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    Lendas Indgenas

    Regina Coeli Vieira Machado

    Servidora da Fundao Joaquim Nabuco

    [email protected]

    As lendas indgenas so histrias fantsticas cheias de mistrio sobrenatural, ligadas feitiaria e magia.

    Nas naes indgenas essas histrias so muito importantes, possuem o poder de doutrinar osndios

    jovens e arredios. Algumas dessas histrias foram criadas a partir de fatos verdicos,

    acontecidos nas regies onde viveram seus heris antepassados, que se sobressaram dentreos membros de sua tribo, pelo poder, beleza, bondade, caridade, ou outros feitos, etornaram-se encantados.

    Outras referem-se flora e fauna da regio, pois segundo suas crenas, tanto as plantas comoos animais, os rios, os igaraps, os lagos, as cachoeiras e o mar, possuem os seus protetoresque exigem respeito e inspiram temor. Dentre as lendas mais conhecidas esto:

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    ANHANG

    um gnio andante, esprito arredio ou vagabundo, destinado a proteger os animais dasmatas. Ele aparece sob a figura de um veado branco, com olhos de fogo. Quando um caadorpersegue um animal que est amamentando, corre o risco de ser atacado pelo Anhang.

    O BOITAT

    uma cobra de fogo "boiguau", que aparece deslizando pelas matas, espalhando clares nanoite. Quando morre, espalha uma luz que tem na barriga pela escurido da noite carregadapelo vento. Essa luz proveniente dos olhos dos animais de que ela se alimenta,principalmente dos gatos, que ela digere, mas conserva a luz. s vezes o boitat anda a p,como um fantasma branco e transparente, de olhos grandes e furados, assustando animais eviajantes.

    O BOTO

    o mais importante habitante encantado do rio Amazonas. Nas altas horas da noite,propriamente meia noite ele se transforma em gente.

    Anda em cima dos paus das beiradas do rio, de preferncia sobre os buritizeiros tombados nasmargens.

    Veste roupa branca e usa um chapu branco para ocultar uma abertura no alto da cabea poronde sai um forte cheiro de peixe e hlito de maresia. Ele aparece nas festas to elegante queencanta e seduz as donzelas. Dana a noite toda com as mais jovens e mais bonitas da festa.Sai com elas para passear e antes da madrugada pula na gua e volta forma primitiva depeixe, deixando as moas sempre grvidas.

    Alm de sedutor e fecundador conhecido tambm como o pai das crianas de paternidade

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    desconhecida, pois as mes solteiras o acusam de ser o pai de suas crianas.

    O Boto-homem obcecado por mulheres, sente o cheiro feminino a grandes distncias. Paraevitar que ele aparea esfrega-se alho na canoa, nos portos e nos lugares onde ele gosta deaparecer.

    O CAIPORA

    um menino escuro pequeno e rpido, cabeludo e feio, fuma cachimbo, e sua funo proteger os animais da floresta, os rios, as cachoeiras.

    Vive sondando as matas montado num porco, sempre com uma longa vara na mo. Quando ocaador se aproxima o caipora pressente sua chegada atravs do vento que lhe agita oscabelos. Ento sai a galope no seu porco fazendo o maior barulho para espantar os veados, oscoelhos, as capivaras e outros animais de caa. As vezes, o caador, sem ver direito, correatrs do prprio caipora que montado em seu porco faz zigue-zagues pelo mato at perder-se

    de vista.

    O CAIRARA

    Na tribo dos Borors havia um paj muito sbio. Ele vivia triste por ser gordo e por isso todos ochamavam de cairara. Certo dia, ele descobriu uma erva que os macacos comiam e os

    conservavam sempre esbeltos e geis. Resolveu tomar um ch feito da erva, para ver se ficavaesbelto como os macacos.

    Durante sete dias ingeriu a poro. Ficou esbelto, os cabelos finos se alongaram, as pernasencolheram. Ficou assustado quando viu que at um rabo comeou a aparcer. Parou de bebera droga, mas a transformao continuou.

    Hoje o cairara uma espcie de macaco fino, inteligente e engenhoso que vive nas matas da

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    Amaznia.

    A CIDADE ENCANTADA

    No Maranho um pouco abaixo do rio Gurupi existe uma grande pedra negra. Os barcos decaboclos nunca passam noite prximo a ela. Esta pedra tem uma grande caverna. Dizem queantigamente existiu uma cidade nesse lugar e o mar cobriu tudo, ficando s a ponta da pedrade fora. noite se ouvem sons de instrumentos de msica e at repiques de sino sair dapedra.

