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LETÍCIA REGINA ROSA DOS SANTOS O ENFERMEIRO PRÉ-NATALISTA NO EMPODERAMENTO DA MULHER PARA O PROCESSO DE PARTURIÇÃO CANOAS, 2016

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LETÍCIA REGINA ROSA DOS SANTOS

O ENFERMEIRO PRÉ-NATALISTA NO EMPODERAMENTO DA MULHER PARA

O PROCESSO DE PARTURIÇÃO

CANOAS, 2016

LETÍCIA REGINA ROSA DOS SANTOS

O ENFERMEIRO PRÉ-NATALISTA NO EMPODERAMENTO DA MULHER PARA

O PROCESSO DE PARTURIÇÃO

Trabalho de Conclusão apresentado ao Curso de Enfermagem do Centro Universitário La Salle – Unilasalle como exigência parcial para a obtenção do grau de bacharel em Enfermagem.

Orientadora: Prof. M.ª. Rosimery Barão Kruno

CANOAS, 2016

LETÍCIA REGINA ROSA DOS SANTOS

O ENFERMEIRO PRÉ-NATALISTA NO EMPODERAMENTO DA MULHER PARA

O PROCESSO DE PARTURIÇÃO

Trabalho de Conclusão apresentado ao Curso de Enfermagem do Centro Universitário La Salle – Unilasalle como exigência parcial para a obtenção do grau de bacharel em Enfermagem.

Aprovado pelo avaliador em 2016.

AVALIADOR

_____________________________________________________________________

Profª M.ª Rosimery Kruno

Unilasalle

AGRADECIMENTOS

Agradeço imensamente a todos que colaboraram de alguma forma para a

conclusão deste trabalho. Agradeço primeiramente à Deus que em sua infinita

bondade me guiou nesta conquista. Agradeço ao corpo docente desta instituição,

especialmente à minha orientadora Rosimery Barão Kruno pela dedicação e pelo

amor ao parto humanizado que transborda em seu coração.

Agradeço a minha família, especialmente ao meu pai Noé pelo incentivo e por

despertar a paixão pelo conhecimento, a minha mãe Vera pelo cuidado e apoio

incansável em todos momentos e ao meu esposo Alexandre e nossa filha Julia por

acreditarem no meu sonho e me fortalecerem sempre.

Obrigada por todo apoio nesta jornada

RESUMO

O presente estudo configura-se como uma revisão de literatura de abordagem

qualitativa sobre o papel educativo do enfermeiro pré-natalista no processo de

empoderamento da mulher para a parturição, cujos objetivos foram: apresentar a

importância do papel educativo do enfermeiro pré-natalista na Atenção Primária,

identificar os principais pontos de fragilidade do enfermeiro pré-natalista no preparo

das gestantes para o processo de parturição e sugerir estratégias que possam ser

utilizadas pelo enfermeiro pré-natalista para estimular o protagonismo da mulher no

parto . Os artigos selecionados procederam de periódicos em português das bases

de dados do LILACS e do Medline, contemplando o período de 2012 a 2016. O

método de análise utilizado seguiu a temática de Minayo, de onde emergiram três

categorias: A importância do papel educativo do enfermeiro pré-natalista na Atenção

Primária, principais pontos de fragilidade dos enfermeiros pré-natalistas na

preparação das gestantes para o processo de parturição e Estratégias para o

enfermeiro pré-natalista estimular o protagonismo da mulher em seu processo de

parturição. Concluiu-se que os movimentos pró-humanização e a atuação efetiva

dos enfermeiros no pré-natal têm papel fundamental no processo de resgate da

autonomia da mulher para o seu processo de parturição.

Palavras-Chave: Atenção Primária de Enfermagem. Cuidado Pré-Natal. Educação

em Enfermagem. Gestantes. Parto.

ABSTRACT

The present study is a qualitative review of the literature on the educational role of

prenatal nurses in the process of women's empowerment for parturition, whose

objectives were: to present the importance of the educational role of prenatal nurses

in Attention To identify the main fragility points of the prenatal nurse in the

preparation of the pregnant women for the parturition process and to suggest

strategies that can be used by the prenatal nurse to stimulate the role of the woman

in childbirth. The articles selected came from Portuguese-language journals in the

LILACS and Medline databases, covering the period from 2012 to 2016. The analysis

method used followed Minayo's theme, from which three categories emerged: The

importance of the educational role of nurses Prenatal care in Primary Care, main

points of fragility of the prenatal nurses in the preparation of pregnant women for the

process of parturition and Strategies for the prenatal nurse to stimulate the

protagonism of the woman in her process of parturition. It was concluded that the

pro-humanization movements and the effective performance of nurses in prenatal

care have a fundamental role in the process of recovering the autonomy of women

for their parturition process.

Keywords: Primary Nursing Care. Prenatal Care. Nursing Education. Pregnant

Women. Labour.

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Artigos levantados e analisados .............................................................. 34

Quadro 2 – Publicações selecionadas para este estudo ........................................... 36

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

Abenfo Associação Brasileira de Obstetrizes e Enfermeiros Obstetras

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas

ANDO Associação Nacional de Doulas

ANS Agência Nacional de Saúde Suplementar

ANVISA Agência Nacional de Vigilância Sanitária

APDMGP Associação Portuguesa pelos direitos da mulher na gravidez e parto

CNPq Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico

CONITEC Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias do SUS

COREN-SC Conselho Regional de Enfermagem de Santa Catarina

CPN Centro de Parto Normal

Cremerj Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro

DECS Descritores em ciências da Saúde

DST Doenças sexualmente transmissíveis

ESF Estratégias de Saúde da Família

GAPPs Grupos de apoio presencial para gestantes e casais

MPC Marcha do Parto em Casa

MS Ministério da Saúde

OMS Organização Mundial da Saúde

ONG Organização não governamental

PP Plano de Parto

ReHuNa Rede pela Humanização do Parto e Nascimento

SIS Sistema de Informação de Saúde

SUS Sistema Único de Saúde

VO Violência obstétrica

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .................................................................................................. 9

2 JUSTIFICATIVA .............................................................................................. 11

2.1 Problema de Pesquisa .................................................................................. 12

3 OBJETIVOS .................................................................................................... 16

3.1 Objetivo Geral ................................................................................................ 16

3.2 Objetivos Específicos ................................................................................... 16

4 REFERENCIAL TEÓRICO .............................................................................. 17

4.1 A realidade obstétrica atual no Brasil ......................................................... 17

4.2 A consulta de pré-natal ................................................................................. 21

4.3 Perspectivas na mudança de cultura das mulheres com relação aos seus

partos ............................................................................................................. 25

5 METODOLOGIA ............................................................................................. 32

5.1 Tipo de Estudo .............................................................................................. 32

5.2 Delimitação do Estudo .................................................................................. 32

5.3 Coleta e Análise de dados ............................................................................ 33

5.4 Procedimentos Éticos ................................................................................... 35

6 RESULTADOS E DISCUSSÕES .................................................................... 36

6.1 Caracterização das publicações .................................................................. 36

6.2 Categorias de análise.................................................................................... 38

6.2.1 A importância do papel educativo do enfermeiro pré-natalista na Atenção

Primária .......................................................................................................... 38

6.2.2 Principais pontos de fragilidade dos enfermeiros pré-natalistas na preparação a

gestante para o processo de parturição.......................................................... 41

6.2.3 Estratégias para o enfermeiro pré-natalista estimular o protagonismo da mulher

em seu processo de parturição ....................................................................... 43

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................ 47

REFERÊNCIAS .............................................................................................. 49

9

1 INTRODUÇÃO

De acordo com o Ministério da Saúde, o acompanhamento pré-natal objetiva

assegurar o desenvolvimento da gestação, possibilitando o parto de um recém-

nascido saudável, preservando a saúde materna, inclusive abordando aspectos

psicossociais, além de atividades educativas e preventivas. A atenção primária, em

geral, é a porta de entrada preferencial da gestante no sistema de saúde (BRASIL,

2012).

Nesta, o enfermeiro pode acompanhar inteiramente o pré-natal de risco

habitual, conforme garantido pela Lei do Exercício Profissional nº 7.498, de 25 de

junho de 1986, regulamentada pelo Decreto nº 94.406/87. A consulta de

enfermagem deve propiciar condições para a promoção da saúde da gestante e a

melhoria na sua qualidade de vida, mediante uma abordagem contextualizada,

informativa e participativa (BRASIL, 2012).

Segundo “Cadernos de atenção básica: atenção ao pré-natal de baixo risco”

há 10 passos que caracterizam um Pré-Natal de qualidade. O 8º passo recomenda

estimular e informar a mulher e seu acompanhante sobre os benefícios do parto

fisiológico, incluindo a elaboração do Plano de Parto (PP) e o 10º passo refere-se à

importância de a gestante conhecer e exercer seus direitos garantidos por lei

durante todo o período gravídico-puerperal (BRASIL, 2012).

O Plano de Parto é uma lista de desejos e expectativas que a grávida elabora

com relação ao seu trabalho de parto, parto e pós-parto. É construído junto com seu

pré-natalista, que poderá ser o enfermeiro, a partir de informações sobre as boas

práticas baseadas em evidências científicas. Posteriormente, o PP é apresentado à

equipe que a acompanhará no centro obstétrico (APDMGP, 2015).

Entre as vantagens do PP é que, para a sua elaboração, a mulher necessitará

apropriar-se de conhecimentos e isso a tornará mais participativa ou empoderada

em seu processo de gestar e parir. Por empoderamento compreende-se ter

condições para dialogar e decidir, junto com os profissionais do centro obstétrico,

sobre o que será feito com o seu corpo e seu recém-nascido. A retomada do

protagonismo da mulher no parto se constitui em um dos pilares para a

humanização. No entanto, o plano de parto não deve ser confundido com um

conjunto de regras rígidas a serem seguidas. São linhas diretivas que poderão ou

10

não acontecer, dependendo do transcorrer do trabalho de parto e do estado corrente

do binômio mãe-bebê (APDMGP, 2015).

Já o 10º passo para um pré-natal de qualidade, trata de informar as gestantes

sobre os seus direitos. O enfermeiro, durante o pré-natal, pode e deve ser o porta

voz desse conhecimento. Entre os direitos amparados por leis que devem ser

destacados durante as consultas são: o direito a ter um acompanhante de sua

escolha antes, durante e após o parto, o direito de conhecer a maternidade onde irá

parir antecipadamente, o direito de receber tratamento digno e respeitoso por parte

de todos os profissionais, o direito de conhecer e optar sobre os procedimentos que

serão realizados com ela e/ou com o seu recém-nascido, o direito de solicitar

métodos de alívio da dor (não invasivos ou analgesia), entre outros.

Portanto, o enfermeiro pré-natalista é o profissional capacitado para prestar

informações baseadas em evidências científicas à gestante, fortalecendo suas

possibilidades de escolha e seu protagonismo. O trabalho de parto e o parto são

pontos culminantes em termos de fragilidade para ela e sua família. Portanto,

empoderar essa mulher desde o pré-natal é fundamental para que ela vivencie a

parturição de forma mais plena e consciente.

