LEGITIMIDADE DA MÍDIA NINJA É TEMA DE DEBATE NA AVM 10 - 09 de Outubro... · outras pessoas...

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ANO 15 - Nº 10 - 9 de Outubro/2013 LEGITIMIDADE DA MÍDIA NINJA É TEMA DE DEBATE NA AVM Os alunos da pós-graduação em “Comunicação Empresarial” da Faculdade Integrada AVM e Universidade Candido Mendes realizaram no dia 26 de setembro, no Centro do Rio, o debate “Imprensa nas Manifestações – A Legitimidade da Mídia Ninja (Narrativas Integradas, Jornalismo e Ação)”. O evento, aberto oficialmente pelo Diretor da AVM Professor Fernando Arduini, contou com uma mesa-redonda formada pelo midialivrista do Fora do Eixo e um dos NINJA, Filipe Peçanha; pelo membro da comissão de ética do Sindicato dos Jornalistas do Rio de Janeiro, Álvaro Britto; pelo repórter da BandNews FM, Pedro Paulo Spoletto; pelo assessor de imprensa especializado em política e ciências sociais, Adriano França; pelo fotógrafo especializado em Direitos Humanos, Byron Prujanski; com mediação da jornalista de O Globo, Juliana Alcantara. Com a finalidade de esclarecer como surgiu e o que faz os integrantes da Mídia Ninja, o midialivrista do Fora do Eixo e um dos NINJA, Filipe Peçanha, explicou que o movimento é uma rede descentralizada de comunicadores que buscam novas possibilidades de produção e distribuição de informação. Ele ressaltou ainda que são milhares de pessoas usando a lógica colaborativa de compartilhamento que emerge da sociedade em rede como premissa e ferramenta. — Com toda certeza o movimento Mídia Ninja é legítimo e gostaria de lembrar que o “Ninja” está aberto para todos que desejarem conhecer. Ele é uma plataforma em construção, nós temos alguns erros e acertos, mas o mais importante é seguir em movimento e pra mim foi um grande prazer participar deste debate, disse Peçanha. Para o assessor de imprensa especializado em política e ciências sociais Adriano França, o movimento oriundo do Fora do Eixo ganhou grande visibilidade junto às manifestações que ocorreram em todo o Brasil no mês de junho por mostrar a realidade dos fatos contrapondo com o que noticiava a grande mídia. — O processo de legitimação que a Mídia Ninja conseguiu é um processo natural, é um processo que eu senti e que outras pessoas sentiram que vem muito mais do fato do descrédito que toda a grande mídia já atingiu. Existia uma necessidade do novo, as pessoas sabiam que alguma coisa estava errada e de repente quando surgem às manifestações e você tem ali a mídia ninja apresentando o fato tal como é as pessoas a sociedade tiveram a oportunidade de ter um ponto de distinção para ver o que é fato, o que é uma construção, uma narrativa dramatizada, elementos criados pela grande mídia. Só por ter possibilitado esse paralelo e todo o trabalho que decorre depois das manifestações, na minha opinião, podemos dizer que a Mídia Ninja é legitima, afirmou França. Já o fotógrafo especializado em Direitos Humanos, Byron Prujanski, disse ainda ter dúvidas quanto a qualquer legitimidade jornalística. — A Mídia Ninja alega que o objetivo principal deles é estar gerindo uma crise de intermediários. Hoje eles dizem que estão gerindo a crise de comunicação, mas eu ainda tenho dúvidas quanto a qualquer legitimidade jornalística porque há uma falha na comunicação em ambos os lados. O jornal tradicional tem falta de legitimidade por conta dos desvios de informação relacionados aos interesses privados e a Mídia Ninja por estar muito crua, ela está no inicio ainda e nós temos que ter muita paciência com ela, tendo em vista que antes de qualquer coisa, antes de qualquer atividade, ela tem atitude e vontade para mudar. Aos poucos a legitimidade da Mídia Ninja vai se firmar e ela vai ter uma autonomia, mas é importante todos os integrantes desse coletivo entenderam que a Mídia Ninja tem uma responsabilidade muito grande, pois o processo de reformulação jornalística está praticamente na mão deles. Hoje eu não posso responder se é legítimo ou não, pois nós ainda estamos num processo e tudo pode mudar, ponderou Prujanski. De acordo com o repórter da BandNews FM, Pedro Paulo Spoletto, o

