Liberalism o

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O séc. XIX corresponde ao período compreendido entre o fim das guerras napoleónicas e o início da primeira guerra mundial. A era pós revolução de 1789 é marcada pelas fortes revoluções, tentativas de expansão da Europa e dominação do Globo, mudanças políticas e sociais mas também a nível industrial e do movimento operário. O desenvolvimento destes acontecimentos pode ser organizado em 4 fases distintas: o movimento liberal (1820/1830) contra as sobrevivências ou regressos ao antigo regime; as revoluções democráticas; os movimentos sociais e das escolas socialistas e por fim o movimento nacionalista que se desenrola ao longo de todo o séc. XIX. Com a queda de Napoleão os soberanos do antigo regime vingam-se e tentam restaurar os princípios da monarquia. No entanto, num período de mudança pós revolução e, ao contrário do que acontecia anteriormente, depois de 1815 há uma necessidade de “justificação” da monarquia, o que leva a um confronto entre dois sistemas de valores: tradição e respeito pela história em oposição à vontade soberana da nação. As mudanças territoriais, institucionais também se fazem sentir na Europa. O mapa é simplificado e o número de estados sensivelmente reduzidos. A Grã-Bretanha expande-se para fora da Europa, enquanto a Rússia e a Prússia são as grandes potências europeias. A nível institucional, os efeitos da revolução sentem-se principalmente no feudalismo e na república. Ao contrário do que acontecia no antigo regime cria-se uma Carta Constitucional, um texto/regra que funciona como uma espécie de contrato entre o poder e a nação. Esta carta também reconhece a liberdade de opinião, de culto e de imprensa, de acordo com os princípios da revolução. Do ponto de vista social a servidão é abolida, os privilégios e regalias do clero desaparecem. A regra é então que todos são iguais perante a lei, justiça, imposto e no acesso às funções públicas. Estas mudanças favorecem principalmente a burguesia que estava em ascensão nesta altura com a mudança de uma sociedade aristocrática para uma sociedade burguesa. Há, portanto, uma clara divisão política a nível nacional e europeu: por um lado os absolutistas que querem voltar ao passado, e do outro os que lutam pela liberdade e que levam até ao limite os princípios da revolução.

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O sc. XIX corresponde ao perodo compreendido entre o fim das guerras napolenicas e o incio da primeira guerra mundial. A era ps revoluo de 1789 marcada pelas fortes revolues, tentativas de expanso da Europa e dominao do Globo, mudanas polticas e sociais mas tambm a nvel industrial e do movimento operrio. O desenvolvimento destes acontecimentos pode ser organizado em 4 fases distintas: o movimento liberal (1820/1830) contra as sobrevivncias ou regressos ao antigo regime; as revolues democrticas; os movimentos sociais e das escolas socialistas e por fim o movimento nacionalista que se desenrola ao longo de todo o sc. XIX.Com a queda de Napoleo os soberanos do antigo regime vingam-se e tentam restaurar os princpios da monarquia. No entanto, num perodo de mudana ps revoluo e, ao contrrio do que acontecia anteriormente, depois de 1815 h uma necessidade de justificao da monarquia, o que leva a um confronto entre dois sistemas de valores: tradio e respeito pela histria em oposio vontade soberana da nao.As mudanas territoriais, institucionais tambm se fazem sentir na Europa. O mapa simplificado e o nmero de estados sensivelmente reduzidos. A Gr-Bretanha expande-se para fora da Europa, enquanto a Rssia e a Prssia so as grandes potncias europeias.A nvel institucional, os efeitos da revoluo sentem-se principalmente no feudalismo e na repblica. Ao contrrio do que acontecia no antigo regime cria-se uma Carta Constitucional, um texto/regra que funciona como uma espcie de contrato entre o poder e a nao. Esta carta tambm reconhece a liberdade de opinio, de culto e de imprensa, de acordo com os princpios da revoluo.Do ponto de vista social a servido abolida, os privilgios e regalias do clero desaparecem. A regra ento que todos so iguais perante a lei, justia, imposto e no acesso s funes pblicas. Estas mudanas favorecem principalmente a burguesia que estava em ascenso nesta altura com a mudana de uma sociedade aristocrtica para uma sociedade burguesa.H, portanto, uma clara diviso poltica a nvel nacional e europeu: por um lado os absolutistas que querem voltar ao passado, e do outro os que lutam pela liberdade e que levam at ao limite os princpios da revoluo. neste contexto que se desenvolve o liberalismo, uma filosofia global e poltica inteiramente relacionada