Leandro Abreu Conhecimento e Perceção do Valor dos de ...
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2020
Universidade de Aveiro Ano 2020
Leandro Abreu
de Oliveira
Conhecimento e Perceção do Valor dos
Medicamentos Genéricos
Universidade de Aveiro Ano 2020
Leandro Abreu
de Oliveira
Conhecimento e Perceção do Valor dos
Medicamentos Genéricos
Dissertação apresentada à Universidade de Aveiro para cumprimento dos
requisitos necessários à obtenção de grau de Mestre em Marketing, realizada
sob a orientação científica do Especialista em Marketing José Manuel de
Almeida Lima Soares de Albergaria, Professor Adjunto do Instituto Superior de
Contabilidade e Administração da Universidade de Aveiro
2020
À minha família
i
o júri
presidente Prof. Doutor Hugo Márcio Rodrigues de Almeida
professor adjunto convidado da Universidade de Aveiro
Prof.ª Doutora Ana Filipa Côrte-Real
professora adjunta da Universidade Católica Portuguesa-Porto
Prof. Licenciado José Manuel de Almeida Lima Soares de
Albergaria
professor adjunto da Universidade de Aveiro
ii
agradecimentos
Aos meus pais pelo apoio incondicional.
Aos Professor José Albergaria pela preciosa ajuda e afabilidade
que tornaram este trabalho tão mais fácil.
Aos meus amigos por ouvirem sempre que precisei de falar.
A todos aqueles que olharam por mim enquanto este trabalho
ganhou forma.
A ti, Sofia.
iii
palavras-chave
Medicamento genérico, medicamento de marca, conhecimento, perceção do
valor, saúde, consumidor
resumo
A despesa pública em saúde tem vindo a crescer nos últimos anos
e, como tal, é importante explorar as ferramentas disponíveis para
a contenção de gastos. Neste sentido, os medicamentos genéricos
oferecem uma oportunidade de poupança para todos os
stakeholders do consumo de medicamentos. A evolução da quota
de mercado de medicamentos genéricos portuguesa tem ficado
aquém das espectativas e o desenvolvimento do mercado dos
medicamentos genéricos depende de vários fatores incluíndo,
naturalmente, os consumidores. Neste sentido, o presente estudo
propôs-se avaliar o atual conhecimento e perceção do valor da
população portuguesa em relação aos medicamentos genéricos.
Com base numa revisão da literatura sobre a perceção do valor,
opinião e conhecimento dos indivíduos em relação aos
medicamentos genéricos, foi realizado um inquérito com recurso a
um questionário online aplicado a 213 indivíduos, através do qual
se verificou que a população apresenta um bom conhecimento e
uma perceção positiva sobre as características dos medicamentos
genéricos o que foi associado a uma maior confiança neste tipo de
medicamentos. No entanto, a população não tem ainda um nível
de confiança com medicamentos genéricos semelhante ao que
tem com medicamentos de marca. Novas investigações devem ser
conduzidas no sentido de perceber que outros fatores para além
dos mencionados neste estudo exercem influência sobre a
confiança e intenção de utilização dos medicamentos genéricos
iv
keywords
Generic medicine, branded medicine, knowledge, perception of value, health,
consumer
Abstract
Public expenses on health have been growing in recent years and,
as such, it is important to explore the tools available for expenditure
restraint. Therefore, generic medicines offer a savings opportunity
for all stakeholders of medicine consumption. The portuguese
generic medicine market share’s evolution has been below
expectations and the development of the generic medicine market
depends on several factores including, naturally, the consumer. In
this sense, the present study aimed to assess the current
knowledge and perception of value of the portuguese poplation in
regards to generic medicines. Based on a literature review on the
perception of value, opinion and knowledge of the general
population regarding generic medicines, a survey was carried out
using na online questionnaire applied to 213 individuals, through
which was found that the population has good knowledge and a
positive perception of the characteristics of generic medicines,
which was associated with greater confidence in this type of
medication. However, the population still does not have the same
level of confidence with generic medicines as they do with branded
medicines. Further investigations should be carried out in order to
percieve what other factores excluding those mentioned in this
study exert some level of influence on trust and intention of use of
generic medicines.
v
Conhecimento e Perceção do Valor dos Medicamentos Genéricos
1
Índice
Índice ..................................................................................................................................... 1
Índice de Gráficos, Figuras e Tabelas .................................................................................... 3
Glossário ................................................................................................................................ 4
Lista de Abreviaturas ............................................................................................................. 6
Introdução ............................................................................................................................. 9
Objetivos .............................................................................................................................. 13
1. O Mercado Farmacêutico e o Mercado de Genéricos ................................................. 17
1.1. Os Números da Indústria Farmacêutica em Portugal e no Mundo .............................. 17
1.2. Os Medicamentos Genéricos ....................................................................................... 18
1.3. O Problema da Despesa em Saúde e o Valor Dos Medicamentos Genéricos Para a
Economia .................................................................................................................................. 20
1.4. O Mercado Mundial de Medicamentos Genéricos ...................................................... 22
1.5. O Mercado Português de Medicamentos Genéricos ................................................... 24
1.6. Fatores influentes sobre o mercado de genéricos ....................................................... 27
2. Revisão da Literatura .................................................................................................... 31
2.1. Conhecimento e utilização de medicamentos genéricos............................................. 31
2.2. O papel dos profissionais de saúde na opinião dos utentes ........................................ 34
2.3. Fatores sociodemográficos de influência sobre a opinião e conhecimento ................ 35
2.4. Perceção das características e atributos ...................................................................... 37
2.5. Impacto do estado de saúde ........................................................................................ 39
2.6. Experiência passada com medicamentos genéricos .................................................... 40
2.7. A Realidade Portuguesa ............................................................................................... 40
3. O Processo de Investigação .......................................................................................... 45
3.1. A Metodologia Operacional ......................................................................................... 45
3.1.1. A População Alvo .............................................................................................................. 45
3.1.2. Amostragem ..................................................................................................................... 45
3.1.3. Amostra ............................................................................................................................ 46
3.1.4. Metedologia de Contacto ................................................................................................. 46
Conhecimento e Perceção do Valor dos Medicamentos Genéricos
2
3.1.5. Trabalho de Campo ........................................................................................................... 46
3.1.6. Questionário ..................................................................................................................... 46
3.1.7. Metodologia de Análise .................................................................................................... 47
4. Resultados .................................................................................................................... 51
4.1. Caracterização da Amostra .......................................................................................... 51
4.2. Perceção e Imagem ...................................................................................................... 51
4.2.1. Perceção das características ............................................................................................. 51
4.2.2. O impacto da experiência e conhecimento na perceção das características ................... 55
4.3. Confiança ...................................................................................................................... 56
4.3.1. Impacto da experiência na confiança ............................................................................... 57
4.3.2. Impacto da perceção das características na confiança ..................................................... 58
5. Discussão ...................................................................................................................... 61
6. Conclusão ..................................................................................................................... 67
7. Limitações e Propostas de Investigação Futura ........................................................... 71
7.1. Limitações do Estudo ................................................................................................... 71
7.2. Investigação Futura ...................................................................................................... 71
Bibliografia ........................................................................................................................... 75
Conhecimento e Perceção do Valor dos Medicamentos Genéricos
3
Índice de Gráficos, Figuras e Tabelas
Gráficos
Gráfico 1 - - Top 10 empresas farmacêuticas a nível mundial em termos de receitas em
milhares de milhão de dólares ............................................................................................. 18
Gráfico 2 - Top 10 empresas de medicamentos genéricos em termos de receitas em milhares
de milhão de dólares ........................................................................................................... 23
Gráfico 3 - Quota de mercado dos medicamentos genéricos no mercado de medicamentos
comparticipados em regime ambulatório do SNS em unidades dispensadas ..................... 25
Gráfico 4 - Quota de mercado de medicamentos genéricos no mercado concorrencial .... 26
Gráfico 5 - Quota de mercado de genéricos no mercado farmacêutico total (fonte: OCDE,
2019) .................................................................................................................................... 27
Gráfico 6 - "Conhecimento e experimentação" dos participantes ...................................... 53
Gráfico 7 – Confiança relativa ............................................................................................. 57
Gráfico 8 - Confiança no médico.......................................................................................... 57
Tabelas
Tabela 1 - Resumo das características sociodemográficas da população do estudo ......... 52
Tabela 2 -Resumo dos resultados para a perceção das características .............................. 54
Figuras
Figura 1 - Ciclo de vida do medicamento ............................................................................ 20
Figura 2 - Empresas farmacêuticas de medicamentos genéricos associadas à APOGEN ... 24
Conhecimento e Perceção do Valor dos Medicamentos Genéricos
4
Glossário
Biodisponibilidade – velocidade e grau de extensão com que um princípio ativo ou a sua
forma molecular terapeuticamente ativa é absorvida a partir de um medicamento e se
torna disponível no local de ação (Infarmed, 2020a).
Bioequivalência – característica dos medicamentos que são idênticos no seu princípio
ativo, dosagem, forma farmacêutica e respetiva via de administração (Infarmed, 2020a).
Efeito nocebo – produção de efeitos adversos a partir de uma expectativa negativa (Planès,
Villier, & Mallaret, 2016)
Forma farmacêutica – estado final que as substâncias activas ou excipientes apresentam
depois de submetidas às operações farmacêuticas necessárias, a fim de facilitar a sua
administração e obter o maior efeito terapêutico desejado (Decreto lei n.º 176/2006 de 30
de Agosto).
Medicamento de marca, referência, inovador ou original – medicamento que foi
autorizado com base em documentação completa, incluindo resultados de ensaios
farmacêuticos, pré-clínicos e clínicos (Decreto lei n.º 176/2006 de 30 de Agosto).
Medicamento genérico - medicamento com a mesma composição qualitativa e
quantitativa em substâncias ativas, a mesma forma farmacêutica e cuja bioequivalência
com o medicamento de referência haja sido demonstrada por estudos de
biodisponibilidade apropriados (Decreto lei n.º 176/2006 de 30 de Agosto).
Princípio ou substância ativa – qualquer substância ou mistura de substâncias destinada a
ser utilizada no fabrico de um medicamento e que, quando utilizada no seu fabrico, se torna
um princípio ativo desse medicamento, destinado a exercer uma ação farmacológica,
Conhecimento e Perceção do Valor dos Medicamentos Genéricos
5
imunológica ou metabólica com vista a restaurar, corrigir ou modificar funções fisiológicas
ou a estabelecer um diagnóstico médico (Decreto lei n.º 176/2006 de 30 de Agosto).
Efeito ou reação adversa - qualquer reacção nociva e involuntária a um medicamento que
ocorra com doses geralmente utilizadas no ser humano para profilaxia, diagnóstico ou
tratamento de doenças ou recuperação, correcção ou modificação de funções fisiológicas
(Decreto lei n.º 176/2006 de 30 de Agosto).
Conhecimento e Perceção do Valor dos Medicamentos Genéricos
6
Lista de Abreviaturas
AIM – Autorização de Introdução no Mercado
APOGEN – Associação Portuguesa de Medicamentos genéricos e Biossimilares
EFPIA - Federação Europeia das Indústrias e Associações Farmacêuticas
INE – Instituto Naional de Estatística
OCDE – Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico
OMS – Organização Mundial da Saúde
PIB – Produto Interno Bruto
SNS – Serviço Nacional de Saúde
7
Introdução
8
Introdução
9
Introdução
Em Maio de 2011, a crise económica sentida em Portugal e no Mundo levou a que
o governo do Primeiro Ministro Pedro Passos Coelho assinasse um acordo com o Fundo
Monetário Internacional, a Comissão Europeia e o Banco Central Europeu, para o
empréstimo de 78 mil milhões de Euros, mediante um acordo económico e um programa
de ajuste financeiro do qual constariam 34 medidas de contenção de gastos e de melhoria
da regulação e eficiência do setor da saúde e do Serviço Nacional Saúde (SNS). Algumas
destas medidas foram direcionadas ao mercado de medicamentos genéricos, com o
objetivo de aumentar a utilização deste tipo de medicamentos. De facto, os medicamentos
genéricos fornecem a oportunidade de obter tratamento similar a um custo reduzido para
todos os stakeholders da utilização de medicamentos, proporcionando uma libertação de
recursos do sistema de saúde. Segundo a Organização para a Cooperação e
Desenvolvimento Económico (OCDE) (2019), os gastos com medicamentos em Portugal no
ano de 2017 representaram 14,7% da despesa total em saúde, o que se traduziu em 1,3%
do Produto Interno Bruto (PIB). Estes números realçam a importância de encontrar
soluções para a melhor gestão de recursos, sendo que uma dessas soluções passa pelo
crescimento da utilização de medicamentos genéricos que, apesar de ser uma das soluções
que tem vindo a ser explorada, não atingiu ainda o seu potencial máximo.