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ANO 15 - Nº 10 - 9 de Outubro/2013

LEGITIMIDADE DA MÍDIA NINJA ÉTEMA DE DEBATE NA AVM

Os alunos da pós-graduação em“Comunicação Empresarial” da FaculdadeIntegrada AVM e Universidade CandidoMendes realizaram no dia 26 de setembro,no Centro do Rio, o debate “Imprensa nasManifestações – A Legitimidade da MídiaNinja (Narrativas Integradas, Jornalismo eAção)”.

O evento, aberto oficialmente peloDiretor da AVM Professor Fernando Arduini,contou com uma mesa-redonda formadapelo midialivrista do Fora do Eixo e um dosNINJA, Filipe Peçanha; pelo membro dacomissão de ética do Sindicato dosJornalistas do Rio de Janeiro, Álvaro Britto;pelo repórter da BandNews FM, Pedro PauloSpoletto; pelo assessor de imprensaespecializado em política e ciências sociais,Adriano França; pelo fotógrafo especializadoem Direitos Humanos, Byron Prujanski; commediação da jornalista de O Globo, JulianaAlcantara.

Com a finalidade de esclarecer comosurgiu e o que faz os integrantes da MídiaNinja, o midialivrista do Fora do Eixo e umdos NINJA, Filipe Peçanha, explicou que o

movimento é uma rede descentralizada decomunicadores que buscam novaspossibilidades de produção e distribuição deinformação. Ele ressaltou ainda que sãomilhares de pessoas usando a lógicacolaborativa de compartilhamento queemerge da sociedade em rede comopremissa e ferramenta.

— Com toda certeza o movimentoMídia Ninja é legítimo e gostaria de lembrarque o “Ninja” está aberto para todos quedesejarem conhecer. Ele é uma plataformaem construção, nós temos alguns erros eacertos, mas o mais importante é seguir emmovimento e pra mim foi um grande prazerparticipar deste debate, disse Peçanha.

Para o assessor de imprensaespecializado em política e ciências sociaisAdriano França, o movimento oriundo doFora do Eixo ganhou grande visibilidadejunto às manifestações que ocorreram emtodo o Brasil no mês de junho por mostrar arealidade dos fatos contrapondo com o quenoticiava a grande mídia.

— O processo de legitimação que aMídia Ninja conseguiu é um processo

natural, é um processo que eu senti e queoutras pessoas sentiram que vem muitomais do fato do descrédito que toda agrande mídia já atingiu. Existia umanecessidade do novo, as pessoas sabiam quealguma coisa estava errada e de repentequando surgem às manifestações e vocêtem ali a mídia ninja apresentando o fatotal como é as pessoas a sociedade tiverama oportunidade de ter um ponto de distinçãopara ver o que é fato, o que é umaconstrução, uma narrativa dramatizada,elementos criados pela grande mídia. Só porter possibilitado esse paralelo e todo otrabalho que decorre depois dasmanifestações, na minha opinião, podemosdizer que a Mídia Ninja é legitima, afirmouFrança.

Já o fotógrafo especializado emDireitos Humanos, Byron Prujanski, disseainda ter dúvidas quanto a qualquerlegitimidade jornalística.

— A Mídia Ninja alega que o objetivoprincipal deles é estar gerindo uma crise deintermediários. Hoje eles dizem que estãogerindo a crise de comunicação, mas euainda tenho dúvidas quanto a qualquerlegitimidade jornalística porque há umafalha na comunicação em ambos os lados.O jornal tradicional tem falta de legitimidadepor conta dos desvios de informaçãorelacionados aos interesses privados e aMídia Ninja por estar muito crua, ela estáno inicio ainda e nós temos que ter muitapaciência com ela, tendo em vista que antesde qualquer coisa, antes de qualqueratividade, ela tem atitude e vontade paramudar. Aos poucos a legitimidade da MídiaNinja vai se firmar e ela vai ter umaautonomia, mas é importante todos osintegrantes desse coletivo entenderam quea Mídia Ninja tem uma responsabilidademuito grande, pois o processo dereformulação jornalística está praticamentena mão deles. Hoje eu não posso responderse é legítimo ou não, pois nós ainda estamosnum processo e tudo pode mudar, ponderouPrujanski.