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2 JUSTIFICATIVA

A escolha do assunto foi motivada pela minha vivência profissional em centro

obstétrico de duas instituições distintas. Trabalhar na assistência em diversos

nascimentos me levou a uma reflexão acerca do papel do enfermeiro perante as

questões inerentes ao parto e a preparação da gestante para o mesmo. Muitas

mulheres chegavam assustadas, desinformadas e assim, suscetíveis a condutas

nem sempre adequadas por parte dos profissionais. A gestante que recebe as

informações necessárias para vivenciar o parto como protagonista não aceita que a

submetam a procedimentos muitas vezes, questionáveis.

O papel do enfermeiro pré-natalista como educador e, principalmente como

multiplicador de conhecimentos cientificamente fundamentados, reflete em uma

gestante consciente e com autonomia para dialogar com os profissionais sobre o

que é melhor para si e para o seu bebê.

Duarte e Almeida (2014) afirmam que, a gestação é um momento complexo,

permeado por modificações físicas e emocionais. O meio em que a mulher está

inserida influencia e é influenciado, de acordo com o significado que ela dá a sua

condição de geratriz. Para as autoras, a participação do enfermeiro no pré-natal

poderá influenciá-la de forma positiva, fortalecendo os aspectos saudáveis

relacionados à gestação e ao parto.

O profissional enfermeiro é considerado apto a realizar consultas de pré-natal, no acompanhamento de gestantes com baixo risco obstétrico, sendo atribuídas a ele inúmeras ações como: solicitações de exames; abertura do Sistema de Informação de Saúde (SIS); realização de exame obstétrico; encaminhamentos necessários; preparo para o parto; orientações sobre os cuidados com o recém-nascido e sobre a amamentação; vacinação; e também a promoção de vínculo entre mãe e bebê (DUARTE; ALMEIDA, 2014, p.1030).

Com relação ao preparo para o parto, o enfermeiro pré-natalista é o

profissional plenamente capacitado para realizar o processo educativo, informando a

gestante sobre seus direitos e sobre as modificações fisiológicas que envolvem o

seu corpo e os cuidados adequados neste período. Para tanto, deve ofertar as

informações acerca do desenvolvimento do bebê no útero, sobre a autonomia e o

protagonismo da mulher no trabalho de parto, métodos naturais de alívio da dor,

parto e pós-parto, além de orientar sobre aleitamento materno e cuidados com o

recém-nascido.

12

As mulheres que recebem informações durante a gestação possuem maior

capacidade de autocuidado, percebendo com mais facilidade o que é fisiológico do

que requer atenção médica e intervenção. Por isso, passam pelo trabalho de parto e

pelo parto de maneira mais tranquila, pois conhecem os fenômenos que dizem

respeito a esse processo. Por sentirem-se mais seguras, não se intimidam em

dialogar com os profissionais sobre o que será feito com ela e com seu bebê, a partir

das informações previamente recebidas. Da mesma forma, passam a ser imunes à

violência obstétrica, já que conhecem seus direitos.

2.1 Problema de Pesquisa

Segundo o último Inquérito Nacional sobre Parto e Nascimento, publicado em

2014, a cobertura do pré-natal é praticamente universal no país, mas tem deixado a

desejar quanto à sua adequação, pois 60% das gestantes brasileiras iniciam o pré-

natal tardiamente e pelo menos um quarto delas não realiza o número mínimo de

seis consultas preconizado pelo Ministério da Saúde (VIELLAS et al., 2014).

O pré-natal, na maioria das vezes, segue um modelo centrado na clínica e

nos riscos em potencial. Poucos profissionais dedicam parte do seu tempo para

escutar, orientar e dialogar com as gestantes sobre suas dúvidas, expectativas e

ansiedades, salientando o que é fisiológico.

Odent (2002) chama de efeito “Nocebo” toda vez que os profissionais de

saúde supervalorizarem os riscos e as potenciais patologias relacionadas à

gestação, implicando em adicionar uma ansiedade desnecessária e prejudicial à

grávida que está sadia. É o que ocorre na maioria das vezes durante as consultas

de pré-natal, ele salienta. Os fisiologistas têm hoje condições de explicar como

certos estados emocionais da gestante podem influir sobre o crescimento e o

desenvolvimento do bebê no útero. Nesse contexto científico, é possível afirmar que

o bem-estar da gestante deveria prevalecer sobre qualquer outra consideração.

Por muito tempo a enfermagem obstétrica partilhou do pressuposto

biomédico, centrando-se como detentora do saber, desvalorizando o saber

vivenciado pelas mulheres, desconsiderando crenças, práticas e o contexto em que

elas estavam inseridas (ALVES et al., 2015).

Se durante todo o pré-natal a gestante for induzida à ansiedade e ao medo,

poderá introjetar a ideia de que o parto é algo potencialmente arrasador e perigoso.

13

Esse sentimento, quando associado a um modelo tecnocrático de assistência,

caracterizado pela primazia da tecnologia sobre as relações humanas, pela

passividade da mulher, pelas intervenções (a maioria desnecessárias) para abreviar

o tempo do nascimento, poderá facilmente levar a mulher a optar por uma cesariana

previamente marcada, na concepção de que estará mais segura e livre de todos os

riscos e sofrimentos (AQUINO, 2014).

Percebe-se, na prática, que muitas mulheres ainda chegam ao centro

obstétrico desconhecendo quesitos básicos sobre trabalho de parto e parto e sobre

seus direitos enquanto parturientes. O medo do desconhecido gera ansiedade e

consequentemente mais dor, além de todas as intercorrências relacionadas a esse

processo. A falta de informações as faz pensar que devem obedecer passivamente

a todas as ordens dos profissionais, o que descaracteriza o protagonismo que

possuem por direito.

Reflete-se acerca do etnocentrismo dominante na área da saúde, uma vez que muitos profissionais entendem que seu conhecimento deve ser a verdade absoluta. O fato de esse pensamento ser impregnado pela ideia de saber o melhor para as pessoas que estão sob seus cuidados, à revelia do corpo de conhecimentos, concepções e percepções sobre a gestação da própria mulher que está gestando, leva a dicotomização do cuidado e a atenção à saúde realizada pelo enfermeiro pode ser deficitária (ALVES et al., 2015, p. 266).

Já as parturientes bem informadas, têm identificado situações de violência

obstétrica que, no passado, eram consideradas “normais”, bem como a imposição

de procedimentos de rotina que não se amparam em evidências científicas. As

práticas que são claramente prejudiciais ou ineficazes são: o uso de enema de

rotina; uso liberal e rotineiro de episiotomia; toques vaginais repetidos ou frequentes;

tricotomia sem autorização; restrição hídrica e alimentar; uso rotineiro de posição

supina durante o trabalho de parto e exame retal (OMS, 1996 apud PÉREZ,

OLIVEIRA; LAGO, 2015).

Outras são as formas de violência obstétrica identificadas: omissão de

cuidado, palavras ou gestos de desprezo, ameaça ou reprimenda por parte dos

profissionais, episiotomia ou outro procedimento sem o consentimento da mulher e

de seu familiar, não autorização para a entrada do acompanhante no centro

obstétrico, entre outras (PARTO DO PRINCÍPIO, 2012).

Conforme Silva, Nascimento e Coelho (2015) para que a mulher tenha a

autonomia de realizar uma escolha consciente durante a parturição, um fator

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bastante relevante é a informação recebida desde o pré-natal. A informação é o

ponto chave para o seu empoderamento. O mesmo consiste em um processo

educativo destinado às usuárias e usuários dos serviços de saúde, objetivando

auxiliar a desenvolver os conhecimentos e atitudes necessários para que possam

assumir efetivamente a responsabilidade com as decisões a serem tomadas no que

se refere à sua saúde. Infelizmente, as consultas de pré-natal, raramente

contemplam esse aspecto.

No que diz respeito aos profissionais, a Diretriz Nacional de Assistência ao

Parto Normal (CONITEC, 2016) alerta que existe uma grande diversidade de

práticas clínicas nos diversos campos da atenção e, frequentemente, uma grande

variedade de condutas direcionadas ao manejo de situações semelhantes. Esta

diversidade de práticas pode colocar em risco a segurança das parturientes e seus

bebês já que, em muitos casos, não devem estar recebendo a assistência mais

adequada às suas necessidades e de acordo com as melhores evidências baseadas

em estudos científicos. Em outros casos também, podem estar sendo submetidas a

práticas diagnósticas e/ou terapêuticas com potencial de causar danos. Além disso,

a imensa expansão do conhecimento científico publicado nos últimos anos dificulta a

sua aquisição de forma rápida e eficiente pelos envolvidos na assistência. Muitos

problemas podem se originar na aplicação inadequada do conhecimento ou mesmo

na falta da aplicação da prática mais eficiente para lidar com situações específicas.

As informações que as gestantes recebem durante o pré-natal e o advento da

internet já estão provocando uma mudança de cultura no atendimento obstétrico

dentro das maternidades. Atitudes autoritárias e pouco gentis por parte dos

profissionais e a realização de procedimentos sem o consentimento da mulher ou de

seu acompanhante, não estão mais sendo facilmente tolerados. Cada vez mais, elas

estão exigindo um cuidado centrado nas suas necessidades enquanto parturientes,

baseados nas evidências científicas. A mulher, em pleno uso de seu protagonismo,

desejará discutir e até mesmo escolher o que será feito com ela e seu bebê,

exigindo dos profissionais uma mudança de postura (menos autocentrada e

dominadora), bem como mudanças nas rotinas dos serviços.

15

O exercício da autonomia da parturiente requer que a mesma tenha alguns conhecimentos para que possa exercê-la com maior efetividade, tornando-a ativa nesse processo. Porém, isso não deve ser limitado à pessoa, mas sim compartilhado com os outros membros da família, sendo o companheiro nesse período o principal apoio; contudo, isso não significa que o mesmo esteja preparado para esse momento (FIGUEIREDO et al., 2010, p. 127).

Pérez, Oliveira e Lago (2015) apontam que para isto, as mesmas devem

possuir o saber e manterem-se unidas, para que desta forma essas relações de

poder tornem-se horizontais, comprometendo assim o ápice da pirâmide hierárquica

e colocando o fim nas relações tão desiguais e verticalizadas.

É provável que alguns enfermeiros (pré-natalistas ou atuantes em centros

obstétricos) não estejam acompanhando essa mudança de cultura entre as

mulheres ou estejam resistindo a ela. A falta de atualização por parte dos

profissionais pode ser também um obstáculo ao pleno protagonismo das mulheres

durante a parturição. É fundamental que ocorra uma desconstrução, por parte dos

profissionais, com relação à ideia de submissão da parturiente, seja por questões

relacionadas a gênero ou ao poder. Então, deve-se incentivar a adesão dos

profissionais para a educação continuada e o exercício da troca de saberes,

empíricos e técnicos, de onde só se apresentem somas e nenhuma perda (PÉREZ;

OLIVEIRA; LAGO, 2015).

De acordo Com o exposto, esse estudo buscou responder a seguinte questão

norteadora: “Qual é o papel do enfermeiro pré-natalista no empoderamento da

mulher para o processo de parturição? ”

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3 OBJETIVOS

3.1 Objetivo Geral

Esclarecer o papel do enfermeiro pré-natalista no empoderamento da mulher

para o processo de parturição.

