Letras - 56 - Warner 25 Anos - 2001

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Warner 25 Anos Letras Por: Alexandre Fais, [email protected] 2001 Coletânea Tião Carreiro & Pardinho Obs: Clique na aba Bookmarks para facilitar a navegação entre as letras

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Warner 25 Anos - 2001

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Warner 25 Anos Letras

Por: Alexandre Fais, [email protected] 2001

Coletânea Tião Carreiro & Pardinho

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Pagode em Brasília*

Pagode - (Teddy Vieira e Lourival dos Santos)

Quem tem mulher que namora, quem tem burro empacador Quem tem a roça no mato me chame que jeito eu dou

Eu tiro a roça do mato sua lavoura melhora E o burro empacador eu corto ele de espora

E a mulher namoradeira eu passo o coro e mando embora

Tem prisioneiro inocente no fundo de uma prisão Tem muita sogra encrenqueira e tem violeiro ‘embruião’

O prisioneiro inocente eu arranjo advogado E a sogra encrenqueira eu dou de laço dobrado

E os violeiro ‘embruião’ com meus versos estão quebrados

Bahia deu Rui Barbosa, Rio Grande deu Getúlio Em Minas deu Juscelino, de São Paulo eu me orgulho Baiano não nasce burro e gaúcho é o rei das coxilhas Paulista ninguém contesta é um brasileiro que brilha

Quero ver cabra de peito pra fazer outra Brasília

No estado de Goiás meu pagode está mandando O bazar do ‘Vardomiro’ em Brasília é o soberano

No repique da viola balancei o chão goiano Vou fazer a retirada e despedir dos paulistano

Adeus que eu já vou me embora que Goiás tá me chamando

* Original do Álbum “Rei do Gado” - 1961

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Oi Paixão†

Cateretê - (Tião Carreiro e Zé Paulo)

Não suportando a saudade, meu bem, vim lhe visitar Trazendo flores bonitas pra o nosso amor enfeitar

Distante dos teus carinhos eu sofro tanto e reclamo Te juro minha querida, vou terminar minha vida

Nos braços de quem eu amo

Oi, paixão nos braços de quem eu amo

Nosso amor não tem limite não sei onde vai parar Quanto mais você me ama, mais eu quero te amar

Uma dor de cotovelo machuca eu e você Somos dois apaixonados, vive alguém do nosso lado

Fazendo a gente sofrer

Oi paixão, fazendo a gente sofrer

O nosso caso de amor está correndo perigo Mas quem tem anjo de guarda não cai nas mão do inimigo

Somente as força ocultas poderão nos castigar Mas amar não é pecado, Deus está do nosso lado

Ninguém vai nos separar

Oi paixão, ninguém vai nos separar

† Original do Álbum “Estrela de Ouro” - 1986

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Rancho do Vale‡

Balanço - (Tião Carreiro, Lourival dos Santos e Cláudio Rodante)

É lá no rancho do vale, bem distante da cidade, que mora a felicidade É lá no rancho do vale, bem distante da cidade, que mora a felicidade

Meu rancho é um céu aberto é meu mundo de alegria Onde vivo a minha vida com viola e cantoria

Quando estou longe do rancho quase morro de saudade Quando chego no meu rancho é só, só felicidade

É lá no rancho do vale, bem distante da cidade, que mora a felicidade É lá no rancho do vale, bem distante da cidade, que mora a felicidade

Meu rancho é um reino encantado é meu mundo de beleza Lá no vale do Rio Grande afogo minha tristeza

Deus pra mim foi bom de mais, a Deus eu tiro o chapéu Deus me deu aqui na Terra o meu pedaço de céu

É lá no rancho do vale bem, distante da cidade, que mora a felicidade É lá no rancho do vale bem, distante da cidade, que mora a felicidade

‡ Original do álbum “Rancho do Vale” – 1977

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Rio de Lágrimas§

Balanço - (Tião Carreiro, Lourival dos Santos e Piraci)

