Leite e Câncer e Câncer...Prostate, Lung, Colorectal and Ovarian Cancer Screening Trial- ensaio...

47
Leite e Câncer Elizabeth Poças Rodrigues Rego Navarro Pereira Nutricionista do Ambulatório de Oncologia Clínica do HFB Especialista em Nutrição Clínica pela Faculdade São Camilo Especialista em Geriatria e Gerontologia pela UNATI-UERJ Especialista em Nutrição Oncológica pela SBNO Outubro-2018

Transcript of Leite e Câncer e Câncer...Prostate, Lung, Colorectal and Ovarian Cancer Screening Trial- ensaio...

Page 1: Leite e Câncer e Câncer...Prostate, Lung, Colorectal and Ovarian Cancer Screening Trial- ensaio randomizado controlado, desenhado para testar a eficácia do rastreamento do câncer

Leite e Câncer

Elizabeth Poças Rodrigues Rego Navarro Pereira

Nutricionista do Ambulatório de Oncologia Clínica do HFB

Especialista em Nutrição Clínica pela Faculdade São Camilo

Especialista em Geriatria e Gerontologia pela UNATI-UERJ

Especialista em Nutrição Oncológica pela SBNO

Outubro-2018

Page 2: Leite e Câncer e Câncer...Prostate, Lung, Colorectal and Ovarian Cancer Screening Trial- ensaio randomizado controlado, desenhado para testar a eficácia do rastreamento do câncer

É o produto da secreção da glândula mamária dos mamíferos.

Composição: variável e depende

raça

alimentação do animal

individualidade

estação do ano

época da lactação

idade

numero de parições

alterações climáticas

Leite

Page 3: Leite e Câncer e Câncer...Prostate, Lung, Colorectal and Ovarian Cancer Screening Trial- ensaio randomizado controlado, desenhado para testar a eficácia do rastreamento do câncer

Cálcio - participa do metabolismo ósseo, contração muscular, controle de diferenciação e proliferação

celular controlado pela vitamina D e hormônios;

Riboflavina (vit B2) e Cianocobalamina (vit B12);

Fatores de crescimento e hormônios - provavelmente digeridos. Embora o consumo de leite seja apontado

como responsável pelo aumento dos níveis circulantes de insulina e fator de crescimento)

Leite Composição: 100g de leite de vaca

Proteína 3,2 a 3,5 g Perfil de aminoácidos

adequado para o consumo

humano

Gorduras 3,5 a 4,5 g Sendo 2/3 saturados - CLA

Carboidratos 4,6 a 5,2 g A lactose é o principal

carboidrato

Água 86 A 89 %

Minerais 0,7 a 0,8 %

NORO, G. Síntese e secreção do leite. 2001

Page 4: Leite e Câncer e Câncer...Prostate, Lung, Colorectal and Ovarian Cancer Screening Trial- ensaio randomizado controlado, desenhado para testar a eficácia do rastreamento do câncer

Histórico

Inicio do

consumo com a

domesticação dos

animais

Até o final do século

XIX usado como

substituto ou em

adição ao leite

humano para crianças

No século XX o leite de

vaca passa a ser

considerado alimento

básico nos EUA e em

alguns países europeus

A melhoria nos processos

de industrialização,

refrigeração, e de

embalagens tratadas com

altas temperaturas,

aumentando a sua

durabilidade e consumo

Com o declínio do

aleitamento materno o

leite de vaca modificado

passa a ser utilizado para

lactentes, inclusive em

programas sociais

Page 5: Leite e Câncer e Câncer...Prostate, Lung, Colorectal and Ovarian Cancer Screening Trial- ensaio randomizado controlado, desenhado para testar a eficácia do rastreamento do câncer

Início século XX - desnutrição infantil: leite, ovos, carne passam a ser

considerados alimentos protetores;

Na década de 60 - leite integral e derivados integrais passam a ser considerados

com causadores de doença arterial coronariana (DAC);

Mais recentemente considerado boa fonte de cálcio devido a osteoporose;

Ampla variedade de alimentos: queijo, manteiga, ghee, iogurte, creme de leite e

leite condensado

WCRF/AICR -2007

Histórico

Page 6: Leite e Câncer e Câncer...Prostate, Lung, Colorectal and Ovarian Cancer Screening Trial- ensaio randomizado controlado, desenhado para testar a eficácia do rastreamento do câncer

Principal causa de morte no mundo.