Este projeto de investigação foi então realizado com o intuito de conjugar os
mundos da Farmácia e do Marketing. Estas são duas áreas de interesse pessoal e
profissional e acredito que os tópicos sobre os quais este estudo se debruça possuem
grande relevo no contexto económico atual. O estudo propôs-se a analisar o conhecimento
e perceção do valor dos medicamentos genéricos da população portuguesa, fornecendo
uma visão atualizada sobre a imagem que os portugueses têm em mente sobre este tipo
de medicamentos. O plano de investigação consistiu, de forma resumida, na identificação
do problema de investigação e as hipóteses de investigação, realização de uma revisão da
literatura associada ao problema em questão, aplicação de uma metodologia quantitativa
de investigação com recurso a um inquérito estatístico com base na revisão da iteratura, a
Conhecimento e Perceção do Valor dos Medicamentos Genéricos
10
partir do qual se obteram os dados e resultados que foram analisados e de onde foram
retiradas as conclusões do estudo.
11
Objetivos
12
Objetivos
13
Objetivos
Dentro do contexto apresentado na introdução surgem então as seguintes
questões: “Qual é o atual conhecimento e perceção que os portugueses têm em relação
aos medicamentos genéricos e quais são os parâmetros que exercem influência sobre esses
aspetos?”.
Assim sendo, os objetivos propostos pelo presente estudo são a avaliação do atual
conhecimento da população portuguesa sobre os medicamentos genéricos, a avaliação da
perceção que a população portuguesa tem sobre o valor e sobre as características dos
medicamentos genéricos, nomeadamente a sua eficácia, segurança e qualidade e,
finalmente, identificar quais os fatores que exercem influência sobre a confiança que os
portugueses têm nos medicamentos genéricos e sobre a perceção das suas características.
Estes são aspetos de relevo uma vez que são alguns dos modeladores do mercado e
certamente exercem um forte impacto sobre aquilo que se pode extrair deste tipo de
medicamentos como uma estratégia de contenção de gastos para as contas públicas.
Neste sentido, surgem as seguintes hipóteses de investigação:
H1 A perceção das características dos medicamentos genéricos é influenciada positivamente
pela experiência dos consumidores.
H2 A confiança que os participantes depositam nos medicamentos genéricos é influenciada
positivamente pelo conhecimento e experiência que os mesmos têm da sua utilização.
H3 A confiança que os participantes depositam nos medicamentos genéricos é influenciada
positivamente pela perceção que os mesmos têm das suas características.
Tendo o proposto em mente, foi realizado um inquérito com base numa revisão da
literatura sobre a perceção do valor, opinião e conhecimento dos indivíduos em relação
aos medicamentos genéricos e com recurso a um questionário online. Os resultados
obtidos através da aplicação do inquérito foram revistos e avaliados de maneira a retirar
as possíveis ilações e conclusões sobre aquilo que os mesmos representam para o contexto
atual e para o futuro.
14
15
Capítulo 1: Visão Geral Sobre o
Mercado Farmacêutico e o Mercado de Genéricos
16
Capítulo 1 – Visão Geral Sobre o Mercado Farmacêutico e o Mercado de Genéricos
17
1. Visão Geral Sobre o Mercado Farmacêutico e o Mercado de
Genéricos
1.1. Os Números da Indústria Farmacêutica em Portugal e no Mundo
O mercado farmacêutico constitui, hoje em dia, um pilar essencial para a economia
Europeia e mundial. Numa era de grandes avanços tecnológicos, a indústria farmacêutica
é uma das que mais evoluiu nos últimos anos graças ao forte investimento em investigação
e desenvolvimento por parte das grandes empresas do setor. Segundo a EFPIA (Federação
Europeia das Indústrias e Associações Farmacêuticas) (2018), o investimento em
investigação e desenvolvimento, no ano de 2018, foram de 36,5 mil milhões de euros na
Europa apenas, valor esse com uma tendência crescente. Este valor é liderado pela
Alemanha, Suíça, Reino Unido e França, países onde se encontram instaladas algumas das
maiores empresas farmacêuticas a nível mundial. Este forte investimento em inovação é
aliado a um forte crescimento na utilização de medicamentos. Segundo o IMS Institute for
Healthcare Informatics (2015a), em 2020 o gasto em medicamentos obterá um
crescimento estimado entre 29% a 32%, face aos 5 anos anteriores, chegando aos 1,4
milhões de milhão de dólares, em todo o mundo. Este aumento, segundo a mesma
instituição dever-se-á às marcas farmacêuticas e ao aumento da utilização de
medicamentos, sendo que este último chegará aos 4,5 milhões de milhão de doses em
2020, mais 24% que em 2015.
São várias as instituições que representam o topo das empresas farmacêuticas. No
gráfico 1 encontram-se representadas as dez maiores empresas farmacêuticas a nível
mundial, ordenadas em termos de receitas, segundo dados da Proclinical (2020), todas elas
com atividade dentro do território português. Para além destas, muitas outras empresas
farmacêuticas com impacto a nível global marcam presença no espaço português e existem
também algumas empresas caseiras que vale a pena mencionar. Empresas como a BIAL
que no ano de 2018 atingiu um volume de negócios na ordem dos 200 milhões de euros.
Como a Bluepharma com um volume de negócios de 34,2 milhões de euros e cuja empresa
adjacente Bluepharma Genéricos obteve um lucro bruto antes de juros, impostos,
depreciação e amortização de 651 mil euros, ambos no ano de 2017. Como os Laboratórios
Conhecimento e Perceção do Valor dos Medicamentos Genéricos
18
Basi com volume de negócios de 27,6 milhões de euros. São estas e outras empresas que
impulsionam o facto de mercado farmacêutico em Portugal ter vindo a crescer nos últimos
anos. Segundo dados partilhados pela empresa de desenvolvimento biofarmacêutico IQVIA
(2019), o mercado farmacêutico português ultrapassou os 2,9 mil milhões de euros em
vendas no ano de 2019, atingindo em Julho do mesmo ano um crescimento de 15,3% em
valor face aos 12 meses anteriores.
Gráfico 1 - Top 10 empresas farmacêuticas a nível mundial em termos de receitas em milhares de milhão de dólares Fonte: Proclinical (2020)
No que diz respeito ao mercado dos medicamentos genéricos, a que este trabalho
se dedica, é importante primeiro perceber o que são os medicamentos genéricos de
maneira a ter uma perspetiva ajustada à realidade em que este tipo de medicamento se
enquadra.
1.2. Os Medicamentos Genéricos
De acordo com a legislação portuguesa (Decreto lei n.º 176/2006 de 30 de Agosto)
e a regulamentação europeia, um medicamento genérico é um “medicamento com a
mesma composição qualitativa e quantitativa em substâncias ativas, a mesma forma
23
,4 25
,7
26
,1 31
,1 33
,3 37
,7 41
,8
42
,2
49
,7 53
0
10
20
30
40
50
60
Top 10 Empresas Farmacêuticas em Termos de Receitas, 2020
Capítulo 1 – Visão Geral Sobre o Mercado Farmacêutico e o Mercado de Genéricos
19
farmacêutica e cuja bioequivalência com o medicamento de referência haja sido
demonstrada por estudos de biodisponibilidade apropriados”.
O mesmo decreto-lei define as regras sobre as quais este tipo de medicamentos
pode ser comercializado:
a) “Dez anos após a autorização inicial do medicamento de referência, concedida a
nível nacional ou comunitário;
b) Onze anos após a autorização inicial do medicamento de referência, caso, nos
primeiros oito dos dez anos, o titular da autorização de introdução no mercado do
medicamento de referência tenha obtido uma autorização para uma ou mais
indicações terapêuticas novas que, na avaliação científica prévia à sua autorização,
se considere trazerem um benefício clínico significativo face às terapêuticas até aí
existentes “.
Pode afirmar-se, então, que os medicamentos genéricos são, na sua essência,
réplicas mais baratas de um medicamento original, também apelidado de inovador, de
marca ou de referência, cuja entrada no mercado é permitida após o término da proteção
que a patente confere ao produto. A razão pela qual os medicamentos genéricos serem
mais baratos advém do facto de o seu processo de desenvolvimento ser rápido e de baixo
custo, já que não requerem a realização de estudos clínicos e préclinicos (Baumgärtel,
2012). Estes processos de investigação e desenvolvimento são essências para o
desenvolvimento de medicamentos originais e podem ser bastante dispendiosos para a
indústria farmacêutica (DiMasi, Hansen, & Grabowski, 2003). Assim sendo, a par do grande
inverstimento na inovação, a indústria dos medicamentos genéricos tem vindo a crescer
continuamente, proporcionando aos utentes e aos governos uma “nova” solução para o
problema do aumento das despesas em saúde.
Sendo uma alternativa de menor custo, representam um grande potencial de
poupança, quer para os utentes, quer para o Estado que, em média, é responsável pela
parcela maior dos gastos com medicamentos, nomeadamente através do processo de
comparticipação dos medicamentos em que é o Estado que paga uma parte do preço dos
medicamentos de venda ao público. Esclarecendo, a comparticipação do Estado no preço
de um medicamento depende do pedido do titular da Autorização de Introdução no
Conhecimento e Perceção do Valor dos Medicamentos Genéricos
20
Mercado (AIM) ao Ministério da Saúde e depende da avaliação efetuada pelo Infarmed
(autoridade do medicamento e produtos de saúde em Portugal) sobre o valor acrescentado
do medicamento em questão, em relação a outros medicamentos já comparticipados, quer
em termos de valor terapêutico, quer de valor económico. O pedido de comparticipação é
avaliado, portanto, segundo as vertentes farmacêutica, clínica e económica.
Figura 1 - Ciclo de vida do medicamento Fonte: Comissão Europeia (2019)
1.3. O Problema da Despesa em Saúde e o Valor Dos Medicamentos
Genéricos Para a Economia
De acordo com a Constituição da República Portuguesa (2005), a assistência médica
é constitucionalmente garantida independentemente das condições socioeconómicas dos
utentes, o que resulta num alargado acesso a todos os serviços de saúde, por todos os
cidadãos. Ainda assim, apesar do papel dos governos na acessibilidade dos serviços de
saúde proporcionar melhorias na qualidade de vida e longevidade das populações, a
garantia da equidade no acesso aos serviços de saúde tem um preço. Por essa e outras
razões, o crescimento da despesa pública em saúde em Portugal exerce uma grande
pressão sobre o Estado e sobre as contas públicas. Consequentemente, tem vindo a ser
atribuída cada vez mais importância ao mercado farmacêutico e às medidas adotadas para
garantir a acessibilidade e disponibilidade dos produtos farmacêuticos, controlando os seus
Capítulo 1 – Visão Geral Sobre o Mercado Farmacêutico e o Mercado de Genéricos
21
custos, não só em Portugal mas também nos outros estados membros da União Europeia
(Pereira & Vilares, 2014). Ainda assim, o crescimento da despesa em saúde não parou.