3.2 Objetivos Específicos

a) Apresentar a importância do papel educativo do enfermeiro pré-natalista na

Atenção Primária;

b) Identificar os principais pontos de fragilidade dos enfermeiros pré-natalistas,

no que diz respeito à preparação das gestantes para o processo de parturição

segundo os autores pesquisados;

c) Sugerir estratégias que possam ser utilizadas pelo enfermeiro pré-natalista

para estimular o protagonismo da mulher em seu processo de parturição.

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4 REFERENCIAL TEÓRICO

A seguir será apresentado o referencial teórico que serviu de base para o

estudo.

4.1 A realidade obstétrica atual no Brasil

Segundo Freitas et al. (2012) apesar da redução importante da mortalidade

infantil no Brasil nas últimas décadas, os indicadores de óbitos neonatais

apresentaram uma velocidade de queda aquém do desejado. Um número

expressivo de mortes ainda faz parte da realidade social e sanitária de nosso País.

Tais mortes ainda ocorrem por causas evitáveis, principalmente no que diz respeito

às ações dos serviços de saúde e entre elas, a atenção pré-natal.

As mortes maternas podem ser classificadas como obstétricas diretas ou

indiretas. As mortes diretas resultam de complicações surgidas durante a gravidez, o

parto ou o puerpério (período de até 42 dias após o parto), decorrentes de

intervenções, omissões, tratamento incorreto ou de uma cadeia de eventos

associados a qualquer um desses fatores. As mortes indiretas decorrem de doenças

preexistentes ou que se desenvolveram durante a gestação e que foram agravadas

pelos efeitos fisiológicos da gestação, como problemas circulatórios e respiratórios

(FREITAS et al., 2012).

Outro ponto importante sobre a realidade obstétrica brasileira trata do

excesso de cesarianas. Conforme Weidle et al. (2014) esse procedimento teve seu

surgimento por uma necessidade médica e, com o passar do tempo, foi sendo

aprimorada com novas técnicas cirúrgicas, anestesia, assepsia, antibiótico e terapia.

Certamente houve redução nas taxas de mortalidade e sequelas neonatais e

maternas, principalmente nos casos advindos de partos distócicos. Mas com o

passar do tempo houve um crescimento na incidência da cesariana, com

precocidade nas indicações, criando um incremento na morbidez e nos custos,

transformando o que era uma solução em um problema.

Weidle et al. (2014) apontam que as cesarianas têm taxas que variam

consideravelmente conforme a diversos fatores, associados ou não, como gestação

de alto risco, fatores culturais, sociais, entre outros. O procedimento é realizado em

maior número nas populações de poder aquisitivo mais elevado, atendidas por

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planos de saúde privados, em zonas urbanas, e mais acessibilidade ao atendimento

médico especializado em obstetrícia. Este procedimento está aumentando nos

últimos anos, principalmente na Região Sul do Brasil, com proporções acima de 15%

dos partos realizados, muito além do recomendado pela Organização Mundial da

Saúde (OMS).

Com o aumento do número de cesarianas em jovens primíparas, tem sido observada associação com maior incidência de parto cesáreo para as próximas gestações. Esse fato contribui entre 15 e 45% de todos os nascimentos. Em estudo realizado no Hospital Universitário de São Paulo com 1.748 partos ocorridos na clínica obstétrica, de abril a dezembro de 2001, foi observado que entre os 1.274 casos de pacientes sem antecedentes de cesárea anterior, 690 (54,2%) evoluíram com parto vaginal. Quando a paciente apresentava antecedente de cesárea (290 casos), o parto vaginal ocorreu em apenas 23,4% (68 casos). Apesar de 97% das mulheres grávidas no Brasil receberem o pré-natal e 99% dos nascimentos ocorrerem em hospitais, os problemas persistem com a qualidade dos cuidados prestados (WEIDLE et al., 2014, p. 47).

Weidle et al. (2014) afirmam ainda que a correta indicação de cesáreas traz

vantagens, mas quando indicada sem critérios bem-definidos, traz mais riscos para

mães e recém-nascidos. Por se tratar de uma cirurgia como qualquer outra, pode

implicar em complicações anestésicas, acidentes operatórios e problemas

relacionados à transfusão de sangue e infecções. Existem ainda outros problemas

que podem interferir nos cuidados com os recém-nascidos, em razão da fragilidade

física que acarretam, podendo comprometer a relação mãe-filho.

O Brasil é um país que apresenta altos índices de cesárea. Segundo

Ministério da Saúde, em 2010, aproximadamente 52% dos partos realizados foram

cirúrgicos e essa taxa cresce a cada dia, sendo mais prevalente na rede privada. No

entanto, pesquisas mostram que a maioria das mulheres que realizam cesáreas não

participam do processo de decisão de qual procedimento será utilizado, e ainda

afirmam ter preferência pelo parto normal. Muitas são as queixas relatadas sobre os

efeitos desse procedimento cirúrgico e sua inadequada realização, e esse fato o

torna uma violência contra as mulheres quando os recém-nascidos são afastados de

suas mães após o procedimento, impossibilitando o estabelecimento de um vínculo

mãe e filho após o parto, além de que a anestesia é insuficiente em alguns casos, o

que torna o processo em algo traumático para a mulher (WEIDLE et al., 2014).

O Programa Rede Cegonha instituído pelo governo federal em 2011, no

âmbito do SUS, consiste numa rede de cuidados que visa assegurar à mulher, o

direito ao planejamento reprodutivo e à atenção humanizada à gravidez, ao parto, ao

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puerpério e ao abortamento, assim como o direito da criança ao nascimento seguro

e ao crescimento e ao desenvolvimento saudável. O Art. 6o da Portaria prevê

direitos garantidos à gestante: ampliação do acesso, acolhimento e melhoria da

qualidade do pré-natal, transporte tanto para o pré-natal quanto para o parto,

vinculação da gestante à unidade de referência para assistência ao parto -

realização de parto e nascimento seguros, através de boas práticas de atenção,

acompanhante no parto, de livre escolha da gestante, atenção à saúde da criança

de 0 a 24 meses com qualidade e resolutividade e acesso ao planejamento

reprodutivo (BRASIL, 2012).

Para Rodrigues et al. (2015) a regulamentação da Rede Cegonha, em 2011,

traz a proposta de qualidade da assistência às mulheres, através de investimentos

dos Estados e Municípios para a construir e adequar as maternidades conforme a

Resolução de Diretoria Colegiada nº 36 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária

(ANVISA), vigente nos serviços obstétricos, para garantir vinculação e acesso das

mulheres às maternidades desde o pré-natal. Apesar da proposta do governo, as

mulheres seguem em peregrinação no processo reprodutivo, e desse modo, a

qualidade dos serviços obstétricos torna-se um importante indicador para a saúde da

mulher.

Rodrigues et al. (2015) afirmam que a peregrinação da mulher é considerada

violência obstétrica pois está relacionada ao seu processo reprodutivo e à anulação

dos seus direitos. Resultado da precariedade do sistema de saúde, essa forma de

violência obstétrica restringe o acesso aos serviços oferecidos, levando muitas

mulheres em trabalho de parto a vivenciarem uma verdadeira jornada na busca de

uma vaga na rede pública hospitalar, arriscando suas vidas e as de seus conceptos

caso esse atendimento não ocorra no tempo necessário, implicando em desfechos

negativos do parto e o aumentando os índices de morte materna e neonatal.

No panorama atual também ocorrem muitas situações de violência obstétrica.

Conforme Pereira et al. (2016) é recorrente situações de abuso, desrespeito,

negligência e maus tratos vivenciadas por gestantes no pré-natal e durante o

trabalho de parto. Apesar dessas violações terem chances de acontecer em

qualquer fase da gestação, é no parto que essas mulheres se encontram mais

frágeis e suscetíveis a tais acontecimentos. Ao contrário de outros procedimentos

que precisam de assistência hospitalar, o parto é um processo fisiológico que

necessita de cuidados e acolhimento. Porém, esse momento especial da vida de

20

uma mulher tem sido alvo de agressões físicas, verbais e falta de respeito quanto ao

direito de escolha por parte das parturientes. Deve-se destacar que, segundo alguns

estudos, a violência se dá através de gritos, procedimentos dolorosos sem

consentimento ou informação, falta de analgesia e até negligência.

Pereira et al. (2016) apontam que, segundo um dossiê elaborado pela Rede

Parto do Princípio (2012) para a CPMI da Violência Contra as Mulheres, existem

alguns tipos de ações configurativas da violência obstétrica (VO) : 1) física: quando

são realizadas práticas invasivas, administra-se medicações não justificadas pelo

estado de saúde da parturiente ou de quem irá nascer, ou quando não se respeita o

tempo ou as possibilidades de parto biológico;  2) psíquica: refere-se ao tratamento

desumanizado, grosseiro, humilhação e discriminação. Além disso, cabe nesta

classe a omissão de informações sobre a evolução do parto; 3) sexual: toda ação

imposta à mulher que viole sua intimidade ou pudor, incidindo sobre seu senso de

integridade sexual e reprodutiva, podendo ter acesso ou não aos órgãos sexuais e

partes íntimas do seu corpo.

Para Silva et al. (2014) a Enfermagem Obstétrica pode fazer uma grande

diferença nestas condutas posturais e violentas. Segundo a Organização Mundial da

Saúde e reafirmado pelo Ministério da Saúde é a categoria profissional mais

preparada para a mudar este cenário histórico brasileiro e consolidar uma

assistência segura ao processo de parto e nascimento, por conta de sua formação

mais holística e focada na fisiologia e no cuidado.

Conforme Silva et al. (2014) esta humanização deve começar na primeira

consulta de pré-natal, pois uma gestante que tenha recebido um bom preparo nesta

fase seja, por orientações adequadas, participações em grupos de gestantes e até

mesmo acesso e reflexão de materiais informativos, chegam mais preparadas aos

hospitais: emocionalmente, socialmente, fisicamente e possuem o conhecimento de

seus direitos legais.

Basso, Neves e Silveira (2012) apontam que a probabilidade de óbito

neonatal reduz significativamente à medida que aumenta a frequência do número de

consultas pré-natais. Nessa ótica, a morbimortalidade materna e perinatal está

relacionada com a inadequação da assistência preconizada pela Política de

Humanização Parto e Nascimento. Estudo abordando a mortalidade infantil evitável

evidenciou que houve um aumento de 28,3% das mortes relacionadas à inadequada

atenção à mulher na gestação, havendo também crescimento de 28,2% do

21

coeficiente de mortalidade dos transtornos relacionados à gestação de curta duração

e baixo peso ao nascer.

Basso, Neves e Silveira (2012) ressaltam que o enfermeiro possui papel

determinante na adesão às políticas públicas e, consequentemente, na melhoria da

qualidade da assistência pré-natal, em razão de estar inserido em todos os níveis de

atenção em saúde à mulher e a criança. Assim, pode agir em equipe, atuando

efetivamente na humanização do cuidado, com a finalidade da redução dos índices

de morbimortalidade infantil.

