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CENTRO UNIVERSITÁRIO UNA INSTITUTO DE EDUCAÇÃOO CONTINUADA, PESQUISA E EXTENSÃO MESTRADO EM GESTÃO SOCIAL, EDUCAÇÃO E DESENVOLVIMENTO LOCAL. ENOS VAGNER PONTES LEITURA NA ESCOLA: POSSIBILIDADES DE PRÁTICAS DE LITERATURA NO ENSINO MÉDIO BELO HORIZONTE 2018

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CENTRO UNIVERSITÁRIO UNA

INSTITUTO DE EDUCAÇÃOO CONTINUADA, PESQUISA E EXTENSÃO MESTRADO

EM GESTÃO SOCIAL, EDUCAÇÃO E DESENVOLVIMENTO LOCAL.

ENOS VAGNER PONTES

LEITURA NA ESCOLA: POSSIBILIDADES DE PRÁTICAS DE

LITERATURA NO ENSINO MÉDIO

BELO HORIZONTE

2018

ENOS VAGNER PONTES

LEITURA NA ESCOLA: POSSIBILIDADES DE PRÁTICAS DE

LITERATURA NO ENSINO MÉDIO

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

graduação Stricto-Sensu com Mestrado em

Gestão Social, Educação e Desenvolvimento

Local, no Centro Universitário UNA. Esta

colocada como requisito parcial para obtenção do

título de Mestre.

Área de concentração: Inovação

Social e Desenvolvimento Local.

Linha de pesquisa: Educação e

Desenvolvimento Local.

Orientadora: Profª Drª Áurea Regina

Guimarães Tomasi.

BELO HORIZONTE

2018

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2018

NOTA INTRODUTÓRIA

No Programa de Pós-Graduação em Gestão Social, Educação e Desenvolvimento Local

do Centro Universitário-UNA, as dissertações de mestrado se orientam pelas seguintes normas

aprovadas por seu Colegiado:

Para os elementos textuais:

1. A Introdução deve trazer o tema, problema, questão central da pesquisa, hipótese

(facultativa), objetivo geral, objetivos específicos, justificativas e o plano de capítulos;

2. O primeiro capítulo deve trazer uma revisão teórica na área temática da pesquisa, dentro

de um recorte de tempo. É esperado que esse capítulo seja apresentado na forma de um

artigo de revisão, contendo: título, subtítulo, nomes e filiação institucional dos autores

(o/a mestrando/a e o/a orientador/a), resumo, palavras-chave, abstract, keywords,

introdução, desenvolvimento, conclusão, referências, notas, anexos e apêndices;

3. O segundo capítulo deve trazer o relato da pesquisa realizada pela a mestranda. É

esperado que esse capítulo seja apresentado na forma de um artigo científico, contendo:

título, subtítulo, nomes e filiação institucional dos autores (o/a mestrando/a e o/a

orientador/a), resumo, palavras-chave, abstract, keywords, introdução, discussão

teórica, metodologia, análise dos dados e/ou discussão dos resultados, considerações

finais, referências, notas, anexos e apêndices;

4. O terceiro capítulo deve trazer o produto técnico derivado da revisão teórica e da

pesquisa realizada pelo/a mestrando/a, sua proposta de intervenção na realidade. É

esperado que este contenha: título, subtítulo, nomes e filiação institucional dos autores

(o/a mestrando/a e o/a orientador/a), resumo, palavras-chave, abstract, keywords,

introdução, discussão para introduzir o produto técnico e contextualização, descrição

detalhada do produto técnico, considerações finais, referências, notas, anexos e

apêndices;

5. Por último, o/a mestrando/a deve trazer as considerações finais da dissertação;

6. Ficam mantidos os elementos pré-textuais e pós-textuais de praxe em dissertações e

teses;

7. Alguma flexibilidade em relação a essa estrutura pode ser considerada, mas é

indispensável que o/a mestrando/a apresente pelo menos uma das suas partes na forma

de um artigo.

DEDICATÓRIA

Dedico esta dissertação, primeiro, a Deus que me deu vida, sustento e capacidade

suficientes para planejá-la no âmbito das linguagens enquanto campo de ação para as leituras

literárias - algo não tão simples como talvez pense alguns; segundo, à família: mulher, Sandra

da Silva Pontes e Pontes, pela tolerância; e filhos, sobretudo, o caçula Luís Henrique Pontes

que sempre me auxilia em certos assuntos de informática; terceiro, à minha mãe, Eny Felícia

da Silva Pontes, que não mede esforços em apoiar-me, tão-somente nesta, como também

noutros trabalhos científicos e, acima de tudo, sempre se me atém como que disponível, no que

diz respeito à pesquisa, à produção textual/cultural e científica.

AGRADECIMENTOS

Gratidão é um sentimento tão-somente simples que nem sempre se fez necessário

manifestar-se, conquanto uma vez, o ser humano pensa ser intrínseco e natural a si mesmo, daí

a razão de não se o manifestar; porquanto outra vez - e no caso desta dissertação - necessário

se faz, não somente se manifestar, mas também nomear e descrever, graciosamente, àqueles

que colaboraram e, por isso, marcaram-me:

1° - Deus, o sujeito de todos os tempos, que inspirou a ideia de proporcionar aos

munícipes de Belo Horizonte, a criação de mais um espaço em território brasileiro, para estudos

e reflexões no entorno da pesquisa didática/pedagógico/científica, tendo o coração da UNA

como o centro do pensamento filosófico-científico enfronhado ao ler e ao fazer ler sob a

temática das leituras literárias e ótica da inovação social.

2º - A minha mãe, Eny Felícia da Silva Pontes, pelas orações e constantes estímulos a

mim dispensados, na caminhada deste Mestrado.

3° - Em especial, à professora-orientadora Dr.ª Áurea Regina Guimarães Tomasi pelas

exigências, mas também sugestões de toda a coletânea de Leitura e Literatura; pelo modo

compreensivo, participativo, com autoria de conduzir o processo e, simultaneamente, de puxar

do orientando as habilidades para a produção do conhecimento científico, através da pesquisa

teórica e de campo, ao lado de orientações aos preparativos de palestras e oficinas pedagógicas

no âmbito das consultorias.

4º - À professora Dr.ª Lucília Regina Machado pelas orientações didáticas

disponibilizadas, no decorrer do período e por ocasião das aulas, nas disciplinas a que ministrou

e fora delas, inclusive, com empréstimos de livros e outras colaborações e, principalmente,

como coordenadora do Mestrado.

5° - À professora Dr.ª Matilde Meire Miranda Cadete pelas orientações didáticas

disponibilizadas, nas disciplinas a que ministrou e colaborações diversas em todas as áreas e,

sobretudo, as que se sobressaíram aos desfechos no projeto de pesquisa e sua qualificação

acadêmica.

6° - À professora Dr.ª Ana Rosa Vidigal pelas orientações, didático-científicas,

exploradas no entorno do projeto de pesquisa e repassadas em PowerPoint. Todas visando a

uma boa qualificação acadêmica do referido projeto associadas ao pesquisador, e estas

terminando como sendo promotoras de estímulos, na continuidade dos estudos e pesquisas, em

consonância com as linguagens nesse âmbito científico.

7° - Aos demais professores do curso “Gestão Social, Educação e Desenvolvimento

Local”, bem como ao pessoal da portaria/UNA, pelas simpáticas atitudes de apoio e estímulo

que, individual e particularmente, de uma maneira tão sua que, só quem recebe e é recíproco à

atitude, sabe perceber e sentir as sensações de estimulado ao contínuo exercício do fazer-

científico.

8º - Aos demais colegas de classe e de curso que também, de alguma maneira

colaboraram – cada um a seu modo; e a Deus, principalmente e mais uma vez, por ter-me feito

um sujeito empenhado na tarefa da pesquisa científica e me chamado para fazer parte deste

processo de defesa de dissertação.

9º - À comunidade escolar pesquisada, E.E. Governador Israel Pinheiro, primeiro, pela

oportunidade dispensada ao professor de poder realizar os feitos que se desembocaram nas

dramatizações do “Passeio Poético”; segundo, pela oportunidade proporcionada ao pesquisador

de poder constatar, nas práticas escolares, que as leituras literárias são, de fato e de verdade,

instrumentos de transformações da realidade. Nisso, haja vista para os efeitos provocados e

despertamentos manifestados – dentre os participantes do projeto - pós-dramatizações.

10 - Às comunidades escolares das respectivas escolas E.E. Ensino Fundamental e

Médio e E.E. Juscelino Kubitschek de Oliveira, pela abertura de espaços ao pesquisador com

sentido de realizar as horas de socializações, através de palestras sobre o tema: “Leitura na

escola e práticas de Literatura no ensino médio”, bem como realizar as Consultorias e oficinas

pedagógicas de Leituras, em consonância ao tema palestrado e a atenção manifestada pelos

professores.

Finalmente, é nestes termos que os estou sendo grato, não meramente por ser, mas por

estar grato; e porque, se não fosse Deus, tais gratidões também não se me manifestariam, ora

não por mim mesmo, mas ora pelos aspectos humanos a que, muitas vezes, se me submetem;

e, sobretudo, grato pelo grau de sinceridade com o qual estou manifesto, neste tempo de agora.

A prática da leitura é sem qualquer dúvida, um desses indicadores. Sabe-se que logo que

o tempo social dominante é o do trabalho, demanda-se á escola que ela ensine a ler e a escrever

a um maior número de indivíduos, simplesmente no sentido de uma alfabetização limitada a

decodificação das palavras. Assim, “quando o progresso das ciências e das técnicas obrigar a

dispor de uma mão de obra mais instruída, a função de ler e escrever passou a ser vista de

maneira estritamente utilitária” (INEP,1987,p.5).

Uso da fantasia para amenizar um pouco a minha grande culpa. É que a fantasia, tomada

como elemento para a construção literária, passa a adjetivar as coisas na perspectiva de

estabelecer a beleza. Navego na cobiça de um mundo mais bonito (QUEIRÓS, 2012, p.52).

LISTA DE ABREVIAÇÕES

UNIBANCO – União de Bancos Brasileiros S/A.

PCNs – Parâmetros Curriculares Nacionais.

ENEM – Exame Nacional do Ensino Médio.

PPP – Projeto Político Pedagógico.

LDBEN – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional.

CBC – Ciclo de Base Comum.

UNA – Centro Universitário.

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Tabela 1 - Quadro de estratégias de leituras: O PASSEIO POÉTICO. ......................... 107

Tabela 2 - Quadro de estratégias de leituras: EXIBIÇÃO DE VÍDEOS. Esta é fruto de

experiências de leituras prévias e preparatórias às dramatizações no “Passeio Poético”.

................................................................................................................................................ 108

Tabela 3 - Quadro de estratégias de leituras: CAIXA DE LIVROS.. ............................. 109

Tabela 4 - Quadro de estratégias de leituras: MOMENTO NOBRE DA LEITURA

LITERÁRIA. ........................................................................................................................ 110

Tabela 5 - Quadro de estratégias de leituras: MOMENTO NOBRE DAS

DRAMATIZAÇÕES. ........................................................................................................... 111

Tabela 6 - Quadro de estratégias de leituras: A LEITURA VISUAL: A FOTOGRAFIA.

................................................................................................................................................ 112

Tabela 7 - Quadro de estratégias de leituras: EXIBIÇÃO DE VÍDEOS

PUBLICITÁRIOS.. .............................................................................................................. 113

Tabela 8 - Quadro de estratégias de leituras: PRODUÇÃO DE VÍDEOS

PUBLICITÁRIOS.. .............................................................................................................. 114

Tabela 9 - Quadro de estratégias de leituras: UM MOMENTO NOBRE PARA O

DEBATE.. ............................................................................................................................. 115

Tabela 10 - Quadro de estratégias de leituras: MOMENTO NOBRE DA

INTERPRETAÇÃO. ............................................................................................................ 116

Tabela 11 - Quadro de estratégias de leituras: LEITURA VISUAL CRÍTICA: O NÃO

ANÚNCIO.. ........................................................................................................................... 117

Tabela 12 - Quadro de estratégias de leituras: CELULARES SOBRE A MESA:

LEITURA DE MENSAGENS. ............................................................................................ 119

Tabela 13 - Quadro de estratégias de leituras: HIPÓTESES: LEITURA

IMPREVISÍVEL. ................................................................................................................. 120

Tabela 14 - Quadro de estratégias de leituras: ANÁLISE CRÍTICA: MOMENTO

NOBRE DA LEITURA EM VÍDEOS. ............................................................................... 122

Tabela 15 - Quadro de estratégias de leituras: MOMENTO NOBRE DAS

DRAMATIZAÇÕES ............................................................................................................ 123

Tabela 16 - Quadro de estratégias de leituras: ROTEIRO EM VÍDEOS: MOMENTO

NOBRE DA LEITURA PARA O DOCUMENTÁRIO .................................................... 124

Tabela 17 - Quadro de estratégias de leituras: MOMENTO NOBRE DO

COMPUTADOR: LEITURA E OBSERVAÇÃO CIRCUNSTANCIADA. ................... 125

Tabela 18 - Quadro de estratégias de leituras: MOMENTO NOBRE DO

COMPUTADOR: USO DAS FERRAMMENTAS DO GOOGLE. ................................ 127

Tabela 19 - Quadro de estratégias de leituras: MOMENTO NOBRE DO

COMPUTADOR: LEITURA DE IMAGENS TECNOLÓGICAS. ................................ 129

Tabela 20 - Quadro de estratégias de leituras: MOMENTO NOBRE DO

COMPUTADOR: EXPLORANDO OS RECURSOS DO GOOGLE.. ........................... 131

Tabela 21- Quadro de estratégias de leituras: LEITURA SELETIVA: UM MOMENTO

EXPRESSIVO DA AUDIÇÃO. Este é fruto de experiências com a formulação de

conceitos de leituras focados na lógica e uso dos órgãos dos sentidos. ............................ 132

Tabela 22 - Quadro de estratégias de leituras: LEITURA SELETIVA: UM MOMENTO

EXPRESSIVO DA VISÃO .................................................................................................. 134

Tabela 23 - Quadro de estratégias de leituras: LEITURA SELETIVA: MOMENTO

EXPRESSIVO DO PALADAR. .......................................................................................... 136

Tabela 24 - Quadro de estratégias de leituras: LEITURA SELETIVA: MOMENTO

EXPRESSIVO DO TATO. Este é fruto de experiências com a formulação de conceitos

de leituras focados na lógica e uso da sinestesia conjugada aos órgãos dos sentidos. .... 138

Tabela 25 - Quadro de estratégias de leituras: LEITURA SELETIVA: MOMENTO

EXPRESSIVO DO OLFATO. ............................................................................................ 140

SUMÁRIO

LEITURA NA ESCOLA: POSSIBILIDADES DE PRÁTICAS DE LITERATURA NO

ENSINO MÉDIO.................................................................................................................... 22

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 16

2 PLANO DE CAPÍTULOS .............................................................................................. 26

CAPÍTULO I .......................................................................................................................... 28

A FORMAÇÃO DO LEITOR NA ESCOLA ...................................................................... 28

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 28

2 OS CONCEITOS DE LEITURA E LITERATURA NA ESCOLA E NO ENSINO

MÉDIO .................................................................................................................................... 31

2.1 A literatura, o leitor e a autorrealização. ................................................................... 32

2.2 O professor como mediador das práticas de leitura na escola ................................. 34

2.3 A familiarização do leitor com as leituras literárias ................................................. 36

2.4 Leituras literárias no Ensino Médio, educação e desenvolvimento local. ............... 37

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................. 40

REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 41

CAPÍTULO II ......................................................................................................................... 45

PESQUISA DOCUMENTAL: PRÁTICAS DE LEITURAS E DRAMATIZAÇÕES DE

TEXTOS POÉTICOS ............................................................................................................ 45

I INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 45

2 PRÁTICAS DE LEITURAS E LITERATURA NOS ESPAÇOS ESCOLARES ......... 49

2.1 O que é leitura? ............................................................................................................. 50

2.2 Passeio Poético: um convite às práticas literárias ..................................................... 55

2.2.1 Aspectos introdutórios ........................................................................................... 55

2.2.2 Documentos utilizados como base de pesquisa .................................................... 57

2.2.2.1 O regimento escolar e Projeto Político Pedagógico – PPP .............................. 57

2.2.2.2 Os registros de eventos administrativo/pedagógicos ....................................... 58

2.2.2.3 A organização e caracterização da coordenação geral e das equipes de

trabalhos .......................................................................................................................... 61

2.2.3 A exploração de novos espaços na escola ............................................................. 68

2.2.4 A apresentação e dramatização dos jograis ......................................................... 69

2.2.5 O julgamento das apresentações ........................................................................... 70

3 O PASSEIO POÉTICO COMO ESTRATÉGIA DE ESTÍMULO À LEITURA E

LITERATURA ....................................................................................................................... 71

3.1 Registros de representações de tribo indígena ...................................................... 72

3.2 Registros em fotografias constando das dramatizações ....................................... 72

4.3 Registros em audiovisual constando de depoimentos de pais ou responsáveis por

alunos ................................................................................................................................... 73

4.4 Registros de representações de tribo urbana ............................................................. 74

4.5 Algumas considerações intermediárias ................................................................. 75

5 ASPECTOS RELEVANTES DO PASSEIO POÉTICO ................................................. 76

5.1 Abordagens introdutórias ............................................................................................ 76

5.2 Conteúdos relevantes .................................................................................................... 77

5.3 O problema das interferências nas leituras ................................................................ 82

5.4 Os problemas relacionados a conceitos ...................................................................... 83

5.5 Os problemas de natureza social, educacional e de desenvolvimento local. ........... 85

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................. 87

REFERÊNCIAS .......................................................................... Erro! Indicador não definido.

CAPÍTULO III ....................................................................................................................... 93

CONTRIBUTO TÉCNICO: ESTÍMULO À PRÁTICA DE LEITURA LITERÁRIA NO

ENSINO MÉDIO.................................................................................................................... 93

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 93

2 JUSTIFICATIVA ................................................................................................................ 97

2.1 Aspectos prévios e explicativos ao levante de atividades de leituras .................. 97

2.1.1 Pela relevância das leituras literárias enquanto instrumentos de

transformações dos espaços, das pessoas e dos próprios processos de leituras. ........ 98

2.1.2 Relevância das leituras literárias em relação à linha de pesquisa, a educação e

desenvolvimento local no Mestrado e nas práticas escolares anteriores ao “Passeio

Poético”. ......................................................................................................................... 101

3 ASPECTOS PÓS-EXPLICATIVOS E ARTICULATÓRIOS DA PROPOSTA DE

INVENTÁRIO ...................................................................................................................... 104

3.1 Abordagens introdutórias .......................................................................................... 104

3.2 Propostas de estratégias de estímulo às leituras ...................................................... 105

INVENTÁRIO DE ESTRATÉGIAS DE LEITURAS ...................................................... 106

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS ....................................................................................... 141

REFERÊNCIAS .......................................................................... Erro! Indicador não definido.

RESUMO

Esta dissertação, como fruto de projeto científico pensado no bojo do Mestrado Profissional em Gestão

Social, Educação e Desenvolvimento Local, no Centro Universitário-UNA e, apresentada em três

capítulos, que versam sobre o eixo-temático que contorna o ensino-aprendizagem do ponto de vista das

leituras literárias. Assim, no primeiro capítulo e no entorno de formulações de conceitos, e confronto de

ideias, se alcança a teorização de muitos problemas interferentes nas leituras escolares. Já no segundo

capítulo, apresentado sob uma nova conceituação de leitura, faz-se desenrolar no entorno de uma

pesquisa documental visando a caracterizar, em narrativas bem peculiares, o “Passeio Poético”,

atividade sociocultural desenvolvida, em 2014, com fins de resgate da autoestima de alunos numa escola

pública de Contagem. Ao passo que também, no terceiro capítulo, este se faz desenrolar-se no entorno

da produção de um inventário e elaboração de um contributo técnico permanente aonde uma equipe

técnica de profissionais em serviço deve capacitar implementar e desenvolver políticas públicas de

educação locais focadas em leituras. Daí, com o objetivo de analisar os modos como os alunos do ensino

médio estão procedendo com as práticas dessas leituras, esta dissertação se coloca enquanto

instrumento/contributo para que tais sejam alcançados com sucesso. Nisso, se considerando que as

dificuldades encontradas, diariamente, quase sempre se desembocam em situações de desestímulos e

desinteresses pelas leituras, as estratégias de mudanças implicam que essas situações ainda não foram

superadas. Para tanto, na forma de artigos científicos e seguindo parâmetros metodológicos consistentes

na conceituação, na análise documental, elaboração de um inventário e contributo técnico permanente

e, ao lado de uma fundamentação teórico-bibliográfica, esta se centra enquanto que resultante de projeto

e reflexões contornadas por registros de experiências em consonância com a interação e práticas de

leituras literárias. Finalmente, como que objeto de transformação dos espaços escolares, das pessoas,

embarcando a valorização das relações professor-alunos, termina por se constituir os desafios de se

continuar repensando as práticas de leituras literárias somadas ao desenvolvimento local e ao resgate de

valores em âmbito de educação básica nos polos da escola pública.

PALAVRAS-CHAVE: leitura na escola, práticas de leitura, leitura no Ensino Médio, educação e

desenvolvimento local.

ABSTRACT

This dissertation, as offspring of scientific project calculated in bowl at from professional master’s degree by

Societal Management, Education and Local Development, in Undergraduate Center-UNA and, featured in chapter

tree that to converse about the thematic-axe to what the education-apprenticeship of view of point from

literatures reading. That way, first chapter in and precincts of formulation at concepts, and ideas

confrontation of, achieve the theorization to problems umpteen scholastic of interference in reading.

Already, in second chapter, featured under one conceptualization new of reading, made-if to develop in

precincts of one documental research, to aim at to characterize, narrative in distinctive very, the “Poetic

Sidewalk”, sociocultural activity developed, in 2014, with purposes of bailout from self-esteem of

people on the self, school public of Count. To the footstep also that, in chapter third, this if made to

develop-if in precincts of inventory one and elaboration of one technician contribution constant whither

one technician squad of professionals in service obligation to qualify, to implement and to develop

publics politics of education local focused in reading. Hence, with the objective of to analyze the modes

as the people of meddle education to be stemming with the practices reading these, this dissertation if

to pose while contribution/instrument at that such to be attained with success. In this, if consider that

the stumbled difficulties, daily, those always is to disembogue in situations of disinterest to shell reading,

the strategies of removals to implicate that situations even not to be overcome. All the more to, in

scientific article of form, and second parameters consistent methodological in conceptualization, in

documental analyze, elaboration of one inventory and technician constant contribution and, side on of a

fund mentation bibliographic-theoretical, this center if that while resultant project of and reflexing

circumvented for records of experience in consonance interaction and practices of reading literature.

Finally, that as object of transformation the scholastic space, the persons, to embark the valorization of

people-teacher relations, to finished for if to constitute the challenges of if to continue to reconsider the

reading practices of literary enlargement developing on local and at rescuer of value ambit in of basic

education in poles of public school.

KEYS-WORD: in school reading, reading of practices, middle in education reading, education and

developing local.

16

LEITURA NA ESCOLA: POSSIBILIDADES DE PRÁTICAS DE LITERATURA NO

ENSINO MÉDIO.

1 INTRODUÇÃO

As práticas pedagógicas de leituras literárias, no campo da Literatura Brasileira, e de

abrangência do Ensino Médio, se colocadas e, em se tratando de dissertação, tendo como alvos

de escrita, de um lado, os registros sobre que se fundamentaram a pesquisa de base documental,

seus conteúdos e suas metodologias; do outro, ao formato de artigos objetivando elaborar,

comparar e analisar conceitos, dados coletados, fazendo confrontos de ideias, dentre outros.

Logo, confrontos capazes de esmiuçar a realidade da escola pesquisada, portanto e,

primeiramente, o pretendido passa pela problematização.

Assim sendo, tal confronto se posta dentre as visões teóricas dos autores referendados

no projeto de pesquisa científica, outros selecionados para o gênero proposto, as práticas de

leitura e literatura constatadas pelo pesquisador, e o em que isso ajudou no combate aos

comportamentos de interferências e violência. Para tanto, terminando-se por explanar

características, eficácias do produto técnico e sua capacidade de auxílio à comunidade escolar.

Dado isso, como o problema já identificado na fase de problematização, no projeto

científico, de fato, se constata, pois se refere às reais condições de oferta e das possibilidades

de leitura presentes no espaço escolar. A pesar disso, se alguns sujeitos na escola supostamente

sem envolvimento com a leitura, mas tantos outros envolvidos. Daí, também, se viu que a

realidade da escola pesquisada, também de fato, está mediada por conflitos e interferências que,

não somente de certa forma, incomodam os processos de aprendizagem.

Entretanto, só não os impedem totalmente, porque as atividades socioculturais mediadas

pelas diversas possibilidades de leituras contam com alto teor de significação no conceito de

alunos, professores e comunidade escolar. Logo, os dantes pensados conflitos perdem forças e,

através deles, se revelam os puxadores na redescoberta e reversão dos desestimulados.

A saber, ao professor que, dantes se pensavam, talvez, interessar-lhe postura de

envolvimento com o aluno, buscando atraí-lo dos processos de desestímulos, agora se o vê

como que já estava envolvido, pois que, já havia conseguido que muitos daqueles sujeitos

desestimulados, se envolvessem e se interessassem pelas práticas de leitura. Logo, embora

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não tenham sido todos, mas isso trouxe à tona novas perspectivas de valores e conquistas para

a realidade local.

Ou seja, se em geral, no âmbito da problematização, o alunado não era visto como sendo

composto de sujeitos que precisassem de muito estímulo e, por isso, traziam alguma

incompletude em relação à familiaridade com as práticas de leitura, agora se constata disso.

Entretanto, se assim de fato o trazem, o pensar de Parreiras (2014) tinha razão, pois que parece

mesmo não haver espaço/tempo/meio que oportunizem uma interação, buscando sentidos de

socialização das leituras realizadas por esses sujeitos.

Portanto, viu-se, nessas práticas de leitura e literatura, que o professor teve mesmo de

correr atrás de tais espaços. Logo, a ideia pesquisada ter se concretizado em discussão e

reflexões sobre os conflitos de interferência e a falta de familiaridade com a leitura, ao lado de

razões que justificam a ideia desta dissertação.

Assim dessa maneira, a título de ilustração e, para problematizar, houve necessidade de

destacar que o “número de jovens que concluem o Ensino Médio na idade certa, ou seja - até

os 17 anos - subiu em 10 anos, passando de 5% em 2004, para 19% em 2014” (UNIBANCO,

2014, p.1). Entretanto, de outra maneira, se do mesmo ponto, tinha-se a impressão de que os

processos de leitura estariam bons, pois que houve crescimento significativo, no entanto,

suspeitou-se disso na problematização, e constata-se agora de que estes ainda estão mesmo

abaixo dos 80%, que não alcançam o ensino médio, ou seja, embora haja avanço, a situação

ainda é precária. Logo, nas práticas de leitura, estes ainda são dados que precisam ser vencidos

noutras possíveis situações de pesquisas.

Para tanto, outras suspeitas levantadas na problematização, e de que se confirmam

agora, estão no problema da leitura presente na escola, e os sujeitos que adentram com

pensamentos supostamente invertidos sobre ela, que pareciam nem percebidos, ao passo que,

de fato até hoje, nem percebem que ali há professores, orientador e supervisor pedagógicos.

Logo, lugar em que, talvez, se devesse dedicar maior atenção e especial respeito para com as

leituras e, por isso, campo motivacional de iniciativa de dissertação.

Ou seja, a escola ao enfrentar os obstáculos na efetivação dos processos pedagógicos

em leituras, sobretudo, as literárias, para vencer as forças do iletrismo em favor do domínio da

leitura e escrita, como nos revelou Soares (1998), naquela problematização, ficou, por hora,

sem perceber nem ser percebida pelos mesmos sujeitos nem pela própria escola, pois que as

situações são muitas e, nas práticas escolares, normalmente, não se dão mesmo tempo de

resolver tudo simultaneamente.

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Daí, se não se pusesse a pensar nos processos sob os quais a escola se organiza, durante

a problematização, não se veria que esta não tem mesmo elementos suficientes para antagonizar

a essas forças que, em dado momento, se colocam como galgando os mesmos patamares que a

escola e, por isso, a insuficiência, às vezes, compromete os processos escolares no fim de vencer

dos reais problemas da leitura. Logo, isso também de fato se confirma nas práticas escolares,

pois que os elementos de resistência e combate às forças contrárias são insuficientes.

Também, se não se observasse bem no entorno da sala de aula, não se veria que escola

não tem conseguido muito êxito na formação do aluno no concernente a esse letramento

literário, como ainda dizem Silva e Silveira (2013). Aliás, por algumas razões, não se tem dado

conta de trabalhar com os alunos essas habilidades, de modo satisfatório, para o seu

desenvolvimento ao longo de sua trajetória na educação básica. Então, o que se confirma é que

as autoras tinham razão em apontarem tal deficiência, pois que o letramento literário ainda não

se sobressaiu com êxito.

Mas ainda, se olhado na problematização e como houve necessidade, a realidade

sociocultural da escola brasileira, não somente a pública, muitas vezes, vem marcada por

inseguranças como, em seu entorno, quase sempre se identificam conflitos que, de certa forma,

prejudicam a aprendizagem. Isso se podia suspeitar, no entanto, agora se pode verificar em

dados referentes às dependências ou proximidades de escolas no Brasil, que a realidade ainda

está longe de se alterar. Logo, os dados permanecem intactos, ou pelo menos quase que do

mesmo jeito que problematizados:

[...] insegurança no trajeto casa-escola (8,8%), insegurança na escola (8,0%), agressão

física nos últimos 12 meses (15,9%), envolver-se em briga nos últimos 12 meses

(20,7%), briga com arma branca (7,3%), briga com arma de fogo (6,4%), agressão

física por familiar (10,6%) e ter se ferido seriamente nos últimos 12 meses (10,3%)

[...] (MALTA, at al, 2012, p. 158).

Daí se pensar em reações a contento para conquistar adolescentes e jovens, por meio de

processos de aprendizagem e letramentos literários, despertando e criando situações de

desenvolvimento de interesse pela leitura, por parte de crianças, adolescentes e jovens, como

defendia Soares (1998) e, depois da pesquisa, passa a serem, de fato, as práticas mais

interessantes ao professor, pois que puxá-los à leitura virou mais que compromisso.

Afinal, o profissional que atua dentro da escola, talvez se sinta, no entanto, como quem

perdeu a capacidade de reação em mesmo nível e patamares em que vêm marcadas as

inseguranças. Por isso, o problema se torna muito maior do que normalmente se coloca. Então,

o a ser feito, na problematização, podia ter sido organizar processos de leituras que os

antagonizassem sem necessariamente preocuparem-se com as inseguranças, tornando as

19

leituras mais importantes aos interesses dos alunos, até chegar a um protagonismo mais

completo. Logo, o que a escola fez ou está fazendo: ler sem medo da violência.

Afora isso, vê-se, nas práticas, que a marca das interferências, na escola jamais ficará

indeléveis, pois que os dados levantados na problematização, observados e constatados pelo

Unibanco, confirmam o que se viu: “um milhão e trezentos mil alunos entre 15 e 17 anos

deixaram a escola, sem concluir os estudos, dos quais 52% não concluíram sequer o ensino

fundamental” (UNIBANCO, 2014, p 1). Então, a necessidade de se os investigar permanece.

Nisso, pensar nos critérios que norteiam o tempo social do trabalho escolar em relação às

leituras literárias, isto é, a partir da sociologia do tempo social (TOMASI, 2009):

[...] Sabe-se que sendo o tempo social dominante o do trabalho, demanda-se a escola

que ela ensine a ler e a escrever a um maior número de indivíduos no sentido de uma

alfabetização limitada, [...] Entretanto hoje, [...] a mudança do tempo social

dominante aparece tanto mais evidente que demandamos à escola a atribuição de

outro papel no ensino da leitura e da formação do leitor, mesmo porque ocorreram

mudanças na sociedade que atingem essa prática [...] (TOMASI, 2009, p. 3).

Adentro isso, supor-se-ia ainda que o aluno quisesse a opção por adentrar-se ao mundo

do letramento de maneira informal, como pensou Parreiras (2014). Ou seja, se a escola e

professores não o tivessem olhado como leitor deixando de ser um receptor passivo,

permitindo-o tornar-se um sujeito ativo, esse não teria se confirmado como um componente

incentivador na formação de leitores. Logo, conflitos, quaisquer que sejam, têm de ser

enfrentados para, em tempo oportuno serem vencidos. E nesse, é claro, é a leitura como o

principal elemento que justifica a ideia de problematização.

Assim, a escola como um lugar onde se dão mais oportunidades para o aluno e suas

escolhas das obras literárias, as mais atrativas à idade e as do gosto pessoal, oferecendo-lhe

mais chances para a sua formação de leitor. Logo, é esse entusiasmo e liberdade de escolha que

o aluno precisa ter para conseguir se desprender dos desestímulos, em muitas situações

pesquisadas.

Contudo, ler e escrever, segundo Orlandi (2000) são duas práticas sociais básicas de

todas as sociedades letradas. E isso, para ela, independe do tempo médio gasto com leitura e

escrita, bem como do contingente e das pessoas que praticam essas modalidades na língua.

Então, ler se fez necessário e incentivar os outros a lerem, também, principalmente, os alunos

do Ensino Médio, com os recursos e atrativos para a leitura e escrita.

Finalmente, valeu à pena pensar nos dados de possíveis pesquisas e que, naquele

momento assustavam, como por exemplo: “45% dos alunos concluintes do Ensino Médio, mal

sabem ler e escrever. E desses, 26% chegam à faculdade, mas sem atingirem o nível pleno da

alfabetização”. (CAVALCANTI, 2008, p. 3) Ou seja, pensou-se neles como dados que

20

pudessem ser alterados. E sua alteração só se não daria se não houvesse busca dos atrativos

mais fortes ao gosto do aluno. Como houve e ainda há essa busca, então, o olhar para os dados

já não é mais assustador, porque é uma realidade que de fato existe, mas que está sendo

enfrentada nos seus mais diversos apliques pedagógicos.

Afora isso, como a questão central desta dissertação gira em torno do como a escola,

enquanto lugar privilegiado de educação formal se posiciona de maneira a protagonizar, ou seja,

ser o agente principal nos processos de formação do leitor em diferentes leituras/ou em leituras

literárias? Então, o que se esperava era a alteração desses dados, ou seja, algo que deve ser

observado nas estruturas que contornam os próximos capítulos desta mesma dissertação.

No mesmo modo, como o objetivo geral desta dissertação também gira em torno de

analisar como acontecem as práticas docentes de literatura no ensino médio, das leituras

literárias, com sentido de estímulo aos alunos, essa expectativa era de que tais análises se

procedessem com sentido de detectar a existência de comportamentos de leituras, fossem esses

nas suas mais diversas modalidades, ao lado de alcançar alunos estimulados, no referente às

práticas das leituras, sobretudo, as literárias.

Entretanto, como o primeiro capítulo desta dissertação se constrói, essencialmente,

amarrado aos eixos que se conceituam formulando e reformulando conceitos de leituras tanto

as leituras, de modo geral, quanto às leituras literárias mais especificamente. Então, isso tudo

aponta para um capítulo muito mais teórico do que naturalmente se pensaria, fossem as práticas

de leituras e literatura nos espaços escolares.

Mas noutro modo, esta dissertação também se constrói sob a ótica de objetivos bem

mais específicos que os repensados anteriormente, mesmo porque, esses objetivos se ramificam

das expressões dadas pelo objetivo geral. Para tanto, identificar, na formulação de conceitos,

práticas de leituras, que possam ser aproveitadas na formação do leitor passam a ser, de fato, o

objetivo-norte do primeiro capítulo, pois que este abarca, em seu bojo e contexto, a necessidade

de teorizar toda a sistemática das leituras literárias, a ser explorada no decorrer dos demais

capítulos.

Assim sendo, fomentar estudos de revisão literária conjugados às narrativas de práticas

de leituras vivenciadas nos espaços escolares, também termina por se apontar o norte do

segundo capítulo. Afinal, é nele que constam das pequenas narrativas que conduzem o leitor

para conhecer a realidade da escola-referência, no que tange ao projeto “Passeio Poético no

pátio da escola”.

E como são práticas de leituras, tais estão colocadas sob o respaldo teórico dos autores

referendados. A saber, não são práticas de leituras sozinhas no mundo da escola pesquisada,

21

são praticas que além de serem vivenciadas por alunos e professores nos espaços escolares,

estão respaldadas, teórico-cientificamente, por autores que já vivenciaram as mesmas

experiências sob outros focos e vivências amarradas aos eixos tanto das leituras, geralmente,

quanto das leituras literárias, especificamente.

No entanto, como levantar, em meio às práticas escolares, um inventário e, a partir dele,

construir contributos técnicos permanentes focados em políticas públicas de desenvolvimento

educacional/local, também termina por despontar-se como sendo o objetivo-norte do terceiro

capítulo desta dissertação. Daí, as práticas de leituras, literárias ou não, só se vão afunilar-se,

cada vez mais, enquanto contributos para a formação do leitor.

E não somente, pois que a cada conjunto de atividades de leituras, é sempre um

inventário que se constrói no entorno das práticas levantadas. E isso, se assim pensado e assim

organizado, de fato, constitui-se o contributo técnico pensado no bojo do objetivo elaborado.

Logo, isso também se faz pretenso no âmbito desta dissertação e enfocando, básico-

significativamente, o eixo do terceiro capítulo.

Conquanto, sob a ótica dos elementos que se pensam justificativos desta dissertação, o

que se vê, talvez, como relevância para experiência profissional e acadêmica e razões para a

escolha do tema, é que o motivar-se desta dissertação tem como fundamento experiências do

professor no ensino de literatura que, muitas vezes, se deu com ensino de conteúdos conjugado

às recomendações de romances, contos, texto informativo, dentre outros, mas não somente,

conjugadas às práticas de leituras com dinâmicas de representações do texto lido, de ensaios,

encenações de partes de texto ou do texto integral, e dramatizações coletivas e individuais.

Logo, pressupostos de experiências profissionais.

Isso somado ao interesse em promover o despertamento dos alunos por processos

profícuos e envolventes de leitura, principalmente, pois que isso tende a contribuir com um

ensino médio mais fortalecido, e preparado para enfrentar processos mais avançados de práticas

de leituras. E fazendo isso, constituem-se motivos para a escolha do tema e razões para registros

de dados em dissertação.

Aliás, no trato de leituras mais avançadas e no pensar de Maciel (2013) sobre a educação

e na visão de Queirós (2012), quando “[...] ganha um formato sinestésico, abrangendo a

totalidade dos sentidos, instaurando o corpo em sua materialidade como sujeito de um processo

que passa pelo afeto, pelo olhar [...]”. Logo, formato que intui comportamentos do sujeito como

um todo: desde as percepções e sensações do corpo, ao sentimento e envolvimento da alma,

sem contar no corpo físico disposto ao trato das leituras e predisposto como leitor do mundo

através das literaturas.

22

Enquanto que, para Dias e Menezes, (2014), reflete o papel da literatura em nossos

modos de vida e na escola, pois ela nos mobiliza, é fonte de prazer e conhecimento, nos torna

pessoas, não apenas mais sensíveis, mas, sobretudo, críticas, conscientes da nossa função no e

para o mundo. Logo, essa capacidade crítica deve estar no aluno, mas a força impulsora dessas

críticas e mudanças está no professor, como versa Carbonell (2002):

[...] A principal força impulsora da mudança são os professores e professoras que

trabalham de forma coordenada e cooperativa nas escolas e que se comprometem a

fortalecer a democracia escolar. Um compromisso que, seguindo um movimento de

baixo para cima, orienta-se para a obtenção de uma educação integral, que articula as

experiências dos alunos e os problemas sociais reais com a cultura escolar, superando

a visão estreita, tecnicista e academicista do rendimento escolar [...]. (CARBONELL,

2002, p.30)

Assim dessa maneira, sobretudo com a força impulsora do professor, segundo Carbonell

(2002), pensa-se, o justificar-se da dissertação passar, a priori, pelo despertamento e interesse

do professor somado às experiências nas práticas de leitura, com sentido de solidariedade,

curiosidade e vontade de estender e promover o mesmo despertamento no comportamento dos

alunos.