O rio de Piracicaba vai jogar água pra fora Quando chegar a água dos olhos de alguém que chora Quando chegar a água dos olhos de alguém que chora

Lá no bairro que eu moro só existe uma nascente A nascente dos meus olhos já formou água corrente

Pertinho da minha casa já formou uma lagoa Com lágrimas dos meus olhos por causa de uma pessoa

O rio de Piracicaba vai jogar água pra fora Quando chegar a água dos olhos de alguém que chora Quando chegar a água dos olhos de alguém que chora

Eu quero apanhar uma rosa, minha mão já não alcança Eu choro desesperado igualzinho uma criança

Duvida alguém que não chore pela dor de uma saudade Quero ver quem que não chora quando ama de verdade

O rio de Piracicaba vai jogar água pra fora Quando chegar a água dos olhos de alguém que chora Quando chegar a água dos olhos de alguém que chora

Quando chegar a água dos olhos de alguém que chora Quando chegar a água dos olhos de alguém que chora

Quando chegar a água ...

§ Original do álbum “A Força do Perdão” - 1970

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Osso Duro de Roer**

Pagode - (Zé Paulo, Milton José e Antonio Ventura Filho)

Osso duro de roer é o Brasil da qualidade É doído a gente ver a cruel desigualdade

O pobre fica mais pobre, o rico enriquece mais Tubarões e agiotas aumentam seus capitais

Os tais colarinhos brancos da cadeia vive ausente E os malandros de casaca estão agindo livremente

O povo segue seu rumo numa canoa furada Tem tudo quem não trabalha, quem trabalha não tem nada

Dez por cento come a carne e noventa rói o osso Meia dúzia come a fruta e o resto engole o caroço

A inflação é uma espada que fere e causa pavor Salário sobe de escada e os preços de elevador

Das crianças tenho pena, são as que padecem mais Vão perdendo a esperança de ter conforto dos pais Os poderes competentes nada fazem para o povo

Nós estamos num aperto igual o pinto no ovo

Não adianta rezar terço, nem pedir à Nossa Senhora A santa já não dá conta do povo que sofre e chora

** Original do álbum “A Majestade 'O Pagode'” – 1988

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Travessia do Araguaia††

Moda de Viola - (Dino Franco e Décio dos Santos)

Naquele estradão deserto, uma boiada descia Pras bandas do Araguaia pra fazer a travessia O capataz era um velho com muita sabedoria As ordens eram severas, e a peonada obedecia

O ponteiro moço novo, muito desembaraçado Mas era a primeira viagem que fazia nesses lados Não conhecia os tormentos do Araguaia afamado Não sabia que as piranhas era um perigo danado

Ao chegarem na barranca, disse o velho boiadeiro: “Derrubamos um boi n'água”, deu a ordem ao ponteiro Enquanto as piranhas comem, temos que passar ligeiro

Toque logo este boi velho que vale pouco dinheiro

Era um boi de aspa grande, já ruído pelos anos O coitado não sabia do seu destino tirano

Sangrado por ferroadas no Araguaia foi entrando As piranhas vieram loucas, e o boi foram devorando

Enquanto o pobre boi velho ia sendo devorado A boiada foi nadando e saiu do outro lado

Naquelas verdes pastagem tudo estava sossegado Disse o velho ao ponteiro: “Pode ficar descansado”

O ponteiro revoltado disse: “Que barbaridade, Sacrificar um boi velho pra que esta crueldade?” Respondeu o boiadeiro: “Aprenda esta verdade,

Que Jesus também morreu pra salvar a humanidade”

†† Original do Álbum “Modas de Viola Classe A Vol 2” - 1975

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Golpe de Mestre‡‡

Valseado - (Lourival dos Santos e Mairiporã)

Zezinho não tinha nem pai e nem mãe, rolando pro mundo, vivia judiado Mariazinha menina rica e o pobre Zezinho era seu empregado

Mas o destino preparou pros dois, porque um do outro ficou enamorado Maria dizia: Zezinho eu te amo, serei sempre tua meu anjo adorado

Aos pés de Maria dizia o Zezinho: Sou muito pouquinho pra ser teu amado

O pai de Maria, um sujeito malvado, cismou de dar fim no amor das crianças Pegou um chicote de tala bem larga, falou pro Zezinho: No couro tu danças!