Segundo Vogler, Zimmermann, Leopold e de Joncheere (2011), entre 2000 e 2009, o
aumento médio da despesa pública no setor farmacêutico ambulatório foi de 76% para os
países da União Europeia, enquanto que o aumento nominal médio do PIB foi de 2,8%, o
que significa que a despesa pública no setor farmacêutico passa a representar uma fatia
muito maior da despesa pública total.
Portugal não escapa a esta estatística. No ano de 2018, o aumento nominal da
despesa em saúde no país foi de 5,1%, ultrapassando a variação nominal do PIB (3,6%),
segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE) (2019). A despesa total em saúde cresceu
de forma contínua de 7,5% do PIB em 1995 para 9,5% em 2014 (Simões, Augusto, Fronteira,
& Hernández-Quevedo, 2017). Este cenário de aumento de gastos em saúde, segundo
projeções da União Europeia, será um problema recorrente até 2050, graças ao
envelhecimento da população (Carone et al., 2011).
A OCDE (2018) defende que a redução do desperdício e a otimização dos gastos em
medicamentos são fundamentais para a eficiência dos sistemas de saúde. Com esse
objetivo em mente, propõe um conjunto de medidas, entre as quais se engloba a
exploração da adoção dos medicamentos genéricos e a promoção do seu consumo.
De facto, o potencial para poupança com o aumento de utilização de medicamentos
genéricos é um fator aliciante em termos de formulação de políticas para a saúde,
essencialmente porque vários medicamentos de sucesso têm perdido a sua proteção por
patente nos últimos anos (Wouters, Kanavos, & Mckee, 2017). Por exemplo, a
Rosuvastatina (medicamento para redução do colesterol), um dos medicamentos mais
vendidos de sempre (8,2 mil milhões de dólares em todo o mundo, em 2013), perdeu a sua
patente em 2016 nos Estados Unidos da América e em vários países Europeus (Wolfe,
2015), incluindo Portugal, em 2018. A introdução do genérico deste medicamento no
mercado comparticipado do SNS gerou, segundo o Infarmed (2018), uma redução de
despesa de quase 3 milhões de euros no primeiro trimestre de 2018. Segundo o IMS
Institute for Healthcare Informatics (2015a), o impacto do término de patentes durante o
período de 2016-2020 será maior que o de 2011-2015, incluíndo um impacto estimado de
Conhecimento e Perceção do Valor dos Medicamentos Genéricos
22
cerca de 41 mil milhões de dólares, o que significa que, graças ao forte investimento em
inovação e na crição de novos medicamentos, existe um mutualismo entre os
medicamentos de marca e genéricos, sendo que o atual investimento em investigação e
desenvolvimento será seguido de uma maior oportunidade no futuro já que um maior
número de medicamentos perderá a sua patente num dado período de tempo.
Em Portugal, segundo a APOGEN (Associação Portuguesa de Medicamentos
Genéricos e Biossimilares) (2018), a poupança gerada no ano de 2018 foi de 424,3 milhões
de euros no mercado ambulatório sendo que, num período de 8 anos (2011-2018) a
poupança foi de 3,3 mil milhões de euros. É graças a este grande potencial de poupança
que a utilização de medicamentos genéricos tem vindo a crescer em todo o mundo (Rana
& Roy, 2015) e, apesar de variar significativamente entre os seus estados membros, é agora
claro que a indústria de medicamentos genéricos tem sido vital para a sustentabilidade da
prestação de serviços de saúde na União Europeia (IMS Institute for Healthcare Informatics,
2015b).
1.4. O Mercado Mundial de Medicamentos Genéricos
Tendo olhado para os números da poupança, é igualmente importante saber quem
os torna possíveis. Existe uma divergência na penetração dos medicamentos genéricos nos
mercados farmacêuticos a nível mundial. Indiscutívelmente, o líder mundial no que diz
respeito ao mercado dos medicamentos genéricos são os Estados Unidos da América com
o mercado fortemente consolidado, em que 90% dos medicamentos dispensados através
de receita médica no ano de 2018 foram medicamentos genéricos, sendo que a poupança
total gerada por este tipo de medicamentos, no mesmo ano, foi de 292,6 mil milhões de
dólares (Association for Acessible Medicines, 2019). Uma melhor perspetiva da supremacia
estanudiense do mercado de medicamentos genéricos é obtida quando se comparam os
mercados do EUA e de outros países. Embora alguns países apresentem quotas de mercado
algo semelhantes, como o Reino Unido, a média dos países da OCDE é muito inferior a esses
valores, como veremos mais à frente.
No gráfico 2 encontram-se representadas as 10 maiores empresas de
medicamentos genéricos, segundo dados da Mistubishi UFJ Financial Group (2016).
Capítulo 1 – Visão Geral Sobre o Mercado Farmacêutico e o Mercado de Genéricos
23
Gráfico 2 - Top 10 empresas de medicamentos genéricos em termos de receitas em milhares de milhão de dólares Fonte: Mistubishi UFJ Financial Group (2016)
O importante a reter do gráfico anterior não será a ordem pela qual as empresas se
encontram distribuídas, pois certamente a tabela seria diferente com dados mais
atualizados. Antes é importante perceber a dimensão das empresas de medicamentos
genéricos. Existem empresas como a TEVA Pharmaceutical Industries, empresa líder do
mercado de genéricos dos EUA, sediada em Israel, que dedica grande parte da sua atividade
ao desenvolvimento de medicamentos genéricos. No entanto, existem também empresas
como a Allergan, adquirida recentemente pela AbbVie que aparecia em 6º lugar das
maiores empresas farmacêuticas a nível mundial (capítulo 1.1., gráfico 1). Isto mostra que
as grandes empresas farmacêuticas, as mesmas que investem grande parte das suas
receitas em investigação e desenvolvimento têm vindo a apostar também no mercado dos
genéricos uma vez que, mais inovação hoje traduzir-se-á numa crescente oportunidade
para o desenvolvimento de um mercado cada vez maior e mais abrangente de
medicamentos genéricos.
1,8 2 2,1 2,4 2,7 2,8 4
,5
7,7
13
,1
20
,3
0
5
10
15
20
25
Top 10 Empresas de Medicamentos Genéricos em Termos de Receitas, 2014
Conhecimento e Perceção do Valor dos Medicamentos Genéricos
24
1.5. O Mercado Português de Medicamentos Genéricos
São várias as empresas dedicadas aos medicamentos genéricos com presença no
territórios português. Atualmente, são 12 as empresas da indústria farmacêutica de
medicamentos genéricos associadas à APOGEN, algumas delas entre as maiores
anteriormente referidas, como a TEVA e a Mylan.
Figura 2 - Empresas farmacêuticas de medicamentos genéricos associadas à APOGEN Fonte: APOGEN (2020)
O crescimento do mercado de medicamentos genéricos em Portugal é inegável. De
facto, várias das razões mencionadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para a
baixa utilização de medicamentos genéricos têm vindo a ser combatidas, como os hábitos
de prescrição e o sistema de preços (World Health Organizaton, 2010). Ainda assim, o
crescimento da quota de mercado de medicamentos genéricos em Portugal abrandou nos
últimos anos, em comparação com o crescimento inicial. De acordo com os dados
presentes num comunicado de imprensa do Infarmed (2018), entre 2016 e 2018, o
crescimento da quota de mercado de medicamentos genéricos foi de apenas 0,9%,
contrastando com o crescimento de 9,8% entre 2010 e 2012 (de 31,4% para 41,2%). O
mesmo é evidente para anos anteriores, como é ilustrado no gráfico 3. Estes dados
referem-se aos medicamentos comparticipados e dispensados em regime de ambulatório
aos utentes do SNS. Para o mercado total, a quota de mercado dos medicamentos
genéricos é de apenas cerca de 40% (Infarmed, 2018b).
Capítulo 1 – Visão Geral Sobre o Mercado Farmacêutico e o Mercado de Genéricos
25
Gráfico 3 - Quota de mercado dos medicamentos genéricos no mercado de medicamentos comparticipados em regime ambulatório do SNS em unidades dispensadas Fonte: Infarmed (2018a).
Para o mercado concorrencial, ou seja, tendo em conta apenas os medicamentos
para os quais existem uma alternativa genérica, a quota de mercado atingida foi de
sensivelmente 64% (gráfico 4), o que indica que, para os medicamentos que possuem uma
alternativa genérica no mercado, sensivelmente 2 em cada 3 medicamentos dispensados
são genéricos. Apesar desta percentagem aparentar ser relativamente elevada, o que na
realidade indica é que o mercado de medicamentos genéricos ainda não atingiu a sua
eficácia máxima, existindo ainda algum espaço para crescer.
6,9
0%
9,2
0% 14
,30
%
16
,80
%
19
,40
%
21
,70
%
25
,40
% 31
,40
%
36
,20
%
41
,20
%
44
,70
%
46
,50
%
47
%
47
,30
%
47
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%
48
,20
%
0,00%
10,00%
20,00%
30,00%
40,00%
50,00%
60,00%
2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018
Quota de Mercado de Medicamentos Genéricos em Portugal
Quota de mercado de medicamentos genéricos
Conhecimento e Perceção do Valor dos Medicamentos Genéricos
26
A indústria de medicamentos genéricos tem sido um pilar fundamental para a
sustentabilidade dos serviços de saúde da União Europeia, sem a qual muito dificilmente
os governos da região conseguiriam acompanhar o aumento dos gastos em saúde que se
têm vindo a sentir nos últimos anos (IMS Institute for Healthcare Informatics, 2015b). Em
Portugal, o aumento da utilização de genéricos tem sido uma das medidas de controlo de
gastos de maior relevo para a industria farmacêutica (Simões et al., 2017) dados os
números expressivos mencionados anteriormente.
Os preços e as quotas de mercado de genéricos variam de forma acentuada em toda
a Europa (Wouters et al., 2017) e, realmente, Portugal tem ficado aquém das espectativas
no que toca ao crescimento da quota de mercado de medicamentos genéricos nos últimos
anos. E, embora não seja o país com pior desempenho, em 2019 encontrava-se abaixo da
média para os países da OCDE no que toca à quota de mercado de medicamentos genéricos
(OCDE, 2019), como é evidente no gráfico 5.
36%
64%
Quota de mercado concorrencial
Medicamento de Referência Medicamento Genérico
Gráfico 4 - Quota de mercado de medicamentos genéricos no mercado concorrencial Fonte: Infarmed (2018a)
Capítulo 1 – Visão Geral Sobre o Mercado Farmacêutico e o Mercado de Genéricos
27
Gráfico 5 - Quota de mercado de genéricos no mercado farmacêutico total 1 – Mercado farmacêutico comparticipado 2 – Mercado de farmácia comunitária Fonte: OCDE (2019)
1.6. Fatores influentes sobre o mercado de genéricos
Sabendo agora a importância que os medicamentos genéricos têm sobre as contas
públicas, torna-se igualmente importante perceber quais os fatores que exercem influência
sobre a utilização deste tipo de medicamentos e quais são os elementos chave para o
desenvolvimento do setor (Howard et al., 2018). Só assim será possível perceber as razões
que causaram o travão no crescimento do mercado português e de que maneira é possível
provocar um novo impulso no crescimento.
Um estudo realizado com o objetivo de avaliar a baixa utilização de medicamentos
genéricos em Portugal, realizado em 2012 chegou à conclusão que, na altura, os maiores
entraves para o desenvolvimento do mercado seriam a falta de informação, confiança e
problemas com a prescrição de medicamentos (Quintal & Mendes, 2012). Todos estes
aspetos têm vindo a ser combatidos, mas ainda assim o mercado não cresce de forma
significativa há já vários anos, encontrando-se ainda distante de outros mercados de
referência (Duque, Rocha, & Balteiro, 2014). Assim sendo, para que o impulsionamento da
quota de mercado de medicamentos genéricos seja possível, é necessário avaliar quais os
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Quota de mercado de genéricos no mercado farmacêutico total, 2019 (ou ano mais próximo)
Valor Volume
Conhecimento e Perceção do Valor dos Medicamentos Genéricos
28
elementos que podem servir de entrave. Os autores Quintal e Mendes (2012) afirmam que
“o sucesso de qualquer medida para a promoção do consumo de medicamentos genéricos
depende de vários agentes e barreiras à substituição que podem surgir em diferentes
áreas. A atitude dos utentes e dos farmacêuticos pode ser uma dessas barreiras” (p. 63).