De acordo com o repórter daBandNews FM, Pedro Paulo Spoletto, o

OUTUBRO 201302 FOLHA AZUL

Participe enviando textos, piadas ou opiniões para:fffffolhaazul@aolhaazul@aolhaazul@aolhaazul@[email protected]

EXPEDIENTEEquipe Folha Azul

Colaboração: Alunos e professores da AVM FACULDADE INTEGRADAInformativo quinzenal / circulação interna

Os textos publicados aqui são de extremaresponsabilidade dos autores.

O Folha Azul não efetua nenhum tipo de revisão enão se responsabiliza pelo conteúdo dos textos.

reconhecimento dos NINJA poderá contribuirpara a valorização dos profissionais queatuam nas grandes corporações.

— Acho que a legitimidade da MídiaNinja é completamente válida para dar essechoque de realidade nas grandes redes decomunicação. Nós nos acostumamos muitoaos releases, as informações rápidas efáceis, enxugamos as redações e estamosviciados com as informações “oficiais”. AMídia Ninja aparece e vai mostrar outro ladoda história, forçando a ter mais gente nasredações que trabalhem com habilidadeaquela notícia. Eles trazem a informação emloco e ao mesmo tempo balançam aestrutura da comunicação que vai ter que

se repensar. Com isso, também acabamvalorizando um pouco mais o trabalho dosprofissionais que estão buscando umdiferencial, acredita Spoletto.

Integrante da nova gestão que assumiuaproximadamente há um mês o Sindicatodos Jornalistas do Rio de Janeiro, ÁlvaroBritto é membro da comissão de ética doSindicato e afirmou que a instituição estáaberta para ouvir e dialogar com todos ossetores da sociedade, inclusive, com osNINJA.

— É importante destacar que a própriaimprensa oficial legitimou a Mídia Ninja aoabrir espaço em seus veículos para que elesfalassem sobre os trabalhos que realizam.

O sindicato está aberto não só para os NINJAe para as questões ligadas a comunicação,mas também para as outras áreas, pois onosso desejo é dialogar com toda asociedade. Parabenizo aos alunos daFaculdade Integrada AVM e UniversidadeCandido Mendes que organizaram esteencontro porque mostra que a universidadeestá se abrindo para as ruas, para o clamorda população, para aqueles que estãoexcluídos do processo de poder deste paíse isso é fundamental, concluiu Britto.

Raphael Freire,Aluno de Pós em Comunicação

Empresarial, Centro II.

PARABÉNS A TODA EQUIPE AVM!

OUTUBRO 2013 FOLHA AZUL 03

“Trate um ser humano por suaaparência e o tornará alguém pior. Mas trateum ser humano como se já fosse o que tempotencial para ser e o transformará naquiloque ele nasceu para ser” (Goethe)

É possível pensar da seguinte forma:o espanto é a carga de energia necessáriapara amar o outro. Hoje em dia, vemos portoda parte relações amorosas com prazo devalidade cada vez mais curto. O que seráque acontece? O período de atração e omomento da conquista são intensos econcorridos. Daí em diante, atravessa-seatalhos de pequenas decepçõesinsuperáveis que, parece, minam osprimeiros pontos de contato. Ajustesemocionais como dar o braço a torcer emalguns momentos, escutar silenciosamentepor respeito, respeitar às diferenças ouexperiências, manter diálogos mais focadosou amenos tornam-se saberes muito difíceis.Porém, e ao mesmo tempo, paciência,atenção e compreensão navegam atravésdas responsabilidades diárias, dos objetivosde vida, dos desejos muito individuais comprimor absoluto. Fomos atraídos por alguém,mas a vida não pode se modificar. Ai, o outro,se quiser muito, tem que se adaptar ao estilo‘chegou depois’, ou ao soberbo ‘sou assim epronto’. Como assim? E a admiração? Ondefica a admiração?

