Lei x Graça parte 1

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Parte I

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Parte I

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Lei

X

Graça

Parte 1

Silvio Dutra

DEZ/2015

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A474 Alves, Silvio Dutra Lei x Graça./ Silvio Dutra Alves. – Rio de Janeiro, 2015. 402p.; 14,8x21cm 1. Teologia. 2. Alianças. 3. Condenação 4. Testamentos. 5. Justificação. 6. Libertação I. Título.

CDD 230

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Sumário

Introdução..................................................... 6 É Irrevogável e Indissolúvel Porque é Eterna...........................................................

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Deixar que a Graça nos Conduza................ 12 Não é por Persuasão, mas por Graça.......... 14 A Graça Está Destinada a Vencer................ 16 Senhor Justiça Nossa................................... 22 A Firmeza da Nossa Aliança com Cristo....... 27 O Que é Estar Debaixo da Graça e Não da Lei.................................................................

34

A Graça não Condena.................................. 38 Graça Sobre Graça....................................... 42 A Troca da Antiga Aliança pela Nova........... 44 Jesus Não Veio Condenar Mas Salvar......... 56 A Justiça do Evangelho Não é Juízo............ 59 O Real Significado da Graça......................... 62 Uma Nova Aliança Diferente da Antiga......... 65 Uma Aliança Firmada em Graça................... 67 A Bênção da Graça Perdoadora................... 73 A Graça Está Sujeita a Decadências............ 81 Alianças e Dispensações Para um Único Propósito.......................................................

83

A Graça Nunca Desconsidera o Viver Pecaminoso..................................................

94

A Graça se Manifesta na Nossa Fraqueza... 101 A Justiça do Evangelho Testemunhada pela Lei e pelos Profetas......................................

106

A Justiça Manifestada sem Lei..................... 111 A Luz da Lei e a do Evangelho..................... 122 É Pela Graça mas Não é Fácil Conforme Possa Parecer ..............................................

124

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5

Impossível para a Lei mas Não para a Graça que Opera pela Fé.............................

126

Uma Graça que Cresce................................ 131 Todo Mérito é da Graça................................ 132 O Recebimento é Gratuito Mas é Condicional...................................................

138

Graça............................................................ 140 Justa Cooperação da Graça com a Vontade Consciente....................................................

143

A Dispensação do Espírito Santo................. 145 A Graça Opera Pela Obediência.................. 149 A Graça Supera a Aflição............................. 151 Cobre como as Águas do Dilúvio................. 154 A Graça não Condena.................................. 156 O Modo de Concessão da Graça.................. 160 A Aliança da Graça – 2 Samuel 7................. 162 Características do Evangelho Verdadeiro..... 171 Como Saber Qual é o Evangelho Verdadeiro?...................................................

174

O Evangelho Não Condena.......................... 179 Por Que Jesus Não Veio Condenar?............ 182 O Que é Estar Debaixo da Graça e Não da Lei.................................................................

185

Aceitos por Causa da Justificação................ 189 Quem Condenará a Quem Deus Justifica?.. 191 Resgatados da Ira e da Maldição................. 194

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Introdução

Há cerca de vinte anos, em uma visão noturna,

vi escrito em letras douradas gigantes as

palavras do nosso título, como se estivessem em chamas, escritas exatamente na forma como as

estamos apresentando.

Junto com a visão fui instruído em espírito com as seguintes palavras: “você escreverá um livro

sobre este assunto.”

Ao que repliquei: “Senhor tu conheces a dificuldade que tenho para entender de modo adequado qual é a relação que existe entre a lei

e a graça.

Ao que simplesmente respondeu: “eu te darei entendimento”.

Era uma madrugada fria de inverno, e cerca de três horas da madrugada despertei do meu

sono, e ainda naquela mesma noite comecei a escrever, com a Bíblia aberta à minha frente, as

coisas que me vinham à mente na referida

ocasião.

Animado pela visão comecei a estudar o assunto com maior afinco e recordo que cheguei a preparar um esboço de livro com cerca de cento

e cinquenta páginas, todavia, sentia que algo de

substancial faltava à minha exposição, de

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maneira que não tendo desistido de prosseguir

interessado no tema, abandonei por algum

tempo a tarefa de escrever o livro.

Posteriormente, em nova revelação, cerca de

dez anos depois da primeira, foi-me ordenado em sonho que “fosse aos puritanos e a Martin

LLoyd Jones”, sem que nada mais fosse

acrescentado.

Até a ocasião, por incrível que possa parecer,

pois já havia sido ordenado ao pastorado, nunca tinha ouvido falar sobre os mesmos.

Creio que esta instrução tinha a ver com a primeira visão, para que eu fosse conduzido a

um melhor entendimento do significado do

Evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo, e como é que a Lei de Deus se relaciona a ele.

Desde então, comecei a escrever abundantemente sobre o assunto em diversos

artigos, sem no entanto condensá-los em um livro – tarefa à qual estou me entregando neste

fim do ano de 2015.

Em vez de apresentar o assunto de forma didática e acadêmica, optei por uma forma mais

direta e simples, sem me ater a qualquer arranjo prévio quanto à divisão do assunto em capítulos.

Na verdade, se o fizesse, ficaria muito limitado no desenvolvimento do tema, pois quantos

capítulos seriam suficientes para abranger de

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modo profundo um assunto que é em sua

natureza infinito e eterno, a saber, o da lei e a

graça de Deus?

Com a apresentação livre dos diversos artigos, cremos que poderemos observar melhor o assunto em seus diversos ângulos, de modo a

obtermos uma maior compreensão de tudo o

que é de vital importância para o nosso

conhecimento.

Estamos fazendo uma consideração prática do tema porque ele tem muito a ver com a nossa vida prática.

Não se trata de algo para apenas satisfazer a nossa curiosidade ou desejo de ampliar nossos

conhecimentos, mas temos diante de nós algo

que se relaciona à vida ou à morte; à bênção ou à

maldição eternas.

Como poderíamos então tratá-lo de modo descuidado ou não objetivo?

Tenho testemunhado que muitos que andavam na graça, vieram a decair da mesma, e não

acharam qualquer auxílio na Lei para serem

reerguidos.

Como pode ser então isto?

Não é a Lei proveniente do mesmo Deus de toda a graça?

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Esta e muitas outras questões serão respondidas ao longo das páginas deste livro, que espero, seja

de grande ajuda para reerguer os caídos e

manter em firmeza os que continuam de pé na presença do Senhor.

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É Irrevogável e Indissolúvel Porque é

Eterna

Deus fez uma aliança eterna com os cristãos, e

prometeu isto desde os dias dos profetas, e o

prometeu especialmente a Davi.

Sendo eterna não pode ser anulada.

Sendo aliança em seu caráter matrimonial onde Ele é o esposo, e a igreja a noiva, o que se requer então dos aliançados é que eles sejam fiéis.

Deus sempre será fiel porque não pode se negar a si mesmo.

Todavia, os cristãos, por causa do resquício de corrupções que remanescem na natureza

terrena, são exortados a serem fiéis em tudo durante a sua peregrinação terrena, porque, tal

casamento, do Criador com a criatura, requer

isto.

Deus continuará amando seus filhos adúlteros, mas os sujeitará à disciplina da aliança.

Ele não os repudiará porque tem prometido manter o compromisso por toda a eternidade.

Diante de tal caráter imutável da promessa que Ele fez, não resta aos aliançados senão a

alternativa de serem também fiéis, de modo que

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se viva de modo agradável Àquele com os quais

se aliançaram numa união de amor indissolúvel

e eterno.

Ao falar do caráter eterno da Nova Aliança que faria com os crentes por meio da fé em Jesus

Cristo, Deus disse que esta consistiria na fiéis

misericórdias que havia prometido a Davi.

“Inclinai os ouvidos e vinde a mim; ouvi, e a vossa alma viverá; porque convosco farei uma

aliança perpétua, que consiste nas fiéis

misericórdias prometidas a Davi.” (Isaías 55:3)

Esta promessa de Isaías 55.3 foi confirmada em Atos 13.34.

Davi fizera menção ao caráter eterno desta aliança em suas últimas palavras antes de

morrer:

“Não está assim com Deus a minha casa? Pois estabeleceu comigo uma aliança eterna, em

tudo bem definida e segura. Não me fará ele

prosperar toda a minha salvação e toda a minha

esperança?” (II Samuel 23.5)

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Deixar que a Graça nos Conduza

“Por isso, pondo de parte os princípios elementares da doutrina de Cristo, deixemo-

nos levar para o que é perfeito,” (Hebreus 6.1)

Este “deixemo-nos levar para o que é perfeito”

se refere à vocação de Deus para todos os

cristãos de crescerem na graça e no

conhecimento de Jesus Cristo, até a estatura de varão perfeito.

Não que eles chegarão ao estado de perfeição moral absoluta sem qualquer pecado enquanto estiverem neste mundo, mas que devem chegar

à perfeição espiritual, à plenitude do

desenvolvimento das suas faculdades, para

poderem discernir tanto o bem quanto o mal, o que é possível somente para aqueles que

chegarem à plenitude do seu amadurecimento

espiritual, de maneira a estarem aptos a darem

um correto e adequado testemunho da verdade, no poder do Espírito (Pv 4.18; I Cor 2.6; II Cor

13.11; Ef 4.13; Fp 3.15; Col 1.28; 2.6; 4.12; II Tim

3.16,17; Hb 5.12-14; Tg 1.4).

Esta perfeição é atingida se aperfeiçoando a santidade no crescimento da graça e do

conhecimento de Jesus Cristo (II Cor 7.1; Ef 4.12;

Hb 13.21; I Pe 5.10).

Do mesmo modo que há uma perfeição a ser esperada no porvir que é total e absoluta, sem

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qualquer pecado, há também uma perfeição que

é para ser buscada e atingida enquanto ainda

estamos neste mundo e que se refere ao nosso

amadurecimento espiritual pelo crescimento progressivo em santificação até atingir tal

medida de perfeição que foi proposta por Deus

aos cristãos, e conforme foi exigida ao próprio Abraão: “Anda na minha presença e sê

perfeito.” (Gên 17.1).

O cristão deve ser confirmado por Deus, depois de ter sido aperfeiçoado na fé, no amor e na

esperança, pela renovação de sua mente e caráter, através do processo da santificação.

Somente assim, poderá se achar fortificado e

fundamentado (I Pe 5.10).

Assim, o “deixemo-nos levar” do texto significa permitir e cooperar voluntariamente com trabalho da graça na nossa vida, especialmente

pela paciência nas tribulações e aflições.

Sabendo que tudo coopera juntamente para o seu bem o cristão perseverante na fé e na

santificação há de experimentar graus cada vez maiores desta perfeição relativa ao seu

amadurecimento espiritual, conforme lhes

serão concedidos por Deus.

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Não é por Persuasão, mas por Graça

Uma pessoa não é salva por Cristo por meio de

argumentos humanos persuasivos.

Ainda que alguém pudesse compreender nocionalmente todos os mistérios espirituais

concernentes à justificação pela fé, à regeneração e santificação do Espírito Santo, ele

não poderia ser salvo e santificado a menos que

estas realidades espirituais lhe fossem

comunicadas de modo experimental pela graça divina.

Sem uma experiência real de conversão, sem que o próprio Espírito Santo opere em nós esta

salvação, continuaremos os mesmos de sempre,

só que com a diferença de possuir agora conhecimentos religiosos.

Por isso a fé não é apenas o assentimento da nossa mente às verdades reveladas, ou seja, a

nossa aceitação de que a Palavra de Deus seja a verdade.

Além deste assentimento é necessário a confiança em Cristo que nos leva a nos entregar

inteiramente a Ele e ao seu trabalho e cuidado. Isto consiste em se apropriar do conhecimento

da verdade ao qual demos o nosso assentimento

que se torna real e prático na nossa confiança no

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Senhor e na disposição de cumprir os seus

mandamentos e vontade.

Deus honrará este tipo de fé que é mais do que mero conhecimento e assentimento relativo à

verdade.

E responderá com a concessão da sua graça e poder para operar a nossa transformação

(conversão, santificação etc).

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A Graça Está Destinada a Vencer

Satanás arremete contra nós, procurando nos

destruir, quando estamos enfraquecidos e

doloridos.

Tal como Simeão e Levi deram sobre os siquemitas, quando estavam abatidos em dores,

pela circuncisão (Gên 34.25).

Todavia, Cristo nos fortalece na nossa fraqueza,

e habita com o quebrantado de coração (Is 61.1).

Não desprezemos o trabalho de humilhação de nossas almas, pelo qual o Senhor administra a

nós a sua graça em maior medida.

Sempre é deixado algo para que os cristãos lutem, de modo que entendamos que

necessitamos de Cristo, para que possamos

exalar o seu bom perfume.

Mas ainda que possa parecer um paradoxo, são estes corações quebrados como canas, e estes

pavios fumegantes que fazem as orações mais

preciosas diante de Deus, por causa da

dependência dos gemidos inexprimíveis do Espírito, através deles.

Quão preciosas são para o Senhor as orações que fazemos com um coração quebrantado!

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Assim, ao falarmos de pavio fumegante devemos ter em conta que isto tem o propósito

de nos lembrar que a menor fagulha da graça é

preciosa.

Há uma bênção especial nesta pequena faísca.

Jesus não veio salvar justos e sãos, mas pecadores e enfermos.

Deus se agrada de que nos alegremos com os

humildes começos.

Ele se agrada em usar grãos de mostarda e formar grandes arbustos a partir destas

pequenas sementes.

Ele preferiu a pequena cidade de Belém Efrata, e não Jerusalém, para nos trazer o Salvador.

Ele não começou a Igreja com pessoas notáveis, poderosas, nobres, importantes e nem mesmo

com um grande número de seguidores.

O seu método é primeiro provar fidelidade no pouco, para depois conduzir ao muito.

O seu ministério é restaurador e nos deu um exemplo disto na reconstrução dos muros e

portas de Jerusalém com Neemias.

E muito mais do que muros e portas, Ele está interessado em restaurar vidas. E fará isto

principalmente com paciência e amor.

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Os pastores devem então, ser pessoas simples e humildes, seguindo o exemplo do Senhor deles,

e exporem a verdade de maneira clara, e nunca

de forma obscura.

A verdade não teme algo tanto quanto o encobrimento, e não deseja algo tanto que seja

exposta clara e abertamente à visão de todos.

Daí Jesus ter dito que tudo o que ensinou reservadamente aos discípulos deveria ser

proclamado de cima dos telhados.

Paulo era profundo, no entanto se tornou como ama acariciando seus filhos (I Tes 2.7), e se fez

fraco com os fracos (I Cor 9.22).

Cristo desceu do céu e se esvaziou de sua majestade, para se oferecer a nós, como oferta

suave de amor. E não desceremos de nossas

elevadas vaidades para fazermos o bem a qualquer alma necessitada de salvação?

Devemos nos guardar daquele espírito que em vez de exibir paciência, longanimidade, mansidão e misericórdia aos homens,

demonstra fúria, exaltação e ira obstinada,

ainda que em nome de fazer prevalecer a

verdade.

Devemos lembrar que não podemos fazer prevalecer a verdade agindo contra a verdade.

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Devemos nos lembrar sempre que o fruto da justiça é semeado em meio à paz, sobretudo, a

paz interior dos nossos corações, enquanto

ministramos.

No exercício da disciplina na Igreja devemos nos

acautelar para não tentar matar uma mosca na testa de alguém com um martelo. O poder que é

dado à Igreja é para edificação e não para

destruição.

O amor cobre uma multidão de transgressões. Não foi exatamente isto que Deus fez conosco ao

perdoar todos os nossos pecados, quando nos salvou em Cristo?

O Espírito Santo está contente em habitar em almas fumegantes e ofensivas. Que nós

pudéssemos reter algo desta mesma disposição

misericordiosa!

A graça não reside em almas perfeitas neste mundo. Lembremos sempre disto.

Como nenhum cristão se encontra em estado de perfeição absoluta deste outro lado do céu,

então nós temos que nos exercitar sempre em espírito de misericórdia, de perdão e mansidão.

Por isso, nunca devemos nos julgar, de acordo com os nossos sentimentos presentes, porque

nas tentações nós veremos muita fumaça

desprendendo de pensamentos incorretos.

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Nós devemos nos precaver do falso raciocínio, porque nosso fogo não é como o dos demais, ou

então por parecer que não há qualquer fogo em

nós.

As portas de Jerusalém estavam queimadas, mas Deus providenciou para que fossem

restauradas através de Neemias, de forma que

erraram todos aqueles que pensavam que

Jerusalém permaneceria sem portas para sempre.

Devemos lembrar que estamos na Aliança da Graça, em que nem toda medida é como fogo

pleno, pois há muita faísca, que deve ser

também vista como chama.

Todos os cristãos têm a mesma fé preciosa (II Pe 1.1) por meio da qual obtiveram a perfeita justiça

de Cristo.

Uma mão fraca pode pegar uma joia preciosa.

Algumas uvas mostrarão que a planta é uma videira e não um espinheiro.

Uma coisa é ser deficiente na graça e outra coisa

não ter qualquer graça.

Deus sabe que nós não temos nada de nós mesmos, então na aliança da graça Ele não

requer nada além do que Ele dá, e que sempre

nos dá o que Ele requer.

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Se não pudermos trazer um cordeiro, então permitirá que tragamos duas pombas e uma rola

(Lev 12.8).

O evangelho é uma moderação misericordiosa, em que a obediência de Cristo é estimada como

sendo a nossa (Rom 5.19).

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Senhor Justiça Nossa

No capítulo 23 de Jeremias o Senhor repreende

a infidelidade e a corrupção dos sacerdotes e

anciãos de Israel (pastores do povo naquela dispensação) e os profetas que falavam em seu

nome sem terem sido levantados por Ele, os

quais haviam feito o seu povo se desviar da sua presença.

O protesto de Deus se fundamenta no fato deles nunca terem ensinado a sua Palavra, conforme fora revelada e escrita para eles, senão, aquilo

que eles afirmavam ser a sua Palavra, quando na

verdade, era a própria palavra deles, ensinada

para atender aos seus propósitos cobiçosos, interesseiros, carnais e egoístas.

Isto pode ser visto claramente nas palavras de repreensão dirigidas contra eles como as da seguinte passagem:

“28 O profeta que tem um sonho conte o sonho;

e aquele que tem a minha palavra, fale fielmente a minha palavra. Que tem a palha com o trigo?

diz o Senhor.

29 Não é a minha palavra como fogo, diz o Senhor, e como um martelo que esmiúça a

pedra?

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30 Portanto, eis que eu sou contra os profetas, diz o Senhor, que furtam as minhas palavras,

cada um ao seu próximo.

31 Eis que eu sou contra os profetas, diz o

Senhor, que usam de sua própria linguagem, e dizem: Ele disse.” (Jer 23.28-31).

O efeito que era produzido no povo, de andarem contrariamente com o Senhor, era uma prova

evidente de que a vida e o ensino destes pastores

e profetas não eram segundo a verdadeira Palavra de Deus, porque o efeito dela é sempre o

de produzir temor e santidade no seu povo,

como o próprio Senhor se expressou em relação a isto da seguinte maneira:

“21 Não mandei esses profetas, contudo eles foram correndo; não lhes falei a eles, todavia

eles profetizaram.

22 Mas se tivessem assistido ao meu conselho, então teriam feito o meu povo ouvir as minhas palavras, e o teriam desviado do seu mau

caminho, e da maldade das suas ações.” (v.

21,22).

O que eles ensinavam e profetizavam não provinha do céu senão dos seus próprios corações enganosos e corrompidos:

“25 Tenho ouvido o que dizem esses profetas que profetizam mentiras em meu nome,

dizendo: Sonhei, sonhei.

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26 Até quando se achará isso no coração dos profetas que profetizam mentiras, e que

profetizam do engano do seu próprio coração?

27 Os quais cuidam fazer com que o meu povo se

esqueça do meu nome pelos seus sonhos que cada um conta ao seu próximo, assim como seus

pais se esqueceram do meu nome por causa de

Baal.”

Isto é um grande alerta para os ministros do

evangelho, para que não incorram no mesmo erro deles, deixando de pregar a genuína

Palavra do Senhor, no poder do Espírito.

Quando se desvia deste rumo os resultados sempre serão funestos.

Há muitos sonhadores que desejam conduzir a

Igreja de Cristo pelas visões do seu próprio coração, afirmando que são revelações

recebidas da parte de Deus.

Se estas visões não estiverem de acordo com a Palavra revelada na Bíblia, em gênero, número e grau, em vez de serem proclamadas, devem ser

esquecidas e abominadas, porque não será

apenas o povo que será prejudicado por elas,

mas o próprio Deus terá a sua ira despertada contra tais pastores ou profetas, como se vê

neste capítulo de Jeremias.

Como o quadro que havia prevalecido em Israel por séculos, sempre foi este de o povo não

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receber a devida instrução por parte da grande

maioria de seus pastores e profetas, então o

Senhor mesmo seria o Pastor do seu povo, e o

faria através de pastores que estariam debaixo da justiça de um Rei justo que procederia da

descendência de Davi, nosso Senhor Jesus

Cristo, e estando assim justificados por Ele, tanto eles, seus pastores, quanto o rebanho de

Deus sobre o qual seriam constituídos, seriam

conhecidos pelo nome de O SENHOR JUSTIÇA

NOSSA.

Este Rei justo viria então a se manifestar em dias futuros para buscar as ovelhas perdidas da casa

de Israel que haviam sido dispersadas por todos

os maus pastores e profetas que haviam presidido sobre elas.

“3 E eu mesmo recolherei o resto das minhas ovelhas de todas as terras para onde as tiver afugentado, e as farei voltar aos seus apriscos; e

frutificarão, e se multiplicarão.

4 E levantarei sobre elas pastores que as apascentem, e nunca mais temerão, nem se assombrarão, e nem uma delas faltará, diz o

Senhor.

5 Eis que vêm dias, diz o Senhor, em que levantarei a Davi um Renovo justo; e, sendo rei,

reinará e procederá sabiamente, executando o

juízo e a justiça na terra.

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6 Nos seus dias Judá será salvo, e Israel habitará seguro; e este é o nome de que será chamado: O

SENHOR JUSTIÇA NOSSA.” (v.3 a 6).

Esta promessa está vinculada à da Nova Aliança, constante do capítulo 31.

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A Firmeza da Nossa Aliança com Cristo

No sétimo capítulo de Romanos nós vemos o

caráter firme e seguro da nossa aliança com

Jesus, e pela qual somos libertados da condenação de uma aliança segundo a lei.

Deus como o Grande Legislador e Juiz de todo o universo, criou o homem e fez com que ele fosse responsável perante Ele segundo a norma da lei

moral que ele inscreveu em sua consciência,

instalando ali um tribunal que age no próprio

homem condenando-o naquilo que é reprovável e aprovando-o naquilo que é louvável.

Mas, segundo a Lei Régia há a exigência da perfeita obediência, conforme foi revelado a Adão, e que a penalidade para qualquer ato de

desobediência é a morte, e todo homem

responde à referida Lei até hoje.

Posteriormente, nos dias de Abraão, Deus acrescentou novos mandamentos para serem

guardados pelas pessoas da descendência do

patriarca, com as quais formaria um povo para Si, para se revelar ao mundo através do mesmo,

e principalmente para que por este povo nos

fosse dado o Messias.

O caráter da obediência completa exigida de toda a humanidade da Lei Régia foi ainda mais

detalhado com os mandamentos que foram

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dados através de Moisés. E desde então, até que

viesse o Messias, o modo de agradar a Deus,

passava obrigatoriamente pelo cumprimento

dos mandamentos da Lei.

A pena de morte espiritual e eterna para os desobedientes foi mantida porque se afirma na

Lei de Moisés que é maldito todo aquele que não

permanece em todas as coisas da Lei, para

cumpri-las.

Isto descreve a condição de miséria espiritual e de condenação que paira sobre toda a humanidade, porque todos são pecadores, e não

têm em si mesmos a condição e o poder para

obedecerem perfeitamente a todos os

mandamentos da Lei.

Como poderia então Deus se prover de filhos semelhantes a Cristo?

Se todos estão obrigados à Lei, como poderão ter

vida, estando mortos; como poderão ser livres, estando condenados?

Só havia um modo de Deus nos libertar da condenação da Lei e nos dar vida eterna,

permanecendo Justo, por não remover ou

contrariar a Lei. Isto Ele fez nos considerando como mortos para a Lei, por ter feito com que a

morte de Jesus na cruz fosse a nossa própria

morte.

