] É bem mais complexo preparar cérebros para evoluir em potencialidade neurológia, inteligência múltipla e emocional em um ambiente coletivo de competência intelectual com propósitos benevolentes e éticos. Torna-se perceptível a responsabilidade dos educadores em intervir com práticas pedagógicas inovadoras que estimulem e despertem talentos no convívio do ato de aprender das crianças, garantindo-lhe o direito à Aprender a Ser, Aprender a Conhecer, Aprender a Fazer e Aprender a Conviver Juntos. (p. 159)

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O uso da neurociência também se dá na motivação dos alunos. É

preciso que o professor incentive seus alunos, dê apoio e segurança,

mostrando que os erros são etapas naturais e imprescindíveis para a conquista

do aprendizado. Por isso, a conduta do educador é tão importante neste

sentido. Os alunos que não são motivados podem estar neste estado devido a

algum comentário inapropriado advindo do professor, que pode ter repreendido

este aluno e desmotivado sua vontade de aprender – o que também pode

derivar sentimentos de incapacidade e, por conseguinte, frustrações neste

aluno.

Há uma gama de educadores descontentes com suas condições

salariais e de trabalho que promovem um discurso desmotivado sobre sua

prática docente. Algumas das questões levantadas são as violências urbanas,

o alto índice de alunos indisciplinados e com defasagens de conteúdos. Tudo

isto, pode fazer com que alguns educadores não se sintam instigados em

investir na sua formação docente e melhorar sua prática pedagógica, pois

alegam não ter tempo para isto, além de, influenciados pelas dificuldades que

encontram dentro da sala de aula, acreditarem que tais investimentos não

serão tão eficazes.

É preciso se pensar em novas formas de se educar. Não se deve

transmitir dados sem significados, pois os alunos têm que se reconhecer e

participar deste processo educacional. Segundo o filósofo e pedagogo Paulo

Freire: “Ninguém educa ninguém, ninguém educa a si mesmo, os homem se

educam entre si, mediatizados pelo mundo”. Isto quer dizer que aluno e

professor, neste processo de aprendizagem, aprendem e ensinam

mutuamente. Pois, segundo, ainda, o famoso pedagogo, “não há saber mais

nem saber menos, há saberes diferentes”.

O educador deve instigar o senso investigativo em seus aprendentes.

Isto quer dizer que, a pesquisa deve ser uma estratégia pedagógica recorrente

neste processo educativo. Além desta, a resposta em formato de pergunta é

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outro recurso interessante, uma vez que instiga o aluno – que, neste ínterim,

segue produzindo mais conexões sinápticas – a formular seu raciocínio lógico,

ampliar seu vocabulário e, através da oralidade, consolidar, cada vez mais,

seus aprendizados.

A escola deve repensar sua política pedagógica e incluir seus alunos

neste processo de planejamento de aula, com o intuito de mostrar à este corpo

discente que eles têm muito a contribuir e precisam participar desta etapa

primordial para a obtenção de práticas pedagógicas democráticas. A autora

RELVAS (2012) afirma que:

A escola é para aprendizagem coletiva. A aprendizagem neural não combina com o currículo escolar, porque o tempo da escola institucional não é o ritmo da sinapse neural, o educando tem de aprender ou pseudoaprender os conteúdos diante das necessidades estatísticas e, muitas vezes, apresenta uma determinada dificuldade, e essas não são resolvidas. Normalmente, os problemas da aprendizagem não são resolvidos devido às várias situações apresentadas no cotidiano escolar, ficando o estudante com as dúvidas que não são orientadas ou resolvidas. Isso provoca hiatos em diferentes processos do saber e, muitas vezes, pode levar à desistência em aprender, promovendo, em alguns casos, a decadência escolar ou sentimento de fracasso. Quando se fala que a aprendizagem é o tempo de cada um, isso tem a ver com as sinapses neurais, um interesse do cérebro de recompensa e o desejo do sistema límbico. (p. 143)

Então, o professor deve compreender que cada aluno tem um ritmo de

aprendizado e uma forma diferente de aprender determinado conteúdo. Por

isso é tão importante que a proposta pedagógica ao se trabalhar com esses

conteúdos seja feita de formas variadas – utilizando recursos textuais,

audiovisuais, dinâmicos, artísticos, entre outros.