No Brasil 72% dos óbitos, sendo: 31,3% DAC; 16,3% Câncer; 5,2 % Diabetes; e

5,8% Doença Respiratória Crônica;

Perda de qualidade de vida

Impactos econômicos

Aumento das diferenças sociais e pobreza

Principais fatores de risco:

• tabaco

• alimentação não saudável

• inatividade física

• uso abusivo de álcool

DCNT – Doenças Crônicas Não Transmissíveis

Page 7: Leite e Câncer e Câncer...Prostate, Lung, Colorectal and Ovarian Cancer Screening Trial- ensaio randomizado controlado, desenhado para testar a eficácia do rastreamento do câncer

Consumo excessivo de sal;

Alta ingestão de gorduras saturadas e ácidos graxos trans (LEITE integral);

Baixa ingestão de fibras (frutas, legumes e verduras);

Consumo de bebidas açucaradas e alimentos com alta densidade energética;

Consumo de alimentos processados e ultraprocessados.

Alimentação não saudável:

Page 8: Leite e Câncer e Câncer...Prostate, Lung, Colorectal and Ovarian Cancer Screening Trial- ensaio randomizado controlado, desenhado para testar a eficácia do rastreamento do câncer

Conclusões: As evidências sobre a relação entre o leite e os produtos lácteos e dietas ricas em cálcio e o

risco de câncer apontam em direções diferentes:

O leite provavelmente protege contra o câncer colorretal;

Há evidências limitadas que o leite proteja contra o câncer de bexiga;

Há evidências limitadas que o queijo cause câncer colorretal;

Dietas ricas em cálcio são a provável causa de câncer de próstata;

Há evidências limitadas sugerindo que o alto consumo de leite e derivados é uma causa de câncer de

próstata.

Rede Global Do Fundo Mundial

Para Pesquisa Em Câncer

World Cancer Research Fund/American Institute Cancer Research, 2007

Capítulo 4:

4.4 Milk and dairy products

Page 9: Leite e Câncer e Câncer...Prostate, Lung, Colorectal and Ovarian Cancer Screening Trial- ensaio randomizado controlado, desenhado para testar a eficácia do rastreamento do câncer

World Cancer Research Fund/American Institute Cancer Research, 2007

Page 10: Leite e Câncer e Câncer...Prostate, Lung, Colorectal and Ovarian Cancer Screening Trial- ensaio randomizado controlado, desenhado para testar a eficácia do rastreamento do câncer

Prováveis mecanismos de ação do leite:

Aumento do IGF-1 circulante;

Aumento da resposta insulinêmica.

Obs: A proteína do leite provavelmente induz a hiperinsulinemia estimulando a síntese hepática de IGF-1

(Melnik, BC)

Page 11: Leite e Câncer e Câncer...Prostate, Lung, Colorectal and Ovarian Cancer Screening Trial- ensaio randomizado controlado, desenhado para testar a eficácia do rastreamento do câncer

Transdução de sinal de insulina, IGF-1 e IGF-2

Ações

metabólicas

Metabolismo

de glicose

Mitose

Crescimento

Diferenciação

Antiapoptose

Reserva de IGF-2

Remove

receptores

Insulina IGF-1 IGF-2

IGF-1: • participa na regulação do ciclo celular;

• inibe o processo de apoptose;

• estimula a proliferação celular.

Page 12: Leite e Câncer e Câncer...Prostate, Lung, Colorectal and Ovarian Cancer Screening Trial- ensaio randomizado controlado, desenhado para testar a eficácia do rastreamento do câncer

O leite e a proteína do leite levam a alterações na sinalização de Insulina/IGF-1 e no

desenvolvimento de doenças crônicas ocidentais

Pré-natal Pós-natal Adolescência Adulto

Maturação de

células T

no timo

Crescimento

fetal em excesso

Alergia atópica

Doenças

autoimunes

Macrossomia

fetal

Ativação de

sebócitos

Acne

Diferenciação

de adipócitos

Obesidade

Formação de

ateroma

Aterosclerose

Doença

cardiovascular

Derrame

Tumorigênese

Câncer

Formação de

proteína

neurotóxica

Doenças

neurotóxicas

Aumento de IGF-1 sérico encontrado no câncer de mama pré-menopausa e no câncer de próstata estão

associados ao alto consumo de laticinios e cálcio.