Então, embora os fatores influentes sobre o mercado farmacêutico sejam de
diversas fontes, este estudo focar-se-á naqueles que partem do consumidor, ou seja, os
fatores que exercem influência e que partem do lado da procura. Tendo isso em mente, foi
realizada uma revisão da literatura sobre o conhecimento e perceção dos consumidores
em relação aos medicamentos genéricos com o objetivo de identificar os principais fatores
com influência sobre os mesmos.
29
Capítulo 2: Revisão da Literatura
30
Capítulo 2 – Revisão da Literatura
31
2. Revisão da Literatura
A presente revisão da literatura teve como principal objetivo perceber até que
ponto existem, na literatura, evidências sobre os parâmetros que exercem influência sobre
a perceção do valor, opinião e conhecimento dos indivíduos em relação aos medicamentos
genéricos e quais as diferenças desses mesmos parâmetros entre os consumidores
portugueses e de outros países.
Para a presente revisão da literatura foram considerados artigos publicados entre
Janeiro de 2005 e Outubro de 2019, arquivados nas bases de dados da PubMed e Scopus,
cujos objetivos fossem a avaliação da opinião dos utentes ou consumidores em relação aos
medicamentos genéricos. Por “opinião” entenda-se “perceção”, “ponto de vista”,
“atitude”, “comportamento” e “conhecimento”. Os títulos e abstracts dos artigos foram
revistos para publicações contendo as seguintes palavras ou expressões: “consumidor”,
“doente”; “genérico”, “opinião”, “ponto de vista”, “perceção” e “atitude” (em inglês
“consumer”,” patiente”, “generic”, “opinion”, “view”, “perception”, “attitude”). Foram
incluídos na revisão da literatura apenas artigos publicados na língua inglesa e portuguesa.
Estudos relativos à perceção, atitudes, opiniões e pontos de vista sobre os medicamentos
genéricos por parte de médicos e outros profissionais de saúde não foram incluídos.
A utilização destes parâmetros de pesquisa resultou em 1047 artigos na base de
dados da PubMed e 1664 artigos na Scopus, cujos títulos e abstracts foram revistos de
maneira a avaliar a sua adequação no contexto do presente estudo. Foram incluídos para
revisão um total de 59 artigos. Para o caso dos estudos realizados em Portugal, foram
incluídas todas as publicações encontradas, independentemente da data de publicação.
Foram incluídos 5 estudos realizados em Portugal.
A revisão dos artigos selecionados foi realizada tendo como guia estrutural os temas
recorrentes na investigação do tema em questão.
2.1. Conhecimento e utilização de medicamentos genéricos
De um modo geral as populações pelo mundo fora já estão razoavelmente bem
informadas sobre o que são os medicamentos genéricos (Al Ameri, Whittaker, Tucker,
Conhecimento e Perceção do Valor dos Medicamentos Genéricos
32
Yaqoob, & Johnston, 2011; Costa-Font, Rudisill, & Tan, 2014; O’Leary et al., 2015) e são
recetivas ao seu consumo (Drozdowska & Hermanowski, 2014; El-Dahiyat & Kayyali, 2013;
Fraeyman et al., 2015; Kohli & Buller, 2013). Na Bélgica, por exemplo, apenas cerca de 5%
dos participantes de um estudo realizado através de um questionário online preferia não
utilizar medicamentos genéricos (Fraeyman et al., 2015). Na Irlanda, 84% dos participantes
de um estudo realizado com doentes em visita a uma farmácia comunitária consideravam-
se familiarizados com os medicamentos genéricos e mostraram-se apoiantes do conceito
de “substituição genérica” (O’Leary et al., 2015).
Não obstante, existem ainda países em que o conceito de medicamento genérico
ou os seus atributos são desconhecidos por uma boa parte da população. Em alguns
estudos realizados em países em desenvolvimento, mais de metade dos participantes não
conhecia o termo medicamento genérico (Sharrad & Hassali, 2011; Stuart, Gupta, & Sealy,
2017; Wong et al., 2014). Outro aspeto a ter em conta é o facto de, embora um indivíduo
possa ter conhecimento do conceito de medicamento genérico, pode não ter
conhecimento sobre todos os outros aspetos que rodeiam o mesmo. Um desses aspetos
diz respeito aos processos de aprovação de medicamentos, como mostra um estudo
realizado nos Estados Unidos da América que concluia que cerca 74% dos participantes do
estudo consideravam ter pouco conhecimento sobre o processo de aprovação de
medicamentos genéricos (Kesselheim et al., 2017). Este é um dado muito importante uma
vez que existem evidências na literatura de que o conhecimento sobre o conceito de
medicamento genérico e das suas características é um dos aspetos que exercem influência
sobre a preferência pelo consumo dos mesmos (Al Ameri et al., 2011; Babar et al., 2010;
Costa-Font et al., 2014; Domeyer, Katsari, Sarafis, Aletras, & Niakas, 2018; Guttier, Silveira,
Luiza, & Bertoldi, 2017; Sharrad & Hassali, 2011) (Al Ameri et al., 2011; Babar et al., 2010;
Costa-Font et al., 2014; Domeyer et al., 2018; Guttier et al., 2017; Sharrad & Hassali, 2011).
Por exemplo, um estudo realizado no Brasil identificava uma tendência de maior
preferência pela compra de medicamentos genéricos relacionada com o aumento do
conhecimento do indivíduo sobre o tema (Guttier et al., 2017). De igual modo, um estudo
realizado com estudantes universitários gregos concluia que o conhecimento sobre o tema
Capítulo 2 – Revisão da Literatura
33
é um dos elementos chave modeladores da atitude em relação aos medicamentos
genéricos (Domeyer et al., 2018).
No caso de Portugal, um estudo publicado em 2014 concluia que de uma população
de 375 indivíduos, apenas 5 nunca tinha ouvido falar de medicamentos genéricos (Duque
et al., 2014). Isto mostra que, à data do estudo mencionado, a população portuguesa
aparentava estar bem informada sobre o assunto em questão. Ainda assim, nesse mesmo
estudo, cerca de 40 participantes não definia os medicamentos genéricos como sendo mais
baratos e de igual qualidade. Um outro estudo realizado em Portugal dois anos antes
demonstrava que uma das principais razões para a subutilização dos medicamentos
genéricos é a falta de conhecimento sobre os mesmos (Quintal & Mendes, 2012). Nesse
mesmo estudo todos os participantes afirmavam conhecer o termo “medicamento
genérico”, mas apenas 65% da população desse estudo demonstrava um correto
entendimento do termo e das suas características. Portanto, o real conhecimento da
população portuguesa poderá não ser tão bom quanto o estudo mais recente leva a crer.
Mesmo assim, houve uma evolução no conhecimento no espaço de tempo entre os dois
estudos mencionados.
É importante pois notar que a “consciência dos benefícios dos medicamentos
genéricos não equivale a preferência para uso pessoal” (Keenum, DeVoe, Chisolm, &
Wallace, 2012). Um estudo realizado no Estados Unidos da América concluia que apesar de
97% dos participantes que diziam estar confortáveis com o uso de medicamentos genéricos
recomendados pelo médico, aproximadamente metade pedia ao seu médico
medicamentos de marca (Kesselheim et al., 2016). Existem ainda populações que
acreditam fortemente que os medicamentos genéricos são uma “invenção” para poupar
dinheiro aos governos, ideia que deteriora fortemente a predisposição dos consumidores
para optar por este tipo de medicamentos (Al Ameri et al., 2013; Domeyer et al., 2018;
Himmel et al., 2005; Karampli, Triga, Kyriopoulos, Athanasakis, & Tsiantou, 2016).
Para combater esta “desinformação” é essencial um papel ativo dos médicos e
farmacêuticos no processo de educação dos seus utentes e clientes. De facto, o médico e
o farmacêutico constituem as maiores e mais fiáveis fontes de informação para os doentes
e exercem um grande impacto nas suas decisões, nomeadamente no que toca à escolha
Conhecimento e Perceção do Valor dos Medicamentos Genéricos
34
entre medicamentos genéricos e de marca (Drozdowska & Hermanowski, 2014; Dunne &
Dunne, 2015; Guttier et al., 2017; Heikkilä, Mäntyselkä, & Ahonen, 2010; Karampli et al.,
2016; Kjoenniksen, Lindbaek, & Granas, 2006; Quintal & Mendes, 2012; Zerbini, Luceri, &
Vergura, 2017). O mesmo se verificava em Portugal num estudo que identificava o médico
e o farmacêutico como sendo as principais fontes de informação escolhidas pelos utentes
para obter informações sobre os medicamentos genéricos (Duque et al., 2014). É por isso
importante que seja estabelecido um diálogo coerente entre os profissionais de saúde e os
seus doentes, o que nem sempre acontece (Al-Gedadi, Hassali, & Shafie, 2008; Al Ameri et
al., 2011; Keenum et al., 2012; Oyetunde, Aina, & Tayo, 2014; Saleh et al., 2017; Shrank,
Cox, Fischer, Mehta, & Choudhry, 2009; Stuart et al., 2017; Toverud, Røise, Hogstad, &
Wabø, 2011; Wong et al., 2014).
Assim sendo, o consenso é de que os consumidores devem ser educados no sentido
de erradicar as más perceções que estes têm sobre os medicamentos genéricos (Al-Gedadi
et al., 2008; Athanasakis, Kyriopoulos, & Kyriopoulos, 2018; Drozdowska & Hermanowski,
2016; Fraeyman et al., 2015; Guttier et al., 2017; Hassali, Kong, & Stewart, 2005;
Kjoenniksen et al., 2006; Quintal & Mendes, 2012; Saleh et al., 2017; Sharrad & Hassali,
2011; Stuart et al., 2017; Toklu et al., 2012; Wong et al., 2014; Zerbini et al., 2017). Más
perceções essas que são resultado sobretudo da falta de conhecimento sobre o assunto e
pela falta de comunicação entre os profissionais de saúde e os seus utentes a este respeito.
2.2. O papel dos profissionais de saúde na opinião dos utentes
Como já foi referido, o médico e os restantes profissionais de saúde exercem um
forte impacto sobre as escolhas dos doentes em relação à sua saúde, nomeadamente em
relação aos medicamentos que consomem. No entanto, existem casos em que até os
profissionais de saúde não têm o conhecimento necessário sobre os medicamentos
genéricos de maneira a aconselhar os seus doentes de forma eficaz ou têm uma visão
negativa sobre os mesmos (Kieran, O’Reilly, O’Dea, Bergin, & O’Leary, 2017; Nardi & Ferraz,
2016; Toklu et al., 2012). Neste caso, o médico pode constituir uma barreira para o
desenvolvimento do mercado de medicamentos genéricos e para a sua aceitação de forma
geral, caso a sua inclinação seja para a recomendação de medicamentos de marca (Hassali
Capítulo 2 – Revisão da Literatura
35
et al., 2005; Sharrad & Hassali, 2011). O mesmo parece verificar-se na população
portuguesa. Num estudo realizado em Portugal e já citado anteriormente, cerca de 40%
dos participantes referiam como causa para a não utilização de medicamentos genéricos,
o facto de o médico não prescrever este tipo de fármacos (Duque et al., 2014). É pois
importante educar não só os consumidores, mas também os profissionais de saúde no
sentido de uma maior aceitação dos medicamentos genéricos, enaltecendo as suas
qualidades e o seu valor para a economia e sociedade, quer do ponto de vista de gestão de
recursos, quer para melhoria do acesso à saúde - já que a opinião do médico e do
farmacêutico é determinante para a aceitação e para a formulação de atitudes positivas
por parte dos doentes e consumidores (Yousefi, Mehralian, Peiravian, & NourMohammadi,
2015). Existem evidências na literatura de que a aceitação dos medicamentos genéricos é
maior por parte dos doentes quando estes são recomendados pelo médico ou pelo
farmacêutico (Al-Gedadi et al., 2008; Al Ameri et al., 2013, 2011; Babar et al., 2010; Costa-
Font et al., 2014; Jacomet et al., 2015; Kieran et al., 2017; Kjoenniksen et al., 2006;
Kobayashi, Abe, & Satoh, 2019; Skaltsas & Vasileiou, 2015; Yousefi et al., 2015). À mesma
conclusão chegou um estudo em Portugal que concluia que a principal razão para aceitar a
substituição da sua medicação por genéricos é a recomendação pelo médico ou
farmacêutico (Quintal & Mendes, 2012).