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Ele visitaria o seu próprio Filho Unigênito com o castigo que era destinado a nós pecadores. Ele

executaria a sentença de morte exigida pela Lei

nele, fazendo com que fosse feito pecado e maldição no nosso lugar.

Assim, a Lei não seria removida, mas nós seríamos resgatados por meio de Cristo de

debaixo da sua condenação e maldição.

É basicamente isto que Paulo expõe no sétimo capítulo de Romanos; de modo que toda a

argumentação que ele fizera quanto à condição de não se fazer o bem que queremos, e fazer o

mal que não queremos, pelo pecado que opera

na nossa carne, é sobretudo uma condição que

explica sobretudo a condição em que se encontram aqueles que permanecem debaixo

da Lei e não da graça do evangelho, a saber as

pessoas que não foram regeneradas pelo

Espírito Santo.

Elas podem dizer isto, por não terem

encontrado a solução que Paulo havia encontrado: "miserável homem que sou". Isto

porque não têm a Cristo que é o único que pode

nos livrar do corpo desta morte.

Este livramento que se obtém somente por Cristo e em Cristo, não é decorrente do fato de que agora os próprios crentes são perfeitos

segundo a Lei, porque sempre haverá resquícios

de pecado e de desobediência em sua natureza

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terrena que ainda carregam neste mundo, mas

sim, e exclusivamente pelo fato de que foram

resgatados da condenação da Lei por terem

morrido para a Lei em Cristo.

Uma Lei não tem autoridade sobre quem já está morto. Assim, os crentes já não são julgados ou

condenados por Deus com base na Lei, porque

não estão mais debaixo da Lei, quanto ao que se

refere ao seu poder de condenação daqueles que pecam contra os seus mandamentos. Eles

são julgados agora pela lei da liberdade,

respondendo, livres que são, não mais a um Juiz,

mas a um Pai de amor, que os corrige e dirige como filhos amados, por causa de Jesus Cristo.

Haverá ainda um grande conflito entre o Espírito e a carne, entre a velha e a nova

natureza, em todos os crentes, mas juntamente

com Paulo eles podem dizer em uníssono: "Graças a Deus por Jesus Cristo, nosso Senhor."

Não serão mais condenados por não serem tão

bem sucedidos nesta guerra contra as suas

almas, quanto gostariam de ser. Contudo, sabem que são amigos de Deus, que amam a

Deus, que odeiam o diabo e o pecado, e que por

fim serão transformados à perfeita imagem de

Jesus, ainda que isto ocorra somente na glória.

Todavia, esta grande verdade central do evangelho não deve servir de motivo para que

abusemos da liberdade que foi conquistada para

nós por um preço elevadíssimo de sangue, e não

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de um sangue qualquer, senão o puro e

imaculado sangue do Cordeiro de Deus que tira

o pecado do mundo. Preço este que foi pago para

que livres do pecado, pudéssemos viver em novidade de vida santificada perante Deus.

Afinal, foi para isto que fomos chamados e

justificados.

Para vivermos esta vida santa sem a qual não podemos manter nossa comunhão com Deus,

necessitamos de poder do alto.

Veja que quando os apóstolos viram todos os sinais que Jesus havia realizado, sua ressurreição e ascensão, a uma mente carnal

pareceria que isto seria o suficiente para que

eles saíssem pelo mundo afora dando

testemunho das coisas que haviam visto e ouvido.

Todavia, nosso Senhor lhes falou da necessidade de permanecerem em oração, e

aguardando em Jerusalém o batismo do Espírito

Santo, para que fossem revestidos de poder, pois quem dá e sustenta o testemunho de Cristo em

nós é o poder do Espírito Santo.

Por este motivo vemos o apóstolo Paulo dirigindo a Timóteo as seguintes palavras, para o cumprimento adequado do seu ministério:

“Tu, pois, filho meu, fortifica-te na graça que está em Cristo Jesus.” (2 Tim 2.1)

Page 32: Lei x Graça   parte 1

32

E a todos os cristãos:

“Quanto ao mais, sede fortalecidos no Senhor e na força do seu poder.” (Ef 6.10)

Vemos assim a nossa necessidade vital de estarmos permanentemente fortalecidos na

graça de Jesus, mediante o poder do Espírito Santo que em nós opera.

Muitos pensam erroneamente que quando se fala em batismo do Espírito Santo, revestimento

de poder do Espírito, ou enchimento do Espírito,

que isto signifique simplesmente receber um poder sobrenatural que operará em nossas

vidas independentemente das condições

morais e espirituais em que nos encontremos.

Todavia, se examinarmos com mais cuidado

não somente o texto bíblico, mas a nossa própria experiência prática em relação a este assunto,

verificaremos que é muito mais do que isto o

significado do poder da graça e do Espírito Santo atuando em nossas vidas.

Antes de tudo, devemos lembrar que este poder nos é dado para sermos cheios do fruto do

Espírito Santo, que tem a ver com as nossas

atitudes, com o nosso comportamento, com a transformação progressiva do nosso caráter e

coração.

É um poder para nos habilitar a sermos obedientes aos mandamentos de Deus, para

Page 33: Lei x Graça   parte 1

33

aprendermos a ser mansos e humildes de

coração, a sustentarmos um bom testemunho

de comportamento em nossa vida cristã, de

modo a nos tornarmos exemplo para ser seguido por outros.

Trata-se de ser cônjuges exemplares, filhos exemplares, servos exemplares, líderes

exemplares, cidadãos exemplares, enfim,

sermos achados em todas as áreas de relações humanas como homens e mulheres de Deus,

que trazem estampada em suas vidas a imagem

de Jesus Cristo, conforme veremos no estudo do

oitavo capítulo de Romanos, no qual se afirma que fomos predestinados por Deus para tal

propósito.

Nada disto poderá existir sem que haja uma transformação do nosso coração. E por isso

necessitamos crucialmente deste poder do alto,

porque como o próprio Senhor Jesus afirmou, sem Ele nada podemos fazer, notadamente no

que tange às coisas que são celestiais,

espirituais, e divinas.

Em cumprimento à promessa que nos fez em relação à Nova Aliança (Jeremias 31.31-35) Deus

já nos deu um coração de carne em substituição ao coração insensível de pedra às coisas

concernentes ao reino dos céus que tínhamos

antes da nossa conversão a Cristo.

Page 34: Lei x Graça   parte 1

34

O Que é Estar Debaixo da Graça e Não da

Lei

Não encontramos nas Escrituras a expressão

pacto de obras, ou aliança de obras.

Todavia, ambas as formas, especialmente a

primeira é muito empregada para definir a

condição de Deus como o Grande Juiz e Legislador que exige perfeição absoluta para

que possamos estar eternamente em sua

presença.

A falta desta condição implica em morte

espiritual e eterna.

Em sua infinita sabedoria, bondade e

misericórdia, o Senhor tem conhecido pela sua onisciência, que nenhum descendente de Adão

está habilitado para atender a tal demanda desta

Lei Eterna que emana da própria natureza

perfeitamente santa e justa de Deus.

Assim, entendemos que Ele não tem proposto a pecadores uma opção de salvação por este modo

de se cumprir perfeitamente a sua vontade e

mandamentos.

Isto sempre será feito por pura graça,

misericórdia, e simplesmente mediante a fé, como foi proposto ao próprio Adão quando o

Senhor foi procurá-lo com a promessa da

redenção quando ele se escondeu

Page 35: Lei x Graça   parte 1

35

envergonhado da sua nudez atrás das árvores do

jardim.

Não pode entretanto, ser removida esta lei que

exige perfeição absoluta, e por isso Jesus não

morreu apenas como nosso substituto para quitar a culpa do nosso pecado, como também

para nos revestir dessa perfeição requerida pela

justiça divina, que há de ser absoluta na glória, e

mediante o trabalho da santificação da graça pelo Espírito Santo e aplicação da Palavra de

Deus aos nossos corações, conforme o penhor

do trabalho da nossa transformação e

purificação já iniciado aqui na Terra a partir da nossa conversão.

O grande mandamento de Deus foi revelado por Jesus como sendo o amor de uns pelos outros

com o mesmo amor com o qual ele nos amou; ou seja, o dever imposto é o de amar com o amor de

Deus.

Então quando Tiago alude a isto, ele se reporta em sua epístola à questão da acepção de pessoas que estava ocorrendo na igreja em favor dos

mais abastados e contra os pobres e

necessitados do rebanho.

Isto era um pecado claro e contundente contrário ao que Ele chama de Lei Régia, ou seja

a Lei do Rei, esta Lei que está amarrada à própria

natureza e essência de Deus, que é amor.

Page 36: Lei x Graça   parte 1

36

“Se vós, contudo, observais a lei régia segundo a Escritura: Amarás o teu próximo como a ti

mesmo, fazeis bem;” (Tiago 2.8)

Não convinha que aqueles que foram resgatados da morte espiritual e eterna, inclusive e principalmente por se transgredir tal

mandamento do amor, que é o principal de

todos, continuassem transgredindo o mesmo.

“Falai de tal maneira e de tal maneira procedei como aqueles que hão de ser julgados pela lei da

liberdade.” (Tiago 2.12)

A esta lei da liberdade da condenação em Cristo, aludiu também o apóstolo Paulo em Rom 8.2:

“Porque a lei do Espírito da vida, em Cristo Jesus,

te livrou da lei do pecado e da morte.”

Então, se não fosse por Cristo, todo o nosso esforço em cumprir perfeitamente a Lei – ao qual devemos nos dedicar com sinceridade e

amor – seria totalmente perdido caso viéssemos

a transgredir um único ponto da lei que está

indissoluvelmente ligada à natureza de Deus, porque é Legislador e Juiz conforme demanda a

sua justiça que haja perfeita conformação à sua

santidade e amor.

“Pois qualquer que guarda toda a lei, mas tropeça em um só ponto, se torna culpado de todos.” (Tiago 2.10) – Este é o caráter da lei para

aqueles que não estão debaixo da cobertura do

sangue de Jesus. Daqui vemos quão ineficaz é a

Page 37: Lei x Graça   parte 1

37

tentativa de se justificar por meio das obras da

lei.

Assim, devemos clamar e dar graças a Deus por nos ter dado Jesus Cristo, juntamente com o

apóstolo quanto à nossa condição natural de

sermos achados mortos em delitos e pecados que pode ser somente revertida por estarmos no

Senhor:

Rom 7:24 Desventurado homem que sou! Quem me livrará do corpo desta morte?

Rom 7:25 Graças a Deus por Jesus Cristo, nosso Senhor. De maneira que eu, de mim mesmo,

com a mente, sou escravo da lei de Deus, mas,

segundo a carne, da lei do pecado.

Page 38: Lei x Graça   parte 1

38

A Graça não Condena

Deus não está condenando a qualquer pessoa

na presente dispensação da graça, conforme

afirmação de Jesus de que não veio condenar,

mas salvar.

A natureza de Deus é longânima, perdoadora, misericordiosa, amorosa, e por isso uma

das características do amor destacada em I Cor

13.5 é que ele não é facilmente provocado, ou

seja, ele não se exaspera.

Deus se ira contra o pecado, mas não tem qualquer prazer na morte dos ímpios, ou seja, de

todos aqueles que não Lhe amam e aos seus mandamentos.

A ira pode ser definida como uma oposição séria e violenta de espírito contra qualquer mal, real ou suposto, ou devido a qualquer falta ou

ofensa, porque isto está contra a natureza do

amor.

Nós somos chamados por Cristo a desejar o bem e a orar para o bem de todos, até mesmo de

nossos inimigos, e até daqueles que zombam de

nós e nos perseguem (Mat 5:44); e a regra dada pelo apóstolo é: “Abençoai aos que vos

perseguem, abençoai, e não amaldiçoeis.” (Rom

12.14), quer dizer, nós devemos desejar o bem e

Page 39: Lei x Graça   parte 1

39

orar para o bem de todos, e em nenhum caso

desejar o mal.

Porque como imitadores de Deus, na busca da sua imagem e semelhança, é justamente o que

devemos fazer, porque isto é parte da essência

divina.

Dizemos que é um dever porque o evangelho veio trazer a restauração em nós, da imagem e

semelhança, não com Adão, antes da queda no

pecado, mas a do próprio Cristo, conforme se afirma amplamente na Bíblia.

O que temos em Cristo, quanto ao trato com as imperfeições que há na humanidade? Graça,

amor, bondade, misericórdia, perdão, reconciliação, e justiça (a sua justiça que nos

justifica).

Os próprios juízos divinos na presente dispensação, têm em vista contribuir para a

continuidade da referida restauração, e são

corretivos e decorrentes da rejeição obstinada

da graça que nos está sendo oferecida.

As obras más ou boas de todas as pessoas serão somente passadas em revista no grande dia do

Juízo Final.

Por isso toda vingança é proibida por Deus, já que Ele afirma que toda a vingança lhe pertence.

Page 40: Lei x Graça   parte 1

40

A regra é: “Não te vingarás nem guardarás ira contra os filhos do teu povo; mas amarás o teu

próximo como a ti mesmo: Eu sou o Senhor.”

(Lev 19.18); e o apóstolo diz: “Não vos vingueis a vós mesmos, amados, mas dai lugar à ira;

porque está escrito: A mim me pertence a

vingança; eu retribuirei, diz o Senhor.” (Rom 12.19), de forma que toda a ira que contém um

desejo de vingança, é contrária ao cristianismo

e proibida por Deus.

Disto Cristo falou em Mat 5.22: “Eu, porém vos digo que todo aquele que (sem motivo) se irar contra seu irmão estará sujeito a julgamento;”.

Se uma pessoa se permitir ficar muito tempo irada com uma outra, logo esta ira se

transformará em ódio.

Assim, nós achamos que na verdade acontece com aqueles que retêm um rancor nos seus corações contra outros, durante semana depois

de semana, e mês depois de mês, e ano depois de

ano.

Eles virão no fim, a odiar verdadeiramente as pessoas contra as quais se deixaram irar assim deste modo.

Este é um pecado mais terrível à vista de Deus.

Então, não é de se admirar que esta seja a principal estratégia do diabo para nos afastar de

Deus, e para nos manter sob julgamentos em

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41

nossas almas, e ainda a ficarmos à mercê de

sermos oprimidos por ele.

Assim, toda vigilância e sabedoria é ainda pouco para ter um coração manso, sofredor, paciente,

perdoador.

Mais do que isto, necessitamos do derramar abundante do amor de Deus nos nossos

corações que é operado sobrenaturalmente

pelo Espírito Santo.

Page 42: Lei x Graça   parte 1

42

Graça Sobre Graça

“12 E o Senhor vos aumente, e faça crescer em amor uns para com os outros, e para com todos,

como também o fazemos para convosco;

13 Para confirmar os vossos corações, para que sejais irrepreensíveis em santidade diante de

nosso Deus e Pai, na vinda de nosso Senhor Jesus

Cristo com todos os seus santos.” (I Tes 3.12,13).

As graças operadas pelo Espírito Santo são a fonte da nossa santidade, no aumento delas em

nós pelo trabalho da santificação.

Nada se perde deste trabalho progressivo do Espírito nos cristãos, porque uma graça não é

substituída por outra, senão acrescentada,

conforme dizer do apóstolo Pedro:

“5 E vós também, pondo nisto mesmo toda a diligência, acrescentai à vossa fé a virtude, e à

virtude a ciência,

6 E à ciência a temperança, e à temperança a paciência, e à paciência a piedade,

7 E à piedade o amor fraternal, e ao amor fraternal a caridade.” (II Pe 1.5-7).

O que foi conquistado será mantido por vigilância e oração, e será aumentado pelo

recebimento de outras graças (virtudes e poder)

Page 43: Lei x Graça   parte 1

43

que também serão aperfeiçoadas em seu

crescimento.

O que não aprendeu ainda a ser misericordioso será com certeza aperfeiçoado em misericórdia.

O de mau temperamento será aperfeiçoado em mansidão.

O modo do Espírito Santo implantar estas virtudes é pela formação de hábitos.

Assim como aprendemos determinadas

habilidades e comportamentos pelo hábito de repeti-las.

A santificação é pois em seu progresso um hábito que é incorporado em nós, em relação a

todos os nossos deveres espirituais, à medida

que eles nos vão sendo ensinados e implantados em nós pelo Espírito Santo, consoante a

aplicação da doutrina da Palavra de Deus.

Page 44: Lei x Graça   parte 1

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A Troca da Antiga Aliança pela Nova

“Quando ele diz Nova, torna antiquada a

primeira. Ora, aquilo que se torna antiquado e

envelhecido está prestes a desaparecer.”

(Hebreus 8:13)

Toda vez que abrirmos as páginas do Velho

Testamento, devemos sempre colocar como

pano de fundo o Evangelho de Cristo, para que não tomemos ao pé da letra, como mandamento

divino ordenado aos discípulos de Jesus, muitos

dos preceitos da antiga dispensação, que durou

de Moisés a João Batista (Mt 11.13; Lc 11.16), os quais não podem e não devem ser aplicados na

nova dispensação em que estamos vivendo há

cerca de dois milênios.

A Lei Antiga, determinada por Deus para vigorar em Israel, por cerca de 1440 anos prescrevia:

morte por apedrejamento em razão de

determinadas transgressões daquela Lei

dada por meio de Moisés.

como maldito de Deus deveria se

anunciar a si mesmo publicamente o

leproso.

proibidos estavam vários alimentos classificados como impuros.

sacrifícios de animais oferecidos para

cobrir o pecado.

Page 45: Lei x Graça   parte 1

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e muitos outros preceitos civis e

cerimoniais, além dos morais.

Deus, pela Lei, revelava que era o Juiz do seu povo e ensinava ao mesmo tempo o quanto é oposto ao pecado.

Todavia, em sendo Juiz, é também pai bondoso, amoroso, misericordioso, perdoador e salvador.

Como revelou isto, já que os preceitos da Lei antiga poderiam ofuscar tais atributos relativos

à sua completa longanimidade, amor e

bondade?

Ele o fez trazendo uma nova lei por meio de Cristo, para substituir a antiga.

Jer 31:31 Eis aí vêm dias, diz o SENHOR, em que firmarei nova aliança com a casa de Israel e com

a casa de Judá.

Jer 31:32 Não conforme a aliança que fiz com seus pais, no dia em que os tomei pela mão, para os tirar da terra do Egito; porquanto eles

anularam a minha aliança, não obstante eu os

haver desposado, diz o SENHOR.

Jer 31:33 Porque esta é a aliança que firmarei com a casa de Israel, depois daqueles dias, diz o SENHOR: Na mente, lhes imprimirei as minhas

leis, também no coração lhas inscreverei; eu

serei o seu Deus, e eles serão o meu povo.

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Jer 31:34 Não ensinará jamais cada um ao seu próximo, nem cada um ao seu irmão, dizendo:

Conhece ao SENHOR, porque todos me

conhecerão, desde o menor até ao maior deles, diz o SENHOR. Pois perdoarei as suas

iniquidades e dos seus pecados jamais me

lembrarei.

Heb 8:7 Porque, se aquela primeira aliança

tivesse sido sem defeito, de maneira alguma estaria sendo buscado lugar para uma segunda.

Heb 8:13 Quando ele diz Nova, torna antiquada a primeira. Ora, aquilo que se torna antiquado e

envelhecido está prestes a desaparecer.

Heb 9:15 Por isso mesmo, ele é o Mediador da

nova aliança, a fim de que, intervindo a morte para remissão das transgressões que havia sob a

primeira aliança, recebam a promessa da eterna

herança aqueles que têm sido chamados.

Heb 10:9 então, acrescentou: Eis aqui estou para fazer, ó Deus, a tua vontade. Remove o primeiro

para estabelecer o segundo.

Heb 10:10 Nessa vontade é que temos sido santificados, mediante a oferta do corpo de

Jesus Cristo, uma vez por todas.

A Lei da nova aliança, do novo testamento, do evangelho, da graça, pela qual se revogou a

primeira, é chamada pelo apóstolo de lei régia

(Tg 2.8), porque prescreve o amor ao próximo,

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sem qualquer tipo de condenação legal,

conforme ocorria na primeira, apesar de

também prescrever o amor ao próximo.

Assim, a lei do amor de Cristo não vigora pelo cumprimento de ordenanças cerimoniais e

civis, como a primeira, mas simplesmente por

fé, graça, misericórdia e arrependimento.

A punição dos malfeitores é designada para as autoridades civis de cada nação, conforme

determinação da parte de Deus.

Não é uma característica ou atribuição do evangelho, pelo qual se oferta a libertação do espírito do jugo e condenação do pecado.

A lei do evangelho é amar a Deus acima de tudo e ao próximo como a si mesmo.

O amor nunca busca o mal, ou que seja do próprio interesse, não se conduz inconvenientemente, não é preconceituoso,

enfim, o amor faz somente o bem ao seu

semelhante.

Mat 22:35 E um deles, intérprete da Lei, experimentando-o, lhe perguntou:

Mat 22:36 Mestre, qual é o grande mandamento na Lei?

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Mat 22:37 Respondeu-lhe Jesus: Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda

a tua alma e de todo o teu entendimento.

Mat 22:38 Este é o grande e primeiro mandamento.

Mat 22:39 O segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo.

Mat 22:40 Destes dois mandamentos dependem toda a Lei e os Profetas.

Rom 13:10 O amor não pratica o mal contra o próximo; de sorte que o cumprimento da lei é o

amor.

Poderia haver uma lei melhor do que essa?

No episódio da mulher adúltera que Jesus livrou da condenação por apedrejamento, podemos constatar o quanto Ele realmente mudou a

antiga lei por uma nova, porque pela antiga, ela

deveria morrer apedrejada.

É por isso que é ordenado por Cristo aos cristãos, na Bíblia, que façam o convite da salvação pelo evangelho a todas as pessoas e em todos os

lugares da terra.

Mar 16:15 E disse-lhes: Ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda criatura.

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Este convite consiste basicamente no oferecimento gratuito que Ele está fazendo da

sua própria justiça divina, amor e misericórdia,

para perdoar todos os nossos pecados e justificar a todos os que nele crerem, de modo

que sejam livrados da condenação, e para o

recebimento da vida eterna.

Todavia, em havendo recusa em se ouvir a mensagem do evangelho, o próprio Cristo

ordena que não haja insistência.

Luc 10:16 Quem vos der ouvidos ouve-me a mim; e quem vos rejeitar a mim me rejeita; quem,

porém, me rejeitar rejeita aquele que me

enviou.

Mar 6:11 Se nalgum lugar não vos receberem nem vos ouvirem, ao sairdes dali, sacudi o pó

dos pés, em testemunho contra eles.

O evangelho é o tempo da paciência, da misericórdia, da longanimidade de Deus para

com todos os pecadores.

A ninguém Deus está condenando, enquanto durar esta dispensação. Ao contrário, está

salvando.

João 12:47 Se alguém ouvir as minhas palavras e não as guardar, eu não o julgo; porque eu não

vim para julgar o mundo, e sim para salvá-lo.

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João 12:48 Quem me rejeita e não recebe as minhas palavras tem quem o julgue; a própria

palavra que tenho proferido, essa o julgará no

último dia.

O evangelho é a lei divina, se assim podemos nos referir a ele, na presente dispensação da graça,

e esta lei de justiça oferecida para a nossa

justificação e perdão, a ninguém condena.

É a rejeição do evangelho, segundo nosso Senhor Jesus Cristo, que será o motivo da

condenação no último dia, como Ele o afirma em João 12.48.

João 3:16 Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que

todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida

eterna.

João 3:17 Porquanto Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que julgasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele.

João 3:18 Quem nele crê não é julgado; o que não crê já está julgado, porquanto não crê no nome

do unigênito Filho de Deus.

Mar 16:15 E disse-lhes: Ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda criatura.

Mar 16:16 Quem crer e for batizado será salvo; quem, porém, não crer será condenado.

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Esta nova dispensação do evangelho substituiu a chamada antiga dispensação da lei de Moisés,

porque Jesus se ofereceu a si mesmo como

sacrifício, em nosso lugar, para satisfazer a exigência da justiça divina.

Não é do teor e essência do evangelho condenar as pessoas pelos seus maus atos e até mesmo

pensamentos, porque até os próprios cristãos que fazem a oferta do evangelho também são

pecadores, que foram remidos pela graça,

mediante a fé em Jesus.

Aos que têm abraçado a fé no evangelho, Cristo lhes impõe a disciplina da nova aliança, pela

admoestação mútua à prática do amor e das

boas obras.

Outra característica do convite do evangelho é

que não se deve fazer distinção de qualquer pessoa, que não deve haver preconceito de raça,

religião, condição social, ou de qualquer outra

natureza.