Page 13: Leite e Câncer e Câncer...Prostate, Lung, Colorectal and Ovarian Cancer Screening Trial- ensaio randomizado controlado, desenhado para testar a eficácia do rastreamento do câncer

Conclusão: embora existam vastas evidências que o consumo de leite aumente

os níveis séricos de IGF-1, recentemente 2 artigos de revisão concluem não ser

possível associar o consumo de latícios ao risco de câncer de mama.

Page 14: Leite e Câncer e Câncer...Prostate, Lung, Colorectal and Ovarian Cancer Screening Trial- ensaio randomizado controlado, desenhado para testar a eficácia do rastreamento do câncer

Estudos do NCI (Intituto Nacional do Câncer) desde 2007

2 grandes estudos prospectivos:

NIH-AARP Diet and Health Study- 566.401 membros da AARP completaram um abrangente

questionário de base avaliando dieta e estilo de vida, incluindo um questionário de freqüência

alimentar de 124 itens. Os participantes foram acompanhados desde o início e o

acompanhamento está em andamento, a última avaliação foi feita em 2006.

Prostate, Lung, Colorectal and Ovarian Cancer Screening Trial- ensaio randomizado

controlado, desenhado para testar a eficácia do rastreamento do câncer e investigar marcadores

precoces e etiologia do câncer. Entre 1993 e 2001, cerca de155.000 participantes com idades

entre 55 e 74 anos preencheram um questionário de freqüência alimentar de 137 itens no início

do estudo e receberam questionários anuais que perguntavam se eles haviam sido diagnosticados

com câncer.

Page 15: Leite e Câncer e Câncer...Prostate, Lung, Colorectal and Ovarian Cancer Screening Trial- ensaio randomizado controlado, desenhado para testar a eficácia do rastreamento do câncer

Esses estudos de coorte são importantes para a análise dos efeitos dos produtos animais na incidência e

mortalidade do câncer:

Diminuição do risco de câncer colorretal relacionada a alta ingestão de alimentos lácteos descrita no

estudo NIH-AARP – efeito protetor do cálcio.

Excessão para o queijo;

Diminuição do risco de câncer de bexiga em homens associada a maior ingestão de alimentos lácteos

(Park et al, 2009);

16 coortes e 13 casos-controles encontraram redução no risco de câncer de bexiga associado à alta

ingestão de leite.

2 coortes e 4 casos-controles não encontraram associação entre consumo de leite e câncer de bexiga;

Alta ingestão de alimentos lácteos positivamente associada ao câncer de próstata no estudo NIH-AARP

Alimentos lácteos têm sido associados com o aumento no risco de câncer de ovário, no entanto, uma

análise de 12 coortes prospectivos não encontrou ligação;

Meta-análise de Dong e col: a ingestão total de alimentos lácteos foi inversamente associada ao câncer de

mama em 12 coortea prospectivas, com associações mais fortes para a ingestão de produtos lácteos com

baixo teor de gordura e para mulheres na pré-menopausa.

Page 16: Leite e Câncer e Câncer...Prostate, Lung, Colorectal and Ovarian Cancer Screening Trial- ensaio randomizado controlado, desenhado para testar a eficácia do rastreamento do câncer

Conclusão: pesquisas sobre produtos lácteos e risco de câncer têm sido

geralmente consistentes com o relatório WCRF / AICR de 2007

Page 17: Leite e Câncer e Câncer...Prostate, Lung, Colorectal and Ovarian Cancer Screening Trial- ensaio randomizado controlado, desenhado para testar a eficácia do rastreamento do câncer

Estudo prospectivo - 1995 e 2003;

Indivíduos entre 50 e 71 anos residentes nos EUA – 567.169 pessoas

Questionário de frequência alimentar composto por 124 itens de alimentos onde avaliou-se o consumo e o

tamanho das porções;

36965 homens e 16605 mulheres desenvolveram câncer durante o período de acompanhamento.

Page 18: Leite e Câncer e Câncer...Prostate, Lung, Colorectal and Ovarian Cancer Screening Trial- ensaio randomizado controlado, desenhado para testar a eficácia do rastreamento do câncer

Hipótese: laticínios possuem nutrientes anticarcinogênicos de alto potencial relativo, tais como cálcio,

vitamina D e ácido linoleico conjugado (CLA). Também relacionados com o aumento do IGF-1,

potente mitógeno.

Cálcio:

Diminui proliferação celular

Estimula diferenciação celular

Induz apoptose

Associado a bile – diminui danos a mucosa do intestino

Vit. D:

Atua na regulação do cálcio corporal

Metabolismo ósseo

CLA: 2 isômeros (cis-9,trans 11)

Ação antioxidante;

Aumento do processo de apoptose.

