Lei de Gauss - evandrobs.com · Lei de Gauss Evandro Bastos dos Santos 21 de Maio de 2017 1 Fluxo...

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Lei de Gauss Evandro Bastos dos Santos 21 de Maio de 2017 1 Fluxo de Campo Elétrico Com a lei de Coulomb calculamos o campo elétrico utilizando uma distribuição de cargas. E a soma vetorial do campo elétrico gerado por cada carga era o campo elétrico devido à distribuição. Vamos considerar uma caixa, que pode conter (ou não) carga em seu interior. Se houver carga no interior dessa caixa (superfície), haverá um campo elétrico. Que será divergente para cargas positivas (figura ??) ou divergente para cargas negativas (figura ??). E como podemos definir o fluxo de campo elétrico? As linhas de campo auxiliam a iden- tificar que, ao colocar uma carga de prova positiva, em algum ponto fora da caixa. Iremos perceber que, se a carga de prova for em direção à caixa, teremos uma carga negativa dentro da caixa, consequentemente o fluxo de campo será para dentro. Se a carga se movimentar na direção oposta à caixa, o fluxo de campo será para fora da caixa. Para entendermos um pouco melhor, vamos observar a figura ??. No primeiro caso, todo o campo elétrico passa pela espira. No caso b), há uma componente do campo elétrico atravessando a espira e no caso c) nenhuma componente atravessa a espira. Assim, podemos definir o fluxo do campo elétrico (ou de qualquer outro campo vetorial) que atravessa uma espira (ou qualquer superfície) como sendo φ = ~ E · Aˆ n. (1) Em que ˆ n é o vetor normal à superfície e A é a área da superfície. Se o vetor normal variar ao longo da superfície ou o campo elétrico variar espacialmente, temos que considerar φ = Z S ~ E(x, y, z ) · ˆ ndA. (2) φ é o fluxo de um campo elétrico qualquer sobre qualquer superfície. Figura 1: Caixa vazia 1

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Lei de Gauss

Evandro Bastos dos Santos

21 de Maio de 2017

1 Fluxo de Campo Elétrico

Com a lei de Coulomb calculamos o campo elétrico utilizando uma distribuição de cargas.E a soma vetorial do campo elétrico gerado por cada carga era o campo elétrico devido àdistribuição.

Vamos considerar uma caixa, que pode conter (ou não) carga em seu interior.Se houver carga no interior dessa caixa (superfície), haverá um campo elétrico. Que será

divergente para cargas positivas (figura ??) ou divergente para cargas negativas (figura ??).E como podemos definir o fluxo de campo elétrico? As linhas de campo auxiliam a iden-

tificar que, ao colocar uma carga de prova positiva, em algum ponto fora da caixa. Iremosperceber que, se a carga de prova for em direção à caixa, teremos uma carga negativa dentroda caixa, consequentemente o fluxo de campo será para dentro. Se a carga se movimentarna direção oposta à caixa, o fluxo de campo será para fora da caixa.

Para entendermos um pouco melhor, vamos observar a figura ??. No primeiro caso,todo o campo elétrico passa pela espira. No caso b), há uma componente do campo elétricoatravessando a espira e no caso c) nenhuma componente atravessa a espira.

Assim, podemos definir o fluxo do campo elétrico (ou de qualquer outro campo vetorial)que atravessa uma espira (ou qualquer superfície) como sendo

φ = ~E · An̂. (1)

Em que n̂ é o vetor normal à superfície e A é a área da superfície. Se o vetor normal variarao longo da superfície ou o campo elétrico variar espacialmente, temos que considerar

φ =

∫S

~E(x, y, z) · n̂dA. (2)

φ é o fluxo de um campo elétrico qualquer sobre qualquer superfície.

Figura 1: Caixa vazia

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Figura 2: Carga positiva interna a uma superfície. As setas indicam as linhas de campoelétrico

Figura 3: Carga negativa interna a uma superfície. As setas indicam as linhas de campoelétrico

Figura 4: a) Campo paralelo ao vetor normal à espira, b) Campo a uma direção de 30o aovetor normal à espira, c) Campo perpendicular ao vetor normal à espira.

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Figura 5: Esfera de raio R, com uma carga positiva em seu interior.

Figura 6: Esfera de raio R, com uma carga positiva em seu interior.

1.1 A Lei de Gauss

A lei de Gauss, para o cálculo do campo elétrico, servirá como uma alternativa à lei deCoulomb, especialmente em situações de alta simetria e que a lei de Coulomb seja de difícilaplicação.

A lei de Gauss garante que o fluxo de campo elétrico total através de qualquer superfíciefechada é proporcional à carga elétrica total no interior dessa superfície.

Vamos considerar uma carga pontual q, colocada no centro de uma esfera imaginária deraio R.

Como conhecemos pela lei de Coulomb o campo elétrico em qualquer ponto dessa esferaserá:

~E =1

4πε0

q

R2(3)

Nessa superfície vamos considerar uma pequena fração de sua área, dA, figura ??.Ao calcular o fluxo de campo elétrico que passa por essa área, vemos que o campo elé-

trico e o vetor normal a superfície esférica são paralelos. Então o fluxo é simplesmente oproduto do campo pela áerea,

φ = EA (4)

=1

4πε0

q

R2(4πR2) (5)

=q

ε0. (6)

Concluímos que o fluxo não depende do raio de nossa esfera imaginária, muito menosde sua forma, apenas da carga em seu interior.

De forma geral, em situações em que a superfície e o campo não apontam na mesmadireção, temos que

∮S

~E · n̂dA =qintε0

(7)

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em que qint é a carga interna total contida na superfície. A superfície imaginária recebe onome de superfície gaussiana.

Em situações de simetria, em que o campo e o versos n̂ tem a mesma direção, e o campoé constante em todos os pontos da superfície, podemos fazer

~E

∮S

dA =qintε0. (8)

No caso da esfera, temos que

~E(4πR2) =qintε0

(9)

~E =qint

(4πR2)ε0. (10)

Que é o valor do campo conhecido. Observe que para o cálculo do campo é necessáriosimetria, para que o vetor ~E, possa ser retirado da integral. Porém a validade da lei de Gaussé independente da simetria.

1.2 Aplicação a um condutor

Vamos calcular o campo elétrico dentro de um condutor. Para isso vamos considerar umaesfera condutora carregada, de raio R.

Figura 7: Esfera condutora de raio R.

Se estamos no regiime eletrostático, podemos considerar que a força sobre as cargas ézero, F = 0. Então se

~E =~F

q(11)

logo,

~E = 0. (12)

Ou seja, para um condutor carregado, o campo elétrico no interior da superfície é nulo.Isso traz uma consequência importante. Vamos considerar uma superfície gaussiana, in-terna a esse condutor, porém tão próximo da superfície do condutor quanto podemos ima-ginar.

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Figura 8: Gaussiana de raio r, interior a um condutor

Aplicando a lei de Gauss, temos que

~E(4πR2) =qintε0

(13)

0 =qint

(4πR2)ε0(14)

qint = 0. (15)

Isso significa que a carga elétrica dentro de um condutor é zero, então se o condutor estácarregado, as cargas só podem estar situadas na superfície.

Exercícios:

Halliday, 8ed, problemas do cap 23: 1, 6, 20, 17, 24, 36, 44, 45

Halliday, 9ed, problemas do cap 23: 1, 4, 18, 19, 22, 34, 46, 47

Os problemas listados acima são equivalentes entre as edições.

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