Desta forma, aqueles que têm sentimentos preconceituosos, não estão de modo algum

anunciando o verdadeiro evangelho de Cristo,

tal como ele se encontra registrado nas páginas

da Bíblia.

Rom 3:21 Mas agora, sem lei, se manifestou a justiça de Deus testemunhada pela lei e pelos

profetas;

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Rom 3:22 justiça de Deus mediante a fé em Jesus Cristo, para todos e sobre todos os que creem;

porque não há distinção,

Rom 3:23 pois todos pecaram e carecem da glória de Deus,

Porque isto seria uma contradição, uma vez que não se pode conciliar preconceito com o fato de

Jesus não fazer acepção, distinção de qualquer

pessoa, e de igual modo, devem agir aqueles que

falam em seu nome.

Por outro lado, deixar de anunciar o evangelho, em desobediência ao mandamento de Deus,

para o bem eterno dos ouvintes que o receberem, por livrar o espírito da condenação

eterna a ser proferida no dia do Juízo Final, seria

então uma grande prova de falta de amor e de

misericórdia para com nossos semelhantes, esconder deles esta mensagem, ou então

adulterá-la.

Por isso é também ordenado nas Escrituras que se deve ter cautela com o ensino de falsos

pastores, profetas e mestres que falam em nome

de Cristo, e que se dizem cristãos, e mensageiros genuínos do evangelho, quando na

verdade não são, e o fazem por motivo

interesseiro e por torpe ganância.

Mat 7:16 Acautelai-vos dos falsos profetas, que se vos apresentam disfarçados em ovelhas, mas

por dentro são lobos roubadores.

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2Pe 2:1 Assim como, no meio do povo, surgiram falsos profetas, assim também haverá

entre vós falsos mestres, os quais introduzirão,

dissimuladamente, heresias destruidoras, até ao ponto de renegarem o Soberano Senhor.

2Pe 2:2 E muitos seguirão as suas práticas libertinas, e, por causa deles, será infamado o

caminho da verdade;

Mat 10:16 Eis que eu vos envio como ovelhas

para o meio de lobos; sede, portanto, prudentes como as serpentes e símplices como as pombas.

Mat 10:17 E acautelai-vos dos homens; porque vos entregarão aos tribunais e vos açoitarão nas

suas sinagogas;

Mat 10:25 Basta ao discípulo ser como o seu

mestre, e ao servo, como o seu senhor. Se chamaram Belzebu ao dono da casa, quanto

mais aos seus domésticos?

A prudência da serpente é recomendada pelo Senhor aos que se empenham na obra da pregação do evangelho, ao lado da simplicidade

das pombas.

As serpentes evitam confrontos desnecessários, mas atacam quando são atacadas. Por isso o

cristão deve reter apenas a prudência da serpente, e associá-la à inofensividade das

pombas, que nunca atacam quando são

atacadas.

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Por fim, ao concluir esta breve explanação, deve ser dito que a ninguém deve ser imposto o

evangelho como uma forma de obrigação a ser

cumprida, e nem mesmo nas congregações de Cristo, porque Deus quer ser amado e adorado

em espírito e de modo voluntário.

Ninguém deve ser condenado ou acusado por conta da religião ou costumes que tenha

adotado, evidentemente, é claro, desde que não infrinjam as normas legais e os costumes de

cada sociedade à qual se pertença, mas isto não

é um encargo dos cristãos enquanto cristãos, mas das autoridades constituídas.

Os mensageiros do evangelho devem ser promotores da paz, e por isso é dito por Cristo

que bem-aventurados são os pacificadores.

Para este propósito, da promoção da paz e do bem estar dos seus semelhantes, devem orar em favor de todos os homens.

1Tm 2:2 Antes de tudo, pois, exorto que se use a prática de súplicas, orações, intercessões, ações

de graças, em favor de todos os homens,

1Tm 2:2 em favor dos reis e de todos os que se acham investidos de autoridade, para que vivamos vida tranquila e mansa, com toda

piedade e respeito.

1Tm 2:3 Isto é bom e aceitável diante de Deus, nosso Salvador,

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55

1Tm 2:4 o qual deseja que todos os homens sejam salvos e cheguem ao pleno conhecimento

da verdade.

Devem também os cristãos serem modelos de bom comportamento e de conduta, como pais,

filhos, empregados, empregadores, ou o que for.

Devem estar sujeitos às autoridades, porque conforme afirmado na Bíblia, não há autoridade genuína que não tenha sido instituída por Deus.

Rom 13:1 Todo homem esteja sujeito às autoridades superiores; porque não há autoridade que não proceda de Deus; e as

autoridades que existem foram por ele

instituídas.

O evangelho não é pregado por mero dever de consciência ou por obediência ao mandamento

divino, mas sobretudo porque os discípulos de Jesus são movidos em amor a fazê-lo, pelo

mesmo Espírito Santo que neles habita, e que

também atuava em nosso Senhor Jesus Cristo.

“como Deus ungiu a Jesus de Nazaré com o Espírito Santo e com poder, o qual andou por

toda parte, fazendo o bem e curando a todos os oprimidos do diabo, porque Deus era com ele;”

(Atos 10:38)

Page 56: Lei x Graça   parte 1

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Jesus Não Veio Condenar Mas Salvar

Marcos 2:17 Tendo Jesus ouvido isto,

respondeu-lhes: Os sãos não precisam de

médico, e sim os doentes; não vim chamar

justos, e sim pecadores.

João 12:47 Se alguém ouvir as minhas palavras e não as guardar, eu não o julgo; porque eu não

vim para julgar o mundo, e sim para salvá-lo.

Dê a devida atenção a estas palavras de nosso

Senhor Jesus Cristo.

Até que Ele volte, a porta da salvação estará aberta para todo aquele que se arrepender dos

seus pecados e buscar viver para Ele.

Amados leitores, nosso Senhor mesmo definiu a sua principal missão em ter vindo a este mundo

há cerca de 2.000 anos atrás, como sendo a de

salvar e não a de condenar pecadores.

Então, enquanto perdurar esse tempo de

graça até que Ele volte, Deus está abrindo uma grande oportunidade para todas as pessoas que

queiram ser livradas da manifestação da ira

vindoura, em forma de juízo de uma condenação eterna, que há de vir sobre todos os

que viveram neste mundo, sem terem se

convertido a Cristo.

Page 57: Lei x Graça   parte 1

57

Por isso, queremos ser muito claros, sinceros e diretos em todas as mensagens transmitidas aos

amados leitores, mantendo o foco do evangelho

que aponta somente para Jesus Cristo para que sejamos salvos de tal condenação em razão do

pecado.

É bom lembrar que um único pecado praticado ao longo de toda a vida já sujeita o seu praticante

à condenação eterna.

Portanto, não há um único justo, de si mesmo, pela sua própria justiça, diante de Deus.

Por isso Jesus morreu em nosso lugar na cruz,

carregando sobre si toda a culpa dos nossos pecados.

Em suma, tudo o que se refere à necessidade de

um viver reto, do dever de se guardar os mandamentos de Deus, e tudo o mais que se

refira à santificação de nossas vidas, somente

pode ser praticado e vivido caso sejamos

convertidos a Cristo, e estando em comunhão com Ele, por meio do Espírito Santo.

Assim, se a Lei santa de Deus lhe condena

justamente por causa do pecado, lembre que pela fé em Jesus, nos está sendo oferecida

gratuitamente a libertação de tal condenação,

ao mesmo tempo que somos por Ele capacitados a viver de modo aprovado pela justiça divina,

pelo poder da graça de Jesus, mediante o

trabalho do Espírito Santo em nossos corações.

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Não há qualquer condenação no evangelho, porque Jesus, pelo evangelho que nos trouxe, ou

seja, por esta maravilhosa notícia, que é o

significado desta palavra no original grego do Novo Testamento, tem se oferecido para ser a

nossa justiça, de modo que Deus possa se

agradar de nós e se reconciliar conosco.

A rejeição do evangelho. Desta oferta de justiça da pessoa de Jesus, tão graciosa, é que traz

condenação.

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A Justiça do Evangelho Não é Juízo

O propósito de Deus,

jamais pode ser frustrado.

Então o que faria para tornar justo

o pecador culpado?

Que se opondo ao seu Criador

e não querendo se sujeitar à sua vontade,

segue o seu caminho de vaidade?

Que resistindo a se entregar a Jesus

resiste também ao recebimento da sua graça?

E sem a graça, sabemos, somente há ruína,

perdição, ódio, desobediência e morte.

Ah! Que situação difícil para ser resolvida!

Difícil para nós, mas não para Deus,

a quem tudo é fácil e possível.

Difícil e penoso seria sim,

o único modo pelo qual

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o pecador poderia ser justificado.

Deus visitaria o seu pecado,

com juízos, no seu Filho Amado.

Colocaria sobre Ele nossas transgressões,

resistências e descaminhos,

e com o grande golpe do seu juízo

castigaria o próprio Cristo,

fazendo com que a justiça exigida

fosse por fim atendida.

Jesus tem desde então justiça,

e não juízo para oferecer,

pelo Evangelho.

Quem quiser ser justo,

para receber a graça

salvadora e transformadora,

basta vir a Cristo,

com a mão do coração estendida,

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e Ele a concederá com agrado

para apagar nosso pecado.

Por isso Ele diz que não veio

a este mundo para condená-lo,

mas sim, para salvá-lo.

Oh! Senhor amado!

Muito obrigado por sua justiça!

Felizes são os que têm fome e sede

desta sua maravilhosa justiça,

pela qual, nós perdidos pecadores,

somos saciados,

justificados e abençoados!

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O Real Significado da Graça

Há um grande paradoxo no entendimento

carnal relativo à graça divina, uma vez que se

costuma considerar como sendo graça

exatamente o oposto daquilo que a graça que nos foi dada em Cristo é na verdade; pois os dons

naturais e comuns de Deus para toda a

humanidade são buscados por pessoas

religiosas como se fossem o grande propósito da vida cristã.

Geralmente visa-se tão somente ao que é externo, e não propriamente o que seja

espiritual, celestial e divino, para ser aplicado à transformação do próprio caráter e vida,

segundo o propósito de Deus na concessão da

sua graça que nos foi dada em Cristo.

Todavia, a Bíblia não nos deixa cegos quanto a este importantíssimo assunto, conquanto podemos observar na grande maioria das

passagens bíblicas referentes à graça, qual é o

propósito de Deus quanto à sua concessão.

Antes de tudo a graça não é dogma, mas o poder de Deus para o atingimento do objetivo da fé, a saber, a nossa salvação. E é no conhecimento da

mesma graça que devemos crescer com vistas

ao nosso aperfeiçoamento espiritual.

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O maior dom que temos recebido da graça de Deus é a vida do próprio Cristo e a habitação do

Espírito Santo em nós. As demais graças são

consequência desta referida e gravitam em torno da mesma.

Quando estamos na graça, esta produz um bom estado na alma que pode ser discernido em

espírito tanto por nós, quanto por aqueles que

estiverem na mesma condição.

A graça divina é o maior poder operante neste mundo, pois somente ela é mais forte do que o poder do pecado.

O nosso acesso a esta graça, na qual estamos firmes, e sem correr o risco de sermos

rejeitados por Deus, custou um alto preço a

nosso Senhor Jesus Cristo – o preço do seu

sofrimento e derramamento do seu sangue numa terrível morte de cruz.

É impróprio, por conseguinte, o pensamento associado à palavra graça, de ser algo fácil ou

barato.

A salvação é de fato gratuita, mas custou o preço de morte para Cristo, carregando os nossos

pecados, e para nós, ela exige o pagamento do preço da nossa consagração a Deus, uma vez

tendo sido convertidos mediante a simples fé no

Senhor.

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Fomos comprados por preço para vivermos para Deus.

Com o advento de Jesus Cristo foi inaugurada uma nova dispensação para substituir a antiga

que vigorou desde os dias de Moisés. Daí ser chamada de dispensação da graça, enquanto a

antiga era chamada de dispensação da Lei.

Deus está sendo longânimo nesta dispensação em relação a todos os pecadores, concedendo-

lhes assim a oportunidade de se arrependerem

e crerem em Cristo, de modo a serem livrados da condenação eterna. Esta é uma das

características essenciais da citada

dispensação.

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Uma Nova Aliança Diferente da Antiga

Devemos ter o devido cuidado ao estudarmos a

Bíblia, especialmente o Antigo Testamento, nas partes relativas ao Antigo Pacto, porque ali

encontramos muitas figuras de realidades que

se cumpriram em Cristo, e muitos preceitos que

foram revogados e alterados por Cristo com a instituição da Nova Aliança, que revogou a

Antiga, de modo que não pratiquemos na

dispensação da graça aquelas coisas e atitudes que eram determinadas e aceitas por Deus no

Antigo Pacto, mas que de modo algum podem

ser aceitas nesta nova dispensação, em que

novas diretrizes foram dadas para substituírem muitas das diretrizes antigas, como por exemplo

a lei do olho por olho, dente por dente; o ofício

sacerdotal com a apresentação de animais em

sacrifício; as guerras santas ordenadas por Deus para extermínio de povos idólatras etc.

A Nova Aliança não é ministério de morte, mas

de vida. Isto é, os ministros de Deus estão

encarregados de levar a vida de Cristo aos homens, e não a condenação e a morte.

Isto fica agora exclusivamente nas mãos de

Deus, e a Igreja de Cristo não é mais a espada de

Deus, como Israel foi no mundo antigo para exercer juízos de Deus sobre o mundo de ímpios.

Deus é o Juiz exclusivo do que se refere a tirar ou não a vida de qualquer pessoa, de modo que não

deseja nenhuma cooperação da Igreja neste

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sentido, ao contrário, foi vedado à Igreja na

presente dispensação toda e qualquer forma de

juízo, e daí Cristo ter determinado que o crente

a ninguém deve julgar neste sentido, porque o juízo sobre vida ou morte está agora

exclusivamente nas mãos de Deus.

À Igreja cabe pregar o evangelho, e aqueles nos quais Cristo será cheiro de morte para a morte e

não aroma de vida para a vida, é assunto que se

encontra fora da alçada da Igreja, e que está totalmente nas mãos do Grande e único Juiz

O dever do qual a Igreja está incumbida é o de levar a mensagem de salvação e se empenhar

muito para a salvação de alguns, porque Jesus,

na dispensação da graça, se empenha não em

condenar os pecadores, mas salvá-los.

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Uma Aliança Firmada em Graça

Em Isaías 55 vemos que o evangelho é para os

que têm fome e sede de justiça.

A mesa do banquete está pronta e tudo o que de nós se exige é apetite. É tudo de graça.

Por isso o convite da salvação é dirigido a todos

os que têm sede para que venham às águas da salvação, e que poderão adquirir (comprar) o

vinho espiritual da alegria, e o leite racional que

nos alimenta que é a graça de Cristo, que acompanha o evangelho, para sermos

alimentados por ela, sem dinheiro e sem preço

(Is 55.1).

Diz-se que todo esforço e gasto de dinheiro para obter a salvação é vão, porque a salvação

verdadeira que Deus está operando pelo Filho, é

completamente gratuita.

A boa comida espiritual, e o tutano divino são achados somente na mesa de Cristo, e não nas

mãos dos que fazem da religião ocasião de comércio (Is 55.2).

A mensagem do evangelho deve ser ouvida atentamente, pela voz dos ungidos do Senhor,

através dos quais Cristo fala, para que pessoas se

convertam a Ele, para entrarem na aliança

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eterna, que Ele havia prometido como sendo

firmes beneficências a Davi (v. 3).

Estas firmes beneficências a Davi são citadas também em passagens do Novo Testamento,

como em At 13.34.

“Inclinai os vossos ouvidos, e vinde a mim; ouvi, e a vossa alma viverá; porque convosco farei uma aliança perpétua, dando-vos as fiéis

misericórdias prometidas a Davi.” (Is 55.3).

É maravilhoso saber que as últimas palavras que Davi falou pelo Espírito, apontaram para esta

aliança segura e eterna.

Deus fez uma aliança conosco em Jesus Cristo, e nós aprendemos das suas palavras pela boca de Davi que é uma aliança perpétua.

Perpétua em si mesma e na forma do seu caráter, manutenção, continuação e

confirmação. Deus diz também pela boca de

Davi que é bem ordenada e segura (v. 5).

Esta aliança está bem ordenada por Deus em todas as coisas que dizem respeito a ela.

Esta ordenação perfeita trabalhará em meio às imperfeições dos cristãos e os aperfeiçoará progressivamente, para a glória de Deus, de

modo que se a obra não for completada na terra,

ele o será no céu.

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Para isso a aliança possui um Mediador e um Consolador para promover a santidade e o

conforto dos cristãos.

Está ordenado também QUE TODA

TRANSGRESSÃO NA ALIANÇA NÃO LANÇARÁ FORA A QUALQUER DOS ALIANÇADOS.

Por isso Jesus afirma que na lançará fora de modo nenhum, a qualquer que vier a Ele.

Assim, a segurança da salvação não é colocada nas mãos dos cristãos, mas nas mãos do

Mediador.

É dito que a aliança é segura porque está assim bem ordenada por Deus.

Ela foi planejada de tal modo a poder conduzir pecadores ao céu.

Ela está tão bem estruturada que qualquer um deles pode ter a certeza de que estará sendo

aperfeiçoado na terra e a conclusão desta obra de aperfeiçoamento será concluída no céu.

E uma das razões para que o aperfeiçoamento não seja concluído na terra, é para que se saiba

que a aliança é de fato para pecadores, e não para quem se considera perfeitamente justo,

embora todos os aliançados sejam chamados

agora a se empenharem na prática da justiça.

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As misericórdias prometidas aos aliançados é segura, e operarão de acordo com as condições

estabelecidas em relação à necessidade de

arrependimento e fé.

A aplicação particular destas misericórdias para santificar os cristãos é segura.

É segura porque é suficiente.

Nada mais do que isto nos salvará, porque a base da salvação repousa na fidelidade de Deus em cumprir a promessa que Ele fez à casa de Davi, a

todo aquele que for encontrado nela, por causa

da sua fé no descendente, no Filho de Davi que é

Cristo.

É somente disto que a nossa salvação depende. Muitos podem pensar que quando se conclama,

na profecia de Isaías, ao ímpio a deixar o seu

caminho e o homem maligno os seus pensamentos para se voltar para o Senhor, para

achar misericórdia e perdão, porque se diz que

Deus é rico em perdoar, que isto não se aplique

às pessoas perversas.

No entanto, é um convite a todas as pessoas porque não há quem não peque, e Cristo veio

salvar e justificar ímpios (Rom 4.5), de forma

que aquele que se julgar justo e bom a seus próprios olhos jamais poderá ser salvo por

Cristo, porque Ele salva aqueles que se

reconhecem pecadores.

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Para esclarecer este ponto, para que ninguém fizesse uma avaliação errada relativa à sua real

condição diante de Deus, Ele declarou que os

seus pensamentos não são os nossos pensamentos, nem os nossos caminhos os seus

caminhos (Is 55.8).

Se nos compararmos com outras pessoas é possível que nos achemos bons e justos.

Mas se contemplarmos os que estão no céu,

especialmente ao próprio Deus em sua perfeita santidade e glória, nós veremos quão

imperfeitos somos.

Clamaremos tal como Isaías fizera no capítulo sexto, quando viu a santidade e glória com que

os serafins louvavam ao Senhor no seu trono de glória.

Por isso se ordena que olhemos para Cristo para que sejamos salvos, porque somente quando

contemplamos a majestade da sua santidade, é que podemos enxergar qual é o nosso real

quadro de miséria e de necessidade que temos

de sermos salvos por Ele.

Então esta salvação não será achada em nós mesmos. Porque ela nos vem inteiramente destes caminhos e pensamentos elevados de

Deus que procedem do céu e não da terra.

É do alto que a graça e o Espírito são derramados, e por isso somos conclamados a

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olhar para o alto, para Cristo, para o tesouro do

céu e não para o que é terreno, quando o assunto

se refere à nossa salvação.

Esta salvação vem do alto, mas a Palavra que salva foi revelada por Cristo na terra, e está não

apenas na Bíblia, mas junto da nossa boca e coração, para que façamos a confissão da fé no

seu nome e senhorio, para que sejamos salvos.

Deus pôs esta autoridade para nos salvar na sua Palavra. A palavra do evangelho é a semente que

contém a vida eterna.

De maneira que todo o que crê na Palavra da verdade será salvo, porque esta Palavra gerará

em seu coração a fé pela qual Deus o salvará. Por isso Ele afirma o que se lê em Is 55.10,11.

Estes que crerem no evangelho e forem salvos sairiam dando testemunho por todas as partes

com a alegria e a paz com que seriam guiados

pelo Espírito Santo, e por onde passarem

anunciando as boas novas, a maldição será transformada em bênção porque se diz que em

vez de espinheiros e sarças, cresceriam a faia e

a murta que são plantas ornamentais. E isto

seria para o Senhor um nome e um sinal eterno que nunca se apagará (v. 12, 13).

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A Bênção da Graça Perdoadora

Se nada mais fosse dito além das coisas

referidas nos capítulos anteriores ao 30º do livro

de Deuteronômio, e o livro fosse fechado com as

palavras do capítulo precedente (29º), não haveria nenhuma esperança para Israel

prosseguir como povo da aliança feita com

Abraão, Isaque e Jacó, e mesmo da aliança feita

com eles no Sinai, porque a maldição da Lei os baniria para sempre da presença de Deus

quando invalidassem a aliança com os seus

pecados.

Entretanto, o capítulo 30º de Deuteronômio é iniciado com a promessa de Deus de usar de

misericórdia para com eles, quando na terra do

seu cativeiro eles se voltassem arrependidos de

seus pecados para Ele.

A Lei colocou diante deles a escolha da bênção ou da maldição, conforme o seu

comportamento diante do Senhor e dos seus

mandamentos.

Haveria bênçãos no caso de obediência, e maldições no caso de desobediência.

Servir ou não a Deus não seria uma opção que não afetaria as suas vidas.

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Ao contrário, seria uma questão de vida ou de morte.

A Aliança que eles fizeram com o Senhor não gerou um compromisso de serem meramente

religiosos, mas um compromisso que afetaria profundamente o rumo das suas vidas; quer

para o bem, quer para o mal.

O bem por escolherem ouvir o Senhor e guardarem os seus mandamentos, e o mal, em

caso contrário.

Mas eles são lembrados que não estavam diante de um Deus inflexível e implacável, pois Ele

sabia perfeitamente que o homem é carnal e dado a se desviar dos seus caminhos, e não

andará neles caso não seja assistido pela sua

graça e misericórdia, e também pelo temor que

Lhe é devido.

Assim como Ele disse que não destruiria mais a

terra com as águas do dilúvio, por saber que o homem é carnal; de igual modo Ele fez

promessas de misericórdia para que Israel

pudesse retornar para Ele depois que eles Lhe

tivessem voltado as costas para servirem a outros deuses.

Ele aceitaria a esposa infiel de volta, desde que esta deixasse os seus amantes e voltasse para o

seu marido.

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O Senhor sabia em todo o tempo que estava entrando em aliança com uma esposa que lhe

seria infiel em várias ocasiões, mas nem por isso

deixou de desposá-la (a nação de Israel) porque a amava.

De igual modo, os cristãos da Igreja de Cristo, apesar de suas infidelidades para com o Senhor, não podem romper o laço matrimonial que têm

com Ele porque são laços indissolúveis em razão

da perfeita fidelidade do Senhor, que

permanece fiel ao que nos tem prometido, apesar da nossa infidelidade.

Afinal, foram libertados da escravidão ao pecado, por Cristo, para viverem em obediência

completa a Deus, mas como carregam a

fraqueza da carne neste mundo, há esta ação da

misericórdia restauradora do Senhor operando em suas vidas para serem curados de suas

apostasias e pecados.

Por esta promessa de misericórdia e

restauração da Antiga Aliança, vemos que o caráter de Deus é realmente perdoador e

compassivo.

Nenhum pecador, por pior que seja, poderá se desculpar em juízo de não ter alcançado a

salvação, porque a misericórdia do Senhor é

infinita.

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Ele tem prometido que usa de misericórdia com qualquer um, independentemente de seus

méritos.

Isto significa que ninguém poderá impugnar a decisão de Deus de usar de misericórdia para

com o pior dos pecadores, porque Ele

determinou em sua Soberania usar de

misericórdia com quem Ele quisesse, isto é, conforme a sua própria vontade, e nada mais.