Estudos com humanos escassos e contraditórios

Page 19: Leite e Câncer e Câncer...Prostate, Lung, Colorectal and Ovarian Cancer Screening Trial- ensaio randomizado controlado, desenhado para testar a eficácia do rastreamento do câncer

Conclusões:

Laticínios e cálcio foram inversamente associados ao câncer colorretal;

Laticínios e cálcio foram positivamente associados com câncer de próstata e ovário;

Fraca associação inversa com o total de cálcio ingerido (cálcio dietético + suplementado) com a

incidência de câncer em homens;

Em mulheres, cálcio dietético, mas não laticínios, são inversamente relacionados com a incidência de

câncer;

Em homens, laticínios inversamente associados com câncer de cabeça e pescoço, esôfago, estomago,

colorretal e bexiga;

Page 20: Leite e Câncer e Câncer...Prostate, Lung, Colorectal and Ovarian Cancer Screening Trial- ensaio randomizado controlado, desenhado para testar a eficácia do rastreamento do câncer

Em mulheres:

Laticínios inversamente associados com câncer colorretal e baixa associação inversa com

câncer de estomago.

Suplementos de cálcio inversamente associados com câncer de fígado (são necessários mais

estudos);

Ingestão total de cálcio foi relacionada com aumento do risco de LNH (mais estudos são

necessários).

laticínios, cálcio dietético, suplementos de cálcio e cálcio total não se relacionam com câncer

de mama, ovário e endométrio

Obs: em relação ao câncer de mama e o consumo de laticínios e cálcio, mais estudos são necessários

associando características do tumor e o status da menopausa.

Page 21: Leite e Câncer e Câncer...Prostate, Lung, Colorectal and Ovarian Cancer Screening Trial- ensaio randomizado controlado, desenhado para testar a eficácia do rastreamento do câncer

Em homens:

Laticínios inversamente associados com câncer de cabeça e pescoço, esôfago, estomago,

colorretal e bexiga;

Nesse estudo, não houve associação do consumo de cálcio, mesmo em altas doses, com o câncer de

próstata independente do estágio;

Suplementação de cálcio reduziu recorrência de adenomas colorretais (precursor do

câncer;

A ação do cálcio e vit D podem se confundir.

Page 22: Leite e Câncer e Câncer...Prostate, Lung, Colorectal and Ovarian Cancer Screening Trial- ensaio randomizado controlado, desenhado para testar a eficácia do rastreamento do câncer

Cálcio total:

Significativamente associado com baixo risco para câncer colorretal;

Fraca associação inversa com câncer de rim;

Sem associação com câncer de próstata - o risco decresce com consumo até 1300 mg/dia.

Laticínios e cálcio:

Inversamente associados com câncer do sistema digestório (colorretal) em homens e mulheres.

O consumo de cálcio não está relacionado com o câncer de mama e próstata

Page 23: Leite e Câncer e Câncer...Prostate, Lung, Colorectal and Ovarian Cancer Screening Trial- ensaio randomizado controlado, desenhado para testar a eficácia do rastreamento do câncer

IGF-1 e câncer de mama:

Estudo de caso-controle: aumento da concentração plasmática de IGF-1 em mulheres com câncer de

mama;

Estudo prospectivo: concentrações plasmáticas de IGF-1 foram positivamente associadas ao câncer de

mama em mulheres na pré-menopausa, mas não na pós-menopausa;

Reanálise de 17 estudos prospectivos: associação positiva entre a concentração de IGF-1 e o câncer de

mama independente do status da menopausa.

Page 24: Leite e Câncer e Câncer...Prostate, Lung, Colorectal and Ovarian Cancer Screening Trial- ensaio randomizado controlado, desenhado para testar a eficácia do rastreamento do câncer

IGF-1 e câncer de próstata:

Estudo prospectivo (1998): altas concentrações plasmáticas de IGF-1 foram positivamente

associadas ao câncer de próstata;

Reanálise de 12 estudos prospectivos: associação positiva entre a concentração de IGF-1 e o

câncer de próstata independente do estagio da doença.

Conclusão: mais pesquisas são necessárias para ampliar as evidências sobre IGF-1 e risco de câncer,

a fim de melhorar a compreensão sobre o efeito da dieta no IGF-1 e se esse efeito afetaria

o risco de câncer.