A minha filha é menina rica está nas alturas, você não alcança Moleque atrevido! Cachorro sem dono! Pegue teus trapos e faça mudança! Zezinho recebe um golpe profundo e some no mundo cheio de esperança

Antes da partida, Zezinho escondido procurou Maria, falou deste jeito: Existe um bom deus que está nas alturas, ele é bom demais, faz tudo perfeito

Sou um caboclinho de sangue nas veias, enfrento lança e quebro no peito Querida Maria, você vai ser minha! De agora em diante meu plano está feito

Se um dia obrigarem você se casar, no altar estarei pra ser tudo desfeito

Passaram dez anos, correram depressa, Maria solteira, Zezinho solteiro O pai de Maria um sujeito ambicioso, arrumou pra filha por ser interesseiro Um velho careca, feio e barrigudo, mas dono do mundo com muito dinheiro

Pobre Maria detestava o velho, queria o Zezinho: seu amor primeiro Mas o casamento já estava marcado pra ser realizado no mês de Janeiro

Chegou o grande dia do casamento, Maria de branco estava divina Bastante capangas e guardas armados cercavam a igreja, guardavam a menina

Zezinho amoitado esperava no altar, fugiu com Maria e sumiu na surdina O Zezinho deu um golpe de mestre, só mesmo eu contando ninguém imagina

Lá na igreja ninguém desconfiava que o Zezinho estava dentro da batina

‡‡ Original do Álbum “Rio de Pranto” - 1976

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Encantos da Natureza§§

Querumana -(Tião Carreiro e Luiz de Castro)

Tu que não tiveste a felicidade Deixa a cidade e vem conhecer

Meu sertão querido, meu reino encantado Meu berço adorado que me viu nascer

Venha o mais de pressa, não fique pensando Estou te esperando para te mostrar

Vou mostrar os lindo rio de águas clara E as belezas raras do nosso luar

Quando a lua nasce por detrás da mata Fica cor de prata a imensidão

Então fico horas e horas olhando A lua banhando lá no ribeirão

Muitos não importam com este luar Nem lembram de olhar o luar na serra

Mas estes não vivem, são seres humanos Que estão vegetando em cima da terra

Quando a lua esconde logo rompe a aurora Vou dizer agora do amanhecer

Raios vermelhado riscam o horizonte O sol lá no monte começa a nascer Lá na mata canta toda a passarada

E lá na ‘paiada’ pia o chororó O reio do terreiro abre a garganta

Bate a asa e canta em cima do paiol

Quando o sol esquenta, cantam cigarras Em grande algazarra na beira da estrada

Lindas borboletas de variadas cores Vem beijar as flores já desabrochadas

Este pedacinho de chão encantado Foi abençoado por nosso senhor

Que nunca nos deixa faltar no sertão Saúde união à paz e o amor

§§ Original do Álbum “Encantos da Natureza” - 1968

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Rei do Pagode***

Pagode - (Lourival dos Santos e Moacyr dos Santos)

Afirme o pé companheiro, bambeia o nó da gravata ‘Nóis vamo’ cantar um pagode, que chegou na hora exata

Por ai tem um caboclo, quando canta me maltrata Eu vou da minha resposta, que não é muito pacata Vou tratar meus inimigos do jeito que eles me trata

Tenho dó desse coitado, eu deixo que ele se bata Com sua língua nos dentes, com modas que desacata

Na escada do sucesso, ele subiu dando rata A queda dele foi dura, no tombo quase se mata

Não acerta mais um passo, esta jogado pras barata

A verdade é cristalina, é igual água de cascata Essas modas de abate, é uma coisa muito chata

Não falar ‘mar’ dos colegas, é uma coisa mais sensata Esses violeiro invejoso, reclama da sorte ingrata