2.3. Fatores sociodemográficos de influência sobre a opinião e
conhecimento
No que diz respeito à influência que as características sociodemográficas dos
indivíduos têm sobre as suas crenças e atitudes em relação aos medicamentos genéricos,
existem alguns elementos de destaque, nomeadamente:
• Idade;
• Rendimento e/ou escolaridade;
• Género;
Começando pela idade, vários estudos indicam uma associação inversa entre a
idade e as atitudes e predisposição ao consumo de medicamentos genéricos, ou seja,
Conhecimento e Perceção do Valor dos Medicamentos Genéricos
36
indivíduos mais velhos mostram-se mais apreensivos em relação ao consumo de
medicamentos genéricos e são os que adotam uma perspetiva mais negativa em relação à
sua qualidade e eficácia e, contrariamente, indivíduos mais novos adotam um ponto de
vista mais positivo (Al-Gedadi et al., 2008; Costa-Font et al., 2014; Fraeyman et al., 2015;
Hassali et al., 2005; Heikkilä et al., 2010; Kjoenniksen et al., 2006; Kulikovska, Poplavska,
Ceha, & Mezinska, 2019; Olsson et al., 2018; Yousefi et al., 2015). O mesmo acontecia num
estudo realizado em Portugal em 2008 (Figueiras, Marcelino, & Cortes, 2008).
Em respeito ao rendimento e à escolaridade dos indivíduos, existem evidências na
literatura de um impacto quer positivo, quer negativo do rendimento e da escolaridade nas
opiniões e conhecimento dos consumidores em relação aos medicamentos genéricos. Ou
seja, existem estudos que concluem que indivíduos com maior rendimento monetário e/
ou com maior grau de escolaridade são aqueles que apresentam uma inclinação mais
positiva para os medicamentos genéricos, o seu consumo ou o conhecimento das suas
características (Al Ameri et al., 2013, 2011; Athanasakis et al., 2018; Himmel et al., 2005;
Kulikovska et al., 2019; Skaltsas & Vasileiou, 2015; Wong et al., 2014) e existem, ao mesmo
tempo, estudos que concluem que indivíduos com menor escolaridade e/ ou rendimento
têm maior preferência ou conhecimento sobre genéricos (Das et al., 2017; Drozdowska &
Hermanowski, 2014, 2016; El-Dahiyat & Kayyali, 2013; Toklu et al., 2012; Yousefi et al.,
2015). Estes resultados mostram que, em boa parte dos casos, aqueles que mais
beneficiariam da redução de custos com o consumo de medicamentos genéricos são os
mais reticentes à sua utilização.
Diferenças entre a opinião de cada género são também incoerentes na literatura,
havendo evidências que demonstram uma maior recetividade para o sexo masculino
(Athanasakis et al., 2018; Guttier et al., 2017; Jacomet et al., 2015; Olsson et al., 2018) e
para o sexo feminino (Babar et al., 2010; Heikkilä et al., 2010; Kulikovska et al., 2019; Shrank
et al., 2009)
No contexto português, associações entre a perceção e a idade e escolaridade
também foram encontradas. Em relação ao papel da idade nas crenças na eficácia dos
medicamentos genéricos, indivíduos mais jovens possuem crenças mais positivas
(Figueiras, Marcelino, & Cortes, 2007). Quintal e Mendes (2012) concluiam existir uma
Capítulo 2 – Revisão da Literatura
37
associação positiva entre a escolaridade e o correto entendimento sobre o que são
medicamentos genéricos, conclusão a que Figueiras et al. (2007) já haveriam chegado.
2.4. Perceção das características e atributos
Características como a qualidade e eficácia dos medicamentos são percecionados
de forma diferente por diferentes pessoas. Como já foi dito, populações bem informadas
tendem a apresentar uma perceção positivas sobre estes aspetos. Países em que o
conhecimento sobre os medicamentos genéricos não é tão generalizado, existe ainda
alguma apreensão quanto à utilização destes medicamentos, que são percecionados como
menos eficazes e de menor qualidade. Assim sendo, é importante perceber quais as
características ou atributos inerentes aos medicamentos genéricos em que os utentes
depositam menor confiança de maneira a perceber porquê e em que circunstâncias é que
isto acontece.
Começando pela perceção do aumento de efeitos adversos, a toma de todo e
qualquer medicamento está sujeita a ser acompanhada pelo surgimento de um ou mais
efeitos adversos. Este fenómeno é definido como “uma resposta nociva e não intencional
a um fármaco que ocorre com doses e utilização normais no Homem com o objetivo
profilático, de diagnóstico ou tratamento de uma doença ou para a modificação da função
fisiológica” (World Health Organization, 1972). Uma das principais preocupações dos
consumidores em relação ao consumo de medicamentos genéricos é a perceção de que os
mesmos provocam uma maior ocorrência de efeitos adversos, o que conduz a uma menor
intenção de compra e predisposição dos consumidores para optar por este tipo de
medicamentos (Jacomet et al., 2015; Keenum et al., 2012; Oyetunde et al., 2014; Papsdorf,
Ablah, Ram, Sadler, & Liow, 2009; Piguet, D’Incau, Besson, Desmeules, & Cedraschi, 2015;
Stuart et al., 2017). Nestes casos pode existir a ocorrência o efeito de nocebo (antagonista
do efeito placebo). Ou seja, podem ocorrer “efeitos adversos produzidos a partir de uma
expectativa negativa” (Planès et al., 2016) em relação aos medicamentos genéricos, o que
conduz a uma menor adesão a este tipo de medicamentos. Ainda assim, existem
populações que não põem em causa a segurança dos medicamentos genéricos, que podem
Conhecimento e Perceção do Valor dos Medicamentos Genéricos
38
ser considerados tão seguros como qualquer outro medicamento (Heikkilä et al., 2010;
Nardi & Ferraz, 2016; Ngo, Stupans, & McKinnon, 2013; Shrank et al., 2009).
No que diz respeito à perceção da eficácia, existem populações em que parte
considerável dos indivíduos percecionam os medicamentos genéricos como menos
eficazes ou “potentes” que os medicamentos de marca e consideram a eficácia como uma
das principais preocupações para a aceitação dos medicamentos genéricos (Al Ameri et al.,
2011; Frisk, Rydberg, Carlsten, & Ekedahl, 2011; Hassali et al., 2005; Lee et al., 2018; Nardi
& Ferraz, 2016; Ngo et al., 2013; Patel, Gauld, Norris, & Rades, 2012; Piguet et al., 2015;
Saleh et al., 2017; Sewell, Andreae, Luke, & Safford, 2012; Wong et al., 2014; Yousefi et al.,
2015). A perceção de falta de eficácia pode ser consequência da fraca perceção da sua
qualidade ou da ideia de que os medicamentos genéricos não são “medicamentos a sério”.
Não obstante, existem populações em que a eficácia dos medicamentos genéricos não é
vista como um problema, como é o caso da Finlândia, em que 80,9% dos respondentes de
um questionário considerava os medicamentos mais baratos igualmente eficazes e 84,9%
como igualmente seguros (Heikkilä et al., 2010). Em Portugal, Figueiras et al. (2007)
referiam uma “forte crença” na eficácia dos medicamentos genéricos e na sua semelhança
com os medicamentos de marca por parte dos participantes do estudo. No entanto, a falta
de confiança na eficácia dos medicamentos genéricos era apontada pelos participantes de
um outro estudo como uma das razões para a baixa utilização deste tipo de fármacos no
país (Quintal & Mendes, 2012).
O preço é muitas vezes visto pelos consumidores como um indicador direto da
qualidade dos produtos (Chang & Wildt, 1996). Por este motivo, o facto de os
medicamentos genéricos serem mais baratos é ao mesmo tempo um aspeto positivo e
negativo. Em muitos casos, o preço é o principal fator para a aceitação destes
medicamentos e é referido como a principal vantagem pelos consumidores (Drozdowska
& Hermanowski, 2016; Frisk et al., 2011; Hassali et al., 2005; Heikkilä, Mäntyselkä, &
Ahonen, 2011; Kjoenniksen et al., 2006; Kulikovska et al., 2019; Lins Ferreira et al., 2017;
Nardi & Ferraz, 2016; Papsdorf et al., 2009; Piguet et al., 2015; Toklu et al., 2012). Noutros
casos, o preço poderá ter um efeito negativo na perceção da qualidade do produto, do
Capítulo 2 – Revisão da Literatura
39
ponto de vista do consumidor (Al Ameri et al., 2013; Himmel et al., 2005; Patel et al., 2012;
Piguet et al., 2015; Wong et al., 2014).
Em Portugal, “verificou-se que um fator que parece promover a escolha de um
medicamento genérico é o facto de este ter um preço diferente do medicamento de
marca” (Figueiras, Marcelino, & Cortes, 2007). O impacto que o preço tem na perceção da
qualidade os medicamentos genéricos não foi ainda, à data do presente estudo, avaliado
em Portugal.
2.5. Impacto do estado de saúde
De um modo geral, indivíduos que percecionam (ainda que hipoteticamente) o seu
estado de saúde como grave mostram-se menos dispostos para optar por medicamentos
genéricos e preferem os medicamentos de marca, atribuindo menor importância ao preço
dos medicamentos (Al Ameri et al., 2013, 2011; Figueiras et al., 2008; Hensler, Uhlmann,
Porschen, Benecke, & Rösche, 2013; Nardi & Ferraz, 2016; Ngo et al., 2013; Sewell et al.,
2012; Shrank et al., 2009; Wong et al., 2014). Este facto é especialmente relevante para o
caso dos doentes crónicos que são um dos grupos que mais pode beneficiar da utilização
deste tipo de medicamentos. Mesmo assim, a predisposição para a utilização de
medicamentos genéricos em situações de doença crónica é menor quando comparanda
com a predisposição para a utilização em doenças agudas (Al-Gedadi et al., 2008; Al Ameri
et al., 2013, 2011; Athanasakis et al., 2018; Hassali et al., 2005; Himmel et al., 2005).
Existem, no entanto, populações em que isto não se verifica. Países em que o mercado de
medicamentos genéricos é bem desenvolvido, existe uma maior aceitação de
medicamentos genéricos para doenças crónicas e/ou doenças mais graves, como é o caso
dos Estados Unidos da América (Shrank et al., 2009).
Em Portugal, um estudo concluia que doentes crónicos têm menor probabilidade
de optar por medicamentos genéricos (Quintal & Mendes, 2012). Outros 2 estudos
concluiam que os participantes optam menos por medicamentos genéricos para o
tratamento de doenças mais graves (Figueiras et al., 2008; Figueiras, Marcelino, Cortes,
Horne, & Weinman, 2007).