Logo, razões porque o tema terá sido escolhido, pois que tratam de vencer as

dificuldades presentes nos espaços escolares, os obstáculos da aprendizagem, mas não só isso,

ganhar gosto pelas leituras de modo tão envolvente que a própria sinestesia seja o campo de

atração, ao lado do aspecto afetivo-interativo com o livro, como recorda Maciel (2013).

Doutra maneira, reconhece-se que não é este processo de investigação, que vai alterar,

mas, pensa-se que seus resultados podem afetar o despertar de docentes e discentes no contexto

escolar. Isso porque a educação como linha-mestra aponta para essas mudanças. Aí, se

considerando que os supostos processos de interferências, nos comportamentos dos alunos, têm

sido mais interessantes do que os de ensino aprendizagem.

Nisto se supõe que esse quadro seja alterado, senão, não justificaria o ter identificado

tal situação-problema. Aliás, ainda para Maciel (2013), “[...] o professor, longe de ser o que

dita, o que impõe, deve chegar [...] com um coração destrancado, que saiba tomar sol.

Entretanto, [...] pode [...] ficar mais interessado e integrado ao compromisso de que ‘ler é o

preço que pagamos por sermos alfabetizados’ [...]" (QUEIRÓS, 2012; MACIEL, 2013, p.91).

A saber, aprendendo uns com os outros, o professor aprende com as suas próprias

experiências. Mas não somente, com as dos alunos, estes também lendo, aprendendo e levando

as suas experiências como troca, além de aprender tanto individual quanto coletivamente.

23

Portanto, isso tudo junto promove o fazer educativo e aponta para razões motivadoras de

dissertação.

Logo, uma vez constatados os dados, estes poderão apontar o de que fazer para, em

posse dos deles e na conscientização da comunidade escolar, possam-se estabelecer as

proposituras de transformações. Então, esse é o contexto que interessa ao professor e aos

alunos-leitores numa caminhada cidadã, isto é, como versa Dowbor (2009, p. 1-2), o professor,

tendo a educação como referência, é quem desperta o aluno para a busca de sua cidadania:

[...] Para termos cidadania ativa, temos de ter uma cidadania informada, e isto começa

cedo. A educação não deve servir apenas como trampolim para uma pessoa escapar

da sua região: deve dar-lhe os conhecimentos necessários para ajudar a transformá-la

[...] (DOWBOR, 2009, p. 1-2).

Contudo, no que tange à experiência profissional conjugada ao acadêmico, e ambas

colocadas como relevância para a dissertação, importa como professor de Português e

Literatura, contribuir para o enriquecimento profissional no ensino de leituras, de literatura,

produções de texto, etc., mas não somente, para um aluno afetivo e estimulado, capacitado para

enfrentar processos avançados de leitura em comportamentos de leitor-maduro. Ou seja, a

dissertação pretendida, passa pela ampliação do leque nessas experiências.

Então, como versam Dias e Gomes (2015), registrar experiências de leitura possibilita

conhecer o quê e como leem para quem leem, quando e onde leem. Para elas, autoras, as

semelhanças e diferenças nas práticas de leitura vivenciadas por estudantes e professores,

mostram que diferentes concepções de letramento resultam em práticas sociais e em

oportunidades de aprendizagens diversas.

Finalmente, estudos sobre as temáticas da leitura e literatura há. Para tanto, a formação

do leitor se tornou tão importante, que esses temas não se esgotam. Portanto, ainda vale à pena

investir, pois o fazer ler consciente e consistente exige dedicação primeira do professor

colocado como profissional-cidadão.

Aí, além de os alunos, no que tange às leituras literárias, terem recebido olhares mais

fecundos do professor, a academia precisa convir desse olhar e continuar preparando

profissionais de leituras, no fim de que, se pelo mais esgotarem os temas, pelo menos, a

formação do leitor não se esgote jamais.

Só que isso tudo colocado em conjunto, tem a sua razão de ser, pois que demonstra

relevância em relação à linha de pesquisa do Mestrado, a educação e desenvolvimento daquela

localidade. No que, a começar da importância de se compreender que, se há supostos processos

de interferências de terceiros - mais interessantes aos alunos – e a pleno funcionamento escolar,

24

pode ser porque, talvez, esteja faltando iniciativas mais inovadoras por parte de professores,

supervisor e orientadores, da gestão escolar, dentre outros sujeitos profissionais na escola.

Então, nisso, talvez importe mais implementos de leituras para se compreender melhor

o que realmente falta, e para desenvolver as habilidades para as tomadas de decisões de

suprirem essas faltas. E isso não é tão simples. Entretanto, para Dowbor (2009, p. 1-2), por

exemplo: “[...] A ideia da educação para o desenvolvimento local está diretamente vinculada a

esta compreensão e à necessidade de se formar pessoas que amanhã possam participar [...] das

iniciativas capazes de transformar o seu entorno, [...]”.

Logo, a educação como o lugar das ações que inovam os comportamentos dos

profissionais de ensino, dos alunos e doutros segmentos, só vai gerar contributos para que tais

segmentos se sintam menos intimidados diante das situações de interferências. Portanto, na

linha da educação e do desenvolvimento, isso implica em razões incentivadoras de registros de

experiências em dissertação.

Todavia, redefinir esse quadro, que se supõe necessário, não se o faz só com atitudes e

mudanças de comportamentos. A saber, um fazer metodológico, sabido, consciente e

consistente fomentam resultados, que alcançam as transformações dos/nos espaços, por meio

dos implementos de habilidades, competências e proventos culturais. Logo, isso sim, se traduz

em ideais de desenvolvimento, como pensa Fragoso (2005, p. 64):

[...] definir de forma séria o conceito de desenvolvimento local seria, por si só, assunto

para outro artigo, mas apenas superficialmente diríamos que se trata da possibilidade

das populações poderem expressar uma ideia de futuro num território visto de forma

aberta e flexível, onde esteja ausente a noção do espaço com fronteira, concretizando

ações que possam ajudar à (re) construção desse futuro [...].

Por conseguinte, pós-definição, ainda que superficial de desenvolvimento local, como

versa Fragoso (2005), vê-se que esse conceituar não acontece sem o auxílio da educação. Daí,

educar é desenvolver a localidade no entorno da escola. Assim dessa maneira, nos processos

educativos já instaurados, os conhecimentos produzidos e habilidades desenvolvidas, muitas

vezes, são despertados nas crianças, jovens e adultos.

Só que sempre sob o objetivo de fomentar, neles, o raciocínio: ensiná-los a pensar sobre

diferentes situações problemáticas, a auxiliá-los no crescimento intelectual, na formação de

leitores e cidadãos capazes de gerar transformações, seja na sua localidade ou na sociedade, de

modo geral. Igualmente ao ser intelectual conjugada à formação do leitor-crítico.

Entretanto, assim de outra maneira, o justificar-se da dissertação passa ainda por

problemas relacionados à aprendizagem, como indicam Malta et al (2012). Nesse caso, podem-

25

se apresentar propostas concretas que demonstrem, na prática, capacidade racional e de

alteração do contexto, por outro, senão repleto, mas pressupondo possibilidades de solução de

tais problemas.

Aliás, nisso é que se destaca o caráter educacional/social da pretensa dissertação,

quando propõe investigar e registrar as práticas de leituras, sobretudo as literárias, relacionadas

à motivação do professor no incentivo dos alunos para os processos de leituras e no sentido de

mantê-los incentivados. Então, é nisso também que a educação se coloca enquanto contínua na

formação do leitor, de ensino-aprendizagem e construtiva do desenvolvimento

racional/social/local.

Para tanto, a educação deixando os conceitos mais formais e, às leituras literárias e sua

importância social, o ver do texto, além de se orientar pela qualidade da leitura, como frisa o

Mercado das Letras (2016), tem a ver com as metodologias focadas no impacto que a tessitura

do texto é capaz de provocar. Daí, importância que se estende até o motivar-se pleno dos jovens

nas leituras.

A saber, a capacidade do leitor em se aventurar pelas linhas do letramento faz até

lembrar Soares (1993), nas suas primeiras experiências com os conceitos de letramento. Daí o

sujeito-leitor, se torna tão envolvido com o texto, que se acaba desenvolvido. Aí não é mais um

texto nem um conto, um romance, e outro, e outro, etc., mas muito mais, como sugere abaixo:

[...] a demarcação de uma abordagem metodológica específica aos Estudos de

Letramento, com foco na ação social, que considera que a unidade básica de análise

para entender o impacto da escrita na sociedade não é o texto, mas o evento de

letramento: uma situação comunicativa única realizada em um contexto físico

específico de uma determinada esfera de ação, com participantes singulares engajados

em atividades que os motivam, as quais estes realizam mobilizando práticas de

letramento para lidar com o texto escrito e outros artefatos culturais (computadores,

mapas, papel etc.) e fazer sentido da situação, na qual o texto escrito circula ou está

como pano de fundo, subentendido [...]. (LETRAS, 2016, p.13)

Só que, por promover o desenvolvimento do raciocínio, a motivação do professor os

envolve e eles mesmos se desenvolvem para o mundo, dramatizando as situações culturais sobre

o texto posto, como versa o Mercado das Letras (2016). Então, a educação termina assumindo

novos conceitos, menos formais e mais modernos, e com alto teor de importância social, pois

conduz alunos nas leituras aos polos mais incomuns e aos mais específicos da localidade.

Isso, não exatamente, pelo grau de abrangência que as leituras literárias proporcionam,

mas, como frisa Gadotti (2009), pela qualidade na prestação de serviços sociais, de

envolvimento dos sujeitos nas atividades socioculturais, com cuidado e zelo na orientação dos

alunos, também quanto aos aspectos ambientais, além do grau de familiaridade com elas.

26

Quer dizer, quanto maior a convivência com as leituras, maior com o outro, e o situar-

se enquanto quem lê e tem familiaridade com a leitura, também tem mais chances de ter

conhecimento e situar-se no mundo, bem como de atuar sobre ele e contribuir para modificá-

lo. Daí, isso tudo termina por se tornar razão e importância na escolha do tema e motivo de

dissertação.

Logo, a escola pode estar como o grande puxador do desenvolvimento local,

despertando no professor interesses para motivar alunos e, despertando nos alunos o interesse

pelo crescimento intelectual no entorno das leituras literárias. E isso, aos olhos de uma

dissertação, na linha da educação e desenvolvimento local, significa incentivo e razão relevante,

para se continuar registrando experiências com leituras.

2 PLANO DE CAPÍTULOS

Em se tratando da estrutura da dissertação, observa-se que esta vem dividida em cinco

partes, sendo a primeira composta da introdução aonde se contempla a problematização, o

objetivo geral, os específicos e a justificativa, bem como este plano de divisão teórico-

metodológica. Pós-introdução, secundariamente, conta-se o primeiro capítulo, na forma de

artigo científico, aonde se consta de conteúdos teórico-conceituais girando em torno das

temáticas de Leitura e Literatura focadas na formação do leitor nos contextos escolares,

sobretudo, os do Ensino Médio.

Por conseguinte, conta-se ainda de um segundo capítulo, também na forma de artigo,

este narrativo/analítico/científico/crítico, apontando as práticas de leitura e literatura nos

espaços escolares, passando por alguns primeiros momentos ainda conceituais de leitura, porém

nos demais constando de registros sobre as mesmas práticas escolares de leituras, na forma de

pequenas narrativas, girando em torno dos fatos que marcaram os passos e trajetórias do

“Passeio Poético”, projeto pedagógico cuja finalidade foi a de dramatizar conteúdos de Leitura

e Literatura, estudados em sala de aula e, por hora, consolidados na forma de representação e

declamações coletivas.

E ainda, conseguintemente, conta-se de um terceiro capítulo cujo primeiro momento faz

ainda algumas reflexões no entorno das temáticas conceituais de leitura. Contudo, este, como

contributo técnico e estímulo à prática de leitura literária no ensino médio, centra-se no eixo de

resultados alcançados com as experiências vivenciadas cuja finalidade é apontar vivências

concretas de leituras extraídas das reflexões feitas sobre o tema e contadas sob a forma de

pequenas narrativas.

27

Ao final, vê-se que tais experiências se formalizam no entorno de um inventário de

atividades de leituras, sob um desfecho de sugestões apontando estratégias de leituras que

possam ser ou não aproveitadas pela escola-referência, bem como demais outros sistemas de

ensino, caso isto lhes seja interessante. No mais, estratégias de leituras que marcam

significativamente as experiências da pesquisa documental enquanto resultados apontados nas

práticas de leituras dramatizadas através do “Passeio Poético”.

28

CAPÍTULO I

A FORMAÇÃO DO LEITOR NA ESCOLA

Enos Vagner Pontes1

5 Áurea Regina Guimarães Tomasi233

RESUMO: Este artigo científico, primeiro capítulo componente da dissertação e fruto do Mestrado

Profissional em Gestão Social, Educação e Desenvolvimento Local, no Centro Universitário-UNA, de cuja

apresentação versa sobre o eixo-temático do ensino-aprendizagem ao ponto de vista das leituras literárias

conjugadas à formação do leitor na escola. E ainda, no entorno de comparações, formulações de conceitos, e

fazendo confronto de ideias entre referentes bibliográficos, se alcança a teorização de muitos dos problemas que,

diariamente, interferem nas leituras escolares. Daí, com o objetivo de conceituar Leitura e Literatura enquanto

meios com os quais se discutam as práticas de ensino de literatura, numa perspectiva de formação do leitor do

ensino médio, este se coloca enquanto contributo para que tais sejam alcançados com sucesso, mesmo porque, as

dificuldades encontradas, diariamente, quase sempre se coadunam com situações de desestímulos e desinteresses

pelas leituras. Sendo assim, as estratégias de mudanças implementadas, ainda implicam que esses conceitos

necessitam ser revistos e superados a contento, pois que indicam a necessidade de se continuar repensando as

práticas de leituras literárias conjugadas à formulação de novos conceitos e somadas ao resgate de valores em

âmbito de educação básica nos polos da escola pública.

PALAVRAS-CHAVE: autorrealização do leitor, literatura, mediação e familiaridade com as

leituras.

ABSTRACT: This scientific article, first chapter dissertation component of and offspring from professional

master’s degree by Societal Management, Education and Local Development, in Undergraduate Center-UNA,

from whose presentation to converse about the thematic-axe apprenticeship- stitch education at sight from literary and reading interconnecting at formation of lector school in. And again, in precincts of comparisons,

concepts formulation of, and doing confrontation ideas of each other bibliographical referent, if to achieve

theorization the umpteen of problem from that, daily, to intervene in scholastic reading. Hence, with objective of

the of conceptualize to reading and literature while midst with the what if to debate the practices of education of

literature, on the shelf perspective of formation lector from of middle education, this if to put while to such

contribution to be that attained success with, because yourself, the found straits, daily, always almost if to

coadunate with situations of disinterest reading to skin. Being so, strategies the applied of changes, again to entail

that concepts to need to revised be at and overcome to content, because, to indicate necessity the of if continue to

reconsider to the practices of literary reading connecting at formulation of concepts new and added by bailout of

values in ambit of basic education in poles of public school.

KEYS-WORD: self-realization lector of, literature, mediation and familiarity with the reading.

1 INTRODUÇÃO

1 Mestrando em Gestão Social, Educação e Desenvolvimento Local do Programa de Mestrado Profissional do

Centro Universitário UNA. Campus Belo Horizonte. [email protected]

2 Orientadora e Professora Doutora do Programa de Mestrado Profissional em Gestão Social, Educação e

Desenvolvimento Local do Centro Universitário UNA. Campus Belo Horizonte [email protected]

29

Práticas de ensino de Leitura e Literatura tendo em vista a formulação de conceitos e a

formação do leitor no Ensino Médio e no caso de artigo científico, tendo como alvos de escrita,

de um lado, a pretensão de conceituar modalidades de leitura tendo em vista o fenômeno das

leituras literárias; do outro lado, formular conceitos de leitura, tendo em vista a formação do

leitor, seja na escola, seja no ensino médio e seja a própria Literatura, tendo em vista o fazer de

uma revisão literária-teórico-bibliográfica, ao ponto de se fundamentar tanto os conceitos

formulados quanto o destaque dos pontos relevantes, e os dados que puderem ser analisados

segundo a eficácia da própria revisão.

Assim sendo, e em se tratando de problema de conceituação, a lógica dos conceitos

passa pelas visões teóricas dos autores referendados no projeto de pesquisa científica,

previamente elaborado, que orienta a composição deste artigo, assim como outros autores

selecionados para o gênero proposto, conjugado às práticas de leitura e literatura vivenciadas

na escola. Dado isso, para Girotto e Souza (2010), por exemplo, organizar e implementar

atividades de leitura literária, progressivamente, mais complexas e independentes, que

contribuam para um objetivo pedagógico relevante para professor e aluno.

Ou seja, para elas, Girotto e Souza (2010), a criança estará se formando como leitora no

exercício dessas atividades. Então, o problema de conceituação se relaciona, muitas vezes, com

o problema da própria leitura ou da falta de hábito dela na mente até mesmo dalguns dos sujeitos

de ensino e de leitura, pois, às vezes, tais não se atêm nesse planejamento e organização

pensados pelas autoras. Ou será que a formulação e reformulação de conceitos só abrangem

alunos, não abrange o ensino nem os sistemas de ensino?

Para tanto, como orientam os Parâmetros Curriculares Nacionais - Língua Portuguesa

(BRASIL, 2001, p. 23) - propondo que “[...] toda educação comprometida com o exercício da

cidadania precisa criar condições para que o aluno possa desenvolver sua competência

discursiva [...]”. Quer dizer, o problema da leitura, às vezes, está no próprio sistema de

educação, que não cria as devidas condições para que o aluno possa ler, e ao ler, consiga

formular os conceitos nas suas diversas formas e modalidades, bem como desenvolver seus

discursos. Logo, compromisso a que a educação não está assumindo.

Ao passo que também o professor, como parte do sistema de educação sinta-se sujeito

e profissional o suficiente para conduzir o aluno na sua formação de leitor e do aluno enquanto

sujeito de seus discursos. Algo a que não acontece, muitas vezes, diferente do que afirmam os

autores, pois que impossibilidades geradas pelo próprio sistema como demonstra Brasil (2001).

Desse modo, na versão de Silva e Fritzen (2012):

30

[...] A formação do sujeito leitor é um processo contínuo, por isso é possível supor

que, quanto mais chances de contato entre os sujeitos e os textos literários forem

proporcionadas, maiores serão as possibilidades de interação, mediadas pela leitura,

desses sujeitos com o mundo no qual estão inseridos. A partir daí, abrir-se-ia margem

para um gradativo aperfeiçoamento das competências de leitura e, até mesmo, de

escritura de textos [...] (SILVA e FRITZEN, 2012, p.276).

A começar do conceito de leitura, sob a ótica da formação do leitor, como versa Silva e

Fritzen (2012), que o processo é contínuo, e no que tange à revisão bibliográfica e a relação que

pode ser estabelecida entre as práticas escolares e as teorizações já formalizadas. Então, como

o centro é a diversidade de linguagens, desta se gera a necessidade de conceituar leitura e

literatura nas suas diversas modalidades.

Consecutivamente também, apontar as marcas de formação do leitor, seja na escola,

seja na visão dos autores referendados, seja no ensino médio, e em quaisquer outros contextos

que se possam proporcionar as possibilidades de interação mediadas pelas leituras focando as

relações do sujeito-aluno com o mundo no qual está inserido, como ainda versa Silva e Fritzen

(2012) e tais relações com as formulações de conceitos. Afinal, a escola não tem se ocupado

com tais conceitos durante os processos de formação do leitor. Aliás, será que ela tem recebido

apoio dos sistemas de ensino com fins de formação do leitor?

Sendo assim, conceituar leitura e situá-la nos espaços e lugares em que estão colocadas,

se considerando que o seu lugar sempre foi escola ou, no mais extensivo possível, a sala de

aula, nunca outros lugares e espaços como o pátio escolar, por exemplo. Hoje, pelo menos, é a

escola, mas num contexto muito mais cultural e sociocultural do que antes se pensava, devido

ao tradicionalismo ainda muito presente nos contextos escolares. Logo, lugar de vivências com

as diversidades de leituras. Então, o pátio escolar é o lugar mais propício para essas vivências,

pois quebra com os excessos de tradição.

Pelo mais, lugares de aonde se pretende extrair informações que possibilitem construir

a história local da comunidade escolar alinhada a essas vivências de leituras. Mas não só isso,

para Girotto e Souza (2010), por exemplo, sem uma concepção de leitura voltada a esses fins,

não se estabelece as bases orientadoras para a formação do leitor. Portanto, elemento puxador

das reflexões sobre conceitos e motivações complementadas à nova concepção de leitura e

conjugada às mudanças de comportamentos puxadas pelos professores. Como também pensam

Harvey e Goudivs (2007):

[...] Quando nós lemos, pensamentos preenchem nossa mente. Nós podemos fazer

conexões com nossas vidas [...] Nós podemos fazer uma pergunta ou uma inferência.

Todavia, não é suficiente ter esses pensamentos. Leitores estratégicos utilizam seus

pensamentos em uma conversa interior que os ajudam a criar sentido para o que leem.

Eles procuram respostas para as suas perguntas. Tentam entender melhor o texto por

meio de suas conexões com os personagens, situações e problemas. [...] Leitores

31

tomam a palavra escrita e constroem significados baseados em seus próprios

pensamentos, conhecimentos e experiências. O leitor é em parte escritor [...].

(HARVEY; GOUDIVS, 2007, p.12 -13)

A continuar na pretensão de formulação de conceitos, no que tange aos gêneros de

abrangência literária e às mudanças de comportamentos de leituras tanto de professores quanto

de sistemas de ensino quanto de alunos, adotando práticas de leituras pelas conexões com o

pensamento e com as experiências de vida, conforme pensam Harvey e Goudivs (2007), pois

que essas mudanças são a força impulsora e, por isso, puxadas por professores no intuito de

garantia e fortalecimento da democracia escolar, como também pensa Carbonell (2002). Então,

as mudanças têm de proporcionar o crescimento das leituras. Se não, como ficam os conceitos

de que tanto se quer formular nas leituras?

Se como versa Tozzi (2009), por exemplo, num ideal de escola em que todos pareçam

ter mais possibilidades de leituras, ou seja, para ela: “[...], as definições sobre o “que seja uma

leitura de qualidade”, “um texto literário de verdade”, se contrapõem, constituindo exemplos

das tentativas de se guiar as leituras e, é claro, reconfigurar distâncias sociais pela instauração

da legitimidade das “melhores leituras” [...]” (TOZZI, 2009, p.45). Quer dizer, o problema das

leituras, muitas vezes, não está nelas, ao contrário, está em quem os propiciam em quem puxa,

ao passo que, nem sempre, esses que puxam têm total apoio para fazê-lo com qualidade como

sugere a autora. Logo, mesmo sem apoio, sem as leituras é que não pode ficar não é mesmo?

A saber, dessa forma com a qual se busca a formação do leitor, através das metodologias

que geram leituras de qualidade e textos literários de verdade, conforme Tozzi (2009) pode ser

também a forma de se alterar a visão estreita e tecnicista do rendimento escolar, como afirma

Carbonell (2002), tornando o pátio escolar um lugar plausível de se realizarem leituras nas suas

mais diversas formas de representações.

Finalmente, visto sob a ótica das formulações de conceitos e sob o ponto de vista das

leituras literárias, e tangente à formação do leitor, o ideal é trabalhar com os conceitos de

gêneros, de espaços e lugar dessas leituras, e afirmar que a temática focada nelas se apresenta

como sendo um campo aberto, repleto de potencial e diversidades, sobretudo neste artigo, não

como forma metódica de expressar um problema, mas como meio de recorrer aos métodos mais

plausíveis de solução desse mesmo problema que, não por acaso, começa a se desenrolar. Aliás,

no que toca o artigo, este tem como objetivo conceituar Leitura e Literatura, tendo em vista,

basicamente, a formação do leitor.

2 OS CONCEITOS DE LEITURA E LITERATURA NA ESCOLA E NO ENSINO

MÉDIO

32

2.1 A literatura, o leitor e a autorrealização.

A começar da Literatura como o já visto e enquanto palavra que se origina do

latim, littera, e que significa letra, e para Aurélio (2017) significa a ciência do literato, ou seja,

esta se remete ao leitor num conjunto de habilidades focadas no ato de ler e escrever vão apontar

o sentido de que tanto littera, do Latim, quanto literato, de Aurélio, se centra no princípio da

letra. Então, é o fazer ambas juntamente. Contudo, não só isso, pois esta pode ser uma arte, uma

profissão, um conjunto de produções, e etc.

Ou seja, com este significado, esta se remete ao leitor num conjunto de habilidades

focadas no ato de ler e escrever corretamente, ou seja, ler ao ponto de o próprio alfabetizado

sentir-se pronto e capaz na/para a leitura e escrita. Assim, no referente a esse leitor nas práticas

de leituras literárias, destaca-se como pressuposto a busca da autorrealização do aluno por meio

dos processos de leitura, para que não tenha maiores dificuldades de se interagir com o mundo

e se portar diante das situações de controversas interferências e desestímulos.

Disso posto, recorre-se à visão de Freire (2005), de que a leitura da palavra deve vir

precedida da leitura de mundo, o que vale compreender no ato de ler envolvendo o sujeito-

leitor, e esse deve promover mudanças no modo de ele agir e interagir com o mundo. Daí os

argumentos de Dias e Meneses (2014, p. 116-117), “[...] o ensino da leitura literária nas escolas

é relevante quando se pretende promover nos alunos uma formação leitora significativa, em um

cenário marcado por profundas mudanças socioculturais [...]”.

Quer dizer, se o objetivo é a formação do leitor, o sentido é de que a leitura se faz

necessária, por ser interativa e promover a autorrealização e autodefesa meio às interferências

prejudiciais às leituras. Nisso, o que se pretende passa pela identificação de sujeitos, tanto do

docente como profissional e leitor, predispostos a um trabalho com o discente para se chegar

ao bojo das leituras escolares no Ensino Médio. Nisso, como pensa Maciel (2013):

[...] Livro é passaporte e bilhete de partida; as palavras podem ser chaves e também

portas e janelas. As páginas de um livro podem ser esquinas a serem dobradas, e são

montanhas e são marés. [...]. A imagem poética é indissociada de um discurso

"racional" sobre educação. Deixando de lado as metáforas e fisgando uma analogia,

verifica-se o caráter crítico do olhar pedagógico do autor ao refletir sobre a questão

da leitura na escola e bibliotecas [...] (MACIEL, 2013, p.3).

Então, ainda no entender de Freire (2005), os leitores são vistos não passíveis de

adaptação, mas como sujeitos capazes de transformações. E isso, nas leituras, tem sentidos

grandiosos. No entanto, para Maciel (2013), o livro tem a ver com as chaves que abrem portas

e janelas. E, ao professor interessa investir-se de habilidades, sobre os obstáculos colocados na

33

formação do leitor. Assim, tanto se forma enquanto educador profissional, quanto o forma

aluno-leitor, quanto pratica uma docência inventiva, mediadora de linguagens, comportamentos

e vencedora de ameaças e violências.

Outro ponto é que um sistema de leitura abrangente inclui uma diversidade de gêneros

textuais presentes nas práticas da língua e de linguagem. A saber, é um campo de ação teórica

no/do qual o professor desdobra-se e deixa de levar para a aula, apenas textos literários

fragmentados (SILVA & FRITZEN, 2006), mas o livro, o romance, o conto, a informação, etc.

Nisso, práticas por diversos gêneros e por todos os processos, e evitando uma leitura

fragmentária, busca-se a sociabilidade do indivíduo. Logo, ao encontro desse pensamento,

lembra-se de que “[...] Os hábitos difundem-se de acordo com o grupo social [...]” (NONATO;

NASCIMENTO SILVA, 2013, p.434). Portanto, essa leitura deve ser praticada a favor do

aluno.

E este, intelectualmente, jamais inferior, pois que a tendência de fragmentar as leituras

pode terminar por infantilizar o leitor. Logo, este, independente de jovem, adulto ou criança,

reúne capacidade de compreensão em quaisquer níveis de leitura. Então, não precisa separar

literaturas por níveis de classificação. Nisso, por exemplo, como Silva e Andrade (2014, p.93)

afirmam:

[...] E é justamente tanto a noção de literatura infantil e juvenil, (e consequentemente

a de criança, uma vez que essa depreciação valorativa está também relacionada à

própria inferiorização intelectual e de outras ordens da criança em relação ao adulto,

que muitas vezes acontece) quanto à classificação dessa literatura como “menor” que

pretendemos problematizar, [...] (SILVA e ANDRADE, 2014, p.93).

E aí, no caso de o aluno conhecer e já dominar os processos de leituras literárias, não

quer dizer que pode corriqueiramente ficar preso nisso. O seu conhecimento precisa de se

ampliar gradativamente, ao passo que esses distanciamentos entre leitor-criança, leitor-jovem

e leitor-adulto, diminuam sem, contudo, se processar por classificações em níveis de leitura e

de leitor.

Ou, pelo menos, como Lajolo (1993, p.7) ir além de aprender a “ler livros”, pois escola

não é só isso. Daí, responsabilidade é maior de quem puxa os processos do que de quem se

deixa conduzir-se, no caso, a escola e o professor, como Lajolo (1993) mesma afirma noutro

ponto de sua tessitura.

Nisso, finalizando, os alunos serão preparados para as leituras, não somente literárias,

pois se tornaram sujeitos não passíveis de adaptação, como frisa Freire (2005), mas

transformados pelas leituras e, por isso, capazes de interagir nas linguagens e comportamentos

sociais, ao lado de ter conquistado professores ocupados com a educação de seu aluno, pois

34

soube mediar linguagens, mesmo com interferências, resgatando os processos socioculturais

numa docência engajada ao exercício profissional de qualidade.

2.2 O professor como mediador das práticas de leitura na escola

Em se referindo às leituras literárias, na plenitude do propósito da criação de sentidos,

da capacidade de ler e entender e de interpretar o lido, o referencial teórico-bibliográfico há que

estar fundamentado, no eixo dos quesitos literários, com senso de amplitude, que, talvez, só o

tipo literário possa proporcionar, ou seja, a condição de poder usar da diversidade de sentidos.

Nisso, considera-se extremamente importante para a investigação de apropriação da

leitura e construção de identidades de leitores, pela análise contrastiva, a função dessas trocas

e como, nelas, se vão construir os jovens e adultos suas práticas sociais de leitura, como versam

Dias e Gomes (2015). A saber, nesse caso, não é só o senso de amplitude, abastança, que faz

pensar e funcionar é preciso conferir se a técnica didático-pedagógica agradou e motivou. Aí

se tem de apelar para os contrastes num fazer atrativo e prazeroso.

Mas também, noutro caso, há que estar fundamentado noutro eixo, o do sentido literal

das palavras no universo das linguagens. Quer dizer, eixos de análises e discussões cujo

propósito maior é a conquista do sujeito-aluno através de sua realização pessoal, assim como

sua maturidade e responsabilidade com as leituras. Nisso, já orienta Cosson (2012, p. 170):

[...] numa síntese esclarecedora sobre várias questões que atravessam o ensino de

literatura e a formação do leitor na escola, chama a atenção para o papel simultâneo

do professor como mediador de leituras literárias e educador. [...] No que diz respeito

às leituras de textos literários, o trabalho do mediador precisa visar para além da

compreensão, a imaginação de outros mundos possíveis e a transformação de sua

realidade [...] (COSSON, 2012, p. 170).

Muitas vezes, professor se desdobra para possibilitar a compreensão, o entendimento,

no leitor, a fim de que ele se torne sujeito maduro no referente à leitura, assim como aponta

Machado (2000), quando se refere ao estado de tensão e equilíbrio do leitor, ao estar em contato

com o mundo ficcional.

No entanto, o leitor também se desdobra nos processos de inferência, e se houver o apoio

do mediador é possível conseguir a maturidade do aluno como leitor. Afinal, as práticas

escolares nos mostram que os resultados, quase sempre, dependem das interferências. Então, é

vencê-las com hábitos cada vez maiores e graus de dedicação às leituras.

Só que o leitor, ao desdobrar-se, precisa saber se colocar no texto, pois tal como

conceitua Marcuchi (2008, p.56) “[...] inferir é produzir informações novas a partir das [...]

prévias, sejam elas textuais ou não. A única coisa [...] controlada na inferenciação é a falsidade

35

ou a incompatibilidade dos resultados com os elementos do texto [...]”. Aí, isso é considerado

na formação do leitor.

Dado isso, o apensado no marco teórico tem como alvo maior o aluno. Aquele sujeito

que é aluno da escola, mas que por razões de interferências negativas, não se deixa comportar

como tal. Contudo, ele está na escola. E se o está se por falta de objetivos científicos, se por

envolvimentos nos complexos de interferências, deve ser reconquistado no olhar didático-

pedagógico-sociocultural, na socialidade e sociabilização, como frisa Fritzen (1998).

Logo, esse é o propósito maior, tanto a escola, quanto o professor, quanto quaisquer

outros sujeitos de papéis pedagógicos buscam fazer esse aluno ler. Este é o foco das atenções,

embora se saiba como pensam Rocha e Menezes (2014), que as inter-relações da leitura e

literatura, no contexto escolar, mostram-se muitas vezes descompassadas.

Nesse tanto, se as práticas de leitura não se tornarem efetivas, se as motivações não

forem à altura de reagir com os alunos e atraí-los para o centro dos processos de leitura, pode

ser que, ao final de sua sequência didática, o professor venha a perceber sensações de não ter

tido fazer nenhum. Nesta linha de raciocínio, destaca-se a importância da mediação do

professor.

Noutro tanto, somam-se os propósitos: um é os do leitor num fazer ler atraente aos do

professor num saber-fazer ler convincente. Sendo assim, outro, o objeto motivacional terá sido

a contento ao objeto lido, pois significa que o sujeito-leitor apropriou-se da leitura, como frisam

Dias e Gomes (2015). Logo, ele, aluno já sabe que os objetos do ler estão por toda parte.

Então, necessários são maiores entrelaces com as linguagens plásticas, conforme nos

lembra de Orlandi (1999), ao abordar sobre a convivência com a música, a pintura, a fotografia,

o cinema, etc. Noutra linha, vale conhecer a visão de autores que se manifestam em favor da

multiplicidade de linguagens, na riqueza da leitura, num pensamento mútuo ao citado

anteriormente:

[...] Os processos de criação por meio das linguagens plásticas são muito importantes

na formação [...] visto que podem levar ao exercício e ampliação do universo

simbólico do indivíduo [...] fornecer ferramentas que possibilitam os seres humanos

a ler e interpretar coisas, o mundo interno e virtual, auxiliar a viver socialmente e lidar

com os incômodos que isso pode representar; fortalecer a autoestima [...] (REZENDE;

FRANCO; MARQUEZ, 2013, pp.118-119,).

Disso posto, o professor pode valer-se de operações mentais com afinco na diversidade

de linguagens: criação, criatividade e recriação, buscando o sentido das letras nos lugares mais

incomuns (ORLANDI, 1999). Daquilo esperado, o professor vale-se de tudo num querer maior

de trazer a simbologia ao centro da mentalidade do indivíduo.

36

Finalmente, vale tocar no eixo da simbologia visual, quando o leitor constrói os sentidos

propostos pelo autor. Ainda que lhe faltem palavras, o sentido se faz na interação com outros

textos ou linguagens familiares ao leitor (WODAK, 2003). Nisso, a pesquisa científica

abordando as leituras literárias, seu alinhamento teórico deve se dar na investigação se, de fato,

situações como as levantadas aqui, possam ser identificadas nos contextos escolares.

2.3 A familiarização do leitor com as leituras literárias

Algumas pesquisas em sociologia da leitura questionam: “[...] O que é um leitor? Como

se torna um leitor? Quem detém o privilégio para definir a prática de leitura e determinar quem

é leitor e quem não? [...]” (TOMAZI, 2005, p.3). Ou seja, nesse contexto a escola precisa se

situar. Aí, o investigar faz-se lógico e notório, sobretudo, no olhar de um pensamento crítico,

que vê as classificações das leituras como posturas arbitrárias diante do texto.

Ao passo que também vê os leitores sob o ponto de vista das condições sociais de

produção da leitura. Aliás, mede a leitura pelo aspecto quantitativo, a saber, a quantidade de

livros que os alunos leram, em detrimento da qualidade e importância que cada leitor, de modo

diferenciado, geralmente, adota.

Mas, o investigar demanda que o mediador processe nas práticas pedagógicas, a situação

dos alunos em relação ao acúmulo de leituras. O universo da palavra exige o acúmulo do

alfabetizando, para possibilitar ações transformadoras do mundo, que voltam para ele mesmo

como sujeito transformador, através dessas palavras (FREIRE, 1987). Então, é buscar a palavra

no texto e o texto no conjunto das palavras e assim por diante.

O desenvolvimento das técnicas e linguagens pode se possível, ser explorado, a fim de

que os alunos cresçam com ele nos propósitos e gosto pela leitura. E esse gosto não é formado

somente com as experiências da área, mas, sobretudo, com as diversas áreas juntas (XAVIER

e BEZERRA, 2016).

Neste sentido, assim como “[...] a terminologia, como prática que nasce para resolver

problemas específicos de comunicação entre cientistas preocupados com a proliferação de

denominações, e com a necessidade de organizá-las, e garantir a univocidade [...]” (DAL

CONRNO, 2007, p.1), o desenvolvimento da ciência e da tecnologia não pode ocorrer sem a

comunicação entre os especialistas das diferentes áreas.

Afinal, a realidade escolar apresenta muitas resistências em relação à

interdisciplinaridade, de modo que a comunicação entre as disciplinas pode diminuir essas

37

resistências. Logo, o desenvolvimento conjunto das disciplinas aponta um sentido mais unívoco

entre as linguagens.

Ou seja, noutro sentido, a realidade exige definições mais assimétricas para a literatura

com intenção de estar argumentada num conceito, mas contra argumentada em vários conceitos,

por hora, construções, mas também, por hora, desconstruções de conceitos, fundamentando

sentidos de leitura:

[...] Tenta-se, dessa forma, definir a literatura não pelo que ela é, mas sim pelo que

ela não é, ou seja, vários autores trazem a seus textos algumas definições do senso

comum do que seria literatura para, assim, contra argumentá-las, descontruir essas

hipóteses e desmitificar certas concepções equivocadas e limítrofes sobre a noção

de literatura que não se sustentam [...] (SILVA e ANDRADE, 2014, p.89).

Mas ainda noutro sentido e no tocante aos instrumentos de trabalho, como destaca

Machado (2010), o ler do aluno compreende-se no saber usar dos instrumentos em favor de seu

intelectual, definindo e redefinindo situações de leituras, mas no tempo social gasto no exercício

das tarefas escolares.

Sem contar no conjunto das disciplinas, enquanto “línguas de especialidades”, como se

recorda Gil (2003), orientando esse fazer ler menos cansativo fisicamente, do que intelectual,

se souber usar os instrumentos a seu favor. Aliás, promovendo a interação pela ação verbal e

representacional, quebrando com o modelo silencioso de sala de aula, como versam os autores:

[...] a interação verbal, planejada e mediada pelos professores, precisa tornar-se uma

prática constante nas escolas, em vez de se insistir no modelo de sala de aula silencioso

e repressivo, monológico, pelo qual a voz prevalecente é sempre uma: a do professor

[...]. (BEZERRA; ARAÚJO, 2013, p.93)

Na verdade, as situações de aprendizagem não são diferentes, pois que se traduzem num

trabalho inteiramente intelectual mediado pelo professor. Quer dizer, para esse exercício, o

aluno vai usar dos mesmos instrumentos de trabalho, variando apenas o grau de criatividade de

um ou de outro, tornando a ação verbal do sujeito mais ativa e propulsora de dramatizações de

leituras.

Daí, finalizando, as línguas de especialidades, como as frisa Gil (2003), ganha usos

concretos meio às linguagens e leituras literárias, o desenvolvimento das ciências e das

tecnologias se comunica no alcançar dos novos propósitos, como orienta Dal Corno (2007). E,

nesse caso, reinsere o aluno, supostamente evadido, nos processos de leitura, pois que enquanto

sujeito do ler, terá se apropriado de sua essência e completude totais.

2.4 Leituras literárias no Ensino Médio, educação e desenvolvimento local.

38

A começar da Literatura como sendo o lugar de busca dos significados das palavras, que

vão apontar o sentido de que tanto littera, do Latim, quanto literato, de Aurélio, se centra no

princípio da letra. Então, é o fazer ambas juntamente. Contudo, não só isso, pois esta pode ser

uma arte, uma profissão, um conjunto de produções, e etc.