Pros escravos da inveja, meu pagode é uma chibata

No lugar aonde eu canto, o povo todo me acata Sou querido das morenas, das loirinha e das mulata Ganhei medalhas de ouro, não contando as de prata

O Brasil inteiro fala, dos violeiro eu sou a nata Onde eu canto meu pagode, meu sucesso é na batata

Sou um leão africano, quando dá um grito na mata Os bicho pequeno corre, ‘iguarzinho’ um vira-lata No lugar que pisa o leão, cachorro não põe a pata

Nossa coroa de rei, quero ver quem arrebata Nossos laços de amizade, é um nó que não desata

*** Original do Álbum “Os Reis do Pagode” - 1965

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Azulão do Reino Encantado†††

Pagode - (Pardinho, Lourival dos Santos e Arlindo Rosas)

Eu já consertei relógio a meia noite no fundo d’água Sem levantar o tapete com muita classe eu tirei o taco

Eu já ganhei uma guerra sem dar um tiro não é mentira Já fui no fundo da Terra voltei de lá sem fazer buraco

Aprendi fazer colar só de pingo d’água e ficou bonito Eu fiz um laço de areia pra laçar bicho que não é fraco Amarrei onça no mato com reza braba e ficou segura

Carreguei ferro em brasa e tição fogo dentro de um saco

Topei uma corriola só de bandidos com pau e faca Foi uma nuvem de poeira fiz a madeira virar cavaco

Eu transformei o meu braço em uma espada que só tinia Arrebentei tantas faca veio a polícia varrer os cacos

Caminhei por baixo d’água igual um peixe e não sei nadar Caminho que ninguém passa passo correndo e não empaco

Já fiz a barba do leão sem usar sabão e sem a navalha Com a jamanta correndo troco o pneu em usar macaco

O meu protetor é forte é o azulão do reino encantado Num salão todo azulado que tem no céu ele foi morar

E com sete santas virgens neste salão azulão está E duas vezes por dia este salão Deus vai visitar

††† Original do Álbum “Rancho do Vale” - 1977

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A Vaca Já Foi Pro Brejo‡‡‡

Cururu (Tião Carreiro, Lourival dos Santos e Vicente P. Machado)

Mundo velho está perdido, já não endireita mais Os filhos de hoje em dia já não obedecem os pais

É o começo do fim, já estou vendo os sinais Metade da mocidade estão virando marginais

É um bando de serpente, os mocinhos vão na frente e as mocinhas vão atrás

Pobre pai e pobre mãe morrendo de trabalhar Deixa o couro no serviço pra fazer o filho estudar

Compra carro à prestação para o filho passear Os filho vivem rodando fazendo o pneu cantar

Ouvi um filho dizer: “O meu pai tem que gemer não mandei ninguém casar”

O filho parece rei, filha parece rainha Eles que mandam na casa e ninguém tira farinha Manda a mãe calar a boca, coitada fica quietinha

O pai é um zero a esquerda é um trem fora da linha

Cantando agora eu falo terreiro que não tem galo, quem canta é frango e franguinha

Pra ver a filha formada um grande amigo meu O pão que o diabo amassou o pobre homem comeu Quando a filha se formou foi só desgosto que deu Ela disse assim pro pai quem vai embora sou eu

Pobre pai banhado em pranto, o seu desgosto foi tanto que o pobre velho morreu

Meu mestre é Deus nas alturas, o mundo é meu colégio Eu sei criticar cantando, Deus me deu o privilégio

Mato a cobra e mostro o pau, eu mato e não apedrejo Dragão de sete cabeças também mato e não aleijo

Estamos no fim do respeito, mundo velho não tem jeito, a vaca já foi pro brejo

‡‡‡ Original do Álbum “Rancho do Vale” - 1977

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Boi Soberano§§§ ****

Moda de Viola - (Carreirinho, Izaltino Gonçalves de Paula e Pedro Lopes de Oliveira)