Ainda segundo Basso, Neves e Silveira (2012) recomenda-se que os

enfermeiros, como profissionais comprometidos com a promoção da saúde, visem

estratégias que permitam o acolhimento e o acesso da gestante ao

acompanhamento pré-natal com qualidade, atendendo as necessidades de saúde

do binômio mãe-bebê. Nesse sentido, acredita-se que, a partir do momento em que

a gestante é assistida de forma adequada, é possível minimizar os agravos à saúde

do recém-nascido, proporcionando assistência de qualidade à mãe e ao neonato.

Guerra et al. (2016) mostram que no quadro atual de atenção obstétrica, com

elevadas taxas de cesariana e práticas inadequadas na assistência ao parto normal,

é fundamental que a gestante receba informações sobre seus direitos

(acompanhante de sua escolha, vinculação ao local do parto, acesso a boas práticas

de cuidado no parto e nascimento), possibilitando o fortalecimento da sua

autonomia, protagonismo e confiança nos processos naturais da gestação, parto e

amamentação.

4.2 A consulta de pré-natal

Para Alves et al. (2015) é necessário valorizar a contribuição dos enfermeiros

para a promoção da maternidade segura, sendo que o pré-natal de qualidade exige

conhecimentos e habilidades específicos, tanto da fisiologia quanto dos aspectos

socioculturais das mulheres. É possível perceber que, quando são respeitados os

valores e crenças das gestantes, elas se apresentam mais dispostas para se

envolverem no próprio cuidado e depositam confiança no profissional que presta o

atendimento. Enxergam de forma positiva a consulta de enfermagem do pré-natal

realizada na atenção básica de saúde, principalmente quando se privilegia o

acolhimento e a escuta.

22

O Manual de Pré-Natal de Baixo Risco (BRASIL, 2012) se refere a consulta

de enfermagem como uma atividade independente, realizada privativamente pelo

enfermeiro, tendo como objetivo propiciar condições para a promoção da saúde da

gestante e a melhorar sua qualidade de vida, através de uma abordagem

contextualizada e participativa. O profissional enfermeiro pode acompanhar

inteiramente o pré-natal de baixo risco na rede básica de saúde, de acordo com o

Ministério de Saúde e conforme garantido pela Lei do Exercício Profissional,

regulamentada pelo Decreto nº 94.406/87.

Conforme Brasil (2012) na consulta de enfermagem, além da competência

técnica, o enfermeiro deve demonstrar interesse pela gestante e pelo seu modo de

vida, ouvindo suas queixas e considerando suas preocupações e angústias. Para

isso, o enfermeiro deve fazer uso de uma escuta qualificada, a fim de proporcionar a

criação de vínculo. Assim, ele poderá contribuir para a produção de mudanças

concretas e saudáveis nas atitudes da gestante, de sua família e comunidade,

exercendo assim papel educativo. Os enfermeiros e os enfermeiros obstetras (estes

últimos com titulação de especialistas em obstetrícia) estão habilitados para atender

ao pré-natal, aos partos normais sem distócia e ao puerpério em hospitais, centros

de parto normal, unidades de saúde ou em domicílio. Caso haja alguma

intercorrência durante a gestação, os referidos profissionais deverão encaminhar a

gestante ao médico para dar continuidade a assistência.

Prestar assistência humanizada à mulher desde o início de sua gravidez – período quando ocorrem mudanças físicas e emocionais, época que cada gestante vivencia de forma diferente – é uma das atribuições da enfermagem nas equipes de Atenção Básica. Outras atribuições são também a solicitação de exames complementares, a realização de testes rápidos e a prescrição de medicamentos previamente estabelecidos em programas de saúde pública (como o pré-natal) e em rotina aprovada pela instituição de saúde. (BRASIL, 2012, p.51).

O roteiro da primeira consulta de pré-natal inclui anamnese e exame físico

completos, destacando-se aspectos epidemiológicos, antecedentes familiares e

pessoais sendo fundamental atentar para antecedentes obstétricos. Os aspectos

socioculturais, uso de drogas, violência doméstica, segurança, vulnerabilidade,

aceitação da gravidez, entre outras informações são fundamentais. Nas consultas

seguintes foca-se mais nos aspectos específicos da gestação questionando sempre

acerca das perdas vaginais, contrações uterinas e movimentação do feto. É

necessário também dar atenção especial aos aspectos emocionais associados a

23

gestação pois a tranquilidade nas relações familiares, do casal e dos filhos são

importantes para a mulher. A participação do companheiro nas consultas deve ser

estimulada. Responder aos anseios e dúvidas da mulher e de seu parceiro e orientá-

los sobre sinais e sintomas referentes a cada período gestacional fazem parte do

atendimento (FREITAS et al., 2012).

Nas consultas de enfermagem as pacientes recebem orientações adicionais e

são abordados assuntos como: higiene, alimentação, amamentação e cuidados com

o bebê. É estimulada a participação nos cursos de gestante e destacada a

importância da carteira de pré-natal e a necessidade de tê-la consigo para qualquer

atendimento de saúde (FREITAS et al., 2012).

Conforme Brasil (2012) as atribuições do Enfermeiro no pré-natal incluem

orientar as mulheres e suas famílias sobre a importância do pré-natal, da

amamentação e da vacinação e realizar o cadastramento da gestante no

SisPreNatal, fornecendo o Cartão da Gestante devidamente preenchido (o cartão

deve ser verificado e atualizado a cada consulta). A ele também compete realizar a

consulta de pré-natal de gestação de baixo risco intercalada com a presença do (a)

médico (a), solicitar exames complementares de acordo com o protocolo local de

pré-natal, realizar testes rápidos e prescrever medicamentos padronizados para o

programa de pré-natal (sulfato ferroso e ácido fólico, além de medicamentos

padronizados para tratamento das DST, conforme protocolo da abordagem

sindrômica) e orientar a vacinação das gestantes (contra tétano e hepatite B).

Brasil (2012) afirma que ao enfermeiro também cabe identificar as gestantes

com algum sinal de alarme e/ou identificadas como de alto risco e encaminhá-las

para consulta médica. Caso seja classificada como de alto risco e houver dificuldade

para agendar a consulta médica (ou demora significativa para este atendimento), a

gestante deve ser encaminhada diretamente ao serviço de referência. A atuação do

enfermeiro também abrange a realização do exame clínico das mamas e coleta para

exame citopatológico do colo do útero bem como desenvolver atividades educativas,

individuais e em grupos (grupos ou atividades de sala de espera); orientar as

gestantes e a equipe quanto aos fatores de risco e à vulnerabilidade; orientar as

gestantes sobre a periodicidade das consultas e realizar busca ativa das gestantes

faltosas; realizar visitas domiciliares durante o período gestacional e puerperal,

acompanhar o processo de aleitamento e orientar a mulher e seu companheiro

sobre o planejamento familiar.

24

O período gestacional representa uma fase de aprendizado para a mulher e

sua família, como afirma Brasil (2012) sendo um momento de intensas

transformações físicas e psicológicas, necessitando, assim, de um cuidado

qualificado e humanizado. Nessa linha de pensamento, a compreensão da cultura

da gestante direciona a atenção de sua saúde para o núcleo familiar e social ao qual

pertence, oportunizando ao enfermeiro a possibilidade de desconstruir o paradigma

biologicista e promover um cuidado de enfermagem holístico e integral. Sob esse

olhar, entende-se cultura como os valores, as crenças, as normas e os modo de

viver de um determinado grupo, aprendidos, compartilhados e transmitidos, que

passam a guiar as decisões e os pensamentos de forma padronizada.

No ponto de vista de Brasil (2012) entende-se que quando ocorre dinamismo

nas relações entre os atores do cuidado de enfermagem, as crenças e os valores

são considerados, favorecendo o envolvimento da gestante nos cuidados com sua

saúde. Assim ocorre a valorização cuidado de enfermagem frente àquela gestante,

colocando-se como uma profissão que possui a arte do cuidar em sua essência.

Então, no tocante ao processo comunicacional, gerado na interação entre os

enfermeiros e seus clientes, percebe-se que por meio do diálogo e dos atos

cotidianos que ocorrem nas relações interpessoais, há margem para a produção do

cuidado em saúde.

Ao falar da participação ativa das mulheres, está implicada a necessidade de haver, previamente, uma tomada de consciência dessas sobre as práticas que serão utilizadas e também de receberem estímulos por parte da equipe de saúde para participarem. Para isso, as mulheres devem ser encorajadas a atuar como peça-chave do evento parturitivo. (SILVA; NASCIMENTO; COELHO, 2015, p 7).

Para Silva, Nascimento e Coelho (2015) a autonomia pode ser vista como

sendo um processo de relação entre as usuárias e os serviços de assistência à

saúde e consigo mesmas de forma que se tornam capazes de modificar as relações

de poder. O pré-natal focado no empoderamento diz respeito aos meios por meio

dos quais as mulheres possam atuar, juntamente com as enfermeiras, na

assistência de enfermagem, cogerindo seus interesses.

25

4.3 Perspectivas na mudança de cultura das mulheres com relação aos seus

partos

Um assunto cada vez mais difundido nos meios de comunicação e nas redes

sociais é o parto humanizado. Este tem sido procurado por um número crescente de

mulheres, o que indica estar diretamente relacionado à aquisição de informações

sobre o tema por parte das gestantes e de sua rede de convivência. O aumento

crescente no número de cesarianas desnecessárias e a violência obstétrica estão

sendo difundidas nas redes sociais, levando à ampliação no movimento de mulheres

pela humanização do parto e nascimento, além de mudanças nas políticas públicas,

buscando qualificar o modelo obstétrico brasileiro (COREN-SC, 2016).

O excesso de intervenções desconsiderou os aspectos emocionais, humanos

e culturais envolvidos no processo, esquecendo que a assistência ao nascimento se

reveste de um caráter particular que vai além do processo de doença e morte.

Quando as mulheres procuram ajuda, além de se preocuparem com a sua saúde e a

do seu filho ou filha, estão também buscando uma compreensão mais ampla e

abrangente da sua situação, pois para elas e suas famílias o momento da gravidez e

do parto, em particular, é único na vida e de importância emocional. A experiência

que vivenciarem neste momento pode deixar marcas indeléveis, positivas ou

negativas, para o resto das suas vidas.

Historicamente, o movimento pela humanização passou a ser divulgado no

Brasil com a criação da ReHuNa (Rede pela Humanização do Parto e Nascimento),

em 1993. Seu principal objetivo é a divulgação de assistência e cuidados perinatais

com base em evidências científicas e em conformidade com as recomendações da

Organização Mundial de Saúde. Entre outras propostas, a ReHuNa busca dirigir-se

a mulheres, homens e sociedade civil, profissionais de diversas áreas e

representantes das políticas públicas para mostrar os riscos das práticas obstétricas

inadequadamente intervencionistas, o resgate do nascimento como evento

existencial, sociocultural com amplas repercussões pessoais, revalorizar o

nascimento humanizado, incentivar as mulheres a assumir seu protagonismo, aliar

conhecimento técnico-científico a práticas humanizadas de assistência (RATTNER,

2009).