Entretanto, num contexto, como arte de criar e compor textos, noutro contexto, vai se

remeter ao leitor, possibilitando-o capacidade de criar sentidos nos textos: poesias, prosas,

literatura de ficção, de romance, literatura portuguesa, literatura popular, de cordel, e etc.

Assim, "A Literatura, como toda arte, é uma transfiguração do real, é a realidade recriada

através do espírito do artista e retransmitida através da língua para as formas, que são os

gêneros, e com os quais ela toma corpo e nova realidade” (COUTINHO, 2017, pp.9-11). Logo,

esse sentido de transfiguração do real encampa as leituras literárias na realidade recriada através

das representações.

Quer dizer, para Coutinho (2017), a literatura, ao tomar corpo na realidade, passa então

a viver outra vida, com certa autonomia, independência de autor e de experiência de realidade

de onde proveio. No entanto, enquanto instrumento de ensino, para Cósson (2011), esta assume

uma posição auxiliar em razão da língua, contribuindo para a consolidação da competência de

leitura e escrita por meio de exercícios de compreensão e outras estratégias didáticas aplicadas

aos textos literários.

A saber, a realidade do leitor quando da leitura ganha forma imaginária, quando da

representação concreta ganha forma real. Daí deixa o imaginário para assumir a forma criadora.

Aí tanto é artista quem escreve quanto quem cria em torno do escrito, mas não só, é também

artista quem cria sentidos de leitura no entorno do texto lido:

[...] Os fatos que lhe deram às vezes origem perderam a realidade primitiva e

adquiriram outra, graças à imaginação do artista. São agora fatos de outra natureza,

diferentes dos fatos naturais objetivados pela ciência ou pela história ou pelo social.

O artista literário cria ou recria um mundo de verdades que não são mensuráveis pelos

mesmos padrões das verdades fatuais. Os fatos que manipula não têm comparação

com os da realidade concreta. São as verdades humanas gerais, que traduzem antes

um sentimento de experiência, uma compreensão e um julgamento das coisas

humanas, um sentido da vida, e que fornecem um retrato vivo e insinuante da vida, o

qual sugere antes que esgota o quadro [...]. (COUTINHO, 2017, p. 9-11)

Já, para Gomes e Bortolin (2011), a literatura se coloca como o atrativo na feira literária,

na qual as crianças trocam livros entre si, exibição de filmes, que podem envolver ou não

comentários, as oficinas de leitura, que fomentam a cultura e a leitura, por meio de narrativas,

roda de histórias, dramatizações de produções literárias e artísticas.

Mas ainda não somente, a dramatização de contos, o encontro com escritores e

exposições de produções de alunos, entre outras, que de onde se compilam essas atividades, ou

39

seja, são projetos que, para os autores, numa biblioteca escolar e, para a pesquisa, visam a

capacitar os alunos a lerem diversificados e com prazer. Daí a extensão dos instrumentos de

representação da literatura ganharem novos convívios. Então, para Orlandi (1999, p. 40)

convívios com novas linguagens:

[...] A convivência com a música, a pintura, a fotografia, o cinema com outras formas

de utilização do som e com a imagem, assim como a convivência com as linguagens

artificiais poderiam nos apontar para uma inserção no universo simbólico que não é a

que temos estabelecidas na escola, essas linguagens todas não são alternativas. Elas

se articulam. E é essa articulação que deveria ser explorada no ensino da leitura,

quando temos como objetivo trabalhar a capacidade de compreensão do aluno [...]

(ORLANDI, 1999, P.40).

Aí, fazer leituras literárias engajando literatura com linguagens plásticas vai tornar o

universo das leituras muito mais simbólico e atrativo ao aluno, apontando para a escola o que

ela precisa de fato aprender a perceber num novo fazer educativo. O que, para Saviani (2009),

esta ainda não percebeu, pois que fica presa aos sistemas tradicionais ou tecnicistas de ensino.

Logo, evitando práticas novas de leituras. Então, se presa a tradições, perde-se dos conceitos.

Afinal, educação tem a ver com o ato de educar, de instruir, é polidez, disciplinamento. E isso

se aconchega com as leituras.

Aliás, num sentido mais amplo, educação significa o meio em que os hábitos, costumes

e valores de uma comunidade são transferidos de uma geração para a outra seguinte. Quer dizer,

a educação se forma através de situações presenciais e práticas vivenciadas por cada indivíduo

ao longo da sua história de vida.

Também, esse conceito de educação pode englobar níveis de cortesia, de delicadeza e

de civilidade demonstrada por um indivíduo e, até mesmo, sua capacidade de socialização com

o mundo, ao passo em que este se desenvolve enquanto pessoa, num espaço/tempo/lugar. Ou

seja, características que ganham com as práticas de leituras literárias sob a orientação da

pedagogia nova, segundo Saviani (2009).

Para tanto, o envolvimento desse sujeito, através da literatura enquanto instrumento de

leitura e dramatização, promove o desenvolvimento que deve ser entendido, levando-se em

conta os aspectos locais, propiciando significados em um território específico. A saber,

levando-se a pedagogia da relação professor-alunos, no interpessoal e intersubjetivo aos planos

do local, como versa Saviani (2009).

Por conseguinte, e finalizando, os significados das leituras para a localidade vão criar

sentidos de desenvolvimento, mesmo porque, de um jeito ou de outro, atuam no eixo das

desigualdades, vencendo-as. A saber, “apesar de não explicarem como substituir o conceito e a

40

prática do desenvolvimento, sobretudo nos contextos em que as desigualdades e as carências

são ainda muito flagrantes” (MILANI, 2005, p. 10).

Aliás, atualmente é quase unânime entender que o desenvolvimento local não está

relacionado unicamente ao crescimento econômico, mas também à melhoria da qualidade de

vida das pessoas e à conservação do meio ambiente, lembrando-se de que ambiente aqui é a

escola. E isso se faz plenamente possível através das práticas de leituras no contexto da

educação.

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O que se vê, no entorno dos conceitos construídos, é que as leituras acontecem das mais

diversas maneiras, embora na escola, de modo geral, elas ainda continuam um pouco presas a

certos paradigmas tradicionais; no entanto, no ensino médio, mais especificamente, as leituras

estão sendo feitas no entorno de gêneros textuais diferentes sem praticamente quase vínculos

com os paradigmas tradicionais.

Entretanto, em cumprimento ao objetivo específico de conceituar Leitura e Literatura

enquanto meios que discutam as práticas de ensino de literatura, em escolas, numa perspectiva

de formação do leitor de ensino médio, o propósito de busca de formulação dos conceitos no

entorno das leituras literárias, é ver como eles estão fazendo esses nexos de elaboração de

conceitos, e quais recursos estão sendo utilizados, na construção de tais conceitos, nas leituras

literárias ou não, no mundo científico atual.

Para finalizar, e como se trata de artigo independente e, por isso, de opinião, há que

estar aberto para quaisquer outros interessados em levantar daqueles pontos que não puderam

ser vencidos durante este estudo. Para tanto, crê-se, ainda há muito o de que ser estudado. No

mais, as considerações, há que ser para os próximos estudos a serem fomentados nesta

dissertação de cujos próximos capítulos estão estes inseridos.

Assim, se considerando que nessas ponderações, o mais importante é que esses autores

nos ensinaram a importância das leituras literárias. Entretanto, tão importante quanto passa a

serem as possibilidades de elas serem trabalhadas no ensino médio, de maneira que estas

contribuam ainda mais para a formação do leitor. Nesse caso, embora haja obstáculos de várias

ordens, que afetam professor, aluno, escola, e seu entorno.

Noutro caso, diferentes autores apontam caminhos, estratégias e possibilidades, que

muitos estudos ainda são necessários, sobretudo, para investigar metodologias e formas

inovadoras, que alcancem um resultado mais efetivo no sentido não apenas de ministrar a

41

disciplina de literatura no ensino médio, mas também de forma que leitores e jovens busquem

voluntariamente a literatura para além da escola. Logo, venham a ter o gosto, o traquejo e a

familiaridade com a leitura literária, mesmo após concluírem o ensino médio e fazerem o

ENEM.

REFERÊNCIAS

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considerações sobre a atividade verbal a partir da Psicologia histórico-cultural. Curso de

Pedagogia da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Campus de Naviraí. Unidade

Universitária de Paranaíba da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul, Paranaíba, Brasil,

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Língua Portuguesa. 1º e 2º ciclos. Brasília: MEC, 2001.

CARBONEL, Jaume. A aventura de inovar: a mudança na escola. Tradução de Fátima Murad.

Porto Alegre: Artmed, 2002. (Coleção Inovação Pedagógica).

CAVALCANTI, Mônica Lima. Leitura, prazer e a formação do sujeito leitor na realidade

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COSSON, Rildo. Letramento literário: teoria e prática. São Paulo: Contexto, 2012.

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CAPÍTULO II

PESQUISA DOCUMENTAL: PRÁTICAS DE LEITURAS E DRAMATIZAÇÕES DE

TEXTOS POÉTICOS

Enos Vagner Pontes4

Áurea Regina Guimarães Tomasi5

RESUMO: Este artigo científico trata da apresentação que versa sobre o eixo-temático do ensino-aprendizagem

sob o ponto de vista das leituras literárias e conjugadas numa pesquisa documental e combinada à revisão

bibliográfica. E ainda, neste capítulo, sob a forma de pequenas narrativas, acompanhadas de análises científicas e

fundamentações teóricas, se alcança a conceituação, teorização e retratação da realidade escolar. Daí, com o

objetivo de narrar pequenas histórias que ensejaram o “Passeio Poético”, este vai tratar da análise de uma

experiência realizada em uma escola pública do estado, visando a estimular os alunos para as práticas das leituras

literárias. Isso, através de uma revisão documental, para que se pudesse chegar às práticas dessas leituras, tendo

em vista a reformulação de conceitos e as dramatizações poéticas. Para tanto, este se colocou enquanto contributo

para que tais fossem alcançados com sucesso, ainda que as dificuldades encontradas, diariamente, coadunem com

situações de desestímulos e desinteresses pelas leituras. Logo, este seguindo parâmetros metodológicos

consistentes na análise de registros documentais e fundamentação bibliográfica, este se centra como meio efetivo

de docência, educação criativa e desenvolvimento local.

PALAVRAS-CHAVE: pesquisa documental, caracterização de espaços, realidade escolar, equipes de trabalho e

dramatizações de leituras no passeio poético.

ABSTRACT: This scientific article to threat of presentation that to converse about the thematic-axe from

apprenticeship-education under the point of view of literature reading and connecting on the research documental

and combined at bibliographic revision. And aim, at this chapter below the form of narrative small, accompanied

of scientific analyzes and theorist arguments, if to achieve the conceptualization, theorization and retraction of

scholastic actuality. Hence, with the object of to narrate the stories that small to provide someone with an

opportunity for something the poetic sidewalk, this second chapter move threat of analyze of the accomplished

experience on a public of school of state, to aim at boost people at the practices of reading literature. Already it,

of the documental revision that if the can and number on practices of literature reading, in visit tend the rephrasing

of concepts and dramatics poetics. As much, this if to put while contribution to that such to become attained with,

aim that difficulties the stumbled, daily, to coadunate with situations of to despair and to disinterest reading for.

Soon, this to continue methodological parameters consistent in analyze of documental records and bibliographic

foundation, center this if as of middle effective, of teaching creative education and developing local.

KEYS-WORD: research documental, space of caracterization, scholastic reality, to equip of work, and reading of

dramatization in poetical sidewalk.

I INTRODUÇÃO

Este vai tratar das práticas de ensino de Leitura e Literatura sob a ótica da pesquisa

documental, a reformulação de conceitos e dramatizações de textos poéticos. Neste caso, a

4 Mestrando em Gestão Social, Educação e Desenvolvimento Local do Programa de Mestrado Profissional do

Centro Universitário UNA. Campus Belo Horizonte. [email protected]

5 Orientadora e Professora Doutora do Programa de Mestrado Profissional em Gestão Social, Educação e

Desenvolvimento Local do Centro Universitário UNA. Campus Belo Horizonte [email protected]

46

começar do conceito de leitura, no que tange à revisão de documentos e a relação que pode ser

estabelecida entre as práticas escolares e as a ser identificadas em anexos e relatos passíveis de

consulta, referência e registros no marco teórico-prático é que as leituras se colocam sob as

práticas de dramatizações.

Para tanto, a conceituação desta, na forma de dramatizações, torna-se o esperado. Então,

noutro caso, como o centro é a diversidade de linguagens, desta se gera a necessidade mesma

de ainda conceituar leitura neste capítulo. Dado isso, vê-se que a leitura quase sempre é

problema na escola, pois que pouco se faz para desenvolvê-la conjunto aos fomentos culturais.

Aliás, mesmo a escola buscando fazer-leitura e lutando para solucionar os problemas

que a contornam, ainda o é problema. Agora pensa quando não se consegue permear a leitura

entre as demais metodologias e práticas escolares! Sendo assim, desse modo, como pensam

Dias e Meneses (2014), o problema da leitura tem a ver com a Literatura e implica em fazer as

duas de modo conjugado, ou seja, para elas não tem como fazer uma sem a outra. A saber, a

leitura e Literatura estão vinculadas entre si:

[...] Para efetivar o seu trabalho e reconhecer que o ensino da literatura não pode ser

desvinculado da leitura, assim como reconhecer a literatura como um fenômeno sócio-

histórico-cultural, o professor deve ter consciência “das amplas funções

desempenhadas pelo uso das línguas na construção das identidades nacionais”,

propiciando aos alunos o acesso aos bens culturais. [...] (DIAS e MENESEZ, 2014,

p.119).

De outro modo, conceituar leitura e situá-la nos espaços e lugares em que estão

colocadas, constitui-se o maior problema. Ou seja, conjugar ensino e aprendizagem apenas em

sala de aula, como se em espaços fechados, e a aprendizagem acontecesse somente assim,

fechados. Isso, de fato, pode ser um problema. Agora, ensiná-las conjuntamente como pensam

as autoras para Dias e Meneses (2014), não. Afinal, como ensinar uma e outra conjuntamente

em compartimentos fechados como a sala de aula, por exemplo? Nas metodologias tradicionais

sempre foi assim, mas também, os resultados nem sempre eram satisfatórios.

Quer dizer, o fazer ensinamentos de leitura e literatura conjuntamente e em espaços

fechados, é um problema. Já o fazer os mesmos ensinamentos em espaço aberto, também; ou

seja, é outro problema. Daí, com quais métodos: seja didático, científico, dialético, etc.? Quais

recursos: didático, político, pedagógico, econômico, etc.? Ou seja, quando se começa a pensar

sobre um único problema emergente da leitura, é que se vê a diversidade de outros problemas

que também se ramificam dele. Por isso, o conceituar leitura nunca ser demais, pois que é nesse

processo de formulação e reformulação de conceitos que se chega ou, pelo menos, que se busca

a solução.

47

Aliás, pelo mais, se olhado pelo viés do discurso da democratização da leitura, como

enfatiza Navarro (2003, p. 71): “[...] sustentado pelo governo e assumido pelos educadores,

deve ser, antes de tudo, um gesto político que pressupõe dois movimentos: um de mobilização

dos docentes, pais e alunos, na reivindicação de incremento dos espaços de leitura com a

aquisição de livros e de outros suportes de texto [...]”

Disso, vê-se que não é simplesmente democratizar e sustentar em palavras, muito

menos criar situações políticas, através das quais, os educadores se veem na condição de

assumirem os gestos da leitura. A leitura é um problema que envolve muitos outros problemas.

Então, como apoio de quem se investe em leituras? Se as práticas escolares dizem que os

dispositivos legais não passam de meros discursos da democratização das leituras?

Porquanto, em se voltando ao pensamento de Dias e Meneses (2014), estes tocam no

quesito da consciência profissional do professor, no que tange à multiplicidade de funções. No

que as mesmas autoras também se lembram da construção das identidades nacionais partindo

do pressuposto de alunos tendo acesso aos bens culturais, ou seja, sempre é dado ao professor

incumbências a mais, além das que ele já tem.

Nunca ou quase nunca se refletem sobre os efeitos desses ‘incrementos’ proporcionados

pelos governos, conforme Navarro (2003), desde que reivindicados, e dessas ‘amplas’ funções

também rememoradas pelas autoras Dias e Meneses (2014)! Se o fizessem antes de quaisquer

injunções discursivas, talvez, os efeitos nas práticas de leituras fossem menos dispendiosos.

Pensa-se, afinal, se o problema é a leitura, então para que pensar nos problemas que a

contornam?

Só que, se olhado por outro viés, essas problemáticas que envolvem a leitura podem

surtir significados diferentes. Se aos governos cabem proporcionar a escola os ‘incrementos’ e

sustentá-los, conforme Navarro (2003), desde que reivindicados; e aos professores cabe o

desempenho dessas ‘amplas’ funções, conforme Dias e Meneses (2014), então, não há mesmo

como que a leitura ser modalidade de ensino-aprendizagem, com aproveitamento significativo

no interior de escolas, pois que as práticas escolares indicam que ao professor não cabem

sobrecargas, ao contrário, como versa Kleiman (2001, p.20), cabem instrumentalizações em

serviço:

[...] Isso significa que, mais do que a aprendizagem de determinados conceitos e

procedimentos analítico-teóricos, que mudam com as mudanças das teorias

linguísticas e pedagógicas, interessa instrumentalizar o professor para ele continuar

aprendendo ao longo de sua vida e, dessa forma, acompanhar as transformações

científicas que tratam de sua disciplina e dos modos de ensiná-la.

48

Contudo, no concernente a essas instrumentalizações do professor, de que fala Kleiman

(2001), não só pode como deve ser de interesse do professor, mas a iniciativa deve ser de quem

interpõe o discurso de democratização da leitura, conforme Navarro (2003). Quer dizer, se as

práticas escolares indicam a dissonância desses discursos, então é porque a leitura tem estado

em prejuízo.

Aliás, “[...] A escola não percebe que a literatura exige do leitor uma mudança, uma

transferência movida pela emoção. Não importa o que o autor diz, mas o que o leitor ultrapassa.

E a literatura é feita de palavras, e é necessário um projeto de educação capaz de despertar o

sujeito para o encanto das palavras [...]” (QUEIRÓS, 2012, p. 68). Logo, professor não

instrumentalizado para os serviços, não impede, mas dificulta o exercício da leitura. Isto é,

dificulta sua capacidade de exercer os letramentos.

Por conseguinte, e como Queirós (2012, p.68) aponta a necessidade dos projetos de

educação como meio de despertar os sujeitos para o encanto das palavras, este, de início, parece

não ser um problema, pois que sugere mudanças e novos modos de lideranças com as palavras

entre os sujeitos da aprendizagem.

Todavia, pode ser mais um problema sim, não para o professor, pois que sempre se

dispõe e interessa por essas dinâmicas, que proporcionam ao aluno o acesso aos bens culturais,

como afirmam Dias e Meneses (2014). Mas as questões referentes ao discurso da

democratização das leituras, segundo Navarro (2003), é que soa diferente. Daí, o que não

impede nem professor nem alunos terem o devido acesso aos referidos bens culturais.

Aí, nem sempre o interesse e dedicação do professor vão ao encontro desses supostos

sustentáculos governamental. Então, ao professor cabe muito envolvimento com a causa, senão

as pretensões de projetos culturais, socioculturais de educação e desenvolvimento local, podem

ser desencontradas, nas práticas, pelos sistemas escolares que, sempre de um modo ou de outro,

utilizam das mesmas linguagens reforçando as injunções discursivas de certos governos.

Então, mesmo se vendo as possibilidades de o professor ir de encontro aos sistemas

escolares, não impede que as pretensões de projetos culturais sejam alvo de socialização e

levante de autoestima de alunos. Aliás, neste trabalho, as pretensões se concentram em pesquisa

documental, através da qual, se farão a identificação da realidade escolar esteja em consonância

com as leituras literárias somadas às dramatizações poéticas. Logo isso, porque se trata de uma

análise documental sobre uma experiência denominada passeio poético realizada com alunos

do ensino médio, na escola-referência, e com o objetivo de estimular o interesse e a

compreensão do ensino da literatura brasileira.

49

Portanto, no que tange à revisão de documentos e a relação que pode ser estabelecida

entre as práticas escolares e as a ser identificada em anexos e relatos passíveis de consulta,

referência e registros no marco teórico, a conceituação da leitura, na forma de dramatizações,

torna-se de fato o esperado. Assim, na versão de Bartolomeu: “[...] Haverá tarefa mais

significativa para a escola do que esta a de sensibilizar o sujeito para desvendar as dimensões

da palavra?” [...] (QUEIRÓS, 2012, p. 68).

Aí não é só uma questão de esperança, é o fazer-leitura que se coloca entre as

possibilidades de deixar de ser problema tanto para os locutores do discurso da democratização

da leitura, segundo Navarro (2003), quanto para as sugestões de que aos professores cabe o

desempenho dessas ‘amplas’ funções, e as dinâmicas, que proporcionam ao aluno o acesso aos

bens culturais, como afirmam Dias e Meneses (2014).

E ainda, para os sistemas de ensino e o professor que, possivelmente, não mais se farão

ir de encontro um ao outro, pois toda a realidade escolar, no tangente à leitura, há que estar

identificada nas dramatizações do “Passeio Poético”. Afinal, este se colocou como o lugar das

leituras diferenciadas, aonde as oportunidades de representações de papéis se variam e, ao

mesmo tempo, se mesclam entre os comportamentos dos atores e as diversidades de

compreensões somadas à criatividade dos alunos.

Daí, para analisar como as práticas docentes de leitura e literatura no ensino médio

contribuem para a formação do leitor, o que se busca é descrever como foi realizada uma

experiência denominada “Passeio Poético”, com base em documentos oficiais que o

registraram.

Além disso, o pretendido com uma análise dessa experiência, é buscar a identificação

desta nas vivências com o “Passeio Poético” que, na verdade, nada mais é do que a aproximação

das propostas de formação de leitor e do incentivo à prática da leitura e a familiarização com a

literatura, já presentes nos planejamentos, pelo menos, da área de Língua Portuguesa, aonde

dois professores cuidaram de pensar e elaborar o referido projeto.

2 PRÁTICAS DE LEITURAS E LITERATURA NOS ESPAÇOS ESCOLARES

A começar das experiências com leituras e dramatizações que, na verdade, antecedem

mesmo o pensar e o elaborar propostas cujas ações implicaram no desemboque do “Passeio

Poético”. Aliás, um lugar assim meio que particular, não do ponto de vista dos ensinamentos,

exatamente, mas dos anos de convivência com a escola que terminam em costurar laços,

entrelaces combinados aos engajamentos de afetos.

50

Assim dessa maneira, o “Passeio Poético” é aquela proposta de leitura, pensada com

todo o carinho, pois que através dela se acreditava resgatar estímulos de alunos, o que de fato

se constatou em muitas das situações pesquisadas. Quer dizer, com faixas divulgando e

convidando a comunidade para o evento, este já começa a ser visto desde o portão de entrada,

a continuar sobre uma passarela decorada de pós de madeira e estampada, basicamente, dentre

quatro cores: o preto, o vermelho, o amarelo e o verde, segundo o gosto dos alunos-decoradores.

Pequenos quadros cuidavam de estampar essa espécie de mosaico sobre tal passarela,

feita apenas para os transeuntes do passeio, que eram os alunos-atores caracterizados sob as

mais diversas estampas e cores: a cada canto uma tenda, a cada tenda um conjunto de atores e

características acordadas a seus subtemas; o pátio envolto de expectadores, com apenas uma

corda fazendo a separação da passarela, o pátio interno e palco das apresentações.

De outra maneira, foram as declamações dos poemas e prosas nas suas mais diversas

tonalidades de voz. Quem viu, sabe também o que ouviu e o de que uma escola é capaz, mesmo

sendo pública e situada em zona periférica e classificada como pertencente a um lugar de alto

teor de periculosidade, foi capaz de promover leituras de modos diferentes aos tradicionais.

Sete turmas de alunos do ensino médio: dois terceiros, dois segundos e três primeiros

anos e seus respectivos treze professores. Cada uma, com seus aproximadamente 40 alunos, e

a seu modo e tema, cuidaram em fazer arte, ou seja, arte de ler com segurança e boa

interpretação, usando como metodologia de leitura as dramatizações, que por ser o que foram

também deixaram marcas profundas nas mentes e corações de quem dela participou.

A saber, este é o “Passeio Poético” de que a pesquisa trata, especificamente, quando

ainda numa pós-discussão teórica, sobre os conceitos de leitura, este deve ser apresentado,

pormenorizado e analisado segundo a ótica do pesquisador à luz dos autores selecionados para

respaldarem-na.

2.1 O que é leitura?

Leitura, como palavra que deriva do Latim "lectura", originalmente, com o significado

de eleição, escolha; leitura, conforme pensa Aurélio (2014). Também se designa por leitura

obra ou texto que se lê, antes de quaisquer intenções do leitor no compromisso com a construção

dos sentidos e, até mesmo, o autor na intenção da escritura. A saber, “[...] entendida dessa

forma, a leitura é uma competência individual e social, um processo de produção de sentidos

que envolvem quatro elementos: o leitor, o autor, o texto e o contexto [...]” (COSSON, 2014,

p. 36).

51

Assim, a leitura é a forma como se lê e entende o que se leu, como também, a forma

como se interpreta um conjunto de informações, seja de livros, seja de notícia de jornal, sejam

quaisquer objetos passíveis de leituras e compreensões, etc. De modo que ler pode ser apenas

um fato, mas também pode ser um fenômeno. Daí, leitura com o sentido de seleção, segundo

Aurélio (2014), porque, ao ler, a vista do leitor não se prende à letra nem à palavra nem a

expressões, etc. Logo, se olhado assim, ler de fato vai além das letras.

E se vai além das letras, a leitura pode ser um ato de posicionamento político do mundo,

conforme pensam Oliveira e Prados (2014). Aí o sentido de leitura como sendo um fenômeno

ganha força, pois que não está mais no campo da individualidade pessoal, passou a ser um

conceito do mundo. É a leitura passando pela diversidade de olhos, galgando espaços dantes

jamais almejados e buscando a diversidade, quando esta mesma já se galgava pelos conceitos

de leitura. Logo, ser fenomenal porque saiu do individual para o coletivo e ganhou o mundo.

Neste sentido, se é fenomenal, é porque tudo é muito rápido que não dá nem mesmo

tempo de computar as ações da seleção de leitura. Se se pensar na rapidez com que normalmente

se processam os atos dos pensamentos, os raciocínios através dos quais se conduzem as leituras.

Noutro sentido, leitura no campo da competência individual e social, como pensa Cosson

(2014), leva o leitor a ler não somente como ação intelectual, mas ação de ler para um conjunto

de pessoas e, por isso, ação que não fica presa ao campo da competência individual. Logo,

estende-se ao social. E isso também é ler. Portanto, os conceitos de leitura se formam a cada

passo de seus processos. E isso independe de a codificação se expressar-se por escrito.

Então, ainda noutro sentido, a premissa que, geralmente, se constrói, é que se houve

leitura é porque o leitor leu e entendeu, e se leu e entendeu, é porque antes de qualquer

predisposição para a leitura, fez a seleção do termo a ser lido e a lógica disso resultou-se na

leitura independente de letras ou palavras estarem separadas na mira dos olhos. Logo, ler ter a

ver com selecionar. E a leitura não ser só isso, ela ir além do que se seleciona pelas vistas.

Talvez assim como se remete Leffa (1996):

[...] A leitura é basicamente um processo de representação. Como esse processo

envolve o sentido da visão, ler é, na sua essência, olhar para uma coisa e ver outra. A

leitura não se dá por acesso direto à realidade, mas por intermediação de outros

elementos da realidade. Nessa triangulação da leitura o elemento intermediário

funciona como um espelho; mostra um segmento do mundo que normalmente nada

tem a ver com sua própria consistência física. Ler é, portanto, reconhecer o mundo

através de espelhos. Como esses espelhos oferecem imagens fragmentadas do mundo,

a verdadeira leitura só é possível quando se tem um conhecimento prévio desse mundo

[...]. (LEFFA, 1996, p.10)

Assim dessa maneira, como pensa Cósson (2014), ao abordar sobre a competência

individual e social, como sendo processos de produção de sentidos que envolvem os principais

52

mediadores da leitura, ou seja, elementos como: o leitor, o autor, o texto e o contexto. Para

tanto, nesta abordagem, o que se vê é que a leitura se comunga com todos esses elementos,

contudo, nas suas particularidades, leitura e leitor se entendem pelos processos conceituais de

escolha e eleição, como pensa Aurélio (2014). Então, ler, como assegura Leffa (1996), de fato

é representação.

Nisso ou nesse representar, se pensasse que era o leitor escolhendo o texto, já estaria

avançado; mas não, a escolha é natural. É o ato de ler que proporciona aos olhos mudarem

rápido ou lentamente de uma letra, sílaba, ou palavra, expressão, para outra, e o dicionarista,

no caso, Aurélio (2014), aproveitando da originalidade latina do termo, chamando isso de

escolha ou eleição. Logo, leitor e leitura se comungarem, pois que, antes dessa seleção natural,

os olhos do leitor já selecionaram foram textos de vários tipos e gêneros diferentes, de modo

que, não tem como mensurar as particularidades de tais conceitos senão pelo modo de

representação, como pensa LEFFA (1996).

Contudo, há outro termo a que Cósson (2014) toca que é o autor. Quer dizer, para ser

autor, precisa necessário-anteriormente ser leitor. Leitura e escrita são elementos que, por si só,

andam de mãos juntas – apesar do grau de dependência da escrita para a leitura – talvez se possa

ler sem escrever, ao contrário, fica praticamente impossível escrever sem ler ou sem ter lido.

Então, nas particularidades da leitura, não tem como ser autor sem ser leitor, ainda que a autoria

seja apenas uma mera pintura na parede ou uma pichação do muro da rua principal contendo os

mais confusos códigos e rabiscos.

Como, por exemplo, na versão das autoras, Resende, Franco e Marquez, (2013), pois

que ler é evidenciar uma leitura possível, com elementos objetivo-formais como ponto, linha,

forma, direção, tom, cor, textura, dimensão, movimento e outros elementos, subjetivos, ou seja,

o que nossa leitura de mundo nos permite ler na imagem, associando conhecimentos já

adquiridos, ideias, sentimentos, expressões diversas, dentre outras.

Nisso, haja vista para a diversidade de letramentos: “[...] O letramento visual acaba

sendo minado, primeiramente, pela ausência de importância dada à imagem, assim como pela

carência desse letramento por aqueles que deveriam ensiná-los, [...]” (ARAÚJO, 2016, p.97).

Logo, essa carência de fato existe e, talvez, os letramentos visuais precisem ser galgados

também por esses profissionais. Contanto que, autor tem de ler ou de ter lido.

Aí não é uma questão de prescrição nem proscrição, pois que isso tudo se particulariza

num primeiro toque nas questões da autoria, sem contar no amplo processo democrático pelo

qual passa a mente do leitor durante as escolhas, e a própria leitura. Logo, isso não foi ditado

por ninguém, pois que leitor-autor não está prescrito, já é mesmo uma questão de seleção

53

natural. Aliás, pode ser que algum leitor até se exile nalgum lugar particular para exercer a

leitura. Isso é lógico e legítimo.

Agora, pensar que para ser autor, não precisa ser leitor, engana-se, se há quem pensa

assim, pois que como pensam: “[...], quase nunca se consegue garantir que a leitura literária do

aluno se realize integralmente [...]. Entre o aluno/leitor e o autor apresentado, as interferências

são tantas, atingindo desde a integridade dos textos [...] até a conduta invasiva das atividades

de compreensão que estreitam as possibilidades de leitura do aluno [...]” (BRANDÃO e

MARTINS, 2013, p.263).

A saber – apesar de que os autores em foco estejam tocando mais na questão da leitura

didática – não se pode esquecer de que esta é uma preparação para a leitura paradidática. Então,

pensando nisso, lembra-se de que as dificuldades de escrita, geralmente, estão relacionadas às

dificuldades de leituras. Daí ser bom que aluno-leitor se sinta também autor. E ambos se sintam

mais íntimos, ao ponto de a autoria ser uma temática mais frequente em suas pautas de

discussões e convivência no mundo da leitura.

Contudo, o outro termo a que Cósson (2014) toca, no caso, o autor, apresenta outras

particularidades, a saber, as suas próprias. Aí entra o texto, pois que, para ser autor, não precisa

necessariamente ser escritor. Autor pode ser individual, coletivo e até mesmo representacional.

Assim como, pode ser também físico/individual, coletivo/vários e até jurídico. Ou seja, se

alguém dalgum lugar no mundo, por razões pessoais, queira produzir, por exemplo, uma

autobiografia, mas não se sente devidamente preparado do ponto de vista da escrita: questões

gramaticais, domínio das técnicas de escrita, dentro outras, nada o impede de exercer uma

autoria através de outro.

Contudo ainda, a própria particularidade da autoria já se faz de compartilhamentos, não

meramente de autorias para direitos autorais propriamente, mas autorias com sensibilidade de

sujeitos. Por exemplo, na versão de Paiva, Paulino e Passos (2006), que pensam que ao

desenvolver uma narrativa, ainda que seja a história de sua própria vida, o autor dá vez e voz

a um narrador, ou até mais, que pode ou não ser personagem.

Para tanto, existem os contratos, contatos, basta discriminar tudo a contento como versa

a lei, e a autoria pode ser compartilhada. Só que não é dessa autoria que devemos nos ater, mas

a que fica difícil de entender é uma escritura de cujo autor não adota leituras para referendá-lo.

Logo, praticamente tudo o que se escreve, que se inventa e se produz, tem sempre alguém por

detrás como referência. “[...] O autor inventa um mundo e o(s) narrador (es) o apresenta(m),

numa representação enunciativa [...]”. (PAIVA; PAULINO; PASSOS, 2006, p.26). Daí só a

leitura o elemento principal na mediação de ambas as situações contextuais. Na escola, por

54

exemplo, em se tratando de autoria durante as leituras literárias, os conceitos formulados,

muitas vezes, são como:

[...] O autor não está solto e sozinho. Sua linguagem carrega os traços da sociedade

em que vive da memória de seu povo, de sua classe social, de sua família, de seus

amigos. A linguagem não é propriedade particular, ela circula entre as pessoas que a

produzem todos os dias, num trânsito incessante de que todos nós participamos. O

autor toma posse dela temporariamente. Sua vontade sustenta a narrativa, mas sua voz

não é exclusiva, nem explícita no texto [...] (PAIVA; PAULINO; PASSOS, 2006,

p.26).

Neste sentido, assim como noutra versão de Paiva, Paulino e Passos (2006), que em

certo ponto tratam dos autores que, ao escreverem suas narrativas, conversam diretamente

com os leitores, Machado de Assis, por exemplo, é um deles. Aliás, segundo elas, nem nesse

caso, pode-se dizer que ali esteja a voz do autor. Aquela é a voz do narrador que, junto com os

personagens, a situação e o ambiente narrados, faz parte da armação, do arranjo que o autor

urdiu para dar características literárias ao texto e despertar cada vez mais sensibilidades no

leitor.

No mesmo sentido, a narrativa pode ser imperfeita, mas não deixa de ser narrativa, se

perfeita também. Já a leitura deixa de ser leitura se não houve entendimento do que leu. E a

autoria pode dar a voz ao texto para que o leitor entenda o que leu, mas não pode ser a voz que

fala, conforme pensam Paiva; Paulino; Passos (2006). Tem de ser quem urde os planos,

entrelaça os tecidos, faz a voz sair daqui para acolá, mas também não pode fazê-lo, sem

conhecer as personagens a que criou. E se as criou é porque foi capaz de ler sobre elas, por isso

as criou. Então, ser autor é o mesmo que ser leitor.

Noutro sentido, ser autor é ser o que redige o texto, faz dele o seu manancial, tece para

lá, tece para cá, acredita no tecido que tece ao modo como acredita no leitor que o lê. Então ser

autor é conhecer outros autores, é ler o texto em sintonia com o contexto. Acredita que a leitura

é um processo, e o leitor é quem o puxa, ao passo que o professor o incentiva e promove.

Ler é isso, olhar o contexto e entender até suas minúcias, se for o caso. É ver a árvore

balançando e entender por que ela balança. É ver o outdoor na beira da estrada e, pela imagem,

entender qual é a impressão, e o que se quer comprar ou vender. Daí, “[...], letramento visual é

definido como a capacidade de ler e interpretar um conjunto de elementos visuais aprofundando

nos níveis de leitura e consequente significação [...]”. (ARAÚJO, 2016, p.97)

Por fim, leitura tem a ver com palavras, frases, gestos, comportamentos, têm a ver com

texto, com escrever, com sinais, códigos, mas não tem a ver com não ler. Também se designa

por leitura quaisquer obras, sejam visuais, de arte, arquitetura, etc., ou texto que se lê, antes de

quaisquer intenções de seus respectivos autores e do leitor no compromisso com a construção

55

dos sentidos e, até mesmo, o autor na interação da escritura com objeto lido. Mas o ato de não

ler pode ser que combina com o não escrever, só que, definitivamente, não combina com leitura.

2.2 Passeio Poético: um convite às práticas literárias

2.2.1 Aspectos introdutórios

Em cumprimento ao objetivo específico desta dissertação, no caso, fomentar estudos de

revisão literária conjugados às narrativas de práticas de leituras vivenciadas nos espaços

escolares, ou seja, o de descrever a realidade escolar, no que tange às leituras literárias, visando

ao protagonismo e à promoção de escolas a patamares de agentes sociais.

Nisso, o propósito de busca de formulação dos conceitos no entorno das leituras

literárias, é ver como os leitores, no caso, os alunos estão fazendo esses nexos de elaboração de

conceitos e quais os recursos estão sendo utilizados na construção de tais conceitos. Portanto,

o que se viu é que, tanto a Leitura quanto a Literatura podem se refletir nos espaços e práticas

escolares, pois nem sempre isso é assim: na forma de dramatizações, caracterizações plásticas,

sonoras, de personagens, de cenários, dentre outras.

Assim desse modo, no que tange às práticas escolares, sobretudo, aos olhos de uma

pesquisa documental, viu-se que a organização e preparação das apresentações dos trabalhos,

obedeceram a certos processos que passaram por anotações e registros das mais diversas

maneiras. Para tanto, ao fazê-lo, pesquisou-se através de: consultas a livros de atas, aos planos

de custos da gestão escolar, ao Projeto Político Pedagógico, o PPP da escola, aos livros de atas

do colegiado escolar, ao projeto pedagógico “Passeio Poético” teoricamente elaborado e seus

complementos como: plano de execução, plano de receitas e despesas, registros de pequenas

reuniões sobre a preparação de critérios norteadores da aplicação do projeto, etc., atas de

reuniões administrativo-pedagógicas, dentre outros como a própria Lei de diretrizes e Base

Nacional LDBEN (1996).

Assim de outro modo, sobre como se deram as práticas de leituras e dramatizações

através do denominado “Passeio Poético”, o que se pode ver é que este tinha como objetivo

fazer um condensado a partir dos conteúdos teóricos de leitura e literatura estudados em sala de

aula e as práticas destes no pátio da escola. A saber, foi daí que surgiu a ideia primeira de projeto

pedagógico. Antes, pensava-se numa sequência didática de atividades relacionadas a esse

condensado.

Só que a gestão escolar entendeu se tratar de projeto e o exigiu na sua forma

teoricamente elaborada. Daí, os primeiros, segundos e terceiros anos do ensino médio,

56

especificamente, e ainda os oitavos: três turmas; e nonos anos: três turmas do ensino

fundamental, ou seja, todos no turno matutino. Nisso, lembrando-se apenas de que a escola

abarcava também o ensino médio noturno com cinco turmas: dois primeiros, dois segundos e

um terceiro ano, ao lado do ensino fundamental/noturno/EJA: duas turmas. Também,

observando que à tarde oferecia-se a primeira fase: oito turmas; e a segunda fase do ensino

fundamental: onze turmas.

Quer dizer, a escola com quadra poliesportiva, quatro pavilhões comportando pelo

menos 22 salas de aula, embora nem todas em uso, secretaria escolar, bom e espaçoso refeitório.

Ou seja, dependências escolares interligadas, mas separadas umas das outras, ou melhor,

funcionamentos independentes. Logo, escola situada num bairro já tradicional, mas contornada

de riscos, periculosidades e inseguranças.