Neste novo panorama educacional, o professor precisa dar o exemplo,

pois se objetivo dele é mediar a formação de sujeitos críticos e investigativos,

ele também tem de investir na sua carreira, ampliando seus conhecimentos

pedagógicos com muito estudo e, desta forma, dando um bom exemplo aos

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seus alunos, que, desde muito cedo, já conseguem reconhecer àqueles

professores que tem o discurso contraditório à sua prática.

A prática docente precisa estar coerente com as teorias aprendidas

pelos educadores em sua formação profissional. E isto é uma tarefa trabalhosa

para o professor, uma vez que é mais cômodo reproduzir o que vivenciou

durante sua vida acadêmica – como aluno e como professor –, do que

repensar a sua prática e buscar o aprimoramento destas.

É necessário pensar a aula para além dos espaços escolares. Os

desafios lógico-matemáticos, os debates, as dinâmicas teatrais, as invenções e

contações de histórias produzidas pelos alunos, assim como os projetos

educacionais interdisciplinares, favorecem o acontecimento da aprendizagem

cooperativa (RELVAS, 2012).

Os estudos em neurociência podem contribuir de forma muito eficaz

para este processo pedagógico. Segundo Relvas (2012):

[...] Estudar a Neuropedagogia é fazer uma releitura das principais teorias da aprendizagem, mas também é reconhecer que é uma ciência, que estuda a aprendizagem no contexto do processo químico, celular, anatômico, funcional, patológico, comportamental do sistema nervoso, evidenciando, assim, uma visão sistêmica e integradora do estudante. Uma abordagem neurocientífica da aprendizagem, compreende o entendimento da formação da inteligência, da emoção e do comportamento na interface no contexto escolar, nas dimensões biológicas, psicológicas, afetiva, emocional e social. A Neuropedagogia promove o reconhecimento de que ensinar a um “sujeito cerebral” uma habilidade nova implica maximizar o potencial de funcionamento de seu cérebro. Isso porque aprender exige necessariamente planejar novas maneiras de solucionar desafios e de atividades que estimulem as diferentes áreas cerebrais, a fim de desvendar com eficiência o desenvolvimento das potencialidades humanas e a capacidade de pensar. (p. 59)

Para maximizar o potencial cerebral de cada aluno é necessário que o

educador conheça o funcionamento cerebral. E, para entender esta dinâmica

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das diversas áreas cerebrais, se faz necessário o aprofundamento dos estudos

relacionados à anatomia cerebral, a produção das sinapses – que podem ser

químicas via neurotransmissores, ou elétricas.

Com isso, ratifica-se que o professor precisa entender e se aprofundar

na neurociência a fim de compreender a arquitetura cerebral e atentar para o

fato de que cada aluno aprende de forma diferente e, assim, este profissional

precisa estar preparado para atuar da melhor forma possível, utilizando

recursos pedagógicos variados para que o processo educacional seja eficaz,

visando sempre o aluno e entendendo que este não é um mero depósito de

informação, mas sim um cérebro pensante e atuante.

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CONCLUSÃO

Vimos que a base do aprendizado é a memória, portanto, os distúrbios desta interferem gravemente no processo de ensino e aprendizagem. Vimos também, que o processo de formação da memória é composto de alguns estágios fundamentais para a produção do aprendizado e, que, se esta química estiver alterada, pode desencadear diversos distúrbios – amnésias – que podem ser causados por diversos fatores, de origem patológica ou emocional.

Foram delineadas as diferenças entre os diferentes tipos de memórias – a ultrarrápida (ou de trabalho), a de curto prazo e a de longo prazo –, e também foi dito que a leitura e o exercício repetitivo são boas estratégias para fazer com que uma memória de curto prazo se consolide e vire memória de longo prazo.