Ninguém poderá se desculpar pelo fato de se ter

desviado e não ter buscado reconciliação com o

Senhor e com a sua Igreja, porque ninguém está excluído de alcançar misericórdia quando se

arrepende e se volta para Deus.

O verso 10 fala de conversão e do modo desta conversão:

“quando obedeceres à voz do Senhor teu Deus,

guardando os seus mandamentos e os seus

estatutos, escritos neste livro da lei; quando te

converteres ao Senhor teu Deus de todo o teu coração e de toda a tua alma.”

Os versos 11 a 14 falam da possibilidade e alcance

próximo desta conversão, uma vez que a vontade revelada de Deus é conhecida na sua

Palavra, e o que crê na Palavra do Senhor e se

dispõe a obedecê-la, será salvo. Estas palavras de Moisés citadas nos versos 11 a

14 são usadas pelo apóstolo Paulo em Rom 10.6-

8 para se referir ao evangelho de Cristo, que

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salva mediante a mesma conversão em se dizer

não ao pecado e se voltar para Deus e para a sua

Palavra:

“Porque este mandamento, que eu hoje te ordeno, não te é difícil demais, nem tampouco está longe de ti. Não está no céu para dizeres:

Quem subirá por nós ao céu, e no-lo trará, e no-

lo fará ouvir, para que o cumpramos? Nem está

além do mar, para dizeres: Quem passará por nós além do mar, e no-lo trará, e no-lo fará ouvir,

para que o cumpramos? Mas a palavra está mui

perto de ti, na tua boca, e no teu coração, para a

cumprires.” (Rom 10.11 a 14).

O que tanto Moisés quanto Paulo querem se referir é que a Palavra de Deus para a salvação já foi revelada por Ele de uma vez para sempre e

está registrada na Bíblia.

Não precisamos de nenhuma nova revelação, de nenhum novo profeta, de nenhuma nova visão

ou sonho para sabermos qual é a vontade de

Deus relativamente a nós para que possamos ser salvos.

A sua vontade já está revelada na Bíblia. O Espírito Santo abrirá o entendimento

daqueles que Se aproximarem de Deus com

todo o coração e alma, para que possam não somente entender a sua Palavra, como também

a serem transformados por meio dela em novas

criaturas.

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Há uma ilustração interessante neste capítulo,

quanto ao fato de que os povos inimigos que o

próprio Deus trouxe para oprimir e desterrar os

israelitas, por causa da sua desobediência, seriam repreendidos pelo Senhor assim que seu

povo buscasse se converter dos seus maus

caminhos.

O mesmo se dá com cristãos desobedientes que são entregues a Satanás para destruição da

carne.

Caso eles se arrependam dos seus pecados e voltem para Deus numa verdadeira conversão

que implique na obediência à sua Palavra, eles

não são apenas restaurados à comunhão, como

os espíritos malignos que os oprimiam são repreendidos e afastados pelo Senhor. Muitas das aflições que sofremos têm o

propósito de nos conduzirem ao arrependimento e à conversão ao Senhor e à sua

Palavra.

Ninguém deve contar com a aprovação e a bênção do Senhor quando vive na prática deliberada do pecado, mas pode e deve esperar

a sua bênção quando se arrepende e se converte

dos seus maus caminhos.

Isto é prometido pelo Senhor abundantemente em várias passagens das Escrituras, como por

exemplo em Jer 31.18-20 e II Crôn 7.13,14.

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Verdadeiros penitentes podem ter grande encorajamento quanto às compaixões e

misericórdias do Senhor, que nunca falham.

Moisés fecha este capítulo 30º com uma convocação aos israelitas para que se

apegassem verdadeiramente ao Senhor, porque

nisto estava a felicidade e a vida deles.

Não haveria nenhuma bênção vivendo longe do Senhor.

Não haveria nenhuma vida aparte da comunhão com Ele.

Seria marcante entre eles a diferença que

haveria entre os que servissem e amassem a Deus e aqueles que não o servissem e amassem,

porque o próprio Deus os distinguiria com o

derramar da sua bênção e vida para os

primeiros, e das suas maldições e castigos para os últimos.

A adoração verdadeira ao Senhor traria vida, e a adoração aos falsos deuses lhes traria morte.

É isto o que sempre ocorreu no mundo. Os que se voltam para Deus encontram a vida, e

os que resistem a Ele à sua vontade

permanecem debaixo da sua ira e mortos em

seus pecados.

A Palavra de Deus é um atalaia que adverte aos homens em toda a parte sobre a sua condição

diante de Deus.

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Ela é uma Palavra de vida para os que nela creem e se arrependem de seus pecados, por darem

crédito à Palavra do Senhor que é a verdade.

E os que a ignoram ou que resistem a ela não lhe dando a devida atenção permanecerão

condenados em seus pecados.

Por isso Jesus diz quanto à Palavra do evangelho: “Quem me rejeita, e não recebe as minhas palavras, já tem quem o julgue; a palavra que

tenho pregado, essa o julgará no último dia.” (Jo

12.48).

O sentido do Novo Testamento é o mesmo,

porque o evangelho coloca todo homem diante da vida ou da morte, da maldição ou da bênção.

“Quem crer e for batizado será salvo; mas quem não crer será condenado.” (Mc 16.16).

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A Graça Está Sujeita a Decadências

“Apo 2:25 - tão-somente conservai o que tendes,

até que eu venha.”

“Apo 3:11 - Venho sem demora. Conserva o que tens, para que ninguém tome a tua coroa.”

“Gál 5:4 - De Cristo vos desligastes, vós que

procurais justificar-vos na lei; da graça

decaístes.”

Estas passagens bíblicas, entre outras de igual

teor, apontam para o fato de que a graça está sujeita a decadências.

Se não nos exercitarmos espiritualmente todos

os dias, e se nos tornamos negligentes no uso dos meios destinados a fortalecer a graça

(oração, vigilância, meditação e prática da

Palavra, comunhão dos santos etc), podemos ter

como certo de que seremos achados enfraquecidos na fé, sofremos perdas em nossa

santificação e comunhão com Deus.

Daí a advertência apostólica:

“Aquele, pois, que pensa estar em pé veja que não caia.” (I Cor 10.12)

Ele diz: o “que pensa”, porque é possível pensarmos que estamos fortificados na graça do

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Senhor, quando na verdade podemos estar

enfraquecidos.

Todavia, caso estejamos fortificados nesta graça em que estamos firmes por causa da obra de

Jesus em nosso favor, é importante prestarmos

a devida consideração à referida advertência,

porque é possível a qualquer santo que venha a ficar enfraquecido na graça, por falta de

diligência espiritual, e cair da comunhão com o

Senhor, ainda que não para uma queda final,

que signifique a perda da sua salvação.

A coroa que podemos perder citada por nosso Senhor em Apo 3.11 refere-se ao galardão futuro,

e para que tal não suceda devemos guardá-la por

não permitir que o fascínio do mundo, as tentações de Satanás, um viver segundo a carne,

a furtem de nós.

Decadências na graça são comuns na vida da

maioria dos crentes, em uns são mais graves e constantes do que em outros, todavia, importa

que sempre nos levantemos no caminho

estreito em que nos encontramos pela fé, toda

vez que nele cairmos, de modo que retomemos a nossa caminhada e nos fortifiquemos na graça

que está em Jesus Cristo, de modo a

permanecermos e perseverarmos na nossa jornada neste caminho estreito que nos conduz

a uma mais íntima comunhão e conhecimento

do Senhor, e por fim ao céu.

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Alianças e Dispensações Para um Único

Propósito

Deus interage com a humanidade através de

dispensações e alianças ou pactos, previamente

prefixados por Ele em sua onisciência e soberania, para conduzir-nos até a conclusão da

história da nossa redenção, quando todas as

coisas serão restauradas em Jesus Cristo com a

criação de um novo céu e de uma nova terra.

Se nos detivermos examinando com paciência

estas dispensações e alianças a partir da perspectiva do próprio Deus ao planejá-las

tendo o grande fim em vista de glorificar em

Cristo uma humanidade que havia caído no pecado, podemos entender que não se trataram

de dispensações e alianças independentes e

para fins particulares, senão, partes integrantes

visando ao mesmo fim.

Então, quando a primeira aliança foi feita com Adão, baseada na obediência perfeita do homem e toda a sua descendência para a vida,

ou da desobediência para a morte, o grande alvo

era o de encerrar a todos sob o pecado (Gál 3.22),

de forma a possibilitar que a promessa da salvação pudesse ser fosse concedida a todos os

que nele cressem.

Assim, estas dispensações e alianças existem cronologicamente para nós, mas para Deus,

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especialmente a chamada Nova Aliança em

Jesus Cristo, têm um alcance atemporal, pois

elas abrangem ou estão relacionadas a todas as

gerações da humanidade.

Este foi o caso da aliança feita com Noé, de haver continuidade da multiplicação e manutenção da

raça humana e de todos os demais seres

viventes sobre a face da terra, e de não haver

mais destruição por águas de dilúvio (Gên 9.9-17).

Esta promessa de não haver destruição da raçã humana por Deus e de todas as condições

necessárias para a sua manutenção é a garantia

do cumprimento da promessa da aliança da

redenção (Nova Aliança), feita a Abraão, a qual se manifestaria a partir do seu descendente

(Cristo – Gál 3.16), e cujo benefício alcançaria até

mesmo Adão e os seus descendentes que

tivessem vivido antes de Abraão, e que tivessem sido justificados por meio da sua fé em Deus.

Somente cerca de 430 anos depois da promessa da Nova Aliança feita a Abraão, Deus

estabeleceu uma aliança exclusiva com os

israelitas nos dias de Moisés, a qual chamamos

de Antiga Aliança ou Velho Testamento.

Apesar desta Antiga Aliança, ou Aliança da Lei, ter sido feita com a nação de Israel, ela estava

inserida no contexto do plano da redenção da

humanidade, conforme citamos anteriormente.

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Todavia, seria de breve duração, na chamada Dispensação da Lei, que durou cerca de 1440

anos. Este foi o período de vigência que Deus

estabeleceu para ela.

Assim, a Nova Aliança que tem vigorado na chamada Dispensação da Graça, desde que

Jesus morreu e ressuscitou, é denominada

Nova, não no sentido de ser a mais recente, ou

uma aliança que não teria qualquer tipo de vinculação com as anteriores, mas, sim, que ela

é a aliança através da qual se cumpre o propósito

redentor de Deus, desde que Ele havia coberto o

primeiro casal com as peles de animais sacrificados, e de lhes ter feito a promessa de

um descendente (Cristo) que esmagaria a

cabeça da Serpente, Satanás, o diabo.

Os que estão aliançados com Cristo estão também aliançados com a sua vitória. É nele,

segundo a promessa de aliança que Deus fizera desde Abraão, que eles são perdoados, lavados

de seus pecados e regenerados e santificados

pelo Espírito Santo, para estarem reconciliados

com Deus como seus filhos amados.

Por isso temos em muitas passagens bíblicas no

próprio Velho Testamento, ou seja, nos dias da Antiga Aliança, várias promessas relativas à

Nova Aliança, especialmente nos profetas,

como por exemplo em:

Jeremias 31.31-34:

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“Jer 31:31 Eis aí vêm dias, diz o SENHOR, em que firmarei nova aliança com a casa de Israel e com

a casa de Judá.

Jer 31:32 Não conforme a aliança que fiz com seus pais, no dia em que os tomei pela mão, para

os tirar da terra do Egito; porquanto eles anularam a minha aliança, não obstante eu os

haver desposado, diz o SENHOR.

Jer 31:33 Porque esta é a aliança que firmarei com a casa de Israel, depois daqueles dias, diz o

SENHOR: Na mente, lhes imprimirei as minhas

leis, também no coração lhas inscreverei; eu serei o seu Deus, e eles serão o meu povo.

Jer 31:34 Não ensinará jamais cada um ao seu próximo, nem cada um ao seu irmão, dizendo:

Conhece ao SENHOR, porque todos me

conhecerão, desde o menor até ao maior deles,

diz o SENHOR. Pois perdoarei as suas iniquidades e dos seus pecados jamais me

lembrarei.”

Ezequiel 36.26,27:

“Eze 36:26 Dar-vos-ei coração novo e porei dentro de vós espírito novo; tirarei de vós o

coração de pedra e vos darei coração de carne.

Eze 36:27 Porei dentro de vós o meu Espírito e farei que andeis nos meus estatutos, guardeis os

meus juízos e os observeis.”

Page 87: Lei x Graça   parte 1

87

O capítulo 31 de Jeremias é introduzido pela citação “Naquele tempo”, ou seja, nos dias da

Nova Aliança, da dispensação da graça.

O Senhor diz que na referida época, Ele seria o Deus de todas as famílias de Israel e elas seriam

o seu povo (Jer 31.1), isto, sabemos agora, por

causa da promessa de que todo cristão seria um verdadeiro israelita, conhecido e conhecedor de

Deus, integrante de sua família, porque de outro

modo, seria impossível o cumprimento de tal

promessa em que todas as famílias de Israel pudessem ser consideradas integrantes do

verdadeiro povo de Deus.

Deus faria isto por causa do seu grande amor que é eterno, e da sua benignidade que atrairia aqueles que salvaria pela sua misericórdia a Si

mesmo, e hoje sabemos que Ele o faz, nos

atraindo a Jesus Cristo para sermos salvos por

Ele (Jer 31.3).

Haveria nestes dias futuros de bênçãos quem gritasse como sentinelas no monte de Efraim,

que se subisse ao monte Sião, à presença do

Senhor, porque haveria cânticos de alegria, e haveria exultação por causa de Israel, que seria

posta como a principal das nações, e o que se

proclamaria seria o seguinte: “Salva, Senhor, o teu povo, o resto de Israel.”. Este resto de Israel,

é o remanescente fiel deste povo que será salvo

por Cristo.

Page 88: Lei x Graça   parte 1

88

O Senhor havia falado antes somente em destruir, mas agora Ele está falando de uma

edificação que ocorreria no futuro.

Já não falaria mais em destruição, mas em edificação, por isso Jesus disse que não veio

condenar o mundo, ou julgá-lo, mas salvá-lo, ou

seja, na presente dispensação da graça, Ele está sendo inteiramente longânimo para com todos

os pecadores, na expectativa de que se

arrependam e vivam.

Ele estará convocando, através da Igreja, as pessoas de todos os recantos da terra, para que

se arrependam e creiam nele para que vivam, em vez de destruí-las por causa dos seus

pecados.

Então, em face de tal graça e misericórdia, os de

Israel, que haviam sido espalhados pelas nações, por causa dos juízos de Deus, tornariam

a ser reunidos por Ele em sua própria terra,

assim como o pastor ajunta o seu rebanho para guardá-lo.

O pecado e o diabo que eram mais fortes do que Israel e que continuamente o levavam a pecar e a se desviar de Deus, seriam vencidos por Jesus,

que é mais forte do que ambos, de modo que

uma vez sendo amarrados por Ele esses

valentes, Israel poderia ser libertado (Jer 31.11).

Então o Senhor passou a proclamar as bênçãos que viriam não somente sobre os judeus, que

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89

haviam sido deportados para Babilônia, como

também para os israelitas que haviam sido

levados em cativeiro pelos assírios, ou seja, para

os descendentes deles, especialmente sob o governo de Jesus, quando fossem reunidos a Ele.

Haveria um clamor em Ramá, por causa da matança de meninos de dois anos para baixo em Belém e seus arredores, por ordem do Rei

Herodes, que tentaria impedir o cumprimento

da promessa de Deus, de dar a seu povo o Rei que

o salvaria dos seus pecados (Jer 31.15, Mt 2.16-18).

Todavia, o propósito eterno de Deus não poderia ser frustrado, e Herodes nada poderia fazer para

impedir a chegada a este mundo do Rei dos reis,

e Senhor dos senhores, por causa de quem o povo de Deus canta com júbilo e fica radiante

com os benefícios do Senhor, em todas as suas

provisões, e também por quem suas vidas se tornam como jardins regados, de modo que

nunca mais desfalecerão.

Além disso, por causa da Nova Aliança em Cristo, haverá cântico de júbilo nos altos de Sião, que simbolizam a condição elevada da alma na

presença de Deus nas regiões celestiais (Jer 31.12

a).

Jovens e velhos dançariam alegremente quando o Senhor edificasse o seu povo, e o pranto deles

seria transformado em alegria, porque seriam

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90

consolados pelo Espírito Santo, e o Senhor lhes

daria alegria no lugar da tristeza (v. 13).

Todo o choro pelas tribulações e aflições, especialmente as produzidas pelo Inimigo,

deveria ser reprimido, bem como todas as

lágrimas dos olhos, porque o Senhor

recompensaria o trabalho dos seu povo, e o livraria da opressão do Inimigo (v. 16).

Os que haviam sido castigados deveriam abandonar as suas queixas, e pedirem ao Senhor

para serem restaurados, porque estava preparando uma nova dispensação (a da graça)

onde prevaleceria mais a sua misericórdia do

que os seus juízos, e os que se achavam

desviados poderiam regressar a Ele com confiança, porque saciaria toda alma cansada e

fartaria toda alma desfalecida (v. 25).

Tudo isto fora dado em sonho a Jeremias (v. 26), para que o Senhor o confirmasse logo depois ao

profeta com a promessa relativa à Nova Aliança,

na qual se cumpririam todas estas bênçãos que

ele vira em sonho.

Deus disse que no passado havia falado em arrancar e derrubar, transtornar, destruir, e

afligir, relativamente às casas de Israel e de Judá, como vemos nas suas ameaças em quase

todo o Velho Testamento, mas disse que nos

dias que ainda viriam (dispensação da graça),

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91

Ele agora vigiaria para edificar e para plantar (v.

28).

Por isso o apóstolo Paulo diz que a Igreja é a lavoura de Deus, referindo-se a ela como uma

plantação, e também como o edifício de Deus,

porque o Senhor prometeu plantar e edificar, e

não arrancar e destruir o seu povo nos dias da Nova Aliança.

Nós vemos também o apóstolo se dirigindo à

Igreja carnal de Corinto, dizendo que os repreenderia pelos seus pecados, mas que não

os destruiria porque o ministério que havia

recebido do Senhor era para edificação e não para destruição (II Cor 13.10).

Deus revogaria também o princípio da iniquidade dos pais ser visitada nos filhos até a

terceira e quarta geração, conforme previsto na Antiga Aliança, porque na Nova, cada um

responderia pelos seus próprios pecados

perante Ele (Jer 31.29, 30).

Depois de ter feito esta introdução de promessas de bênçãos, revelou ao profeta como elas se

cumpririam, a saber: com a entrada em vigor da Nova Aliança no lugar da Antiga, conforme já

comentamos anteriormente (v. 31 a 34).

Para ratificar a imutabilidade deste seu propósito que se cumpriria em Cristo, o Senhor

afirmou que se tal promessa pudesse ser

revogada, então Israel deixaria também de ser

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92

uma nação diante dele para sempre, porque não

há outro modo de existir um povo para Deus,

senão na união dos seus filhos com Jesus Cristo,

sendo salvos por Ele, pela justificação da Nova Aliança, com a qual o próprio Abraão havia sido

justificado, antes mesmo da Lei, para que se

soubesse, que é por tal justificação em Cristo que se tem vida eterna, e não pela Lei de Moisés

(v. 35, 36).

Deus não rejeitaria Israel apesar de tudo quanto haviam feito, porque usaria de misericórdia e

salvaria o remanescente da referida nação, e

não deixaria de fazer isto de modo algum, e por isso afirmou que o faria somente caso alguém

pudesse medir os céus e os fundamentos da

terra (v. 37).

Assim, os judeus deveriam ter confiança, enquanto estivessem no cativeiro, que o Senhor visava ao bem do seu povo, e não à sua

destruição, e que deveriam voltar com alegria e

com confiança para a sua própria terra, depois

que fossem libertados por Ele do cativeiro em Babilônia, porque o seu propósito para Israel é o

de que seja colocado como cabeça das nações na

terra para sempre, sem que possa ser jamais

derrubado, e isto terá cumprimento por ocasião da volta de Jesus (v. 38 a 40).

Todos os que creem em Cristo fazem parte do verdadeiro Israel de Deus. É a todos eles que são

feitas estas promessas. Eles governarão as

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93

nações da Terra juntamente com Cristo no

período do milênio.

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94

A Graça Nunca Desconsidera o Viver

Pecaminoso

A profecia de Isaías é considerada evangélica

porque fala do Messias se manifestaria ao mundo para salvar os pecadores.

O evangelho é uma boa nova relativa à salvação, mas não encobre o pecado do homem, e não deixa de apontar para o juízo eterno de Deus

sobre o pecado, e a necessidade de fé e

arrependimento para o perdão dos pecados e a

consequente reconciliação com Deus.

Não é sem razão que o livro de Isaías seja muito citado no Novo Testamento, porque, como

dissemos, o seu caráter é totalmente evangélico, porque foi para esta missão de falar

do evangelho que Isaías foi chamado por Deus.

Então o enfoque na profecia de Isaías está na obra operada pela graça e pelo poder de Deus, e

não pelo mero esforço pessoal do homem.

A graça evangélica que seria manifestada está sempre associada à fé e ao arrependimento, e a

um caminhar condigno com a santidade de

Deus.

Os fariseus não podiam entender esta mensagem, porque estavam endurecidos, mas

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95

os apóstolos a entenderam perfeitamente

porque a viram encarnada na pessoa de Cristo.

Então é por isso que não vemos nenhuma das epistolas escritas pelos apóstolos desobrigando

os crentes de um viver santo e piedoso, sob a alegação de não estarem mais debaixo da Lei e

sim da graça do evangelho; porque sabiam que a

graça é do remanescente fiel, é dos eleitos, é

daqueles que amam a vontade de Deus, é daqueles que detestam o pecado e que amam a

santidade.

Foi pra salvar estes que viriam a se arrepender o pecado que Cristo se manifestou. Ele morreu

por todos os pecadores, mas apenas aqueles que

creem e se arrependem podem ser beneficiados pela sua morte e desfrutar das bênçãos

prometidas por Deus para o seu povo.

No capítulo 29 de Isaías, Jerusalém é chamada pelo codinome de Ariel. E o capítulo é

introduzido pela expressão interjetiva “Ah!”

como um suspiro, porque é relativa à cidade onde Davi acampou, isto é, onde ele estabeleceu

a sua casa, porque Jerusalém era chamada de a

cidade de Davi.

Mas eles não andaram nos caminhos de Davi. Não imitaram a sua devoção e piedade.

Então é proferido o que o Senhor lhe faria:

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96

“Então porei Ariel em aperto, e haverá pranto e lamentação; e ela será para mim como Ariel.” (v.

2).

São proferidas as assolações que lhes

sobreviriam da parte de Babilônia, que a sitiaria e a abateria (v.3,4), e eles se sentiriam como

mortos que descem ao pó.

Muitos inimigos prevaleceriam contra Judá, porque os babilônios viriam coligados a outros

povos contra Judá, como por exemplo os moabitas e amonitas (v. 5).

Como todos os juízos do Senhor, isto viria repentinamente, como o ladrão, tal como nos

dias de Noé, em Sodoma e Gomorra, e como

também será no tempo do fim, conforme Jesus afirmou.

Deus está esperando bons frutos de árvores más.

Antes, é dito na profecia que estas árvores más serão cortadas.

Deus deixa entregues a si mesmos aqueles que

amam as trevas e não a luz. Aqueles que amam a mentira e não dão ouvidos à verdade. Ele deixa

os que resistem continuamente à sua vontade,

entregues ao próprio endurecimento deles. Ele não lhes concede graça para que achem

arrependimento. E nem toca a trombeta de

alerta para eles para que despertem do sono de

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morte em que se encontram, como vemos

afirmado nos versos 10 a 12 de Isaías 29:

“10 Porque o Senhor derramou sobre vós um espírito de profundo sono, e fechou os vossos

olhos, os profetas; e vendou as vossas cabeças, os videntes.

11 Pelo que toda visão vos é como as palavras dum livro selado que se dá ao que sabe ler,

dizendo: Ora lê isto; e ele responde: Não posso,

porque está selado.

12 Ou dá-se o livro ao que não sabe ler, dizendo: Ora lê isto; e ele responde: Não sei ler.”

Eles eram religiosos só de aparência. Eram falsos piedosos em suas obras externas, mas não

tinham o poder da piedade operando pela graça

em seus corações. Então a devoção deles não era em espírito e em verdade, mas uma adoração

falsa. Como se costuma dizer: da boca para fora,

mas não de fato e de verdade. Então se afirma o que lemos no verso 13:

“Por isso o Senhor disse: Pois que este povo se aproxima de mim, e com a sua boca e com os

seus lábios me honra, mas tem afastado para

longe de mim o seu coração, e o seu temor para comigo consiste em mandamentos de homens,

aprendidos de cor;”.