A busca pela mudança cultural também é observada por Andrade e Cândido

(2014) através das várias contribuições de ativistas da Rede pela Humanização do

26

Parto e Nascimento (ReHuNa): gestão do cuidado, apontando como deveria e

poderia ser um atendimento focado no bem-estar das mulheres, bebês e suas

famílias; Difusão de conhecimentos, por produção de material, realizando eventos

ou organizando campanhas; Contribuição para a formulação de políticas públicas

referentes ao tema; Resistir contra as diversas tentativas de coibir o exercício

humanizado do cuidado por forças que se beneficiam com o paradigma que

prevalece e a ousadia de buscar mudar o paradigma na atenção.

Andrade e Cândido (2014) apontam que, no que tange ao respeito à defesa

do exercício profissional humanizado, destaca-se que novos paradigmas sempre

encontrarão resistência, principalmente de quem se beneficia com o atual estado da

assistência. Nas pautas da ReHuNa, desde sua fundação, estão a diversidade de

locais para o parto; a prestação de cuidados por obstetrizes; a presença de

acompanhante de escolha; e outras. Tais propostas certamente incomodaram

alguns setores que têm buscado impedir a existência e o funcionamento dos centros

de parto normal. Recentemente, à medida que o movimento cresce e se consolida,

aumentam os enfrentamentos, principalmente nas esferas locais, onde o confronto

de paradigmas está expresso no cotidiano: médicos contra enfermeiras ou doulas,

instituições privadas que impedem médicas humanizadas de atender partos no

quarto etc. A ReHuNa defende os interesses das mulheres e profissionais, tanto no

plano individual, como no político e social em geral, com resultados positivos ao

movimento.

Rattner (2009) fala que as ‘Amigas do Parto’, uma ONG de usuárias ou

clientes de serviços, exerce importante papel difundindo informações e formando

opiniões, buscando o empoderamento das mulheres. Surgiu em 2001 e oferta

cursos para profissionais, disponibiliza banco de teses e artigos e objetiva mobilizar

as mulheres na defesa de sua integridade corporal e psicológica. Outras

organizações atuam na mudança do paradigma: a Abenfo, mobilizando enfermeiros

obstetras; a Associação Nacional de Doulas (ANDO), e, atualmente, há ONGs com

atuação local, a exemplo da ‘Bem Nascer’, de Belo Horizonte. Ocorreram também

articulações bem-sucedidas com o legislativo. A Lei 11.108 (BRASIL, 2005), ‘Lei do

Acompanhante’, projeto com base na proposição da ReHuNa, garante às mulheres a

presença de acompanhante durante o trabalho de parto, no parto e no pós-parto

imediato. E a Rede Nacional de Parteiras Tradicionais reúne parteiras que

reivindicam o reconhecimento de seu trabalho. Praticamente inexistente há dez

27

anos, atualmente é rica a difusão de informação, por parte de ativistas, em livros,

trabalhos científicos ou vídeos, e proliferam sites, blogs e espaços virtuais. A lista de

discussão <[email protected]>, moderada por Fadynha

(doula, educadora perinatal e articuladora dos anuais Encontros de Gestação e

Parto Natural Conscientes) foi pioneira, possui mais de oitocentos assinantes, mas

há outras: partonosso, materna, partohumanizado-rs, gestarbeminterior-sp.

Silva, Nascimento e Coelho (2015) mostram que considerando a assistência

obstétrica focada na parturiente é fundamental respeitar o direito à autonomia da

mulher, informações de qualidade a seu acesso e que dentro do processo parturitivo

a participação ativa da mulher ocorra. Para promover o protagonismo da mulher a

fim de perceber o parto não somente como processo natural e fisiológico, mas um

parto um parto participado e consciente é necessário que se utilize esses fatores em

conjunto pela equipe de saúde direcionado ao atendimento à mulher.

Segundo Rattner (2009) no começo da década de 1990 no Brasil, a

informação que circulava na sociedade resultante da atuação de ativistas pela

humanização deixava claro que o modelo de atenção a Nascimento e Parto era

inadequado, com excessivas intervenções e desrespeito aos direitos da mulher.

Além de experiências pioneiras herdadas da década anterior, já existiam iniciativas

isoladas de humanização na atenção a Nascimento e Parto se institucionalizando no

Hospital Sofia Feldman (Belo Horizonte), no Hospital São Pio X (Ceres, Goiás), e

outras. Assumidamente como política pública, pioneira foi a Secretaria Municipal do

Rio de Janeiro que, como símbolo de sua política prómulheres ousada, em 1994,

nomeou Maternidade Leila Diniz o hospital laboratório de inovação nas práticas de

atenção.

Um exemplo de potencialidade é o movimento que possui grande força na

mídia e na rede social chamado “Parto do Princípio”. Trata-se de uma rede de

mulheres de várias regiões do Brasil, usuárias do Sistema Único de Saúde, que

desde 2006 luta pela promoção da autonomia das mulheres, tendo como principal

eixo de atuação a defesa e a promoção dos direitos sexuais e reprodutivos, em

especial no que se refere à maternidade consciente. Atua na articulação de

mulheres nos planos local, regional e nacional por meios virtuais (redes sociais e e-

mails) e presenciais. A rede também possui grupos de apoio (GAPPs) - grupos de

apoio presencial para gestantes e casais, alinhados com os valores da Parto do

28

Princípio. Por enquanto, a Rede GAPP tem mais de sessenta grupos presenciais,

atendendo mais de trinta cidades brasileiras (PARTO DO PRINCÍPIO, 2012).

Um movimento de grande repercussão foi a Marcha do Parto em Casa. Em

2012, foi apresentada em um programa uma matéria sobre parto domiciliar, em que

foi exibido um vídeo com mais de dois milhões de visualizações em que um

professor de Obstetrícia da Universidade Federal de São Paulo comentava sobre

evidências científicas acerca da escolha de um parto domiciliar. No dia seguinte, o

Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro (Cremerj) demonstrou sua

intenção de denunciar esse médico ao Conselho Regional de Medicina de São

Paulo, para punir seu posicionamento favorável ao parto domiciliar. Ocorreu grande

articulação nas redes sociais, principalmente da parte da entidade Parto do Princípio

– Mulheres em rede pela maternidade ativa, repudiando à decisão arbitrária dos

Conselhos de Medicina em punir profissionais que compreendem ser da mulher a

decisão sobre o local do parto. Para tanto, as mulheres sensibilizadas idealizaram a

Marcha do Parto em Casa (MPC), defendendo além do direito à liberdade de

escolha, liberdade de opinião, pela humanização do Parto e Nascimento e por

melhores das condições da assistência obstétrica e neonatal no País. Também

exigiam que algo fosse feito em relação às elevadas taxas de cesarianas que

posicionam o Brasil entre os primeiros colocados do ranking mundial (BRASIL,

2014).

A Marcha do Parto em Casa foi organizada em três dias, por meio de redes

sociais, e realizada nos dias 16 e 17 de junho, com manifestações em 31 cidades do

Brasil e uma no exterior, com o intuito de afirmar os direitos das mulheres a escolhas

informadas, à sua integridade física e a experiência saudável de parto. Nela, foi

distribuída uma Carta Aberta à Sociedade. Paralelamente, foi lançada na internet

petição de apoio ao profissional. Salienta-se que já estava disponível na internet

outra petição, reivindicando debate cientificamente fundamentado sobre o local de

parto. As organizadoras das marchas destacam o conflito de interesse do Cremerj

na perpetuação de modelo violento de parto, objetivando impedir o direito de escolha

das mulheres, violando os direitos reprodutivos das mesmas (BRASIL, 2014).

Outra contribuição para essas mudanças foi a Resolução Normativa 368/2015

da ANS (Agência Nacional de Saúde), pois no setor suplementar encontramos um

nível excessivo de nascimentos realizados por cesariana. A Resolução da ANS

possibilita à mulher a oportunidade de considerar estes fatores de risco antes de

29

decidir pela via de parto cirúrgico. Dentre as medidas estão: -Informação dos índices

de cesariana das maternidades e dos médicos, assim a gestante poderá optar por

um profissional e por um estabelecimento que tenham menores taxas de cesariana e

assim aumentar as chances de ela ter um parto normal; -Cartão da Gestante e Carta

de Informação à Gestante. O Cartão da Gestante é um instrumento para registro dos

dados e a Carta de Informação à Gestante contém as informações sobre a

Resolução e os direitos a respeito do seu parto; -Partograma: identifica algum

Problema que justifique o uso da cesariana. Como só pode ser preenchido durante o

trabalho de parto, visa a evitar as cirurgias sem indicação clínica tendo como

desfecho bebês prematuros (ARTEMIS, 2016).

Na iniciativa de ampliar o debate sobre questões relacionadas ao nascimento

no Brasil surge o projeto “Sentidos do Nascer”, que lança um olhar crítico ao cenário

da hipermedicalização do parto, da perda do protagonismo da mulher e da utilização

do parto como um negócio. Pretende mostrar ao público outra experiência do

nascimento e desmistificar percepções sustentadas pelo senso comum, reverter

práticas inadequadas de violência obstétrica. Tem a intenção de buscar uma

mudança cultural garantindo o bem-estar e os direitos da mulher e da criança no

momento do parto e nascimento. Sentidos do Nascer é financiado pelo CNPq,

Ministério da Saúde e Fundação Bill & Mellinda Gates, unindo arte, ciência e

tecnologia. Aplica metodologias de pesquisa-ação para promoção de

transformações nas representações sociais sobre o parto e nascimento e para

analisar as implicações da exposição no olhar dos visitantes (SENTIDOS DO

NASCER, 2016).

Para Silva, Nascimento e Coelho (2015) a informação que a mulher recebe é

fundamental para que ela possa fazer uma escolha consciente com autonomia.

Podemos dizer que ao ter acesso às informações as mulheres tornam-se

empoderadas. Ajudar as usuárias dos serviços de saúde a desenvolver seus

conhecimentos, atitudes, habilidades e autoconhecimento para que possam assumir

a responsabilidade com as decisões a serem tomadas no que se refere a sua saúde

é o objetivo do empoderamento.

30

O empoderamento compreende a alteração radical dos processos e estruturas que reduzem a posição de subordinada das mulheres como gênero”. Logo, tirar as dúvidas das mulheres fornecendo-as informações adequadas e instituindo um ciclo de confiança, têm como consequências relações mais harmoniosas e a possibilidade de fazer escolhas com mais autonomia, favorecendo o protagonismo no processo de parto (SILVA; NASCIMENTO; COELHO, 2015, p 7).

Para Suárez-Cortês et al. (2015) a importância dos planos de parto se baseia

no respeito ao Princípio Bioético de Autonomia, para que as mulheres tenham maior

controle sobre o processo do parto, auxiliando na produção de um efeito positivo

sobre a satisfação, sendo ferramenta importante no preparo para o parto e

reduzindo “os medos” da mulher graças à informação e comunicação

proporcionadas; estabelecendo um processo de reflexão para as mulheres.

Políticas sociais são estruturadas como resposta às reivindicações sociais, já que a função dos governos é equilibrar os interesses dos diversos segmentos sociais. Em geral, quando essas vozes não se fazem ouvir, são ignoradas nas políticas públicas. E os movimentos sociais crescem e se desdobram em movimentos de doulas, de parteira urbana, de parteiras tradicionais e o fulcro da assistência, o movimento das mulheres, que se evidencia nas marchas do parto (RATNER et al., 2014, p. 127).