Page 25: Leite e Câncer e Câncer...Prostate, Lung, Colorectal and Ovarian Cancer Screening Trial- ensaio randomizado controlado, desenhado para testar a eficácia do rastreamento do câncer

Revisão bibliográfica, de artigos publicados nos últimos dez anos, de fontes de revistas indexadas em

bibliotecas virtuais Lilacs, SciELO e Medline.

Câncer Colorretal: estudos evidenciam uma possível ação do Cálcio e da Vitamina D como anticarcinógenos.

Cálcio: ligação com os sais biliares e ácidos graxos ionizados reduzindo a proliferação celular na mucosa

colônica e promovendo diferenciação celular.

Vitamina D: ação na regulação da proliferação celular e diferenciação de células cancerígenas de humanos.

Page 26: Leite e Câncer e Câncer...Prostate, Lung, Colorectal and Ovarian Cancer Screening Trial- ensaio randomizado controlado, desenhado para testar a eficácia do rastreamento do câncer

A ingestão de leite, produtos lácteos e cálcio está inversamente associada à diminuição no risco de câncer

colorretal;

O consumo de produtos lácteos está inversamente relacionado com a reincidência de adenoma colorretal

independente do consumo de vitamina D e suplementação de cálcio. E a suplementação dietética (>1200

mg/dia) de cálcio;

O consumo de 25 g/ dia de queijo cottage, ricota, manteiga, creme ou sorvete de creme foram

relacionados com menor risco de câncer colorretal, entretanto outros produtos lácteos não demonstraram

a mesma correlação;

Ingestão de cálcio e cálcio total (dietético e suplementar) se associam a um menor risco de câncer

colorretal;

Doses moderadas de cálcio reduzem o risco, mas altas doses não teriam benefícios;

Efeito protetor do consumo de cálcio e vitamina D para câncer colorretal em ocidentais, mas os estudos

são limitados na população asiática (baixo consmo). Em japoneses observou-se a diminuição do risco em

quem tinha elevado consumo de vit. D ou exposição adequada ao sol.

Page 27: Leite e Câncer e Câncer...Prostate, Lung, Colorectal and Ovarian Cancer Screening Trial- ensaio randomizado controlado, desenhado para testar a eficácia do rastreamento do câncer

Cálcio total é inversamente associado ao risco de câncer colorretal em ambos os sexos, sendo 30% para

homens e 36% para as mulheres;

Em um dos estudos não foi evidenciado redução de risco em grupos com ingestão >= 1350 mg/dia;

Em estudos com animais, o efeito protetor do cálcio foi mais evidente em dietas ricas em gordura.

Fósforo e fibras podem diminuir a absorção intestinal de cálcio;

Vitamina D é inversamente associada ao câncer colorretal em homens, mas não em mulheres. E altas

concentrações sérica de vit. D associa-se com efeitos protetores para adenomas colorretais;

Cálcio e produtos lácteos associam-se inversamente aos tumores de cólon proximal e distal e de reto.

O leite foi inversamente associado ao câncer de cólon distal e reto.

O consumo de queijo e iogurte não obteve significância estatística.

Alto consumo de cálcio demonstrou efeito protetor para tumores de cólon distal e reto. Um estudo

demonstrou que o efeito protetor seria para tumores de cólon proximal;

Além do cálcio os produtos lácteos possuem outras substância que podem interferir na redução do

câncer colorretal, tais como: CLA, lactoferrina (inibidores de carcinogênese) e caseína (antimutagênica).

Page 28: Leite e Câncer e Câncer...Prostate, Lung, Colorectal and Ovarian Cancer Screening Trial- ensaio randomizado controlado, desenhado para testar a eficácia do rastreamento do câncer

Pesquisa bibliográfica na base de dados do PubMed de todos os estudos publicados sobre dieta e câncer de

próstata (CaP) em 2012 ou anterior.

É difícil determinar quais nutrientes comporiam a dieta ideal para a prevenção primária e secundária do CaP.

Sendo necessários mais estudos para avaliar os alimentos, ao invés de um único nutriente.

Carboidratos, gorduras saturadas, ω-6 e alguns suplementos vitamínicos – aumentam risco e a progressão de Cap

Fitoquímicos e ω-3 – retardam o risco e a progressão de Cap

Page 29: Leite e Câncer e Câncer...Prostate, Lung, Colorectal and Ovarian Cancer Screening Trial- ensaio randomizado controlado, desenhado para testar a eficácia do rastreamento do câncer

Dieta ocidental está associada ao CaP, como a outros cânceres e a obesidade.