Amar é, de repente, não passar maisindiferente por um alguém; é criar outrosmovimentos de corpo e mente em torno daatração e assim criar um mútuo diálogoafetivo; é viver a vida repartindo a menteentre as obrigações cotidianas e o grandedesejo de voltar a estar junto só para estarjunto. Mas não é assim ‘que a banda toca’hoje em dia... No dia seguinte da conquista,nada é mais tão simples ou igual. Tudo ganhauma complexidade que, pelo que observo,assusta a ambos. Se afinal amar é, derepente, desconhecer-se, a questão deperder evidências também é certa. Nãocaberá mais o óbvio ou o ‘de sempre’ dasolteirice. Se o olhar e o corpo desejamatravessar o obscuro por vontade e atração,está estabelecida a admiração. Ou não?Mesmo relações de vida inteira precisam daadmiração, como viga mestra para suporemum futuro a dois, todos os dias. Ou não?

Os seres humanos constroem relaçõesamorosas através dos sentidos. Osferomônios desviam nossa rotina sensitivapara um ponto ou um alguém de formasurpreendente. Pode ser uma surpresainstantânea ou elaborada gradativamente.Mas sempre será uma surpresa, ummomento de desvio das nossas

SEM ADMIRAÇÃO... ADEUS!sensibilidades. Há demora paraentendermos o que aconteceu. Há ainterferência das aprendizagenssocioeconômicas de vida inteira. Há achamada ‘corticalização’ do momento e dasituação. Mas, não tem jeito: estamossurpreendidos e quase sempre optamos porviver este ‘alguém’ por prazer.

Depois dos feromônios, a serotoninae a adrenalina invadem nosso corpo e mentedo melhor dos prazeres: amar alguém. Aindaassim, por algum motivo, estamos perdendoa suavidade deste momento e o encarando(e vivendo) com primitividade: atraídospor\para alguém, é ou conquistar o desejopara gozo e perpetuação; ou para ascensãosocial; ou por interesses familiares; ou daexperiência pela experiência.

Ao invés da cumplicidade, parceria,confiança e respeito, temos a química semdia seguinte ou os dias seguintes recheadosde orgulhos, teimosias, enfados, irritações,indiferenças, incompreensões e, por fim,muitos descartes. Depois da ilusão doprazer, as certezas dos defeitos e dasdiferenças. E ai, poucos se adaptam. Depoisdo prazer, a admiração da outra vida cheiade outras pequenas surpresinhas. E aí,poucos se sustentam. É isso mesmo?

Diante da vida ‘fast-food’, veloz,liquefeita, os seres humanos em estadoamoroso procuram o mais fácil e quasesempre isso não é o ideal. Aliás, ideal,idealizações, imaginários são parte de ummundo particular que quase sempre entraem crise quando um outro mundo diz ‘não!’Os sentidos, quando conectados em umalguém, não conhecem problemas, maniasou defeitos, eles são afetados por suaspróprias ações no mundo e, lógico, sódesejam. Mas sempre haverá o momentoseguinte: pensar o desejo. Depois do prazersentido, há o pensar a conquista, aconvivência, as certezas, as necessidades,a ação cotidiana, COM o outro, e ai, ‘o bichopega’, porque, apesar de formarmos paresamorosos, NUNCA seremos um só, e ai estáo nó da questão atual: como equilibrar?Como abrir mão de certas coisas diárias ousentimentais em nome do outro? E,principalmente, quando não fazê-lopreservando sanidades, subjetividades eindividualidades? Difícil...