Conhecimento e Perceção do Valor dos Medicamentos Genéricos
40
2.6. Experiência passada com medicamentos genéricos
Outro elemento de relevo para a perceção que os consumidores têm em respeito
aos medicamentos genéricos é a experiência de utilização. Diversos estudos concluiam que
a experiência de utilização prévia positiva deste tipo de medicamentos era um fator
positivo sobre a sua perceção (Babar et al., 2010; Drozdowska & Hermanowski, 2014;
Heikkilä, Mäntyselkä, Hartikainen-Herranen, & Ahonen, 2007; Lins Ferreira et al., 2017;
Rathe et al., 2013; Rathe, Søndergaard, Jarbøl, Hallas, & Andersen, 2014; Sharrad & Hassali,
2011). O mesmo se verificava no estudo português realizado por Quintal e Mendes (2012)
que concluia que a perceção de que a substituição genérica produz uma redução de gastos
está associada à experiência passada com a substituição.
2.7. A Realidade Portuguesa
Comparativamente com os estudos realizados no resto do globo, a perceção dos
portugueses em relação aos medicamentos genéricos permanece um tópico relativamente
pouco desenvolvido, com apenas alguns estudos sobre o tema. Ainda assim, os estudos
revelam uma população aparentemente bem informada sobre o que são medicamentos
genéricos, ainda que algum deste conhecimento pareça ser leigo. Isso que leva a crer que
a população possa não estar tão bem informada como se pensa. Por exemplo, o estudo de
Duque et al. (2014) concluia que 40% dos participantes não definiam corretamente os
medicamentos genéricos como mais baratos e de igual qualidade. A reavaliação do
conhecimento da população portuguesa sobre o conceito de medicamento genérico torna-
se pertinente no sentido de perceber até que ponto as intervenções do Infarmed no
sentido de educar a população têm ou não sortido efeito. A criação de um correto
entendimento sobre o tema entre os consumidores portugueses é muito importante já
que, segundo a literatura revista, o correto entendimento e experiência prévia com os
medicamentos genéricos podem estar associados a uma perceção positiva e predisposição
para a sua utilização. É igualmente importante avaliar o impacto que o conhecimento tem
sobre a perceção das características e atributos dos medicamentos genéricos como a
qualidade, a eficácia, a segurança e o preço.
Capítulo 2 – Revisão da Literatura
41
Outro aspeto a ter em conta é o facto de o estudo realizado por Duque et al. (2014)
ter revelado que 24,4% dos participantes não têm confiança nos medicamentos genéricos.
É importante então, verificar se os níveis de confiança são os mesmos desde 2014 (data do
estudo português mais recente) e definir as causas desta falta de confiança de maneira a
combatê-las.
Em suma, é importante fazer uma reavaliação do conhecimento da população,
assim como uma reavaliação das suas perceções de maneira a perceber se se verifica
alguma alteração desde a realização do último estudo em Portugal (2014) já que é a partir
dessa altura que o crescimento da quota de mercado abranda. É igualmente importante
perceber quais os aspetos que exercem impacto sobre a perceção e a confiança que os
portugueses têm nos medicamentos genéricos.
42
43
Capítulo 3: O Processo de
Investigação
44
Capítulo 3 – O Processo de Investigação
45
3. O Processo de Investigação
O processo de investigação adotado foi o da pesquisa quantitativa baseada no
processo de recolha e análide de informação numérica e cujo instrumento principal foi um
inquérito estatístico. O inquérito estatístico é uma das metodologias de investigação mais
utilizadas, nomeadamente nas ciências sociais (Ferreira & Campos, 2009). Dada a
necessidade de recolha de informação de um conjunto de comportamentos da população,
foi realizado um inquérito estatístico por questionário com o objetivo de avaliar o
conhecimento e perceção da população portuguesa relativamente aos medicamentos
genéricos e a sua utilização. A recolha deste tipo de informação permite comparar tanto
quanto possível os resultados com a investigação anteriormente realizada no contexto
português avaliando eventuais alterações no paradigma, assim como estudar outros
fenómenos ainda não abordados na literatura. A investigação é, neste sentido tanto
descritiva como correlacional.
3.1. A Metodologia Operacional
Como já foi referido, optou-se por uma metodologia de investigação quantitativa
com recurso à realização de um inquérito por questionário. Uma vez decidida a aplicação
de um inquérito descrevem-se de seguida as sucessivas fases da sua aplicação.
3.1.1. A População Alvo
População portuguesa maior de 18 anos de idade com acesso a computador e
internet.
3.1.2. Amostragem
Para recolha da amostra a ser utilizada neste estudo foi aplicada uma metodologia
que consistiu na realização de um questionário estruturado. Foi utilizado um processo de
amostragem por conveniência. Devido ao caráter oportunista da amostragem, os
resultados obtidos não são representativos da população. No entanto, o uso de uma
amostra por conveniência permite captar, identificar e avaliar aspetos importantes e
cientificamente objetivos na população (Ferreira & Campos, 2009).
Conhecimento e Perceção do Valor dos Medicamentos Genéricos
46
3.1.3. Amostra
A amostra válida recolhida foi de 213 indivíduos. É caracterizada por ser constituída
maioritariamente por indivíduos do género feminino (57,28%), indivíduos com menos de
45 anos (71,83%) e indivíduos com nível superior de escolaridade (76,53%). Todavia, cerca
de 36 observações foram rejeitadas por não obedecerem aos pressupostos do
questionário.
3.1.4. Metedologia de Contacto
O questionário foi distribuído na plataforma web LimeSurvey (LimeSurvey Project
Team & Schmitz, 2012) com recurso à sua difusão pelas redes sociais. Apesar de a
realização de questionários com recurso a plataformas em rede seja um tópico
sobejamente debatido desde a sua origem, a verdade é que a sua aplicação apresenta
várias vantagens: alcance global, flexibilidade, rapidez, conveniência, facilidade na
introdução e análise de dados, diversidade, facilidade de obtenção de grandes amostras,
entre outras (Evans & Mathur, 2018). Não quer isto dizer que é uma metodologia sem
falhas. A mais preocupante, no caso do presente estudo em específico, será o desvio nos
atributos da “população online”.
3.1.5. Trabalho de Campo
O questionário permaneceu acessível na plataforma online entre o dia 31 de março
de 2020 e dia 4 de maio de 2020.
3.1.6. Questionário
De maneira a melhor avaliar a opinião e perceção dos participantes do estudo,
optou-se pela elaboração de um questionário estruturado, tendo como base a literatura
revista e os objetivos do estudo. Foi realizado um pré-teste ao questionário com 10
participantes recolhidos numa farmácia escolhida de forma aleatória, pertencente ao
município de Aveiro. Deste pré-teste não surgiu nenhuma alteração ao questionário. O
questionário final foi composto por 18 itens de resposta fechada, à exceção de uma
questão de resposta aberta referente à ocupação profissional do participante. O
questionário foi dividido em quatro partes distintas. A primeira parte focou-se na avaliação
do perfil sociodemográfico dos participantes. A segunda parte foi constituída por questões
Capítulo 3 – O Processo de Investigação
47
com o objetivo de avaliar a notoriedade dos medicamentos genéricos e a experiência dos
participantes com os mesmos. A terceira parte incidiu sobre a perceção e imagem dos
medicamentos genéricos na mente do consumidor, avaliando estes parâmetros através de
escalas de Likert com 6 níveis de concordância (entre 1 - “discordo totalmente” e 6 -
“concordo totalmente”). A quarta e última parte do questionário foi constituída por apenas
uma questão de autoavaliação do estado de saúde geral dos participantes (entre 1 – “um
péssimo estado de saúde” e 9 – “um excelente estado de saúde”).
3.1.7. Metodologia de Análise
Com o objetivo de avaliar a perceção e conhecimento dos participantes aquando a
sua participação no estudo foi realizada uma análise descritiva e correlacional dos dados
obtidos. A metodologia estatística foi aplicada tendo em conta as recomendações de
Khamis (2008) e Murray (2013) para a análise estatística de escalas do tipo Likert. Valores
de significância menores que 0,05 foram considerados estatisticamente significativos.
Foi criada uma nova variável (“perceção das características”) representada pela
soma das respostas de cada participante aos itens relacionados com a perceção das
características dos medicamentos genéricos (“princípio ativo”, “potência/eficácia”,
“segurança”, “padrões de produção, controlo e qualidade”, “preço” e “perceção da
redução da despesa”). De maneira a avaliar a consistência interna das escalas utilizadas
para a formulação da nova variável, foi calculado o valor de Alpha de Cronbach que avalia
a consistência interna e fiabilidade das escalas de Likert e o seu cálculo é essencial,
especialmente quando se utiliza o somatório dos resultados das escalas (James T.
Croasmun & Lee Ostrom, 2011) uma vez que o Alpha de Cronbach não avalia a fiabilidade
de escalas individuais (Gliem & Gliem, 2003). O valor do Alpha de Cronbach obtido foi de
α=0,811. Este valor é indicador de uma elevada consistência interna das escalas utilizadas.
Ou seja, as escalas utilizadas estão intimamente relacionadas como um grupo.
O estudo da relação entre esta nova variável contínua e as restantes escalas de
Likert foi feito com recurso ao coeficiente de correlação de postos de Spearman denotado
pela letra grega ρ (ró). Para os casos em que o número de níveis da variável ordinal é baixo
(menos de 5), foi utilizado o coeficiente de correlação tau-b de Kendall denotado pela letra
grega T (tau). A mesma metodologia se aplicou para estudar a correlação entre variáveis
Conhecimento e Perceção do Valor dos Medicamentos Genéricos
48
ordinais, aplicando a mesma regra para a escolha da medida de correlação. Correlações
que envolvessem variáveis nominais foram avaliadas utilizando o coeficiente de correlação
ponto bisseral (rpb). Toda esta metodologia estatística segue as recomendações de Khamis
(2008) e Murray (2013) para a análise estatística de escalas do tipo Likert.
Todos os dados foram introduzidos no Statistical Package for the Social Sciences
(SPSS, versão 26) e toda a análise estatística foi realizada com recurso a este software.
49
Capítulo 4: Análise dos Resultados
50
Capítulo 4 – Análise dos Resultados
51
4. Resultados
4.1. Caracterização da Amostra
A amostra recolhida (N=213) é caracterizada por ser constituída maioritariamente
por indivíduos do género feminino (57,28%), indivíduos com menos de 45 anos (71,83%) e
indivíduos com nível superior de escolaridade (76,53%). Um resumo das características da
população encontra-se na tabela 1.
A população da amostra revelou possuir um nível relativamente elevado de
conhecimento e experimentação em relação aos medicamentos genéricos. De facto, como
se verifica no gráfico 6, cerca de 29% dos participantes afirmaram utilizá-los de forma
ocasional enquanto que a maioria (aproximadamente 60%) afirmou utilizar com alguma ou
muita regularidade. Apenas 1 participante admitiu nunca ter ouvido falar sobre
medicamentos genéricos e apenas 14 indivíduos admitiram não conhecer as principais
características deste tipo de medicamentos.
Para além disso, cerca de 69% dos participantes afirmou ter tomado pelo menos 1
medicamento nos 30 dias anteriores à implementação dos questionário. Destes (148
indivíduos), 70% afirma que pelo menos 1 dos medicamentos que tomou nos 30 dias
anteriores era um medicamento genérico. Assim, da população total do estudo, 49,28%
afirmou ter consumido pelo menos 1 medicamento genérico nos 30 dias anteriores à
recolha dos dados.
No que diz respeito ao próprio estado de saúde, a maior parte dos participantes
autoavaliou-se positivamente (6 ou mais), sendo que apenas 9 participantes indicaram um
nível de saúde igual ou inferior a 5 (média=7,35).
4.2. Perceção e Imagem
4.2.1. Perceção das características
No que diz respeito à perceção das características dos medicamentos genéricos,
foram utilizadas escalas de Likert com o objetivo de avaliar a perceção dos participantes
relativamente à “potência/eficácia”, “segurança”, “padrões de produção, controlo e
qualidade”, “preço” e “redução da despesa em saúde” dos medicamentos genéricos.