Com tudo, voltando ao “Passeio Poético”, no que tange ao envolvimento das pessoas

com o projeto, o que se viu é o primeiro turno praticamente todo envolvido: secretaria,

professores, gestão escolar e pedagógica, etc. Destes, apenas o gestor escolar impunha

obstáculos a certas situações. Por exemplo, quando se precisasse fazer uma reunião com setores

dos professores e gestão pedagógica. Este gostava da ideia de projeto, mas não gostava dos

ensaios que se desembocaram nas dramatizações do passeio nem de reuniõezinhas

intermediárias. Logo, a coordenação do projeto precisava contornar pequenos obstáculos o

tempo todo, sendo que os principais desses obstáculos, muitas vezes vinham do gestor escolar.

Conseguintemente, apoios vieram de todos os lados: comunidade, alunos de outros

turnos, professores e especialistas de outras escolas e tamanho conhecimento cultural para

avaliar projetos, etc. Na verdade, os maiores obstáculos vieram da gestão escolar, embora esta

também tenha apoiado bastante. É que havia uma preocupação muito grande em não reconhecer

os módulos-aulas utilizados com ensaios, com reuniões pedagógicas, reuniões de pequenos

grupos de execução de trabalho, dentre outras.

Nesse caso, houve que se reunir em horários de almoço, de cafés, etc., mas nem sempre

participavam os principais envolvidos. Quer dizer, a ideia de projetos é muito boa na visão de

certos gestores. Só que não tem como planejar e executar projeto sem dispor de certos recursos.

Noutro caso e para futuras realizações desse âmbito, precisará os professores dispor-se de muito

boa vontade, senão o trabalho não sai.

Finalmente, porque houve obstáculos, não significa não ter ganhado, ao contrário, só o

houve, pois que as leituras – literárias ou não – e no âmbito da comunidade escolar,

sobressaíram-se com muito mais expectativas, antes da aplicação do projeto e mais perspectivas

depois deste, de modo que o seu patamar de estímulos está em alta até os dias de hoje. A saber,

57

o esperado quanto às leituras é de repetição do mesmo gênero ou de continuidade dessas

metodologias de leituras.

2.2.2 Documentos utilizados como base de pesquisa

Nesse momento, os registros da escola passam a ser de suma importância para o respaldo

das dramatizações, pois que é lá que estão registrados os ideais de atividades de

extracurriculares. Isso também como forma de resgate de valores culturais, morais, sociais, etc.,

e com sentido de resgate da autoestima de alunos, além de um repasse dos acontecimentos

históricos da escola. Dado isso, entre os registros referentes ao projeto em estudo, o que pode

ser analisado, aparece na seguinte ordem:

2.2.2.1 O regimento escolar e Projeto Político Pedagógico – PPP

Nesse momento, aponta-se a escola indicada pelo pesquisador como de referência para

a realização da pesquisa documental. Daí, o que se viu, ao ponto de ser analisado, é quanto ao

primeiro documento, no caso, o regimento escolar, que faz uma breve contextualização

histórico-regional-local abordando desde as primeiras manifestações de necessidade de uma

escola no lugar para atender as crianças sem-escola, aos decretos de autorização de

funcionamento da extensão de série e, em seguida, o ensino médio.

Afora isso, há um dispositivo, conforme Regimento escolar, (2012), que fala das

atividades extraclasses, mas não as define nem as discrimina, explicitando quais e como estas

poderiam ser desenvolvidas. Também, não especifica nada exatamente sobre projetos, senão

apenas, abertura nesse já referido dispositivo sobre essas atividades, para quem queira

desenvolver projetos. Logo, no que diz respeito aos projetos pedagógicos, no regimento deveria

constar de um capítulo, estabelecendo seus investimentos.

Ou seja, as formas de aplicação, em que situações, estes poderiam ser implementados,

enfim, os critérios de elaboração, aplicação e desenvolvimento dos projetos pedagógicos na

escola. Desse modo, como propõe Lajolo (1993, p.7) ir além de aprender a “ler livros”, pois a

escola não é só para isso. Aliás, para ela, é responsabilidade da escola fazer os planejamentos e

manter os registros, não é só ler, é preparar-se para ler. Quer dizer, se não há no regimento da

escola registro de planos sobre como desenvolver os projetos pedagógicos, isso quer dizer que,

nesse aspecto, a escola está em falta.

Mas de outro modo, em se tratando do Projeto Político Pedagógico da escola, de certa

forma, esta fica contemplada, ao contrário do regimento, neste se está prevendo as formas de

organização dos projetos pedagógicos. No entanto, no caso, este faz o mesmo, repete algumas

situações contextualizadas no regimento, não faz grandes planejamentos nem entra em detalhes,

58

mas informa que é a gestão pedagógica o setor principal e responsável pela elaboração,

instalação e aplicação dos projetos, conforme PPP (2012).

Então, quanto a esses documentos, o projeto referente ao “Passeio Poético” teve

respaldo legal e local para ser desenvolvido, como o foi, mas nem por isso, contempla-o

plenamente, pois que, citar por citar, não estimula, ao contrário, para estimular, sejam

professores, funcionários, sejam alunos, o toque precisa ser especial, a especificidade da coisa

citada produz balanço, mexem com o sujeito a ser estimulado. Logo, isso parece vago nos

dispositivos do referido PPP (2012) que, na verdade, não incentiva professores para atividades

de leituras semelhantes às desenvolvidas durante o “Passeio Poético”.

2.2.2.2 Os registros de eventos administrativo/pedagógicos

1º Atas de reuniões – Ou seja, entre os documentos consultados, ata de reunião

pedagógica realizada em 28-09-2014 que trata da elaboração do projeto, conforme Livro de

atas de reuniões pedagógico-administrativas (2014). Nesta fica bem claro como essas políticas

referentes a projetos são discutidas na escola. Afinal, a cada bimestre, uma área pedagógica fica

responsável pela elaboração, execução e aplicação do projeto. Apenas o tema é pensado por

todas as áreas em conjunto nessa reunião bimestral.

Quer dizer, nessa reunião se discutiu: qual área, quais professores e especialistas

ficariam responsáveis pelo projeto do último bimestre, a se iniciar em outubro/2014. Também

se discutiu sobre a natureza do projeto, se interdisciplinar, se apenas de colaboração disciplinar,

dentre outras. Ao final, entendeu-se que o tema seria poesia e que a área de Português ficaria

responsável, bem como os professores de língua portuguesa dos primeiros aos terceiros anos

do ensino médio. Também se resolveu que este seria apenas de colaboração disciplinar. No

mais, a reunião se encerrou.

Daí, a relação que se pode estabelecer repete-se ainda com o pensar de Lajolo (1993,

p.7), ou seja, a escola tem de ir além de ensinar e aprender a “ler livros”, pois esta não é só para

isso. Aliás, para ela, é responsabilidade da escola fazer os planejamentos e manter os registros,

a saber, se noutro momento faltou registro, não significa que a escola não está discutindo seus

problemas, lendo e relendo suas problemáticas. Logo, o fato de a escola conseguir se reunir

para discutir suas questões pedagógicas consta de fator positivo, pois que, segundo resoluções

do sistema administrativo central, não há espaço reservado no calendário para esse tipo de

atividade.

Isso significa que o sistema escolar tem estado em favor da leitura, pois que, mesmo

fazendo dentro das mínimas condições, tem avançado nas discussões políticas referentes a

59

projetos pedagógicos, ou seja, não tem se deixado interpor pelos discursos injuntivos dos

incrementos de democratização da leitura, como versa Navarro (2003). Quer dizer, não é só ler,

é preparar-se para ler. E isso a escola vem fazendo.

Outro documento analisado é o que diz respeito à ata de reunião administrativa, ou seja,

apenas entre vice-diretora e professores/colaboradores com o projeto, que trata da elaboração

dos critérios de funcionamento do projeto, bem como, data, metodologias de instalação e quais

recursos se utilizaria na abertura. Quer dizer, houve reunião para discutir e a comissão

organizadora do evento ficou de providenciar tais formulários e prover seus registros. Só que,

na prática, embora os convidados pais e responsáveis por alunos estivessem presentes, dentre

professores e funcionários, na hora da abertura faltou o som, pois que estava estragado. Daí

tudo funcionou apenas com o cântico do hino nacional por aqueles que o conheciam de cor.

Ainda outros documentos analisados, foram ata de reunião do colegiado aprovando as

decisões dos professores e autorizando a aplicação do projeto; ata de reunião pedagógica que

trata dos critérios de avaliação do projeto como aproveitamento escolar pelos alunos e ata do

colegiado parabenizando a iniciativa dos professores de Português e autorizando as premiações

aos vitoriosos.

Quer dizer, a escola – embora tenha suas dificuldades e não são poucas – mas não está

ancorada diante do sistema político numa atitude passiva ou mesmo pessimista como acontece

em outras localidades escolares. Aliás, ao optar pelas dinâmicas de projetos pedagógicos, a

escola está sendo crítica em relação aos sistemas e autocrítica, ao mesmo tempo, pois que,

investir em projetos, independente da posição profissional do sujeito, implica em muita

disposição pessoal. “[...]. Tira-nos da atitude de expectadores críticos de um governo sempre

insuficiente ou do pessimismo passivo, devolve ao cidadão a compreensão de que pode tomar

o seu destino em suas mãos, conquanto haja uma dinâmica social local que facilite o processo

gerando sinergia entre diversos esforços [...]” (DOWBOR, 2007, p.76). Logo, a crítica como

recursos da escola no entorno das leituras literárias eleva o aluno à condição de cidadão, de

modo que a escola se desponta como sendo também agente social.

2º - Projeto escrito – “Leitura na sala de aula e passeio poético no pátio da escola”

– ou seja, projeto teoricamente elaborado, entre agosto e setembro de 2014, com o fim de ser

aplicado no último bimestre, entre outubro e dezembro do corrente ano. Quer dizer, em reunião

pedagógico-administrativa de início de ano, ficou resolvido que a área pedagógica de Língua

Portuguesa seria a responsável pela elaboração e aplicação do projeto do último bimestre.

Quer dizer, a escola vinha de entraves e conflitos entre comunidade e superintendência

de ensino, em razão de um diretor eleito que tivera sido demitido contragosto à comunidade

60

escolar. Daí, a diretora nomeada pelo órgão intermediário não foi aceita, de modo que houve

muitas manifestações e revoltas, que, na verdade, se desembocaram na revogação da medida,

embora ainda tal período tenha durado um ano e três meses. Logo, razão maior por que a nova

gestão aceitava a política dos projetos.

Afinal, estes continham nos bojos objetivos de resgate da autoestima, não somente de

alunos, mas também, da própria escola e comunidade. Daí também, por que o chamado

diretor/interventor ainda conseguia lidar com as reuniões preparatórias das dramatizações no

“Passeio Poético”. Tal projeto foi elaborado pelo coordenador das aplicações do referido

passeio. A saber, era exigência da gestão escolar, principalmente, porque seria meio de tentar

conseguir recursos na superintendência de ensino ou na Secretaria de Educação do Estado para

a sua implantação.

Pelo menos, isso foi o dito pelo gestor em reunião do colegiado para tratar do assunto.

Pelo mais, na prática, é que tais recursos, de fato, não foram alcançados. A escola mesma é que

teve de arcar sozinha com os custos, ou seja, com as doações coletadas entre professores,

funcionários e comunidade.

Contudo, o projeto foi elaborado, se não a contento das metodologias científicas, mas à

altura de resolver os problemas mais pertinentes na escola naquele dado momento da história

local. O que, para tanto, em resumo e teoricamente, o projeto problematiza certa falta de

recursos didáticos, pedagógicos, metodológicos focados na leitura e literatura. Ao passo que

também, contextualiza isso conjugado a uma retrospectiva histórico-local, abordando,

inclusive, a história de violência, em meio e imediações da escola.

Em sua essência, seu referencial teórico e metodologias frisam de um projeto

pedagógico focado na temática das leituras literárias e que tratou de usar as dramatizações,

através do texto poético ou em prosa, como recurso de representação de papéis tendo os alunos

do ensino médio como personagens-atores.

Nesse ínterim, seus passos metodológicos previram plano de execução, que trata da

elaboração de fichas de avaliação e seus conteúdos, bem como critérios de julgamento dos

trabalhos e composição do corpo de jurados, dentre outros. Além disso, previu também planilha

de gastos que trata das despesas com o projeto e a busca de possíveis patrocinadores. Este prevê

ainda a entrega de resultados, mas não prevê as premiações.

Finalmente, o último documento analisado é o que consta de um relatório final, quando

se dá, essencialmente, conta de todo os fatos e informações constantes destas narrativas. Quer

dizer, é como pensa Queirós (2012, p.68), sobre que não importa o que o autor diz, mas o que

o leitor consegue ultrapassar.

61

Afinal, para ele, a literatura é feita de palavras, e por isso, é necessário um projeto de

educação capaz de despertar o sujeito a partir do encanto das palavras. Logo, não importa o que

a escola tem de fazer e, muitas vezes, não faz, por esse ou aquele motivo. O ideal é fazer com

encantamento, mas se de tudo não pode, importa é o que ela faz, independentemente, do feito

encantar os outros com as palavras.

2.2.2.3 A organização e caracterização da coordenação geral e das equipes de trabalhos

Nesse momento, conforme plano de execução que, na verdade, é um pequeno plano que

a coordenação do projeto precisou fazer para listar e situar as tarefas a serem desenvolvidas no

momento exato da coisa aplicada. A saber, se o não fizer no papel, tem-se de fazer de cabeça,

o que é mais difícil para quem está na posição de pensar os feitos. Logo, nele constam de todos

os passos metodológicos adotados para a aplicação e execução: critérios para realização de

reunião, o que fazer primeiro, a abertura e instalação do projeto, as compras de materiais

necessários ao uso, à organização das equipes de trabalho, etc.

E ainda, o plano de custo, ou seja, aonde constam das previsões de receitas e despesas.

Com o que se vai adquirir isso ou aquilo: se papéis, se tintas, se materiais para adereços, etc. E

ainda outro documento de base seria o próprio projeto teoricamente elaborado e referente ao

“Passeio Poético”, que é aonde se preveem todos os passos metodológicos a serem seguidos,

objetivos a serem alcançados, resultados previstos, dentre outros.

Ao lado disso, a pesquisa se apoia noutros documentos como os relatórios – exigidos,

inclusive, pela própria Superintendência de ensino – embora, segundo o gestor, esta não tenha

liberado verbas para a execução do referido projeto. Na verdade, esse fora executado com

recursos próprios, ou seja, doações dentre professores, alunos, comunidade e gestão escolar que

entrou apenas com o material já existente como: folhas, cartolinas, colas, entre outras. Na

sequência, aparecem também os pequenos álbuns de fotografias, feitos pelos próprios alunos

durante as apresentações das equipes.

Também, os vídeos constando dos registros de imagens em movimentos que, na

verdade, registraram muita coisa, mas não tudo nem ao modo técnico como se previa

necessário. Entretanto, observa-se de alguns obstáculos não muito éticos em relação ao

comportamento do gestor escolar. Na época, sabe-se ou se viu que ele registrou tudo em vídeo

audiovisual. Só que no momento da pesquisa, como ele não está mais na frente da gestão

escolar, não os deixou nos arquivos, preferiu levar com ele todos os registros em vídeo e

referentes ao passeio, segundo informações coletadas no sistema administrativo local. O que

causou certos transtornos, embora a pesquisa pudesse contar com os documentos em vídeos e

fotos enviados por alunos e pais de alunos na época, ainda que tecnicamente incompletos.

62

Por conseguinte, anotou-se que cada turma de ensino médio, ao todo sete e compostas

por entre 36 e 40 alunos, recebeu como orientações: organizar a equipe, dar um nome a ela

como meio de identificação, tema sobre o qual teria de pesquisar, e escolher a metodologia de

apresentação no dia estabelecido pela comissão organizadora do evento, ou seja, os dois

professores de português do ensino médio, a supervisora do turno matutino, uma representante

da secretaria escolar, outro representante da comunidade e dentre o colegiado escolar e a vice-

diretora. Logo, assim se compunha a referida comissão.

Conquanto, as equipes tinham de se organizar quanto às pesquisas abordando os

conteúdos de literatura estudados no decorrer do ano letivo. Para tanto, de acordo com os

planejamentos da área pedagógica de Língua Portuguesa e Literatura Brasileira, no primeiro

ano, teriam de pesquisar sobre os períodos literários a que estes estiveram estudando, ou seja,

conforme Barreto (2013), o Trovadorismo, período em que as manifestações poéticas se

caracterizavam pelas cantigas: de amor, de amigo, de escárnio e de maldizer. Embora recitadas,

vinham acompanhadas ao violão. Isso acontecia ao final da Idade Média, portanto, antes da

descoberta do Brasil. Ou seja, o Trovadorismo português teve seu apogeu durante um período

que durou cerca de 150 anos: entre finais do século XII e meados do século XIV.

O Quinhentismo, que compreende toda a Literatura produzida no Brasil, a começar da

Carta de Pero Vaz de Caminha, no século XVI, ou seja, 1.500, ao lado de toda uma

caracterização composta pela comitiva de Pedro Álvares Cabral e os nativos da terra, no caso,

os índios. Em seguida, o Barroco, também conforme Barreto (2013), período marcado na

Arquitetura pelas obras de Aleijadinho e na Literatura, pela poesia gregoriana embalada sob os

discursos críticos tanto da corte, quanto das famílias aristocráticas, dentre outras, apontando

Gregório de Matos como seu principal pensador, inclusive, identificando-o pelo pseudônimo

“Boca do Inferno”. Este compreende toda a Literatura produzida no século XVII, 1.600. Logo,

na sequência de períodos literários, XVIII, 1.700, século marcado pelo Iluminismo e este,

estudado, mas não colocado como matéria de pesquisa, entre os períodos literários, se

considerando que não foi escolhido pelos alunos.

Conquanto ainda, as equipes teriam de pesquisar sobre os Estilos de Época. Daí, como,

também conforme Barreto (2013) aponta aqui 1.800 ou o século XIX como inaugural do

Romantismo no Brasil. Logo, se o século XVIII fica marcado pelo Iluminismo na Filosofia e

na Literatura, os Estilos de época nascendo na Europa, no Brasil soam diferentes, nascendo

somente no século seguinte. E começando da Coroa Portuguesa, a 1.808, trazendo muitas

contribuições culturais para que o Romantismo fosse inaugurado com sucesso. No que foi.

63

Aliás, o Romantismo no Brasil teve como marco a publicação, a 1836, do livro de

poemas denominado Suspiros poéticos e saudades de Gonçalves de Magalhães. Quer dizer, nos

primórdios dessa fase literária, a 1833, um grupo de jovens estudantes brasileiros, em Paris,

iniciou, sob a orientação de Gonçalves Magalhães e de Manuel de Araújo Porto Alegre, um

processo de renovação das letras influenciado por Almeida Garrett, poeta português, e pela

leitura dos românticos franceses.

A saber, ainda em Paris, a 1836, o mesmo grupo de brasileiros funda a Revista

Brasiliense de Ciências, Letras e Artes, cujas duas primeiras edições traziam como epígrafe a

frase: "Tudo pelo Brasil e para o Brasil". Esse movimento é visível pela valorização do

nacionalismo e da liberdade de expressão manifestada na produção literária da época. Algo a

que se ajustava ao processo de nacionalização e autoafirmação da nação brasileira, tão

necessário naquele período pós-independência.

E continuando, embora o Realismo fosse estilo de tão mesma importância quanto os já

mencionados e como tema submetido à escolha pelas equipes, não foi escolhido. Então, o

Modernismo e Pós-modernismo tomam seu lugar no conceito dos alunos e passam a matérias

de pesquisas e conteúdo fluente nas dramatizações no “Passeio Poético”.

E, ao lado disso, as equipes receberam como tarefa entregar um único trabalho escrito

por equipe. Na verdade, em reunião pedagógica e por sugestão de professores de outras áreas

pedagógicas, decidiu-se por isso. Quer dizer, trabalho por escrito e nele constando dos textos

que seriam escolhidos pela equipe para serem dramatizados ou declamados. Daí, a primeira

equipe e sua identidade:

A - Equipe 1 – Tema: O Trovadorismo – Nome: Os trovadores – Estes se

caracterizaram, fisicamente, em vermelho e branco, sendo que as meninas vestiam turbante

branco na cabeça, camiseta de malha branca de manga, calças de malha vermelhas, sapatinhos

em salto vermelho aos pés e portava cada uma, um violão. Já os meninos vestiam turbante

branco na cabeça, camiseta branca sem manga, short vermelho, sandálias abertas de couro

pintadas em vermelho e também portava cada um, um violão. O texto escolhido foi uma cantiga

de maldizer.

Nestes termos, no que diz respeito, primeiramente, à caracterização da equipe, o que

fica claro, na leitura feita pelos alunos, é a relação estabelecida com a imagem dos trovadores,

ou seja, fizeram a pesquisa e pelas fotografias e escritos perceberam o modo como os trovadores

se apresentavam em praças públicas de Lisboa naquele período da história.

Daí, noutros termos, se pode inferir e relacionar com Orlandi (1999) que aponta as

leituras literárias como meios de entrelaces com as linguagens plásticas, ao abordar sobre a

64

convivência com a música, a pintura, a fotografia, o cinema, etc. Logo, se o gênero era a poesia

trovadoresca, a caracterização e dramatização ocorreram, nas práticas, em plena sintonia com

os conteúdos estudados em sala de aula. Isso quer dizer que as leituras estão sendo feitas à altura

do estudado, em consonância com as caracterizações, portanto, sabendo conjugar linguagens

plásticas com leitura visual pela caracterização teórica e pela caracterização concreta de fatos e

personagens.

B - Equipe 2 – Tema: O Quinhentismo – Nome: Quinhentos anos de Brasil - Estes

se caracterizaram de índios: os meninos trajando turbante de penas de galinha à cabeça, short

curtíssimo imitando a cor da pele e cobertos de penas de galinha e descalços. As meninas

trajavam turbante de penas de galinha à cabeça e saias curtas imitando a cor da pele e cobertas

de penas de galinhas. Os seios também cobertos, como se cocares de penas. Diferente das índias

originais que traziam, nos estudos, os seios descobertos. Todos, meninos e meninas, tinham a

pele marcada pelas cores e traços típicos dos indígenas. A cena representada foi a descrita na

carta de Pero Vaz de Caminha, sobre a chegada da comitiva de Portugueses à terra de Santa

Cruz. O texto declamado coletivamente foi o mesmo que descreve a cena na carta, ou seja, uma

página e meia.

Nestes termos, no que diz respeito, primeiramente, à caracterização da equipe, o que

fica claro, na leitura feita pelos alunos, é a relação estabelecida tanto com a imagem dos índios

e europeus, quanto com o contexto histórico quanto com o texto declamado, que não era em

versos, era em prosa; quanto com o valor cultural presente na narrativa em carta, ou seja,

fizeram a pesquisa e pelas fotografias e escritos perceberam o modo como os Portugueses

chegaram ao território e, também, o modo, e por quem foram recebidos, no caso, os índios que

eram, na verdade, os únicos habitantes.

Daí, noutros termos, se pode inferir e relacionar com a autora Tozzi (2011) que aponta

os objetos de leitura, enfocando os livros destinados aos pequenos e jovens leitores, que estão

no espaço social – não são exclusivos instrumentos ou artefatos da escola - isso é parte das

cenas de nossa história cultural e econômica maior. Para ela, podem ser encontrados em nossas

memórias e daqueles que conosco as compartilham.

Logo, se o gênero temático era a poesia, a caracterização e dramatização ocorreram em

cima de um texto em prosa, mas como a declamação era coletiva, os efeitos sonoros foram uma

tentativa de serem bem criativos e diferentes das declamações poéticas comuns. Então, nas

práticas, em plena sintonia com os conteúdos estudados em sala de aula. Isso quer dizer que as

leituras estão sendo feitas à altura do estudado e em consonância com os fatos históricos e a

articulação entre poesia e prosa

65

C - Equipe 3 – Tema: O Barroco – Nome: Gregório de Matos - Estes se

caracterizaram como: de um lado, a corte portuguesa, vestida das mais finas indumentárias,

destacando o azul-colonial com o dourado-barroco, marcado – inclusive - na beca do Rei, e

certas combinações de estilos particulares da Família Real Portuguesa da época. Dentre esses,

o Rei, a Rainha e alguns fidalgos no/do comando político. No entanto, de outro lado, em

contraponto, o restante da turma se caracterizou de plebeus, em manifestos revoltosos contra a

pompa administrativa do Rei. Estes trajando a roupas paupérrimas, caracterizando-se de muita

pobreza e fome. E ainda, dramatizando o texto de Gregório de Gregório de Matos, buscando

caracterizar o século seiscentista na sua mais notável sátira/crítica.

Assim como o poeta de inesgotável fonte satírica não poupava ao governo, à falsa

nobreza da terra e nem mesmo ao clero. Também, não lhe escapavam os padres corruptos, os

reinóis, próprios do reino e da terra, e degredados; os mulatos e emboabas, os “caramurus”, os

arrivistas e novos-ricos, toda uma burguesia improvisada e inautêntica, exploradora da colônia.

Tido como perigoso e mordaz, apelidaram Gregório de: “O Boca do Inferno”. Logo, os atores

da equipe buscaram fazer uma sátira entre esses partícipes do Reinado e Coroa Portuguesa, os

plebeus e toda essa pequena burguesia caracterizada pelos tipos de grupos apoiadores da Coroa.

Daí, o que se pode inferir e relacionar com a autora Tozzi (2011), que aponta os objetos

de leitura, enfocando os livros destinados aos pequenos e jovens leitores, que estão no espaço

social – não são exclusivos instrumentos ou artefatos da escola - isso é parte das cenas de nossa

história cultural e econômica maior. Para ela, podem ser encontrados em nossas memórias e

daqueles que conosco as compartilham. Também com: “[...] A linguagem nos constitui como

sujeito de discurso e nos posiciona do ponto de vista político, social, cultural, ético e estético,

frente aos discursos que circulam na sociedade [...]” (CBC, p. 8, 2005).

E ainda, conforme pensam Oliveira e Prados (2014), que a leitura pode ser um ato de

posicionamento político do mundo. Quer dizer, os leitores-alunos – como as manifestações

políticas daquele contexto seiscentista eram somente por manuscritos, pois que ainda não havia

imprensa – quiseram contextualizar a liberdade de expressão de hoje em contraposição á falta

de liberdade daquela época e aproveitaram bastante do gênero satírico combinado aos contextos

políticos daquele tempo e os de hoje.

Inclusive também, na caracterização, combinaram o vermelho, indicando um

comportamento revoltoso e apaixonado, ao mesmo tempo, contra aquele reino; o azul, marca

do colonialismo português, e dourado, marca do período e arte barroca, ao lado das vestimentas

esbagaçadas caracterizando miséria e pobreza. Logo, os leitores procuraram conjugar e

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contextualizar conteúdos literários com fatos históricos, tempo e períodos histórico-literários

distintos e distantes uns dos outros.

D - Equipe 4 – Tema: Romantismo Inaugural – Nome: Gonçalves de Magalhães -

o livro “Suspiros Poéticos e Saudades”, de Gonçalves de Magalhães, publicado em 1836, é tido

como marco fundador do Romantismo no Brasil. Em torno disso e sob a liderança de

Magalhães, um grupo de homens públicos e letrados articulou as primeiras manifestações do

Romantismo, num momento caracterizado pela tentativa de definição de uma identidade

nacional.

O fervor patriótico do grupo, integrado por Martins Pena, Francisco Adolfo Varnhagen

e João Manuel Pereira da Silva, dentre outros, manifestou-se inicialmente por meio da

imprensa. Ambas cuidavam de publicar os artigos dedicados ao Romantismo de primeira fase.

Daí, o que se pode inferir é que:

[...] Ao destacar a beleza delicada da personagem, o autor promove uma idealização

que cumpre duas funções: colocar o indianismo no rumo geral do Romantismo e

minimizar a crença, vinda desde o início da colonização, segundo a qual os indígenas

constituíam uma etnia inferior e rústica. Trata-se, é evidente, de uma abordagem

etnocêntrica, já que a valorização do povo nativo não ocorreu por suas qualidades

próprias, mas sim por aquilo que os fazia parecidos com o que o europeu considerava

bom e belo [...] (BARRETO, 2013, p.39).

A saber, apesar desse histórico, os alunos se caracterizaram, de um lado, de índios, ou

seja, diferentes das demais tribos indígenas dessas apresentações, é que, nesta, tanto índios

quanto negros eram escravos da Família Real Portuguesa. A cena representada foi a de uma

sala de jantar cuja Família Real era servida no café da manhã por duas escravas e duas índias,

ao passo que, na entrada da casa, dois negros a serviam como guardião. Também, apesar de

uma caracterização inaugural, os alunos dramatizam a poesia “Meus oito anos” de Cassimiro

de Abreu, poeta da segunda fase romântica.

Logo, os leitores, ou seja, os alunos participantes do “Passeio Poético” articularam bem

o contexto histórico do Romantismo Inaugural ao contexto e modo de escravização de negros

e índios sem exatamente se portarem criticamente ao comportamento da Família Real em

relação aos europeus.

E - Equipe 5 – Tema: Romantismo-indianista – Nome: Tribo indígena - Estes se

caracterizaram de índios, ou seja, representaram uma tribo indígena. Estes teriam de montar

uma coreografia indígena, quando durante a dança, declamariam poemas de Gonçalves Dias,

sendo que nos pequenos intervalos entre as declamações, a tribo gritaria o moto sonoro dos

índios. Aliás, eles se caracterizaram similarmente aos demais índios das demais equipes, ou

67

seja, dando continuidade a uma caracterização de estilo indígena, mas estabelecendo suas

características peculiares.

Logo, se olhado aos olhos dos letramentos, “[...], letramento visual é definido como a

capacidade de ler e interpretar um conjunto de elementos visuais aprofundando nos níveis de

leitura e consequente significação [...]” (ARAÚJO, 2016, p.97). Daí, os alunos, na

representação da tribo pesquisada, demonstraram capacidade de irem além das leituras que

normalmente se fazem na escola, ou seja, lendo pelo visual, usam os recursos da imitação para

fazerem o representacional.

F - Equipe 6 – Tema: Modernismo – Nome: Modernidade - Estes se caracterizaram

de nordestinos: de um lado, a equipe se subdividiu em pequenos grupos, onde um grupo de

meninas representava o Coral das Lavadeiras, outro o Coral das Carpideiras, e outro junto a

alguns meninos faziam e acompanhavam a procissão para o velório de Severino, personagem

principal da narrativa poética de “Morte e vida Severina” de João Cabral de Melo Neto. Do

outro lado, um grupo de meninos representava a cena do crime, quando Severino é morto,

durante os conflitos em defesa da terra seca. O texto dramatizado é a poesia “Morte e vida

Severina” do mesmo autor.

Quer dizer, assim como pensa Barreto (2013), o romance regionalista, fruto da reflexão

sobre o nacional, explora as contradições de um Brasil ao mesmo tempo urbano e rural,

industrial e artesanal. Um Brasil cuja fachada de modernidade escondia traços arcaicos e

desigualdades regionais. Seus principais temas são: o progresso versus atraso, o Nordeste pobre

em contraposição ao Sul enriquecido, valorização da tradição cultural versus adesão aos valores

estrangeiros. Nisso, além da decadência de um modo de vida organizado em torno de uma

sociedade patriarcal, o problema da seca e a falência dos engenhos de açúcar e dos grandes

latifúndios.

Algo plenamente explorado pelos leitores na representação do grupo. Daí, o que se pode

inferir é que, como para o PCN (BRASIL, 1998), interpretar e usufruir das produções culturais,

em contextos públicos e privados, atendendo a diferentes intenções e situações de comunicação,

faz a diferença na formação do leitor. E quando a representação é aberta ao público, como foi

essa formação de leitor não se prende único e exclusivamente ao aluno do ensino médio, mas

também à comunidade escolar dentre outros sujeitos-leitores presentes no evento cultural.

G - Equipe 7 – Tema: Pós-Modernismo – Nome: Tribos urbanas – ou seja, neste

contexto, como conteúdo, informações relativas à apresentação de uma coreografia urbana,

acompanhada de mastros de madeira, que são instrumentos de defesa no caso de encontrar uma

tribo rival. A saber, são essas tribos que se reúnem nos espaços públicos, para promoções de

68

supostos encontros culturais, para onde suas temáticas e formas de organização interna,

inclusive, como angariar recursos de defesa, ao se encontrarem com uma tribo urbana rival.

Muitas delas se reúnem para fazer arte, a dança do sapateado público, feita em praças,

por exemplo; a arte de saltar muros altos, quanto mais altos mais desafios, e escalar

monumentos, também, quanto mais altos, maior é o desafio, são outros exemplos; escalar muros

altos ou não, parapeitos, balaustrados, dentre outros, montado sobre a bicicleta, ainda é outro.

Quer dizer, o batuque simultâneo dos mastros de madeira sobre o chão produz certa

sonoridade que, conjugada ao moto das tribos urbanas, isto é, a frase de fundamentação

filosófica, geralmente, criada por um grande líder, seja político, seja músico, seja religioso, etc.,

que fica na mente dos liderados, aparece aos finais de reuniões de grupos filosóficos citada em

jogral e seguida do canto, causa um efeito de profunda concentração do público. Isto é, essas

são tribos não agressivas à sociedade, mas, se encontram o rival, as trocas de experiências

agressivas são frequentes entre as elas.

Os componentes dessas tribos, geralmente, se caracterizam com vários brincos às

orelhas, aos narizes, nos lábios, muitas tatuagens pelo corpo e roupas propositadamente

rasgadas, etc. Ou seja, grupos sociais urbanos que adotam comportamentos pós-modernos como

hábitos de vida. É claro, cada tribo urbana, na realidade, adota hábitos particularmente seus e

diferentes umas das outras.

Daí a tribo, apesar de se caracterizar como pós-modernos, declamou a poesia de Mário

de Andrade (1927) denominada “A Serra do Rola-Moça”, ou seja, um texto da primeira fase do

Modernismo que, por sinal, combina com o senso de autoestima adotado pelo público. E isso

somado à recitação do moto, já mencionado, das tribos urbanas, combina com a tonalidade

adotada na declamação coletiva. Do mesmo modo, o CBC (2005) que é a proposta da SEE-

MG, reconhece a teatralização da linguagem como sendo uma forma de o sujeito posicionar-se

política, social, cultural e eticamente diante da sociedade. Ao passo também que suas

representações funcionaram como se manifestos políticos.

Disso, o que se pode inferir, é que a forma de leitura adotada pelos alunos foi a de

articular os acontecimentos e linguagens empregadas na realidade, muitas vezes, pós-moderna,

aos estudos sobre a literatura pós-moderna que se fazem na sala de aula. Ao lado disso também,

o de articular os estudos de textos de períodos literários diferentes com os estudos no pós-

modernismo.

2.2.3 A exploração de novos espaços na escola

Nesse momento, em que os alunos caracterizavam os espaços: o pátio escolar externo

para receber o público, o pátio interno para servir de palco das apresentações; a montagem da

69

passarela de pós de madeira, as tendas de concentração, e assim por diante. Isso, conforme

plano de execução (2014, p.2), a partir do qual se registrou que cada turma de ensino médio,

mesmo depois de em equipes transformadas, deveriam todos cuidar do pátio escolar.

E nisso, o espaço reservado para as apresentações, sendo que a responsabilidade com os

adereços e caracterizações das tendas de concentração, individualmente, era de cada equipe.

Dado isso, cada equipe dividiu suas tarefas entre seus componentes, de modo que o pátio ficasse

enfeitado e caracterizado à altura de receber os jograis e suas declamações coletivas.

Então, nas práticas, o pátio escolar transformou-se num grande caminho sobre pós de

madeira, e sobre os quais cada equipe saía de sua tenda em caminhada poética indo até local

central das apresentações. Isso, os alunos fizeram, explorando bastante da criatividade. Ao lado

disso, a comunidade escolar participando com opiniões e até ajudando nas caracterizações. Algo

completamente novo aos olhos de pais e alunos.

Em sequência, para tanto, o que se extrai disso e o que se pode inferir, é que: “[...] A

escola não percebe que a literatura exige do leitor uma mudança, uma transferência movida pela

emoção. Não importa o que o autor diz, mas o que o leitor ultrapassa. E a literatura é feita de

palavras, e é necessário um projeto de educação capaz de despertar o sujeito para o encanto das

palavras [...]” (QUEIRÓS, 2012, p. 68).

Embora o autor frise o fato de a escola não perceber isso nas práticas, no caso dessa

escola pesquisada, houve percepção e iniciativa de projeto no fim de despertar os alunos para

brincar com as palavras de modo encantado como o fizeram nas dramatizações. Logo, outro

modo de fazer leituras, a saber, usando os objetos e seus encaixes, visando à combinação de

cores, de sentido lógico, a fim de que os cenários estivessem conjugados ao foco temático, ao

modo e níveis das declamações. O que deixa um significado profundo para quem participa.

2.2.4 A apresentação e dramatização dos jograis

No exato momento das dramatizações, quando o espaço escolar contava com a

participação de, praticamente, toda a comunidade escolar: alunos da primeira e segunda fase do

ensino fundamental, do ensino médio noturno, pais e responsáveis de alunos, funcionários da

secretaria escolar e da cantina entre professores e especialistas de educação.

Quer dizer, nesse momento, cada turma de ensino médio, mesmo depois de em equipes

transformadas, deveriam todos cuidar das metodologias de apresentações. Então, cada equipe

deveria apresentar-se individualmente enquanto equipe e coletivamente enquanto componentes,

mediante a ordem de chamada estabelecida no cronograma de apresentações em consonância

com o cerimonial do evento que era feito pelo próprio professor-coordenador do projeto de

aonde se desencadearam essas atividades.

70

Nisso, as apresentações foram feitas a contento e ganhando mais entusiasmo de todos em

assistir ao espetáculo. Para tanto, é como se coloca sobre as questões relativas à democratização

da leitura: “[...] sustentado pelo governo e assumido pelos educadores, deve ser, antes de tudo,

um gesto político que pressupõe dois movimentos: um de mobilização dos docentes, dos pais e

alunos, na reivindicação de incremento dos espaços de leitura com a aquisição de livros e de

outros suportes de texto [...]” (NAVARRO, 2003, p. 71).

Então, leitura praticada por aqueles que realmente assumem os projetos de educação nas

imediações da escola, pois que o trabalho de leitura deve abranger a todos mesmo que

indiretamente envolvidos, apesar das irreflexões prévias de quem impõe as injunções

discursivas. Logo, leitura pelo senso crítico.

2.2.5 O julgamento das apresentações

Nesse momento, as apresentações seriam avaliadas e julgadas por uma equipe criada para

esse fim, ou seja, equipe composta de: três professores da escola, mas não os dos alunos

avaliados; três servidores da escola: um especialista, não das turmas em questão; um

representante da secretaria escolar, um representante dos serviçais; dois representantes dos pais,

não dos alunos em questão; um representante dentre os alunos do ensino médio noturno, que

não participava do projeto e, por fim, um representante da gestão escolar.

Quer dizer, a composição da comissão julgadora dos trabalhos, se deu em reunião

pedagógica, em sábado de módulo escolar. Esta, observados critérios previamente elaborados

pela coordenação e apresentado à plenária de professores, funcionários e comunidade escolar.

Nos critérios previam-se representatividades de todos os segmentos escolares, inclusive,

representações de setores da educação acima da escola.

Para tanto, corpo de jurados formados, adotaram-se fichas de avaliações constando dos

critérios, valorações e, resumidamente, conteúdos estudados, no fim de um julgamento o mais

transparente possível. Daí, as valorações: cada jurado, entre 0 e 10, o projeto 100 e, ao final, a

regra de três transformava tudo em 5 créditos em cada disciplina escolar como forma de

aproveitamento e aprendizagem dos alunos.

Daí, o julgamento dos trabalhos dos alunos tinha como finalidade valorizar a

participação e o envolvimento dos alunos também nos processos de avaliação deles próprios.

Quer dizer, assim fazendo, a representação de alunos no corpo de jurados foge daqueles

processos de avaliação tradicional que a escola normalmente faz. Ou seja, o aluno compondo o

corpo de jurados, a avaliação ganha visão e toque de aluno, não de professor. Então, o tom

discursivo dessa comissão de julgamento passa pela inovação nesse processo, de modo que os

alunos saem mais estimulados ainda.

71

Logo, no caso de futuras atividades semelhantes, pensa-se que estes estejam mais

despertados e interessados pela literatura. Sem contar que este despertamento, no caso das

dramatizações, provocou interesse pela procura de livros de literatura emprestados – senão

exatamente com a biblioteca, pois ainda faltam muitos exemplares – mas com os professores,

como alguns deles se manifestaram entre os primeiros meses do ano seguinte ao “Passeio

Poético”.