com a ideia de liberdade, individualista porque coloca o indivduo frente da razo de estado e dos interesses de grupo, mas tambm histrica uma vez que defende que a histria feita pelo indivduo e no pelas foras coletivas. Acredita na descoberta da verdade atravs da razo e que a verdade comum descoberta atravs do confronto e discusso dos diferentes pontos de vista (parlamentos e assembleias). O liberalismo tambm rejeita os dogmas impostos pela igreja e tambm todo o poder absoluto. Defende que para o poder poder ser limitado deve haver uma separao e diviso do poder por rgos de igual fora e descentralizao do poder. Na Europa: 1820: 1 revoluo liberal Portuguesa; 1822: Constituio liberal; 1833: 2 revoluo liberal;O liberalismo foi principalmente favorvel aos interesses da burguesia. Depois da revoluo esta classe social pretende conservar o poder em si, evitando o regresso da aristocracia mas tambm impedindo a ascenso das classes populares, o que traduz uma desigualdade social. A burguesia reserva para si o poder poltico e o controlo das funes pblicas e administrativas. A lei era formulada e aplicada de forma diferente aos patres e aos empregados. O trabalho infantil continua a ser uma questo presente. Estas trabalhavam para ajudar a sustentar a famlia mas com salrios mais baixos e, por serem mais pequenos e geis, tambm conseguiam melhores resultados. O lado conservador do liberalismo prevalece com o domnio de uma classe que se apodera do poder que o povo retirou ao rei. Os direitos e deveres baseiam-se no nvel de instruo e em dinheiro necessrio saber ler, escrever e pagar impostos para ter direito ao voto e poder ser eleito. Os parlamentos eram governados pelos ricos e havia uma impossibilidade de ascenso e instruo da classe mais baixa (o trabalho infantil impedia a instruo das crianas e o enriquecimento da famlia.O Romantismo surge numa sociedade nova, marcada pelas revolues e avanos na cincia e na imprensa. A mudana de um meio de regras que agora so quebradas vo influenciar a filosofia, uma nova arte, poltica como traduo da sociedade. A procura do nacionalismo como crena na existncia de almas nacionais imortais associada aos instintos e recuperao dos gnios do passado tambm aparece como consequncia do conceito de liberdade que os romnticos defendiam. O romantismo surge associado ao liberalismo e com os mesmos princpios de liberdade e igualdade. No entanto, acabam por ser contraditrios. Ao contrrio do que acontecia no Iluminismo, o Romantismo rejeita o racionalismo total e contra a explicao apenas de forma racional. Apresentam o sonho, a paixo, a imaginao, a intuio e a emoo associados liberdade, instintos naturais e destaque na Natureza. O poeta e pintor ultra-romntico William Blake defendia que os excessos conduzem sabedoria. Surge o espiritismo, endopatia, homeopatia.Durante este perodo assiste-se tambm a uma renovao do esprirto religioso associado rejeio de uma igreja dogmtica e defesa da espiritualidade. Na Alemanha h um regresso ao misticismo e catolicismo (religio menos racional que a luterana), sincretismo e valorizao e exaltao da figura de Cristo. Por outro lado, em Frana recuperada a cultura clssica (neo-classicismo) com Napoleo. O romantismo aparece apenas em oposio a Napoleo.Valoriza-se a figura individual com o subjetivismo e exaltao do eu e culto ao indivduo. Como fruto da mentalidade burguesa, cada um vale por si prprio, livre e igual. Na arte assiste-se a uma fuso do sujeito e do objeto, tambm relacionado com a ideia de gnio criador e a energia individual do heri ou anti-heri. So recuperados autores do passado como Shakespeare e figuram como as de Lucifer, Caim, Fausto e Hamlet.A explorao extrema das emoes e sentimentos humanos chegam quase a um nvel de exagero com o gosto pela morte, pelo estranho, mrbido e inacabado. Os romnticos interessavam-se pelo que era selvagem, natural, sem limites, busca constante pelo incontrolvel (p.ex, Frankenstein, Drcula, revolta contra o criador e procura pelo que no se controla e se quer). Os resultados contrrios levam a uma queda em si prprio, frustrao.O movimento romntico essencialmente teatral nos seus modos, modas e feies os sentimentos declamam-se, as paixes gritam-se e so levadas ao extremo, a voz sonora e a atitude desmesurada. No s na poltica, arte e literatura mas tambm na viso do amor, os romnticos atuam de forma a suscitar a emoo e ganhar o aplauso. Proclamam a liberdade de expresso e de composio em relao ao teatro clssico inspirado pela tragdia grega.A caracterstica de ligao entre todos os romnticos e que, de certa forma, leva revoluo na arte e quebra com o clssico o amor pela liberdade. H uma nova liberdade artstica que luta contra