Conhecimento e Perceção do Valor dos Medicamentos Genéricos
52
Variável Frequência Percentagem
Género N=213 Masculino Feminino
91 122
42,7 57,3
Escalão Etário N=213 18-24 25-34 35-44 45-54 55-64 65+
79 49 25 23 26 11
37,1 23,0 11,7 10,8 12,2 5,2
Escolaridade N=213 Básica Secundária Superior
10 40 163
4,7 18,8 76,3
Tomou algum medicamento nos últimos 30 dias N=213 Sim Não Não me lembro
148 61 4
69,5 28,6 1,9
N.º de medicamentos tomados nos últimos 30 dias N=148 1 2 3 4 5 ou mais Não me lembro
52 25 30 7 30 4
35,1 16,9 20,3 4,7 20,3 2,7
Algum dos medicamentos tomados era genérico N=148 Sim Não Não me lembro
103 40 5
69,6 27,0 3,4
Tenho experiência passada positiva com os genéricos N=213 Concordo Discordo Não sei
188 12 13
88,3 5,6 6,1
Como avalia o seu atual estado de saúde N=213 4 5 6 7 8 9
4 5 32 78 59 35
1,9 2,3 15,0 36,6 27,7 16,4
Tabela 1 - Resumo das características sociodemográficas da população do estudo
Capítulo 4 – Análise dos Resultados
53
Gráfico 6 - "Conhecimento e experimentação" dos participantes
Na tabela 2 encontram-se resumidos os resultados das escalas de Likert para cada
um destes parâmetros. A média de cada escala foi calculada tendo em conta os valores de
1 a 6 da escala (1 – “discordo totalmente”; 2 – “discordo”; 3 – “discordo mais do que
concordo”; 4 – “concordo mais do que discordo”; 5 – “concordo”; 6 – “concordo
totalmente”), não contabilizando as respostas “não sei”. Para facilitar a interpretação da
tabela onde se encontram resumidos os resultados obtidos para a perceção e imagem, os
valores da escala encontram-se apresentados de forma abreviada (níveis de 1 a 3
representados por “discordo” e níveis de 4 a 6 representados por “concordo”).
Através da análise da tabela 2 é possível perceber que, de uma forma geral, existe
uma perceção positiva das principais características dos medicamentos genéricos.
Em primeiro lugar, o resultado que diz respeito à perceção de que os medicamentos
genéricos partilham o mesmo princípio ativo do medicamento original comprova que os
participantes do estudo, na sua maioria, possuem um correto entendimento sobre aquilo
que são os medicamentos genéricos (92% concorda; média=5,40).
Existe também uma perceção positiva em relação à potência/ eficácia dos
medicamentos genéricos já que cerca de 85% concordaram que os mesmos são tão
potentes ou eficazes que os medicamentos de marca (média=4,76).
A segurança é outro fator que a maioria dos participantes concordou ser
equivalente entre os dois tipos de medicamentos (89% concorda; média=4,99).
0,47%6,57% 4,23%
28,64%
60,09%
Não conheço, nemnunca ouvi falar
Já ouvi falar, masdesconheço as suas
principaiscaracterísticas
Sei o que são,conheço as suas
principaiscaracterísticas, mas
nunca os usei
Já os usei mas apenasocasionalmente
Já usei / uso comalguma ou muita
regularidade
Qual das seguintes afirmações traduz melhor o seu grau de conhecimento e experimentação relativamente aos medicamentos
genéricos
Conhecimento e Perceção do Valor dos Medicamentos Genéricos
54
Ainda assim, o preço foi a característica que mais concordância gerou, sendo que
cerca de 97% dos participantes concordou que o preço dos medicamentos genéricos é
menor do que os medicamentos de marca (média=5,42) e cerca de 91% concordou que a
utilização deste tipo de medicamentos pode fazer reduzir a despesa própria em saúde.
Variável Frequência Percentagem Média1
Os medicamentos genéricos, em relação aos medicamentos de marca:
Têm o mesmo princípio ativo N=213 Concordo Discordo Não sei
196 8 9
92,0 3,8 4,2
5,40
Têm a mesma potência/eficácia N=213 Concordo Discordo Não sei
182 24 7
85,4 11,3 3,3
4,76
Têm a mesma segurança N=213 Concordo Discordo Não sei
189 18 6
88,7 8,5 2,8
4,99
Têm os mesmos padrões de produção, controlo e qualidade N=213 Concordo Discordo Não sei
162 24 27
76,0 11,3 12,7
4,74
Têm menor preço N=213 Concordo Discordo Não sei
206 5 2
96,7 2,4 0,9
5,42
Permitem reduzir a despesa N=213 Concordo Discordo Não sei
193 13 7
90,6 6,1 3,3
5,12
Tabela 2 -Resumo dos resultados para a perceção das características 1Os valores da media não contabilizam as respostas “Não Sei”
Capítulo 4 – Análise dos Resultados
55
A escala que se destacou das restantes pelo seu resultado menos positivo foi a
escala com o objetivo de avaliar a perceção dos “padrões de produção, controlo e
qualidade” dos medicamentos genéricos. A grande diferença surge porque cerca de 13%
dos participantes afirma não saber definir a sua posição relativamente à característica em
causa e por esta ser a que gera menor concordância (76,0% concordou; média=4,74). Este
não deixa de ser um valor positivo, mas é importante notar que esta é a característica em
relação à qual os participantes se encontravam menos esclarecidos. Esta, juntamente com
a “potência/ eficácia” foram as duas escalas que produziram maior número de respostas
negativas (24 indivíduos discordaram em ambos os casos).
4.2.2. O impacto da experiência e conhecimento na perceção das
características
Para estudar a relação entre a perceção das características como um todo com as
outras variáveis do estudo foi criada uma nova variável (“perceção das características”)
representada pelo somatório das respostas de cada participante aos itens relacionados
com a perceção das características dos medicamentos genéricos (“princípio ativo”,
“potência/eficácia”, “segurança”, “padrões de produção, controlo e qualidade”, “preço” e
“perceção da redução da despesa”). O valor do Alpha de Cronbach foi calculado, avaliando
a consistência interna das escalas utilizadas na criação da nova variável (α=0,811). Este
valor é indicador de uma elevada consistência interna para as escalas utilizadas para a
construção da nova variável.
Ao estudar a relação entre a experiência dos utilizadores com os medicamentos
genéricos e a perceção das características deste tipo de medicamentos verificou-se que,
em primeiro lugar, existe uma forte correlação entre o “conhecimento e experimentação”
dos participantes e a “perceção das características”, através do teste de correlação de
Spearman (N=213; ρ=0,434; sig.=0,000). Utilizando mesmo teste verificou-se que o facto
de os participantes terem uma experiência positiva com os medicamentos genéricos
também se verificou estar fortemente correlacionada com a “perceção das características”
(N=213; ρ=0,590; sig.=0,000). Também se verificou, através do teste do coeficiente de
correlação ponto-bisseral, uma correlação moderada positiva entre a “perceção das
Conhecimento e Perceção do Valor dos Medicamentos Genéricos
56
características” e a toma de pelo menos um medicamento genérico nos 30 dias anteriores
à implementação do questionário (N=204; rpb=0,300; sig.=0,000), sendo que os valores
traduzem uma melhor perceção das características dos medicamentos genéricos entre os
indivíduos que reportaram ter consumido pelo menos um destes medicamentos nos 30
dias anteriores. Estes resultados estão todos de acordo com o proposto na hipótese 1, pelo
que se pode afirmar que a perceção das características dos medicamentos genéricos é
influenciada de forma positiva pela experiência e conhecimento que os consumidores
possuam acerca do tema.
4.3. Confiança
Apesar dos resultados positivos referenciados até aqui, os valores obtidos para a
confiança que os participantes atribuem aos medicamentos genéricos não são tão
positivos, uma vez que 85 participantes (cerca de 43%) concordaram que confiam mais em
medicamentos de marca do que em medicamentos genéricos, como se pode verificar no
gráfico 7. Cerca de 54% dos participantes discordaram com esta suposição e 8 participantes
mostraram-se indecisos quando à sua posição. É importante notar que, no entanto, o facto
de um indivíduo concordar que confia mais em medicamentos de marca não implica que o
mesmo não confie nos medicamentos genéricos, mas sim que a sua posição tende mais
para a confiança nos medicamentos de marca em termos relativos. Assim sendo, a maneira
como foi colocada a questão pode ter influenciado os resultados e deveria ter sido colocada
de outra forma.
Por outro lado, a confiança no médico não foi posta em causa pelos participantes
quando o próprio recomenda o uso de medicamentos genéricos, como é evidente no
gráfico 8. Este resultado indica que a recomendação de medicamentos por parte do médico
seria bem recebida.
Capítulo 4 – Análise dos Resultados
57
Gráfico 7 – Confiança relativa
Gráfico 8 - Confiança no médico
4.3.1. Impacto da experiência na confiança
Como se verificou anteriormente, a experiência e o conhecimento que os
consumidores possuem acerca dos medicamentos genéricos é um fator influente na
perceção que os mesmos têm sobre as características deste tipo de medicamentos. É
importante também perceber se este fator tem influência sobre a confiança, ou seja, se o
conhecimento e a experiência influenciam a confiança atribuida aos medicamentos
genéricos.
4,00%
12,50%
26,50%
14,50%
20,00%
16,00%
6,50%
Não sei Discordototalmente
Discordo Discordo maisdo que
concordo
Concordo maisdo que
discordo
Concordo Concordototalmente
Confio mais em medicamentos de marca do que em medicamentos genéricos
7,50%
41,50%
33,50%
9,00%
2,50%4,50%
1,50%
Não sei Discordototalmente
Discordo Discordo maisdo que
concordo
Concordo maisdo que
discordo
Concordo Concordototalmente
É de confiar mais num médico que recomenda medicamentos de marca do que num médico que recomenda medicamentos genéricos
Conhecimento e Perceção do Valor dos Medicamentos Genéricos
58
Através de um teste de Spearman, verificou-se que indivíduos com maior grau de
“conhecimento e experimentação” em relação aos medicamentos genéricos concordaram
menos com a expressão “confio mais em medicamentos de marca do que em
medicamentos genéricos” (N=200; ρ=-0,300; sig.=0,000). O mesmo se verificou através de
um teste de correlação de tau-b de Kendall para indivíduos que consumiram pelo menos 1
medicamento genérico nos 30 dias anteriores à implementação do questionário (N=196;
T=-0,157; sig.=0,028) e para aqueles que afirmaram ter uma experiência passada positiva
com a utilização de medicamentos genéricos (N=192; ρ=-0,498; sig.=0,000). Estes
resultados vão ao encontro da hipótese 2 de investigação que diz que a experiência e
conhecimento que os consumidores têm com os medicamentos genéricos é preponderante
na confiança depositada nos mesmos.
4.3.2. Impacto da perceção das características na confiança
No que diz respeito à influência da perceção das características na confiança dos
participantes, verificou-se através de um teste de correlação de Spearman que indivíduos
com valores mais positivos para a “perceção das características” concordam menos com a
expressão “confio mais em medicamentos de marca do que em medicamentos genéricos”
(N= 204; ρ= -0,448; sig.= 0,000). Sendo assim, a hipótese 3 de investigação é confirmada
uma vez que a confiança que os participantes depositam nos medicamentos genéricos é
influenciada de forma positiva pela perceção que os mesmos têm das suas características.
59
Capítulo 5: Discussão dos Resultados
60
Capítulo 5 - Discussão
61
5. Discussão
Como já foi referido, o consumo de medicamentos genéricos em Portugal tem vindo
a aumentar apesar de em anos mais recentes o crescimento ter chegado a um planalto.