Daí, o que se pode inferir, é que, segundo: “[...] A avaliação deve ser multimodal,

multidimensional. Isso quer dizer que ela deve ser por meio de diferentes instrumentos e

linguagem – não só por meio de testes escritos; por outros agentes, além do professor – o próprio

aluno, um ou mais colegas, pessoa da comunidade; e avaliar não somente conhecimentos, como

também competências e habilidades, valores e atitudes [...]”. (CBC 2006, p. 141). Logo, o

julgamento das apresentações acontece sob a busca de critérios de mais justos e ações mais

inovadoras, portanto, sem maiores problemas quanto à aceitação ou não dos resultados.

3 O PASSEIO POÉTICO COMO ESTRATÉGIA DE ESTÍMULO À LEITURA E

LITERATURA

Em se tratando de análise documental, tendo em vista os anexos: vídeos, fotografias,

documentos, dentre outros, constando das dramatizações do denominado “Passeio Poético”, o

que se pretende é, ao lado de uma narrativa dos fatos, analisar os conteúdos e estabelecer as

relações que tais conteúdos possam ter com os autores estudados no decorrer deste artigo. Dado

isso, primeiramente, vale lembrar que os anexos utilizados como fonte de pesquisa para esta

análise, foram produzidos, editados e enviados por e-mails de alunos, pais de alunos ou

responsáveis por alunos.

Aliás, num segundo lugar, lembrar também que esses pequenos vídeos e fotografias

foram os alunos e alguns representantes da comunidade escolar que registraram durante as

dramatizações. Como estes foram feitos por eles, também não se os apresentam sob algum rigor

técnico. Aliás, muitos deles estão incompletos, as fotografias, muitas delas não focam os

melhores lugares – segundo o conceito do projeto – para serem fotografados. Logo, não

passaram por uma edição rigorosamente técnica.

Para tanto, como o objeto de estudo é apenas o conteúdo referente aos registros das

dramatizações, não meramente a técnica de registros, então, não há o que não fazer, ao

contrário, a análise deve se processar assim mesmo no entorno de apenas os fatos,

características e visuais. Assim sendo, entre os documentos listados e referentes ao projeto em

estudo, o que pode ser analisado, aparece na seguinte ordem:

72

3.1 - Registros de representações de tribo indígena

Este registro se coloca na forma de vídeo e traz, como conteúdo, informações relativas

à apresentação de uma coreografia indígena, ao centro de um pátio escolar, sendo que, no

entorno e ao fundo, há presenças de um público totalmente concentrado nas apresentações da

tribo. As reações do público se parecem bem emotivas em relação à apresentação dela, pois que

a tonalidade vocálica adotada e o visual mexem com as impressões e emoções.

O texto declamado coletivamente ou em jogral é a poesia de Gonçalves Dias, de

temática indianista conjugada aos conflitos entre os guerreiros Tupis. A declamação é feita por

todos os atores juntos, mas mediada e dividida em estrofes: ora, as índias declamam estrofes,

ora os índios, ora, Cacique em locução com o índio humilhado na guerra; ora, a interlocução

deste em relação ao Cacique. A saber, a acústica do espaço contribui, de modo que a tonalidade

da declamação foi em altura média e suficientemente audível ao público.

Estes estavam bem caracterizados, físico-vocalicamente, ou seja, em consonância com

a coreografia e os hábitos culturais indígenas. Além disso, sempre aos intervalos pronunciavam

o moto sonoro da tribo Tupi. Algo a que chamou a atenção do público. Infelizmente, o vídeo

não consta de todas as apresentações do espetáculo, de maneira que a análise fica presa a apenas

a apresentação dessa tribo, não ao conjunto das apresentações como um todo.

Daí, o que se pode inferir, é que as linguagens plásticas impressionam, levam o leitor-

expectador - no caso do vídeo em estudo - a criar um mundo diante dos olhos, assim como

versam: “[...] Os processos de criação por meio das linguagens plásticas são muito importantes

na formação do leitor, visto que podem levar ao exercício e ampliação do universo simbólico

do indivíduo [...]” (REZENDE; FRANCO; MARQUEZ, 2013, pp.118-119,).

Quer dizer, há uma troca de olhares criativos, aonde o público lê emocionado e

envolvido pelas impressões causadas, envolvimento dos atores e capacidade de declamação, ao

mesmo tempo, que os atores-leitores leem os comportamentos desse público e,

simultaneamente, quanto mais isso acontece, mais eles se envolvem se dedicam, e ambos se

completam em termos de sensibilidade. Logo, linguagens carregadas de possibilidades,

sensações e sensibilidades.

3.2 Registros em fotografias constando das dramatizações

Este registro se coloca na forma de fotografias, mas eletrônicas, a saber, via-

computador, e traz, como conteúdo, informações relativas às apresentações de todo o evento

das dramatizações. Só que, embora abranja a todo o evento, há espaços caracterizados e

importantes que ainda ficaram de fora das fotos.

73

Nesse caso, por exemplo, a passarela de pós de madeira entremeados em várias cores.

Aliás, em se tratando de caracterização, faz lembrar as caminhadas poéticas em Ouro Preto por

ocasião das comemorações da semana santa, algo bastante bem caracterizado, mas que não

aparece nas fotos.

As caracterizações de algumas tendas de concentração das tribos, por exemplo, a tribo

dos trovadores, toda enfeitada em vermelho e branco e os violões pendurados às paredes, antes

de serem usados pelos trovadores. Também, a tenda da Tribo Indígena do Romantismo-

indianista, que ficou muito bem caracterizada aos fundos da escola. A saber, a caracterização

das tendas cumpria com o objetivo de receber as visitas da comunidade escolar, para que esta

pudesse avaliar o desempenho da escola pelo trabalho dos alunos, a começar pela exposição

das tendas.

Quer dizer, saber se estas estavam em harmonia com as apresentações em geral. As

reações do público, em relação a essas tendas, foram muito comentadas. Entretanto, faltou um

trabalho em equipe composta de profissionais da escola, com o fim de fazer esses registros. Ou

seja, como não houve esse controle, quem o fez foram os próprios alunos. Aí, o trabalho foi só

de registros: fotografias, pequenos vídeos, trabalho escrito entregue pela equipe como parte de

aproveitamento, e assim por diante.

Dado isso, a relação que se pode estabelecer com os autores é que as fotografias como

recursos de registros podem: “[...], fornecer ferramentas que possibilitam os seres humanos a

ler e interpretar coisas, o mundo interno e virtual, auxiliar a viver socialmente e lidar com os

incômodos que isso pode representar; fortalecer a autoestima [...]” (REZENDE; FRANCO;

MARQUEZ, 2013, pp.118-119,). Logo, ler as fotos do evento caracteriza-se comportamentos

de leitura voltados para as linguagens plásticas, ou seja, são instrumentos que o leitor usa para

realizar o trabalho de leitura.

Só que o fato de não perceber os melhores focos da fotografia, ao registrar o

acontecimento, implica na ausência de saber usar o instrumento de trabalho. E isso, Machado

(2010) também recorda apontando o sujeito, no caso dela, o trabalhador; e nesse caso, o leitor

como o que sabe usar o instrumento de trabalho a seu favor. A saber, são falhas pedagógicas, a

culpa não é do aluno. Isto significa que essas falhas devem ser corrigidas para os próximos

eventos.

4.3 Registros em audiovisual constando de depoimentos de pais ou responsáveis por

alunos

Este registro se coloca na forma de audiovisual, gravado em celular por mãe de aluno

durante as apresentações dos trabalhos e enviado pela mesma, quando procurada pelo

74

pesquisador. Este consta de alguns depoimentos não programados, a saber, depoimentos

colhidos espontaneamente, sem finalidades interrogativas. E trata de comentários avaliativos

sobre as apresentações dos alunos nas dramatizações. Isso, em meio aos acontecimentos

referentes ao evento. Também, não foi entregue à escola, mas ao pesquisador, depois de

procurada. Por exemplo:

“_Eu queria que a escola fizesse como no tempo em que eu estudava, e na escola onde

estudei. Pusesse como tarefa a leitura de livros, às vezes quatro por bimestre. Isso os entretém.

E a gente não vê nossos meninos se perdendo entre companhias indesejadas”. Disse a mãe. Só

que, em contraposição: “_Mas, você não acha que a escola continua fazendo isso?” E continua:

“Afinal, quando os alunos dramatizam, como naquele projeto que os professores de

Português fizeram no ano passado, os alunos tinham de ler e depois representar, você não acha

mais difícil?” Replicou a segunda mãe do diálogo. Mas ainda: “_Mesmo eles fazendo bonito

do jeito que fizeram, eu penso que no meu tempo ainda era melhor, mesmo que a gente lesse

sem representar”. Replicou ainda a primeira mãe. Logo, preocupações justas por parte dos

órgãos de educação, mas um pouco desatualizadas, se olhada à realidade daquele local

pesquisado que analisavam justamente experiências que deram certo tanto no passado quanto

no presente.

A avaliação das mães era de que os trabalhos escolares não têm de ser assim, senão os

alunos não se envolvem, ou então, fazem de qualquer maneira, porque estão sendo obrigados,

etc. Quer dizer, são depoimentos curtos, mas que indicam a comunidade de pais de alunos como

quem esteja em autoestima, em relação aos trabalhos apresentados, pelo menos naquele

momento dado pelas apresentações.

Dado isso, é como na versão de Rezende Franco e Marquez (2013) que apontam os

recursos simbólicos como meios de resgate a autoestima. Quer dizer, nos depoimentos das mães

durante as apresentações fica claro esse olhar para o simbólico relacionado com a sensação de

autoestima.

Daí se a comunidade pais de alunos se sente estimulada, é porque os filhos, que são os

atores e, ao mesmo tempo, autores dos trabalhos, também o estão, possivelmente, muito mais

estimulados, até. Logo, manifestação de carinho, com a qual a comunidade de professores da

escola pesquisada sente-se agradecida.

4.4 Registros de representações de tribo urbana

Este registro se coloca na forma de vídeo, ou seja, anteriormente colocado como tarefa

da equipe, porém agora, como objetivo cumprido – embora gravado pela metade - e traz como

conteúdos, informações relativas ao tipo de trabalho que as tribos normalmente desenvolvem

75

nos seios das ruas. À apresentação de uma coreografia urbana, por exemplo, dessas tribos que

se reúnem nos espaços públicos, às vezes, para promover encontros culturais, noutras vezes

para o exercício da própria arte como meio de chamar a atenção da sociedade.

Nesse tanto, a arte de que se fala: a dança do sapateado público, por exemplo, feita em

praças; a arte de saltar parapeitos, balaustrados, sempre montados sobre a bicicleta, pode ser

outro exemplo. Quer dizer, são tribos não agressivas à sociedade, mas, se encontram o rival, as

trocas de experiências agressivas são frequentes entre elas.

Disso, o que se pode inferir, é que a forma de leitura adotada pelos alunos foi a de

articular os acontecimentos e linguagens empregadas na realidade, muitas vezes, pós-moderna,

aos estudos sobre a literatura pós-moderna que se fazem na sala de aula. Ao lado disso também,

o de articular os estudos de textos de estilos literários de épocas diferentes com os estudos no

pós-modernismo.

Sendo assim, como a Literatura se comporta meio a diversidade de linguagens: “[...] O

autor não está solto e sozinho. Sua linguagem carrega os traços da sociedade em que vive da

memória de seu povo, de sua classe social, de sua família, de seus amigos. A linguagem não é

propriedade particular, ela circula entre as pessoas que a produzem todos os dias, num trânsito

incessante de que todos nós participamos [...]” (PAIVA; PAULINO; PASSOS, 2006, p.26).

Logo, nas práticas de pesquisa e leitura, os alunos fizeram foi isso: comportaram-se

como autores, aproveitando os caprichos linguísticos e caracteres físicos somados a diversos

outros comportamentos sociais, conjugaram isso com as práticas de estudos em sala de aula e

o levaram para o palco das dramatizações no “Passeio Poético”. Nisso, elevando a sua própria

autoestima, a da escola e comunidade escolar.

4.5 Algumas considerações intermediárias

Finalmente, em se tratando de análise documental, tendo em vista as dramatizações do

denominado “Passeio Poético”, o que se vê é que o projeto pedagógico focado na temática das

leituras literárias e que tratou de usar as dramatizações, através do texto poético ou em prosa,

como recurso de representação de papéis tendo os alunos do ensino médio como personagens-

atores, contado sob a metodologia das narrativas, ou seja, narrações mediadas por narradores,

mas incrementadas pelas ações de personagens.

A saber, não dos relatos, que são mais pessoais e geralmente não se incrementam por

ações de personagens. Logo, crê-se ter apontado a realidade das dramatizações, o mais próximo

possível. Isso também como forma de resgate de valores culturais, morais, sociais, etc., e com

sentido de incrementar o próprio contexto escolar, por hora e de certa forma, desestimulado.

76

5 ASPECTOS RELEVANTES DO PASSEIO POÉTICO

5.1 Abordagens introdutórias

Dando continuidade à análise documental, o que se buscou foi conceituar leitura a partir

dos problemas levantados e vivenciados nas práticas escolares, ao lado de descrever, através de

pequenas narrativas, a realidade escolar, no que tange às leituras literárias, visando ao

protagonismo e à promoção de escolas a patamares de agentes sociais. Daí, o propósito de busca

de estratégias de estímulo aos alunos, torna-se o esperado, ao passo que se consideram tais

objetivos como cumpridos.

Entretanto, percebeu-se que os alunos-leitores não somente estão realizando as leituras

das mais diversas maneiras, desde o mais simples ao mais complexo modo didático-pedagógico

e de aprendizagem, como também estão explorando a criatividade, de modo que formular novos

conceitos de leitura, é pouco, em termos de alternativas de leitura.

Aliás, estão fazendo os letramentos, pois que indo além da letra. Conquanto, não fossem

as dramatizações do “Passeio Poético”, não se chegaria a essas conclusões, pois que nem

mesmo estudo se teria feito sobre as leituras. Mas, acredita-se que estes foram momentos

ímpares na vida da escola, comunidade, alunos e professores.

Também, numa perspectiva de formação do leitor, principalmente, no ensino médio, o

que se vê é que, dadas as situações, nessas não somente se convergem às comprovações de que

as leituras literárias estão acontecendo ao modo como cada sujeito age e reage diante das

situações de leitura.

Para tanto, nelas estão construindo sua formação de leitor, como também, estão

desenvolvendo as práticas de linguagens, em absoluta consonância aos conceitos formulados,

às dinâmicas das metodologias adotadas, como as dramatizações, por exemplo, e aos conteúdos

estudados em sala de aula.

A saber, algo não muito esperado na escola de hoje, exatamente, por causa dos excessos

não previstos pelas políticas públicas destinadas aos projetos pedagógicos. Logo, as

dramatizações do “Passeio Poético” deixam para a comunidade escolar alunos bastante dotados

de consciência de leitura. Assim, se é este o grau de consciência de leitura alcançado, então, os

pontos de relevância, se os faz necessários levantar.

Aliás, este é o conteúdo de ensino médio e que, em geral, é trabalhado de forma muito

distanciada dos alunos. Aí, com o surgimento da proposta do Passeio Poético, uma maneira de

trazer esses estilos literários e de época, para o dia de hoje, relacionando-o com algo mais

próximo à vida dos alunos, e a compreensão despertando, neles, o interesse pela literatura.

77

5.2 Conteúdos relevantes

Então, em relação aos conteúdos relevantes que tratam dos registros através de pequenas

narrativas, a discussão está sendo feita em sala de aula e demais dependências, nos espaços

escolares. Assim como, tanto com os profissionais de áreas pedagógicas diferentes, quanto com

segmentos de secretaria e comunidade escolar. Logo, constatações quanto à reformulação dos

conceitos e sua conjugação com as práticas escolares de leituras, tal como abaixo se passa a

destacar-se:

Linguagens plásticas com leitura visual e caracterização teórico-concreta – ou seja,

assim como pensa Orlandi (1999) e aponta as leituras literárias como meios de entrelaces com

as linguagens plásticas, ao abordar sobre a convivência com a música, a pintura, a fotografia, o

cinema, etc. Logo, isso quer dizer que, se a temática era a poesia trovadoresca, no caso

específico da análise, as leituras estão sendo feitas à altura do estudado em sala de aula, em

consonância aos conteúdos e às caracterizações, portanto, os leitores estão sabendo, puderam

conjugar Linguagens plásticas com leitura visual pela caracterização teórica e concreta de fatos,

personagens e representações no caso do Trovadorismo.

Linguagem escrita em consonância aos fatos históricos e articulação entre poesia e

prosa – ou seja, o que se pode inferir e relacionar com a autora Tozzi (2011) que aponta os

objetos de leitura, como não exclusivos instrumentos ou artefatos da escola, mas parte das cenas

de nossa história cultural e econômica maior. Logo, se o gênero temático era a poesia, no caso

específico da carta de Pero Vaz de Caminha, a caracterização e dramatização ocorreram em

cima de um texto em prosa, mas como a declamação era coletiva, os efeitos sonoros foram

criativos e diferentes das declamações poéticas comuns. Isso quer dizer que as leituras estão

sendo feitas à altura do estudado e em consonância com os fatos históricos e a articulação entre

poesia e prosa no caso do Quinhentismo.

O manifesto político-ideológico enquanto recurso de leitura e manuscrita e

artefatos para articulação e compartilhamentos de linguagem – ou seja, assim como o poeta

barroco, de inesgotável fonte satírica, não poupava ao governo, à falsa nobreza da terra e nem

mesmo ao clero. Também, não lhe escapavam os padres corruptos, os reinóis, próprios do reino

e da terra, na verdade, contavam com um grande trunfo: o de ser o grupo

ainda dominador sobre a colônia; basicamente de cor branca, muito importante, estes aportavam

status diferenciados ao português, que o tornava muito bem vindo para propósitos de alianças

matrimoniais.

78

Além disso, portugueses podiam significar, para o brasileiro dedicado ao comércio,

oportunidade de facilitar o contato com os mercados metropolitanos. Ao lado deles, os

degredados, os mulatos e emboabas, os “caramurus”, os arrivistas e novos-ricos, toda uma

burguesia improvisada e inautêntica, exploradora da colônia.

Daí, o que se pode inferir e relacionar com a autora Tozzi (2011), que aponta os objetos

de leitura, enfocando os livros destinados aos pequenos e jovens leitores, que estão no espaço

social – não são exclusivos instrumentos ou artefatos da escola - isso é parte das cenas de nossa

história cultural e econômica maior. Para ela, podem ser encontrados em nossas memórias e

daqueles que conosco as compartilham. Também com: “[...] A linguagem nos constitui como

sujeito de discurso e nos posiciona do ponto de vista político, social, cultural, ético e estético,

frente aos discursos que circulam na sociedade [...]” (CBC, p. 8, 2005).

Também, Oliveira e Prados (2014) dizem que a leitura pode ser um ato de

posicionamento político do leitor frente ao mundo. Quer dizer, os leitores-alunos – como as

manifestações políticas daquele contexto seiscentista eram somente por manuscritos, pois que

ainda não havia imprensa – quiseram contextualizar a liberdade de expressão de hoje em

contraposição a falta de liberdade daquela época e aproveitaram bastante do gênero satírico

combinado aos contextos políticos daquele tempo e os de hoje. Logo, os leitores conseguiram

conjugar e contextualizar conteúdos literários com fatos históricos, tempo e períodos histórico-

literários distintos e distantes uns dos outros, tanto do ponto de vista histórico-cronológico

quanto do filosófico-literário.

A abordagem etnocêntrica colocada como recurso de valorização da cultura

romântico-indianista em detrimento da cultura escravista – embora assim – leitura

realizada sob os comportamentos críticos/acríticos ao mesmo tempo – ou seja, diferentes

das demais tribos indígenas dessas apresentações, é que, nessa, referente ao indianismo, tanto

índios quanto negros eram escravos da Família Real Portuguesa. A cena representada foi a de

uma sala de jantar cuja Família Real era servida, durante o café da manhã, por duas escravas e

duas índias, ao passo que, na entrada da casa, dois negros a serviam como guardiães. Também,

apesar de uma caracterização inaugural, os alunos dramatizam a poesia “Meus oito anos” de

Cassimiro de Abreu, poeta da segunda fase romântica.

Quer dizer, os alunos, no fazer da leitura, não adotaram comportamentos críticos em

relação ao comportamento escravista da Família Real, que subjugava cada vez mais os negros.

Ou seja, a cena representada foi a de mera reprodução da história, tal qual ou pelo menos,

próximo do que aconteceu de fato. Daí, o que se pode inferir é que, segundo o autor didático,

ao analisar o contexto etnológico da poesia:

79

[...] Ao destacar a beleza delicada da personagem, o autor promove uma idealização

que cumpre duas funções: colocar o indianismo no rumo geral do Romantismo e

minimizar a crença, vinda desde o início da colonização, segundo a qual os indígenas

constituíam uma etnia inferior e rústica. Trata-se, é evidente, de uma abordagem

etnocêntrica, já que a valorização do povo nativo não ocorreu por suas qualidades

próprias, mas sim por aquilo que os fazia parecidos com o que o europeu considerava

bom e belo [...] (BARRETO, p.39, 2013).

Logo, os leitores articularam bem o contexto histórico do Romantismo Inaugural ao

contexto e modo de escravização de negros e índios sem exatamente se portarem criticamente

ao comportamento da Família Real em relação aos comportamentos de Colônia adotado pelos

brasileiros e de colonizadores pelos europeus, mas pelo mais, foram críticos em relação aos

europeus no que tange à escravização de negros e índios de modo geral.

Imitação como recurso de leitura e interpretação para se chegar aos letramentos

visuais – ou seja, para a autora: “[...], letramento visual é definido como a capacidade de ler e

interpretar um conjunto de elementos visuais aprofundando nos níveis de leitura e consequente

significação [...]” (ARAÚJO, 2016, p.97). Daí, os alunos, na representação da tribo

representada no caso a 5ª tribo, de cujo tema aborda o romantismo-indianista, demonstraram

capacidade de irem além das leituras que normalmente se fazem na escola, ou seja, lendo pelo

visual, usam os recursos da imitação para fazerem o representacional no caso das tribos

indígenas. O que os aproxima dos fatos históricos referentes ao indianismo no Brasil, se

considerando que o poder de aproximação através do conteúdo estudado.

A poesia enquanto instrumento de articulação entre os elementos narrativos e suas

diversas formas de dramatização e encenações, e estes enquanto mediadores da leitura na

diversidade das comunicações – ou seja, assim como pensa Barreto (2013), o romance

regionalista, fruto da reflexão sobre o nacional, explora as contradições de um Brasil ao mesmo

tempo urbano e rural, industrial e artesanal. Um Brasil cuja fachada de modernidade escondia

traços arcaicos e desigualdades regionais. Logo, argumentos que fortalecem a capacidade de

leitura e dramatização dos atores em foco e, ao mesmo tempo, respaldam a construção destes

conteúdos de leitura focados na articulação dos elementos narrativos com as dramatizações e

em meio às diversidades de linguagens.

Então, assim como pensa Barreto (2013), se os principais temas do Modernismo-

Regionalismo são: o progresso versus atraso, o Nordeste pobre em contraposição ao Sul

enriquecido, à valorização da tradição cultural versus adesão aos valores estrangeiros, ao lado

da decadência de um modo de vida organizado em torno de uma sociedade patriarcal, o

problema da seca e a falência dos engenhos de açúcar e dos grandes latifúndios já não são

problemas somente regionais, mas de leitores engajados na articulação dos elementos

80

construtores de comunicação. A saber, algo plenamente explorado pelos leitores na

representação do grupo.

Daí, o que se pode inferir é que, como para o PCN (1998), interpretar e usufruir das

produções culturais, em contextos públicos e privados, atendendo a diferentes intenções e

situações de comunicação, faz a diferença na formação do leitor. E quando a representação é

aberta ao público, como foi essa formação de leitor não se prende único e exclusivamente ao

aluno do ensino médio, mas também à comunidade escolar dentre outros sujeitos-leitores

presentes no evento cultural. Logo, a poesia nordestina e, por isso, regionalista, aparece como

quem articula os elementos da leitura com os da literatura e, ao mesmo tempo, com os da

narração somados à capacidade de encenação dos atores.

A combinação de objetos como recursos de leitura conjugando tema para

decoração de espaços e caracterização de cenários – ou seja, o que se pode inferir, é que, nas

palavras de: “[...] A escola não percebe que a literatura exige do leitor uma mudança, uma

transferência movida pela emoção. Não importa o que o autor diz, mas o que o leitor ultrapassa.

E a literatura é feita de palavras, e é necessário um projeto de educação capaz de despertar o

sujeito para o encanto das palavras [...]” (QUEIRÓS, 2012, p. 68). Logo, os leitores estão

usando os objetos e seus encaixes, visando à combinação de cores, de sentido lógico, a fim de

que os cenários estivessem conjugados ao foco temático, ao modo e níveis das declamações no

caso da caracterização dos espaços, no referente ao “Passeio Poético”.

O senso de organização nas dramatizações conjugado ao uso da democracia da

leitura - ou seja, é como se coloca sobre as questões relativas à democratização da leitura: “[...]

sustentado pelo governo e assumido pelos educadores, deve ser, antes de tudo, um gesto político

que pressupõe dois movimentos: um de mobilização dos docentes, dos pais e alunos, na

reivindicação de incremento dos espaços de leitura com a aquisição de livros e de outros

suportes de texto [...]” (NAVARRO, 2003, p. 71). Então, leitura pelo senso crítico em relação

ao uso da democracia, como orienta o autor, mas, quase que habitualmente, não praticada como

nas dramatizações; e autocrítico, do ponto de vista do aluno-leitor, caracterizando capacidade

de organização pessoal e demonstração de leitura não alienada, no caso das apresentações de

jograis.

A leitura utilizada enquanto instrumento de avaliações multimodais,

multidimensionais e através de diferentes recursos de linguagem – ou seja, a leitura não se

completa em seus termos, quando também não se utilizam dela para promover a formação do

leitor no que tange a aspectos avaliativos. A saber, no que tange à leitura pelos processos

81

avaliativos, os leitores, fossem alunos, pais de alunos, professores, etc. fizeram a leitura pelo

julgamento das apresentações.

Daí, o que se pode inferir, é que, segundo o CBC (2006), os processos de avaliação na

escola passam por ações multimodais, multidimensionais, adotando-se diferentes instrumentos

e linguagens, utilizando-se de outros agentes, que não o professor, como alunos, colegas de

classes, pessoas da comunidade, por exemplo, e tais não sejam somente de conhecimentos, mas

competência, habilidades, valores e atitudes, dentre outras.

Logo, o julgamento das apresentações acontece de forma bastante justa, portanto, sem

maiores problemas quanto à aceitação ou não dos resultados. Então, avaliar as etapas de leituras

foi um modo de valorização e reconhecimento dos trabalhos dos alunos, ao lado de estímulo à

tomada de iniciativas que promovam o bem-estar do leitor no que tange à criação de situações

de leituras.

A sensibilidade enquanto recurso de leitura e de formação de leitores, ao mesmo

tempo, de interpretação pelo eixo das linguagens plásticas e o senso de reciprocidade

emocional entre os leitores – ou seja, o que se pode inferir, é que as linguagens plásticas

impressionam, leva o leitor-expectador - no caso do vídeo em estudo - a criar um mundo diante

dos olhos, assim como versam Rezende, Franco e Marques (2013), sobre os processos de

criação, utilizando-se como meios, as linguagens plásticas, se considerando que o exercício e

ampliação do universo simbólico do indivíduo, sejam também importantes na formação do

leitor.

Quer dizer, a reciprocidade na troca de olhares promove o bem-estar do outro através

da criatividade, causando impressões no expectador e, ao mesmo tempo, nos atores em cena.

Logo, linguagens carregadas de possibilidades, sensações, sensibilidades e reciprocidades

emotivas no caso do vídeo da tribo indígena.

A Ausência de leitura e falta de formação do leitor por ainda não ter conhecimento

de certas ferramentas e instrumentos de trabalho úteis ao domínio da leitura – ou seja,

também para Rezende; Franco; Marques (2013), a relação que se pode estabelecer, é que

ferramentas como: leitura visual, audiovisual, de objetos comuns, de objetos de trabalho, dentre

outros, possibilitam aos seres humanos ler e interpretar coisas. E, para elas, isso auxilia na vida

social, além do ensino sobre como lidar com os incômodos que a ausência de tais ferramentas

pode representar. E, ao lado disso, tais ferramentas de leituras proporcionam também a

autoestima, pois que ao saber manuseá-las, o leitor sente-se capacitado para a vida.

Logo, ler as fotos do evento caracterizam-se comportamentos de leitura voltados para

as linguagens plásticas, ou seja, são instrumentos que o leitor usa para realizar o trabalho de

82

leitura. Nesse caso, os leitores-alunos não souberam identificar os melhores focos para a fixação

da imagem fotográfica, no caso dos vídeos fotográficos.

As dramatizações enquanto recursos simbólico-visuais de leitura e Literatura, na

formação do leitor e, ao lado disso, instrumentos de autoestima aos/entre leitores – ou seja,

nos depoimentos das mães durante as apresentações fica claro esse olhar para o simbólico

relacionado com a sensação de autoestima. Daí sentimento que se estende também aos filhos

como leitores-atores e autores dos trabalhos, por isso, muito mais estimulados, no caso do vídeo

de depoimentos não coletados.

Leitura e Literatura enquanto recursos de formação do leitor na capacidade de

articulação entre períodos literários distintos, comportamentos sociais ainda em

construção e sentimento de apropriação das linguagens e comportamentos de leituras em

reciprocidade com a autoria – ou seja, como a literatura se comporta em meio à diversidade

de linguagens, o texto das autoras Paiva; Paulino; Passos (2006) retoma essa ideia de que o

autor nunca está sozinho, ou não está solto nos ares. Aliás, para elas, o autor carrega nas suas

linguagens, os traços da sociedade em que vive.

Logo, esta não é propriedade particular, ou seja, circulam entre os usuários da língua,

os leitores-alunos comportaram-se como autores, aproveitando os caprichos linguísticos e

caracteres físicos somados a diversos outros comportamentos sociais, apropriando-se das

linguagens cotidianas como recursos de autoria textual/representacional, no caso do vídeo das

tribos urbanas representados pela equipe da pós-modernidade.

5.3 O problema das interferências nas leituras

A presença de pessoas nos espaços escolares – embora estando nos espaços

escolares – não tinham envolvimento com a leitura, ou seja, ignorava-a como não sendo

nem receptor passivo, problematizado sob a visão de Parreiras (2014) – a saber, se a escola

não recebe o leitor, mesmo sem se envolver com as leituras nem escola nem professores não o

tivessem olhado como leitor deixando de ser um receptor passivo, permitindo-o tornar-se um

sujeito ativo, esse não teria se confirmado como um componente incentivador na formação de

leitores. E isso acontece nas práticas de dramatizações quando todos os alunos do ensino médio

se envolveram, inclusive, os que não participavam nem assistiam a aula nenhuma.

O índice de insuficiência da escola por não conseguir êxito nos letramentos

literários, problematizado sob a visão de Silva e Silveira (2013), também, por não reunir

forças para antagonizar os processos de interferências do ponto de vista do artigo – ou

83

seja, a escola não tem mesmo elementos suficientes para antagonizar a essas forças que se

colocam como galgando os mesmos patamares que ela e, por isso, a insuficiência, às vezes,

compromete os processos de leitura. Logo, os elementos de resistência e combate às forças

contrárias são exatamente a promoção de eventos culturais e socioculturais focando as

habilidades intrínsecas dos alunos-leitores. O que ocorre com as dramatizações no “Passeio

Poético”. Logo, os alunos conseguiram êxito sim nos letramentos literários.

O índice de insegurança nas dependências, nos trajetos e proximidades de escolas,

problematizado sob a visão de Malta (2012) - ou seja, o feito se caracterizou como a

organização de processos de leituras que os antagonizassem sem necessariamente

preocuparem-se com as inseguranças, tornando as leituras mais importantes aos interesses dos

alunos, até chegar a um protagonismo mais completo. Logo, o que a escola fez ou está fazendo:

ler sem se dar ao medo da violência. E isso também ficou claro nas dramatizações do “Passeio

Poético”.

Índices de leitores que mal sabem ler e escrever, isto é, não atingiram o nível pleno

da alfabetização, às vezes, assustador, problematizado sob a visão de Cavalcanti (2008) –

ou seja, como se trata de uma realidade que de fato existe, mas que está sendo enfrentada nos

seus mais diversos apliques pedagógicos – e as dramatizações no “Passeio Poético” são

exemplos disso – ao lado disso, como houve busca com as dramatizações, e a tendência é de

continuar na busca, então, o olhar para os dados já não será mais assustador, pois que a qualquer

momento outros dados de possíveis pesquisas sobre o mesmo tema, poderão reduzir esses dados

a níveis mais elementares. Logo, saber apenas ler e escrever não é mais um grande problema,

pois que continuando nos letramentos literários, a alfabetização vai ser alcançada.

5.4 Os problemas relacionados a conceitos

A realização da leitura pelo vínculo entre Leitura e Literatura, problematizado sob

a visão de Dias e Meneses (2014) – ou seja, pensa quando não se consegue permear-se à leitura

entre as demais metodologias e práticas escolares! Daí, o problema da leitura tem a ver com a

Literatura e implica em fazer as duas de modo conjugado, ou seja, para elas não tem como fazer

uma sem a outra. A saber, a leitura e Literatura estão vinculadas entre si, só que nas

dramatizações no “Passeio Poético”, de forma predominante, a premissa se coloca como sendo

verdadeira, entretanto, houve ausência de leitura e falta de formação do leitor por ainda não

saber usar certas ferramentas e instrumentos de trabalho necessários ao domínio da leitura,

quer dizer, isso significa que a leitura, ao contrário do que pensam as autoras, não está vinculada

84

a literatura. As práticas de leitura e literatura nas representações do “Passeio Poético” são a

prova disso.

A realização da leitura pelo discurso da democratização como se o ato de ler

estivesse preso a um gesto político e o de governar em plena sintonia com os promotores

e puxadores da leitura, problematizado sob a visão de Navarro (2003) – ou seja, para o

autor, de um lado, o ato de ler depende de um gesto político que, acima de tudo, tem de ser

conquistado a partir de mobilizações e reivindicações, senão o gesto pode não acontecer. De

outro lado, como houve democratização da leitura, então, os educadores têm de assumi-la, pois

que isso implica em sintonia com o ato de governar, senão, pode ser que não haja sustentação

das provisões que levam à leitura. Logo, há divergências do ponto vista do artigo, pois que o

ato de ler independe de quaisquer gestos políticos, ao passo que o gesto de democratização

também, pois que, se o ato é democrático, implica em não obrigação dos puxadores da leitura

em fazê-lo. Daí, o ato de governar não poder submeter leitura aos caprichos de gestos políticos.

O ato de ler sob a dependência da consciência do professor para o exercício das

amplas funções, problematizado sob a visão de Dias e Meneses (2014) – ou seja, o

pensamento das autoras reforça o de Navarro (2003), sobre a democratização da leitura, que,

de um lado, implica na dependência de gestos: no caso dele, políticos; no delas, consciência. A

saber, se o professor não tiver consciência de assunção das ‘amplas’ funções, então, não tem

leitura; se ao contrário, então, tem. Logo, há divergências do ponto de vista do artigo, pois que,

o ato de ler não pode estar submetido a vontades pessoais, ou mesmo vontades profissionais,

precisa ser um gesto de vontade sim, mas do leitor, em relação à leitura, não do leitor-aluno em

relação ao professor. Essa dependência não pode existir, são gestos de conquistas tanto de um

lado quanto de outro.

A leitura enquanto recurso de produção de sentidos no âmbito das competências

individual e social, problematizados sob a visão de Cosson (2014) – ou seja, antes de

quaisquer intenções de produção de sentidos, o leitor já está lendo o texto, ao passo que também,

o autor já está lendo antes de quaisquer intenções de escritura do texto. Só que, no referente às

competências individual e social, a problemática está na afirmativa do individual e social, pois

que se tem a impressão de que a responsabilidade com a leitura, de modo individualizado, exclui

a construção de sentidos na interação com outros sujeitos, com outros textos.

Consoante a isso e somado ao social, a impressão que se tem é que o conceito de leitura

só se constrói quando o leitor estiver reunido em grupo, afora isso, não consegue formar opinião

se individualmente. Logo, há divergências do ponto de vista do artigo, pois que a leitura é uma

modalidade interativa em todos os sentidos: o leitor com os objetos a sua volta; o leitor e as

85

pessoas, o leitor e as imagens em seu entorno e frente, o leitor e os instrumentos de trabalho, de

leitura, de escrita, etc. Ler não é um ato que se prende alguma coisa. Não se lê só e somente

individual nem apenas só em grupo. O ato de ler é livre e, ao mesmo tempo, interativo.

A leitura enquanto instrumento de trabalho do professor, de sua continuidade

no/do trabalho e, ao mesmo tempo, de leitura habitual e permanente, problematizados

sob a visão de Kleiman (2001) – ou seja, para a autora, antes que qualquer “[...] aprendizagem

de determinados conceitos e procedimentos analítico-teóricos, que mudam com as mudanças

das teorias linguísticas e pedagógicas, interessa instrumentalizar o professor para ele continuar

aprendendo ao longo de sua vida e, dessa forma, acompanhar as transformações científicas que

tratam de sua disciplina e dos modos de ensiná-la [...]” (KLEIMAN, 2001, p.20).

Contudo, no concernente a essas instrumentalizações, não só pode como deve ser de

interesse do professor, mas a iniciativa deve ser de quem interpõe o discurso de democratização

da leitura, conforme Navarro (2003). Quer dizer, se as práticas escolares indicam a dissonância

desses discursos, então é porque a leitura tem estado em prejuízo, pois que essas práticas

escolares indicam que ao professor não cabem sobrecargas, ao contrário, cabem

instrumentalizações em serviço.

Logo, o professor tem de assumir as leituras enquanto leitor comum e leitor profissional,

sabendo usar o instrumento de trabalho a seu favor, como versa Machado (2010). A saber, a

leitura para ele tem de ser habitual, pois cabe muito envolvimento com a causa, senão as

pretensões de projetos culturais, socioculturais de educação e desenvolvimento local, podem

ser desencontradas, nas práticas, pelos sistemas escolares que, sempre de um modo ou de outro,

utilizam das mesmas linguagens reforçando as injunções discursivas de certos governos.

5.5 Os problemas de natureza social, educacional e de desenvolvimento local.

A leitura como instrumento de mobilização social/educacional/local, incremento de

democratização e conscientização de leitores, problematizados sob as visões de Navarro

(2003) e Dias e Menezes (2014) – ou seja, para se realizar as leituras literárias, usando as

dramatizações no “Passeio Poético” como recursos metodológicos, é preciso mobilizar a escola,

os alunos, a comunidade na busca dos incrementos necessários. Para tanto, ao se fazer essas

mobilizações com sentido de realizar as dramatizações e concretizá-las de fato, implica na

organização social da comunidade local, ao passo que também, o tipo de serviço educacional

oferecido pela escola termina por chamar a atenção tanto da localidade quanto do entorno.

86

E ainda, significa que a comunidade local está em desenvolvimento. Logo, se os leitores

não são sujeitos desenvolvidos nas leituras, talvez também, não consigam perceber essas

necessidades de mobilizações. Daí, a leitura ser o instrumento de operacionalização para que

os leitores se desenvolvam, ajude os outros a se desenvolverem e promovam o bem-estar uns

dos outros em estado de consciência tranquila e fazendo bom uso da democracia.

A leitura enquanto recurso de organização no/do sistema escolar: administrativo,

pedagógico e financeiro, problematizados sob a visão de Lajolo (1993) – ou seja, as formas

de aplicação, em que situações, estes poderiam ser implementados, enfim, os critérios de

elaboração, aplicação e desenvolvimento dos projetos pedagógicos na escola, as decisões

administrativas, os registros pedagógicos e aplicações e planilhas financeiras, tudo isso são

métodos de organização e que estão referendados na boa leitura do sistema escolar. Desse

modo, como propõe Lajolo (1993, p.7) ir além de aprender a “ler livros”, pois a escola não é só

para isso.

