Leitura e Interpretação de Charge

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Uma proposta para leitura e interpretação de charges Prof. José Carlos

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Uma proposta para leitura e

interpretação de charges

Prof. José Carlos

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Conceituando o gênero textual

CHARGE

• Segundo Sérgio Roberto Costa, no Dicionário de Gêneros Textuais, a charge é uma ilustração ou desenho humorístico, com ou sem legenda ou balão, veiculado pela imprensa, impressa ou eletrônica, que tem por finalidade satirizar ou criticar algum acontecimento do momento.

• Geralmente é um texto opinativo, expresso em dimensão verbal e não verbal.

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Ainda sobre CHARGE

• Podemos dizer que a charge é um texto multimodal, uma vez que utiliza-se de mais de um modo de elaboração da mensagem comunicativa, nesse caso o verbal (através de legendas e balões com diálogos) e o não verbal (que utiliza-se das imagens icônicas).

• A agressividade, presente na charge, incita o leitor a se conscientizar e assumir uma atitude crítica diante do texto.

• A charge é uma crítica temporal, desta forma, seu texto envelhece rápido.

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• Para fins acadêmicos e didático-pedagógicos

podemos estruturar um modelo de análise

para a charge, o qual facilita a nossa

organização de idéias e forma de expressar a

nossa compreensão.

Ainda sobre CHARGE

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“Toda charge é uma crítica

temporal”

• Em nossa análise, devemos apresentar o tema ao qual a charge se refere e o contexto no qual ela está inserido.

• Lembrando-se que ela é a opinião de um chargista.

• Geralmente as charges são situacionais e tratam de temas que estão acontecendo no campo da política, educação, cultura, cidadania, economia, entre outros.

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IMPORTANTE

• Para que haja uma compreensão da

mensagem conotativa (figurada) da charge,

é preciso que o leitor (interpretante) esteja

ciente, consciente ou inserido no contexto

ou situação a qual ela se refere.

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PROPOSTA DE ANÁLISE

Estruturamos a análise basicamente

em três partes:

DESCRIÇÃO

INTERPRETAÇÃO

CONCLUSÃO

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ASPECTOS DESCRITIVOS

• Plano da expressão

• O sentido denotativo (o real)

• O primeiro significado

• O que nós vemos como imagem

• Todos os elementos visuais apresentados

ou expressos são de fundamental

importância

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ASPECTOS SIGNIFICATIVOS E

INTERPRETATIVOS

• Plano do conteúdo

• O sentido conotativo (o figurativo)

• Os outros significados e sentidos (metáfora

e hipérboles)

• O que os elementos visuais nos comunicam

• Os outros sentidos atribuídos ao conjunto

imagético expresso pela charge

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ASPECTOS CONCLUSIVOS

• O desfecho conclusivo da análise da charge.

• É expressa claramente a interpretação

pessoal do leitor (interpretante) da charge.

Vamos aos exemplos:

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Exemplo 1

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• Assunto: cotidiano do brasileiro

• Contexto: Situação atual dos consumidores

de baixa renda brasileiros que privilegiam

necessidades secundárias, como internet e

TV a cabo, ao invés de necessidades

básicas como alimentação.

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ASPECTOS DESCRITIVOS

• Um homem, que está instalado embaixo de

um viaduto, assiste televisão e chama sua

mulher para acompanhá-lo na recepção do

programa “os miseráveis”.

• Acima da imagem há o título: “Brasileiro

‘troca’ arroz e feijão por internet e TV a

cabo”

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ASPECTOS INTERPRETATIVOS

• Num sentido conotativo, a imagem completa o que está exposto no título. Evidencia que os brasileiros em condições de baixa renda mesmo morando embaixo de um viaduto, condição máxima de pobreza, tem uma televisão e usufruem do prazer de acompanhar uma programação de TV paga.

• O nome do programa, “Os Miseráveis”, ironiza com a questão da auto-percepção e identificação que o brasileiro tem de si. Nesse caso podemos dizer que são miseráveis assistindo a miseráveis.

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ASPECTOS CONCLUSIVOS

• Podemos dizer que a charge ironiza com a

situação de miséria e alienação que vive

alguns brasileiros de baixa renda e critica

nitidamente essa troca contraditória de

valores e necessidades.

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Exemplo 2

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• Assunto: Ética na escola

• Contexto: Situação contemporânea sobre a

perda ou esquecimento dos valores éticos

no ambiente escolar, envolvendo os

discentes e até mesmo os docentes.

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• A imagem retrata, no plano de fundo, uma

lousa de uma sala de aula. A esquerda uma

professora de costas para o quadro, pede

para que um garoto escreva a palavra

ÉTICA. O garoto, postado em frente a lousa

e observando a caixa de giz vazia, se

posiciona afirmando que roubaram o giz.

ASPECTOS DESCRITIVOS

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• Está implícita, de forma conotativa, que

falta ética no ambiente escolar, uma vez

que roubam o giz, um bem alheio (no caso,

da instituição, seja ela pública ou privada).

• A palavra ÉTICA em negrito nos evidencia o

tema da questão abordada, uma vez que

vem em destaque.

ASPECTOS INTERPRETATIVOS

Page 20: Leitura e Interpretação de Charge

• Há uma ironia à questão da ausência dos

valores éticos e morais na formação dos

indivíduos, salientando que a escola é uma

instituição que em sua essência deve

preservar, esclarecer e reivindicar pela

ética, seja ela nas práticas escolares ou nas

práticas sociais.

ASPECTOS CONCLUSIVOS

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Exemplo 3

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• Assunto: Relações na redes sociais

• Contexto: O boom das redes sociais e as

relações que se constroem nelas. As trocas

simbólicas e as representações que as

redes sociais tem oferecido,

especificamente o facebook.

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• A imagem mostra uma cama na qual está

acomodado um casal, sentados virados

cada um para um lado (a mulher para

esquerda e o homem para direita), estão

cobertos até a cintura por um lençol. No

colo de cada, há um notebook e ambos

estão digitando. Em cima de cada notebook

está um balão com a imagem de uma boca.

ASPECTOS DESCRITIVOS

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• A charge ironiza a questão das convergências

das práticas afetivas e cotidianas para as

redes sociais e evidencia que as trocas de

afetos estão cada vez mais distantes e

impessoais mesmo havendo uma proximidade

geográfica de cunho íntimo.

• Trocamos as relações interpessoais,

envolvendo toques, carícias, abraços,

expressões faciais por relações mediadas pela

máquina e norteadas por uma cibercultura.

ASPECTOS INTERPRETATIVOS

Page 25: Leitura e Interpretação de Charge

• Traz de uma forma exagerada (hipérbole) e irônica a maneira como acontecem as relações afetivas entre casais. Cada vez mais há distanciamento nas trocas simbólicas, porém uma proximidade física é de intimidade. Somos convocados a refletir até que ponto isso é positivo, numa sociedade em que os indivíduos se tornam cada vez mais individualistas e se colocam isolados do contato físico e interpessoal.

ASPECTOS CONCLUSIVOS

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Vamos às análises individuais!