Com isso o Senhor prometeu que faria uma obra maravilhosa com aquele povo hipócrita, com

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98

aqueles judeus que eram apenas no nome, mas

não no coração, que consistiria em maravilhas e

sinais externos, mas em fazer com que a

sabedoria dos seus sábios perecesse diante da glória sobre-excelente do evangelho.

O entendimento dos entendidos a seus próprios olhos nos assuntos da religião ficaria

obscurecido pela grande luz do evangelho,

porque pelo Espírito Santo derramado no coração dos crentes, eles discerniriam que a

doutrina dos líderes de Israel não passava de

fumaça e de mandamentos de homens (v. 14).

Deus é onisciente e tudo sabe e conhece, inclusive as intenções dos corações. Mas os que

não têm o seu temor não conseguem ver esta verdade, e vivem enganando e sendo

enganados, pensando que o Senhor não leva tal

procedimento em consideração (v. 15). Não

sabem que há um “Ai!” proferido contra eles, porque serão afligidos no dia do juízo.

Eles não conseguem enxergar que Deus é o oleiro e não o barro. Ao contrário, agem como se

fossem oleiros, pensando que podem manipular

o Senhor em suas obras e ações, e por isso

rejeitam o seu governo e disciplina em suas vidas (v. 16).

Assim, enquanto os sábios e entendidos, que pensavam enxergar e conhecer completamente

a Deus e a sua vontade, permaneceriam cegos e

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99

endurecidos pelo Senhor, Ele daria vista

espiritual aos que se reconheciam cegos, isto é,

ignorantes da sua pessoa e vontade, e daria que

aqueles que nunca ouviram ou não podiam entender a sua Palavra, pudessem ouvi-la e

compreendê-la (v. 17, 18).

Deus não se revelaria aos sábios e entendidos a seus próprios olhos, mas aos pequeninos, a

saber, aos mansos (submissos), aos pobres de espírito, e por isso se afirma que são estes os que

são bem-aventurados porque são aqueles a

quem Deus se dará a conhecer, como também a

sua vontade.

Deste modo, estes pequeninos que se converteriam ao evangelho não se alegrariam e

não gloriariam em si mesmos e no seu

conhecimento, mas unicamente no Senhor (v.

19).

Enquanto isto, os opressores, os arrogantes, seriam reduzidos a nada, e todos os

escarnecedores da verdade e todos os que se dão

à iniquidade, seriam desarraigados, porque não

serão eles que herdarão a terra, senão somente aqueles que se deixam instruir por Deus, porque

são mansos e pobres de espírito (v. 20).

Estes que são desarraigados têm alguns dos seus pecados descritos no verso 21:

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100

“os que fazem por culpado o homem numa causa, os que armam laços ao que repreende na

porta, e os que por um nada desviam o justo.”

Os versos 22 a 24 descrevem de modo muito claro a grande verdade evangélica que somente quem é espiritual pode discernir as coisas

espirituais, e tudo discernir sem ser por

ninguém discernido.

Então Deus fala pelo profeta nestes versículos que esta mensagem ficará selada para o

entendimento dos israelitas, e assim eles não poderiam ficar envergonhados da glória vazia da

devoção deles, pensando que fosse algo muito

elevado, quando na verdade era uma adoração

de lábios de corações afastados do Senhor. Mas isto, como se diz no verso 23 só poderia ser

discernido quando o Senhor fizesse a obra das

suas mãos no meio de Israel através de Jesus

Cristo, então santificariam o Santo de Jacó e temeriam ao Deus de Israel, porque veriam que

o seu reino não consiste em palavras, mas em

demonstração do Espírito Santo e de poder, o

que seria manifestado pelo evangelho.

Tão abundante seria o derramar da graça, que

os errados de espírito viriam a ter entendimento, e os murmuradores deixariam a

murmuração para aprenderem a instrução do

Senhor (v. 24).

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101

A Graça se Manifesta na Nossa Fraqueza

“12 Irmãos, rogo-vos que sejais como eu, porque

também eu sou como vós; nenhum mal me fizestes.

13 E vós sabeis que primeiro vos anunciei o evangelho estando em fraqueza da carne;

14 E não rejeitastes, nem desprezastes isso que era uma tentação na minha carne, antes me

recebestes como um anjo de Deus, como Jesus

Cristo mesmo.

15 Qual é, logo, a vossa bem-aventurança? Porque vos dou testemunho de que, se possível

fora, arrancaríeis os vossos olhos, e mos daríeis.

16 Fiz-me acaso vosso inimigo, dizendo a verdade?” (Gál 4.12-16).

Paulo roga humildemente aos crentes da

Galácia como um pai que insta com seu filho perdido a voltar ao mesmo bom caminho em

que andava antes da sua perdição.

Ele havia desabafado no verso 11 dizendo que estava perplexo com o que eles haviam feito, e

receava então que estivesse trabalhando em vão

em relação a eles.

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102

Mas como que lembrando imediatamente da condição deles de terem sido feitos filhos de

Deus, tal como ele havia sido feito também, ele

desce ao nível deles, não no que se refere ao pecado, mas da miséria deles, e por um

momento também se sente miserável com eles,

ante a impotência de poder fazer por si mesmo algo em relação a eles, de modo que todo o seu

trabalho e cuidado não se tornasse infrutífero.

Assim lhes fez recordar quão grande era o afeto que eles tinham por ele quando lhes pregou o

evangelho pela primeira vez, e como lhe haviam

tratado tão bem, mesmo diante da sua fraqueza na ocasião, provavelmente em razão de alguma

possível enfermidade, pois lhes disse que

estavam dispostos até mesmo, se possível fora, a

arrancarem os seus próprios olhos para lhos darem.

Ou isto foi o resultado de ferimentos produzidos pelo apedrejamento que ele havia sofrido dos

judaizantes naquela região. O livro de Atos conta

detalhes do que ocorreu ao apóstolo quando pregava o evangelho nas cidades da Galácia

(Perge, Derbe, Listra, Antioquia da Psídia e

Icônio).

Aquela fraqueza quanto à sua incapacidade e impotência pessoais, serviram aos propósitos de Deus, porque o poder de Cristo, e a sua graça, se

aperfeiçoam na nossa fraqueza. De modo que

quando somos fracos então é que somos fortes,

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103

porque trocamos a nossa incapacidade pelo

poder do Espírito Santo, que nos assiste nas

nossas fraquezas.

Deste modo, Paulo introduz esta seção da

epístola chamando a todos os crentes gálatas de irmãos.

Ele quer demonstrar que apesar de apóstolo de Cristo ele não se envergonha de chamá-los de

irmãos, desde o maior até o menor deles, assim

como o nosso Salvador também não se envergonha de nos chamar de irmãos, apesar de

ser o nosso Senhor.

No amor cristão as diferenças se dissolvem.

Assim como Cristo se rebaixou deixando a glória dos céus, por amor, também devemos nos

humilhar para que possamos ser úteis àqueles que se encontram em necessidade espiritual,

que é comum a todos nós.

Não devemos lhes falar do alto da nossa autoridade e importância (que na verdade nem é nossa, caso a tenhamos, mas de Cristo),

porque esmagaríamos a cana quebrada e

apagaríamos o pavio fumegante, e certamente

não é este o ministério do Senhor Jesus neste mundo, porque tem se compadecido das nossas

misérias espirituais.

Quando o próprio Paulo havia pregado o evangelho em fraqueza, os gálatas superaram

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por causa do seu amor a ele, a tentação que foi

para eles vê-lo naquela fraqueza.

Eles não o desconsideraram e nem o desprezaram como possivelmente estavam fazendo agora, por causa dos argumentos dos

judaizantes, porque procuravam por todos os

meios desqualificar e rebaixar o apóstolo diante

dos seus olhos, afirmando que se fosse verdadeiro ministro de Cristo não estaria sujeito

a tantas tribulações, fraquezas e perseguições.

Os falsos apóstolos se gloriavam das suas honrarias, das suas posses e conquistas terrenas, alegando que eram bênçãos de Deus

por observarem a Lei de Moisés.

Agora os gálatas não haviam conseguido vencer a tentação de considerar Paulo alguém que não

era bem sucedido segundo os padrões do mundo.

Ele rogou que eles voltassem a ser como foram no princípio. Que não julgassem segundo a

aparência, e que não interpretassem as tribulações como prova de um possível desfavor

de Deus.

A grande preocupação do apóstolo não era com a questão de receber a honra que lhe era devida, mas com a própria condição espiritual dos

crentes gálatas que estavam se desviando da

simplicidade que é devida a Cristo, e sem a qual

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não é possível termos comunhão uns com os

outros.

Paulo fecha esta seção da epístola afirmando que o que estava dizendo quanto à reprovação

do que eles estavam fazendo agora, que ela não

era movida por nenhum ressentimento pessoal, ou por inimizade, ao contrário, eram palavras de

um autêntico amigo, porque eram a pura

expressão da verdade. O amor folga com a

verdade.

O amor não recorre à mentira. Que então os gálatas aprendessem a julgar segundo a reta justiça conforme convém a todo filho de Deus.

Um verdadeiro amigo prevenirá o seu irmão que

estiver errando, e se o irmão errado tiver algum senso ele agradecerá ao seu amigo.

O apóstolo queria que os gálatas soubessem por que ele lhes tinha falado a verdade, para o

próprio bem deles, e que não pensassem que ele

os repugnava. Ele lhes falou a verdade porque os

amava.

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106

A Justiça do Evangelho Testemunhada

pela Lei e pelos Profetas

Nos livros proféticos do Velho Testamento nós

podemos constatar em inúmeros detalhes

várias predições relativas ao ministério terreno

de Jesus Cristo como também a glória do seu reino que se manifestará no final dos tempos.

É com tão grande exatidão que estas predições se cumpriram nele e em tudo o que tem

ocorrido no mundo desde então, especialmente

pela obra do Espírito Santo através dos seus santos na Terra, as quais não poderiam ser

cumpridas em nenhum outro, que podemos ter

a firme convicção da completa inteireza da fé que professamos na Palavra revelada de Deus na

Bíblia.

Quão profundo e maravilhoso é que o Deus que é totalmente santo, justo e perfeito, criador de

todas as coisas que existem no céu e na Terra, se manifestasse a pecadores como nós, e nos

revelasse o Caminho para a salvação de nossas

almas que se encontravam perdidas.

Quando examinamos por exemplo, o capítulo 32 de Isaías, nós vemos nos versos 1 a 5; e 15 a 18

condições que prevaleceriam nos dias do

evangelho.

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O reinado do Messias seria de justiça, e os príncipes que estariam juntamente com ele,

governariam com justiça (v. 1).

Somente um varão (Cristo) serviria de abrigo contra o vento e refúgio contra a tempestade, e

seria como ribeiros de águas em lugares secos,

e a sombra numa terra sedenta; ou seja, Ele seria o amparo e o socorro do seus povo nas

tempestades de aflições que têm que enfrentar

neste mundo; bem como o Provedor de todas as

suas necessidades, especialmente a de saciar a sua sede espiritual de justiça (v.2).

Aqueles que andassem por fé e não por vista, ou seja, com os olhos espirituais abertos, jamais

teriam sua visão ofuscada; assim como aqueles que têm seus ouvidos espirituais abertos, para

ouvirem o que o Espírito Santo diz à Igreja,

sempre ouviriam a voz de Deus, dando-lhes

conhecimento da sua vontade (v. 3).

É dito que o coração dos imprudentes, ou seja dos precipitados, dos temerosos, entenderia o

conhecimento na dispensação do evangelho,

indicando isto que a graça capacitaria e guiaria na instrução de uma vida piedosa segundo o

conhecimento de Deus e da verdade, que seria

alcançado pela conversão e pelo trabalho progressivo da santificação, pessoas que têm

dificuldade para aprenderem a prudência e a

sabedoria de Deus (v. 4).

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É dito também no verso 4 que a língua dos gagos estaria pronta para falar distintamente. Isto

significa que pessoas não eloquentes, ou com

dificuldades para se expressarem verbalmente seriam capacitadas pelo Espírito Santo na

dispensação do evangelho a pregarem e a darem

testemunho de Cristo com ousadia e desprendimento.

O discernimento do Espírito Santo permitiria ao crente conhecer que não há qualquer nobreza

espiritual na tolice, e também conhecer as

aparentes generosidades que procedem de

corações avarentos (v. 5).

As reformas que o rei Ezequias estava realizando em Judá não tinham o poder de estabelecer um governo no coração dos seus súditos. Mas o Rei

justo prometido neste capítulo 30 de Isaías,

Jesus, o Messias, somente Ele, tem o poder de

gerar uma obediência que seja de dentro para fora, e não apenas exterior, porque tem o poder

de estabelecer o seu governo no coração dos

seus servos, e além disso, realizar a

transformação de suas vidas e caráter.

Nos versos 15 a 18 nós temos o registro do modo

como seria estabelecido este governo no coração, e as suas consequências abençoadas.

É dito no verso 15 que tal sucederia a partir do momento que o Espírito fosse derramado lá do

alto sobre o povo de Deus. Sabemos que isto

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109

começou a acontecer desde o dia de Pentecostes

em Jerusalém, com os primeiros discípulos,

logo após a morte e ressurreição de Jesus.

A consequência disto é que o deserto se tornaria em campo fértil (v. 15b). Os campos desolados e infrutíferos dos corações desertos seriam

tornados férteis e frutíferos para Deus pela água

viva do Espírito Santo, na regeneração e na

santificação dos salvos.

Estes desertos infrutíferos (pessoas) que nada entendiam e vivam do juízo e da justiça de Deus, teriam esta justiça habitando neles, porque o

Espírito passaria a habitar em seus corações (v.

16).

Estes que foram justificados por Deus, por causa da obra de Reforma do coração, realizada pelo

Rei prometido teriam paz com Deus, porque seriam reconciliados com Ele por meio da

justiça de Cristo que receberam pela graça,

mediante a fé. E somente isto seria o suficiente

para lhes garantir o sossego e a segurança eterna, pelo livramento da condenação e da ira

de Deus, que repousaria sobre eles (v. 17).

A estes que foram assim justificados foi feita a promessa de Deus de que habitariam em

moradas de paz, em moradas bem seguras e em lugares quietos de descanso, porque os que são

da fé têm entrado no descanso de Deus, que não

é propriamente um lugar, mas a condição de

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alma e espírito que estão em plena comunhão

com Ele, e assim não podem ter qualquer temor

(v.18).

Estas boas promessas dos dias do evangelho estão entremeadas com as repreensões e juízos dos versos 6, 10 a 14 e 19, nos quais são

repreendidos os tolos e especialmente as

mulheres de Israel que viviam em

deslumbramento em vez de uma vida de humildade, piedade e santidade.

Elas, assim como todo o povo de Judá não deveriam se gloriar na prosperidade material

que haviam alcançado sob o reinado de Ezequias

e nem na glória do palácio real, porque toda

aquela prosperidade viria a ser removida da terra, que seria deixada deserta, bem como o

palácio real.

Esta profecia demonstra que toda glória terrena é passageira e aparente, e não é nela em que

deve estar o nosso coração, senão somente no Senhor, que é o Rei de reis, cujo reino é eterno e

inabalável.

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111

A Justiça Manifestada sem Lei

“Mas agora, sem lei, se manifestou a justiça de

Deus testemunhada pela lei e pelos profetas;

justiça de Deus mediante a fé em Jesus Cristo,

para todos e sobre todos os que creem; porque não há distinção, pois todos pecaram e carecem

da glória de Deus, sendo justificados

gratuitamente, por sua graça, mediante a

redenção que há em Cristo Jesus, a quem Deus propôs, no seu sangue, como propiciação,

mediante a fé, para manifestar a sua justiça, por

ter Deus, na sua tolerância, deixado impunes os

pecados anteriormente cometidos; tendo em vista a manifestação da sua justiça no tempo

presente, para ele mesmo ser justo e o

justificador daquele que tem fé em Jesus.” (Rom 3.21 a 26)

A justiça prometida por Deus para a

justificação de pecadores, e que passou a se manifestar na dispensação da graça, à qual

Paulo chama de tempo presente, com a vinda de

nosso Senhor Jesus Cristo a este mundo para

morrer na cruz, foi profetizada nas Escrituras do Velho Testamento, porque Paulo diz que ela foi

testemunhada pela Lei e pelos profetas, modo

comum de se designar as Escrituras no passado.

Abraão e muitos outros no passado, haviam sido justificados por esta justiça, mas o seu

significado, modo de aplicação e tudo o mais

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112

que a ela se refere, seria revelado e manifestado

somente no evangelho e na pessoa de Jesus

Cristo.

Esta justiça de Deus prometida seria manifestada sem lei, conforme dizer do

apóstolo, isto é, ela não seria decorrente das

obras da lei, mas no ato de justiça que seria cumprido por Cristo morrendo no lugar do

pecador, carregando sobre Si todos os pecados

deles, para que pudessem ser perdoados e

justificados por Deus.

Isto seria feito também por um ato de pura graça para qualquer um que creia, sem qualquer

distinção de pessoas.

Então erram com o alvo da vontade de Deus quanto à salvação, todos aqueles que procuram

ser justificados por meio da observância da

obras da Lei, uma vez que a justiça prometida está sendo oferecida gratuitamente para a nossa

salvação, não por praticarmos as obras da Lei,

mas por causa da fé em Cristo. As boas obras

seguirão a salvação, mas jamais serão a sua causa.

Deus deliberou que seria misericordioso na dispensação da graça, para com as nossas transgressões e não lembraria dos nossos

pecados (Hb 8.12, 10.17), porque poderia nos

perdoar completamente uma vez que castigaria

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113

o seu próprio Filho unigênito no lugar daqueles

que viriam a crer nele.

Estes que creem, e somente eles, podem receber o dom precioso da justiça divina,

porque não serão apenas perdoados, mas completamente santificados.

Não seria justo perdoar um malfeitor para que ele continuasse na prática da injustiça.

Por isso, os que são justificados por Deus, recebem esta maravilhosa bênção, porque

passarão a ser justos, se inteirando da causa da justiça e servindo à justiça, pela implantação

neles de uma nova natureza espiritual, celestial,

santa e divina, que crescerá até a maturidade de varão perfeito.

Por isso os crentes necessitam de Cristo, porque não podem viver e praticar isto sem o poder e a

vida de Cristo operando neles.

Cristo é a justiça do crente, para que se torne justiça de Deus, porque Jesus se fez, ao morrer na cruz, maldição e pecado por nós.

Ele se fez a Si mesmo, maldito, para que pudéssemos ser feitos santos (Gal 3.13).

Ele se fez pecado, para que fôssemos feitos santos e justos. (2 Cor 5.21)

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114

Ele se tornou assim a nossa propiciação, porque a justiça perfeita de Deus deveria ser satisfeita

quanto ao nosso pecado, porque a justiça

demanda a morte espiritual e eterna do pecador, ou seja, ficar separado para sempre de

Deus e sujeito à uma condenação de tormentos

eternos.

Então, somente o sacrifício de Jesus poderia satisfazer à justiça divina, porque nenhum outro

possuía tão profundo e infinito valor e dignidade

para morrer no lugar de muitos.

Como o crente é reconciliado com Deus, tendo paz com Ele, por causa da redenção que há no

sangue do sacrifício do Senhor por nós, então se

afirma nas Escrituras que a justiça e a paz se

reconciliaram, porque é somente por meio da justiça de Deus que nos é oferecida

gratuitamente em Cristo, que podemos ter paz

com Ele para sempre.

Vejamos então, alguns textos do Velho

Testamento que profetizaram acerca de tal justiça divina destinada a transformar

pecadores em santos e justos diante de Deus.

Slm 85:10 Encontraram-se a graça e a verdade, a justiça e a paz se beijaram.

Rom 5.1 Justificados, pois, mediante a fé, temos paz com Deus por meio de nosso Senhor Jesus

Cristo;

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115

(Veja como a justiça que recebemos pela fé em Jesus, traz como resultado a nossa paz

(reconciliação) com Deus. É somente por este

meio que acaba a guerra espiritual que havia entre nós e Deus, e o Juízo de condenação de

Deus que paira sobre nós, enquanto não temos

esta Justiça que promove a paz. O ato da justificação é a atribuição, a imputação da

justiça de Jesus ao que crê.)

Isa 32:17 O efeito da justiça será paz, e o fruto da justiça, repouso e segurança, para sempre.

(A justiça aqui referida, em tais efeitos, não poderia ser outra, senão a justiça do próprio

Cristo, por meio da qual temos paz, descanso

espiritual e segurança, eternos)

Isa 46:13 Faço chegar a minha justiça, e não está

longe; a minha salvação não tardará; mas estabelecerei em Sião o livramento e em Israel,

a minha glória.

(Este texto e o seguinte, revelam que a justiça que está sendo oferecida por Deus aos pecadores pelo evangelho, é a manifestação que

haveria de uma Pessoa, e quem é tal pessoa,

senão somente nosso Senhor Jesus Cristo.)

Isa 51:5 Perto está a minha justiça, aparece a minha salvação, e os meus braços dominarão os

povos; as terras do mar me aguardam e no meu

braço esperam.

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116

Isa 51:6 Levantai os olhos para os céus e olhai para a terra embaixo, porque os céus

desaparecerão como a fumaça, e a terra

envelhecerá como um vestido, e os seus moradores morrerão como mosquitos, mas a

minha salvação durará para sempre, e a minha

justiça não será anulada.

Isa 51:8 Porque a traça os roerá como a um

vestido, e o bicho os comerá como à lã; mas a minha justiça durará para sempre, e a minha

salvação, para todas as gerações.

Isa 56:1 Assim diz o SENHOR: Mantende o juízo e fazei justiça, porque a minha salvação está prestes a vir, e a minha justiça, prestes a

manifestar-se.

Jer 23:6 Nos seus dias, Judá será salvo, e Israel habitará seguro; será este o seu nome, com que

será chamado: SENHOR, Justiça Nossa.

Jer 33:16 Naqueles dias, Judá será salvo e Jerusalém habitará seguramente; ela será

chamada SENHOR, Justiça Nossa.

Deut 32:36 Porque o SENHOR fará justiça ao seu povo e se compadecerá dos seus servos, quando

vir que o seu poder se foi, e já não há nem escravo nem livre.

Slm 17:15 Eu, porém, na justiça contemplarei a tua face; quando acordar, eu me satisfarei com a

tua semelhança.

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117

Slm 22:31 Hão de vir anunciar a justiça dele; ao povo que há de nascer, contarão que foi ele

quem o fez.

Slm 24:5 Este obterá do SENHOR a bênção e a justiça do Deus da sua salvação.

(Por isso Jesus diz no Sermão do Monte que são bem-aventurados os que têm fome e sede desta justiça, porque ela é benção e não juízo, vida

eterna, e não morte espiritual e eterna)

Slm 40:9 Proclamei as boas-novas de justiça na grande congregação; jamais cerrei os lábios, tu

o sabes, SENHOR.

Slm 40:10 Não ocultei no coração a tua justiça; proclamei a tua fidelidade e a tua salvação; não escondi da grande congregação a tua graça e a

tua verdade.

(Salmo profético, onde se declara a proclamação do evangelho por nosso Senhor

Jesus Cristo, oferecendo a sua justiça para a

salvação daqueles que nele cressem)

Slm 94:15 Mas o juízo se converterá em justiça,

e segui-la-ão todos os de coração reto.

(Maravilhosa e profunda verdade. O juízo, a condenação de Deus, que pairava sobre nós, foi

transformado em justiça, que é graça e perdão

misericordioso, para com os nossos pecados,

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porque Jesus pagou o preço devido em sua

agonia e morte).

Slm 97:8 Sião ouve e se alegra, as filhas de Judá se regozijam, por causa da tua justiça, ó

SENHOR.

(Veja que se a justiça do evangelho fosse juízo

condenatório, não se falaria desta grande alegria por causa da justiça do Senhor que nos

está sendo oferecida por Ele por amor e

gratuitamente. O que se exige de nós, é somente arrependimento (mudança de mente) e fé.

Slm 98:2 O SENHOR fez notória a sua salvação; manifestou a sua justiça perante os olhos das

nações.

(A justiça de Deus que é vista pelas nações é o próprio Cristo, em sua obra de redenção em

favor dos pecadores, para que sejam justificados e tornados justos)

Slm 118:19 Abri-me as portas da justiça; entrarei por elas e renderei graças ao SENHOR.