    O CURUPIRA

    um ser do tamanho de uma criana de seis a sete anos, anda nu, peludo como o bichopreguia, tem unhas compridas e afiadas, o calcanhar para frente e os ps para trs.

    Toma conta da mata e dos animais mora nos buracos das rvores que tem razes gigantescas,muito comuns da floresta amaznica.

    Ele ajuda os caadores e os pescadores que fazem o seu pedido e em troca oferecem-lhecachaa, fsforo e fumo. Este ofertrio para que o indivduo tenha fartura nas caadas,pescarias e roados.

    As pessoas que no tem devoo para com ele sentem medo, enjo e nuseas a quilmetrosde distncia dele. Com essas pessoas ele brinca fazendo com que elas se percam na mata.

    Para se livrar do curupira deve-se cortar uma vara fazer uma cruz e colocar em um rolo de ciptumbu, bem apertado. Ele v esse objeto e procura desmanchar o enrolado, enquanto ele ficaentretido a desmanchar o enrolado a pessoa tem tempo para fugir.

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    A GALINHA GRANDE

    Nas estradas pouco trafegadas aparece um animal, sob a forma de uma galinha,acompanhado de uma grande ninhada de pintinhos. A galinha e os pintinhos vivemmariscando, e quando avistam ou so avistados por algum, comeam a crescer e acabamatacando o viajante, que tem que se defender com armas at eles desaparecerem.

    O GUARAN

    Numa aldeia indgena um casal teve um filho muito bonito, bom e inteligente. Era querido portoda a tribo. Por isso Jurupari, seu pai, comeou a ter raiva dele, at que um diatransformou-se em uma cobra, permanecendo em cima de uma rvore frutfera.

    Quando o menino ainda criana foi colher um fruto desta rvore, a cobra atirou-se sobre ele e omordeu. Sua me j o encontrou sem vida. Ela e toda tribo choraram muito. Enquanto isso, umtrovo rebombou e um raio caiu junto ao menino. Ento a ndia-me disse: - Tup que se

    compadece de ns. Plantem os olhos de meu filho, que nascer uma fruteira, que ser a nossafelicidade. - Assimfizeram e dos olhos do menino nasceu o guaran.

    IARA OU UIARA

    umaninfaque habita as guas dos rios, dos lagos e das cachoeiras. Conhecida como a dama das guasoume d'gua.

    Possui grande encanto e beleza, apresenta-se sob a forma de uma sereia, metade mulher emetade peixe. Com a sua formosura atrai o homem, deixando-o tonto de tanta paixo, e leva-opara o seu palcio encantado, que fica no fundo das guas e mata-o, depois de usufruir de

    deliciosos momentos de prazer e npcias funestos.

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    O LOBISOMEM

    A lenda do lobisomem (meio homem, meio lobo), diz que um homem se transforma em umporco comum, de grande tamanho, e aparece sempre nos caminhos usados pelos habitantesda regio, nos dias de lua cheia a partir da meia-noite, soltando uivos que apavoram aspessoas que ouvem. Algumas pessoas o ouvem como se fosse um animal comendo ou roendoossos. Quando isso acontece ele est preparado para atacar com suas unhas enormes e brigarcom as pessoas que aparecem na rua. Ele ataca tambm animais domsticos como cachorros,gatos, vacas, cavalos.

    A MANDIOCA

    Numa tribo indgena a filha do Tuxaua deu luz a uma menina branca como leite. O Chefe quismatar a filha, mas um moo branco lhe apareceu em sonho e lhe disse que a me da crianano era culpada.

    A criana logo depois que nasceu comeou a andar e falar. Mas no viveu muito tempo. Antesde completar um ano, morreu sem ter adoecido. O Tuxaua mandou enterr-la na prpria aldeia,e a me todos os dias lhe regava a sepultura, sobre a qual nascera uma planta que deu florese frutos. Os pssaros que os comiam ficavam embriagados.

    Certa vez a terra abriu-se ao p da planta e apareceram as razes. Os ndios as colheram eviram que eram brancas como o corpo de Mani, e deram o nome de Manoca (casa de Mani)ou corpo de Mani. E planta deram o nome de maniva (

    Mandioca).