Aliás, para ela, é responsabilidade da escola fazer os planejamentos e manter os

registros, não é só ler, é preparar-se para ler. Daí, por exemplo, se não há no regimento da escola

registro de planos sobre como desenvolver os projetos pedagógicos, dentre outros

planejamentos, isso quer dizer que, nesse aspecto, a escola está em falta. Logo, a capacidade

organizacional de um sistema escolar passa pela boa leitura que ele faz de si, de outros sistemas

e adoção de comportamentos avaliativos contínuos.

A leitura enquanto instrumento de justificativa para discussões políticas, didático-

pedagógicas-administrativas e criação de situações de leituras, problematizados,

indiretamente, sob as visões de Navarro (2003), Queirós (2012) e Lajolo (1993) – ou seja,

a relação que se pode estabelecer, é que a escola tem de ir além de ensinar e aprender a “ler

livros”, pois esta não é só para isso. Assim como, discutir e aprovar em reuniões próprias para

esse fim, a mobilização, criação e organização de sequências didáticas, projetos pedagógicos,

debates, etc., como ampliar o leque das leituras em âmbito da comunidade escolar local.

Navarro (2003), por exemplo, defende esses comportamentos social/local no campo da

democratização, ou seja, para ele, há democracia para isso. Já Queirós (2012), defende essa

organização no campo do uso da palavra, ou seja, a palavra é o instrumento mais apropriado

para se promover essas organizações com encantamento. Lajolo (1993) defende a leitura não

somente no âmbito do ler na escola, mas ir além, ampliando o leque das leituras. Logo, ler é

um comportamento que o leitor adota. E quando a escola se reúne para discutir suas

problemáticas e como solucioná-las, esse comportamento está referendado nas leituras.

87

A leitura enquanto instrumento de cidadania, crítica, autocrítica, avaliação e

auto/avaliação sistêmica e referência para a escola enquanto agente social – ou seja, a

escola – embora tenha suas dificuldades e não são poucas – mas não está ancorada diante do

sistema político numa atitude passiva ou mesmo pessimista como acontece em outras

localidades escolares. Aliás, se observar o autor: “[...] Tira-nos da atitude de espectadores

críticos de um governo sempre insuficiente, ou do pessimismo passivo. Devolve ao cidadão a

compreensão de que pode tomar o seu destino em suas mãos, conquanto haja uma dinâmica

social local que facilite o processo, gerando sinergia entre diversos esforços [...]” (DOWBOR,

2007, p. 76).

Logo, as práticas de ensino se tornaram tão abrangentes, que não tem como o professor

ser apenas professor mais, se não admitir em suas práticas os incrementos de democratização

da leitura, como versa Navarro (2003), e as amplas funções como versam Dias e Meneses

(2014), mesmo que isso represente para ele sobrecargas de trabalho. Não se pode esquecer a

escola enquanto agente de autoestima, de produção de valores e contributos morais para

continuar sendo escola com sentido de educação de qualidade, mas também caracterizada

enquanto agente social.

A Leitura enquanto modalidade-referência para as dramatizações na Literatura e

palavra de encantamento para que o leitor ultrapasse seu mundo natural, problematizado

sob a visão de Queirós (2012, p.68) – ou seja, mesmo a escola vivendo, muitas vezes, situações

controversas, seus espaços não são exclusivos dessas situações, por isso, os momentos de

encantamentos precisam ser criados a contento do leitor-aluno, para que ele possa representar

seus papéis usando os encantamentos das palavras.

Logo, não importa o que a escola tem de fazer e, muitas vezes, não faz, talvez, por causa

das situações controversas ou por esse ou aquele motivo. O ideal é fazer com encantamento,

mas se de tudo não pode, importa é o que ela faz, independentemente, do feito encantar os

outros com as palavras. É por isso, que as dramatizações do “Passeio Poético” encantaram

alunos, professores e comunidade escolar, pois que os gestos de leituras das dramatizações eram

tudo de encantamento e independia disso.

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Como nas dramatizações do “Passeio Poético”, os leitores-alunos estão se

desenvolvendo no uso das mais diversas formas de linguagens e com envolvimento

88

surpreendente, pois que até alunos, apenas visitantes, se envolveram. Logo, isso é possível ver

nos pontos problematizados com os de relevância.

Mas também, o objetivo geral do artigo, a saber, analisar como, através de uma revisão

documental, se possa chegar às práticas de leituras literárias, tendo em vista a reformulação de

conceitos de leituras e as dramatizações poéticas. A saber, algo feito através de pequenas

narrativas, neste segundo capítulo, aonde o próprio desenrolar-se dos fatos dava conta de

proporcionar análises comparativas e checadas ao ponto de produção de dados e resultados.

Nisso, também, o objetivo específico do artigo, a saber, conceituar leitura a partir dos

problemas levantados e vivenciados nas práticas escolares, algo completamente novo no que

tange à produção de novos paradigmas de leitura como resultados de pontos problematizados

sob a ótica dos autores referendados e fundamentados sob o pensamento deles conjugados à

convergência/divergência do artigo.

Nisso, ainda outro, ou seja, o objetivo de descrever, através de pequenas narrativas, a

realidade escolar, no que tange às leituras literárias, visando ao protagonismo e à promoção de

escolas a patamares de agentes sociais. Daí, o propósito de busca de estratégias de estímulo aos

alunos - o já esperado – protagonizando a imagem da escola com o trabalho deles, ao passo que

em razão disso, elevando a mesma escola a patamar de agente social. Por isso, se consideram

tais objetivos como cumpridos.

Entretanto, no que tange à pesquisa documental e seus registros conjugados à revisão

bibliográfica, o que se percebe é que os alunos-leitores não somente estão realizando as leituras

das mais diversas maneiras, mas realizando-as desde o mais simples ao mais complexo modo

didático-pedagógico e de aprendizagem, como também estão explorando a criatividade. Logo,

leitores já nas práticas dos letramentos.

Aí, formular novos conceitos de leitura, é pouco, em termos de alternativas de leitura e

de reconhecimento do trabalho deles. Aliás, eles estão fazendo os letramentos, pois que indo

além da letra na busca de novos significados para palavras, comportamentos, objetos, sentidos,

cores, etc. Mas que estas foram momentos ímpares na vida da escola, comunidade, alunos e

professores, foi.

Para tanto, o que se viu é que, nas leituras literárias, os alunos estão construindo sua

formação de leitor, como também, estão desenvolvendo as práticas de linguagens, em absoluta

consonância aos conceitos formulados, às dinâmicas e metodologias adotadas, como as

dramatizações no “Passeio Poético”, por exemplo, e aos conteúdos estudados em sala de aula.

A saber, algo não muito esperado na escola de hoje, exatamente, por causa dos excessos não

previstos pelas políticas públicas destinadas aos projetos pedagógicos. Daí, essas dramatizações

89

do “Passeio Poético” deixam para a comunidade escolar alunos bastante dotados de consciência

de leitura.

Assim e, para finalizar, se é este o grau de consciência de leitura alcançado, então, os

pontos de relevância, os conceitos formulados e reformulados, a elaboração de dados e a

transformação destes em resultados se confirmam enquanto conquistas deste artigo, recursos os

quais a comunidade escolar, onde eles foram produzidos, terá ou não o privilégio de poder

escolher entre, também, adotá-los ou não como referência e meios de se fazer novas leituras

nas suas práticas escolares, e novos movimentos que se desemboquem em projetos de mesma

natureza.

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93

CAPÍTULO III

CONTRIBUTO TÉCNICO: ESTÍMULO À PRÁTICA DE LEITURA LITERÁRIA NO

ENSINO MÉDIO

Enos Vagner Pontes6

Áurea Regina Guimarães Tomasi7

RESUMO: Este artigo científico, apresentação que versa sobre o eixo-temático do ensino-aprendizagem ao ponto

de vista das leituras literárias, conjugado a uma redefinição de conceitos a problemas de leitura e inventário de

atividades de leituras. Este também se origina das pequenas narrativas, objetos de análises científicas e

fundamentações teóricas, usadas como recursos de retratação da realidade escolar. Daí, com o objetivo de

problematizar, conceituar e inventariar estratégias de leituras, o artigo se firma enquanto instrumento de inventário,

consolidação de estratégias de leituras literárias e peça fundamental, de sugestões e alternativas, não somente para

a escola pesquisada, mas também para demais outros sistemas escolares. Ao final, este indicando conquistas de

novos paradigmas de leituras, indica também a necessidade de resgate de valores, em âmbito de educação básica,

nos polos da escola pública.

PALAVRAS-CHAVE: inventário de leituras, atividades de leituras, educação, desenvolvimento local e

transformações dos espaços escolares.

ABSTRACT: This scientific article, presentation what to converse about the thematic-axe apprenticeship-

education at point of view from literature reading connecting on one redefinition of concepts at problems of reading

and inventory of reading. Also this if to create of narrative small, analyzes of object scientific and theorist

fundamentals, as used assets retraction of from on scholastic reality. Hence, with objective of to put in doubt, to

conceptualize and inventory reading strategies of, the article if to firm whilst inventory of instruments, strategies

of consolidation of literature reading fundamentals play, of suggestions and alternatives, so not to the research

school, but also others awesome scholastic systems. Finish at, this to indicate conquest of paradigm news reading

of, also to indicate the need of bailout value of, ambit in basic education in poles of public school.

KEYS-WORD: reading inventory of, reading activity of, education, developing local and spaces transformations

of scholastics.

1 INTRODUÇÃO

Este é o terceiro capítulo da dissertação colocada como fruto do Mestrado Profissional

em Gestão Social, Educação e Desenvolvimento Local, no Centro Universitário-UNA. Ele tem

como finalidade alcançar a elaboração de um produto técnico voltado para as leituras literárias

no âmbito das práticas escolares. Daí, as motivações que o levam à forma de artigo, situam-se

no âmbito da própria dissertação sob a qual ele se insere, ou seja, artigo científico colocado

como quem vai inventariar atividades de leituras já realizadas na escola até o desfecho das

dramatizações desembocadas no “Passeio Poético”.

6 Mestrando em Gestão Social, Educação e Desenvolvimento Local do Programa de Mestrado Profissional do

Centro Universitário UNA. Campus Belo Horizonte. [email protected]

7 Orientadora e Professora Doutora do Programa de Mestrado Profissional em Gestão Social, Educação e

Desenvolvimento Local do Centro Universitário UNA. Campus Belo Horizonte [email protected]

94

Quer dizer, se a dissertação versa sobre o eixo-temático do ensino-aprendizagem ao

ponto de vista das leituras literárias, e conjugadas a uma pesquisa documental, combinada à

revisão bibliográfica de autores referendados, este artigo o fará na sua forma técnica e nas

mesmas dimensões sobre que se aprofundaram os estudos no tangente à formulação e

reformulação de conceitos no primeiro capítulo.

Assim como também se aprofundaram as pesquisas documentais na busca dos

comportamentos de leituras mais próximos da realidade escolar. Daí como assim o fez, então,

o levante de atividades de leituras deve estar relacionado a essas práticas pedagógicas focando

leituras e literatura, tal qual ou próximo da realidade escolar, por hora, apresentada antes e

durante as desenvolturas das dramatizações no “Passeio Poético”.

Para tanto, em se recomeçando com as leituras literárias, tendo-as como possibilidades

de contribuições técnicas/pedagógico/metodológico/científicas e permanentes na formação do

leitor, o problema das leituras literárias, em se tratando de inventário, vai se relacionar a um

levantamento de práticas de ensinamentos voltadas para essas leituras e informações que, já

investigadas, somam-se às atividades, as situações das leituras e das literaturas nos espaços

escolares. Ou seja, o levante desse material concreto, dessas atividades enfocando as leituras e

literaturas, talvez, possa ser de fato um problema.

Primeiramente, porque praticar leituras fora do espaço de sala de aula, não é algo

comum, sobretudo, no ensino médio, pois que implica em manter a disciplina do aluno, durante

as leituras; implica em preparar o ambiente envolvendo outros sujeitos que não sejam somente

os alunos, em fazer um trabalho de busca dos leitores em favor da leitura. A saber, se como

pensa Cósson (2015), baseado em Filipouski (2005): “[...] Para [a leitura literária] ser

desenvolvida na escola, é fundamental que os professores tenham construído previamente seu

repertório de leitura literária, isto é, que sejam leitores de literatura [...]” (COSSON, 2015,

p.167).

Assim se vê que é do professor esse compromisso prévio com a leitura. Daí, se ele não

tem esse repertório de leitura, com o qual possa trabalhar a formação do leitor, isso constitui

um problema. Aliás, esse repertório é tão fundamental que, só de sair da sala de aula já implica

em curiosidades, por parte de um suposto público, querendo saber das razões pelas quais o

professor está fazendo aulas fora de sala. E isso também não é coisa só de gestor não, tem a ver

com colegas de trabalho, com pais ou responsáveis por alunos, dentre outros sujeitos.

Secundariamente, o inventariar desses fatos, informações e dados implica, em afazeres

e buscas de referentes a um histórico da escola com retrospectiva dos fatos ao ponto de se chegar

a esse inventário. Então, para Letras (2016), por exemplo, o fato de as escolas ainda atuarem de

95

forma isoladas, sem levar em conta as múltiplas possibilidades de troca que podem se constituir

na e por meio da comunidade escolar, constitui-se na importância do letramento familiar frente

aos domínios escolar e comunitário.

Daí, listar, apontar, levantar, é alguma ação que conduz a esses fatos de inventariar

práticas de leituras. Só que, ao assim fazendo, é que se constitui outro problema, pois que,

talvez, não se possam encontrar experiências de leituras e literaturas registradas nas práticas

escolares, embora o autor esteja apontando isso como formas de busca de letramentos. Aí, o

trabalho do professor, muitas vezes, não é feito para transpor-se às quatro paredes da sala de

aula.

Nesse ínterim, “[...] Analisando [...] experiências bem-sucedidas, que promovem a

integração de práticas de letramento familiar e escolar, a autora mostra que as experiências

viabilizam estratégias de aproximação entre os pais, a escola e a comunidade, estabelecendo

relações de confiança mútua que provocam impactos positivos na aprendizagem dos alunos

[...]” (LETRAS, 2016, p.20). Quer dizer, essas são experiências que, muitas vezes, não se as

pode contar, quanto mais levantar enquanto dados constituídos na realidade escolar, pois que

nem sempre a escola os faz por escrito.

E se, às vezes, o faz, esta acaba por não obedecer a protocolos, ou seja, não se os

planejam, não se os registram, só o faz observando a organizações apenas do ponto de vista

oral. Logo, a ausência de registros escritos dos fatos implica em não deixar marcas. E se ao

fazer, não deixam marcas, como os inventários geralmente dizem respeito a materiais mais

concretos, também, fica mais difícil inventariar os fatos. Então, não é só uma questão de

problema, mas questões de falta de práticas, de saberes, no ato de contar daquilo que se faz.

Isto é, o problema deste inventário de práticas de leituras começa com as suspeitas de

não haver informações por escrito a serem inventariadas. Sendo assim, para Carbonell (2001),

por exemplo, o guarda-chuva que cobre essas diferenças, ou seja, no caso dele, são os problemas

a que o artigo dele vai abordar, mas neste caso, são os problemas impeditivos de mudanças em

escolas, pois que:

[...] no qual se conceitualizam os significados e os fatores que identificam e impedem

a mudança e a inovação; e os seguintes, nos quais se esboçam as premissas e suas

concretizações nos âmbitos mais demarcados: concepção e organização do

conhecimento escolar, modos de ensinar e aprender e materiais curriculares, projeto

educativo, autonomia pedagógica e organização escolar mais flexível, democracia

participativa dentro e fora da escola e, para terminar, um decálogo utópico para

professores e professoras inovadores e administrações renovadas [...] (CARBONELL,

2001, p.7).

O inventário, na verdade, é um recurso metodológico capaz de levantar e apontar os

acontecimentos, na realidade escolar, com o fim de colocar em dia os dados, de atualizar e

96

aperfeiçoar as práticas escolares. Ou seja, não é só uma questão de letramentos escolares e

comunitários, como versa Letras (2016), diz respeito aos letramentos que a leitura é capaz de

formar nos leitores que não estão em sala de aula. Daí, se o foco é a leitura, o levante de

informações e dados só podem ser para que esta não se perca dos fios já tecidos em favor dela

e, para tanto, continue tecendo multiplicidades de fios, contando sua história, sabendo que esta

deve seguir junto à história da própria escola.

Para Carbonell (2001), o problema se constitui como: concepção e organização do

conhecimento escolar, modos de ensinar e aprender e materiais curriculares, projeto educativo,

autonomia pedagógica e organização escolar mais flexível, democracia participativa dentro e

fora da escola. Quer dizer, ele está exatamente indicando pontos-problema a se inventariar, pois

que a leitura não é um termo sozinho no mundo, precisa de todos esses elementos

organizacionais para se fizerem em tal.

Aí, o repertório de leitura pensado por Cósson (2015) e Filipouski (2005), volta à tona,

pois que, se para Carbonell (2001) este vai ser apenas um modo de ensinar e aprender do

professor, ele também aponta que dentre esses modos de ensinar e aprender do professor, outro

modo é o de listar e produzir seu repertório de leitura. E, é claro, que esse repertório não é só

do ponto de vista da escrita, mas também das práticas de leituras. A saber, todo esse levante

apontado por Carbonell (2001) e, ao mesmo tempo, Cósson (2015) e Filipouski (2005), indica

que:

[...] Quanto mais afastadas do poder, mais invisíveis vão se tornando as práticas de

letramento das comunidades contemporâneas que, vivendo às margens dos centros

letrados onde atuam as instituições detentoras de poder, precisam interagir com os

representantes dessas instituições letradas, particularmente as burocráticas, por

questões de sobrevivência. Saúde, escola, moradia, posse da terra, enfim, todo tipo de

direito, garantido pela legislação, é barrado justamente pela escrita, que exerce um

dos papéis de guardião do status quo [...] (LETRAS, 2016, pp.14-15).

Contudo, nesse ínterim e por um lado, entre os problemas da leitura colocados enquanto

passíveis de se inventariar, constitui-se exatamente a razão de os inventariarem, pois que, o

sentido do inventário está também, exatamente, na manutenção de tais problemas na frente dos

olhos, no exercício do poder sobre eles, para que não se percam de vista enquanto problemas,

do mesmo jeito os listados enquanto frutos de experiências de leituras. Todos reúnem o sentido

de continuidade dos processos de leitura. Aí, na versão de Letras (2016), como, muitas vezes,

a escola não é capaz de listá-los, eles também ficam à margem de quaisquer decisões e

investimentos.

Ainda no mesmo ínterim e por outro lado, se não se levantam tais elementos e se não se

os pontuam enquanto problemas, o universo das convivências perde forças na comunidade

97

local. Ou seja, para que a comunidade local se desenvolva na busca de sua própria

sobrevivência, é preciso um fazer mais coligado entre comunidade, escola e outros

contemporâneos dos mesmos problemas na mesma convivência. Daí, o inventário ter a ver com

isso, uma vez listando, pontuando e significando os problemas, rezam estes em possibilidades

de solução. Fazendo assim, para Carbonell (2001), sob os olhares críticos e até irônicos, aponta-

os, a professores e administrações, como decálogos utópicos, ou seja, lista de dez problemas

que ficam apenas nos sonhos.

Consequentemente, por considerar levantados alguns problemas relativos e passíveis de

inventário, o que se pensa nessa primeira fase de uma introdução, é problematizar tais pontos

que, de certa forma, possam se tornar passíveis de discussão e até solução. Dentre esses, vale

até ressaltar, ou seja: saber até quando um levantamento de práticas de ensino voltadas para as

leituras e literaturas constitui de fato um problema de inventário; as convivências, entre alunos

e professores, com as leituras fora do espaço de sala de aula, saindo-se práticas tão incomuns

às mais comuns, ao ponto de problema para a escola e de inventário; o até quando, o repertório

de leitura pelo professor, segundo Cósson (2014) e Filipouski (2005), constitui um problema

de leitura e de inventário.

Dentre outros como: o fato de as escolas ainda atuarem de forma isoladas, sem levar em

conta as múltiplas possibilidades de troca de experiências, tornando-se importância do

letramento familiar frente aos domínios escolar e comunitário; as dúvidas quanto às

possibilidades de não se encontrar experiências de leituras e literaturas registradas nas práticas

escolares, embora o autor esteja apontando isso como formas de busca de letramentos.

Por fim, segundo Carbonell (2001), a concepção e organização do conhecimento

escolar, os modos de ensinar e aprender e materiais curriculares, projeto educativo, autonomia

pedagógica e organização escolar mais flexível, democracia participativa dentro e fora da

escola. Logo, todos passíveis de problematização, contextualização e ainda de justificativa. Ou

seja, pontos a serem pormenorizados nos próximos passos deste artigo.

2 JUSTIFICATIVA

2.1 Aspectos prévios e explicativos ao levante de atividades de leituras

As motivações que levam a este artigo situam- se no âmbito da própria dissertação sob

a qual este se insere, ou seja, esta de cuja apresentação versa sobre o eixo-temático do ensino-

98

aprendizagem ao ponto de vista das leituras literárias, e conjugadas a uma pesquisa documental,

combinada à revisão bibliográfica dos autores referendados.

Logo, um primeiro capítulo que trata teoricamente dos conceitos relativos às leituras

literárias; também um segundo capítulo que, de certa forma, recupera esses conceitos de

leituras, mas basicamente se concentra na pesquisa documental que se orienta nas práticas

pedagógicas de leituras e literaturas, tendo como referência o projeto pedagógico focado no

“Passeio Poético”.

Por fim, um terceiro capítulo que, por ter origem nesta dissertação, se prende às

necessidades de listar, justificar, fundamentar e consistir as atividades de leituras passíveis de

serem extraídas, não somente deste referido passeio, como também doutros projetos os quais a

escola tenha desenvolvido noutros tempos de sua história. Logo, o inventário deve apontar esses

projetos.

Para tanto, como na pesquisa documental, no segundo capítulo, cuidou-se de retratar –

o mais próximo possível - a realidade da escola pesquisada, então, mora nele a base de

sustentação deste terceiro capítulo que deve tratar do inventário de atividades, embora não

estejam somente nele as tais atividades a serem exemplificadas no já referido inventário. Daí,

um primeiro ponto que justifica a existência deste terceiro capítulo passa:

2.1.1 Pela relevância das leituras literárias enquanto instrumentos de transformações dos

espaços, das pessoas e dos próprios processos de leituras.

A saber, a começar nas diversidades, as possibilidades de conceitos se parecem mais

amplas, pois que se regem por um universo de linguagens, de aonde se originam e se

multiplicam em outras linguagens, fazendo tudo ter sentido pelo próprio sentido, às vezes; em

se configurando oportunidades, se reconfigurando mitos, desmistificando-se velhos atrativos,

de modo que até um sonido, um cheiro, um paladar, se vale da leitura, não meramente pelo ato

de ler com os olhos, mas pelo de entender seja com os ouvidos, com o olfato, o paladar, etc.

Logo, buscando-se nos sentidos a polivalência dos significados. Isso se pôde ver nos

andamentos das pequenas narrativas contando os feitos do projeto.

Daí como justificar o levante e definições de atividades de leitura pelas novas

possibilidades, pelos novos formatos e novos conceitos sobre que estas se embasam? Assim

podendo entender importa na leitura e literatura, pois é numa e noutra que estão essas

diversidades. E se as leituras não fossem capazes de transformar os espaços escolares, é claro,

não se estaria vendo criações diferentes de espaços de leituras, senão como os tradicionais

fechados naqueles comportamentos de leituras feitas apenas pelos olhos. Logo, hábito muito

antigo na escola tradicional, que está sendo quebrado agora.

99

Aliás, segundo Suttana (2007), por exemplo, a leitura se dá numa instância que a

ultrapassa ela própria, e em que ela se comunica com o mundo, abrindo-se para esse mundo não

só como um espaço de intimidade que põe o leitor em perspectiva, mas, sobretudo, como evento

que põe o próprio mundo em questão. Logo, ao colocar o mundo em questão, a leitura abre o

leque para sair dos espaços tradicionais.

Então, se isso é resultado de práticas de leituras experimentadas no decorrer dos anos, é

porque as leituras funcionaram como instrumento de transformações dos espaços e delas

próprias, senão não se teria chegado a estes comportamentos de leituras feitas pelos demais

órgãos dos sentidos senão delas apenas pelos olhos. Para tanto, leituras como instrumentos de

transformações também das pessoas, pois que são leitoras que conseguiram perceber que os

olhos podem ser o centro das atenções do leitor, mas não são os principais órgãos leitores

componente do corpo humano. Logo, razões palas quais as leituras literárias são relevantes,

pois que envolvem todos os órgãos nos processos de leituras.

Quer dizer, no pensar de Silva e Andrade (2014), o conceito de Literatura só vai se

formalizar a partir de sua problematização, não exatamente como problema, mas pelo caráter,

muitas vezes, fechado do mundo que as contorna e as tornam perigosas; enquanto que, no

pensar de Suttana (2011), por exemplo, talvez o que se celebra na literatura seja a própria

literatura, em seu acontecer como Literatura, se considerando que ela é capaz de ultrapassar os

seus limites. Assim, como por exemplo:

[...] inúmeros autores já se dedicaram à problematização do conceito de literatura, mas

essa tarefa mostra-se impossível de ser finalizada, uma vez que, em um mundo

marcado por transformações e metamorfoses, definições estanques e fechadas são

perigosas e infrutíferas. Essa impossibilidade de conceituação da literatura acontece,

de acordo com Jorge Wanderley (1992), tanto, pois, para o autor, marcar limites e

margens implica na perda da individualidade do objeto, quanto porque [...]. (SILVA

e ANDRADE, 2014, pp. 88-89).

Entretanto, de outra maneira, como arte de criar e compor textos, por exemplo, e noutro

contexto, vai se remeter ao leitor, possibilitando-o habilidade de criar sentidos nos textos:

poesias, prosas, literatura de ficção, de romance, literatura portuguesa, literatura popular, de

cordel, e etc. Ou seja, modalidades várias de entretenimento, fazendo o leitor enredar-se nos

contextos da leitura, gerando-o prazer.

Aí, para Coutinho (1978), por exemplo, que vê a Literatura, como toda arte, como uma

transfiguração do real, e como sendo a realidade recriada através do espírito do artista e

retransmitida através da língua para as formas, que são os gêneros, e com os quais ela toma

corpo e nova realidade. Logo, esse sentido de transfiguração do real encampa um conceito de

Literatura focado na realidade recriada através das representações de papéis. Talvez, por isso,

100

o referir-se ao artista, como quem é leitor e, por isso, faz arte. Logo, leitor não somente capaz

de se situar na realidade, mas de usar os textos para produzir sentidos.

Então, também um artista, pois que ao ler consegue, imediatamente, reler e, na releitura,

produzir diversidades de representações. Assim como a Tenda das Tribos Urbanas, durante as

dramatizações do “Passeio Poético”, como se vê o texto de Mário de (ANDRADE, 1927) _Pelos

atalhos da serra, cada qual no seu cavalo; os dois estavam felizes, na altura tudo era paz. Pelos

caminhos estreitos, ele na frente, ela atrás. E riam. Como eles riam! Riam até sem razão. A

Serra do Rola-Moça não tinha esse nome não.

Quer dizer, para Coutinho (1978), a literatura, ao tomar corpo na realidade, passa então

a viver outra vida, com certa autonomia, independência de autor e de experiência, de realidade

de onde proveio. No entanto, enquanto instrumento de ensino, por exemplo, para Cósson

(2011), esta assume uma posição auxiliar em razão da língua, contribuindo para a consolidação

da competência de leitura e escrita por meio de exercícios de compreensão e outras estratégias

didáticas aplicadas aos textos literários.

A saber, contextos da literatura concebida como arte e, simultaneamente, como

instrumento de ensino e transformações, tanto de espaços como de pessoas e processos e, por

isso, instrumento de relevância social. Logo, escola, talvez o lugar mais propício de se

conceituar Literatura, pois o faz pelas próprias experiências vivenciadas. Para tanto, nessa

mesma linha, coaduna a visão de outros autores que se manifestam em favor da importância da

multiplicidade de linguagens, tanto para enriquecimento da leitura, quanto para o conceito do

que seja Literatura, num pensamento mútuo ao citado anteriormente:

[...] A leitura é um processo no qual o leitor realiza um trabalho ativo de construção

de significado do texto, a partir dos seus objetivos, do seu conhecimento sobre o

assunto, sobre o autor, de tudo que sabe sobre a língua. Não se trata simplesmente de

extrair informação da escrita, decodificando-a letra por letra, palavra por palavra.

Trata-se de uma atividade que implica compreensão no qual os sentidos começam a

ser constituídos antes da leitura propriamente dita [...]. (PCN, 1997, p.41)

Disso posto e noutra linha, o professor pode valer-se das operações mentais com afinco

na diversidade de linguagens no árduo processo de criação, criatividade e recriação, buscando

o sentido das letras nos lugares mais incomuns (ORLANDI, 1999). Tudo num querer maior de

trazer a simbologia ao centro da mentalidade do indivíduo, num fazer conceitual, compreensivo

e proponente de praticidades de leitura e Literatura.

Quer dizer, são essas práticas de leituras por representações detectadas na realidade

escolar, capazes de fomentar novos instrumentos de leituras a partir dela própria, demonstrando

que o trabalho de construção de significados, no entorno dos objetos de leitura, faz-se cada vez

mais relevante, por isso, justifica a fomentação de atividades proposta neste terceiro capítulo.

101

2.1.2 Relevância das leituras literárias em relação à linha de pesquisa, a educação e

desenvolvimento local no Mestrado e nas práticas escolares anteriores ao “Passeio

Poético”.

A relevância das leituras literárias vai passar agora pelas relações estabelecidas com a

linha de pesquisa do mestrado, ou seja, a linha que aponta a educação como referência, mas as

práticas pedagógicas pesquisadas como desenvolvimento localizado e de âmbito dessa

educação. E se as leituras estão colocadas como campo de desenvolvimento daquela localidade,

é porque a educação, lá, seja como problemas sociais ou não, mas está conseguindo desenvolver

o local.

Daí, como as leituras estão colocadas no âmbito da sala de aula, é claro – a sala de aula,

segundo os conceitos construídos até esta altura desta dissertação, não é mais aquele espaço

fechado com alunos enfileirados e até supostamente compartimentados, fazendo leituras não

exatamente visuais, mas apenas pelos olhos – o grande exemplo disso são as dramatizações

realizadas através do “Passeio Poético”.

Logo, esta escola apresentada e pesquisada sobre as práticas de leitura e literatura faz

parte de uma educação que não é tradicional. E se ela não é tradicional, isso implica em que

usar e em que dispor de mais trabalhos e implementos, para que os serviços prestados à

comunidade escolar sejam mais producentes e inovadores.

Entretanto, a inovação social de que se fala tem a ver, primeiro, com o despertamento

de todos os segmentos daquela comunidade rumo ao cumprimento de objetivos coletivos.

Segundo, tem a ver com o avaliar dos próprios atos pedagógicos na reconstrução de seus

sentidos, usando as leituras como recursos temáticos e conteúdos de ensino-aprendizagem e as

dramatizações no “Passeio Poético” como recursos metodológicos de leituras e literaturas.

Então, nisso, talvez importe mais implementos de leituras para se compreender melhor

o que realmente falta, e para desenvolver as habilidades para as tomadas de decisões de

suprirem essas faltas. E isso não é tão simples. Entretanto, para Dowbor (2009, p. 1-2), por

exemplo: “[...] A ideia da educação para o desenvolvimento local está diretamente vinculada a

esta compreensão e à necessidade de se formar pessoas que amanhã possam participar [...] das

iniciativas capazes de transformar o seu entorno [...]”.

Logo, a educação como o lugar das ações que inovam os comportamentos dos

profissionais de ensino, dos alunos e doutros segmentos, só vai gerar contributos para que tais

segmentos se sintam menos intimidados diante das situações de interferências. Portanto, na

linha da educação e do desenvolvimento, isso implica em razões incentivadoras de registros de

experiências em dissertação.

102

Todavia, redefinir esse quadro, que se supõe necessário, não se o faz só com atitudes e

mudanças de comportamentos. A saber, um fazer metodológico, sabido, consciente e

consistente fomentam resultados, que alcançam as transformações dos/nos espaços, por meio

dos implementos de habilidades, competências e proventos culturais. Logo, isso sim, se traduz

em ideais de desenvolvimento, como pensa Fragoso (2005, p. 64):

[...] definir de forma séria o conceito de desenvolvimento local seria, por si só, assunto

para outro artigo, mas apenas superficialmente diríamos que se trata da possibilidade

das populações poderem expressar uma ideia de futuro num território visto de forma

aberta e flexível, onde esteja ausente a noção do espaço com fronteira, concretizando

ações que possam ajudar à (re) construção desse futuro [...].

Por conseguinte, pós-definição, ainda que superficial de desenvolvimento local, como

versa Fragoso (2005), vê-se que esse conceituar não acontece sem o auxílio da educação. Daí,

educar é desenvolver a localidade no entorno da escola. Assim dessa maneira, nos processos

educativos já instaurados, os conhecimentos produzidos e habilidades desenvolvidas, muitas

vezes, são despertados nas crianças, jovens e adultos.

Só que também, leitura na escola não é simplesmente compartimentar os alunos num

espaço físico de sala de aula, pode ser como que para o autor: “[...] a literatura, decisivamente

incorporada ao polo da fruição e do prazer de ler da leitura ilustrada, deixa de ocupar uma mera

função ancilar no ensino da língua portuguesa e parece ocupar um lugar renovado na escola

como centro da formação do leitor [...]” (COSSON, 2011, pp. 165-166). Mas também pode não

ser pela ilustração que leva ao prazer, o caminho da leitura na escola.

Como também pode ser pela incorporação dos sujeitos nos processos, no deixar fruir da

coisa que renova o estado de espírito e faz com que ambos: alunos e professores se dediquem e

se deixem formar na leitura. Aí não é só ilustração, mas mais que ocupação de um único lugar

e espaço, é contato com vários objetos diferentes, livros de gêneros diferentes, é envolvimento,

é prazer mesmo. Então, se de assim, o ato de ler é envolvente. Contudo, pode ser também pelos

tratos mais acurados da coisa lida.

Aliás, no trato de leituras na escola, seja as mais simples às mais avançadas, e no pensar

de Maciel (2013) sobre a educação que, na visão de (QUEIRÓS, 2012, p.68), quando “[...]

ganha um formato sinestésico, abrangendo a totalidade dos sentidos, instaurando o corpo em

sua materialidade como sujeito de um processo que passa pelo afeto, pelo olhar [...]”. Logo,

formato que intui comportamentos do sujeito como um todo: desde as percepções e sensações

do corpo, ao sentimento e envolvimento da alma, sem contar no corpo físico sempre disposto

ao trato das leituras e predisposto como leitor do mundo através das literaturas.

103

Daí, por exemplo: “_E aí Marcos Vítor, você consegue se interessar pelas leituras de

contos, como os de Machado de Assis, por exemplo?”. Diz Jovelina, a colega de classe. No que

ele, Marcos, a responde: “_ É claro que consigo”. Declarou ele. “_Eu acho o máximo ‘O

alienista’! O cara é um psicanalista que chega à cidade de Itaguaí com o desejo aflorado por

pesquisar nas pessoas os sintomas da loucura. Daí descobre um louco, e manda prendê-lo na

casa-verde, um suposto lugar para tratamento daquele mal. Daí descobre outro louco, e faz o

mesmo. Ao final, descobre que a cidade é toda louca. Nisso, o autor faz todo um jogo, colocando

toda a cidade contra ele, Simão Bacamarte, o médico-psicanalista-louco”. E Marcos termina

seu resumo: “_E aí Jovelina, quem você pensa que vai para a casa-verde?” No que ela o

corresponde: “_Eu já li várias vezes o mesmo conto e continuo até hoje, sem saber quem vai

para a casa-verde”.

Se isso, leitura na escola tem de ser de vários jeitos, várias vezes, senão perde o senso

de leitura e o consenso de leitores, tem de aquecer e encher o peito, de fazer o prazer falar mais

alto que quaisquer sentidos opostos. Se não isso, não há sinestesia que se permita abranger os

órgãos dos sentidos na sua completude, a saber, um corpo completo: cabeça, membros e mente,

não pode estar completo se faltar o coração. Mas se olhar para a classificação tradicional, como

estudam as Ciências básicas, o coração não entra. Então, Leitura na escola é isso: a abrangência

de todo os processos sinestésicos, como pensa Bartolomeu Queirós (2012), mas com acréscimo

do coração.

Aí, nesse tanto, depois de observar a aula de leitura, de uma professora, ministrada no

pátio da escola, ouve-se: “_Professora Patrícia, a senhora quer que a gente leia o conto em voz

audível?” Perguntou a aluna. “Não, a leitura é individual e silenciosa, e são vários contos

diferentes. E dentre esses, eu os indiquei Clarice Lispector, Lígia Fagundes, Lygia Bojunga,

etc. E vocês, inclusive, podem escolher entre ficarem deitados, sentados ou de pé, contanto que

a leitura seja feita. E, depois, eu quero ouvir dos comentários”. Logo, o ato de ler independe de

postura, tem de ter concentração.

Noutro tanto, a posteriori, o ato de ler pode não ser envolvente. Só que nesse caso, a

escola tem de estar atenta e o professor muito mais, pois que se trata de o aluno vencer as

dificuldades presentes nos espaços escolares, os obstáculos da aprendizagem, mas não só isso,

ganhar gosto pelas leituras de modo tão envolvente que a própria sinestesia seja o campo de

atração, ao lado do aspecto afetivo-interativo com o livro, autor e outros, como recorda Maciel

(2013). Então, leitura na escola tem de ser envolvente, senão os obstáculos podem falar mais

alto. E se estes falarem mais alto, a escola acaba não sendo o berço de letramento, como pensa

Kleiman (2001):

104

[...] Acredito que é na escola, agência de letramento por excelência de nossa

sociedade, que devem ser criados espaços para experimentar formas de participação

nas práticas sociais letradas e, portanto, acredito também na pertinência de assumir o

letramento, ou melhor, os múltiplos letramentos da vida social, como o objetivo

estruturante do trabalho escolar em todos os ciclos [...]. (KLEIMAN, 2001, p. 4)

De outra maneira, entretanto, reconhece-se que, na criação de espaços de leituras e

experimentação de novas formas de convivência com ela, como frisa Kleiman (2001), pode

estar à extensão do letramento. Só que, se não em processos de investigação, se lê ou se não lê,

como se lê, propriamente, que altera a realidade e se conquista o letramento, mas, o objeto

investigado, ou seja, pensa-se que os resultados de investigações e avaliações constantes,

sobretudo, no que tange ao letramento é que produzem resultados.

Então, para finalizar, estes podem afetar o despertar de docentes e discentes para uma

mudança no contexto escolar, sobretudo, porque a educação como linha-mestra aponta para

essas mudanças. Aí, se considerando que os comportamentos dos alunos, na realidade atual,

têm sido mais atrativos e interessantes do que os de ensino aprendizagem, os do professor,

talvez, tenha de se alinhar ao contrário. Logo, leitura na escola, hoje, talvez também não

sobressaia, se não possa de produzir leituras pelos letramentos.

3 ASPECTOS PÓS-EXPLICATIVOS E ARTICULATÓRIOS DA PROPOSTA DE

INVENTÁRIO

3.1 Abordagens introdutórias

Pensar no que explica as experiências de leituras é o mesmo que pensar no que essas

foram capazes de inspirar, a saber, de gerar proposta técnica e de atividades voltadas para as

leituras. Quer dizer, este terceiro capítulo resulta de uma pesquisa teórica e documental, ou seja,

para se realizar essa pesquisa, viu-se que ela parte de um problema. E o problema está

relacionado ao exercício das aulas teóricas de leituras.

Daí, como a educação, muitas vezes, está habitualmente ligada aos exageros teóricos, à

pesquisa veio a calhar, dando um prisma novo ao toque dos autores referendados. Assim, as

aulas teóricas e tradicionais dão lugar às práticas pedagógicas de leituras completamente fora

dos parâmetros tradicionais, impondo sensibilidades e perspectivas novas de vida e

melhoramentos na localidade.

E é isso que articula a ideia de uma proposta técnica focada em atividades de leituras,

literárias ou não, mas atividades que signifiquem um marco de referência não somente para a

escola pesquisada, mas para todas aquelas que manifestarem o interesse. Logo, daí surge-se a

ideia de inventário de atividades. Algo como que se concretiza em resultados produzidos a partir

105

do objeto pesquisado, a saber, como estão acontecendo leituras literárias no âmbito das práticas

escolares.