Slm 119:40 Eis que tenho suspirado pelos teus preceitos; vivifica-me por tua justiça.

Slm 119:123 Desfalecem-me os olhos à espera da tua salvação e da promessa da tua justiça.

Slm 132:9 Vistam-se de justiça os teus sacerdotes, e exultem os teus fiéis.

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119

Isa 1:27 Sião será redimida pelo direito, e os que se arrependem, pela justiça.

(Profecia que confirma tudo o que foi dito anteriormente sobre a justiça de Cristo, como

sendo o manto que cobre os nossos pecados.

Esta justiça é maravilhosa e eterna. Não pode ser

perdida, conforme o primeiro homem criado perdeu a sua justiça, e juntamente com ele,

todos nós, seus descendentes).

Isa 4:4 quando o Senhor lavar a imundícia das filhas de Sião e limpar Jerusalém da culpa do

sangue do meio dela, com o Espírito de justiça e

com o Espírito purificador.

Isa 61:11 Porque, como a terra produz os seus renovos, e como o jardim faz brotar o que nele se

semeia, assim o SENHOR Deus fará brotar a

justiça e o louvor perante todas as nações.

(Está ou não está, o evangelho de Cristo prevalecendo em todo o mundo, há séculos?

É o cumprimento desta profecia e de todas as que se referem à justiça de Cristo, para a nossa

salvação. Aleluia!)

Isa 62:1 Por amor de Sião, me não calarei e, por amor de Jerusalém, não me aquietarei, até que

saia a sua justiça como um resplendor, e a sua

salvação, como uma tocha acesa.

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120

(Veja que a salvação é diretamente relacionada à justiça de Cristo, nesta profecia. Guarde bem

isto: é salvação, e não juízo! O juízo é decorrente

da rejeição da Justiça que nos é oferecida pelo evangelho para a nossa justificação.)

Mal 4:2 Mas para vós outros que temeis o meu nome nascerá o sol da justiça, trazendo salvação

nas suas asas; saireis e saltareis como bezerros

soltos da estrebaria.

(Jesus é o Sol da justiça, que pelo qual vivem os que são iluminados pela sua luz, e tornados

fervorosos em amar e servir a Deus, por causa

do calor do seu amor por nós).

Hab 2:4 Eis o soberbo! sua alma não é reta nele;

mas o justo viverá pela sua fé.

(O justo é antes de tudo aquele que foi justificado pela fé, e o efeito desta justiça de

Cristo que o justifica, é a vida eterna com Deus)

Isa 53:11 Ele verá o fruto do penoso trabalho de sua alma e ficará satisfeito; o meu Servo, o Justo, com o seu conhecimento, justificará a muitos,

porque as iniquidades deles levará sobre si.

(Profecia de Isaías proferida no contexto de todo o capítulo 53, referente ao ministério e obra de

redenção do Messias em favor dos ímpios. O Justo com “J” maiúsculo é Jesus, que tem justiça

abundante e suficiente para cobrir os pecados

de todos aqueles que dele se aproximam com

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um coração arrependido e com fé, de que é

poderoso para lhes dar a vida espiritual,

celestial e divina, pelo novo nascimento

operado pelo Espírito Santo).

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122

A Luz da Lei e a do Evangelho

A Lei de Deus é uma luz que ilumina e nos

revela a condição tenebrosa do nosso coração pecaminoso, para que reconheçamos e

confessemos nossos pecados a Deus.

Todavia, a Lei não é a graça de Deus, a qual não somente nos revela a misericórdia e o perdão

que estão disponíveis para nós, pecadores, como

também é o poder que pode remover os nossos

pecados.

Assim, a luz do evangelho é de um tipo diferente da luz da Lei; porque a luz da Lei traz temor,

tristeza e quebrantamento; e a do evangelho revivifica, conforta e refrigera o coração.

Daí a promessa feita desde os dias do Velho Testamento, quanto ao efeito do evangelho de

Cristo:

“Isa 61.1 O Espírito do SENHOR Deus está sobre mim, porque o SENHOR me ungiu para pregar

boas-novas aos quebrantados, enviou-me a curar os quebrantados de coração, a proclamar

libertação aos cativos e a pôr em liberdade os

algemados;

Isa 61:2 a apregoar o ano aceitável do SENHOR e o dia da vingança do nosso Deus; a consolar

todos os que choram

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Isa 61:3 e a pôr sobre os que em Sião estão de luto uma coroa em vez de cinzas, óleo de alegria, em

vez de pranto, veste de louvor, em vez de espírito

angustiado; a fim de que se chamem carvalhos de justiça, plantados pelo SENHOR para a sua

glória.”

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É Pela Graça mas Não é Fácil Conforme

Possa Parecer

Do diálogo de nosso Senhor Jesus Cristo com

Nicodemos pode ser extraído um grande alerta

e ensinamento para os líderes do movimento de crescimento de igrejas.

Nicodemos havia procurado o Senhor, ainda que à noite por temor do julgamento que os

judeus inimigos de Jesus poderiam fazer daquela sua visita.

Entretanto ele reconheceu e declarou que sabia que Deus era com o Senhor Jesus por causa dos

sinais que Ele fazia, e também o chamou de

Mestre, por ter entendido que a sua mensagem era de fato espiritual e celestial.

Para Rick Warren e para a maioria de seus pupilos, isto teria sido o suficiente para dizerem

com grande entusiasmo a Nicodemos: “seja bem-vindo à família de Deus”.

Todavia, não foi este o parecer de Jesus.

Ele disse diretamente a Nicodemos que ele não poderia entrar no Reino de Deus caso não nascesse de novo da água e do Espírito.

Disse-lhe ainda que não estava no poder do próprio Nicodemos a entrada no Reino, porque

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125

isto dependeria primeiro que Ele, Jesus, fosse

levantado na cruz, para salvar os pecadores, e

que isto havia sido feito em figura no Velho

Testamento, quando Moisés levantou a serpente de bronze no deserto para que os

israelitas não morressem das mordidas das

serpentes abrasadoras que lhes haviam atacado.

Disse também que quem opera este novo nascimento é o Espírito Santo, que o faz

conforme lhe apraz, assim como o vento sopra

aonde quer, ou seja, a salvação não depende de quem corre ou de quem quer, mas de Deus usar

de misericórdia para com aquele que ele irá

salvar.

Assim, não basta que alguém levante a mão e diga que aceita a Jesus como Salvador, ou que

faça uma rápida oração de entrega, porque se

não houver o arrependimento que é produzido

pela graça de Deus, quando o Espírito Santo nos convence de que somos pecadores, abrindo os

nossos olhos espirituais para entender o

significado da nossa condição de real miséria

diante da justiça e santidade de Deus, é que corremos desesperadamente para os braços de

Jesus para achar o perdão dos nossos pecados, a

justificação, e a decorrente regeneração e

santificação do Espírito Santo, para que sejamos de fato salvos.

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126

Impossível para a Lei mas Não para a

Graça que Opera pela Fé

"Todos aqueles, pois, que são das obras da lei

estão debaixo da maldição; porque está escrito: Maldito todo aquele que não permanecer em

todas as coisas que estão escritas no livro da lei,

para fazê-las.

É evidente que pela lei ninguém será

justificado diante de Deus, porque o justo viverá da fé." (Gál 3.10,11)

A fé verdadeiramente honra a Deus, porque é a firme confiança em tudo o que a boca de Deus

tem proferido. E porque a fé honra a Deus, Deus

imputa a fé para justiça de todo aquele que nele

crê, tal como testificam as Escrituras acerca de Abraão.

A Lei revela que a transgressão de qualquer mandamento de Deus torna o homem culpado

de uma condenação eterna.

Quem, na condição de pecador por natureza poderia cumprir tal exigência moral de Deus?

A sua justiça o exige, porque se demanda conformação perfeita à sua santidade para que

alguém possa ir para o céu, sem culpa alguma.

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127

Mas o pecado ofendeu a justiça de Deus. Foi por causa desta ofensa que o pecador perdeu o céu.

E não temos aqui uma mera questão jurídica

forense, mas a impossibilidade de se harmonizar o que é perfeito com o que é

imperfeito.

Então o caminho de volta ao céu deve passar obrigatoriamente pela plena satisfação da

justiça de Deus, para que possamos ser

santificados até o ponto em que esta santificação será completada até a perfeição no

céu.

O homem necessita então de justiça para ser salvo.

Mas o alto nível desta justiça não pode ser encontrado nele ou ser produzido por ele.

Daí ter o próprio Cristo se tornado a nossa justiça.

É pela sua justiça imputada a nós que podemos nos aproximar do Deus que é inteiramente justo

e santo, pela esperança daquela perfeição que

haveremos de ter na glória celestial.

Consequentemente a Lei afirma que todo aquele que não cumpre os seus mandamentos permanece debaixo de maldição, porque os

mandamentos da Lei refletem o caráter da

perfeita justiça de Deus.

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128

Há somente uma maneira de ser resgatado desta maldição, uma vez que a própria maldição

não pode ser removida, em razão da exigência

da justiça de Deus que amaldiçoa todos os transgressores da sua vontade, a menos que eles

tenham sido justificados em Cristo Jesus, pela

justiça que lhes é imputada por Deus somente pela graça e mediante a fé.

Deste modo, Paulo explica que nós somente podemos ser justificados pela fé que se firma no

Evangelho, na boa nova de grande alegria de que

Deus se faz favorável para com os pecadores que

se arrependam de seus pecados e que se unem pela fé a Cristo, para serem justificados e

santificados.

Por isso aqueles que pensam que poderão ser justificados pelo mero esforço deles em

praticarem as obras da lei, à parte da fé em

Cristo, estarão permanentemente debaixo da maldição da Lei, porque a Lei não foi dada por

Deus para o propósito de justificar, e não

poderia ser dada para tal objetivo, porque o

homem é pecador e já se encontra condenado, independentemente do que possa fazer de bom.

As santas exigências da Lei comprovam o quanto o homem está distanciado da perfeita

justiça e santidade de Deus.

Então a Lei não poderá justificá-lo, porque para isto seria necessário que o homem fosse

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129

perfeito no cumprimento de tudo o que a Lei

exige desde o seu nascimento, quer em

palavras, em pensamentos e ações, e tanto nos

deveres relativos a Deus quanto ao seu próximo.

Ninguém além de Jesus Cristo conseguiu cumprir perfeitamente toda a Lei, e somente ele

poderia reivindicar a justificação da Lei caso

necessitasse dela, mas isto nunca seria preciso

no seu caso, porque Ele não tinha do que ser justificado, porque era sem pecado.

Quando alguém confia em seu coração, que seus pecados são perdoados por causa do

sacrifício de Cristo, e por causa da sua justiça,

Deus cobrirá os seus muitos pecados com o

sangue do seu Filho, e lhe aceitará por causa desta sua confiança nos méritos de Cristo como

suficiente para expiar a sua culpa e dar-lhe a

salvação.

É como se Deus dissesse: “Eu perdoarei os seus pecados porque você crê que o meu Filho é

poderoso para livrá-lo da condenação futura, porque Ele próprio se fez maldição no seu lugar

na cruz para que você não estivesse mais

debaixo da maldição da Lei.

Por causa desta sua confiança nele, Eu lhe darei o Espírito Santo que prometi derramar como aceitação plena do sacrifício que o meu Filho fez

por você na cruz, de maneira que o Espírito

Santo possa transformar o seu coração e operar

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130

em você um caráter verdadeiramente santo,

assim como Eu sou santo.

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131

Uma Graça que Cresce

Foi bem na terra do solo do nosso coração

que Jesus plantou na nossa conversão

a semente da graça, a semente da vida eterna.

A nós cabe arar, regar e adubar

com orações e com a Palavra

para que seja fértil a nossa terra.

Porque a semente deve germinar,

crescer, florir e frutificar

conforme Deus espera.

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Todo Mérito é da Graça

Temos de fato um viver abençoado quando

obedecemos a Deus, dedicando-nos à prática

das boas obras.

Mas, é preciso não confundir que a graça, que se manifesta num viver obediente, nunca é

decorrente dos nossos méritos pessoais, mas

sempre dos méritos de Jesus.

De fato, se não há disposição para obedecer à verdade, já não há qualquer graça para operar.

Quem busca acha. Ao que bate se lhe abre a porta. Ao que pede se lhe é dado.

A nós cabe agradecer e dar não apenas o nosso esforço, mas a nossa própria vida para o serviço

de Deus, para que Ele a use como for do seu

inteiro agrado.

A consagração pessoal é necessária para que o Espírito Santo possa realizar a sua obra em

nossas vidas, afinal Ele mesmo é uma das

preciosas e grandes promessas da Nova Aliança,

para todo o que crê (Gál 3.24).

Não podemos esquecer que a própria lei prescrevia a fé, o amor, a justiça e a

misericórdia.

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A lei não é contrária à graça e à fé. Mas, a lei de si mesma, nada pode fazer além de afirmar o

amor, pois não pode gerá-lo; de afirmar a vida

eterna com Deus, mas não pode também gerá-la; de apontar a necessidade da salvação para o

pecador, mas, não pode produzi-la. Somente a

graça pode operar tudo isto, pela fé, e tudo o mais que se relacione à vontade de Deus.

Apesar de ser santa, justa, boa e espiritual, a lei não pode, no entanto, nos salvar (Rom 7.12,14).

A graça não é contrária à lei e nem a descumpre, antes é o potencial necessário para o

cumprimento da lei.

“Anulamos, pois, a lei pela fé? De modo nenhum; antes estabelecemos a lei.” (Rom 3.31)

“16 Porquanto procede da fé o ser herdeiro, para que seja segundo a graça, a fim de que a promessa seja firme a toda a descendência, não

somente à que é da lei, mas também à que é da

fé que teve Abraão, o qual é pai de todos nós.”

(Rom 4.16)

Ora, se o cumprimento da lei só é possível pela graça, quão improcedente é a quase aversão que

muitos sentem só de ouvir falar a palavra graça.

O problema é que esta não é uma forma correta de se abordar a questão.

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A vida cristã não consiste nem em se defender a graça, nem em se defender os mandamentos,

mas sim em viver a vida de Jesus pela graça, para

que se possa cumprir seus mandamentos, os quais confirmam muito doa que existem na

própria Lei.

“23 Tu, que te glorias na lei, desonras a Deus pela transgressão da lei?

24 Assim pois, por vossa causa, o nome de Deus é blasfemado entre os gentios, como está

escrito.

25 Porque a circuncisão é, na verdade,

proveitosa, se guardares a lei; mas se tu és transgressor da lei, a tua circuncisão tem-se

tornado em incircuncisão.

26 Se, pois, a incircuncisão guardar os preceitos da lei, porventura a incircuncisão não será

reputada como circuncisão?

27 E a incircuncisão que por natureza o é, se cumpre a lei, julgará a ti, que com a letra e a circuncisão és transgressor da lei.

28 Porque não é judeu o que o é exteriormente, nem é circuncisão a que o é exteriormente na

carne.

29 Mas é judeu aquele que o é interiormente, e circuncisão é a do coração, no espírito, e não na

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135

letra; cujo louvor não provém dos homens, mas

de Deus. (Rom 2.23-29)

Este gloriar dos judeus na Lei, referido por Paulo, não significa de modo algum a rejeição do

apóstolo da Lei, mas a confiança deles de serem salvos pela Lei à custa da rejeição da graça de

nosso Senhor Jesus Cristo.

Os dez mandamentos revelados por Deus ao povo de Israel nos dias de Moisés, confirmam a

sua proveniência divina, e nos falam da perfeição em santidade do Senhor, uma vez que

não se resumem a ordenanças morais, tal como

se vê na lei dos homens.

Antes de citar os deveres morais na segunda parte dos mandamentos, com o dever de se honrar os pais, e a proibição de mentir, furtar,

matar, adulterar e cobiçar, Deus fixou antes, na

primeira parte, a necessidade de se lhe prestar

honra, reverência e culto, pois sem isto, não é possível que o homem cumpra perfeitamente as

suas obrigações morais para com Deus e para

com o seu próximo.

Daí ser ordenado antes de tudo que se adore tão somente a Deus; que o seu nome seja santificado e honrado e que se separe obrigatoriamente um

dia semanal para a dedicação exclusiva à

adoração e ao serviço do Senhor.

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Temos assim, uma pista, já na perfeição da Lei dada a Moisés, quanto ao modo correto da

santificação:

Primeiro amar a Deus, separar-se para Ele, cultuar-lhe em devoção sincera, e assim sendo feito bom o coração pela sua graça divina, a vida

moral reta será uma mera consequência de tal

adoração em espírito e em verdade.

E é exatamente tal ordem que encontramos no Novo Testamento, quanto ao modo da

santificação, e do serviço a Deus e ao próximo.

“Porque em Cristo Jesus nem a circuncisão nem

a incircuncisão vale coisa alguma; mas sim a fé que opera pelo amor.” (Gál 5.6)

“Pois nem a circuncisão nem a incircuncisão é coisa alguma, mas sim o ser uma nova criatura.”

(Gál 6.15)

Em outras palavras: nem o judeu, nem o gentio, nem o legalista, nem o adepto da graça, têm no

que se gloriar, caso não sejam novas criaturas em Cristo, e não vivam no amor que é pela fé.

Quem amará com o mesmo amor de Deus, conforme a lei exige, caso não seja capacitado

pela graça para tal?

Tudo o mais que a lei exige, a qual é espiritual e santa, dada e revelada pelo próprio Deus, por

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137

acaso, não só poderá ser cumprido se formos

capacitados antes pela graça de Jesus?

Quem é suficiente para isto?

Por isso Paulo dizia que a sua suficiência vinha de Deus, e que tudo o que fazia segundo a sua vontade era conforme capacitação da sua graça,

e que tudo podia, somente porque a graça de

Jesus o fortalecia.

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138

O Recebimento é Gratuito Mas é

Condicional

Deus está oferecendo gratuitamente a

salvação em Jesus Cristo com tudo o mais que

está nela incluído com suas grandes promessas

de bênçãos eternas.

Todavia, existe a condição exigida do nosso arrependimento e fé.

Não um mero arrependimento de se lamentar a nossa condição de transgressores da vontade

divina, conforme expressada em seus

mandamentos, mas o arrependimento que significa a busca de uma vida transformada pelo

poder do Espírito Santo, em um novo

nascimento espiritual instantâneo

(regeneração-conversão) e renovação progressiva do nosso caráter (santificação).

Quanto à fé, que é outra condição exigida para a recepção do dom gratuito de Deus em Jesus

Cristo, não é mera crença ou assentimento intelectual em relação à Palavra de Deus, mas a

total e exclusiva confiança em Cristo, como

nosso Salvador e Senhor, e busca de uma efetiva

comunhão diária com ele, através da oração e da prática dos seus mandamentos.

Portanto, a noção que é tão comum de que a graça de Deus significa a sua disposição em

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139

conduzir à vida celestial pessoas em qualquer

estado, e sem nada lhes exigir como condição

para tal propósito, não é bíblica, porque não é

ensinada em nenhum dos 66 livros que compõem a Bíblia.

Onde não houver o desejo, a intenção, a determinação de se viver segundo a vontade de

Deus, e de ser transformado pelo seu poder, não

se achará também qualquer graça da sua parte

operando para a salvação.

Page 140: Lei x Graça   parte 1

140

Graça

Há um grande paradoxo no entendimento

carnal relativo à graça divina, uma vez que se

costuma considerar como sendo graça

exatamente o oposto daquilo que a graça que nos foi dada em Cristo é na verdade; pois os dons

naturais e comuns de Deus para toda a

humanidade são buscados por pessoas religiosas como se fossem o grande propósito da

vida cristã.

Geralmente visa-se tão somente ao que é

externo, e não propriamente o que seja espiritual, celestial e divino, para ser aplicado à

transformação do próprio caráter e vida,

segundo o propósito de Deus na concessão da

sua graça que nos foi dada em Cristo.

Todavia, a Bíblia não nos deixa cegos quanto a este importantíssimo assunto, conquanto

podemos observar na grande maioria das passagens bíblicas referentes à graça, qual é o

propósito de Deus quanto à sua concessão.

Antes de tudo a graça não é dogma, mas o poder de Deus para o atingimento do objetivo da fé, a

saber, a nossa salvação. E é no conhecimento da

mesma graça que devemos crescer com vistas

ao nosso aperfeiçoamento espiritual.

O maior dom que temos recebido da graça de Deus é a vida do próprio Cristo e a habitação do

Page 141: Lei x Graça   parte 1

141

Espírito Santo em nós. As demais graças são

consequência desta referida e gravitam em

torno da mesma.

Quando estamos na graça, esta produz um bom estado na alma que pode ser discernido em

espírito tanto por nós, quanto por aqueles que estiverem na mesma condição.

A graça divina é o maior poder operante neste mundo, pois somente ela é mais forte do que o

poder do pecado.

O nosso acesso a esta graça, na qual estamos firmes, e sem correr o risco de sermos

rejeitados por Deus, custou um alto preço a

nosso Senhor Jesus Cristo – o preço do seu sofrimento e derramamento do seu sangue

numa terrível morte de cruz.

É impróprio, por conseguinte, o pensamento associado à palavra graça, de ser algo fácil ou

barato.

A salvação é de fato gratuita, mas custou o preço de morte para Cristo, carregando os nossos

pecados, e para nós, ela exige o pagamento do preço da nossa consagração a Deus, uma vez

tendo sido convertidos mediante a simples fé no

Senhor.

Fomos comprados por preço para vivermos para Deus.

Page 142: Lei x Graça   parte 1

142

Com o advento de Jesus Cristo foi inaugurada uma nova dispensação para substituir a antiga

que vigorou desde os dias de Moisés. Daí ser

chamada de dispensação da graça, enquanto a antiga era chamada de dispensação da Lei.

Deus está sendo longânimo nesta dispensação em relação a todos os pecadores, concedendo-

lhes assim a oportunidade de se arrependerem

e crerem em Cristo, de modo a serem livrados da condenação eterna. Esta é uma das

características essenciais da citada dispensação.

Page 143: Lei x Graça   parte 1

143

Justa Cooperação da Graça com a

Vontade Consciente

Uma das grandes provas indiretas de que há

uma justa cooperação da graça divina com a vontade consciente humana está em que

crentes consagrados e santificados podem ter

imaginações, sonhos e comportamentos

pecaminosos quando sob o efeito de algum bloqueador (drogas alucinógenas etc) dos

mecanismos psicológicos de restrição e

contenção dos pensamentos e comportamentos

impróprios que atuam pelo temor de punição, de reprovação social, de perdas consequentes

(especialmente das bênçãos de Deus), e de tudo

o mais que possa se opor à consciência do que é

considerado correto e aceitável.

Esta é a razão de se ordenar aos crentes que sempre sejam cheios do Espírito Santo, ou seja,

que estejam sempre debaixo da sua influência e poder de modo a que tenham graça suficiente

para cumprirem o que se lhes ordena na Palavra

de Deus em vidas santificadas.

A falta de tal provisão de graça em justa cooperação com o exercício de nossa vontade

consciente em obtê-la pelos meios ordenados

na Palavra (oração, meditação, comunhão, perdão etc) é o motivo de que até mesmo

crentes confirmados possam ter sonhos e

pesadelos em que se encontram em

Page 144: Lei x Graça   parte 1

144

imaginações pecaminosas, uma vez que

durante o sono não há um controle consciente

sobre a mente, e esta divaga e age livremente

sem o controle do sistema nervoso simpático, ficando totalmente à mercê do parassimpático –

ou inconsciente.

De tudo isto se depreende a nossa total dependência da graça de Deus para vivermos de

modo que lhe seja agradável, e também, que

vigiemos e nos esforcemos em plena diligência

para moldarmos a nossa consciência em conformidade com os padrões morais e

espirituais de sua bendita Palavra.

Em suma, teremos tanto mais graças da parte de Deus quanto mais nos empenhemos em cultivá-

las pelo exercício consciente constante da

oração, da meditação na Palavra, do serviço

cristão, da comunhão com nossos irmãos na fé e de tudo o mais que nos é ordenado por Deus

para um viver abençoado.

Page 145: Lei x Graça   parte 1

145

A Dispensação do Espírito Santo

Esta nova dispensação do Espírito (da graça) é

imutável.

Ele tem sido designado como um Consolador eterno que estará para sempre com os cristãos.

O próprio Senhor Jesus declarou isto expressamente na primeira promessa que Ele

fez de enviar o Consolador:

"E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, para que fique convosco para

sempre;" (João 14.16).

É nesta promessa que consiste a permanência do Espírito para sempre com a Igreja.