a tirania, absolutismo e a favor dos direitos humanos, liberdade poltica e religiosa, bem como a libertao dos escravos, operrios e das mulheres.Ao contrrio dos iluministas que procuravam uma nica razo, os romnticos vo atrs das suas razes e identidade de cada povo com o objetivo de compreender as naes. Defendiam que no se pode escolher o futuro sem conhecer o passado. A descoberta da Idade Mdia tambm estimula o desenvolvimento do Romantismo os grandes heris como Rolando Cid, Robin dos Bosques e Guilherme Tell que desafiaram a autoridade real. Tambm a ideia de amor era semelhante - fervente, absoluto, imperativo e irresistvel. Interessam-se pelos castelos e catedrais e criam o Neo-Gtico, recuperao do estilo gtico. Este esprito nacionalista mais forte nos pases em mudana, como o caso da Alemanha e da Itlia que se assumem como pases apenas no sc. XIX. O volksgeist, esprito do povo, surge na Alemanha como forma de procura da identidade nacional. Desenvolve-se assim o romantismo nacional.- Inglaterra: os valores burgueses presentes associam-se a uma arte mais livre, ligada ao sonho, fico e evaso. Os principais pr-romnticos ingleses so Jonathan Swift, que escreveu As viagens de Gulliver como crtica s sociedades aristocrticas e moral conservadora, Daniel Defo com Robinson Crusoe e Robert Louis Stevenson com A ilha do tesouro.O romantismo ingls comea no incio do sc. XIX e poetas como Wordsworth e Coleridge (poeta que recupera Shakespeare) criam o livro Lyrical Ballads em 1798. Os romnticos ingleses so contra a quebra total com o passado para criar um novo mundo, e defendem que a mudana deve acontecer mantendo as caractersticas do passado. A partir de 1815 surgem tambm alguns poetas satnticos como o caso do Lord Byron (bissexual, fazia culto a lucifer, reage contra o poder e teve imensos seguidores), Shelley e Keats (escreveu Endymion). Tambm Jane Austen escreve sobre a condio feminina na sociedade e a nova burguesia Orgulho e preconceito; Walter Scott escreve romances sobre a Idade Mdia e tambm as irms Bront com O monte dos vendavais.-Alemanha: Na Alemanha desenvolvem-se condies que permitem um desenvolvimento cultural romntico anterior maioria dos pases. Jean-Jaques Rousseau, pr-romntico, desenvolve o movimento Sturm und Drang (tempestade e mpeto), associado s artes e que valoriza a emoo, do eu e da Natureza. Em finais do sc. XVII surge, por um lado, um novo esprito religioso, pietismo e quietismo que valoriza a relao com Deus, contemplao da alma e o misticismo, e por outro, no sul da Alemanha cresce o Catolicismo. Tambm se desenvolve uma escola idealista na filosofia que exalta as qualidades do eu, e o seu papel no conhecimento do gnio criador com Hegel, Schelling e Fizhte. Com a invaso francesa em 1806 os exrcitos destroem a Alemanha, o que provoca um abalo muito grande. A procura do nacionalismo, identidade e estudo da lngua e tradio so vistaa como formas de unio.Os principais poetas da corrente romntica so Novalis, Kleist, Hlderlin e E.T.A Hoffamn. Exaltam o conhecimento prprio e um mundo oculto relacionado com sonho, as foras irracionais.-Frana: Com Napoleo, o esprito iluminista e o estilo neo-clssico mantm-se durante mais tempo, o que faz com que, em relao Europa, o romantismo francs se manifeste mais tarde. No entanto, Chateaubriand e Madame de Stal defendiam a arte romntica em oposio a napoleo.Com a derrota de Napoleo na batalha de Waterloo em 1815, Frana atravessa em perodo de restaurao monrquica que vai influenciar todo o contexto social e poltico de uma sociedade sem espao para o misticismos e espiritualidades (1830 monarquia, 1848 implantao da repblica francesa).A partir dos anos 20/30 h um conjunto de intelectuais como Proudhon, Louis Blanc e Fourier que tentam implantar alguns ideais romnticos como a igualdade social, novas leis e os crditos sem juros para os operrios. No campo literrio destaca-se Victor Hugo como escritor que defende o romantismo e os seus ideais na arte, mas tambm Balzac e Alexandre Dumas. O principal historiador foi Michelet Guizot.-Portugal: O romantismo em Portugal desenvolve-se principalmente a partir de cerca de 1836. Depois das invases Napolenicas, independncia econmica do Brasil e da revoluo liberal de 1820 pas atravessava um perodo de crise econmica, poltica e social. Inicialmente, apenas se procurava apagar os modelos clssicos que ainda estavam presentes no meio scio-econmico. Os escritores eram romnticos em esprito, ideal e ao poltica e literria, mas ainda clssicos em muitos aspectos. Surgem algumas ideias romnticas com escritores como Almeida Garret e Alexandre Herculano numa fase inicial e, mais tarde tambm Jlio Dinis, Camilo Castelo-Branco e Joo de Deus.