Apenas como exemplo, serão citadas a seguir vinte e cinco atividades de leituras que

visam a estimular o interesse dos jovens-alunos do ensino médio pelas leituras, sobretudo, as

literárias. As sugestões a serem elencadas visam também à dinamização, não somente das áreas

pedagógicas focadas nas leituras literárias, mas também às demais áreas interdisciplinarmente

conjugadas em ações de leituras, sobretudo estas, originárias de pequenas narrativas histórico-

analíticas na escola-referência. Essas ocorreram durante as dramatizações do “Passeio Poético”.

Portanto, não estão colocadas por ordem de prioridade, mas de apenas sugestões.

Afinal, estas não são recomendações, se considerando que suas aplicações e usos em

sala de aula dependem, primeiramente, do interesse e boa-vontade do professor em fazê-lo;

secundariamente, este como mediador junto à escola pode conquistá-la no apoio a seus ideais

de atividades pedagógicas; por fim, de acordo com Bernardino (2015), depende ainda dos

sistemas administrativos e financeiros, em querem investir nesta proposta técnica, no interior

de suas escolas.

Logo, convém ressaltar que todas as atividades são de grande valia para que os espaços

escolares sejam mais convidativos e atraentes, como ainda versa Bernardino (2015) - embora

seu foco de atividades seja as bibliotecas - a que todas as faixas de idade possam-se utilizá-los

da melhor forma possível, sobretudo e felizmente, elas são extratos originários da pesquisa

documental e, por isso, se revelam na aplicação e uso de estratégias, como as abaixo

relacionadas:

3.2 Propostas de estratégias de estímulo às leituras

106

INVENTÁRIO DE ESTRATÉGIAS DE LEITURAS

Enos Vagner Pontes8

Áurea Regina Guimarães Tomasi9

8 Mestrando em Gestão Social, Educação e Desenvolvimento Local do Programa de Mestrado Profissional do

Centro Universitário UNA. Campus Belo Horizonte. [email protected]

9 Orientadora e Professora Doutora do Programa de Mestrado Profissional em Gestão Social, Educação e

Desenvolvimento Local do Centro Universitário UNA. Campus Belo Horizonte [email protected]

107

QUADRO I: ESTATÉGIA I

ESTRATÉGIAS DE LEITURAS

SUGESTÃO 1 O PASSEIO POÉTICO

OBJETIVO

Possibilitar aos alunos praticarem as leituras, literárias ou não, pelas

vias das dramatizações e representações de papéis, levando os

elementos simbólicos ao centro da sala de aula e, ao mesmo tempo,

trazendo a sala de aula aos mais diversos espaços que a escola atual os

possa proporcionar.

DESCRIÇÃO Atividades de leituras desenvolvidas a partir do estudo de conteúdos

literários conjugados às metodologias de dramatizações de papéis. Isto

a partir da elaboração de projeto pedagógico fundamentado em

temáticas da realidade escolar.

JUSTIFICATIVA Se considerando como conteúdos as escolas e períodos literários na

Literatura Brasileira, a proposta está mais adequada a alunos do ensino

médio, pois que os sujeitos praticantes dessas leituras têm mais

maturidade para conjugarem conteúdos estudados com práticas de

aprendizagem em consonância com as suas necessidades reais.

Contudo, a proposta de leitura pode e deve abranger ou ser adotada em

quaisquer modalidades e níveis de leituras, desde que haja adaptação

desta à realidade escolar.

METODOLOGIA

Uma alternativa pode ser a criação de grupos de estudos, com monitoria

ou não, tendo como conteúdos os períodos literários da Literatura

Brasileira, bem como suas modalidades: poesia, prosa, leitura,

literatura, etc. Isto como recursos de educação e desenvolvimento local,

visando a orientar o debate e o crescimento equilibrado da localidade

escolar, sobretudo, no que tange aos projetos pedagógicos e suas

respectivas áreas de atuação. Tabela 1 - Quadro de estratégias de leituras: O PASSEIO POÉTICO. Este é fruto de experiências com as

dramatizações no pátio escolar da escola pesquisada.

108

QUADRO II

ESTRATÉGIAS DE LEITURAS

SUGESTÃO 2 EXIBIÇÃO DE VÍDEOS OU FILMES

OBJETIVO Estimular os alunos para a leitura e interpretação dos textos visuais e

linguagens plásticas, além de proporcioná-los desenvolturas no uso da

língua falada e escrita.

DESCRIÇÃO Atividades de leituras desenvolvidas a partir da exibição de um pequeno

filme ou vídeo, quando o professor – num primeiro momento - pode

fazer com os alunos as discussões e interpretações orais a partir do vídeo

ou filme. Em seguida, pode aplicar exercícios de leituras ou de

interpretação a partir de orientações geradoras de respostas discursivas

ou não sobre o vídeo ou filme. Na oportunidade, pode trabalhar com os

alunos conteúdo como a elaboração de roteiros de vídeo ou filmes, tendo

o vídeo ou filme assistidos como referência, ao passo que também, pode

aplicar como atividade extraclasse, a elaboração de um roteiro de vídeo

ou filme a ser produzido pelos alunos.

JUSTIFICATIVA Primeiramente, o que justifica a estratégia da exibição de vídeos é a

habilidade para a leitura colocada no âmbito da preparação do leitor para

uma leitura menos espontânea e mais técnica do texto. Afinal, a leitura

de vídeos traz todo um processo de preparação do leitor tanto por parte

do mediador quanto do próprio leitor. Secundariamente, é saber que o

sujeito-leitor não está sozinho na sua habilidade para a leitura, mas

acompanhado de seu mediador, de muitos outros leitores: comunidade,

professores, funcionários, alunos de outros turnos e níveis de ensino, ou

seja, a exibição de filmes, durante o evento do Passeio Poético não está

sendo apreciada somente por alunos-atores, mas por todos esses

segmentos.

METODOLOGIA Uma alternativa pode ser: se trabalhar com filmes, há que ser os

pedagógicos de curta metragem; se vídeos, podem ser pequenos trailers,

como ensaios para a preparação de curtas-metragens. Uma segunda

alternativa pode ser: levantar filmes pedagógicos baseados em obras

literárias, produzidos por alunos ou não, etc. Uma terceira alternativa

pode ser: a preparação de um debate sobre o vídeo assistido. Neste,

buscar avaliar a desenvoltura oral, a capacidade de leitura visual, a

capacidade de articulação do vídeo assistido com os conteúdos

estudados, etc. Tabela 2 - Quadro de estratégias de leituras: EXIBIÇÃO DE VÍDEOS. Esta é fruto de experiências de leituras

prévias e preparatórias às dramatizações no “Passeio Poético”.

109

QUADRO III

ESTRATÉGIAS DE LEITURAS

SUGESTÃO 3 CAIXA DE LIVROS

OBJETIVO Proporcionar aos alunos criem hábitos de leitura também a partir do

hábito de lidar com os livros, orientando-os na criação e preservação de

um espaço destinado a livros selecionados pelo professor e por eles.

DESCRIÇÃO O professor deve selecionar os primeiros livros até que os alunos

aprendam a selecionar livros também. Daí, recomendar leituras e

estabelecer prazos para elas. Em seguida, a cada livro lido, o professor

deve proporcionar atividades criativas, sem imposições nem frustrações.

E ainda, a cada desfecho de leituras, promover comentários saudáveis

de estímulo à continuidade das leituras, ao passo que cada desfecho de

leituras, presume-se a recomendação de um livro novo.

JUSTIFICATIVA Conseguintemente, o que justifica a estratégia da Caixa de Livros é a

habilidade para a leitura focada no hábito de ler, na preparação do leitor

para a prática de leituras habituais e espontâneas do ponto de vista do

mediador ao alvo que quer alcançar, ao da reflexão, no caso, o aluno.

Afinal, a seleção de livros, segundo a orientação do mediador, em caixas

e espaço preparado para esse fim, é o mesmo que estar formando no

aluno o gosto pela leitura. Logo, razões suficientes para que o universo

de leitores se amplie, e a mediação de leitura se torne cada vez mais

eficaz.

METODOLOGIA Uma alternativa pode ser: trabalhar com todos os gêneros de leituras. Só

que, a cada desfecho da etapa de leitura, deve-se também introduzir um

gênero novo. Assim, o professor pode explorar os principais gêneros de

leituras: desde o informativo, opinativo, jornalístico, publicitário,

literário, etc. E, ao lado disso, conjugar as práticas de leituras à produção

de tipos e gêneros textuais variados. Tabela 3 - Quadro de estratégias de leituras: CAIXA DE LIVROS. É fruto de experiências de leituras visando

à formação de leitores e realizadas diariamente e independente das dramatizações no “passeio Poético”.

110

QUADRO IV

ESTRATÉGIAS DE LEITURAS

SUGESTÃO 4 MOMENTO NOBRE DA LEITURA LITERÁRIA

OBJETIVO Estimular os alunos a reservar tempo para as leituras, possibilitando-os

crescimento pessoal, gosto pelas leituras e formação de leitor.

DESCRIÇÃO É o momento livre das leituras. O aluno escolhe o seu livro sem

observância temática nem quaisquer recomendações do professor, no

que tange à leitura, postura de leitor e formação de opinião. Entretanto,

deve ter prazo estabelecido e momento destinado ao debate sobre os

textos lidos. A responsabilidade pelas leituras é exclusiva do aluno.

JUSTIFICATIVA E se é do aluno a responsabilidade, o que justifica a estratégia de se tirar

um momento especial para o exercício da leitura literária, isto significa

formar e despertar no aluno as habilidades para o desenvolvimento,

compreensão e intimidade com elas. Afinal, nelas - sob a mediação do

professor - mora a formação de muitas das habilidades tanto da leitura

quanto da escrita. Logo, ler, escrever e interpretar constitui boa base de

dependência das leituras literárias.

METODOLOGIA O professor orienta os alunos quanto às leituras no alinhamento do curso

e conteúdos estudados, mas nem por isso, deixa de debater e atribuir

valorações ao livro que foi lido, fora do alinhamento sugerido. Em

seguida, durante as suas aulas, os espaços utilizados quase nunca são o

espaço tradicional da sala de aula. Também, no ato de ler, não é exigida

uma postura física diante do livro, senão uma posição intelectual diante

do texto lido. As formas de apresentações também são livres, o professor

orienta exemplificando as diversas formas metodológicas de

apresentações dos trabalhos de leituras. Tabela 4 - Quadro de estratégias de leituras: MOMENTO NOBRE DA LEITURA LITERÁRIA. É fruto de

experiências de leituras visando à formação de leitores no universo da Literatura.

111

QUADRO V

ESTRATÉGIAS DE LEITURAS

SUGESTÃO 5 MOMENTO NOBRE DAS DRAMATIZAÇÕES

OBJETIVO Proporcionar aos alunos oportunidades de conjugar leituras com

práticas de dramatizações das linguagens, fazendo com que eles sejam

capazes de ler e, em seguida, dramatizar o que leu.

DESCRIÇÃO A estratégia é ler com a finalidade de dramatizar. Daí, o professor

escolhe, recomenda o livro e estabelece os prazos tanto das leituras

quanto das dramatizações. Já, os alunos leem e recebem as orientações

quanto às metodologias de leituras e dramatizações dos textos lidos.

Tanto as leituras quanto as dramatizações não são livres, ao contrário,

são todas orientadas. Por isso, os modos de apresentações do que leu,

também não são livres.

JUSTIFICATIVA E, exatamente, porque as dramatizações não são livres, o que justifica

a estratégia dessas dramatizações, é que o professor deve sempre estar

focado na atenção do aluno para esse momento, pois que se não cai no

esquecimento. Dramatizar o que leu é fundamental para a formação do

leitor. E o leitor só vai conhecendo e reconhecendo isso, no decorrer

das aprendizagens de leitura. Logo, é do mediador a maior

responsabilidade com os processos de dramatizações do texto lido.

METODOLOGIA O professor promove aulas expositivas sobre os recursos técnico-

didáticos de apresentações de trabalhos, sobretudo, os mais práticos e

de mais fácil acesso aos alunos. Este recomenda as leituras e cria as

situações de leituras e de apresentações das leituras. E, ao lado disso,

estabelece valores à altura do orientado, esperado e alcançado como

resultados. Isto, para a continuidade e manutenção dos alunos

estimulados. Já, os alunos recebem as orientações, praticam-nas e,

através delas, realizam a aprendizagem. Tabela 5 - Quadro de estratégias de leituras: MOMENTO NOBRE DAS DRAMATIZAÇÕES. É fruto de

experiências de leituras visando à formação de leitores através de dramatizações.

112

QUADRO VI

ESTRATÉGIAS DE LEITURAS

SUGESTÃO 6 A LEITURA VISUAL: A FOTOGRAFIA

OBJETIVO

Possibilitar aos alunos praticarem as leituras também pelas

informações visuais, e levar os elementos simbólicos das linguagens

plásticas ao centro da mente deles e ao centro da sala de aula e, ao

mesmo tempo, trazer o leitor aos mais diversos contextos que a

fotografia possa proporcionar.

DESCRIÇÃO Atividades de leituras desenvolvidas a partir de estudos descritivos

orais, buscando preparar os leitores, primeiramente, para a produção do

texto oral tendo como objeto de referência a fotografia e,

secundariamente, para a produção do texto descritivo escrito, na

referência do mesmo objeto.

JUSTIFICATIVA Se considerando como conteúdos o uso das linguagens plásticas para a

leitura, a capacidade de leitura oral, a capacidade de descrição oral do

objeto e, ao mesmo tempo, descrição escrita desse mesmo objeto.

Nesse caso, a proposta está mais adequada a alunos do ensino médio,

pois que os sujeitos praticantes dessas leituras têm mais maturidade

para conjugarem conteúdos estudados, no caso, as regras de produção

do texto descritivo, com práticas de aprendizagem em consonância com

as suas necessidades reais de leitor e produtor de texto. Contudo, a

proposta de leitura pode e deve abranger ou ser adotada em quaisquer

modalidades e níveis de leituras, desde que haja adaptação desta à

realidade do aluno.

METODOLOGIA

Uma alternativa pode ser a criação de grupos de estudos, com monitoria

ou não, tendo como conteúdos as linguagens plásticas e a capacidade

de descrição oral e escrita de um texto visual. Outra pode ser a criação

de grupos de estudos orientados pelo próprio professor, observando das

mesmas regras ou outros critérios estabelecidos pelo próprio

orientador. Tabela 6 - Quadro de estratégias de leituras: A LEITURA VISUAL: A FOTOGRAFIA. Este é fruto de

experiências com projetos de leituras de abrangência específica da sala de aula.

113

QUADRO VII

ESTRATÉGIAS DE LEITURAS

SUGESTÃO 7 EXIBIÇÃO DE VÍDEOS PUBLICITÁRIOS

OBJETIVO Estimular os alunos para a leitura e interpretação dos textos

audiovisuais nas linguagens plásticas, além de proporcioná-los

desenvolturas no uso da língua falada e escrita, bem como tendo o

anúncio publicitário como objeto de leitura e interpretação.

DESCRIÇÃO Atividades de leituras desenvolvidas a partir da baixa de comerciais de

TV, na internet, como recursos de leitura e interpretação. Num

primeiro momento – o professor pode fazer com os alunos as

discussões e interpretações orais a partir dos comerciais assistidos. Em

seguida, pode aplicá-los exercícios de leituras ou de interpretação a

partir de orientações geradoras de respostas discursivas ou não sobre

os referidos comerciais. Na oportunidade, pode trabalhar com os alunos

conteúdo como a elaboração de roteiros de comerciais, as regras de

leitura e produção do texto publicitário, tendo o comercial assistido

como referência, ao passo que também, pode aplicar como atividade

extraclasse, a elaboração de um roteiro e montagem de um comercial

em vídeo ou filme.

JUSTIFICATIVA O que justifica a estratégia dos vídeos publicitários é a habilidade do

leitor para lidar com as situações de censura, ou seja, uma leitura

voltada para conhecer o texto publicitário enquanto objeto de leitura,

interpretação e produção de texto, ao passo que também, objeto de

leitura e interpretação a partir de suas entrelinhas. Assim, o leitor tem

a oportunidade de ler criticamente o anúncio e, a partir dele, perceber

as nuances negativas: os preconceitos, as apologias, as discriminações,

etc., que possam estar presente no contexto da escrita e suas imagens.

Este podendo até avaliar a qualidade do anúncio pelas sobrecargas

negativas. Logo, razão por que o mediador de leituras deve selecionar

tais gêneros para compor seus repertórios de leituras.

METODOLOGIA Uma alternativa é a de trabalhar com comerciais de TV bem-

conceituados no mundo da publicidade. Outra segunda alternativa é a

de trabalhar com os comerciais de TV menos conceituados ou os que

desobedecem às regras de leitura e produção do texto publicitário. O

foco é do professor, ele pode fazer uma aula de leitura somente com o

audiovisual bem-conceituado, como pode fazer outra aula de leitura

somente com o menos-conceituado. Neste, deve buscar avaliar a

desenvoltura oral, a capacidade de leitura visual, a capacidade de

articulação do vídeo assistido com os conteúdos estudados, etc. Tabela 7 - Quadro de estratégias de leituras: EXIBIÇÃO DE VÍDEOS PUBLICITÁRIOS. Este é fruto de

experiências com projetos de leituras de abrangência específica da sala de aula.

114

QUADRO VIII

ESTRATÉGIAS DE LEITURAS

SUGESTÃO 8 PRODUÇÃO DE VÍDEOS PUBLICITÁRIOS

OBJETIVO Possibilitar aos alunos criarem hábitos de leitura também a partir do

próprio hábito de lidar com os vídeos seja na leitura ou na produção de

texto ou de vídeos.

DESCRIÇÃO Quer dizer, antes de produzir o vídeo, o aluno precisa proceder com

certas leituras: como roteirizar, como gravar um vídeo, o que gravar e

como fixar a imagem desejada, como remover a indesejada, etc. Ao

passo que também, pós-gravação do vídeo, deve proceder com certas

leituras: como editar o vídeo, como legendar, etc. orientando-os na

criação e preservação de um espaço destinado a vídeos elaborados por

eles próprios. O professor orienta-os quanto ao tema, à caracterização,

o cenário, conteúdos a serem abordados, etc. Daí, recomendar leituras

e produções de vídeos, pode ser atém em celulares; e estabelecer prazos

para essas leituras e produções.

JUSTIFICATIVA O que justifica a estratégia de produção dos vídeos publicitários é a

habilidade do leitor para lidar com as situações de produção, ou seja,

uma leitura voltada para conhecer o texto publicitário enquanto objeto

de leitura, interpretação e produção de texto, mas não somente, também

como referência de produção de anúncios publicitários. A saber, a

leitura e interpretação devem ser elementos de contribuição para que o

leitor produza o anúncio enquanto gênero textual, mas não somente,

também enquanto instrumentação de linguagem plástica, ou seja, o

leitor ao ler e interpretar um anúncio deve ser capaz também de

produzir outro anúncio, sob outra roupagem, outra temática, sob outros

argumentos com os quais convença seu leitor da boa leitura e ao

consumidor da compra do produto propagado. Logo, razão por que o

texto publicitário deve fazer parte do repertório de estratégias de

leitura.

METODOLOGIA Uma alternativa pode ser: trabalhar com os alunos os diversos gêneros

de publicidade. Outra segunda alternativa pode ser a de submeter os

gêneros de publicidade estudados à escolha dos alunos. Em seguida,

distribuir os temas e gêneros segundo os grupos organizados. E

promover essas discussões a status de atividade de leitura. Tabela 8 - Quadro de estratégias de leituras: PRODUÇÃO DE VÍDEOS PUBLICITÁRIOS. É fruto de

experiências de leituras visando à formação de leitores a partir do uso do computador e internet.

115

QUADRO IX

ESTRATÉGIAS DE LEITURAS

SUGESTÃO 9 A LEITURA ORAL: UM MOMENTO NOBRE PARA O

DEBATE

OBJETIVO Estimular os alunos a reservar tempo para as leituras, proporcionando-

os crescimento pessoal, gosto pelas leituras, capacidade de

argumentação oral e sabedoria para entrar e sair estimulado de um

debate.

DESCRIÇÃO É uma atividade de leitura livre, mas o professor estabelece as regras,

o tema, as metodologias, os textos, etc. Só que o aluno tem de ler com

antecedência, segundo as orientações recebidas para, no momento do

debate, sentir-se preparado. Quem faz a mediação do debate é o

professor, também é quem avalia. O aluno escolhe os textos em acordo

com a temática Entretanto, deve ter prazo estabelecido e momento

destinado ao debate sobre os textos lidos. A responsabilidade pelas

leituras é exclusiva do aluno.

JUSTIFICATIVA O que justifica as estratégias ligadas ao debate é a iniciativa do

mediador de leituras em estar promovendo atividades que possam ser

debatidas no decorrer de seu desenvolvimento. Ou seja, é a linguagem

oral utilizada enquanto instrumento de leitura e de interpretação. Quer

dizer, se os leitores leem, mas não debatem o que leram, a interpretação

fica latente e presa ao campo da leitura individual, o que é bom, mas só

para o indivíduo-leitor. A saber, na forma de debate, a interpretação

ganha expansão social. E aí todos crescem juntos. Logo, debates serem

importantes para o mediador enquanto instrumento de condução

pedagógica, mas para o leitor ainda mais enquanto leque de explanação

da leitura e socialização das linguagens.

METODOLOGIA O professor orienta os alunos quanto às leituras no alinhamento do

curso e conteúdos estudados, mas atribui valorações ao debate e não

deixa de observar se houve aluno que fugisse do tema sugerido. Em

seguida, durante as suas aulas, os espaços utilizados quase nunca são o

espaço tradicional da sala de aula. Também, no ato de ler, não é exigida

uma postura física diante do texto, mas uma postura comportamental

diante do debate e intelectual diante do texto lido. Tabela 9 - Quadro de estratégias de leituras: UM MOMENTO NOBRE PARA O DEBATE. É fruto de

experiências de leituras visando à formação de leitores, de conduta e comportamentos e capacidade de intervenção

oral.

116

QUADRO X

ESTRATÉGIAS DE LEITURAS

SUGESTÃO 10 LEITURA COLETIVA: MOMENTO NOBRE DA

INTERPRETAÇÃO

OBJETIVO Proporcionar aos alunos oportunidades de conjugar leituras com

práticas de linguagens, de oralidades, fazendo com que eles sejam

capazes de ler e, em seguida, interpretar o que leu, a partir de diretrizes

mediadas pelo professor.

DESCRIÇÃO A estratégia é ler com a finalidade de interpretar oralmente. Daí, o

professor escolhe, recomenda o texto e estabelece as aulas para as

leituras. Na verdade, a aula é de leitura silenciosa ou não, individual ou

em pares, ou em grupos. Contanto que, pós-leituras, o professor

apresenta as diretrizes da interpretação. É um momento em que se

fazem interpretações orais. As escritas são noutro momento.

JUSTIFICATIVA O que justifica a estratégia focada na interpretação também tem a ver

com a habilidade, primeiramente, para a leitura e, consecutivamente,

para a interpretação, ou seja, o ato de ler precisa ser conjugado ao de

entender o que leu; enquanto que o ato de interpretar vai muito além de

simplesmente ler. Então, secundariamente, a habilidade de interpretar,

do ponto de vista individual, abrange o campo da individualidade do

leitor, sua capacidade de ver as linhas do texto pelo que está escrito e

perceber suas entrelinhas não somente pelo que está escrito, mas

principalmente pelos sentidos que ele mesmo pode construir no entorno

das linhas. Entretanto, em se tratando de leitura coletiva, as

expectativas da interpretação do texto lido são muito mais abrangentes

ainda. Aliás, estas vão desde o uso da oralidade ao da escrita, da escuta,

das sensações, das combinações entre sensações e diversas formas de

escritas, desenhos, imagens, sons, etc. Logo, razões para que a

interpretação também tenha em seu momento sentido expressivo no

repertório do mediador de leituras.

METODOLOGIA O professor promove aulas expositivas buscando explorar, dos alunos,

as informações contidas no texto. Este recomenda as leituras e cria as

situações de leituras, se individual, se em duplas, se em grupo, etc. Já,

os alunos recebem as orientações, praticam-nas e, através delas,

realizam a aprendizagem e promovem a sua formação de leitor. Tabela 10 - Quadro de estratégias de leituras: MOMENTO NOBRE DA INTERPRETAÇÃO. É fruto de

experiências de leituras visando à formação de leitores através dos hábitos corriqueiros de sala de aula.

117

QUADRO XI

ESTRATÉGIAS DE LEITURAS

SUGESTÃO 11 LEITURA VISUAL CRÍTICA: O NÃO ANÚNCIO

OBJETIVO

Proporcionar aos alunos praticarem as leituras sob as abordagens

críticas do anúncio publicitário, que desobedece completamente às

regras de publicidade.

DESCRIÇÃO Atividades de leituras desenvolvidas a partir do estudo das regras de

leitura e produção do texto publicitário. E, no caso deste, o anúncio

desobedece às regras da publicidade, ou seja, apresenta quadros de

ambiguidades, faz apologias: ao crime, à violência, ao uso de armas de

fogo, ao uso de drogas, dentre outras. E por assim fazer, tal anúncio,

ou foi exibido sem o autor perceber as falhas, portanto, pós-exibição,

censurado, e, então, cassado a sua edição; ou não chegou a ser exibido

e censurado previamente a sua edição, por ter quebrado com as regras

da publicidade e promover uma formação de leitor incompatível com

as pedagogias da leitura e social.

JUSTIFICATIVA Se considerando como conteúdos as regras de leitura e produção do

anúncio publicitário, a atividade de leitura está mais apropriada para o

ensino médio ou ensino superior, pois que os alunos estão mais

maduros para lidarem com certas temáticas de leitura que se constroem

a partir de temas polêmicos. Por exemplo, a prática de censura que, na

Ditadura Militar teve muito incentivo e até produzia alguns resultados

injustos, no Estado de Direito, praticamente, não existe. Entretanto, se

por um lado a censura é ruim, por outro, a sociedade também não a

pode perder de vez, mesmo que não se use o termo censura, mas á

situações em que a própria democracia exige controle. Logo, é o caso

do não anúncio.

METODOLOGIA

Uma alternativa pode ser a criação de grupos de estudos, com monitoria

ou não, tendo como conteúdos o uso das linguagens plásticas voltado

para a leitura crítica do não anúncio publicitário. Outra segunda

alternativa pode ser o levante de anúncios publicitários caracterizados

como não anúncios ou impróprios ao público, através dos quais, os

alunos possam promover leituras diferentes das na aula inaugural do

tema e gênero. Tabela 11 - Quadro de estratégias de leituras: LEITURA VISUAL CRÍTICA: O NÃO ANÚNCIO. Este é

fruto de experiências de leituras visando à formação de leitor no que tange à capacidade de opinião.

118

QUADRO XII

ESTRATÉGIAS DE LEITURAS

SUGESTÃO 12 CELULARES SOBRE A MESA: LEITURA DE MENSAGENS

OBJETIVO Estimular os alunos para a leitura e interpretação dos textos visuais e

linguagens plásticas, além de proporcioná-los desenvolturas no uso da

língua falada, escrita e ao uso do Whats-app.

DESCRIÇÃO É uma atividade de leitura que visa à interação entre os alunos, visa a

buscar e avaliar a desenvoltura oral, a capacidade de leitura visual, a

capacidade de articulação entre as mensagens e interação com o

professor e a escola.

JUSTIFICATIVA O que justifica a estratégia de uso dos celulares focado na produção de

mensagens é que o leitor vai ler o texto com a finalidade de produzir

outro texto. Isso é diferente dos modos comuns de leituras, pois que,

muitas vezes, quando o mediador propõe uma aula de leitura, a

primeira compreensão que se tem é que o leitor vai somente ler o texto

ou vários textos. Não se pensa necessariamente que se vai escrever.

Quer dizer, nas aulas de leituras, parece que os alunos se preparam para

apenas ler nada mais. Só que no caso dessa leitura conjugada ao

conhecimento prévio e temático da coisa lida, o sentido passa a ser

outro. Afinal, o leitor tem de conhecer primeiro a matéria, para dela se

extrair conteúdos, enriquecer seu vocabulário, manter o cérebro

completado de informações, para depois ser capaz de produzir outro

texto de conteúdos parecidos, ou seja, em mesmo nível técnico que os

textos preparatórios da produção. E, ao lado disso, os celulares estão

muito presentes nos ambientes de sala de aula. Para tanto, razões mais

do que suficientes para o mediador de leitura explorá-los enquanto

instrumentos de aprendizagens, sobretudo, de leituras.

METODOLOGIA Antes da realização dessa atividade, o professor deve preparar os

alunos para a aula e prepará-los quanto ao descarte de mensagens que

não possam ser lidas por outros colegas, ou seja, deixar na caixa

somente mensagens passíveis de leituras por todos sem maiores

problemas. Em seguida, eles mesmos, alunos deverão ter um momento

para a troca de mensagens entre si. Estas são atividades de leituras

desenvolvidas a partir de orientações aos alunos sobre a colocação de

seus celulares sobre a mesa do professor. É uma atividade de leitura

que visa ao despertamento de curiosidades nos alunos a fim de que eles

queiram saber o porquê dos celulares sobre a mesa. Pós-estado de

suposta tensão e suspense provocados nos alunos, o professor

redistribui os celulares, desde que cada um fique com o celular do

colega, não com o seu. Dado isso, o professor orienta a abrirem a caixa

de mensagens do Whats-app. O aluno deve selecionar a mais

interessante e promover a compreensão oral da mensagem na caixa.

Daí, o professor – num primeiro momento - pode fazer com os alunos

as discussões e interpretações orais a partir das mensagens

apresentadas. Em seguida, pode aplicá-los exercícios de leituras ou de

interpretação a partir de orientações geradoras de respostas discursivas

ou não sobre a mensagem encontrada. Na oportunidade, podem

trabalhar com os alunos conteúdos relacionados à produção de cartas,

bilhetes, recados, dentre outros, também relacionados aos meios e

gêneros de comunicação, hoje.

119

Tabela 12 - Quadro de estratégias de leituras: CELULARES SOBRE A MESA: LEITURA DE

MENSAGENS. Esta é fruto de experiências de leituras prévias e preparatórias aos gêneros carta, bilhetes,

mensagens, etc.

120

QUADRO XIII

ESTRATÉGIAS DE LEITURAS

SUGESTÃO 13 HIPÓTESES: LEITURA IMPREVISÍVEL

OBJETIVO Promover a interpretação e formação do leitor através da formulação

de hipóteses sobre o texto em foco, ou seja, fazer com que os alunos

formulem hipóteses de fatos supostamente ocorridos, antes de uma

leitura prévia do texto, e apenas a partir do título dele.

DESCRIÇÃO É uma atividade de leitura e escrita em que os alunos aprendem a

formular hipóteses em cima de fatos ainda não ocorridos e situações

não detectadas. Nesse momento, uma alternativa pode ser: trabalhar

com todos os gêneros de leituras. Só que, a cada desfecho da etapa de

leitura, devem-se trabalhar conceitos de títulos, subtítulos, hipóteses,

manchetes, etc. Também, o professor pode explorar os principais

gêneros de leituras: desde o informativo, opinativo, jornalístico,

publicitário, literário, etc. E, ao lado disso, conjugar as práticas de

leituras à produção de tipos e gêneros textuais variados, sempre

focando a formulação como palavra-chave no desempenho da

atividade.

JUSTIFICATIVA O que justifica a estratégia da leitura imprevisível no entorno das

hipóteses é exatamente a sensação de surpresa do leitor diante de fatos

imprevisíveis, ou seja, como ele não conhece dos fatos que podem estar

relacionados a uma referência - que é o título de um suposto texto -

então ele se desperta de curiosidades, na criação e elaboração de fatos

possíveis de acontecer, a partir daquele título. Quer dizer, o leitor fica

curioso por causa do efeito-surpresa ligado à sensação de

competividade, se considerando o texto-referência a que o título se

baseia. Daí o mediador de leituras atento aos fatos construídos pelos

alunos - de mais que curiosos - quererem saber em quais fatos houve

coincidência e em quais não. Logo, razões importantes e pelas quais o

mediador de leituras deve adotar tais estratégias em seu repertório.

METODOLOGIA O professor seleciona o texto, mas apresenta aos alunos somente o

título. Todos devem imaginar o fato, expressar-se oralmente e escrever

a hipótese formulada sobre que o texto a ser lido deve conter. Depois

de uma boa exploração do texto e fomento no entorno das hipóteses

formuladas pelos alunos, o professor deve promover a real leitura do

texto escrito sob aquele título. Em seguida, fará com os alunos a

checagem entre as hipóteses formuladas pelos alunos e os fatos reais

apresentados no texto. Portanto, verá se houve coincidências. Tabela 13 - Quadro de estratégias de leituras: HIPÓTESES: LEITURA IMPREVISÍVEL. É fruto de

experiências de leituras visando à formação de leitores no uso criativo da imaginação.

121

QUADRO XIV

ESTRATÉGIAS DE LEITURAS

SUGESTÃO 14 ANÁLISE CRÍTICA: MOMENTO NOBRE DA LEITURA EM

VÍDEOS

OBJETIVO Estimular os alunos a realizar sínteses e reservar tempo para as leituras,

proporcionando-os crescimento pessoal, gosto pelas leituras e

formação de leitor crítico, através dos vídeos: seja em documentários,

seja trailer, seja curta ou até longa-metragem, sejam textos visuais com

características de crônica, etc., visando à formação de opinião do leitor.

DESCRIÇÃO É uma atividade de leitura que pressupõe reflexões em torno do gênero

textual trabalhado no vídeo. Então, se uma crônica, por exemplo, vai-

se ver como característica primeira o tempo explorado. Ou seja, se de

fato crônica, por exemplo, sobre a escola tradicional X escola

moderna e atual, o autor pode fazer com que o leitor situe-se em dois

tempos da história: um que volta no tempo da escola tradicional, outro

que o situa num tempo moderno e atual. Logo, se assim feito, houve

certo grau de preocupação com o tempo. Então, uma crônica, mas não

somente por isso, porém, por causa dos elementos presentes no texto

visual: senso de humor, de intimidade com o tema, solidariedade com

as tecnologias digitais que, no caso, poderão ser usadas fora de suas

finalidades metodológicas. Quer dizer, sobretudo, os do tipo

informativo vão propiciar condições reais de análises crítico-sintéticas,

mesmo porque, o objetivo geral estimula a formação de opinião. É uma

atividade mais apropriada para os 3ºs anos do ensino médio.

JUSTIFICATIVA O que justifica a estratégia da leitura em vídeos, a partir de uma análise

crítica, é a habilidade do leitor para lidar com certos tipos de análises,

aperfeiçoar a capacidade de análise crítica, ao lado da capacidade de

síntese, etc. Quer dizer, como os vídeos se colocam no campo das

linguagens plásticas e, por isso, nem sempre neles aparece à linguagem

escrita, a capacidade de produção textual e de sentidos no texto é muito

grande, ou seja, o trabalho do leitor com a leitura é ainda maior que nos

textos escritos. Daí, os mediadores de leituras propiciarem não somente

os gêneros analítico-críticos, no âmbito das leituras, mas também no da

produção textual. Finalmente, razões importantes e pelas quais esse

mesmo mediador deve adotar tais estratégias em seu repertório nas

aulas de leituras.

METODOLOGIA O professor orienta os alunos quanto às leituras no alinhamento do

curso e conteúdos estudados, sobretudo, os gêneros do tipo

informativo, jornalístico, humorístico, etc., ou seja, uma alternativa é

selecionar e baixar vídeos contendo gêneros textuais de alinhamento

crítico-informativo: uma charge, um anúncio de TV ou texto

publicitário comum, uma tirinha, uma notícia, um editorial, uma

reportagem, etc. Outra segunda alternativa é fazer uma síntese mental,

através de uma leitura silenciosa e fora de quaisquer zonas de barulho,

a fim de captar os passos adotados pelo autor na produção e

metodologia do texto. Outra ainda pode ser fazer essa mesma síntese

por escrito e a partir de documentários, de trailer, de curta ou até longa-

metragem, de textos visuais com características de crônica, etc. No

mais, o momento é nobre.

122

Tabela 14 - Quadro de estratégias de leituras: ANÁLISE CRÍTICA: MOMENTO NOBRE DA LEITURA

EM VÍDEOS. É fruto de experiências de leituras visando à formação de leitores, quanto ao uso da opinião.

123

QUADRO XV

ESTRATÉGIAS DE LEITURAS

SUGESTÃO 15 ROTEIRO-RADIOFÔNICO: MOMENTO NOBRE DO RÁDIO

OBJETIVO Proporcionar aos alunos a realização de leituras através do ouvido,

tendo como objeto os programas de rádio.

DESCRIÇÃO A estratégia é ouvir um programa de rádio à escolha do leitor-aluno. E,

ao ouvir, ler com a finalidade de escrever, ou depois de ler e entender,

registrar, seja por gravação, seja por escrito. Daí, depois de registrado,

transformar a tudo num roteiro radiofônico. Esta é uma atividade de

leitura propícia a todos as modalidades do ensino médio.

JUSTIFICATIVA Primeiramente, o que justifica a estratégia do roteiro radiofônico é

formar no leitor habilidades para a leitura audível, ou seja, enquanto o

radialista usa da oralidade para implementar seu show de rádio, o

ouvinte-leitor usa da audição para fazer uma leitura apreciativa, de

entretenimento, etc., com isso aprendendo, com o show do rádio, a

sistematizar seu roteiro. E, secundariamente, o mediador de leituras,

nesse momento, ajuda o leitor-aprendiz a ler e interpretar o texto

radiofônico, bem como a partir dele, produzir seus próprios roteiros. E

isso também se constitui em razões para que o mediador mantenha essa

e outras estratégias ligadas ao mesmo gênero, em seu repertório de

estratégias de leituras.

METODOLOGIA O professor promove aulas expositivas sobre os recursos técnico-

didáticos e modos de audição do rádio, sobretudo, os mais práticos e

de mais fácil acesso aos alunos. Este recomenda as leituras e cria as

situações de leituras e modos de roteirização de programas de rádio. E,

ao lado disso, estabelece valores à altura do orientado, esperado e

alcançado como resultados. Isto, para a continuidade e manutenção dos

alunos estimulados. Já, os alunos recebem as orientações, praticam-nas

e, através delas, realizam a aprendizagem, depois de apresentar os

resultados produzidos com o momento nobre do rádio. Tabela 15 - Quadro de estratégias de leituras: MOMENTO NOBRE DAS DRAMATIZAÇÕES. É fruto de

experiências de leituras visando à formação de leitores, através de audições, e à formação de opinião.

124

QUADRO XVI

ESTRATÉGIAS DE LEITURAS

SUGESTÃO 16 ROTEIRO EM VÍDEOS: MOMENTO DA LEITURA PARA O

DOCUMENTÁRIO

OBJETIVO

Proporcionar aos alunos a realização de leituras através do audiovisual,

tendo como objeto o documentário.

DESCRIÇÃO A estratégia é assistir a um documentário, à escolha do professor. E, ao

assistir, ler com a finalidade de escrever, ou depois de ler e entender,

registrar, seja por gravação, seja por escrito. Daí, depois de registrado,

transformar a tudo num roteiro de vídeo para documentário, fazendo-o

na forma de síntese, primeiramente, mental fixando os passos adotados

pelo narrador do documento. Esta é uma atividade de leitura propícia

aos 3ºs anos do ensino médio.

JUSTIFICATIVA O professor promove aulas expositivas sobre os recursos técnico-

didáticos e modos de visualização do documentário, sobretudo, os mais

práticos e de mais fácil acesso aos alunos. Este recomenda as leituras e

cria as situações de leituras e modos de roteirização do audiovisual a

ser lido. E, ao lado disso, estabelece valores à altura do orientado,

esperado e alcançado como resultados. Este sempre contando com a

manutenção dos alunos estimulados. Já, os alunos recebem as

orientações, executam-nas e, através delas, realizam a aprendizagem,

depois de apresentar os resultados produzidos com o momento nobre

da leitura do documentário.

METODOLOGIA

Uma alternativa pode ser a criação de grupos de estudos, com monitoria

ou não, tendo como conteúdos os gêneros oriundos do tipo jornalístico,

bem como suas modalidades: reportagem, notícia, artigo de opinião,

resenha crítica, entrevistas, etc., visando à formação do leitor no que

tange à opinião. Tabela 16 - Quadro de estratégias de leituras: ROTEIRO EM VÍDEOS: MOMENTO NOBRE DA

LEITURA PARA O DOCUMENTÁRIO. É fruto de experiências de leituras visando à formação de leitores,

através da leitura de documentários, e à formação de opinião.