Pensar o movimento da relação comoparte da respiração, da vida, dos problemas,do cotidiano, é difícil. Pensar causa doresinternas já que, antes de pensar o outro, épreciso se pensar muito seriamente: temosmuitos defeitos e adoramos quando noscompreendem e nos respeitam; ainda assim,

o outro lado desta moeda afetiva semprenos incomoda. Por que? Estamos semadmiração... Não mais miramos para além...Não mais realizamos o entendimento não-verbal nem de nós, quanto mais do outro.Lembrem-se: ele chegou depois...

Nas relações atuais, estamos no nívelraso das atrações e perdemos a capacidadede nos aprofundar iceberg abaixo porquetudo abaixo do nível do mar está escondido,e algo escondido pode causar problemas oumudanças: é melhor não mexer, não tocar,não perguntar. É muito trabalho para os sereshumanos do ‘tudo ao mesmo tempo agora’.

Não vejo grandes admirações hoje.Falas, jeitos, cheiros, inteligências, carinhos,paciência, determinação, tudo nos atrai, nosespanta, nos cria até desejos de posse, massão memórias de curta duração, não sãotransformadas em admirações, não sãosomadas às qualidades alheias, mesmosendo tão diferentes das nossas: serdiferente é um problema sério nas relaçõesafetivas. Pensamos em somar qualidades,errado! Devemos pensar em somar emultiplicar todo um contexto humanoconfiado a nós em cada dia de convivência.De forma contraditória: é participar mesmoe também resguardar o próprio espaço! Isso,além de aprendizado, é demonstração derespeito e admiração pelo que se é e nãopelo que se imaginou que fosse.

Ao aprender a admirar,autogerenciamos nossos própriossentimentos e sentidos em relação ao outro,e renovamos nosso cabedal cognitivo eafetivo em respeito a nós mesmos, ainda queamealhemos a vida com UM diferente. Mas,de novo, nada é fácil. A vida é finita mesmo.Somos falhos, imperfeitos e sem manual defuncionamento. Mas é preciso SE apostar emoutros mundos para SE entender no própriomundo e adquirir capacidade dereadaptações a esse próprio mundo, commínimas dores e sofrimentos. Viver a vida éoferecer-se às tantas admirações que sepuder conquistar. Isso é uma aprendizagem.Isso nos torna reinaugurantes constante docotidiano.

Admire, elogie, seja grato, agradeça,invista nos melhores sentimentos com seuamor ou seu amigo, com respeito a si mesmoe entendendo o momento do outro como eleé: um momento do outro. É da naturezahumana o desejo de ser admirado. Mas,ainda assim, se a mutuabilidade dessasações não acontecer, não cause feridas, nãoadquira pensamentos negativos, não tenhagestos espetaculosos ou incoerentes, digaadeus e vá embora. Apostas afetivastambém dependem muito da reciprocidadedas admirações. Atenção!

Profa Claudia Nunes

OUTUBRO 201304 FOLHA AZUL

Quando pensamos porqueexistem em diferentes regiões domundo animais e vegetais similares,muitas vezes não conseguimosvisualizar a resposta para estequestionamento. Tal situação liga-se aofato, de muitas vezes, por uma visãoantropocêntrica de mundo, nós, sereshumanos, acharmos que somos osresponsáveis por todas astransformações que já ocorreram. Eisto não é verdade.

Quando Charles Darwin (1809-1882) lançou sua teoria das espéciesacabou nos ajudando a visualizar umarealidade que parece sem sentido, masque é de fundamental importância paracompreendermos a relação do SerHumano com o Meio Ambiente. Asaber: o ser humano foi o último ou umdos últimos grande animais a povoar oplaneta, ou seja, como nossa ocupaçãoé recente, se comparada à HistóriaGeológica e Natural da Terra, pouconós alteramos o espaço geográfico.Então, como é possível que plantas eanimais próximos biologicamentehabitem locais tão diversos? Buscaruma resposta a esta pergunta é o quenos auxiliará a percorrer as linhas quesubseqüentes.

