Leitura e literatura na primeira infância Fernanda Rohlfs Pereira Março de 2015.

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Leitura e literatura na primeira infância Fernanda Rohlfs Pereira Março de 2015

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 Leitura e literatura na primeira 

infância

Fernanda Rohlfs Pereira 

Março de 2015 

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Como surgiu a literatura infantil?

O primeiro repertório de literatura para infância foi as fábulas e os contos de fadas. Esses gêneros foram devidamente adaptados para “educar” as crianças nos moldes burgueses.

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Miniatura otoniana do século XI, que retrata a passagem bíblica “Deixai vir a mim as criancinhas” do Evangeliário de Oto e da Bible moralisée de Saint Louis:

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• Cabia à escola a responsabilidade de subsidiar valores e comportamentos os quais a burguesia pretendia perpetuar, sendo, portanto, a principal promotora de acesso à literatura

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Literatura Infantil no Brasil

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Nos  anos  de  70  e  80,  eclode  significativa  ampliação  de autores e obras, época que ficou conhecida como “surto de criatividade” e  “boom  da  literatura  infantil” decorrente do crescimento e interesse na produção e publicação de livros para  crianças  no  Brasil,  impulsionada  por  projetos  de promoção  e  incentivo  à  leitura  no  país.  Entre  os  vários autores  que  se  destacaram  na  década  de  70  por  sua produção  inovadora, vale mencionar: Ana Maria Machado, Bartolomeu  Campos  de  Queirós,  Lygia  Bojunga  Nunes, Rachel de Queiroz, Ruth Rocha e Ziraldo. Na década de 80, destacam-se  as  produções  de:  Marina  Colasanti,  Pedro Bandeira,  Ricardo  Azevedo,  Tatiana  Belink.  A  literatura passou,  então,  com  maior  visibilidade  nessa  época,  a fortalecer a qualidade literária dos livros que se ofereciam a crianças. 

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VAMOS REFLETIR....

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Alguns esclarecimentos:

Não  há  intenção  em  falar  de  leitura como  ferramenta  para  ser  mais competente  no  sentido  acadêmico, embora  seja  evidente  que  o  contato precoce  com  a  literatura  repercute  na qualidade da educação. 

A leitura não é fomentada para exibir bebês  superdotados,  e  sim  para garantir em igualdade de condições o direito  a  todo  ser  humano  de  se transformar e transformar o mundo. E de  exercer  as  possibilidades  que proporcionam  o  pensamento,  a criatividade e a imaginação 

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OS ALICERCES DA CASA: LER NA PRIMEIRA INFÂNCIA?

Por que e para que oferecer leitura aos bebês se há tanto o que se fazer com eles? 

Há um consenso acerca da importância da primeira infância e, especificamente, do período entre zero e três anos como a etapa de maiores possibilidades quanto a maturação e à aprendizagem. 

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Pesquisas científicas comprovam que a maleabilidade ou a plasticidade do cérebro infantil é praticamente ilimitada e que durante a etapa intrauterina e os 3 primeiros anos de vida se registram um crescimento neurônico acelerado. 

O cérebro do bebê tem um número muitíssimo maior de neurônios que o adulto e está habilitado a estabelecer inúmeras conexões , em razão das experiências que o meio lhe oferece. 

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Os  neurônios  estimulados  com  maior frequência  continuam  funcionando  e  os  que não  o  são  perdem  sua  sinapse.  No  início muitos  desses  circuitos  disponíveis  não  são usados. 

O  cérebro  se  desenvolve  a  partir  da interação  entre  o  capital  genético  e  as experiências  propiciadas  aos  infantes, sendo  a  qualidade  dos  estímulos  decisiva no  desenvolvimento  de  suas  capacidades presentes e futuras. 

A  variedade,  o  desafio  e  a  qualidade  dos estímulos alteram o cérebro  tanto quanto os processos socioemocionais. 

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No âmbito da linguagem já se demonstrou que a criança 

depende quase que completamente da 

influência de seu meio. Os modelos apresentados pelos 

adultos próximos serão decisivos . 

Oferecer ambientes estimulantes para o desenvolvimento de 

habilidades de linguagem podem reduzir de modo considerável os problemas de repetência e evasão 

escolar. 

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O bebê ingressa na língua materna pelas vias: sonora, emotiva, poética. Embora ainda não caminhe, nosso leitor já conta com um bagagem básica para encarar a aventura interpretativa que constitui  a essência de toda leitura.

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Por intermédio do triângulo amoroso entre adulto, livro e leitor, a criança descobre que existe um outro mundo e que as ilustrações não  são  a  realidade  e  sim  sua  representação.  O  jogo  vai muito longe, pois não se limita a descrever cada página em separado, e “ensina”  ao  bebê  que  as  imagens  se  encadeiam  para  construir histórias. 