125

QUADRO XVII

ESTRATÉGIAS DE LEITURAS

SUGESTÃO 17 MOMENTO NOBRE DO COMPUTADOR: LEITURA E

OBSERVAÇÃO CIRCUNSTANCIADA

OBJETIVO Estimular os alunos e proporcionar a oportunidade de uso do

computador na sala de informática, ao lado de conhecer e dominar suas

principais ferramentas, bem como, de incentivar a leitura e

interpretação dos textos visuais e linguagens plásticas, além de outras

desenvolturas no uso da linguagem visual.

DESCRIÇÃO Atividades de leituras desenvolvidas a partir do conhecimento e

domínio das principais ferramentas de uso do computador e internet,

sobretudo, aquelas ferramentas que levam o aluno-leitor ao registro de

uma observação circunstanciada, ou seja, ícones, aplicativos,

mensagens de e-mail, o próprio computador, página-Word, editor de

texto, editor de áudio e de vídeos, e outros, para cuja finalidade é

observar, gravar e editar um áudio sobre uma aula de informática.

JUSTIFICATIVA A leitura circunstanciada, primeiramente, tem raiz na capacidade de

observação do leitor, ou seja, ele faz uma observação assistemática,

mas anotando informações importantes no entorno do objeto observado

sem exatamente sistematizar a leitura que faz. Quer dizer, essa é uma

leitura que vem acompanhada de certa produção textual, no caso, as

anotações. Nisso, secundariamente, o que justifica essa estratégia é que

a capacidade de observação vem conjugada à de anotação, isto é, se o

leitor tem habilidade para ler e entender o observado terá de ter também

a mesma habilidade para registros: quais conteúdos anotar, se o objeto

observado tem comportamento, e assim por diante. Afinal, é um tipo

de leitura que o mediador implementa com finalidades de puxar outra

produção textual a partir dela. A saber, se o leitor observa um fato que

está acontecendo, ele precisa estar atento, pois que, de repente, também

precisará contar aos outros das circunstâncias observadas. E isso pode

ser feito tanto do ponto de vista da oralidade quanto do da escrita. Logo,

atenção dupla e leituras redobradas, algo a que o mediador deve sempre

colocar como razão para justificar suas estratégias de leituras.

METODOLOGIA Uma alternativa pode ser com o professor, através de aula expositiva,

promover o ensino e aprendizagem sobre o uso das ferramentas

mencionadas ao final da descrição desta estratégia de leitura. Outra

segunda alternativa pode ser de cumprimento a uma tarefa

recomendada pelo professor, os alunos-leitores promovam uma

gravação, em áudio, de uma aula de informática, a saber, é uma

circunstância a que se possa identificar tanto na escola quanto na

comunidade. O que precisa é observar os passos a serem adotados para

os registros do áudio. No mais, é uma estratégia de leitura propícia aos

alunos dos 3º anos do ensino médio. Tabela 17 - Quadro de estratégias de leituras: MOMENTO NOBRE DO COMPUTADOR: LEITURA E

OBSERVAÇÃO CIRCUNSTANCIADA. Esta é fruto de experiências de leituras prévias e preparatórias ao

conhecimento e domínio do uso de ferramentas no computador.

126

QUADRO XVIII

ESTRATÉGIAS DE LEITURAS

SUGESTÃO 18 MOMENTO NOBRE DO COMPUTADOR: USO DAS

FERRAMMENTAS DO GOOGLE

OBJETIVO Proporcionar aos alunos envolvimento nos processos de comunicação,

informação e desempenho das diversas linguagens e instrumentação

tecnológico-digitais, bem como se desenvolvam no uso, aplicação e

domínio das diversas ferramentas tecnológicas coordenadas pelo

Google, com fins de produção de conhecimento e, para tanto, adquiram

maiores habilidades para produção, tanto do texto oral quanto escrito,

quanto para outros conteúdos do próprio Google, a fim de que a sala de

aula se redescubra nos e dos processos de interação humana no

universo tecnológico-digital.

DESCRIÇÃO O professor - tendo em vista que a demanda escolar é emergente e a

necessidade de conhecer o Google também, as suas ferramentas se

fazem necessárias para assimilar conteúdos de leitura, interpretação e

produção de textos. E no caso desta a atividade é de leitura. Então, tais

ferramentas como: Google-texto, Google-maps, Google-fotos, Google-

agenda, Google-drive, dentre outros, são os atrativos dos interesses dos

alunos nas leituras dessas linguagens e, através delas, alcancem o

conhecimento. E se considerando que, ao lado dessa demanda, a

necessidade também se faz de estabelecer uma sintonia entre a

aplicação desses conteúdos e o ter uma perspectiva pedagógica focada

no uso das leituras meio às diversidades de linguagens e instrumentos

de informação e comunicação tecnológico-digitais. Entretanto, não se

a propõe enquanto atividade centrada em muitos conteúdos, pois que

primeiramente, os alunos vão conhecer e dominar esses conteúdos é

através da leitura; secundariamente vão completar seu domínio e

conhecimento através da escrita.

JUSTIFICATIVA O que justifica o uso das ferramentas do Google enquanto estratégia de

leitura é o toque todo especial que o mediador reserva para as aulas de

leitura ao computador, ou seja, no próprio Google há muitas atividades

de leitura que podem ser trabalhadas pelo mediador. E, muitas vezes,

isso não acontece porque nas grades-horárias das escolas não se

reservam tempo-módulo para isso. Aliás, o professor que quiser

desenvolver essas atividades tem de adaptar os módulos de sua

disciplina à realidade do computador, mesmo porque, se não o quiser,

também não tem como usar as ferramentas do Google. Logo, a luta dos

professores no sentido de usos de tais ferramentas precisa compor a

realidade do ensino nos sistemas escolares, ao lado de compor as

estratégias de leitura no âmbito das disciplinas escolares.

METODOLOGIA Uma primeira alternativa está no tema proposto com a leitura,

compreensão e organização de compartilhamentos de arquivos e

mensagens, tendo as ferramentas do Google como recursos. Uma

segunda alternativa é a sondagem se considerando que o foco da tarefa

concentra-se no uso das ferramentas do Google, os instrumentos

tecnológicos, entretanto, serão os dos próprios alunos para realização

da leitura e sondagem. Uma terceira alternativa é o nível de ensino se

considerando que os alunos do ensino médio sejam os maiores usuários

de instrumentos tecnológicos, tanto na escola quanto fora dela, então,

127

faz-se necessária a sua escolha enquanto nível de ensino, pois que a

probabilidade de envolvimento e desenvolvimento de atividades se os

aproxima do grau de maturidade e gênero de atividade proposta. E

ainda uma última alternativa é dos recursos utilizados e sugestões de

consultas se considerando que sem os recursos tecnológicos, a

atividade ficaria prejudicada. Então, o uso de material impresso, sala

de informática quando for o caso, professor da disciplina e outros, bem

como internet e o Google como ferramentas de base. Daí, o professor

deve apontar como sugestões para consulta as próprias ferramentas do

Google. Tabela 18 - Quadro de estratégias de leituras: MOMENTO NOBRE DO COMPUTADOR: USO DAS

FERRAMMENTAS DO GOOGLE. É fruto de experiências de leituras visando à formação de leitores através

do conhecimento e domínio das ferramentas do Google.

128

QUADRO XIX

ESTRATÉGIAS DE LEITURAS

SUGESTÃO 19 MOMENTO NOBRE DO COMPUTADOR: LEITURA DE

IMAGENS TECNOLÓGICAS

OBJETIVO Explorar a leitura e compreensão de imagens tecnológicas como recursos

de interação entre as diversas linguagens, professores, alunos e demais

sujeitos na escola, ao lado de promover a produção do texto oral e escrito

como forma de busca da promoção dos processos de crescimento pessoal,

gosto pelas leituras e formação de alunos-leitores no âmbito dos

espaços escolares.

DESCRIÇÃO É uma atividade para cujo tema se apoia nas leituras das imagens

tecnológicas. Só que para executá-la é preciso, primeiramente, realizar

uma sondagem entre escola, alunos, professores e comunidade sobre quais

os que dispõem e os que não dispõem de computadores em casa, com

dispositivos cibernéticos, para que se possam realizar as atividades nos

diversos fóruns de leituras e produção de texto. Neste sentido, se

considerando, secundariamente, que os alunos do Ensino Médio sejam os

maiores usuários de instrumentos tecnológicos, tanto na escola quanto fora

dela. Então, faz-se necessária a sua escolha enquanto nível de ensino, pois

que a probabilidade de envolvimento e desenvolvimento de atividades se

os aproxima do grau de maturidade e gênero de atividades propostas.

Noutro sentido, os recursos didáticos a serem utilizados e sugestões de

consultas à internet para as leituras das imagens, considera-se que sem tais

recursos tecnológicos, a atividade ficaria prejudicada. Para tanto, é uma

atividade que exige a disposição de recursos como: material impresso, sala

de informática quando for o caso, professor da disciplina e outros, bem

como internet e outros componentes cibernéticos, aparelhos celulares dos

próprios alunos, material didático, etc. Na oportunidade, o professor deve

apontar como sugestões para consulta: sites e softwares educativos, portal

do professor, sou professor e outros. Nestes, leem-se as imagens,

observando e relacionando objetos com os quais elas possam ser

comparadas, em que elas podem ser empregadas, quem são os autores

dessas imagens, como elas foram parar no site consultado, se elas podem

ser copiadas, como, por que, etc.

JUSTIFICATIVA Embora, o que justifica o uso das leituras de imagens tecnológicas

enquanto estratégia de leitura, passe pelos mesmos problemas sob os

quais também passam o uso das ferramentas do Google, não é somente

o toque todo especial que o mediador reserva para as aulas de leitura

ao computador, mas despertar no aluno a habilidade para a seleção de

imagens tecnológicas no âmbito da internet e usá-las enquanto objeto

de leitura, mas reconhecendo a sua autoria, etc., ou seja, no próprio

Google há campo voltado para a leitura de imagens, o Google-imagens

por exemplo. Só que nas leituras de imagens tecnológicas, seu foco está

nas imagens que apontam o avanço das tecnologias digitais no mundo

moderno. Quer dizer, são matérias importantíssimas para serem

trabalhadas no âmbito das estratégias de leituras e, por isso, justifica o

uso dessas estratégias pelo mediador de leituras.

METODOLOGIA Numa primeira alternativa, devem-se reunir os alunos juntos ao professor

num ambiente de sala de aula propício para a realização das leituras das

referidas imagens tecnológicas, ao lado de, em seguida, realizar debates,

sob a mediação do professor, buscando verificar quais leitores

129

conseguiram perceber características diferentes entre as imagens

consultadas. Daí se realizará avaliações de todos os procedimentos, etapa

por etapa, pontuando os aspectos positivos, os negativos observados

durante a execução da atividade. Numa segunda alternativa, num

momento específico de sala de aula, esses mesmos alunos serão

submetidos à avaliação escrita abordando os conteúdos de leituras focados

nas imagens tecnológicas. Essa avaliação, primeiramente, deve ser oral e

junto ao professor para, em seguida, passar a uma avaliação escrita.

Depois disso, numa terceira alternativa, mediante os resultados

alcançados, o professor deverá rememorar as etapas e processos, reavaliar

e pensar em novas atividades que tendam para incentivarem o bom

desempenho dos alunos e sua manutenção nos processos de leituras.

E ainda noutra alternativa, a durabilidade da atividade deve ser executada

sob a forma de módulos-aula. O professor orienta os alunos quanto às

práticas dessas leituras. No mais, as leituras de imagens tecnológicas

servirão para puxar os alunos para o uso do computador. E fazendo

assim, o professor fica mais à vontade para ensiná-los, não somente das

práticas de tais leituras, mas também do bom uso do computador. Tabela 19 - Quadro de estratégias de leituras: MOMENTO NOBRE DO COMPUTADOR: LEITURA DE

IMAGENS TECNOLÓGICAS. É fruto de experiências de leituras visando à formação de leitores, tendo o

computador, a internet e suas ferramentas como recursos de leituras.

130

QUADRO XX

ESTRATÉGIAS DE LEITURAS

SUGESTÃO 20 MOMENTO NOBRE DO COMPUTADOR: EXPLORANDO OS

RECURSOS DO GOOGLE

OBJETIVO Conhecer e dominar os recursos de pesquisa proporcionados pelo

Google enquanto ferramentas tecnológicas que possam manter os

alunos envolvidos nos processos de comunicação, informação e

desenvolvimento no uso das diversas linguagens, ao lado de mantê-los

ativos nos processos de leituras.

DESCRIÇÃO A estratégia é ler com a finalidade de aprender a pesquisar no Google.

Daí, o professor escolhe, recomenda as páginas da Web aonde circulam

as informações que os alunos precisam para aprender a pesquisar. É

uma leitura mais técnica, aonde os alunos buscam aprender sobre como

pesquisar, com o fim de utilizarem tais ferramentas de pesquisa, na

realização de tarefas escolares. Eles podem até se entreterem nisso, mas

não é atividade de entretenimento. É atividade que todo estudante

precisa saber fazer, pois faz parte de seu currículo escolar.

JUSTIFICATIVA O que justifica a estratégia da exploração dos recursos do Google é

exatamente o uso de tais recursos para incentivar as práticas de

pesquisa. A saber, esta estratégia se faz fundamental tanto para o

mediador de leituras no ensino quanto para o desenvolvimento de

pesquisas na internet, quanto para os alunos na aprendizagem sobre

como pesquisar. Daí, nesta estratégia forma-se a habilidade para a

leitura no âmbito da preparação do leitor para saber usar os recursos da

internet. Para tanto, uma leitura menos espontânea e mais técnica do

texto no computador. Logo, estratégia que deve fazer parte do

repertório do mediador de leituras.

METODOLOGIA Numa primeira alternativa, o professor promove aulas expositivas

sobre os recursos técnico-didáticos e ferramentas tecnológicas

propiciadas pelo Google. E que, para tanto, os alunos possam

aproveitar para realizarem suas pesquisas escolares. Numa segunda

alternativa, ele usa o próprio computador e a internet como recursos

pedagógicos, ao lado de apresentar, teoricamente, os passos

metodológicos a serem adotados pelos leitores durante a realização de

uma pesquisa. Numa terceira alternativa, ele apresenta como tarefa

teórica a leitura e observação dos passos metodológicos mencionados

durante as aulas expositivas. Portanto, os seguintes:

Dica 1: mantenha a simplicidade

Não importa o que você esteja procurando, comece com uma pesquisa

simples como onde fica o aeroporto mais próximo? Nisso, adicione

algumas palavras descritivas, se necessário. Se você estiver procurando

um lugar ou produto num local específico, adicione o local. Por

exemplo, padaria Campinas.

Dica 2: pesquise usando sua voz

131

Cansado de digitar? Clique no ícone do microfone no app do Google

ou na caixa de pesquisa do Google Chrome para fazer uma pesquisa

por voz.

Dica 3: escolha as palavras com cuidado

Quando estiver decidindo quais palavras colocar na caixa de pesquisa,

tente escolher palavras que tenham mais probabilidade de aparecer no

site que você está procurando. Por exemplo, em vez de dizer minha

cabeça dói, diga dor de cabeça, porque essa é a palavra que um site com

informações médicas usaria.

Dica 4: não se preocupe com as pequenas coisas

Ortografia, por exemplo, o corretor ortográfico do Google usa

automaticamente a grafia mais comum de uma palavra, mesmo que

você não tenha digitado corretamente.

Letras maiúsculas, como outro exemplo, uma pesquisa por New York

Times é o mesmo que uma pesquisa por new york times.

Dica 5: encontre respostas rápidas

Em muitas pesquisas, o Google faz o trabalho por você e mostra uma

resposta à sua pergunta nos resultados da pesquisa. Alguns recursos,

como informações sobre equipes esportivas, não estão disponíveis em

todas as regiões. Por exemplo:

Tempo: procure clima para ver o clima do seu local ou adicione um

nome de cidade, como clima Campinas, para encontrar o clima de

determinado lugar.

Dicionário: coloque definição de na frente de qualquer palavra para ver

sua definição.

Cálculos: digite uma equação matemática como 39123 ou resolva

equações gráficas complexas.

Conversões de unidades: digite qualquer conversão, como 3 dólares

em euros.

Esportes: procure o nome do seu time para ver a programação, os

resultados de jogos e muito mais.

Fatos rápidos: procure o nome de uma celebridade, um local, um filme

ou uma música para encontrar informações importantes. Tabela 20 - Quadro de estratégias de leituras: MOMENTO NOBRE DO COMPUTADOR:

EXPLORANDO OS RECURSOS DO GOOGLE. É fruto de experiências de leituras visando à formação de

leitores quanto sobre o modo de realizar pesquisas no Google.

132

QUADRO XXI

ESTRATÉGIAS DE LEITURAS

SUGESTÃO 21 LEITURA SELETIVA: UM MOMENTO EXPRESSIVO DA

AUDIÇÃO

OBJETIVO

Criar condições para que os alunos pratiquem as leituras, literárias ou

não, pelas vias auditivas, levando os elementos simbólicos da leitura

auditiva a contribuírem com os demais órgãos dos sentidos humanos,

na percepção, elaboração e entendimento dos diversos tipos e gêneros

textuais presentes nos espaços sociais de leituras.

DESCRIÇÃO Atividades de leituras desenvolvidas a partir do estudo abordando os

conceitos de leituras focados na leitura de imagens cuja finalidade de

expressão é identificar o elemento predominante no texto. E, no caso

desta atividade, a imagem – apesar de visual – o elemento

predominante não é o visual, pois chama a atenção do leitor para a

audição. Por exemplo, uma imagem com presença de muitos

microfones, aparelhos de proteção aos ouvidos, iphones aos ouvidos,

controles de som ambiente, etc., implicam que mesmo havendo outros

elementos de comunicação presentes na composição daquele texto, o

que predomina é a preocupação com ouvidos. Então, na hora da seleção

do texto que encaixa neste conceito de leitura auditiva, o leitor precisa

prestar atenção nessas características do texto, ao proceder com a

leitura. No mais, a atividade deve ser desenvolvida em nível de ensino

médio, embora possa ser adaptada a outros níveis de ensino. .

JUSTIFICATIVA Se considerando como conteúdos os conceitos de leitura focados na

sinestesia, assonância, aliteração e uso dos órgãos dos sentidos como

elementos de leitura e compreensão, a lógica da comunicação e

expressão deixa os conceitos tradicionais de leitura para se firmar

enquanto lógica de conceitos construídos e processados no âmbito das

linguagens. Então, a proposta está mais adequada a alunos do ensino

médio, pois que os sujeitos praticantes dessas leituras têm mais

maturidade para conjugarem conteúdos estudados com práticas de

aprendizagem em consonância com as suas necessidades reais de

produção de conhecimentos. Contudo, a proposta de leitura pode e deve

abranger ou ser adotada em quaisquer modalidades e níveis de leituras,

desde que haja adaptação desta à realidade do aluno.

METODOLOGIA

Uma alternativa pode ser a criação de grupos de estudos, com monitoria

ou não, tendo como conteúdos os conceitos de leitura focados no

emprego da sinestesia, assonância, aliteração conjugados ao uso dos

órgãos dos sentidos como elementos de leitura apontando para as

modalidades: poesia, prosa, leitura, literatura, etc. Outra segunda

alternativa pode ser a leitura seletiva de textos, a partir de revistas,

jornais, internet, etc., ou seja, espaços de leituras aonde circulam

diversos textos e imagens que possam ser contextualizados nesses

conceitos de leitura auditiva. Tabela 21- Quadro de estratégias de leituras: LEITURA SELETIVA: UM MOMENTO EXPRESSIVO DA

AUDIÇÃO. Este é fruto de experiências com a formulação de conceitos de leituras focados na lógica e uso dos

órgãos dos sentidos.

133

QUADRO XXII

ESTRATÉGIAS DE LEITURAS

SUGESTÃO 22 LEITURA SELETIVA: UM MOMENTO EXPRESSIVO DA

VISÃO

OBJETIVO Estimular os alunos a praticarem as leituras, literárias ou não, pelas vias

da visão, levando os elementos simbólicos da leitura visual a

contribuírem com os demais órgãos dos sentidos humanos, na

percepção, elaboração e entendimento dos diversos tipos e gêneros

textuais presentes nos espaços sociais de leituras.

DESCRIÇÃO Atividades de leituras desenvolvidas a partir do estudo abordando os

conceitos de leituras focados na leitura de imagens cuja finalidade de

expressão é identificar o elemento predominante no texto. E, no caso

desta atividade, a imagem – por ser visual – o elemento predominante

deve ser a visão, pois o foco da câmara chama a atenção do leitor para

a expressão visual. Por exemplo, uma imagem com presença de cores

fortes, luzes marcando abrangência e foco, independente do objeto

fotografado, sem ocupação com os detalhes desse mesmo objeto, indica

que no processo de elaboração e produção do texto, houve preocupação

em chamar a atenção do leitor para aquele objeto. Logo, mesmo

havendo outros elementos de comunicação presentes na composição

daquele texto, o que predomina é a preocupação, não exatamente com

os olhos, mas com o fazer ver daquele objeto. Então, na hora da seleção

do texto que encaixa neste conceito de leitura visual, o leitor precisa

prestar atenção nessas características do texto, ao proceder com a

leitura. No mais, a atividade deve ser desenvolvida em nível de ensino

médio, embora possa ser adaptada a outros níveis de ensino. .

JUSTIFICATIVA O que justifica a estratégia de uso da visão como instrumento de leitura,

primeiramente, é a compreensão da visão enquanto órgão dos sentidos

útil à leitura, não meramente por si, mas por ser um órgão conhecido e

exclusivo de leitura. Só que nesta estratégia, esse órgão deixa de ser

somente para leitura textual em prosa ou versos, para ser órgão de

expressões mais dinâmicas, extensivas e abrangentes de diversas outras

áreas da leitura. Secundariamente, enquanto órgão dos sentidos é

preciso compreendê-lo também como quem constrói sentidos nos

textos a que lê. Então, nesta estratégia, a leitura pela visão não é mais

uma leitura somente do ato de ler e entender textos escritos com

palavras, ou seja, para ser como tal, é preciso ler, entender e construir

sentidos em quaisquer gêneros de textos, se ao contrário, se perde um

pouco deste conceito novo de leitura. Logo, razões pelas quais o

mediador deve adotá-las em seu repertório de leituras.

METODOLOGIA Uma alternativa pode ser a criação de grupos de estudos, com monitoria

ou não, tendo como conteúdos os conceitos de leitura focados no

emprego da sinestesia conjugada ao uso dos órgãos dos sentidos como

elementos de leitura apontando para as modalidades: linguagens

plásticas, fotografia, texto visual, uso de câmeras fotográficas e

cinematográficas, etc. Outra segunda alternativa pode ser a leitura

seletiva de textos, a partir de revistas, jornais, internet, etc., ou seja,

espaços de leituras aonde circulam diversos textos e imagens que

possam ser contextualizados nesses conceitos de leitura visual.

134

Tabela 22 - Quadro de estratégias de leituras: LEITURA SELETIVA: UM MOMENTO EXPRESSIVO DA

VISÃO. Este é fruto de experiências com a formulação de conceitos de leituras focados na lógica e uso da

sinestesia conjugada aos órgãos dos sentidos.

135

QUADRO XXIII

ESTRATÉGIAS DE LEITURAS

SUGESTÃO 23 LEITURA SELETIVA: MOMENTO EXPRESSIVO DO

PALADAR

OBJETIVO Estimular os alunos a praticarem as leituras, literárias ou não, pelas vias

do paladar, levando os elementos simbólicos da leitura palatina a

contribuírem com os demais órgãos dos sentidos humanos, na

percepção, elaboração, entendimento e prazer dos palatos nos diversos

tipos e gêneros textuais presentes nos espaços sociais de leituras,

sobretudo, aqueles que instigam o leitor ao sabor da leitura, como se

alimentos do intelecto.

DESCRIÇÃO Atividades de leituras desenvolvidas a partir do estudo abordando os

conceitos de leituras focados na leitura de imagens cuja finalidade de

expressão é identificar o elemento predominante no texto. E, no caso

desta atividade, a imagem não é dos palatos, mas de alimentos, ou seja,

o elemento predominante é o sabor conjugado ao cheiro, pois que

chama a atenção do leitor para o paladar. Por exemplo, uma imagem

com presenças de muitos pratos típicos, aonde o alvo do texto é chamar

a atenção do leitor para saborear determinado prato, implica que,

mesmo havendo outros elementos de comunicação presentes na

composição daquele texto, o que predomina é a preocupação com o

paladar do cliente. Então, na hora da seleção do texto que encaixa neste

conceito de leitura palatina, o leitor precisa prestar atenção nessas

características do texto, ao proceder com a leitura. No mais, a atividade

deve ser desenvolvida em nível de ensino médio, embora possa ser

adaptada a outros níveis de ensino.

JUSTIFICATIVA Na mesma linha conceitual, o que justifica a estratégia de ler

reservando um momento exclusivo para o uso do paladar enquanto

instrumento de leitura, é a não compreensão desse órgão – nas práticas

de leitura – como também sendo instrumento-leitor, pelo menos do

ponto de vista tradicional, ou seja, nunca ou quase nunca se pensa nele

enquanto instrumento responsável para realizar certas leituras, ao

contrário, no veem apenas como órgão dos sentidos. Daí, o paladar

enquanto órgão dos sentidos útil nas práticas de leitura quebra com essa

ausência de dinamismo na leitura pelos órgãos dos sentidos. E, nesta

estratégia, este passa a ser visto e compreendido como também

instrumento-leitor, mas não somente, de fato útil na construção de

sentidos nos textos lidos. Por isso, torna-se instrumento importante e

razão para o mediador mudar seu conceito e adotá-lo como instrumento

de suas leituras.

METODOLOGIA Uma alternativa pode ser a criação de grupos de estudos, com monitoria

ou não, tendo como conteúdos os conceitos de leitura focados no

emprego da sinestesia conjugada ao uso dos órgãos dos sentidos como

elementos de leitura, no caso desta atividade, apontando para as

modalidades: nutrição, dietas alimentares, confecção de pratos típicos,

etc. Outra segunda alternativa pode ser a leitura seletiva de textos, a

partir de revistas, jornais, internet, etc., ou seja, espaços de leituras

aonde circulam diversos textos e imagens que possam ser

contextualizados nesses conceitos de leitura palatina. Nisso,

136

lembrando-se de que entre os sabores de uma cozinha não estão

somente pratos temperados ao sal, mas também ao doce. Tabela 23 - Quadro de estratégias de leituras: LEITURA SELETIVA: MOMENTO EXPRESSIVO DO

PALADAR. Este é fruto de experiências com a formulação de conceitos de leituras focados na lógica e uso da

sinestesia conjugada aos órgãos dos sentidos.

137

QUADRO XXIV

ESTRATÉGIAS DE LEITURAS

SUGESTÃO 24 LEITURA SELETIVA: MOMENTO EXPRESSIVO DO TATO

OBJETIVO Estimular os alunos a praticarem as leituras, literárias ou não, pelas vias

também do tato, levando os elementos simbólicos da leitura tátil a

contribuírem com os demais órgãos dos sentidos humanos, na

percepção, elaboração, entendimento e prazer do toque nos diversos

tipos e gêneros textuais presentes nos espaços sociais de leituras,

sobretudo, aqueles que instigam o leitor ao toque na leitura, como senso

de percepção e expressão digital, através do uso da sensibilidade.

DESCRIÇÃO Atividades de leituras desenvolvidas a partir do estudo abordando os

conceitos de leituras focados na leitura de imagens cuja finalidade de

expressão é identificar o elemento predominante no texto. E, no caso

desta atividade, a imagem não é das digitais, mas de uso das mãos nos

afazeres domésticos, artísticos, trabalhos manuais, manuseio de obras

de artes, exercício das mãos sobre as massas, na feitura de objetos de

barro, por exemplos. Ou seja, o elemento predominante é o manuseio

de objetos, o foco em atos de carícias, o toque dos dedos com sentido

de utilidade do tato, etc. Por exemplo, uma imagem com presença de

crianças no uso das mãos, brincando com barro; um artista usando os

dedos para pintar uma obra, um leitor em Braile, etc., aonde o alvo do

texto é chamar a atenção do leitor para perceber a importância do tato

no dia a dia das pessoas. Logo, isso implica que, mesmo havendo outros

elementos de comunicação presentes na composição daquele texto, o

que predomina é a preocupação com o uso das mãos no toque da leitura.

Então, na hora da seleção do texto que encaixa neste conceito de leitura

tátil, o leitor precisa prestar atenção nessas características do texto, ao

proceder com a leitura. No mais, a atividade deve ser desenvolvida em

nível de ensino médio, embora possa ser adaptada a outros níveis de

ensino.

JUSTIFICATIVA Outro instrumento de suma importância na formação de habilidades

para a leitura concentra-se no uso do tato. Normalmente, está-se muito

acostumado a usar as mãos para escrever, trabalhar, pintar, massagear,

etc. Nisso, vendo o tato sendo útil, mas não estendendo a compreensão

para as suas utilidades enquanto instrumento-leitor. Quer dizer, veem-

se apenas um órgão dos sentidos em plena função, mas não no veem

enquanto instrumento de leitura, ou seja, não se o enxergam nem se o

analisam na sua instrumentalidade de leitor. Por exemplo, o pintor pinta

as paredes, o artista pinta a obra, as crianças amassam a argila para

fazerem artes, etc. Nisso, usando o tato com expressividade, mas nem

por isso, vistos como utilidades diversas no uso do tato enquanto

instrumento-leitor. Quer dizer, todas as atividades exemplificadas são

diferentes entre si e, por isso, produzem sentidos diferentes do ponto

de vista do leitor, mas na hora do fazer arte, parece apenas uma

atividade normal, o que de fato é. Só que nesta estratégia é preciso

conduzir o leitor a ver essas diferenças e perceber sua diversidade de

sentidos apontada numa determinada obra. Então, se na diversidade

houve criação de sentidos é porque tal órgão pode perfeitamente ser

visto enquanto instrumento-leitor. E se é instrumento-leitor, isso se

138

torna razão que justifica a estratégia de uso da expressão do tato como

elemento útil na formação de habilidade para leitura.

METODOLOGIA Uma alternativa pode ser a criação de grupos de estudos, com monitoria

ou não, tendo como conteúdos os conceitos de leitura focados no

emprego da sinestesia conjugada ao uso dos órgãos dos sentidos como

elementos de leitura. E, no caso desta atividade, apontando para as

modalidades: leitura digital, leitura em Braile, produção artesanal,

prática de carícias, etc. Outra segunda alternativa pode ser a leitura

seletiva de textos, a partir de revistas, jornais, internet, etc., ou seja,

espaços de leituras aonde circulam diversos textos e imagens que

possam ser contextualizados nesses conceitos de leitura tátil. Tabela 24 - Quadro de estratégias de leituras: LEITURA SELETIVA: MOMENTO EXPRESSIVO DO

TATO. Este é fruto de experiências com a formulação de conceitos de leituras focados na lógica e uso da sinestesia

conjugada aos órgãos dos sentidos.

139

QUADRO XXV

ESTRATÉGIAS DE LEITURAS

SUGESTÃO 25 LEITURA SELETIVA: MOMENTO EXPRESSIVO DO

OLFATO

OBJETIVO Estimular os alunos a praticarem as leituras, literárias ou não, pelas vias

também do olfato, levando os elementos simbólicos da leitura olfáctica

a contribuírem com os demais órgãos dos sentidos humanos, na

percepção, elaboração, entendimento e sensação de prazer no uso dos

cheiros nos diversos tipos e gêneros textuais presentes nos espaços

sociais de leituras, sobretudo, aqueles que instigam o leitor a perceber

o gênero pelo cheiro ou odor.

DESCRIÇÃO Atividades de leituras desenvolvidas a partir do estudo abordando os

conceitos de leituras focados na leitura de imagens cuja finalidade de

expressão é identificar o elemento predominante no texto. E, no caso

desta atividade, a imagem não é da pessoa praticando o cheiro nem o

odor, mas de uso da imagem visual para chamar atenção não para o

visual, mas para os elementos que marcam presenças de cheiro. Por

exemplo, uma imagem com presenças de muitos vidros de perfume,

chamando a atenção do leitor para o cheiro, não exatamente para a

marca; uma imagem de uma xícara de café sobre a mesa para cuja luz

fotográfica não somente chama a atenção para o cheiro do café, mas

registra até a fumaça, indicando não somente o cheiro, mas

principalmente, o sabor do café. Ou seja, o elemento predominante é o

cheiro ou o odor, aonde o alvo do texto é chamar a atenção do leitor

para perceber a importância do cheiro no dia a dia das pessoas. Logo,

isso implica que, mesmo havendo outros elementos de comunicação

presentes na composição daquele texto, o que predomina é a

preocupação com o cheiro da boa comida, do bom perfume, do bom

café, etc., ou o odor, por exemplo, uma imagem focada no desprazer de

alguém, ao ter de cruzar com um esgoto a céu aberto. Então, na hora

da seleção do texto que encaixa neste conceito de leitura olfáctica, o

leitor precisa prestar atenção nessas características do texto, ao

proceder com a leitura. No mais, a atividade deve ser desenvolvida em

nível de ensino médio, embora possa ser adaptada a outros níveis mais

elementares de ensino.

JUSTIFICATIVA Ainda outro instrumento de suma importância na formação de

habilidades para a leitura, agora vai se concentrar no uso do olfato.

Normalmente, também se está muito acostumado a ver o olfato e

percebê-lo apenas como olfato, ou seja, órgão dos sentidos apenas. Daí

a formação da habilidade para a leitura passa a usá-lo enquanto

instrumento-leitor, ou seja, instrumento que desperta no leitor modos

diversos de apreciar determinados gêneros textuais, no caso desta

estratégia, é identificar os gêneros em que está presente o uso do olfato.

Por exemplo, um prato de comida, um vidro de perfume aberto, uma

imagem visual focando expressivamente a marca do cheiro, dentre

outros. Logo, é uma estratégia que não pode faltar no repertório de

leituras de um mediador.

METODOLOGIA Uma alternativa pode ser a criação de grupos de estudos, com monitoria

ou não, tendo como conteúdos os conceitos de leitura focados no

emprego da sinestesia conjugada ao uso dos órgãos dos sentidos como

140

elementos de leitura. E, no caso desta atividade, apontando para as

modalidades: leitura olfáctica, cheiro de perfumes, de comidas

saborosas, etc. Outra segunda alternativa pode ser a leitura seletiva de

textos, a partir de revistas, jornais, internet, etc., ou seja, espaços de

leituras aonde circulam diversos textos e imagens que possam ser

contextualizados nesses conceitos de leitura olfáctica. Tabela 25 - Quadro de estratégias de leituras: LEITURA SELETIVA: MOMENTO EXPRESSIVO DO

OLFATO. Este é fruto de experiências com a formulação de conceitos de leituras focados na lógica e uso da

sinestesia conjugada aos órgãos dos sentidos.

141

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Em se finalizando o advento das dramatizações do “Passeio Poético”, vê-se que estas se

frutificaram numa dissertação de mestrado como esta. Nessa hora, no primeiro capítulo, num

fazer consistente de formulação e reformulação de conceitos, no âmbito das leituras literárias

conjugadas às experiências de leituras presentes nos espaços escolares, deu para ver o quanto

foi possível produzir conteúdos e eixos relevantes.

Isso, a partir dos estudos feitos sobre leitura na escola, leitura no ensino médio, o que é

leitura e o que é literatura. Se de outro olhar, basta ver as considerações ao final do capítulo,

mencionando sobre tais conteúdos. Tudo, senão com o fim, mas preparatório e quase ensaístico

para, em dados outros momentos, chegar à realidade escolar.

Noutra hora, no segundo capítulo, num fazer também consistente, mas enfocando as

pequenas narrativas, no que tange aos efeitos concretos das dramatizações adentro o contexto

escolar, seja na mentalidade de alunos, professores e funcionários, seja na do sistema-escolar-

local e o próprio sistema administrativo/educacional central, tomado conhecimento de tais

feitos e elevando os pontos positivos alcançados com o projeto.

Nisso, haja vista para um primeiro ano composto de alunos quase que completamente

revoltados, quase sem autoestima, pois não conseguiam ficar na sala de aula, também não

faziam a nenhuma das atividades solicitadas pelos professores – isso, segundo depoimentos

coletados nos próprios vídeos-anexos. Só que, representar o Barroco crítico-literário de

Gregório de Matos, a turma foi capaz e, talvez por isso, tenha ajudado a elevar a autoestima de

professores e a escola em relação à eficácia do projeto, sobretudo, porque a autoestima deles já

estava revelada e recomposta com as encenações do Barroco.

Daí, o que se viu durante esses processos de pesquisa e no fazer desta dissertação, é que

os leitores-alunos estão lendo e se desenvolvendo no uso das mais diversas formas de

linguagens e, com envolvimentos surpreendentes, se considerando que até não alunos se

envolveram nos processos ensaísticos e de leituras, que se desembocaram no “Passeio Poético”.

Nesse sentido então, as dramatizações, de certa forma, mexeram com o senso de humor

e opinião dos transeuntes ao entorno da escola, pois até hoje, quatro anos depois, ao menor

contato com a comunidade, é possível ouvir alguém lembrando o evento, ao passo que também,

é possível ouvir alguém se manifestando em favor de reviver as experiências. Algo a que,

supostamente, não esteja descartado.

Noutro sentido também, o fato de mexer com o senso de humor e de opinião, levou

àqueles que não acreditavam nas leituras sob as vias das dramatizações no pátio escolar, a

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repensarem seus modos, suas metodologias, pois que não é só dentre aqueles que se

envolveram, mas também desses, desacreditados, que sugerem o reviver, senão delas, mas de

outras tão interessantes quanto elas. E isso é sinal de cumprimento de objetivos. Logo, senão

os feitos, talvez, não tivessem os efeitos que tiveram. Logo, experiências, talvez, merecedoras

de serem revividas.

A saber, algo feito através de pequenas narrativas, no segundo capítulo, aonde o próprio

desenrolar-se dos fatos dava conta de proporcionar análises científicas e checadas ao ponto de

produção de dados e resultados. Daí, o propósito de busca de estratégias de estímulo aos alunos

- o já esperado – protagonizando a imagem da escola com o trabalho deles, ao passo que em

razão disso, elevando a mesma escola a patamar de agente social. É nisso que se considera que

houve objetivos cumpridos.

Entretanto, no que tange ao terceiro capítulo, desde suas apresentações, a novas

discussões sobre conceitos, ao inventário de estratégias e enquanto problema de leitura; e os

modos de pensar dos autores sobre os acervos bibliográficos e os repertórios de leituras, a que

o professor deve adotar como práticas que conduzem à formação dos leitores.

Por fim, as sugestões de leituras e estratégias de leituras, que poderão ficar na escola

pesquisada ou noutros quaisquer sistemas escolares, desde que haja gosto e interesse. Para tanto,

o que se viu é que, nas leituras literárias, os alunos estão construindo sua formação de leitores,

e o professor não precisa ficar preso a certos retrocessos tradicionais, pois há o inventário de

atividades de leituras como resultado final das práticas de leituras e literaturas vivenciadas com

as dramatizações no “Passeio Poético”.

A saber, essas dramatizações deixam para a comunidade escolar alunos bastante dotados

de consciência de leitura. E se é este o grau de consciência de leitura alcançado, então, os pontos

de relevância, os conceitos formulados e reformulados, a elaboração de dados e a transformação

destes em resultados, as pequenas narrativas com as análises científico-literárias profundas e

significativas e as estratégias de leituras sugeridas a partir do inventário de atividade.

Tudo como acervo e repertório de leituras e literaturas se confirmam enquanto

conquistas desta dissertação, recursos os quais a comunidade escolar, onde eles foram

produzidos, terá ou não o privilégio de poder escolher entre, também, adotá-los ou não como

referência e meios de se fazer novas leituras nas suas práticas escolares, e novos movimentos

que se desemboquem em projetos de mesma natureza.

Ao final, isto é o esperado enquanto recursos de repercussão dos estudos de leitura e

literatura, cujos efeitos reflitam em novas perspectivas e olhares inovadores tanto para a escola,

professores, alunos e comunidade local pesquisada, quanto para os demais sistemas,

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supostamente, interessados. Logo, é daí que surgem as práticas de inovação social contornadas

aos contextos da escola, e esta elevada a patamares de agentes, agente escolar e social.

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