Rica em:

Carboidratos refinados;

Gorduras saturadas;

Alta densidade energética;

Proteína animal.

Pobre em:

Frutas frescas;

Vegetais;

Grãos integrais.

O leite integral estaria relacionado com a progressão do CaP, devido ao excesso de gordura

saturada e cálcio. Enquanto o baixo teor de gordura retardaria a progressão.

Pela diversidade é difícil isolar quais componentes da dieta estão envolvidos no surgimento do

CaP. Mais pesquisas são necessárias para elucidar as vias moleculares afetadas por nutrientes

específicos e determinar os efeitos.

Page 30: Leite e Câncer e Câncer...Prostate, Lung, Colorectal and Ovarian Cancer Screening Trial- ensaio randomizado controlado, desenhado para testar a eficácia do rastreamento do câncer

Gorduras saturadas podem levar ao aumento do IGF-1 e por isso a progressão do CaP (especulativo);

O excesso de ω-6 ligado ao aumento do risco de CaP geral e de alto risco. Pesquisas atuais indicam que

ω-3 (indução das vias antiinflamatórias) possa retardar o surgimento de tumores, inclusive o de próstata-

dados inconclusivos);

Colesterol alto pode ser fator de risco para tumores devido a regulação das vias inflamatórias e

esteroidogênese intratumoral (sem evidências);

Calcitriol (forma ativa- 1,25 di-hidroxivitamina, D3):

Formação óssea adequada;

Indução da diferenciação de algumas células do sistema imunológico;

Inibição das vias pró-tumorais, como proliferação e angiogênese

De acordo com a literatura, não há associação entre Vit. D e risco de CaP. O cálcio pode se ligar a Vit. D e

inativá-la. O que pode explicar o aumento de cálcio e consumo de laticinios e CaP.

Page 31: Leite e Câncer e Câncer...Prostate, Lung, Colorectal and Ovarian Cancer Screening Trial- ensaio randomizado controlado, desenhado para testar a eficácia do rastreamento do câncer

A ingestão de cálcio e o risco de CaP são conflitantes.

Alguns estudos de meta-análise dizem que o aumento do consumo aumenta o risco, outros que

não. Um estudo sugere que o baixo consumo ou a suplementação aumentariam o risco. Baixa

evidência pré-clínica;

Escolhas alimentares conscientes e estilo de vida saudável parecem a melhor escolha.

Baixo consumo de carboidratos refinados;

Baixo consumo de gorduras saturadas;

Proteínas magras;

ω-3;

Frutas;

Vegetais;

Consumo moderado de calorias.

Page 32: Leite e Câncer e Câncer...Prostate, Lung, Colorectal and Ovarian Cancer Screening Trial- ensaio randomizado controlado, desenhado para testar a eficácia do rastreamento do câncer

Ingestão de leite recomendada em uma dieta saudável;

Ingestão elevada de laticínios/cálcio e risco de CaP relacionada com a presença de estrogênio e IGF-1 no

leite

Page 33: Leite e Câncer e Câncer...Prostate, Lung, Colorectal and Ovarian Cancer Screening Trial- ensaio randomizado controlado, desenhado para testar a eficácia do rastreamento do câncer
Page 34: Leite e Câncer e Câncer...Prostate, Lung, Colorectal and Ovarian Cancer Screening Trial- ensaio randomizado controlado, desenhado para testar a eficácia do rastreamento do câncer

Estudo com profissionais de saúde, acompanhados por 16 anos. Observou-se que o consumo entre 1500-

1999 mg/dL se associava a um risco maior de casos avançados ou fatais de CaP, mas isso não aconteceu

quando avaliaram o consumo de laticínios e cálcio simultaneamente;

Estudo de coorte multiétnica, acompanhado por 8 anos, não foi observado associação entre o consumo de

cálcio, mesmo daqueles com consumo >1300 mg/dL, e o risco de CaP. Também não foi observado

relação com o consumo de leite e laticínios com o CaP. Porém para o consumo de leite com baixo teor de

gordura ou desnatado o risco relativo era maior. O leite integral demonstrou risco reduzido para CaP.

Esses achados se relacionam com CaP de baixo risco e localizado, e não com o avançado;

Uma meta-análise com 45 estudos observacionais não sustentou a associação de consumo de lácteos e

risco aumentado para CaP.