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Graças  à  companhia  dos  adultos,  as  histórias  vão  se  tornando  mais complexas  e  os  simples  livros  de  banho  ou  os  de  capa  dura  que mostravam imagens similares ao do contexto infantil  - a família, a hora de comer de tomar banho – dão lugar aos que exploram mundos da mente. O texto verbal e a ilustração tecem um diálogo que lhe permite conversar com seu pai a respeito de sensações conhecidas e de coisas guardadas em sua mente, que a linguagem dos livros ajuda a nomear. 

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Não faz mal ler para as crianças histórias que assustam. Não faz mal ler palavras desconhecidas. Não faz mal ler palavras que consideramos inadequadas para crianças. 

Embora pareça paradoxal, é na escuta atenta da narração oral  que  a  criança  se  encontra  com  as  leis  da  escritura  e interioriza uma forma diferente de organização dos feitos. 

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Precisamos considerar a literatura infantil como ARTE

Em  sua  maioria  os  professores  recusam    o trabalho  com  temas  que  considerem delicados, polêmicos, perigosos, ousados, ao promoverem  uma  verdadeira  assepsia temática e, por fim, proíbem a discussão dos enigmas  da  existência  humana  e  da complexidade das relações sociais. 

Simplificam os conflitos infantis e

subestimam a capacidade da

criança lidar com a realidade.

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As escolhas sobre o que ler para as crianças devem ser ancoradas na concepção de que as crianças são inteligentes, competentes e possuem grande curiosidade e interesse em 

conhecer. 

Propiciar contato com livros que utilizam técnicas variadas: desenho, colagem, pintura, 

recortes etc. 

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A escolha dos textos literários, em grande medida, revela o que as professoras pensam sobre as crianças, a infância, a aprendizagem e 

o processo educativo. 

Precisamos garantir variedade de: 

-Gêneros literários- Autores- Projetos gráficos- Temáticas - Tipos de roda de leitura- De locais para a leitura

O momento da leitura deve ser sistematizado e diário. 

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Durante os  anos  em que  a  criança  adquire  aos  poucos  a  capacidade para decodificar e assumir plena competência  leitora, não conta com ferramentas  suficientes  para  ler  os  livros  que  seu  desejo  de conhecimento ou seu coração exigem. 

É preciso continuar  lendo bons  livros, sem abandonar as crianças na metade  do  caminho.    O  fato  de  a  criança  já  manejar  o  código elementar da leitura-escrita não é razão para “expulsá-la do paraíso” da leitura compartilhada. 

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Leitura também é experimentação

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O papel do mediador para experiências significativas de leitura

Um mediador de leitura saberá criar momentos oportunos e atmosfera propícia para facilitar o encontro entre livros e leitores.

Nesse sentido, pode-se afirmar que um mediador de leitura não lê apenas livros, ele também lê os seus leitores, o que eles desejam, o que sonham e, por meio disso, tentam descobrir quais serão os livros que conseguirão ir ao encontro dos seus anseios e perguntas dos seus leitores.

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Técnicas para o contador de histórias:

Saber começar uma história é muito importante. O tradicional “Era uma vez...” funciona sempre, pois existe magia na expressão, que tem o poder de nos transportar para um outro tempo, que não é o presente, nem o passado, nem o futuro, mas um tempo encantado, onde tudo pode acontecer.

Para começo de conversa...

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Criar uma forma de identificação da “Hora da leitura” de forma que todas as vezes que as crianças escutarem o barulho tal ou o movimento tal, saberão que acontecerá uma leitura literária.

Da mesma forma, criar algum elemento que sinalize o término da história ou da atividade relacionada à leitura.

Brandão e Rosa (2011) abordam a necessidade do momento da roda de leitura ter uma finalidade, e também a importância de que essa prática seja preparada antecipadamente, desde a leitura prévia da obra, seus desdobramentos e seu modo de finalização. Se a dinâmica envolver um momento de conversa após a leitura da história, é necessário planejar o que conversar.

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Os segredos da interpretação oral

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Ler  ou contar histórias? 

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Bons livros literários não são escritos para ensinar alguma coisa. O leitor pode até aprender algo com eles, mas essa não deve ser a principal justificativa para a existência de uma obra. Por  isso, professores e mediadores de  leitura devem atentar à  forma como alguns temas são tratados nos  livros,  evitando  abordagens  moralistas,  didáticas, previsíveis,  maniqueístas,  paternalistas,  simplistas  ou estereotipadas  que  subestimam  a  inteligência  dos leitores  e  lhes  ofereçam  uma  visão  limitada  da experiência humana

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Bons  textos  apresentam  vocabulário  rico  e  fazem uso  inteligente  da  linguagem.  Interpelam, provocam,  fazem  pensar  e  não  subestimam  a capacidade  de  compreensão  dos  leitores.  Pelo contrário: desafiam a descobrir o que se revela por trás  das  palavras  e  convidam  ao  assombro  e  ao deleite  estético  pelo  modo  como  exploram  temas diversos,  pela  forma  como  dizem  o  que  dizem  e pelas experiências que são capazes de provocar nos leitores. 

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Obrigada!