Jesus fez esta promessa para afiançar a fé e a consolação da Igreja em todas as épocas, nas

oposições que os cristãos terão que enfrentar

na sua luta contra a carne, Satanás e o mundo.

Como Jesus havia sido o Consolador visível dos

discípulos durante o tempo do seu ministério terreno, e estaria partindo agora para o céu para

a restauração de todas as coisas, eles poderiam

temer que este outro Consolador que foi prometido poderia também permanecer

somente um período com eles, de maneira que

ficariam sujeitos a uma nova perda e tristeza.

Page 146: Lei x Graça   parte 1

146

Então nosso Senhor Jesus Cristo lhes garantiu que este outro Consolador continuaria para

sempre com eles até o fim das suas vidas,

trabalho e ministério, como também estaria atuando com a igreja até a consumação dos

séculos.

Isto porque Ele estava sendo prometido agora numa aliança eterna e inalterável. E Ele não

deixará jamais a Igreja de modo que a aliança eterna de Deus não possa ser abolida.

"Quanto a mim, esta é a minha aliança com eles, diz o Senhor: o meu Espírito, que está sobre ti, e

as minhas palavras, que pus na tua boca, não se

desviarão da tua boca nem da boca da tua

descendência, nem da boca da descendência da tua descendência, diz o Senhor, desde agora e

para todo o sempre." (Isa 59.21).

Entretanto, a par desta grande verdade, sempre há um número considerável de cristãos que

vivem a maior parte das suas vidas em

dificuldades e desconsolação, não tendo qualquer experiência da presença do Espírito

Santo como um Consolador.

Mas esta objeção não tem força para enfraquecer a nossa fé quanto à realização

desta promessa por maiores que sejam as desconsolações que possam suceder à Igreja de

todas as épocas, porque nada pode anular a

promessa do derramamento do Consolador.

Page 147: Lei x Graça   parte 1

147

O cumprimento da promessa de Cristo não depende da nossa experiência,

porque a consolação do Espírito não é para

incrédulos.

A menos que nós entendamos a natureza das consolações espirituais corretamente, e as

avaliemos de modo satisfatório, nós não

poderemos desfrutá-las, ou então não

estaremos delas conscientes, ainda que estejam operando em nosso favor.

Muitos quando se encontram debaixo das suas dificuldades supõem que não haja qualquer

conforto a não ser o que seja decorrente da remoção destas dificuldades.

Eles não conhecem o conforto e alivio das tristezas sem que seja removida a sua causa.

Tais pessoas nunca podem receber a consolação do Espírito Santo ou qualquer experiência

espiritual de refrigério.

É sendo fervorosos na oração pela presença do Espírito conosco, e buscando todos os nossos

confortos dele, considerando estas consolações

acima de quaisquer prazeres terrenos,

aguardando pela manifestação da sua graça, que se recebe a consolação do Espírito.

Todo cristão pode se exercitar nisto, em busca da consolação do Espírito porque Ele foi

prometido por Cristo para também operar este

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148

ofício em favor dos cristãos, e somente

deles, porque Jesus também afirmou quando

fez a promessa do Consolador que o mundo não

poderia tê-lo como um Consolador, senão somente aqueles que O amam e guardam a sua

Palavra (João 14.16,17, 26; 15.26; 17.7,8).

O mundo pode ser o alvo de outras operações do Espírito para a convicção de pecados e

conversão, e é disto que decorrerá

posteriormente as consolações do Espírito.

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149

A Graça Opera Pela Obediência

Por natureza não temos nenhum poder em nós

mesmos para viver a vida do céu, fazendo o que

é espiritualmente bom, ou qualquer outro dever relativo à santidade evangélica.

É em Cristo que somos tornados fortes, mas esta força não é propriamente nossa, mas dele.

Nós recebemos esta força divina na nossa

conversão, a qual é a essência da santidade que há na nova natureza, recebida do céu e do

Espírito Santo.

Mas esta força não pode se manifestar se o velho homem (nossa natureza terrena pecaminosa) estiver fortalecido, por deixarmos que opere

livremente em nós a força do pecado.

Jesus obteve uma perfeita liberdade do pecado para os que n’Ele creem.

Contudo, se não forem constantes em todos os deveres de obediência, nenhum deles será fácil

de ser cumprido porque a graça requer

diligência para que possamos ser fortalecidos por Deus.

É pela repetição sistemática em obediências sucessivas que seremos conduzidos à formação

Page 150: Lei x Graça   parte 1

150

deste hábito que é essencial à santificação da

vida.

Porque onde não houver a busca de obediência voluntária e por amor, à vontade de Deus,

expressada na sua Palavra revelada na Bíblia,

não haverá também qualquer graça operando, tanto para nos conduzir e capacitar à obediência

requerida, quanto para transformar as nossas

vidas, e nos dar um viver abençoado e vitorioso.

Page 151: Lei x Graça   parte 1

151

A Graça Supera a Aflição

“Agora, por um pouco de tempo, sendo

necessário, sois afligidos através de várias

tentações”. (1Pedro 1.6)

Especialmente para os cristãos sinceros, este

um tempo de aflições como nenhum outro,

porque nunca se viu, em toda a história da humanidade, iniquidades tão multiplicadas

como as presentes, tanto em intensidade

quanto em variedade de formas.

Todavia, os cristão de agora não são menos assistidos pela graça de Jesus, do que os dos dias do apóstolo Pedro, aos quais, mesmo sendo

afligidos por várias provações, receberam do

apóstolo o seguinte testemunho:

“Vós que sois guardados pelo poder de Deus através da fé para a salvação”. (I Pe 1.5)

“a prova de sua fé, muito mais preciosa do que o ouro que perece”. (I Pe 1.7)

Assim, ao mesmo tempo, que estavam “em aflição”, estavam de posse de uma fé viva.

A aflição não lhes destruiu a fé, e nem a paz.

Page 152: Lei x Graça   parte 1

152

Eles se “regozijavam na esperança da glória de Deus”, porque estavam cheios de alegria no

Espírito Santo.

No meio de sua aflição, ainda igualmente desfrutavam do ardor do amor de Deus, que fora

derramado em seus corações.

Embora fossem afligidos, ainda eram santos; conservavam o mesmo poder sobre o pecado.

Eram ainda “guardados” do pecado “pelo poder de Deus”; eram “filhos obedientes, não conformados com seus primitivos desejos”,

mas, “como Aquele que os chamou é santo”,

assim eles eram “santos em todo o seu

procedimento”.

Assim é que, em conjunto, sua aflição é bem consistente com a fé, com a esperança, com o amor de Deus e do homem, com a paz de Deus,

com a alegria no Espírito Santo, com a santidade

interior e exterior.

A aflição de modo nenhum enfraquece e muito menos destrói qualquer parte da obra de Deus

no coração.

Ela de modo nenhum entra em conflito com a “santificação do Espírito”, que é a raiz de toda a verdadeira obediência, nem com a felicidade,

que deve necessariamente resultar da graça e

da paz que reinam no coração.

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153

Então, ainda que sejam multiplicadas as iniquidades e aflições, a graça é muito mais

multiplicada por Deus no coração do cristão,

para superá-las no amor de Jesus.

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154

Cobre como as Águas do Dilúvio

Lemos em Judas 24: “Ora, aquele que é

poderoso para vos guardar de tropeços e para vos apresentar com exultação, imaculados

diante da sua glória,”.

Deus é poderoso para guardar o cristão de tropeços e conduzi-lo em segurança à sua glória

eterna.

É isto que o texto de Judas afirma.

O fato de a graça ter superabundado onde

abundou o pecado é a verdade por meio da qual somos salvos.

Porque mesmo depois de convertidos, ainda estamos sujeitos ao pecado, e se não houvesse

uma graça superabundante para cobrir os

nossos pecados, nenhum de nós poderia ser salvo.

Isto é como as águas do dilúvio nos dias de Noé que cobriram todos os montes.

A graça cobre nossas montanhas de pecados, que pode não ser aos nossos olhos, mas aos

olhos de Deus são verdadeiras montanhas, porque Ele considera pecado o que fazemos e o

que deixamos de fazer, seja grande ou pequeno,

e mais do que isso leva em conta a intenção do

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155

nosso coração, nossos pensamentos,

imaginação etc.

O cristão, por mais consagrado que seja, aos olhos de Deus está cheio de pecados.

Mas, de onde lhe vem a santidade em que vive, a paz que sente no seu coração, a alegria em sua

alma, senão da graça de Jesus, que o purifica de

tudo o que desagrada a Deus.

Page 156: Lei x Graça   parte 1

156

A Graça não Condena

Deus não está condenando a qualquer pessoa

na presente dispensação da graça, conforme

afirmação de Jesus de que não veio condenar,

mas salvar.

A natureza de Deus é longânima, perdoadora, misericordiosa, amorosa, e por isso uma

das características do amor destacada em I Cor

13.5 é que ele não é facilmente provocado, ou

seja, ele não se exaspera.

Deus se ira contra o pecado, mas não tem qualquer prazer na morte dos ímpios, ou seja, de

todos aqueles que não Lhe amam e aos seus mandamentos.

A ira pode ser definida como uma oposição séria e violenta de espírito contra qualquer mal, real ou suposto, ou devido a qualquer falta ou

ofensa, porque isto está contra a natureza do

amor.

Nós somos chamados por Cristo a desejar o bem e a orar para o bem de todos, até mesmo de

nossos inimigos, e até daqueles que zombam de

nós e nos perseguem (Mat 5:44); e a regra dada pelo apóstolo é: “Abençoai aos que vos

perseguem, abençoai, e não amaldiçoeis.” (Rom

12.14), quer dizer, nós devemos desejar o bem e

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157

orar para o bem de todos, e em nenhum caso

desejar o mal.

Porque como imitadores de Deus, na busca da sua imagem e semelhança, é justamente o que

devemos fazer, porque isto é parte da essência

divina.

Dizemos que é um dever porque o evangelho veio trazer a restauração em nós, da imagem e

semelhança, não com Adão, antes da queda no

pecado, mas a do próprio Cristo, conforme se afirma amplamente na Bíblia.

O que temos em Cristo, quanto ao trato com as imperfeições que há na humanidade? Graça,

amor, bondade, misericórdia, perdão, reconciliação, e justiça (a sua justiça que nos

justifica).

Os próprios juízos divinos na presente dispensação, têm em vista contribuir para a

continuidade da referida restauração, e são

corretivos e decorrentes da rejeição obstinada

da graça que nos está sendo oferecida.

As obras más ou boas de todas as pessoas serão somente passadas em revista no grande dia do

Juízo Final.

Por isso toda vingança é proibida por Deus, já que Ele afirma que toda a vingança lhe pertence.

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158

A regra é: “Não te vingarás nem guardarás ira contra os filhos do teu povo; mas amarás o teu

próximo como a ti mesmo: Eu sou o Senhor.”

(Lev 19.18); e o apóstolo diz: “Não vos vingueis a vós mesmos, amados, mas dai lugar à ira;

porque está escrito: A mim me pertence a

vingança; eu retribuirei, diz o Senhor.” (Rom 12.19), de forma que toda a ira que contém um

desejo de vingança, é contrária ao cristianismo

e proibida por Deus.

Disto Cristo falou em Mat 5.22: “Eu, porém vos digo que todo aquele que (sem motivo) se irar contra seu irmão estará sujeito a julgamento;”.

Se uma pessoa se permitir ficar muito tempo irada com uma outra, logo esta ira se

transformará em ódio.

Assim, nós achamos que na verdade acontece com aqueles que retêm um rancor nos seus corações contra outros, durante semana depois

de semana, e mês depois de mês, e ano depois de

ano.

Eles virão no fim, a odiar verdadeiramente as pessoas contra as quais se deixaram irar assim deste modo.

Este é um pecado mais terrível à vista de Deus.

Então, não é de se admirar que esta seja a principal estratégia do diabo para nos afastar de

Deus, e para nos manter sob julgamentos em

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159

nossas almas, e ainda a ficarmos à mercê de

sermos oprimidos por ele.

Assim, toda vigilância e sabedoria é ainda pouco para ter um coração manso, sofredor, paciente,

perdoador.

Mais do que isto, necessitamos do derramar abundante do amor de Deus nos nossos

corações que é operado sobrenaturalmente

pelo Espírito Santo.

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160

O Modo de Concessão da Graça

Nenhum crente pode de si mesmo exercer o

princípio, ou poder, de uma vida espiritual, em

qualquer instância, interna ou externa, em relação a Deus ou aos homens, de modo que isto

deve ser um ato de santidade procedente do

Espírito Santo.

O crente não pode fazê-lo de si mesmo, em virtude de qualquer poder habitualmente

inerente a ele. Não é comunicada a nós neste mundo qualquer capacidade espiritual que seja

independente da ação direta do Espírito Santo;

porque é ele o gerador de todos os atos santos de

nossas mentes, vontades e afetos, na execução dos deveres espirituais.

Acrescente-se que necessitamos de graças renovadas pelo Espírito, todos os dias, ou seja,

não recebemos uma provisão de poder para ser

estocada. A graça é concedida pelo Espírito à

medida que se faz necessária e no tempo apropriado da sua necessidade.

É aplicado em nossa vida espiritual, quanto à concessão da graça, o mesmo princípio que

regula a providência divina em nossas

necessidades naturais.

Como ramos da Videira Verdadeira necessitamos receber a seiva (graça)

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161

vivificadora diretamente da raiz, que é Cristo.

Assim, recebemos a graça, e não somos nós, de

maneira alguma, quem a produz e distribui.

Daí dizer o apóstolo:

“E é por intermédio de Cristo que temos tal confiança em Deus; não que, por nós mesmos, sejamos capazes de pensar alguma coisa, como

se partisse de nós; pelo contrário, a nossa

suficiência vem de Deus,” (2 Cor 3.4,5).

De si mesmo, o crente nada pode realizar porque toda santidade ou qualquer coisa

espiritualmente boa é sempre efeito da graça e é operado em nós pelo Espírito Santo que é o

autor de todas as operações divinas.

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A Aliança da Graça – 2 Samuel 7

Nós vemos no capítulo sétimo de 2 Samuel,

que depois de longas e sucessivas guerras com

as nações inimigas de Israel, e estando subjugados os povos inimigos dos israelitas,

principalmente os filisteus, Davi estava enfim

desfrutando em sua vida de um período da paz

que ele tanto amava (Sl 120.7).

Em sua meditação sobre a pessoa de Deus ele se

sentiu constrangido por estar residindo no palácio suntuoso que Hirão, rei de Tiro,

construiu para ele, enquanto a arca ainda

permanecia na tenda que ele havia preparado

para ela em Jerusalém.

Davi estava descansado de seus inimigos em sua

casa, mas não achou descanso em sua alma porque lhe pesava esta preocupação em edificar

um templo para o Senhor, e ele compartilha o

peso de sua preocupação com o profeta Natã, e

este lhe encorajou a fazer tudo quanto estava no seu coração, porque o Senhor era com ele (v.

2,3).

Porém na noite daquele mesmo dia, Deus se manifestou a Natã dizendo-lhe que Davi não lhe

edificaria nenhum templo (I Crôn 17.4), apesar de reconhecer que havia feito bem em ter-se

preocupado em honrar o seu Deus, ao pensar

em construir um templo para Ele (I Rs 8.18).

Page 163: Lei x Graça   parte 1

163

Natã havia portanto, incentivado Davi a construir o templo, lhe falando como um amigo,

mas não da parte de Deus.

Estava enganado neste particular quanto à vontade do Senhor para Davi, que teve que ser-lhe revelada por Deus, pois Davi havia sido

separado para estender e consolidar as

fronteiras de Israel, mas não para gastar a maior

parte do tempo do seu reinado na construção de um templo, que já estava assentado nos

desígnios de Deus como sendo algo para ser

levado a efeito por seu filho Salomão, e é por isso

que ele foi citado na mesma palavra que o Senhor havia dado a Nata, para ser dita a Davi.

Além disso, Deus não havia dado nenhuma autorização ou fizera qualquer pedido, desde a

saída de Israel do Egito, até então, para que fosse

construído um templo, e não cabia a Davi ou a

qualquer outro, tomar uma iniciativa em relação a algo que o Senhor não havia ordenado.

Se Davi não estava confortado em saber que a arca permanecia habitando em tendas, Deus

não estava nem um pouco desconfortável,

porque qual é a habitação, por mais suntuosa

que seja, que os homens possam edificar para o Senhor, que possa ser digna e estar à altura da

sua Majestade?

Se o próprio céu é obra das mãos dele, tudo o que o homem possa edificar neste mundo com ouro,

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164

prata, pedras e madeiras preciosas e nobres,

será mais do que nada para Aquele que não

habita em moradas fabricadas por homens, pois

nem o céu dos céus pode contê-lo (II Crôn 2.6).

Mas Deus mandou dizer a Davi que o templo que ele intentava erigir seria edificado pelo seu filho

(v. 13), e esta profecia se aplica tanto a Salomão,

quanto a Cristo, que é o descendente de Davi que está edificando a Igreja, para ser templo para a

habitação de Deus no Espírito.

Deus não pode habitar naquilo que o homem edifica, mas criou o próprio homem para ser lugar da sua habitação.

É dito que aquele que edificaria o templo seria filho de Deus (isto se aplica a Salomão e a Jesus),

e a parte da profecia que afirma que se ele viesse

a transgredir, seria castigado por Ele, mas não retiraria dele a sua misericórdia como fizera

com Saul (v. 14,15) se aplica óbvia e

exclusivamente a Salomão.

Isto fala da segurança da promessa feita de que o trono de Davi seria firmado, ainda que

Salomão, seu filho, viesse a falhar, bem como os

seus descendentes, porque o cetro

permaneceria na casa de Davi, e seria firmado para sempre em Cristo, que é da sua casa.

A casa de Saul foi rejeitada por Deus e não foi confirmada.

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165

Mas a Davi, o Senhor estava prometendo que a sua casa permaneceria no trono para sempre (v.

16).

Aqui está pois referido o caráter da aliança da graça, que é feita para aqueles que participarão

do reino de Cristo pela fé nele.

Esta promessa de que serão firmados no reino, ainda que venham a transgredir, é garantida pelo próprio Deus conforme revelou a Davi

através do profeta Natã.

Esta é uma aliança para sempre que o Senhor jamais revogará, porque prometeu não remover

a sua misericórdia daqueles que fazem parte da

casa de Davi.

Não da casa terrena, pois esta promessa não alcançou Absalão e a outros que eram da sua

casa, mas a casa espiritual, daqueles que tivessem a mesma fé dele e que fossem eleitos

por Deus para a salvação.

Isto não é maravilhoso?

Temos isto confirmado nas palavras dos profetas, dos apóstolos, e do próprio Cristo, como por exemplo em Is 55.3; Jer 33.21,22; Ez

34.23,24; Zac 12.7,8; At 13.34; 15.16; Apo 3.7.

Com a ida de Israel para o cativeiro, o tabernáculo (a casa) de Davi ficou caída (Amós

9.11), porque foi interrompida a sucessão de reis

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166

em Judá, da sua descendência, mas quando

Cristo estiver reinando, o tabernáculo de Davi

estará plenamente restaurado, e a promessa

que Deus lhe fez estará vigorando para sempre em toda a sua plenitude.

Diante da grandiosidade da promessa que Deus lhe fizera quanto à casa que edificaria para ele, Davi se retirou da presença de Natã e foi adorar

e agradecer ao Senhor diante da tenda onde se

encontrava a arca (v. 18 a 29).

É importante destacar que Deus disse que edificaria tal casa a Davi para o bem de seu povo

Israel (v. 8 a 11), e é com o mesmo propósito que

Cristo foi exaltado com um nome que é sobre todo o nome, a saber, para dar descanso para o

seu povo.

“1 Ora, estando o rei Davi em sua casa e tendo-lhe dado o Senhor descanso de todos os seus

inimigos em redor,

2 disse ele ao profeta Natã: Eis que eu moro

numa casa de cedro, enquanto que a arca de Deus dentro de uma tenda.

3 Respondeu Natã ao rei: Vai e faze tudo quanto está no teu coração, porque o Senhor é contigo.

4 Mas naquela mesma noite a palavra do Senhor veio a Natã, dizendo:

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167

5 Vai, e dize a meu servo Davi: Assim diz o Senhor: Edificar-me-ás tu uma casa para eu nela

habitar?

6 Porque em casa nenhuma habitei, desde o dia

em que fiz subir do Egito os filhos de Israel até o dia de hoje, mas tenho andado em tenda e em

tabernáculo.

7 E em todo lugar em que tenho andado com todos os filhos de Israel, falei porventura,

alguma palavra a qualquer das suas tribos a que mandei apascentar o meu povo de Israel,

dizendo: por que não me edificais uma casa de

cedro?

8 Agora, pois, assim dirás ao meu servo Davi:

Assim diz o Senhor dos exércitos: Eu te tomei da malhada, de detrás das ovelhas, para que fosses

príncipe sobre o meu povo, sobre Israel;

9 e fui contigo, por onde quer que foste, e destruí a todos os teus inimigos diante de ti; e te farei um grande nome, como o nome dos grandes

que há na terra.

10 Também designarei lugar para o meu povo, para Israel, e o plantarei ali, para que ele habite

no seu lugar, e não mais seja perturbado, e nunca mais os filhos da iniquidade o aflijam,

como dantes,

11 e como desde o dia em que ordenei que houvesse juízes sobre o meu povo Israel. A ti,

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168

porém, darei descanso de todos os teus

inimigos. Também o Senhor te declara que ele

te fará casa.

12 Quando teus dias forem completos, e vieres a

dormir com teus pais, então farei levantar depois de ti um dentre a tua descendência, que

sair das tuas entranhas, e estabelecerei o seu

reino.

13 Este edificará uma casa ao meu nome, e eu

estabelecerei para sempre o trono do seu reino.

14 Eu lhe serei pai, e ele me será filho. E, se vier a transgredir, castigá-lo-ei com vara de homens,

e com açoites de filhos de homens;

15 mas não retirarei dele a minha benignidade como a retirei de Saul, a quem tirei de diante de ti.

16 A tua casa, porém, e o teu reino serão firmados para sempre diante de ti; teu trono

será estabelecido para sempre.

17 Conforme todas estas palavras, e conforme toda esta visão, assim falou Natã a Davi.

18 Então entrou o rei Davi, e sentou-se perante o Senhor, e disse: Quem sou eu, Senhor Jeová, e

que é a minha casa, para me teres trazido até

aqui?

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169

19 E isso ainda foi pouco aos teus olhos, Senhor Jeová, senão que também falaste da casa do teu

servo para tempos distantes; e me tens

mostrado gerações futuras, ó Senhor Jeová?

20 Que mais te poderá dizer Davi. pois tu conheces bem o teu servo, ó Senhor Jeová.

21 Por causa da tua palavra, e segundo o teu coração, fizeste toda esta grandeza, revelando-a

ao teu servo.

22 Portanto és grandioso, ó Senhor Jeová, porque ninguém há semelhante a ti, e não há

Deus senão tu só, segundo tudo o que temos

ouvido com os nossos ouvidos.

23 Que outra nação na terra é semelhante a teu povo Israel, a quem tu, ó Deus, foste resgatar

para te ser povo, para te fazeres um nome, e para

fazeres a seu favor estas grandes e terríveis coisas para a tua terra, diante do teu povo, que tu

resgataste para ti do Egito, desterrando nações e

seus deuses?

24 Assim estabeleceste o teu povo Israel por teu povo para sempre, e tu, Senhor, te fizeste o seu

Deus.

25 Agora, pois, ó Senhor Jeová, confirma para sempre a palavra que falaste acerca do teu servo

e acerca da sua casa, e faze como tens falado,

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170

26 para que seja engrandecido o teu nome para sempre, e se diga: O Senhor dos exércitos é Deus

sobre Israel; e a casa do teu servo será

estabelecida diante de ti.

27 Pois tu, Senhor dos exércitos, Deus de Israel, fizeste uma revelação ao teu servo, dizendo:

Edificar-te-ei uma casa. Por isso o teu servo se

animou a fazer-te esta oração.

28 Agora, pois, Senhor Jeová, tu és Deus, e as tuas palavras são verdade, e tens prometido a

teu servo este bem.

29 Sê, pois, agora servido de abençoar a casa do teu servo, para que subsista para sempre diante de ti; pois tu, ó Senhor Jeová, o disseste; e com a

tua bênção a casa do teu servo será, abençoada

para sempre.” (II Sm 7.1-29).

