Legado (Carlos Drummond de Andrade)

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LegadoQue lembrança darei ao país que me deu tudo que lembro e sei, tudo quanto senti?Na noite do sem-fim, breve o tempo esqueceuminha incerta medalha, e a meu nome se ri.

E mereço esperar mais do que os outros, eu?Tu não me enganas, mundo, e não te engano a ti.Esses monstros atuais, não os cativa Orfeu,a vagar, taciturno, entre o talvez e o se.

Não deixarei de mim nenhum canto radioso,uma voz matinal palpitando na brumae que arranque de alguém seu mais secreto espinho.

De tudo quanto foi meu passo caprichosona vida, restará, pois o resto se esfuma,uma pedra que havia em meio do caminho.

Drummond

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LegadoQue lembrança darei ao país que me deu Atudo que lembro e sei, tudo quanto senti? BNa noite do sem-fim, breve o tempo esqueceu Aminha incerta medalha, e a meu nome se ri. B

E mereço esperar mais do que os outros, eu? ATu não me enganas, mundo, e não te engano a ti. BEsses monstros atuais, não os cativa Orfeu, Aa vagar, taciturno, entre o talvez e o se. C

Não deixarei de mim nenhum canto radioso, Duma voz matinal palpitando na bruma Ee que arranque de alguém seu mais secreto espinho. F

De tudo quanto foi meu passo caprichoso Dna vida, restará, pois o resto se esfuma, Euma pedra que havia em meio do caminho. F

Drummond

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LegadoQue lembrança darei ao país que me deu tudo que lembro e sei, tudo quanto senti?Na noite do sem-fim, breve o tempo esqueceuminha incerta medalha, e a meu nome se ri.

E mereço esperar mais do que os outros, eu?Tu não me enganas, mundo, e não te engano a ti.Esses monstros atuais, não os cativa Orfeu,a vagar, taciturno, entre o talvez e o se.

Não deixarei de mim nenhum canto radioso,uma voz matinal palpitando na brumae que arranque de alguém seu mais secreto espinho.

De tudo quanto foi meu passo caprichosona vida, restará, pois o resto se esfuma,uma pedra que havia em meio do caminho.

Da mitologia grega, deus damúsica, tocava lira. O poetamais talentoso que já viveu.

metalinguagem

melancólico

Se espalha como fumaça

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Legado1 Que lembrança darei ao país que me deu 2 tudo que lembro e sei, tudo quanto senti?3 Na noite do sem-fim, breve o tempo esqueceu4 minha incerta medalha, e a meu nome se ri.

5 E mereço esperar mais do que os outros, eu?6 Tu não me enganas, mundo, e não te engano a ti.7 Esses monstros atuais, não os cativa Orfeu,8 a vagar, taciturno, entre o talvez e o se.

9 Não deixarei de mim nenhum canto radioso,10 uma voz matinal palpitando na bruma11 e que arranque de alguém seu mais secreto espinho.

12 De tudo quanto foi meu passo caprichoso13 na vida, restará, pois o resto se esfuma,14 uma pedra que havia em meio do caminho.

Drummond

Pergunta: “Qual o legadoque deixarei ao meu país?”

Esqueceram-se do bom poetaque ele é, e “debocham” da

sua poesia (No meio do caminho)

Refere-se às críticas do poema “No meio do caminho”. [angústia?]

poetas

Os críticos

Nem a música-prosa-lamentação de Orfeu cativaria os críticos

Ele não deixará vestígios do “romântico.

De “Orfeu”, ficará comsua teimosia.

Resposta: Deixarei minhas poesias,pois o resto vira fumaça.

Alusão ao poema“No meio do caminho”

Legado: o que é transmitido às gerações que se seguem.