Me ‘alembro’ e tenho saudade do tempo que vai ficando Do tempo de boiadeiro que eu vivia viajando

Eu nunca tinha tristeza, vivia sempre cantando Mês e mês cortando estrada no meu cavalo ruão

Sempre lidando com gado desde a idade de quinze anos Não me esqueço de um transporte, seiscentos bois cuiabano

No meio tinha um boi preto por nome de Soberano

Na hora da despedida o fazendeiro foi falando Cuidado com esse boi que nas guampa é leviano

Esse boi é criminoso, já me fez diversos dano ‘Toquemo’ pelas estrada naquilo sempre pensando

Na cidade de Barretos, na hora que eu fui chegando A boiada estourou, ai, só via gente gritando

Foi mesmo uma tirania, na frente ia o Soberano

O comércio da cidade as portas foram fechando Na rua tinha um menino, de certo estava brincando Quando ele viu que morria de susto foi desmaiando

Coitadinho debruçou na frente do Soberano

O Soberano parou, ai, encima ficou bufando Rebatendo com o chifre os bois que vinham passando

Naquilo o pai da criança de longe vinha gritando

Se esse boi matar meu filho eu mato que vai tocando Quando viu seu filho vivo e o boi por ele velando

Caiu de joelhos por terra e para Deus foi implorado ‘Sarva’ meu anjo da guarda deste momento tirano

Quando passou a boiada, o boi foi se ‘arretirando’ Veio o pai dessa criança, me comprou o Soberano

Esse boi ‘sarvo’ meu filho, ninguém mata o Soberano

§§§ Original do Álbum “Boi Soberano” - 1966 **** No álbum “Encantos da Natureza” - 1968 foi gravada uma continuação para esta Moda de Viola chamada “Retrato do Boi Soberano”. No entanto os compositores são outros: Pirassununga e João Caboclo

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A Mão do Tempo††††

Cateretê (Tião Carreiro e José Fortuna)

Na solidão do meu peito o meu coração reclama Por amar que está distante e viver com quem não ama

Eu sei que você também da mesma sina se queixa Querendo viver comigo, mas o destino não deixa

Que bom se a gente pudesse arrancar do pensamento E sepultar a saudade na noite do esquecimento

Mas a sombra da lembrança é igual a sombra da gente Pelos caminhos da vida ela está sempre presente

Vai lembrança e não me faça querer um amor impossível Se o lembrar nos faz sofrer, esquecer é preferível

O que adianta querer bem alguém que já foi embora É como amar uma estrela que foge ao romper da aurora

Arranque da nossa mente horas distantes vividas Longas estradas que um dia foram por nós percorridas Apague com a mão do tempo os nossos rastos deixados

Como flores que secaram no chão do nosso passado

†††† Original do Álbum “Rancho do Vale” - 1977

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Navalha na Carne‡‡‡‡

Pagode - (Tião Carreiro e Lourival dos Santos)

É muita navalha na minha carne, é muita espada pra me furar Muitas lambada nas minhas costas, é muita gente pra me surrar

É muita pedra no meu caminho é muito espinho pra eu pisar É muita paixão e muito desprezo não há coração que possa aguentar

É muito calo na minha mão, é muita enxada pra eu puxar É muita fera me atacando, é muita cobra pra me picar É muito bicho de paletó, estão de tocaia pra me pegar

A maldade é grande, Deus é maior, abre caminho pra eu passar

É muita serra pra eu subir, é muita água pra me afogar Muito martelo pra me bater, muito serrote pra me serrar É muita luta pra eu sozinho, é muita conta pra eu pagar

É muito zape em cima de um Ás, mas a Terra treme quando eu trucar

É muita salmoura pra eu beber, é muita fogueira pra me queimar É muita arma me apontando, é uma grande guerra pra me matar É muita corda no meu pescoço, é muita gente pra me enforcar

Por aí tem gente que quer meu tombo, mas Deus é grande e não vai deixar

‡‡‡‡ Original do Álbum “Navalha na Carne” – 1982