Como aponta Figueiredo et al. (2010), o enfermeiro, profissional atuante no

cuidado à saúde, realiza atividades de educação promovendo a autonomia da

gestante, permitindo a compreensão das modificações que ocorrem no organismo e

como lidar com as mesmas, fornecendo-lhe e permitindo o direito à cidadania.

Dessa forma, esse profissional está exercendo a cidadania, visto que realiza o dever

profissional e promove o direito da gestante. O enfermeiro precisa conhecer o

passado e o presente obstétrico e iniciar uma relação de escuta e confiança com a

gestante, preparando a mulher para receber e colocar em prática as orientações

necessárias para a saúde dela e do bebê. As orientações fornecidas durante o pré-

natal são de extrema importância, pois preparam a mulher para o período

gestacional, o trabalho de parto e os cuidados com si mesma e com o neonato. No

trabalho de parto e seu desfecho, a presença dessas orientações se tornam

evidentes, visto que permitem à mulher sentir-se segura e confiante durante esse

processo. Tais orientações oportunizam à mulher a aquisição de autoridade sobre o

trabalho de parto.

Rattner (2009) explica, para que mudanças efetivamente ocorram, se fazem

necessárias parcerias intra e extrainstitucionais na totalidade dos níveis do sistema,

31

entre serviços e sociedade civil, com organização efetiva do controle social. A busca

por um atendimento humanizado nos serviços de saúde é projeto para a sociedade

como um todo, e constitui-se em um grande avanço no sentido da equidade como

direito de cidadania.

32

5 METODOLOGIA

A seguir serão demonstrados os passos metodológicos para o estudo.

5.1 Tipo de Estudo

Trata-se de um estudo de abordagem qualitativa em forma revisão de

literatura sobre o enfermeiro pré-natalista no empoderamento da mulher para o

processo de parturição, cujos objetivos específicos são: apresentar o papel

educativo do enfermeiro pré-natalista na atenção primária, identificar os principais

pontos de fragilidade dos enfermeiros pré-natalistas no que se refere ao preparo da

gestante para o parto, e sugerir estratégias que possam ser utilizadas pelo

enfermeiro pré-natalista para estimular o protagonismo da mulher em seu processo

de parturição.

O método qualitativo foi escolhido porque permite explorar a literatura já

existente acerca do tema, observando sua recorrência e problemas encontrados.

Para Moreira (2004) os trabalhos de revisão de literatura são estudos que

analisam a produção bibliográfica em determinada área temática, dentro de um

recorte de tempo, fornecendo uma visão geral ou um relatório sobre um tópico

específico, evidenciando novas ideias, métodos, subtemas que têm recebido maior

ou menor ênfase na literatura selecionada.

5.2 Delimitação do Estudo

A seguir serão discriminados os critérios de inclusão e exclusão que serviram

de delimitação para o estudo.

Critérios de inclusão:

a) Os bancos de dados escolhidos para o levantamento das publicações

científicas foram o LILACS e o MEDLINE.

b) O período de publicação estabelecido foi entre os anos de 2012 a 2016.

c) Os materiais selecionados deveriam estar disponíveis na língua portuguesa.

d) As publicações deveriam apresentar-se em texto completo.

33

e) Os objetivos propostos deveriam estar contemplados.

Critérios de exclusão:

a) Artigos, teses e/ou dissertações com datas anteriores a 2012.

b) Artigos, teses e/ou dissertações que não contribuíram para os objetivos

propostos.

5.3 Coleta e Análise de dados

Para a coleta dos dados foram seguidas as etapas recomendadas por Gil

(2012, p. 45). Inicialmente foi escolhido o tema de pesquisa conforme sua

relevância, foi realizado o levantamento da literatura de base para a fundamentação

teórica, foram formulados o problema de pesquisa e os objetivos a serem

alcançados. Os descritores cruzados em cada banco de dados foram consultados e

selecionados no DECS (): Atenção Primária de Enfermagem; Cuidado Pré-Natal;

Educação em Enfermagem; Gestantes; Parto.

O primeiro cruzamento dos descritores ocorreu no banco de dados LILACS

onde foram encontrados inicialmente um total de cento e trinta e sete (137)

publicações, sendo que sete (7) foram selecionados para análise após a segunda

filtragem, ou seja, após leitura detalhada do conteúdo. O segundo cruzamento dos

descritores ocorreu no banco de dados MEDLINE onde foram encontrados

inicialmente um total de oitocentos e oitenta e três (883) publicações, sendo que

uma (1) foi selecionada para a análise. Salienta-se que a maioria das publicações

não se encontravam na língua portuguesa ou não respondiam aos propósitos do

estudo. Somando-se as publicações selecionadas no LILACS e no MEDLINE foram

selecionados para análise: oito (8) artigos.

A seguir, o quadro quantitativo das publicações levantadas e analisadas no

banco de dados:

34

Quadro 1 - Artigos levantados e analisados

Descritores

Número de

artigos total

LILACS

Número de

artigos total

Medline

Número de

artigos Lilacs

selecionados

Número de

artigos Medline

selecionados

Educação em

Enfermagem and

Atenção primária

de enfermagem

26 67 0 0

Educação em

enfermagem and

Cuidado pré-natal

3 15 0 0

Educação em

enfermagem and

Parto

4 4 0 0

Educação em

enfermagem and

Gestantes

2 0 0 0

Atenção primária

de enfermagem

and Cuidado Pré-

natal

5 9 1 0

Atenção primária

de enfermagem

and Parto

0 0 0 0

Atenção primária

de enfermagem

and Gestantes

2 0 0 0

Cuidado pré-natal

and Parto 32 177 2 0

Cuidado pré-natal

and Gestantes 34 507 1 1

Parto and

Gestantes 29 104 3 0

Total 137 883 7 1

Total para

análise 8

Fonte: Autoria própria, 2016.

35

A análise do conteúdo encontrado foi baseada na proposta temática de

Minayo (2014).

De acordo com Minayo (2014, p. 316) “fazer uma análise temática consiste

em descobrir os núcleos de sentido que compõem uma comunicação, cuja presença

ou frequência signifiquem alguma coisa para o objeto analítico visado”.

A análise temática desdobrou-se em três etapas:

• Pré-análise: etapa em que foram coletados os materiais e realizada uma

leitura mais abrangente dos artigos selecionados;

• Segunda fase: foi realizada uma leitura mais detalhada dos artigos,

destacando os principais pontos para a elaboração das categorias de

análise;

• Terceira fase: os resultados obtidos foram organizados em categorias de

análise.

A partir da análise temática emergiram três categorias de análise: A

importância do papel educativo do enfermeiro pré-natalista na Atenção Primária,

Principais pontos de fragilidade dos enfermeiros pré-natalistas na preparação a

gestante para o processo de parturição e Estratégias para o enfermeiro pré-natalista

estimular o protagonismo da mulher em seu processo de parturição.

5.4 Procedimentos Éticos

Os aspectos éticos foram respeitados. A pesquisadora referenciou cada

bibliografia de modo íntegro e fidedigno conforme o foco referido por seus autores.

Para a formatação foram seguidas as normas da ABNT e as diretrizes do Manual

Acadêmico do Unilasalle.

36

6 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Neste capítulo serão apresentados e discutidos os resultados obtidos com

este estudo.

6.1 Caracterização das publicações

O quadro a seguir apresenta as publicações selecionadas para este estudo.

Quadro 2 – Publicações selecionadas para este estudo

Artigos Autoria Periódico Região da pesquisa

Ano Tipo de

Pesquisa

O pré-natal na atenção primária: o ponto de

partida para reorganização da

assistência obstétrica

Peixoto, et al. Rev. Enfermagem

UERJ Nordeste 2012 Quantitativa

Qualidade do processo da assistência pré-natal:

unidades básicas de saúde e unidades de Estratégia Saúde da

Família em município do Sul do Brasil

Anversa et al. Cad. Saúde

Pública, Rio de Janeiro

Sul 2012 Pesquisa

quantitativa

Expectativa das gestantes em relação ao

parto Ferreira et al.

Rev. de Pesquisa Cuidado é

Fundamental Online UFRJ

Centro-oeste

2013 Qualitativa

O papel das obstetrizes e enfermeiras obstetras na

promoção da maternidade segura no

Brasil

Narchi, Cruz e Gonçalves

Revista Ciência e Saúde Coletiva,

São Paulo Sudeste 2013

Análise documental Qualitativa

Ações do pré-natal realizadas pela equipe de enfermagem na atenção

primária à saúde.

Duarte e Mamede

Ciencia y enfermeria XIX

Centro-oeste

2013 Pesquisa

quantitativa

Reflexões sobre o excesso de cesarianas no Brasil e a autonomia

das mulheres

Leão et al. Revista Ciência e Saúde Coletiva,

São Paulo Sudeste 2013

Revisão de literatura

Qualitativa

Violência institucional, autoridade médica e

poder nas maternidades sob a ótica dos

profissionais da saúde

Aguiar, D´Oliveira e Schraiber

Cad. Saúde Pública, Rio de

Janeiro Sudeste 2013

Pesquisa Qualitativa

Representações da enfermeira obstetra na perspectiva da mulher

grávida

Martins e Remoaldo

Revista Brasileira de Enfermagem,

REBEn

Noroeste de Portugal

2014 Qualitativo

Fonte: Autoria própria, 2016.

37

A partir da análise do quadro acima, percebe-se que o maior destaque em

termos de números de publicações ocorreu na região sudeste em Revistas

Científicas relacionadas à Saúde Coletiva. Esse resultado pode ser justificado pelo

fato de que a região sudeste apresenta grandes avanços na enfermagem obstétrica

e é lá onde se encontram os principais movimentos sociais em prol da humanização

do parto e nascimento. Há de fato uma maior preocupação das mulheres e dos

profissionais em modificar o contexto de assistência obstétrica atual. Também vale

ressaltar que a região sudeste apresenta um número superior de Universidades,

cursos de mestrado e doutorado disponíveis, o que também explica a maior

ocorrência de publicações.

Dentro do período estabelecido para a seleção de publicações nos bancos de

dados (2012 a 2016) foram encontrados 2 (dois) artigos do ano de 2012, 5 (cinco) do

ano 2013, 1 (um) do ano 2014 e em 2015 e 2016 nenhum (zero) que atendesse os

critérios e os objetivos elencados.

Em 2013 o Ministério da Saúde através da Portaria Nº 904, de 29 de maio

2013 estabeleceu novas diretrizes para implantação e habilitação de Centro de Parto

Normal (CPN), no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), para o atendimento à

mulher e ao recém-nascido no momento do parto e do nascimento, e isso pode

refletir o grande número de publicações neste ano.

Também em 2013 foi lançado o filme “O Renascimento do Parto”,

documentário que traz um novo olhar sobre o nascimento e conta com nomes

importantes e pessoas da mídia televisiva, contribuindo para ampliar a visibilidade

da discussão acerca do excesso de intervenções e também apresentar experiências

positivas de parto.

Quanto à metodologia observou-se um aumento no número de estudos

utilizando o método quantitativo de pesquisa, buscando levantar dados relacionados

aos exames realizados no pré-natal, bem como a adesão das gestantes ao mesmo.