Page 35: Leite e Câncer e Câncer...Prostate, Lung, Colorectal and Ovarian Cancer Screening Trial- ensaio randomizado controlado, desenhado para testar a eficácia do rastreamento do câncer

Mecanismos envolvidos:

Presença de estrógenos (mediado por receptores de estrogênio) e IGF-1 (não é absorvido via

oral);

Inibição da Vit. D, que é inibidor de carcinogênese prostática, pelo alto consumo de cálcio.

Obs:

A quantidade de estrogênio no leite é mínima e se o leite for desnatado menor ainda uma vez

que o estradiol é solúvel na gordura;

O consumo elevado de laticínios/cálcio podem ter efeitos contraditórios entre diferentes tipos

de câncer;

A quantidade de cálcio ingerida está abaixo do níveis preconizados em quase todos os países.

Page 36: Leite e Câncer e Câncer...Prostate, Lung, Colorectal and Ovarian Cancer Screening Trial- ensaio randomizado controlado, desenhado para testar a eficácia do rastreamento do câncer

Conclusão:

Não há um consenso com relação ao consumo de laticínios/cálcio e desenvolvimento do CaP.

Embora o excesso deva ser evitado, esses alimentos são fonte de nutrientes importantes, como

proteína, cálcio, magnésio e potássio, podendo ser aconselhado a ingestão adequada dos

alimentos de baixo teor de gordura

Page 37: Leite e Câncer e Câncer...Prostate, Lung, Colorectal and Ovarian Cancer Screening Trial- ensaio randomizado controlado, desenhado para testar a eficácia do rastreamento do câncer

Revisão de literatura epidemiológica baseada em estudos de coorte e caso-controle com foco na ingestão de

produtos lácteos e o risco do câncer de mama, base Medline, Cancerlit.

O câncer de mama é o câncer mais comum em mulheres e é a principal causa de mortalidade por câncer

em mulheres o mundo.

Fatores de risco:

1. Idade.

2. Peso corporal relativo;

3. Mudança de peso ao longo do tempo;

4. Número e intervalo de eventos reprodutivos;

5. Lactação exógena e concentrações hormonais endógenas e metabolismo;

6. Histórico de doença benigna da mama;

7. Exposição à radiação;

8. Álcool;

9. História familiar de câncer de mama;

10.Diferenças geneticas entre populações;

11.Estilo de vida e dieta.

Am J Clin Nutr 2004;80:5–14.

Page 38: Leite e Câncer e Câncer...Prostate, Lung, Colorectal and Ovarian Cancer Screening Trial- ensaio randomizado controlado, desenhado para testar a eficácia do rastreamento do câncer

Produtos lácteos - grupo alimentar diversificado com fatores que podem influenciar o risco de câncer

(teor de gordura saturada), em contraste ao conteúdo de cálcio e viatmina D que são apontados como

protetores do câncer de mama.

Mecanismos - hipóteses:

Alta ingestão de gordura saturada (e aumento dos estrógenos – evidência fraca nos estudos de coorte);

Produtos lácteos podem conter contaminantes tipo pesticidas (carcinogênicos-

organoclorados=disruptores);

Presença de fatores de crescimento tipo IGF-1 (FDA= IGF-1 inativo via oral - hipótese menos

convincente;

Presença de fatores protetores: cálcio, vitamina D e CLA (ácido linoleico conjugado) –mecanismos de

proliferação e diferenciação celular e a indução à apoptose.

Page 39: Leite e Câncer e Câncer...Prostate, Lung, Colorectal and Ovarian Cancer Screening Trial- ensaio randomizado controlado, desenhado para testar a eficácia do rastreamento do câncer

Conclusão:

Avaliação de fatores dietéticos sujeitos a vieses:

Possíveis erros de relatos no questionário de frequencia alimentar, classificação de alimentos e

porções

Dificuldade em separar os efeitos dos produtos lácteos de outros fatores dietéticos (ingestão de

vários tipos de gorduras, por exemplo, ou ingestão de frutas e legumes, etc;

Grau de fortificação.

Mesmo em estudos onde houve ajuste para covariáveis, não houve alteração no resultado.

Os estudos analisados não fornecem evidências consistentes para o consumo de laticínios e o risco de

câncer de mama

Os estudos analisados não fornecem evidências epidemiológicas que suportem a associação entre o

consumo de leite/laticínios e o risco de câncer de mama

Page 40: Leite e Câncer e Câncer...Prostate, Lung, Colorectal and Ovarian Cancer Screening Trial- ensaio randomizado controlado, desenhado para testar a eficácia do rastreamento do câncer

Meta-análise de estudos prospectivos de coorte, na base de daos PubMed, até janeiro de 2011, avaliando a

associação entre o consumo diário de laticinios e o risco de câncer de mama.