    A PRINCESA DO LAGO

    Por detrs da praia de Maiandua, no municpio de Maracan, existe um lago de guas claras

    e cristalinas, onde mora uma linda princesa loura, de uma beleza sem igual. Ela aparece todasas noites, s margens da lagoa usando um lindo vestido branco, passeia vagarosamente pela

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    beira do lago e depois desaparece

    SACI PERER

    um diabinho muito peludo, muito esperto e travesso. Ele aparece sempre s sextas- feiras, noite, pulando com uma perna s e mostrando seus olhinhos brilhantes e os dentespontiagudos.

    Usa uma camisa e uma carapua vermelha na cabea e traz em uma das mos umcachimbinho de barro.

    Sua tarefa carregar para uma mata muito distante, crianas desobedientes e manhosas,gorar ovos de ninhadas, queimar bales, azedar leite, fazer o milho de pipoca virar piru, eatacar os viajantes, pedindo fumo e fogo. Se algum recusar o seu pedido, ele faz tanta ccegaque a pessoa morre de tanto rir.

    O UIRAPURU

    Certa vez um jovem guerreiro apaixonou-se pela esposa do grande cacique, mas no podiaaproximar-se dela. Ento pediu a Tup que o transformasse num pssaro. Tup fez dele umpssaro de cor vermelho-telha. Toda noite ia cantar para sua amada. Mas foi o cacique quenotou seu canto. To lindo e fascinante era o seu canto, que o cacique perseguiu a ave para

    prend-la, s para ele.

    O Uirapuru voou para bem distante da floresta e o cacique que o perseguia, perdeu-se dentrodas matas e igaraps e nunca mais voltou. O lindo pssaro volta sempre canta para a suaamada e vai embora, esperando que um dia ela descubra o seu canto e seu encanto.

    O VELHO DA PRAIA

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    Conta-se que uma casinha isolada na ponta sul da praia de Maracan mal-assombrada, poispertence a um velho de longas barbas brancas, vestido com roupas velhas, apoiado a umgrosso cajado de madeira, que aparece de vez em quando para expulsar quem quer que sejade sua casa e depois desaparece nas guas do mar.

    O VELHO E O BACURAU

    Um velho muito chato, vendo um bacurau (ave noturna) pular de um lado para outro, ps-se agritar.

    - Tua boca grande! Tua boca grande! - No, no , respondeu o bacurau. Mas, como obacurau ficou zangado, disse ao velho:- Vou te levar comigo! Vou te levar agora....

    E agarrou o velho, levou-o para o meio do mato, subiu com ele bem para o alto. De repentesoltou o velho. E ao sentir que ia se estrebuchar no cho abriu a boca e comeou a gritar ...

    ento o bacurau defecou na sua boca.

    por isso que boca de velho fede...

    A VITRIA-RGIA

    Contam que certa vez uma linda ndia, apaixonada, quis transformar-seem estrela. Naesperana de ver seu sonho realizado, a linda jovem lanou-se s guas misteriosas do rio,desaparecendo em seguida.

    Iaci, a lua que presenciou tudo, num instante de reflexo, apiedou-se dela por ser to linda eencantadora. Deu-lhe como prmio a imortalizao aqui na terra. Por no ser possvel lev-la

    para o reino astral, transformou-a em vitria-rgia (estrela das guas), doou-lhe um adorvelperfume e espalmou-lhe as folhas para melhor refletir sua luz, nas noites de lua cheia.

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    Recife, 18 de julho de 2003.

    (Atualizado em 18 de agosto de 2009).

    FONTES CONSULTADAS:

    BEZERRA, Arar Marrocos; PAULA, Ana Maria T. de. Lendas e mitos da Amaznia. Rio deJaneiro: Demec, 1985. 102p.CMARA CASCUDO, Lus da. Lendas brasileiras. Rio de Janeiro: Ed. de Ouro, 1984. 166p.

    AS COMUNIDADES indgenas de Pernambuco. Recife: Condepe, 1981. 98p

    COMO CITAR ESTE TEXTO:

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    Lendas Indgenas

    Fonte: MACHADO, Regina Coeli Vieira. Lendas Indgenas. Pesquisa Escolar Online,Fundao Joaquim Nabuco, Recife. Disponvel em:. Acesso em:dia

    ms ano. Ex: 6 ago. 2009.

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