As publicações, de modo geral, citam, mas não aprofundam no tema sobre a

importância da informação às gestantes desde o pré-natal sobre parto e sobre seus

direitos enquanto parturientes. Portanto, ainda há uma predominância de abordagem

sobre os aspectos clínicos da gestação e muito pouco sobre os aspectos educativos.

Dos 8 (oito) artigos selecionados, 5 (cinco) tiveram a participação de

profissionais de enfermagem em processo de graduação, pós-graduação, mestrado

e doutorado e 3 (três) artigos pertencentes a equipe multidisciplinar.

38

A publicação de estudos realizados de modo multidisciplinar parece ser uma

tendência no Brasil, mas ainda muito incipiente na enfermagem. Estudos realizados

com profissionais de variados campos do conhecimento parecem mais interessantes

por conta de apresentarem diferentes pontos de vista sobre determinado tema.

6.2 Categorias de análise

A seguir serão descritas e discutidas as categorias de análise encontradas na

pesquisa.

6.2.1 A importância do papel educativo do enfermeiro pré-natalista na Atenção

Primária

O acompanhamento pré-natal busca acolher a mulher desde o começo da

gravidez para assegurar uma gestação saudável e garantir o bem-estar materno e

neonatal.

Anversa et al. (2012) traz o pré-natal como um momento único e propício para

o desenvolvimento de ações educativas, que podem ser realizadas nas unidades de

saúde, através de grupos de gestantes, na sala de espera, ou individualmente. Essa

estratégia possibilita a integração de profissionais e gestantes, criando um momento

de acolhida, escuta, vínculo, de compartilhamento de experiências, fortalecimento de

conhecimentos e esclarecimento de dúvidas.

Ferreira et al. (2013) ressalta a importância do acompanhamento pré-natal e

do fortalecimento da relação profissional-cliente, para o acompanhamento durante a

gestação, parto e puerpério, a fim de prevenir possíveis complicações e realizar o

preparo da mãe. Através do fortalecimento desta relação se estabelece um círculo

de confiança que possibilita uma troca de informações, fidelizando a parceria com a

gestante e desenvolvendo uma atenção que contemple todas etapas da gestação,

parto e pós-parto.

Para Peixoto et al. (2012) o profissional que recebe a gestante deve atentar,

além dos fatores de natureza física, a diversos fatores de ordem emocional,

econômica e familiar, visto que estes podem influenciar na adesão da mulher à

consulta de pré-natal e, consequentemente, na qualidade do acompanhamento.

39

Então, os autores tratam da importância de primeiramente estabelecer o vínculo com

a gestante, conhecendo sua realidade, para depois compartilhar experiências. Após

estabelecido o vínculo e a confiança é que ocorre campo fértil para que as

orientações e informações sejam mais introjetadas pela gestante e/ou sua família.

A atenção aos fatores emocionais no pré-natal inclui incentivar a participação

do acompanhante nas consultas e não somente no parto e, assim, constituir um

processo de abertura de diálogo e esclarecimento tanto para a gestante quanto para

a pessoa que ela deseja ter ao seu lado neste momento especial.

Segundo Ferreira et al. (2013) a presença do acompanhante no parto e

período pós-natal além de garantido por lei, é também muito benéfico para a mulher.

A figura do companheiro e da mãe surgem como as mais tranquilizadoras para as

gestantes e cabe aos profissionais se adaptarem à presença dos familiares no

cenário do parto.

Segundo Peixoto et al. (2012) as orientações ofertadas pelo enfermeiro no

pré-natal (importância do pré-natal, cuidados de higiene, realização de atividade

física, nutrição, aspectos sobre o desenvolvimento da gestação, sexualidade, parto,

trabalho de parto e puerpério) são importantes para que a mulher vivencie o parto

com mais tranquilidade, mas destacam que o profissional tem um período reduzido

para atender a cada gestante, dessa forma, as estratégias em grupo são bons

recursos para transmitir orientações e socializar experiências.

Concorda-se que o enfermeiro deve dispor de mais tempo para o atendimento

à gestante, mas esse fator não precisa ser encarado como uma barreira na

comunicação entre ambos. É preciso que o profissional esteja mais preparado para

remodelar e diversificar as possibilidades de atendimento e sua abrangência. Uma

forma de diversificar o atendimento e atrair a participação da gestante pode ser

realizada por meio de oficinas de trabalho de parto e parto, ofertando informações

sobre posições que podem ser adotadas no trabalho de parto, métodos não

farmacológicos e não invasivos de alívio da dor e analgesia.

Conforme Martins e Remoaldo (2014), o enfermeiro pré-natalista é o

profissional capaz de promover a mudança individual da grávida, proporcionando-lhe

informações sobre recursos e competências que encorajarão a mulher no

desenvolvimento da sua autonomia.

Para tanto, é fundamental que o enfermeiro demonstre segurança e

convicção naquilo que é dito, que demonstre também conhecimento, usando uma

40

linguagem acessível às mulheres e seus familiares, seja durante uma consulta, seja

durante a realização de um grupo. O que ocorre na prática, é que alguns

profissionais não são especialistas na área obstétrica e/ou não têm afinidade com a

área, mas foram aprovados em um concurso público e se veem diante da obrigação

de realizar um pré-natal. É o caso de alguns profissionais que atuam nas ESF

(Estratégias de Saúde da Família). A principal preocupação desses profissionais

resume-se em cumprir protocolos clínicos.

Informar a mulher acerca de seus direitos e orienta-la a exigir o cumprimento

dos mesmos se assim o desejar é de fundamental importância no pré-natal. Uma

rede de fortalecimento através da transmissão do conhecimento e do

desenvolvimento da autoconfiança da mulher são “peças-chaves” para o

cumprimento de seu protagonismo na parturição.

Narchi, Cruz e Gonçalves (2013) apontam dentro do contexto evolutivo da

assistência materna, a ampliação da cobertura pré-natal e o envolvimento da

sociedade civil organizada na reivindicação do pleno exercício dos direitos sexuais e

reprodutivos das mulheres, principalmente do que diz respeito ao parto. As autoras

lembram que uma mudança no modelo de cuidado prestado à parturiente, ao recém-

nascido e sua família requer necessariamente alterações estruturais, funcionais e de

recursos humanos nas maternidades.

Portanto, a mudança no modelo atual de assistência inicia no pré-natal, onde

o profissional germina o processo de fortalecimento da autoconfiança na gestante

com relação ao seu corpo, à sua capacidade de parir do modo mais natural possível,

dotada do direito de ter um acompanhante de parto de sua escolha, de ter uma

doula, de ter acesso aos métodos não invasivos de alívio da dor, de ter acesso a

uma analgesia se desejar, bem como de toda a tecnologia obstétrica em situações

realmente necessárias. Assim, as mulheres, conhecedoras de seus direitos

começarão a reivindica-los, pressionando essa mudança nas instituições e na

concepção dos profissionais mais conservadores.

Martins e Remoaldo (2014) colocam o enfermeiro pré-natalista como

responsável pela produção de cuidados na área da saúde materna e obstétrica.

Analisando esta perspectiva, a enfermagem precisa colocar-se a frente de um

trabalho interdisciplinar, através da contribuição de sua especificidade. Desta forma

que essa profissão vem estabelecendo ligações e articulações permanentes com a

41

população e demais profissionais, fortalecendo o dimensionamento de intervenções

que tragam transformações na área da educação e da saúde.

Outros profissionais têm grande contribuição no fortalecimento do parto

humanizado. Dentre eles destacam-se as doulas, que trabalham no processo de

resgate cultural das tradições acumuladas pela experiência humana, oferecendo

conforto físico e emocional para a mulher e ajudando a envolver o acompanhante na

participação ativa no parto. A troca de experiências positivas também vem a

contribuir com esse processo de fortalecimento, com relatos que encorajam a mulher

no uso de suas capacidades perante o parto.

O enfermeiro possui em sua formação profissional o papel nato de educador

para a saúde. No que consiste à sua contribuição no cenário do parto, Narchi, Cruz

e Gonçalves (2013) salientam que esses profissionais têm encabeçado diversos

movimentos pela humanização do parto e nascimento, além de contribuir

significativamente com trabalhos científicos instigando verdadeiras mudanças no

atual modelo de assistência.

6.2.2 Principais pontos de fragilidade dos enfermeiros pré-natalistas na preparação a

gestante para o processo de parturição

Na análise dos artigos selecionados percebe-se falhas no processo de

preparação da gestante para o parto e rotinas de pré-natal.

No estudo de Duarte e Mamede (2013) observa-se que a anotação/registro no

prontuário e cartão da gestante foi efetuado em 72,9% sendo que todas portavam o

cartão no momento da consulta. E no que diz respeito ao exame de Papanicolau,

dados mostraram que apenas 9,4% das gestantes foram orientadas a fazer o

exame. Ficou evidente que essa não é uma prática de consenso entre os

enfermeiros de Cuiabá-MT, alguns recomendam e outros contraindicam tal exame

na gestação, mesmo nas gestantes que apresentam queixa ginecológica.

Duarte e Mamede (2013) trazem achados que revelam que não há

padronização quanto aos exames que devem ser solicitados às gestantes. Desse

modo identificou-se que alguns exames são solicitados sem indicação, como o

exame de sorologia para Hepatite A em gestante assintomática, e outros que fazem

parte da rotina de pré-natal deixam de ser solicitados para algumas gestantes, como

a sorologia para Hepatite C.

42

A gestante bem informada vai reivindicar que os exames que constam em sua

carteira de pré-natal sejam esclarecidos e realizados, vai querer tirar suas dúvidas

com o profissional, vai comparar a qualidade da sua consulta com a de outra mulher

que faz pré-natal com outro profissional. No Brasil, há a cultura de que o médico ou

enfermeiro estudaram e, portanto, são detentores do saber absoluto e

inquestionável. Na prática, observa-se que as grávidas da classe média

intelectualizada são mais questionadoras e buscam mais ativamente seus direitos.

Peixoto et al. (2012) trazem em sua pesquisa, realizada em Fortaleza-CE, um

resultado alarmante com relação as orientações recebidas pelas gestantes no pré-

natal: 57,4% das entrevistadas não receberam qualquer tipo de orientação

relacionada ao parto, puerpério, cuidados com o recém-nascido ou amamentação,

sendo que 44,2% dessas mulheres eram primigestas, ampliando ainda mais a

necessidade de orientações. As autoras questionam a qualidade da assistência pré-

natal que o profissional está oferecendo às mulheres pois, em sua pesquisa, muitas

gestantes mesmo com número adequado de consultas realizadas, terminaram o pré-

natal sem as orientações necessárias. Portanto, o número de consultas não significa

necessariamente qualidade de pré-natal.

Também outros autores como Anversa et al. (2012) apontam que as

orientações menos recebidas pelas gestantes foram relacionadas à anticoncepção

pós-parto, consulta de puerpério e sobre trabalho de parto e parto.

Para Narchi, Cruz e Gonçalves (2013) o fraco controle social, as concepções,

a gestação culturalmente vista como doença e o parto como evento perigoso, a falta

de autonomia e a descrença na fisiologia e no poder do corpo feminino, provocam

nas mulheres restrição de sua cidadania, dificultando o necessário processo de

evolução e mudança social.