Para encontrarmos essa respostatemos que recordar que é para chegarao clímax, comunidades animais evegetais precisam encontrar condiçõesclimáticas e geográficas que compõemaquela paisagem. A partir destascondições percebemos que o PlanetaTerra é formado por grandes biomas,que tem características diferentes entresi, fauna e flora similares por causa danecessidade de adaptação, mas comuma variedade de espécies bem grande.O fato de percebermos formações degramíneas nas estepes Brasileiras, nãosignifica que será a mesma encontradanas tundras do norte europeu.

Outro fator a se considerarconsiste no fato que em cada ambienteocorre de uma maneira diferente osciclos biogeoquímicos. Vejamos um

PRA NÃO DIZER QUE NÃO FALEI DE FLORES:Sobre a Biogeografia e Biodiversidade

exemplo comparativo: quandoolhamos para os desertos e para asflorestas tropicais percebemos que ociclo da água ocorre de maneiradiferente em ambos os locais. Por sermais úmido e comportar uma maiordiversidade animal e vegetal, asflorestas tropicais temos uma maiorcirculação de água, nitrogênio ecarbono que no deserto. Além disso, ascaracterísticas vegetais e animais sãobastante diferentes: enquanto nodeserto temos fauna e flora adaptadosa aridez e a falta de água, nas florestastropicais, por sua grande diversidade,existe abundância de alimentos e astrocas de energias nos níveis tróficossão maiores. Neste sentido, cadarealidade traz suas característicassingulares.

Outros dois fatores a se considerarna distribuição dos seres vivos noplaneta são a latitude e a altitude. Paraobservamos estes dois fatores,recordemos duas frases do meu tempode infância: (1) “Quanto mais afastadosda linha do equador mais frio fica aregião e quando mais próximo, maisquente” e (2) “quanto maior a atitudemais fria a região, o ar fica maisrarefeito e não são todos os animais eplantas que conseguem sobreviver”.Mesmo sem compreender direito o quesignifica rarefeito ou o porquê dequanto mais alto mais frio (quandocriança pensava: “se está mais próximodo sol tem e que está mais quente”),lembro de repetir co meus colegas declasses estas frases e usá-las pararesponder provas de geografia eciências. Atualmente, contudo,percebe-se que nem todos os seresvivos têm as mesmas característicasadaptativas e que estes fatores são desuma importância paracompreendermos a fauna e a flora.

As vegetações de altitude tendema ser de menor porte, além disso, osbiomas característicos destas regiõestendem a ter o biodiversidade menor,uma vez que nem todas as plantas e

animais conseguem viver em áreasfrias. Como exemplo destaca-se asflorestas coníferas características donorte dos Estados Unidos e do Canadá,que apesar de ocupar extensas regiõestem uma biodiversidade bem menorque as florestas tropicais. Outroexemplo seria a vegetação degramíneas típicas das tundras na norteeuropeu e asiático. Por ser uma regiãoque passa a maior parte do anocongelada, não haveria como existiruma formação de floresta com grandediversidade biológica.

Não menos relevante paracompreendermos a vida no planeta,temos a vida marinha. Relembrandooutro cientista memorável, AleksanderI. Oparin (1894-1980), que a vida teriasurgido a partir da água, sedesenvolvendo do ambiente aquáticopara o terrestre. No caso do ambienteaquático, principalmente o marinho degrandes profundidades ainda poucoexplorado pelo ser humano, aprofundidade, a luminosidade e apressão atmosférica são fatores quefazem com que formas animais evegetais ainda sejam pouco conhecidaspelo ser humano. Isto não significa quenão existam, apenas que o ser humanoainda as desconhece.

Por fim, relembrando as palavrasdo compositor e advogado brasileiroGeraldo Vandré (1935-2009), que noultimo verso de sua canção maisfamosa, nos faz pensar que oconhecimento é algo fantástico, sendoo ser humano capaz de transformar arealidade que o cerca atrás doconhecimento. “Aprendendo eensinando uma nova lição”, ou seja,reconhecer que não fomos os primeirosseres vivos a existir no planeta e que jáhavia regras de funcionamento noplaneta que faz dele o nosso habitat,conhecendo e reconhecendo adiversidade para melhor cuidar, eis umanova lição.

José Lúcio N. Jr. é prof. deHistória e Educador Ambiental.