Numa primeira análise dos resultados obtidos, é possível observar que o número de
participantes que indica ser consumidor de medicamentos de forma regular é
relativamente elevado. Cerca de metade dos participantes do estudo afirmaram ter
consumido pelo menos um medicamento genérico nos 30 dias anteriores à implementação
do questionário, para além de que cerca de 29% afirmou utilizar ocasionalmente e 60%
disse utilizar com alguma ou muita regularidade este tipo de medicamentos. Apenas 11%
dos participantes do estudo afirmou nunca ter consumido um medicamento genérico. Este
resultado representa uma melhoria quando comparado com o resultado do último estudo
realizado em Portugal que concluiu que 21,1% dos participantes nunca tinha utilizado
medicamentos genéricos (Duque et al., 2014).
Para além disso, os resultados obtidos dão a entender que a população está bem
familiarizada com os medicamentos genéricos e apresenta um conhecimento satisfatório
em relação àquilo que eles são e as suas principais características. Este dado é confirmado
pelos resultados obtidos para a perceção das características, principalmente pelos
resultados bastante positivos para as questões relacionadas com o princípio ativo e o preço
dos medicamentos genéricos. A grande maioria dos participantes do estudo apresentou
um correto entendimento das principais características dos medicamentos genéricos, ao
contrário dos participantes de um outro estudo português em que apenas cerca de 65%
dos participantes apresentaram um correto entendimento sobre as características deste
tipo de medicamentos (Quintal & Mendes, 2012). Assim sendo, contrariamente à
conclusão destes autores, a falta de informação não parece ser um dos travões ao
crescimento da quota de mercado os medicamentos genéricos. Os participantes também
se mostraram otimistas quanto à potência/ eficácia e segurança dos medicamentos
genéricos sendo que apenas uma minoria discordou que estes medicamentos fossem tão
potentes/ eficazes e/ou seguros como os medicamentos de marca o que corrobora o
estudo de Figueiras et al. (2007) que concluiu que existe uma forte crença na semelhança
Conhecimento e Perceção do Valor dos Medicamentos Genéricos
62
de eficácia entre os dois tipos de medicamentos. É importante notar que, no entanto, os
“padrões de produção, controlo e qualidade” foram a característica que, apesar de
positivo, apresentou o resultado menos favorável. Uma razão que poderá explicar este
dado é o facto de as campanhas informativas praticadas pelo Infarmed se debruçarem
principalmente sobre o preço, segurança e eficácia dos medicamentos genéricos. Pode-se
especular que campanhas informativas realizadas no futuro pelo Infarmed que se
debrucem sobre as características dos medicamentos genéricos como a segurança, preço
e eficácia não serão tão eficazes uma vez que a população aparenta estar esclarecida em
relação a estas características. De todas as campanhas informativas disponíveis na página
de internet do Infarmed, nenhuma utilizou como foco central os padrões de produção,
controlo e qualidade dos medicamentos genéricos, apesar destas características serem
mencionadas (Infarmed, 2020b). Uma mudança no paradigma destas campanhas pode ser
benéfica de maneira a evidenciar alguns aspetos que podem não estar tão bem
esclarecidos como os padrões de produção, controlo e qualidade e a disponibilidade dos
medicamentos genéricos, característica esta última evidenciada por Quintal & Mendes
(2012) como pouco esclarecida entre os consumidores. Para além disso, tal como sugerido
por Figueiras et al (2007), a linguagem utilizada neste tipo de campanhas deve ser adaptada
ao público geral adotando uma linguagem mais corrente e não tão técnica. Apesar disso, a
realização de campanhas informativas será sempre importante. Segundo Duque et al.
(2014), os meios televisivos e a rádio são a segunda fonte de informação a que os utentes
mais recorrem. Os mesmos autores concluem que os profissionais de saúde são as fontes
de informação mais importantes para os utentes, no que toca à informação sobre os
medicamentos genéricos. A confiança no médico não foi posta em causa pelos
participantes quando a recomendação de medicamentos genéricos por parte do médico é
referida. Sendo então os profissionais de saúde a mais importante fonte de informação
para os utentes no que concerne os medicamentos genéricos o seu papel na
desmistificação dos parâmetros referidos como menos esclarecidos é crucial. Como tal, a
mensagem que os médicos e profissionais de farmácia transmitem aos utentes deve ser
avaliada no sentido de perceber se incorpora estes aspetos que se revelam como menos
esclarecidos.
Capítulo 5 - Discussão
63
Por outro lado, a experiência revelou-se como um mediador da perceção que os
consumidores têm sobre as características dos medicamentos genéricos. A experiência
com os medicamentos genéricos já havia sido anteriormente associada com o correto
entendimento das suas características, assim como com uma maior predisposição para
aceitar a substituição da sua medicação por genéricos (Quintal & Mendes, 2012) e os
resultados do presente estudo apoiam estas evidências.
Quando se fala em confiança, a experiência passada é novamente um fator a
considerar. Tal como se verificou para a perceção das características, a experiência passada
dos medicamentos genéricos revelou-se como um fator com influência positiva na
confiança neste tipo de medicamentos. Ou seja, participantes com experiência passada
com os medicamentos genéricos foram aqueles que apresentaram maior nível de discórdia
com a expressão “confio mais em medicamentos de marca do que em medicamentos
genéricos”.
Ainda assim, cerca de metade dos participantes do estudo deposita ainda maior
confiança nos medicamentos de marca. Esta diferença na confiança, no entanto, parece
não ter origem na falta de confiança na qualidade, segurança ou eficácia destes
medicamentos, dados os resultados positivos para a perceção destes parâmetros e apesar
de se ter verificado a existência de uma correlação positiva entre a perceção das
características e a confiança. De facto, o conhecimento e a experiência são modeladores
positivos para a confiança nos medicamentos genéricos, no entanto, à luz do presente
estudo, não parecem servir para explicar a desigualdade na confiança entre os dois tipos
de medicamentos. Assim sendo, a experiência passada, o conhecimento e a perceção das
características dos medicamentos genéricos são fatores com uma influência positiva na
confiança que os utentes depositam nos mesmos. No entanto, este tipo de medicamentos
não é visto com os mesmos olhos que os medicamentos de marca, já que uma boa parte
da população do estudo, apesar de ter uma boa perceção das características e
conhecimento satisfatório, afirma confiar mais em medicamentos de marca do que em
medicamentos genéricos. Este dado levanta a seguinte questão. Se a falta de conhecimento
e a falta de confiança nas características como a segurança e eficácia é coisa do passado,
de onde vem a relutância para a aceitação e utilização dos medicamentos genéricos?
64
65
Capítulo 6: Conclusão
66
Capítulo 6 – Conclusão
67
6. Conclusão
Os medicamentos genéricos representam uma ferramenta muito apelativa para a
redução de despesas em saúde, facto que se torna cada vez mais importante por diversos
motivos. É agora claro que o problema do aumento da despesa pública em saúde tem de
ser confrontado e os medicamentos genéricos podem ser uma das armas utilizadas para o
seu combate.
Nas palavras dos autores portugueses Quintal e Mendes (2012), “o sucesso de
qualquer medida para a promoção do consumo de medicamentos genéricos depende de
vários agentes e barreiras à substituição que podem surgir em diferentes áreas. A atitude
dos utentes e dos farmacêuticos pode ser uma dessas barreiras” (p.63). Como tal, o
presente estudo teve como objetivo avaliar o atual conhecimento da população
portuguesa sobre os medicamentos genéricos, avaliar a perceção que os mesmos têm
sobre este tipo de medicamentos e identificar parâmetros com influência sobre a confiança
neles depositada. Com base nos resultados obtidos, pode-se concluir que a população do
estudo tem um bom conhecimento sobre o que são os medicamentos genéricos e as suas
características e este conhecimento provou ter um impacto positivo na perceção das
características deste tipo de medicamentos e na confiança que os utentes lhes conferem.
Para além disso, os resultados indicam que, para além do conhecimento, a experiência
prévia é um fator com influência positiva na confiança e perceção das características dos
medicamentos genéricos.
Graças a este conhecimento, o papel das campanhas informativas realizadas pelo
Infarmed deveria ser revisto, assim como deve ser feita uma avaliação da mensagem que
os profissionais de saúde transmitem aos seus utentes uma vez que são estes os principais
meios de informação a que os utentes recorrem para obter informação sobre os
medicamentos genéricos. As causas da falta de confiança parecem não ter origem na fraca
perceção das características dos medicamentos genéricos como a segurança e a eficácia
dados os resultados positivos obtidos neste estudo. Por essa razão, a informação que as
campanhas informativas e os profissionais de saúde transmitem devem abordar os aspetos
Conhecimento e Perceção do Valor dos Medicamentos Genéricos
68
menos esclarecidos como a disponibilidade e os padrões de produção, controlo e
qualidade.
69
Capítulo 7: Limitações e Propostas de
Investigação Futura
70
Capítulo 7 – Limitações e Propostas de Investigação Futura
71
7. Limitações e Propostas de Investigação Futura
7.1. Limitações do Estudo
O presente estudo sofre por algumas limitações que devem ser tidas em conta para
a interpretação dos resultados. Em primeiro lugar, é importante referir que a amostra
recolhida não é representativa da população. A utilização de uma amostra por
conveniência sem obedecer a grandes regras para a sua recolha conduziu a uma maior
representação de grupos particulares de participantes, nomeadamente participantes mais
jovens e com nível de escolaridade superior. Assim sendo, algumas características da
amostra recolhida podem ter fortemente influenciado os resultados obtidos.
Nomeadamente, a faixa etária e o nível de escolaridade são dois parâmetros com influência
no comportamento do consumidor e no conhecimento em relação aos medicamentos
genéricos, como foi referido no capítulo dedicado à revisão da literatura, sendo que vários
autores comprovaram a existência de uma relação entre estes parâmetros no contexto
português (Figueiras, Marcelino, & Cortes, 2007; Quintal & Mendes, 2012). Assim sendo, o
facto de a população do estudo ser maioritariamente jovem e com nível de escolaridade
superior pode ter provocado um desvio positivo nos resultados obtidos, o que deve ser tido
em conta ao pensar na relevância dos resultados e nas suas implicações.
Para além disso, pela forma como foi abordado, o item que classificou a confiança
dos participantes nos medicamentos genéricos não quantificou o nível de confiança em si.
O facto de um indivíduo concordar que confia mais em medicamentos de marca não implica
que o mesmo não confie nos medicamentos genéricos, mas sim que a sua posição tende
mais para a confiança nos medicamentos de marca em termos relativos. Por esta razão, a
questão deveria ter sido colocada de outra forma uma vez que não quantifica a confiança
que os participantes depositam nos medicamentos genéricos.
7.2. Investigação Futura
Posto isto, é importante perceber que outros parâmetros para além dos que foram
avaliados no presente estudo podem afetar a confiança nos medicamentos genéricos. A
confiança neste tipo de medicamentos continua a não ser equivalente à dos medicamentos
Conhecimento e Perceção do Valor dos Medicamentos Genéricos
72
de marca apesar de o conhecimento que os utentes têm sobre os mesmos ser bastante
satisfatório.
Como sugerido por Duque et al. (2014), seria pertinente uma avaliação da posição
dos profissionais de saúde em relação aos medicamentos genéricos, estudando o seu real
impacto nas escolhas dos utentes quanto à sua medicação. De igual modo, é importante
saber qual a informação que estes mesmos profissionais de saúde consideram mais
pertinente passar na sua mensagem à população e qual a sua opinião relativamente aos
medicamentos genéricos.
Para além disso, dado o impacto comprovado das variáveis sociodemográficas na
confiança e utilização dos medicamentos genéricos em Portugal seria também importante
uma avaliação das diferenças no consumo e comportamento de consumidor tendo em
conta as diferenças da população entre zonas geográficas.
Finalmente, o impacto de futuras campanhas informativas sobre os medicamentos
genéricos deveria ser quantificado de maneira a perceber até que ponto a população é
sensível a este tipo de iniciativas e de que forma as mesmas podem ser melhoradas para
que transmitam as informações de que os portugueses realmente necessitam.
73
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