Page 171: Lei x Graça   parte 1

171

Características do Evangelho Verdadeiro

Evangelho, semanticamente, reportando ao

significado da palavra no original grego do Novo

Testamento significa literalmente "anúncio de

boas notícias". São boas em sua natureza e efeito

para a humanidade.

Somente na Bíblia podemos achar os critérios de determinação do evangelho verdadeiro.

São tantas características a serem consideradas, que é muito comum, focar apenas numa ou em

poucas, ou até mesmo distorcidas, e assim, não

se chega a uma compreensão correta do

verdadeiro significado do evangelho, em sua essência real e nos seus efeitos positivos para

aqueles que o abraçam.

A principal característica que deve ser destacada é a do caráter de completa libertação

e salvação que está sendo oferecida

gratuitamente por Deus a todo aqueles que

creem em Cristo, porque o próprio Jesus é a única Justiça que nos justifica e nos torna

perdoados e aceitáveis a Deus, de forma que

possamos ser reconciliados com Ele.

Uma segunda característica importante é que esta justificação que conduz à vida eterna, é

operada instantaneamente, num dado

Page 172: Lei x Graça   parte 1

172

momento da vida, e tem validade para sempre,

por toda a eternidade.

Daqui em diante citaremos outras características sem enumerá-las.

Destaca-se também no evangelho, que é de fato

boa notícia, a melhor das notícias, porque não traz em si qualquer juízo condenatório, porque

esta justiça que é oferecida pela graça, e obtida

mediante a fé, não é para condenar, mas para

libertar da escravidão ao pecado.

Isto, por sua vez, nos conduz a um outro ponto importante, que é o de que todo aquele que é

justificado pelo evangelho, é também instantaneamente transformado, ao que o Novo

Testamento chama de novo nascimento do

Espírito Santo, ou regeneração.

Há de fato uma mudança radical nos objetivos de vida de todo aquele que se converte, porque

passa a habitar nele um novo princípio vivo

operante de santificação, motivado pela presença do Espírito Santo, em comunhão com

o espírito do convertido que se achava morto

(separado de Deus, não participante da sua vida divina, sem o conhecimento pessoal de Cristo,

sem comunhão com o divino).

Este novo princípio de santidade implantado na natureza terrena do que crê, passa a exercer

domínio e repulsa ao princípio vivo do pecado

que ainda opera na carne.

Page 173: Lei x Graça   parte 1

173

Daí sucede uma luta entre a natureza terrena carnal, e a nova natureza espiritual recebida do

Espírito Santo.

O alvo deste combate é o de crucificar o ego carnal e fazer prevalecer a mente de Cristo no

cristão.

Então, há uma ação real, espiritual, celestial e divina operando em nosso caminhar neste mundo quando abraçamos o verdadeiro

evangelho de Cristo, porque somente Ele é o

poder de Deus para a salvação de todos os que

nele creem.

Sem esta realidade espiritual operando no viver não podemos dizer que somos autênticos

cristãos (discípulos de Jesus, filhos e servos do

Deus vivo), porque tudo o que se ensina na Bíblia a tal respeito cumpre-se somente nos que

tiveram um verdadeiro encontro pessoal com

Cristo.

Page 174: Lei x Graça   parte 1

174

Como Saber Qual é o Evangelho

Verdadeiro?

Se alguém digitar no buscador do Google ou de

qualquer outro site de busca da Internet,

simplesmente a palavra “evangelho”, irá deparar com várias propostas de evangelhos

que diferem entre si.

Quando se digita a expressão “evangelho verdadeiro”, o filtro apresenta uma seleção mais apropriada de material relativa ao

evangelho genuinamente verdadeiro. E isto

aumenta e muito, quanto se digita a expressão

“Retorno ao Evangelho Verdadeiro”.

Alguém indagaria:

“Mas há este risco de se comprar gato por lebre?”

“De se entrar por uma porta onde esteja escrito evangelho, e abraçar uma ilusão?”

É evidente que sim. Como em qualquer outro aspecto da vida, onde sempre haverá o falso e o

verdadeiro.

Todavia, no caso do evangelho, é muito fácil se identificar qual seja o verdadeiro, e nisto somos

ajudados pela própria semântica da palavra

“evangelho”, que no original grego do Novo

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Testamento, significa “anúncio de boas novas,

de boas notícias, de coisas boas”.

Ora, se aquilo que chamam de evangelho não é de fato a melhor das notícias para a

humanidade, em relação à condição caída no

pecado em que se encontra, tendo um espírito morto, sujeito à condenação eterna, então não

temos diante de nós nenhum verdadeiro

evangelho, porque segundo a promessa que nos

foi feita por Deus, da justificação, da salvação e da vida eterna, e que se cumpre em Cristo, tem

que possuir tal característica de ser uma boa

nova de grande alegria, de um grande

livramento, de uma grande salvação.

O evangelho não traz em si qualquer juízo ou

condenação.

É a sua rejeição que produz tal efeito, porque na verdade toda pessoa já se encontra sob juízo de condenação, se não tem a Cristo, conforme Ele

próprio ensinou em João 3.18:

“Quem nele crê não é julgado; o que não crê já está julgado, porquanto não crê no nome do

unigênito Filho de Deus.”

Façamos então umas poucas reflexões:

seria evangelho me dizerem que eu necessito retornar a este mundo depois

de morto, para me purificar dos meus

Page 176: Lei x Graça   parte 1

176

erros? E isto em sucessivas vezes sem

conta?

seria uma boa notícia, dizer que devo ir

para um lugar intermediário entre a terra

e o terceiro céu, para purgar os meus pecados, antes que possa ser admitido na

presença de Deus?

seria uma boa nova, anunciar que devo

me esforçar ao máximo fazendo boas

obras, para que de algum modo, possa ser considerado digno de ser salvo por Deus e

ir para o céu depois da minha morte?

Por aí afora, multiplicam-se as indagações, que sempre me conduzirão à conclusão de que de

fato não se trata de nenhum evangelho, ou seja,

de nenhuma grande e boa notícia para mim.

Mas, se alguém me diz, como fez nosso Senhor Jesus Cristo, seus apóstolos, os chamados pais

da Igreja que se seguiram aos apóstolos, ou alguém que segue ainda hoje nas mesmas

pegadas, que eu simplesmente devo crer em

Cristo, e aceitar pela graça o dom imerecido da

salvação olhando para Ele e confiando simplesmente nele, arrependido de meus

pecados, e que isto, por si só, é o suficiente para

me garantir o acesso ao céu, aí então tenho diante de mim realmente uma grande e boa

notícia, na qual vale a pena, e muito mesmo, dar-

lhe o devido crédito.

Page 177: Lei x Graça   parte 1

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Em face dos muitos falsos evangelhos que havia em seus próprios dias, logo no início da Igreja,

disse o apóstolo Paulo aos gálatas:

“Gál 1:6 Admira-me que estejais passando tão depressa daquele que vos chamou na graça de

Cristo para outro evangelho,

Gál 1:7 o qual não é outro, senão que há alguns que vos perturbam e querem perverter o

evangelho de Cristo.

Gál 1:8 Mas, ainda que nós ou mesmo um anjo vindo do céu vos pregue evangelho que vá além

do que vos temos pregado, seja anátema

(amaldiçoado).

Gál 1:9 Assim, como já dissemos, e agora repito, se alguém vos prega evangelho que vá além

daquele que recebestes, seja anátema.”

E também em Tito 3.4-7:

Tito 3:4 Quando, porém, se manifestou a benignidade de Deus, nosso Salvador, e o seu

amor para com todos,

Tito 3:5 não por obras de justiça praticadas por nós, mas segundo sua misericórdia, ele nos

salvou mediante o lavar regenerador e

renovador do Espírito Santo,

Tito 3:6 que ele derramou sobre nós ricamente, por meio de Jesus Cristo, nosso Salvador,

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Tito 3:7 a fim de que, justificados por graça, nos tornemos seus herdeiros, segundo a esperança

da vida eterna.

E ainda em Efésios 2.8,9:

Efs 2:8 Porque pela graça sois salvos, mediante a

fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus;

Efs 2:9 não de obras, para que ninguém se glorie.

Se havia falso evangelho naquele tempo, imagina então a possibilidade de haver muito

mais em nossos dias.

Não é para pouco propósito que nosso Senhor e os apóstolos nos alertam na Bíblia a termos

muito cuidado com os falsos profetas, pastores e mestres que se multiplicariam próximo do

tempo do fim. Porque isto tem a ver com o

destino eterno de nossas almas. Pela fé no evangelho verdadeiro – céu. Por dar crédito a

qualquer outro evangelho – inferno.

Realmente, não dá para brincar ou vacilar com tais coisas.

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O Evangelho Não Condena

O que condena é a sua rejeição.

“Mas agora, sem lei, se manifestou a justiça de Deus...” (Rom 3.21a)

“E é evidente que, pela lei, ninguém é justificado diante de Deus, porque o justo viverá pela fé.

Ora, a lei não procede de fé,...” (Gal 3.11,12a)

Quando João Batista disse que a Lei veio por Moisés, mas que a graça e a verdade vieram por Jesus Cristo”, o que ele estava dizendo, em

outras palavras, era que no período da

dispensação da Lei, que vigorou de Moisés ao

próprio João Batista, não houve nenhum evangelho em ação, apesar de ter sido

anunciado pelos profetas do Antigo

Testamento.

No período do Velho Testamento, correspondente à aliança da lei, imperava a

condenação e a morte pelos juízos de Deus,

inclusive contra o próprio povo da aliança, a

saber, Israel.

Daí Paulo ter chamado aquela antiga aliança de ministério da morte e da condenação.

Porque não havia evangelho naquele período.

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Mas quando Jesus se manifestou e quando morreu no lugar dos pecadores na cruz, entrou

em vigor uma nova aliança, agora não apenas

com Israel, mas com pessoas de todas as nações da terra.

A graça e a verdade começaram a ser abundantemente reveladas e manifestadas nas

vidas dos que creem no evangelho, a saber, que

já não há morte e condenação para os que creem

em Jesus Cristo.

Assim, no evangelho propriamente dito, não há qualquer condenação, morte ou juízo, senão libertação, vida, salvação, que são o fruto da

verdade e da graça que operam e habitam

naqueles que nele creem. Graça, justiça e

verdade que nos foram trazidas com a manifestação de nosso Senhor Jesus Cristo.

O ministério da Lei condenava, porque fora instituído por Deus para este propósito.

Todavia, o do evangelho liberta e salva, porque manifesta a honra, a glória, a majestade, o

poder, a graça e todos os méritos que pertencem

à pessoa de nosso Senhor Jesus Cristo.

Daí dizer o apóstolo que já não há nenhuma condenação para quem está em Cristo Jesus.

Não confundamos portanto, toda a Bíblia, como se fosse o evangelho.

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Porque em suas páginas há também registros de revelações e situações exclusivamente relativos

à antiga dispensação da Lei.

O evangelho é encontrado, principalmente, nas páginas do Novo Testamento, porque foram

produzidas e inspiradas por Deus, no período que marcou o encerramento da aliança do

Velho Testamento, inaugurado com o advento

de Jesus Cristo.

Daí, Lei x Graça, ser uma boa indicação destes dois períodos distintos, das duas grandes

alianças instituídas por Deus, sendo que a antiga foi removida, por ter sido substituída pela nova

que é feita no sangue de Cristo.

Não devemos no entanto confundir juízo com condenação.

Deus julga os seus próprios filhos, mas não como um juiz togado, senão como um pai

amoroso que não os poupará da repreensão e

disciplina sempre que for necessário.

Ele açoita a todo filho a quem quer bem. Todavia, a nenhum deles condenará a uma

sentença de morte e danação eternas.

Nosso Senhor Jesus Cristo dirige as seguintes palavras à Igreja de Laodiceia:

“Eu repreendo e disciplino a quantos amo. Sê, pois, zeloso e arrepende-te.” (Apo 3.19)

Page 182: Lei x Graça   parte 1

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Por Que Jesus Não Veio Condenar?

O principal motivo de não existir tantos juízos

de Deus sendo despejados sobre a impiedade

das pessoas e das nações, como estes existiam no período do Antigo Testamento, é que foi

inaugurada uma nova dispensação, a da graça,

desde que Jesus se ofereceu em sacrifício na

cruz.

Não há qualquer condenação no evangelho,

antes salvação, livramento, vida eterna, porque é esta missão de Cristo, continuada na sua

Igreja, nestes vinte séculos de vigor da Nova

Aliança feita no seu sangue com todas as pessoas que têm fé no seu nome.

O próprio Cristo afirmou que não veio condenar o mundo, mas salvar.

Foi com base nesta verdade que o apóstolo Paulo afirmou o seguinte, dentre outras muitas

passagens equivalentes:

“Mas agora, sem lei, se manifestou a justiça de Deus...” (Rom 3.21a)

“E é evidente que, pela lei, ninguém é justificado diante de Deus, porque o justo viverá pela fé.

Ora, a lei não procede de fé,...” (Gal 3.11,12a)

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Quando João Batista disse que a Lei veio por Moisés, mas que a graça e a verdade vieram por

Jesus Cristo”, o que ele estava dizendo, em

outras palavras, era que no período da dispensação da Lei, que vigorou de Moisés ao

próprio João Batista, não houve nenhum

evangelho em ação, apesar de ter sido anunciado pelos profetas do Antigo

Testamento.

No período do Velho Testamento, correspondente à aliança da lei, imperava a

condenação e a morte pelos juízos de Deus,

inclusive contra o próprio povo da aliança, a

saber, Israel.

Daí Paulo ter chamado aquela antiga aliança de

ministério da morte e da condenação.

Porque não havia evangelho naquele período.

Mas quando Jesus se manifestou e quando morreu no lugar dos pecadores na cruz, entrou

em vigor uma nova aliança, agora não apenas com Israel, mas com pessoas de todas as nações

da terra.

Não devemos portanto, entender que toda a Bíblia seja o evangelho.

Porque ela contém também registros de revelações e situações exclusivamente relativos

à antiga dispensação da Lei.

Page 184: Lei x Graça   parte 1

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O evangelho é encontrado, principalmente, nas páginas do Novo Testamento, porque foram

produzidas e inspiradas por Deus, no período

que marcou o encerramento da aliança do Velho Testamento, inaugurado com o advento

de Jesus Cristo.

Daí, Lei x Graça, ser uma boa indicação destes dois períodos distintos, das duas grandes

alianças instituídas por Deus, sendo que a antiga

foi removida, por ter sido substituída pela nova

que é feita no sangue de Cristo.

Não devemos no entanto confundir juízo com condenação.

Deus julga os seus próprios filhos, mas não como um juiz togado, senão como um pai

amoroso que não os poupará da repreensão e

disciplina sempre que for necessário.

Ele açoita a todo filho a quem quer bem. Todavia, a nenhum deles condenará a uma

sentença de morte e danação eternas.

Nosso Senhor Jesus Cristo dirige as seguintes palavras à Igreja de Laodiceia:

“Eu repreendo e disciplino a quantos amo. Sê, pois, zeloso e arrepende-te.” (Apo 3.19)

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O Que é Estar Debaixo da Graça e Não da

Lei

Não encontramos nas Escrituras a expressão

pacto de obras, ou aliança de obras.

Todavia ambas as formas, especialmente a primeira é muito empregada para definir a

condição de Deus como o Grande Juiz e

Legislador que exige perfeição absoluta para

que possamos estar eternamente em sua presença.

A falta desta condição implica em morte espiritual e eterna.

Em sua infinita sabedoria, bondade e misericórdia, o Senhor tem conhecido pela sua

onisciência, que nenhum descendente de Adão

está habilitado para atender a tal demanda desta Lei Eterna que emana da própria natureza

perfeitamente santa e justa de Deus.

Assim, entendemos que Ele não tem proposto a pecadores uma opção de salvação por este modo de se cumprir perfeitamente a sua vontade e

mandamentos.

Isto sempre será feito por pura graça, misericórdia, e simplesmente mediante a fé,

como foi proposto ao próprio Adão quando o

Senhor foi procurá-lo com a promessa da

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redenção quando ele se escondeu

envergonhado da sua nudez atrás das árvores do

jardim.

Não pode entretanto, ser removida esta lei que exige perfeição absoluta, e por isso Jesus não

morreu apenas como nosso substituto para

quitar a culpa do nosso pecado, como também para nos revestir dessa perfeição requerida pela

justiça divina, que há de ser absoluta na glória, e

mediante o trabalho da santificação da graça pelo Espírito Santo e aplicação da Palavra de

Deus aos nossos corações, conforme o penhor

do trabalho da nossa transformação e

purificação já iniciado aqui na Terra a partir da nossa conversão.

O grande mandamento de Deus foi revelado por Jesus como sendo o amor de uns pelos outros com o mesmo amor com o qual ele nos amou.

Ou seja, o dever imposto é o de amar com o amor de Deus.

Então quando Tiago alude a isto, ele se reporta em sua epístola à questão da acepção de pessoas

que estava ocorrendo na igreja em favor dos mais abastados e contra os pobres e

necessitados do rebanho.

Isto era um pecado claro e contundente contrário ao que Ele chama de Lei Régia, ou seja

a Lei do Rei, esta Lei que está amarrada à própria

natureza e essência de Deus, que é amor.

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“Se vós, contudo, observais a lei régia segundo a Escritura: Amarás o teu próximo como a ti

mesmo, fazeis bem;” (Tiago 2.8)

Não convinha que aqueles que foram resgatados

da morte espiritual e eterna, inclusive e principalmente por se transgredir tal

mandamento do amor, que é o principal de

todos, continuassem transgredindo o mesmo.

“Falai de tal maneira e de tal maneira procedei

como aqueles que hão de ser julgados pela lei da liberdade.” (Tiago 2.12)

A esta lei da liberdade da condenação em Cristo, aludiu também o apóstolo Paulo em Rom 8.2:

“Porque a lei do Espírito da vida, em Cristo Jesus, te livrou da lei do pecado e da morte.”

Então, se não fosse por Cristo, todo o nosso

esforço em cumprir perfeitamente a Lei – ao qual devemos nos dedicar com sinceridade e

amor – seria totalmente perdido caso viéssemos

a transgredir um único ponto da lei que está indissoluvelmente ligada à natureza de Deus,

porque é Legislador e Juiz conforme demanda a

sua justiça que haja perfeita conformação à sua

santidade e amor.

“Pois qualquer que guarda toda a lei, mas tropeça em um só ponto, se torna culpado de

todos.” (Tiago 2.10) – Este é o caráter da lei para

aqueles que não estão debaixo da cobertura do

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sangue de Jesus. Daqui vemos quão ineficaz é a

tentativa de se justificar por meio das obras da

lei.

Assim, devemos clamar e dar graças a Deus por nos ter dado Jesus Cristo, juntamente com o apóstolo quanto à nossa condição natural de

sermos achados mortos em delitos e pecados

que pode ser somente revertida por estarmos no

Senhor:

Rom 7:24 Desventurado homem que sou! Quem

me livrará do corpo desta morte?

Rom 7:25 Graças a Deus por Jesus Cristo, nosso Senhor. De maneira que eu, de mim mesmo,

com a mente, sou escravo da lei de Deus, mas,

segundo a carne, da lei do pecado.

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Aceitos por Causa da Justificação

A Bíblia ensina claramente que a carne é

inimizade contra Deus.

Que aquele que ama o mundo é inimigo de Deus.

Éramos seus inimigos porque não éramos justos aos seus olhos de perfeita justiça e santidade.

Mesmo nos cristãos, que vivem na carne, há guerras, lutas, divisões, contendas, porque a

falta de santificação impede um

relacionamento pacífico, harmonioso, em unidade em amor.

Mas, mesmo nestes, por causa de Jesus Cristo, a guerra relativa à sua inteira aceitação por Deus

acabou, porque são completamente justos aos

seus olhos pela salvação que obtiveram em

Cristo e que lhes deu acesso à glória da perfeição que terão no céu.

Podem portanto viver e agir como inimigos de Deus, amando o mundo e dispondo suas

energias para a carne, e certamente serão por

Ele disciplinados, mas são agora filhos amados, por causa da justificação gratuita que

receberam pela misericórdia de Deus em Cristo

Jesus.

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Foi por conhecer isto e por viver isto, que Paulo se

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Quem Condenará a Quem Deus Justifica?

Deus afirma na Bíblia que tem prazer em salvar

e que seu braço nunca se recolherá para que não

possa remir. E nunca lhe faltará poder para

livrar do mal.

Então a consequência de falta de atendimento à convocação à reconciliação, o resultado é

principalmente morte espiritual, que é a

condição de espírito resultante da falta de comunhão com Deus.

Os que buscam o Senhor Jesus sempre receberão dele palavras boas para instrução e para edificação e consolação porque não fala por

Si mesmo, mas pelo Pai. E demonstrou isto

fartamente em seu ministério terreno.

O Pai Lhe sustentou na angústia, especialmente nos momentos que acompanharam a sua morte,

de modo que não recuou, ao contrário,

ofereceu-se voluntariamente para ser ferido em

suas costas com as chibatadas que recebeu dos soldados romanos, e para que sua barba fosse

arrancada e não se envergonhou e não deixou

de contemplar corajosamente os rostos

daqueles que lhe cuspiam na face.

O Pai lhe amparou naquela hora difícil e por isso não se sentiu confundido, e pôde assim fazer o

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seu rosto como uma rocha inabalável, porque

sabia que não seria envergonhado, antes

glorificado e engrandecido pela sua aflição e

morte.

Não foram os homens os seu juízes naquela

hora, porque a sua morte foi injusta da parte dos homens, mas justa aos olhos de Deus, não

propriamente por ter cometido alguma

transgressão, ou por ter algum pecado, mas

porque carregou os nossos pecados sobre Si, e era a ofensa dos nossos pecados que estava

sendo visitada pelo juízo de Deus naquela hora

de terrível angústia e dor, que o Senhor

suportou por nós e em nosso lugar.

Foi o Pai que fez com que Ele fosse feito pecado

por nós, para que pudéssemos ser feitos justiça para Deus.

Quem quiser contestar esta justiça divina deve apresentar-se ao próprio Cristo para que juntos

sejam julgados por Deus.

Afinal foi justo o que o Pai fez por nós pelo Filho?

O Filho afirma que Ele foi justificado pelo Pai em tudo o que fez. Quem é então o homem para

contender com Deus e para contestar tal obra,

se apresentado como adversário de Cristo?

Se é o Pai que justifica o Filho, então aqueles que foram alvo da obra do Filho em suas vidas,

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convertendo-se a Ele, são também justificados

por Deus.

Assim quem intentará acusação contra eles?

Quem os condenará?

Os que ousarem fazer isto perecerão e envelhecerão como um vestido e serão

consumidos pela traça do pecado, que destrói

oculta, silenciosa e progressivamente.

Então, aqueles que temem a Deus devem ouvir a voz do Messias.

Os que andam em trevas e que não têm luz devem simplesmente confiar no nome de Jesus

e se firmarem, não em suas próprias convicções, mas no seu Deus.

Agora, aqueles que não atenderem tal convocação e continuarem se cingindo com o

fogo do inferno, permanecerão andando em tais labaredas de tormento e serão atormentados

para sempre pelo Senhor na morte espiritual

eterna.

Porque o evangelho, é aroma de vida para a vida

nos que se salvam, e cheiro de morte para a morte nos que se perdem.

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Resgatados da Ira e da Maldição

Lemos em Ef 2.14: “Porque ele é a nossa paz”.

Jesus mesmo é a nossa paz.

Enquanto Ele viver, Ele manterá este relacionamento de paz.

Deus ficou satisfeito com o sacrifício de Cristo pelos nossos pecados.

Sua ira em relação aos justificados se foi, eles têm paz e nada pode mudar este

relacionamento.

Lemos em Hb 8.12: “Pois, para com as suas iniquidades usarei de misericórdia, e dos seus pecados jamais me lembrarei.”.

Por quanto tempo isto durará? Para sempre. Por que? Porque Cristo satisfez a ira de Deus.

Dizer a qualquer cristão verdadeiro que ele pode perder sua salvação é dizer uma de duas

coisas ou ambas: o trabalho de Cristo na cruz

não foi suficiente ou o presente sumo

sacerdócio de Cristo também não é suficiente.

Todavia não há nada de maior suficiência em todo o universo, porque é por meio de Cristo que

tudo o que existe permanece sustentado pela

palavra do seu poder, que jamais passará.

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A salvação não vem de nós, ela é um dom gratuito e imerecido que recebemos por causa

de Cristo. É por meio dele, e dele somente que

tivemos acesso a essa graça maravilhosa e profunda que nos salva (Rom 5.17).