Diante disto, se comprova que os estudos em neurociência podem contribuir muito para a formação docente no sentido de ajudar a compreender o funcionamento cerebral e, deste modo, entender que é necessário voltar o seu planejamento e a sua prática pedagógica para atender à maior gama possível de alunos que possuem meios diferentes de significar e aprender as informações passadas dentro e fora de sala de aula.

Para conseguir êxito neste processo de construção da aprendizagem entre aluno e professor, este último deve saber que, para trabalhar de forma rica com a diversidade presente neste corpo discente, se faz preciso que o educador crie metodologias sistêmicas de origens diferentes – textual, lúdico, interativo, audiovisual –, para que, então, a informação seja transitada pelos neurônios diversas vezes e, deste modo, produzir e reforçar, cada vez mais, as sinapses – que podem se formar químicamente ou eletricamente. Quanto mais sinapses forem formadas e fortalecidas, maior é o aprendizado construído coletivamente.

Portanto, este é o desafio dos professores na atualidade: incentivar a memória dos alunos para a melhoria do processo de ensino e aprendizagem, aprimorar suas práticas pedagógicas fazendo o uso da neurociência e entender que isto é imprescindível para atender a esta geração tão diversa e que aprende de forma hipertextual.

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BIBLIOGRAFIA CITADA

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3 - COSENZA, Ramon M.; GUERRA, Leonor B. Neurociência e Educação:

Como o Cérebro Aprende. Porto Alegre: Artmed, 2011.

4 - DAMÁSIO, Antônio R. O erro de Descartes: Emoção, Razão e o

Cérebro Humano. 3 ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2012.

5 - GAZZANIGA, Michael S. et al. Neurociência cognitiva – a biologia da

mente.2ª ed., Porto Alegre: Artmed, 2006.

6 – KANDEL, Eric et al. Princípios de Neurociências - 5.ed. - McGraw Hill

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7 - LENT, Roberto. Sobre Neurônios, Cérebros e Pessoas. São Paulo:

Atheneu, 2011.

8 - LENT, Roberto. Cem bilhões de neurônios? : conceitos fundamentais de

neurociência. 2ª ed., São Paulo: Atheneu, 2010.

9 - MORALES, Pedro. A relação professor-aluno: o que é, como se faz. 5.

ed. São Paulo: Loyola, 2004.

10 - MORAN, José Manuel; MASETTO, Marcos T.; BEHRENS, Marilda

Aparecida. Novas tecnologias e mediação pedagógica. 2. ed. São Paulo:

Papirus, 2001.

11 - MUNIZ, Iana. Neurociência e os Exercícios Mentais: Estimulando a

Inteligência Criativa. Rio de Janeiro: Wak, 2014.

12 - RELVAS, Marta Pires. Fundamentos Biológicos da Educação:

Despertando Inteligências e Afetividade no Processo de Aprendizagem. 4 ed.

Rio de Janeiro: Wak, 2009.

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13 - ______________ Neurociência e Educação: Potencialidades dos

Gêneros Humanos na Sala de Aula. 2 ed. Rio de Janeiro: Wak, 2010

14 - _______________ Neurociência e Transtornos de Aprendizagem: As

Múltiplas Eficiências Para Uma Educação Inclusiva. 5 ed. Rio de Janeiro: Wak,

2011

15 - ________________ Neurociência na Prática Pedagógica. Rio de

Janeiro: Wak, 2012.

16 - ______________Sob o Comando do Cérebro: Entenda como a

Neurociência está no seu dia a dia. Rio de Janeiro: Wak, 2014.

17 - _______________ (Org.). Que Cérebro é esse que chegou à escola? :

As Bases Neurocientíficas da Aprendizagem. 2 ed. Rio de Janeiro: Wak, 2014

18 - VALENTE, José Armando. (Org). O computador na sociedade do

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19 - ________________________ Pesquisa, comunicação e aprendizagem

com o computador. O papel do computador no processo ensino-

aprendizagem. 1999.

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ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATÓRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMÁRIO 7

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I

Princípios da Neurociência 9

CAPÍTULO II

Neurociência e Educação 19

CAPÍTULO III

O Educador do Século XXI 30

CONCLUSÃO 41

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 42

ÍNDICE 44