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30 19 a 25 de setembro de 2010 Lei regula atividade Documento deixa claro que o trabalho voluntário não é remunerado Para ser voluntário, é preciso assinar um documento declarando estar ciente de que se trata de atividade não remunerada, sem vínculo trabalhista. O termo de adesão faz parte da lei nº 9.608, de 1998, criada para evitar abusos dos dois lados, segundo Sílvia Naccache, coordenadora do Centro de Voluntariado de São Paulo. “Havia tanto o voluntário que não sabia seu papel quanto organizações que usavam o voluntariado como subterfúgio para não ter pessoas contratadas. Voluntário não é mão de obra barata.” São cinco meses de capacitação, entre palestras, prática e uma festa de formatura. Quem não se sentir prepa- rado para atuar com os pacientes po- de executar tarefas administrativas. A palestra de segurança hospita- lar é uma das que compõem a seleção de outra associação, a Viva e Deixe Vi- ver, que atua com contação de histó- rias para crianças doentes. São todas aos sábados e, no fim, o candidato acompanha um contador mais expe- riente. É preciso pagar R$ 70 para co- brir as despesas. Entre a inscrição e o fim do processo, passa quase um ano. Cerca de um quinto dos 500 a 600 inscritos ficam até o final. “Na primei- ra palestra, [o número] já diminui pe- la metade. As pessoas têm o desejo ge- nuíno de ajudar, mas, quando se exi- ge dedicação, muitas desistem. É uma espécie de autosseleção”, afirma Val- dir Cimino, presidente da associação. Cimino decidiu criar o treinamen- to no início do projeto, quando uma mulher se ofereceu para contar his- tórias com ele e, diante de uma crian- ça, começou a chorar. “Tive vonta- de de jogá-la pela janela! A própria criança falou para ela não chorar. ” Em casos excepcionais, a equipe pode desclassificar alguém. Uma fi- cha em que o candidato diz como agi- ria em certas situações críticas ajuda a identificar quem está fora do espírito da ONG. “Se não tivermos regras, se não for olhado como uma empresa, fica difícil administrar”, diz Cimino. Voluntários do Viva e Deixe Viver, Tony Silva e Patrícia Raymundo pas- saram pelo treinamento. “A gente fica ansioso, quer começar logo, mas hoje vejo que é necessário. Não é só aquela coisa bonitinha de fazer palhaçada, tem que estar capacitado”, diz Tony. Cibervoluntários O cuidado para que o candidato entenda as regras é ainda maior no caso do ativismo ambiental. “Quando a pessoa vai pra rua levando a nossa causa, tem que estar muito segura”, diz Pedro Torres, coordenador nacio- nal de voluntários do Greenpeace. A capacitação trata das campa- nhas defendidas pela ONG e treina APRENDENDO A BRINCAR Curso para ajudar na formação de voluntários em São Paulo Newton Santos/Folhapress

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Lei regulaatividade

Documento deixa claroque o trabalho voluntárionão é remunerado

Para ser voluntário, é precisoassinar um documentodeclarando estar ciente deque se trata de atividade nãoremunerada, sem vínculotrabalhista. O termo de adesãofaz parte da lei nº 9.608,de 1998, criada para evitarabusos dos dois lados,segundo Sílvia Naccache,coordenadora do Centro deVoluntariado de São Paulo.“Havia tanto o voluntário quenão sabia seu papel quantoorganizações que usavam ovoluntariado como subterfúgiopara não ter pessoascontratadas. Voluntárionão émão de obra barata.”

São cinco meses de capacitação,entrepalestras,práticaeumafestadeformatura.Quemnãosesentirprepa-radoparaatuar comospacientespo-de executar tarefas administrativas.

A palestra de segurança hospita-laréumadasquecompõemaseleçãodeoutraassociação,aVivaeDeixeVi-ver, que atua comcontação de histó-riasparacriançasdoentes. São todasaos sábados e, no fim, o candidatoacompanhaumcontadormais expe-riente. ÉprecisopagarR$70para co-brir asdespesas.Entrea inscriçãoeofimdoprocesso,passaquaseumano.

Cercadeumquintodos500a600inscritos ficamatéofinal.“Naprimei-rapalestra, [onúmero] jádiminuipe-lametade.Aspessoastêmodesejoge-nuínodeajudar,mas,quandoseexi-gededicação,muitasdesistem.Éumaespéciedeautosseleção”,afirmaVal-dirCimino,presidentedaassociação.

Ciminodecidiucriaro treinamen-to no início do projeto, quando umamulher se ofereceu para contar his-tóriascomelee,diantedeumacrian-ça, começou a chorar. “Tive vonta-

de de jogá-la pela janela! A própriacriança falou para ela não chorar. ”

Em casos excepcionais, a equipepode desclassificar alguém. Uma fi-chaemqueocandidatodizcomoagi-riaemcertassituaçõescríticasajudaaidentificarquemestá foradoespíritoda ONG. “Se não tivermos regras, senão for olhado como uma empresa,fica difícil administrar”, diz Cimino.

VoluntáriosdoViva eDeixeViver,Tony Silva e Patrícia Raymundo pas-sarampelo treinamento.“Agente ficaansioso,quercomeçar logo,mashojevejoqueénecessário.Nãoésóaquelacoisa bonitinha de fazer palhaçada,tem que estar capacitado”, diz Tony.

CibervoluntáriosO cuidado para que o candidato

entenda as regras é ainda maior nocasodoativismoambiental.“Quandoapessoa vai pra rua levandoanossacausa, tem que estar muito segura”,dizPedroTorres, coordenadornacio-nal de voluntários do Greenpeace.

A capacitação trata das campa-nhas defendidas pela ONG e treina

APRENDENDOABRINCARCurso para ajudar na formaçãode voluntários em São Paulo

NewtonSantos/Folhapress