1.063.471 participantes com 24.187 casos

18 estudos epidemiológicos avaliaram o consumo diário de laticínios e o risco de câncer de mama.

Dados conflitantes com relatos de relação inversa e positiva. Além disso analisaram por região

geográfica, tempo de acompanhamento, teor de gordura dos laticínios e menopausa no início do estudo.

Page 41: Leite e Câncer e Câncer...Prostate, Lung, Colorectal and Ovarian Cancer Screening Trial- ensaio randomizado controlado, desenhado para testar a eficácia do rastreamento do câncer

O consumo total de laticínios está inversamente relacionado com o risco de câncer de mama na maioria

dos subgrupos, menos nos que consomem laticínios com alto teor de gordura ou na pós-menopausa. Essa

associação é mais forte para laticínios com menor teor de gordura e mulheres na pré-menopausa;

A ingestão de leite desnatado associou-se significativamente a um risco reduzido de câncer de mama;

Mulheres na pré-menopausa , embora não significativamente, apresentam redução do risco em relação ao

consumo de leite, em comparação com as mulheres na pós-menopausa;

Consumo de 200 g/dia de laticínios, apresenta leve redução no risco (4%), mas 200 g/dia (1 copo) de leite

não demonstrou essa redução;

O cálcio e a vitamina D, por seus efeitos anticarcinogênicos, protegem as mulheres principalmente na

pré-menopausa;

Em estudos experimentais, o CLA parece proteger as mulheres contra a carcinogênese mamária, por

atuar de forma anti-inflamatória e por induzir apoptose. Em estudos populacionais os resultados são

conflitantes. Mas o consumo de gordura saturada se associa positivamente ao câncer de mama;

O status da menopausa pode interferir com a influência do leite/laticínios no risco de câncer de mama.

Talvez relacionado com a interação do cálcio, vitamina D e IGF-1 ser mais forte na pré do que na pós-

menopausa.

Page 42: Leite e Câncer e Câncer...Prostate, Lung, Colorectal and Ovarian Cancer Screening Trial- ensaio randomizado controlado, desenhado para testar a eficácia do rastreamento do câncer

Vieses:

O uso de produtos com menor teor de gordura normalmente é acompanhado por estilo de vida mais

saudável;

Definição dos produtos lácteos utilizados;

Heterogeneidade;

O consumo de laticínios foi avaliado só uma vez durante anos de acompanhamento, os hábitos podem

mudar;

Dose resposta baseada em um número limitado de trabalhos.

Conclusão:

O aumento no consumo de leite/laticínios podem estar relacionado com risco diminuído de câncer

de mama- evidências insuficientes;

A menopausa pode modificar o efeito do leite/laticínios no risco de câncer de mama;

Mais estudos são necessários

Page 43: Leite e Câncer e Câncer...Prostate, Lung, Colorectal and Ovarian Cancer Screening Trial- ensaio randomizado controlado, desenhado para testar a eficácia do rastreamento do câncer

CONCLUSÃO PARA O CÂNCER DE PRÓSTATA

Prostate Cancer Report, Revised 2018, WCRF

Page 44: Leite e Câncer e Câncer...Prostate, Lung, Colorectal and Ovarian Cancer Screening Trial- ensaio randomizado controlado, desenhado para testar a eficácia do rastreamento do câncer

CONCLUSÃO PARA O CÂNCER DE MAMA

Breast Cancer Report, Revised 2018, WCRF

Page 45: Leite e Câncer e Câncer...Prostate, Lung, Colorectal and Ovarian Cancer Screening Trial- ensaio randomizado controlado, desenhado para testar a eficácia do rastreamento do câncer

CONCLUSÃO PARA O CÂNCER DE MAMA

Breast Cancer Report, Revised 2018, WCRF

Page 46: Leite e Câncer e Câncer...Prostate, Lung, Colorectal and Ovarian Cancer Screening Trial- ensaio randomizado controlado, desenhado para testar a eficácia do rastreamento do câncer

CONCLUSÃO PARA O CÂNCER COLORRETAL

Colorectal Cancer Report, Revised 2018, WCRF

Page 47: Leite e Câncer e Câncer...Prostate, Lung, Colorectal and Ovarian Cancer Screening Trial- ensaio randomizado controlado, desenhado para testar a eficácia do rastreamento do câncer