Narchi, Cruz e Gonçalves (2013) cita ainda barreiras pessoais e institucionais

com que se defrontam as enfermeiras, como a formação básica e conhecimentos

limitados, bem como falta de recursos, impedindo uma assistência qualificada. É

necessário investimento na melhor formação e qualificação profissional permanente.

As barreiras vão desde o desconhecimento da população quanto ao papel dos

enfermeiros pré-natalistas na atenção até o número insuficiente deles e sua falta de

capacitação e atualização.

Durante a leitura dos artigos utilizados nesse estudo constata-se o

despreparo de muitos profissionais que desempenham a função de pré-natalistas na

43

Atenção Primária. A descrença na capacidade fisiológica da mulher com relação ao

parto tem origem, muitas vezes, no próprio profissional. Se faz necessário uma

reformulação nas ideias pré-concebidas e uma busca pelo aprimoramento do

profissional em seu papel primordial de educador e multiplicador de conhecimento.

6.2.3 Estratégias para o enfermeiro pré-natalista estimular o protagonismo da mulher

em seu processo de parturição

Segundo Anversa et al. (2012) independentemente do modelo de atenção é

fundamental buscar sensibilizar e capacitar os profissionais para melhorar os

registros nos cartões das gestantes, implantar e estimular a adesão aos protocolos,

aplicar avaliações e monitoramentos sistemáticos dos serviços pelos profissionais,

na busca por alternativas para promoção, junto às gestantes, da continuidade do

pré-natal. As autoras preocupam-se em melhorar registros, aprimorar protocolos,

avaliar e monitorar os serviços, mas não tratam de qualificar os profissionais, de

implementar capacitações relacionadas à acolhida, ao processo educativo em si

junto às gestantes, o que refletirá diretamente no processo de parturição.

Martins e Remoaldo (2014) trazem em seu estudo que em Portugal, através

do sistema de assistência à grávida, busca-se desenvolver intervenções de saúde

que proporcionem acolhimento adequado e respostas às ansiedades, às queixas e

aos medos culturalmente associados à gestação, ou seja, procurar responder às

necessidades específicas que a mulher evidencia neste momento tão singular de

sua vida.

Ferreira et al. (2013) apontam nos resultados do seu estudo a importância do

desenvolvimento de ações que promovam a saúde da gestante e a prevenção de

complicações, através de grupos de educação em saúde, consulta de enfermagem

abordando integralmente a saúde da mulher para sanar suas dúvidas,

disponibilização de informações referentes ao parto e planejamento do puerpério. E,

além disso, uma reflexão acerca das práticas educativas de saúde voltadas à mulher

no período gravídico-puerperal.

Se faz necessário ampliar a oferta de informações, orientações sobre os

direitos das mulheres no parto e pós-parto, esclarecendo também os recursos que a

mulher pode utilizar se tiver seus direitos violados.

44

Fica evidente a necessidade de um aprimoramento na qualidade das

consultas de pré-natal e no acompanhamento individual e familiar das gestantes.

É preciso considerar a presença do familiar como algo benéfico para a

mulher, envolvendo o acompanhante nas consultas de pré-natal. Muitas vezes essa

presença encontra barreiras, pois não há uma rede de apoio no sentido de

possibilitar que o empregador libere seu funcionário para este acompanhamento,

tendo em vista que as consultas ocorrem em horário comercial. Uma opção seria um

mutirão de pré-natal, um dia no final de semana para esclarecimentos quanto ao

papel do acompanhante no parto e pós-parto e demais direitos assegurados à

gestante nesse momento tão importante.

Narchi, Cruz e Gonçalves (2013) trazem a busca por estratégias de

valorização dos profissionais capacitados para a promoção da atenção humanizada

e baseada em evidências científicas, com foco no acompanhamento da mulher e da

família, afim de melhorar sua vivência no contexto gestação, parto e puerpério. A

divulgação do papel desempenhado pelo enfermeiro no pré-natal, a importância de

suas orientações nas questões sobre parto, aleitamento e puerpério pode

proporcionar a valorização do profissional perante a sociedade. O papel educativo

pertence ao enfermeiro e cabe também a nós batalhar por esse reconhecimento.

Para Duarte e Mamede (2013) a atenção qualificada no pré-natal é premissa

básica para reduzir a morbimortalidade materna. Para isso, conhecer a relação

existente entre as ações dos profissionais de enfermagem e as competências

fundamentais para a atenção pré-natal pode servir de indicador para melhorar a

qualidade dos serviços.

O estudo de Narchi, Cruz e Gonçalves (2013) traz em destaque uma das

linhas de cuidado prioritárias pelo Ministério da Saúde (MS), a proposta de

qualificação de profissionais para promoção da atenção obstétrica e neonatal

humanizada e apoiada em evidências cientificas. Em consequência, a qualificação

da atenção compreenderia a implementação de novas estruturas de assistência e

acompanhamento das mulheres na atenção primária. Mas observa-se maior

ocorrência de oportunidade de qualificação para os profissionais trabalhadores do

atendimento hospitalar.

No estudo de Duarte e Mamede (2013) os autores trazem como indispensável

estabelecer programas de capacitação de alta qualidade e de supervisão para

melhor capacitar os profissionais para proteção e promoção da saúde materna,

45

infantil e comunitária. Neste contexto, a padronizar e avaliar as ações desenvolvidas

pela equipe de enfermagem propiciará uma assistência mais fortalecida às

gestantes e, assim, uma assistência pré-natal mais qualificada.

Leão et al. (2013) colocam o apoio mútuo e a troca de relatos de experiências

exitosas de parto como possíveis contribuições para construir relações mais

igualitárias entre os profissionais de saúde e as mulheres. Tais ações trazem o

fortalecimento das mulheres no sentido de buscarem o cumprimento de seus direitos

na sociedade.

O enfermeiro tem a oportunidade de trabalhar através de grupos na atenção

primária para o compartilhamento de experiências e vivências, desmistificando

situações, quebrando tabus e despertando o empoderamento da mulher. A busca

pela autonomia no cenário hospitalar não encontra muito respaldo tendo em vista

que a mulher se depara com ações autoritárias estabelecendo então uma autonomia

relativa. A defesa da autonomia da gestante está no respeito pela escolha

terapêutica, valores, anseios, sua cultura e expectativas quanto ao processo de

parturição. As denúncias de violência obstétrica podem ser feitas pelo site do

Ministério Público Federal ou através da Defensoria Pública, mesmo que o

atendimento médico tenha sido particular e o Observatório da Violência Obstétrica

no Brasil também oferece informações e relatos sobre casos.

Aguiar, D´Oliveira e Schraiber (2013) falam em seu estudo sobre as situações

de violência entre profissionais e pacientes como difíceis de serem percebidas como

tal pelos sujeitos envolvidos, mesmo que impliquem de maneira clara em anulação

da autonomia e a discriminação por diferença de classe, raça ou gênero. Neste

estudo observa-se relatos de profissionais que tentam justificar seus

comportamentos autoritários como forma de fazer a gestante focar no trabalho de

parto, informação que também corrobora para o despreparo da gestante acerca do

parto bem como a falha na orientação de pré-natal. A mulher que recebe as

informações adequadas quanto ao parto vivenciará este momento com mais

tranquilidade, não permitindo quaisquer inferências desrespeitosas quanto ao

comportamento adotado em seu trabalho de parto.

O Enfermeiro pré-natalista deve encorajar a mulher ter conhecimento do que

é a violência obstétrica para que possa identifica-la e reivindicar seus direitos

garantidos por lei. A gestante precisa compreender que essa violência se dá de

46

maneira velada, através de falas grosseiras e desatenção, bem como de forma

incisiva, em atitudes desrespeitosas e discriminatórias, e não deve ser tolerada.

47

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este estudo buscou conhecer o que já existe publicado na literatura científica

sobre a importância do enfermeiro pré-natalista no empoderamento da mulher para

o processo parturitivo. Por empoderamento entende-se oferecer à mulher

informações e orientações necessárias para que ela se sinta autoconfiante e possa

dialogar com os profissionais a respeito do que será realizado com ela e com seu

recém-nascido durante o parto e nascimento, como por exemplo: escolher quem

será seu acompanhante de parto, escolher a posição que desejar durante o trabalho

de parto e parto, optar em realizar ou não uma analgesia. Essa capacidade de

dialogar e fazer escolhas a coloca numa posição de protagonista de todo o processo

e não mais em uma condição de passividade e subordinação com relação aos

profissionais. A mulher protagonista de seu próprio parto, juntamente com seu

recém-nascido, é a pessoa mais importante no cenário da assistência ao invés do

médico ou do enfermeiro. Para tanto, é preciso que seu pré-natal tenha não somente

qualidade clínica, como também qualidade educativa.

O enfermeiro é, por excelência, um educador para a saúde e, durante o pré-

natal deveria ser veículo de informações baseadas em evidências científicas e

orientações relacionadas ao processo gravídico-puerperal, principalmente no que diz

respeito aos direitos da gestante, ao parto e nascimento.

A partir das publicações analisadas percebeu-se que, de fato, há muitas

fragilidades no pré-natal, desde uma preocupação excessiva do enfermeiro no

cumprimento de protocolos clínicos ou até mesmo a completa ausência dos

mesmos. O processo educativo para o parto praticamente inexiste em alguns

serviços. Alguns autores tratam da importância da acolhida e do vínculo do

profissional junto à gestante no início do pré-natal e outros ressaltam o débil

conhecimento que o pré-natalista (médico ou enfermeiro) apresenta, reforçando a

necessidade de capacitação contínua desses profissionais.

Para que o enfermeiro pré-natalista transmita segurança à grávida é preciso

que demonstre profissionalismo e conhecimentos científicos, usando de uma

linguagem acessível à mulher, pois o objetivo é provê-la de informações que

fortaleçam sua autoconfiança e sua capacidade de fazer escolhas.

Nos artigos estudados, os autores retratam que o número de gestantes que

realizam mais de seis consultas de pré-natal no país é expressivo, mas alertam que

48

os números não condizem com a qualidade dessas consultas. Muitos exames

básicos do pré-natal não eram solicitados em contrapartida a outros que eram

pedidos sem justificativa científica.

Diante de tantas fragilidades encontradas no pré-natal, o necessário

empoderamento da gestante para o seu processo de parturição fica em segundo

plano ou nem mesmo acontece. Seria interessante realizar uma pesquisa no sentido

de investigar com mais profundidade sobre a qualidade das orientações oferecidas

pelo enfermeiro pré-natalista à mulher durante as consultas e se essas orientações

contribuíram para o seu protagonismo durante o trabalho de parto e parto.

As ações educativas realizadas pelo enfermeiro visam fortalecer e melhorar a

experiência da mulher e da família no processo de gestação, parto e pós-parto.

Respeitar os direitos sexuais e reprodutivos da mulher e assegurar o cumprimento

dos mesmos é imprescindível para fortalecer a capacidade de enfrentamento

autônomo do fenômeno do parto. Sugere-se a necessidade de novos estudos

acerca do papel educativo do enfermeiro no processo de parturição e da promoção

da autonomia da mulher para a obtenção de melhores resultados em saúde.

49

REFERÊNCIAS

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50

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